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Resumo
Este artigo apresenta três exemplos de museus industriais ferroviários do Estado de São Paulo
(Brasil), seus acervos e ações de preservação efetuadas nos últimos anos. Estas instituições têm sido
objeto de nossa pesquisa atual: o Museu da Companhia Paulista, o Centro de Documentação da
RFFSA/Bauru e o Museu Ferroviário de Sorocaba. Todos estes museus estão em velhas áreas de
atividades ferroviárias, com diferentes problemas de preservação (das instalações, coleções,
visitação). Nosso objetivo é expor, por um lado, o estado atual do patrimônio ferroviário que veio a
compor o acervo destes museus; de outro lado, compreender a natureza das ações de política cultural
nestas cidades e as características dos museus nelas estabelecidas. Em termos metodológicos,
realizamos uma pesquisa histórica sobre a criação do museu; entrevistamos os responsáveis pelas
instituições, em relação a projetos e objetivos dos museus, das propostas expositivas e atividades
educativas
Palavras-chave
Patrimônio Ferroviário, Patrimônio Industrial, Museus Industriais, São Paulo [Brasil].
Abstract
This paper presents three examples of museum of industrial heritage in Sao Paulo State (Brazil), their
archive and preservation actions in the last years. These institutions have been object of our research:
the Companhia Paulista Railway Museum in Jundiai, the Railway Museum and Center of
Documentation of RRFSA/Bauru, Railway Museum in Sorocaba. All these museums are in old railroad
area, with different problems of preservation (installations, collections, visitations). We aim to expose,
on one hand, the current state of the railroad heritage that came to be assembled in the collection of
these museums; and, on the other hand, understanding the nature of public cultural actions in these
cities and the characteristics of the museums established there. In the methodological aspect, we did
historical research on the formation of the museum, activities (the project and objectives, exhibitions
proposals and educational activities), and we interviewed officials.
Keywords
Railroad Heritage, Industrial Heritage, Industrial Museums, São Paulo [Brazil].
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OLIVEIRA, E. R. de. Museus e Ferrovias: estudo sobre a preservação do patrimônio ferroviário paulista. Labor & Engenho,
Campinas [Brasil], v.5, n.3, p. 20-31, 2011. Disponível em: <www.conpadre.org> e <www.labore.fec.unicamp.br>.
Revista Labor & Engenho L&E
ISSN:2176-8846 v.5, n.3, 2011
Introdução
Em fins da década de 1960, todas aquelas empresas férreas citadas haviam sido
incorporadas e passaram para o governo estadual, formando uma única empresa: a
Ferrovias Paulistas S/A (FEPASA) – inclusive os 39 hortos das antigas empresas
férreas. No processo de liquidação das empresas públicas férreas e de energia,
projeto do governo federal e do governo estadual, durante a década de 1990, todo o
patrimônio da FEPASA foi incorporado à Rede Ferroviária Federal S/A (RFFSA), e
maio de 1998. Através de concessão, em dezembro de 1998, foi transferida a malha
férrea para grupos privados de transporte. Os bens entendidos como “ativos
operacionais” (infraestrutura, locomotivas, vagões e outros bens vinculados à
operação ferroviária) foram arrendados à concessionária Ferrovia Bandeirantes
(FERROBAN), depois adquiridos pela América Latina Logística (ALL). A RFFSA foi
dissolvida em 7 de dezembro de 1999 e deu-se início ao processo de liquidação da
empresa, em 17 de dezembro de 19991. A RRFSA acabou por ser extinta pelo
governo federal, em 22 de janeiro de 2007.O processo de liquidação da RFFSA
implicou a realização dos ativos não operacionais e o pagamento de passivos. Para
geri-los foi constituída a Inventariança da Rede, vinculada ao Ministério dos
Transportes, que faria os levantamentos e identificação dos bens, direitos e
obrigações da extinta Rede. Dentre as comissões que compõem a Inventariança, foi
estabelecida a Comissão de Bens Históricos. Esta cuida de coordenar e
supervisionar, no âmbito nacional, o inventário dos bens móveis de valor artístico,
histórico e cultural, bem como, os convênios firmados com entidades de direito
público ou privado que tenham por objeto a exploração e administração de museus
ferroviários e de outros bens de interesse artístico, histórico e cultural, oriundos da
extinta Rede Ferroviária Federal S.A., a serem transferidos ao Instituto do Patrimônio
Histórico e Artístico Nacional (IPHAN) (INVENTARIANÇA DA RFFSA, 2009).
Conforme o texto legal, o IPHAN fica, assim, responsável pela gestão e perpetuação
da Memória Ferroviária (Lei 11.483, de 31/03/2007, art. 9º).
1
De acordo com o estabelecido no Decreto nº 3.277, de 7 de dezembro de 1999, alterado pelo Decreto nº 4.109, de 30 de
janeiro de 2002, pelo Decreto nº 4.839, de 12 de setembro de 2003, e pelo Decreto nº 5.103, de 11 de junho de 2004. Medida
Provisória nº 353, Decreto nº 6.018, de 22/01/2007 e Lei nº 11.483. Vide também RFFSA. Relatórios de Atividades da
Inventariança (2009).
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OLIVEIRA, E. R. de. Museus e Ferrovias: estudo sobre a preservação do patrimônio ferroviário paulista. Labor & Engenho,
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Desde a época em que estava sob a administração da FEPASA, o Museu era gerido
pelo Coordenador do Núcleo de Jundiaí (responsável geral da área oficinas), Edmar
de Stefano, que manteve esse cargo após a incorporação à RFFSA. Inserido num
conjunto de oficinas desativado, que servia de estoque de peças e documentação,
sob a administração de uma empresa extinta, o Museu se via à deriva. A manutenção
do acervo e das atividades do museu ficou ao encargo deste único funcionário. Além
dos problemas advindos desta situação, também por falta de pagamento, ele acabou
por demitir-se em novembro de 2001 (INVENTÁRIO..., 2002). A situação de
abandono do acervo foi denunciada em reportagens do ano de 2000 (ESTADO DE...,
2000); além dos boletins policiais sobre roubo de material. O Museu é assumido por
ex-ferroviários em dezembro de 2000, por meio da criação da Associação de
Preservação da Memória da Cia. Paulista, entidade sem fins lucrativos, sob a
presidência de Eusébio Pereira dos Santos, para “o resgate e preservação da
memória da Cia. Paulista” – esta Associação desenvolveu diversos projetos naquele
ano, inclusive um projeto de restauro de vagão pantográfico (CARTA DE..., 2001;
RELATÓRIO..., 2000; PROJETO..., s.d.). Outras ações foram propostas neste
mesmo ano por instituições civis e particulares à Secretaria do Estado de Cultura: um
projeto de ocupação cultural e convênios com instituições de ensino (PROPOSTA...,
2000; PROJETO..., 2001). Além disso, por iniciativa desta Secretaria, foram feitas
avaliações do estado de conservação dos bens e documentação depositados na área
das Oficinas.
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acervo documental e fotográfico, que estaria precário. Anota também que o Museu
estava se especializando em eletrificação ferroviária.
Em 2004, aquele acervo documental depositado nos galpões das oficinas em Jundiaí
foi transferido para outro galpão no bairro do Bom Retiro, sob a responsabilidade da
Inventariança da RFFSA – Unidade Regional de São Paulo4. Mantiveram-se, em
Jundiaí, o acervo de objetos relativo ao Museu ferroviário e o acervo bibliográfico,
documental e cartográfico que compõe a biblioteca do Museu, sob a administração
municipal. A direção do museu está a cargo da prefeitura municipal, que procura
manter o seu funcionamento, mas não realizou investimentos (atualização da
exposição, contratação de pessoal técnico especializado e infraestrutura para
conservação adequada do acervo). Atualmente, a única intervenção no acervo, é um
projeto do IPHAN de digitalização do acervo fotográfico, seguido posteriormente por
outro para a restauração das fotos – isto devido à importância destes bens no
panorama do patrimônio ferroviário brasileiro e a atual responsabilidade legal do
órgão sobre este tipo de patrimônio. O acervo bibliográfico e os demais objetos do
2
Uma listagem de bens anexa ao Relatório de visita técnica de Beatriz Cruz indica, em valores aproximados: 8 mil livros, 5 mil
fotos em papel, 500 negativos em vidro; 10 álbuns de fotos; 16 obras de arte (na Biblioteca); além de livros históricos e
documentos da RFFSA
3
O conjunto de prédios foi comprado do Governo do Estado de São Paulo pela Prefeitura Municipal de Jundiaí, em 20/01/2001,
por um valor de nove milhões de reais (sendo oito milhões de reais da Secretaria da Educação e um milhão de reais da
Secretaria de Cultura). A atual gestão dos edifícios é compartilhada pelas duas Secretarias, em que o peso da decisão se dá
conforme o valor desembolsado para a compra. O que tem gerado conflitos na gestão do Complexo Cultural FEPASA – como
passou a ser denominado.
4
Observa-se que confrontando o tamanho do acervo estimado pelos técnicos do Arquivo do Estado com os valores estimados
no 4º Relatório de Atividades da Inventariança , anteriormente citado, é provável que a maior parte do que atualmente está no
galpão na cidade de São Paulo era a documentação que estava dos galpões em Jundiaí.
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OLIVEIRA, E. R. de. Museus e Ferrovias: estudo sobre a preservação do patrimônio ferroviário paulista. Labor & Engenho,
Campinas [Brasil], v.5, n.3, p. 20-31, 2011. Disponível em: <www.conpadre.org> e <www.labore.fec.unicamp.br>.
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Museu ainda se encontram no Museu e serão mantidos no local por conta da atual
política de preservação do patrimônio ferroviário adotada pelo IPHAN5.
A exposição permanente que foi aberta então – e que ainda se encontra montada até
hoje - reúne uma coletânea de peças trazidas de museus da região e ex-funcionários
da ferrovia. O espaço do Museu é composto por 14 cômodos, sendo um porão e 12
salas ocupadas com objetos pertencentes à Estrada de Ferro Sorocabana e aos
membros que atuaram nesta (mobiliário, vestuário, fotos, objetos decorativos,
material de escritório, peças de sinalização e equipamento da estação); além de
imagens diversas (quadros, fotos, jornais). Não há um discurso expositivo claramente
definido (temático ou cronológico), mas uma exposição de material ferroviário,
5
Além disso, houve a transferência ao Instituto de Patrimônio Histórico e Artístico Nacional do convênio da RFFSA com a
Prefeitura Municipal de Jundiaí para a administração do Museu - conforme Lei federal de 11.483, de 31/03/2007, art. 9º.
6
Agradeço a bolsista Helena Camila Costa pelo auxílio na coleta de dados.
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OLIVEIRA, E. R. de. Museus e Ferrovias: estudo sobre a preservação do patrimônio ferroviário paulista. Labor & Engenho,
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conforme o antigo padrão de coleção: acúmulo de material pelos espaços, com
legendas de identificação das peças e reprodução de espaços de trabalho
administrativo ou da estação. Também não há boas condições de iluminação,
armazenamento e conservação. Enfim, a exposição tem evidente caráter elogioso e
nostálgico da empresa EFS.
Em relação aos acervos, grande parte foi retirada da sucata (mobiliário) da Rede
Ferroviária de São Paulo e do Museu de Jundiaí. Não há uma reserva técnica de
peças, apenas algum material documental (registro de empregados e fotos). Em
relação às condições de salvaguarda, o Museu não possui segurança necessária
entre o público e o acervo, o que pode muitas vezes comprometer a integridade física
dos bens e a segurança do visitante. Grande parte do material documental que fazia
parte do acervo, quando da constituição do museu, foi transferida para o Museu
Histórico Sorocabano (relatórios anuais da empresa e uma coleção incompleta da
revistas ferroviária “Nossa Estrada”). Há uma pequena biblioteca instalada em
conjunto com a recepção, onde é permitida a consulta dos livros, revistas, relatórios
das atividades dos ex-ferroviários e demais arquivos da época da ferrovia. Além da
biblioteca, uma das casas contidas ao lado do Museu abriga o laboratório de
arqueologia. Não há outros serviços de apoio aos visitantes (material informativo,
cafeteria e loja do museu).
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semana), os resultados obtidos acabaram por não ter representatividade estatística.
Entrevistou-se apenas 23 pessoas: 16 homens e 7 mulheres; 60% tinham idade
acima de quarenta anos, e 30% entre 25 anos e 40 anos; 90% tinham residência na
região. Resumindo os resultados obtidos, a motivação pode ser analisada através de
três causas explicitadas: curiosidade, afetividade, visto que muitos dos visitantes
apresentam vínculo com a ferrovia (ex-ferroviários ou parentes próximos), turismo e,
por último, foi constatado que a visitação pode partir de interesse nulo, ou seja, o
visitante permanece no local para descanso.
A Noroeste do Brasil foi constituída em fins do século XIX como um projeto estadual
de expansão ferroviária, que se estenderia do centro do estado de São Paulo em
direção ao interior do Brasil, até a divisa com o Paraguai. Conforme estudos
desenvolvidos, um dos principais motivos seria em função da defesa do território
nacional, aliada à finalidade econômica de transportar a produção agrícola do interior
do país. A construção ocorreu de 1907 a 1916, a partir de projeto do Estado
brasileiro, mas associando tanto capital público quando investidores privados.
Em 1957, a empresa estatal Rede Ferroviária Federal SA, encampa a NOB. Nos
anos que se seguiram, lenta agonia: concorrência com os veículos automotores,
administrações desastrosas e desinteresse estatal em investimentos. Nos anos 1990,
os trens de passageiros são extintos. Nessa década a antiga RFFSA é privatizada,
assumindo sua concessão a empresa Novoeste. Desocuparam a estação central e
as oficinas, em Bauru, e houve o abandono de estações e das demais edificações,
ao longo dos trilhos. Apenas os trilhos e o meio rodante são mantidos, mesmo assim,
em precárias condições para utilização imediata. De 1998 a 2006, ocorreram
sucessivas fusões das empresas concessionárias dos bens da antiga NOB, que
acabou sendo transferida para a América Latina Logística (ALL).
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coleções de documentos, pertencentes inicialmente à NOB e à RFFSA7. O acervo
inclui ainda revistas e jornais antigos, documentos e fotos de ferroviários da NOB,
Paulista e Sorocabana8. Durante a década de 1990, foram incorporados também
outros acervos: como a Documentação do Serviço de Proteção aos Índios (SPI)9,
atual FUNAI; o Fundo “Sociedade Beneficente 19 de junho”10, e a Coleção Professor
Álvaro José de Souza11. Parte do acervo inicial foi alojada junto à esplanada da
ferrovia. Estes fundos documentais foram higienizados com auxilio financeiro de
agência estadual de financiamento à pesquisa científica (a Fundação de Apoio a
Pesquisa do Estado de São Paulo - FAPESP) e com a colaboração técnica do
CEDEM, e estavam sendo catalogados para serem utilizados. Cerca de 30% do
acervo inicial, ainda não foi tratado, sendo, aos poucos, limpo e colocado à
disposição. O CMR possui e utiliza inclusive mobiliário advindo da NOB: armários,
cadeiras, mesas, bancos de jardim, estantes, arquivos, prancheta etc. Portanto, este
acervo precisa ser totalmente informatizado, os documentos microfilmados e as
imagens gráficas, bem como fotografias carecem de ser digitalizadas. Um processo
de higienização foi iniciado por uma funcionária cedida pela prefeitura.
7
As informações e dados que se seguem foram cedidos pelo ex-diretor prof. Nilson Guirardello.
8
Boletim de pessoal (publicação mensal de informação sobre os trabalhadores ferroviários da NOB e RFFSA), Boletim
Informativo do Ministério da Viação e Obras Públicas (1911-1976), boletins estatísticos (1972), relatórios anuais (1906-1958),
correspondência geral (1920-1984), processos diversos (1942-1981), fichas de identificação do pessoal (1906-1950),
documentos de obras (1946-1983); fichas cadastrais das edificações (1950), processos de obras (1916-1975), orçamentos
(1908-1979) e projetos executivos de edificações (1905-1979); fotografias diversas (1906-1988) e a Coleção de Correia das
Neves (188 fotos, 1904-1938). O acervo é composto também um volume não catalogado de material bibliográfico ligado à
ferrovia e periódicos. Tais como: Diário da União (450 edições, de 1914-1945) e revistas ferroviárias (Brasil-Oeste, Correio dos
Ferroviários, Engenheiro Ferroviário, Ferrovia, Nossa Estrada, Railway Gazette International, REFESA, Revista do Club de
Engenharia, Revista ferroviária, Via Port of New York, etc.).
9
Livros encadernados e papéis com registros manuscritos e datilografados sobre a administração do SPI, em São Paulo e Mato
Grosso, nos povoamentos indígenas instalados desde o inicio do século XX. De 1910 a 1967.
10
Foi entregue ao Centro de Memória Regional devido à extinção da Sociedade. Trata-se de documentação administrativa da
sociedade que era uma entidade de auxilio mutuo para os ferroviários.
11
Ampla coleção de livros da área de geografia doados no ano de 2006, pela viúva do professor Álvaro, a Faculdade de Ciências
da UNESP/Bauru e a Associação dos Geógrafos de Bauru. A coleção, com cerca de 3.000 volumes, é considerada uma das
maiores coleções privadas da área, e foi montada em sala à parte, no CMR, tendo sido catalogada pela biblioteca central do
campus da UNESP de Bauru.
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OLIVEIRA, E. R. de. Museus e Ferrovias: estudo sobre a preservação do patrimônio ferroviário paulista. Labor & Engenho,
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Segundo ainda o ex-diretor, Nilson Guirardello, os ferroviários viam nesse resgate, o
resgate de sua própria história, de seu passado e de suas vidas laborais. Destaca
que há um sentimento coletivo da importância do resgate dessa documentação, em
uma cidade que havia se desenvolvido devido às ferrovias em seu solo. Durante sua
existência, o CMR, atendia a pesquisadores e ex-ferroviários.
Conclusões
Em primeiro lugar, desde a dissolução da RFFSA, entre os anos 1999 e 2007, tornou-
se precária a gestão, fiscalização e manutenção de vários bens móveis e imóveis,
além dos acervos das empresas férreas incorporadas na FEPASA. Assim como há
edificações que não são utilizadas pela empresa concessionária e estão
abandonadas, como prédios de estações e oficinas. Apesar dos esforços dos órgãos
e pessoas envolvidas na liquidação da empresa, a partir de 1999, a sua desativação
deixou sem cuidados a parte da infraestrutura existente e não arrendada. As
iniciativas de preservação deram-se no âmbito local, no decorrer do
desmantelamento da estrutura administrativa, seja pelo governo municipal (Museu da
Sorocabana), ou deste em parceria com universidade (Centro de Memória Regional).
Mais do que uma política consistente e continuada de preservação, realizou-se uma
simples transferência dos bens ferroviários inativos da União ou do Estado de São
Paulo para a responsabilidade municipal.
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OLIVEIRA, E. R. de. Museus e Ferrovias: estudo sobre a preservação do patrimônio ferroviário paulista. Labor & Engenho,
Campinas [Brasil], v.5, n.3, p. 20-31, 2011. Disponível em: <www.conpadre.org> e <www.labore.fec.unicamp.br>.
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ISSN:2176-8846 v.5, n.3, 2011
Em quarto lugar, o processo de liquidação do patrimônio ferroviário da união gerou
um grande volume de edificações, documentação e objetos que forma uma lista pré-
selecionada pelo Estado. Com a lei 11.483, de 2007, o órgão nacional de
preservação acaba por partir deste conjunto patrimonial administrativo para eleger os
bens de valor cultural. O problema do inventário, avaliação e gestão dos bens
ferroviários dispersos por todo o Brasil tem uma escala que extrapola os limites de
funcionamento dos órgãos de preservação do patrimônio – sejam eles federais
(Instituto de Patrimônio Histórico e Artístico Nacional, Instituto Brasileiro de Museus)
ou do Estado de São Paulo (Conselho de Patrimônio Histórico, Artístico,
Arqueológico e Turístico e a Secretaria Estadual de Cultura). De modo que, deve-se
considerar a necessidade de uma política de patrimônio para estes bens culturais em
particular.
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OLIVEIRA, E. R. de. Museus e Ferrovias: estudo sobre a preservação do patrimônio ferroviário paulista. Labor & Engenho,
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Referências
Legislação
Periódicos
“ESTADO DE abandono do acervo”. O Estado de São Paulo, 12/2000.
Documentação
CARTA DE Eusébio P. Santos à Fundação do Patrimônio Histórico do Estado de São Paulo
(11/09/2001). Acervo da Secretaria Estadual de Cultura.
PROJETO de ocupação cultural e social dos prédios das Oficinas da Cia. Paulista (06/03/ 2001).
Encaminhado pela Sociedade Amigos da Preservação do Patrimônio Histórico, Artístico e
Arqueológico de Jundiaí. Acervo da Secretaria Estadual de Cultura.
CRUZ, Beatriz Augusta. Relatório de visita técnica ao Museu da Companhia Paulista. (2001).
Manuscrito. Depositado na Secretaria do Estado da Cultura. Está em anexo a este Relatório uma
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OLIVEIRA, E. R. de. Museus e Ferrovias: estudo sobre a preservação do patrimônio ferroviário paulista. Labor & Engenho,
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listagem de bens patrimoniais do Museu da Cia. Paulista, datada de 12 de novembro de 2001, com
condições de restauro, local e origem do objeto. Acervo da Secretaria Estadual de Cultura.
SOBRINHO, Fausto C. Relatório de visita da equipe técnica do Arquivo Público. (2001). Manuscrito.
Acervo da Secretaria Estadual de Cultura.
MUSEU da Estrada de Ferro Sorocabana. Manuscrito disponibilizado pela secretaria do Museu. [s.d.].
INVENTÁRIO do Acervo do Museu da Estrada de Ferro (22/04/2002). Reunido por Edmar de Stefano,
coordenador do Museu e endereçado ao Departamento de Museus e Arquivos, da Secretaria Estadual
de Cultura, em. Acervo da Secretaria Estadual de Cultura.
FEPASA. Catálogo do Museu Ferroviário Barão de Mauá. São Paulo: FEPASA, [s.d.].
Livros
MATTOS, Odilon. Café e ferrovias. Campinas: Pontes, 1990.
KOPTCKE, Luciana S.; CAZELLI, Sibele; LIMA, José M. (2007). Os museus e seus visitantes: uma
análise do perfil dos públicos dos museus do Rio de Janeiro e de Niterói. In: ABREU, Regina;
CHAGAS, Mário de S.; SANTOS, Myrian S. Museus, coleções e patrimônio: narrativas polifônicas.
Rio de Janeiro: Garamond, 2007. p. 68-94.
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OLIVEIRA, E. R. de. Museus e Ferrovias: estudo sobre a preservação do patrimônio ferroviário paulista. Labor & Engenho,
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