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09/04/2018 Cidadania: Lei Maria da Penha completa 10 anos - Resumo das disciplinas - UOL Vestibular

Cidadania: Lei Maria da Penha


completa 10 anos
Por Carolina Cunha, da Novelo Comunicação
19/08/2016 13h05

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Pontos-chave

A Lei Maria da Penha (Lei 11.340), sancionada em 7 de agosto de 2006,


completa dez anos de vigência. Ela foi criada para combater a violência
doméstica e familiar, garante punição com maior rigor dos agressores e cria
mecanismos para prevenir a violência e proteger a mulher agredida.
 
De acordo com a legislação, configura violência doméstica e familiar contra a
mulher qualquer ação ou omissão baseada no gênero que lhe cause morte,
lesão, sofrimento físico, sexual ou psicológico e dano moral ou patrimonial.
 
Hoje essa lei é a principal ferramenta legislativa na questão da violência
doméstica e familiar contra as mulheres no Brasil. Ela também é considerada
pela Organização das Nações Unidas (ONU) como uma das três mais avançadas
do mundo nessa questão.
 
Com a Lei Maria da Penha, a violência contra a mulher torna-se visível e deixa de
ser interpretada como um problema individual da mulher e passa a ser
reconhecida como problema social e do Estado, que deve prever assistência,
prevenção e punição para esses casos.

“Em briga de marido e mulher não se mete a colher”. Esse ditado popular revela
muito sobre como o país tratou a violência doméstica e contra a mulher. Isso porque
durante séculos, esse tipo de agressão nem sempre foi considerada uma violência
pela sociedade brasileira. Essa frase naturaliza um ato abusivo, como algo sem
importância e de interesse particular, uma situação que não precisa de ajuda ou
“não é problema meu”.

A cada ano, mais de um milhão de mulheres são vítimas de violência doméstica no


país, segundo dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).
Outros dados mostram a gravidade da questão: a cada cinco minutos uma mulher é
agredida no Brasil e uma em cada cinco mulheres já sofreu algum tipo de violência
de um homem (conhecido ou não) e o parceiro é responsável por 80% dos casos
reportados. Os dados são de uma pesquisa de 2010 da Fundação Perseu Abramo.

Apesar da gravidade do problema, a previsão de uma lei específica no Brasil que


trata da violência contra as mulheres, em especial nas relações domésticas
familiares e afetivas, é algo recente e só ocorreu com a Lei Maria da Penha (Lei
11.340), sancionada em 7 de agosto de 2006, e que completa dez anos de vigência.

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09/04/2018 Cidadania: Lei Maria da Penha completa 10 anos - Resumo das disciplinas - UOL Vestibular

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A lei recebeu o nome em homenagem à farmacêutica Maria da Penha Fernandes.


Em 1982, ela sofreu duas tentativas de assassinato por parte do então marido. Na
primeira, depois de um tiro nas costas, ficou paralítica. Ela enfrentou luta judicial de
quase 20 anos para vê-lo punido. Em 1998, em razão da morosidade no julgamento
do ex-marido, Maria da Penha denunciou seu caso à Corte Interamericana de
Direitos Humanos denunciando a tolerância do Estado brasileiro com a violência
doméstica, com fundamento na Convenção Belém do Pará e outros documentos de
direitos humanos no sistema de proteção da Organização dos Estados Americanos.
Graças à sua iniciativa, o Brasil foi condenado pela Corte, que recomendou ao país
a criação de lei para prevenir e punir a violência doméstica.

Em 2006, o Congresso Nacional aprovou a Lei Maria da Penha (Lei 11.340), que foi
o ponto de partida jurídico para enfrentar a violência doméstica e familiar contra as
mulheres no Brasil e hoje é considerada como o principal dispositivo legal nessa
questão. Ela também é considerada pela ONU como uma das três mais avançadas
do mundo no tema, atrás apenas das leis da Espanha e do Chile. 

Além de inovadora, a lei teve grande repercussão social e hoje é considerada como
uma das leis mais conhecidas pelos brasileiros. Segundo a pesquisa Violência e
Assassinatos de Mulheres (Data Popular/Instituto Patrícia Galvão, 2013) 98% da
população conhece a legislação. Para 86% dos entrevistados, as mulheres
passaram a denunciar mais os casos de violência.

O que diz a lei

Desde 1988 a Constituição brasileira já trazia o princípio da igualdade entre homens


e mulheres, em todos os campos da vida social. O artigo 226 diz que “o Estado
assegurará a assistência à família na pessoa de cada um dos que a integram,
criando mecanismos para coibir a violência no âmbito de suas relações”.

A inserção desse artigo atribui ao Estado a obrigação de intervir nas relações


familiares para coibir a violência, bem como de prestar assistência às pessoas
envolvidas. No entanto, os casos de violência contra a mulher eram considerados
de menor potencial ofensivo e a punição dependia muito da interpretação do juiz.

Até 2006, havia um massivo arquivamento de processos de violência doméstica.


Eram comuns casos em que agressões físicas foram punidas apenas com o
pagamento de cestas básicas. Ou ainda, situações fatais, em que o agressor mata
a mulher e tem sua responsabilidade diminuída: a mulher cometeu adultério e o
marido acaba sendo absolvido na Justiça por estar defendendo a sua honra ou o
assassino que cometeu “um homicídio passional” por ciúmes.

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Nesse contexto, muitas brasileiras não denunciavam as agressões porque sabiam


que seriam ignoradas pelas autoridades e os companheiros não seriam punidos.
Outros fatores também contribuem para que a mulher não consiga sair da relação
com o agressor: ela é ameaçada e tem medo de apanhar de novo ou morrer se
terminar a relação, ela depende financeiramente do companheiro, tem vergonha do
que a família e amigos vão achar, acredita que o agressor vai mudar e que não
voltará a agredir ou pensa que a violência faz parte de qualquer relacionamento.

A Lei Maria da Penha foi amparada no artigo 226 e em acordos internacionais,


altera o Código Penal e aumenta o rigor nas punições para agressões de pessoas
próximas. A lei tirou da invisibilidade e inovou ao tratar a violência doméstica e de
gênero como uma violação de direitos humanos.

A Lei 11.340 configura violência doméstica e familiar contra a mulher qualquer ação
ou omissão baseada no gênero que lhe cause morte, lesão, sofrimento físico,
sexual ou psicológico e dano moral ou patrimonial:

I - no âmbito da unidade doméstica, compreendida como o espaço de convívio


permanente de pessoas, com ou sem vínculo familiar, inclusive as esporadicamente
agregadas;

II - no âmbito da família, compreendida como a comunidade formada por indivíduos


que são ou se consideram aparentados, unidos por laços naturais, por afinidade ou
por vontade expressa;

III - em qualquer relação íntima de afeto, na qual o agressor conviva ou tenha


convivido com a ofendida, independentemente de coabitação.

Entre as inovações, está a velocidade no atendimento aos casos. Depois que a


mulher apresenta queixa na delegacia de polícia ou à Justiça, o juiz tem o prazo de
até 48 horas para analisar a concessão de proteção. Além disso, a Lei Maria da
Penha ampara a mulher dentro e fora de casa. Também considera a agressão
psicológica e patrimonial como violência doméstica e familiar contra a mulher, ou
seja, abrange abusos que não deixam marcas no corpo.

A aplicação da lei Maria da Penha contempla ainda agressões de quaisquer outras


formas, do irmão contra a irmã (família); genro e sogra (família, por afinidade); a
violência entre irmãs ou filhas (os) e contra a mãe (família). Além disso, garante o
mesmo atendimento para mulheres que estejam em relacionamento com outras
mulheres. Recentemente, o Tribunal de Justiça de São Paulo garantiu a aplicação
da lei para transexuais que se identificam como mulheres em sua identidade de
gênero.

Medidas protetivas

A Lei Maria da Penha criou dois tipos de medidas protetivas: à ofendida (mulher em
situação de violência) e medidas obrigatórias ao agressor (autor da violência), de
acordo com o risco que a mulher corre.

As medidas protetivas buscam oferecer um atendimento integral e qualificado às


mulheres, a partir do contexto da violência, como encaminhar a ofendida e seus
dependentes a um programa de proteção ou de atendimento, determinar o
afastamento da ofendida do lar e a separação de corpos.

Em relação ao autor da violência, a lei prevê que ele não pode cumprir penas
alternativas ou ser punido com multas, e pode ser enquadrado na suspensão da
posse ou restrição do porte de armas, na prisão preventiva do suspeito, no
afastamento do lar ou local de convivência com a ofendida, na proibição de contato
com a ofendida e no pagamento de pensão alimentícia à família.

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Serviços públicos de apoio

Com a vigência da lei, o governo teve que investir na criação de serviços públicos
de apoio à mulher e o problema passou a existir “oficialmente” na esfera pública.
Foram fortalecidas as Delegacias de Atendimento à Mulher, criados novos juizados
especializados de violência doméstica e familiar contra a mulher, além de amparar
serviços de assistência, como a Casa da Mulher Brasileira e a Central de
Atendimento à Mulher - Ligue 180.   

A violência contra a mulher torna-se visível e deixa de ser interpretada como um


problema individual da agredida e passa a ser reconhecida como problema social e
do Estado, que deve prever assistência, prevenção e punição para esses casos.

Apesar de significar um marco na questão da violência doméstica, ainda falta muito


para que a violência contra a mulher terminar. A Lei Maria da Penha precisa ser
implementada nos Estados de forma eficiente. Além disso, é preciso mudar a
cultura de violência e o machismo da sociedade brasileira. Uma questão que
demanda educação, trabalho e tempo.

A Lei do Feminicídio

A Lei Maria da Penha também está salvando vidas. Em 2015, o Instituto de


Pesquisa Econômica Aplicada (IPEA) divulgou um estudo que estimou o impacto da
lei nas taxas de homicídios de mulheres. Segundo a pesquisa, a lei contribuiu para
reduzir, em 10%, o número de feminicídios no Brasil. O termo “feminicídio” é usado
para designar o assassinato de uma mulher pelo simples fato de esta ser mulher.

A Lei Maria da Penha também abriu caminho para que fosse criada a Lei do
Feminicídio (Lei 13.104). Sancionada em 2015, a lei classifica o homicídio
qualificado como crime hediondo, o que aumenta a pena para o autor. Segundo a
Organização das Nações Unidas (ONU), o Brasil ocupa o 5º lugar no ranking global
de homicídios de mulheres. 

Por Carolina Cunha, da Novelo Comunicação

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