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REABILITAÇÃO PULMONAR E
QUALIDADE DE VIDA EM PACIENTES
COM DPOC
João Evandro Carneiro Martins Neto1
Ridailda de Oliveira Amaral2
RESUMO: O presente artigo propõe a reabilitação pulmonar como uma terapia holística, complexa
e multidisciplinar, que proporciona suporte tanto de terapia física quanto emocional, consistindo de
uma combinação de exercícios e reeducação, tendo ainda o propósito de alcançar e manter o
máximo nível de independência e funcionalidade do indivíduo na comunidade, melhorando a sua
qualidade de vida.
1
Educador Físico e Especialista em Fisiologia do Exercício, Preparação Física e Personal Trainer.
2
Monitora da disciplina Fisioterapia nas Enfermidades e Distúrbios Funcionais em Neurologia e Ex-Bolsista de Extensão do
Programa de Serviços Especializados da Fisioclínica da UNAMA.
A avaliação da tolerância
ao exercício é essencial no início
do programa de reabilitação, vis-
to que um dos objetivos da reabi-
litação é aumentar a habilidade
do indivíduo no desempenho da
atividade física. O resultado de
um teste de exercício é importante
para avaliar o nível de incapaci-
dade, identificar a limitação do
exercício continuado, ajudar na
programação de um regime de
Figura 1: Circulo vicioso da DPOC e da reabilitação pulmonar
Fonte: PRYOR (2002)
O exercício estimula, a cur- os aeróbios, mais comumente, a duzindo exalação durante o alon-
to prazo, respostas benéficas do caminhada ou bicicleta. Um pro- gamento ou esforço.
sistema cardiovascular, assim grama típico para pacientes gra-
como os efeitos metabólicos vemente incapacitados por suas 3.2.3 Treinamento de força
quando repetidos, que podem pro- doenças pode requerer que an-
duzir uma dessensibilização à dem por apenas 2-3 minutos a um
Recentemente, tem sido
dispnéia. Outros mecanismos po- passo estacionário duas vezes ao
sugerido que a fadiga dos mús-
tenciais incluem uma maior co- dia, enquanto aos pacientes mais
culos periféricos poderia contri-
ordenação neuromuscular e au- capazes pode ser indicado cami-
buir à limitação do exercício A
mento da confiança (AZEREDO, nhar diariamente, a uma veloci-
maioria dos estudos de reabilita-
2002). dade apropriada por 10 minutos.
ção enfoca o regime de treina-
Uma vez que o paciente
mento da resistência. Um aspec-
3.2 Prescrição do exercício seja capaz de alcançar 20 minu-
to interessante desses estudos é
tos, a freqüência pode ser redu-
que o programa de exercícios
A base fisiológica da pres- zida a 5 vezes por semana, como
pode ser repetido em casa com
crição do exercício para pacien- sugere a ACMS (2000). Reco-
facilidade, não requerendo equi-
tes com DPOC pode ser resumi- menda-se ainda que antes de
pamento sofisticado. Os exercí-
da em: especificidade, intensida- qualquer série de treinamento
cios incorporados no programa
de e reversibilidade. Primeira- aeróbio, um período de aqueci-
são simples e incluem, por exem-
mente, a especificidade relata a mento é recomendado, a fim de
plo, passar de sentado para em
resposta mensurável ao treina- aumentar a taxa metabólica em
pé, andando no lugar, exercícios
mento do exercício, secundaria- repouso a um nível apropriado
de braços completando círculos
mente, a intensidade do treina- para treinamento.
e exercícios para o quadríceps.
mento tem que ser suficiente para
produzir um efeito e, finalmente, 3.2.2 Exercício de membros 3.2.4 Treinamento muscular
caso o programa de exercícios superiores ventilatório
seja descontinuado, ocorrerá o
desaparecimento ou a reversão Para realizar as atividades
É confiável que o treina-
do efeito do treinamento. de vida diária (AVD’s), uma cer-
mento muscular respiratório re-
ta quantidade de força e coorde-
sulte na melhoria da função, e
3.2.1 Treinamento aeróbio nação é necessária. Isso está
dessa maneira, diminua o esfor-
freqüentemente faltando em pa-
ço da respiração, conseqüente-
The American College of cientes com DPOC, pois os mús-
mente, reduzindo a dispnéia. De
Sports Medicine (ACMS, 2000) culos acessórios, freqüentemente,
forma similar ao treinamento con-
propunha que o treinamento assistem os músculos da respira-
vencional, o treinamento muscu-
aeróbio deveria ser realizado por ção. Com isso, pelo desempenho
lar respiratório pode ser dividido
20-30 minutos, três a quatro ve- das atividades do braço, esse su-
em treinamento de força e resis-
zes por semana, em uma intensi- porte está perdido e a carga é
tência.
dade que correspondesse a, apro- forçada de volta para os múscu-
ximadamente, 50% do consumo los respiratórios e, naturalmente,
3.3 Componente educacional
máximo de oxigênio do indivíduo, para o diafragma que, por sua vez,
se esses efeitos puderem ser ob- já enfrenta dificuldades. Portan-
Algumas formas de reedu-
servados. Para pacientes com to, todo exercício do membro su-
cação da respiração, aprender a
doença respiratória crônica, pode perior precisa ser combinado com
controlar a respiração e ativida-
ser possível prescrever exercíci- a regulação da respiração, pro-
des de ritmo do passo são pontos que têm disponíveis para assistí- DOUGLAS, Carlos R. Tratado
vitais de qualquer programa de los na maximização de suas fun- de Fisiologia Aplicada à Fisi-
sucesso. Ensinar ao paciente exa- ções e atividades. É necessária oterapia. São Paulo: Robe Edi-
lar no esforço, em flexão e ativi- uma orientação personalizada, de torial, 2002.
dades de alongamento propicia- assistência integrada e que incor-
rão a habilidade do mesmo tanto pore o suporte físico, emocional GUYTON, Arthur C. Fisiologia
para o exercício quanto para e educacional. Humana. 6. ed. Rio de Janeiro:
realizar as tarefas funcionais. Guanabara Koogan, 1988.
Muitos pacientes necessi-
tarão de auxílio em casa, na as- REFERÊNCIAS BIBLIO- ___________. Tratado de Fi-
sistência ao banho e atividades GRÁFICAS siologia Médica. 9. ed. Rio de
gerais de autocuidados. É essen- Janeiro: Guanabara Koogan,
cial que a terapia por drogas seja ACSM. Teste de Esforço e 1997.
otimizada pelo paciente, antes de Prescrição de Exercício. São
entrar na reabilitação pulmonar. Paulo: Revinter, 2000. PORTO, Celmo Celeno.
Entretanto, sessões educacionais Semiologia Médica. 4. ed. Rio
aos pacientes sobre medicação, AZEREDO, Carlos Alberto Cae- de Janeiro: Guanabara Koogan,
o uso de inaladores, nebulizadores tano. Fisioterapia Respiratória 2001.
podem ser úteis. Moderna. 4. ed. São Paulo:
O conselho sobre a alimen- Manole, 2002. POWERS, Scott K.; HOWLEY,
tação saudável e de como se Edward T. Fisiologia do Exer-
manter bem nutrido durante os ____________. Fisioterapia cício: Teoria e Aplicação e ao
turnos de extrema falta de ar e Respiratória no Hospital Ge- Desempenho. São Paulo: Ed.
infecção são importantes. ral. São Paulo: Manole, 2000. Manole, 2000. 527p.
É fundamental ao sucesso
de qualquer programa que os pa- _____. POLYCARPO, Monclar PRYOR, Jennifer A.; WEBBER,
cientes tenham acesso a um gru- R.; QUEIROZ, Alessandra N. Barbara A. Fisioterapia para
po de apoio ou a alguma forma Manual Prático de Fisiotera- Problemas Respiratórios e
de manutenção da terapia segui- pia Respiratória. São Paulo: Cardíacos. 2. ed. Rio de Janei-
da ao encerramento do progra- Manole, 2000. ro: Guanabara Koogan, 2002.
ma.
BEVILACQUA, Fernando. STOCK, Christine ; PEREL,
Fisiopatologia Clínica. 5. ed. Azriel. Manual de Suporte
CONSIDERAÇÕES FINAIS São Paulo: Atheneu, 1998. Ventilatório Mecânico. 2. ed.
São Paulo: Manole, 1999.
Os profissionais envolvidos COSTA, Dirceu. Fisioterap0ia
no processo de reabilitação ne- Respiratória Básica. Rio de
cessitam garantir aos pacientes Janeiro: Atheneu, 1999.
todas as informações e recursos