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A Tradição Eloísta (I)

28MAIO

“O Verbo” – n° 202 – 1ª quinzena de Maio 2005

Por Padre Lucas

Nos últimos cem anos, a história da exegese muitas vezes pôs em dúvida a existência da
“tradição Eloísta”. Ora, a presença de duplicações que não pertencem nem à tradição Javista
nem às outras tradições (Deuteronomista e Sacerdodal), foi o argumento utilizado para se
propor sua existência, mas nem todos os pesquisadores concordam que isso signifique a
existência de outra tradição. De fato, torna-se difícil estabelecer a prova decisiva de sua
existência. Entretanto, não se deve insistir demais nas dificuldades, porque a leitura atenta dos
textos ditos eloístas permite chegar a uma conclusão razoável. Atrás dos trechos que
possuímos, delineia-se uma obra bem organizada, que transmitiu uma interpretação da
tradição antiga de Israel.

Sua composição se deu no Reino do Norte. Sabemos que, com a morte de Davi, em 933, o
reino unido de Davi e Salomão se divide em Reino do Sul (Judá) e Reino do Norte (Israel). O
Reino de Israel foi marcado pela instabilidade: as rivalidades entre as tribos e a importância do
exército e de seus chefes não permitiram uma estabilidade dinástica semelhante à do Reino de
Judá. As freqüentes mudanças de dinastia não impediram, contudo, fases de grande
prosperidade econômica. O Reino de Israel estava em situação mais vantajosa do que o de
Judá. Seu território era mais vasto e mais rico. Suas forças militares eram inegavelmente
superiores. No campo religioso, conservam-se as grandes tradições do passado. Porém, desde
o começo do reinado de Jeroboão I (933-911), Israel se vê obrigado a conviver com os
cananeus, profundamente apegados aos seus costumes e às suas idéias. Pela sua posição
geográfica, Israel estava exposto às influências externas e sofreu, ao longo de toda a sua
história, pressões muito fortes de seus vizinhos do norte: fenícios, arameus e assírios.

No século IX, principalmente no tempo de Acab (875-853), o Reino de Israel conheceu grande
prosperidade econômica. Mas com grande injustiça social. As forças de resistência vieram dos
círculos proféticos, dominados pelas figuras de Elias e Eliseu. Havia, pois, forte oposição à
realeza, com raízes no espírito tribal; graças à atuação dos profetas, herdeiros de Moisés, era
animada de grande coerência religiosa: “os profetas eram, de fato, os juízes da monarquia, na
medida em que permaneciam fiéis a Deus e à herança mosaica (cf. 1Rs 19)” (J. Briend). Com
tais informações, podemos compreender o contexto histórico da tradição Eloísta.

São atribuídos à tradição Eloísta as seguintes passagens: aliança de Abraão; nascimento de


Isaac, o repúdio de Agar; o sacrifício de Isaac; a corte de Rebeca; Esaú e Jacó; Jacó em Betel; o
casamento de Jacó; o nascimento dos filhos de Jacó; Jacó e Labão; José e seus irmãos; José no
Egito; a morte de Jacó; a opressão no Egito; nascimento e vocação de Moisés; provavelmente
cinco das dez pragas; a passagem pelo mar; a viagem ao Sinai; a estada no Sinai; o bezerro de
ouro; a partida do Sinai; as codornizes e o maná; os exploradores; a rebelião de Datã e Abiram;
a viagem de Cades a Moab; a adoração de Baal; luta entre as tribos orientais e ocidentais;
nomeação de Josué à sucessão de Moisés; o cântico de Moisés; a bênção e a morte de Moisés.
A Tradição Eloísta (II)

28MAIO

“O Verbo” – n° 203 2ª quinzena de Maio 2005

Por Padre Lucas

É assaz difícil definir os limites da tradição eloísta. Entretanto, pode-se afirmar que ela não traz
nada sobre a história das origens, visto que nela não se encontra nenhum vestígio de relatos
cosmogônicos. De fato, a tradição eloísta, sendo menos universalista, não se interessa, como a
javista, pelos outros povos, se bem que não se deva exagerar essa diferença. Ela preocupa-se,
em primeiro lugar, com Israel, e, secundariamente, pelas relações entre Israel e os povos
vizinhos.

Para os estudiosos, a tradição eloísta começa com o “ciclo de Abraão”. Embora se reconheçam
fragmentos dela em Gn 15, há um consenso entre a maioria dos exegetas de que o primeiro
trecho seguido da eloísta é Gn 20.

O fim da eloísta também não é fácil de ser determinado. Fragmentos seus, podem ser
encontrados em Nm 25 e 32, mas, provavelmente, não constituem o fim primitivo dessa
tradição. Há quem afirme a presença de textos eloístas no Deuteronômio: “É uma
possibilidade que tem a seu favor bons argumentos, mas que não permite precisar a extensão
do documento em sua origem” (J. Briend).

A situação histórica da purpleação eloísta, pelo menos aproximativamente, é mais fácil de se


conhecer. Ela se formou no reino do Norte, bem depois, portanto, da divisão dos reinos de
Judá e Israel. Nela, a monarquia e o sacerdócio não são reconhecidos como instituições de
salvação. Somente nos “homens de Deus” ou profetas pode-se constatar a presença de Deus
no meio de seu povo. O maior deles é Moisés. Sinal de que essa concepção era bem conhecida
no reino do Norte, é o fato de o profeta Oséias, sem citar o nome de Moisés, designá-lo “um
profeta” (Os 12,14). Além disso, constatou-se que existem semelhanças entre os textos
eloístas e as narrações que evocam a ação dos profetas Elias e Eliseu. Pode-se comparar a
função desempenhada pelo bastão do profeta Eliseu (2Rs 4,29-31) com Ex 4,1-4 (cf. Ex 4,6 e
2Rs 5,27). O zelo de Moisés por Deus em Nm 25,5, pode comparar-se ao de Elias em 1Rs 18,40
ou ao de Jeú em 2Rs 9-10.

Daí que se devem procurar as raízes da tradição eloísta no movimento profético do reino do
Norte, sem menosprezar a influência da corrente sapiencial. Realmente, pode-se notar nela
uma viva preocupação pelas questões morais, um sentido muito profundo de obediência a
Deus, um real interesse pelo verdadeiro culto, muito cuidado em deixar claro que Deus é
totalmente diferente do homem, e, portanto, fugirá drasticamente de todo antropomorfismo,
quando a Ele se referir.

Certamente, a tradição eloísta foi purpleigida quando o movimento profético, inaugurado por
Elias, já tinha adquirido certa força política e moral em Israel. Ela revela afinidades com esse
movimento e com sua atitude perante a sociedade. Por isso, os estudiosos situam, com
relativa segurança, sua purpleação na primeira metade do século VIII a.C. No próximo número,
Tradição Deuteronomista.

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