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UNIVERSIDADE FEDERAL DE CAMPINA GRANDE

CENTRO DE TECNOLOGIA E RECURSOS NATURAIS-CTRN


UNIDADE ACADEMICA DE MINERAÇÃO E GEOLOGIA

RAYLA DE SÁ MACEDO

PERFIL GEOLÓGICO SÃO JOÃO DO CARIRI - GURJÃO

CAMPINA GRANDE – PB, 2017.


RAYLA DE SÁ MACEDO

PERFIL GEOLÓGICO SÃO JOÃO DO CARIRI - GURJÃO

Relatório técnico baseado na aula de campo


como requisito para a obtenção parcial da
nota do quarto estágio apresentado à
disciplina Geologia Estrutural, período
2016.2 do curso de Engenharia de Minas da
Universidade Federal de Campina Grande.

Prof. Dr. Harrizon Lima de Almeida.

CAMPINA GRANDE – PB, 2017.


RESUMO

O presente trabalho refere-se à aula de campo aos afloramentos compreendidos em um


percurso dos munícipios São João do Cariri e Gurjão no Estado da Paraíba. Tendo como
principal objetivo Interpretar estruturas nas escalas de afloramento e microscópicas e como
estas se comportariam em escalas regional. Os afloramentos estudados estão localizados na
Província da Borborema na Zona Transversal dos Terrenos do Alto Moxotó e Alto Pajeú nos
Complexos Floresta, Sertânia e São Caetano abrangendo as Zonas de Cisalhamento São José
dos Cordeiros e São João do Cariri. A partir das observações e coletas de amostras em
campo, será possível determinar a litologia local correlacionando sempre que possível com a
litologia regional e também fazer uma análise mais detalhada para comprovar a presença e o
sentido de uma Zona de Cisalhamento citada e descrita em literaturas e mapas geológicos.

Palavras-Chaves: Afloramentos. Litologia. Geologia Estrutural. Zonas de Cisalhamento.


ABSTRACT

The present work refers to the field visit in the outcrops comprised in a section of the São João
do Cariri and Gurjão municipalities in the State of Paraíba.. Having as main objective to
interpret structures in the outcrop and microscopic scales and how these would behave in
regional scales. The outcrops studied are located in Borborema Province in the Transverse
Zone of the Alto Moxotó and Alto Pajeú Lands in the Floresta, Sertânia and São Caetano
Complexes covering the São José dos Cordeiros and São João do Cariri Shear Zones. From
the observations and sample collection in the field, it will be possible to determine the local
lithology by correlating whenever possible with the regional lithology and also to make a more
detailed analysis to prove the presence and sense of a Shear Zone mentioned and described in
literature and Geological maps.

Keywords: Outcrops. Lithology. Geologic Structures. Shepherd Zones.


SUMÁRIO

1. INTRODUÇÃO ...........................................................................................................8
2. OBJETIVOS ...............................................................................................................9
3. LOCALIZAÇÃO DA ÁREA ..................................................................................... 10
4. GEOLOGIA REGIONAL .......................................................................................... 12
5. GEOLOGIA LOCAL ................................................................................................ 14
5.1 AFLORAMENTO 01 ...................................................................................................... 15
5.2 AFLORAMENTO 02 ...................................................................................................... 19
5.3 AFLORAMENTO 03 ...................................................................................................... 21
5.4 AFLORAMENTO 04 ...................................................................................................... 25
6. CONCLUSÕES ........................................................................................................ 29
7. REFERÊNCIAS........................................................................................................ 30
LISTA DE FIGURAS

Figura 1- Percurso São João do Cariri-Gurjão e localização dos pontos de estudo. . 11


Figura 2- Separação da província Borborema em terrenos tectono-
estratigráficos, modificado de Santos et al.(2000) e mapa esquemático dos
terrenos da Subprovíncia Transversal, modificado e simplicado Santos e
Medeiros (1999)- TAP- Alto Pajeú , TAM-Alto Moxotó e TRC-Rio Capibaride 13
Figura 3 – Mapa geológico do Terreno Alto Moxotó, adaptado e modificado de
Santos et al. (2004) .......................................................................................... 13
Figura 4 - Ampliação da folha Boqueirão SB.24-Z-D-III e plotagem das
coordenadas dos afloramentos estudados, adaptado e modificado de Lages e
Marinho (2012) ................................................................................................. 14
Figura 5– Imagem de satélite da região onde foram estudados os afloramentos
......................................................................................................................... 15
Figura 6 – Aforamento com bandamento composicional e uma expressiva
foliação milonítica ............................................................................................. 16
Figura 7 - Dobra sem raiz, característico de zona de alta deformação ........... 16
Figura 8a – Afloramento com dobras isoclinais ................................................ 17
Figura 8b – Ilustração da figura 7ª. Sn-1: dobras isoclinais (apertadas), primeira
geração. Sn: foliações, segunda geração de eventos ...................................... 17
Figura 9a – Afloramento que apresenta foliação .............................................. 17
Figura 9b – Ilustração das foliações presentes no afloramento da figura 9a ... 17
Figura 10 – Indicador cinemático do tipo Shear Band ...................................... 18
Figura 11 - Indicador cinemático do tipo porfiroclasto Sigma. ......................... 18
Figura 12 – Planos de foliação milonítica plotados no Software Stereonet do
ponto 01 ........................................................................................................... 18
Figura 13 – Pólos dos planos de foliação milonítica do ponto 01 ..................... 18
Figura 14- Afloramentos migmatizado indicando alta zona de deformação com
a presença de mesossomas............................................................................. 20
Figura 15 – Dique concordante a foliação milonítica ........................................ 20
Figura 16- Indicador cinemático do tipo boudin sentido dextral....................... 20
Figura 17- Planos de foliação milonítica plotados no Software Stereonet do
ponto 02 ........................................................................................................... 21
Figura 18- Pólos dos planos de foliação milonítica do ponto 02....................... 21
Figura 19- Veios pegmatíticos em conjunto com a rocha concordantes a
foliação milonítica ............................................................................................. 22
Figura 20- Porfiroclasto indicando o sentido cinemático dextral do afloramento
......................................................................................................................... 23
Figura 21a- Diques pegmatíticos grosseiros .................................................... 23
Figura 21b- Ilustração das estruturas percebidas na figura 21a....................... 23
Figura 22- Dobras apertadas resultante da deformação compressional em
apenas uma direção ......................................................................................... 24
Figura 23- Planos de foliação milonítica plotados no Software Stereonet do
ponto 03 ........................................................................................................... 25
Figura 24- Pólos dos planos de foliação milonítica do ponto 03....................... 25
Figura 25- Dique discordante do afloramento .................................................. 26
Figura 26- Dobra que sofreu redobramento ..................................................... 27
Figura 27- Indicador cinemático do tipo porfiroclasto ....................................... 27
Figura 28- Foliação S-C ................................................................................... 27
Figura 29- Indicador cinemático do tipo foliação S-C ....................................... 27
Figura 30- Planos de foliação milonítica plotados no Software Stereonet do
ponto 04 ........................................................................................................... 28
Figura 31- Pólos dos planos de foliação milonítica do ponto 04....................... 21
8

1. INTRODUÇÃO

A visita de campo, válida como a quarta nota da disciplina Geologia


Estrutural, foi coordenada pelo Prof. Dr. Harrizon Lima de Almeida com o auxílio do
professor. Dr. Carlos Mario Echeverri Misas realizada no dia 03 de março de 2017,
saindo de Campina Grande-PB às 8h30min da manhã em direção à São João do
Cariri através da BR-.
Os estudos foram centrados em 4 (quatro) afloramentos, visíveis graças
a cortes de estrada, em setores da estrada localizado na BR-412 e a PB-176, entre
os munícipios de São João do Cariri-PB e Gurjão-PB. Antes de dada início a aula
de campo a turma foi dividida em grupos, e em seguida foram distribuídos as
bússolas e os martelos de geólogos necessários para a realização das medidas e
coleta das possíveis amostras. Logo ao chegar ao primeiro ponto o professor
Harrizon orientou aos alunos em como deveria proceder as medições dos
afloramentos, explicando como encontrar a direção, e seu sentido nas foliações,
assim com o plunge e o sentido do plunge nas lineações, caso as houvesse no
afloramento. Depois das explicações preliminares deu-se início as atividades.
A província da Borborema e os seus domínios serão assuntos
abordados no decorrer do texto para explicação das futuras observações
realizadas no campo, para tal alguns autores foram focados, pois apresentaram
grande contribuição para o esclarecimento de muitos dos questionamentos que se
seguiram durante as pesquisas, são eles Brito Neves e Santos. A carta geológica
folha 24.SB-Z-D-III Boqueirão (CPRM,2012) também teve sua importância para a
elaboração deste trabalho.
Com a finalidade de elucidar as medidas encontradas nos afloramentos
serão apresentadas as projeções estereográficas, onde ficará claro o perfil
geológico/estrutural presente na região.
9

2. OBJETIVOS

Estudar o perfil geológico no sentido São João do Cariri - Gurjão, a fim


de reconhecer, descrever e interpretar a ocorrência de certas estruturas
geológicas, tais como: foliações, lineações e dobras. Identificar a mineralogia
presentes nas rochas, assim como sua litologia. Elaborar projeções
estereográficas com as medições das atitudes de algumas camadas nos
afloramentos que apresentam foliação e/ou lineação. Explicar o perfil geológico da
seção estudada, por meio de esquemas gráficos. Expandir os conhecimentos
teóricos adquiridos em sala de aula, através do confronto entre teoria e prática.
10

3. LOCALIZAÇÃO DA ÁREA

A visita de campo aos afloramentos foi realizada nos trechos da BR-412


e PB-176, entre os munícipios de São João do Cariri e Gurjão no Estado da
Paraíba. Segundo a geologia, as atividades foram concentradas em uma porção
paraibana situada na Mesorregião da Borborema, Microrregião do Cariri Oriental,
mais especificamente no interior da Zona Transversal, na região compreendida
pelo Terreno Alto Moxotó e o Alto Pajeú. Os levantamentos consistem em quatro
afloramentos, sendo o afloramento 1 medido em um corte de estrada da BR-412 e
os outros três em trechos pontuados da PB-176.
Segue estes e suas respectivas coordenadas em UTM (Universal
Transversa de Mercator): afloramento 01(0773459E/9183448S/24M); afloramento
02 (0777028E/9187000S/24M); afloramento 03 (0777208E/9193452S/24M);
afloramento 04 (0777544E/9196410S/24M). Todos os pontos podem ser
visualizados abaixo na Figura 1.
11

Figura 1 - Percurso São João do Cariri-Gurjão e localização dos pontos de estudo.


Fonte: Google Earth (2017).
12

4. GEOLOGIA REGIONAL

O campo de estudo está situado na Província Borborema. A província


compreende três grandes domínios, denominados de setentrional, zona
transversal e meridional separados pelos lineamentos Patos e Pernambuco (Van
Schmus et al.,1995). A Província Borborema resultou de uma colagem meso a
neoproterozóica de várias subprovíncias ou domínios litotectônicos distintos (Brito
Neves et al. 1995). O domínio transversal é formado por terrenos separados entre
si, principalmente por zonas de cisalhamento transcorrentes brasilianas ou menos
comumente por zonas de cisalhamento contracionais (Santos 2012, apud Santos &
Medeiros 1999).
Santos (1996) introduziu o conceito de terrenos tectonoestratigráficos
com o reconhecimento de processos de acresção e colisão, envolvendo dois
eventos sucessivos na formação dos cinturões metamórficos do Domínio
Transversal, os eventos Cariris Velhos e Brasiliano. Neste domínio, que foi
redenominado de Subprovíncia Transversal por Santos et al. (2000), foram
reconhecidos os terrenos Rio Capibaribe, faixa/terreno Piancó-Alto Brígida, Alto
Moxotó e Alto Pajeú. O terreno Alto Pajeú é a área clássica do evento Cariris
Velhos, detalhado por Kozuch (2003) e Medeiros (2004).
Segundo a carta geológica folha SB.24-Z-D-III Boqueirão (CPRM,2012)
a área de estudo dos afloramentos engloba principalmente dois compartimentos
tectônicos do arcabouço da Província Borborema (Figura 2), a saber, de norte para
sul: Terreno Alto Pajeú (TAP), composto de ortognaisses (Granitoides Cariris
Velhos) e rochas supracrustais (Complexo São Caetano) de idade toniana (Brito
Neves et al., 2001a; Kozuch, 2003; Santos et al., 2010); Terreno Alto Moxotó-TAM
(Figura 3), estruturado por ortognaisses bandados de composição variada de idade
paleoproterozoica relacionados ao denominado Complexo Floresta; migmatitos e
rochas máficas-ultramáficas de idade mesoproterozoica característicos do
Complexo Sertânia, compreendido entre os terrenos Alto Moxotó e Rio Capibaribe
(Domínio da Zona Transversal) e por uma pequena fração do Pernambuco-
Alagoas. O Terreno Rio Capibaribe, delimitado pelas zonas de cisalhamentos
brasilianas de Cruzeiro do Nordeste/Congo e pelo Lineamento Pernambuco (Bittar,
1998; Brito Neves et al., 2001b; Santos, Nutman, Brito Neves, 2004; Santos et al.,
2008). Ambos os Terrenos Moxotó e Pajeú são partes integrantes do Domínio da
Zona Transversal, que agrega uma série de compartimentos tectônicos da
Província Borborema situados entre os lineamentos Patos e Pernambuco.
13

Figura 2 - Separação da Província Borborema em terrenos tectono-estratigráficos,


modificado de Santos et al. (2000) e mapa esquemático dos terrenos da Subprovíncia
Transversal, modificado e simplificado Santos e Medeiros (1999).- TAP – Alto Pajeú,
TAM – Alto Moxotó, TRC – Rio Capibaribe.
Fonte: Santos, 2012.

Figura 3 - Mapa geológico do Terreno Alto Moxotó, adaptado e modificado de Santos et al. (2004).
Fonte: Santos 2012.

.
14

5. GEOLOGIA LOCAL

De acordo com a carta geológica folha 24.SB-Z-D-III Boqueirão (mapa


geológico da Paraíba, CPRM 2012), os afloramentos observados em campo, que
serão descritos a posteriori, estão situados: os dois primeiros na parte sudoeste do
Terreno Alto Moxotó nas proximidades da Zona de Cisalhamento São José dos
Cordeiros, abrangendo os Complexos Floresta e Sertânia. Enquanto, os dois
últimos afloramentos visitados estão no Complexo São Caetano pertencente ao
Terreno Alto Pajeú que está acima da Zona de Cisalhamento São João do Cariri
(Figura 4).
É importante destacar que em todos os afloramentos denominaremos a
primeira foliação visível e de geocronologia desconhecida de Sn, se for mais antiga
chamamos de Sn-1 e posterior Sn+1. A foliação denominada Sn, neste afloramento
apresentou um mergulho de médio a alto ângulo.

Figura 4 – Ampliação da folha Boqueirão SB.24-Z-D-III e plotagem das coordenadas dos afloramentos
estudados, adaptado e modificado de Lages e Marinho (2012).
Fonte: Mapa geológico da Paraíba, CPRM (2012). .
15

Figura 5 – Imagem de satélite da região onde foram estudados os afloramentos.


Fonte: Google Earth, 2017.

A partir da análise da imagem de satélite da região de São João do


Cariri à Gurjão, no qual estão concentrados os quatro afloramentos estudados
(Figura 5) é possível perceber duas faixas ou zonas de cisalhamento próximas aos
pontos ou coincidindo com eles, como o p2 que está em cima da zona indicando
maior grau metamórfico em comparação aos outros três afloramentos e ainda
correlacioná-las com as duas zonas de cisalhamento citadas e ilustradas no mapa
geológico (Figura 4), a Zona de Cisalhamento São José dos Cordeiros( sendo esta
na imagem de satélite o traço vermelho à direita ) e a São João do Cariri (traço
vermelho à esquerda na figura 5). Ainda, é perceptível a semelhança na forma dos
traços que ilustram as zonas de cisalhamento em ambas as figuras.

5.1 AFLORAMENTO 01

Ponto 01: BR-412, 1.8 Km de São João do Cariri.


Longitude: 0773459 E Latitude: 9183448 S Quadrante 24M

O afloramento estudado foi caracterizado macroscopicamente (Figura 6)


pela presença de foliação milonítica característica, predominando trama de
16

bandamento composicional bem marcado pela distinção a olho nu de minerais


máficos (plagioclásio e Quartzo) e félsicos (biotita). Também foram observadas
características do Complexo Floresta, ou seja, rochas predominantemente
metamórficas de médio a alto grau (Figura 7), comumente originadas de protólito
ígneo.
Uma amostra da rocha matriz foi coletada em campo e analisada na
lupa binocular, apresentando aproximadamente 35% de quartzo, 25% de
plagioclásio e 40% de biotita em sua composição, denotando uma composição de
um granodiorito a tonalito, nomeando a rocha como um biotita-quartzo-gnaisse.
Sendo necessárias análises especializadas para determinação do protólito e da
composição mineralógica completa da rocha, uma vez que o afloramento está
situado em uma zona de alta deformação.

Figura 7– Dobra sem raiz, característico de


Figura 6– Afloramento com bandamento composicional
zona de alta deformação.
e uma expressiva foliação milonítica.
Fonte: autoria própria,2017.
Fonte: autoria própria,2017.

A estrutura observada nesta primeira parada foi uma camada dobrada


isoclinalmente (Sn-1), onde constatou-se que o plano axial desta dobra era
paralela a foliação (Sn). Inicialmente, ocorreu o dobramento da camada, com
posterior aparecimento da zona de cisalhamento, houve o redobramento e o
surgimento da foliação milonítica paralela ao plano axial da dobra (Figura 8a e 8b).
17

b
a

Figura 8b- Ilustração da figura 7a. Sn-1: dobras isoclinais


Figura 8a– Afloramento com dobras isoclinais.
(apertadas), primeira geração. Sn: Foliações, segunda
Fonte: autoria própria,2017.
geração de eventos.

.
Na figura 9a é possível observar a foliação regional seFonte:
paralelizando a foliação
autoria própria,2017.
milonítica do afloramento. Ilustração da foliação regional denominada de Sn e,
posteriormente, outra foliação a princípio denominada de Sn+1 (Figura 9b).

a b

Figura 9a– Afloramento que apresenta foliação. Figura 9b– Ilustração das foliações presentes no
Fonte: autoria própria,2017. afloramento da figura 9a.
Fonte: autoria própria,2017.

Na figura 10 tem-se um indicador cinemático do tipo Shear Band e na figura 11


Indicador cinemático do tipo porfiroclasto Sigma, ambos indicando o sentido dextral do
afloramento, em conformidade com as informações do mapa geológico da região
demonstrando que o afloramento está localizado sobre uma Zona de Cisalhamento
transcorrente dextral.
18

Figura 10– Indicador cinemático do tipo Shear Band.


Figura 11– Indicador cinemático do tipo porfiroclasto
Fonte: autoria própria,2017.
Sigma. Fonte: autoria própria,2017.

Atitudes dos planos de foliações (Sn) medidos em campo foram:

1º: 240°/64°NW 3º: 238º/40ºNW

2º: 243°/38° NW 4º: 244º/59ºNW

Figura 12– Planos de foliação milonítica plotados no Figura 13– Pólos dos planos de foliação
Software Stereonet.do ponto 01. milonítica do ponto 01.
19

5.2 AFLORAMENTO 02

Ponto 2: PB-176, dista aproximadamente 5,4Km do Afloramento 1.

Longitude: 0777028 E Latitude: 9187000 S Quadrante 24M

Pela carta geológica folha 24.SB-Z-D-III Boqueirão(CPRM, 2012), este


afloramento está localizado no Complexo Sertânia, caracterizado em escala regional
com rochas que apresentam um bandamento composicional com a litologia Granada-
sillimanita-muscovita-biotita gnaisses. Pela figura 4 percebe-se que o ponto 2 está
localizado bem próximo a Zona de Cisalhamento São José dos Cordeiros, logo, trata-
se um terreno com alto grau metamórfico e pelas observações em campo é notável o
processo de migmatização-fusão parcial do magma e uma significativa coloração
avermelhada nas rochas devido a impurezas de ferro provavelmente advindas da
biotita ou da granada (esta formada nas fácies iniciais do metamorfismo) em eventos
geológicos anteriores. Vale ressaltar, que não foram observadas granadas no
afloramento em escala macroscópica e mesoscópica. Por sua vez, a biotita é
predominante, apresentando uma xistosidade em escala local. O afloramento
apresenta ainda umas porções escuras fundidas, conhecidas como mesossomas
(Figura 14). Também foram possíveis observar no afloramento inúmeros diques com
posicionamento tardi-cinemático em relação a Zona de Cisalhamento São José dos
Cordeiros transcorrente dextral. Esses diques são concordantes a foliação milonítica
(Figura 15). Boudin do tipo shear band indicando o sentido cinemático transcorrente
dextral, logo, pode-se concluir que ainda estamos sobre a mesma zona de
cisalhamento do afloramento 01 (Figura 16).

Com a utilização da lupa binocular em uma amostra de mão foi possível


determinar a sua composição mineralógica aproximada: 50% a 60% de quartzo, 35% a
40% de biotita e 5% a 10% de feldspatos. A rocha ainda apresenta uma coloração
cinzenta, mostrando bandamento composicional de cores claras e escuras, dito isto,
podemos classificar a rocha como um biotita-gnaisse ou irmos mais a fundo e
denominá-la de metatexito que é um tipo de biotita-gnaisse com bandamento de
espessura pequena e porções migmatizadas presente. Essas características
coincidem com o afloramento em estudo. Porém, é sabido que para classificar uma
rocha como um gnaisse é necessário ter pelo menos 20% de feldspatos em sua
composição mineralógica. Como dito anteriormente, foi coletada uma amostra de mão
representativa deste afloramento para uma análise aproximada do seu percentual
mineralógico, chegando a um intervalo de 5% a 10% de feldspatos presente na
20

amostra. Visto isso, podemos fazer as seguintes suposições: ou a amostra recolhida


em campo não é uma boa representante daquele universo, onde o afloramento em si
poderia ser classificado como biotita gnaisse ou as poucas informações obtidas em
campo não são suficientes para determinar o nome da rocha, sendo necessárias
pesquisas e análises mais profundas, uma vez que o afloramento aparenta está
bastante alterado por situar numa de zona de alto grau metamórfico.

Figura 14– Afloramento migmatizado indicando alta zona de Figura 15– Dique concordante a foliação milonítica.
deformação com a presença de mesossomas. Fonte: Autoria própria, 2017.
Fonte: Cedida por Thaila Ravena, 2017.

Figura 16– Indicador cinemático do tipo boudin sentido dextral.


Fonte: Autoria própria, 2017.
21

Atitudes dos planos de foliações (Sn) medidos neste afloramento foram:

1º: 086°/84° SE 3º: 262º/67º NW

2º: 088°/80° SE 4º: 259º/71º NW

Figura 17– Planos de foliação milonítica plotados no


Figura 18– Pólos dos planos de foliação
Software Stereonet.do ponto 02.
milonítica do ponto 02.

5.3 AFLORAMENTO 03

Ponto 03: PB-176, dista aproximadamente 6,4 km do Afloramento 02.


Longitude: 0777208 E Latitude: 9193452 S Quadrante 24M

O terceiro ponto de estudo, denominado de Afloramento 03, está situado no


Complexo São Caetano nas proximidades da Zona de Cisalhamento São João do
Cariri transcorrente dextral segundo a carta geológica folha 24.SB-Z-D-III Boqueirão
(Lages e Marinho, 2012).
Neste afloramento pudemos observar bastantes a injeções pegmatíticas
paralelas a foliação milonítica (Figura 19) e porfiroclastos de plagioclásio dextrais do
tipo sigma (Figura 20). O sentido de movimento do porfiroclasto determina o sentido da
zona de cisalhamento que passa pelo afloramento que neste também caso é dextral.
Estas injeções pegmatíticas tardias, sofreram um cisalhamento menos intenso,
causando uma variabilidade na textura da rocha. Algumas mineralizações importantes
podem ocorrer associadas a essas injeções, que podem ocasionar um metamorfismo
22

hidrotermal metassomático, concentrando minerais metálicos e ETR-Elementos Terras


Raras. A deformação dos porfiroclastos de plagioclásio ocorreu em ambientes crustais
mais profundos (dúctil/plástico), em que apenas as bordas desse mineral tendem a se
recristalizar sobre baixa deformação, com o aumento dessa os grãos minerais poderão
desaparecer. Observamos que em escala de afloramento apresenta uma deformação
heterogênea por exemplo o que ocorre na Figura 22.
Ramificações dos diques pegmatíticos grosseiros se projetam paralelo à
foliação, mas o dique como um todo está cortando a foliação, logo estas intrusões
magmáticas (diques) foram formadas posteriores as deformações (Figuras 21a e 21b).
Quanto à mineralogia do afloramento, é constituída por feldspato potássico,
quartzo, plagioclásio, biotita (ocorrem lentes de micas associadas a pegmatitos) e
pouca muscovita. O Afloramento estudado no ponto 03 é um gnaisse xistoso, rocha
rica em mica (biotita), composta por plagioclásio, apresentando aproximadamente 25%
de K-feldspato em sua composição. Além disso, apresenta um bandamento gnáissico
de médio a fino.

Figura 19– Veios pegmatíticos em conjunto com a rocha concordantes a foliação milonítica.
Fonte: Autoria própria, 2017.
23

Figura 20– Porfiroclasto indicando o sentido cinemático dextral do afloramento.


Fonte: Autoria própria, 2017.

Figura 21a– Diques pegmatíticos grosseiros Figura 21b– Ilustração das estruturas percebidas na
Fonte: autoria própria, 2017. figura 21a. Fonte: autoria própia, 2017.
24

Figura 22– Dobras apertadas resultante da deformação


compressional em apenas uma direção..
Fonte: Autoria própria, 2017.

Atitudes dos planos de foliações (Sn) medidos neste afloramento foram

1º: 255°/31° NW 3º: 262º/35º NW 5º: 253/33 NW

2º: 244°/36° NW 4º: 264º/44º NW


25

Figura 24– Pólos dos planos de foliação


Figura 23– Planos de foliação milonítica plotados no
milonítica do ponto 03.
Software Stereonet.do ponto 03.

5.4 AFLORAMENTO 04

Ponto 4: PB-176, dista aproximadamente 3,2 Km da cidade de Gurjão-PB..

Longitude: 0777544 E Latitude: 9196410 S Quadrante 24M

O quarto e último ponto de estudo, denominado de Afloramento 04 pertence à


sequência do Complexo São Caetano assim como o afloramento 03. Estruturas
caracterizadas pela presença de diques formados junto ou ligeiramente posteriores ao
cisalhamento. Vale salientar que mesmo após a formação dessas estruturas a
deformação continua. O dique como um todo é discordante a foliação milonítica, mas
em escala local têm-se foliações formadas no seu interior paralelas a foliação
milonítica (Figura 25). A presentam diques e veios contínuos e irregulares em tamanho
com uma textura mais fina podendo ser chamados de pegmatitos aplitos, material
advindo de níveis crustais mais rasos.

No afloramento foram detectados vários indicadores cinemáticos, no entanto


houve uma discordância de sentido entre eles. A figura 26 mostra os flancos de uma
dobra mergulhando no sentido dextral, mas é perceptível a elevada deformação
sofrida pela dobra, indicando que a mesma sofreu redobramento, logo as informações
26

estruturais e cinemáticas obtidas da dobra não são tão confiáveis. dentre eles. O
próximo indicador é um porfiroclasto (Figura 27) que também determina um sentido
dextral, porém a estrutura presente nas figuras 28 e 29 desbancam os outros
indicadores cinemáticos, chamada de foliação S-C altamente confiável na
determinação do sentido de movimento do afloramento e por sua vez da zona de
cisalhamento que passa pela área. Estas foliações S-C indicaram sentido
transcorrente sinistral, então, tomaremos este sentido sinistral como sentido
verdadeiro da zona de cisalhamento em questão. Isto sugere que o afloramento
estudado não está na Zona de Cisalhamento São João do Cariri como vista no mapa
geológico, pois esta tem sentido dextral. Ou seja, o afloramento pertence à outra zona
de cisalhamento desconhecida neste relatório.

O afloramento é oriundo de rocha plutônica de níveis ligeiramente mais rasos .


Com uma composição mineralógica de aproximadamente 30% de quartzo, 40% de
plagioclásio e 30% de biotita apresentando um bandamento de biotita com alternância
de quartzo e plagioclásio e com uma composição litológica de um tonalito.

Figura 25– Diques discordante do afloramento.


Fonte: autoria própria, 2017.
27

Figura 27– Indicador cinemático do tipo porfiroclasto


Fonte: autoria própria, 2017.
Figura 26– Dobra que sofreu redobramento.
Fonte: autoria própria, 2017.

Figura 28- Foliação S-C Figura 29– Indicador cinemático do tipo Foliação S-C.
Fonte: autoria própria, 2017.
Fonte: autoria própria, 2017.

Atitudes dos planos de foliações (Sn) medidos neste afloramento foram

1º: 081°/62° SE 3º: 254º/61º NW 5º: 079/61 SE

2º: 266°/85° NW 4º: 251º/57º NW


28

Figura 30– Planos de foliação milonítica plotados no Figura 31– Pólos dos planos de foliação
Software Stereonet.do ponto 04. milonítica do ponto 04.
29

6. CONCLUSÕES

O presente relatório baseou-se na aula de campo aos afloramentos descritos


anteriormente, a fim de obter um maior embasamento em relação à litologia e
estruturas geológicas no que diz respeito no contato entre Zonas de Cisalhamento e
os Terrenos Alto Moxotó e Alto Pajeú dando ênfase aos Complexos Floresta, Sertânia
e São Caetano. Pudemos constatar e provar em campo informações citadas na
literatura especializada, em suma, em escala regional por meio da análise de
estruturas em escala local, por exemplo, a determinação do sentido cinemático de um
afloramento muitas vezes implica no sentido de movimento de uma zona de
cisalhamento em escala maior. Dito isto, nos três primeiros afloramentos conseguimos
equiparar o sentido cinemático do afloramento com as informações, por exemplo,
dadas no mapa geológico da Paraíba (CPRM, 2012) que diz que as Zonas de
Cisalhamento São José dos Cordeiros e a São João do Cariri que abrangem os
complexos estudados possui sentido transcorrente dextral, através de indicadores
cinemáticos, como foliação S-C, porfiroclasto do tipo Sigma, Shear band, etc. No
entanto, no afloramento 04 houve uma discordância com a literatura, foi determinado
em campo que o sentido de movimento do afloramento é sinistral através do indicador
de foliação C-S, divergindo dos dados de escala regional. Podemos fazer uma
suposição do tipo: isso pode implicar o aparecimento de uma nova zona de
cisalhamento menor não registrada na bibliografia. De qualquer forma, é necessário
mais informações e análises litológicas, estruturais e geocronológicas para desmentir
ou confirmara hipótese citada anteriormente. Em suma, o Terreno Alto Moxotó (TAM)
e o Alto Pajeú são subdomínios que constitui uma porção de rochas comumente
resultantes de médio a alto grau metamórfico e deformacional como Ortognaisses
com composição granodioritica a tonalíticae também gnaisses-migmatiticos de
afloramentos pertencentes principalmente ao Complexo Sertânia.e é importante
destacar que bandamento composicional foi o fabric mais comum entre os quatro
afloramentos, fundamentando o alto grau de metamorfismo comum aos afloramentos.

Reconhecemos e compreendemos feições como foliações, lineações, dobras e


vários outros constituintes importantíssimos da Geologia Estrutural. Utilizaram-se
ainda equipamentos como bulssola, mapas e GPS para identificação da localização da
área e as medições de direções e mergulhos das foliações.
30

7. REFERÊNCIAS

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regimes metamórficos e deformacionais contrastantes. Tese de Doutoramento.
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