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A Avaliação do Desenvolvimento Socioeconómico, MANUAL TÉCNICO II: Métodos e Técnicas

A Análise da Informação: Modelos Econométricos

A Análise da Informação
ƒ Análise input-output
ƒ Modelos Econométricos
ƒ Análise de Regressão
ƒ Técnicas experimentais e quasi-experimentais
ƒ Estudos Delphi
ƒ SWOT

Modelos econométricos
ƒ Descrição da técnica
ƒ O objectivo da técnica
ƒ Circunstâncias em que se aplica
ƒ Os passos principais da sua implementação
ƒ Pontos fortes e limitações da abordagem
ƒ Bibliografia
ƒ Palavras-chave

Descrição da técnica
O modelo econométrico faz parte de um conjunto de ferramentas usadas para reproduzir e
simular os principais mecanismos de um sistema económico regional, nacional ou
internacional. Os modelos econométricos são geralmente definidos pelos dados utilizados na
sua estimação, nomeadamente para calcular os coeficientes do modelo através de uma
variedade de métodos de cálculo possíveis. Na maioria dos modelos que usam a denominação
"econométrico" existe, em geral, uma combinação de coeficientes livremente calculados por via
dos dados disponíveis e outros que são fixados, pressupostos ou restritos, devido a limitações
relativamente à quantidade e qualidade dos dados de uma amostra. Estas restrições ou
pressupostos podem, muitas vezes, ser feitos de acordo a teoria económica, ou usam, por
vezes, resultados de outras amostras / bases de dados, esperando que os mecanismos
económicos se apliquem de forma similar.
Existe uma grande variedade destes modelos, sendo que na verdade, poucos são construídos
especificamente para efeitos de avaliação. É mais frequente que, dados os seus elevados
custos de estimação, um modelo previamente existente seja adaptado como ferramenta de
avaliação. Tais modelos são adaptados para simular uma situação contrafactual ou um cenário
na ausência da intervenção, e, sendo assim, avaliar quantitativamente os efeitos líquidos sobre
a maioria das variáveis macroeconómicas influenciadas por políticas públicas, como por
exemplo, o produto (e seu crescimento), o emprego, o investimento, exportações e
importações, etc.
A teoria macroeconómica não é um campo particularmente estável, contendo muitas teorias
diversas e divergentes, sendo por isso que os diferentes modelos não só reflectirão diferentes
usos, mas também o ponto de vista/ideologia do analista que os construiu. De uma forma geral,
as componentes da procura destes modelos são normalmente similares, baseadas na
desagregação das componentes de despesa do PIB (ou seja, consumo interno privado,
consumo do governo, investimentos, exportações, importações e formação de stocks), havendo

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maiores divergências quando se trata de analisar os efeitos relacionados com a vertente da


oferta que agem sobre o produto potencial de uma economia.

O objectivo da técnica
Existem três objectivos principais quando se constrói um modelo econométrico, tendo cada um
a sua aplicação num contexto de avaliação.
1. Explicação
Um modelo pode ajudar a esclarecer as relações entre determinadas variáveis, uma vez que,
em economia, ou mais genericamente, nas ciências sociais, os factos não falam por si. Em
termos mais formais, um modelo é uma forma de testar se existe de facto evidência empírica
para uma determinada hipótese; por exemplo, se a variável X tem uma influência significativa
sobre a variável Y.
No âmbito de uma avaliação, o modelo ajudará a compreender como os mecanismos
envolvidos na transmissão dos efeitos de um determinado programa ou medida (p. ex., os
Quadros Comunitários de Apoio - QCA) se adequam entre si. O modelo oferece uma estrutura
em torno da qual os efeitos das intervenções podem ser analisados e integrados e, deste
modo, pode tornar mais transparente a quantificação destes efeitos. Um modelo econométrico
pode fazer uso dos dados para determinar medidas que ilustrem até que ponto o desempenho
passado do sistema económico está bem “explicado”; por exemplo, através do uso de testes
diagnósticos e medidas de “qualidade do ajustamento”. Apesar de estas estatísticas e
estimativas não constituírem uma orientação completa para a forma como um modelo irá
desempenhar o seu papel num exercício de avaliação, acabam por proporcionar um método de
análise.
2. Previsão
A previsão se um dado fenómeno não implica necessariamente a sua compreensão. É possível
prever sem, na verdade, compreender os processos envolvidos; ou seja, a previsão com base
na associação permite que os dados sejam associados sem se ter de compreender as relações
causais envolvidas.
A maioria dos modelos macroeconométricos baseiam-se em grupos de relações causais que
procuram compreender/explicar e proporcionar alguma capacidade de previsão. Com respeito
a muitas avaliações, os efeitos tendem a ser prospectivos, ou seja, ex-ante. Isto significa que é
necessário algum tipo de previsão de “referência”, em relação à qual se pode analisar os
efeitos de uma determinada política que esteja a ser avaliada. Obter uma previsão de
referência credível constitui um factor importante no uso de modelos econométricos para
efeitos de avaliação, visto que uma previsão instável pode ser indicativo de problemas de
especificação e de estrutura do modelo.
Os termos previsão, solução e simulação são frequentemente usados quase como sinónimos,
mas existem algumas diferenças subtis. A solução do modelo ou simulação é, geralmente, visto
como um output do modelo em bruto, quando os coeficientes estimados pelo modelo são
combinados com pressupostos futuros relativamente a variáveis exógenas e, em conjunção
com dados históricos como ponto de partida, os resultados do modelo são lançados para além
da dimensão da amostra. Uma previsão pode, em muitos casos, envolver algum ajustamento
ex-post, acabando por se tornar uma combinação dos resultados do modelo e do ponto de vista
do economista/analista. Uma técnica habitualmente usada é conhecida como o “ajustamento

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residual”, em que os elementos residuais do modelo (normalmente, zero no período de


previsão) são alterados para subir ou baixar os valores futuros da variável dependente,
consoante o resultado desejado.
3. Cenarização
Os cenários permitem colocar perguntas do tipo “E se…?”. O processo envolve a construção
de uma realidade alternativa, normalmente através de diferentes conjuntos de pressupostos e,
depois, comparar os resultados em relação a um cenário de base (frequentemente designado
de “business as usual”) do modelo. Este é um processo diferente dos testes de sensibilidade,
em que uma única variável/pressuposto é alterada e a reacção dos outputs do modelo principal
é investigada em busca de sinais de instabilidade ou resultados anómalos.
Usar modelos econométricos para avaliar políticas envolve sempre a construção de cenários,
com e na ausência da respectiva politica, no sentido de quantificar o efeito global em termos
dos principais outputs do modelo. A complexidade com que cada cenário é construído depende
da forma como os efeitos das políticas se ajustam ao modelo, ou seja, se afectam apenas um
pequeno conjunto de variáveis exógenas ou se produzem algum efeito sobre algumas relações
comportamentais.
HERMIN, QUEST e E3ME são exemplos de diferentes tipos de modelos econométricos
largamente utilizados, que se destacam pela sua vasta aplicação na simulação monetária, de
convergência e impactos das políticas de Coesão e dos Fundos Estruturais na União Europeia.
Refere-se ainda o modelo “REMI Policy Insight”, que tem sido largamente aplicado nos EUA,
mas só recentemente foi modificado para o contexto Europeu. A Caixa: Exemplos de modelos
em uso oferece mais pormenores sobre tais modelos.

Caixa: Exemplos de modelos em uso

1. HERMIN
Cada modelo HERMIN comporta três sub-componentes globais (o lado da oferta, a absorção e
a distribuição do rendimento) que funcionam como um sistema integrado de equações
multiplas. Um mecanismo de procura agregada keynesiano sustentando a componente de
absorção do modelo. O modelo possui algum grau de desagregação sectorial, com a
componente da oferta a determinar o produto industrial com base na competitividade or via
dos custos de produção e preços. As taxas de juro e de câmbio são variáveis exógenas ao
modelo HERMIN, em linha com o pressuposto geral de que as economias de coesão são de
“pequena” dimensão e abertas ao exterior. (ver Bradley, J. (1997), Aggregate and Regional
Impact: The Cases of Greece, Spain, Ireland and Portugal, publicado pelo Serviço das
Publicações Oficiais das Comunidades Europeias, para uma revisão recente dos conteúdos do
modelo).

2. QUEST
O QUEST é um modelo multi-países estimado para analisar os ciclos e o crescimento
económico de longo prazo, elaborado pela Comissão Europeia com o desígnio de analisar as
economias dos Estados-membros da União e as respectivas interacções com o resto do
mundo, particularmente com os Estados Unidos da América e com o Japão. A versão QUEST
II do modelo identifica variáveis de equilíbrio de stocks e fluxos a nível macro, incluindo o

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capital físico, activos externos líquidos, divisas e dívida pública, que são determinados, de
forma endógena pelo modelo, sendo os efeitos de riqueza passíveis influenciar os fluxos de
poupança e as decisões relativas à produção e ao investimento de famílias, empresas e
governo. No modelo QUEST II, o lado da oferta da economia é explicitamente modelado com
base numa função de produção neo-clássica, cujo potencial se baseia em taxas de
crescimento a longo prazo determinadas pela taxa de progresso técnico (exógeno) e pela taxa
de crescimento da população. Os resultados das simulações podem ser apresentados na
forma de desvios em relação a um cenário de base.
As taxas de juros e de câmbio reais são determinadas endogenamente, o que permite
considerar eventuais efeitos de deslocamento (“crowding-out”) dos Fundos Estruturais sobre o
sector privado. Para mais pormenores, ver European Commission (1997), QUEST II. A Multi-
Country Business Cycle and Growth Model. Economic Papers. No. 123. October 1997,
também disponível no website Economic and Financial Affairs, Economic Papers.

3. E3ME
O E3ME, enquanto modelo para o estudo das interacções energia-ambiente-economia na
Europa, consiste num modelo econométrico dinâmico multisectorial e regionalizado. Não se
trata de um modelo de Equilíbrio Geral (Computable General Equilibrium - CGE), mas de um
modelo econométrico cross-section baseado em séries temporais desagregadas, que
beneficiou de algumas técnicas usadas na modelação CGE relacionada com a calibração por
via de dados recentes. O modelo foi desenvolvido para a Comissão Europeia no âmbito do
programa JOULE/THERMIE por uma equipa de institutos parceiros de toda a Europa liderada
pelo centro Cambridge Econometrics. Está concebido como um modelo de teor prospectivo,
especificamente desenhado para analisar políticas e intervenções ligadas à interacção entre
energia-ambiente-economia. O modelo combina assim componentes de ordem económica,
energética e ambiental. (ver Comissão das Comunidades Europeias (1995), E3ME: Um
Modelo de estudo das Interacções Energia-Ambiente-Economia para a Europa, EUR 16715
EN, Publicações Oficiais, Luxemburgo).

4. Modelo “REMI Policy Insight”


O modelo REMI foi até recentemente apenas aplicado na América do Norte, mas foram
recentemente executadas algumas aplicações sobre os impactos dos Fundos Estruturais para
a Comissão Europeia.
Trata-se de um modelo econométrico, mas a cuja estrutura é a mesma para todas as
economias de mercado, à excepção da existência de diferenças em alguns parâmetros-chave,
tais como a rapidez da resposta por via de migrações a alterações nas condições económicas
e a resposta das taxas salariais às condições do mercado de trabalho. Os parâmetros do
modelo são calculados com base numa vasta amostra de regiões e são usados para todas as
implementações do modelo. Ao impor uma estrutura com coeficientes pré-estimados, o
modelo REMI é capaz de obter uma representação mais rica do que seria possível de outro
modo, como em modelações baseadas apenas em dados endógenos – este é particularmente
o caso quando se trata de aplicações à escala regional (ver REMI Policy Insight, Model
Documentation European Version 5.3, Regional Economic Models Inc., Amherst MA.,
Frederick Treyz, George Treyz, (2003), Evaluating the Regional Economic Effects of Structural
Funds Programs Using the REMI Policy Insight).

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Circunstâncias em que se aplica


CE (2000) oferece um exemplo em que os modelos HERMIN e QUEST II foram usados para
analisar a contribuição dos Quadros Comunitários de Apoio (QCA) na convergência económica
entre os estados membros. O modelo HERMIN pode ser directamente usado para analisar as
intervenções dos QCA. O trabalho baseou-se em simulações usando os modelos nacionais
HERMIN para a Grécia, Espanha, Irlanda, Portugal e Alemanha oriental. Os modelos HERMIN
baseiam-se no pressuposto que os Fundos Estruturais actuam de forma a reforçar o potencial
de oferta a longo prazo da economia através de:
ƒ melhoria das infra-estruturas físicas;
ƒ apoio ao crescimento económico baseado no conhecimento (capital humano);
ƒ apoio directo ao sector produtivo privado.

Em CE (2000), o impacto macroeconómico dos Fundos Estruturais foi modelado indirectamente


pelo QUEST II de forma a reflectir os seus efeitos no acréscimo do “stock” infra-estrutural e
capital público, em relação ao qual se assume que o respectivo produto marginal é 50 % mais
elevado do que o do capital privado e, simultaneamente, que possui externalidades positivas.
Apesar do modelo QUEST II ter sido desenvolvido inicialmente para simular e analisar as
políticas financeiras macroeconómicas em mudanças associadas ao aprofundamento e
alargamento da UE, tem sido usado de uma forma bastante flexível na análise de políticas
públicas. Tem sido aplicado, por exemplo, na análise do impacto dos critérios de Maastricht
para o crescimento e emprego, os efeitos a longo prazo da consolidação fiscal e reformas
estruturais na Europa, o impacto da política monetária no sucesso alcançado na diminuição da
despesa pública, os efeitos macroeconómicos de várias reformas fiscais e da harmonização
fiscal. O modelo também tem sido usado para analisar os efeitos no emprego e no crescimento
das Redes de Transporte Transeuropeias, como também (ver acima) para analisar os efeitos
macroeconómicos dos Fundos Estruturais na Grécia, Irlanda, Portugal e Espanha.
O E3ME foi desenvolvido para fornecer um enquadramento prospectivo em relação à política
energética e ambiental, tendo em conta os impactes económicos. Tem sido usado, de forma
flexível, para analisar uma série de inovações na política estrutural e financeira. Um exemplo
recente da sua aplicação (GHK e al., 2003) consiste na análise da contribuição dos Fundos
Estruturais para o desenvolvimento sustentável (DS) relativamente aos três períodos de
programação – 1986-1993, 1994-1999 e 2000-2006. Como as questões ligadas ao
desenvolvimento sustentável têm vindo a ocupar um lugar de destaque na agenda política, a
DG Regio centrou a sua atenção nas questões de sustentabilidade no âmbito dos programas
dos Fundos Estruturais. No estudo, analisou-se o impacto que as contribuições dos Fundos
Estruturais tiveram no desenvolvimento sustentável. O E3ME foi usado para modelar efeitos
sobre a procura e a oferta, através dos quais o investimento e despesas na educação
influenciam o crescimento económica e as alterações ambientais e climatéricas. A modelação
da procura foi usada para analisar o efeito que os Fundos Estruturais tiveram nos níveis de
impostos, na despesa pública, no investimento e na economia em geral. A modelação da oferta
analisou os efeitos de médio e longo prazo dos Fundos Estruturais sobre a evolução da
produtividade e a evolução na acumulação de capital e tecnologia. Estes efeitos de médio e
longo prazo estão incorporados no modelo por meio das mudanças nos níveis de produtividade

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induzidas por estes investimentos. A análise procedeu com a comparação entre um cenário
(com política) de base, com base em dados históricos, e um cenário contrafactual (sem a
política), em que as contribuições dos Fundos Estruturais foram eliminadas.
O modelo REMI tem sido usado para analisar os impactos económicos a nível regional dos
investimentos dos Fundos Estruturais nas regiões Objectivo 1 do Sul da Itália, num projecto
conjunto entre a REMI e Irpet para a Comissão Europeia (DG Regio). Os resultados do estudo
incluem os retornos (sob a forma de nível de PIB e multiplicadores do emprego) de vários tipos
de investimentos (equipamento, formação, infra-estruturas) e os subsídios projectam-se num
horizonte que vai de 2000 a 2024. Para determinar estes tipos de impacto, são necessários três
passos:
1. Examinar cada um dos planos operacionais em pormenor. Em particular, analisar os
efeitos directos sobre a economia a curto prazo (i.e., efeitos maioritariamente
relacionados com a procura) e a longo prazo (i.e., efeitos maioritariamente relacionados
com a oferta);
2. Integrar estes efeitos directos no modelo REMI para que todas as cadeias causais
através das quais os investimentos públicos exercem impacto na economia possam ser
contempladas;
3. Estimar o modelo e calcular a eficácia relativa da despesa executada com vista a
cumprir com os objectivos principais dos investimentos públicos.
O modelo HERMIN foi desenvolvido em colaboração entre vários países para proporcionar uma
abordagem ajustada que possa facilitar comparações a nível nacional e transnacional (ver a
Caixa: Desenvolvimentos de modelação do HERMIN).

Caixa: Desenvolvimentos de modelação do HERMIN


Quatro países de coesão – Grécia, Irlanda, Portugal e Espanha – têm estado envolvidos em
diversas colaborações no desenvolvimento do modelo HERMIN. A análise do impacto dos
QCA nos países de coesão foi combinada com a análise do impacto do Mercado Único. Foi
concebida de forma a evitar abordagens mais focadas na “teoria da acção”, e alcançar
entendimentos “explicativos” e “globais” mais holísticos dos fenómenos da coesão
John Bradley, Jnos Gcs, Alvar Kangur and Natalie Lubenets (2003), Macro impact evaluation
of National Development Plans: A tale of Irish, Estonian and Hungarian collaborations
http://www.europa.eu.int/comm/regional_policy/sources/docconf/budapeval/work/kangur.doc
O modelo Hermin também foi usado para a avaliação ex-post do Objectivo 1 para o período
1994-1999, que alargou o modelo a macro-regiões, tais como a Alemanha Oriental, Irlanda do
Norte e a região Mezzogiorno em Itália.
http://ec.europa.eu/regional_policy/sources/docgener/evaluation/doc/obj1/synthesis_final.pdf

Os principais passos da sua implementação


A implementação de uma avaliação com base no uso de um modelo econométrico
macroeconómico deve ser considerada apenas se os avaliadores possuírem os

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conhecimentos, as competências e o tempo adequados. Este requisito deve-se ao facto de o


processo envolver uma série de passos de elevada complexidade técnica.
Passo 1: Identificar um modelo adequado
Em termos gerais, é muito raro construir um modelo de raiz para efeitos de um exercício de
avaliação, pois estes modelos requerem muitos e diversos recursos. Isto significa que um
modelo existente deverá ser escolhido, que possua características e parâmetros globalmente
aceitáveis e que possa ser adaptado sempre que necessário às políticas públicas sob análise.
Dependendo da incidência da análise, por exemplo, consoante se trate de uma única região, de
um único país, ou de nível transeuropeu, existem uma série de modelos diferentes que irão, em
geral, requerer alguma adaptação por parte dos analistas envolvidos.
Passo 2: Adaptar o modelo para a avaliação
Assim que se encontrar o modelo mais adequado, a estrutura deve ser analisada para
determinar se o modelo é capaz de lidar com os mecanismos de transmissão usados para a
avaliação da política pública. O diagrama abaixo (Caixa Diagrama de fluxos e mecanismos
típicos de um modelo macroeconómico) oferece uma síntese e pode ajudar a identificar as
áreas que terão eventualmente de ser mais desenvolvidas. Por exemplo, a parte do modelo
que diz respeito ao investimento público pode ser demasiado elementar, sendo que a política
em questão envolve uma identificação mais detalhada dos fluxos de despesa.

Caixa: Diagrama de fluxos e mecanismos típicos de um modelo macroeconómico

Actividade Económica,
Resto do mundo Preços

País fora da UE
Transportes e Output de Outros
Política UE, p.ex. QCA Distribuição UE Países

Custos e Exportações
Produtividade Importações

Despesa Pública Procura Total

Dívida
Pública Investimento e
Consumo das Inputs na Produção
Famílias (input-output) Output
Impostos

Rendimento Emprego

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Também pode haver margem para alterar algumas das relações no modelo caso a política
pública em questão altere uma propriedade fundamental do sistema económico. Estas
mudanças são, no entanto, algo raras. É mais frequente ter necessidade de ajustar o modelo
aos desenvolvimentos mais recentemente observados e às estatísticas mais recentes. Na
prática, os modelos econométricos têm de ser regularmente re-estimados para permitir o seu
“reajuste” a dados e informação estatística mais actual.
Passo 3: Estabelecer uma projecção de base
Depois de o modelo ter sido “recalculado” e os pressupostos exógenos revistos, é possível
produzir uma projecção de base para se analisar o impacto da política em causa. A projecção
de base pode incluir a política a ser avaliada como parte de um cenário “business as usual”.
Isto é mais comum se a política já estiver em vigor há algum tempo e os pressupostos quanto
aos comportamentos futuros já tiverem em consideração alguns dos seus efeitos.
Passo 4: Estimar os principais impactos (exógenos)
Para avaliar do efeito de uma intervenção pública, ou seja, começar por construir um cenário
alternativo em que a política não exista, o analista deve ter em conta a forma como as
alterações serão introduzidas no modelo. A equipa de avaliação tem então de seleccionar
algumas variáveis ou coeficientes que façam parte do modelo e que serão directamente
afectados pela intervenção pública. Estes valores constituem "pontes de ligação" entre a
intervenção avaliada e o modelo. Os principais impactos das intervenções dos Fundos
Estruturais podem também aparecer sob a forma de investimentos em infra-estruturas
produtivas ou em capital humano.
Passo 5: Executar o cenário com política pública
Uma vez estimados os principais impactos (microeconómicos) da intervenção e introduzidos no
modelo para testar a sua interacção, o modelo pode ser executado para calcular o efeito final
sobre as variáveis (i.e., endógenas) de output do modelo. O impacto da intervenção pode,
então, ser estimado, estabelecendo a diferença entre as duas simulações, ou seja, execução
do modelo com a projecção de base versus o cenário sem política pública.
Passo 6: Analisar os resultados
A última fase consiste na formulação e apresentação dos resultados. Dada a complexidade da
ferramenta e do número avultado de variáveis que podem ser quantificados, é necessário
cumprir com passos específicos para apresentar os resultados de um modo simples e
acessível, dado que o público e os decisores políticos podem não ser (e em geral não são)
especialistas em modelação macroeconométrica. Consequentemente, esta fase tem de ser
considerada como uma das mais importantes na implementação da ferramenta.
Uma componente importante da análise dos resultados passa por apresentar de forma clara os
pressupostos e as escolhas feitas no exercício da avaliação. No caso de um leitor mais técnico,
também seria desejável incluir referências à estrutura/ideologia do modelo, o que pode ter uma
grande influência nos resultados. Será pois importante distinguir casos em, por exemplo, o
modelo assume que o mercado equilibra, ou permite, em contraste, a persistência de
desequilíbrios mesmo a médio e longo prazo.
Um teste final dos resultados da avaliação consiste em avaliar a importância das alterações
efectuadas no modelo (Passo 4) para analisar o grau de sensibilidade dos resultados a
pequenas mudanças nestes efeitos.

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Pontos fortes e limitações da abordagem


Pontos fortes
Os objectivos da Política de Coesão e dos Fundos Estruturais estão definidos a nível
macroeconómico. Os outputs de um modelo macroeconométrico são, por isso, geralmente
consistentes com os requisitos da avaliação, o que significa que esta é praticamente a única
ferramenta que pode ser usada para determinar, de um modo efectivo, se uma política
europeia atingiu ou não os seus objectivos últimos.
Um dos principais pontos fortes do modelo econométrico é a sua capacidade de usar os dados
empíricos disponíveis para informar a estrutura, o que significa que podem ser usados métodos
estatísticos sólidos para analisar a sua “credibilidade”; por exemplo, testes para medir os níveis
de, por exemplo, autocorrelação (existência de padrão comportamental nos resíduos de
estimação do modelo).
Os modelos são normalmente dinâmicos, o que significa que podem acompanhar as alterações
anuais nos efeitos das políticas, em vez de apresentarem apenas uma diferença nocional entre
dois pontos de equilíbrio.
Limitações
Tal como referido anteriormente, a utilização de modelos econométricos é intensiva em
recursos. São necessárias bases de dados fidedignas, no sentido de assegurar que os valores
dos coeficientes são adequados, um factor que limita, muitas vezes, o alcance destes modelos.
O trabalho que a construção destes modelos de raiz implica faz com que normalmente se opte
por adaptar modelos já existentes, os quais podem não estar inteiramente ajustados aos
propósitos da avaliação.
A maioria dos modelos macroeconométricos partilha, em termos gerais, uma estrutura similar
no que respeita à procura, com base nas componentes da despesa do PIB, com módulos
adicionais para os sectores comerciais e possivelmente quadros de input-output, que permitem
lidar com a procura inter-indústrias e efeitos sectoriais específicos. Existe já um maior grau de
divergência no que toca aos factores relacionados com a oferta, ao nível da medida do produto
potencial de um sistema económico (muitas vezes medido através do uso de uma função
produção). Tipicamente, a tecnologia é considerada exógena, embora uma grande parte das
análises de convergência mais recentes e da literatura do crescimento endógeno sublinhe a
importância do papel dos efeitos endógenos associados ao aumento e acumulação de capital
humano. Dado que nunca se pode “observar” o produto potencial de uma economia, existe
maior debate em torno de como este deverá ser medido, o que conduz a diferentes estruturas,
a diferentes propriedades, e, por fim, a diferentes resultados de avaliação com base em
modelos econométricos.
Uma crítica comum aos modelos macroeconómicos em que se usam funções de produção
agregadas, é que estas não são consistentes com as bases teóricas macroeconómicas da
maximização do lucro e/ou minimização dos custos pelos produtores. As relações agregadas
não são construídas com base em funções consistentes de procura e de custo que mantêm as
propriedades desejáveis de acordo com a teoria económica, ao contrário dos modelos CGE.

Bibliografia
Bases teóricas

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ƒ Layard R., S. Nickell and R. Jackman (1991) ,"Unemployment: Macroeconomic


Performance and the Labour Market ", Oxford University Press, Oxford.
Guias para a aplicação do método
ƒ European Commission (Joint Research Centre) (2002), RTD- Evaluation Toolbox,
Assessing the Socio-Economic Impact of RTD-Policies, August 2002. Particularly
Section 3.3: Econometric Models: Macroeconomic Modelling and Simulation.
ƒ Roeger, W. and J. in t'Veld (1997) QUEST II - A multi-country business cycle and growth
model, Economic Papers No 123, European Commission.
Exemplos de avaliações ou estudos que aplicam o método
ƒ (vide Bradley, J. (1997), Aggregate and Regional Impact: The Cases of Greece, Spain,
Ireland and Portugal (1997) (ISBN No. 92- 827- 8807-5) , published by the Office of the
Official Publications of the European Communities
ƒ European Commission (2000), The EU Economy: 2000 Review, Chapter 5 'Regional
convergence and catching-up in the EU', European Economy, No.71.
ƒ GHK, PSI, IEEP, CE (2003) The Contribution of the Structural Funds to Sustainable
Development - A Synthesis Report (Volume 1) to DG Regio, EC, chapter 4.
ƒ IRPET and REMI, (2003), Assessing the Regional Economic Effects of Structural Funds
Investments, a draft final report for The European Commission DG Regio), Contract No.
2002.CE.16.0.AT.139.
Artigos retirados de obras sobre o tema “avaliação” e que comentam a aplicação do
método.
ƒ Hallet, M. and G. Untiedt (2001), The potential and limitations of macroeconomic
modelling for the evaluation of EU Structural Funds illustrated by the HERMIN model for
East Germany; Informationen zur Raumentwicklung No. 4/2001.
ƒ Frederick Treyz, George Treyz, (2003), Evaluating the Regional Economic Effects of
Structural Funds Programs Using the REMI Policy insight
ƒ John Bradley, Jnos Gcs, Alvar Kangur and Natalie Lubenets (2003), Macro impact
evaluation of National Development Plans: A tale of Irish, Estonian and Hungarian
collaborations

Palavras-chave
ƒ Efeito sobre a oferta
ƒ Efeito sobre a procura
ƒ Exógeno
ƒ Modelos de Equilíbrio Geral (CGE - Computable General Equilibrium)

Efeito sobre a procura


Efeito de uma intervenção que se multiplica através do crescente consumo intermédio das
empresas (efeito da oferta) e através do rendimento gerado numa região, e que, por seu turno,
gera gastos pelos agregados familiares (efeito multiplicador).

Efeito sobre a oferta

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Efeito secundário que se propaga através do aumento da competitividade empresarial, e, desta


forma, da sua produção. Os principais mecanismos em jogo passam pelo aumento da
capacidade produtiva, pela redução de custos, diversificação e reforço de outros factores de
competitividade, tais como o capital humano, as infra-estruturas públicas, a qualidade dos
serviços públicos, as redes de inovação, etc.

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