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Ciência

O curto-circuito do orgasmo: como


funciona o prazer humano
A evolução criou o prazer sexual como pretexto para o acasalamento. Pela causa justa
de estimular a reprodução das espécies, valeria a pena superativar o cérebro, deixando-o
à beira do esgotamento.
Por Da Redação
access_time31 out 2016, 18h50 - Publicado em 31 out 1993, 22h00

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Lúcia Helena de Oliveira, Demetrius Paparounis

+ Apresentado por Bradesco


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Curitiba

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do país

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Certa vez, em um impulso autobiográfico, o romancista russo Fiódor Dostoiévski


(1821-1881) escreveu: “Felicidade — Tão forte e tão doce que por alguns segundos
dessa delícia trocaria dez anos de minha vida”. Dessa maneira, por incrível que pareça,
ele tentava descrever um ataque epilético. O autor de clássicos da literatura, como
Irmãos Karamázov, era vítima de um raríssimo tipo de epilepsia, em que, durante o
surto, as áreas de prazer do cérebro ficam à beira de um curto-circuito. A pessoa, então,
experimenta algo semelhante a orgasmos, enquanto dura a crise. Por sorte, não é preciso
padecer do mesmo mal para saber do que o escritor falava. Normalmente, a sensação de
prazer intenso é a isca arranjada pela evolução para atrair determinados seres vivos para
o sexo, garantindo a reprodução de suas espécies. A maioria dos chamados animais
sexuados cai nessa armadilha do desejo, mas nenhum com tanta freqüência e tamanha
intensidade quanto o homem.

A espécie humana pode ser considerada a campeã do prazer sexual. Afinal, é capaz de
experimentar o orgasmo em qualquer época do ano, enquanto outros bichos só
desfrutam desse prazer no período do cio. Para chegar ao orgasmo, o sistema nervoso
ordena, em primeiro lugar, que os batimentos cardíacos acelerem, autorizando um
derrame do hormônio adrenalina. A substância faz o coração arrancar, por um bom
motivo: não pode faltar sangue para os músculos, na agitação do sexo. Esse mesmo
hormônio, despejado pelas glândulas suprarenais, faz ainda com que as artérias se
dilatem, facilitando a passagem do sangue. Este precisa estar oxigenado — daí que os
pulmões também aumentam o ritmo de trabalho; a respiração torna-se rápida e curta.
Toda essa superatividade física leva o corpo a esquentar, como um motor prestes a
fundir. E, feito a água do radiador de um carro, o suor passa a jorrar na pele, na tentativa
de controlar a febre do desejo.

No cérebro, por sua vez, um crescente número de neurônios passa a secretar substâncias
ativadoras de certas regiões, que são reconhecidamente o centro das sensações de
prazer. Foram elas, aliás, que comandaram aquelas reações do corpo, como o
aceleramento do coração. Até que, no limiar do esgotamento físico e da exaustão dos
neurônios, outra região cerebral, a do desprazer, contra-ataca com uma descarga de
endorfinas, para acabar com a festa — e com o risco de pane cerebral. Nos pequenos
espaços entre os neurônios, as endorfinas com forte efeito calmante vão se misturar às
substâncias excitantes liberadas pelas zonas de prazer. Assim, por alguns instantes,
tanto as áreas de prazer como a do desprazer entram no curto-circuito do orgasmo, e
mandam faíscas para outras partes do sistema nervoso. Entre elas, as responsáveis pelos
movimentos de certos músculos — eis o co-mando para o espasmo da ejaculação, que
sempre acompanha o gozo masculino.

Há quem se contorça por inteiro, involuntariamente, até o cérebro se pôr em ordem.


Quando isso acontece, sobra o cansaço da intensa atividade física, capaz de consumir a
mesma quantidade de calorias de uma partida de tênis, de 420 a 660. Resta, também, o
relaxamento provocado pelas endorfinas, que, depois de serem descarregadas em alta
dosagem no cérebro, terminam se espalhando pelos músculos, arrastadas pela corrente
sangüínea.

No reino animal as coisas funcionam de forma mais ou menos parecida. “Mas, em geral,
as fêmeas dos mamíferos só topam o acasalamento quando estão no período do cio”, diz
o biólogo Ladislau Deutsch, de São Paulo, que afirma já ter “visto sexo até de macacos
africanos”. Segundo ele, durante a ejaculação, os mamíferos machos demonstram uma
forte sensação, semelhante ao orgasmo do homem. “Quanto às fêmeas, é impossível ter
certeza de que sentem alguma coisa.”

Ou seja, nesse aspecto, até que se prove o contrário, o sexo feminino dos seres humanos
é uma exceção. “O fato de a mulher ser privilegiada com a capacidade de sentir prazer
sexual nunca foi muito bem compreendido”, admite o geneticista Oswaldo Frota-
Pessoa, da Universidade de São Paulo, autor de livros sobre sexo e seleção natural. “No
macho, por causa da coincidência entre o orgasmo e a ejaculação, conclui-se que a
sensação prazerosa tem o papel de impulsionar o organismo a injetar seus
espermatozóides na parceira”, explica. “Já o orgasmo feminino, à primeira vista, parece
não ter função. É claro, porém, que existem algumas teorias para justificá-lo.”

Há quem postule, por exemplo, que o orgasmo da mulher surgiu quando seus ancestrais
se tornaram bípedes. Isso porque a nova postura criava a possibilidade de a fêmea sair
caminhando, logo depois da relação sexual. E, daí, a maioria do sêmen escorregaria
rapidamente para fora da vagina, sem dar muita chance de fecundação aos
espermatozóides. No entanto, o gozo deixaria os músculos do corpo completamente
relaxados. Desse modo, a tendência seria a mulher permanecer mais tempo deitada. A
teoria é polêmica — afinal, caminhar depois do sexo jamais foi um método
anticoncepcional. Estudos recentes mostram, ainda, que os espasmos ocorridos durante
o orgasmo transformam o útero numa espécie de sugador, facilitando, mais uma vez, a
entrada dos espermatozóides.

Uma coisa é certa: o prazer feminino, ao tornar a fêmea bem disposta para o sexo, foi
fundamental para libertar a espécie humana do cio. Para os seus indivíduos, todo dia
pode ser dia de acasalamento. A possibilidade do orgasmo, de que só os humanos
parecem ter consciência, torna o sexo uma tentação permanente. E, no cérebro, o centro
de todas as tentações — e de todas as aversões, também —, fica no chamado sistema
límbico.

Trata-se de uma enorme região, dividida em diversos núcleos, na parte interna da massa
cinzenta. Uma de suas principais estruturas é o chamado septo, que governa as
sensações de prazer. Na realidade, as emoções agradáveis também são criadas numa
área vizinha e maior: o hipotálamo, que ainda se responsabiliza pelas sensações de
fome, sede, frio e calor. Um terceiro núcleo desse sistema é o hipocampo, a sede da
memória. Finalmente, existe a amígdala, que é o grande centro de desprazer do sistema
nervoso. “Quando a gente estimula eletricamente essa área, no cérebro de cobaias,
notamos que elas sentem emoções desagradáveis, como medo ou raiva”, revela o
neurofisiologista Eduardo Pagani, de 29 anos, que faz pesquisas sobre o sistema
nervoso na Escola Paulista de Medicina. De acordo com ele, o orgasmo pode ser
considerado uma overdose das substâncias produzidas pelas células nervosas dessas
quatro estruturas do sistema límbico.

Tudo, no entanto, começa mais na superfície da massa cerebral, ou seja, na camada


cinzento-escura conhecida por córtex. Nele, afinal, desembocam as informações
nervosas, provenientes dos diversos órgãos sensoriais. É o caso, por exemplo, da
imagem do parceiro em potencial, que alcança a retina, no fundo dos olhos. Ali, a luz
refletida por essa figura é transformada em impulsos elétricos, que percorrem o nervo
óptico até parar no córtex. Os neurônios que tecem essa camada vão analisar a imagem
recém-chegada: se é a de uma pessoa gorda ou magra, se ela tem pernas finas ou
grossas, se o nariz é arrebitado ou adunco e assim por diante. “O córtex, porém, só
processa esses dados, sem emitir nenhum juízo”, explica Pagani. “É o sistema límbico
que julga se é para gostar ou não dessa imagem.”

Não é à toa, a primeira escala das informações nervosas no sistema límbico é justamente
o hipocampo, aquela estrutura relacionada à memória. “Ele faz comparações com outras
imagens gravadas em seus arquivos, isto é, suas redes de células”, diz o pesquisador. A
partir disso, vem o veredicto: o hipocampo pode enviar as informações visuais àquelas
duas áreas ligadas ao prazer ou para a amígdala, relacionada ao desprazer.

O provável parceiro sexual, é claro, não se limita a estimular a visão. O tom da voz e,
mais adiante, quem sabe, o som de gemidos entram no cérebro pela área do córtex
dedicada à audição. As carícias chegam pelo tato; o cheiro pelo olfato; o sabor do beijo,
pelo paladar. O trajeto, porém, é sempre o mesmo, isto é, dos órgãos sensorias em
direção ao córtex e, a partir daí, ao sistema límbico. “Algumas vezes, os órgãos
sensoriais podem ser dispensados”, diz Pagani. “Pois a imaginação também consegue
estimular o córtex e, daí, o sistema límbico. Isso explica por que existem pessoas que se
excitam ao ver uma cena de filme ou uma foto de revista.”

Provavelmente, é o sistema límbico que dá a primeira ordem para os órgãos sexuais se


excitarem, enviando substâncias que os deixam inundados de sangue extra. Este,
contudo, não é o único mecanismo. Os cientistas descobriram que a medula espinhal, na
altura da região lombar, também é capaz de liberar substâncias da ereção masculina e do
intumescimento do clitóris, na vagina. Mas, no caso, essa segunda ordem só é acionada
quando existem estímulos táteis — pela masturbação ou pelo próprio contato dos
genitais.

A partir do momento em que clitóris e pênis são estimulados, surge uma via de mão
dupla. Os genitais não apenas recebem as mensagens de prazer, vindas do sistema
límbico, como enviam outras, reforçando a sensação agradável. Com isso, o sistema
límbico vai ficando cada vez mais acionado e, nessa altura, começa a interferir no
funcionamento de outras áreas cerebrais — especificamente daquelas ligadas às funções
involuntárias do corpo. É como se o cérebro desejasse que essa felicidade não tivesse
fim. Tudo se acelera, até que os organismos cheguem ao clímax, algo já comparado a
uma explosão, um curto-circuito — e por Dostoiévski à epilesia que o martirizava.

Para saber mais:


Sexos opostos

(SUPER número 9, ano 2)

Os verdadeiros segredos do sexo

(SUPER número 3, ano 4)

Anos rebeldes

(SUPER número 11, ano 3)

A arte de enganar

(SUPER número 10, ano 7)

Ciência do desejo

(SUPER número 6, ano 10)

O exercício do sexo
As principais reações do organismo, durante o ato sexual

Cérebro: a atividade dos neurônios aumenta.

Pele: a face e outras áreas ficam ruborizadas, porque o hormônio adrenalina dilata os
vasos superficiais do corpo.

Coração: acelera para bombear mais sangue aos músculos.

Pulmões: a respiração se torna rápida, para oxigenar o sangue, que circula mais
depressa.

Músculos: dilatam-se, com a chegada de doses extras de sangue; depois, pela


circulação, recebem substâncias calmantes, fabricadas no cérebro, e ficam quase
absolutamente relaxadas.
No homem:
1 – O organismo está pronto para sentir desejo sexual a partir da puberdade, quando os
chamados hormônios andrógenos passam a ser secretados em maior quantidade, pelas
glândulas supra-renais e pelos testículos.

2 – O desejo só é percebido, porém, quando esses hormônios andrógenos se combinam,


no cérebro, com uma substância neurotransmissora chamada dopamina.

3 – Unidas, as duas substâncias vão induzir a liberação dos hormônios FSH e LH, secre-
tados pela glândula hipófise, tam– bém situada no cérebro. Tanto o FSH como o LH
estimulam, por sua vez, a produção de espermatozóides e do principal hormônio sexual
masculino, a testosterona.

4 – Quando espermatozóides e testosterona já entraram em ação, o cérebro pode dar a


sua contribuição, transmitindo através da medula espinhal os impulsos provenientes dos
centros de prazer. Ao alcançarem a região lombar, essas mensagens de conteúdo
prazeroso são desviadas para nervos que têm comunicação direta com as artérias do
pênis.

Na mulher:
1 – A capacidade de ter desejos sexuais também é desencadeada pelos hormônios
andrógenos (que promovem no homem o desenvolvimento masculino). Estes, embora
sejam tipicamente masculinos também são produzidos no organismo da mulher — só
que em dosagens menores, secretadas pelas glândulas suprarenais e pelos ovários.

2 – Assim como no homem, o desejo se reforça, quando os hormônios andrógenos


inundam o cérebro e se misturam com a substância dopamina, produzida pelas células
nervosas.

3 – Mais uma vez, a dupla andrógeno-dopamina dispara a liberação dos hormônios FSH
e LH.

4 – Mas, na mulher, FSH e LH provocam a produção do hormônio sexual estrógeno,


que faz amadurecer o óvulo para a fecundação, mas nada tem a ver com o apetite
sexual. Pois o desejo feminino é resultado da ação de outra substância de nome
complicado — a ocitocina, que os centros de prazer cerebrais descarregam diante de
estímulos agradáveis, como a visão do parceiro. Carregadas pela corrente sangüínea, as
moléculas de ocitocina impregnam determinadas regiões do corpo, como seios e vagina,
transformando-as em zonas erógenas.
Sistema hidráulico
Como ocorre a ereção do pênis
As artérias que irrigam o pênis vivem trabalhando com cerca da metade de sua
capacidade. Mas tudo muda quando o cérebro sente prazer. Então, boa parte delas, que
se encontrava fechada, se alarga para permitir a passagem do sangue. “Esses vasos
passam dentro de dois cilindros, formados por músculos e colágeno, que se chamam
corpos cavernosos”, situa o neurofisiologista Eduardo Pagani, da Escola Paulista de
Medicina, que vem estudando o tema. “Com a chegada de mais e mais sangue, esses
corpos começam a se dilatar.”

Em um primeiro momento, o pênis fica volumoso, mas permanece flácido até que o
volume das artérias alcance o ponto máximo: então, elas próprias, graças ao espaço que
ocupam, atrapalham o escoamento do sangue, apertando e obstruindo as veias da
vizinhança. “Como continua entrando muito sangue e pouco dele consegue sair, o pênis
termina ficando rígido”, diz Pagani. Segundo o especialista, um fenômeno semelhante
ocorre com o clitóris, no caso das mulheres — este órgão incha, mas não chega a se
enrijecer.

12/01/2012 01h00 - Atualizado em 12/01/2012 13h33

Pesquisa identifica áreas do cérebro


que recebem prazer do álcool
Endorfina é a substância responsável por sensação de prazer.
Estudo já tinha sido feito com animais, mas nunca com humanos.
Do G1, em São Paulo

FACEBOOK

Um estudo publicado nesta quarta-feira (11) mostra, no cérebro, como o álcool provoca a
sensação de prazer, que em caso de abuso, pode evoluir para o vício. A compreensão detalhada
do processo é importante porque aprimora o desenvolvimento de remédios contra o alcoolismo.
saiba mais
 Álcool mata ao desacelerar o sistema nervoso, explica médico
 Consumo moderado de álcool aumenta risco de cólicas e diarreias
Observando a imagem de dentro do cérebro dos participantes com a tomografia PET, os
cientistas conseguiram identificar regiões em que a endorfina – uma proteína que dá sensação de
prazer – é liberada: o córtex orbitofrontal e o núcleo accumbens.
“É algo que especulamos nos últimos 30 anos, com base em estudos com animais, mas não
tínhamos observado ainda em humanos”, disse Jennifer Mitchell, em material divulgado pela
Universidade da Califórnia, em São Francisco, onde ela trabalha.
“É a primeira evidência direta de como o álcool faz com que as pessoas se sintam bem”,
completou a autora da pesquisa publicada pela revista “Science Translational Medicine”.
O estudo comparou 13 pessoas que bebem muito com 12 que fazem um consumo mais
moderado do álcool. Nos dois grupos, a endorfina liberada no núcleo accumbens deu sensação
prazer. Por outro lado, quando a substância entrou no córtex orbitofrontal, apenas os que bebem
muito se sentiram mais intoxicados.
“Isso indica que o cérebro de quem bebe muito mudou de forma que é mais provável que eles
achem o álcool prazeroso, e pode ser uma dica de como o problema com a bebida se desenvolve.
A maior sensação de recompensa pode fazer com que eles bebam muito”, completou Mitchell.

SCIENTIFIC AMARICAN mente e cerebro


Explosões de PRAZER
Estudos mostram o que acontece no cérebro durante o orgasmo; diversas áreas são
desativadas, tal como disjuntores que se desacoplam devido a sobrecarga elétrica
junho de 2007

Martin Portner

Ela sabia que o local era pouco apropriado. Além

disso, não costumava ter emoções que a deixassem

fora de controle. Mas não havia como evitar a

paixão à primeira vista, a vontade de transgredir,

de se atirar nos braços do primo que, como ela,

viera se despedir do tio falecido. “Isso só pode ter

sido coisa daquele adesivo”, disse Marianne ao

entrevistador, que pacientemente preenchia um

questionário.

Marianne é uma das participantes de um estudo

realizado em 52 centros de pesquisa nos Estados

Unidos, Canadá e Austrália. Todas elas

manifestavam a síndrome do desejo hipoativo,

condição em que a libido simplesmente desaparece


da vida da mulher. Essas mulheres haviam sido submetidas à cirurgia que remove ovários e

trompas. Outra condição para que elas participassem do estudo era a de que o desejo sexual

estivesse presente antes da cirurgia. Na tentativa de restaurá-lo, elas foram tratadas com um

adesivo à base de testosterona. Como em todo estudo científico, metade do grupo recebeu

um adesivo sem valor terapêutico, o conhecido placebo.

Depois de 12 semanas, Marianne se sentia outra mulher. O desejo sexual voltou na forma de

discretas fantasias, depois na descoberta das sensações eróticas por meio do próprio toque,

até que ela pôde entregar-se ao marido novamente e, pela primeira vez depois de quase três

anos, desfrutar um orgasmo.

A pontuação que comparava sua condição antes e depois do uso do adesivo mostrava 100%

de melhora. O que é mais estranho, paradoxal e inexplicável é o fato de Marianne ter sido

incluída no grupo de mulheres que recebeu placebo, não testosterona. Vale ressaltar que a

pontuação daquelas do grupo tratado com o hormônio masculino mostrou melhora de 250%.

Para Marianne, o importante era ter sua vida sexual de volta; estatística à parte, era isso que

bastava.

O médico James Simon, professor de ginecologia e obstetrícia da Universidade George

Washington em Washington, foi quem coordenou a pesquisa, financiada pela empresa Proctor

and Gamble, à época fabricante do adesivo com 300 microgramas de testosterona para

aplicação no abdome. Na avaliação de Simon a melhora obtida nas pacientes que receberam

placebo era consistente com a observada em outros estudos similares e poderia ser explicada

pelo fato de as participantes provavelmente terem trocado experiências entre si ao longo do

experimento. A resposta do grupo testosterona, no entanto, foi significativamente maior que

no grupo placebo, garante o pesquisador.

PRÉ-EXCITAÇÃO

Seja como for, como explicar a recomposição da vida sexual de uma mulher cujo desejo

desaparecera após a remoção dos seus ovários e que apenas se julgava tratada com um

medicamento? “Está tudo na cabeça” foi o que se leu em muitos blogs que comentaram o

resultado dessa pesquisa. E, no fundo, é verdade. Excitação e orgasmo são manifestações

elaboradas na intimidade do sistema nervoso, que está estrategicamente conectado às


DAWIDSON FRANÇA
glândulas sexuais e

à genitália através

de nervos,

hormônios,

neuropeptídeos e

CEREBELO E ÁREA TEGMENTAL VENTRAL do hipotálamo apresentam intensa ativação


durante o orgasmo masculino. Nas mulheres, o córtex cingular parece estar envolvido no
orgasmo não-clitoridiano

neurotransmissores. A função do cérebro é interagir com o ambiente, receber e modular

informações provenientes do interior do organismo e ajustar os desejos da mente (onde há

tesouros inimagináveis) com os recursos fisiológicos disponíveis.

Embora saibamos pouco sobre como o orgasmo realmente funciona, o conhecimento nessa

área cresceu muito desde os anos 20 e 30, quando hormônios sexuais como o estrogênio e a

testosterona foram identificados pela primeira vez; e desde os anos 40, quando o biólogo

americano Alfred Kinsey realizou os primeiros estudos sobre a sexualidade humana, que foram

seguidos, na década de 60, pelos do ginecologista William Masters e da psicóloga Virginia

Johnson. Esses pioneiros são responsáveis por uma nova compreensão do orgasmo, entendido

como a progressão linear de diversos estágios de reações mentais e corporais. Tudo começa

pela excitação que, no homem corresponde ao maior influxo de sangue no pênis e, na mulher,

ao aumento do volume do clitóris, o ingurgitamento e umidificação da vulva e da vagina,

progredindo até o orgasmo e culminando com a fase de resolução, em que os tecidos retornam

ao estado de pré-excitação.
PROGRESSÃO CIRCULAR

Nos anos 70, a psiquiatra Helen Singer Kaplan, do Programa de Sexualidade Humana do New

York Weill Medical Center, defendeu algo que hoje parece óbvio: a excitação sexual deve ser

precedida de desejo. No final dos anos 80, a ginecologista Rosemary Basson, da Universidade

da Colúmbia Britânica, questionou o modelo de progressão linear defendido por Masters e

Johnson. Para ela, o ciclo sexual é circular, e o desejo pode tanto preceder a estimulação

genital como ser desencadeado por ela. Da mesma forma, a satisfação poderia ocorrer em

qualquer um desses estágios e o orgasmo não seria um objetivo em si.

DIVULGAÇÃO
Afinal, o que é o orgasmo? Para

Kinsey, trata-se de uma

descarga explosiva de tensões

neuromusculares no ápice da

experiência sexual. Para o

psicólogo Barry Komisaruk, o

endocrinologista Carlos Beyer-

Flores e a sexóloga Beverly

Whipple, autores de The science

of orgasm (The Johns Hopkins

University Press, 2006), ainda O FILME Kinsey – Vamos falar de sexo (2005) retrata a história do biólogo
que chocou a sociedade americana com seus estudos sobre sexualidade
não traduzido no Brasil, o

orgasmo é a excitação em sua

manifestação máxima, gerada pela soma gradual de estímulos provenientes dos receptores

somáticos e viscerais, alimentada por complexos processos cognitivos e emocionais.

Para o psicólogo Kent Berridge, da Universidade de Michigan, o prazer sexual pode ser descrito

como uma camada de “brilho” aplicada sobre a sensação, assim como o brilho aplicado sobre

o batom nos lábios. Do ponto de vista neural, o prazer seria representado por circuitos

cerebrais do sistema límbico que se somam ao processamento das sensações básicas. Assim,

o ponto de partida para o orgasmo é o estímulo; o resto é brilho. Brilho esse que é processado

de maneira distinta entre homens e mulheres.

O homem tem clara preferência pelos estímulos visual e tátil. Daí o sucesso de revistas como
Playboy, a bilionária indústria pornográfica, a masturbação freqüente, a facilidade e a rapidez

para chegar ao clímax e, pasmem, a capacidade de chegar ao orgasmo dentro de um

equipamento de tomografia por emissão de pósitrons (PET), como o do neurocientista Gert

Holstege, da Universidade de Gröningen, Holanda.

Holstege conseguiu imagens impressionantes do que acontece dentro do cérebro masculino

no momento da ejaculação e do orgasmo. Primeiramente, uma extraordinária ativação da zona

de junção entre mesencéfalo e diencéfalo, onde fica a área tegmental ventral. A intensidade

dessa ativação é comparável à da causada pela heroína.

MOSAICO ROMANO COM CENA ERÓTICA . REPRODUÇÃO


À medida que o orgasmo se aproxima,

observam-se graus variados de

desativação de várias zonas cerebrais, mas

especialmente na amígdala, estrutura

reconhecida pela eterna vigilância dos

estímulos que chegam do ambiente. Outras

áreas como córtex, regiões diencefálicas e

núcleos da base vão sendo desativadas tal

como disjuntores que se desacoplam em

situações de sobrecarga elétrica. Outro

aspecto surpreendente é a ativação da

porção anterior do cerebelo, fenômeno que

está longe de ser compreendido (ver

quadro na pág. ao lado). Mais

recentemente vem se atribuindo aos


ÍNTIMA COOPERAÇÃO entre neurônios e glândulas
circuitos cerebelares um papel endócrinas não tem outro objetivo que não a procriação; busca
do orgasmo está presente em todas as culturas
proeminente no processamento das

emoções.

O neurologista Jeremy Schmahmann, da Universidade Harvard, avalia que as emoções ativam

subcircuitos cerebelares que memorizam o “timing” para a execução de determinado programa

cerebral. Assim como o cerebelo acompanha o andamento dos movimentos esperados numa

ação, acredita-se que ele também possa avaliar, prevenir e corrigir a interação emocional com

o exterior de acordo com o que foi planejado.


AMÍGDALA SILENCIADA

O orgasmo masculino depende essencialmente do pênis. As informações neurais originadas

nessa parte do corpo, enviadas ao sistema nervoso central e processadas nos núcleos e

conexões apropriadas formam a base do orgasmo masculino. Com a vigilância da amígdala

suprimida, o cerebelo cuida do andamento dos movimentos corporais e das emoções

experimentadas. Um orgasmo de grande intensidade pode ser obtido pelo homem em cerca

de dois minutos após o início da penetração. Já na mulher, um orgasmo de intensidade

comparável só é atingido depois de 12 minutos, em média. Os estudos sobre o orgasmo

feminino que usaram técnicas de imageamento cerebral ainda são poucos, mas já

evidenciaram algumas semelhanças e divergências em relação ao homem. Ao que parece, na

mulher o estímulo inicial pode assumir várias formas. A urologista Jennifer Bermnan, do Centro

de Medicina Sexual Feminina da Universidade da Califórnia em Los Angeles diz que “as

mulheres experimentam o desejo como resultado do contexto em que estão inseridas – se

estão confortáveis em relação a si mesmas e em relação ao parceiro, se estão seguras e se

percebem uma ligação verdadeira com o parceiro”.

No entanto, estudo coordenado pela psicóloga Meredith Chivers, da Universidade de Toronto,

concluiu que as mulheres também respondem com excitação aos estímulos visuais. Em

conferência apresentada ao Instituto Kinsey, na Universidade de Indiana, em Bloomignton,

Chivers demonstrou que homens heterossexuais respondem com excitação (medida

subjetivamente por meio de questionário e objetivamente com o rigiscan, que mede a rigidez

do pênis) a cenas onde aparecem mulheres. Homens homossexuais ficam excitados quando

há cenas com outros homens. Nesse estudo, entretanto, as mulheres se excitaram (com maior

ou menor percepção consciente) em resposta a uma ampla variedade de estímulos visuais que

incluíam imagens de homens, mulheres e até mesmo chimpanzés bonobos, conhecidos pela

forma afetiva com que se relacionam.

“No momento do orgasmo, a mulher não percebe sentimentos”, disse Gert Holstege para uma

atônita platéia do congresso da Sociedade Européia para Reprodução e Desenvolvimento

Humano, em 2006. O neurocientista se referia a um estudo em que 12 mulheres concordaram

em participar de uma sessão de PET enquanto seus parceiros as conduziam até o orgasmo por

meio da estimulação do clitóris. Os resultados não foram muito diferentes dos observados nos
© PUSH PICTURES/CORBIS - LATINSTOCK
homens. O início da excitação é

marcado por uma intensa

atividade no córtex sensorial

primário de ambos os

hemisférios. O fenômeno

sinaliza a chegada de sinais

somáticos originados no clitóris.

Depois a atividade elétrica do

córtex, das zonas subcorticais e

do hipocampo começa a

diminuir. O mesmo ocorre na TAL COMO OS HOMENS, as mulheres são capazes de se excitar com
estímulos visuais
amígdala, área raramente

silenciada, bem como na zona

orbitofrontal esquerda. Essas desativações permitem que a mulher entre num estado de

desinibição que não tem paralelo com nenhum outro estado biológico.

No momento do orgasmo, a atividade neural praticamente silencia em todas as outras áreas

do cérebro, incluindo o córtex pré-frontal, sede do planejamento e, principalmente, da

seqüência das ações. Como no homem, persistem as ativações do cerebelo e da área

tegmental ventral. Trata-se de uma conspiração neuronal voltada ao prazer. “Medo e

ansiedade precisam ser evitados a todo custo se a mulher deseja ter orgasmo; sabíamos disso,

mas agora podemos vê-lo acontecendo nas profundezas do cérebro”, disse Holstege.

Acionamento da região da recompensa do prazer, silenciamento do intelecto e das emoções e

supressão do medo para que o indivíduo possa ser remetido a um estado dissociado da

condição cognitivo-afetiva típica. Se o orgasmo parecia algo simples para os dois sexos, o

assunto tornou-se polêmico porque algo parece acontecer de maneira diferente nesse

momento dentro do cérebro da mulher.

Barry Komisurak e Beverly Whipple demonstraram que mulheres com tetraplegia resultante

de lesão medular são capazes de ter orgasmo, embora não tenham sensibilidade somática

alguma no tórax, abdômen, membros inferiores e genitais. Nelas o orgasmo foi causado pela

estimulação da vagina e do cérvix uterino. A sensação orgásmica foi avaliada tanto


subjetivamente pelas pacientes como por marcadores corporais e por ressonância magnética

funcional cerebral.

HOLSTEGE G.ET AL.JOURNAL OF NEUROSCIENCE, 23 (27): 9185-9193,


PONTO G 2003

Trata-se do orgasmo que as

mulheres chamam de

“profundo” e os pesquisadores,

de não-clitoridiano.

Observações mais antigas, na

época em que não havia

imageamento cerebral,

indicavam que o orgasmo


IMAGENS DO PRAZER MASCULINO
vaginal era resultado da Imagens obtidas com tomografia por emissão de pósitron do cérebro
masculino no momento da
estimulação do chamado ponto ejaculação. A ilustração indica a direção dos cortes, feitos de forma
oblíqua na região do cerebelo e tronco
G pelo pênis. A sensação é cerebral . As imagens de a a h
mostram ativação cerebelar um pouco
descrita como um profundo mais pronunciada no hemisfério esquerdo. Na parte de baixo, as imagens de a
a c revelam desativação
êxtase, diferente do clitoridiano, da amígdala durante o orgasmo

e que gera sensação de intenso

bem-estar e de permanecer ligada ao parceiro. Segundo Komisurak e Whipple, o orgasmo

vaginal ativa duas áreas específicas: a região ventral do córtex cingular anterior e o córtex

insular. Ora, o que fazem essas regiões ativadas quando a regra é a desativação?

A antropóloga Helen Fisher, da Universidade Rutgers em Nova Jersey, tem investigado há

alguns anos o lugar que o amor romântico ocupa dentro do cérebro. Sua principal conclusão é

a de que os córtices insular e cingular anterior são ativados em fases avançadas da relação

amorosa. Outros pesquisadores encontraram evidência de que a região central do córtex

cingular anterior tem papel fundamental na transformação de emoções em memórias afetivas

duradouras.

Assim, é possível que esse mecanismo esteja por trás da entrega ao parceiro que a conduz ao

orgasmo integral. Muitas mulheres se queixam da ausência de sentimentos nos homens. Além

de o excesso do hormônio prolactina pós-orgasmo os deixar sonolentos, é possível que eles

tenham uma dificuldade inata de se entregar à parceira nesse momento porque, para eles,
sexo é uma extraordinária e intensa viagem de prazer na direção do orgasmo, para si e para

a parceira. A mulher, por outro lado, valoriza a ligação durante a relação; nelas as sensações

de prazer são estabilizadas no cíngulo e na ínsula como elos de um vínculo duradouro com

aquele que é capaz de conduzi-la a orgasmos de grande intensidade.

A ativação dos córtices insular e cingular anterior e do núcleo paraventricular foi observada

como precursora da produção de oxitocina no hipotálamo e sua conseqüente liberação pela

hipófise posterior. Esse hormônio é responsável pela sensação de prazer quando a mãe tem o

seu bebê, mas também quando o pai segura o seu filho nos braços. Vários especialistas o

denominam hormônio do amor. Assim como a prolactina, a concentração de oxitocina aumenta

400% depois do orgasmo.

DAWIDSON FRANÇA
PRISÃO DOMÉSTICA

Em homens e mulheres, sexo e orgasmo

parecem ser, afinal, uma aventura química

do cérebro na qual a testosterona é a

substância básica; se ela vai embora, a

libido vai junto. No livro Sexo no cativeiro

(Objetiva, 2007), a psicóloga Esther Perel

analisa como a vida sexual do casal pode

desmoronar quando a ligação amorosa se

torna politicamente correta, porém

demasiadamente domesticada. A autora

observa que a propensão cultural à

igualdade, à camaradagem e à franqueza

pode ser a negação do desejo erótico em


CÓRTEX INSULAR(em vermelho),
ambos os sexos, transformando muitas assim como o cingular, parecem ser ativados em fases
avançadas da
vezes o reino doméstico numa prisão. Será relação amorosa

essa condição decorrente da diminuição de

hormônios sexuais sinalizadores do desejo ou vice-versa?

No extremo oposto, há os que discordam que o orgasmo seja um instrumento para a saúde

mental do indivíduo ou para a harmonia do casal. No livro Peace between the sheets (Frog,
2003), sem tradução para o português, a terapeuta de casais Marnia Robinson defende que a

jornada rumo ao orgasmo nos faz prisioneiros da dopamina, o neurotransmissor responsável

pelos centros neurais de recompensa e prazer. De fato, imediatamente depois do orgasmo

temos a imediata supressão da liberação de dopamina. O responsável por esse efeito é a

prolactina, um hormônio que inibe a transmissão dopaminérgica e cuja secreção máxima

acontece após o clímax. A dopamina está por trás da dependência do jogo, do álcool e de

outras drogas. Na visão de Robinson, os parceiros devem se unir mutuamente no prazer, sem

que a relação sexual seja necessariamente coroada com o orgasmo. Ainda assim, o êxtase é

a sensação buscada por milhões de homens e mulheres de todas as culturas. E não seria

exagerado dizer que a íntima cooperação entre neurônios e glândulas sexuais não tenha outro

objetivo que não o orgasmo e a procriação.

Segundo o psicólogo Jim Pfaus, da Universidade Concórdia, em Montreal, há uma complexa

relação entre testosterona e estrogênio. “Dê estrógeno a uma mulher com pouco desejo e ele

não será restaurado. Dê a ela testosterona, e o desejo voltará parcialmente. Dê a ela estrógeno

e testosterona, e o desejo voltará com força vulcânica.” Uma teoria em voga é a do chamado

mecanismo diversionista. A testosterona se liga a proteínas circulantes que via de regra atraem

moléculas de estrogênio; dessa forma, a testosterona é levada ao fígado para ser convertida

em outros produtos e o estrógeno fica livre para interagir com receptores cerebrais.

NOVO VIAGRA?

Pfaus tem estado sob a luz dos holofotes da ciência por ser o responsável pela descoberta de

uma substância que promete ser a maior potencializadora da vida sexual de todos os tempos

− o bremelanotide. Nos homens, esse peptídeo provocou ereções espontâneas e, nas

mulheres, promoveu desejo e excitação sexual. Em ratos, a droga alterou o padrão de

receptividade das fêmeas, que geralmente é a posição de lordose, para a busca ativa do

macho, e a movimentação intensa das orelhas. Além disso, elas davam pequenos saltos e

esfregavam seu focinho no do macho, demonstrando grande interesse sexual.

Assim como nas ratas, as reações de Marianne são coerentes com o efeito esperado; a

diferença é que ela o fez antecipadamente, respondendo ao placebo. Não obstante, o efeito

persistiu quando, mais tarde, ela ingressou no grupo que usou os adesivos de testosterona.

Como diz o psicólogo Denis Waitley, “ver é acreditar, mas acreditar também é ver”. É possível,
de fato, que Marianne não estivesse desprovida de testosterona e que a simples disposição de

se abrir ao mundo da fantasia fosse suficiente para pôr em curso, de forma sincronizada, a

máquina cerebral do desejo e da excitação.

Orgasmo ainda é um mistério para mulheres e homens, mas seja como for e com todas as

diferenças entre os sexos, é uma dádiva entre os prazeres. Talvez devamos ser agradecidos

por ainda não termos desvendado todos os seus mistérios. Quando o fizermos, é possível que

o “brilho” jamais seja o mesmo.

Para conhecer mais


Testosterone patch increases sexual activity and desire in surgically menopausal women with

hypoactive sexual desire. James Simon et al., em Disorder Journal of Clinical Endocrinology &

Metabolism, vol. 90, no 9, págs. 5226-5233, 2005.

The science of orgasm. Barry R. Komisaruk, Carlos Beyer-Flores e Beverly Whipple. The Johns

Hopkins University Press, 2006.

Brain activation during vaginocervical self-stimulation and orgasm in women with complete

spinal cord injury: fMRI evidence of mediation by the vagus nerves. B. R. Komisaruk et al., em

Brain Research, vol. 1024, págs. 77-88, 2004.

A MENTE É MARAVILHOSA

O circuito cerebral do prazer


fevereiro 27, 2017 em Psicologia

O circuito cerebral do prazer, também chamado de circuito mesocorticolímbico, é


formado por um pequeno grupo de regiões cerebrais nas quais são produzidos os
maiores níveis de dopamina. Este circuito se ativa quando recebemos
estímulos que nos dão prazer, como comer chocolate, fazer sexo, fazer
compras, etc. Inclusive uma simples ideia pode ativá-lo.
Este circuito permite associar atividades relacionadas com a nossa própria
sobrevivência a situações prazerosas, de modo que tem uma função
adaptativa. Este circuito também pode ser ativado com substâncias
prejudiciais, como é o caso das drogas. Falemos, por exemplo, da cocaína que
está ligada à produção artificial de dopamina no cérebro.

A Universidade de John Hopkins descreve o processo de recompensa como uma


experiência que nos agrada de forma imediata ou não demorada no tempo.
Associamos essa experiência a estímulos sensoriais externos visuais, olfativos ou
auditivos e a outros estímulos internos, como pensamentos e sensações. Ao fazer
essa associação, a conduta que nos provocou o prazer se repetirá provavelmente
em uma situação familiar.

Processo do mecanismo de recompensa


Tudo começa quando observamos no entorno alguma coisa que nos incita a
realizar alguma atividade concreta que no passado nos proporcionou prazer e/ou
satisfação. Existem emoções que se movem em nós e que nos empurram a
desejar realizar essa ação. Neste momento aparece a dopamina, de modo que
já podemos nos imaginar realizando a ação.
Depois da fase de desejo, queremos torná-lo realidade. Quando passamos à
ação entram em cena as substâncias adrenalina e noradrenalina, que
colocam o organismo para funcionar com o objetivo de estar preparado para agir.
A ação é recompensada com uma sensação de prazer no final ou enquanto é
realizada.
Por fim, uma vez completada a ação, fecha-se o circuito da recompensa com
uma sensação de satisfação. Quando é chegado este ponto, aparece a
serotonina que está relacionada com o estado de ânimo e com o desejo de
experimentar a sensação novamente. Graças à satisfação proporcionada, quando
aparecer um sinal que ativar o desejo, o sujeito terá a tendência de repetir a ação.

O percurso do prazer no cérebro


O centro do prazer está formado por várias áreas cerebrais especificas, como a
área tegmental ventral (ATV), que projeta as conexões dos seus neurônios para
outras áreas implicadas no processo. Estas áreas são o núcleo accumbens, o
corpo estriado, o córtex cingulado anterior, o hipocampo, a amígdala e o córtex
cerebral.

Cada um dos centros envolvidos no processo de prazer ou recompensa está


relacionado a diferentes funções. Por exemplo, o corpo estriado está
relacionado à formação de hábitos, o córtex cingulado anterior e a amígdala estão
relacionados às emoções, o hipocampo à memória e o córtex pré-frontal ao
raciocínio e o planejamento.
A dopamina é o neurotransmissor que media a comunicação entre a ATV e o resto
das áreas. Quando determinadas experiências ativam os neurônios da ATV e
liberam dopamina, estas experiências serão classificadas como prazerosas e
serão posteriormente relembradas e associadas a eventos positivos. Uma
coisa que propiciará a repetição da ação no futuro.

O papel do circuito do prazer nos vícios


Certas atividades que realizamos e que são vitais para a sobrevivência disparam
o circuito do prazer, mas estas atividades não são as únicas capazes de nos dar
essa sensação. Também existem hábitos, como o consumo de drogas, que
colocam em funcionamento o mecanismo de recompensa.

A grande maioria das substâncias viciantes ataca o sistema de recompensa


do cérebro, liberando dopamina. Tal neurotransmissor está em diferentes
regiões do cérebro que regulam o movimento, a motivação, a emoção e a
sensação de prazer. A liberação de dopamina – através das drogas – pode super
estimular o sistema, provocando uma sensação de euforia que estimula o
consumo.

Quando se faz uso de drogas, como a cocaína, é possível que se liberem de 2 a


10 vezes mais quantidade de dopamina do que com uma recompensa natural
(comida). Além disso, o efeito é imediato e pode ser mais duradouro. A tolerância
às drogas, provocada pelo consumo repetitivo, pode levar a mudanças profundas
nos circuitos do cérebro, já que de alguma forma tem o poder de inutilizá-los.

Quando é disparado o circuito do prazer?


Existe uma grande quantidade de situações nas quais fazer alguma atividade
pode ativar o circuito do prazer, fazendo nos sentir bem. A seguir
listamos exemplos de algumas das atividades que provavelmente irão ativar este
circuito.

 Comer alimentos com muitas calorias.


 Ter relações sexuais.
 Ouvir música.
 Praticar esporte.
 Consumir certas drogas.
 Ajudar os outros.
 Ouvir opiniões positivas dos outros.
Os cientistas veem o sistema cerebral de recompensa como uma função que
garante a nossa sobrevivência, já que está vinculado às atividades necessárias
para a subsistência, mas também é uma armadilha para os vícios. A associação
que fizemos de certos estímulos, como sair para a balada e beber álcool, pode
reforçar a ação a ponto de transformá-la em vício.

8 dicas para identificar uma


pessoa invejosa
agosto 23, 2016 em Emoções9874 Compartilhados

Hoje vamos falar sobre os 8 sinais que uma pessoa invejosa apresenta. Para
isso vamos começar esclarecendo o que é a inveja.
Costumamos dizer que a inveja é aquele sentimento ou estado mental no qual
existe dor ou infelicidade por não possuir o que o outro tem, sejam bens,
qualidades superiores ou outro tipo de coisa. Segundo o dicionário, definimos
inveja como a tristeza ou pesar do bem alheio, ou como o desejo de alguma coisa
que não se tem.
Agora que o significado está claro, convido você a se perguntar: “Como sei se
alguém sente inveja de mim?” Certamente cada um responderá esta pergunta de
forma muito diferente, porque cada pessoa possui um padrão de ações pré-
estabelecidas e aprendidas sobre este sentimento, dependendo da sua
experiência de vida.
Além disso, os sinais de uma pessoa afetada por esta emoção podem ser
muito sutis. A dica é ficar atento e verificar se, ao longo do tempo, esses sinais
se repetem com frequência. Então, será que a pessoa em questão sente inveja
de você?

Como identificar uma pessoa invejosa


 Estraga o seu sonho. Você acaba de passar por algo maravilhoso e a pessoa
em questão, assim que você lhe conta cheio de felicidade, só faz diminuir a
importância do fato e até o menospreza, com frases do tipo: “ah! que bom… mas
também não é para tanto…”. Isto acontece porque o fato de diminuir a
importância de eventos ao nosso redor faz com que enxerguemos a
nossa realidade de forma mais bela do que do nosso amigo que acaba de
ganhar na loteria.
 Critica você em público. Um dos traços mais importantes de uma pessoa que
tem inveja de você é menosprezá-lo ou fazer comentários negativos sobre você
na frente de outras pessoas. Você não sabe por que ela de repente teve essa
atitude, mas se sente ferido internamente.

 A comemoração forçada. Você conta uma notícia muito boa para o seu amigo e
ele fica muito contente, a ponto de copiar os seus gestos de alegria,
expressões… mas você nota que o seu sorriso é pouco natural e forçado. Logo
você percebe que está fingindo. Por quê? Para que a sua inveja passe
despercebida.
 A ajuda fantasma. O seu amigo lhe diz que sempre vai estar ao seu lado, tanto
para as coisas boas quanto para as ruins. Acontece que quando você mais
precisa dele para conseguir “aquilo” que fará você se sentir feliz, ele desaparece
com desculpas. Você se pergunta: “mas então, para que me disse que iria me
ajudar no que eu precisasse?”. Mesmo que ele tenha prometido, talvez não o
ajude. A inveja é muito ruim.
 Rouba o seu mérito. Supondo que ele o ajude, diante do restante dos seus
amigos ele solta um “sem mim você não teria conseguido”.
 Desanima você constantemente. Uma amizade sadia tem empatia, apoio e
cuidado mútuo. Pois bem, neste ponto a pessoa invejosa tem todo dia algum
“mas” ou alguma frase que tira toda a sua vontade de qualquer coisa.
 De repente ela desaparece da sua vida. Tudo está indo super bem para você em
todos os sentidos e de repente o seu amigo desaparece da face da Terra sem
avisar. Você passa a vê-lo com menos freqüência, com desculpas para não se
encontrarem. Acontece que a sua felicidade atual é uma coleção de lembranças
de que a sua vida está mergulhada em muitas frustrações que prefere não se
atrever a trabalhar e seguir em frente, preferindo se afastar.
 Critica os outros. Quando seu amigo critica outras pessoas com as quais se
relaciona na sua frente, certamente também fala mal de você. Então pergunte-
se: “Por que eu deveria ser uma exceção?” e tome uma atitude a respeito.

O que fazer se no seu círculo existe uma


pessoa invejosa?
O primeiro conselho é usar a empatia. É muito sábio parar para refletir no que
levou o seu amigo a sentir esta emoção tão negativa que está lhe provocando um
grande dano emocional. Talvez você também esteja agindo de modo pouco
adequado com essa pessoa.
Também é bom considerar suas experiências “negativas”, e se estas o
levaram a agir assim. Se ela está passando por um momento complicado, é
normal que não receba nossas boas notícias de forma tão efusiva…

Outro exercício recomendado nestas circunstâncias é falar com essa pessoa


sobre o que está causando incômodo ou feridas. Chegar a um entendimento é
sempre a melhor coisa em um relacionamento, seja de qual tipo for. De fato, é
melhor do que supor e simplesmente sentenciar o amigo.

A ultima opção, se ele estiver na defensiva, é bom colocar um pouco de distância


e repensar a amizade. Pode acontecer de você estar diante de um relacionamento
tóxico.

5 características das pessoas


emocionalmente imaturas
março 30, 2017 em Emoções5217 Compartilhados





O que caracteriza as pessoas emocionalmente imaturas? As questões da maturidade
e imaturidade trazem consigo muitos mitos. As pessoas não admitem ser rotuladas ou
analisadas por um único aspecto. Cada um de nós é um recipiente no qual se misturam
diferentes formas de consciência: somos ignorantes e sábios, crianças e idosos,
maduros e imaturos. Somos uma mistura, embora dependendo do momento algumas
características se destaquem mais do que outras.
A imaturidade emocional pode ser definida como uma condição onde as pessoas não
renunciaram aos seus desejos ou fantasias da infância. Acreditam que o mundo gira ao
seu redor e está aí para satisfazer os seus desejos e fantasias, ou que a realidade deve se
ajustar ao que elas desejam. Da mesma forma, a maturidade emocional pode ser
definida como um estado de força e temperança que nos leva a comportamentos
realistas e equilibrados.
“A maturidade começa a se manifestar quando sentimos que nos preocupamos mais
com os outros do que com nós mesmos”.
– Albert Einstein –

Mais do que uma definição abstrata, a maturidade ou imaturidade se mostra através de


características de comportamento. Listamos aqui cinco características que são próprias
das pessoas emocionalmente imaturas.

Traços das pessoas emocionalmente


imaturas
1. Pessoas egocêntricas
Entender que o mundo não gira ao seu redor é um grande passo no processo da
maturidade. O bebê não sabe disso. Então, ele pede para se alimentar às 2 da manhã e
não se importa se isso afeta o sono dos pais. À medida que cresce, aprende a reconhecer
que nem sempre consegue tudo o que quer, que as outras pessoas e o seu mundo
também têm as suas necessidades.

O amadurecimento envolve sair da prisão de si mesmo e perder a ilusão que rodeia a


vida de um bebê: basta pedir para que uma necessidade ou desejo seja satisfeito.
Enquanto estamos perdendo gradualmente essa fantasia, também estamos nos tornando
conscientes de uma bela possibilidade: a aventura de explorar o universo dos outros. Se
tudo correr bem, aprenderemos a preservar o eu e chegaremos até você.

2. A dificuldade para assumir compromissos


Um sinal claro de imaturidade nas pessoas é a dificuldade de assumir compromissos.
Para uma criança é muito difícil desistir do que deseja naquele momento para alcançar
um objetivo a longo prazo. Se lhe dermos uma guloseima e lhe dissermos que se não a
comer naquele momento ganhará mais uma, o desejo de comer a guloseima que tem na
mão se imporá.

Através do processo de maturidade compreendemos que os sacrifícios e as restrições


são necessárias para alcançarmos o sucesso. Comprometer-se com uma meta ou uma
pessoa não é uma limitação da liberdade, mas uma condição para se projetar melhor
a longo prazo.

3. Tendência de culpar os outros


As crianças são dirigidas em grande parte da sua vida por outras pessoas, e não agem
conforme a sua vontade. No entanto, elas estão em um processo de formação e inserção
em uma cultura. Enquanto são pequenos, acreditam que o erro acarreta uma punição.
Eles não se importam muito com os danos que causaram, mas com a punição ou as
sanções que podem receber.

Crescer é abandonar esse doce estado de irresponsabilidade. Amadurecer


é compreender que somos os únicos responsáveis pelo que fazemos ou deixamos de
fazer. Reconheça os seus erros e aprenda com eles. Saiba reparar os danos que causou e
aprenda a pedir perdão.

4. Estabelecer laços de dependência


Para as pessoas imaturas, os outros são um meio e não um fim em si mesmos.
Não precisam dos outros porque os amam, mas os amam porque precisam deles. Dessa
forma, elescostumam construir laços através da dependência.

Para estabelecer ligações com base na liberdade, somos obrigados a ter autonomia. No
entanto, as pessoas emocionalmente imaturas não têm uma noção clara do que
seja autonomia. Muitas vezes elas acreditam que satisfazer as suas vontades é um
comportamento autônomo, mas para assumir as consequências dos seus atos, elas
precisam dos outros para amortecer, esconder ou aliviar a sua responsabilidade.

5. A irresponsabilidade na gestão do dinheiro


A impulsividade é uma das características mais marcantes das pessoas imaturas.
Uma impulsividade que se expressa frequentemente na forma como administram seus
recursos, como por exemplo, o dinheiro. Assim, a fim de satisfazer os seus desejos
imediatamente, compram o que não precisam com o dinheiro que não têm.
Às vezes elas embarcam em aventuras financeiras bizarras: não analisam objetivamente
os investimentos e não conseguem avaliar as consequências a médio e longo prazo. Por
isso, vivem sempre endividadas, somente para satisfazer todos os seus caprichos.
A pessoa não decide ser imatura. Todas essas características de imaturidade não surgem
ou permanecem com a decisão consciente dos indivíduos. Quase sempre resultam das
lacunas ou vazios sofridos na infância ou podem ser consequência de experiências
infelizes que o impediram de evoluir. Se você é assim ou conhece alguém assim, não
o julgue. Na verdade, o importante é perceber que impulsionar o seu próprio
crescimento emocional pode levá-lo a uma vida melhor.
Imagem principal cortesia de Catrin Welz-Stein.

5 maravilhosos relatos
budistas que o tornarão mais
sábio
julho 8, 2016 em Psicologia31 Compartilhados





Budismo vem da palavra “budhi”, que significa despertar. Por essa razão, a
filosofia budista é considerada a filosofia do “processo de despertar”. Um
processo pelo qual não apenas abrimos os olhos, como também o resto dos
sentidos e o nosso intelecto, de uma forma plena através de diferentes formas
como os microrrelatos budistas.
Queremos encorajar você com estes cinco relatos a deixar para trás a apatia,
desenvolver uma maior compreensão e se transformar em uma pessoa mais
sábia. Esperamos que você curta e experimente a sabedoria que carregam.
O budismo ensina que, além de cultivar o amor e a bondade, deveríamos
procurar desenvolver a nossa capacidade intelectual para alcançar um
entendimento claro.

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A xícara de chá
“O professor chegou na casa do mestre zen e se apresentou fazendo alarde de
todos os títulos que havia alcançado ao longo dos seus vários anos de estudo.
Depois, o professor comentou o motivo da sua visita, que não era outro senão
conhecer os segredos da sabedoria zen.

Em vez de lhe dar explicações, o mestre o convidou a se sentar e lhe serviu uma
xícara de chá. Quando a xícara transbordou, o sábio, aparentemente distraído,
continuou derramando a infusão de modo que o líquido se espalhou pela mesa.

O professor não pôde evitar chamar a sua atenção: “A xícara está cheia, já não
cabe mais chá”, ele avisou. O mestre deixou a chaleira de lado para afirmar: “Você
é como esta xícara, chegou cheio de opiniões e preconceitos. Salvo que a
sua xícara esteja vazia, não poderá aprender mais nada.”
O primeiro destes cinco curtos relatos budistas nos ensina que com a mente
cheia de preconceitos é impossível aprender e considerar novas crenças. É
preciso se “esvaziar” de velhos preceitos e estar aberto a novos ensinamentos.
O presente
“Buda estava transmitindo os seus ensinamentos para um grupo de discípulos
quando um homem se aproximou e o insultou com a intenção de agredi-
lo. Frente ao olhar dos ali presentes, Buda reagiu com absoluta tranqüilidade,
ficando quieto e em silêncio.

Quando o homem foi embora, um dos discípulos – indignado com tal


comportamento – perguntou a Buda por que havia deixado que aquele estranho
o maltratasse dessa forma.

Buda respondeu com serenidade: “Se eu presenteio você com um cavalo mas
você não o aceita, de quem é o cavalo?“ O aluno, depois de ponderar por um
instante, respondeu: “Se a pessoa não o aceitar, continuaria sendo seu”.
Buda concordou e explicou que, mesmo que algumas pessoas decidissem
gastar o seu tempo presenteando insultos, sempre poderemos escolher se
queremos aceitá-los ou não, como faríamos com qualquer outro presente. “Se
você o pegar, estará aceitando-o, e se não, quem insulta você fica com o insulto
na suas mãos”.
Não podemos culpar aquele que nos maltrata porque é decisão nossa aceitar as
suas palavras em vez de deixá-las nos mesmos lábios de quem saíram.

Os monges budistas e a mulher formosa


“Dois monges budistas, um velho e outro jovem, passeavam fora do monastérios
perto de um córrego de água que havia inundado os arredores. Uma bela mulher
se aproximou dos monges e lhes pediu ajuda para atravessar o aguaceiro.
O monge jovem estava horrorizado frente a ideia de levá-la em seus braços,
mas o velho com total naturalidade a pegou e levou do outro lado. Depois,
os monges continuaram caminhando.
O jovem não podia deixar de pensar no incidente e finalmente exclamou: “Mestre!
Você sabe que juramos abstinência. Não nos permitem tocar uma mulher
assim. Como você pôde tomar essa bela mulher nos braços, deixá-la colocar as
mãos ao redor do seu pescoço, o peito junto ao seu peito e levá-la através do
aguaceiro, desse jeito? O ancião respondeu: “Filho meu, você ainda a carrega
com você!”
O terceiro destes relatos budistas nos ajuda a entender que às vezes carregamos
o passado com emoções de culpa ou ressentimento, e o tornamos mais
pesado do que foi verdadeiramente. Aceitando que o incidente não forma parte do
nosso presente, podemos nos livrar de um grande peso emocional.

Inteligência
“Uma tarde as pessoas viram uma anciã procurando alguma coisa na rua fora da
sua choça. ‘O que acontece, o que você procura?” perguntaram a ela. ‘Perdi a
minha agulha’ – ela disse. Todos os presentes começaram a procurar a agulha
com a anciã.

Com o passar do tempo alguém comentou: “A rua é comprida e uma agulha é algo
muito pequeno. Por que não nos diz exatamente onde caiu?” “Dentro da minha
casa” – indicou a anciã.

“Você está maluca? Se a agulha caiu dentro da sua casa, por que você está
procurando-a aqui fora? – disseram eles. “Porque aqui tem luz, mas dentro da
minha casa não”, disse ela.
O quarto relato budista nos lembra que muitas vezes, por conforto, procuramos
no exterior o que reside em nosso interior. Por que procuramos a felicidade
fora de nós mesmos? Por acaso a perdemos ali?
Não somos os mesmos
“Ninguém desenvolveu a benevolência e a compaixão como Buda na sua época.
Entre os seus primos estava o malvado Devadatta, que sempre sentia inveja do
mestre e sempre estava empenhado em deixá-lo em situação ruim, inclusive
disposto a assassiná-lo.

Um dia, Buda estava passeando tranqüilamente quando seu primo Devadatta


lhe arremessou uma rocha pesada desde o cume de uma colina. A rocha caiu
ao lado de Buda e Devadatta não conseguiu acabar com a sua vida. Buda, mesmo
percebendo o que acontecera, permaneceu impassível, sem nem sequer perder
o sorriso.
Dias depois, Buda cruzou com seu primo e o cumprimentou afetuosamente. Muito
surpreso, Devadatta perguntou: “Você não está bravo?” “Não, claro que não”,
assegurou Buda.
Sem sair do seu assombro, Devadatta continuou: “Por quê?” E Buda
replicou: “Porque nem você é mais aquele que lançou a rocha, nem eu sou
mais aquele que estava ali quando foi arremessada”.
“Para aquele que sabe ver, tudo é transitório; para o que sabe amar, tudo é
perdoável.”
– Krishnamurti –

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