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UNIVERSIDADE FEDERAL DO TRIÂNGULO MINEIRO

INSTITUTO DE ENSINO, LETRAS, ARTES, CIÊNCIAS HUMANAS E SOCIAIS

DEPARTAMENTO DE PSICOLOGIA

Caso clínico 1 – Técnicas Psicoterápicas II

Yan Lázaro Santos

UBERABA/MG

2017
Apresentação do caso

Maria é uma senhora de 76 anos. Viúva aos 74, há cerca de um ano tem tido

dificuldades de locomoção, chegando até mesmo a cair algumas vezes. Demonstra-se

desanimada com a vida que teve, reclama da subserviência prestada ao falecido marido e

alega sentir-se sozinha e demonstra profunda tristeza. Apesar de desejar a companhia dos

filho e netos, quer que eles a visitem sem serem convidados e não gosta da reunião

semanal realizada na sua casa, diz que “faz sujeira, bagunça e barulho”. Contudo, quando

eles não aparecem sente falta do costume.

Diante sua dificuldade de locomoção desenvolve medo de situações nas quais ela

tenha que andar, evitando-as. Frente a obstáculos chega até mesmo a travar. No início das

sessões falava cochichando, mas com o desenvolvimento do processo psicoterapêutico

fala sobre suas insatisfações em seus relacionamentos, tanto com seu marido quanto com

seus filhos. Alega não saber se os ama, mas acredita ter cumprido sua obrigação de esposa

e mãe. A presença do espiritismo e espiritualismo (além do contato com a religião, seu

neurologista trazia essas questões para o atendimento) em sua vida lhe dão a sensação de

que seu marido ainda a assiste, julgando e reprovando a maneira com que leva a sua vida.

Lida com esse delírio através de um amuleto protetivo (colar com crucifixo). Relata ainda,

em tom de remorso, ter seguido todos os caminhos “certos”, como casar e ter filhos.

Conduta psicoterapêutica

Frente ao relato do caso, nota-se na vida de Maria a questão colocada por Rogers

acerca de decisões tomadas sob pressão do juízo externo, uma vez que demonstra remorso

por ter feito “tudo certo” (como ela mesma apresenta), dizendo ter se dedicado demais ao

marido e cumprido seu “papel”. Contudo, Rogers destaca dois aspectos úteis do tema para
a clínica. Primeiramente, o ser humano está exposto e tem que lidar com os castigos e

recompensas que são os juízos dos outros durante toda a vida, deslocando a importância

desses aspectos do passado de Maria ao presente e apresentando a capacidade de

elaboração desse conceito, a fim de amadurecê-la afetivamente para tomar decisões que,

independentemente ao juízo alheio, façam-na bem. O outro aspecto importante é a

apresentação de um psicólogo livre de preconceitos frente ao que será dito por Maria,

uma vez que essa seria uma reprodução indesejada do tipo de julgamento tratado (Rogers,

2009).

Com esse conhecimento, saliento também a importância crucial do

acompanhamento de Maria por outros profissionais da saúde, visto que frente à sua idade

é improvável que suas dificuldades de deslocamento não tenham origem ou fonte em

problemas físicos, biológicos ou simplesmente decorrentes da idade, questões que não

cabem exclusivamente ao tratamento psicológico. Espera-se que frente ao tratamento

físico (pareado com psicoterapia) haja melhoras na capacidade de locomoção da paciente.

Espera-se ainda que frente a melhora de sua capacidade locomotora haja também

alterações positivas nos sofrimentos psíquicos trazidos à clínica.

Outra estratégia interessante para o caso apresentado é característica central da

Abordagem-Não-Diretiva de Rogers e tem como base a busca da saúde através do

impulso individual, com foco afetivo, para o desenvolvimento pessoal. (Moreira, 2010).

Dessa maneira, permitir e auxiliar, através de fala e escuta, a elaboração de assuntos

trazidos pela paciente (como dificuldades de locomoção; sua relação com o marido,

declarado por ela como machista; sua relação com os filhos; sua solidão).

No entanto, apenas o ato da verdadeira escuta, separado por Rogers da “escuta

normal” pode ser valioso para essa paciente, principalmente porque apresenta queixas de

solidão, remorso e carência de companhias e sentido (Amatuzzi, 1990). Através da


verdadeira escuta pode-se compreender o significado do que é trazido pela paciente,

concedendo, já nesse ato, uma sensação de segurança e companheirismo necessários para

esse momento da vida de Maria.

Conclusão

Acredito que, através da escuta verdadeira, do cuidado com o posicionamento

frente ao juízo alheio e de tratamentos vinculados às outras áreas da saúde, é possível

oferecer tratamento adequado à paciente dando enfoque em suas dificuldades sociais, na

elaboração da percepção apresentada de seu posicionamento subserviente, na escuta das

crenças e superstições que causem desconforto e no desenvolvimento emocional e afetivo

da paciente, a fim de permitir a realização de mudanças positivas em sua vida.

Referências

Amatuzzi, M. M. (1990). O que é ouvir. Estudos de Psicologia, 02 (01), 01 – 08.

Moreira, V. (2010). Revisitando as fases da abordagem centrada na pessoa. Estudos de


Psicologia – CAMPINAS, 27 (04), 537 – 544.

Rogers, C. R. (2009). Como ajudar os outros. In C. R. Rogers (Ed). Tornar-se pessoa.


(Ed. 6, pp. 43 – 61).

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