Vous êtes sur la page 1sur 440

ANAIS

PATROCÍNIO

ORGANIZAÇÃO
Cooperativismo
agropecuário no Brasil
1.597
Cooperativas

1 milhão 161,7 mil


Cooperados Empregados
istockphotos
As cooperativas agropecuárias estão inseridas
em todos os elos das cadeias produtivas:

Produção Armazenagem Varejo


Fornecimento 30 milhões de Promovem a venda
e repasse de toneladas de da produção de seus
insumos, máquinas capacidade cooperados, gerando
e equipamentos aos estática de melhores condições
cooperados armazenagem de negociação, atuando
no Brasil como balizadoras e
referência de preços
no mercado

Base dez/2013
Sumário

2 Artigos Técnicos
18 Palestras
55 Trabalhos Científicos
• Ambiência e Bem Estar Animal
• Nutrição
• Processamento
• Produção
• Sanidade
• Sustentabilidade

Artigos Técnicos
Controles analíticos na cadeia de frangos, ovos e suínos.......................................16
J.C. de Angelo – zootecnista, gerente técnico de Aves e Suínos do
Grupo Guabi Nutrição e Saúde Animal
Como criar um programa de vacinação no incubatório
de boa qualidade?..................................................................................................................................21
Stephane Lemire – Gerente de Produto de Avicultura / Merial

Palestras
Adequações da indústria brasileira de frangos de corte às exigências
de bem-estar animal do mercado: ênfase em normas privadas.......................30
Ana Paula de Oliveira Souza - Laboratório de Bem-estar Animal,
Universidade Federal do Paraná; Médica Veterinária, Esp., MSc.
Ações de manejo para melhorar o resultado de produção de frangos.............42
André Marca – Copacol, Cafelândia/PR
Animal welfare measures and international trade law and practice............57
Carolina T. Maciel, Ph.D – Wageningen University, Porto Alegre/RS
Genética suína: onde estamos e até onde podemos chegar..............................61
Fernando A. Pereira – engenheiro agrônomo, M. S.,
presidente Executivo da Agroceres
Recommendations on the use of Salmonella vaccines in chickens...............65
Filip Van Immerseel – Department of Pathology, Bacteriology and Avian
Disease, Faculty of Veterinary Medicine, Ghent University,
Merelbeke, Belgium
The prospects of genetic selection to improve the well-being and
productivity in poultry and pork production..................................................................77
Gerard A. A. Albers – European Forum of Farm Animal Breeders, Brussels,
Belgium – Hendrix Genetics, Boxmeer, The Netherlands
Principais entraves no processo de registro de
estabelecimentos avícolas comerciais.................................................................................80
Izabella Gomes Hergot – IMA Instituto Mineiro de Agropecuária
Marketing como ferramenta para aumentar o consumo de ovos -
experiência na América Latina.....................................................................................................83
James Abad – presidente del ILH
Programa sanitário para avicultura familiar..................................................................86
Luiz C. Demattê Filho, Diretor Industrial da Korin Agropecuária, Coordenador
Geral do Centro de Pesquisa Mokiti Okada e Secretario executivo da Associação
Brasileira da Avicultura Alternativa – AVAL e Dayana Cristina de Oliveira Pereira
Mestranda em Engenharia de Biossistemas ESALQ-USP e Zootecnista do CPMO
Genética suína: onde estamos e até onde podemos chegar?.........................104
Mariana A. Andreis - Gerência de Melhoramento Genético /DB Genética Suína
A proteína animal na próxima década...............................................................................109
Mário Lanznaster - presidente da Cooperativa Central Aurora Alimentos
Nutritional challenges to maximise performance – pork production.................113
Michael A. Varley – The Pig Technology Company
Novos desafios da bronquite infecciosa: poedeira comerciais.......................116
Nair Massako Katayama Ito, Claudio Issamu Miyaji, Sandra O. Miyaji
Spave – Consultoria em Produção e Saúde Animal
Enfermidades em suínos emergentes e reemergentes: no Brasil................134
Nelson Morés e Janice Reis Ciacci-Zanella – Embrapa Suínos e Aves,
Laboratório de Sanidade e Genética Animal, Concórdia, SC
Uso de antimicrobianos na prevenção e controle das nfecções
paratifoides em aves........................................................................................................................143
Paulo Martins – Facta, Campinas/SP
Programa sanitário para avicultura familiar..................................................................162
René Dubois – médico veterinário / Ministério do Desenvolvimento
Agrário (MDA), Brasília/DF
Sustentabilidade: ações das cooperativas agropecuárias
no Estado do Paraná.........................................................................................................................166
Silvio Krinski, M.Sc. Engenheiro Agrônomo - Gerência Técnica e Econômica
do Sindicato e Organização das Cooperativas do Estado do Paraná

Tifosis aviar...............................................................................................................................................176
Yosef Daniel Huberman, Instituto Nacional de Tecnologia Agropecuária
Ministerio de Agricultura, Ganderia Y Pesca - Argentina

Trabalhos científicos

Ambiência e bem estar animal


Análise termográfica de frangos caipiras mantidos sob
diferentes temperaturas
KT Andrade Araújo, D Araújo Furtado, R Costa Silva, TG Pereira Araújo,
F Gomes Correia......................................................................................................................................188

Avaliação da resistência da casca de ovos durante o transporte


R Costa Silva, KT Andrade Araújo, D Lopes de Oliveira,
JW Barbosa do Nascimento, N Luiz Camerini........................................................................192

O estresse agudo por calor compromete o desempenho de


suínos em crescimento
RF Oliveira, RF Chaves, M Resende, BPVP Ribeiro, RHR Moreira,
MP Gionbelli, RA Ferreira....................................................................................................................195
Programas de luz sobre o comportamento de suínos em crescimento
RA Ferreira, RF Oliveira, BPVP Ribeiro, EJ Fassani, VS Cantarelli, MLT Abreu..........199

Faixas de conforto térmico em função da idade dos frangos


A Coldebella, PG de Abreu, JI dos Santos Filho....................................................................203.

Nutrição
Ácido ascórbico in ovo e alta temperatura de incubação sobre
parâmetros sanguíneos de frangos de corte criados em estresse térmico
S Sgavioli, TI Vicentini, CH de F Domingues, JBM Júnior, VR de Almeida,
GL Zaniratu, RG Garcia, IC Boleli.....................................................................................................208
Adição de erva mate na ração de frangos de corte não altera o
sabor da carne de frango de corte
R Belintani, RG Garcia, IA Nääs, F Caldara, B Roriz, C Ayala, S Sgavioli.......................212
Efeito da inclusão do bagaço de uva sobre o desempenho e
características de carcaça de suínos em terminação
BC Silveira-Almeida, TM Bertol, MCMM Ludke, JV Ludke, A Coldebella,
DM Bernardi...............................................................................................................................................216
Efeito da inclusão de óleo de linhaça e antioxidantes naturais no
desempenho e qualidade da carcaça e da carne de suínos em terminação
DM Bernardi, TM Bertol, A Coldebella, BC Silveira-Almeida, F Dieterich,
LD Paris, VC Sgarbieri.............................................................................................................................220
Validação de uma equação para predição do valor energético do milho
com diferentes graus de moagem e métodos de formulação das dietas
T.M. Bertol, J.V. Ludke, D.L. Zanotto, A. Coldebella.................................................................224
Desempenho produtivo e qualidade dos ovos de poedeiras
comerciais alimentadas com levedura hidrolisada
NTG Koiyama, CG Lima BRS Locatelli, MA Bonato, R Barbalho,
CSS Araújo, LF Araújo............................................................................................................................228
Desempenho produtivo, qualidade dos ovos e viabilidade econômica do
uso de parede celular de levedura na dieta de poedeiras comerciais
NTG Koiyama, NBP Utimi, BRS Locatelli, MA Bonato, R Barbalho,
AH Gameiro, CSS Araújo, LF Araújo..............................................................................................232
Método expedito para determinação do diâmetro geométrico
médio das partículas do milho moído
DL Zanotto, JV Ludke, A Coldebella, TM Bertol, A Cunha Junior...............................236
Equação de predição da energia metabolizável do milho para suínos
DL Zanotto, A Coldebella, JV Ludke, TM Bertol...................................................................240
Efeito da contaminação múltipla do milho por micotoxinas sobre
desempenho, frequência de diarreia e área de vulva de leitões recém-
desmamados e eficácia de um aditivo tecnológico adsorvente
LB Costa, ADB Melo, A Oliveira, GR Oliveira, C Andrade,
PC Machado Junior e K Mazutti.....................................................................................................244
Rendimento de carcaça e cortes de frangos alimentados com
diferentes promotores de crescimento antibiótico
JPF Oliveira, A Oba, ACF Assis, JA Barbosa Filho, M Almeida, FR Bueno,
AKF Carneiro, VP Dinalli, EJL Ribeiro, G Spialtini....................................................................248
Utilização de diferentes promotores de crescimento antibiótico
sobre o desempenho de frangos de corte
JPF Oliveira, A Oba, ACF Assis, M Almeida, T Dornellas, AC Hoffmann,
FR Bueno, B Colcetta, VP Dinalli, S Trocato................................................................................252
Beterraba como pigmentante na dieta de codornas de postura
à base de arroz integral
LS Guido, MLS Castro, C Bavaresco, RC Dias, DCN Lopes, EG Xavier.........................256
Uso de pigmentantes naturais em dietas com arroz
integral para codornas japonesas
BK Gomes, MLS de Castro, RC Dias, LDS Gguido, JS Júnior,
DCN Lopes, EG Xavier..........................................................................................................................260
Análise sensorial de ovos de codornas alimentadas com
farelo de arroz integral
AC Meggiato, E Gopinger, C Bavaresco, DV Garcia, IA Esrorino,
DCN Lopes, EG Xavier...........................................................................................................................264
Efeito do armazenamento do farelo de arroz integral no
desempenho de frangos de corte aos 21 dias de idade
DG Vasconcelos, E Gopinger, T Stefanello, IA Estorino, RC Dias,
DCN Lopes, EG Xavier, MC Elias......................................................................................................268
Urucum utilizado como pigmentante natural na dieta de
codornas alimentadas com arroz integral
RC Dias, MLS Castro, E Gopinger, AP Roll, C Bavaresco,
DCN Lopes, EG Xavier..........................................................................................................................275
Composição de ovos de codornas alimentadas com farelo
de arroz integral estabilizado com ácidos orgânicos
RC Dias, E Gopinger, C Bavaresco, BCK Gomes, DG Vasconscelos,
V Ziegler, EG Xavier................................................................................................................................279
Desempenho produtivo de codornas de postura alimentadas
com farelo de arroz integral com ou sem a adição de ácidos
orgânicos em diferentes tempos de armazenamento
SN da Silva, E Gopinger, RC Dias, AC Megiatto, BCK Gomes,
DCN Lopes, EG Xavier...........................................................................................................................283
Parâmetros sanguíneos em frangos de corte
suplementados com minerais orgânicos e vitamina E
C Sanfelice, AA Mendes, BB Martins, TC Trentin, EL Milbradt,
EF Aguiar, MRFB Martins, DM Rodrigues, ICL Almeida Paz............................................287
Avaliação das vísceras comestíveis de frangos de corte
aos 21 dias alimentados com farelo de arroz integral submetido
a diferentes períodos de armazenamento
IA Estorino, E Gopinger, TB Stefanello, SN Silva, C Bavaresco,
DCN Lopes, EG Xavier, VFB Roll......................................................................................................291
Histomorfometria intestinal de pintos de corte suplementados
com níveis crescentes de lisina digesível, provenientes de ovos
com mesmo peso e diferentes idades de matrizes
JH Stringhini, MB Café, JS Santos, TD Matias, MA Andrade,
TC Araújo, NLN Mendonça................................................................................................................295
Manejo de diferentes pesos iniciais de frangos de corte
Label Rouge visando a recuperação de desempenho
BC Morais, DA Netto, JR Alves, AC Manentti, AT Mundim,
MS Rosa, P Rocha, HJD Lima............................................................................................................298
Efecto de diferentes niveles de fibra cruda en la dieta sobre el
comportamento productivo de gallinas de postura comercial
en la segunda fase de produccion
E Salvador, B Huamaní, C Caballero, C Gallardo....................................................................301
Efecto de la relacion energia metabolizable: lisina en la dieta sobre
da respuesta productiva de pollitos de engorde en la fase pre-inicial
E Salvador, C Caballero, Y Loza, C Gallardo..............................................................................304
Feno de alfafa como pigmentante da gema de ovos de codornas
japonesas alimentadas com dietas contendo arroz integral
C Bavaresco, MLS Castro, E Gopinger, T Santos, DCN Lopes,
VFB Roll, EG Xavier..................................................................................................................................308
Qualidade da carne de codornas alimentadas com dietas
contendo farelo e óleo de canola
C Bavaresco, RC Dias, E Gopinger, PO Moraes, DCN Lopes,
VFB Roll, EG Xavier.................................................................................................................................312
Desempenho de frangos Label Rouge submetidos a
dietas com diferentes níveis de cevada
JR Alves, HJD’A Lima, DA Neto, MS Rosa, P Rocha, LGM Reginatto,
ALN Malhado, AC Manentti..............................................................................................................312
Características de carcaça de frangos Label Rouge alimentados
com diferentes níveis de cevada
DA Netto, JR Alves, BC Moraes, MS Rosa, LGM Reginatto,
DAN Junior, HJD Lima.........................................................................................................................315

Processamento
Analyses of different temperatures and immersion times in relation
to water absorption by broiler carcasses in the pre-cooling system
AR Bailone, RO Roça, RC Borra, M Harris...................................................................................319
Efeito da inclusão do bagaço de uva sobre o perfil lipídico, concentração
de ∂-tocoferol e estabilidade oxidativa do toucinho de suínos
BC Silveira-Almeida, TM Bertol, MCMM Ludke, JV Ludke,
DM Bernardi, A Coldebella................................................................................................................323
Qualidade de ovos provenientes de poedeiras criadas com galos,
em duas condições de armazenamento
GV Pereira, CS Tsuda, DCO Pereira, LC Demattê Filho........................................................327
Análise sensorial de kibes elaborados com codornas de descarte
e inclusão de diferentes níveis de bacon
TC Euzébio, SM Marcato, V Zancanela, CE Stanquevis,
DO Grieser, MLRS Franco....................................................................................................................331

Qualidade da carne de codornas de corte suplementadas com


níveis de vitamina A dos 14 aos 35 dias de idade
CA Stanquevis, AC Furlan, SM Marcato, V Zancanela, DO Grieser,
TC Euzébio, PM Ribeiro.......................................................................................................................334

Avaliação da influência dos diferentes manejos pré-abate sobre


a incidência de hematomas nas asas de frangos de corte
JI Pinto, A Oba, M Almeida, T Dornellas, AC Hoffmann, FR Bueno,
VP Granjo, L Bersot, FJDB Miranda, M Rufatto.......................................................................337

Perdas de asas decorrentes de diferentes fatores em planta frigorífica


JI Pinto, A Oba, M Almeida, ACF Assis, FR Bueno, JSP Ribas, L Bersot,
FJDB Miranda, BF Lucchesi, AF Silva............................................................................................340

Effect of density of nutrient diet on the incidence


of white striping (WS) in broiler breast
L Kindlein, L Gross, VP Nascimento, LE Moraes, RD Sainz, SL Vieira...........................344

Qualidade de carcaça e da carne em frangos de corte


suplementados com minerais orgânicos
C Sanfelice, SF Bilgili, JB Hess, BB Martins, ICL Almeida Paz...........................................348

Histomorfometria do músculo pectoralis major em


frangos de corte acometidos com Wooden Breast (WB)
L Gross, R Sesterhenn, TZ Ferreira, D Driemeier, SL Vieira, L Kindlein........................352

Qualidade de ovos com 10 dias e oviposto submetidos


a diferentes embalagens e temperatura
TB Amorim, A Potença, RA Martins, JN Leite, MG Ferrari, DR de Aquino,
DLQN Braga, MG Ferrari, CR Daniel, AC Manentti, LC de Albuquerque,
CMC Lamenha, ASA Assunção, W Bertoloni...........................................................................355
Qualidade de ovo com 17 dias de oviposto submetido
a diferentes temperaturas e embalagens
A Potença, RA Martins, JN Leite, MG Ferrari, TB Amorim,
DR Aquino, DLQN Braga, MG Ferrari, CR Daniel, AC Manentti,
LC Albuquerque, CMC Lamenha, W Bertoloni, A Sávio...................................................359
Qualidade de ovos de codorna comercializados no município de Cuiabá
LAZ Souza, HJD Lima, LGM Reginatto, ACS Martins, MM Fonseca............................363

produção
Avaliação de diferentes densidades populacionais sobre o
desempenho de poedeiras leves em fase de cria com 4 a 6
semanas de dade
A Romani, LSE Santo, JM Tavares, GSS Corrêa, JGC Junior, GMM Silva,
MA Oliveira, CFS Oliveira.....................................................................................................................368
Avaliação de diferentes densidades populacionais sobre o
desempenho de poedeiras leves em fase de recria com 7 a 9
semanas de idade
A Romani, LSE Santo, JM Tavares, GSS Corrêa, JGC Junior, GMM Silva,
BS Santos, FP Sartor................................................................................................................................372
Suplementação com vitamina D (25-OHD3) melhora a viabilidade
e a proporção de coração em frangos de corte
GAA Baldo, ICL Almeida Paz, EA Garcia, AB Molino, MS Amadori,
JA Vieira Filho, DS Souza, GS Prado, UA Generoso..............................................................376
Linhagem, sexo, peso e espondilolistese podem influenciar
a frequência de gait score em frangos de corte
ICL Almeida Paz, GAA Baldo, MS Amadori, EA Garcia, AB Molinho,
RG Garcia, JA Vieira Filho, FR Caldara, JN Sakoda.................................................................380
Effect of slaughter weight on growth performance and carcass
traits of immunologically castrated pigs fed ractopamine
TM Bertol, JI dos Santos Filho, A Coldebella, AL Marinho.............................................384
Desempenho de frangas comerciais submetidas
a métodos de debicagem
AB Molino, EA Garcia, R Albuquerque, JA Vieira Filho, GAA Baldo,
ICL Almeida Paz, DS Souza...............................................................................................................388
Métodos de debicagem para poedeiras e seus
efeitos na fase de produção
EA Garcia, TA Santos, K Pelícia, AB Molino, JA Vieira Filho ,
GAA Baldo, ICL Almeida Paz, DS Souza......................................................................................392
Concentrações de crioprotetores no congelamento de sêmen suíno
MQ Santos, M Schuch, P Moreira, B Hertzberg, MJ Flach, T Lucia Jr,
RG Mondadori, AD Vieira ,I Bianchi..............................................................................................396
Diferentes densidades e gaiola sobre o desempenho
de poedeiras em fase de recria
LSE Santo, A Romani, JMN Tavares, GSS Correa, GMM Silva,
FM Vieites, BS Vieira, AV Alves..........................................................................................................400
Desempenho de frangas comerciais leves submetidas
a diferentes densidades de produção
LSE Santo, A Romani, JMN Tavares, GSS Correa, GMM Silva,
FM Vieites, AR Arruda, FP Sartor.....................................................................................................403
Efecto de la suplementación con cantaxantina sobre las
características del semen de codorniz (coturnix coturnix japónica)
en condiciones de producción
RH García, RA Suárez, AG Wills.........................................................................................................406

sanidade
Ecobiologia de hemosporídeos em aves silvestres e domésticas
em povoados adjacentes ao sítio migratório de Panaquatira,
município de São José de Ribamar, MA, Brasil
JB Silva Filho, ACG Santos, FC Lima, FA Melo, CTR Improta, DP Rios,
PA Batista Filho, FHV Da Silva...........................................................................................................411
Detecção de Salmonella spp. em equipamentos de entreposto
de ovos comerciais através das técnicas de cultivo bacteriano e
PCR em tempo real
DM Cardoso, TD Matias, MA Andrade........................................................................................414
Presença de endoparasitos das famílias Eimeriidae e
Ascarididae em codornas japonesas na região metropolitana
do Vale do Rio Cuiabá, MT
MS Rosa, GMR Campos, MVS Camargo, MS Aquino, HJD Lima,
ALS Freitas, RC Pacheco, LAZ Souza.............................................................................................418

sustentabilidade
Gerador emergencial solar para pequenas propriedades rurais:
cogeração elétrica e térmica
LS Scartazzini, DE Zilio, A Migliavacca........................................................................................423
Avicultura e suinocultura como fontes de desenvolvimento
dos municípios brasileiros
JI dos Santos Filho, A Coldebella, GN Scheuermann, TM Bertol,
L Caron, DJD Talamini..........................................................................................................................427
Contribuição do drawback para a sustentabilidade
da cadeia produtiva de suínos do Brasil
DJD Talamini, GN Scheuermann, RA da Silva, JI dos Santos Filho,
VG de Carvalho.......................................................................................................................................431
Contribuição do drawback para a sustentabilidade da
cadeia produtiva de frangos do Brasil
DJD Talamini, GN Scheuermann, RA da Silva, JI dos Santos Filho.............................435
Artigos Técnicos
15 a 28
- 16 -

CONTROLES ANALÍTICOS NA CADEIA DE


FRANGOS, OVOS E SUÍNOS

JC de ANGELO*1
1
Zootecnista, Gerente Técnico de Aves e
Suínos do Grupo Guabi Nutrição e Saúde
Animal, Campinas/SP

O Brasil, um dos principais players no sorológicos e virológicos para identifi-


segmento de aves e suínos, difunde ino- car doenças e eficácia de vacinação. As
vação e tecnologia em todas as áreas validações concedidas possibilitam que
do ciclo de produção. O país tem foco as proteínas, de origem animal, sejam
multidisciplinar e possui estratégias re- colocadas na mesa dos consumidores
conhecidas de controles sanitários, que com qualidade e segurança.
visam atender as rigorosas barreiras
fitossanitárias internacionais, criar con- Em todas as fases produtivas, há muitas
dições para o crescimento sustentável variáveis que devem ser avaliadas, ana-
e prover proteínas globalmente, o que lisadas, conhecidas, controladas e cor-
torna esta cadeia um dos principais pi- rigidas, pois a agroindústria necessita
lares da economia brasileira. ter um panorama completo das áreas
produtivas. Em adição, necessita aplicar
Dentro deste setor produtivo merece medidas corretivas eficazes e assertivas
ser ressaltada a importância dos Labo- para construir índices zootécnicos po-
ratórios na construção da confiabilida- tencializados, otimizar a lucratividade,
de na cadeia tecnológica de produção perenidade e crescimento da empresa.
animal. Estes contribuem de forma
ampla fornecendo laudos técnicos de Os níveis de controles analíticos aplicados
controles físico-químicos, bromatoló- para garantir a rastreabilidade, atender as
gicos, microbiológicos, ausência de re- instruções normativas (IN´s) e segurança
síduos e contaminantes, diagnósticos do produto final são utilizados em todo

Anais SIAVS 2015 - Controles analíticos na cadeia de frangos, ovos e suínos


- 17 -
processo produtivo, como nas áreas de As informações dos resultados ana-
nutrição, maternidade, incubatórios, gran- líticos permitem ao nutricionista ali-
jas e frigoríficos, o monitoramento minu- mentar de forma precisa seu sistema
cioso destes elos da cadeia são primor- de formulação, com devida precisão,
diais para alcançar a eficácia desejada nos acurácia e segurança. Na sequência, é
vários processos envolvidos. Dentro deste fundamental realizar a análise do pro-
contexto a nutrição representa aproxima- duto acabado para checar se os níveis
damente 65% dos custos de produção e nutricionais previamente definidos são
esta área exerce papel fundamental para obtidos ao final do processo. Estes pro-
o máximo aproveitamento do potencial cedimentos permitem garantir que não
genético das aves e suínos. houve variações nos níveis nutricionais
oriundas da inclusão, mistura e/ou pro-
Dentre as ferramentas disponíveis, na cessamento.
busca da nutrição de precisão, merece
destaque os controles das matérias-pri- Dentro deste contexto, os micro-ingre-
mas (MP´s). Por meio destes controles dientes como as vitaminas, minerais, su-
é possível monitorar a qualidade físi- cedâneos lácteos e aditivos, que farão
co-química, sendo que as análises bro- parte do “premix” e “núcleo” devem re-
matológicas (proteína, extrato etéreo, ceber especial atenção e requerem mo-
cálcio, fósforo, fibra, umidade e ácidos nitoramento analítico. É necessário mo-
graxos) e perfis de aminoácidos (me- nitorar os lotes de vitaminas, minerais,
tionina, lisina, treonina, triptofano e de- aminoácidos, melhoradores de desem-
mais aminoácidos) são determinantes penho, anticoccidianos, antioxidantes,
para estabelecer ou corrigir as matrizes sucedâneos lácteos, antibióticos, enzi-
nutricionais dos ingredientes. São es- mas e demais aditivos para checar se os
tes resultados analíticos que validam a níveis de garantia e os limites aceitáveis
composição química de lotes de ingre- de metais pesados estão dentro dos pa-
dientes de origem vegetal e animal uti- drões permitidos. Por fim, estes “premi-
lizados na composição de rações. xes” e “núcleos” são igualmente respon-
sáveis pelo êxito das fórmulas enviadas
Partindo do princípio que há grande va- para as fábricas de rações e, juntamente
riabilidade nutricional nos ingredientes com os macro-ingredientes (fonte de
de origem vegetal ou animal, controles energia, proteína, fibra, cálcio, fósforo e
por lote são fundamentais. Dependen- sódio) compõem a responsabilidade
do da origem, forma de produção, da pelo retorno em desempenho zootéc-
adubação ou extração, as MP´s podem nico e garantia do bom status sanitário.
apresentar níveis nutricionais diferen-
tes do “standard” de recebimento. Estas As análises para controle de micotoxinas
variações podem provocar desvios nos (aflatoxinas, fumonisinas, zearalenona, tri-
níveis nutricionais e desempenho zoo- cotecenos e ocratoxina) são fundamen-
técnico, caso o monitoramento técnico tais para assegurar à qualidade do lote
não seja assíduo. de matérias primas recebidas e da ração

Anais SIAVS 2015 - Controles analíticos na cadeia de frangos, ovos e suínos


- 18 -
produzida. Esta classe de contaminação Destaque especial deve ser dado para
proporciona grandes perdas econômicas as análises de detecção de resíduos quí-
em função de causarem redução no ga- micos em carnes, ovos e leite. O uso de
nho de peso, piora da conversão alimentar, antimicrobianos para animais de pro-
desuniformidade nos lotes, imunossupres- dução tem sido motivo de preocupa-
são, incidência de hemorragia petequiais e ção quanto à segurança alimentar por
hematomas, problemas de qualidade na parte da opinião pública, em função
casca dos ovos, queda de postura, eclodi- dos possíveis riscos da presença de re-
bilidade e problema reprodutivo nas ma- síduos destes compostos nos alimentos
trizes suínas. Contudo, o monitoramento em níveis prejudiciais à saúde humana
analítico proporciona condições para o ou que possam sugerir indução de re-
nutricionista elaborar um planejamento sistência bacteriana.
estratégico com medidas efetivas para mi-
tigar o impacto das micotoxicoses. A comprovação que não há violações
nos níveis aceitáveis de resíduos é fato
As análises de MP´s são um dos prin- chave para evitar embargos a carne
cipais pontos a serem observados no brasileira ou desconfianças no merca-
setor da nutrição animal, pois além de
do interno. A saúde dos consumidores
qualificar a composição química, possi-
está relacionada com a segurança na
bilitam verificar a pureza, sejam elas de
qualidade desses alimentos, sendo fun-
natureza orgânica ou inorgânica.
damental garantir que a quantidade de
Dentro de todo o ciclo de produção, resíduos presentes nos produtos deri-
desde o recebimento das MP´s, aloja- vados de animais medicados com pro-
mento das aves ou suínos, das fases dutos farmacêuticos de uso veterinário
de produção até o abate, os controles seja menor do que os valores de limites
analíticos se fazem presentes por meio máximos de resíduos (LMR) estabeleci-
de análises imprescindíveis. Tais análises dos para cada princípio ativo específico.
permitem verificar a presença de mi-
crorganismos patogênicos (Salmonella Entende-se por LMR de um fármaco, ou
spp, Clostrium perfrigens, Escherichia de seus metabólitos, a concentração
coli, Stapylococcus aureus, Psedoumo- máxima de resíduos considerada segu-
nas aeruginosa, Enterobactérias, Ba- ra à saúde dos consumidores, preconi-
cillus, Micoplasma, Coliformes Totais, zada pelas agências regulatórias - como
bactérias, bolores e leveduras, entre ou- o Codex alimentarius, Agência Européia
tros) por meio do diagnóstico laborato- (EMEA) e Agência Japonesa (Japan Po-
rial microbiológico, determinados por sitive List - JPL), assim atendendo as le-
avaliações bacteriológicas, sorológicas, gislações vigentes. Com base nos resul-
micológicas, virológicas e biológicas tados dos LMR, o período de carência
moleculares com objetivo de garantir a pode ser determinado para o abate de
sanidade do plantel e a segurança ali- animais medicados, destinados ao con-
mentar do consumidor. sumo humano.

Anais SIAVS 2015 - Controles analíticos na cadeia de frangos, ovos e suínos


- 19 -
Em recente Workshop em Chapecó/SC, É fundamental que estes resultados e
sobre Resíduos Químicos em Produtos laudos sejam emitidos por um labora-
Cárneos, as principais moléculas eleitas tório respeitado no mercado, creden-
de interesse para pesquisa na cadeia de ciado no MAPA, habilitado na Rede
Suínos foram as beta-agonista, antimi- Brasileira de Laboratórios Analíticos em
crobiano, antiparasitário, contaminan- Saúde, PNCRC (Programa Nacional de
tes inorgânicos, sulfonamidas e dioxina. Controle de Resíduos e Contaminantes)
Em Avicultura, as que receberam maior e que faça parte de programas interla-
interesse foram os anticoccidianos, an- boratoriais.
timicrobiano, contaminantes inorgâni-
A avicultura e suinocultura evoluíram
cos, roxarsone, antiparasitário (benzimi-
muito nas últimas duas décadas, sus-
dazois), dioxina e organoclorados.
tentada pelas áreas de genética, nutri-
Neste sentido, se torna cada vez mais ção, manejo e ambiência. Porque não
importante o segmento contar com incluir o setor Laboratorial pela primeira
Laboratórios credenciados para deter- vez neste conjunto de fatores de suces-
minações de resíduos químicos dentro so? Deixo esta reflexão para os envolvi-
do Plano Nacional para Controle de Re- dos nesta inovadora instituição Aves&-
síduos (PNCRC) do MAPA, bem como Suínos.
atender às mais exigentes normas inter-
Os laudos analíticos não devem sim-
nacionais, empregando metodologias
plesmente fazer parte dos controles,
aceitas e reconhecidas pelos principais
mas sim, serem explorados de forma
órgãos reguladores internacionais (FDA,
estratégica ao longo de toda a cadeia
EMEA, CODEX e FAO), incluindo o méto-
de produção.
do multirresíduos.
Concluindo, a indústria de carne, ovos e
É de responsabilidade do segmento
leite sempre precisará de competência
laboratorial produzir laudos analíti-
técnica, rigor científico, agilidade nos re-
cos seguros e confiáveis, por meio das
sultados, infraestrutura tecnológica de
qualificações dos seus profissionais,
ponta e segurança para o levantamento
infraestrutura e tecnologias emprega-
de informações das características mi-
das. Na área de nutrição e frigoríficos é
crobiológicas, nutricionais, patológicas
possível contar com tecnologias como: e sanitárias para tomada de decisões,
NIR´s, Cromatografia em Fase Gasosa e assim estes laudos analíticos são ferra-
Líquida, Espectrometria de Massa aco- mentas imprescindíveis para medidas
plada ao HPLC e Plasma Induzido. Estes assertivas no processo produtivo.
laudos subsidiam Agroindústria e são
instrumentos obrigatórios nas tomadas Estamos prontos para atender as de-
de decisão nos pontos críticos de con- mandas do setor e contribuir para o seu
trole, ou melhor, nos “fatores críticos de progresso em todas as áreas produtivas
sucesso”. e devemos trabalhar cada vez mais para

Anais SIAVS 2015 - Controles analíticos na cadeia de frangos, ovos e suínos


- 20 -
manter o status sanitário alcançado e tantes destas cadeias produtivas bra-
nos preocuparmos com a manuten- sileiras referenciadas como sinônimo
ção desta liderança nas exportações de qualidade no mundo, pois a defesa
do complexo das carnes “Aves e Suínos”, destes interesses deve ser tratada como
conquistadas “a duras penas”.
uma questão de segurança nacional
Desta forma, juntos em prol de um ob- por conta de sua importância à econo-
jetivo comum, tornar os produtos resul- mia brasileira.

Anais SIAVS 2015 - Controles analíticos na cadeia de frangos, ovos e suínos


- 21 -

Como criar um programa de vacinação no


incubatório de boa qualidade?

Stephane Lemire
Gerente de Produto de Avicultura/Merial

Resumo
A associação de vacinas deve ser feita
A imunossupressão, com frequência
de forma que o programa estabeleci-
observada na avicultura comercial, se
do para o incubatório esteja de acordo
deve a muitos fatores; estes incluem,
com o histórico da área em termos de
porém não se limitam, às doenças de
desafio microbiológico e estimativa de
origem viral. Perdas econômicas signifi-
risco epidemiológico.
cativas são frequentemente atribuídas à
imunossupressão, e a obtenção de uma
sólida base imunitária não apenas forta-
lece o sistema imune, como estabelece 1. Introdução
barreiras nas vias de infecção utilizadas O objetivo deste boletim informativo é
por patógenos. Ao planejar um progra- divulgar formas de estabelecer progra-
ma de vacinação para o primeiro dia de mas de vacinação tanto para aves de
vida, deve-se estudar a compatibilidade corte como para matrizes e poedeiras.
entre vacinas para que as associações
sejam feitas corretamente. Ao fazer de Atualmente, a tendência é que diver-
VAXXITEK HVT+IBD o principal compo- sas vacinas, anteriormente aplicadas no
nente do programa de vacinação no campo, migrem para o incubatório. A
incubatório, o sistema imune da ave vacinação no incubatório pode ser feita
estará apto a receber outras vacinas de in ovo, aos 18 dias de incubação, ou ao
forma concomitante ou subsequente. primeiro dia de vida.

Anais SIAVS 2015 - Como criar um programa de vacinação no incubatório de boa qualidade?
- 22 -
O uso de vacinas vetoriais aumenta sa. Estes vírus são conhecidos por cau-
constantemente em programas de sar efeitos deletérios diretamente no
vacinação no incubatório. Vacinas que sistema imune, desta forma, aumentan-
têm HVT como base, protegendo con- do a suscetibilidade da ave a outras do-
tra a Doença de Marek (MD) e contra enças, e interferindo na resposta vacinal.
outras doenças de origem viral, tais
como Gumboro (IBD), Newcastle (ND),
ou Laringotraqueíte infecciosa (ILT). 2.2. Consequências da
Programas de vacinação no incuba- Imunossupressão
tório podem contar com a tecnologia Em aves imunossuprimidas, a resposta
de equipamentos que administram in vacinal pode ser diminuta, e pode no-
ovo ou fazer uso de vias convencionais, tar-se a presença de reações pós-vaci-
como spray, gota ocular, ou injeções nais exacerbadas após a administração
subcutâneas. Nem todas as vacinas exis- de vacinas vivas contra doenças do
tententes podem ser administradas no trato respiratório. Infecções bacterianas
incubatório, porém, a tendência é que secundárias podem ocorrer, tratando-se
cada vez mais vacinas sejam licenciadas, frequentemente de E. coli (2), o que re-
de forma que a demanda seja suprida. quer tratamento antibiótico.

2.3. Prevenindo a
2. Imunossupressão
A imunossupressão acomete ambientes Imunossupressão
de produção avícola devido à exposição a A prevenção de perdas econômicas
fatores estressantes e doenças infecciosas está diretamente relacionada ao con-
que prejudicam a imunidade, bem como trole da imunossupressão na produção
comprometem o estado geral e a perfor- avícola, especialmente em se tratando
mance da ave. Múltiplos fatores estressan- de frangos de corte (3). Diminui-se a
tes no ambiente de produção, incluindo mortalidade, melhora-se o desempe-
doenças de origem viral, são nocivos ao nho, e a produção é impactada positi-
sistema imunitário. As principais consequ- vamente com o abate de aves com me-
ências disto são perdas econômicas. nos problemas de saúde.

2. Base Imunitária
2.1. Causas de
A presença de uma base imunitária
Imunossupressão sólida não apenas reforça o sistema
Dentre as causas de imunossupressão imunitário, mas também faz com que
na avicultura, destacam-se o vírus de sejam estabelecidas barreiras nas vias
Gumboro, Marek e da Anemia Infeccio- de infecção mais comuns. O primeiro

Anais SIAVS 2015 - Como criar um programa de vacinação no incubatório de boa qualidade?
- 23 -
passo é fazer uso de programas de demonstrativas do benefício causado
vacinação de matrizes, que proporcio- por VAXXITEK HVT+IBD (4).
nam proteção passiva à progênie. O
segundo passo é proteger as aves em 2.2. Interação bem
crescimento contra as doenças imu- sucedida com outras
nossupressoras e suas consequências
vacinas
econômicas (3). A base imunitária con-
tra as doenças de Marek e Gumboro, as Ao examinar a eliminação de vacinas
principais causas de imunossupressão vivas contra bronquite percebe-se mais
de origem viral, é melhor induzida uma vantagem de caráter protecional
quando se faz vacinação precoce, ou para VAXXITEK HVT+IBD. Aves vacinadas
com VAXXITEK HVT+IBD apresentaram
seja, em presença dos anticorpos ma-
bolsas intactas com detecção signifi-
ternais. Um conceito singular em vaci-
cativamente menor do vírus causador
nação foi introduzido a nível global no
da Bronquite Infecciosa (IB) em órgãos
ano de 2006: a injeção, feita in ovo, ou
-alvo do vírus. Outros grupos de aves
ao primeiro dia de vida, da vacina ve-
vacinadas no mesmo experimento
torial com base na cepa HVT: VAXXITEK
apresentaram atrofia de bolsa e taxas
HVT+IBD.
maiores de re-isolamento de vírus vaci-
nais da IB. Isto reflete a importância da
integridade da bolsa quando na elimi-
2.1. Protegendo a função nação de vírus vacinais (5).
imunológica
A bolsa de Fabrícius é o principal pilar
da imunidade da ave. É o local de ori- 3. Compatibilidade de
gem de linfócitos B e plasmócitos que VAXXITEK HVT+IBD e outras
produzem anticorpos. Quando a bolsa
vacinas
é lesionada, ocorre depressão no siste-
ma imune. Geralmente, estas lesões são Ao definir um programa de vacina-
atribuídas ao vírus de Gumboro. O vírus ção, deve-se obter informações sobre
de Marek também pode prejudicar a a compatibilidade entre vacinas. Ao
bolsa e causar imunossupressão (1). As conhecer estes estudos, associações
primeiras lesões notadas em casos de vacinais podem ser feitas com maior
Gumboro e de Marek têm aparência segurança.
muito semelhante. O uso de VAXXITEK 3.1. Com esquemas de vacinação contra
HVT+IBD protege consideravelmente a a Doença de Marek
saúde da bolsa, com resultados mensu-
ráveis na imunidade humoral e nos lin- A compatibilidade entre VAXXITEK HV-
fócitos B circulantes e intra-bolsais. Me- T+IBD e vacinas contra a Doença de
didas indiretas, como o monitoramento Marek cepa Rispens é possível e foi de-
da vacinação contra ND, também são monstrada (6) (Tabela 1).

Anais SIAVS 2015 - Como criar um programa de vacinação no incubatório de boa qualidade?
- 24 -
3.2. Com vacinas 4.1. Com vacinas HVT
contra Bouba Aviária, Vacinas vetoriais HVT-IBD não devem ser
convencionais ou associadas a outras vacinas utilizando a
cepa HVT, uma vez que ambas as cepas
vetoriais
vacinais competirão entre si, in vivo, cau-
A compatibilidade entre VAXXITEK HV- sando diminuição na resposta vacinal (ve-
T+IBD e vacinas vetoriais contendo rificado em estudos internos da Merial). O
Bouba e Influenza Aviária também foi mesmo ocorre para vacinas HVT + Rispens,
demonstrada (7) (Tabela 1). assim como para HVT + SB-1 (Tabela 3).

3.3. Com vacinas vivas 4.2. Com vacinas vetoriais HVT


contra afecções Vacinas vetoriais HVT-IBD não devem
respiratórias ser associadas a outras vacinas vetoriais
utilizando a cepa HVT. Vacinas HVT+ND,
A compatibilidade entre VAXXITEK HV-
por exemplo, que possuam inserção
T+IBD e a administração no incubató-
gênica na proteína F (verificado em es-
rio de vacinas vivas contra as principais
tudos internos da Merial). Também não
afecções respiratórias presentes na avi-
se deve associar HVT-IBD com vacinas
cultura também foi demonstrada (8)
contra LTI com inserção gênica de gli-
(Tabela 2).
coproteínas virais (Tabela 3).

5. Programas vacinais
3.4. Com vacinas “à la carte” utilizando
inativadas com adjuvante VAXXITEK HVT+IBD
oleoso Ao fazer de VAXXITEK HVT+IBD a base
A compatibilidade entre VAXXITEK HV- de um programa vacinal, o sistema imu-
T+IBD e vacinas inativadas, com ad- ne será preparado para receber outras
juvante oleoso, contra a Doença de vacinas de forma concomitante ou adi-
Newcastle também foi demonstrada (9) cional. A arte de combinar vacinas em
(Tabela 2). um programa de incubatório deve estar
de acordo com o histórico da produção
4. Incompatibilidades de referente ao desafio na área e estimati-
VAXXITEK HVT+IBD
va de riscos epidemiológicos correntes.
Pode-se fazer uso de mais de uma va-
cina com vetores HVT concomitante-
mente no incubatório, todavia, o prin- 5.1. Matrizes
cipal problema é a incompatibilidade O programa de vacinação tendo como
entre elas. base a VAXXITEK HVT+IBD é válido em

Anais SIAVS 2015 - Como criar um programa de vacinação no incubatório de boa qualidade?
- 25 -
âmbito mundial. A administração de aves de ciclo curto, e proteção da bolsa
VAXXITEK HVT+IBD in ovo ou ao pri- de Fabricius. Desta forma, o benefíco é
meiro dia de vida pode ser associada à demonstrado através do melhor con-
aplicação de outros sorotipos vacinais trole de infecções bacterianas secundá-
contra a Doença de Marek, como SB-1 e/ rias no ambiente de produção, e conse-
ou Rispens. VAXXITEK HVT+IBD é usada quentes menores taxas de condenação
como primer para imunizar, associando à no abate (12), ou do uso decrescente de
revacinação recomendada, com vacinas antibióticos na produção (13).
inativadas contra IBD, antes da postura.
Dois principais objetivos são alcançados:
proteção contra IBD durante o período
5.3. Poedeiras
de maior risco (recria) e priming, de for-
ma a otimizar a produção de anticorpos O programa de vacinação de poedeiras
contra IBD e transmissão destes à progê- baseado em VAXXITEK HVT+IBD foca na
nie para obtenção de imunidade passiva imunização contra Marek e Gumboro
(10). Manejo e arraçoamento são fatores ao primeiro dia de vida, devendo ser
indispensáveis para o sucesso em uma complementada com outra vacina de
produção de matrizes; o impacto gerado diferente sorotipo de Marek (por exem-
pelo sistema de arraçoamento, progra- plo, Rispens). O maior benefício relacio-
mas de vacinação contra Salmonella En- nado à utilização VAXXITEK HVT+IBD
teritidis e eliminação de E. coli é mínimo em poedeiras é a proteção à funcionali-
quando na utilização de VAXXITEK HV- dade do sistema imune e a indução de
T+IBD + SB-1 (11). resposta por parte de anticorpos contra
os componentes cruciais do programa
vacinal que visa a melhor produção de
ovos (por exemplo, a doença de New-
5.2. Frangos de Corte castle, Síndrome da Queda de Postura,
Programas de vacinação para frangos Bronquite Infecciosa) (14). O benefício é
de corte que têm como base a aplica- demonstrado através do aumento sig-
ção de VAXXITEK HVT+IBD focam no nificativo da produção de ovos, além da
impedimento da ocorrência de efeitos melhora na qualidade da casca, quan-
imunossupressores causados pelas do- do compara-se VAXXITEK HVT+IBD com
enças de Marek e Gumboro. O tipo de vacinas clássicas contra IBD utilizando
produção e desafio local pode deman- vírus vivo modificado (15).
dar a utilização de mais uma cepa, a
exemplo da Rispens, para a prevenção
da Doença de Marek. A vacinação com
5.4. Ênfase na prevenção
VAXXITEK HVT+IBD proporciona o de-
sencadeamento precoce da proteção da Doença de Newcastle
contra IBD, e, consequentemente, pro- Programas de vacinação em países nos
teção precoce para o sistema imune em quais a forma velogênica do vírus de

Anais SIAVS 2015 - Como criar um programa de vacinação no incubatório de boa qualidade?
- 26 -
Newcastle é endemica, a aplicação de os dois tipos de vacinas, o que é de-
VAXXITEK HVT+IBD e vacina inativada monstrado indepenedentemente do
contra ND com adjuvante oleoso é re- sistema de injeção (9). O principal bene-
comendada. As vacinas não são miscí- fício de tal associação feita no incubató-
veis, mas podem ser administradas no rio é a melhor absorção da vacina con-
mesmo momento, ao primeiro dia de tra Newcastle, resultado da utilização de
vida. Existe total compatibilidade entre VAXXITEK HVT+IBD (14).

Referências bibliográficas
1. Hoerr FJ. Clinical Aspects of Immunosuppres- and Complicating Pathogens. Rauischholzhau-
sion in Poultry. Avian Dis., 2010; 54:2-15. sen, Germany, 2012; p151-154.
2. Fussell LW. Poultry Industry Strategies for Con- 6. Lemiere S, Wong YS, Saint-Gerand AL, Goute-
trol of Immunosuppressive Diseases. Poult. Sci., broze S, le Gros FX. Compatibility of Turkey Her-
1998; 77:1193-1196. pesvirus–Infectious Bolsal Disease Vector Vaccine
3. Naqi S, Thompson G, Bauman B, Mohammed H. with Marek’s Disease Rispens Vaccine Injected
The Exacerbating Effect of Infectious Bronchitis into Day-Old Pullets. Avian Dis., 2011; 55:113-118.
Virus Infection on the Infectious Bolsal Disease 7. Richard-Mazet A, Goutebroze S, Duboeuf M,
Virus-Induced Suppression of Opsonization by Le Gros FX, Lemiere S, Bublot M. Compatibility
Escherichia coli Antibody in Chickens. Avian Dis., of fowlpox-avian influenza and herpesvirus of
2001; 45:52-60. turkey-infectious bolsal disease vector vaccines
4. Rautenschlein S, Lemiere S, Simon B, Prandini F. injected in ovo to embryonated chicken eggs.
A comparison of the effects on the humoral and Article. XVIIth Congress of the World Veterinary
cell-mediated immunity between an HVT-IBD Poultry Association, Cancun, Mexico, 2011; p852-
vector vaccine and an IBDV immune complex 857.
vaccine after in ovo vaccination of commercial 8. Jay ML, Bizzini S, Duboeuf M, Goutebroze S, Le-
broilers. Article. XVIIth Congress of the World Gros FX. Compatibility of a novel vector vaccine
Veterinary Poultry Association, Cancun, Mexico, HVT-Gumboro with Newcastle and infectious
2011; p830-843. bronchitis vaccination at one day of age. Abstract.
5. Ganapathy K, Wilkins M, Forrester A, Lemiere 16th congress of the World Veterinary Poultry As-
S, Jones R. The influence of bolsa of Fabricius on sociation, Marrakesh, Morocco, 2009; p341.
infectious bronchitis vaccination in commercial 9. Lemiere S, Fernandez R, Pritchard N, Cruz-Coy
broiler chicks. Article. 7th International Sympo- J, Rojo F, Wong SY, Saint-Gerand AL, Gauthier JC,
sium on Avian Corona- and Metapneumoviruses Perozo F. Concomitant Turkey Herpesvirus–Infec-

Anais SIAVS 2015 - Como criar um programa de vacinação no incubatório de boa qualidade?
- 27 -

tious Bolsal Disease Vector Vaccine and Oil-Ad- tion parameters and meat properties in broilers.
juvanted Inactivated Newcastle Disease Vaccine Abstract. XVIIIth Congress of the World Veterinary
Administration: Consequences Compatibility of Poultry Association, Nantes, France, 2013; in-press.
Turkey Herpesvirus–Infectious Bolsal Disease. 13. Lemiere S, Rojo R, He S, Tang S, Li W, Herrmann
Avian Dis., 2011; 55:642-649. A, Prandini F. Benefits of the Herpesvirus of Turkey
10. Lemiere S, Gauthier J.C., Kodjo A., Vinit L., Del- vector vaccine of Infectious Bolsal Disease in
vecchio A., Prandini F. Evaluation of the Protection control of immune-depression in broilers and de-
against Infectious Bolsal Disease (IBD) Challenge crease of use of antibiotic medication. Abstract.
in Progeny Born to Parents Having Received XVIIIth Congress of the World Veterinary Poultry
a Vaccination Program Using a Herpesvirus of Association, Nantes, France, 2013; in-press.
Turkey-Infectious Bolsal Disease (HVT-IBD) Vector 14. Rautenschlein S, Lemiere S, Prandini F. Evalua-
Vaccine. World J. Vaccines, 2013; 3:46-51. tion of the effects of an HVT-IBD vector vaccine
11. Montiel ER, Buhr RJ, Cox NA, Hofacre CL, Davis on the immune system of layer pullets in com-
AJ, McLendon BL, Lemiere S, Wilson JL. Impact of parison with two commercial live IBD vaccines.
feeding systems and vaccination programs on Abstract. XVIIIth Congress of the World Veteri-
Salmonella enteritidis colonization and clearance nary Poultry Association, Nantes, France, 2013;
of E. coli in broiler breeder pullets. Abstract. XVIII- in-press.
th Congress of the World Veterinary Poultry Asso- 15. Devaud I, Herin JB, Trotel A, Pagot E, Voisin F. A
ciation, Nantes, France, 2013; in-press. field study in commercial layers to evaluate the
12. Alonso Castro M, Merino Cabria D, Fernandez effects of an HVT-IBD vector vaccine on produc-
Garcia D, Torrubia Diaz J, Herreras Viejo R, Fernan- tion performances in comparison with a live IBD
dez Revuelta J, Mateo Oyague J, Carvajal Uruena vaccine. Abstract. XVIIIth Congress of the World
A. Evaluation of the effects of vaccination with a Veterinary Poultry Association, Nantes, France,
HVT-IBD vector vaccine on bolsa Fabricii, produc- 2013; in-press.

Anais SIAVS 2015 - Como criar um programa de vacinação no incubatório de boa qualidade?
- 28 -

SAME MAREKS DILUENT


Serotype 1 Mareks vaccines, Rispens strains

SAME MAREKS DILUENT


Serotype 2 Mareks vaccines, SB-1 strains
VAXXITEK HVT+IBD
Immune foundation
SAME MAREKS DILUENT
Fowlpox vaccines
SAME MAREKS DILUENT
Fowlpox vector vaccines
FP AIV-H5, etc.
Tabela 1: Poultry hatchery vaccine most commonly recommended associations – miscible vacci-
nes with VAXXITEK HVT+IBD.

SPRAY CABINET
Live respiratory vaccines
Newcastle disease vaccines
VAXXITEK HVT+IBD IB vaccines, etc.
Immune foundation ON-MISCIBLE VACCINE INJECTIONS
Inactivated in oil adjuvant vaccines
Newcastle disease
Avian influenza, etc.
Tabela 2: Poultry hatchery vaccine most commonly recommended associations – non miscible
vaccines with VAXXITEK HVT+IBD.

SAME MAREKS DILUENT


HVT serotype 3 vaccines

SAME MAREKS DILUENT


HVT + Rispens vaccines

VAXXITEK HVT+IBD SAME MAREKS DILUENT


Immune foundation HVT + SB-1 vaccines

SAME MAREKS DILUENT


HVT-ILT vector vaccines

SAME MAREKS DILUENT


HVT-ND vector vaccines
Tabela 3: Poultry hatchery vaccine forbidden associations.

Anais SIAVS 2015 - Como criar um programa de vacinação no incubatório de boa qualidade?
Palestras
29 a 185
- 30 -

Adequações da indústria brasileira


de frangos de corte às exigências de
bem-estar animal do mercado:
ênfase em normas privadas

Ana Paula de Oliveira Souza*


Laboratório de Bem-estar Animal,
Universidade Federal do Paraná;
Médica Veterinária, Esp., MSc.

INTRODUÇÃO
Os dados da Organização das Nações animal no país, e a obtenção de tais in-
Unidas para Agricultura e Alimentação formações parece não ser simples (ITAVI,
indicam que a população mundial de 2012). As regulamentações em bem-es-
aves de produção é de aproximada- tar animal no Brasil estão mais desen-
volvidas nos processos de abate, como
mente 23,4 bilhões de animais (FAO,
a IN 3/2000 do Ministério da Agricul-
2013). Segundo a Associação Brasileira
tura, Pecuária e Abastecimento (MAPA,
de Proteína Animal, o Brasil se man-
2000). A IN 56/2008 do MAPA (2008)
tém como maior exportador e terceiro
estabelece os procedimentos gerais
maior produtor mundial de carne de
de recomendações de boas práticas de
frango, atrás de China e Estados Unidos bem-estar para animais de produção
(ABPA, 2014). De toda a produção do e de interesse econômico, no entanto
Brasil, um volume de aproximadamente sem especificidade para cada cadeia
68% é destinado ao consumo interno produtiva no âmbito da propriedade
e 32% para exportações, no entanto as rural. Além disso, a informação técnica
exigências de mercados externos apre- disponível sobre o grau de bem-estar
sentam alta relevância na cadeia produ- de frangos de corte no nosso país é es-
tiva brasileira. Devido ao destaque do cassa. O bem-estar animal é um assun-
Brasil na produção mundial de carne de to emergente na América Latina devido
frango, alguns mercados externos bus- ao impacto na saúde animal, comércio
cam conhecer as condições de criação internacional, viabilidade econômica

Anais SIAVS 2015 - Adequações da indústria brasileira de frangos de corte às exigências de bem-estar...
- 31 -
industrial e percepção dos consumido- mento de frangos de corte (EUROPEAN
res (TADICH; MOLENTO; GALLO, 2010). COMMISSION, 2007) e as que proibiram
Parece consenso que o bem-estar ani- tanto o uso de gaiolas em baterias para
mal (BEA) será um assunto de crescente poedeiras (EUROPEAN COMMISSION,
importância no comércio internacional 2003) como o uso de celas de gestão
(RUSHEN; BUTTERWORTH; SWANSON, em suínos (EUROPEAN COMMISSION,
2011). Uma vez que a forma de criação 2001). Neste cenário, é crescente a pre-
pode influenciar o comportamento ocupação dos produtores locais da UE
de compra dos consumidores, a cer- com relação à competitividade de seus
tificação em bem-estar tem sido usa- produtos frente àqueles oriundos de pa-
da como atributo de qualidade pelas íses com menor regulamentação de BEA
empresas, sendo que redes varejistas (FIBL, 2010; VAN HORNE; BONDT, 2013).
e empresas de alimentação têm de-
senvolvido estratégias para promover Segundo o levantamento da Prote-
e defender padrões de BEA em seus ção Animal Mundial, o Brasil recebeu a
produtos (MAIN, 2008). O Brasil tem classificação C em uma avaliação sobre
demonstrado disposição e capacidade proteção animal, onde A é a melhor e G
para atender às exigências estrangeiras, é a pior condição (WPA, 2014). No item
incluindo as europeias (BRACKE; HOR- específico sobre leis de proteção foram
NE; FIKS, 2009). Desta forma, este texto feitas considerações sobre a necessida-
visa discutir o bem-estar de frangos de de de mais detalhamento na legislação
corte no Brasil sob os aspectos da situa- brasileira para aumentar seu potencial
ção atual e das exigências do mercado. na proteção animal, sendo consonante
com o resultado de outros trabalhos
nacionais e internacionais (FIBL, 2010;
SILVA; NÄÄS; MOURA, 2009; VAN HORNE;
DISCUSSÃO
ACHTERBOSCH, 2008). Sem um emba-
Contextualização samento técnico disponível, a inter-
As discussões sobre bem-estar de ani- pretação internacional sobre o BEA no
mais de produção são crescentes no ce- Brasil permanece excessivamente vul-
nário mundial. Nas duas últimas décadas nerável à influência do peso econômico
os países da União Europeia (UE) têm da questão. O resultado disso pode ser
sofrido pressões dos consumidores para prejudicial para o país, que acaba tendo
melhorar o grau de BEA, e essa pressão o BEA deduzido a partir do número de
tem se traduzido em regulamentações publicações e normatizações encontra-
mais restritivas e na exigência de redes das ou de fato compreendidas. Como
varejistas para que os produtores sejam exemplo, observa-se esta citação de Van
certificados em algum protocolo que in- Horne & Bondt (2013): “No Brasil não há
clua BEA (INGENBLEEK et al., 2012). Como muita informação disponível sobre bem
exemplo, cita-se a regulamentação euro- -estar animal uma vez que este assunto
peia que limitou a densidade de aloja- não recebe muita atenção no país”.

Anais SIAVS 2015 - Adequações da indústria brasileira de frangos de corte às exigências de bem-estar...
- 32 -
Bem-estar de frangos de ropeia e contempla medidas dentro de
corte no Brasil quatro princípios fundamentais de BEA:
boa alimentação, bom alojamento, boa
Recentes trabalhos começaram a escla-
saúde e comportamento apropriado (fi-
recer o grau de bem-estar de frangos de gura 1). Os resultados obtidos nas granjas
corte no Brasil (SOUZA et al., 2015; TUYT- foram transformados em escores que va-
TENS et al., 2014). Tuyttens et al. (2014) riam de zero a 100, onde 100 é a melhor
compararam o grau de BEA em granjas do condição de bem-estar. A figura 2 ilustra
Rio Grande do Sul e da Bélgica por meio os tipos de granjas avaliadas nos dois es-
do protocolo Welfare Quality® (2009). Este tudos, sendo elas no tipo convencional
protocolo foi desenvolvido na União Eu- no Brasil e galpão escuro na Bélgica.

Tabela 1: Análise econômica da produção de ovos de poedeiras suplementadas com parede


celular de levedura de 48 a 68 semanas de idade.

Bom Comportamento a
Boa alimentação Boa saúde
alojamento propriado

Ausência prolongada Conforto para Boa relação ser


Ausência de injúrias
de sede descansar humano-animal

Limpeza de penas, Claudicação e


Nº de bicos Teste do toque
cama , poeira dermatites de contato

Ausência Conforto Estado


Ausência de doenças
prolongada de fome térmico emocional positivo

Avaliação
Aves ofegantes e Mortalidade,
Caquexia1 comportamental
amontoadas eliminação
qualitativa (QBA)

Facilidade de
movimentação

Desidade de
alojmamento

1
Dados do SIF

Figura 1: Critérios de avaliação do protocolo Welfare Quality® (2009) para frangos de corte em
sistema industrial

Anais SIAVS 2015 - Adequações da indústria brasileira de frangos de corte às exigências de bem-estar...
- 33 -

A B
Figura 2: Granjas de frango de corte avaliadas pelo protocolo Welfare Quality® no Rio Grande do
Sul (A) e na Bélgica (B).

Na comparação entre granjas do Rio tado de uma das medidas do princípio


Grande do Sul e da Bélgica, as granjas do de boa alimentação, que é a avaliação da
Brasil apresentaram maiores escores em proporção número de aves por bico de
três dos quatro princípios: boa alimenta- bebedouro, está demonstrado na figura
ção, bom alojamento e boa saúde. Para 3. É possível observar variação de escore
exemplificar as diferenças encontradas entre as granjas da Bélgica e homoge-
entre os dois sistemas avaliados, o resul- neidade entre as granjas do Brasil.

Figura 3: Escores e medianas de avaliação de bem-estar de frangos de corte no Brasil (A) e na


Bélgica (B), medida da proporção de número de aves por bico de bebedouro (FEDERICI, 2012).

Embora as diferenças entre os cenários tar de frangos de corte de uma forma


estudados no Brasil e na Bélgica sejam geral. O critério ausência de lesão, que
significativas, observa-se a necessida- contempla dermatites de contato e
de de melhorias no grau de bem-es- claudicação, apresentou, em diferen-

Anais SIAVS 2015 - Adequações da indústria brasileira de frangos de corte às exigências de bem-estar...
- 34 -
tes estudos, baixos escores na escala para o BEA, desde que haja treinamen-
de zero a 100. Dessa forma, a discussão to adequado do integrado em relação
entre os sistemas ocorre em um con- ao manejo e BEA. Nas integrações aví-
texto de escores que demonstram re- colas, o aprimoramento de práticas de
duzido grau de bem-estar em todos os manejo para reduzir problemas sani-
resultados publicados. tários e ambientais também tem sido
importante na promoção de melho-
rias para o bem-estar das aves. Essas
práticas, no entanto, podem ficar limi-
tadas quando alguns problemas de
BEA são característicos das linhagens
de crescimento rápido, conforme
apontado no relatório do European
Food Safety Authority (EFSA, 2010). De
um modo geral, pontos críticos ainda
precisam ser melhorados na avicultu-
ra de corte, como conforto térmico,
problemas do aparelho locomotor e
pododermatite (FEDERICI, 2012; MAR-
TINS et al., 2013; MENEZES et al., 2010;
SOUZA et al., 2015).

Figura 4: Escore do critério de ausência de Certificação em bem-


lesão do protocolo Welfare Quality® em gran-
jas de frango de corte do Paraná certificadas estar de frangos de
GLOBALG.A.P.® (A), granjas não certificadas do corte no Brasil
Paraná (B), granjas do Rio Grande do Sul (C;
Federici, 2012), granjas da Bélgica (D; Federici, No setor da avicultura de corte há uma
2012), Granjas do Brasil, União Europeia e Rei- tendência de inclusão de questões de
no Unido (E; Welfare Quality®, 2011) BEA nas negociações de importação
por grandes redes varejistas ou de lan-
As granjas no Brasil têm uma condi- chonetes. Desta forma, a certificação
ção característica que pode ser be- em bem-estar animal tem se tornado
néfica para o BEA, que é a presença uma realidade em algumas empresas
constante do integrado na proprie- brasileiras, e tem sido adotada como
dade. No Paraná, por exemplo, 89,5% forma de aproximar as condições de
dos produtores residem no local da produção entre países exportadores e
criação dos frangos (GARCIA, 2006), o importadores, principalmente quando
que permite a inspeção constante das os importadores têm maiores exigên-
aves. Isso já é um diferencial positivo cias de BEA (INGENBLEEK et al., 2012).

Anais SIAVS 2015 - Adequações da indústria brasileira de frangos de corte às exigências de bem-estar...
- 35 -
Segundo RUA (2014), duas normas pri- Na UE há aproximadamente 67 pro-
vadas são mais comumente usadas em tocolos de certificação de bem-estar
granjas e abatedouros de frangos de cor- de animais de produção nos países
te no Brasil, sendo estes o GLOBALG.A.P.® membros (ARETÉ RESEARCH & CON-
e o protocolo da rede McDonald’s, res- SULTING IN ECONOMICS, 2010). No
pectivamente. No entanto, outros dois Brasil não há um protocolo desenvol-
protocolos estão disponíveis no Brasil, vido localmente para certificação das
sendo um o Certified Humane® (2009), granjas de frango de corte. Em 2008
que abrange granja, transporte e abate- a ABPA, na época União Brasileira de
douro; e outro privado de um organismo Avicultura (UBA), organizou um co-
certificador, específico para abatedouros, mitê técnico com membros de em-
baseado na norma norte americana Na- presas de avicultura, universidades,
tional Chicken Council (NCC, 2010). organismos certificadores, Ministério
da Agricultura, empresas de fomento
O número de propriedades certifica-
à pesquisa e associações de proteção
das em protocolos específicos ou que
incluem BEA no Brasil é baixo em rela- animal. O trabalho culminou com a
ção ao número de propriedades exis- publicação de dois documentos téc-
tentes. Estima-se que as propriedades nicos: o Protocolo de Bem-estar de
certificadas representam aproximada- Frangos e Perus (UBA, 2008a) e a Nor-
mente 1,9% do total de propriedades ma Técnica de Produção Integrada de
nos três estados da região Sul do país, Frango de Corte (UBA, 2008b). Ambos
que é a região que concentra todas abrangem as granjas, transporte e
as propriedades certificadas do país abate, e contemplam itens de am-
(SOUZA, 2014). Em alguns países a pro- biente, manejo, biossegurança e bem
porção de propriedades de criação de -estar animal. O segundo protocolo,
frangos de corte certificadas em BEA no entanto, inclui uma lista de che-
é maior. O Reino Unido, por exemplo, cagem com itens obrigatórios, reco-
tem 90,0% dos produtores certifica- mendáveis, permitidos com restrição
dos no protocolo Assured Food Stan- e proibidos (tabela 1). Os protocolos
dard, que mantém um esquema de basearam-se, entre outros documen-
certificação de qualidade assegurada tos, na diretiva europeia CE/43/2007
envolvendo segurança alimentar, ras- (EUROPEAN COMMISSION, 2007) e no
treabilidade e BEA em toda a cadeia de protocolo GLOBALG.A.P.® na versão
produção (AFS, 2012). O sucesso do al- disponível na época. Os protocolos
cance desta certificação pode estar re- da ABPA funcionam como um código
lacionado com o fato do protocolo ter de prática de caráter informativo, sem
sido desenvolvido localmente e pela valor legal, e apresentam uma visão
demanda dos consumidores, que são do setor sobre os itens considerados
expressas por meio das exigências das como boas práticas de produção ani-
redes varejistas. mal pelo setor avícola brasileiro.
Anais SIAVS 2015 - Adequações da indústria brasileira de frangos de corte às exigências de bem-estar...
- 36 -
Tabela 1: Exemplos de requisitos obrigatórios, recomendados, permitidos com restrição e proibi-
dos na criação de frangos de corte, conforme Norma Técnica de Produção Integrada de Frango
de Corte (UBA, 2008b).

Nível Requisito
Densidade de alojamento máxima de 38 kg/m2
Obrigatório
Mínimo de 10 lux por pelo menos 8h em 24h
Nível máximo de amônia (25 ppm), dióxido de carbono
(5000 ppm), monóxido de carbono (50 ppm), sulfato de
Recomendado hidrogênio (10 ppm) e poeira inalável (10 mg/m3)
Registar mortalidades e eliminações diárias
Jejum alimentar máximo de 12 horas antes do abate
Quando carregar aves pelas pernas, segurar no máximo
Permitido com três aves por mão
restrição Usar outro programa de iluminação para corrigir problemas
de comportamento anormal
Acesso de outros animais ao galpão
Proibido Carregar aves pela cabeça, pescoço, asa ou cauda
Agredir as aves ou usar práticas que causem dor ou sofrimento

A certificação GLOBALG.A.P.® é adotada das GLOBALG.A.P.® e não certificadas no


por algumas empresas no Brasil princi- Estado do Paraná por meio do protoco-
palmente para atender a demanda de lo Welfare Quality (2009). Observou-se
redes varejistas e de lanchonetes da que a certificação promoveu melhorias
UE. Este protocolo foi inicialmente de- no acesso à água, qualidade de cama
senvolvido na União Europeia e se ca- e estado emocional positivo das aves
racteriza por uma certificação de qua- (figura 5). Com relação aos outros pon-
lidade assegurada da fazenda, ou seja, tos críticos de bem-estar na avicultura
atende no mínimo a regulamentação de corte, como claudicação, dermatites
local, contém um módulo de BEA, mas de contato, estresse térmico por calor e
tem o foco em outros assuntos como densidade de alojamento, não houve
segurança alimentar, qualidade do pro- diferença entre as granjas certificadas
duto e rastreabilidade (BOCK; LEEUWEN, e não certificadas (SOUZA et al., 2015).
2005). Esta norma abrange os proces- Estes resultados sugerem que as gran-
sos de matrizes de recria e produção, jas apresentavam o padrão mínimo de
incubatório, granjas de crescimento de bem-estar animal para atender a certi-
frango e apanha para abate (GLOBAL- ficação, independentemente desta. As-
G.A.P.®, 2013a). O impacto desse proto- sim, parece relevante que haja avaliação
colo na melhoria do grau de bem-estar de bem-estar animal local no Brasil para
de frangos de corte foi recentemente entender quais os requisitos de bem
estudado. SOUZA et al. (2015) compara- -estar devem fazer parte dos protocolos
ram o grau de BEA em granjas certifica- de certificação a serem usados no país.

Anais SIAVS 2015 - Adequações da indústria brasileira de frangos de corte às exigências de bem-estar...
- 37 -

Tabela 1: Figura 5. Mediana (mín.-máx.) de escores de dez granjas de frangos de corte certificadas
e dez não certificadas do Paraná avaliadas por meio do protocolo Welfare Quality®, em Agosto de
2013, onde 100 é a melhor condição de bem-estar animal. * significa diferença estatística (P<0,05)
no teste unilateral de Mann-Whitney; QBA (Qualitative Behaviour Assessment) significa Avaliação
Comportamental Qualitativa.

De acordo com Webster (2009), os pro- oferecer aos animais uma vida que va-
tocolos de certificação normalmen- lha à pena ser vivida ao invés de somen-
te baseiam-se no conceito das Cinco te protegê-los de sofrimento desneces-
Liberdades da Farm Animal Welfare sário (LUNDMARK et al., 2014).
Committee (FAWC, 2013). Há uma ten-
dência de enfatizar-se as liberdades No protocolo Certified Humane®
nutricionais, ambientais e sanitárias nos (2009), por exemplo, o enriquecimento
protocolos, no entanto observa-se que ambiental (EA) nas granjas de frango
a inclusão de componentes relaciona- de corte é mandatório. No protocolo
dos com as esferas mentais e compor- GLOBALG.A.P.® (2013b) foi desenvolvi-
tamentais dos animais de produção co- do o módulo voluntário específico de
meçam a fazer parte dos esquemas de BEA, que também apresenta requisitos
certificação. Com o crescente interesse para uso de EA e de iluminação natu-
neste tema, observa-se que os próxi- ral nas granjas com vistas à melhoria
mos passos parecem ser na direção de do grau de BEA. Pesquisa recente tem

Anais SIAVS 2015 - Adequações da indústria brasileira de frangos de corte às exigências de bem-estar...
- 38 -
apontado a iluminação natural como CONSIDERAÇÕES FINAIS
item positivo para o bem-estar de fran- Os questionamentos sobre o grau de
gos de corte (BAILIE; BALL; O’CONNELL, bem-estar dos animais de produção no
2013). No Reino Unido, bloco que lide- Brasil são evidentes. Pesquisas iniciais
ra as discussões e regulamentações de mostram que o bem-estar de frangos
BEA, a adoção de luz natural em gal- de corte no Brasil em sistemas indus-
pões tornou-se obrigatório para todos triais não é inferior ao de outros países.
os fornecedores de carne de frango de No entanto, os resultados favoráveis ao
uma rede varejista (MORRISONS, 2013). Brasil nos estudos apresentados pare-
Assim, segundo Prescott (2004), as aves cem ser reflexo do sistema de produ-
poderiam se beneficiar de um sistema ção em granjas convencionais, caracte-
climatizado e ainda ter acesso à ilumi- rizadas pelo uso da iluminação natural
nação natural. Estes fatos podem for- e por uma menor densidade de aloja-
necer uma perspectiva sobre um dos mento em comparação com granjas
pontos nas futuras discussões sobre tipo galpão escuro.
bem-estar na avicultura de corte.
As demandas de BEA alteram-se cons-
Se por um lado as exigências de merca- tantemente em função de novas desco-
do não tiveram o mesmo impacto no bertas da ciência, novos anseios da so-
Brasil em relação à adoção dos proto- ciedade sobre a forma como os animais
colos de certificação nos moldes como devem ser tratados, mudanças nos ce-
tem ocorrido nos países da UE, por outro nários econômicos, entre outros fatores.
lado observa-se que esta exigência tem É preciso estar atento aos sinais dessas
sido benéfica no aumento de capacita- demandas. A movimentação em massa
ção em bem-estar animal nas empresas. de alteração nos galpões convencionais
A diretiva 1099/2009 da UE considera brasileiros rumo aos galpões escuros
que haja pessoal qualificado e formado parece controversa, no sentido de que
adequadamente para melhorar as con- em alguns aspectos representa a busca
de objetivos que os países desenvolvi-
dições como os animais são tratados
dos sinalizam como obsoletos. Desta
durante o abate (EUROPEAN COMMIS-
forma, o atual atendimento às exigên-
SION, 2009). Neste sentido, o programa
cias de BEA de mercados externos pode
STEPS, desenvolvido pela parceria do
ficar prejudicado futuramente.
MAPA e da Proteção Animal Mundial,
tem promovido o treinamento em abate A simples adoção de padrões estrangei-
humanitário, e já alcançou mais de 1800 ros não parece ser o melhor caminho
pessoas diretamente, entre funcionários para melhorar o grau de BEA no Brasil. É
de frigoríficos e professores (WPA, 2011). necessário que o país desenvolva seus
A partir disso é possível a formação de próprios critérios e monitore-os, mas
multiplicadores dentro das próprias em- para isso torna-se essencial conhecer o
presas e universidades, repassando os grau de bem-estar das aves nos diferen-
conceitos de BEA. tes sistemas brasileiros de produção. O

Anais SIAVS 2015 - Adequações da indústria brasileira de frangos de corte às exigências de bem-estar...
- 39 -
país precisa também avançar em regu- forma, o país poderá se fazer valer do seu
lamentação de bem-estar de animais potencial produtivo e dividir a liderança
de produção na propriedade rural, em na discussão internacional dos assuntos
complemento ao que está sendo desen- relacionados ao bem-estar de frangos
volvido nos processos de abate. Desta de corte.

Referências bibliográficas
ABPA. Relatorio Anual 2014. Disponível em: ARETÉ RESEARCH & CONSULTING IN ECONOMICS.
<http://www.ubabef.com.br/files/publicaco- Inventory of certification schemes for agri-
es/8ca705e70f0cb110ae3aed67d29c8842.pdf>. cultural products and foodstuffs marketed in
Acesso em: 29 out. 2014. the EU Member States. Brussels: 2010. Disponí-
AFS. Red Tractor Assurance Annual Review. vel em: <http://ec.europa.eu/agriculture/quality/
London: 2012. Disponível em: <http://www.re- certification/inventory/inventory-data-aggrega-
dtractor.org.uk/documentdownload.axd?docu- tions_en.pdf>.
mentresourceid=95 BAILIE, C. L.; BALL, M. E. E.; O’CONNELL, N. E. Influen-

Anais SIAVS 2015 - Adequações da indústria brasileira de frangos de corte às exigências de bem-estar...
- 40 -

ce of the provision of natural light and straw ba- FAWC (Farm Animal Welfare Council). Review os
les on activity levels and leg health in commercial the Implications for Animal Welfare of Farm
broiler chickens. Animal : an international journal Assurance Schemes. London: 2013.
of animal bioscience, v. 7, n. 4, p. 618–26, 2013. FEDERICI, J. F. Bem-estar de frangos de corte
BOCK, B. B.; LEEUWEN, F. VAN. Animal Welfare Sche- no Brasil e na Bélgica: avaliação e impacto
mes. In: ROEX, J.; MIELE, M. (Eds.). Welfare Quality nas relações de comércio internacional. 116 p.
Reports n. 1: Farm Animal Welfare Concer- Dissertação (Mestrado em Ciências Veterinárias),
ns - Consumers, Retailers and Producers. 1st. Universidade Federal do Paraná, 2012.
ed. Cardiff: Welfare Quality Consortium, 2005. p. FIBL. EconWelfare - socio economic aspects of
125–142. farm animal welfare. Lelystad, The Netherlands:
BRACKE, M.; HORNE, P. VAN; FIKS, T. Welfare of poul- 2010.
try in a global perspective. In: BRACKE, M. B. M. GARCIA, L. A. F. Caracterização socio-economi-
(Ed.). Animal Welfare in a Global Perspective. 1st. ca de produtores de frango de corte no Brasil:
ed. Lelystad: Wageningen Academic Publishers, um estudo comparativo entre regiões brasi-
2009. p. 113. leiras. 44o Congresso da Sociedade Brasileira de
CERTIFIED HUMANE®. Human Farm Animal Care Economia e Sociologia Rural, Julho 23-27, 2006,
- Animal Care Standards (Chickens). February 2 Fortaleza. Anais...Fortaleza: Sociedade Brasileira
ed.Herndon: Humane Farm Animal Care, 2009. de Economia, Administracao e Sociologia Rural
EFSA. Scientific Opinion on the influence of ge- (SOBER), 2006. Disponível em: <http://www.so-
netic parameters on the welfare and the resistan- ber.org.br/palestra/5/1150.pdf>
ce to stress of commercial broilers. EFSA Journal, GLOBALG.A.P.®. Control points and compliance
v. 8, n. 7, p. 1–82, 2010. criteria: integrated farm assurance – poultry. 4.0.–
EUROPEAN COMMISSION. Diretiva 2001/88/CE 2. ed. Cologne: GLOBALGAP, 2013a.
que altera a Diretiva 91/630/CEE relativa às GLOBALG.A.P.®. Animal welfare add-on modu-
normas mínimas de proteção de suínos. Euro- le for poultry/broiler chicken. 1st. ed. Cologne:
pean Union, 2001. GLOBALGAP, 2013b.
EUROPEAN COMMISSION. Diretiva 1999/74/ INGENBLEEK, P. et al. EU animal welfare policy:
CE de 19 de Julho de 1999 que estabelece Developing a comprehensive policy framework.
as normas mínimas relativas à protecção das Food Policy, v. 37, n. 6, p. 690–699, 2012.
galinhas poedeiras. Bruxelas, 2003. ITAVI. La compétitivité agricole du Mercosur -
EUROPEAN COMMISSION. Diretiva 43/2007/CE le cas des filières d’élevage brésiliennes. Fran-
Laying down minimun rules for the protec- ce: 2012. Disponível em: <http://agriculture.gouv.
tion of chickens kept for meat production. fr/competitivite-agricole-Mercosur>.
Bruxelas, 2007. LUNDMARK, F. et al. Intentions and Values in Ani-
EUROPEAN COMMISSION. Diretiva 1099/2009/ mal Welfare Legislation and Standards. Journal
CE Relativo à proteção dos animais no mo- of Agricultural and Environmental Ethics, v. 27,
mento da ocisão. Bruxelas, 2009. n. 4, p. 29, 2014.
FAO. FAOSTAT. 2013. Disponível em: <http://faos- MAPA (Ministério da Agricultura, Pecuária e Abas-
tat.fao.org/site/573/default.aspx#ancor>. Acesso tecimento). Instrução Normativa 3. Regula-
em 02 Abr. 2015. mento técnico de métodos de insensibiliza-

Anais SIAVS 2015 - Adequações da indústria brasileira de frangos de corte às exigências de bem-estar...
- 41 -

ção para o abate humanitário de animais de farms in Brazil. Animal Welfare, v. 24, n. 1, p. 45–54,
açougue. Brasil, 2000. 2015.
MAPA (Ministério da Agricultura, Pecuária e Abas- TADICH, N. A; MOLENTO, C. F. M.; GALLO, C. B. Tea-
tecimento). Instrução normativa mapa no 56, ching animal welfare in some veterinary schools
de 6 de novembro de 2008. Brasil, 2008. in Latin America. Journal of veterinary medical
MARTINS, R. S.; HÖTZEL, M. J.; POLETTO, R. Influen- education, v. 37, n. 1, p. 69–73, 2010.
ce of in-house composting of reused litter on TUYTTENS, F. et al. The animal welfare status of
litter quality, ammonia volatilisation and inciden- EU-imported versus locally produced broiler
ce of broiler foot pad dermatitis. British poultry meatWAFL 2014 - 6th International Conferece
science, v. 54, n. 6, p. 669–676, 2013. on the Assessment of Animal Welfare at Farm
MENEZES, A. G.; NÄÄS, I. A.; BARACHO, M. S. Iden- and Group Level. Anais...Clermont-Ferrand: WAFL,
tification of Critical Points of Thermal. Brazilian 2014.
Journal of Poultry Science, v. 12, n. 1, p. 21–29, UBA. Protocolo de bem-estar para frangos e
2010. perus. 1. ed. São Paulo: UBA, 2008a.
MORRISONS. Corporate responsibility review. UBA. Protocolo de Boas Práticas de Produção
Bradford: 2013. 80 p. de Frango. São Paulo: União Brasileira para Avi-
NCC. Animal welfare guidelines and audit cultura, 2008b.
checklist for broilers. Washington: 2010. 29 p. VAN HORNE, P. L. M.; ACHTERBOSCH, T. J. Animal
PRESCOTT, N. B. Light. In: WEEKS, C. A.; BUTTE- welfare in poultry production systems: impact
RWORTH, A. (Eds.). . Measuring and auditing of EU standards on world trade. World’s Poultry
broiler welfare. London: CABI Publishing, 2004. Science Journal, v. 64, n. 01, p. 40–52, 2008.
p. 101–116. VAN HORNE, P. L. M.; BONDT, N. Competitiveness
RUA, L. R. DE A. Os Padrões Privados no Contex- of the EU poultry meat sector. Wageningen: 2013.
to do Comércio Internacional – Perceção dos 67 p.
Exportadores Brasileiros de Carne de Frango. WEBSTER, A. J. F. The Virtuous Bicycle : a delivery
Dissertação. Universidade do Porto, Portugal, 2014. vehicle for improved farm animal welfare. Ani-
RUSHEN, J.; BUTTERWORTH, A.; SWANSON, J. C. mal Welfare, v. 18, p. 141–147, 2009.
Farm animal welfare assurance: science and WELFARE QUALITY®. Welfare Quality ® Asses-
application. Journal of animal science, v. 89, n. sment protocol for poultry (broilers, laying
4, p. 1219–28, 2011. hens) Lelystad, The Netherlands: Welfare Quality
SILVA, R. B. T. R. DA; NÄÄS, I. DE A.; MOURA, D. J. DE. Consortium, 2009. Disponível em: http://www.
Broiler and swine production : animal welfare welfarequality.net/network/45848/7/0/40
legislation scenario. Scientia Agricola, v. 66, p. WPA. Steps: um programa em expansão pelo
713–720, 2009. bem-estar dos animais de produção. Disponí-
SOUZA, A. P. O. Certificação e boas práticas em vel em: http://www.worldanimalprotection.org.
granjas de frangos de corte no Paraná: efeti- br/noticias/2011/Steps-um-programa-em-ex-
vidade para o bem-estar animal. Dissertação pansao-pelo-bem-estar-dos-animais-de-produ-
(Mestrado em Ciências Veterinárias) Universidade cao.aspx. 2011. Acesso em 24 abr. 2015.
Federal do Paraná, 2014. WPA. Animal Protection Index. Disponível em:
SOUZA, A. P. O. et al. Broiler chicken welfare asses- http://api.worldanimalprotection.org/. Acesso
sment in GLOBALGAP certified and non- certified em: 1 jan. 2015.

Anais SIAVS 2015 - Adequações da indústria brasileira de frangos de corte às exigências de bem-estar...
- 42 -

Ações de manejo para melhorar o resultado


de produção de frangos

André Marca
Copacol, Cafelândia/PR

Introdução vão, caso não se realize de maneira ade-


Ao longo dos anos, se tem buscado cada quada ou se estas ações de manejo não
vez melhorar a produção nos diver- sejam coerentes com a nutrição, genéti-
sos ramos da agropecuária. Isto ocorre ca ou ganho de peso trabalhados.
pela necessidade de ser cada vez mais
Para um melhor entendimento deve-
eficiente na utilização dos recursos, eli-
mos delimitar o que é manejo das aves
minar menor quantidade de resíduos,
e qual sua importância como sendo um
ser mais competitivo, ter qualidade e
dos elos que compõe a cadeia avícola.
sanidade superior. Não tem sido dife-
rente na avicultura de corte onde para Definições de manejo
atingir tais objetivos lançamos mão de
diversas ferramentas como: melhoria e Segundo o Dicionário Michaellis manejo é:
seleção genética, nutrição de precisão, 1 Ato de manejar. 2 Exercício manual.
biosseguridade, controle sanitário, me- 3 Gerência, administração, direção. 7
lhoria no manejo das aves e ambiência. Zootécnico. Ato de submeter os ani-
mais a cuidados de alimentação, trato
O manejo das aves é de fundamental e higiene, a fim de torná-los mansos,
importância para o êxito da atividade limpos e sadios e produtivos.
avícola de corte, sendo a última etapa
que ocorre antes do abate, desta ma- Segundo o Dicionário inFormal (SP)
neira todos os outros esforços serão em manejo é:

Anais SIAVS 2015 - Ações de manejo para melhorar o resultado de produção de frangos
- 43 -
É a ação de conjugar as atividades Aves apresentam faixas de conforto tér-
manuais com a tecnologia avançada, micos que variam de maneira sensível
com o objetivo de definir ou traçar ao longo das semanas, devido à rápida
decisões a serem tomadas em um mudança das mesmas com aumento
sistema de produção agropecuário. de massa corporal e cobertura de penas.
Desta forma para manejarmos de ma-
neira adequada as aves e obtermos
os melhores resultados zootécnicos e Histórico
econômicos, precisamos primeiro nos De acordo com Albino e Tavernari
aprofundar nos conhecimentos de fi- (2010), a domesticação da galinha teve
siologia das aves, meteorologia e clima- origem na Índia e as atuais variedades
tologia da região onde pretendemos foram originadas da espécie asiáti-
atuar, modelo de criação, modelo de ca selvagem Gallus gallus, conhecida
galpão, insumos disponíveis para nu- também como Gallus bankiva e Gallus
trição, aquecimento, ventilação, cama,
ferrugineus. Primeiramente, foi utilizada
mão-de-obra, entre outros.
como animal de briga ou como objeto
de ornamentação.

No Brasil, segundo estudiosos, a produ-


História da avicultura
ção de aves teve início em 1532, com a
industrial vinda das primeiras raças trazidas pelos
Origens: colonizadores portugueses. Eram cria-
As aves são animais que possuem das soltas nos quintais ou arredores das
penas e são, pela evolução dos verte- casas, onde se alimentavam com resto
brados, descendentes dos répteis (AL- de comida caseira, grãos e insetos.
BINO; TAVERNARI, 2010), devido à pre- No ano de 1900, iniciou-se a criação
sença de escamas nas canelas e outras das aves em sítios e fazendas, represen-
semelhanças de natureza anatômica
tando fonte de renda, mas somente no
(LANA, 2000).
ano de 1930 passou a ser vista como
atividade lucrativa, ou seja, a produção
de aves para venda de carne e ovos. Os
avicultores, estimulados pelo aspecto
econômico, começaram a tentar novos
acasalamentos entre as raças diferentes,
visando o aprimoramento da espécie.

Atualmente, a avicultura brasileira é exem-


plo de atividade e de cadeia produtiva de
sucesso, sendo o setor que mais tem se
Fonte: Revista Época destacado no campo da produção ani-
Anais SIAVS 2015 - Ações de manejo para melhorar o resultado de produção de frangos
- 44 -
mal. A avicultura gera renda, melhora o • rápido ganho de peso;
nível social da população e pode ser ati-
vidade de pequeno produtor. • crescimento uniforme;

A vantagem de implantar a avicultura é • empenamento precoce;


a necessidade de pequena área de terra • peito largo;
a ser usada para a implantação da granja,
podendo estar localizada em terra fraca • pernas curtas;
e desvalorizada. O ciclo de produção é
rápido, dando um bom retorno num pe- • resistir a doenças;
ríodo relativamente curto (LANA, 2000). • boa pigmentação de pele.
A importância social da avicultura no Em busca de melhores índices zootécni-
Brasil se verifica também pela presença cos, foram criadas, a partir de cruzamentos
maciça no interior do país. Em muitas ci- entre as melhores raças, marcas comer-
dades a produção de frangos é a princi- cias ou linhagens de aves para produção.
pal atividade econômica, como é o caso
de Cafelândia-PR, cidade com cerca de Linhagens de frango de corte atual-
15.000 habitantes, onde fica a sede da mente criadas no Brasil em sua maioria
Copacol - Cooperativa Agroindustrial são: Cobb, Hubbard, Ross/AP.
Consolata que emprega 8.800 colabora-
As aves são animais vertebrados carac-
dores na região e realizou faturamento
terizados por terem o corpo coberto de
de mais de R$ 2,5 bilhões em 2014.
penas. Pertencem ao grupo dos animais
onívoros de estômago simples e pos-
suem grande capacidade de identificar
Evolução genética os alimentos, porém, baixo senso gusta-
tivo (BERTECHINI, 1994).
das aves
Linhagem: plantel de aves que pos- A galinha possui o sistema nervoso bastan-
suem algum parentesco. As linhagens te desenvolvido, apresentando excelente
são produtos de reprodução de uma visão, audição e tato, porém com pouco
empresa genética. olfato e capacidade gustativa (LANA, 2000).

Algumas características são esperadas


nas aves de produção, segundo Albino
e Tavernari (2010).

Características desejáveis nas aves para


produção de carne:

• boa conversão alimentar;


Evolução Genética das linhagens de frangos
• rendimento de carne; de corte.

Anais SIAVS 2015 - Ações de manejo para melhorar o resultado de produção de frangos
- 45 -
Sistemas de criação. Sistema intensivo
As explorações que se dedicam à avi-
Sistema extensivo cultura intensiva requerem maiores in-
Quando os frangos são criados em li- vestimentos, tanto de capital como de
berdade e podem bicar e esgravatarem mão de obra. O tamanho dos lotes de
livremente à procura de comida, fala-se aves no sistema de produção intensi-
de avicultura extensiva. va normalmente situa-se entre 15.000
– 50.000 aves. Tal foi alcançado através
dos avanços na investigação sobre in-
cubação artificial, necessidades nutri-
cionais e controle das doenças.

Modelos de exploração
Sistema semi-intensivo
A avicultura contempla os três modelos
No sistema de produção avícola semi de exploração existentes no Brasil: inde-
-intensivo, também conhecido como pendente, verticalizado e integrado.
produção de pátio ou quintal, o nú-
mero de aves por lote varia entre 50 a • Modelo independente: o avicultor de
200. É uma criação em pequena escala. frango de corte se responsabiliza por
Nos sistemas semi-intensivos, as aves todas as fases da produção, desde a
encontram-se confinadas a um espaço aquisição dos pintinhos, sua criação até
aberto vedado com arame. Existe um o ponto de abate.
pequeno galinheiro onde as galinhas
podem permanecer à noite. O criador • Modelo verticalizado: várias fases de
das aves fornece praticamente toda a produção estão inseridas em uma mes-
ma empresa, por exemplo, criação dos
comida, a água e outras necessidades.
pintinhos, abate e comercialização.

• Modelo integrado: apresenta algumas


características diferenciais de acordo com
a integradora. Tradicionalmente, a inte-
gradora dispõe de frigorífico e fábrica de
rações, fornecendo insumos e assistência
técnica aos produtores integrados, que
produzem em suas próprias áreas e en-

Anais SIAVS 2015 - Ações de manejo para melhorar o resultado de produção de frangos
- 46 -
tregam a produção à empresa integra- do, onde possam manifestar todo
dora. Em outros casos, a empresa aluga seu potencial genético em uma área
galpões de sua propriedade a pequenos confortável. Alguns cuidados devem
produtores. Então, com o alojamento dos ser observados aos se definirem a es-
pintinhos, surge a relação de integração. colha do local e a construção das ins-
talações avícolas. O clima é um dos
mais importantes fatores a serem
Instalações considerados na hora de projetar um
As instalações devem fornecer as galpão, também chamado de aviário
aves um ambiente limpo e protegi- para frangos de corte.

Modelo de disposição de instalações avícolas.

O galpão deve ser construído em local ário é fundamental para compreensão


alto, ventilado, seco, afastado de rodo- dos mecanismos de controle do am-
vias, povoamento e setores industriais. biente, visando economia de energia e
Deve possuir rede elétrica e água de maior desempenho das aves. Sempre
qualidade e quantidade suficiente para temos que procurar minimizar as in-
estoque de consumo no mínimo de terferências do ambiente externo, para
três dias (ALBINO; TAVERNARI, 2010). termos melhores condições de manejo
Para a escolha do modelo de aviário, das aves.
matérias-primas e equipamentos, de- Uma das principais definições para
ve-se levar em conta o clima da região,
orientar as ações de manejo em frangos
faixas de peso que se deseja produzir
de corte é a densidade de aves, descrita
de acordo com orientações da empresa
como quilos de aves por metro quadra-
integradora.
do, esta diretriz deve estar alinhada com
O conhecimento das particularidades o modelo de aviário, orientações de ma-
das instalações e dos arredores do avi- nejo e mercados a serem atendidos.

Anais SIAVS 2015 - Ações de manejo para melhorar o resultado de produção de frangos
- 47 -
Lana et al (2001) recomenda para fran- fase do período de produção das aves,
gos de corte, machos, no período de 1 manejando as ferramentas que temos a
a 42 dias de idade, a densidade de 16 disposição.
aves/m2, independentemente do pro-
grama de alimentação, para se obter O conceito atual de ambiência leva em
melhor desempenho produtivo e das conta não somente as condições termo
aves, desde que haja bom controle do dinâmicas do galpão (trocas térmicas
ambiente e adequado manejo alimen- secas e úmidas – calor sensível e calor
tar. Desta forma a densidade de criação latente) e a velocidade do ar, mas tam-
das aves, que impacta diretamente na bém a interação destas com dados de
viabilidade econômica do negócio, fica poeira em suspensão e gases produzi-
dependente do nível de manejo dos pela cama. Pode-se então definir
ambiente interno ideal como aquele
que permite, com o equilíbrio e har-
monia entre tipologia, termodinâmica
Ambiência e velocidade do ar, uma qualidade de
Ao longo dos últimos anos, o Brasil tem ar com condições ótimas para as aves
se mantido na liderança das exporta- alojadas. Naas (2004)
ções da carne de frango. Também se Neste contexto torna-se cada vez mais
destaca como um dos principais pro- necessário a utilização de ferramentas
dutores mundiais de frangos de corte. de medição para gases, poeira, veloci-
Este avanço se deve ao esforço conjun- dade do ar, umidade, temperatura, lumi-
to da cadeia avícola no que se refere ao nosidade, pressão estática entre outros
melhoramento genético das linhagens, para direcionar as ações de manejo das
desenvolvimento expressivo da sanida- aves de forma mais precisa e efetiva.
de animal e também na determinação
precisa das exigências nutricionais. Antes de conhecer as técnicas de con-
trole do ambiente para frangos de cor-
Ao mesmo tempo a área de ambiência te, é necessário saber quais são as faixas
e suas tecnologias ganharam cada vez ambientais de temperatura e umidade
mais importância na avicultura de corte. de conforto para frangos de corte.
A variedade de recomendações vai muito
além do ambiente térmico, sendo que a
Faixa de
ambiência, por conceito, possui alcance TCI ZTN TCS UR
idade
quanto à qualidade do ar, luz, água, tipos
Inicial 28ºC 30 - 32ºC 38ºC 65 -
de materiais de construções e galpões
Adulto 15ºC 21 -24ºC 32ºC 70ºC
avícolas, assim como o trabalhador e suas
interações com os animais durante o ma- Tabela 1: Temperatura crítica inferior (TCI),
zona de termoneutralidade (ZNT), tempera-
nejo, segundo Paranhos da Costa (2000).
tura crítica superior (TCS) e umidade relativa
O foco principal deve estar voltado em do ar (UR) recomendada para frangos de corte.
conseguir uma ambiência ideal a cada Fonte: Curtis, 1983; Macari; Furlan, 2001.

Anais SIAVS 2015 - Ações de manejo para melhorar o resultado de produção de frangos
- 48 -
A zona de termo neutralidade (ZTN) é a Quando a temperatura ambiental en-
faixa térmica na qual a ave não possui contra-se fora da temperatura crítica
gastos elevados com controle térmi- superior (TCS) e/ou da umidade relativa
co corporal. Com isto, economiza-se a de conforto, as aves apresentam os se-
energia metabólica que a ave utilizaria guintes comportamentos:
para enfrentar uma situação de estresse
e, ao invés disso, o frango converterá em • Eriçamento de penas e afastam as
maior produção (Figura 1). asas do corpo;
Figura 1: Variação do ganho de peso (g), con- • Ofego, ou seja, bicos abertos forçan-
sumo de ração (g) e conversão alimentar (g/g) do a respiração mais rápida;
preditos em função da temperatura de criação.
• Aumento do consumo de água;

• Diminuem o consumo de alimento;

• Buscam por locais frescos no aviário,


mantendo distância das demais aves.

Dependendo da intensidade do frio ou


calor (abaixo de 15ºC ou acima de 32ºC
para aves adultas), bem como o tempo de
Fonte: Adaptado de Bigheti et. al., 2000.
exposição (acima de 1 hora), as aves são
Fora desta zona, porém dentro dos limi- gradativamente levadas a óbito, por con-
tes das temperaturas críticas (inferior - TCI sumir todas as reservas energéticas mus-
e superior - TCS), o animal consegue rea- culares, o que torna o quadro irreversível.
lizar trocas térmicas, todavia, retornando Desta forma, o avicultor deve ficar atento
ao seu estado de conforto anterior. quando a temperatura e umidade relativa
do ar estejam fora das faixas recomenda-
Fora da temperatura crítica inferior (TCI) das na tabela 1 ao longo do tempo.
e/ou da umidade relativa de conforto, o
frango apresenta os principais sintomas
físicos de estresse por frio: Trocas térmicas em aves
• Tremores musculares; As aves possuem dois tipos básicos de
trocas térmicas, as quais naturalmente são
• Agrupamento com outras aves para utilizadas para que possam regular sua
tentar o aquecimento; temperatura interna: trocas sensíveis e tro-
ca latente. As trocas sensíveis correspon-
• Encolhimento;
dem aos processos de radiação, condu-
• Diminuição do consumo de água; ção e convecção. Quando a temperatura
ambiente se encontra elevada (acima de
• Aumentam o consumo de alimento. 25ºC), as trocas sensíveis passam a não ser

Anais SIAVS 2015 - Ações de manejo para melhorar o resultado de produção de frangos
- 49 -
mais eficientes. Desta forma, as aves recor- Os fatores térmicos representados por
rem à troca latente, que é representada temperatura do ar, umidade, radiação e
pela evaporação (ofego). Segue abaixo as movimentação do ar são aqueles que
características de cada uma: afetam mais diretamente o desempe-
nho da ave, pois comprometem sua
função vital mais importante: a manu-
tenção da sua própria temperatura.
Trocas sensíveis
• Condução: exige contato entre dois
corpos. Para que haja esta troca de
calor é necessária a diferença de tem- Condições térmicas
peratura entre as superfícies. Aves em da água
contato com a cama no aviário realiza A água exerce importância fundamen-
troca por condução. tal nos processos de digestão, respi-
• Radiação: não exige contato entre os ração, excreção de resíduos, dentre
animais, bem como com as superfí- inúmeros fatores. Entretanto, uma das
cies materiais. O calor é transmitido utilidades principais da água na avi-
via ondas eletromagnéticas de infra- cultura é a regulação térmica das aves.
vermelho termal. Desde um animal Quando o frango sente calor, um dos
exposto ao sol ou duas aves próximas primeiros recursos é aumentar o consu-
trocam calor por radiação. mo de água. Em ambientes quentes, o
consumo é muito maior do que o usual.
• Convecção: troca de calor devido à Segundo Viola et al.(2011), o consumo
movimentação do ar. O ar mais frio é de água pelo frango aumenta em torno
mais denso e, portanto mais pesado. de 7% para cada 1ºC acima da tempera-
O ar quente, por ser menos denso, tura do conforto térmico.
sobe facilmente. Com esta movimen-
tação entre ar frio e quente, a ave tro- Desta forma, o avicultor deve cuidar da
ca calor com o meio. O uso de venti- temperatura da água dentro do aviá-
lação ou exaustores no galpão é um rio, pois a ingestão diminui quando a
exemplo deste tipo de troca de calor. água está aquecida. Segundo Silva e
Sevegnani (2001), o cuidado maior com
a água deve ser tomado principalmen-
te no verão, quando a temperatura da
Trocas latentes
água na caixa d’água atinge valores
• Evaporação: ao evaporar a água, ocorre muito próximos ou maiores que 36ºC.
retirada de calor, diminuindo a tempe-
ratura corporal do animal. Como as aves A temperatura da água dos bebedou-
não possuem glândulas sudoríparas ros no aviário deve estar inferior a 24ºC,
ativas, elas utilizam do mecanismo de sendo o ideal em torno de 15 a 20°C em
ofego para realizar este tipo de troca; períodos mais quentes.

Anais SIAVS 2015 - Ações de manejo para melhorar o resultado de produção de frangos
- 50 -
Para evitar aumentos na temperatura prejuízo em termos de produtividade,
da água, deve ser feito uma proteção ou como também alteração na fisiologia e
sombreamento para as caixas d’água no bem-estar das aves, podendo levar
ou reservatórios. as mesmas à mortalidade ou descarte.
Por fim, outros fatores são importantes,
Em termos de manejo, uma técnica de como o mercado (partes inteiras, rendi-
ambiência importante é a renovação de mento de carcaça), idade de abate, cus-
água na tubulação de água, ou também to da alimentação, densidade de aves e
conhecida como flushing. Em muitos tipo de alimento.
aviários modernos, este mecanismo já é
acoplado a um sistema de automação. O mais recomendável é entre 17 a 20
Em aviários sem o equipamento auto- horas de luz, sendo não recomendável
mático, a técnica pode ser realizada de programas em torno de 23 horas de luz
maneira manual, com custo baixo e alta (exceto nos primeiros dias), o que pre-
eficiência. judica o desempenho e bem-estar das
aves. Sempre siga rigorosamente o pro-
O flushing é recomendado para fran- grama estabelecido pelos técnicos da
gos de corte com idades mais baixas empresa integradora, fornecido a cada
e aquecimento do ambiente, especial- alojamento do lote.
mente quando a temperatura interna
do aviário se encontra acima de 24°C No primeiro dia, é recomendado 24
(CERATTO, 2011). horas de luz, visando estimular as aves
para maior consumo de ração e inges-
tão de água. Após isto, deve-se diminuir
gradativamente até chegar ao progra-
Iluminação ma de luz desejável. Outra recomen-
A luz possui grande importância fisio- dação é com relação a intensidade de
lógica para frangos de corte. Sabe-se luz. Segundo recomendações da Cobb
período de luz prolongado para aves (2013), devem ser atendidos 30 a 40 lux
aumenta o desempenho produtivo, na primeira semana e depois 5 lux no
com base no aumento de consumo e lugar mais escuro ao nível do piso.
melhoria da conversão alimentar. Toda-
via, a regra não é tão simples. Segundo
a AVIAGEN (2010), primeiramente o
produtor deve considerar a linhagem, Medidas das condições
sexo e qual a idade em que se trabalha térmicas no aviários
com um dado programa de luz. Aves
Temperatura, umidade e
mais adultas são mais adaptáveis a pe-
ríodos mais curtos de luz do que aves velocidade de vento
mais jovens. Em segundo lugar, se o Com o avanço tecnológico na avicul-
aumento for exagerado, ou seja, acima tura e o surgimento da automação nos
de 20 horas de luz, não somente haverá aviários, muitos avicultores deixam de

Anais SIAVS 2015 - Ações de manejo para melhorar o resultado de produção de frangos
- 51 -
lado a medição das variáveis térmicas, sensação de ‘abafamento’, também
por acreditar que o sistema automáti- aumentando o estresse por calor.
co de climatização e seus sensores fa- Além disso, pode ocorrer condensa-
rão isto por eles. De fato, tais sistemas ção de água (passagem do estado
possuem eficiente rede de sensores de de vapor para líquido) na superfí-
temperatura, umidade e pressão para cie do forro e na cortina/parede,
controlar desde o aquecimento, o fun- aumentando o risco de desenvol-
cionamento dos painéis evaporativos, vimento microbiano e excesso de
bem como também o acionamento umidade na cama;
dos exaustores. Porém, deve-se fazer um
controle diário, mesmo com tais senso- • Alta umidade e baixa temperatura:
res instalados, pois além destes pode- aumenta a sensação térmica por
rem apresentar falhas de funcionamen- frio nas aves. A água conduz mais
to, estes equipamentos são instalados calor do que o ar, provocando uma
em pequeno número do galpão, o que perda de energia térmica mais for-
acarreta numa determinação média de te nas aves do que em condição de
condições térmicas. O trabalhador deve conforto;
medir em vários pontos, nos animais e
na estrutura de alvenaria, para facilitar • Alta velocidade do vento: benéfico
a tomada de decisão sobre o melhor no verão para aves adultas. Todavia
procedimento de ambiência naquela o excesso pode provocar descon-
ocasião. forto e perda excessiva de calor. Tal
situação é mais crítica para animais
As variáveis mais importantes para as
jovens e também no frio. Deve-se
aves são a temperatura, umidade rela-
apenas ter a ventilação mínima nes-
tiva e velocidade do vento. Apesar da
tas etapas;
grande importância da temperatura do
ar e esta consistir na primeira preocu- • Baixa velocidade do vento: o nível
pação do avicultor em termos de am- de gases que são tóxicos para as
biência, ela nunca deverá ser analisada aves, especialmente a amônia e o
separadamente das demais. São as três dióxido de carbono podem alcan-
em conjunto que determinam o con- çar níveis alarmantes para o desen-
forto térmico nas aves:
volvimento das aves. Em épocas
• Baixa umidade e elevada tempera- quentes, as aves são mantidas em
tura: podem provocar desidratação estresse térmico por mais tempo,
nas aves, aumentando o estresse por dependendo das faixas de tempe-
calor. ratura e umidade do ar.

• Alta umidade e elevada tempera- Na Tabela 3 encontram-se os valores reco-


tura: impede o resfriamento eva- mendados de velocidade do vento para
porativo das aves, aumentando a frangos em diferentes idades (semanas).

Anais SIAVS 2015 - Ações de manejo para melhorar o resultado de produção de frangos
- 52 -

Tabela 3: Velocidade do vento em relação às umidade. Requer uso de computador


diferentes idades do frango. para programação e transferência de
Velocidade do
dados e possui alta precisão no regis-
Idade (semanas) tro. Alguns tipos não podem ser utili-
vento ideal (m/s)
zados em ambientes externos ou em
1ª semana 0,2
ambiente com umidade relativa acima
2ª semana 0,5 de 90%. Para alguns modelos de equi-
3ª semana 0,8 pamento, o custo é alto e precisa ser
4ª semana 1,5 calibrado periodicamente.
5 - 7ª semana 2,5
Fonte: Cobb, 2013. • Termômetro de infravermelho: mui-
to útil para medições de superfícies,
como cama do aviário, temperatura
Equipamentos de medição superficial das aves, telhados, forros
Os avicultores especializados devem e qualquer superfície de alvenaria
investir na aquisição de alguns equipa- dentro do galpão. Possui baixo custo
e pode ser utilizado em qualquer situ-
mentos para mensurar a temperatura,
ação. Todavia, exige treinamento para
umidade relativa e velocidade do ven-
posicionar o equipamento de forma
to. Tal aquisição possibilita a tomada de
correta, evitando leituras erradas.
decisão do avicultor com base em va-
lores concretos, em ‘pistas’ que possam • Anemômetro ou medidor de veloci-
ajudá-lo a corrigir desvios na climatiza- dade do vento: este equipamento é
ção. Segue abaixo alguns dos equipa- fundamental para verificar o fluxo de
mentos utilizados: ar no galpão, o quanto está chegando
de ar nas aves e o funcionamento dos
• Termo higrômetro analógico ou me-
exaustores. Possui médio custo e fácil
didor de temperatura e umidade: tra-
aplicação dentro e fora do aviário.
ta-se de um equipamento com dois
bulbos, os quais juntos possibilitam a • Controladores de ambiente: Também
determinação tanto da temperatura, conhecidos por painel controlador,
quanto da umidade relativa do ar. Seu o equipamento contém uma central
uso está sendo descontinuado em inteligente que é capaz de monitorar
substituição ao digital. Baixo custo de todos os parâmetros acima, além da
aquisição, podendo ser instalado tanto pressão estática.
em ambiente interno quanto externo.

• Termo higrômetro digital com função


automática de registro de temperatu- Tabela de Entalpia
ra e umidade (data logger): atualmen- Na ambiência avícola, existem muitos
te consiste em um dos mais modernos índices para avaliação do ambiente
tipos de medidores de temperatura e térmico das aves. Ou seja, uma equa-

Anais SIAVS 2015 - Ações de manejo para melhorar o resultado de produção de frangos
- 53 -
ção que possibilita juntar em um único PEA/ESALQ/USP), o índice consiste em
indicador todas as variáveis térmicas uma equação que possui como variável
de interesse e seus efeitos. Esta faci- de entrada a umidade relativa e tempe-
lidade de ter um número atribuído a ratura. Todavia, a grande vantagem des-
uma faixa que possa indicar aos pro- te índice é que foi elaborado um con-
dutores qual momento para tomada junto de tabelas que facilitam a análise
de ações para melhoria do conforto dos técnicos e produtores de frangos de
térmico das aves. Todavia, a maioria corte. As tabelas práticas de entalpia são
dos índices utilizam variáveis bem di- divididas por semanas de criação, devi-
fíceis de serem medidas no dia a dia do à necessidade diferenciada quanto à
do produtor. Outros consistem em mo- temperatura combinada com a umida-
delos bastante complexos, que são de de. Em cada uma existem quatro faixas
difícil interpretação. de cores, que simboliza as transições
entre as situações de conforto e estres-
Desta forma, um dos índices de fácil uso se térmico, a saber: verde (situação de
para os produtores é o Índice Entalpia conforto térmico), amarela (situação de
de Conforto Térmico (H). Elaborado pelo alerta), laranja (situação crítica) e verme-
Núcleo de Pesquisa em Ambiência (NU- lha (situação letal para frangos).

Tabela prática para avaliação do ambiente de galpões de frangos de corte


Faixa de conforto para frangos de corte (1ª semana) - H variando de 80 a 86,6 KJ/Kg ar seco
Temperatura (ºC)
UR(%) 28 29 30 31 32 33 34 35 36 37 38 39 40 41
40 66,8 68,4 70,1 71,8 73,5 75,3 77,1 78,9 80,8 82,8 84,7 86,8 88,8 90,9
45 68,1 69,8 71,5 73,3 75,2 77,0 78,9 80,9 82,9 84,9 87,0 89,1 91,3 93,6
50 69,4 71,2 73,0 74,9 76,8 78,7 80,7 82,8 84,9 87,1 89,3 91,5 93,9 96,3
55 70,7 72,5 74,4 76,4 78,4 80,5 82,6 84,7 86,9 89,2 91,5 93,9 96,4 98,9
60 72,0 73,9 75,9 77,9 80,0 82,2 84,4 86,6 89,0 91,4 93,8 96,3 98,9 101,6
65 73,3 75,3 77,4 79,5 81,7 83,9 85,2 88,6 91,0 93,5 96,1 98,7 101,4 104,2
70 74,6 76,7 78,8 81,0 83,3 85,6 83,0 90,5 93,0 95,6 98,3 101,1 104,0 106,9
75 75,8 78,0 80,3 82,6 84,9 87,3 89,8 92,4 95,1 97,8 100,6 103,5 106,5 109,6
80 77,1 79,4 81,7 84,1 86,5 89,1 91,7 94,3 97,1 99,9 102,9 105,9 109,0 112,2
85 78,4 80,8 93,2 85,6 88,2 90,8 93,5 96,5 99,1 102,1 105,1 108,3 111,5 114,9
Fonte: Adaptado de Barbosa Filho et. al. 2006.

Tipos de climatização primeiros dias após o alojamento, bem


como em regiões no sul do país que
Aquecimento
possuem invernos rigorosos, com faixas
O aquecimento na avicultura é um re- de temperatura média nesta época abai-
curso importante, especialmente nos xo de 18ºC. A uniformidade de um lote

Anais SIAVS 2015 - Ações de manejo para melhorar o resultado de produção de frangos
- 54 -
pode ser afetada se os pintainhos forem Visando o alojamento e o conforto tér-
mantidos em ambientes fora da faixa de mico dos animais, o aviário deve ser
conforto (abaixo de 28ºC). As característi- aquecido com 6 a 24 horas de antece-
cas dos animais que justificam um bom dência buscando a temperatura ideal
sistema de aquecimento são: de ambiente e cama.

• Falta de empenamento; Quanto ao tipo de aquecedores, se-


gundo Abreu (2003), existem dois gru-
• Baixo peso corporal; pos de aquecimento com o objetivo
• Sistema termo regulatório ainda ima- de manter a temperatura dentro da
zona de termo neutralidade para as
turo;
aves: aquecimento central e aqueci-
• Conversão alimentar é mais eficiente mento local.
na fase inicial.
• Aquecimento central: possui como
O aquecimento envolve preparo prévio princípio de funcionamento o
do aviário, como por exemplo, a utili- aquecimento homogêneo do vo-
zação da forração no piso. Esta técnica lume de ar do galpão. Atualmente,
auxilia na troca térmica por condução, os aviários mais modernos e auto-
além de conservar melhor o calor den- matizados utilizam este mecanis-
tro do galpão. Deve ser forrado de 80 a mo, consistindo em uma central de
100% do pinteiro, sendo que a duração aquecimento externo ou interno
desta forração deve ser de dois a três ao galpão e a distribuição através
dias. Os materiais recomendados são: de tubos metálicos para a região
de interesse, também chamados de
• Papel forração (ou também chamado turbo aquecedores. Muito utilizado
papel pardo): este é o melhor mate- em regiões frias e em galpões com
rial, devido à característica de maior elevado nível tecnológico;
conservação de calor durante o perí-
odo inicial; • Aquecimento local: muito utilizado
em círculos de proteção, quando se
• Jornal: este deve ser evitado e utiliza- deseja o aquecimento de uma su-
do somente em último caso, devido perfície reduzida no galpão. Muito
aos possíveis problemas de biossegu- eficiente quanto à economia de ener-
ridade; gia, visto que o sistema é dimensiona-
do apenas para aquecer o local onde
Além de auxiliar no conforto térmico ficam as aves. Utilizado em aviários
dos animais, a forração estimula o con- convencionais ou com baixo nível
sumo rápido de ração, evita o consu- tecnológico de climatização.
mo da cama e evita que o pintainho
fique em contato com a umidade da Existem no mercado diversos tipos de
cama. 45 aquecedores que atendem às diversas

Anais SIAVS 2015 - Ações de manejo para melhorar o resultado de produção de frangos
- 55 -
condições de produção avícola no Bra- Ventilação
sil. Dentre eles, destacam-se os seguin- A ventilação é o principal recurso de cli-
tes equipamentos (ABREU, 2003): matização utilizado na avicultura indus-
trial. Todo o investimento na nutrição e
• Aquecedores à lenha: um dos mais melhoramento genético pode ser inútil
antigos sistemas utilizados na avi- se a renovação de ar em um galpão for
cultura. Possibilita a combustão da mal gerenciada. Apesar das tecnologias
madeira e a suplementação de calor de automação presentes nos galpões, o
via condução, por meio da instalação produtor e o técnico devem ficar aten-
de tambores ou sistemas de distribui- tos à variação da velocidade do vento
ção de calor em tubos. Atualmente dentro dos aviários.
os aquecedores passaram a também
realizar combustão de carvão. A prin- A boa ventilação traz os seguintes be-
cipal desvantagem deste sistema nefícios para as aves:
consiste na queima incompleta da • Reduz a temperatura retal das aves,
lenha, gerando altas concentrações mantendo em torno de 41,5ºC;
de gás carbônico, podendo resultar
em fumaça dentro do galpão se mal • Reduz a taxa respiratória (maioria
dimensionado; das aves sem bico aberto por muito
tempo);
• Aquecedores a gás: um dos mais co-
muns para aquecimento local nos • Introduz oxigênio no galpão, extrain-
aviários. Consiste na combustão de do o excesso de CO2 e amônia;
gás natural ou GLP (gás liquefeito
• Previne o acúmulo de amoníaco, pelo
de petróleo). Pode ser utilizado com
controle da umidade da cama e do ar;
campânulas, localizados próximos
às aves em círculos de proteção. A • Economia na energia elétrica, devido
desvantagem é o aquecimento não ao uso eficiente e de precisão dos
uniforme, e os gases provenientes da ventiladores ou exaustores.
combustão podem prejudicar o apa-
relho respiratório dos pintainhos;

• Aquecedores elétricos: consistem no Tendências no manejo de


uso de resistências elétricas ou lâmpa- frangos de corte
das infravermelhas, destinado para aves Com o passar dos anos observa-se um
criadas em grupos reduzidos. A grande incremento nos índice produtivos de
vantagem deste sistema é a ausência frangos de corte, que são sustentados
de gases nocivos às aves. A desvanta- pela: evolução genética, nutrição balan-
gem é o custo elevado de energia elé- ceada, controle sanitário e manejo que
trica, o que reduziu ao longo do tempo forneça o ambiente adequado para que
sua utilidade na avicultura atual. as aves desempenhem todo seu poten-

Anais SIAVS 2015 - Ações de manejo para melhorar o resultado de produção de frangos
- 56 -

cial genético, assim sendo podemos nificação em todos os setores de cadeia


esperar cada vez maiores níveis de tec- avícola.

Referências bibliográficas

ABREU, P.G. Modelos de aquecimento. In: SIMPÓ- frangos de corte. Revista Brasileira de Zootecnia,
SIO BRASIL SUL DE AVICULTURA, 4., 2003, Chape- v. 30, p. 1258 – 1265. 2001.
có. Anais. Chapecó: EMBRAPA, 2003.
MACARI, M.; FURLAN, R.L. Ambiência e produção
ALBINO, L. F. T.; TAVERNARI, F. C. Produção e manejo de aves em clima tropical. In: SILVA, I.J.O. da. Am-
de frangos de corte. Viçosa, MG: Editora UFV, 2010. biência e produção de aves em clima tropical.
AVIAGEN. Programa de luz para frangos de corte. Piracicaba: Degaspari, 2001. p. 31-87.
Huntsville: Aviagen, 2010. 46 p.
MENDES, A.S.; et al. Visão e iluminação na avicul-
BARBOSA FILHO, J.A.D; et al. Avaliação Direta e tura moderna. Revista Brasileira de Agrociência,
Prática - Caracterização do Ambiente Interno de Pelotas, v. 16, p. 5-13, 2010.
Galpões de Criação de Frangos de Corte Utilizan-
do Tabelas Práticas de Entalpia. Avicultura Indus- MICHAELLIS, Dicionário da língua portuguesa,
trial, Campinas, v. 1144, p. 54-57, 2006. Editora
BIGHETTI, R.A.; et al. Modelos de superfície de res- MOURA, D.J. Ambiência na avicultura de corte.
posta para predição do desempenho de frangos In: SILVA, I.J.O. da. Ambiência e produção de aves
e elaboração de análise econômica. Revista Brasi- em clima tropical. Piracicaba: Degaspari, 2001. p.
leira de Saúde e Produção Animal, Salvador, v. 12, 31-87.
n. 3, p. 770-783, 2011. OLIVEIRA, C. P. Noções de criação dos animais do-
BERTECHINI, A. G. Fisiologia da digestão de suínos mésticos. 2. ed. Porto Alegre, RS: Ed. Sulina, 1972.
e aves. Lavras, MG: ESAL/FAEPE, 1994.
PAIXÃO, S.J. Efeito das distintas cores de lâmpa-
EMBRAPA informação tecnológica Criação de ga- das LED na produção e no comportamento de
linhas caipiras. Brasília, DF: frangos de corte. Dois Vizinhos, 2014. 79 p. Dis-
Embrapa meio norte. 2007 sertação (Mestrado) – Universidade Tecnológica
CERATTO, V. Visão prática da avicultura. Maringá: o Federal do Paraná.
autor, 2011. 112 p. PARANHOS DA COSTA, M.J.R. Ambiência na pro-
COBB. Manual de manejo de frangos de corte. dução de bovinos de corte a pasto. Anais de Eto-
Arkansas: Cobb-Vantress, 2008, 70 p. logia, Jaboticabal, v. 18, p. 26-42, 2000.
COBB. Desenvolvimento ótimo de frangos de TINÔCO, I.F.F. Avicultura industrial: novos concei-
corte. Arkansas: Cobb-Vantress, 2013, 44 p. 64 tos de materiais, concepções e técnicas constru-
VIEIRA, F. M. C. Ambiência na avicultura de corte. tivas disponíveis para galpões avícolas brasileiros.
Curitiba. Sena-PR, 2014 Revista Brasileira de Ciência Avícola, Campinas, v.
INFORMAL, Dicionário online. Disponível em: 3, n.1, p.1-26, 2001.
<http://www.dicionarioinformal.com.br/mane- VIOLA, E.S.; et al. Água na avicultura: importância,
jo/>. Acesso em 05 mai. 2015 qualidade e exigências. In: PALHARES, J.C.P.; KUNZ,
LANA, G. R. Q. Avicultura. Recife: Editora Rural, 2000. A. Manejo ambiental na avicultura. Concórdia:
LANA, G. R. Q. et al; Efeito da densidade e de pro- Embrapa Suínos e Aves, 2011. 221 p. (Embrapa
gramas de alimentação sobre o desempenho de Suínos e Aves. Documentos, 149).

Anais SIAVS 2015 - Ações de manejo para melhorar o resultado de produção de frangos
- 57 -

Animal welfare measures and


international trade law and practice

Carolina T. Maciel, Ph.D


Wageningen University, Porto Alegre/RS

Over the past few decades, the regula- Ever since the establishment of the
tory framework for animal protection World Trade Organization (WTO) in
in many countries have been modified 1995 there have been controversies
so to include minimum welfare requi- regarding the possibility of import tra-
rements for the use of animals. This de requirements to be adopted on the
means that besides legal provisions on grounds of animal welfare concerns.
animal cruelty, many jurisdictions have This is because the rules embodied in
also adopted measures to protect and the WTO are very restrictive regarding
promote the physical, behavioral and product differentiation based on me-
psychological needs of animals. In light thods of production. The uncertainty
of this evolving governance of animal regarding the compatibility of WTO
welfare issues, discussions arose regar- law and animal welfare measures have
ding the relationship between animal led to a high degree of cautions on the
welfare measures and international part of some legislators, which ultima-
trade law. In particular, discussions have tely resulted in many animal welfare
been held on whether and how animal regulatory measures been amended
welfare measures could be incorpora- or postponed (Cook and Bowles, 2010;
ted in international trade relations. Stevenson, 2009). In the coming years,

Anais SIAVS 2015 - Animal welfare measures and international trade law and practice
- 58 -
however, some legislators may find 25 November 2013) and the Appellate
themselves tempted to drop this cau- Body (on 22 May 2014) upheld the EU’s
tion attitude since in a recent WTO dis- public morals defence under Article
pute it was decided that animal welfare XX(a).
concerns fall within the scope of the
exceptions listed in Article XX of the The decision taken by the WTO adju-
dicatory bodies, undoubtedly, set an
General Agreement on Tariff and Trade
important legal precedent for future
(GATT).
assessment of animal welfare measures
This decision was taken within the under the WTO framework. This deci-
context of a trade dispute initiated by sion indicates that within the multilate-
Canada and Norway against the Eu- ral trading system there is space to ac-
ropean Union (EU) measures relating commodate moral concerns regarding
to seal products, namely Regulation the treatment of animals. Nonetheless,
(EC) n. 1007/2009 and Regulation (EC) cautions on the part of legislators are
n. 737/2010. In brief, these Regulations still necessary when drafting animal
prohibit the marketing of products welfare measures, specially import
derived from seals on the EU market. bans. This is because the EC-Seal Pro-
Canada and Norway, who are among ducts case concerned a specific situ-
the largest producers of seal products, ation of hunting where environmental
claimed that the above measures are conditions render it impossible to apply
inconsistent with the obligations of the and enforce requirements of huma-
European Union under the multilateral ne killing methods in an effective and
trading system because, among other consistent manner. Thus, the reasoning
provisions, these measures violate Ar- adopted by the Panel (and endorsed by
ticle I:1, III:4 and XI: 1 of GATT 1994. In the Appellate Body) was that an import
ban, which is the most trade-restrictive
its defence, the EU invoked the ‘public
measure a country can adopt, were ne-
morals’ exception in GATT Article XX(a).
cessary measure to ensure the desired
According to the EU, the Seal Regime is
level of animal protection.
necessary to protect deep and longs-
tanding moral concerns of the EU pu- However, in circumstances of a con-
blic with regard to the presence of seal trolled environments, as in the case of
products on the EU market that may farm animals, import bans may not be
have been obtained from animals kil- deemed necessary and thus less-trade
led in a way that causes excessive pain, restrictive measures like certification
distress, fear or other forms of suffering and labeling requirements will need to
to the animals. Despite repeated argu- be adopted instead. Within such con-
mentation by Canada and Norway that text, it is important for legislators not to
the EU has failed to show that addres- lose sight of the standards developed
sing public moral concerns is the objec- by the World Organisation for Animal
tive of the EU Seal Regime, the Panel (on Health (OIE).

Anais SIAVS 2015 - Animal welfare measures and international trade law and practice
- 59 -
Since an OIE Animal Welfare Working fication drafted on the basis of OIE ani-
Group was inaugurated at the 70th mal welfare will redress a major concern
General Session of the OIE in May 2002, regarding the use of private standards,
ten chapters on animal welfare recom- that is the lack of scientific basis.
mendations have been incorporated
in the OIE Terrestrial Code and ano- Addressing societal concerns through
ther four in the OIE Aquatic Code. Even private standards has become a com-
though these recommendations have mon practice in domestic and inter-
not (yet) been formally granted the national trade relations. Research has
same special status that OIE animal he- shown that such practice has contribu-
alth standards have in relation to WTO ted to spread animal welfare practices
legal framework1, in practice these re- and policies within and across several
commendations have been offering a countries (Maciel, et al 2015; Fulponi,
good benchmark for importing and ex- 2006; Lindgreen and Hingley, 2003).
porting countries to reach a common Nonetheless, concerns have mounted
understanding on animal welfare. A about potential negative effect of pri-
well known example is the trade agre- vate standards that are implemented
ement between European Union and on the basis of pure commercial con-
the Republic of Chile2, which asserted siderations. Some of these concerns
OIE animal welfare standards as a refe- relate with the inadequacy of imple-
rence for establishing equivalence in menting standards of one region in
import requirements (Stuardo and Ma- another given the potential for a loss
ciel, 2013). OIE animal welfare standards (in contrast with a increase) in animal
are also currently serving as a basis for welfare. Another concern regarding the
the International Organization for Stan- lack of scientific basis in private stan-
dardization (ISO) to draft an technical dards, refers to a potential arbitrariness
specification for animal welfare. The ex- in the discrimination of products, whi-
pectation is that an ISO technical speci- ch would constitute an unlawful trade
barrier. To avoid these negative poten-
1
The OIE, along with the Codex Alimentarius Com- tials is that OIE is collaborating and for-
mission and the International Plant Protection Con-
vention, is one of the so-called “three sisters”, whose ming partnerships with organisations
standards, guidelines and recommendations are representing all relevant sectors of the
specifically recognised in the World Trade Organi- production and distribution chain for
zation’s Sanitary and Phytosanitary (SPS) agreement.
This means that OIE standards for animal health and animals and animal products to deve-
zoonosis serve as a references to international trade lop and promote the OIE animal welfare
system. As such, when a country defines import re- standards as the key reference for natio-
gulation in conformity with OIE recommendations
there is a presumption of conformity with the SPS nal, regional and international trade. In
Agreement. doing so, Members of the OIE seek to
2
European Union –Republic of Chile Agreement on ensure that both public and private
Sanitary and Phytosanitary Measures Applicable to
Trade in Animals and Animal Products, Plants, Plant standards for animal welfare are consis-
Products and Other Goods and Animal Welfare. tent with the OIE standards.

Anais SIAVS 2015 - Animal welfare measures and international trade law and practice
- 60 -
Following on from this, one sees that arrangements for ensuring high stan-
animal welfare are increasingly gaining dards of animal welfare. Nonetheless,
space in the law and practice of inter- caution is needed to so ensure that also
national trade. That gives policy make- the principles of multilateral trading
rs greater scope to develop regulatory system are not disregarded.

List of references

Cook, K. and D. Bowles (2010). Growing pains: the the way for farm animal welfare in international
developing relationship of animal welfare stan- relations: an EU-Brazil case study. Contemporary
dards and the world trade rules. Review of Euro- Politics.
pean Community & International Environmental Stevenson, P. (2009). European and International
Law 19 (2): 227-238. Legislation: A Way Forward for the Protection of
Fulponi, L. (2006). Private voluntary standards in the Farm Animals?, in P.J. Sankoff and S.W. White (eds),
food system: The perspective of major food retai- Animal Law in Australasia: A New Dialogue (pp.
lers in OECD countries. Food Policy 31 (1): 1-13. 307-332). Leichhardt: The Federation Press.
Stuardo, L and Maciel, C.T. (2013). Use of OIE
Lindgreen, A. and M. Hingley (2003). The impact
standards for negotiation bilateral agreements.
of food safety and animal welfare policies on su-
In Conference Proceedings of the OIE Regional
pply chain management: the case of the Tesco
Conference on Animal Welfare and International
meat supply chain. British Food Journal 105 (6): Trade Montevideo, Uruguay,17-18 October 2013.
328-349. Available at: < http://www.oie.int/eng/A_MON-
Maciel, C.T., A.P.J. Mol and B. Bock (2015). Paving TE/docs/abstract_monte_video.pdf> .

Anais SIAVS 2015 - Animal welfare measures and international trade law and practice
- 61 -

Genética Suína:
onde estamos e até onde podemos chegar

Fernando A. Pereira
Engenheiro Agrônomo, M.Sc.
Presidente Executivo da Agroceres

Breve retrospecto poníveis naquela época – algo que já


Se analisarmos as últimas décadas da vinha ocorrendo com maior intensida-
suinocultura brasileira, identificaremos, de em alguns outros países, principal-
com certa facilidade, alguns marcos re- mente da Europa e América do Norte.
levantes da contribuição genética para o Tais métodos priorizavam a melhoria de
expressivo crescimento dessa atividade, características de alta relevância eco-
em todos os seus principais indicadores nômicas na atividade, tais como a taxa
de mercado e de eficiência zootécnica. de crescimento, eficiência de conver-
são alimentar e espessura de toicinho,
A primeira mudança de expressão, no em substituição aos tradicionais méto-
que se refere ao aspecto genético, re- dos de seleção fenotípica, baseados na
monta os anos sessenta e setenta, quan- escolha dos melhores animais, tendo
do ocorreu a maior transição do tipo de como critério uma avaliação visual.
animal utilizado, migrando do chamado
“tipo banha” para o “tipo carne”. Já nos anos oitenta, disseminou-se o
conceito de aproveitamento do vigor
Ainda nos anos setenta, teve início no híbrido com o uso de fêmeas cruzadas;
Brasil a aplicação de métodos cientí- ocorreu, também, o desenvolvimento
ficos de seleção, usando técnicas dis- de linhas genéticas distintas para pro-

Anais SIAVS 2015 - Genética suína: onde estamos e até onde podemos chegar
- 62 -
duzir machos reprodutores (linhas pa- cursos hoje disponíveis em Tecnologia
ternas) e para produzir matrizes (linhas da Informação.
maternas), mediante a adoção de obje-
tivos distintos de seleção.

Talvez o maior marco dos anos noventa, Onde estamos?


no que se refere à genética, tenha sido A grande evolução da tecnologia de
o surgimento dos marcadores molecu- genotipagem, que possibilitou atingir o
lares, o que configura a primeira tecno- atual estágio de desenvolvimento dos
logia da genética molecular aplicada ao métodos de avaliação e seleção dos
melhoramento genético de suínos. É o suínos, já em uso comercial, está bem
caso do marcador para o Gene Halota- explicada por Herring W. (2015), como
no, para eficiência reprodutiva (ESR) e veremos a seguir.
para conversão alimentar (PT1).
Até recentemente nós utilizávamos pai-
Neste novo milênio já tínhamos, por- néis com poucos marcadores de DNA,
tanto, conhecimentos aplicados da em razão do alto custo de genotipagem
genética quantitativa, convivendo lado de cada animal e da tecnologia disponí-
a lado com aqueles da genética mole- vel. Em 2009, um novo chip tornou-se
cular. Mas as tecnologias dessas duas comercialmente disponível, permitindo
áreas de conhecimento não estavam uma rápida descrição de aproximada-
ainda adequadamente integradas em mente 60 mil genótipos distribuídos no
um único sistema que possibilitasse genoma de cada suíno avaliado. Contu-
tratá-las como um processo único e oti- do, esse novo chip era ainda caro (cerca
mizado de seleção. Além disso, nessas de US$150 por animal) na ocasião de
três décadas aqui comentadas, ocorre- seu lançamento. Nesse mesmo período
ram também evoluções expressivas nas Legarra et al. (2009) desenvolveram um
técnicas que já vinham sendo utilizadas, algoritmo para utilizar informações de
com vantagens importantes nos ga- alta densidade de marcadores, a partir
nhos econômicos auferidos nos bons de um novo chip que descreve de for-
programas de seleção. ma mais precisa os segmentos do ge-
noma que os animais têm em comum.
O período seguinte, que nos remete à Seus modelos tinham e têm ganhos de
realidade com a qual nos deparamos escala, uma vez que a tecnologia bara-
no momento atual, foi marcado por teia e modifica com o passar do tempo.
grande evolução das ferramentas da Em termos práticos, isto possibilita esti-
genética molecular e pela integração mar os segmentos gênicos que dois in-
dessas duas áreas de conhecimento divíduos têm em comum, com base no
no campo do melhoramento genéti- resultado dos seus genótipos em vez
co: a genética quantitativa e a genética da expectativa teórica decorrente do
molecular. E o sucesso dessa integração fato de que cada pai transfere, ao acaso,
decorre, em grande parte, dos fartos re- metade dos seus genes a cada filho.

Anais SIAVS 2015 - Genética suína: onde estamos e até onde podemos chegar
- 63 -
Exemplo de um sofisticado e eficiente animal ou porque só se manifestavam
processo de seleção que incorpora to- em um dos sexos.
dos esses desenvolvimentos é descrito
por Culbertson & Nascimento (2014). Esta recente aceleração do progresso
Os principais componentes deste pro- genético gerou também a oportunida-
cesso são: de e viabilidade da adoção de técnicas
que proporcionam drástica redução no
1.
Sequenciamento do genoma de atraso genético entre as Granja Núcleo
todo o plantel de reprodução das (granjas onde são selecionadas as linhas
granjas núcleo e de todos os suínos puras) e as granjas comerciais, com ex-
nela avaliados; pressivos ganhos econômicos. Isto é
feito por um processo que monitora o
2. Obtenção das informações fenotípi- valor genético dos suínos usados para
cas para as características, objeto da reprodução e que utiliza métodos al-
seleção, para cada indivíduo avaliado; tamente eficiente de disseminação de
genes de reprodutores que têm valor
3. Obtenção de informações de indiví-
genético muito alto. Novas tecnologias
duos parentes, avaliados em granjas
de reprodução como, por exemplo, a
comerciais;
Inseminação Intrauterina e o uso eficaz
4. Utilização de um amplo banco de da- de sêmen com menor concentração
dos de indivíduos parentes daqueles espermática, também contribuem para
sendo avaliados; aumentar tais ganhos.

5. Estabelecimento da Matriz de Paren-


tesco, baseada na análise de genoma;
O futuro
6. Cálculo do valor genético de cada in- Os recentes desenvolvimentos aqui
divíduo na proporção real dos genes apresentados possibilitam concluir que
comuns entre eles. estamos em uma fase de transição de
tecnologia aplicada na seleção de suí-
Os cálculos mostram que esse processo
nos, cujos benefícios só agora come-
resulta em um incremento de 35% no
çam a chegar ao produtor comercial.
progresso genético, em relação ao que
Como consequência, veremos nos pró-
se obtinha anteriormente. Além disso,
ximos anos a genética contribuindo
agora é possível auferir um progresso
com ganhos de eficiência superiores
genético expressivo em características
àqueles percebidos em anos anterio-
que apresentavam baixa taxa de res-
res. Além disso, essas novas tecnolo-
posta à seleção, fosse porque tinham
gias abrem espaço para o surgimento
baixa herdabilidade (relação entre a va-
de outras áreas de oportunidade que
riabilidade genética e a variabilidade fe- já têm ou terão importante relevância
notípica), fosse porque não eram possí- econômica. Dentre elas, podemos ci-
veis de serem avaliadas diretamente no tar: seleção para reduzir incidência de

Anais SIAVS 2015 - Genética suína: onde estamos e até onde podemos chegar
- 64 -
leitões com baixo peso ao nascimento; ciência de conversão da ração utilizada
seleção para aumento da habilidade de pelas matrizes e para redução de per-
produção de leite; para melhoria de efi- das no transporte.

Referências bibliográficas

Legarra A, Aguilar I, Misztal I: A relationship ma- Seminar 2015 (https://www.banffpork.ca/)


trix including full pedigree and genomic in- Culbertson M, Nascimento J D: Tendências do
formation. J. Dairy Sci 2009, 92: 4656-4663 Melhoramento Genético de Suínos. Revista
Herring W: Genetics for The Future. Banff Porc Porkworld 2013, edição 79, p. 78-81.

Anais SIAVS 2015 - Genética suína: onde estamos e até onde podemos chegar
- 65 -

RECOMMENDATIONS ON the USE OF SALMONELLA


VACCINES IN CHICKENS

De Cort, W.
Ducatelle, R.
Van Immerseel, F.
Department of Pathology, Bacteriology
and Avian Diseases, Faculty of Veterinary
Medicine, Ghent University, Merelbeke, Belgium

Salmonella as a chicken store (room temperature), handle and eat


product-derived human (uncooked) eggs, Salmonella Enteritidis
had and still has a major impact on hu-
pathogen
man health. While total Salmonella conta-
The annual number of Salmonella infec-
mination levels are decreasing in recent
tions in humans is high worldwide. The-
years in many countries (e.g. EU), the anti-
se infections are caused by the so called
microbial resistance of the Salmonella iso-
non-host specific or broad-host range
lates is still increasing. Especially serotype
Salmonella serotypes, i.e. serotypes that
Typhimurium is causing concerns. Salmo-
can colonize the gut of many animal
species, including humans. Salmonella nella Typhimurium infections are derived
Enteritidis is one of these serotypes, and from consumption of porcine and poultry
is of particular importance because it can meat. In addition to the human infections
spread to the reproductive tract and con- caused by the 2 predominant serotypes,
taminate eggs. A worldwide egg-associa- Enteritidis and Typhimurium, also other
ted salmonellosis pandemic has started serotypes can cause human gastroente-
in the ‘70s and is currently fading away ritis. These are mainly derived from meat
in many countries, thanks to huge efforts sources, and the nature of the serotypes
of policy makers and the poultry indus- depends on the geographical location,
try. This pandemic has been specifically and changes during time. Serotypes such
caused by the serotype Enteritidis. Due to as Hadar, Infantis, Paratyphi B, Heidelberg,
its preferential association with hen eggs, Minnesota and many others can be deri-
combined with the way humans tend to ved from poultry meat.

Anais SIAVS 2015 - Recommendations on the use of Salmonella vaccines in chickens


- 66 -
Salmonella as a resorptive epithelial cells are involved.
chicken pathogen The bacteria are also shed intermit-
tently in the faeces. A crucial step in the
Some Salmonella serotypes are parti-
pathogenesis of Salmonella is the pro-
cularly causing systemic disease in 1
cess of invasion into intestinal epithelial
animal species. These serotypes are the
cells. Upon contact with intestinal epi-
so-called host-specific serotypes and
thelial cells, Salmonella bacteria inject a
include, among others, Salmonella Typhi
(humans), Cholerasuis (pigs), and Salmo- set of bacterial proteins into host cells.
nella Gallinarum and Pullorum (chicke- The main effect of the injected proteins
ns). Salmonella Gallinarum causes fowl is the rearrangement of the cytoskele-
typhoid, a severe septicaemic disease ton of the intestinal epithelial cells, in
in layers that is still a major problem in such a way that bacteria are engulfed
the Middle East, Asia (including China), by ruffles on the host cell membrane,
South America and Africa (and still oc- resulting in uptake by the epithelial cell.
casionally in the EU and US). Symptoms This process is called invasion. The pro-
in layers include anorexia, diarrhea, ane- teins that are injected in the eukaryotic
mia, a decreased laying percentage, but cells also play a role in the attraction of
the major issue is the high mortality immune cells to the gut wall. The ma-
it can induce in both chicks and adult crophages may take up bacteria pene-
hens, with mortality rates reported to trating through the caecal mucosa. This
above 50% of a flock. is the start of the systemic phase of the
infection. Salmonella bacteria can be in-
ternalized by phagocytosis into macro-
phages. Salmonella bacteria can survive
The pathogenesis of within and replicate in macrophages.
Salmonella infections These cells can go back into the blood
stream and can thereby spread the bac-
in poultry
teria to the internal organs, such as liver,
1) Non host-specific serotypes spleen, ovary and oviduct, where the
Chickens usually are infected by oral bacteria can be found in large numbers.
uptake of bacteria from the environ- Contamination of poultry meat can
ment. Salmonella bacteria are able to thus be caused by contamination in the
survive gastric acidity and can therefore slaughterhouse when faecal material or
pass the stomach to reach the intestinal gut content (or internal organ material)
tract of the animal. In the chicken, the is contaminating the carcasses during
caeca are the predominant sites of Sal- the slaughter process (for example evis-
monella colonization. The bacteria can ceration, defeathering).
adhere to intestinal epithelial cells by
specific adhesin-receptor interactions Eggs can be contaminated either ex-
in which bacterial fimbriae and man- ternally (on the shell) or internally. Shell
nosylated residues on the mucous and contamination is caused by contamina-

Anais SIAVS 2015 - Recommendations on the use of Salmonella vaccines in chickens


- 67 -
tion during or after lay, because faecal rotypes because they do not colonize
material or Salmonella bacteria present the gut extensively, but cause systemic
in the environment contaminate the ou- infection and bacteraemia, leading to
ter shell. Internal egg contamination can death in severe cases. The actual reasons
be caused by Salmonella bacteria that for the different pathogenesis is not
are transported through the eggshell completely clear, but S. Gallinarum is not
after shell contamination. In addition, in- evoking inflammation in the gut, pro-
ternal egg contamination can be caused bably because they do not cause TLR5
by Salmonella bacteria that are incorpo- activation because of the lack of flagella.
rated in the forming egg during passage They persist in splenic macrophages
in the oviduct. Salmonella can colonize and seem to modulate the avian immu-
the oviduct after systemic spread and ne response away from a protective Th1
thus easily contaminate the egg com- response (Chapell et al., 2009).
ponents, depending on the site of colo-
nization (magnum, egg white; isthmus,
shell membrane). While all Salmonella Non host-specific
serotypes are able to colonize the gut
serotype distribution in
and internal organs, Salmonella Enteriti-
dis is far more capable to persist in the layers and broilers
oviduct as compared to other serotypes. The high prevalence of serotype Ente-
In addition, Salmonella Enteritidis strains ritidis in table eggs (more than 90% of
have been shown to be superior in egg Salmonella positive eggs are contami-
white survival. The egg white is very anti- nated with strains from the serotype
bacterial (high pH, a variety of antimicro- Enteritidis) is not completely consistent
bial proteins and peptides) and is killing with the serotype distribution in laying
most bacteria, including most Salmo- hens. For example, in 2006, 4.8% of the
nella serotypes, but Enteritidis strains are EU laying hen flocks were found Sal-
rather resistant. These characteristics of monella positive, and about 75% of all
Salmonella Enteritidis explain its success isolates were serotype Enteritidis strains
in contaminating and infecting humans. (EFSA, 2007). More than 10% were Sal-
In addition, Salmonella Enteritidis is not monella Typhimurium strains, and a
growing in egg white, but only staying range of other serotypes was found in
alive and thus no sensory or visual chan- laying hen flocks. A large-scale baseli-
ges occur in the contaminated eggs. ne study of the European Food Safety
Consumers are thus not alerted. Authority (EFSA) in 2005 revealed the
presence of Salmonella spp. in 30.7%
of 4561 large-scale laying hen holdings
in the EU (EFSA, 2006). More than 51%
2) Host-specific serotypes of all Salmonella isolates of the EFSA
Host-specific serotypes are different as baseline study were Salmonella Enteri-
compared to the broad host-range se- tidis strains. The fact that different non

Anais SIAVS 2015 - Recommendations on the use of Salmonella vaccines in chickens


- 68 -
-Enteritidis serotypes can be isolated a clear relation between the serotype
from 25-50% of the Salmonella infected distribution in broiler flocks and broiler
laying hen flocks, while more than 90% meat, and the proportion of human
of all isolates from eggs are serotype Salmonella infections that is caused by
Enteritidis strains (and the other 10% consumption of broiler meat (relative
are derived from a minority of member to egg consumption) cannot be easily
states), implicates that the serotype En- estimated.
teritidis harbors some intrinsic charac-
teristics that lead to a specific interac-
tion with either the reproductive tract
Monitoring and control
of chickens, or the egg components, as
discussed above. programs
Monitoring programs are of utmost
For broilers, a Salmonella baseline sur- importance in a global strategy of con-
vey, carried out under supervision of trolling Salmonella, because they as-
EFSA from October 2005 till September sess the prevalence of infected flocks
2006, observed a mean EU Salmonella (or even the within-flock prevalence,
prevalence of 23.7% (EFSA, 2007). The depending on the method used) and
five most frequently isolated Salmo- detect changes in prevalence. They can
nella serotypes at the EU level (in the thus be used to evaluate the efficacy of
baseline study) were Enteritidis, (37.1%), control methods and programs. Perio-
Infantis (20.4%), Mbandaka (7.9%), dic testing using bacteriological detec-
Typhimurium (4.6%) and Hadar (4.1%). tion methods is the most widely used
Many more different serotypes are cir- method, but serological methods can
culating in the broiler population as also be of value. Bacteriological testing
compared with laying hen flocks. When methods are often based on excretion
the data from Hungary are excluded of Salmonella, and thus have inherent
(more than 50% of all EU broiler meat problems with sensitivity because in-
samples were from Hungary), Salmo- fected chickens shed Salmonella in-
nella Enteritidis was the most frequent termittently. This can partly be overco-
meat-contaminating serotype, followed me by using mixed faecal samples so
by Paratyphi B var. Java, Infantis, Brede- that faecal material of many animals is
ney and Typhimurium. Besides these, analysed. The within-flock prevalence
many other serotypes can contaminate can however also be low, and if only a
broiler meat. With respect to prevention low number of animals shed Salmonella,
of human Salmonella infections, in the- this method will most likely often not
ory all serotypes should be controlled in detect these infections. The sampling
the primary poultry production, as all of method and analytical method are thus
these can potentially be transmitted to having a crucial role. Environmental, fa-
humans by meat contamination in the ecal, cloacal and even organ samples
slaughterhouse. There is however not can be used for monitoring purposes.

Anais SIAVS 2015 - Recommendations on the use of Salmonella vaccines in chickens


- 69 -
Although it is difficult to calculate the Antibody detection tests are available
exact number of pooled samples that in ELISAs and typically detect either O
needs to be taken to be able to de- antigens (LPS) or H antigens (flagelllin).
tect a certain within-flock prevalence, While bacteriological detection me-
in general the lower the within-flock thods have a higher chance to detect
prevalence, the more samples need positive animals in the early period
to be taken. If a number of samples is post-infection due to higher excretion,
analysed and 1 sample is positive, the serological tests can detect positive ani-
flock is considered to be Salmonella po- mals a long time post-infection and do
sitive. This positivity is thus not giving not detect antibodies in the early pos-
information about the actual number t-infection period due to the dynamics
of infected animals and the coloniza- of antibody production after infection.
tion level in the animals. The analytical Not all animals however generate an ef-
methods used to detect Salmonella are ficient antibody response, and also here
based on enrichment of the samples for the number of samples to be taken is
Salmonella and plating of the enriched not easy to calculate, and this depends
material on different selective media, on the actual minimal to be detected
often followed by serotype identifica- within-flock prevalence and the accu-
tion. The frequency of the sampling is racy that is defined beforehand. Both
depending on the animal type (bree- methods thus have advantages and di-
ders, layers, broilers) and the produc- sadvantages.
tion stage (e.g. pullets vs layers). Often
the frequency is higher for breeders as Although control tools are available to
compared to layers, because these ani- reduce Salmonella colonization, there
mals can contaminate the whole pro- needs to be a general strategy on the
duction chain by vertical transmission. control methods to be used and defi-
As an example, under EU legislation ning the situations in which specific
(2160/2003), sampling and detection measures need to be implemented,
of all Salmonella serotypes with public but also on the actual consequences of
health significance should be done ac- finding Salmonella positive samples. For
cording to the following schemes: (a) example, for breeding flocks this can
breeding flocks: day-old, 4 weeks, 2 we- mean that the hens need to be eradica-
eks before transport to the laying unit ted when certain Salmonella serotypes
and every 2 weeks during lay; (b) laying are detected. For layers and broilers the
hens : day-old, 2 weeks before transport finding of certain serotypes could imply
to the laying unit and every 15 weeks that the eggs or meat has to be treated
during lay; (c) broilers : before transport in way that kills the bacteria before
to the slaughterhouse. In addition to the feed is being marketed. For exam-
bacteriological detection, also antibo- ple, in the EU (Regulation 2160/2003)
dy responses in serum can be used to in case of an infection with Salmonella
monitor the Salmonella status of a flock. Enteritidis or Typhimurium in breeding

Anais SIAVS 2015 - Recommendations on the use of Salmonella vaccines in chickens


- 70 -
flocks, non-incubated hatching eggs flocks. General targets (maximum num-
should be destroyed or used for human bers of positive flocks per region), set by
consumption following treatment in a governments, on the Salmonella status
manner that guarantees the elimination of flocks in regions or countries, can be
of Salmonella Enteritidis and Typhimu- helpful. This is what was done in the EU
rium. All birds from these flocks must and control measures in the individual
be slaughtered or destroyed, even the countries were established in relation
day-old chicks. Eggs derived from these to these targets. For example, in coun-
birds that are still present in a hatchery, tries with a very low prevalence eradi-
also have to be destroyed or treated cation of Salmonella positive flocks can
as described above. Another specific be an option, while vaccination can be
requirement is that eggs must not be important in countries with high preva-
used for human consumption as fresh lence (so vaccination of -layer flocks in
table eggs unless they originate from regions with a Salmonella status above
a commercial layer flock subject to a a certain threshold of positive flocks).
national control programme. Moreover,
eggs originating from flocks with unk-
nown health status, suspected of being
Vaccination and the use
infected or from infected flocks may
only be used for human consumption if of vaccines in poultry
treated in a manner that guarantees the A lot of experimental vaccines have
elimination of all Salmonella serotypes been produced for chickens, but also
with public health significance. The a variety of commercial vaccines are
use of control methods on the farms available on the market. These compri-
can be made obligatory, either or not se both live and inactivated vaccines.
depending on the Salmonella status of The currently available live vaccines are
the flocks, or even the Salmonella status produced by chemical mutagenesis or
of the flocks in a region. For example, in are selected on culture media as slow
the EU, vaccination programs against growing natural mutants (metabolic
Salmonella Enteritidis reducing the drift mutants). In general, it is believed
shedding and contamination of eggs that live vaccines induce better pro-
are applied at least during rearing to all tection because they stimulate both
laying hens in Member States as long as cell-mediated responses and antibody
they did not demonstrate a prevalence responses, while inactivated vaccines
below 10%. National control programs mainly induce antibody production. The
can for example impose measures in cell-mediated immune response howe-
broiler flocks, again either or not rela- ver is crucial in Salmonella control. Triple
ted to the Salmonella status of the flock. dose vaccination schemes are common
An example is the obligation to set up for layers and breeders, and also com-
a biosecurity program by an external binations of live and inactivated vacci-
company in Salmonella positive broiler nes are given. Live vaccines are mostly

Anais SIAVS 2015 - Recommendations on the use of Salmonella vaccines in chickens


- 71 -
administered in the drinking water (or Another live vaccine for prophylactic
using a coarse spray) and inactivated use against S. Enteritidis is based on a
ones need to be administered paren- rough strain of S. Gallinarum. It has been
terally. Autologous vaccines are used in shown to reduce the flock level inciden-
some countries, made by killing a strain ce of S. Enteritidis infections in a large
isolated from the flock where the vac- scale study in The Netherlands (Febe-
cine is administered. Cross-protection rwee et al., 2001). Gantois et al. (2006)
is shown to be occur but it is believed showed that oral vaccination with live
that intra-serotype and intra-serogroup vaccines at day 1, week 4 and week 16
protection is more pronounced. This decreased internal organ colonization,
is because of the similarities in the O- including reproductive tract coloniza-
and H-antigens within a serogroup. As tion, and egg contamination. Although
an example, Salmonella Gallinarum and it is very difficult to prove reduction of
Enteritidis are serotypes from the same egg contamination following vaccina-
serogroup. tion under field conditions owing to
the low and variable percentage of con-
Vaccines have been used extensively taminated eggs laid, the EFSA baseline
in laying hens and should a) reduce study showed that vaccinated layer flo-
or prevent the intestinal colonisation cks were less frequently contaminated
resulting in reduced faecal shedding by Salmonella as compared to non-vac-
and thus egg shell contamination and cinated flocks (4% vs 12%). In theory an
b) prevent systemic infection resulting ideal live vaccine strain should possess
in a decreased colonization of the re- following characteristics:
productive tissues, in this way reducing
internal egg contamination. Inactivated • Induce a high degree of protection
vaccines are often used in parent flocks. against systemic and intestinal infection
Parenteral administration of inactivated
• Protect against a variety of important
Salmonella vaccines to breeder birds
serovars (serogroups)
will induce a strong production of an-
tibodies. These antibodies will be trans- • Show adequate attenuation for poul-
ferred to the progeny. The maternally try, other animal species, humans and
transferred antibodies persist a few the environment
weeks but, although there seems to be
some protective effect against disease • Be easy to administer without animal
in the early post-hatch period, there is welfare issues
little effect on intestinal colonisation by • The inactivated and live vaccines
challenge strains (Methner and Steinba- should not affect growth of the animal
ch, 1997; Methner et al., 1994). There is
a report on the efficacy of inactivated • Vaccine strains should not be resis-
vaccines in prevention of egg contami- tant to antibiotics (or contain resis-
nation in layers (Woodward et al., 2002). tance genes)

Anais SIAVS 2015 - Recommendations on the use of Salmonella vaccines in chickens


- 72 -
• Vaccines have markers facilitating the and shedding. An issue is to administer
differentiation from Salmonella wild- the strains as early post hatch as possi-
type strains ble to the birds, what is not ideal using
drinking water applications but can be
• Application of vaccines should not done using coarse sprays (De Cort et al.,
interfere with Salmonella detection 2014). Thus also this characteristic can
methods be included in the list of vaccine criteria:
• Humoral antibody response after vac- Attenuated live Salmonella vaccine
cination should be distinguishably strains should be able to induce a rapid
from a Salmonella wild-type response colonisation-inhibition effect
to allow the use of serological detec-
tion methods

Multiple scientific groups have repor- Advantages and


ted a phenomenon, in which oral admi-
disadvantages of
nistration of Salmonella wild type and
attenuated strains can confer resistance vaccination and
to infection by a virulent Salmonella recommendations
challenge strain within 24 h of adminis- Unlike the traditional vaccines used to
tration. This ‘competitive exclusion’-like protect animals against virulent viruses,
phenomenon is called colonization-i- which are always administered to non
nhibition. These data suggest that it -infected animals, Salmonella vaccines
might be possible to administer live are often administered to populations
Salmonella vaccine strains to newly of animals for which the Salmonella sta-
hatched chicks such that they would tus at the time of administration is unk-
colonize the gut extensively and very nown. Bacterial vaccines in general and
rapidly, inducing a profound resistan- Salmonella vaccines in particular usually
ce to colonization by other Salmonella don’t induce sterile immunity. They only
strains of epidemiological significance, reduce the level of colonization. Ideally,
which may be present in the poultry a Salmonella vaccine should reduce the
house or may also have arisen from the level of colonization and shedding to
hatchery (Van Immerseel et al., 2005). the point that the transmission rate be-
Colonization of the gut by the coloni- comes <1, which will lead to fading out
zation-inhibition strains would prevent of the infection. Moreover, this implies
gut colonization by virulent strains, that vaccination needs to be combined
while invasion in the gut tissue would with other (hygienic, feed decontami-
evoke an inflammatory response that nation, etc) measures. Vaccines can re-
would prevent invasion to the internal duce shedding and gut and internal or-
organs by virulent strains. This means gan colonization by Salmonella. A lower
that live vaccines can thus also be used reproductive tract colonization and a
in broilers to control gut colonization decreased shedding in laying hens will

Anais SIAVS 2015 - Recommendations on the use of Salmonella vaccines in chickens


- 73 -
lead to a decrease in internal and exter- models. An important aspect with res-
nal egg contamination. In breeders this pect to live vaccines is that they should
aids in preventing vertical transmission not persist in the animals so that they
and thus transmission of Salmonella to can contaminate eggs or meat and
the progeny. In layers and broilers, vac- thus become introduced in the food
cination thus lowers transmission of the chain. Whether consumption of vacci-
bacteria to the eggs and to meat (by re- ne strains is a real problem or not de-
ducing slaughterhouse cross-contami- pends on the virulence for humans but
nation) and to the human food chain. anyhow the consumers’ attitude is that
There are thus clear benefits of using they do not want live Salmonella vac-
Salmonella vaccines with respect to pu- cines in food products. This implicates
blic health and these have been clearly that certain criteria need to be met re-
documented using both experimental garding the duration of shedding that
and field trials. Also the strong decrease is acceptable, for organ colonization
in Salmonella prevalence in layer flocks levels and duration, and for withdrawal
(and consequently in human cases cau- periods. Also environmental contami-
sed by egg consumption) in EU coun- nation and survival in the environment
tries in which vaccination was made are important issues (e.g. transmission
obligatory suggests a strong protective to wild animals), and ideally the live
effect. Also vaccination can in theory strains are not to be detected in the en-
have a clear advantage in terms of ani- vironment of the animals to which the
mal welfare, although the broad-host strains are administered. Again, whether
range serotypes only induce symptoms this is a real problem or only perception
in young animals in some occasions. is an open question that is determined
For the host-specific serotypes such as by possible residual virulence of the live
Gallinarum vaccination can clearly im- vaccine strains for animals.
prove animal welfare.
An important point in relation to vac-
The potential safety risk associated cine safety is the presence of antimi-
with vaccines is often considered as a crobial resistance genes and genetic
disadvantage, although there are cle- elements on the genome that can
ar criteria against which the safety risk potentially be transferred to other
can be benchmarked. First of all vacci- bacteria. First of all, one needs to take
nation should not affect production into account that virulence genes can
performance, including growth, egg spread from wild type strains to vacci-
production and feed conversion. Clearly ne strains. Using live attenuated strains
no disease or disease symptoms indu- that harbour multiple attenuations is
ced by the vaccines are tolerated. Also advisable in this regard, as they are li-
virulence for other animal species, in- kely to remain attenuated or will surely
cluding humans, is a potential risk, and be less virulent as compared to the wild
this should be tested in relevant animal type strains when foreign genes are
Anais SIAVS 2015 - Recommendations on the use of Salmonella vaccines in chickens
- 74 -
taken up. A major concern is the use of in practice when the flock prevalence is
antimicrobial resistance markers in live very low. Even in these conditions it can
vaccine strains that can potentially be be decided to vaccinate and not era-
transferred to other strains. Ideally, no dicate in order to maintain a low pre-
transposable resistance genes should valence that can be enough to avoid
be present (e.g. genes located on mo- public health problems. The benefits
vable DNA elements, such as propha- of vaccination should thus be weighed
ges or transposons), but also the use of against some specific disadvantages
point mutations that result in resistance being 1) the interference with detec-
(e.g. in case of rifampicin or nalidixin tion methods (serological or bacterio-
acid resistance) is under debate. How logical) for wild-type strains and 2) the
realistic the spread of the latter (and the fact that vaccines will reduce coloniza-
first) is, is not completely clear. Another tion levels and will decrease shedding,
issue is reversion to virulence. When resulting in flocks that are considered
only one or a very limited number of as Salmonella negative because of the
point mutations is introduced to pro- low sensitivity of detection methods
duce a vaccine strain, or when one uses and/or intermittent shedding, but actu-
live vaccines without any knowledge ally are still positive, although to a low
on the nature of the mutations, there level. The interference with detection
is always a risk of reversion. The risk of methods is because live vaccine strains
reversion is however possibly of limited can be isolated and make samples (e.g.
importance in regions with high Salmo- litter samples) Salmonella positive. This
nella prevalences, where the advantage can in theory be solved because live
of reducing Salmonella prevalence in vaccines can have markers that can di-
outweighing the very limited risk of re- fferentiate them from wild-type strains.
version of the live vaccines to a virulent Anyhow, even when there are differen-
phenotype. tiating markers, the detection can have
consequences (e.g. prohibition to sell
A major discussion point with regard to eggs, or recall of meat) because of the
the use of live vaccines is the compa- time needed to differentiate the strains.
tibility with monitoring and detection Serological markers can also be intro-
methods and other control measures. duced in live Salmonella vaccines (such
The epidemiological status in a region as genes ensuring the lack of expres-
or country is there for crucial. If a re- sing certain O- or H-antigens) so that
duction of Salmonella prevalence and ELISA tests do not consider vaccinated
a reduction in colonization levels is the flocks as Salmonella positive. All this
aim, vaccines are clearly of value. If one depends on the nature of the detec-
wants to eradicate Salmonella from chi- tion methods used in certain regions
ckens (e.g. in breeders) it can be wise of the world and the true prevalence
not to vaccinate but to cull Salmonella of Salmonella in the different chicken
positive flocks. Thus can only be done types to determine whether vaccina-

Anais SIAVS 2015 - Recommendations on the use of Salmonella vaccines in chickens


- 75 -
tion is advantageous and which types although some are already marketed.
of vaccines can be used. In fact this is a Many research groups have designed
case by case consideration. The possible genetically modified live vaccines with
incompatibility with other control me- a very good safety and efficacy profile,
asures (e.g. acids, prebiotics, antibiotics) and with markers that are differentia-
is often considered as a problem, but in ting the strains and the serological res-
an intelligent design of the control pro- ponse from wild type strains and serum
gram or on-farm strategy this can never responses, respectively. In relation to
be a problem. emerging phenotypes and the variety
of Salmonella phenotypes in broilers,
It is difficult to speculate about the natu-
developing vaccines against other se-
re of future vaccines but good methods rotypes can become a need, but the
are available to rationally design live registration process is long, hampering
vaccines that have defined mutations development of these vaccines.
so that both detection methods and sa-
fety aspects are highly controlled. These A selection of references that was used
are however genetically modified orga- in the paper and some review papers
nisms and their use is still under debate with more details can be consulted:

List of references
De Buck., J., Van Immerseel, F., Haesebrouck, F. and compared to other serotypes. Poultry Science, 92
Ducatelle, R. (2004). Colonization of the chicken :842–845.
reproductive tract and egg contamination by EFSA (2004). Opinion of the scientific panel on bio-
Salmonella. Journal of Applied Microbiology, 97, logical hazards on the requests from the Commis-
233-245. sion related to the use of vaccines for the control
De Cort, W., Haesebrouck, F., Ducatelle, R., Van Im- of Salmonella in poultry. EFSA Journal, 114, 1-74.
merseel, F. (2014). Administration of a Salmonella EFSA (2006). Preliminary Report on the Analysis
Enteritidis ΔhilAssrAfliG strain by coarse spray to of the Baseline Study on the Prevalence of Sal-
newly hatched broilers reduces colonization and monella in Laying Hen Flocks of Gallus gallus. The
shedding of a Salmonella Enteritidis challenge EFSA Journal, 81, 1-71.
strain. Poultry Science, 94: 131-135. EFSA (2007). The Community Summary Report
De Vylder, J., Raspoet, R., Dewulf, J., Haesebrouck, F., on Trends and Sources of Zoonoses, Zoonotic
Ducatelle, R. and Van Immerseel, F. (2013). Salmo- Agents, Antimicrobial Resistance and Foodborne
nella Enteritidis is superior in egg white survival Outbreaks in the European Union in 2006.

Anais SIAVS 2015 - Recommendations on the use of Salmonella vaccines in chickens


- 76 -

EFSA (2007). Report of the Task Force on Zoo- (2009). Mechanisms of egg contamination by Sal-
noses Data Collection on the Analysis of the monella Enteritidis. FEMS Microbiology Reviews,
baseline survey on the prevalence of Salmonella 33: 718-738.
in broiler flocks of Gallus gallus, in the EU, 2005- Methner, U., Steinbach, G., Meyer, H. (1994). Inves-
2006. Part A: Salmonella prevalence estimates. tigations on the efficacy of Salmonella immu-
The EFSA Journal, 98, 1-85. nization of broiler breeder birds to Salmonella
Feberwee, A, De Vries, TS, Hartman, EG, De Wit, colonization of these birds and their progeny
JJ, Elbers, ARW, De Jong, WA. (2001). Vaccination following experimental oral infection. Berliner
against Salmonella Enteritidis in Dutch commer- und Münchner Tierärztliche Wochenschrift, 107,
cial layer flocks with a vaccine based on a live 192-198
Salmonella Gallinarum 9R strain : evaluation of Methner, U., Steinbach, G., (1997). Efficacy of ma-
efficacy, safety, and performance of serologic Sal- ternal Salmonella antibodies and experimental
monella tests. Avian Diseases, 45, 83-91. oral infection of chicks with Salmonella Enteri-
Gantois, I., Ducatelle, R., Timbermont, L., Bohez, L., tidis. Berliner und Munchener Tierarztliche Wo-
Haesebrouck, F., Pasmans, F. and Van Immerseel, F. chenschrift, 110, 373-377.
(2006b). Oral immunisation of laying hens with Van Immerseel, F., Methner, U., Rychlik, I., Nagy, B.,
the live vaccine strains of TAD Salmonella vac E Velge, P., Martin, G., Foster, N., Ducatelle, R. and Bar-
and TAD Salmonella vac T reduces internal egg row, P.A. (2005). Vaccination and early protection
contamination with Salmonella Enteritidis. Vacci- against non host-specific Salmonella serotypes
ne, 24, 6250-6255. in poultry; exploitation of innate immunity and
Gantois, I., Eeckhaut, V., Pasmans, F., Haesebrouck, microbial metabolic activity. Epidemiology and
F., Ducatelle, R. and Van Immerseel, F. (2008). A Infection, 133, 959-978.
comparative study on the pathogenesis of egg Woodward, MJ, Gettinby, G, Breslin, MF, Corkish, JD,
contamination by different serotypes of Salmo- Houghton, S. (2002). The efficacy of Salenvac, a
nella. Avian Pathology, 37: 399-406. Salmonella enterica subsp. Enterica serotype En-
Gantois, I., Ducatelle, R., Pasmans, F., Haesebrouck, teritidis iron-restricted bacterin vaccine, in laying
F., Gast, R., Humphrey, T.J., and Van Immerseel, F. chickens. Avian Pathology, 31, 383-392.

Anais SIAVS 2015 - Recommendations on the use of Salmonella vaccines in chickens


- 77 -

The prospects of genetic selection to


improve the well-being and productivity in
poultry and pork production

Gerard A. A. Albers
European Forum of Farm Animal Breeders,
Brussels, Belgium
Hendrix Genetics, Boxmeer, The Netherlands

Introduction and supported by statistics. In general, dise-


ase incidence and mortality of animals
historical perspective
kept for production purposes have
The productivity and efficiency of poul- decreased over the same time period
try and pork production have increased of some 50 years. This is mainly due to
tremendously over the past decades. improved management of the livestock.
Increases of 1% and more per year
have been quite normal and Hume et At higher productivity levels, livestock is
al. (2011) reported increases of produc- in general more vulnerable to sub-op-
tivity of up to 100% from 1960 to 2005. timal management, simply because
Havenstein et al (2003) showed that as the animals are more dependent on
much as 80% of these improvements in perfect conditions with regard to nu-
broilers had not been possible without trition, health management, climate etc.
genetic improvement of the livestock. to allow them to fully express their high
genetic potential.
Even though it is often suggested that
these improvements of yield and effi- Breeding programs have been adapted
ciency have been at the cost of health significantly over the past decades. First
and welfare of the animals, this is not of all to accommodate the increased

Anais SIAVS 2015 - The prospects of genetic selection to improve the well-being and productivity in...
- 78 -
production potential of the animals sure on producers to adapt or outri-
such as through culling of animals with ght forces them to change production
leg defects or inferior locomotion qua- specifications, either with or without
lity which has been critical to species financial compensation for the increa-
where continued selection for meat sed cost of production. As an example,
yield has increased body weights of the an agreement between Dutch retailers
animals at market age (broilers, turke- will ban the sale of any broiler meat that
ys, pigs). Furthermore, as described by is produced by broilers growing faster
Neeteson et al (2013) in a recent article, than 50 grams per day.
since the 1950’s when productivity was
the overriding breeding goal, other se- Many subjects are on the list of concer-
lection traits have become increasingly ns that the public may have with com-
important with product quality and effi- mon practices in animal production:
ciency being the first to follow produc- improper euthanasia of animals with
tivity and robustness traits following defects or of all animals of the non-de-
suit. sired sex, such as day old males in layers,
castration of piglets without anesthe-
sia, etc. The ever continuing focus of
the production industry on cost price
Today per unit of product makes it very hard
Today, production and efficiency of for the industry to pro-actively address
poultry and pork production have ri- such societal concerns.
sen to very high levels. But demand for
Personally, I also think that the increa-
animal protein is still increasing while
sing impact of infectious diseases with
at the same time there are other and
epidemic-like characteristics such as AI
often conflicting demands regarding
in poultry and PED in pigs is not only
health and welfare of the animals and
bad for the predictability and reliabi-
regarding the sustainability of the ani-
lity of supply to consumer outlets but
mal protein production systems per se
could also raise public concern about
due to limited global resources of land,
the vulnerability of the global supply
energy and water.
chains for animal protein products in
Public concerns about animal welfare general.
in large scale animal production are no
longer only expressed by NGO’s, but
increasingly become part of national
The future and the role
and supra-national (such as European
Union or OIE) legislation and agree- of animal breeding
ments. Moreover, the (perceived) con- There is no escape: production, pro-
cerns of consumers are being included duction efficiency and reliability of su-
by retailers and food companies in their pply must increase to accommodate
“marketing mix”.This increases the pres- the growing global demand for animal

Anais SIAVS 2015 - The prospects of genetic selection to improve the well-being and productivity in...
- 79 -
protein, while at the same time require- period of consolidation in the breeding
ments for increased health and welfare, industry - all but completed in poultry
and sustainability in general must be breeding, progressing at increasing
dealt with. pace in pig breeding – the breeding
companies now have the capacity to
I am optimistic about the role that ani- put these novel technologies to work.
mal breeding can play to support the Plant breeding has shown us the way
global industry in dealing with these how to use innovation for the good of
challenges. the global production industry and we
can also learn of their mistakes.
Technological developments in the
field of genetics, and especially DNA During my presentation I will show a
technologies, have been truly revolu- number of examples of how and where
tionary and, similarly, we have increa- animal breeding can exploit the novel
sed our capabilities for large scale and technological capabilities to address
automated data collection and data the issues that are facing the global ani-
handling equally impressively. After a mal production industry.

List of references

Havenstein, G.B., Ferket, P.R. and Qureshi, M.A. productivity and sustainability. Journal of Agricul-
(2003) Growth, livability and feed conversion of tural Science, doi:10.1017/S0021859610001188,
1957 versus 2001 broilers when fed representa- 1-8
tive 1957 and 2001 broiler diets. Poultry Science, Neeteson-van Nieuwenhoven, A., Knap, P. and
82: 1500-1508 Avendaño, S. (2013) The role of sustainable com-
Hume, D.A., Whitelaw, C.B.A. and Archibald, A.L. mercial pig and poultry breeding for food securi-
(2011) The future of animal production: improving ty.) Animal Frontiers, 3 (1): 52-57

Anais SIAVS 2015 - The prospects of genetic selection to improve the well-being and productivity in...
- 80 -

Principais entraves no Processo de Registro


de estabelecimentos Avícolas Comerciais

Izabella gomes hergot


IMA Instituto Mineiro de Agropecuária

Introdução lização das granjas avícolas comerciais


A Instrução Normativa nº 56, de dezem- e a emissão do certificado de registro
bro de 2007, Instrução Normativa nº destes estabelecimentos.
59, de dezembro de 2009 e Instrução
Aqueles que não atenderam ao prazo
Normativa nº 36 de dezembro de 2012,
para registro, foram classificados como
todas do Ministério da Agricultura, Pe-
cuária e Abastecimento, estabelecem inaptos e incluídos no Programa de
os Procedimentos para Registro, Fiscali- Gestão de Risco Diferenciado, estabele-
zação e Controle de Estabelecimentos cido pela Instrução Normativa nº 10 de
Avícolas de Reprodução e Comerciais Abril de 2013, no qual determina como
em todo território nacional. obrigatório o monitoramento para pre-
sença de Salmonella.
No Estado de Minas Gerais, as Portarias
nº 1.080/2010 e nº 1.158/2011, dispõem
sobre a obrigatoriedade e os procedi-
mentos para registro e fiscalização de Procedimentos
estabelecimentos avícolas comerciais. Em Minas Gerais a emissão dos registros
O IMA - Instituto Mineiro de Agropecu- é realizada pela Gerência de Defesa Sani-
ária realiza a análise documental, a fisca- tária Animal a partir do envio dos docu-

Anais SIAVS 2015 - Principais entraves no processo de registro de estabelecimentos avícolas comerciais
- 81 -
mentos necessários, providenciados pe- comum nos depararmos com granjas
los produtores e Responsáveis Técnicos, construídas próximas a estradas, bar-
acompanhados do Termo de Vistoria e rancos ou então que apresentam gal-
“Roteiro para Inspeção Física e Sanitária pões muito próximos uns dos outros,
para Registro de Estabelecimento Aví- inviabilizando a construção de cercas
cola Comercial”, ambos preenchidos na com distância mínima de 5 metros.
propriedade no momento da vistoria
oficial. Este Roteiro foi elaborado especi- Outro entrave, talvez um dos mais dis-
ficamente para esta finalidade, auxilian- cutidos desde a publicação das norma-
do o Fiscal Agropecuário a seguir um tivas referentes ao registro, é a instala-
padrão no momento da vistoria e pos- ção de telas com malha não superior a
uma polegada (2,54 cm) nos vãos ex-
sibilitando que fique documentado em
ternos livres dos galpões. Para diminuir
formulário próprio se a granja está apta
o custo com material e mão de obra,
ou não a receber o registro.
alguns produtores optaram pela sobre-
É importante salientar que a granja será posição de telas ao invés da substitui-
registrada somente se a estrutura física ção da antiga pela nova com malha não
for considerada apta e se a documenta- superior a 2,54 cm. Esta sobreposição
ção estiver completa, de acordo com a não foi motivo de objeção pelo serviço
legislação vigente. oficial, porém foi orientado a todos os
produtores e responsáveis técnicos que
Finalmente, o “Certificado de registro” e a mediante acúmulo de sujeira, o risco de
pasta de processo contendo todos os do- ocorrência de doenças aumentaria e
cumentos relacionados a este certificado por isso a granja se tornaria inapta ao
são encaminhados para a unidade local. registro. Ainda com relação às telas, os
Responsáveis Técnicos pelas granjas de
Portanto, podemos separar o processo
postura que possuem galpões auto-
de registro em três fases distintas: 1ª
matizados, relutam em instalar as telas.
fase- Inspeção na propriedade; 2ª fase-
Segundo eles, a criação de aves de múl-
Conferência de Documentos; 3ª fase -
tiplas idades não permite a realização
emissão e encaminhamento do certifi-
de vazio sanitário e por isso não é pos-
cado de registro.
sível realizar limpeza e desinfecção nas
telas de forma adequada. O acúmulo
de resíduos na tela prejudicaria muito
Principais entraves em a qualidade do ar, predispondo as aves
às doenças respiratórias, e consequen-
cada fase do processo de
temente à queda na produção de ovos.
registro
1ª fase- Inspeção na propriedade Ao longo deste processo de registro de
granjas, foi observado que há uma gran-
Grande parte das granjas do Estado de de migração dos produtores entre as
Minas Gerais é antiga e por isso é muito empresas integradoras e arrendatários

Anais SIAVS 2015 - Principais entraves no processo de registro de estabelecimentos avícolas comerciais
- 82 -
de granjas, com consequente cance- ideais para um bom e adequado fun-
lamento de um registro e inicio de um cionamento de um estabelecimento
novo processo, o que demanda envio de avícola. Alem de fugir da realidade da-
novos documentos e de novas vistorias. quela granja, faz com que o documento
perca o sua função.
Foi observado também que granjas que
fazem parte de integrações se esforçam 3ª fase - Emissão e encaminhamento
mais para adequar suas granjas às exigên- do Certificado de Registro
cias estabelecidas pelas normativas, seja
por entender a importância do registro, Muitas vezes os produtores e responsá-
seja pela simples imposição da empresa. veis técnicos não entendem que desde
Ao contrário, produtores independentes a entrega dos documentos na Unidade
alegam não ter recursos para atender es- Local, vistoria da propriedade e conclu-
tas exigências e em outras situações se são do registro existe um tempo míni-
justificam com a simples falta de interesse. mo necessário para que os certificados
sejam emitidos.
2ª fase- Conferência de Documentos
Apesar de todos os esforços que o SVO
Nesta fase, o principal entrave encon- tem feito para acelerar o processo de
trado pelo Serviço Veterinário Oficial registro, nem sempre é possível atender
são os documentos vencidos ou inade-
demandas inesperadas em curto espa-
quados apresentados para o registro de
ço de tempo, o que torna um grande
granja. Entre os documentos vencidos,
entrave para o registro.
o mais comum é o exame de agua. En-
tre os inadequados, as plantas baixas e
de localização, e o memorial descritivo.
Considerações finais
A falta de padrão na documentação
apresentada também pode se tornar Apesar das dificuldades relatadas neste
um entrave do registro, pois dá espa- documento, o registro de estabeleci-
ço a subjetividade, uma vez que nem mentos avícolas comerciais está sendo
sempre é o mesmo fiscal que avalia os realizado no Estado de Minas Gerias de
documentos. forma ininterrupta, elevando o índice
de granjas registradas.
O objetivo do memorial descritivo é
descrever da forma mais completa pos- Produtores e empresas avícolas tem se
sível todas as ações realizadas na granja, conscientizado que uma granja regis-
desde a produção até os cuidados sani- trada não serve apenas para atender
tários. Porém, alguns Responsáveis Téc- uma burocracia do SVO, mas sim certi-
nicos apenas citam procedimentos que ficar que aquele estabelecimento está
são considerados pela literatura como em dia com suas obrigações sanitárias.

Anais SIAVS 2015 - Principais entraves no processo de registro de estabelecimentos avícolas comerciais
- 83 -

Marketing como ferramenta para


aumentar o consumo de ovos -
experiência na América Latina

James Abad
Presidente del ILH

El problema de la mala alimentación de educación alimentaria! Esta ausencia


abarca dos dimensiones fundamenta- tiene como consecuencia que la pobla-
les: La primera es la pobreza en la que ción no opte por los alimentos que se-
vive gran parte de la población, y la rían beneficiosos para su salud, sino que
segunda es la falta de promoción de en cambio consuma alimentos de bajo
educación alimentaria en contraste con nivel nutricional. Dicha afirmación se
la gran maquinaria publicitaria de dife- puede ver plasmada en el contraste de
rentes productos de consumo masivo. los datos de la cantidad total de inversi-
La inversión publicitaria es cuantiosa en ón en pro una alimentación saludable
productos que ofrecen poco o ningún en los países latinoamericanos -la cual
valor nutricional, sin beneficios para la es de US$ 200 millones- contra la cifra
salud, y que por el contrario pueden de la inversión en campañas publici-
afectarla, estamos ante una situación tarias de las principales compañías de
especialmente delicada que requiere el chocolates y gaseosas, la cual asciende
compromiso de todos los sectores para a US$ 25 000 millones. Esta enorme de-
cambiarla. sigualdad ayuda a comprender por qué
una persona elige comprar productos
Lo planteado nos lleva al segundo pro- de baja densidad nutricional en lugar de
blema en cuestión: ¡la falta de campañas alimentos saludables a pesar de que su

Anais SIAVS 2015 - Marketing como ferramenta para aumentar o consumo de ovos - experiência na América...
- 84 -
valor nutricional es mucho más alto. Si a terna, por tanto, son las que mejor se
esto le sumamos que una parte impor- absorben. Asimismo, el huevo contiene
tante de la población vive en pobreza todos los minerales y vitaminas que el
y/o pobreza extrema, se podría enten- cuerpo necesita, a excepción de la vita-
der, por más ilógico que parezca, por mina C, y aporta cantidades importantes
qué una persona que gana menos de de antioxidantes y colina, un nutriente
US$ 2 diarios utiliza los escasos ingresos muy importante para el desarrollo ce-
que obtiene en comprar productos que rebral, que unido a las proteínas de alto
no le proveen ningún beneficio para su valor biológico del huevo y a sus grasas
salud, sino que inclusive pueden tener principalmente monoinsaturadas, pue-
efectos nocivos para su organismo, en den contribuir a un mejor desarrollo in-
vez de un alimento natural, que además telectual y a la prevención de las enfer-
de tener un bajo precio le proveería los medades crónicas no transmisibles (ej.:
nutrientes necesarios para un buen fun- diabetes, obesidad, síndrome metabóli-
cionamiento del cuerpo, previniendo la co, etc.) que aparecen en la edad adulta
aparición de enfermedades crónicas no como consecuencia de la desnutrición
transmisibles. crónica padecida en la infancia.
Los países latinoamericanos se caracte- Otro punto a destacar, es que el huevo
rizan por tener, en su mayoría, elevadas no es sólo un alimento nutritivo, sino
tasas de desnutrición crónica en sus que está al alcance de toda la población
niños menores de 5 años, así como de por su bajo costo y ofrece la mejor re-
deficiencia de micronutrientes, espe- lación costo-beneficio, que ningún otro
cialmente de hierro. Esto se traduce en producto o alimento conocido puede
niños que no solo durante la infancia van igualar, por lo que su ecuación de valor
a tener un menor rendimiento escolar, es insuperable.
sino cuyo desarrollo intelectual va a estar
limitado para el resto de sus vidas. Otro punto relevante a analizar es las
campañas de marketing de los produc-
Es en este contexto que el HUEVO, dada tos sustitutos directos del huevo. Vamos
su alta densidad nutricional y relativo a exponer qué ofrecen estos y compa-
bajo costo, aparece como la mejor opci- rarlo con lo que ofrece el huevo:
ón para combatir la mala alimentación
en la región y convertirse en un aliado Leches Enriquecidas: Los comerciales
estratégico en la lucha contra la desnu- de leches enriquecidas prometen niños
trición crónica, tanto en la prevención más inteligentes a través de la adición
de la misma, como en la prevención de de nutrientes como la colina y los áci-
algunas de sus consecuencias. dos grasos esenciales de la familia ome-
ga, 3 y 6 (EPA, DHA y ARA).
El huevo es un alimento altamente pro-
teico; además, sus proteínas son las de El huevo es fuente natural de los nu-
mejor calidad después de la leche ma- trientes que ofrecen ambos productos,

Anais SIAVS 2015 - Marketing como ferramenta para aumentar o consumo de ovos - experiência na América...
- 85 -
e incluso los contiene en cantidades En síntesis, los beneficios que ofrece el
mayores y en una matriz que permite huevo son muy superiores a los que ofre-
una mejor asimilación de los mismos. cen sus competidores y sustitos direc-
tos, los cuales lo convierten en la mejor
Avena: Los comerciales de avena ofre- opción para combatir los problemas de
cen una elevada cantidad de fibra solu- desnutrición de la región, producto de
ble para asociarlo con bajos niveles de la mala alimentación, y en un elemento
colesterol. que debería estar siempre presente en
la mesa de las familias latinoamericanas.
El huevo es un alimento cardiosaludable;
no por su contenido de fibras, sino por la Todos los puntos a favor del huevo,
predominancia de las grasas monoinsa- tanto sus atributos nutricionales y sus
turadas, similares a las del aceite de oliva, ventajas frente a los sustitutos, así como
y a la elevada cantidad de antioxidantes su bajo precio, podrían y deberían uti-
que contiene, los cuales lo convierten en lizarse en campañas de promoción del
un alimento favorable para la protección mismo, y de esta manera promover su
frente a la formación de placas ateroma- consumo y aumentar su demanda. La
tosas y prevención el desarrollo de enfer- promoción del consumo de huevos
medades cardiovasculares. debería ser vista como un punto central
de todas nuestras agendas a nivel de
Cereales: Los comerciales de cereales gremios y de productores.
para el desayuno por lo general resal-
tan que están enriquecidos con todas Tenemos que unirnos, levantar nuestras
las vitaminas y minerales que el cuerpo voces y hacer que en toda Latinoamé-
necesita para mantener la salud rica se conozca la verdad sobre el hue-
vo, destacar que es el mejor aliado para
El huevo las contiene de forma natural, combatir la desnutrición y lograr que
en cantidades óptimas y con una bio- sea reconocido como el mejor alimento
disponibilidad superior. después de la leche materna.

Anais SIAVS 2015 - Marketing como ferramenta para aumentar o consumo de ovos - experiência na América...
- 86 -

Programa sanitário para avicultura familiar

Luiz Carlos Demattê Filho


Diretor Industrial da Korin Agropecuária,
Coordenador Geral do Centro de Pesquisa
Mokiti Okada e Secretario executivo
da Associação Brasileira da Avicultura
Alternativa – AVAL

Dayana Cristina de O. Pereira


Mestranda em Engenharia de Biossistemas
ESALQ-USP e Zootecnista do CPMO

1. Introdução vimento de resistência bacteriana, resí-


Inegavelmente há no cenário mundial duos potencialmente alergênicos nos
uma crescente preocupação com re- alimentos e a dispersão de moléculas
lação à produção de alimentos e suas antibióticas nos sistemas de produção
interações com o meio ambiente, a através do uso de fertilizantes oriundos
qualidade dos alimentos produzidos, dos animais.
com o bem estar e a prosperidade so- Neste pano de fundo acima descrito so-
cial e econômica dos produtores rurais, mam-se as preocupações com relação
oriunda da necessária dinamização da às doenças zoonóticas de transmissão
vida e da cultura rural, demonstrada alimentar como as infecções alimenta-
também pela reprodução social das fa- res (salmonelas, coliformes, enterobac-
mílias no campo. terias) e os agentes potencialmente
capazes de promover contaminação
De forma mais impactante no momen-
interespécies e vertical como os da In-
to, surge às discussões acerca do inten-
fluenza Aviária.
sivo uso de antibióticos, promotores de
crescimento nos sistemas produtivos. Neste aspecto, as discussões igualmen-
Sobre este assunto a preocupação se te crescentes sobre o bem-estar dos
estende para as questões de desenvol- animais de produção, inicialmente no

Anais SIAVS 2015 - Programa sanitário para avicultura familiar


- 87 -
âmbito dos consumidores e mais recen- certificações de conformidade. Os se-
temente mudanças nos setores de pro- los oriundos desta certificação auxilia-
dução das agroindústrias, alimentam ini- ram no reconhecimento dos sistemas
ciativas produtivas diferenciadas como mais zelosos com o meio-ambien-
é o caso da produção de frangos e aves te, com os animais, com a saúde do
caipiras, frangos orgânicos e frangos consumidor e com a população rural.
isentos de antibióticos, quimioterápicos. Além disso, estes atribuem mais espe-
cificidades aos produtos, agregando
Tais produções, muitas vezes apontadas valor aos mesmos. Desta forma, o pro-
como de risco sanitário, possuem atual- cesso de diferenciação vem se conso-
mente elementos importantes de con- lidando progressivamente, revelando
trole e de organização de seus atores, riquezas até então não explorados
que no nosso entendimento são capa- (PECQUEUR, 2005).
zes de se desenvolverem plenamente,
seguindo requisitos sanitários básicos, Todo este complexo produtivo, em opo-
tornando-se uma importante fonte de sição à comoditização cria e desenvolve
trabalho, de bem estar sócio econômico cadeias de valor importantes para a sus-
de seus agentes, e uma importante fonte tentabilidade de tais atividades no longo
alimentar para as comunidades rurais, as- prazo, com repercussão inclusive no sen-
sim como para a oferta no mercado. tido de melhorar os aspectos sanitários
de tais processos, e quiçá contribuir com
A Conferência das Nações Unidas em melhorias na sanidade do rebanho aví-
1992 no Rio de Janeiro (Rio 92) esta- cola em sistemas convencionais.
beleceu um marco nas discussões re-
lativas ao chamado desenvolvimento
sustentável e contribuiu enormemente
para a disseminação de muitas ideias, 2. Associação Brasileira
alimentando um debate acerca de for- de Avicultura Alternativa
mas de agricultura mais coerentes com A Associação Brasileira de Avicultura Al-
a preservação ambiental, a alimentação ternativa – AVAL foi fundada em 2001,
de qualidade, e a saúde e bem estar com o objetivo de fortalecer a repre-
econômico e social de produtores e sentatividade dos produtores perante
consumidores. o Ministério da Agricultura Pecuária e
Abastecimento, às entidades de classe
As demandas criadas a cerca da sus-
da avicultura e também perante o pú-
tentabilidade motivaram empresas blico consumidor, concretizando ações
do setor avícola a se alinharem a es- de defesa da qualidade dos produtos e
tes propósitos, criando um ambien- assegurando a seriedade e credibilidade
te adequado para a emergência de dos sistemas de produção das empresas.
novos modelos de produção avícola,
o que promoveu o desenvolvimento Com uma visão ampla, atentos às mu-
de soluções inovadoras, tais como as danças no perfil do consumidor, que

Anais SIAVS 2015 - Programa sanitário para avicultura familiar


- 88 -
vem exigindo cada vez mais alimentos entidades ligadas ao setor empreen-
seguros e saudáveis, isentos que resídu- deram esforços para a normatização
os e contaminantes, os atuais 48 asso- do sistema de produção caipira. Assim,
ciados têm como aspiração comum o juntamente com a Associação Brasileira
fortalecimento do segmento de produ- de Normas Técnicas - ABNT elaborou-
ção de carne e ovos com atributos de se uma normatização para a produção,
qualidade diferenciada. abate, processamento e identificação
do frango caipira e de seus respectivos
cortes e miúdos comestíveis. A norma
intitulada AVICULTURA – PRODUÇÃO,
ABATE, PROCESSAMENTO E IDENTIFICA-
ÇÃO DO FRANGO CAIPIRA, COLONIAL
OU CAPOEIRA (ABNT/CEE 214) encon-
tra-se atualmente sob consulta pública.
Abaixo descrevemos alguns tópicos
constantes nesta norma:

a) Requisitos básicos para os sistemas


de produção:

• Obtenção de pintos de um dia de


Figura 2: Localização dos associados. estabelecimentos avícolas de repro-
dução registrados no Ministério da
Tendo como objetivo a regulamenta- Agricultura, Pecuária e Abastecimen-
ção oficial dos sistemas de criação alter- to e em conformidade com os regu-
nativos, considerando a necessidade de lamentos do Programa Nacional de
aprovação dos pedidos de rotulagens Sanidade Avícola (PNSA)
das empresas produtoras, a Associação
• Os pintos devem ser provenientes de
através de várias reuniões de seu De-
linhagens ou raças de crescimento
partamento Técnico, concluiu o docu-
lento para corte.
mento final que normatiza toda a pro-
dução do frango antibiotic free (AF). A • Os estabelecimentos devem ser
obtenção deste documento foi a base registrados conforme legislação vi-
para consolidar o reconhecimento ofi- gente e atender as normas de bios-
cial deste produto e para a criação de seguridade:
um sistema de certificação. Em anexo
encontra-se descritas as substâncias • No incubatório, não é permitido apli-
permitidas e não permitidas na produ- car antibióticos ou quimioterápicos
ção de frangos e ovos AF. nos pintos em caráter preventivo.

Mais recentemente a AVAL juntamente Nota 1 Recomenda-se que os pintos


com o MAPA, o MDA, a ABPA e outras de um dia destinados à produção sob o
Anais SIAVS 2015 - Programa sanitário para avicultura familiar
- 89 -
sistema caipira sejam vacinados contra cleos, devendo haver um intervalo
a coccidiose no incubatório. entre lotes de no mínimo dez dias.
7.8 Devem-se estabelecer proce-
Nota 2 Recomenda-se que as aves sejam dimentos e instruções de trabalho
vacinadas contra a doença de Newcastle contemplando a higienização dos
• Os estabelecimentos com menos de equipamentos, instalações e veícu-
1 000 aves com finalidade comercial los, tratamento da água e controle
devem estar cadastrados no Serviço de pragas.
Veterinário Oficial (SVO) e atender às • As aves mortas devem ser recolhidas
demais legislações vigentes. no mínimo uma vez por dia. 7.10 A
b) No que se refere ao controle sanitário destinação das carcaças de aves mor-
as orientações incluem: tas ou descartadas deve ser feita em
local apropriado para compostagem
• Manter as áreas internas dos galpões ou outros métodos capazes de inati-
e dos núcleos limpas e organizadas. var agentes patogênicos.

• Controlar e registrar o trânsito de veí- • A higiene pessoal deve ser controla-


culos e acesso de pessoas ao estabe- da, como o uso de calçados e roupas
lecimento, incluindo a colocação de específicas para o núcleo.
sinais de aviso, para evitar a entrada
de pessoas estranhas ao processo • O uso de antibióticos, anticoccidianos
produtivo. e quimioterápicos deve ser prescrito
pelo médico veterinário responsável,
• Proteger com cercas de segurança e somente para finalidades de trata-
estabelecer, nas vias de acesso, fluxo mento de doenças cujas prescrições
operacional e medidas higiênico-sa- devem ser arquivadas, por um perío-
nitárias, a fim de evitar a entrada de do mínimo de dois anos, para fins de
pessoas, animais e veículos na área de auditoria.
produção.
• É proibida a aspersão de desinfetan-
• Adotar procedimento adequado para tes não registrados para este fim nas
o destino de águas utilizadas, aves instalações dos aviários, durante o pe-
mortas, ovos descartados, esterco e ríodo de criação.
embalagens.
• Os produtos utilizados na limpeza e
• Elaborar e executar programa de desinfecção das instalações e equipa-
higienização a ser realizado nos gal- mentos do sistema de criação devem
pões e equipamentos após a saída de ser registrados ou autorizados nos
cada lote de aves. respectivos órgãos competentes.

• O sistema de produção de frango • É obrigatória a observância ao perí-


caipira deve ser mantido em nú- odo de carência dos medicamentos
Anais SIAVS 2015 - Programa sanitário para avicultura familiar
- 90 -
eventualmente utilizados durante a Principais sistemas de
produção dos lotes de aves, sob res- produção alternativos
ponsabilidade do médico veterinário.
Os principais sistemas alternativos de
• Estabelecer procedimentos para a produção de aves estão definidos abai-
desinfecção de veículos, na entrada e xo, conforme descritos nas normas de
na saída do estabelecimento. produção da Associação Brasileira da
Avicultura Alternativa - AVAL.

Sistema de produção
Antibiotic free:
É o sistema de produção de aves sem res-
trição de linhagem, criado sem o uso de
antibióticos, anticoccidianos, melhorado-
res de desempenho de base antibiótica,
quimioterápicos e ingredientes de ori-
Figura 2: Ilustração de um sistema de desinfe- gem animal na dieta. Os frangos podem
çção de veículos com sensores de passagem ser totalmente confinados ou com aces-
localizado em uma unidade de produção de
frangos orgânicos.
so á áreas de piquete. No caso da produ-
ção de ovos, o confinamento é permitido
c) É vetado o uso de: nas delimitações do galpão, mas jamais
pelo confinamento em gaiolas (Figura 3);
• Todos e quaisquer insumos, produtos e
medicamentos veterinários não autori-
zados ou não registrados para uso em
aves conforme a legislação vigente;  

• Azul de metileno, formol e violeta de


genciana, usados como desinfetan-
tes, antibacterianos e antifúngicos
aspergidos sobre as aves e/ou nos
aviários, e usados pela ração ou água
de bebida;

 • Óleos vegetais reciclados (de cozinha


industrial ou restaurantes) como in-
grediente de rações;  

• Antimicrobianos com finalidade pre-


ventiva e como melhorador de de- Figura 3: Sistema de produção de frangos e
sempenho. ovos AF respectivamente

Anais SIAVS 2015 - Programa sanitário para avicultura familiar


- 91 -
Sistema de produção a produção de carne e miúdos. Neste
orgânico: sistema de produção, todas as aves têm
acesso às áreas livres para pastejo em
Sistema de produção de aves de
sistema semiextensivo e recebem ra-
corte definido pela lei nº 10.831, de
ção isenta de melhoradores de desem-
23/12/2003 (BRASIL, 2003) e regula-
penho de base antibiótica.
mentado principalmente pelas IN nº46
de 06/10/11 (BRASIL, 2011) e IN n°17 de
18/06/2014 (BRASIL, 2014b) do MAPA,
nas quais se faz referência aos produtos
obtidos pelo sistema orgânico, ecológi-
co, biológico, biodinâmico, natural, sus-
tentável, regenerativo e agroecológico;

Figura 5: Sistema de produção caipira

3. Programa Nacional de
Sanidade Avícola – PNSA
A Portaria Ministerial nº 193 de 19 de
Figura 4: Sistema de produção de frangos e setembro de 1994, consolidou e es-
ovos AF respectivamente truturou o Programa Nacional de Sa-
nidade Avícola (PNSA), do Ministério
da Agricultura Pecuária e do Abasteci-
Sistema de
mento - MAPA, considerando a impor-
produção caipira tância da produção avícola nacional
Sistema de criação de aves comerciais no contexto nacional e internacional,
destinadas à produção de carne, atra- e a necessidade de normatização das
vés de raças e linhagens de crescimen- ações de acompanhamento sanitário,
to lento e à produção de ovos através relacionadas ao setor avícola, observan-
de raças e linhagens selecionadas para do o processo de globalização mundial
postura que ao final de seu ciclo de em curso, e quanto, a necessidade de
postura, sejam destinadas ao abate para estabelecimento de programas de coo-

Anais SIAVS 2015 - Programa sanitário para avicultura familiar


- 92 -
peração entre as instituições públicas e • Assistência aos focos das doenças de
privadas (ADEAL, 2014). controle oficial;

É importante salientar que muito em- • Padronização das medidas de biosse-


bora a produção alternativa seja co- guridade e de desinfecção;
mumente associada à criação de fundo
de quintal, todos os elos desta cadeia • Realização de sacrifício sanitário em
produtiva, ou seja as empresas de ge- caso de ocorrência de doenças de
néticas, de nutrição assim como as uni- controle oficial;
dades de produção são regidas pelas • Fiscalização das ações de vazio sani-
normas do Ministério da Agricultura tário;
Pecuária e Abastecimento, sendo estas
ultimas inclusas nos programas sanitá- • Controle e fiscalização de trânsito de
rios avícolas (PNSA). animais susceptíveis;

A atuação do PNSA está pautada na • Realização de inquérito epidemioló-


execução das seguintes atividades gico local;
(ADEAL, 2014):
• Vigilância sanitária realizada pelo VI-
Vigilância epidemiológica e sanitária GIAGRO, no ponto de ingresso (por-
das principais doenças aviárias desta- tos, aeroportos e postos de fronteiras)
cando-se as doenças de notificação de material genético;
obrigatórias à Organização Mundial da
Saúde Animal, em todas as unidades da • Fiscalização e registro de estabeleci-
Federação. A profilaxia, o controle e a mentos avícolas;
erradicação dessas doenças consistem • Monitoramento sanitário nos plan-
na aplicação das seguintes medidas de téis de reprodução para certificação
defesa sanitária animal: dos núcleos e granjas avícolas como
• Atenção à toda comunicação de sus- livres de salmoneloses (S. Gallinarim,
peitas de doenças em aves, com a apre- S. Pullorum, S Enteritidis e S. Typhimu-
rium) e micoplasmoses (M. gallisepti-
sentação de uma ou mais das seguin-
cum, M synoviae es M. melleagridis),
tes sintomatologias: depressão severa,
em todas as unidades da Federação.
inapetência, edema facial com crista e
barbela inchada e com coloração arro-
xeada, dificuldade respiratória com des-
carga nasal, queda severa na postura de 4. Experiência de sucesso
ovos, mortalidade elevada e diminui-
na produção alternativa
ção do consumo de água e ração;
No Brasil dentre as varias cadeias pro-
• Atenção às notificações de suspeita de dutivas de alimentos a avicultura desta-
influenza aviária, doença de Newcastle ca-se como uma das mais fortemente
e demais doenças de controle oficial; orientadas para a produção e para a re-

Anais SIAVS 2015 - Programa sanitário para avicultura familiar


- 93 -
dução de custos, gerando uma estrutu- Inicialmente a criação de frango na em-
ra dominada pelas grandes agroindús- presa surgiu com a ideia de diversifica-
trias do setor. Neste modelo, é notória a ção da então pequena propriedade ru-
dificuldade que se tem em distribuir os ral. Contudo devido à percepção da boa
benefícios marcadamente em direção oportunidade de negocio a mais de 10
ao produtor. Há uma acirrada disputa anos a mesma família dedica-se exclusi-
de preços, reduzindo margens, que na vamente a esta atividade. Utilizando um
maioria das vezes esmaga o pequeno sistema de produção moderno e não
agricultor (Demattê, 2014). intensivo, a aplicação de tecnologias de
produção e manejo se fazem presentes
Assim uma estratégia de escopo, e contemplam principalmente as práti-
como no caso da produção diferen- cas nutricionais e sanitárias.
ciada com atributos específicos de
qualidade, pode permitir que o prê- Em 2001 a instalação de um abatedou-
mio de preço pago pelo consumidor ro artesanal, marcou o inicio das ati-
vidades comerciais do Frango Caipira
possa se transmitir à montante, ren-
Ivaiporã. Atualmente, sob a vigilância
tabilizando o produtor, favorecendo
do serviço de inspeção do Paraná (SIP/
o desenvolvimento rural sustentável.
POA), a empresa fornece frango caipira
Além dos benefícios a estes peque-
a todo o Estado, inclusive pela certifica-
nos produtores a adoção de manejos
ção do SISBI, vem também estendendo
de produção alternativos consistem suas atividades para além das fronteiras
em uma estratégia para as empresas estaduais.
do setor, driblarem esta acirrada con-
corrência existente no mercado de Outro exemplo de empresa que so-
produtos comoditizados. brevive no mercado devido aos seus
diferenciais de produção e a Korin
Localizada na região central do Paraná Agropecuária Ltda1. Fundada em 1994,
e de origem familiar, a empresa Fran- a empresa implantou um sistema de
go Caipira Ivaiporã atua desde 1998 na produção diferenciado cujo objetivo
produção de frangos caipira. Pautada final abrange não só a produção de ali-
na qualidade e na produção artesanal mentos, mas também a saúde de pro-
a empresa desenvolve técnicas de pro- dutores e consumidores, a preservação
dução que visam preservar a rusticida- do meio ambiente e a responsabilidade
de das aves, sendo este um dos seus social, valores estes, alinhados às ten-
diferencias de produção. A preocupa- dências mundiais atuais (Brasil, 2014a).
ção com a saúde, com o meio ambien-
te a com a ética animal fez com que o 1
Empresa brasileira seguidora dos princípios da
produto caísse no gosto dos consumi- Agricultura Natural, modelo de produção preconiza-
dores que não abrem mão da qualida- do por Mokiti Okada (Japão, 1882-1955), filósofo e
espiritualista japonês que elaborou um extenso tra-
de e do sabor tradicional e marcante balho abordando assuntos ligados à política, econo-
deste produto. mia, educação, arte, medicina, religião e agricultura.

Anais SIAVS 2015 - Programa sanitário para avicultura familiar


- 94 -
Inicialmente inúmeros foram os desafios de produção livre de antibióticos é o
para se estabelecer um sistema de pro- respeito às normas de bem-estar ani-
dução diferenciado. Chamava atenção a mal. A sua importância, além das ques-
alta morbidade dos desafios sanitários. tões éticas, se deve principalmente a in-
Questões sanitárias como a coccidiose e fluência que este tem sobre a resiliência
clostridiose, acarretavam perda de peso e dos animais. Em situação de ausência
elevada conversão alimentar, diminuindo de bem-estar, a ação das catecolaminas
a eficiência das aves. Nesta época, alterna- e dos glicocorticoides tem repercus-
tivas aos aditivos tradicionais não existiam, sões negativas no sistema imunológico,
por isso ao longo de anos foram desenvol- tornando os animais mais susceptíveis
vidas internamente e junto a fornecedores às enfermidades (MENDL et al., 2001;
externos novas estratégias e novos produ- PALME et al., 2005; CARRAMENHA &
tos. Alguns produtos naturais com pro- CARREGARO, 2012).
priedades antimicrobianas passaram a ser
pesquisados com frequência, tais como os O gráfico a seguir, proposto por Demat-
ácidos orgânicos que são facilmente ab- tê Filho e Pereira (2015), ilustra a cone-
sorvidos pelas bactérias, danificando seu xão entre o não uso de antibióticos e as
DNA e impedindo que elas se dividam questões de bem-estar animal.
(LANGHOUT, 2005). Da mesma forma ou-
tros insumos como os probióticos, prebi-
óticos e simbióticos passaram a integrar
o portfólio da empresa, devido principal-
mente aos seus efeitos benéficos na ma-
nutenção do equilíbrio da microbiota gas-
trointestinal dos hospedeiros (BIELECKA,
et al. 2002; DEMATTÊ FILHO, 2004). Como
alternativa aos coccidiostáticos alguns
tipos de vacinas, principalmente as vivas
virulentas e atenuadas, passaram a ser es-
tudadas para o controle da coccidiose. Ao
mesmo tempo introduziu-se, não de for-
ma rotineira, a prática fitoterápica.
Figura 6

O bem-estar animal
como estratégia para
a produção livre de
antibióticos
Outro ponto considerado essencial
para a sanidade das aves em sistemas

Anais SIAVS 2015 - Programa sanitário para avicultura familiar


- 95 -
os sistemas não convencionais a complexi-
dade microbiológica deve ser incentivada,
pois é fundamental que o indivíduo (ave)
encontre o seu equilíbrio com o meio ao
qual está inserido. Este é um ponto critico,
pois implica em mudanças importantes
sobre o manejo da cama (reuso e fermen-
Figura 7: Aves de postura criadas em ambien- tação) e sobre o emprego estratégico e
te adequado para a expressão dos comporta- não corriqueiro de desinfetantes e sani-
mentos naturais da espécie. tizantes nas granjas. Além disso, o uso do
histórico detalhado dos desafios sanitários
Além das questões ambientais, genéti- pregressos e o emprego de microrga-
cas, nutricionais e de qualidade de ma- nismos benéficos via ave e via ambiente
nejo no aviário é sabido que as dinâmi- constituem pontos fundamentais para o
cas populacionais dos microrganismos, sucesso em tais modelos. Almeja-se, por-
tanto no ambiente interno das aves tanto nestes sistemas de produção o equi-
(sistema gastrointestinal) como no am- líbrio das populações microbiológicas em
biente externo (galpões, cama, piquete detrimento da abordagem convencional
entre outros), interferem diretamente que procura elimina-las provocando a re-
no status sanitário das aves. Sendo as- dução da biodiversidade.
sim a compreensão desta dinâmica
constitui um ponto chave no entendi- Os gráficos a baixo ilustram as melho-
mento e na estabilização dos resultados rias nos índices produtivos obtidos ao
produtivos em tais sistemas. longo de 14 anos na produção de fran-
go de corte e os bons resultados obti-
Com a experiência de longos anos de tra- dos por um lote de poedeiras criadas
balho e pesquisas, percebemos que para no sistema livre de antibióticos.
GPD (g)

1999 2000 2001 2002 2003 2004 2005 2006 2007 2008 2009 2010 2011 2012 2013
Ano
Figura 8: Linha de tendência do ganho de peso diário (GPD) média mensal entre os anos de 1999
e 2013, obtidas nos lotes de frango de corte criados sob manejo alternativo. Legenda (-) Linha de
tendência. Fonte: Korin Agropecuária.

Anais SIAVS 2015 - Programa sanitário para avicultura familiar


- 96 -

CA

1999 2000 2001 2002 2003 2004 2005 2006 2007 2008 2009 2010 2011 2012 2013
Ano
Figura 9: Linha de tendência do ganho de peso diário (GPD) média mensal entre os anos de 1999
e 2013, obtidas nos lotes de frango de corte criados sob manejo alternativo. Legenda (-) Linha de
tendência. Fonte: Korin Agropecuária.

100
90
80
70
Produção (%)

60
50
40
30
20
10
0

18 20 22 24 26 28 30 32 34 36 38 40 42 44 46 48 50 52 54 56 58 60 62 64
Semana
Figura 10: Curva de produção de ovos de poedeiras criadas em sistema alternativo. Legenda (-)
produção pelo Guia de Manejo de Linhagem. (-) produção real. Fonte: Korin Agropecuária

Anais SIAVS 2015 - Programa sanitário para avicultura familiar


- 97 -
6

5
Mortalidade (%)

0
18 20 22 24 26 28 30 32 34 36 38 40 42 44 46 48 50 52 54 56 58 60 62 64

Semana
Figura 11: Curva de mortalidade preconizada de poedeiras em sistema alternativo. Legenda
Mortalidade (-) preconizada pelo Guia de Manejo de Linhagem. (-) Mortalidade real. Fonte: Korin
Agropecuária.

5. A inspeção de produtos
rios quanto mais unidades de inspeção
de pequenas escala existirem no país,
de origem animal. uma vez que a existência da inspeção
direciona a produção para que fatores
de controle e de rastreabilidade sejam
realizadas mesmo que de forma simpli-
ficada. Desta forma as exigências fun-
cionam como um fator de melhoria na
gestão sanitária e na gestão do negocio
como um todo, contribuindo para a me-
lhoria de renda dos produtores, na me-
dida em que eles passam a acessar e a
Um dos grandes entraves para a regu- expandir seu mercado de atuação.
larização da atividade de criação de
aves em modelos familiares e de menor Neste sentido o Brasil dispõe do Sistema
escala, é a regularização da inspeção Unificado de Atenção à Sanidade Agro-
sanitária de tais produtos. Desta forma pecuária (SUASA). O SUASA é um siste-
iniciativas que viabilizem modelos de ma de inspeção, organizado de forma
inspeção sanitária para pequenos aba- unificada, descentralizada e integrada
tedouros e entrepostos de ovos são vis- entre a União (através do Mapa) os es-
tas como essenciais para o sucesso e a tados e Distrito Federal, e os municípios.
legalização das atividades. Fazem parte do SUASA quatro sub-sis-
temas brasileiros de inspeção e fiscaliza-
Poderemos inclusive, vislumbrar ga- ção, dentre os quais destacamos o Siste-
nhos significativos em termos sanitá- ma Brasileiro de Inspeção de Produtos

Anais SIAVS 2015 - Programa sanitário para avicultura familiar


- 98 -
de Origem Animal – SISBI-POA. Seus a reprodução socioeconômica das fa-
principais objetivos são: harmonização mílias rurais; a promoção da segurança
e padronização de procedimentos de alimentar das próprias famílias e da so-
inspeção no país; ampliação do âmbi- ciedade; a manutenção do tecido social
to de comercialização dos produtos de e cultural e a preservação dos recursos
origem animal; garantia da inocuidade naturais e da paisagem rural.
dos produtos de origem animal; contri-
buição com a saúde pública e promo- A complexidade inerente ao sistema al-
ção do desenvolvimento e da inclusão ternativo o torna naturalmente voltado
social em todas as regiões brasileiras. e atento para as questões sociais e eco-
nômicas dos seus agentes, assim como
para as questões de equilíbrio ambien-
tal dos seus locais de produção.
Regionalização das
Para os sistemas alternativos a saúde
unidades de inspeção
das aves deve ser holisticamente traba-
Uma vez que tais sistemas de produ- lhada. O respeito às normas de bem-es-
ção e de inspeção estejam melhores tar aliado a utilização de linhagem mais
interligadas, haverá seguramente um rusticas e o conhecimento dos agentes
incentivo para o desenvolvimento lo- participantes deste sistema, embasados
cal, desenvolvimento este que muito em práticas sanitárias obrigatórias e re-
provavelmente resultará na formação comendadas, são os principais fatores
de Sistemas Agroalimentares Localiza- da manutenção de um status sanitário
dos - SIAL. Estudos apontam que tais adequado.
sistemas contribuem para que praticas
multifuncionais de agricultura se esta- Os bons resultados obtidos até o
beleçam, as quais sinergicamente re- momento servem como um ben-
sultam em um desenvolvimento rural chmarking, mostrando a clara possibi-
sustentável (PECQUER, 2005; MORUZZI lidade de atingi-los, e que poderemos
MARQUES, 2009; DEMATTE FILHO, 2014). em curto e médio prazo vislumbrar-nos
a possibilidade de termos um merca-
do cuja participação de produtos com
estas características diferenciadas veja
6. Considerações finais
muito mais relevante em termo de con-
A dinâmica destes modelos de produ- sumo, geração de trabalho e maior ofer-
ção de avicultura familiar contribui para ta de alimentos de elevada qualidade.
que aspectos sustentáveis da agricul-
tura se concretizem devido ao seu ca- Por fim, é recomendado que mais estu-
ráter multifuncional o qual prima por dos nesta área sejam realizados, reduzin-
quatro funções principais quais sejam: do a nítida carência que ora observamos.

Anais SIAVS 2015 - Programa sanitário para avicultura familiar


- 99 -

Referências bibliográficas

AGÊNCIA DE DEFESA E INSPEÇÃO AGROPECU- Filho” – UNESP – Botucatu, 2004.


ÁRIA DE ALAGOAS, (ADEAL, 2014). Disponível DEMATTÊ FILHO, L.C. Sistema agroalimentar da
em: <http://www.defesaagropecuaria.al.gov.br/ avicultura fundada em princípios da Agricultura
programas/area-animal/programa-nacional-de- Natural: multifuncionalidade, desenvolvimento
sanidade-avicola-pnsa>. Acesso em 29 mai. 2015 territorial e sustentabilidade. Tese (Doutorado)
BIELECKA, M.; BIEDRZYCKA, E.; MAJKOWSKA, A. Se- Escola Superior de Agricultura “Luiz de Queiroz”
lection of probiotics and prebiotics for synbiotics e Centro de Energia Nuclear na Agricultura, Pira-
and confirmation of their in vivo effectiveness. cicaba, 2014.
Food Res. Int., Amsterdam, v.35, n.2/3, p.125-131, DEMATTÊ FILHO, L.C., PEREIRA, D.C.O, (2015). Dis-
2002.
ponível em: <http://certifiedhumane.org/korin
BRASIL. Presidência da República. Casa Civil. Lei n. -agropecuaria/>. Acesso em 27 fev. 2015.
10.831, de 23 de dezembro de 2003. Dispõe sobre
LANGHOUT, P. Alternativas ao uso de quimioterá-
a agricultura orgânica e dá outras providências.
picos na dieta de aves: A visão da indústria e re-
Disponível em: <http://www.presidencia.gov.br/
centes avanços. In: Conferência APINCO 2005 de
cccivil_03/Leis/2003/L10.831.htm> Acesso em:
Ciência e Tecnologias Avícolas, 2005, Santos, 2005.
20 fev. 2015.
Anais..., Santos: FACTA. 2005. 21 p.
BRASIL. Ministério da Agricultura, Pecuária e
MENDL, M.; BURMAN, O.; LAUGHLIN, K.; PAUL, E.
Abastecimento – MAPA. Instrução Normativa n.
Animal memory and animal welfare. Animal Wel-
46, de 07 de outubro de 2011. Estabelece o Regu-
lamento Técnico para os Sistemas Orgânicos de fare, Hertfordshire , v. 10, p. 141-159, 2001.
Produção Animal e Vegetal, bem como as listas MORUZZI MARQUES, P.E.; SILVEIRA, M.A. Impactos
de substâncias permitidas para uso nos Sistemas das novas representações de qualidade alimen-
Orgânicos de Produção Animal e Vegetal. Diário tar sobre as dinâmicas territoriais e a cafeicultura
Oficial, Brasília, 07 out 2011. Seção 1. 32p. familiar do Sul de Minas Gerais. In: AGRICULTURA
BRASIL. Ministério da Agricultura, Pecuária e Abas- FAMILIAR: PESQUISA, FORMAÇÃO E DESENVOLVI-
tecimento – MAPA. Desenvolvimento das cadeias MENTO, 2009, Belém. Base de dados da pesqui-
de valor da Korin. In: GESTÃO SUSTENTÁVEL NA sa agropecuária – EMBRAPA. Belém: UFPA, v. 9, p.
AGRICULTURA. 2. Ed. – Brasilia: MAPA/ACS, 2014 a. 105-20, 2009.
BRASIL. Ministério da Agricultura, Pecuária e PALME, R.; RETTENBACHER, S.; TOUMA, C.; ELBAHR,
Abastecimento – MAPA. Instrução Normativa S.M.; MÖSTL, E. Stress hormones in mammals and
n. 17, de 17 de junho de 2014b. Disponível em: birds: Comparative Aspects Regarding Metabo-
<http://www.agricultura.gov.br/comunicacao/ lism, Excretion, and Noninvasive Measurement in
noticias/2014/06/regras-para-sistemas-organi- Fecal Samples. Annals of the New York Academy
cos-de-producao-sao-ajustadas>. Acesso 15 jan. of Science, New York, v. 1040, p. 162-171, 2005.
2015. PECQUEUR, B. O. Desenvolvimento territorial: uma
CARRAMENHA, C.P; CARREGARO, A.B. Stress and nova abordagem dos processos de desenvolvi-
sudden death in veterinary medicine. Ars Veteri- mento para as economias do Sul. Raízes, Campina
naria, Jaboticabal, v. 28, n. 2, p. 90 - 99, 2012. Grande, v. 24, n. 1 / 2, p. 10– 22, 2005.
DEMATTÊ FILHO, L.C. Aditivos em dietas para Sistema Unificado de Atenção à Sanidade Agro-
frangos de corte criados em sistema alternativo. pecuária (SUASA). Disponível em: <http://www.
2004. 86p. Dissertação (Mestrado em Zootecnia) portalresiduossolidos.com/o-suasa-sistema-u-
– Faculdade de Medicina Veterinária e Zootecnia, nificado-de-atencao-sanidade-agropecuaria/>
Universidade Estadual Paulista “Júlio de Mesquita Acesso em 04 jun. 2015

Anais SIAVS 2015 - Programa sanitário para avicultura familiar


- 100 -

Anexos

Anexo 1: Lista de substâncias proibidas para produção de


ovos certificados antibiotic free, segundo as normas da Aval.

São proibidas, as seguintes classes de antibióticos, promotores


de crescimento e agentes anticoccidianos:
Oxitetraciclina Neomicina
Clortetraciclina Bacitracina de Zinco
Lincomicina Avilamicina
Espiramicina Virginamicina
Eritromicina Ácido 3-Nitro
Tilosina Halquinol
Gentamicina Colistina
Dihidrostreptomicina BMD (Bacitracin Methylene Disalicylate)
Nitrofuranos Sulfonamindas
Desinfetantes, antibacterianos e antifúngicos, para uso em
água de bebida, ração ou aspersão sobre as aves:
Azul de metileno
Sulfato de cobre e formol
Violeta de genciana
Desinfetante para aviário:
Formol
Ingredientes de origem animal na dieta, como óleo de vísceras e farinhas de:
Carne Peixe
Ossos Resíduos de incubatório
Penas
Óleos vegetais reciclados
Vísceras
como ingrediente de rações
Sangue
Produtos para tratamento de água:
Triclorotriazina

Anais SIAVS 2015 - Programa sanitário para avicultura familiar


- 101 -

Anexo 2: Lista de substâncias permitidas para produção de


ovos certificados antibiotic free, segundo as normas da Aval.

Ácidos orgânicos e seus sais como conservantes de ingredientes ou


rações, como aditivos alimentares:
Fórmico Sórbico
Acético Cítrico
Lático Fosfórico
Propiônico Fumárico
Aditivos de ração:
Prebióticos Simbióticos
Probióticos Produtos de exclusão competitiva
Adsorventes de micotoxinas
Antioxidantes como aditivos de ingredientes ou rações:
Vitamina E BHA (butil hidroxianizol)
Ácido ascórbico Etoxiquim
BHT (butil hidroxitolueno), TBHQ (Terc-Butil hidroquinona)
Enzimas
Extratos de plantas e óleos essenciais
Imunoestimulantes naturais
Pigmentantes naturais

Anais SIAVS 2015 - Programa sanitário para avicultura familiar


- 102 -

Anexo 3 : Lista de substâncias proibidas para produção de frangos


certificados alternativos, segundo as normas da Aval.

Antimicrobianos
Avilamicina Halquinol (clorohidroxiquinolina)
Bacitracina de zinco Flavomicina (flavofosfolipol
e bacitracina metileno disalicilato ou bambermicina)
Colistina (sulfato de) Lincomicina
Clorexidina (cloridrato de) Tilosina (fosfato ou tártaro de)
Enramicina Virginamicina
Espiramicina
Coccidiostáticos
Amprólio Maduramicina + Ác. 3-Nitro
Amprólio + Etopabato Monensina sódica
Clopidol Monensina + Ác. 3-Nitro
Clodipol + Metilbenzoquato Narasina
Decoquinato Nicarbazina
Diclazuril Narasina + Nicarbazina
Halofuginona Robenidina (Cloridrato de)
Lasalocida Salinomicina sódica
Lasalocida + Ác. 3-Nitro Salinomicina + Ác. 3-Nitro
Maduramicina amônio Semduramicina
Maduramicina + Nicarbazina Semduramicina + Nicarbazina

Anais SIAVS 2015 - Programa sanitário para avicultura familiar


- 103 -

Anexo 4 : Lista de substâncias permitidas para produção de frangos


certificados alternativos, segundo as normas da Aval.

Ácidos orgânicos e seus sais como conservantes de ingredientes


ou rações, como aditivos alimentares:
Fórmico Sórbico
Acético Cítrico
Lático Fosfórico
Propiônico Fumárico
Aditivos de ração:
Prebióticos Simbióticos
Probióticos Produtos de exclusão competitiva
Adsorventes de micotoxinas
Aglomerantes naturais
Aminoácidos
Antioxidantes como aditivos de ingredientes ou rações:
Vitamina E BHA (butil hidroxianizol)
Ácido ascórbico Etoxiquim
BHT (butil hidroxitolueno) TBHT
Aromatizantes
Corantes e pigmentantes naturais
Emulsificantes naturais
Enzimas
Extratos de plantas e óleos essenciais
Imunoestimulantes naturais
Oligoelementos ou compostos de oligoelementos
Palatabilizantes: Produto natural obtido mediante processos físicos, químicos,
enzimáticos ou microbiológicos apropriados a partir de materiais de origem vegetal.
Vitaminas, provitaminas e substâncias quimicamente definidas de efeitos similares.

Anais SIAVS 2015 - Programa sanitário para avicultura familiar


- 104 -

Genética Suína:
Onde estamos e até onde podemos chegar?

Mariana Anrain Andreis


Gerência de Melhoramento Genético – DB
Genética Suína

Os avanços constantes no melhora-


mento genético geraram ganhos cres-
centes no desempenho dos animais e
aliados aos efeitos de nutrição, sanidade
e ambiência, proporcionaram ganhos
em todas as características de impor-
tância econômica da suinocultura.

A evolução em desempenho reprodu-


tivo pode ser ilustrada nessa figura que
apresenta o aumento do número de
leitões desmamados/fêmea/ano em Figura: Evolução do número de leitões des-
granjas participante de um concurso de mamados/fêmea/ano (DFA) ao longo de sete
edições do prêmio Melhores da Suinocultura
desempenho de Unidades Produtoras
Agriness.
de Leitões (UPLs) no Brasil, destacando Fonte: www.melhoresdasuinocultura.com.br.
o ganho de 0,86 desmamados ao longo
das sete edições.
de alto impacto econômico, como é o
Abaixo seguem gráficos apresentando caso de conversão alimentar e ganho
a evolução em outras características de peso diário.

Anais SIAVS 2015 - Genética suína: onde estamos e até onde podemos chegar?
- 105 -
redução de custos com ganho de efici-
ência e qualidade, e isso pode ser feito
de várias formas. Redução da conversão
alimentar e aumento da prolificidade,
por exemplo, são dois pontos chave,
dado seu grande impacto no desempe-
nho econômico dos produtores. Aliados
a isso, o aumento da produção de car-
ne, mantendo ou incrementando a sua
qualidade sensorial e industrial, é tam-
Figura: Conversão Alimentar dos 30-100 kg bém uma crescente exigência da indús-
em machos terminadores. Fonte: Dados DB tria. Além destes, rotineiramente surgem
Genética Suína. novas demandas aos programas de me-
lhoramento, como resistência a doen-
ças, adaptação a diferentes sistemas de
produção entre várias outras.

Com tantos objetivos de seleção, uma


das possibilidades para convergir todas
estas características em um animal que
seja bom é o melhoramento genético
utilizando índices de seleção. Neste sis-
tema, usa-se o valor genético dos indi-
víduos para cada característica, o qual é
Figura: Ganho de peso diário dos 30-100 kg multiplicado pela porcentagem (impor-
em machos terminadores. Fonte Dados DB tância, relevância ou peso relativo) que
Genética Suína
cada característica tem na composição
Analisando as linhas de tendência des- do índice. O conjunto do valor genético
tas curvas, questiona-se qual seria o li- do animal é agrupado em apenas um
mite para a evolução dos resultados da número (índice), sendo que os animais
suinocultura moderna, e questiona-se de maior índice são utilizados para re-
em que devemos ainda avançar e em produção com vistas ao melhoramen-
que velocidade isso pode ser obtido. to balanceado para as características
que compõe aquele índice específico.
As principais demandas da área de me- O peso de cada característica na com-
lhoramento genético, na verdade, são posição final do índice é normalmente
direcionadas pelos produtores e indús- dado pela importância econômica de
tria. Nesse arranjo, o melhoramento ge- cada característica, ou de acordo com o
nético é um caminho necessário para objetivo final de seleção da linhagem. É
maximizar os ganhos da suinocultura. importante salientar que, à medida que
Atualmente, a principal mensagem é a se aumenta o número de características

Anais SIAVS 2015 - Genética suína: onde estamos e até onde podemos chegar?
- 106 -
no índice de seleção, há redução na ve- A colaboração do melhoramento ge-
locidade de ganho genético em cada nético na composição destes índices
característica igualmente, por isso a econômicos é feita também através do
inclusão das características no índice é cálculo da herdabilidade das caracte-
meticulosamente estudada pelas equi- rísticas, ou seja, o melhoramento pode
pes de melhoramento genético. dizer quanto se pode avançar e em
quanto tempo, afim de calcular a pon-
Mas mesmo as características e a pró- deração mais rentável para característi-
pria ponderação destas evolui ao longo ca de seleção.
dos anos, conforme evoluem os plan-
téis e as demandas do mercado. Na fi- A espessura de toucinho pode ser mais
gura abaixo, são mostrados dois índices um exemplo de seleção que muda ao
de seleção de uma empresa de melho- longo do tempo. Inicialmente, essa ca-
ramento genético de suínos, calculadas racterística tinha alta herdabilidade, de
para os anos 2088-2011 e 2012-2015. até h2=0,7, ou seja, as mudanças gené-
ticas e fenotípicas puderam ser feitas
rapidamente. Há 40 anos, facilmente
se encontravam em uma população
de suínos animais com 10 e 40 mm de
toucinho, ou seja, com amplitude de
30 mm. Hoje os números variam mui-
to pouco, entre 6 e12mm de maneira
geral, ou seja, a variância fenotípica di-
minuiu muito, o que leva igualmente a
Figura: Índices de seleção de linhas maternas. redução da variância genética, já que
hoje as populações são muito mais
Nesses gráficos é possível perceber homogêneas. Com isso, a espessura de
que, ao longo do tempo, mudam-se toucinho já deixou de ter um grande
as intensidades de seleção para as ca- peso nos índices de seleção por dois
racterísticas. Por exemplo, Leitões vivos motivos: redução da herdabilidade, por
ao quinto dia (LV5) representa 37% do redução da variabilidade, e porque esta
índice de seleção de uma determinada característica começa a chegar ao seu
linhagem e passou a 27% no segundo limite fisiológico, já que reduzir ainda
momento, ao passo que a conversão mais a espessura de toucinho começa
alimentar passou de 29% da composi- a comprometer a qualidade de carne
ção final do índice para 42%. O objetivo e as reservas lipídicas das fêmeas para
gestação e lactação.
final da seleção baseada em índices de
seleção é alcançar o animal ou linha- Muito se questiona em torno do limite
gem que tenham composição genética para o melhoramento genético. Esse li-
direcionada para a expressão fenotípica mite existe? Qual é o limite para cada
mais rentável possível. característica? Estudando a estrutura

Anais SIAVS 2015 - Genética suína: onde estamos e até onde podemos chegar?
- 107 -
do DNA, sabe-se que cada gene possui GPD ou 0,1 leitões/geração na média
certo número de alelos, sendo alguns do plantel, e isso faz com que os limites
favoráveis para a característica e outros nunca sejam alcançados.
não. Sabendo que cada indivíduo pos-
sui somente dois alelos (duas variantes) Entretanto, pensando atualmente no
para cada gene, a partir do momento que se tem alcançado em melhora-
que todos os indivíduos da população mento genético e em desempenho
já tenham os dois alelos favoráveis para zootécnico de granjas de alta produtivi-
a característica de interesse, foi alcança- dade, podemos vislumbrar uma granja
do o limite para o melhoramento da- hipotética com desempenho excepcio-
quela característica para aquele gene, nal, se forem tomados por base parâ-
considerando não haver mutação. Po- metros de desempenho já conseguidos
rém, as principais características de in- em alguns animais e linhagens. Nesse
teresse são determinadas por muitos cenário hipotético, poderíamos dizer
genes de pequeno efeito, que também que é biologicamente possível alcançar
interagem entre si, já que alguns genes o seguinte resultado zootécnico: 
bloqueiam rotas metabólicas, ou quan-
CA = 1,600 (dos 25 aos 110 kg)
do se expressam inibem a expressão de
outro gene qualquer. O número de ale- Idade aos 100 kg = 125 dias
los de cada gene também pode mudar,
pois a cada geração são criadas novas Desmamados/fêmea/ano = 40 leitões
variantes de alguns alelos, por meio da
Porcentagem de carne magra = 62%
mutação que acontece durante a for-
mação dos gametas. Assim, consideran- Se fosse alcançado um desempenho
do o conjunto dos genes, assumindo o médio como este, granjas como estas
modelo infinitesimal e a existência de estariam produzindo mais de 4.500kg
fontes de nova variação genética vin- de suínos/fêmea/ano, ou seja,  cerca
das das mutações, poderíamos afirmar de 1.300 kg/fêmea/ano (cerca de 35%)
que não há como definir um limite para acima do que hoje é considerado um
o melhoramento genético das carac- bom resultado. E com eficiência alimen-
terísticas quantitativas. Porém, sabe-se tar muito melhor, garantindo produção
que existem limites fisiológicos para o crescente de proteína de qualidade a
melhoramento de suínos. Por exemplo, baixo custo.
o ganho de peso diário é limitado pela
capacidade máxima de ingestão de ra- É fascinante perceber que hoje já se
ção que o animal possui. O tamanho de encontra facilmente animais individu-
leitegada é limitado pela capacidade ais que alcançam esses dados fenotípi-
máxima de leitões que podem ser le- cos, separadamente, em bons plantéis
vados até o parto dentro do útero da de melhoramento genético. O desafio
fêmea. Porém, sempre existe espaço é transformar esses dados em índices
para se ganhar mais 0,5 grama/dia no médios de plantéis de granjas comer-

Anais SIAVS 2015 - Genética suína: onde estamos e até onde podemos chegar?
- 108 -
ciais, e para isso, visualiza-se muito tra- cidos totais e redução da mortalidade,
balho pela frente. obtidos em bancos de dados cada vez
maiores. Novas características fenotípi-
A crescente demanda por aumento cas, avanços na modelagem e aumento
de produtividade e redução de custos das informações com uso de ferramen-
torna necessária a utilização de novas tas genômicas vão permitir que o me-
tecnologias. Dentro dos atuais avan- lhoramento genético permita à produ-
ços da genética, tem-se a utilização ção e indústria alcançarem patamares
de informações genômicas, que pos- cada vez maiores de produtividade e
sibilitam informações mais precisas do rentabilidade.
parentesco dos indivíduos, cálculos dos
GEBVs - Valores Genéticos Estimados Existe limite? Para cada característica,
“Genômicos”,e obtenção desses valores individualmente, sim, mas para o plan-
genéticos em animais jovens de forma tel, em seus índices zootécnicos, pode-
mais acurada. Para tornar a coleta de in- mos dizer que não ou, pelo menos, que
formação fenotípica mais precisa, novas o limite ainda se encontra muito dis-
estratégias estão sendo implantadas no tante! Sempre haverá algumas frações
sistema de produção, como é o caso da a serem ganhas em conversão, ou em
conversão alimentar obtida em baias porcentagem de carne magra, enfim.
coletivas, com o uso dos alimentadores Sempre haverá o desafio de conver-
automáticos FIRE (Feed Intake Recor- gir os ganhos genéticos em diferentes
ding Equipment), que permitem que a características (prolificidade, unifor-
conversão alimentar e o ganho de peso midade de leitegada, ganho de peso,
diário sejam calculados individualmen- conversão alimentar, qualidade de car-
te e diariamente para os animais, simu- ne, etc) para um mesmo programa de
lando melhor o ambiente real das baias cruzamentos. E, por fim, sempre haverá
de terminação. A coleta de informação o desafio de interagir o potencial gené-
de Leitões Vivos ao Quinto Dia, bem tico com as novas condições de criação
como sua subsequente utilização em que são desenvolvidas, como é o caso
programas de melhoramento genético, das construções adaptadas ao bem es-
também está mostrando sua eficiência tar animal. Este é o desafio do melho-
com resultados cada vez melhores na ramento genético: buscar os limites e,
sobrevivência e qualidade dos leitões, ao mesmo tempo, redefinir continua-
além das correlações genéticas favorá- mente o que são de fato os limites, se
veis, com aumento do número de nas- eles realmente existem. 

Anais SIAVS 2015 - Genética suína: onde estamos e até onde podemos chegar?
- 109 -

A proteína animal na próxima década

MÁRIO LANZNASTER
Presidente da Cooperativa Central
Aurora Alimentos

Apesar das dificuldades que marcam o nanceiras terão encargos mais pesados,
cenário econômico de 2015, o setor pri- com juros mais altos e menor oferta de
mário da economia terá um ano relativa- crédito.
mente bom para as cadeias produtivas
de suínos, aves e leite. Esperamos que O segmento de carnes viverá um bom
o governo intervenha menos na eco- ano com crescentes exportações de car-
nomia e dê autonomia para a equipe nes bovina, suína e de aves. A eclosão de
econômica recolocar nos eixos os fun- epizootias e em alguns países continua-
damentos macroeconômicos do País. rá favorecendo o Brasil, que aproveitará
os resultados da conjugação de vários
Teremos boas safras no Brasil e nos fatores: qualidade reconhecida, preço
Estados Unidos, o que assegurará o competitivo potencializado pelo câm-
suprimento de milho, soja e farelo de bio favorável, capacidade de produção
soja para a transformação em proteína e relativa escassez de carne no merca-
animal. Os custos de produção aumen- do mundial. Novos mercados surgirão
tarão - especialmente em face do enca- no continente asiático; a China voltará a
recimento da energia elétrica, do diesel crescer acima de 7% e a Índia caminha
e de outros insumos - e as operações fi- para se tornar grande parceiro comercial.
Anais SIAVS 2015 - A proteína animal na próxima década
- 110 -
Para analisarmos a situação mercadoló- para 111,845 milhões de toneladas esti-
gica década é necessário estudarmos a madas para 2015. Nesse período 2012-
posição do segmento brasileiro de pro- 2015, o comportamento do consumo
dução de carne suína. Em 2014, o con- (106,437 milhões para 111,174 milhões
junto do agronegócio verde-amerelo de toneladas); da importação (6,890
– incluindo carnes, grãos, leite etc – ex- milhões para 6,323 milhões de tonela-
portou para 75 países e obteve divisas das) e da exportação (7,271 milhões
da ordem de US$ 96,75 bilhões de dóla- para 7,196 milhões de toneladas) carac-
res. A suinocultura contribuiu com 1,7%, terizam um mercado equilibrado.
o que correspondeu a US$ 1,6 bilhão de
dólares e meio milhão de toneladas. Dentre os principais produtores mun-
diais de carne suína, o Brasil ocupa a
Esses números são a expressão mais quarta posição. A China, com seu imen-
altissonante de nossa cadeia produ- so mercado interno, produz 56,5 mi-
tiva e comprova que temos uma das lhões de toneladas; a União Europeia,
mais avançadas indústrias suinícolas 22,4 milhões de toneladas; os Estados
do mundo. Esse status resulta da asso- Unidos, 10,3 milhões de toneladas; Bra-
ciação de seis fatores essenciais: recur-
sil, 3,4 milhões de toneladas e, os demais
sos naturais, disponibilidade de grãos,
países, no conjunto, somam 18 milhões
sistema de produção integrada indús-
de toneladas ao ano.
tria/ criador, privilegiado e reconhecido
status sanitário, flexibilidade e varieda- Os Estados Unidos, maior player do
de de marcados e permanente investi- mercado planetário, projetam impor-
mento em tecnologia. tante crescimento de 5% na produção,
O sistema integrado de produção é que evoluirá das 10,329 milhões de
uma experiência altamente exitosa que toneladas produzidas em 2014 para
envolve, no campo, o produtor integra- 10,858 milhões de toneladas projetadas
do e, na cidade, a indústria de abate e para 2015. Suas exportações crescerão
processamento de suínos. O peque- 2,65%, ou seja, das 2,321 milhões de to-
no produtor é responsável pela cons- neladas de 2014 para 2,381 milhões de
trução dos criatórios de suínos e pela toneladas neste ano.
criação, ou seja, o manejo dos planteis.
No continente europeu, produção e
A agroindústria, por seu turno, fornece
consumo recuarão, mas, as exportações
os insumos na forma de leitões, rações,
crescerão. A União Europeia prevê leve
assistência técnica etc.
diminuição de -0,16% na produção
O movimento de oferta e demanda de (para 22,365 milhões de toneladas) e
carne suína no mundo revela, no último de -0,43% no consumo (para 20,175 mi-
quadriênio, um cenário de relativa esta- lhões de toneladas). A exportação, con-
bilidade. A produção global passou de tudo, elevar-se-á em 2,33% para 2,200
107,016 milhões de toneladas em 2012 milhões de toneladas em 2015.

Anais SIAVS 2015 - A proteína animal na próxima década


- 111 -
Apesar do quadro de otimismo que doméstico e 14% exportados. O consu-
impregna o agronegócio, estou con- mo per capita interno vem crescendo
vencido que a produção de carnes no lentamente: era 11,6 kg/habitante/ano
Brasil não aumentará e a base produti- em 2005, atingiu seu ápice em 2011 e
va continuará no mesmo nível. Os pro- 2012 com 14,9 kg e chegou em 2014 a
dutores e as indústrias atingiram um 14,6 kg. A presença da carne suína na
saudável ponto de equilíbrio, resultado dieta do brasileiro é influenciada pelos
da aprendizagem – depois de décadas preços relativos das demais carnes. O
de erros – sobre os efeitos perversos aumento do preço das carnes bovinas
da gangorra (picos de alta e de baixa e de aves estimula o aumento do con-
produção na proporção inversa de al- sumo da carne suína.
tos e baixos ganhos).
Acredito que vamos ampliar fortemen-
Fundamenta essa visão o número de te nossa presença no mercado externo.
matrizes industriais em produção no Abrimos o mercado japonês e disputa-
Brasil que, desde 2013, situa-se em 1,5 mos o seu abastecimento com Estados
milhão de cabeças e deve crescer pou- Unidos, Canadá, Dinamarca, México e
co mais de 1% em 2015. Em conseqüên- Chile. Essa competição será definida pe-
cia, o abate industrial nacional deve los aspectos técnicos de atendimento
manterse em 41,3 milhões de cabeças. aos padrões exigidos, o cumprimento
de prazos e demais condições estabele-
O regime de oferta e demanda no Brasil cidas nas negociações. Temos potencial
reflete muito bem o cenário de equilí- capacidade e credibilidade para aten-
brio. A produção em 2015 crescerá 1,5%, der uma boa fatia deste mercado, con-
atingindo 3,524 milhões de toneladas. solidando o longo trabalho de muitas
Consumo per capita permanecerá em pessoas e instituições. Acredito que po-
pouco mais de 14 kg por habitante/ano. demos atender no longo prazo até 20%
As exportações devem crescer 5%, pas- da demanda Japonesa de carne suína.
sando de 495 mil toneladas para 520
mil toneladas. A nossa carne suína conquistou, tam-
bém, o mercado norte-americano, o
O sul do País continua a região de maior maior e um dos mais exigentes do
contribuição à produção dessa proteína: planeta. Essa conquista tem um valor
Santa Catarina responde por 23,1%, Rio simbólico muito grande e resulta de
Grande do Sul por 18% e Paraná 15,3%. sérios e compenetrados esforços das
Seguem Minas Gerais com 13,7%, Mato agroindústrias, dos produtores rurais e
Grosso com 6,1%, Goiás com 4,8%, São do governo.
Paulo com 4,4% e Mato Grosso do Sul
com 3,3%. Não chegamos a este estágio de forma
gratuita. Construímos o mais respeita-
Do volume total gerado em solo brasi- do status sanitário junto à Organização
leiro, 86% são consumidos no mercado Mundial da Saúde Animal (OIE) como

Anais SIAVS 2015 - A proteína animal na próxima década


- 112 -
área livre de aftosa sem vacinação e área As perspectivas e tendências para o
livre de peste suína clássica. Este é um consumo mundial de proteínas são al-
status sanitário superior e diferenciado. vissareiras. Não há mais dúvidas de que
os países em desenvolvimento irão ca-
Os Estados com maior participação tapultar a demanda futura por carne.
no esforço exportacionista são Santa África e Ásia concentrarão cerca de 90%
Catarina com 37%, Rio Grande do Sul do crescimento demográfico até 2020.
30,3%, Goiás 9,6%, Paraná 9,3%, Minas Dos 28 países com consumo menor que
Gerais 8,5%, depois, Mato Grosso do Sul 2 kg/habitante/ano, 19 estarão na África
3,4%, São Paulo 1% e Mato Grosso com e Ásia. Toda elevação econômica dos
0,9%. Os principais destinos são Rússia paises africanos e asiáticos representará
(186 mil toneladas), Hong Kong (110 aumento no consumo de carnes.
mil toneladas), Angola (52 mil tonelada),
Singapura (32 mil toneladas) e Uruguai Em face desse quadro, a FAO e a OCDE
(20 mil toneladas). Os outros mercados projetam vigoroso crescimento no
compram 81 mil toneladas. consumo mundial de alimentos para
o horizonte de 2022: a demanda por
Os maiores importadores mundiais carne suína crescerá 13%, de carne de
– que se abastecem do Brasil e de ou- aves 19% e de carne bovina 14%, de
tros grandes países fornecedores – são cereais 15%, de oleaginosas 20% e de
Japão, México, China. Rússia. Coréia do lácteos 20%.
Sul e Estados Unidos. O Japão comprou
em 2014 o formidável volume de 1,320 Obstáculos à exportação continuarão
milhão de toneladas; o México 815 mil sendo as nossas deficiências logísticas.
toneladas e a China 810 mil toneladas. A De acordo com o Fórum Econômico
Rússia adquiriu 460 mil, a Coréia 440 mil Mundial, entre 148 países pesquisados, o
e os norte-americanos 430 mil toneladas. Brasil está em 71o lugar em termos de
infraestrutura, na educação e treinamen-
A produção total das quatro principais to de mão de obra, em 72a posição e em
proteínas animais do Brasil aproximase eficiência de mão de obra, 92º lugar.
das 30 milhões de toneladas ao ano. De
acordo com as projeções da ABPA e da Por isso, é um fato extraordinário a
ABIEC, em 2015 serão produzidas 13,3 agropecuária nacional exportar quase
milhões de toneladas de carne defrango 100 bilhões de reais por ano e, assim,
(crescimento de 4,31% em relação ao ano literalmente salvar a balança comer-
anterior), 10,26 milhões de toneladas de cial brasileira. Esse desempenho ocorre
carne bovina (+0,29%), 3,52 milhões de apesar da falta de incentivo, da péssima
carne suína (+1,44%) e 2,28 milhões deto- infraestrutura, dos gargalos logísticos e
neladas de carne de peixe (+2.70%). da restritiva legislação.

Anais SIAVS 2015 - A proteína animal na próxima década


- 113 -

Nutritional Challenges to Maximise


Performance – Pork Production

MICHAEL A. Varley
The Pig Technology Company

There are considerable challenges in most of the energy required but also
modern pork production and it is the the protein and amino acid for growth
objective of this paper to review the and reproduction.
nutritional challenges involved.
In some parts of the world the corn was
The production of pork products is a hi- replaced by wheat and for some feeds
ghly complex process and the attempt maybe sorghum, barley, oats and rice
is always to produce the high quality were used. Coupled with synthetic ami-
meat products that consumers will buy no acids that became ever cheaper and
but also aiming for least cost produc- the application of high quality premi-
tion – a considerable challenge. xes including vitamin, minerals and any
feed additives required, then we could
The first element of the challenge is to formulate very high performance feeds
identify raw material sources that will indeed.
fit the bill. For many years now we have
relied heavily on corn and soya bean More recently, the supply and hence the
products as mainstays in the overall fe- price of many of these raw materials has
eding programs. These raw materials become generally very high and very
were widely available and relatively volatile. This has created an enormous
cheap and together they contributed challenges to both feed companies and

Anais SIAVS 2015 - Nutritional challenges to maximise performance – pork production


- 114 -
to the pig production farm businesses to overcome the difficulties with rea-
involved. The reasons for these shor- ring young piglets. Undoubtedly this
tfalls in the supply of basic feedstuffs is a major challenge and going forward
are well known but factors such as the we will not be able to resort to the use
expansion in pork production in Asia of high level antibiotic programs to
(and especially China that has over 50 counter the effects of using poorer qua-
million sows), climate change (making lity feed materials.
the supply of both corn and soya beans
very unpredictable) and of course, bio The answer is in totally re-thinking the
-ethanol and bio-diesel production. whole pig production cycle. The ‘simple’
move for example, to 28 day weaning
This latter transformation has diverted from our established 21-23 day systems
very significant amounts of feedstuff ma- enables a whole new and cheaper pro-
terials into fuel production rather than gram of nutritional inputs for both pi-
feed and food production. In the main, glets and for growing pigs.
it has been driven by political decisions
rather than pure economic rationale. In addition if we focus carefully on the
management of health status on the
The swine industries around the world production farms we can again make
therefore have to meet this challenge real savings in feed inputs and the
and search long and hard for alternati- achieved FCRs and ADG values will
ves. The use of DDGS and co-products pay dividends in return. In production
from these new bio-ethanol industries technology terms, we learnt a lot from
has been taken up vigorously and the the recent diseases worldwide. PMWS,
availability of new products that are PRRS and PEDv have all made a very
around 30% crude protein and high significant impact on our production
energy cannot be ignored. There are performance in recent years. We have
problems such as the sheer variability learnt to use AIAO (All In All Out) techni-
in protein and amino acid content and ques on farms coupled with batch far-
the mycotoxins problems but it just rowing systems to control health and
means that formulators and technical hygiene. We also can use higher levels
managers have to work that much har- of bio-security systems on farms as a
der to achieve the consistency and per- further tool towards better and cheaper
formance required. production.

We have also always known that the In the future we must learn with some
early life nutrition of the young piglet urgency how to use these health tools at
is crucial to overall high performance. a higher level. The goal is to still achieve
Here, the challenge is much greater and the carcase value that consumers requi-
in the past we had good availability of re but we can push our costs down sig-
skim milk powders, whey powders, high nificantly by being able to operate with
quality oils and cooked cereal products lower feed costs (that are around 70-80%

Anais SIAVS 2015 - Nutritional challenges to maximise performance – pork production


- 115 -
of total costs). This can be done but it the swine production industries. The
required considerable lateral thinking future will certainly be ‘technology
on the part of production directors. Nu- driven’ just as it has been in the past.
tritionists do understand some of the
We have wonderful genetics nowa-
relationships between nutrition-immu-
nity-health status and production per- days on the dam line side as well as
formance but we need more research in for sire lines, but to harness this gene-
this area before we can be very precise in tic potential we will have to work hard
our formulation applications. in the pursuit of new raw materials
The future challenges therefore pre- and also in the formulation of new fe-
sent a very interesting opportunity for eding programs

Anais SIAVS 2015 - Nutritional challenges to maximise performance – pork production


- 116 -

NOVOS DESAFIOS DA BRONQUITE INFECCIOSA:


POEDEIRAS COMERCIAIS

Nair Massako Katayama Ito


Claudio Issamu Miyaji
Sandra O. Miyaji
Spave - Consultoria em Produção e
Saúde Animal

Introdução regulatória da transcrição (TRS) depois


O vírus da bronquite infecciosa das da região N, 3 ORFs adicionais são ob-
galinhas (IBV), envelopado, arredon- servados nos Deltacoronavirus (Woo
dado e com 75 a 160 nm de diâmetro, et al., 2009b) (Figura 1).
é um Coronavírus, Família Coronaviri- O IBV e o Coronavirus do peru (TCoV),
dae, Sub-família Coronavirinae, gênero respectivamente com genoma de
Gammacoronavirus, espécie Coronaví- 27608 bp e 27657 bp, são da mesma
rus aviário. Na subfamília Coronavirinae espécie porque tem mais de 90% de
estão incluídos os gêneros Alfacorona- similaridade no domínio da replicase
vírus e Betacoronavírus que ocorrem pp1ab do ORF1. Gammacoronavírus
entre os animais domésticos, homem e detectados em faisão, pato, marreco,
morcegos, e os Deltacoronavírus isola- pombo, maçarico do papo vermelho,
dos de pássaros da China (ICTV, 2013). galinha d’angola (Cavanagh, 2007), gato
Gammacoronavírus e Deltacoronaví- leopardo asiático e ferret (Dong et al.,
rus são filogeneticamente relaciona- 2007) ainda não foram classificados
dos e diferem entre si, na sequência (ICTV, 2013).

Anais SIAVS 2015 - Novos desafios da bronquite infecciosa: poedeiras comerciais


- 117 -

O IBV, espécie de referência dos Co- Por análise do genoma completo dos
ronavírus aviários, foi descoberto em Coronavírus aviários existem basica-
1932 por Schalk & Hawn nos Estados mente 2 genotipos: Mass clássico e
Unidos. A primeira amostra foi denomi- tipo T (N1/88, V18/91/Q3/88) da Aus-
nada de Beaudette 66579 (M-42), que é trália, divergentes entre si nos genes
uma amostra atenuada por passagem que codificam as proteínas estruturais
sucessiva em ovo embrionado (238 S e N. O TCoV que causa enterite em
passagens), e que cresce em cultura de perus, considerada apatogênica para
células de embrião de galinha, mas tem pintinhos, é um vírus do tipo Mass que
reversão de patogenicidade após cultivo
tem no gene S, dois pontos de recom-
em anéis de traquéia. A amostra Massa-
binação com uma sequência não iden-
chusetts M-41 caracterizada como vírus
tificada de um outro Coronavírus (Ja-
­respirotrópico, isolada em 1941 por Van
Roeckel, se expandiu para a Europa, Ásia ckwood et al., 2010). Na China, onde o
e Brasil na década de 50. A amostra H IBV-Mass ocorre desde 1951, são descri-
(Huyben) isolada na Holanda em 1955, tos IBVs nefropatogenicos e genotipos
deu origem à vacina H52 e H120, consi- que causam proventriculite (tipo QX ou
derada do tipo Massachusetts é um vírus J2) e amostras com diversidade na pro-
que tem resistência a tripsina. A amostra teína N e S recombinantes que tem o
T isolada na década de 60 na Austrália do gene N do tipo Mass dos EUA e S do
tem tropismo para o sistema respiratório vírus T da Austrália (Liv et al., 2006; 2008;
e é uropatogênica (Cumming, 1963). Wit et al., 2011).

Anais SIAVS 2015 - Novos desafios da bronquite infecciosa: poedeiras comerciais


- 118 -

IBVs são vírus que replicam no citoplas- tidases (APN) como aceptor; o vírus da
ma, após ligação da glicoproteína S1, hepatite dos camundongos (MHV), gli-
fusão da glicoproteína S2 com a pare- coproteínas da família dos antígenos
de e endocitose. Após descapsidação e carcinoembriônicos e supõe-se que o
ligação do ssRNA no ribossomo, é pro- SARS-CoV se ligue na N-aminopeptida-
duzida a RNA polimerase e o complexo se (Stadler et al., 2003).
replicativo -ssRNA e são sintetizados 16
polipéptides de 15.000 a 135.000 Da Todos IBVs ligam a proteína S1 em
por 8 mRNAs. A fosfoproteína estrutural aceptores sialilados, diasolida ∂2,3 do
N é incorporada na fita +ssRNA e forma glicano, mas as amostras nefropato-
o nucleocápside e as proteínas M, E e S gênicas ou mais virulentas também
são transportadas para o complexo de utilizam receptores celulares do tipo
Golgi. O virion é montado no aparato lectina presentes nos cílios das células
de Golgi e internalizado em vesículas e epiteliais respiratórias e do oviduto ou
exocitado (Figura 3, na próxima página). nas microvilosidades das células epite-
liais dos túbulos contornados (Wickra-
A glicoproteína S que forma as grandes masinghe et al., 2011). A glicoproteína
projeções expostas na superfície do vi- S da maioria dos Coronavirus, tem 2
rion (Figura 1), tem uma cabeça globosa repetições heptatídicas no domínio S2
altamente glicosilada denominada S1 que modula a fusão do envelope viral
que se liga a um aceptor célula espe- na membrana celular após ligação e
cífica. Alfacoronavírus usam aminopep- separação da proteína S1, por isto, an-

Anais SIAVS 2015 - Novos desafios da bronquite infecciosa: poedeiras comerciais


- 119 -
ticorpos neutralizantes inibem a fusão ligação S1-S2, afeta a infectividade mas
e o desencadeamento da replicação; não impede a fusão (Cavanagh, 2007). A
entretanto em algumas amostras de aglutinação das células e a taxa de liga-
Betacoronavírus e Gammacoronavírus, ção e fusão da glicoproteína S na mem-
as glicoproteínas S1 e S2 não estão co- brana celular é aumentada por enzimas
valentemente ligadas, porque a proje- como a fosfolipase e sialidase.
ção é clivada durante a maturação do
virion, e a clivagem da projeção não in- O desvio do metabolismo celular du-
fluencia na infectividade, pelo contrário, rante a síntese das proteínas virais cau-
aumenta a fusão (Stadler et al., 2003). O sa enfraquecimento da célula e dimi-
tratamento do IBV com urease cliva a nuição da função (eg. ciliostase, troca

Anais SIAVS 2015 - Novos desafios da bronquite infecciosa: poedeiras comerciais


- 120 -
de fluidos, secreção, etc). As proteínas Desde a década de 90, nos EUA como
estruturais S, E e M presentes nas vesí- na Europa, predomina a crença de que
culas citoplasmáticas e toda proteína S o anticorpo é o principal fator que con-
que não é incorporada no virion e que fere proteção ao desafio, por isto, preco-
fica retida na parede da célula, estimu- niza-se até hoje, hiperimunização ativa
lam as células citotóxicas. As proteínas com múltiplas amostras e reforços. Por
não estruturais NSP são as frações que exemplo, nos EUA, frangos de corte são
induzem a síntese de IFN-∂ do tipo I, ∂ vacinados com 1 dia e 17 a 18 dias de
e ß e impede a invasão célula a célula. idade, com pelo menos duas amostras
distintas de IBV vacinal.

Em 1993, com a introdução do diagnós-


Histórico mundial tico por RT-PCR (Reverse transcripta-
Até 1956, considerava-se que a bronqui- se-polymerase chain reaction) e RFLP
te infecciosa era causada somente por ví- (Restriction fragment polymorphism) e
rus do tipo Mass M-41, mas com o passar análise da região hipervariável do gene
do tempo, foram identificadas nos EUA S1 nos EUA, observou-se um aumento
e na Europa, muitas amostras antigeni- brutal de amostras com padrões RFLPs
camente diferentes, diferenciadas pelo diferentes dos vírus de referência, deno-
teste de neutralização, em 8 a 10 “soroti- minadas de variantes. Por definição, es-
pos”.A amostra Beaudette M-42 mutante tabeleceu-se que amostras com menos
imunogênica somente quando injetada, de 80% de semelhança em tamanho
foi a primeira vacina utilizada nos EUA. A ou número de bandas após digestão
vacina Mass Van Roeckel M-41 atenuada enzimática da proteína S1, são “varian-
em ovo embrionado foi introduzida na tes” moleculares ou subtipos ou “qua-
década de 50, e na década de 60, a va- si-espécies”. Por análise de amostras de
cina Conn. Na Europa, em 1969 foi intro-
IBVs dos EUA, onde as aves comerciais
são imunizadas com Mass, Conn, Ark
duzida a vacina H52 e H120, derivada da
e DE072 e outras variantes regionais, a
amostra H (Huyben) isolada na Holanda
cada ano, foram detectadas novas va-
em 1955. Na década de 70, nos EUA, com
riantes. Em 2004, foram detectados ví-
a emergência dos vírus de escape soro-
rus ArKDPI (42,4%), Conn (13,4%), Mass
lógico, foram desenvolvidas as vacinas
(10,2%), mistura de vírus (3%) e 7,8% de
B48 tipo Mass (Winterfield, 1975), em
85 variantes distintas (Jackwood et al.,
meados da década de 80, ArK99 (ArK-
2005). Em outros países também tem
99DPI/81) e em 1993, DE072 (Delmarva
se observado emergência de variantes
DE/492/90). Paralelamente, na Europa,
(Wit et al., 2011).
na década de 80 foram desenvolvidas as
vacinas D274 (também conhecida como Baseado no ciclo replicativo, todos Co-
D207) e D1466 (ou D202) e na década ronavírus tem propensão natural para
de 90, a vacina 4/91 (ou CR88 ou 793B), efetuar mutação da ordem 1,2x10-3
Mass Ma5 e M48 (Wit et al., 2011). substituições sinônimas por ponto por

Anais SIAVS 2015 - Novos desafios da bronquite infecciosa: poedeiras comerciais


- 121 -
ano, por isto, teoricamente todos IBVs que tem uma inserção de um gene da
são vírus mutantes, recombinantes ou vacina DE072 introduzida em 1993, que
variantes. A evolução natural dos Co- teve uma taxa de mutação e evolução
ronavírus ocorre por erro de tradução muito rápida da região hipervariavel
da RNA polimerase RNA-dependente do gene S1, respectivamente de 2,5%
(RdRp), mutação e recombinação gêni- e 1,5% por ano (Lee & Jackwood, 2001)
ca durante a replicação. A evolução e se- e 1,5 x 10-2 substituições por ponto por
leção natural dos vírus é favorecida por ano por pressão da vacinação (Lee, Hilt
transmissão inter-espécie de hospedei- & Jackwood, 2001). A amostra DE/072/92
ros, coexistência de genotipos distintos que deu origem à vacina DE072 antige-
de vírus na natureza e no hospedeiro e nicamente relacionada com a amostra
variação fenotípica para adaptação ou vacinal D1466 (D202) introduzida na Eu-
evasão imune do parasita no microam- ropa na década de 80, contribuiu para o
biente tissular. Por exemplo, na galinha
aparecimento da variante GA.
SPF inoculada com a vacina ArK por via
naso-ocular, durante a replicação são
gerados pelo menos 5 populações dife-
rentes de virions com modificações não Como surgem as
sinônimas no gene S1, de frequência
variantes:
variável conforme tecido (lágrima, tra-
quéia, oviduto/testículo, tonsila cecal e Todas as vacinas vivas sofrem mutações
rim) e fornecedor da comercial (Gallar- e seleção do epitopo S1 após vacina-
do, Van Santen & Toro, 2010). ção, e entre as vacinas existem diversi-
dade entre marcas e frascos (McKinley,
A vacinação com amostras “variantes” Hilt & Jackwood, 2008), e a aplicação
distintas ou com vacinas do mesmo de cepas diferentes, acelera a taxa de
sorotipo com diversidade molecular, evolução. A taxa de mutação e seleção
associado com fatores intrinsicos do positiva da vacina Mass e Conn que
hospedeiro (enzimas proteolíticas, imu- era de 10-4 substituições por ponto por
nogenes, diferença de receptores nas ano nos primeiros 41 anos, foi para 10-6
células dos tecidos) e extrínsicos do substituições por ponto por ano nos
meio ambiente (infecção intercorrente, últimos 25 anos (McKinley et al., 2011).
temperatura, umidade, etc), aumentam A variabilidade fenotípica das vacinas
a velocidade de evolução dos IBVs. A
comerciais de uma mesma amostra e a
cada geração de replicação “in vivo”,são
imunização ativa com múltiplas cepas
produzidos virions com variação geno-
por fornecimento de material genéti-
típica e fenotípica que por seleção na-
co, corroboram para rápida seleção de
tural tornam-se predominantes (Toro,
subpopulações com mutação ou com
Van Santen & Jackwood, 2012).
mudança de nucleotídios e da posição
A amostra GA98 que emergiu entre de aminoácidos no gene S1 e variação
1997-2000 na Georgia, é uma variante de antigenicidade (Toro et al., 2012).

Anais SIAVS 2015 - Novos desafios da bronquite infecciosa: poedeiras comerciais


- 122 -
A pressão de seleção é maior quanto cinal e variação da taxa de proteção ao
mais se tem variações fenotípicas en- desafio com Ark não atenuado em aves
tre marcas de uma mesma vacina ou vacinadas com 1 e 17 dias com Ark e
se efetua múltipla vacinação, porque DE072, variando de 37,5% a 62,5% e de
a oferta de material genético para re- 87,5% a 100% de proteção após desafio
combinação gênica é maior. Já faz um com a amostra DE072 (Jackwood et al.,
certo tempo que sabemos que a va- 2009), deve ser analisado com cuidado.
riação e variabilidade antigênica das Conforme a teoria do pecado original
vacinas vivas e vírus que tem elevado antigênico, o vírus vacinal DE072 pode
polifenismo, tendem a desencadear ter sido o vírus primo-sensibilizante do-
um fenômeno conhecido como pe- minante por isto conferiu proteção por
cado original antigênico que favorece resposta imune secundária. Por análise
a persistência de clones mutados ou ultraestrutural, vírus vacinais tem me-
mais invasivos ou de um eventual vírus nos projeções no envelope comparati-
de campo que não tem antígenos em vamente ao não atenuado, menos de
comum (Ito, Miyaji & Okabayashi, 2006). 50% e 25%, respectivamente, para ArK
Por exemplo, a falta de uma boa co- e Mass (Roti et al., 2015), portanto, em
bertura de um programa de vacinação um programa de vacinação Ark-Mass, o
múltiplo, com persistência de vírus va- vírus dominante será Mass.

Anais SIAVS 2015 - Novos desafios da bronquite infecciosa: poedeiras comerciais


- 123 -
Do ponto de vista imunológico, é preci- exposição a uma dose muito alta, a to-
so entender que para um vírus estimular lerância da zona alta, na primo-infecção
o sistema imune, é necessário que ocorra e ao recontato ao mesmo antígeno (Ja-
a replicação e a produção de uma quan- neway et al., 2002), para poupar o sistema
tidade suficiente de antígenos. A exposi- imune e evitar o estresse imunológico e
ção a uma dose muito baixa de antíge- a destruição tissular pelo próprio sistema
nos induz a tolerância da zona baixa e a imune alertado por sinais de perigo.

Bronquite infecciosa Mass. As vacinas H52 e H120 foram as


do Brasil primeiras amostras licenciadas. No fi-
nal da década de 80, as doenças respi-
O Brasil é um dos poucos países, se- ratórias eram endêmicas nas galinhas
não o único, que apesar de ser um de postura, reprodutoras comerciais e
dos maiores produtores de galinhas frangos de corte vacinados com H120
de postura e frangos de corte, desde e/ou H52, porque não havia um pro-
1979, só autoriza vacinas vivas do tipo grama compulsório para monitoria e

Anais SIAVS 2015 - Novos desafios da bronquite infecciosa: poedeiras comerciais


- 124 -
erradicação do Mycoplasma gallisep- As amostras isoladas em 1995, de fran-
ticum e M. synoviae nas reprodutoras. gos de corte não vacinados (1/10) e
Quadros como a “síndrome do ovo vacinados com H120 (1/10) e galinhas
sem casca”, baixa produção de ovos e comerciais sem histórico de vacinação
traqueo-bronco-pneumonia ocorriam (3/4) e vacinados com H52, H120, e vaci-
por todo pais, porque o vírus da do- na ArK/Mass inativada, do Sul e Sudeste
ença de Marek (não estava aprovada do Brasil, não tinham identidade antigê-
a vacina CVI988/Rispens) e da leucose nica com Mass, D207, Conn e FR84221
linfóide e mielóide e M. gallisepticum (Di Fabio et al., 2000). Não sabemos
favoreciam invasividade e persistência quando foi licenciada a produção da
das vacinas. Vacinas invasivas como a vacina inativada ArK no Brasil.
H52 são contraindicadas quando as
A despeito de no 2º Simpósio Interna-
aves tem imunodeficiência persistente
cional sobre bronquite infecciosa reali-
e micoplasmose. Com o passar do tem-
zado na Alemanha em 1991, Cavanagh
po, a vacina H52 foi sendo substituída
ter enfatizado que a vacina H120 era a
pela H120 e por vacinas comerciais,
mais indicada para o controle dos casos
oficiosamente H70 e H90 que foram
de bronquite, vacinas vivas tipo Mass,
retiradas do mercado nos anos 2005. A
B48, Ma5 e M48 foram licenciadas no
introdução da vacina inativada oleosa
Brasil no final da década de 90.
foi muito importante para reduzir os
casos de “queda de produção”. Por análise genômica RFLP-PCR, no
período de 2003 a 2010, apareceram
Na década de 90, os casos de traque-
novas variantes antigênicas S1. Por
íte linfoproliferativa e nefroses eram
análise de 60 amostras no período de
frequentes entre frangos de corte, e
2010, 2011 predomina o genotipo BR-I
aventava-se que os casos de escapes
(69,4%) (Fraga et al., 2013) descrito pre-
sorológicos deviam-se à existência de
viamente por Montassier et al. (2008), e
variantes (Wit et al., 2011), mas tam-
em 2005, em SP, PR, RS (Villarreal et al.,
bém naquela época, micoplasmas não
2007) e 2007 ( Villarreal et al., 2010). As
estavam sob controle compulsório e
variantes BR-IIs detectadas em 2010, na
não habia monitoria para micotoxinas.
tonsila cecal de aves do Mato Grosso, fi-
Amostras de vírus isolados antes de logeneticamente do tipo Unicamp 830
1989 foram caracterizadas sorologica- 2008 descrito por Fellipe et al. (2010) foi
mente como sendo do tipo Mass (Ito, caracterizado como tipo Holte (Fraga et
Miyaji & Okabayashi 2006). Por análise al., 2013)
genômica do gene N (388 bp), as amos-
tras isoladas no período de 1972 a 1989 Pela ultima análise de amostras coleta-
em Minas Gerais tinham similaridade das em 2010-2011, 69,1% das amostras
de nucleotídeos e aminoácidos com os foram variante BR-I; 8,2% variante BRII/
vírus M41, M42, TII, H120 e H52 (Abreu Unicamp 830 (todos de MT) e 22,4% do
et al., 2006). tipo Mass (Fraga et al., 2013). Amostras

Anais SIAVS 2015 - Novos desafios da bronquite infecciosa: poedeiras comerciais


- 125 -
do tipo D207, detectadas nas galinhas são vírus tipo Mass com evolução na-
do Sudeste, no período de 2003 a 2009 tural. A variante 4/91 ou 793B ou CR88,
(Fellipe et al., 2010), não foram detecta- diagnosticada na França e no Reino
das no período de 2010 a 2011. Unido em reprodutoras com mortalida-
de, frangos refugados e com miopatia
Bronquite infecciosa nas peitoral não é um vírus que causa uma
galinhas de postura patologia típica de IBV (Cook, Jackwood
IBVs “variantes” também existem entre & Jones, 2012). A taxa de evolução do
as galinhas de postura. Entre os traba- gene S1 da amostra 793B é de 3x10-3
lhos publicados sobre análise genômi- substituições por ponto por ano (Toro,
ca do IBV incluídos nesta revisão, so- Van Santen, Jackwood, 2012)
mente 3 publicações citaram a origem Urolítiase, miopatia peitoral e epididimi-
do material analisado. Assim do total de te foram diagnosticados em reprodu-
10 casos em galinhas de postura, temos: toras e frangos de corte e em galinhas
2005, 1 material de pintinhos de 20 dias de postura com urolítiase, imunizados
do RS com variante BR (Villarreal et al., com vacina tipo Mass. Vacinas do tipo
2007); 2007, 2 variante BR (S,NE) e 1 com
Mass tem maior avidez por células
Mass; 2008, um lote do SE com variante
da traquéia (++++), pulmão, intesti-
tipo 4/91 (793B a CR88) (Villarreal et al.,
no e rim (++) do que a H120 que tem
2010), e em 2011, 5 amostras coletadas
maior afinidade por células do intesti-
de galinhas com sintomas respiratórios
no (+++), traquéia (++) e menos para
(PR, RS, MG, SC, SP), todos do tipo Mass
o rim e pulmão (+) (Wickramasinghe et
(Torres et al., 2013). Apesar deste núme-
al., 2011); por isto, devem ter evolução
ro não ser estatisticamente significativo,
adaptativa e seleção natural de clones
baseado na distribuição geográfica dos
conforme distribuição nos diferentes
frangos de corte, perus, reprodutoras e
órgãos. Fatores como frio, sexo, dieta e
galinhas de postura, podemos pressu-
raça precipitam a uremia induzida pe-
por que nas regiões Sul, ou com maior
los IBVs (Cumming, 1963). A diferença
concentração de frangos de corte e pe-
de susceptibilidade para uremia entre
rus, predominem variantes BR.
as galinhas isogênicas e congênicas
A detecção da variante tipo 4/91 em White Leghorn está relacionado com
um lote de galinha de postura e outra o CPH-B: homozigotos B21 (resistente
de reprodutora do Sudeste (Villarreal et à DM) são mais resistentes que B13 e
al, 2010) e de variante tipo D207 no Su- B21 e as galinhas congênicas da linha
deste (Fellipe et al., 2010) devem ser in- 7.1 (B2B2), B15.P-13 (B13B13) e 15-N21
terpretadas com reserva, porque D207 (B21B21) são mais susceptíveis que
(ou D274) e 4/91 são vacinas não licen- 15I15 (B15B15). As galinhas comerciais
ciadas no Brasil, que podem escapado B21B21 tem melhor resposta imu-
de algum centro de pesquisa ou intro- ne contra IBV que B2B19 (Joiner et al.,
duzida para teste ou que simplesmente 2007). Galinhas White Leghorn são mais

Anais SIAVS 2015 - Novos desafios da bronquite infecciosa: poedeiras comerciais


- 126 -
susceptíveis ao IBV-M41 que Australorp, pombos; criação conjunta com codor-
White Rock e Rhode Island Red (Chong nas, e elevado risco para micoplasmose
& Apostolov, 1982; Ignjatovic, Reece & e ILT. Em pombos urbanos de Campinas
Ashton, 2003), porque tem expressão foram detectados vírus com similarida-
elevada de IL-6 no rim (Asif et al., 2007). de genômica S1, Mass e Conn (Fellipe
et al., 2010) e em pássaros selvagens e
Os casos de nefrite-nefrose dos EUA fo- codornas, amostras antigenicamente
ram originalmente associados com in- relacionadas com H120 e Ma5 (Torres
fecção por IBDV e IBV Mass (Holte-Gray). et al., 2013).
A amostra do tipo PA/Wolgemuth 98
isolada na Pennsylvania, entre 1997- A variante CAV/CA56b/91 detectada na
2000 de galinhas com uremia em 2011 Califórnia em 1991, deu origem à varian-
em Delmarva (Gelb et al., 2013), causa te Cal99 que foi detectada em frangos
desciliação epitelial na traquéia, bron- de corte e ave de caça com nefrite, e em
copneumonia e nefrite na fase aguda 2003, evoluiu para a variante CA557/03,
e crônica da infecção, principalmente C706/03 e CA1737/04 com 81,8% de
na região medular e a amostra ARKDPI, similaridade genotípica com CAV/CA
também derivada de amostra do tipo 56b/91 (Jackwood et al., 2007). A taxa
Mass, causa traqueíte linfoproliferativa de mutação da variante CAL foi esti-
com infiltração de heterófilos mais per- mada para 10-2 a 10-3 substituições por
sistente, e menos significativamente, ponto por ano, 10x mais elevada que a
nefrite intersticial na córtex renal na fase estabelecida para Mass e Conn (McKin-
tardia da infecção (Wood et al., 2009). ley et al., 2011). Amostras com epitopo
similar ao do CA/1737/04, com escape
É muito importante ponderar que as sorológico para ARKDPI, DE072, GA98 (≤
granjas de galinhas de postura do Su- 75% de similaridade antigênica) e com
deste estão relativamente distantes das 80% de similaridade com Conn e Mass
regiões com alta concentração de fran- foram detectados em 2006, em frangos
gos de corte e tradicionalmente se vaci- de corte normais (DMV/1421/106), com
na com H120 e vacina oleosa. Em Goiás, ILT (DMV 1718/06) e com colibacilose e
não se relata casos de IBV, mesmo onde dermatite gangrenosa (DMV/5642/06,
se aloja frangos de corte, porque não é DMV/5582/06). Estas vacinas não são
uma prática comum se vacinar frangos virulentas porque causam traqueíte ex-
de corte, ou quando vacinados, predo- sudativa até 4 dias pós inoculação ex-
mina H120. perimental (Wood et al., 2009).

Independente da região ou do estado,


os fatores de risco para emergência de
variantes ou doença respiratória tipo IBV Discussão técnica:
nas galinhas de postura são: proximida- Como vimos, o epitopo S1 é um dos
de com centros urbanos e coexistência componentes dos IBVs que induz a sín-
com aves sinantrópicas, por exemplo, tese de anticorpos neutralizantes, mas

Anais SIAVS 2015 - Novos desafios da bronquite infecciosa: poedeiras comerciais


- 127 -
não é uma glicoproteína essencial para na superfície da célula, é composta de
invasão celular e nem é o único com- 2 subunidades S1 e S2. Cada partícula
ponente que alerta o sistema imune e viral tem 2 a 3 cópias da glicoproteína
confere proteção ao desafio. O RFLP para S1 (90 kDa) que liga em receptores sia-
a proteína S não diferencia vírus atenua- lilados ∂ 2,3,diasolida ∂ 2, 3 glicano ou
dos dos não atenuados e também não em receptores do tipo lectina (Wickra-
permite reconhecer diferenças de viru- masinghe et al., 2011). A fração S2 (84
lência das amostras de campo e vaci- kDa), ligada na proteína S1 pela sua ex-
nais. O que enfraquece a célula e alerta tremidade C-terminal e inserida no cap-
o sistema imune é a taxa de replicação e sídeo, é a glicoproteína da fusão conser-
o que debilita a galinha é a distribuição vada em todos IBVs, que desencadeia a
do vírus nos diferentes tecidos e a per- endocitose e o ciclo replicativo. Como
da de função induzida pela replicação e nos NDVs e AIVs, proteases liberadas
destruição das células infectadas pelas por bactérias ou secretadas na mucosa,
células citotóxicas e a citotoxicidade me- clivam a proteína S1 e S2 e favorecem
diada por anticorpos e complemento. a endocitose. Por exemplo, o tratamen-
to da amostra Mass com fosfolipase C
Como exposto, existe risco elevado de
do Clostridium perfringens, aumenta a
aparecimento de variantes em galinhas
expressão de aglutininas na superfície
de postura, mas isto não significa que
do virion, e a neuraminidase interfere
todas doenças respiratórias e quedas
com a adesão na célula epitelial (Wi-
de produção são causadas por IBVs va-
ckramasinghe et al., 2011). Mycoplasma
riantes. Produção sub-ótima epidêmica
gallisepticum sintetiza neuraminidase
deve ser checada para falha de vacina-
(Setti & Muller, 1972), e principalmente
ção ou do programa preventivo.
o M. synoviae, liga-se nos receptores sia-
Casos de doença respiratória com- lilados porque sintetiza a sialidase (May,
plicada em galinhas de postura são Kleven & Brown, 2007), por isto, Mg e Ms
decorrentes de infecção múltipla por favorecem a disseminação e persistên-
vírus respiratórios vacinais (ART, NDV, cia dos IBVs.
ILT) e má ambiência ou associação de
Concluindo, cada país tem variantes an-
IBV vacinal com M. gallisepticum e/ou
M. synoviae. Fatores que favorecem a tigênicas próprias e a introdução de ce-
síntese de proteases nas vias aéreas e pas vacinais diferentes e fatores como
a inalação profunda, por exemplo por manejo, dieta, geografia, higiene e de-
taquipnéia ativa, favorecem a bron- sinfecção aceleram a evolução dos IBVs.
copneumonia, viremia e dispersão dos O aparecimento de variantes não deve
vírus para o sistema genito-urinário ou ser encarado como assustador, porque
infecção persistente. a maioria das variantes não são virulen-
tas e nem mesmo se tem provas que ví-
A glicoproteína S da projeção respon- rus como 4/91 causem miopatia e que
sável pela aderência e fusão do virion as amostras tipo QX cause proventricu-

Anais SIAVS 2015 - Novos desafios da bronquite infecciosa: poedeiras comerciais


- 128 -
lite. A tecnologia PCR levou a um au- Os anticorpos neutralizam o vírus, im-
mento substancial de novas variantes e pedem a invasão e o desencadeamen-
alguns vírus difíceis de isolar, passaram a to da infecção e limitam a disseminação
ser detectados facilmente, por exemplo, endógena e excreção da progênie viral,
a variante It-02 (Itália) (Wit et al., 2011). contudo, para vírus como os IBVs que
replicam nas superfícies mucosas cor-
Não se pode ignorar que todos os seres porais, a ação dos anticorpos é limitada.
vivos procariotos e eucariotos evoluem. Anticorpos séricos da classe IgY e IgM
A probabilidade de um vírus ssRNA ge- só chegam ao sitio da infecção após
rar um mutante não é tão alta quanto o desencadeamento da infecção, e se
a de um dsRNA (IBDV, AIV, ALV). O IBV é houver aumento da permeabilidade
um vírus RNA que tem o maior genoma vascular e extravasamento da plasma
entre todos RNAs vírus (27608 bp) e se no tecido conjuntivo intersticial. Anti-
a RNA polimerase RNA dependente faz corpos da classe IgA não são secretados
um erro de leitura a cada 10.000 nucle- na mucosa de um epitélio com meta-
otídeos, a cada geração são produzidas plasia cuboidal desprovida de células
um número imprevisto relativamente caliciformes e secretoras de muco que
elevado de partículas “defeituosas” que polimerizam a IgA monomérica e secre-
contribuem para variações antigênicas tam a IgA dimérica ativa. A deficiência
bruscas (“antigenic shift”) por rearranjo de células e atrofia glandular causada
genético ou por deleção ou substitui- pela deficiência de nutrientes, poluen-
ção de nucleotídios. Para completar o tes, micoplasmas e vírus patogênicos
ciclo de vida no hospedeiro, todos os como NDV, ILTV e IBV interferem com a
vírus sofrem variação antigênica gradu- secreção de IgA.
al (antigenic drift), deletando, inserindo,
substituindo ou mudando a posição Procedimentos simples de higiene e
do aminoácido para evadir da resposta desinfecção são suficientes para elimi-
imune e dos fatores séricos e tissulares, nar IBVs do meio ambiente, entretanto,
para se excretar, infectar e se adaptar a a coexistência de diferentes subpopu-
um novo hospedeiro e seguir vivendo. lações de vírus, de espécies animais
Então baseado na teoria da evolução susceptíveis e o aumento da densida-
de Darwin, quando tentamos impedir de populacional, são fatores que favo-
que um vírus se multiplique em um recem a emergência de “novos” vírus
hospedeiro por imunização ativa, esta- muito virulentos como o SAR-CoV que
mos fomentando o aparecimento de matou 774 humanos, infectou 8.098
variantes antigênicas. Os vírus vacinais pessoas, expandiu para 29 países e qua-
também fazem mutação (McKinley, se paralisou a economia asiática (Sta-
Hilt & Jackwood, 2008), e isto dificulta dler et al., 2003). É importante lembrar
a mensuração precisa da diversidade e que IBVs são vírus que persistem por
taxa de mutação dos Coronavirus aviá- muito tempo no organismo (Ito, Miyaji
rios (McKinley et al., 2011). & Okabayashi) e que também replicam

Anais SIAVS 2015 - Novos desafios da bronquite infecciosa: poedeiras comerciais


- 129 -
no sistema reprodutor do galo e são (Woo et al., 2009 ab). Existe possibilida-
transmitidos venereamente (Gallardo de dos Gammacoronavirus serem vírus
et al., 2011). Por isto “guardar” machos que divergiram dos Deltacoronavirus
sem vacinar é um procedimento errado. detectados em pássaros selvagens da
China, convivendo no mesmo habitat
O contato íntimo e a transmissão cru- dos morcegos frugivores e insetívoros
zada entre espécies hospedeiras de um (Montassier, 2010). A facilidade com que
nicho ecológico comum são fatores que RNA virus efetuam recombinação gêni-
favorecem a evolução adaptativa por ca pode levar rapidamente à emergên-
mutação e recombinação genômica dos cia de novos Coronavírus e novas doen-
RNAs vírus (Holmes & Rambaut, 2004). ças Coronavirais, enfatiza a importância
Hipotetiza-se que os morcegos sejam de limitar a exposição com reservatórios
os reservatórios dos Alfacoronavirus e que podem servir como fonte de mate-
Betacoronavirus e as aves silvestres, dos rial genético para emergência de novos
Gammacoronavirus e Deltacoronavirus vírus (Jackwood et al., 2010).

Figura 4: Relação filogenética dos Coronavirus. A= por comparação da sequência proteica da RNA polimerase
RNA-dependente, o SARS-CoV pertence a um novo grupo e o SW1 é um vírus do grupo 3, B = pela análise
da sequência do domínio S1 da projeção, o SARS-CoV pertence ao grupo 2 (adaptado de Stadler et al., 2003 e
ICTV 2013). No gênero Alfacoronavirus estão incluídos 4 espécies de Coronavirus isolados de morcegos e no
gênero Betacoronavirus, mais 4 espécies isoladas de morcegos.

Legenda: SARS-CoV = coronavírus da Síndrome Respiratória Aguda infecta o homem e isolado do morcego,
guaxinim e civeta; MHV = vírus da hepatite dos camundongos; SDAV = vírus da sialocrioadenite dos ratos;
BCoV = coronavírus do bovino (enterite neonatal dos bovinos); PHEV = vírus hemaglutinante da encefalomie-
lite dos suínos; OC43 = coronavírus do resfriado do homem; TGV = vírus da gastroenterite dos suínos; FIPV =
vírus da peritonite dos felinos; CCV = coronavírus canino, HCOV- 229E = coronavírus do resfriado do homem;
PEDV = vírus da diarréia epidêmica dos suínos; TCoV = coronavírus dos perus; ECoV = coronavírus do equino;
IBV = vírus da bronquite infecciosa das galinhas; SW1 = coronavírus da baleia beluga (Delphinapterus leucos);
BuCoV = coronavírus do pássaro Bulbul; ThCoV = coronavírus do pássaro preto Turdus merula; MuCoV =
coronavírus isolado do pássaro munia (Tonchura spp); construção por alinhamento de múltiplas sequências
consenso do grupo 1 (G1 cons) e consenso do grupo 2 (G2 cons).

Anais SIAVS 2015 - Novos desafios da bronquite infecciosa: poedeiras comerciais


- 130 -
China, onde iniciou e persiste até hoje causando proventriculite em frangas de
o vírus da influenza aviária H5 e onde 25 a 70 dias de idade, vacinadas e não
surgiu o SARS, veiculado por suíno em vacinadas com H120 e frangos de corte
contato com morcegos, controlado vacinados com H120 ou Mass ou com
por medidas radicais de quarentena H120 + Mass (Yu et al., 2001). Até hoje
dos doentes e educação da população. cocirculam na China 3 genotipos de
A experiência com SARS foi o marco IBV: Mass, Gray nefropatogênico e LX4/
para refletir sobre a evolução dos IBVs TJ96/01 (Liu et al., 2004) e depois surgiu
(Jackwood et al., 2010) e reavaliação o vírus recombinante nefropatogênico
dos programas de vacinação e desen- com Mass (Liu et al., 2008). A amostra
volvimento de vacinas (Liu et al., 2008). SNU8067 nefropatogênica, isolada em
A bronquite infecciosa do tipo Mass 2008 na Coreia, de traquéia e tonsilas
surgiu na China em 1953 e vinha sendo cecais de pintinhos HyLine Brown de
controlada com vacina viva tipo Mass 11 dias de idade com sintomas respira-
desenvolvida no pais (HK, W93, D41) e tórios e mortalidade elevada, também é
H52/H120 (possivelmente após a mor- uma “variante” com o esqueleto (ORF 1,
te de Mao Tsé Tung, 1976 e abertura S2, E, M 5 e N) do KM91 que tem uma
econômica). Na década de 70 para 80, pequena inserção de aminoácido da
houve aumento da incidência de ne- amostra LX4 no gene S1, com S1, 3a e 3b
frite do tipo Gray (SDW, H4) e em 1996, diferente, que pode ter derivado de um
o aparecimento do IBV tipo QX ou LX, vírus não conhecido (Hong et al., 2012).

Anais SIAVS 2015 - Novos desafios da bronquite infecciosa: poedeiras comerciais


- 131 -

Referências bibliográficas

Abreu J.T., Resende J.S., Flatschart R.B., Folgueras- Cook J.K.A., Jackwood M., Jones R.C.. The long
Flatschart A.V., Mendes A.C.R., Martins N.R.S., Silva view: 40 years of infectious bronchitis research.
C.B.A., Ferreira M.C., Rezende M.. Molecular analysis Avian Pathology, 41: 239-250, 2012.
of Brazilian infectious bronchitis field isolates by re- Cumming R.B.. The aetiology of “uraemia” of chi-
verse transcription-polymerase chain reaction, res- ckens. Australian Veterinary Journal, 28: 554, 1962.
triction length polymorphism and partial sequen-
Cumming R.B.. Infectious avian nephrosis (urae-
cing the N gene. Avian Diseases, 50: 494-501, 2006.
mia) in Australian. Australian Journal Veterinary,
Asif M., Lowenthal J.W., Ford M.E., Schat K.A., Kimp- 39: 145-147, 1963.
ton W.G., Bean A.G.. Interleukin-6 expression after
Di Fabio Rossini L.I., Orbell S.J., Paul G., Huggens
infectious bronchitis virus infection in chicken.
M.B., Malo A., Silva B.G.M., Cook J.K.A.. Characteri-
Viral Immunology, 20: 479-486, 2007.
zation of infectious bronchitis virus isolated from
Callison S.A., Jackwood M.W., Hilt D.A.. Molecular outbreaks od disease in commercial flocks in Bra-
characterization of infectious bronchitis virus sil. Avian Diseases, 44: 582-589, 2000.
isolates foreign to the United States and compa-
Dong B.Q., Liu W.. Fan X.H., Vilaykrishna D., Tang
rison with United States isolates. Avian Diseases,
C.X. et al .. Detection of a novel and highly diver-
45: 492-499, 2001.
gently coronavirus from Asian leopard and Chi-
Casais R., Dove B., Cavanagh D., Britton P.. Recom- nese ferret badgers in Southern China. Journal of
binant avian infectious bronchitis virus expres- Virology, 81: 6920-6926, 2004.
sing a heterologous spike protein is a determi- Fellipe P.A.N., da Silva L.H.A., Santos M.M.A.B., Spilki
nant of cell tropism. Journal of Virology, 77 (16): F.R., Arns C.W.. Genetic diversity of avian infectious
9084-9089, 2003. bronchitis virus isolated from domestic chicken
Cavanagh D., Davis P.J.. Coronavirus IBV: remo- flocks and coronavirus from feral pigeons in Bra-
val of spike glycopeptide S1 by urea abolishes sil between 2003 and 2009. Avian Diseases, 54:
infectivity and haemagglutination but not atta- 1191-1196, 2010.
chment of cells. Journal of General Virology, 67: Fenner F., Bachmann P.A., Gibbs E.P.J., Murphy F.A.,
1443-1448, 1986. Studdert M.J., White D.O.. Veterinary Virology, Aca-
Cavanagh D.. Coronavirus in poultry and other demic Press, 1987.
birds. Avian Pathology, 34 (6): 439-449, 2003. Fraga A.P., Balestrin E., Ikuta N., Fonseca A.S.K., Spi-
Cavanagh D.. Coronavirus avian infectious bron- lki F.R., Canal C.W., Lunge V.R.. Emergence of a new
chitis virus. Veterinary Research, 38: 281-297, 2007. genotype of avian bronchitis virus in Brazil. Avian
Chong K.T., Apostolov K.. The pathogenesis of Diseases, 57: 225-235, 2013.
nephritis in chickens induced by infectious bron- Gallardo R.A., Van Santen V.L., Toro H.. Host intras-
chitis virus. Journal of Comparative Pathology, 92: patial selection of infectious bronchitis popula-
199-211, 1982. tion. Avian Diseases, 54: 807-813, 2010.

Anais SIAVS 2015 - Novos desafios da bronquite infecciosa: poedeiras comerciais


- 132 -

Gallardo R.A., Hoerr F.J., Berry W.D., Van Santen V.L., logic characterization, pathogenicity and protec-
Toro H.. Infectious bronchitis in testicles and vene- tion studies with infectious bronchitis virus field
real transmission. Avian Diseases, 55: 255-258, 2011. isolates from California. Avian Diseases, 51: 527-
Gelb J. Jr., Landman B.S., Pope C.R., Ruano J.M., 533, 2007.
Brannick E.M., Bautista D.A., Coughlin C.M., Preske- Jackwood M.W., Boynton T.O., Hilt D.A., McKinley
nis L.A.. Characterization of nephropathogenic E.T., Kissinger J.C., et al.. Emergence of a group 3
infectious bronchitis virus DMV/1639/11 recove- coronavirus through recombination. Virology,
red from Delmarva broiler chickens in 2011. Avian 398: 98-108, 2010.
Diseases, 57: 65-70, 2013. Janeway C.H., Travers P., Walport M., Shlomcheck
Holmes E.C., Rambaut A.. Viral evolution and the M.. Imunobiologia. O Sistema imune na saude e
emergence of SARS coronavirus. Philos. Trans..R. na doença. Artmed Editora, 2002.
Soc. Lond. B. Biologic Science, 359: 1059-1065, Joiner K.S., Hoerr F.J., Ewald S.J., van Santen V.L.,
2004. Wright J.C., van Ginkel F.W., Toro H.. Pathogenesis
Hong S.M., Kwon H.J., Kim I-H, Mo M.L., Kim J-H.. of infectious bronchitis virus in vaccinated chi-
Comparative genomics of Korean infectious ckens of two different major histocompatibility B
bronchitis viruses (IBVs) and and animal model to complex genotypes. Avian Diseases, 51: 758-763,
evaluate pathogenicity of IBVs to the reproducti- 2007.
ve organs. Viruses, 4: 2670-2683, 2012. Lee C-W, Jackwood M.W. Origin and evolution of
Ignjatovic J., Reece R., Ashton F.. Susceptibility of Georgia 98 (GA98), a new serotype of avian infec-
three genetic lines of chicks to infection with tious bronchitis virus. Virus Research, 80: 33-39,
nephropathogenic T strain of avian infectious 2001.
bronchitis virus. Journal Comparative Pathology, Liu S., Kong X.. A new genotype of nephropatho-
128: 92-98, 2003. genic infectious virus circulating in vaccinated
Ito N.M.K., Miyaji C.I., Okabayashi S.. Controle de and unvaccinated flocks in China. Avian Patholo-
variantes do virus da Bronquite infecciosa das ga- gy, 33: 321-327, 2004.
linhas. Anais da Conferencia APINCO, 2006, San- Liu S., Zhang Q., Chen J., Han Z., Liu X., et al .. Gene-
tos, São Paulo, p75-99. tic diversity of avian infectious bronchitis corona-
Jackwood M.W., Hilt D.A., Lee C.W.. Kwon M., Calli- virus strains isolated in China between 1995 and
son S.A., Moore K.M., Moscoso H., Sellers H., Thayer 2004. Archives of Virology, 151: 1133-1148, 2006.
S.. Data from 11 years of molecular typing infec- Liu S., Wang Y., Ma Y., Han Z., Zhang Q., Shao Y.,
tious bronchitis virus field isolates. Avian Diseases, Chen J., Kong X.. Identification of a newly isolated
49: 614-618, 2005. avian infectious bronchitis coronavirus variant in
Jackwood M.W., Hilt D.A., Willians S.M., Woolcock China exhibiting affinity for the respiratory tract.
P., Cardona C., O’Connor R.. Molecular and sero- Avian Diseases, 52: 306-314, 2008.

Anais SIAVS 2015 - Novos desafios da bronquite infecciosa: poedeiras comerciais


- 133 -
May M., Kleven S.H., Brown D.R.. Sialidase activity V.L., van Ginkel F.W.; Zhang J.F., Joiner K.S.. Infec-
in Mycoplasma synoviae. Avian Diseases, 51: 829- tious bronchitis virus subpopulations in vaccina-
833, 2007. ted chickens. Avian Diseases, 56: 501-508, 2012.
McKinley E.T., Hilt D.A., Jackwood M.W.. Avian co- Van Santen V.L., Toro H.. Rapid selection in chi-
ronavirus infectious bronchitis attenuated vac- ckens of subpopulation within Ark DPI-derived
cines undergo selection of subpopulations and infectious bronchitis virus vaccines. Avian Patho-
mutations following vaccination. Vaccine, 26: logy, 37: 293-306, 2008.
1274-1284, 2008. Villarreal L.Y.B., Brandão P.E., Chacón J.L., Sainderberg
Mc Kinley E.T., Jackwood M.W., Hilt D.A., Kissin- A.B.S., Assayag M.S., Jones R.C., Ferreira A.J.P.. Molecular
ger J.C., Robertson J.S., Lemke C., Paterson A.H.. characterization of infectious bronchitis virus strains
Attenuated live vaccine usage affects accurate isolated from the enteric contends of Brazilian laying
measures of virus diversity and mutations rates in hens and broilers. Avian Diseases, 51: 974-978, 2007.
avian coronavirus infectious bronchitis virus. Virus Villarreal L.Y.B., Sandri T.L., Souza S.P., Richtzenhain
Research, 158: 225-234, 2011. L.J., Wit J.J., Brandão P.E.. Molecular epidemiology
Mc Martin D.A.. Infectious bronchitis. Chapter 19, of avian infectious bronchitis in Brazil from 2007
In Virus infections of birds, vol 4. McFerran J.B. & to 2008 in breeders, broilers and layers. Avian Di-
McNulty M.S., editors, Elsevier, 1993, pp 249-275. seases, 54: 894-898, 2010.
Montassier M., Brentano F.S., Montassier H.J., Ri- Yu L., Jiang Y., Low S., Wang Z., Nam S.J., Liu W.,
chtzenhain L.J.. Genetic grouping of avian infec- Kwang J.. Characterization of three infectious
tious bronchitis virus isolated in Brazil based on bronchitis virus isolates from China associated
RT-PCR/RFLP analysis of the S1 gene. Pesquisa with proventriculitis in vaccinated chickens.
Veterinária Brasileira, 28: 190-194, 2008. Avian Diseases, 45: 416-424, 2001.
Montassier H.J.. Molecular epidemiology and Zhu Q., Ge B., Zhang Y. Nephropathogenic infec-
evolution of avian infectious bronchitis virus. Bra- tious bronchitis. Chinese Journal Animal Poultry
zilian Journal of Poultry Science, 12: 87-96, 2010. Infectious Diseases, 20 (Suppl): 195-196, 1998.
Phillips J., Jackwood M., McKinley E., Thor S., Hilt Wickramasinghe I.N.A., de Vries R.R., Grone A.,
D., Acevedol N., Williams S., Kissinger J., Paterson Haan C.A.M., Verheije M.H.. Binding of avian coro-
A., Robertson J., Lemke C.. Changes in nonstruc- navirus spike proteins to host factors reflets virus
tural protein 3 are associated with attenuation in tropism and pathogenicity. Journal of Virology,
avian coronavirus infectious bronchitis virus. Virus 85 (17): 8903-8912, 2011.
Genes, 44: 63-74, 2012.
Wit J.J., Cook J.K.A., Van der Heijolen H.M.J.. In-
Roh H.J., Jordan B.J., Hilt D.A., Aid M.B., Jackwood fectious bronchitis virus variants: a review of the
M.W.. Hatchery spray cabinet administration does history , current situation and control measures.
not damage avian coronavirus infectious bron- Avian Pathology, 40: 223-235, 2011.
chitis virus vaccine based on analysis by electron
Woo P.C., Lau S.K.P., Huang Y., Yuen K-Y.. Corona-
microscopy and virus titration. Avian Diseases, 59:
virus diversity phylogeny and interspecies jum-
149-152, 2015.
ping. Experimental Biology Medicine, 234: 1117-
Stadler K., Masignani V., Eickmann M., Becker S., 1127, 2009a.
Abrignami S., Klenk H-D., Rappuoli R.. SARS-be-
Woo P.C., Lau S.K., Lam C.S., Lai R.K., Hoang Y., et
ginning to understanding a new virus. Nature
al.. Comparative analysis of complete genome
Reviews, 1: 209-218, 2003.
sequences of three avian coronavirus reveals a
Sethi K.K., Muller H.E.. Neuraminidase activity in novel group 3c coronavirus. Journal of Virology,
Mycoplasma gallisepticum. Infectious Immuno- 83: 908-917, 2009 b.
logy, 5: 260-262, 1972.
Wood M.K., Landman B.S., Preskenis L.A., Pope C.R.,
Toro H., Van Santen V.L., Jackwood M.W.. Genetic di- Bautista D.A., Gelb Jr J.. Massachusetts live vacci-
versity and selection regulates evolution of infectious nation protects against a novel infectious bron-
bronchitis virus.. Avian Diseases, 56: 449-455, 2012. chitis virus S1 genotype DMV/5642/06. Avian
Toro H., Pennington D., Gallardo R.A., van Santen Diseases, 53: 119-123, 2009.

Anais SIAVS 2015 - Novos desafios da bronquite infecciosa: poedeiras comerciais


- 134 -

Enfermidades em suínos emergentes e


reemergentes: no Brasil

Nelson Morés
Janice Reis Ciacci-Zanella
Embrapa Suínos e Aves, Laboratório de
Sanidade e Genética Animal, Concórdia/SC

Introdução Qualquer doença é o resultado de um


Por que, atualmente, recrudescem ou contínuo processo de interação entre
surgem novas doenças na produção de agente-hospedeiro-ambiente, conside-
suínos? Por que na produção intensiva rando o espaço e tempo. Isso significa
é difícil produzir suínos sem utilizar an- entender a dinâmica evolucionária das
tibióticos em determinadas fases? Por- doenças. Se olharmos o passado da
que ocorrem tantos problemas sanitá- medicina em suínos verificamos que
rios (doenças complexas multifatoriais), muitas doenças surgiram ou recrudes-
mesmo com uso elevado de vacinas e ceram enquanto outras desapareceram
medicações? Talvez muitos de nós ve- ou tornaram-se pouco importantes
terinários e demais técnicos que lidam com ou sem intervenção humana. E
na suinocultura, freqüentemente, nos isso ocorreu em humanos e nas diver-
fazemos essas perguntas. Para entender sas espécies animais. Há 20 séculos, a
as respostas a essas questões é preciso Associação Americana de Saúde Pú-
pensar e refletir na evolução experi- blica relacionava no seu “handbook”
mentada pela suinocultura pelo menos cerca de 40 doenças comunicáveis e
nas últimas décadas. atualmente relaciona mais de 300. Os

Anais SIAVS 2015 - Enfermidades em suínos emergentes e reemergentes: no Brasil


- 135 -
suínos modificaram-se completamente questões econômicas e de logística
quanto a sua constituição genética para em detrimento de questões associadas
maior produtividade, especialmente à transmissibilidade de agentes infec-
em número de leitões produzidos por ciosos. Nesse aspecto houve e ainda
porca, no ganho de peso, na conversão ocorre brutal mistura de leitões de dife-
alimentar e na quantidade de carne na rentes origens em duas oportunidades,
carcaça. Consequentemente, duas coi- no desmame e/ou no inicio do cresci-
sas aconteceram: a relação da capacida- mento, geralmente para satisfazer as
de cardiorrespiratória dos animais em exigências de padronização por peso,
relação ao restante do corpo mudou e sexo e número de animais. Terceiro:
a ecologia intestinal também mudou, com essas alterações, somando-se a
em grande parte devido aos tipos de necessidade de cada vez produzir mais
ingredientes utilizados na fabricação em relação ao capital aplicado, os ani-
das rações e pelos ingredientes usados mais são submetidos a vários fatores
como promotores de crescimento ou estressantes e de risco que favorecem
preventivos de doenças que são adicio- a manifestação patológica de agentes
nados às rações. infecciosos que fazem parte da micro-
biota dos suínos, que em condições de
Somando-se a isso, houve brutal mu- bem estar e baixa densidade habitam
dança na escala de produção e nos os animais em equilíbrio.
próprios modelos produtivos, privile-
giando a produtividade e uso menor Mas por que, vez por outra, emer-
possível de mão de obra. Partimos de gem ou reemergem doenças na sui-
criações pequenas em ciclo completo nocultura? As mudanças evolutivas
para criações em grande escala e em impostas pelo homem nos sistemas
diferentes sistemas de produção. Pri- produtivos exercem pressão de seleção
meiro problema: houve aumento da acentuada sobre os agentes infeccio-
densidade animal em pequenas áreas, sos, os quais adquirem distintos fatores
muitas vezes de forma exponencial, au- ou características que modificam sua
mentando os riscos de contaminações capacidade patogênica e sua expressão
e transmissões de agentes infecciosos clínica. Nas últimas décadas não surgi-
no interior das granjas, cuja ecologia é ram novos agentes infeciosos na sui-
do próprio suíno. Segundo problema: nocultura, o que aconteceu é que eles
a criação de suínos em dois ou três sí- mudaram para formas mais agressivas
tios realizados por diferentes elos da e, em muitos casos, acabam adquirindo
cadeia produtiva, com movimentação fatores de virulência importantes para
e mistura de leitões, embora apresente manifestações de síndromes patológi-
o beneficio inquestionável da segrega- cas, antes desconhecidas. É assim que
ção por idade, favorece a transmissão muitos subtipos/sorotipos de agentes
horizontal de muitos agentes infec- infecciosos patogênicos surgiram e
ciosos. Isto é realizado privilegiando continuarão surgindo.
Anais SIAVS 2015 - Enfermidades em suínos emergentes e reemergentes: no Brasil
- 136 -
Exemplos de enfermidades que emer- alta, rápida disseminação no rebanho,
giram/reemergiram nos últimos anos de curso muito rápido e atingindo
no Brasil são: Influenza suína, circo- animais de todas as idades. Porém,
virose suína (PCV2), morte de leitões com o desenvolvimento natural de
com diarreia e vesículas sem etiologia imunidade de rebanho, ela tornou-se
estar completamente esclarecida, mas endêmica na produção de suínos com
associado ao Seneca Valley Vírus (SVV) surtos ou repiques que geralmente
e disenteria suína. Outro problema, na ocorrem a cada 3 a 6 meses e atingem
maioria das vezes de origem não infec- especialmente os suínos de creche ou
ciosa, e que tem aumentado nos últi- crescimento/terminação. Essa forma
mos anos é a mortalidade de porcas. de apresentação tem favorecido em
Observa-se também que outras enfer- muito a manifestação de outras enfer-
midades multifatoriais estão cada vez midades respiratórias nos suínos como
mais difíceis de serem controladas nos a pneumonia enzootica, pasteurelose
rebanhos. Exemplos dessas doenças de doença de Glässer. Monitorias so-
são: Doença de Glässer, pasteurelose, rológicas realizadas em muitas regiões
meningite por S. suis e enteropatia produtoras de suínos do Brasil mos-
proliferativa e diarreia por Clostridium tram que, atualmente, a infecção pelo
na maternidade. vírus influenza está endêmica.
Baseados em nossa experiência e em
Nesses estudos, além do vírus H1N1,
alguns trabalhos científicos relatare-
outros subtipos como o H1N2 e H3N2,
mos o que aconteceu historicamen-
anteriormente inexpressivos, passaram
te com algumas dessas doenças que
também a causar problemas na suino-
emergiram/reemergiram no Brasil nos
cultura. Atualmente, estima-se que a
últimos anos.
influenza suína é a principal infecção
respiratória dos suínos, contribuindo
para a ocorrência de vários outros pro-
Influenza blemas. Nesse aspecto, o modelo pro-
Anticorpos para os subtipos H1N1, dutivo adotados na maioria das regiões
H1N2 e H3N2 do vírus da influenza produtoras, com mistura de leitões de
existem há muito tempo na suinocul- diferentes origens, dificulta seu controle
tura brasileira, porém a doença não e facilita a disseminação do vírus entre
era expressiva. A partir de 2009 com rebanhos. Facilitado por esse modelo
a entrada da amostra pandêmica do produtivo, variantes ou recombinações
subtipo H1N1 a doença tornou-se uma do vírus influenza já foram identificados
preocupação constante na produção na população suína, a exemplo de uma
de suínos. Inicialmente essa amostra cepa H1N2, semelhante ao humano, de-
ocasionou surtos importantes típicos rivado do vírus pandêmico H1N1 isola-
da influenza conforme aprendemos do de um surto de doença respiratória
nas universidades, cursando com febre em suínos no Brasil.

Anais SIAVS 2015 - Enfermidades em suínos emergentes e reemergentes: no Brasil


- 137 -
Circovirose PCV2 mudou radicalmente a percepção
A percepção sobre PCV2 como patóge- de doença epidêmica e passou ser um
no significativo marcadamente mudou agente endêmico, bem controlado pelo
nos últimos 15 anos. A natureza ubíqua uso de vacinas. Atualmente, as vacinas
do vírus, a evidência retrospectiva desta contra o PCV2 são as mais amplamente
infecção muito antes de sua associação utilizadas na suinocultura mundial.
com manifestações patológicas, a etio- Em 2005-2006 surgiram na América do
patogênese multifactorial da doença Norte casos de circovirose em suínos de
e à falta de demonstração consistente 10 a 18 semanas de idade em rebanhos
dos postulados de Koch, causou gran- que regularmente vacinavam contra
de polêmica sobre a capacidade pato- PCV2. A doença ocorreu na forma cli-
lógica real deste virus. Por outro lado, nica-patológica típica da doença e foi
como o vírus causador da doença ain- associada a uma amostra mutante de
da é uma questão científica complexa PCV2b antes não identificada naquela
não explicada totalmente, o momento região. A amostra isolada tinha 99,9% de
da infecção e a receptividade do animal homologia com uma mutante descrita
ao próprio vírus (questões genéticas) na China em 2010. Segundo os autores
são fatores fundamentais a serem con- é possível que as vacinas comerciais
siderados para explicar as síndromes feitas com PCV2a não protegiam os lei-
patológicas ocorridas em um nível in- tões completamente contra esta nova
dividual. O surgimento da circovirose amostra. Nesses rebanhos uma amostra
como uma epidemia no final da década emergente de parvovirus tipo 2 (PPV2)
de 1990 e meados da década de 2000, foi detectado em 55% das amostras
pode ser relacionado com um número de soro, talvez explicando que o PPV2
de variáveis, algumas ​​conhecidas e ou- pode sido um cofator nestes casos.
tras desconhecidas.
No Brasil também tem ocorrido alguns
Na década de 90 o PCV2 surgiu como casos de circovirose mesmo em reba-
um problema epidêmico na suino- nhos vacinados. Em 2013 ocorreu um
cultura mundial. Com base nos dados episódio em um crechário envolven-
disponíveis, o comércio internacional do leitões em final da fase de creche,
de suínos pode ter desempenhado um com manifestação de dispneia, tosse,
papel fundamental na disseminação do linfonodos inguinais aumentados de
virus durante esse período. No Brasil, a volume, definhamento, diarreia e mor-
circovirose foi diagnosticada pela pri- talidade em torno de 5%. O quadro pa-
meira vez no final de 1999. Deste então tológico observado foi de circovirose
se disseminou rapidamente na suino- típica com imunohistoquímica positiva
cultura tecnificada, causando enormes para PCV2 nos tecidos lesados. A análise
prejuizos até o surgimento das vacinas filogenética do material mostrou o en-
que ocorreu a partir do final de 2007. volvimento de uma variante de PCV2b,
Com o a utilização das vacinas contra com possível rompimento ao redor do

Anais SIAVS 2015 - Enfermidades em suínos emergentes e reemergentes: no Brasil


- 138 -
resíduo 178, importante sitio para o re- foram diagnosticados nos leitões, mas
conhecimento de anticorpos. Hipote- estes não explicavam o quadro clínico
ticamente essa alteração poderia ser a -epidemiológico observado. Em meados
causa da falha na vacinação, porem isso de 2015, pelo menos três laboratórios
precisa ser comprovado. identificaram o Seneca Valley Vírus (SVV),
especialmente no líquido de vesículas.
Este vírus, já tem sido associado à doen-
ça vesicular idiopática em suínos em ou-
Mortalidade de leitões tros países, porém não conseguiram re-
Em setembro de 2014, um problema produzir a doença com o agente. O SVV
patológico começou ser observado em explica a ocorrência de vesículas, todavia
alguns rebanhos suínos no Brasil, oca- não explica a ocorrência de diarreia e de
sionando mortalidade de leitões e ve- elevada mortalidade de leitões.
sícula em alguns suínos de todas as fai-
xas etárias. O problema se disseminou Recentemente, o Dr. Daniel Linhares,
rapidamente e atingiu granjas de vários subsidiado por outros profissionais da
estados importantes produtores de su- área, propôs uma nova nomenclatura
ínos com pique de ocorrência no inicio para essa enfermidade: “Síndrome de
deste ano e redução importante a partir Perdas Neonatais Epidêmicas Tran-
de abril de 2015. Clinicamente a doen- sientes – PNET”, a qual parece bem
ça afetou principalmente leitões de 1 a adequada ao quadro observado no
7 dias de idade com manifestação de campo. Embora SVV identificado está
diarreia profusa, alguns sinais nervosos associado às lesões vesiculares, muitas
(tonteira) e algumas vesículas nos cas- dúvidas ainda permanecem: 1º - O SVV
cos e no focinho. O problema apresen- é o agente primário único envolvido
tou características epidemiológicas de ou está associado a outro(s)? 2º - O SVV
infecciosidade, difusão rápida, curso é um agente secundário associado a
curto e mortalidade de leitões entre 5 um agente primário ainda não identi-
a 70% dos lotes afetados. Nos animais ficado? 3º - O SSV identificado é uma
adultos, principalmente reprodutores, variante mais patogênica que possa
verificou-se febre discreta e passagei- explicar todo o quadro patológico? 4º.
ra e vesículas nos cascos e focinho em Como explicar a ocorrência de vários
apenas alguns animais. surtos em diferentes Estados, sem liga-
ção epidemiológica conhecida. As pes-
Várias tentativas de diagnóstico foram quisas continuam...
realizadas afastando-se a possibilida-
de de tratar-se de febre aftosa, outras
doenças vesiculares importantes no
diagnóstico diferencial com aftosa, diar- Disenteria suína
reia epidêmica suína (PED), rotavirus, Na década de 70 o Brasil importou
techovirus e peste suína clássica. Casos da Europa e dos Estados Unidos uma
positivos para clostridiose e colibacilose quantidade expressiva de suínos vivos

Anais SIAVS 2015 - Enfermidades em suínos emergentes e reemergentes: no Brasil


- 139 -
geneticamente superiores com o intui- tetraciclinas, tiamulinas e lincomicinas,
to de alavancar a produção com ani- também com boa ação contra o agente
mais geneticamente superiores. Naque- da DS. Provavelmente tenha sido essa a
la época no Brasil pouco se conhecia a razão porque a DS vagarosamente co-
respeito do estado portador de suínos meçou a se manifestar de forma espo-
saudáveis para determinados agentes rádica, porém crescente a partir do ini-
infecciosos. Assim foi que provavelmen- cio deste século. De 2010 a 2012 foram
te a Disenteria Suína (DS) e outras enfer- relatados surtos de DS em vários estado
midades importantes entraram no re- Brasileiros (Minas Gerais, Mato Grosso,
banho suíno brasileiro. Então, na década São Paulo, Paraná e Santa Catarina).
de 70 a DS afetou gravemente muitos
rebanhos e se disseminou através do Quando em 2012 essa doença atingiu
comércio e movimentação dos animais um rebanho que distribuía material ge-
e, provavelmente devido às precárias nético, a DS se disseminou rapidamen-
condições de biossegurança das gran- te atingindo grandes integrações na
jas naquela época. Em seguida surgiram produção de suínos, especialmente na
várias drogas com boa atuação contra região sul. Nessa época 18 novos surtos
a Brachyspira hyodysenteriae, agente foram identificados, porem muitos ou-
da DS, as quais passaram ser utilizadas tros casos provavelmente ocorreu, não
amplamente nas rações fornecidas aos foram relatados, mas foram controlados.
suínos, especialmente nas fases de cre- Na análise molecular das cepas de B.
che e crescimento, fazendo com que a hyodysenteriae (sequenciamento do
doença fosse amplamente controlada. gene nox) isoladas desses surtos recen-
Isso ocorreu principalmente da metade tes nenhuma diferença foi detectada,
da década de 80 até o final da década comprovando a relação epidemiológi-
de 90. A partir do ano 2000 houve res- ca entre elas. Então, a partir de 2012 DS
surgimento/aumento da ocorrência da tornou-se uma doença emergente, cujo
DS. Especula-se que esse aumento este- controle/erradicação foi prejudicado
ja relacionado ao desenvolvimento de porque as amostras de B. Hyodysente-
resistência do agente aos antimicrobia- riae isoladas apresentavam multi-resis-
nos e/ou diminuição do seu uso nas ra- tência aos principais antimicrobianos
ções fornecidas aos suínos. Realmente, utilizados no seu controle. Mesmo as-
no Brasil a partir de 2000 houve drástica sim, utilizando doses elevadas de anti-
redução no uso de antimicrobianos nas microbianos, associado a aplicação de
rações com ação contra a B. hyodysen- enérgicas medidas de biossegurança,
teriae, tanto por proibição do seu uso a doença foi controlada/erradicada em
no Brasil, como foi o caso do carbadox, muitos rebanhos. Atualmente não há
nitrofuranos e imidazoles, ou por retira- relatos de novos surtos, porém episó-
da das rações de determinadas drogas dios de reinfecção têm ocorrido espo-
usadas amplamente como promoto- radicamente, provavelmente devido
ras/preventivas de doenças, como as a resistência do agente as condições

Anais SIAVS 2015 - Enfermidades em suínos emergentes e reemergentes: no Brasil


- 140 -
ambientais, baixa biossegurança em al- Um dado histórico interessante Esta-
gumas granjas, movimentação/mistura dos Unidos mostra que a taxa de MP
de leitões e presença de vetores como aumentou de 3,3% para 6,0 % de 1978
ratos nas granjas. Além disso, deve-se a 2003. Atualmente no Brasil é comum
considerar a possibilidade de ingresso encontrar rebanhos com taxa de mor-
no rebanho brasileiro de novas cepas talidade de porcas acima de 8,0%, es-
patogênicas e/ou resistentes aos anti- pecialmente nas regiões mais quentes.
microbianos, já identificadas em outros Alguns autores consideram uma taxa
países, como é o caso da B. hampsonii. de MP aceitável de até 8,0%. Todavia
Atualmente, em vários países existe um esse número em nossa opinião é muito
aumento da incidência de DS junta- elevado e devemos ter como meta taxa
mente com a redução na susceptibili- menor que 5,0%. Então, podemos con-
dade a antimicrobianos. siderar a MP como um problema emer-
gente muito associado às modernas
técnicas produtivas, redução da mão
Mortalidade de porcas
de obra e a escala de produção elevada,
pois nessas condições o atendimento
A viabilidade das porcas nos rebanhos individualizado dos reprodutores fica
é um dos indicadores econômicos mais muito prejudicado.
importantes para o setor de suínos, pois
além do impacto econômico direto, Considerando o surgimento e/ou re-
afeta a prolificidade geral do rebanho e crudescimento de algumas doenças na
a moral das pessoas ligadas à atividade. suinocultura temos que refletir sobre
A MP um pouco acima do alvo é, fre- algumas questões:
quentemente, ignorada pelos gerentes,
proprietários de granjas e pela indústria 1. Há realmente novas doenças apare-
de suínos. Todavia, isso deve soar como cendo ou estamos apenas descobrin-
um alarme na produção. As perdas eco- do doenças que sempre existiram?
nômicas diretas devido a MP em um
2. Se há novas doenças, como elas sur-
rebanho foram estimadas nos Estados
gem?
Unidos em 275 a 350 dólares, devido
ao alto custo de reposição e custo de 3. Porque atualmente, muitas doenças
oportunidade. No Brasil os impactos são consideradas como sendo multi-
econômicos são bastante distintos para fatoriais?
cada granja. Em 2007 o custo médio as-
sociado a morte de uma matriz que se 4. Porque algumas doenças aparecem
encontra na metade da vida reproduti- com diferentes manifestações em di-
va foi estimado em R$ 790,91. ferentes locais ou em diferentes épo-
cas, enquanto outras são semelhan-
Nas últimas décadas houve um aumen- tes?
to importante na taxa de MP. Para fins
de interpretação essa taxa é anualizada. 5. Como pode um agente tido como
Anais SIAVS 2015 - Enfermidades em suínos emergentes e reemergentes: no Brasil
- 141 -
apatogênico causar doença em algu- deiro multiplicador (spillover) na qual a
mas situações enquanto em outras manutenção da infecção depende de
não? continua transferência das espécies re-
servatórias para o suíno.
6. Os sistemas modernos de produção
intensiva induzem novas doenças com Nos atuais sistemas produtivos em que
severidade que antes não ocorria? a única espécie em contato permanen-
te com suínos é o humano, é esperado
7. O aumento progressivo no tamanho que alguns agentes infecciosos huma-
dos rebanhos adiciona riscos para o nos são transferidos para o suíno. O ví-
agravamento de doenças? rus H1N1 da influenza e o vírus da he-
patite E que afetam suínos e humanos
8. Há outras mudanças que alteram a ma-
são exemplos disso, onde há alto grau
nifestação de determinadas doenças?
de homologia entre os vírus isolados
9. Porque algumas doenças são mais das duas espécies, e a infecção entre es-
frequentes e graves em rebanhos de sas espécies pode ocorrer em uma ou
elevada saúde do que em rebanhos ambas as direções. Os vírus RNA mos-
convencionais? tram alta variabilidade genômica e po-
dem tornar-se rapidamente adaptados
10 . O que devemos fazer para proteger a um determinado hospedeiro e iniciar
nossos rebanhos suínos de novos uma nova doença. Um exemplo disso é
problemas de saúde? o vírus da PRRS cuja origem ainda não é
completamente conhecida.
Quando uma nova doença entra numa
determinada população animal, as espé-
cies selvagens são atualmente reconhe-
cidas como a principal fonte do agente. Conclusão
O suíno é uma espécie de alto risco para Os sistemas produtivos modernos de
o estabelecimento de nova infecção. criação de suínos possuem protocolos
Uma doença endêmica em uma ou mais de biossegurança que impedem o con-
espécies selvagens, somente é transferi- vívio com outras espécies o que é bom
da para animais domésticos ou homem do ponto de vista de transmissibilida-
quando a separação espacial normal de de agentes interespécies. Por outro
entre as espécies é quebrada. Um exem- lado, o aumento da escala de produção
plo dessa situação são os morcegos que cada vez maior e o confinamento com
serviram como fonte do vírus de Nipath, grande quantidade de animais vivendo
Melangle vírus e paramixovirus (Doença no mesmo ambiente, exerce um efeito
do olho azul). Os morcegos são conside- propicio ao desenvolvimento de pato-
rados ricas fontes de patógenos para ou- logias complexas, muitas vezes de difícil
tras espécies. Para muitas doenças cuja controle. Quando algum agente infec-
fonte de infecção é animais selvagens, cioso adquire determinados fatores de
o suíno permanece como um hospe- patogenicidade, encontra condições

Anais SIAVS 2015 - Enfermidades em suínos emergentes e reemergentes: no Brasil


- 142 -
propícias para toda sua manifestação tinuarão a evoluir, o cenário de hoje não
patológica nos sistemas modernos de será o de amanhã e novas emergências
produção. Os agentes infecciosos con- sanitárias surgirão.

Referências bibliográficas
CIACCI-ZANELLA, J.R.; MORES, N. Diagnostic of MARTINS, F.M. Estimativa dos custos da mortali-
postweaning multisystemic wasting syndrome dade de matrizes em granjas comerciais. In.: CON-
(PMWS) in swine in Brazil caused by porcine circo- GRESSO BRASILEIRO DE VETERINÁRIOS ESPECIA-
virus type 2 (PCV2). Arquivo Brasileiro Medicina LISTAS EM SUÍNOS – ABRAVES, Florianópolis, SC,
Vetetrinária Zootecnia, v.55, p.522-527, 2003. 2007. CD-Rom...Abraves, 2007.
CIACCI-ZANELLA, J.R., MORÉS, N., SIMON, N.L., OLI- MORRIS, R.S. DAVIES, P.R. LAWTON, D.E. Evolution
VEIRA, S.R., GAVA, D. Identificação do circovírus of diseases in the world’s pig industry. 17th IN-
suíno tipo 2 por reação em cadeia da polimerase TERNATIONAL PIG VETERINARY SOCIETY, Ames,
e por imunoistoquímica em tecidos suínos arqui- 2002. CD-Rom…IPVS, 2002.
vados desde 1988 no Brasil. Ciência Rural, v.36, OPRIESSINIG, T., XIAO, C-T., GERBER, P. HARBUR, P.G.
n.5, p.1480-1485, set-out, 2006. Emergence of a novel mutant PCV2b variant as-
DANIEL, A.G.S., GABARDO, M.P., NEVES, S.M.N., sociated with clinical PCVAD in two vaccinated
GUEDES, R.M.C. Caracterização das espécies de pig farms in the U>S> concurrently infected with
Brachyspira sp. e aspectos referentes a sensibi- PPV2. Veterinary Microbiology, 2013, http://
lidade antimicrobiana. Agrotec, setembro. p.28- dx.poi.org/10.1016/j.vetmic.2012.12.019.
33, 2012. PALOMO, A. Analysis of sow mortality among
DANIEL, A.G.S., SATO, J.P.H., GUEDES, R.M.C. A situ- breeding sows in Spanish pig herds. In: ALLEN
ação do Brasil após um ano de surtos de disen- D. LEMAN SWINE CONFERENCE, 2006, Minnesota.
teria suína. In.: Pork Expo 2014 – VII Fórum Inter- Proceedings… Minnesota: Colege of Veterinary
nacional de Suinocultura, Foz do Iguaçu, 2014. Medicine, University of Minnesota, 2006. v.33, 3p.
CD-Rom... Pork Expo 2014, p. 193-194.
SCHAEFER, R., GAVA, D., CANTÃO, M.E., SERRÃO,
DANIEL, A.G.S., SATO, J.P.H., REAL, C.E.P., COUTO, R.M., V.H.B., SILVA, M.C., MORES, N., ZANELLA, J.R.C. PCV2
VANNUCCI, F.A., GEBHART, C., GUEDES, R.M.C. Ge- disease in vaccinated growing pigs in Southern
notypic characterization of hemolytic Brachyspira Brazil. In: INTENATIONAL PIG VETERINARY SICIETY,
species isolated from pigs in Brazil. In: INTENATIO- 23th, Mexico, 2014. Proceedings… IPVS, v.II-pos-
NAL PIG VETERINARY SICIETY, 23th, Mexico, 2014. ters, 2014, p. 522.
Proceedings… IPVS, v.II-posters, 2014, p. 463.
SCHAEFER, R., RECH, R.R., GAVA, D., CANTÃO, M.E.,
DEE, S. Biosecurity: a critical review of toda’y pra- SILVA, M.C., SILVEIRA, S., ZANELLA, J.R.C. A human
tices. American Association of Veterinarians, -like H1N2 influenza virus detected during an
p.451-455, 2003. outbreak of acute respiratory disease in swine in
HENRY, S. C.; TOKACH, L. M.; PRETZER, S. D.; GEIGER, Brazil. Archives of Virology. v.160, p.29–38, 2015.
J. O. Considerations on the increasing mortality DOI 10.1007/s00705-014-2223-z.
rates in sow herds. In: INTERNATIONAL PIG VETERI- SEGALÉS, J., KEKARAINEN, T., CORTEY, M. The natu-
NARY SOCIETY CONGRESS, 16., 2000, Melbourne. ral history of porcine circovirus type 2: From an
Proceedings... Melbourne: IPVS, 2000. p.294. inoffensive virus to a devastating swine disease?
MORÉS, N., MIELE, M., BORDIN, L.C., PALADINO, E.S., Veterinary Microbiology, v.165, n.1, p.13-20, 2013.

Anais SIAVS 2015 - Enfermidades em suínos emergentes e reemergentes: no Brasil


- 143 -

Uso de antimicrobianos na prevenção e


controle das infecções paratifoides em aves

Paulo Martins
Facta, Campinas/SP

Considerações iniciais nios & frangos”, para o consumidor. Pois


O que a humanidade quer? Saciar sua bem, graças a esta “heresia”, o market
fome ou atender aos caprichos de con- share daquele ousado player ganhou
sumidores “mimados”? A resposta a esta vários pontos e foi, de imediato, seguido
questão pode estar contida nos dois por alguns concorrentes.
parágrafos seguintes. Ainda nesta linha, semanas antes da
Nos últimos meses assistimos uma “ba- produção deste texto, uma gigante
talha”nas mídias especializadas do agro- mundial dos refrigerantes, mudou o
negócio quando um importante player adoçante de seu produto light – aban-
da cadeia de produção avícola brasileira, donou o aspartame e adotou a sucralo-
se – porque o consumidor acha que é
literalmente se rendeu ao apelo de seu
melhor para sua saúde. O interessante é
departamento de marketing e estam-
que este mesmo consumidor pode ser
pou em sua embalagem de frangos a
um fumante que inala em cada tragada,
seguinte frase:“Sem uso de hormônio,
conscientemente, cerca de 4.700 subs-
como estabelece a legislação brasi-
tâncias tóxicas, nenhuma com índice
leira”. Muitos empresários, associações
seguro de resíduo.
do setor, experts no agronegócio e téc-
nicos, incluindo eu, nos sentimos traídos, Hoje, portanto, quando o consumidor
pois em todas as oportunidades sempre “acha” algo de um produto, a empresa,
tentamos dissociar o binômio “hormô- se tem juízo, obedece.

Anais SIAVS 2015 - Uso de antimicrobianos na prevenção e controle das infecções paratifoides em aves
- 144 -
Introdução de Salmonelas Paratíficas (SPT). Sob
A segurança e a qualidade alimentar são certas condições, algumas infec-
itens cada vez mais importantes, não so- ções por SPT podem causar severa
mente em saúde pública, mas também morbidade e alta mortalidade em
na percepção do consumidor. Dentre as aves jovens (Gast, 2008), além de re-
toxinfecções alimentares mais frequen- presentar um risco potencial para o
tes, em todo o mundo, as salmoneloses consumidor dos produtos avícolas
de origem animal ocupam sempre um contaminados (carne e ovos). As SPT
lugar de destaque. Prevenir a contami- constituem uma das principais toxin-
nação de um rebanho ou plantel por fecções alimentares com quadros de
bactérias do gênero Salmonella é sem- enterocolite no homem, que podem
pre a melhor opção e também a de me- evoluir para infecções sistêmicas em
nor custo. Entretanto, às vezes, o técnico crianças, pessoas de idade e imuno-
responsável tem que buscar uma so- comprometidos (EFSA, 2004).
lução, para um plantel já contaminado.
A fim de facilitar o desenvolvimento do
Uma das alternativas passa pelo uso de
tema “Uso de antimicrobianos na pre-
antimicrobianos e este fato, cada vez
venção e controle de salmonelas pa-
mais, desagrada o consumidor. ratíficas” de forma mais prática, iremos
As salmoneloses aviárias podem ser dividi-lo em oito tópicos principais:
divididas em dois grandes grupos, com 1. Importância do tema para a indústria
base em sua patogenia: avícola brasileira
I. O primeiro grupo é composto por dois 2. O trato digestório como principal
sorotipos Salmonella Pullorum (SP) e meio de contato entre o meio interno
Salmonella Gallinarum (SG), específicos e externo
das aves (galinhas, perus, codornas),
com potencial de provocar doenças 3. Microbiota, um órgão extra das aves:
clínicas com alta morbidade e morta- cuide bem deste órgão
lidade, respectivamente Pulorose e Tifo
Aviário. Entretanto, nenhuma das duas 4. Princípios gerais de antibioticoterapia
oferecem riscos à saúde pública. em avicultura

II. O segundo grupo compreende cer- 5. Uso de antimicrobianos na preven-


ca de 2.500 sorotipos, que colonizam ção e controle de salmonelas paratí-
principalmente o trato digestório de ficas
uma ampla gama de hospedeiros: 6. Modelo prático de abordagem mul-
mamíferos, répteis e aves. Ao redor tifatorial para controle de salmonelas
de 200 sorotipos de salmonelas in- paratíficas
fectam as aves com maior frequência.
São denominadas de infecções não 7. Riscos no uso de antimicrobianos
tifoides, ou paratifoides, daí o nome para a avicultura brasileira

Anais SIAVS 2015 - Uso de antimicrobianos na prevenção e controle das infecções paratifoides em aves
- 145 -
8. Medidas preventivas para evitar a uti-
lização de antimicrobianos no incu-
2. O trato digestório como
batório e na primeira semana de vida
principal meio de contato
entre o meio interno e
1. Importância do tema externo das aves
para a indústria avícola O Trato Digestório (TD) representa a
maior superfície de comunicação entre
brasileira
a ave e o meio externo. As rações, água,
O tema atual e oportuno, proposto pelos grãos, cascalho, cama das aves, fezes, in-
organizadores do Workshop, deve-se à setos, restos de carcaças, além de outros
prática de utilização de antimicrobianos eventuais materiais estranhos, ganham o
(AMC), pelos técnicos do setor, na tenta- interior das aves através do TD. Somen-
tiva de prevenir ou controlar as infecções te a superfície epitelial do intestino das
paratifoides nas aves. A palavra “tentativa” aves representa mais de 50 m2, uma
foi utilizada, pois nenhum livro texto de enorme área de contato, susceptível a
ornitopatologia informa que podemos ser colonizada por microrganismos, co-
eliminar o portador das SPT (ou mesmo mensais ou patogênicos (Macari 2011).
SG e SP) através da utilização de AMC. O Talvez, por esta razão, o TD constitui-se
que na prática de campo se faz é utilizar os num dos mais importantes órgãos do
AMC, de forma metafilática ou terapêutica, sistema imune das aves. Mais de 70% das
para reduzir a excreção fecal, mitigar os células produtores de imunoglobulinas
eventuais sinais clínicos e/ou mortalidade está aí localizada, e, por isso, é conside-
produzidos pelas SPT. No âmbito legal, a rado importante órgão efetor da imuni-
Instrução Normativa nº 78, de 03 de no- dade humoral e de mucosas. Posto isto,
vembro de 2003, no Capítulo IX, resolve sempre que a imunidade local for im-
que é permitida a antibioticoterapia do portante na proteção contra um agente
lote de reprodutoras, quando positivo na infeccioso, cuja via de invasão principal é
monitoria para duas SPT: Salmonella Ente- a oral, o estímulo do Tecido Linfoide As-
ritidis (SE) e Salmonella Typhimurium (ST). sociado ao Trato Digestório (GALT), por
Após o tratamento, caso o lote mostre-se antígenos vivos, deve ser considerada.
negativo em dois retestes, o núcleo ou
estabelecimento avícola poderá receber
a certificação de “Controlado para SE e ST”.
3. Microbiota, um órgão
O tema reveste-se ainda de maior im-
extra das aves: cuide bem
portância, desde que se relaciona com
a Saúde Pública: as salmoneloses hu- deste órgão!
manas constituem uma das mais pre- Todo o TD é habitado por uma grande
valentes toxinfecções alimentares de massa de microrganismos, composta
caráter zoonótico, em todo o mundo. por mais 500 espécies, em equilíbrio

Anais SIAVS 2015 - Uso de antimicrobianos na prevenção e controle das infecções paratifoides em aves
- 146 -
entre si e em simbiose com o hospe- da energia diária necessária às aves
deiro. A manutenção desta microbiota (mesmo que alguns técnicos, ainda
– considerada por muitos pesquisadores hoje, argumentem que a microbiota
como um real órgão extra do organismo “rouba” nutrientes do hospedeiro)
– é fundamental tanto para a saúde do
animal como para seu desenvolvimento, Outras funções ainda estão em fase de
produtividade e, até mesmo, bem-estar. pesquisa nas aves, como exemplo, o
São várias as funções já reconhecidas da estudo do eixo bidirecional intestino-
microbiota intestinal normal: cérebro, que integra as atividades do
intestino e do sistema nervoso central.
• Produção de ácidos orgânicos de ca- Maiores estudos na área poderão con-
deia curta, peróxido de hidrogênio e tribuir com conhecimentos relaciona-
bacteriocinas; dos ao comportamento e bem-estar
das aves.
• Estimula precocemente os mecanis-
mos de defesa do sistema imune lo- Aprender a manipular a microbiota
cal (GALT) e sistêmico; intestinal, e mesmo recuperá-la, após
episódios de desequilíbrio (disbiose),
• Estimula a produção de mucina que principalmente após antibioticotera-
ajuda a evitar a translocação bacteria- pia (contínua, esporádica ou repetitiva,
na (bactérias patogênicas); comum nos dias atuais), reveste-se de
• Exerce a função de “Exclusão Com- grande importância, se desejamos me-
petitiva” (EC) através da ocupação de lhorar a performance e qualidade sani-
sítios de ligação; tária das aves, incluindo a prevenção da
colonização do TD por SPT.
• Compete por nutrientes com eventu-
ais microrganismos patogênicos; Os principais agentes / produtos que
auxiliam na modulação deste órgão,
• Algumas bactérias presentes na mi- chamado microbiota, são:
crobiota modulam a expressão de
genes envolvidos com a absorção, I. Microbiota de exclusão competi-
metabolismo e maturação de células tiva (EC), internacionalmente conhe-
da mucosa intestinal; cidos por NAGF (Normal Avian Gut
Flora).
• Auxiliam na metabolização de carboi-
dratos, proteínas, lipídeos, sais minerais; II. Probióticos, compostos por micror-
ganismos definidos, internacional-
• Sintetizam vitaminas do complexo B, mente conhecidos por DFM (Direct
além de vitaminas, A, C, K e ácido fólico; Feed Microbial).

• Digerem as fibras e celulose o que leva III. Prebióticos, que são oligossacaríde-
a liberação de ácidos graxos voláteis, os de cadeia curta que constituem
que podem suprir parte significativa o alimento da microbiota normal, in-

Anais SIAVS 2015 - Uso de antimicrobianos na prevenção e controle das infecções paratifoides em aves
- 147 -
cluindo as probióticas, promovendo II. Profiláticos – Utilizado em lotes de aves
sua multiplicação e atividade. sadias, em doses terapêuticas para pre-
venção ou potencial risco da ocorrência
IV. Simbióticos, que nada mais é que de uma enfermidade, em momentos
a associação de I. EC ou II. Probiótico ou períodos definidos, não superiores a
mais III. Prebiótico.
7 dias. É largamente utilizado em nosso
4. Princípios gerais de antibioticote- meio, em algumas circunstâncias:
rapia em avicultura
• Em embriões de 18 dias de incuba-
Para uma abordagem mais técnica do ção, adicionados às vacinas adminis-
tema, é fundamental lembrar de alguns tradas “in ovo”;
conceitos práticos da antibioticotera-
• Em pintos de um dia, adicionados às
pia, desde que vão estar intimamente
vacinas administradas via subcutâneas;
ligados à utilização criteriosa dos AMC.
Em medicina veterinária existem quatro • Já nos primeiros dias de vida dos
principais usos dos AMC, que se dife- planteis, na água ou na ração;
renciam, a princípio: (i) pelo estado sa-
nitário do plantel; (ii) pela dose do AMC • Periodicamente, de forma pré-defini-
utilizada; (iii) duração do tratamento: da, em lotes de aves de vida longa, na
água ou na ração.
I. Melhoradores de Desempenho – Os
antibióticos melhoradores de desem- III. Metafiláticos – Conceitualmente é o
penho (AMD) são utilizados nas rações, tratamento entre 3 a 5 dias, na água
em lotes de aves sadias, em baixas dosa- ou ração, com doses terapêuticas, as-
gens (doses sub-terapêuticas) e longos sim que se identifique sinais clínicos
períodos de aplicação. Não são absorvi- ou suspeita de uma enfermidade, em
dos (não deveriam ser) e atuam, princi- algumas aves do plantel. Este método
palmente em bactérias Gram Positivas, foi largamente utilizado na avicultura
portanto não atuam em bactérias do industrial, no passado, para estimular
gênero Salmonella (Gram Negativas). O o desenvolvimento da imunidade
objetivo, como o nome diz, é o de me- contra coccidiose, em poedeiras e
lhorar o desempenho, principalmente reprodutoras, antes do advento das
ganho de peso, conversão alimentar vacinas de coccidiose.
ou produção de ovos, através modu-
lação (não eliminação) da microbiota IV. Terapêuticos – Utilizado na água
intestinal. Pelo princípio da precaução, ou ração, em lotes onde uma per-
estas drogas tiveram seu uso proibido centagem das aves já apresenta si-
na Comunidade Europeia em 2006. nais clínicos ou sintomas de alguma
Até mesmo nos EUA, várias empresas enfermidade. As doses utilizadas são
já sinalizaram a interrupção do uso dos terapêuticas e por período definidos,
AMD nos próximos anos. geralmente entre 5 a 7 dias.

Anais SIAVS 2015 - Uso de antimicrobianos na prevenção e controle das infecções paratifoides em aves
- 148 -
Na visão dos consumidores, autorida- dentro do lote bem como sua taxa de
des de saúde pública e saúde animal, excreção e contaminação do ambiente.
além de legisladores – nacionais e in- Com isso, a probabilidade de contami-
ternacionais – os principais problemas nação ou transmissão horizontal e ver-
relacionados ao crescimento da resis- tical das SPT poderá ser reduzida. O ris-
tência aos AMC estão ligados, princi- co desta terapia antimicrobiana é que
palmente, aos dois primeiros usos dos ela pode reduzir o estado de portador
AMC: I. Melhoradores de Desempe- bem como a excreção de SPT abaixo do
nho e II. Profiláticos. Felizmente, nes- nível de detecção, prejudicando a sen-
tas duas classes de uso, reside o enorme sibilidade dos programas regulares de
potencial de substituição dos mesmos monitoria, isolamento e confirmação
através da aplicação de medidas pre- da infecção. Note que esta posição da
ventivas de biosseguridade, alterações EFSA é conflitante com a Instrução Nor-
de manejo e ambiência e utilização de mativa nº 78 do MAPA, mencionada no
produtos substituto dos AMC. Estes últi- item 1 deste texto.
mos, além de melhorar o desempenho
zootécnico, atuam na microbiota do TD Richard Gast, autor do “Capítulo 16
com consequente favorecimento do – Infecções por Salmonelas” do livro
controle das infecções por SPT. texto “Diseases of Poultry” (GAST, 2008)
cita que sulfonamídicos, tetraciclinas e
aminoglicosídeos são utilizados para
diminuir os sintomas e excreção e mor-
5. Uso de antimicrobianos talidade causadas pelas infecções por
na prevenção e salmonelas. Afirma, entretanto, que
nenhuma droga, ou combinação de-
controle de salmonelas
las, foi capaz de eliminar a infecção
paratíficas de um lote tratado. Ainda neste ca-
De acordo com o parecer da Comis- pítulo, o autor comenta que a eficácia
são de Riscos Biológicos da Autoridade e prudência da antibioticoterapia para
Europeia de Segurança dos Alimentos prevenir ou tratar as infecções por SPT
(EFSA, 2004), relacionado ao uso de é um tópico de muitos debates entre
AMC para o controle de salmonelas em os pesquisadores. Traz ainda algumas
aves industriais, eles podem ser úteis na informações, entre outras: países com
redução da morbidade e mortalidade avicultura madura e desenvolvida não
nas infecções por SPT nessa espécie. En- utilizam os AMC como forma de con-
tretanto a utilização de AMC nunca é trole das salmoneloses devido aos re-
totalmente efetiva, para o controle sultados inconsistentes de controle; o
destas infecções, porque não é pos- fornecimento de cultura de exclusão
sível eliminar todos os microrganis- competitiva para restaurar a microbiota
mos de um lote infectado. Porém, seu normal de proteção após o tratamento
uso poderá reduzir a prevalência de SPT com fluoroquinolonas reduziu a excre-

Anais SIAVS 2015 - Uso de antimicrobianos na prevenção e controle das infecções paratifoides em aves
- 149 -
ção fecal de SE por matrizes, frangas de que não é possível eliminar todos os
postura em recria e galinhas poedeiras microrganismos de um lote infecta-
em muda; a interrupção do uso de AMD do. No entanto, o uso de AMC pode
na Dinamarca foi seguido de uma dimi- reduzir a prevalência dentro do lote,
nuição na prevalência de SPT em fran- reduzir a excreção e contaminação
gos de corte. ambiental. Assim a probabilidade de
propagação a outros lotes diminui de
Para BERCHIERI e FREITAS (2009), o tra- maneira horizontal e vertical.
tamento contra as SPT pode reduzir
as perdas por mortalidade, mas não • Durante o tratamento com AMC a
impede que as aves permaneçam proporção de bactérias resistentes
portadoras. Além disso, os portadores excretadas no meio ambiente irá au-
poderão eliminar Salmonella nas fezes mentar. As fezes, cama, esterco e de-
por períodos mais prolongado que aves mais resíduos estarão contaminados
sem tratamento. com estas bactérias e também com
resíduos dos AMC e seus metabolitos.
Ainda de acordo com a Comissão Eu-
ropeia que estabeleceu os riscos bioló- • Microrganismos resistentes podem
gicos relacionados à utilização de AMC sobreviver por longos períodos no am-
no controle de SPT (EFSA, 2004), alguns biente interno e externo às instalações
aspectos não podem ser ignorados: e podem ser transportados através da
poeira, sistemas de água e bebedouros
• As vantagens da utilização de AMC
para esta finalidade deve ser compa- • Caso um lote de reprodutoras, conta-
rada com os riscos associados no de- minado por SPT, desenvolva resistên-
senvolvimento, seleção e propagação cia ao AMC utilizado, há risco de dis-
da resistência antimicrobiana, bem seminação do microrganismo através
como o impacto de tais microrganis- dos ovos incubáveis, do ambiente de
mos resistentes na saúde pública. incubação, bem como de toda a ca-
deia de produção, até a carcaça.
• A utilização de AMC em avicultura
industrial aumenta o risco de apare- • No caso de poedeiras comerciais, que
cimento e propagação de resistência possuem longos ciclos de produção,
em bactérias zoonóticas como Sal- geralmente em granjas de múltiplas
monella spp. e Campylobacter spp. idades, o uso de AMC apresenta um ris-
Nos casos em que as SPT produzam co em manter um ciclo de infecção per-
infecções clínicas nas aves, os agentes manente na propriedade, bem como
AMC podem ser uteis na redução da promover o desenvolvimento, seleção
morbidade e mortalidade. e disseminação de microrganismos re-
sistentes através dos ovos comerciais.
• É importante estar ciente que os
agentes AMC não são totalmente efi- • Em lotes de frangos de corte conta-
cazes para o controle das SPT posto minados por SPT, os AMC não trazem
Anais SIAVS 2015 - Uso de antimicrobianos na prevenção e controle das infecções paratifoides em aves
- 150 -
grande vantagem devido aos resíduos da área médica e veterinária, e conti-
que podem ficar na carcaça, além da nuarão a ser uma ferramenta essencial
potencial transmissão de microrganis- para o tratamento de doenças animais
mos resistentes no produto final. e humanas neste século. Qualquer li-
mitação de seu uso – metafilático ou
• A probabilidade de desenvolvimento
terapêutico – para controlar as doen-
ou aquisição de resistência em lotes
ças dos animais, poderá causar grande
infectados e tratados com doses tera-
impacto na saúde animal, comprome-
pêuticas de AMC é considerado me-
tendo a segurança alimentar dos hu-
nor que o uso de doses sub-terapêu-
manos (SEAL, 2013).
ticas, ou preventivas de longo prazo.
Entendemos a posição do médico
• Lotes clinicamente afetados, que so-
freram tratamento por agentes AMC, veterinário, responsável técnico da
devem ser ainda considerados conta- empresa, quando se depara com um
minados por Salmonella spp. resultado laboratorial positivo para Sal-
monella spp. num lote de aves comer-
• O tratamento com AMC não pode ser ciais. Compreendemos a pressão que
utilizado como substituto de biosse- ele que sofre de seus superiores para
guridade e boas práticas de produ- “resgatar” aquele lote de reprodutoras
ção, principalmente em propriedades e trazê-los novamente para o “status”
de idades múltiplas. de “Controlado para SE ou ST”, confor-
me legislação corrente (BRASIL, 2003).
• O uso indevido de AMC pode com-
Provavelmente ele conhece também
prometer a eficácia de vacinas bac-
as posições conflitantes sobre este as-
terianas vivas, produtos de Exclusão
Competitiva e Probióticos. sunto de grandes autores, pesquisado-
res e entidades internacionais, mencio-
• A utilização de AMC deve estar em nadas anteriormente no item 5. (EFSA,
conformidade com condições for- 2004; GAST, 2008; BERCHIERI & FREITAS,
mais e oficialmente definidas que ga- 2009). Por este motivo, o melhor pro-
rantam a proteção do consumidor e cedimento virá com maior volume de
saúde pública. informações disponível.

Devemos nos lembrar que estamos


lidando com um microrganismo que
6. Modelo prático de pode ser transmitido, sob o ponto de
abordagem multifatorial vista epidemiológico, por duas vias:
para controle de
a. Vertical: através do ovário, oviduto
salmonelas paratíficas ou mesmo o ovo que se contamina
Os AMC constituem uma das desco- ao passar pela cloaca de reprodutoras
bertas mais importantes do século XX, infectadas;

Anais SIAVS 2015 - Uso de antimicrobianos na prevenção e controle das infecções paratifoides em aves
- 151 -
b. Horizontal: adquirido no ambiente Com base nestas informações, advém
do incubatório ou da granja, através a necessidade de abordagem racional
matéria fecal da cama das aves, mas e estratégica ao agente infeccioso, em
também ração, água e poeira. Ainda várias frentes, e que, por este motivo,
pela via horizontal não podemos es- deverá ser multifatorial. Um esquema
quecer os vetores mecânicos e bioló- sugestivo e resumido destas ações
gicos, além de animais sinantrópicos multifatoriais está contido na Figura 1.
e domésticos, que podem contami- De acordo com a experiência de cada
nar o ambiente da criação. técnico, outros produtos poderão ser
adicionados, na ração ou água, com o
Ao invadir a ave pela via fecal-oral, as SPT cuidado de verificar a existência de pos-
tendem a se instalar no TD, preferen- sível antagonismos entre estes agentes.
cialmente no cécum. Podem também
penetrar na mucosa, se multiplicar nos É fundamental lembrar que toda a estru-
macrófagos, entrar no sistema circula- tura desta abordagem multifatorial terá
tório e, através dele, atingir e se alojar mais chance de êxito se paralelamente
em órgãos internos: fígado, baço, ovário forem aplicados os princípios básicos de
e oviduto. Como são patógenos intrace- biosseguridade, principalmente estrutural
lulares facultativos, as salmonelas con- e operacional. A biosseguridade deve atu-
seguem se evadir, não somente de altas ar em duas direções: (i) evitar a entrada de
concentrações de AMC circulantes, mas agentes patogênicos nas instalações; (ii)
também de anticorpos humorais, indu- evitar o escape de agentes patogênicos e
zidos pelas vacinas inativadas. contaminação de outras instalações.

Figura 1: Sugestão de esquema de abordagem multifatorial – auxiliar da antibioticoterapia – para


o controle das infecções por salmonelas paratíficas.
Antibioticoterapia: além dos AMC são utilizados pelos médicos veteriná-
tradicionais, mencionados na literatura rios, no Brasil, para controle das infec-
para controle das SPT – sulfonamídicos, ções por SPT, mostrados na Quadro 1. A
tetraciclinas e aminoglicosídeos (GAST, seleção do AMC deve ser criteriosa, téc-
2008; BERCHIERI, 2009) – outros AMC nica e atender alguns itens, tais como:

Anais SIAVS 2015 - Uso de antimicrobianos na prevenção e controle das infecções paratifoides em aves
- 152 -
• Recomendação da bula: o produto • Tempo de tratamento: importante
está recomendado para a espécie em conhecer se o AMC selecionado é
questão? dose / concentração dependente ou
tempo dependente.
• Espécie a ser tratada: existe algum
trabalho ou informação técnica refe- • Período de carência: os AMC apre-
rente a farmacocinética e farmacodi- sentam diferentes períodos de carên-
nâmica do AMC selecionado, para a cia (para o abate ou aproveitamento
espécie objeto de tratamento (gali- de ovos) de acordo com a espécie
nhas, perus, codornas)? animal e tipo de ave: reprodutora, po-
edeira comercial, frango de corte.
• Sensibilidade da amostra isolada:
algumas amostras de SPT apresen- Outro procedimento, não raro encon-
tam elevado grau de resistência a trado no campo, é a associação de an-
vários AMC, daí a importância de se timicrobianos na ração, para tratar os
realizar o antibiograma para seleção lotes infectados por SPT. É muito impor-
do AMC. tante o médico veterinário conhecer se
• Absorção via digestiva do AMC existem indicações técnicas que deem
selecionado: os aminoglicosídeos e suporte a estas associações, antes de
polipeptídeos possuem baixa absor- lançar mão destes tratamentos.
ção por via oral e não atingem con- Tratamento da cama. Aves infectadas
centrações terapêuticas sistêmicas,
por SPT excretam, por longos períodos,
quando administrados por esta via.
o microrganismo via fezes. O tratamen-
to com AMC pode prolongar ainda mais
Grupo o tempo de excreção (BERCHIERI, 2009),
Antimicrobiano
farmacológico no meio ambiente e cama. A utilização
- Amoxilina de Cal Virgem, ou óxido de cálcio (CaO),
ß-Lactâmicos - Cefalexina a partir de 600 g / m² de cama, provoca
- Ceftiofur (in ovo) a redução significativa de Salmonella
Fosfomicina - Fosfomicina
spp. na cama, já a partir do sétimo dia
do tratamento. A elevação do pH da
Polipeptídeos - Colistina
cama e redução da atividade água, pela
- Enrofloxacina utilização da Cal Virgem, influenciam di-
Quinolonas
- Ciprofloxacina retamente a sobrevivência dos micror-
Tetraciclinas - Doxicilina ganismos (DAI PRA, 2009).
- Gentamicina
(in ovo) Outra maneira de diminuir a viabilidade
Aminoglicosídeos
- Neomicina
das SPT na cama é através da adminis-
Quadro 1 – Principais antimicrobianos utili-
tração de produtos de EC e probióticos
zados no controle de infecções paratíficas em no lote, via água ou ração. De acordo
aves, nas condições comerciais brasileiras. com PEDROSO (2014) a administração

Anais SIAVS 2015 - Uso de antimicrobianos na prevenção e controle das infecções paratifoides em aves
- 153 -
destes produtos pode alterar a com- dade não específica e o aumento em
posição bacteriana da cama, aumentar IgA secretória local, que podem contri-
a abundância de bactérias benéficas e buir para o aumento da resistência da
reduzir a prevalência de alguns patóge- mucosa contra infecções por patóge-
nos no meio ambiente. nos entéricos. O tratamento dos lotes
com produtos de EC já é utilizado em
Uso de produtos de exclusão com- alguns países como parte de um pro-
petitiva e probióticos. Várias publica- grama integrado de controle de salmo-
ções, trabalhos de pesquisa, e revisões nelas e precisa ser complementado por
de meta-analises sugerem o uso de elevados padrões de higiene e desin-
produtos de EC e probióticos, como fecção em todas as fases da cadeia de
auxiliares na redução de patógenos, produção (REVOLLEDO 2006).
incluindo Salmonella spp. (ANDREATTI,
2015; PEDROSO, 2014; NUOTIO, 2013; A utilização de microbiota de EC con-
REVOLLEDO, 2013; KERR, 2013; NUTIO, sistentemente reduziu, mais que a com-
2013; TELLEZ, 2012; OIE, 2010; FAO 2009; binação de vacinas vivas e inativadas, a
FLINT, 2009; EFSA, 2004). Estes produtos contagem de salmonelas, não somen-
exercem sua ação de diversas formas, te no cécum, mas também no fígado,
dentre elas: produção de ácidos orgâni- baço e coração de aves desafiadas com
cos e bacteriocinas, ocupação de sítios amostras antibiótico resistentes de SE e
de ligação, reduzindo a capacidade de ST (BAILEY, 2007). Este fato demonstra a
fixação de algumas bactérias patogê- importância de uma abordagem multi-
nicas à mucosa, produção de mucina e fatorial no controle das SPT, incluindo o
competição por nutrientes com micror- uso de EC.
ganismos patogênicos.
Para alguns pesquisadores a microbio-
Mudanças na composição da micro- ta indefinida da EC (NAGF) mostrou-se
biota induzidas pela terapia antibióti- superior aos probióticos de microbiota
ca, por tetraciclina ou estreptomicina, definida (DFM) na redução da coloniza-
foram rápidas e bastante severas (VI- ção de SPT no cécum (FLINT, 2009; AN-
DENSKA, 2013). A recuperação imedia- DREATTI, 2000; HOFACRE, 2000).
ta da microbiota com uso de EC, após
antibioticoterapia, constitui, portanto, Segundo ANDREATTI (2012) um núme-
uma ferramenta importante para evitar ro maior de espécies bacterianas, apa-
uma possível reinfecção das aves pelas rentemente, determina um probiótico
salmonelas da cama e meio ambiente, mais efetivo, quando comparado com
excretadas antes e durante o tratamen- produtos que apresentam número
to (OIE, 2010; FAO 2009). reduzido de espécies. Nas operações,
com dificuldades de adição de produ-
Talvez um dos efeitos anti-infeccioso tos de EC e Probióticos na ração, devi-
mais importantes dos produtos EC e do a logística, uso de ácidos orgânicos
probióticos é a estimulação da imuni- na forma líquida na ração, extrusão e /

Anais SIAVS 2015 - Uso de antimicrobianos na prevenção e controle das infecções paratifoides em aves
- 154 -
ou peletização, estes produtos podem por quase 40% das exportações mun-
ser utilizados na água de bebida, para diais de frango, onde o consumo de
administrá-los logo após o término da carne e ovos representa a maior fonte
medicação. de proteínas animais para a população,
a indústria avícola esteja ainda priva-
Controle sistemático de vetores bioló- da das vacinas vivas orais de SE e ST.
gicos e animais domésticos. Os animais Estes imunógenos complementariam,
sinantrópicos (insetos, ácaros, roedores de forma técnica, a ação das vacinas
e pombos) são, comprovadamente, inativadas comerciais e autovacinas de
fontes de infecção das SPT. Da mesma Salmonellas spp. As vacinas inativadas
forma, gatos e cães, que caçam e se desenvolvem efetivamente a resposta
alimentam de roedores, são também imune humoral, que possibilita a redu-
transmissores de SPT, através de suas ção e transmissão do patógeno via ovo,
fezes. Portanto, os animais domésti- porém é insuficiente para eliminação
cos, incluindo os pássaros de vida livre, do agente do TD.
não devem ter contato com nenhuma
instalação da cadeia produtiva avícola: 7. Riscos no uso de
granjas, fábricas de ração, incubatórios e
antimicrobianos para a
abatedouros. Núcleos e instalações cer-
cados e à prova de pássaros, nas portas avicultura brasileira
de acesso, no sistema de ventilação e Na condição de maior exportador de
eliminação de água de serviço, auxiliam carne de aves do mundo, o Brasil é um
neste objetivo. dos principais abastecedores deste
produto para a Comunidade Europeia,
Vacinas vivas de SE e ST: Os países de além de outros mercados extremamen-
avicultura madura e desenvolvida, que te exigentes no que se refere a seguran-
já obtiveram êxito na redução das SPT, ça alimentar. No último Relatório Anual
tanto na avicultura de ovos comerciais do Sistema Rápido de Alerta Europeu
como em granjas de reprodução, inicia- para Alimento e Rações (RASFF, 2014), o
ram a utilização das vacinas vivas orais Brasil ocupa o primeiro lugar na lista de
de SE e ST, há quase duas décadas. Estes fornecedores com produtos de origem
produtos são os únicos a desenvolver aviária contaminados por Salmonella
efetiva: (i) imunidade de mucosas (lo- spp. e por Salmonella Heidelberg. É
cal), para prevenir e deduzir a coloniza- bem provável que esta condição esteja
ção intestinal e excreção fecal; (ii) imuni- ligada ao maior market share do Brasil
dade celular, tida como fundamental na neste segmento. Mas isso serve de aler-
eliminação das salmonelas do hospe- ta e a indústria avícola brasileira deve se
deiro (REVOLLEDO, 2013; REVOLLEDO e manter atenta. Em outras palavras, os
FERREIRA, 2012). acertos e erros produzidos pela utiliza-
Não há lógica que, no Brasil, terceiro ção dos AMC nas aves, pelos Médicos
maior produtor avícola, que responde Veterinários, nas granjas de reprodução,

Anais SIAVS 2015 - Uso de antimicrobianos na prevenção e controle das infecções paratifoides em aves
- 155 -
no incubatório e nas granjas comerciais, ladas de granjas avícolas ao Ceftiofur
poderão ou não prejudicar as exporta- foi observada por CAMARGO (2013) no
ções de produtos avícolas. Brasil, conforme mostra a Quadro 2.

A análise dos dados de literatura mun-


Antimicro-
dial revela não só o crescimento do iso- Amostras 1989 a 1999
biano
lamento de S. Heidelberg na cadeia de
Inter-
Resistente mediário Sensível
produção avícola, mas também o de-
senvolvimento crescente de resistência Ceftiofur 0 41% 59%
deste sorotipo aos AMC, dentre eles um Ciprofloxacina 0 0 100
em especial, o Ceftiofur, cefalosporina
Cloranfenicol 0 0 100
de terceira geração, principal droga uti-
lizada no tratamento de humanos nos Enrofloxacina 0 0 100
casos de salmonelas invasivas. No Bra- Florfenicol 0 0 100
sil, MEDEIROS (2011) encontrou baixa Gentamicina 0 0 100
prevalência de salmonelas nas carcaças Antimicro-
de aves abatidas (2,7%), entretanto, os Amostras 2008 a 2010
biano
sorotipos isolados mostraram elevados Inter-
Resistente mediário Sensível
índices de amostras resistentes a mais
de 3 AMC: S. Heidelberg e S. Enteritidis. Ceftiofur 28% 56% 16%
As amostras de S. Heidelberg mostram Ciprofloxacina 3% 22% 75%
a maior porcentagem de resistência Cloranfenicol 2% 0 98%
ao Ceftiofur: 43,8%. Outras salmonelas Enrofloxacina 2% 28% 70%
isoladas mostraram também elevada
Florfenicol 2% 0 98%
resistência a este AMC. O aumento de
Gentamicina 7% 2% 91%
resistência temporal, de amostras de
Quadro 2: Porcentagem de amostras de Sal-
S. Heidelberg ao Ceftiofur, também foi monella de diferentes décadas caracterizadas
observado nos EUA, conforme mostra como resistentes, resistência intermediária e
a Figura 2. sensíveis para os antimicrobianos criticamen-
te importantes em medicina veterinária e/ou
humana (CAMARGO, 2013).
Qual o motivo do aumento de resistên-
cia das salmonelas ao Ceftiofur, se este
AMC não é utilizado de forma metafilá-
tica ou terapêutica em avicultura indus-
trial no Brasil e nem mesmo possui apre-
sentação para uso de água ou ração?
Figura 2: Aumento de Salmonellas resistentes
ao Ceftiofur nos EUA, isoladas no abate (GIL-
Uma possível resposta, que carece de
BERT, 2012)
maiores estudos entre nós, é o que en-
A mesma tendência de aumento tem- contramos na literatura internacional
poral de resistência das salmonelas iso- e na legislação da Comunidade Euro-

Anais SIAVS 2015 - Uso de antimicrobianos na prevenção e controle das infecções paratifoides em aves
- 156 -
peia (HEINRICH, 2013), onde o produto bula destes produtos), definitivamente há
é destinado apenas ao tratamento de algo errado no processo. Na natureza, os
infecções respiratórias de suínos e bo- pintos eclodem em ninhos, sem nenhum
vinos, ou então no texto da bula deste princípio de higiene ou biosseguridade,
AMC: “este produto não deve ser admi- com o ônfalo (umbigo) tocando a palha
nistrado em aves (incluindo ovos) devi- do ninho, repleta de matéria orgânica, e
do ao risco de propagação de resistên- não apresentam onfalite ou mortalidade
cias antimicrobianas a humanos”. na primeira semana. Qual o segredo? A
resposta é que a gema está bem absor-
Do outro lado do Atlântico, o Programa vida no nascimento e o umbigo cicatri-
Integrado Canadense para Vigilância zado! Se isso não ocorre no incubatório,
para Resistência Antimicrobiana (CIPARS) há que se rever o processo, desde a granja
identificou uma forte correlação entre a de reprodutores, até a granja das aves co-
resistência ao Ceftiofur por S. Heidelberg merciais. Sugerimos, a seguir, apenas um
de ambas as fontes, humanas e aves in- roteiro básico para facilitar a abordagem
dustriais, no varejo em Quebec e Ontário. do problema. O ideal é sempre buscar a
Como mostra a Figura 3, a retirada vo- ajuda de um especialista.
luntária de Ceftiofur, utilizado “extra la-
bel”associado à vacinação de Marek, nos a) Se há transmissão vertical de E. coli,
incubatório em Quebec foi logo seguido Staphylococcus aureus ou Pseudo-
por uma acentuada redução na propor- monas spp., para o ovo incubável, a
ção de S. Heidelberg e Escherichia coli ação para reverter o processo deve
isoladas de seres humanos e de frangos começar na granja de reprodução.
no varejo resistentes ao Ceftiofur (DUTIL, Para isso é fundamental melhorar a
2010; SCOTT, 2010). Em maio de 2014 a qualidade intestinal das reproduto-
utilização de Ceftiofur pelos incubató- ras com utilização de produtos de
rios no Canadá foi abolido. EC de forma estratégica ou constan-
te. O impacto será diretamente ob-
servado: na qualidade das fezes, na
qualidade de cama, na porcentagem
8. Medidas preventivas de ovos sujos e até mesmo porcen-
para evitar a utilização tagem de nascimento.
de antimicrobianos no b) Caso o problema seja contaminação
incubatório e na primeira do lote de reprodutoras por SPT, su-
semana de vida. gerimos uma abordagem multifatorial,
conforme descrito no item 6.
Se há necessidade real da utilização de
AMC junto a vacina de Marek para con- c) Para reduzir o risco de transmissão de
trole das infecções por E. coli e Staphylo- SPT para a progênie, é fundamental
coccus aureus e mortalidade dos pintos, a imunização das reprodutoras com
na primeira semana (como informa a vacinas de SE, ST ou autovacinas.

Anais SIAVS 2015 - Uso de antimicrobianos na prevenção e controle das infecções paratifoides em aves
- 157 -
d) As vacinas inativadas reduzem a trans- dos ovos, na sua passagem natural
missão transovariana de SPT, porém pela cloaca, quando estes entram em
não evitam a contaminação externa contato com resíduos das fezes cecais.

Figura 3: Retirada voluntária de Ceftiofur associado a vacina de Marek nos incubatórios, em Quebec
e prevalência de amostras de S. Heidelberg e Escherichia coli resistentes ao Ceftiofur (DUTIL, 2010)

e) Para redução da colonização do cé- Pseudomonas spp. Caso isso ocorra


cum e TD por SPT é necessário o uso reveja: (i) sistema de desinfecção dos
de vacinas vivas orais contra SE ou ST, ovos incubáveis, da granja e do incu-
prática utilizada, há quase 20 anos, batório; (ii) limpeza e desinfecção da
nos países que conseguiram melhor planta de incubação, pois bactérias
controlar as infecções por SPT nas do gênero Pseudomonas são pro-
aves industriais: reprodutoras, poedei- dutoras de biofilmes extremamente
ras comerciais e frangos de corte. resistentes; (iii) desinfecção do equi-
f ) Utilizar sempre produtos de EC, para pamento de vacinação de Marek.
recuperação da microbiota, após an-
h) Colonizar, ainda no incubatório, o tra-
tibioticoterapia nas reprodutoras.
to digestório dos pintos de um dia
g) Um importante agente causador de com produtos de EC, por spray; caso
ovos “bomba”,no incubatório, é a con- não for possível administre produtos
taminação dos ovos incubáveis por de EC na primeira ração.

Anais SIAVS 2015 - Uso de antimicrobianos na prevenção e controle das infecções paratifoides em aves
- 158 -
i) Monitore e avalie a eficiência de seu de incubação), receberão a aplicação
sistema de incubação através da qua- da vacina “in ovo” também de forma
lidade dos pintos. alterada, devido à condição anatômi-
ca de penetração da agulha.
j) Qual o escore de pintos com umbigos
mal cicatrizados? Este número não o) Outra forma de verificar a qualidade
deveria ultrapassar 1%. dos pintos ao nascimento é através
do comprimento do pintinho vivo
k) Qual a percentagem de gema resi- (ponta do bico à ponta do dedo). A
dual no nascimento? Sacrifique uma medições devem ser executadas
amostra representativa de pintinhos sempre por uma mesma pessoa no
e separe a gema da “carcaça” do pin- incubatório, que poderá até traçar os
tinho. Em condições normais (“janela padrões esperados para a linhagem
de nascimento” entre 24 e 28 horas), e para a idade das reprodutoras, nas
quanto maior a porcentagem de condições do seu incubatório. Como
gema em relação a carcaça, há ten- sugestão, é desejável: (i) no mínimo
dência de pior desenvolvimento do 19 cm no terço inicial de produção
pintinho e pior qualidade. da reprodutora; (ii) 19,5 cm no terço
l) Se a gema pesar mais que 5 gramas, intermediário da produção; (iii) mais
é provável que seu sistema de incu- de 20 cm no terço final da produção.
bação não esteja distribuindo calor p) Para máquinas de incubação de es-
uniformemente. tágio múltiplo de carrinhos – mas
m) Não se surpreenda se encontrar ge- principalmente de prateleiras – é fun-
mas de até 9 gramas, ou mais, ao damental utilizar uma sala exclusiva
nascimento, em ovos incubados em e realmente eficiente para o pré-a-
algumas regiões da incubadora de quecimento dos ovos. Com isso po-
cargas múltiplas. Neste caso você deremos melhorar de maneira geral
irá realmente necessitar utilizar um as condições internas da incubado-
AMC em dose terapêutica na vacina- ra, reduzir a “janela de nascimento”
ção de Marek, “in ovo” ou no primeiro e, como consequência, a qualidade
dia. Esta é a melhor forma de tentar dos pintos. Certifique-se que todos os
evitar elevada mortalidade e refuga- ovos, de toda a carga, possuem tem-
gem na primeira semana, causadas peraturas internas semelhantes,
por microrganismos que penetraram imediatamente antes da incubação.
através do umbigo mal cicatrizado ao Lembre-se, para a transferência de ca-
nascimento. lor entre os sólidos três condições são
necessárias: (i) fonte de temperatura
n) Um detalhe importante é que, em- uniformemente distribuída; (ii) ven-
briões com menor desenvolvimento tilação eficaz; (iii) alta umidade (sem
fisiológico no 18º dia de incubação molhar os ovos). Consulte um espe-
(apresentam tamanho real de 17 dias cialista, se necessário.

Anais SIAVS 2015 - Uso de antimicrobianos na prevenção e controle das infecções paratifoides em aves
- 159 -
Considerações Finais por produtos avícolas – aves & ovos – pro-
O consumidor de hoje decide o que ele duzidos sem a utilização de AMCs é cres-
não quer comer. A “bola da vez” está rela- cente. As grandes cadeias de “fast food” e
cionada aos “alimentos produzidos sem de supermercados já descobriram que “o
uso de hormônios & antibióticos”,não im- público consumidor faz as leis de merca-
porta o quanto isso possa ser infundado e do”,o legislador, de bom senso, posterior-
incoerente tecnicamente. As novas ferra- mente as segue. É de bom senso também
mentas para substituir os AMCs utilizados as grandes, médias e pequenas empresas,
como melhoradores de desempenho e produtoras avícolas, exigirem uma res-
profiláticos já estão disponíveis no mer- posta proativa de seu departamento téc-
cado, algumas, há décadas. Há farta lite- nico, e lembrá-los que o futuro não está
ratura técnico-científica para dar suporte distante. Do contrário, o departamento de
à utilização destes produtos. A demanda marketing o fará.

Anais SIAVS 2015 - Uso de antimicrobianos na prevenção e controle das infecções paratifoides em aves
- 160 -

Referências bibliográficas
ANDREATTI, R.L.F., OKAMOTO, A.S. (2015). Probió- DUTIL, L. et al. (2010). Ceftiofur Resistance in Sal-
ticos e Prebióticos. In: Anais Conferência FACTA monella enterica Serovar Heidelberg from Chi-
2015. Campinas – SP. Brasil. cken Meat and Humans, Canada. Emerging In-
ANDREATTI, R. L. F. (2012). Probióticos e Prebió- fectious Diseases. 16 (1): 48–54. http://www.ncbi.
ticos na Avicultura. Seminário UBABEF sobre Sal- nlm.nih.gov/pmc/articles/PMC2874360/. Acesso
moneloses Aviárias. IAC. Campinas – SP. Brasil. em: 14 de mai. 2014.
ANDREATTI, R.L.F., et al. (2000). Use of Anaerobic EFSA (2004). Opinion of the Scientific Panel on
cecal microflora, lactose and acetic acid for the Biological Hazards on the request from the Com-
protection of broiler chicks against experimental mission related to the use of antimicrobials for
infection with Salmonella Typhimurium, and Sal- the control of Salmonella in poultry. http://www.
monella Enteritidis. Brazilian Jour. Microbiology. efsa.europa.eu/en/efsajournal/doc/115.pdf .
31: 107 – 112. Acesso em: 02 de fev. 2015.
BAILEY, J.S., et al. (2007). Resistance to Challenge DAI PRA, M. A. et al. (2009). Uso de cal virgem para
of Breeders and Their Progeny With and Without controle de Salmonella spp. e Clostridium spp.
Competitive Exclusion Treatment to Salmonella em camas de aviário. Ciência Rural. 39 (4) 1189 –
Vaccination Programs in Broiler Breeders. Int. Jour. 1194.
Poultry Science. 6(6): 386-392. FAO (2009). Salmonella and Campylobacter in
BERCHIERI, A. J.; FREITAS, O. C. N. (2009). Salmone- chicken meat. Series 19. Meeting Report. In: Mi-
loses. In: Doença das Aves - FACTA: p. 435- 454. crobiological Risk Assessment Series. http://
BRASIL (2003). MAPA. Instrução Normativa Nº 78, www.fao.org/docrep/012/i1133e/i1133e.pdf .
de 03 de novembro de 2003. Aprova as Normas Acesso em: 03 de set. 2011.
Técnicas para Controle e Certificação de Núcle- FLINT, J.F., GARNER, M.R. (2009). Feeding beneficial
os e Estabelecimentos Avícolas como livres de bacteria: a natural solution for increasing efficien-
S. Gallinarum e de S. Pullorum e Livres ou Con- cy and decreasing pathogens in animal agricul-
trolados para S. Enteritidis e para S. Typhimurium. ture. J. Appl. Poult. Res. 18:367 – 378.
http://extranet.agricultura.gov.br/sislegis-con-
GAST, R. K. (2008). Paratyphoid Infections. In: Dise-
sulta/consultarLegislacao.do?operacao=visuali-
zar&id=3864. Acesso em: 14 de mai. 2014. ases of Poultry. Blackwell Publishing. Iowa. USA. p:
636 – 665.
CAMARGO, J. C. C. (2013) Presença de cepas de
Salmonella spp. resistentes aos antimicrobianos GILBERT, N. (2012). Rules tighten on use of anti-
criticamente importantes usados na produção biotics on farms. Nature 481, p. 125.
de aves comerciais no Brasil. 102 f. Tese Doutora- HEINRICH, C.L. et al. (2013). Can the unauthorised
do. Faculdade de Medicina Veterinária e Zootec- use of ceftiofur be detected in poultry? Food ad-
nia. USP. São Paulo – SP. Brasil. ditives & contaminants. Part A, Chemistry, analy-

Anais SIAVS 2015 - Uso de antimicrobianos na prevenção e controle das infecções paratifoides em aves
- 161 -

sis, control, exposure & risk assessment. 30 (10): biotic Alternatives for Enriching Beneficial Micro-
1733 – 1738. http://www.ncbi.nlm.nih.gov/pub- biota in Litter. SOJ Microbiol. Infect. Dis. 2(2): 1-11.
med/23869819. Acesso em: 02 de fev. 2015. http://symbiosisonlinepublishing.com/micro-
HOFACRE, C.L. et al. (2000). Comparison of lyophi- biology-infectiousdiseases/microbiology-infec-
lized chicken-origin competitive exclusion cultu- tiousdiseases20.php . Acesso em: 02 de fev. 2015.
re, a lyophilized probiotic and fresh turkey cecal RASFF (2014). The Rapid Alert System for Food
material against salmonella colonization. J. Appl. and Feed. Annual Report 2013. Publications Of-
Poultry Res. 9:195 – 203. fice European Union. http://ec.europa.eu/food/
KERR, A. K., et al. (2013). A systematic review me- safety/rasff/docs/rasff_annual_report_2013.pdf.
t-analysis and meta-regression on the effect of Acesso em: 02 de fev. 2015.
selected competitive exclusion products on Sal- REVOLLEDO, L. (2013). In: Alternativas para el con-
monella spp. prevalence and concentration in trol de las salmonelosis en las aves. XXII Congreso
broiler chickens. Preventive Veterinary Medicine. Latinoamericano de Avicultura. El Salvador.
111, 112-125. REVOLLEDO, L., FERREIRA, A.J.P. (2012). Current
MACARI, M. (2011). Mecanismos fisiológicos que perspectives in avian salmonellosis: Vaccines and
controlam a integridade intestinal. Anais: VIII En- immune mechanisms of protection. Appl. Poultry
contro Técnico de Ciência e Tecnologia Avícolas. Res. 21:418 – 431.
Uberlândia – MG. Brasil. REVOLLEDO, L. et al (2006). Prospects in Salmo-
MEDEIROS, M.A.N. et al. (2011) Prevalence and nella Control: Competitive Exclusion, Probiotics,
antimicrobial resistance of Salmonella in chicken and Enhancement of Avian Intestinal Immunity.
carcasses at retail in 15 Brazilian cities. Rev. Pana- J. Appl. Poultry. Res. 15:341–351.
mericana Salud Pública. 30(6):555- 560. SCOTT. A.M. et al. Antibiotics and Poultry – A
NUOTIO, L. et al. (2013). Effect of competitive ex- comment. Canadian Veterinary Journal. 51 (6):
clusion in reducing the occurrence of Escherichia 561 – 562. http://www.ncbi.nlm.nih.gov/pmc/ar-
coli producing extended-spectrum β-lactama- ticles/PMC2871348/. Acesso em 14 de mai. 2014.
se in the ceca of broiler chicks. Poultry Science TELLEZ, G., LAYTON, S.L., HARGIS, B.M. (2012) Pro-
92:250 – 254. biotics/direct fed microbials for Salmonella con-
OIE (2010). Chapter 2.9.9. Salmonellosis. OIE trol in poultry. Food Research International 45,
Terrestrial Manual 2010. http://www.oie.int/ 628–633
fileadmin/Home/eng/Health_standards/ VIDENSKA, P. et al. (2013). Chicken faecal Microbio-
tahm/2.09.09_SALMONELLOSIS.pdf . Acesso em: ta and disturbances induced by single or repea-
03 de set. 2012. ted therapy with tetracycline and streptomycin.
PEDROSO, A. et al. (2014). The Potential of Anti- BMC Veterinary Research. 9:30

Anais SIAVS 2015 - Uso de antimicrobianos na prevenção e controle das infecções paratifoides em aves
- 162 -

Programa sanitário para


avicultura familiar

René Dubois
Médico veterinário
Ministério do Desenvolvimento
Agrário (MDA)
Brasília/DF

Histórico la de Veterinária. Ele próprio, três anos


As ações de Defesa Sanitária Animal depois (1764), instalou a segunda em
vêm sendo desenvolvidas há milênios. Maisons-Alfort, nos arredores de Paris.
Os cuidados zoossanitários surgiram Essas duas Escolas se constituíram em
quando o homem começou a domesti- verdadeiros polos irradiadores para as
car os primeiros animais. Os mais simples demais nações do mundo.
atos visando ter em sua companhia ani- Um século depois a Defesa Sanitária
mais saudáveis eram os embriões que Animal teve uma súbita dinamização.
deram origem a tantos e tão sofisticados Para chamar a atenção da comunidade
ramos das atuais ciências biológicas. A internacional para os riscos da invasão
Defesa Sanitária Animal nasceu, portan- da Europa por enfermidades contagio-
to, na agricultura familiar primitiva. sas dos animais, especialmente a peste
Os mais antigos registros dessa ativida- bovina, o Professor John Gamgee, da
de datam do Século XVIII AC: são as in- Escola de Veterinária de Edimburgo –
formações gravadas no Papyrus Veteri- Reino Unido, liderou a organização do
narius de Kahum, com várias referências I Congresso Internacional de Veterinária
sobre a “medicina animal”. que se realizou em 1863, na Cidade de
Hamburgo, na Alemanha. O objetivo do
A veterinária moderna teve origem em memorável evento foi o de discutir e
1761 quando Claude Bourgelat criou determinar as primeiras regras de pre-
em Lyon, na França, a primeira Esco- venção das enfermidades epizoóticas.

Anais SIAVS 2015 - Programa sanitário para avicultura familiar


- 163 -
O próprio Professor Gamgee apresen- tro módulos fiscais (unidade de medi-
tou uma proposta para que fosse cria- da agrária instituída pela Lei nº 6.746,
do um organismo internacional, nos de 10 de dezembro de 1979, expressa
moldes da atual OIE. O seu sonho con- em hectares, sendo fixada para cada
cretizou-se mais de meio século depois município, com variações de 5 a 110
com a criação da Organização Mundial hectares)”
de Saúde Animal (na época denomina-
da “Office International des Épizooties”) 2. “A mão de obra utilizada nas ativida-
em 1924, da qual o Brasil é membro des econômicas desenvolvidas é pre-
fundador, com mais 27 países. dominantemente da própria família”;

3. “A renda familiar é predominante-


mente originada das atividades vin-
Programa sanitário culadas ao próprio estabelecimento”;
Trata-se de uma atividade predomi- 4. “O estabelecimento ou empreendi-
nantemente preventiva, com adição de mento é dirigido pela família”.
ações corretivas que devem ser desen-
volvidas em conjunto com atores públi-
cos e privados partícipes da respectiva
cadeia produtiva. O inter-relacionamen- Programa sanitário para
to e a interdependência entre esses avicultura familiar
atores constitui a síntese da Defesa Sa- Na opinião do autor, um programa sa-
nitária Animal. nitário voltado para a avicultura familiar
O seu objetivo básico é prevenir, con- deve ter um caráter predominante-
trolar e, quando possível, erradicar as mente educativo, com a indispensável
doenças animais. O conjunto de estra- adoção da metodologia participativa.
tégias adequadas à utilização junto às Os avicultores familiares devem ser le-
diversas cadeias produtivas é o que se vados a discutir as normas sanitárias e
denomina de Programa Sanitário. delas se apropriar pelo natural conven-
cimento dos benefícios a serem auferi-
dos.

Avicultura familiar As ações de Assistência Técnica e Ex-


Entende-se por Avicultura Familiar a ativi- tensão Rural – ATER se desenvolvem no
dade avícola desenvolvida em unidades Brasil há mais de meio século. Tais ações
rurais que se enquadram nos critérios es- vêm se aprimorando e atualmente enti-
tabelecidos pela Lei 11.326 de 24/07/2006 dades públicas e privadas colocam em
(Lei da Agricultura Familiar), a saber: campo milhares de extensionistas rurais
(agentes de ATER). Esses profissionais,
1. “A área do estabelecimento ou em- educadores por excelência, fazem che-
preendimento rural não excede qua- gar à agricultura familiar as alternativas

Anais SIAVS 2015 - Programa sanitário para avicultura familiar


- 164 -
de inovações tecnológicas, as diversas rio recebeu missões específicas. Ao MDA
linhas de financiamentos, as formas mais foi delegado “Promover, através do sis-
adequadas e rentáveis de comercializa- tema de ATER, treinamento de exten-
ção, os estímulos ao associativismo etc. sionistas rurais no sentido de levar aos
agricultores familiares, assentados da
Um programa sanitário destinado à reforma agrária, trabalhadores rurais
avicultura familiar, para ter sua eficiên- e comunidades rurais, as orientações
cia, eficácia e efetividade asseguradas, específicas relacionadas à prevenção
terá de ser incorporado às ações de e controle das influenzas aviária, suína
ATER, oficiais e privadas. Desta forma os e equina e da pandemia de gripe”.
princípios da Bio-seguridade, cuidado-
samente adaptados às condições pecu- Uma das grandes preocupações na
liares à avicultura familiar, respeitadas as época era a possibilidade do vírus
características de cada região, poderão A(H5N1) da influenza aviária, de alta
ser melhor apropriados pelos avicul- patogenicidade, adaptar-se ao ser hu-
tores que exercem suas atividades na mano passando a ser transmitido de
forma prevista pela Lei da Agricultura forma sustentável pessoa-a-pessoa. As
Familiar (Lei 11.326/2006). atenções sanitárias mundiais estavam
voltadas, prioritariamente, para essa
Existe um programa específico de Edu-
possibilidade quando eclodiu um surto
cação para Enfrentamento das Gripes
de gripe por outra cepa viral, o vírus de
Aviária, Suína e Equina em andamen-
origem suína A(H1N1). A enfermidade
to, iniciado em 2010, sob a égide do
espalhou-se pelo mundo com impres-
Ministério do Desenvolvimento Agrário
sionante rapidez transformando-se em
em parceria com a Embrapa e participa-
pandemia, assim declarada pela OMS.
ção efetiva das entidades estaduais de
ATER, descrito a seguir. Essa emergência epidemiológica levou
o governo brasileiro a editar a Medida
Exemplo de um Programa Provisória nº 463 de 20/05/2009, abrin-
de Educação Sanitária do Crédito Extraordinário para ações
voltado à Avicultura emergenciais a serem desenvolvidas
pelos Ministérios componentes do GEI.
Familiar
Coube ao MDA desenvolver um pro-
1) Retrospectiva grama de educação sanitária, junto aos
Em atendimento à recomendação da agricultores familiares, para prevenção
Organização Mundial da Saúde – OMS, o e enfrentamento das influenzas.
Governo Federal criou o Grupo Executivo 2) Atividades desenvolvidas em par-
Interministerial – GEI, através do Decreto ceria MDA / EMBRAPA
de 24/10/2005, englobando 16 Ministé-
rios, entre os quais o Ministério do Desen- A Secretaria de Agricultura Familiar do
volvimento Agrário – MDA. Cada Ministé- MDA buscou parceria com a Embrapa

Anais SIAVS 2015 - Programa sanitário para avicultura familiar


- 165 -
para implementar o plano que consis- to em conteúdos teóricos e práticos
tiu em uma Campanha de Educação específicos, com alto nível científico e
Sanitária específica para a prevenção e técnico. Considerando as especificida-
controle das influenzas aviária, suína e des e complexidade dos temas aborda-
equina e enfrentamento da pandemia dos, esses cursos tiveram como público
de gripe. A Campanha continua a se beneficiário veterinários vinculados a
desenvolver, uma vez que tem caráter instituições estaduais de ATER e oficiais
permanente e continuado, através da veterinários do Exército. A parte prática
incorporação nas atividades rotineiras foi feita no Laboratório de Anatomia do
dos extensionistas rurais, a de levar aos Curso de Medicina Veterinária da Uni-
agricultores familiares as informações versidade de Brasília – UnB.
pertinentes. Para tanto, foi efetuado o
treinamento de Agentes de ATER em A segunda etapa teve como público
todos os Estados da Federação e no alvo agentes de ATER com os diversos
Distrito Federal, elaborado e distribuído perfis profissionais para atuação junto
amplo material didático. à agricultura familiar. Os técnicos parti-
cipantes da primeira etapa ministraram
51 cursos em todos os Estados da Fede-
ração e no Distrito Federal, com o trei-
Treinamento dos Agentes namento de 1.859 agentes.
de Ater
A preparação de agentes de ATER con-
sistiu na indispensável reciclagem na Considerações finais
área epidemiológica para atuação na Esta Campanha de Educação Sanitária
campanha. Procedeu-se em duas eta- poderá ser ampliada transformando-
pas, a primeira, denominada de “For- se em um amplo Programa Sanitário
mação de Formadores”, destinou-se a para a Avicultura Familiar, a ele se in-
médicos veterinários extensionistas. corporando outros segmentos estatais
Nesta fase foram realizados dois cursos e privados.
teóricos e práticos em Brasília, no mês
de novembro de 2009, com a duração Levar este tema à discussão aprimoran-
de 40 horas e participação de 89 ex- do a ideia, o que está sendo feito neste
tensionistas de todos os Estados da 24º Congresso Brasileiro de Avicultura e
Federação. A proposta desses cursos foi Suinocultura será de extraordinária va-
a qualificação em ações de educação lia para a avicultura familiar e industrial,
sanitária, como atividade estratégica assegurando sustentabilidade da pro-
e instrumento de defesa contra as In- dução avícola, um dos sustentáculos da
fluenzas. Buscou-se o aperfeiçoamen- economia nacional.

Anais SIAVS 2015 - Programa sanitário para avicultura familiar


- 166 -

SUSTENTABILIDADE: AÇÕES DAS COOPERATIVAS


AGROPECUÁRIAS NO ESTADO DO PARANÁ

Silvio Krinski
M.Sc. Engenheiro Agrônomo
Gerência Técnica e Econômica
Sindicato e Organização das Cooperativas
do Estado do Paraná

1. INTRODUÇÃO produção e suprimento de suas neces-


As cooperativas nos últimos anos tem sidades de consumo e crédito. Além da
apresentado sólido crescimento de forte atuação no ramo agropecuário, as
suas atividades, consolidando impor- cooperativas também foram sendo or-
tante papel no desenvolvimento eco- ganizadas nas áreas de crédito, saúde,
nômico do país. Esta realidade foi re- trabalho, infraestrutura, transporte, con-
conhecida pela ONU (Organização das sumo, educação, habitação e turismo
Nações Unidas), ao declarar o ano de (SETTI, 2006 e OCEPAR, 2011).
2012 como Ano Internacional do Co-
No Estado do Paraná o cooperativis-
operativismo. O reconhecimento está
mo ressalta-se como um instrumento
em função do trabalho desenvolvido
de ascensão social dos cooperados e
pelas cooperativas para a redução da
pobreza, geração de emprego e inte- também de promoção de desenvolvi-
gração social entre seus cooperados e mento regional com base em cadeias
comunidades que atuam. agroindustriais de grande competitivi-
dade, agregando valor à produção de
O cooperativismo paranaense tem suas grãos e cereais. Atualmente, fazem par-
raízes na cooperação praticada nas co- te do Sistema Ocepar 223 cooperativas,
munidades de emigrantes europeus, com mais de 1 milhão de cooperados
que procuraram organizar estruturas e responsáveis por R$ 50,9 bilhões de
comuns para a compra e a venda da faturamento.

Anais SIAVS 2015 - Sustentabilidade: ações das cooperativas agropecuárias no Estado do Paraná
- 167 -
Destaca-se o ramo agropecuário com Neste sentido este trabalho tem como
75 cooperativas, que respondem por objetivo analisar como as cooperativas
aproximadamente 56% da produção agroindustriais do Paraná estão inse-
agropecuária do Estado do Paraná. ridas no contexto da economia verde,
(OCEPAR, 2015). No ano de 2013 a re- tendo como referencial as suas ações
ceita bruta deste ramo chegou a or- realizadas no conceito de desenvolvi-
dem de R$ 38,6 bilhões, além de ser mento sustentável.
responsável na produção de grãos, por
72% da safra de soja, 64% da safra de
Milho e 67% da safra de trigo no Esta-
do. Já, a produção animal responde por 2. SUSTENTABILIDADE,
31% da produção de carne de frango, ECONOMIA VERDE E
35% da produção de carne suína e COOPERATIVISMO
48% da produção leiteira.
As discussões sobre o conceito da sus-
Este crescimento, firmado na produ- tentabilidade e as maneiras de atingi-la
ção agrícola e pecuária, está alinhado a não são recentes e tem se destacado na
uma estratégia de verticalização, agre- atualidade devido a maior conscienti-
gando valor para a propriedade rural e zação da sociedade, preocupada com a
construindo uma cadeia agroindustrial utilização dos recursos naturais e a qua-
de grande competitividade. Atualmen- lidade de vida das pessoas.
te as cooperativas possuem uma capa-
cidade instalada de processamento de A sua origem esta relacionada ao termo
37% para carne suína, 42% para carne “desenvolvimento sustentável”, usual-
de aves, 51% para laticínios, 47% para mente definido como “o desenvolvi-
fábrica de rações, 38% para o esmaga- mento que satisfaz as necessidades
mento de soja e 100% para a produção presentes, sem comprometer a capa-
do malte. cidade das gerações futuras de suprir
suas próprias necessidades”, proposto
Com números significativos de expan- pela Comissão de Brundtland (Nosso
são, cresce também a preocupação Futuro Comum, 1987). Muitas vezes
com o meio ambiente e a busca por este conceito é associado às discussões
produtos e serviços mais eficientes, que puramente de cunho ambiental, mas o
empregam tecnologias mais limpas, termo vai muito além. A sustentabilida-
transformando os passivos ambientais de deve integrar de forma harmônica e
em ativos. Neste sentido, o tema eco- inter-relação dos aspectos econômicos,
nomia verde vem ganhando destaque. ambientais e sociais.
A responsabilidade socioambiental dei-
xa de ser uma “moda passageira” e se Com base neste tripé, conhecido como
transforma em um modo de agir, trans- “triple bottom line”, qualquer projeto
formando pequenos hábitos cotidianos de desenvolvimento sustentável deve
em uma nova ética verde. considerar o tratamento simultâneo

Anais SIAVS 2015 - Sustentabilidade: ações das cooperativas agropecuárias no Estado do Paraná
- 168 -
do respeito ao meio ambiente, da efici- A pesquisa e desenvolvimento têm me-
ência econômica e da equidade social. lhorado a qualidade e disponibilidade
Neste contexto, surge o potencial de dos produtos verdes. O emprego da
uma economia verde, proporcionando tecnologia é direcionado para a criação
novas oportunidades para as empresa de produtos inovadores, a fim de buscar
e as organizações (ELKINGTON, 2001 e novas fontes de energia renováveis, re-
SHARF, 2004). duzir as cargas orgânicas dos processos,
utilizar ingredientes menos tóxicos e
Segundo o PNUMA (Programa das Na- materiais mais biodegradáveis.
ções Unidas para o Meio Ambiente),
a economia verde pode ser definida As empresas que trabalham sob a ótica
como sendo “Uma economia que re- da economia verde conseguem entre-
sulta em melhoria do bem-estar da laçar seu desenvolvimento com renda,
humanidade e igualdade social, ao inclusão social e redução dos impactos
mesmo tempo em que reduz, signifi- ambientais. De acordo com Gallo et al
cativamente, riscos ambientais e escas- (2012), esta economia preconiza o estí-
sez ecológica”. mulo em atividades com baixo teor de
emissão de carbono, racionalização dos
Segundo Louredo (2012), o conceito de recursos, integração social, proteção e
economia verde não substitui o con- reforço da biodiversidade e dos servi-
ceito de desenvolvimento sustentável, ços fornecidos pelos ecossistemas.
mas atualmente existe um crescente
reconhecimento de que a realização Na “Conferência das Nações Unidas
da sustentabilidade se baseia quase sobre Desenvolvimento Sustentável –
que inteiramente em conseguir o mo- Rio+20” foi discutida a economia verde
delo certo de economia. Mesmo que com foco na erradicação da pobreza,
a sustentabilidade seja um objetivo de avaliando o progresso e lacunas que
longo prazo, é necessário que a nos- ainda existem na implantação dos re-
sa economia se torne mais verde para sultados dos principais encontros sobre
conseguir atingir esse objetivo. desenvolvimento sustentável, além de
abordar os novos desafios na área de
Na economia verde, processos em- segurança alimentar, recursos hídricos,
presariais ineficientes e produtos que energias, cidades, florestas e biodiversi-
poluem estão sendo revistos, abrindo dades, mudanças climáticas, educação,
espaço para outros mais eficientes e entre outros.
quem empreguem tecnologias mais
limpas. Os problemas ambientais tais Como resultado destas discussões o
como mudanças climáticas, estão sen- cooperativismo foi reconhecido na
do vistos cada vez mais como oportu- declaração final do evento, intitulada
nidades de inovação, estímulos a novos “O Futuro que Queremos” como um
produtos, processos, mercados e mode- importante modelo para a inclusão
los empresariais (Barbieri, 2007). social e a redução da pobreza, em par-

Anais SIAVS 2015 - Sustentabilidade: ações das cooperativas agropecuárias no Estado do Paraná
- 169 -
ticular nos países em desenvolvimen- Faturamento (IF); Índice de Sobras (IS);
to. Da mesma forma, entende-se que Índice Investimentos Econômicos (IIE);
é necessário fomentar as cooperativas Índice Investimentos Sociais (IIS) e Índi-
e cadeias de valor agrícola forte para ce Investimentos Ambientais (IIA).
contribuir na segurança alimentar, nu-
trição e agricultura sustentável (ONU,
2012).
4. RESULTADOS E DISCUSSÕES
Análise dos investimentos econô-
micos
3. METODOLOGIA
Para analisar como as cooperativas O cooperativismo está consolidado
agroindustriais do Paraná estão inse- como modelo de desenvolvimento
ridas no contexto da economia verde, econômico no setor de agronegócios
buscou-se através de pesquisa explo- no Estado do Paraná. Além de represen-
ratória fazer um levantamento das prin- tar boa parte da produção de grãos e
cipais ações realizadas dentro do con- cereais, as cooperativas são responsá-
ceito de desenvolvimento sustentável, veis, também, pela agregação de valor
considerando seus investimentos eco- aos produtos primários por meio da
nômicos, sociais e ambientais. agroindustrialização em setores estra-
tégicos.
A metodologia utilizada para esta re-
flexão levou em consideração alguns Em 2011, as cooperativas agropecuárias
indicadores de desempenho das coo- foram responsáveis por aproximada-
perativas, apresentados no Balanço Eco- mente 55% da produção agropecuária
nômico e Social, tais como: Faturamen- do Paraná, contribuindo para o desen-
to; Sobras; Investimentos Econômicos; volvimento econômico do estado, a ge-
Investimentos Sociais e Investimentos ração de empregos e a distribuição de
Ambientais. O período de análise dos renda para seus cooperados.
indicadores utilizado foi entre os anos O desenvolvimento econômico das co-
de 2002 a 2011. operativas tem se fortalecido nos últi-
Para facilitar esta análise foi criado um mos anos pelo aumento de sua receita
índice para cada indicador, com base no bruta (faturamento) e a capacidade de
seu respectivo desempenho no ano de investimento econômico em suas pró-
2002. Assim sendo possível verificar a prias atividades. Esta percepção pode
evolução de cada indicador no decorrer ser identificada quando é avaliado o
do período e fazer a comparação entre seu desempenho nos últimos 10 anos,
eles. analisando o Índice de Faturamento (IF)
e o Índice de Investimento Econômico
Os índices criados para análise do de- (IIE) das cooperativas do ramo agrope-
sempenho são os seguintes: Índice de cuário na Figura 01.
Anais SIAVS 2015 - Sustentabilidade: ações das cooperativas agropecuárias no Estado do Paraná
- 170 -

Figura 01. Comparação do Índice de Investimento Econômico (IIE) frente ao Índice de Faturamen-
to (IF) das cooperativas do ramo agropecuário do Estado do Paraná, entre os anos de 2002 e 2011,
em base 100 (Ano 2002=100). Fonte: Ocepar, 2012

O faturamento das cooperativas no Sobras (IS) das cooperativas do ramo


período (2002-2011) saltou de R$ 9,3 agropecuário, nos últimos anos, pode
bilhões para 26,6 bilhões, aumentando ser verificado na Figura 02.
em mais de 187%. Enquanto o investi-
A distribuição direta das sobras aos co-
mento econômico realizado nas coope-
operados saltou de R$ 416 milhões em
rativas passou de R$ 350 milhões para
2002 para R$ 849 milhões em 2011, au-
R$ 1,1 bilhão, aumentando em 214% os mentando em mais de 104%. O Índice
investimentos no mesmo período. de Sobras (IS) apresentou a mesma ten-
A distribuição de riquezas das coopera- dência de crescimento, evidenciando
tivas também pode ser analisada pela sua relação positiva e a preocupação
do cooperativismo na distribuição de
sobras distribuídas ao final de cada pe-
renda e a busca pela igualdade social.
ríodo. Estes resultados são deliberados
em Assembleia Geral, pelos próprios O menor crescimento do Índice de
cooperados, quanto ao seu destino. O Sobras acontece principalmente pela
recurso pode ser direcionado para a maior competitividade entre os merca-
capitalização da própria cooperativa ou dos e redução das margens na produ-
distribuído aos cooperados. O Índice de ção agrícola e pecuária.

Anais SIAVS 2015 - Sustentabilidade: ações das cooperativas agropecuárias no Estado do Paraná
- 171 -

Figura 02. Comparação do Índice de Sobras (IS) frente ao Índice de Faturamento (IF) das coopera-
tivas do ramo agropecuário do Estado do Paraná, entre os anos de 2002 e 2011, em base 100 (Ano
2002=100). Fonte: Ocepar, 2012

Análise dos investimentos mais de 53 mil colaboradores e 132 mil


sociais cooperados.
Para o perfeito desenvolvimento de Em 2011, as cooperativas agrope-
uma cooperativa, além dos aspectos cuárias aplicaram em investimentos
econômicos, precisam existir aspectos sociais mais de R$ 1,6 bilhão, repre-
sociais nas suas diretrizes de negócios. sentando 6,2% do faturamento des-
É importante ressaltar que uma co- tas cooperativas. Este recurso é dire-
operativa não possui uma finalidade cionado, tanto para os colaboradores,
lucrativa própria, como uma empresa quanto para os cooperados, em ações,
comercial, pois seu objetivo está vol- principalmente, relacionadas à educa-
tado à rentabilidade da atividade de ção, saúde e atividades para familiares
cada cooperado. e para a comunidade.
O investimento social para as coope- O desenvolvimento social das coope-
rativas faz parte dos princípios que rativas tem aumentado consideravel-
norteiam a sua atuação. As ações de- mente nos últimos anos. Analisando o
senvolvidas pelas cooperativas no âm- Índice de Investimento Social (IIS) das
bito social são direcionadas tanto para cooperativas do ramo agropecuário, en-
o seu público interno (colaboradores), tre os anos de 2002 e 2011, verificamos
quanto para seu público externo (coo- que houve um aumento de 265% (Figu-
perados). As 81 cooperativas do ramo ra 03), sendo esse superior ao indicador
agropecuário envolvem diretamente econômico - Índice de Faturamento (IF).

Anais SIAVS 2015 - Sustentabilidade: ações das cooperativas agropecuárias no Estado do Paraná
- 172 -
Dentre os parâmetros calculados nes- encontro dos princípios e valores do
te trabalho, o Índice de Investimento cooperativismo e a importância que o
Social (IIS) apresentou o maior desem- desenvolvimento social representa ao
penho. Este comportamento vai ao sistema.

Figura 03. Comparação do Índice de Investimento Social (IIS) frente ao Índice de Faturamento (IF)
das cooperativas do ramo agropecuário do Estado do Paraná, entre os anos de 2002 e 2011, em
base 100 (ano 2002=100). Fonte: Ocepar, 2012

Análise dos investimentos Em 2011, as cooperativas agropecuárias


ambientais aplicaram em investimentos ambientais
R$  44,6  milhões. Os investimentos são
A preocupação com a gestão dos recur-
voltados para projetos de geração de
sos naturais e a exigência dos consumi-
energia renovável, reflorestamento, tra-
dores por produtos com menor poten- tamento de efluentes e resíduos, com-
cial de agressão ao meio ambiente tem bate à poluição atmosférica, melhoria
aumentado e direcionado a estratégia da qualidade da água e recolhimento
das empresas. de embalagens vazias. O objetivo é bus-
O cooperativismo por princípio possui, car a implementação de tecnologias
para promover a inovação nos sistemas
como pilares norteadores de suas ativi-
industriais das cooperativas e realizar
dades, o crescimento econômico aliado
programas voltados aos cooperados e
ao desenvolvimento social. Quando
à comunidade.
agregamos a este modelo os conceitos
ambientais, passamos a ter as três bases O Índice de Investimento Ambiental
necessárias para o desenvolvimento (IIA) das cooperativas do ramo agro-
sustentável. pecuário, no período de 2002 a 2011,

Anais SIAVS 2015 - Sustentabilidade: ações das cooperativas agropecuárias no Estado do Paraná
- 173 -
apresentou uma tendência de cres- Faturamento aumentou 187%. Esta
cimento maior quando comparado relação demonstra a importância que
ao Índice de Faturamento (IF) (Figura as questões ambientais têm apresen-
04). O crescimento do Investimento tado para o cooperativismo nos últi-
Ambiental foi de 224%, enquanto o mos anos.

Figura 03. Comparação do Índice de Investimento Ambiental (IIA) frente ao Índice de Faturamen-
to (IF) das cooperativas do ramo agropecuário do Estado do Paraná, entre os anos de 2002 e 2011,
em base 100 (Ano 2002=100). Fonte: Ocepar, 2012

Na análise do Índice de Investimento pactos e promover o desenvolvimento


Ambiental (IIA) foi verificado um maior de ações de tecnologias mais limpas.
investimento em ações ambientais en-
Estas iniciativas entre as cooperativas
tre os anos de 2007, 2008 e 2009. Nes-
tem fortalecido a economia do biogás,
tes anos o aumento foi justificado pelo
principalmente na região oeste do Pa-
maior investimento em projetos de ge- raná. A busca por fontes alternativas
ração de energia renovável. de energias renováveis estão entre os
principais pontos trabalhados entre os
A matriz energética tem sido um dos
quesitos ambientais que levam à eco-
principais pontos de pesquisa e investi-
nomia verde.
mento das cooperativas agropecuárias.
O objetivo é buscar novas tecnologias
e desenvolver projetos inovadores no
tratamento de resíduos orgânicos da 5 CONCIDERAÕES FINAIS
atividade agroindustrial e da produção O tema sustentabilidade tem se fortale-
agropecuária, permitindo mitigar os im- cido devido aos grandes problemas com

Anais SIAVS 2015 - Sustentabilidade: ações das cooperativas agropecuárias no Estado do Paraná
- 174 -
as mudanças climáticas e a escassez dos tendência de crescimento e uma evolu-
recursos naturais. Neste contexto, as ção superior ao Índice de Faturamento
empresas estão mudando suas ações (IF) das cooperativas do ramo agrope-
estratégicas com a visão de transformar cuário. Já, o Índice de Sobras (IS) apre-
os seus problemas em novas oportu- sentou a mesma tendência, porém com
nidades, por meio da inovação de seus um crescimento menor frente ao Índice
processos impulsionando o desenvolvi- de Faturamento (IF) atribuído principal-
mento de uma economia verde. mente pela maior competitividade do
mercado.
Este pensamento tem influenciado di-
retamente a produção de alimentos O comportamento dos índices analisa-
nas cooperativas, que além da transfor- dos nos últimos anos demonstra que
mação da proteína vegetal em proteína as cooperativas agroindustriais apre-
animal, agregando valor aos coopera- sentam um considerável esforço para
dos e viabilizando a pequena proprie- o desenvolvimento econômico e social
dade rural, inserem o aspecto ambien- dos seus associados e colaboradores,
tal em sua tomada de decisão. sem esquecer os impactos ambientais
de suas atividades, destacando sua pre-
Na conjuntura da economia verde o ocupação com o desenvolvimento sus-
cooperativismo, teve seu reconheci- tentável e a implantação de tecnologias
mento, quando na Conferência das Na- limpas em seus processos. Este movi-
ções Unidas sobre o Desenvolvimento mento vai ao encontro do conceito de
Sustentável (Rio+20) foi declarado que organização sustentável, definido por
as cooperativas são um importante mo- Barbieri (2007), como a organização que
delo de inclusão social e de redução da simultaneamente procura ser eficiente
pobreza, em particular nos países em de- em termos econômicos, respeitar a ca-
senvolvimento, bem como reconhecida pacidade de suporte do meio ambiente
sua contribuição na segurança alimentar, e ser instrumento de justiça social.
nutrição e agricultura sustentável.
Neste contexto podemos dizer que o
Na análise dos indicadores calculados cooperativismo se encaixa nos precei-
neste trabalho, o Índice de Investimento tos defendidos pela economia verde
Econômico (IIE), o Índice de Investimen- e se evidencia seu papel como mode-
to Social (IIS) e o Índice de Investimento lo econômico para o desenvolvimen-
Ambiental (IIA) apresentaram a mesma to regional.

Anais SIAVS 2015 - Sustentabilidade: ações das cooperativas agropecuárias no Estado do Paraná
- 175 -

Referências bibliográficas
BARBIERI, J.C.; SIMANTOB M. Organizações ino- SCHARF, R. Manual de negócios sustentá-
vadoras sustentáveis: uma reflexão sobre o veis: Como aliar rentabilidade e meio am-
futuro das organizações. São Paulo, Atlas, 2007. biente.Amigos da terra – Amazônia Brasileira;
ELKINGTON, J. Canibais com garfo e faca. São FGV, Centro de Estudos em Sustentabilidade,
Paulo: Makron Books, 2001. 2004. 176p.
GALLO, Edmundo et al . Saúde e economia verde: SETTI, E. O. Cooperativismo paranaense: Oce-
desafios para o desenvolvimento sustentável e par 35 anos: mais de um século de história.
erradicação da pobreza. Ciênc. saúde coletiva,  Curitiba, Ocepar, 2006.
Rio de Janeiro,  v. 17,  n. 6, jun.  2012 .   Disponível Sindicato e Organização das Cooperati-
em <http://www.scielo.br/ scielo.php?script=s- vas do Estado do Paraná - OCEPAR. Agrone-
ci_arttext&pid=S1413-81232012000600010&l- gócio e o cooperativismo no Paraná. Curitiba,
ng= pt&nrm=iso>. Acesso em:  11  ago.  2012.  Ocepar: Sescoop/PR, 2010.
Krinski, S.A. et al. Cooperativas agroindustriais SINDICATO E ORGANIZAÇÃO DAS COOPERATI-
Inseridas no context da economia verde. Pa- VAS DO ESTADO DO PARANÁ. Balanço social:
raná Cooperativo / Sindicato e Organização das cooperativas do Paraná 2002. OCEPAR: SESCOOP/
Cooperativas do Estado do Paraná. v.1, n.1 (2004) PR. 2002.
– Curitiba, OCEPAR, 2014. SINDICATO E ORGANIZAÇÃO DAS COOPERATI-
MAKOWER, J. A economia verde. Editora Gente. VAS DO ESTADO DO PARANÁ. Paraná Coope-
São Paulo. 2009. rativo: Ações de responsabilidade social do co-
OLIVEIRA JUNIOR, C.C.; Avaliação da eficiência operativismo paranaense 2010. Curitiba, Ocepar:
empresarial das cooperativas. Curitiba - PR, Oce- Sescoop/PR. Edição Especial. Ano 6, Número 63.
par, 1991. Dez 2010.
ORGANIZAÇÃO DAS NAÇÕES UNIDAS (ONU), SINDICATO E ORGANIZAÇÃO DAS COOPERATI-
O futuro que queremos. Desenvolvimento VAS DO ESTADO DO PARANÁ. Paraná Coope-
Sustentável. Versão final: A/66/L.56. Disponível rativo: Ações de responsabilidade social do co-
em:<http://dacc ess-dds-ny.un.org/doc/UN- operativismo paranaense 2011. Curitiba, Ocepar:
DOC/LTD/N12/436/88/PDF/N1243688.pdf?Ope- Sescoop/PR. Edição Especial. Ano 7, Número 76.
nEleme nt>.Acesso em: 15 ago. 2012. nov/dez 2011.
PNUMA, 2011. Caminhos para o desenvolvi- SINDICATO E ORGANIZAÇÃO DAS COOPERA-
mento sustentável e a erradicação da pobre- TIVAS DO ESTADO DO PARANÁ. Relatório de
za - síntese para tomadores de decisão. Dis- atividades e prestações de contas: exercício
ponível em <www.unep.org/greeneconomy>. social de 2014; Curitiba, Ocepar: Sescoop/PR,
Acesso em: 11 ago. 2012. 2015. 120p.

Anais SIAVS 2015 - Sustentabilidade: ações das cooperativas agropecuárias no Estado do Paraná
- 176 -

Tifosis aviar

Yosef Daniel Huberman


Instituto Nacional de Tecnologia
Agropecuária Ministerio de Agricultura,
Ganadería y Pesca – Argentina

Introducción últimas pueden funcionar como reser-


La tifosis y la pullorosis aviar son en- vorio natural de los agentes. La pullo-
fermedades específicas de las aves, rosis afecta fundamentalmente a los
respectivamente causadas por Salmo- pollitos recién nacidos mientras que
nella enterica serovariedad (serotipo) las aves adultas la enfermedad tiende
Gallinarum biovariedad Gallinarum (S. a ser crónica. En cambio en la tifosis
Gallinarum) y biovariedad Pullorum (S. aviar pueden enfermar tanto aves muy
Pullorum). Ambos microorganismos jóvenes como aves adultas de cual-
presentan una estructura antigénica quier edad y condición productiva. De
similar (pertenecen al mismo serotipo). cualquier manera, la sintomatología
Actualmente Pullorum no se considera de ambas enfermedades es muy simi-
más una serovariedad pero pueden di- lar en los pollitos BB y por lo tanto es
ferenciarse mediante pruebas bioquí- necesario realizar la biotipificación del
micas. Estas bacterias se encuentran agente etiológico para lograr el diag-
sumamente adaptadas al hospedador nóstico. Ambas enfermedades tienen
y no causan enfermedad a otras espe- el problema de que una vez que las
cies animales distintas de las aves. Am- aves adquieren la infección permane-
bas enfermedades son típicas de los cen como portadoras de por vida. Por
pollos, pavos y faisanes, si bien ciertas ello, una vez que ingresan en la explo-
aves silvestres también pueden infec- tación avícola la granja afectada queda
tarse. Esta característica es relevante permanentemente contaminada y la
para la epidemiología ya que estas única forma de lograr terminar con la

Anais SIAVS 2015 - Tifosis aviar


- 177 -
infección es con la aplicación de cos- EEUU, Japón, Australia y varios países
tosos planes de erradicación que in- europeos han erradicado la pullorosis
cluyen la eliminación de todas las aves y tifosis aviar de los criaderos indus-
enfermas de la granja o establecimien- triales, mientras que en varios países
to agropecuario. de América Central, Sudamérica, Asia y
África aún presentan infecciones en sus
granjas avícolas estando la enfermedad
parcialmente controlada, pero subsis-
Incidencia y distribución tiendo como una infección endémica
En varios países desarrollados la tifosis en gallinas ponedoras, siendo las más
ha sido erradicada de granjas industria- afectadas las gallinas de las líneas color
lizadas, aunque en algunas granjas de pues estas aves son mucho más sus-
aves de traspatio se han mencionado ceptibles que las líneas blancas. En los
algunos casos esporádicos de pullo- países que tienen estas enfermedades
rosis. En Latinoamérica la tifosis aviar, en forma endémica generalmente las
si bien es una enfermedad que, en tienen controladas en aves reproduc-
general, está controlada en aves repro- toras pero persisten explotaciones de
ductoras, aún ocurre con frecuencia en gallinas ponedoras.
algunas granjas de gallinas ponedoras.
La pullorosis es una enfermedad mu-
cho menos común que la tifosis, sien-
do muy pocos los casos que han sido Patogenia
reportados. A pesar de estos esfuerzos La enfermedad que producen estas sal-
para eliminar la tifosis aviar, la enferme- monelas muy adaptadas a las aves
dad ha reaparecido esporádicamente
en varios países que la habían erradi- es esencialmente sistémica y la coloni-
cado. De este modo ha sido necesario zación intestinal recién ocurre después
invertir cuantiosos recursos en una vi- de la septicemia. Estas salmonelas pe-
gilancia epidemiológica permanente y netran desde el lumen intestinal hacia
en la eliminación de las aves afectadas la lámina propia, utilizando tres meca-
en cada brote que se presenta. nismos diferentes de invasión desde el
lumen intestinal hacia la lámina propia:
Tanto la tifosis aviar como la pullorosis mediante la captura de las bacterias por
se encuentran mundialmente distri- las “células M” del sistema linfático, a tra-
buidas. Los países que han aplicado vés del enterocito y a través del espacio
estrictos planes control han logrado intercelular de los enterocitos median-
erradicar a estas enfermedades de las te una célula dendrítica. En todos estos
explotaciones industriales, aunque en procesos de internalización celular, a
algunos casos se detectan estas bac- diferencia de otros patógenos bacteria-
terias en poblaciones de aves silves- nos, no están libres en citoplasma sino
tres o domésticas criadas en pequeños que permanecen dentro unas vacuolas
establecimientos de campo. Canadá, especiales llamadas “vacuolas contene-

Anais SIAVS 2015 - Tifosis aviar


- 178 -
doras de salmonelas”,donde se multipli- de los lotes e infecciones concurren-
can y quedan protegidas de la acción tes. Las mayores tasas de mortalidad,
de los anticuerpos y de los antibióticos que en algunos casos pueden llegar al
que no penetran las células. En todos 100%, se han registrado en pollitos de
los casos la invasión la realizan median- alrededor de dos semanas de vida, con
te procesos no destructivos que, de ese una rápida disminución luego de las
modo, no inducen una respuesta inmu- tres o cuatro semanas de edad. El estrés
ne durante la primera etapa de la infec- causado por el transporte de los anima-
ción En la lámina propia son ingeridas les es un importante factor que aumen-
por macrófagos que las trasladan por ta la mortalidad de los pollitos. Puede
el torrente circulatorio hacia varios ór- registrarse una alta mortalidad en galli-
ganos internos. Entre ellos tiene mucha nas ponedoras no inmunes, pues son
importancia el hígado, donde coloniza muy susceptibles debido al estrés que
sus células y ductos biliares para luego, implica la intensa producción de hue-
cuando la infección avanza, producir vos. Cuando la enfermedad ocurre en
una infección endógena a través del aves reproductoras en producción la
conducto colédoco y volcar masiva- mortalidad es altísima por el estrés de
mente las salmonelas hacia la luz intes- reproducción y debido a su alto grado
tinal. Recién cuando esto ocurre, alrede- de trasmisión vertical a los pollitos de
dor del 5° día post-infección, es cuando las progenies y a imposibilidad de eli-
las salmonelas colonizan el intestino y minar la infección de las granjas, en es-
son eliminadas por materia fecal. Reci- tos casos se deben eliminar a todas las
én luego de ese periodo de prepaten- aves infectadas y realizar un vaciamien-
cia es cuando se inician los síntomas de to, higiene y desinfección sanitaria de
la enfermedad. Las bacterias quedan de las granjas afectadas durante el periodo
por vida acantonadas en los órganos que sea necesario hasta lograr la elimi-
del sistema retículo endotelial y los ór- nación total de S. Gallinarum.
ganos reproductivos, de modo que las
gallinas una vez infectadas pondrán Las pérdidas económicas causadas por
un tercio de sus huevos internamente pullorosis y tifosis aviar pueden ser muy
contaminados con S. Gallinarum, lo que altas, no sólo por la pérdida de animales
posibilita las transmisión vertical de la debido a la mortalidad, sino también
infección a las progenies de pollitos. por los costos veterinarios involucrados,
eliminación de las aves muertas, sane-
amiento de las instalaciones infectadas,
etc. En los países donde estas enferme-
Morbilidad y mortalidad dades han sido erradicadas, los costos
La morbilidad y mortalidad debidas a la provocados por la pullorosis y la tifosis
pullorosis y la tifosis aviar dependen de aviar se deben principalmente a los fon-
distintas variables: edad y estado nutri- dos destinados a los planes de monito-
cional e inmunitario de las aves, manejo reo y vigilancia epidemiológica.

Anais SIAVS 2015 - Tifosis aviar


- 179 -
Patogenicidad de las ces a la cloaca. En pollitos BB afectados
salmonelas de pullorosis es característico observar
concreciones de materia fecal deshidra-
Al trabajar con una cepa originalmente
muy patógena de S. Gallinarum INTA 91, tada adherida a la cloaca que, al impedir
nuestro grupo de investigación demos- la defecación, producen una notable
tró que los pasajes sucesivos en aves dilatación abdominal. Las aves tienden
incrementan la patogenicidad. Cuando agruparse debido a que sufren frío cau-
esta cepa fue recientemente aislada de sado por la intensa fiebre. Los síntomas
un ave enferma se produjo un 50% de generalmente se manifiestan después
mortandad (DL50) al inocular oralmente del 7º día post-infección. Los pollitos
pollitos de 21 días de edad con 2 x 108 pueden presentar retraso del crecimien-
bacterias viables por ave, mientras que to al afectarse el tracto entérico, lo que se
se requirieron 5 veces más bacterias (1 x hace muy notorio en las líneas de pollos
109 = 5 DL50) cuando la misma cepa su- parrilleros puesto que estas aves presen-
frió varios cultivos en el laboratorio. Esto tan un desarrollo corporal muy rápido.
demuestra que en realidad estas bacte- La disminución de la tasa de crecimiento
rias tienen la propiedad de adaptarse fe- estaría relacionada con deficiencias en
notípicamente muy bien al medio am- la absorción intestinal de nutrientes. Los
biente en que se encuentran. Se puede pollitos afectados suelen presentar el
decir que son muy conservadoras y no vientre hinchado lo que dificulta o inclu-
gastan energía extra en evidenciar sus so impide su movilidad.
atributos de patogenicidad si es que no
La tifosis es una enfermedad septicé-
los necesitan. Se adaptan rápidamente
mica siendo los órganos más afectados
por generaciones sucesivas (1 generaci-
ón = 20 minutos) de un ambiente a otro el hígado, bazo y corazón. En los casos
en forma reversible. Esto significa que agudos de la enfermedad, el hígado y el
las salmonelas adaptadas a vivir en el bazo aparecen agrandados y congesti-
ambiente son fenotípicamente distintas vos. Puede ocluirse el conducto colédo-
de las que se aíslan de un ave enferma, co lo cual produce extravasación biliar
aunque genotípicamente conservan y el hígado adquiere un típico color
(inexpresados) todos sus atributos de verdoso. Cuando la enfermedad es cró-
virulencia y los expresan cuando se mul- nica, pueden aparecer focos necróticos,
tiplican en el ave que se infecta. que se ven como nódulos blanquecinas
que están incluidos en el parénquima
del órgano. A medida que evoluciona
la enfermedad, estos nódulos pueden
Síntomas y lesiones ocupar todo el parénquima. Se puede
Las aves pueden manifestar depresi- observar esplenomegalia con máculas
ón, somnolencia, anorexia, alas caídas, puntiformes blancas en la superficie del
deshidratación, respiración dificultosa, órgano. El corazón se ve especialmente
diarrea, debilidad y adherencia de las he- afectado en los estadios crónicos de la

Anais SIAVS 2015 - Tifosis aviar


- 180 -
enfermedad y a veces presenta nódulos cuando las aves ya están infectadas y a
blanquecinos en las regiones pericárdi- malas maniobras de manejo, resulta en
cas y miocárdicas que incluso pueden una espiral de difusión de la enferme-
llegar a deformar al órgano. Los pulmo- dad que anualmente suma enormes
nes pueden presentar una ligera con- cifras contabilizadas como pérdidas por
gestión, presentando focos necróticos mortalidad y falta de producción. En el
en sus caras costales y dorsales. caso de la tifosis se registran pérdidas
muy elevadas pues se requiere la elimi-
Los órganos reproductivos son los más nación de todas las aves reproductoras
afectados en los estadios crónicos. En del lote como único método posible
los ovarios pueden encontrarse lesio- de erradicación de la enfermedad y
nes tales como pequeños folículos en gallinas en postura no vacunadas la
ováricos regresivos. En las gallinas por- mortandad suele ser muy elevada.
tadoras crónicas generalmente apa-
recen algunos pocos óvulos císticos Vacunas inactivadas
deformados y decolorados, a veces he- Las vacunas inactivadas se utilizan
morrágicos, que se encuentran entre en aves reproductoras para transferir
otros de apariencia normal. Usualmen- inmunidad materna a la progenie. Su
te, la luz del oviducto contiene exuda- empleo en gallinas ponedoras dismi-
dos caseosos. En algunos casos puede nuye la excreción fecal de salmonelas y
observarse salpingitis, siendo frecuen- por ende disminuye la contaminación
te el hallazgo de huevos en la cavidad de los huevos. Además los huevos de
abdominal. En los machos, los testícu- gallinas así vacunadas adquieren anti-
los pueden contener nódulos blancos. cuerpos humorales pasivos que impi-
den por un tiempo la multiplicación de
Medidas de control las salmonelas en el huevo. Al respecto,
Es importante explicar brevemente las las vacunas inactivadas contra S. Ente-
características de la tifosis y pullorosis ritidis o S. Gallinarum, con adyuvante
de las aves para justificar la necesidad oleoso de doble emulsión o con gel de
de estudiar estas alternativas biológicas hidróxido de aluminio, son muy útiles
de contralor. Estas enfermedades tie- para este propósito. Para prevenir la tifo-
nen muy baja posibilidad de curación sis aviar la administración de proteínas
y son altamente transmisibles por vía purificadas de la membrana externa de
vertical. Este hecho determina la inter- S. Gallinarum excluye a las salmonelas
rupción del ciclo productivo del esta- patógenas de los órganos internos de
blecimiento y por consiguiente una las aves experimentalmente desafiadas,
elevada pérdida económica por lucro siendo su efectividad aún mayor que
cesante. Asimismo la contaminación con la cepa viva 9R. Sin embargo, quizás
de poblaciones de gallinas ponedo- por razones económicas este tipo de
ras de huevos para consumo, sumado vacunas no se ha podido comercializar.
a la irregular respuesta de las vacunas Recientemente se ha logrado, mediante

Anais SIAVS 2015 - Tifosis aviar


- 181 -
el bacteriófago PhiX174, introducir un más en el organismo animal o en el
gen que produce el vaciamiento de S. medio ambiente por tener defectos
Gallinarum, y esa bacteria muerta pre- genéticos o necesitar de algunos nu-
senta inalterados sus antígenos superfi- trientes que son inexistentes en las cé-
ciales, de modo que es posible utilizarlas lulas del hospedador.
como vacunas que no requieren mo-
dificación espacial de sus estructuras
antigénicas superficiales al no requerir Vacuna viva basada en la
el uso de los agentes inactivantes que
usualmente se emplean en las vacunas cepa S. Gallinarum 9R
muertas por métodos químicos. Si bien experimentalmente se han
evaluado distintas vacunas vivas e inac-
tivadas para el control la tifosis y para-
tifosis, debido a la gran difusión de la
Vacunas vivas
tifosis aviar en varios países latinoame-
En general, por ser la Salmonella un ricanos sólo ha tenido uso generalizado
parásito intracelular que permanece la vacuna viva basada en la cepa de S.
protegido dentro de la célula, la acción Gallinarum 9R, que es la única aproba-
de los anticuerpos circulantes o humo- da por las autoridades sanitarias de al-
rales es poco eficiente y es necesario gunos de los países para la prevención
generar además inmunidad celular. de la tifosis aviar, aunque sólo para ser
También para evitar la multiplicación aplicada en gallinas ponedoras. Con
entérica es necesaria la acción de la esta vacuna se ha demostrado que el
inmunidad de mucosas que sólo pro- empleo combinado de las vías oral e
porcionan las bacterias vivas. Para ello inyectable brinda una protección bas-
es imprescindible administrar vacunas tante completa contra la enfermedad
vivas atenuadas. En su estado natural, y la mortandad, aún frente a una muy
cuanto más atenuada es una cepa de alta exposición. Sin embargo esta va-
Salmonella menor protección ofrece y cuna no elimina la infección sino que
cuanto más patógena mayor inmuni- las aves protegidas por la vacuna per-
dad. Un artilugio al que se ha acudido manecen de por vida infectadas como
para producir cepas bacterianas que portadoras que mantienen la infección
sean poco peligrosas por su buen gra- en la granja. Por este motivo, la vacu-
do de atenuación pero que al mismo nación con esta cepa está prohibida
tiempo se multipliquen lo suficiente en países que han iniciado planes de
dentro de los órganos de las aves, es erradicación con eliminación de aves
una transformación genética. La mis- infectadas. Este sería un tipo de vacuna
ma permite que estas salmonelas pue- muy efectiva aunque con cierto poder
dan multiplicarse y difundirse en las patógeno residual, siendo por ello sólo
aves al principio de su desarrollo pero recomendable cuando las aves se crían
que luego no puedan multiplicarse en zonas endémicas y con alto riesgo

Anais SIAVS 2015 - Tifosis aviar


- 182 -
de contaminación. Esta vacuna también niendo 1-5 x 108 UFC/ave, administra-
protege contra S. Enteritidis pero no se das al 1° día, a la 6° y a la 16° semana
recomienda su aplicación para ese pro- de edad) con la vacuna atenuada de
pósito en aves libres de tifosis aviar. Salmonella Enteritidis mutante al azar
(Rif12/Sm24/Ssq), fueron protegidas
Este poder patógeno residual puede ex- contra la inoculación oral de 2 × 105
presarse en casos de enfermedad sólo CFU de la cepa patógena de S. Galli-
cuando las aves vacunadas sufren estrés, narum INTA 91 (correspondiente a 1
siendo por ello desaconsejable vacunar DL50). En los grupos oralmente vacuna-
antes de efectuar una muda forzada dos la tasa de mortalidad fue del 5,9%
y esta vacuna sólo debe ser aplicada mientras que en el grupo control, sin va-
luego de que las aves se recuperan y cunar, la mortalidad fue de 94,1%. Cuan-
comienzan su producción. Debido a su do las aves recibieron 2 vacunas orales
patogenicidad para pollitos esta vacuna y una vacuna subcutánea no murió
sólo puede ser administrada desde la ninguna de las aves que fueron vacu-
4° semana de vida en adelante. Tiene la nadas y posteriormente desafiadas. En
desventaja que se elimina tanto por ma- estos ensayos se comprobó que cepas
teria fecal como por vía trans-ovo y de clonalmente muy relacionadas, como
ese modo contamina el ambiente y los S. Enteritidis y S. Gallinarum, tienen un
huevos. Debido a su elevada transmisión muy alto grado de protección cruzada
vertical está prohibida su utilización en ya que S. Gallinarum no pudo ser aisla-
aves reproductoras y no debe ser em- da de ninguno de los órganos internos
pleada en granjas libres de tifosis aviar examinados (hígado, bazo, ovario y co-
para el control de S. Enteritidis. Como la razón) en las aves vacunadas que sobre-
cepa 9R carece de parte de sus antíge- vivieron y la excreción de S. Gallinarum
nos superficiales, tiene la ventaja de que disminuyó del 100% al 20% (con 3 dosis
las aves vacunadas no producen anti- orales) y al 10% (con 2 dosis orales y 1
cuerpos con el antígeno somático y de dosis subcutánea). Además, en estos
ese modo la vacunación con esta cepa ensayos se demostró que es necesario
no interfiere con las pruebas de aglutina- revacunar a las gallinas en postura cada
ción rápida en placa con sangre entera 3 meses, puesto que los desafíos reali-
utilizando antígeno Pullorum teñido. zados tres meses después de la última
dosis de vacuna no brindaron protecci-
Vacuna viva de
ón. Esta cepa vacunal tiene la ventaja de
Salmonella Enteritidis que sólo se excreta durante la primera
Nuestro grupo de investigación demos- quincena de vida, no se elimina por los
tró experimentalmente que gallinas huevos y no sobrevive en el ambiente.
ponedoras de 28 semanas de edad va- Adicionalmente es muy estable pues
cunadas con tres dosis orales o con dos posee 3 mutaciones cromosomales
dosis orales y la última dosis inyectada que previenen cualquier posible rever-
por vía subcutánea (cada dosis conte- sión que pudiese recobrar la virulencia.

Anais SIAVS 2015 - Tifosis aviar


- 183 -
Asimismo, esta cepa vacunal se diferen- pecto al lote control. Por lo tanto, los tra-
cia fácilmente de las cepas salvajes de tamientos orales de las aves con desin-
S. Enteritidis mediante simples pruebas fectantes deben ser administrados con
de resistencia a antibióticos. sumo cuidado y siguiendo estrictamen-
te las instrucciones del fabricante, pues
dosis más altas que las recomendadas
pueden producir exacerbación de la en-
Tratamiento
fermedad y aumento de la mortandad
El tratamiento con drogas antibióticas por eliminación de la microbiota com-
debe ser la última opción, ya que siem- petitiva del tracto entérico.
pre se debe intentar la erradicación de
la enfermedad mediante el correcto
manejo, la administración de microbio-
ta comensal competitiva y la vacunaci- Desinfección
ón. Ninguna droga o combinación de Para eliminar las salmonelas de las ins-
drogas es capaz de eliminar la infecci- talaciones de un establecimiento lo
ón de los lotes tratados y debe consi- más importante es despoblar los gal-
derarse que el tratamiento de las aves pones y establecer un periodo de des-
muchas veces produce resistencia a las canso y desinfección de por lo menos
drogas empleadas. cuatro semanas. Antes de desinfectar se
Nuestro grupo de investigación de- debe lavar para arrastrar la materia or-
mostró que la administración de un gánica. Al seleccionar un desinfectante
tratamiento con amonio cuaternario en se deben priorizar aquellos con capaci-
el agua de bebida redujo significativa- dad de penetrar “biofilms” bacterianos.
mente la mortandad e impidió la trans- Los implementos avícolas deben ser
misión horizontal de S. Gallinarum, cepa muy bien lavados y desinfectados antes
INTA 91. Para ello, se realizó un ensayo de volver a utilizarse. También se debe
en el cual pollitos infectados estuvieron complementar la desinfección con pla-
en estrecho contacto con otros pollitos nes de desinsectación y con el uso de
sanos, libres de tifosis. Los resultados fue- acaricidas y rodenticidas. La producción
ron comparados con otro lote de aves de “compost”a partir de la cama de aves
control (sin la administración del desin- contaminada elimina completamente a
fectante), aunque similarmente expues- las salmonelas, lo mismo que su pro-
tas a la infección, demostrándose una ducción por medio de la lombriz roja
significativa reducción de la mortandad californiana (Eisenia foetida).
en el grupo tratado. Sin embargo, en
este trabajo también se demostró que
la administración de altas dosis del de-
sinfectante fue contraproducente, pues Erradicación
se incrementó la mortandad en los lotes Los planes de erradicación deben
tratados con el desinfectante con res- basarse en la eliminación de las aves

Anais SIAVS 2015 - Tifosis aviar


- 184 -
portadoras, centrando el control en 2. Los lotes de aves reproductoras sos-
los lotes de aves reproductoras. Sin pechosas de estar infectadas deben
embargo, el mero hecho de eliminar mantenerse en estricta cuarentena y
la infección en los planteles de aves cuando se demuestre que las aves es-
reproductoras no garantiza la elimina- tán infectadas deben ser eliminadas.
ción de la infección de país o región, La futura comercialización de ese es-
pues los pollitos libres pueden luego tablecimiento afectado debe realizar-
infectarse en las granjas de producci- se bajo estricta supervisión y control.
ón que estén contaminadas. Por otro
lado, una vez eliminada la infección es 3. La reglamentación de importaciones
necesario efectuar un constante mo- debe requerir que los cargamentos
nitoreo serológico y bacteriológico de huevos y pollos provengan de
combinados de los reproductores y las fuentes consideradas libres de Sal-
aves en producción, empleando téc- monella. De allí la importancia de ins-
nicas tradicionales y otras más efecti- taurar estas nuevas pruebas de diag-
vas y rápidas como, por ejemplo ELISA nóstico rápidas y confiables como,
combinado con PCR. Por este motivo, a por ejemplo aquellas basadas en la
las aves reproductoras no se les debe- biología molecular. Debe requerirse
ría administrar ningún tipo de vacunas, la total participación de las granjas de
ya sean vivas o muertas, puesto que incubación y cría en los programas
las mismas interfieren con las técni- nacionales de control de la tifosis y
cas serológicas citadas anteriormente. pullorosis.
Sin embargo, mediante la detección
4. Una vez controlada la enfermedad
de estas salmonelas por bacteriología
en las aves reproductoras sería muy
estándar o bien por PCR, es posible
importante realizar monitoreos bac-
establecer un diagnóstico certero, aún
teriológicos o moleculares en granjas
cuando las aves reproductoras hayan
de ponedoras y establecer estrictas
sido previamente vacunadas. En estos
medidas de cuarentena para evitar la
casos puede aumentarse la sensibili-
difusión de esta enfermedad.
dad del diagnóstico mediante el em-
pleo combinado de técnicas de enri- A pesar de que los países desarrolla-
quecimiento para el aislamiento de la dos han limitado la presencia y pro-
bacteria. pagación de la tifosis en los criaderos
Los pasos básicos que deberían seguir- comerciales, estas enfermedades aún
se en un plan de erradicación son los persisten en las granjas familiares. La se-
siguientes: paración entre la avicultura comercial
y no comercial no ha sido totalmente
1. La presencia de S. Gallinarum debe efectiva para prevenir la transmisión
ser informada en forma obligatoria al de los biotipos S. Gallinarum y S. Pullo-
organismo de contralor sanitario cor- rum entre estas dos poblaciones de
respondiente. aves, puesto que las pequeñas granjas

Anais SIAVS 2015 - Tifosis aviar


- 185 -
familiares infectadas continúan consti- libres de Salmonella de los que países
tuyendo una amenaza para la avicultu- en los cuales estas enfermedades si-
ra comercial. Por lo tanto, aún es nece- guen siendo endémicas en las gallinas
sario el monitoreo continuo de las aves ponedoras, los controles sanitarios de-
en las explotaciones comerciales de ben ser mucho más estrictos, evitando
los países que ya han eliminado estas el ingreso a las granjas de personal o
salmonelosis de las granjas industriales. implementos avícolas procedentes de
En las granjas de aves reproductoras otros establecimientos.

Anais SIAVS 2015 - Tifosis aviar


Trabalhos
científi cos
186 a 438
Ambiência e
bem estar animal
187 a 206
- 188 -

ANÁLISE TERMOGRÁFICA DE FRANGOS CAIPIRAS


MANTIDOS SOB DIFERENTES TEMPERATURAS

KT Andrade Araújo*1, D Araújo Furtado1,


R Costa Silva2, TG Pereira Araújo2,
F Gomes Correia1
1
Unidade Acadêmica de Engenharia Agrícola;
Universidade Federal de Campina Grande;
Campina Grande/PB
2
Universidade Federal Rural de Pernambuco;
Serra Talhada/PE

Abstract perature of broiler chickens increases


with increasing air temperature and di-
The production of broilers is of great
ffer statistically with respect to different
importance in the Brazilian economy,
levels of ambient temperature.
according to the Brazilian Poultry Union
the country is the third largest produ- Keywords: production, poultry farming,
cer and the largest exporter of chicken ambience.
meat. One of the barriers of the activity
is the environmental heat stress, which
negatively impacts the production. The
objective of this study was to measure Introdução
the average surface temperature of four A interação animal-ambiente deve ser
strains of broiler chickens in a control- considerada quando se busca maior
led environment, through thermogra- produtividade e as diferentes respostas
phic images. Surface temperatures me- do animal às peculiaridades de cada
asured with thermography in broilers região são determinantes no sucesso
can serve as a basis to infer inadequate avícola. Assim, a identificação dos fato-
housing conditions in the production res que influenciam na vida do animal,
environment. The average surface tem- como o estresse, imposto pelas flutua-

Anais SIAVS 2015 - Análise termográfica de frangos caipiras mantidos sob diferentes temperaturas
- 189 -
ções estacionais do ambiente, permite toda a área da ave na foto, utilizando o
ajustes nas práticas de manejo possibi- programa computacional SmartView®,
litando dar-lhes sustentabilidade e via- obtendo assim a temperatura média da
bilidade econômica (Costa et al., 2012). área selecionada. A emissividade utiliza-
Nas imagens termográficas, é possível da para frango de corte, representando
observar a espacialização da tempera- a pele e a cobertura de penas é de 0,95
tura em curvas de superfície associadas de acordo com Cangar et al. (2008) e
a cores, sendo identificadas nas zonas Nääs et al. (2010). Os resultados de TSM
coloridas, por faixas de amplitude tér- obtidos por meio das imagens térmicas
mica, os pontos críticos com os maiores foram comparados com as equações
valores de temperatura. propostas por Richards (1971)(Eq. 1) e
por Dahlke et al. (2005)(Eq. 2) para esti-
mar a TSM de frangos de corte. As tem-
peraturas superficiais de cada parte do
Material e Métodos corpo das aves foram medidas nas pró-
O experimento foi conduzido em uma prias imagens termográficas, conforme
câmara climática pertencente ao Labo- método proposto por Nääs et al. (2010).
ratório de Construções Rurais e Ambi-
TSM = (0,12 TA) + (0,03 TCA) + (0,15
ência do Departamento de Engenharia
TP) + (0,70 TD) Eq. 1
Agrícola da Universidade Federal de
Campina Grande – UFCG, divida em TSM = (0,03 TC) + (0,70 TD) + (0,12
quatro boxes com piso de maravalha TA) + (0,06 TCA) + (0,09 TP) Eq. 2
de madeira, comedouros e bebedouros
por box, iluminação diária com lâmpa- Em que: TSM = Temperatura superficial média
(ºC); TA = Temperatura da asa (ºC); TCA = Tem-
das fluorescentes. Alojou-se 28 aves, peratura da cabeça (ºC); TP = Temperatura das
sendo quatro aves por linhagem, Carijó, pernas (ºC); TD = Temperatura do dorso (ºC);
CPK, Pescoço Pelado e Tricolor, subme- TC = Temperatura da crista (ºC). As equações
tidas a quatro temperaturas do ar, que apresentam pesos diferentes para cada parte
foram de 18,5 °C, considerada abaixo do corpo da ave, com exceção do dorso (0,70)
e asa (0,12).
da zona de conforto térmico; 23,1 e
28,4 °C, considerada dentro da zona de Utilizando o registro da temperatura
conforto térmico e 33,1 °C, considerada superficial média das aves, foi calculada
no limite do conforto, sendo a umidade a média de interação entre as diferen-
relativa e velocidade do vento constan- tes temperaturas ambiente e as quatro
te, com média de 62% e 0,5 m/s, res- linhagens. Os dados de TSM, utilizando
pectivamente. O período experimental termografia infravermelho, foram com-
para cada temperatura foi de sete dias, parados pelo teste de Tukey, com 95%
sendo cinco dias de adaptação da ave a de confiança, com os resultados obtidos
temperatura e dois de coleta de dados. nas equações propostas por Richards
A termografia foi utilizada para medir a (1971) e Dahlke et al. (2005). A variação
TSM dos frangos de corte, selecionando da TSM e da temperatura superficial das

Anais SIAVS 2015 - Análise termográfica de frangos caipiras mantidos sob diferentes temperaturas
- 190 -
partes dos frangos de corte por tempe- tura de penas maior será temperatura
ratura do ar foram analisadas pelo teste superficial. Em relação a 23 e 28°C não
ANOVA, com grau de confiança de 95%. houve diferença significativa (P<0,05)
Na evidência de diferença estatística entre carijó e pescoço pelado, com di-
significativa, as médias foram compara- ferença significativa destas linhagens
das pelo teste de Tukey a 5%, utilizando em relação a tricolor e cpk, que foram
o programa estatístico ASSISTAT® 7.7. semelhantes, com maior temperatu-
ra para as primeiras linhagens citadas.
Observou-se que para a maior tempe-
ratura ambiente há diferença significa-
Resultados e Discussão tiva entre as linhagens pescoço pelado,
As médias de temperatura superficial cpk e tricolor, entretanto não observa-
das aves por linhagem apresentaram mos diferença entre carijó e cpk. Anali-
diferenças significativas (P< 0,05) entre sando a TSM das linhagens em relação
as diferentes temperaturas. Por tempe- às temperaturas, observou-se que as
ratura, aos 18°C houve diferença signi- médias apresentam diferenças signifi-
ficativa da linhagem pescoço pelado cativas (P <0,05), para todas elas, onde
em relação às demais, ficando mais ele- com o aumento da temperatura houve
vada, isto pode ser explicado pelo fato elevação da TSM. Segundo Cangar et al.
dessa linhagem apresentar menor co- (2008) a vascularização superficial está
bertura de penas, e esta cobertura age diretamente relacionada ao acréscimo
como uma camada isolante, portanto da temperatura superficial em aves,
animais mantidos em temperaturas que é diretamente afetado pela tem-
abaixo da ZCT, quanto menor a cober- peratura do ar (Tabela 1).

Tabela 1. Média de interação temperatura X linhagens.


Temperatura Pescoço
Carijó CPK Tricolor
ambiente pelado
18°C 27,8 dB 27,4 dB 28,7 dA 27,7 dB
23°C 29,6 cA 29,0 cB 30,0 cA 29,1 cB
28°C 32,3 bB 33,0 bA 32,1 bB 32,9 bA
32°C 36,9 aB 36,6 aB 37,9 aA 36,0 aC
Não foi aplicado o teste de comparação de médias por que o F de interação não foi significativo.
Letras minúsculas diferentes nas colunas representam diferenças significativas ao nível de 5%
de probabilidade pelo teste de Tukey. (dms=0,54). Letras maiúsculas diferentes nas linhas repre-
sentam diferenças significativas ao nível de 5% de probabilidade pelo teste de Tukey. (dms=0,54)

Conclusão apresentam variação na temperatura


A partir do mapeamento infraver- de superfície, conforme a região cor-
melho pode-se concluir que as dife- poral, sendo as áreas desprovidas de
rentes linhagens de frangos caipiras penas importantes sítios de termólise,

Anais SIAVS 2015 - Análise termográfica de frangos caipiras mantidos sob diferentes temperaturas
- 191 -
em altas temperaturas. A temperatura tura do ar e difere estatisticamente em
superficial média de frangos de corte relação a diferentes níveis de tempera-
aumenta com o aumento da tempera- tura ambiente.

Referências bibliográficas

COSTA, E. M. S.; Dourado, L. R. B.; Merval, R. R. Medi- mai./jun. 2005.


das para avaliar o conforto térmico em aves. Pu- NÄÄS, I. A. et al. Broilers surface temperature dis-
blicações em Medicina Veterinária e Zootecnia,
tribution of 42 day old chickens. Scientia Agricola,
v.6, 2018, 2012.
Piracicaba, v. 67, n. 5, p. 497-502, sep./oct., 2010.
DAHLKE, F. et al. Empenamento, níveis hormonais
de triiodotironina e tiroxina e temperatura corpo- RICHARDS, S.A. The significance of changes in
ral de frangos de corte de diferentes genótipos the temperature of the skin and body core of the
criados em diferentes condições de temperatu- chicken in the regulation of heat loss. Journal of
ra. Ciência rural, Santa Maria, v. 35, n. 3, p. 664-670, Physiology, v. 216, n. 1, p. 1-10, jul. 1971.

Anais SIAVS 2015 - Análise termográfica de frangos caipiras mantidos sob diferentes temperaturas
- 192 -

AVALIAÇÃO DA RESISTÊNCIA DA CASCA DE OVOS


DURANTE O TRANSPORTE

R Costa Silva2; KT Andrade Araújo*1;


D Lopes de Oliveira1; JW Barbosa do Nascimento2;
N Luiz Camerini3
1
Unidade Acadêmica de Engenharia Agrícola;
Universidade Federal de Campina Grande; Campina Grande/PB
2
Universidade Federal Rural de Pernambuco; Serra Talhada/PE
3
Universidade Federal Fronteira do SulErechim/RS - UFFS

Abstract Introdução
With the evolution and development A produção de ovos de galinha, acom-
in the Brazilian poultry sector, not only panhando a evolução de pesquisas e
the quality of the welfare of the birds desenvolvimento de projetos inovado-
but also eggs for human consumption res, vem ganhando espaço expressivo a
has been studied in order to provide cada ano no mercado nacional e inter-
better food safety for consumers. Thus, nacional, bem como o melhoramento
this research aimed to evaluate the ex- do bem-estar das aves, o que possibilita
ternal quality parameter egg, the shell, melhores condições na produção. O
to their resistance with respect to the Brasil sendo um país de clima tropical
breakdown after the eggs are submit- e quente em maior parte do seu territó-
ted to the transport between the farm rio, dentro do contexto de pós-postura,
and warehouse. The results showed no não oferece a normativa para refrigera-
significant difference for this parameter ção de ovos, os quais são acondiciona-
in the studied trips. dos desde o momento da postura até

Anais SIAVS 2015 - Avaliação da resistência da casca de ovos durante o transporte


- 193 -
a distribuição final, em temperaturas os ovos está localizada no município de
que são muito variáveis dependendo Esperança, sendo transportados para
da região e da estação do ano. Assim, três cidades: Queimadas, Juazeirinho e
o objetivo desse trabalho foi de avaliar Serra Branca, durante os meses de abril
o parâmetro resistência à compressão (período seco) e setembro (período
da casca dos ovos após submetidos ao chuvoso) de 2013. As análises labora-
transporte. toriais foram feitas no Laboratório de
Construções Rurais e Ambiência (La-
CRA), na Universidade Federal de Cam-
pina Grande – PB. Foram utilizados ovos
Material e Métodos de poedeiras semipesadas da linhagem
O trabalho foi realizado nas regiões do Lohmann (Brown). As distâncias, o tem-
Agreste, Cariri e Seridó do estado da Pa- po de duração e o horário do transpor-
raíba, e a granja onde foram coletados te dos ovos estão descritos na Tabela 1.

Tabela 1. Trajetos, distâncias percorridas e tempo de duração das distribuições de ovos da granja
até o entreposto.
Cidades Distância (km) Tempo de duração (h) Horário
Esperança – Queimadas 43,0 1,00 8:15 – 9:15
Esperança – Juazeirinho 100,0 3,50 9:00 – 12:30
Esperança – Serra Branca 120,0 4,00 8:30 – 12:30

Amostras testemunhas foram coletadas ferro e parafusos, tornando-a adequada


na própria granja e analisadas no labo- para mediação da força compressiva de
ratório. O caminhão de transporte utili- ruptura da casca do ovo. Os ovos eram
zado foi um caminhão modelo F4000 apoiados nos sentidos longitudinal e
da Ford, possuindo carroceria revestida transversal entre as placas, e a máquina,
com lona de vinil impermeável, onde ao ser ligada, fazia com que as hastes
não apresentava nenhum sistema de fossem arrastadas com velocidade de 2
aclimatação interno controlado. Para a mm.min-1, realizando a compressão no
determinação da resistência da casca ovo até haver a ruptura de sua casca
dos ovos foi utilizado uma máquina de
cisalhamento conectado a um com-
putador (para transmissão dos dados
através de um sistema de aquisição de Resultados e Discussão
dados - Spider 8) interligado ao equipa- Os valores médios de resistência à
mento de cisalhamento, no Laboratório compressão da casca do ovo nos sen-
de Construções Rurais e Ambiência (La- tidos longitudinal (diâmetro maior) e
CRA). A máquina recebeu uma adapta- transversal (diâmetro menor) dos ovos
ção para o experimento com ovos, sen- (Tabela 2) não apresentaram diferença
do adicionadas duas placas e hastes de significativa em ambos os períodos nas

Anais SIAVS 2015 - Avaliação da resistência da casca de ovos durante o transporte


- 194 -
distâncias avaliadas. A média dos valores do entre as condições bioclimáticas e
das testemunhas da granja foi de 31,86 o tempo das viagens não foi suficiente
N e 29,79 N no período seco e chuvo- para afetar a força necessária para ocor-
so, respectivamente. O efeito combina- rer a ruptura da casca dos ovos.

Tabela 2. Média dos parâmetros de qualidade dos ovos: resistência à compressão longitudinal
dos ovos (R Long) e resistência à compressão transversal dos ovos (R Trans) em comparação entre
as amostras finais e as testemunhas.
Período seco Período chuvoso Período chuvoso
Distância R Long (N) R Trans (N) Distância R.Long (N) R. Trans (N)
Testemunha 31,86 27,53 Testemunha 29,79 31,05
1 29,91 25,53 1 26,90 28,58
2 29,06 27,78 2 28,76 29,84
3 29,03 29,69 3 31,75 31,16
C.V(%) 17,18 15,24 C.V(%) 11,90 13,78
As médias seguidas por um asterisco diferem significativamente da testemunha, a 5% de proba-
bilidade, pelo teste de Dunnett.

OLIVEIRA (2012) explana que o estudo da ram valores de resistência longitudinal


determinação de resistência à compres- entre 25,28 e 30,88 N e para a resistência
são da casca do ovo é de grande impor- transversal de 25,04 a 27,38 N.
tância para o setor avícola, haja vista que
a maioria das avaliações de qualidade
da casca é relacionada com resistência
à compressão, porque quebras e perfu- Conclusão
rações são as principais causas de perda No parâmetro de qualidade externa
econômica. SILVA et al. (2012), analisando dos ovos resistência a compressão (à
a influência da temperatura do ambien- quebra) nos dois períodos avaliados,
te e da água na força de ruptura da casca não houve diferença estatística entre as
dos ovos de galinhas poedeiras, verifica- viagens.

Referências bibliográficas

OLIVEIRA, D. L. Desempenho e qualidade de SILVA, R.C.; NASCIMENTO, J.W.B.; OLIVEIRA, D.L.,


ovos de galinhas poedeiras criadas em gaiolas CAMERINI, N.L.; A. FURTADO, D.A. Força de ruptu-
enriquecidas e ambiente controlado. 2012, 87f. ra da casca do ovo em função das temperaturas
Dissertação (Mestrado em Engenharia Agrícola) da água e do ambiente. Associação Brasileira de
- Universidade Federal de Campina Grande, Cam- Educação Agrícola Superior - ABEAS - v.27, n.1,
pina Grande, 2012. p.13-18, 2012.

Anais SIAVS 2015 - Avaliação da resistência da casca de ovos durante o transporte


- 195 -

O ESTRESSE AGUDO POR CALOR COMPROMETE O


DESEMPENHO DE SUÍNOS EM CRESCIMENTO

RF Oliveira*; RF Chaves; M Resende; BPVP Ribeiro;


RHR Moreira; MP Gionbelli; RA Ferreira,
Departamento de Zootecnia (DZO), Universidade Federal de Lavras (UFLA)
Lavras,/MG

Abstract Introdução
This work had up to evaluate the effect Nas criações brasileiras, na maior par-
of acute heat stress on performance of te do ano, os suínos estão sujeitos aos
growing pigs. We used 24 pigs cross- efeitos negativos do estresse por calor
bred barrows, distributed in a randomi- sendo as fases de crescimento e termi-
zed block design, with two treatments nação mais prejudicadas em razão de
being: 1 treatment, thermal comfort sua alta termogênese. As previsões de
(22ºC) and treatment 2, heat (34°C), with mudanças climáticas globais projetam
six replications. The animals were hou- um aumento de temperatura ambien-
sed for 48 hours in growth chambers te com o passar dos anos, com isso os
with total control of temperature, relati- problemas do calor relacionados ao es-
ve humidity and air exchange. The acu- tresse na produção animal, irão aumen-
te heat stress induced a reduction of tar no futuro. Quando a temperatura
average feed intake after 48 hours of ac- ambiente se aproxima da temperatura
commodation and reduction of mean corporal, a manutenção da homeoter-
weight gain during the first 24 hours mia torna-se difícil para o animal.
compared to the host animals housed
in a thermal comfort. Acute heat stress A redução no consumo de ração de suí-
in 48 hours affects the performance of nos sob estresse por calor é o um meca-
pigs in the growth phase. nismo importante para manter o equi-

Anais SIAVS 2015 - O estresse agudo por calor compromete o desempenho de suínos em crescimento
- 196 -
líbrio térmico, especialmente quando cos casualizados, constituindo-se dois
a temperatura ambiente está acima tratamentos (conforto térmico de 22ºC e
da crítica superior para a categoria. Isto estresse por calor de 34ºC), com seis re-
ocorre porque o declínio do consumo é petições por tratamento sendo a unida-
o mecanismo mais eficaz para diminuir de experimental composta por dois ani-
a termogênese (Collin et al., 2001). mais na baia. O peso inicial foi utilizado
como critério para formação dos blocos.
Os suínos quando mantidos na zona
O período experimental teve duração de
de conforto térmico a produção de
48 horas. Todos os animais receberam
calor é relativamente estável e maior
dieta formulada a base de milho e farelo
proporção da energia ingerida pode
de soja, suplementada com vitaminas e
ser direcionada para expressão de seu
minerais, para atenderem às exigências
potencial genético de desempenho.
mínimas sugeridas pelas Tabelas Brasi-
Por outro lado, animais alojados em am-
leiras de exigências nutricionais para su-
biente quente necessitam gastar ener-
ínos editadas por Rostagno et al. (2011).
gia para resfriar o corpo, tendo como
Foram considerados as recomendações
consequência, piora no desempenho.
para machos castrados de alto potencial
Desta forma, foi avaliado se o estresse
genético com desempenho médio dos
agudo por calor influencia o desem-
30 a 60 kg. A temperatura e a umidade
penho e parâmetros fisiológicos de
relativa das câmaras foram monitoradas
suínos na fase de crescimento, além de
demonstrar em que ponto eles iniciam durante todo o período experimental,
sua adaptação fisiológica. com uso de termohigrômetros e termô-
metros de globo negro. Os equipamen-
tos foram instalados à meia altura dos
animais no galpão experimental. Os va-
Material e Métodos lores registrados foram, posteriormente,
Um experimento foi conduzido no se- utilizados para o cálculo do ITGU (Índice
tor de suinocultura da Universidade de Temperatura de Globo e Umidade). A
Federal de Lavras (UFLA) utilizando-se ração fornecida, as sobras e o desperdí-
24 suínos híbridos comerciais machos cio foram pesados para determinação
castrados, de alto potencial genético. Os do consumo de ração médio (CRM). Os
animais, com peso médio inicial de 30,47 animais foram pesados no início, após 24
kg, foram alojados em duas câmaras cli- horas e 48 horas, para determinação do
máticas com capacidade de controle ganho de peso médio diário (GPM). Os
de temperatura, umidade e ventilação. dados foram analisados através de um
Cada câmara possui seis baias experi- modelo misto contendo o tratamento
mentais com piso de concreto, área útil como efeito fixo e baia como efeito ale-
de 2,3 x 1,5m, dotadas de comedouros atório. Todas as análises foram realizadas
semi-automáticos e bebedouros do tipo utilizando-se o procedimento MIXED do
chupeta. Os suínos foram distribuídos SAS (SAS System, Cary, NC) a 5% de pro-
em delineamento experimental de blo- babilidade de ocorrência do Erro Tipo I.

Anais SIAVS 2015 - O estresse agudo por calor compromete o desempenho de suínos em crescimento
- 197 -
Resultados e Discussão
Os resultados de desempenho obser- agudo por calor são apresentados na
vados em suínos mantidos em estresse Tabela 1.

Tabela 1: Valores de desempenho observados de suínos em crescimento mantidos em estresse


agudo (48h) por calor
Variável (kg) Conforto Calor EPM* P-valor**
Peso inicial 30,5 30,5 0,6 0,81
Peso 24h 32,1 31,4 0,6 0,06
Peso 48h 33,2 32,5 0,7 0,02
0-24h
Consumo de ração 2,0 1,8 0,1 0,06
Ganho de peso 1,7 0,9 0,3 0,05
24-48h
Consumo de ração 1,7 1,5 0,1 0,05
Ganho de peso 1,1 1,1 0,2 1,00
0-48h
Consumo de ração 1,9 1,7 0,1 0,03
Ganho de peso 1,4 1,0 0,1 0,02
*Erro padrão da média /**Médias diferem estatisticamente entre si, ao nível de 5% de probabilidade.

Pode-se observar, de maneira geral, que O estresse agudo por calor também pio-
o estresse agudo por calor provocou rou o GPM nas primeiras 24 h de alojamen-
piora tendenciosa no CRM no primei- to (P=0,05), o que refletiu na piora do GPM
ro dia de alojamento (P=0,06), e uma total (p=0,02). O GPM dos animais man-
redução comprovada no segundo dia tidos em estresse por calor foi em média
(P=0,05), refletindo em piora no CRM no 47% menor nas primeiras 24 h, refletindo
período total (p=0,03). De acordo com em uma média de 28% menor do GPM
os resultados houve uma redução de total, provocando um peso final (48h) in-
37% no CRM no primeiro dia, 11,7% no ferior comparado com os animais alojados
segundo dia e 10 % no período total. A em conforto térmico (p=0,02). A redução
redução do consumo de alimento ob- do ganho de peso verificada neste estudo
servada em suínos submetidos a tem- confirma a hipótese de que animais man-
peraturas ambientais elevadas, prova- tidos em ambiente com temperatura aci-
velmente, é um mecanismo de defesa ma da faixa de termoneutralidade utilizam
do organismo para redução da produ- ajustes comportamentais e fisiológicos
ção de calor resultante dos processos para favorecer o balanço de calor, o que
digestivos e metabólicos (Le Bellego et compromete o seu desempenho (Kiefer
al., 2002). et al., 2005). No entanto, de acordo com
Anais SIAVS 2015 - O estresse agudo por calor compromete o desempenho de suínos em crescimento
- 198 -
os resultados de ganho de peso obtidos, Conclusão
o efeito negativo dos ajustes metabólicos O estresse agudo por calor em 48 horas
sobre o desempenho dos animais expos- compromete o desempenho de suínos
tos a alta temperatura foi em função da na fase de crescimento.
intensidade do estresse.

Referências bibliográficas

COLLIN, A.; J. VAN MILGEN; S. DUBOIS; J. NOBLET.. sileira de Zootecnia, v.34, p.104-111, 2005.
Effect of high temperature on feeding behaviour LE BELLEGO, I.; Van MILGEN, J.; NOBLET, J. Effect of
and heat production in group-housed young pig. high temperature and low-protein diets on the
British Journal Nutrition. v 86, p. 63–70, 2001. performance of growing-finishing pigs. Journal of
KIEFER, C.; FERREIRA, A.S.; OLIVEIRA, R.F.M. et al. Animal Science, v.80, n.3, p.691-701, 2002.ROSTAG-
Exigência metionina mais cistina digestíveis para NO, H. S. (editor); ALBINO, L. F. T.; DONZELE, J. L.; et al.
suínos machos castrados mantidos em ambiente Tabelas Brasileiras para Aves e Suínos. Viçosa:UFV,
de alta temperatura dos 30 aos 60 kg. Revista Bra- Departamento de Zootecnia, 252p, ed.3. 2011.

Anais SIAVS 2015 - O estresse agudo por calor compromete o desempenho de suínos em crescimento
- 199 -

PROGRAMAS DE LUZ SOBRE O COMPORTAMENTO


DE SUÍNOS EM CRESCIMENTO

RA Ferreira; RF Oliveira*; BPVP Ribeiro;


EJ Fassani; VS Cantarelli; MLT Abreu
Departamento de Zootecnia (DZO),
Universidade Federal de Lavras (UFLA), Lavras/MG

Abstract of dark for day (15L:9D), 19L:5E: 19 hours


It was done on an experiment aiming of light per day (19L:5D), 23L:1E: 23hou-
to evaluate the use of lighting pro- rs of light per day (23L:1D). The expe-
grams on the behavior and performan- riment lasted 45 days.The diets were
ce of growth pigs. The experiment was formulated to meet the requirements
conducted at the swine sector of UFLA, of the animals according to the Brazi-
Lavras, MG, Brazil, using 48 castrated lianTables 2011.The variables analyzed
male pigs with an average initial weight were the animals’ behavior(drinking,
of 29.99±0.05kg and 76.66±0.84kg. The rooting, leisure and eating). The use of
animals were housed in groups of two lighting programs for growing pigs
in each pen, forming the experimental caused a modification in their behavior,
unit. The animals were distributed in making them more active, especially at
randomized blocks, according to the ini- night. Programmes light did not affect
tial weight in four treatments (lighting the behaviour of these animals, making
programs): LN: natural light (control-LN), un necessary the use of supplemental
15L:9E: 15 hours of light and nine hours light for growing pigs.

Anais SIAVS 2015 - Programas de luz sobre o comportamento de suínos em crescimento


- 200 -
Introdução Material e Métodos
A suinocultura se torna a cada dia uma Um experimento foi realizado no setor
atividade mais produtiva devido ao de suinocultura da Universidade Fede-
avanço nas áreas de nutrição, genética ral de Lavras, localizada no município de
e manejo. Atualmente, as questões am- Lavras, MG.
bientais, a segurança alimentar e o bem
O experimento foi conduzido com 48
estar animal vem sendo considerados
suínos híbridos comerciais em fase de
os três maiores desafios do setor. Com
crescimento, com peso médio inicial de
isso, a cada dia, há maior preocupação
29,99±0,05kg. Os suínos foram alojados
com o efeito que o ambiente pode
em galpão de alvenaria possuindo 24
exercer sobre o comportamento dos baias. As baias, com 3m2 de área útil
animais. cada, possuíam piso de concreto com-
O fotoperíodo tem grande importância pacto, equipadas com bebedouros do
em muitas espécies de interesse zoo- tipo chupeta e comedouro semi-auto-
técnico. Os ritmos diários de atividade mático.
dos animais são fortemente influencia- As condições ambientais do galpão
dos e determinados pelas condições foram monitoradas diariamente sendo
de iluminação no prazo de 24 horas. observadas temperatura de bulbo seco,
Embora o ritmo circadiano endógeno umidade relativa, temperatura de globo
seja influenciado por fatores externos, negro por meio de estação meteoroló-
incluindo a luz, a literatura sobre os efei- gica portátil modelo Oregon Scienti¬c
tos da iluminação, em suínos, é relativa- WMR928NX e termômetro de globo
mente escassa. negro instruterm, sendo os dados utili-
zados para cálculo do ITGU (índice de
Os estudos sobre a influência da luz su- temperatura de globo e umidade).
plementar em relação ao bem-estar dos
suínos são poucos e contraditórios. No Os animais foram distribuídos em deli-
Brasil, poucos estudos foram realizados neamento em blocos casualizados, de
avaliando os efeitos do fornecimento acordo com o peso inicial, em quatro
de luz para suínos (Sousa Jr, et al. 2011). tratamentos (programas de luz) sendo
a unidade experimental composta por
Assim, estudos são necessários para dois suínos machos por baia com seis
que melhor se compreenda o efeito de repetições por tratamento. Os quatro
agentes ambientais sobre o comporta- tratamentos foram: luz natural (LN com
mento de suínos. Para tanto, um estudo 12h de luz); programa de luz com su-
foi conduzido com o objetivo de avaliar plementação de luz artificial totalizando
a influência de diferentes programas 15 horas de luz e nove horas de escuro
de luz sobre as características compor- (15L:9E); programa de luz com 19L:5E e
tamentais de suínos em fase de cresci- programa de luz com 23L:1E. A ilumi-
mento. nação artificial foi provida por meio de

Anais SIAVS 2015 - Programas de luz sobre o comportamento de suínos em crescimento


- 201 -
lâmpadas fluorescentes compactas de mais, os resultados de observação das
25 W cada, sendo utilizada uma lâmpada imagens foram digitalizados em planilha
para três baias, sobre a parede divisória eletrônica elaborada com as atividades
das mesmas, a uma altura de 2 m do piso, pré-determinadas baseado nos atos de
responsáveis pelo fornecimento médio comer, beber, fuçar e ócio. Foi utilizada
de 29 lux ao nível dos olhos dos suínos. estatística não paramétrica, descreven-
A ração foi formulada à base de milho do os comportamentos em frequência
e farelo de soja de modo a atender as de realização (%) sendo os dados anali-
exigências dos animais (Rostagno, et al., sados pelo teste de Friedman com sig-
2011). A ração e a água foram fornecidas nificância de 5%, utilizando-se o pacote
à vontade. Uma vez por semana foram computacional Action 2.0.
verificadas as características de com-
portamento dos suínos por meio do
uso de etograma específico com avalia-
Resultados e Discussão
ção de imagens captadas em intervalo
de um minuto durante o período de 24 A temperatura média, umidade relativa
horas ininterruptas sendo capturadas do ar e o ITGU foram respectivamente:
por câmaras digitais da marca sony ins- 21,2±2,92ºC, 71,0±10,80%, 67,9±3,64. O
taladas em todo galpão experimental e valor está próximo à zona de conforto
as imagens eram armazenadas em gra- térmico (ZCT) para suínos em cresci-
vador modelo Stand Alone DVR. mento (Ferreira, 2011).

Para se obter a frequência percentual Os resultados da avaliação comporta-


do repertório comportamental dos ani- mental são apresentados na Tabela 1.

Tabela 1: Ocorrência (%) dos comportamentos observados em suínos em crescimento mantidos


em diferentes programas de luz ao longo do período nictemeral
Programas de luz 1
Comportamento
LN 15L:19E 19L:5E 23L:1E
Fuçando2 3.57 3,54 3,50 3,17
Comendo2 7,24 7,30 6,84 7,86
Bebendo2 1,44 1,77 1,34 1,85
Ócio2 87,75 87,39 88,32 87,12
Total (%) 100 100 100 100
1
LN: Luz natural; 15L:9E (15 horas de luze nove de escuro); 19L:5E (19 horas de luz e cinco de escu-
ro); 23L:1E (23 horas de luz e uma de escuro).
2
Não diferiram estatisticamente pelo teste de Friedman (P > 0,05).

Pode-se observar, de maneira geral, que 87,64% do período, o que corresponde


todos os animais passaram a maior par- a 21,03 horas por dia ou 21horas e 02
te do seu tempo em ócio, em média minutos por dia (21h02min/d). A se-

Anais SIAVS 2015 - Programas de luz sobre o comportamento de suínos em crescimento


- 202 -
gunda maior atividade mostrada foi in- do e dormindo, quando submetidos ao
gestão de ração (01h45min/d), seguida confinamento.
pelo ato de fuçar (00h50min/d) e, por
Ao analisar os resultados, nota-se que
último, “beber” (00h23min/d).
o fornecimento de luz artificial não in-
Este período de ócio é importante, fluenciou (P>0,05) o comportamento
também, para reparação dos níveis nor- dos animais.
mais das atividades neuronais (Guyton
& Hall, 2006). O resultado apresentado
está de acordo com (Broom & Fraser, Conclusão
2010), que mostram que dentre todos O uso de programas de luz para suí-
os animais de produção, os suínos são nos em crescimento não influenciou o
os que gastam mais tempo descansan- comportamento dos animais.

Referências bibliográficas

BROOM D.M.; FRASER, A. F. Comportamento e ROSTAGNO, H. S. (editor); ALBINO, L. F. T.; DONZELE,


bem-estar de animais domésticos. 4ª edição. (p. J. L.; et al. Tabelas Brasileiras para Aves e Suínos.
452). São Paulo – Manole, 2010. Viçosa:UFV, Departamento de Zootecnia, 252p,
FERREIRA, R.A. Maior produção com melhor am- ed.3. 2011.
biente para aves, suínos e bovinos. Viçosa, MG. SOUSA JÚNIOR, V.R.; ABREU, P.G.; COLDEBELLA, A.,
Aprenda Fácil, 374p, 2ª edição 2011. et al. Luz artificial no desempenho de leitões na
GUYTON, A.C.; HALL, J.E. Tratado de Fisiologia Mé- fase de creche. ActaScientiarum Animal Sciences.
dica. 11ª ed. Rio de Janeiro, Elsevier Ed., 2006. Maringá, v. 33, n. 4, p. 403-408, 2011.

Anais SIAVS 2015 - Programas de luz sobre o comportamento de suínos em crescimento


- 203 -

Faixas de conforto térmico em função


da idade dos frangos

A Coldebella; PG de Abreu; JI dos Santos Filho*


Pesquisadores da Embrapa Suínos e Aves

Abstract poultry houses with nine different tech-


Currently, small incremental gains ac- nological standards, located in the sta-
count for large impacts on supply tes of Santa Catarina and Paraná. The re-
chains of large scale, such as in the case sults obtained in this study allowed the
of poultry production in Brazil. This also identification of environmental comfort
applies to the ambience of the poultry ranges for rearing chickens that allow
houses. The recommended comfort better association with the economic
ranges for chicken production are old efficiency index (EEI) than those recom-
and, besides, are based in experiments mended by the literature.
carried out abroad. Furthermore, the
chicken raised in the 70’s and 80’s was
different from the current chicken. The-
refore, the aim of this study was to de- Introdução
termine the thermal comfort ranges for A avicultura de corte teve o seu desen-
the enthalpy and for the black globe volvimento no Brasil e no mundo alicer-
temperature and humidity index, using çado pela grande evolução na geração
field data. Air temperature, relative hu- e adoção de tecnologias. Se até o sécu-
midity and growth performance of 50 lo passado a genética, sanidade e nutri-
lots of chickens were obtained in nine ção foram os grandes expoentes desta

Anais SIAVS 2015 - Faixas de conforto térmico em função da idade dos frangos
- 204 -
evolução no século XXI a ambiência para coletar os dados de temperatu-
ganha destaque. Desta forma é neces- ra e umidade do ar, a cada duas horas,
sário cada vez mais conhecer os impac- durante o período de criação das aves.
tos da melhoria em ambiência sobre Também foram obtidos dados de peso
o desempenho técnico e econômico corporal médio, viabilidade, conversão
dos planteis. O controle ambiental das alimentar e idade das aves ao abate.
instalações está se tornando cada vez
mais uma realidade dentro das criações, Para definir as faixas de conforto térmico
sendo necessário reavaliar os parâme- em função da idade dos frangos, foi cons-
tros de conforto térmico e ambiental truído um modelo para calcular o coefi-
considerando dados diretamente da ciente de correlação entre o percentual
produção. Os parâmetros referenciais de avaliações dentro da faixa de conforto
de conforto térmico dos frangos uti- e o índice de eficiência econômica (IEE). A
lizados atualmente são baseados em ideia central do problema era maximizar a
informações antigas (década de 70 e correlação entre o conforto (baseado em
80), produzidas no exterior e de forma faixas semanais) e o desempenho zootéc-
experimental. Por outro lado, com base nico baseado no IEE.
no conhecimento empírico, empresas A % de conforto térmico de cada lote
criaram suas próprias tabelas de faixa de frango foi calculado como segue –
de conforto térmico. Desta forma, o ob- sendo que: é uma variável igual a 0 se
jetivo do presente trabalho foi definir a temperatura estiver fora da faixa de
faixas de índices de conforto térmico conforto; e igual a 100 se a temperatura
que maximizem o desempenho zoo-
estiver dentro da faixa de conforto; é o
técnico da produção de frangos.
número total de avaliações realizadas
por todos os dataloggers em cada lote.

O IEE foi calculado utilizando-se a se-


Material e Métodos
guinte equação:
Os dados utilizados no trabalho foram
provenientes do acompanhamento de A partir dos valores iniciais de faixas
nove aviários com diversos padrões tec- temperatura ambiental recomendadas
nológicos (convencional, pressão nega- por Curtis (1983) (35oC na primeira se-
tiva, dark-house e blue-house), os quais mana com redução de 3oC por sema-
estavam localizados no Oeste do Paraná na), foi utilizado o algoritmo genético
e de Santa Catarina. Os aviários foram do software Evolver (Palisade Corpora-
acompanhados durante seis lotes nos tion, 2010) para maximizar a correlação
anos de 2012 à 2014, totalizando 50 lo- linear entre a % de conforto térmico e
tes de frango, cujo abate ocorreu dos 37 o IEE, através da simulação dos parâ-
até os 55 dias de idade das aves. Foram metros das faixas de conforto térmico,
utilizados 15 dataloggers distribuídos pressupondo uma redução linear da
ao longo de cada aviário programados temperatura de conforto mínima e da

Anais SIAVS 2015 - Faixas de conforto térmico em função da idade dos frangos
- 205 -
amplitude de conforto até atingir um A Entalpia foi calculada como segue
platô, mantendo a temperatura míni- sendo:
ma e a amplitude de conforto a partir
desse platô. Foram efetuadas 200 mil
simulações para cada um dos índices Resultados e Discussão
utilizados.
As faixas de conforto que maximizaram a
O mesmo procedimento foi utilizado correlação entre o percentual de tempo
para encontrar as faixas de conforto em que as aves foram mantidas dentro
para o índice de temperatura de globo do conforto e o IEE são apresentadas na
e umidade (ITGU) e para a Entalpia. O Tabela 1. A correlação obtida é superior
ITGU foi calculado como segue (Buffin- àquela obtida usando as recomendações
gton 1981): de Curtis (1983), no caso da temperatu-
ra, cujo coeficiente de correlação foi de
ITGU=TGN+0,36.TPO-330,08, 0,509. Como pode ser verificado na tabela
1, a amplitude térmica obtida na simula-
Sendo: TGN = 0,456+1,0335.TBS+273, a ção em cada semana foi de 4,7, 4, 3,5, 3,
temperatura do globo negro em ºK es- 2,5 1,9 e 1,4oC, respectivamente, enquan-
timada conforme explicitado em Abreu to que para as recomendações de Curtis
. (2011); (1983) a amplitude da temperatura para
cada semana era fixa e de 3oC. Dentre os
TPO=((TBS-(14,55+0,114.TBS).(1-(0,01. índices avaliados o ITGU foi o que apre-
UR))-((2,5+0,007.TBS).(1-(0,01*UR)))3- sentou maior valor de correlação com o
(15,9+0,117.TBS).(1-(0,01.UR))14))+273 IEE, seguido da Entalpia e temperatura.
a temperatura do ponto de orvalho em Dessa forma, sugere-se considerar o ITGU
ºK; TBS a temperatura do bulbo seco em como sendo o melhor índice de referên-
ºC e UR a umidade relativa do ar (%). cia para obtenção do maior IEE.

Tabela 1: Limites mínimos e máximos de Temperatura, ITGU e Entalpia que permitem maior cor-
relação com IEE.
Idade Curtis (1983) Temperatura (ºC) ITGU Entalpia
(Semana) Mínimo Máximo Mínimo Máximo Mínimo Máximo Mínimo Máximo
1 32 35 30,8 35,5 82,7 100,2 77,4 92,0
2 29 32 28,4 32,4 78,5 92,9 73,5 86,0
3 26 29 25,9 29,4 74,3 85,7 69,7 79,9
4 23 26 23,4 26,4 70,1 78,5 65,9 73,9
5 20 23 20,9 23,4 65,8 71,3 62,1 67,9
6 20 20 18,5 20,4 61,6 64,1 58,3 61,8
7 ou mais 20 20 16,0 17,4 61,6 64,1 58,3 61,8
Correlação
0,509 0,5912 0,6463 0,6435
com IEE

Anais SIAVS 2015 - Faixas de conforto térmico em função da idade dos frangos
- 206 -
Conclusão frangos que permitem melhor associa-
Os resultados obtidos no presente tra- ção com o índice de eficiência econô-
balho permitiram identificar faixas de mica do que aqueles recomendados
conforto ambiental para criação de pela literatura.

Referências bibliográficas

ABREU, PG; ABREU, VMN; FRANCISCON, L; COLDE- CURTIS, S. E. Environmental management in


BELLA, A. Estimativa da temperatura de globo animal agriculture. Ames: Iowa State University
negro a partir da temperatura de bulbo seco. En- Press, 1983. 409p.
genharia na agricultura, v. 19, n. 6, p. 557-563, 2011.
Palisade Corporation. Manual do Usuário Evolver
BUFFINGTON, D.E.; COLLASSO-AROCHO, A.; CAN-
TON, G.H. et al. Black globe-humidity index (ITGU) Solver de Algoritmo Genético para o Microsoft
as comfort equation for dairy cows. Trans. ASAE, Excel. Ithaca, NY: Palisade Corporation. Setembro,
v.24, p.711-714. 1981. 2010. 225 p.

Anais SIAVS 2015 - Faixas de conforto térmico em função da idade dos frangos
Nutrição
207 a 317
- 208 -

ácido ascórbico IN OVO E alta


temperatura de incubação SOBRE PARâMETROS
SANGUÍNEOS de frangos de corte CRIADOS
EM ESTRESSE TÉRMICO

S Sgavioli1*; TI Vicentini2; CH de F Domingues2;


JBM Júnior2; VR de Almeida2; GL Zaniratu2;
RG Garcia1; IC Boleli2
1
Faculdade de Ciências Agrárias, Universidade de Grande Dourados,
Dourados/MS
2
Departamento de Morfologia e Fisiologia Animal, Faculdade de
Ciências Agrárias e Veterinárias, Universidade Estadual Paulista,
Jaboticabal/SP

Abstract
values were higher with the temperatu-
One thousand hatching eggs of broiler re increase. The pH of the chicken eggs
breeding stock (Cobb®) were subjected incubated at 39°C and injected with AA
to three treatments during incubation were higher in hot temperature when
(eggs were incubated at 37.5°C without compared to the cold temperature.
injection of ascorbic acid (AA); eggs in- High incubation temperature, with or
cubated at 39°C without injection of AA; without injection of AA during the pre
eggs incubated at 39°C and injected -incubation, had induced adaptations in
with 6 μg of AA/100 uL of water). After the electrolytic balance of the birds, not
hatching, these chicks were raised under promoting the occurrence of respiratory
cold, thermo-neutral and hot tempera- alkalosis in chickens that were raised un-
ture. Blood parameters of broilers at 41 der the hot temperature.
days of age were analyzed. The pvCO2
values were higher in birds raised in the Keywords: hatching eggs, epigenetic
hot temperature than the chicks raised adaptation, hot, stress, thermal manipu-
under the cold temperature. The pvO2 lation, vitamin C

Anais SIAVS 2015 - Ácido ascórbico in ovo e alta temperatura de incubação sobre parãmetros sanguíneos...
- 209 -
Introdução antes da incubação) e 3 temperaturas
O crescimento pós-eclosão das linha- de criação (fria, termoneutra e quente).
gens de frango com alta taxa de cresci- Para isso, 1.000 ovos férteis de frango
mento pode ser influenciado por estres- de corte (Cobb®) (Globoaves, Itirapina,
se por calor, devido à sua alta produção SP), provenientes de matrizes com 47
de calor metabólico e dificuldade para semanas de idade, foram distribuídos
manter sua normotermia sob altas tem- homogeneamente pelo peso em cin-
peraturas de criação. Manipulação da co incubadoras/tratamento (Premium
temperatura de incubação (Selim et Ecológica, IP200). Após eclosão, 540
al., 2012, Loyau et al., 2013) e aplicação pintos com um dia de idade (Cobb®),
de ácido ascórbico in ovo (Ghonim et machos e fêmeas, foram distribuídos
al., 2009; Sgavioli et al., 2013) têm sido em três câmaras climáticas, com 15
analisadas quanto seus efeitos como parcelas/câmara, 12 aves por parcela,
indutor de adaptação epigenética e resultando em 5 repetições por trata-
como antiestressor, respectivamente, mento. Os pintos foram criados do 1º
em frangos submetidos à condições de ao 42º dia de idade. As temperaturas
estresse por calor. Contudo, os efeitos de criação foram mantidas por meio
da associação entre alta temperatura de manejo de campânulas, monoblo-
de incubação e injeção de ácido ascór- cos e exaustores, e apresentaram os
bico in ovo sobre a resposta do frango valores da primeira até a sexta sema-
ao estresse por calor durante seu cres- na para cada temperatura de criação:
cimento pós-eclosão ainda não foram 1) fria: 32, 30, 26, 22, 18 e 14°C; 2) ter-
analisados. No presente estudo, foi ana- moneutra: 32, 31, 29, 27, 25, e 23°C, e 3)
lisada manipulação térmica contínua quente: 32°C durante todo o período.
durante a incubação (39°C), associada Durante todo o período experimental,
ou não à injeção de AA (6µg/100μL as aves receberam água e ração à von-
água) sobre parâmetros sanguíneos de tade. As rações foram à base de milho e
frangos de corte criados sob tempera- farelo de soja, reajustadas para as fases
tura fria, quente e termoneutra (preco- de criação (inicial: 1 a 21 dias; cresci-
nizada para a linhagem). mento: 22 a 42 dias de idade), seguindo
as exigências nutricionais estabelecidas
por Rostagno et al. (2011).
Material e Métodos Aos 41 dias de idade, 10 aves/tratamen-
O delineamento experimental foi in- to (2 aves/repetição) foram utilizadas
teiramente casualizado, em esquema na análise das variáveis sanguíneas: pH,
fatorial 3x3, com 3 tratamentos du- pressão venosa parcial de dióxido de
rante a incubação (ovos incubados à carbono (pvCO2, mmHg), pressão ve-
37,5ºC; ovos incubados à 39ºC; ovos nosa parcial de oxigênio (pvO2, mmHg),
incubados à 39ºC e injetados com 6 excesso de base (BEecf, mmol/l) e bicar-
μg de ácido ascórbico/100 μL de água bonato (HCO3-, mmol/l). Os dados das

Anais SIAVS 2015 - Ácido ascórbico in ovo e alta temperatura de incubação sobre parãmetros sanguíneos...
- 210 -
variáveis sanguíneas foram obtidos em Houve interação significativa (P<0,05)
analisador clínico portátil (i-STAT ®Co. entre os tratamentos da incubação e
– Abbott Laboratories – EUA, cartucho as temperaturas de criação para o pH
Cg8+®) imediatamente após coleta, uti- sanguíneo das aves. De acordo com a
lizando-se sangue retirado da veia ju- interação, pH sanguíneo dos frangos
gular com seringa contendo heparina de ovos injetados com AA e incubados
sódica. Os valores de pH, pvCO2, pvO2 à 39ºC foi maior sob criação à tempe-
foram corrigidos pela temperatura cor- ratura quente (7,44) do que à tempera-
poral superficial média (TSM), calculada tura fria (7,35).
pela fórmula: TSM = (0,12 x Tasa) + (0,03
x Tcabeça) + (0,15 x Tcanela) + (0,70 x O aumento no valor de BEecf, mas ain-
Tdorso), descrita por Richard (1971). da negativo, observado no presente
estudo, indica que os frangos de ovos
Os dados foram submetidos à análise incubados a 39ºC e injetados com AA
de variância através do procedimento estavam perdendo menos base que os
General Linear Model (GLM) do progra-
frangos de ovos incubados a 37,5ºC.
ma SAS® (SAS Institute, 2002). Em caso
de efeito significativo (5%), a compara- O aumento da pvO2 com o aumento
ção de médias foi realizada pelo teste da temperatura de criação deve ser
de Tukey. resultante do aumento da taxa respi-
ratória, haja vista que, está é uma das
respostas fisiológicas elicitadas pelas
Resultados e Discussão aves estressadas pelo calor para resta-
belecer sua temperatura corporal in-
Houve efeito significativo (P<0,05) das
terna (Salvador et al., 1999). Simultane-
temperaturas de criação sobre a pvCO2
amente ao aumento da pvO2, todavia,
e pvO2 sanguíneo de frangos, os valo-
res de pvCO2 foram maiores nas aves era esperado que também ocorresse
criadas sob temperatura quente (36,47 redução na pvCO2, em decorrência da
mmHg) do que fria (31,81 mmHg) e os hiperventilação pulmonar, mas isso
valores de pvO2 foram maiores com o não foi observado e, em vez disso,
aumento da temperatura de criação houve aumento simultâneo de pvO2 e
(27,43; 33,00; 41,20 mmHg, para fria, pvCO2 no sangue. Aumento na pvCO2
termoneutra e quente, respectivamen- gera queda de pH, mas isso só foi re-
te). Efeito significativo (P<0,05) dos gistrado para aves de ovos incubados
tratamentos de incubação ocorreram à 39ºC e injetados com AA. Contraria-
sobre os valores de BEecf , o qual foi mente ao esperado fisiologicamente,
maior nos frangos incubados à 39ºC não foram observados aumento de
(-3,80 mmol/l) do que à 37,5 ºC (-5,67 HCO3- (P>0,05) e redução na perda
mmol/l), não diferindo dos frangos de bases em resposta ao aumento de
de ovos incubados injetados com AA pvCO2 causado pelo aumento da tem-
e incubados à 39 ºC (-4,53 mmol/l). peratura de criação.

Anais SIAVS 2015 - Ácido ascórbico in ovo e alta temperatura de incubação sobre parãmetros sanguíneos...
- 211 -
Conclusão aves, não favorecendo a ocorrência da
Alta temperatura de incubação, asso- alcalose respiratória em frangos criados
sob temperatura quente. O manejo es-
ciada ou não à injeção de ácido ascór-
tabelecido durante a incubação auxilia
bico pré-incubação, induziu adaptações no controle de alterações fisiológicas de
epigenéticas no balanço eletrolítico das frangos de corte aos 41 dias de idade.

Referências bibliográficas

Ghonim, A.IA., Awad, A.L., Fattouh, M.H.A., El-Shhat, para aves e suínos: composição de alimentos e
A.M. 2009. Comparative study of ascorbic acid tre- exigências nutricionais. 3.ed. Viçosa, MG:Universi-
atment methods on hatchability traits and grow- dade Federal de Viçosa.
th performance of ducklings. Egypt Poult. Sci. 29, Salvador, D. J. Ariki, S. A. Borges, A. A. Pedroso, V. M.
1085-1099. Barbosa Moraes. 1999. Suplementação de bicar-
Loyau, T., Berri, C., Bedrani, L., Métayer-Coustard, bonato de sódio na ração e na água de bebida
S., Praud, C., Duclos, M.J., Tesseraud, S., Rideau, N., de frangos de corte submetidos ao estresse caló-
Baéza, E., Chartrin, P., Hennequet-Antier, C., Eve- rico. Ars Vet. 15:144–148.
raert, N., Yahav, S., Mignon-Grasteau, S., Collin, A. SAS Institute. 2002. SAS Proprietary Software Re-
2013. Embryo thermal manipulations modifies lease 9.2. SAS Inst. Inc., Cary, NC.
the physiology and body compositions of broiler Selim, S.A., Gaafar, K.M., El-ballal, S.S. 2012. Influen-
chickens reared in floor pens without altering ce of in-ovo administration with vitamin E and
breast meat processing quality. J. Anim. Sci. 91, ascorbic acid on theperformance of Muscovy
3674–3685. ducks. Emir. J. Food Agric. 24: 264-271.
Richards, S.A. 1971. The significance of changes in Sgavioli, S., Almeida de, V.R., Praes, M.F.F.M., Vicenti-
the temperature of the skin and body core of the ni, T.I., Matos Júnior, J.B., Morita, V. de S., Malheiros,
chicken in the regulation of heat loss. J. Physiol. E.B., Boleli, I.C. 2013. Effects of intra-egg injection
216, 1-10. of vitamin C on the eggshell mineral absorption,
Rostagno, H. S., L. F. T. Albino, J. L. Donzele, P. C. Go- embryo mortality and hematological variables in
mes, R. F. Oliveira, D. C. Lopes, A. S. Ferreira, S. L. T. chicks at hot incubation temperature. Int. J. Poultr.
Barreto, and R. F. Euclides. 2011. Tabelas brasileiras Sci. 12(8), 456-463.

Anais SIAVS 2015 - Ácido ascórbico in ovo e alta temperatura de incubação sobre parãmetros sanguíneos...
- 212 -

ADIÇÃO DE ERVA MATE NA RAÇÃO DE FRANGOS


DE CORTE NÃO ALTERA O SABOR DA CARNE
DE FRANGOS DE CORTE

R Belintani1; RG Garcia1; IA Nääs1;


F Caldara1; B Roriz1; C Ayala1; S Sgavioli1*
1
Faculdade de Ciências Agrárias,
Universidade de Grande Dourados,
Dourados/MT

the wing meat. Data were subjected to


Abstract
analysis of variance using the General
One of the biggest challenges for the Linear Model procedure (GLM) of SAS®
meat industry is to meet the consumer’s (SAS Institute, 2002). In case of signifi-
demands, in a market increasingly strin- cant effect (5%), the comparison of me-
gent which evaluates beyond product ans was performed by Tukey test. There
quality, factors such as variety, nutritio- were no statistical effects (P> 0.05) the
nal value and sensory characteristics. inclusion of mate leaves in the diet of
The objective of this trial was evaluating chicken cuts and the sensory analysis of
the inclusion of mate leaves (Ilex para- chicken: breast (standard ration: 5.62; ra-
guariensis) and the sensory analysis tion with mate: 5.00) and the wing meat
(flavor) of the bird chest and wing meat. (standard ration: 6.87; ration with mate:
The experimental design was comple- 5.89). The mate leaves can be used as
tely randomized with two treatments: feed for broilers with inclusion of 0.1%
standard food and diet with inclusion of without change the taste of the broiler
0.1% of mate leaves (Ilex paraguariensis) chest and wing meat.
from 01 to 42 days. At 42 days of age, 12
birds / treatment were used in sensory Keywords: antioxidant, Ilex paragua-
analysis (flavor) of the broiler chest and riensis, plant extract, sensory analysis

Anais SIAVS 2015 - Adição de erva mate na ração de frangos de corte não altera o sabor da carne de...
- 213 -
Introdução Recentes pesquisas apontam a capa-
A oxidação lipídica é um dos principais cidade antioxidante da erva mate in
problemas em produtos cárneos e leva vitro e in vivo equivalente ou superior
à formação de diversos subprodutos, a substâncias comumente utilizadas
cuja consequência pode variar de um como padrão para essa propriedade.
simples gosto ou odor indesejado, pas- Gugliucci & Stahl (1995) verificaram
sando por perda nutricional, destruição que extratos aquosos e alcoólicos de
de vitaminas, perda da atratividade vi- Ilex paraguariensis inibiram a oxidação
sual, modificação na textura, chegan- da lipoproteína de baixa densidade in
do até a carcinogenia e teratogenia. vitro, comparável ao ácido ascórbico.
A utilização de antioxidantes, além de Saldanha (2005) observou elevada ati-
retardar a rancidez oxidativa, protege vidade antioxidante em diferentes ex-
carotenoides, vitaminas A e D e outros tratos de erva mate (verde e tostada) e
ingredientes insaturados (Camel, 2010). de chá verde, indicando o potencial uso
dessas plantas como antioxidantes ali-
Na nutrição animal os aditivos fitogêni- mentícios.
cos são utilizados de forma a melhorar
o aproveitamento dos nutrientes die- No entanto, são escassos os estudos
téticos, permitindo que os animais ex- in vivo que correlacionem a utilização
pressem o seu máximo potencial gené- do extrato de erva mate na alimenta-
tico de produção de carne. O principal ção de frangos de corte sobre a análise
benefício da utilização destes aditivos sensorial dos cortes nobres. Neste sen-
fitogênicos envolve os impactos positi- tido, o objetivo deste trabalho foi ava-
vos que causam na saúde animal, agin- liar a inclusão do extrato de erva mate
do na microbiota intestinal, controlan- da espécie Ilex paraguariensis na ração
do o crescimento de microrganismos de frangos de corte sobre a análise sen-
patogênicos, promovendo diminuição sorial do peito e meio da asa das aves,
na produção de amônia, maior produ- alimentadas durante 42 dias.
ção de muco no intestino e melhoran-
do a capacidade digestiva (Windisch et
al., 2008).
Material e Métodos
Dentre os aditivos fitogênicos destaca- O delineamento experimental foi inteira-
se a erva mate (Ilex paraguariensis), uti- mente casualizado, com dois tratamen-
lizada como antioxidante na alimenta- tos: ração padrão e ração com inclusão
ção de frangos de corte (Padilha, 2007; de 0,1% de erva mate (Ilex paraguarien-
Camel, 2010). A erva mate possui com- sis) durante 42 dias de idade. Os frangos,
postos como polifenois, flavonóides, machos, de linhagem Coob (70%) e Ross
saponinas e xantinas com propriedades (30%), com idade média de 42 dias de
antiflamatórias (Lanzetti et al., 2008), an- vida, foram provenientes de granjas co-
timicrobianas (Filip et al., 2001) e antio- merciais, cujo sistema de criação é ver-
xidantes (Bracesco et al., 2010). ticalizado e a ração oferecida às aves

Anais SIAVS 2015 - Adição de erva mate na ração de frangos de corte não altera o sabor da carne de...
- 214 -
de procedência 100% vegetal. Durante para entendimento da escala estrutu-
todo o período de criação, as aves rece- rada de nove pontos e da definição e
beram água e ração à vontade, sendo o consenso do atributo avaliado (sabor
nível nutricional da ração fornecida ajus- de frango). 1- extremamente menos
tado de acordo com a fase de criação. As intenso que o padrão; 2- muito menos
aves foram criadas em aviário comercial intenso que o padrão; 3- moderada-
sistema túnel: com ventilação negativa; mente menos intenso que o padrão;
painel evaporativo; exaustores; nebuli- 4- ligeiramente menos intenso que o
zadores de alta pressão; controladores padrão; 5- sabor de frango igual ao pa-
de ambiente; lâmpadas fluorescentes; drão; 6- ligeiramente mais intenso que
cortinas laterais de polietileno amarelas; o padrão; 7- ligeiramente mais intenso
sistema de aquecimento manual, à le- que o padrão; 8- muito mais intenso
nha; posicionados no centro do pinteiro, que o padrão e 9- extremamente mais
distribuídos por tubos metálicos; para o intenso que o padrão.
controle da temperatura e umidade du-
rante a criação das aves. Os dados foram submetidos à análise de
variância através do procedimento Gene-
Aos 42 dias de idade, 12 aves/tratamen- ral Linear Model (GLM) do programa SAS®
to foram utilizadas na análise sensorial (SAS Institute, 2002). Em caso de efeito sig-
da carne do peito e da asa de frangos de nificativo (5%), a comparação de médias
corte. As amostras foram previamente foi realizada pelo teste de Tukey.
salgadas com 1,5% de NaCl em relação
ao seu respectivo peso e em seguida
assadas em forno tipo padaria pré-a-
Resultados e Discussão
quecido a 170°C, por cerca de 1,5 hora,
cobertos em papel alumínio, no qual Não houve efeito significativo (P>0,05) da
permaneceram até que a temperatura inclusão de extrato de erva mate na ração
interna da carne atingisse 75°C. Após de frangos de cortes sobre a análise sen-
padronização (tamanho e temperatura) sorial do peito do frango (ração padrão:
das amostras (~2 cm de arestas), estas 5,62; ração com erva mate: 5,00) e da asa
foram distribuídas em pratos plásticos (ração padrão: 6,87; ração com erva mate:
codificados com números aleatórios 5,89) das aves. Em estudo semelhante Pa-
de três dígitos, distribuição balanceada, dilha (2007), ao incluir 0; 0,3; 0,5; 0,7% de
juntamente com amostra do branco extrato de erva mate na ração de frangos
(água potável e biscoito salgado). de corte não observou alteração para a
textura, cor, odor, aceitabilidade e sabor
O teste foi realizado com dez provado- para cortes do peito e coxa de frangos de
res selecionados, com capacidade de corte, no entanto, observou que o antio-
discriminação entre as amostras, não xidante natural pode garantir a qualidade
necessariamente treinados em frango. oxidativa, proporcionando uma diminui-
O teste consistiu na aplicação de um ção na velocidade do processo oxidativo
treinamento prévio aos provadores, e modificação no perfil lipídico.

Anais SIAVS 2015 - Adição de erva mate na ração de frangos de corte não altera o sabor da carne de...
- 215 -
Devido à escassez de dados na literatu- Conclusão
ra, destaca-se a necessidade da realiza- A erva mate pode ser utilizada na ali-
ção de trabalhos com outras inclusões mentação de frangos de corte com in-
de erva mate na ração de frangos de clusão de 0,1% sem causar prejuízos no
corte, para avaliação da análise sensorial sabor da carne do peito e meio da asa
e oxidação da carne. da carne de frangos de corte.

Referências bibliográficas

BRACESCO, N. et al. Recent advances on Ilex pa- moke. Nutrition. v. 24, p. 375-381. 2008.
raguariensis research: Minireview. Journal of Eth- PADILHA, D.G. A. Antioxidante natural de erva
nopharmacology. v. 136, p. 378- 384. 2010. mate na conservação de carne de frango in
CAMEL, M. Influência da adição de extrato de vivo. Santa Maria. Dissertação (Mestrado em
erva mate (Ilex paraguariensis St. Hil) em frango Ciência e Tecnologia dos Alimentos) - Depar-
assado armazenado e reaquecido. Dissertação tamento de Ciência e Tecnologia dos Alimen-
(Mestrado em Engenharia de Alimentos) – De- tos, Universidade Federal de Santa Maria. 97 p,
partamento de Ciências Agrárias, Universidade 2007.
Regional do Alto Uruguai e das Missões. 48 p, SALDANHA, L.A. Avaliação da atividade antioxi-
2010. dante in vitro de extratos de erva mate (Ilex para-
FILIP, R. et al. Phenolic compounds in seven South guariensis) verde e tostada e chá verde (Camellia
American Ilex species. Fitoterapia, v. 72, p. 774-778, sinensis). Dissertação (Mestrado em Saúde Públi-
2001. ca) – Faculdade de Saúde Pública, Universidade
GUGLIUCCI, A and STAHL, A. J. Low density lipo- de São Paulo. 20-21 p, 2005.
protein oxidation is inhibited by extracts of Ilex SAS Institute. 2002. SAS Proprietary Software Re-
paraguariensis. Biochemical Mol Biol Int, v. 35, lease 9.2. SAS Inst. Inc., Cary, NC.
p.47-56, 1995. WINDISCH, W. et al. User of phytogenic products
LANZETTI, M., et al. Mate tea reduced acute lung as feed additives for swine and poultry. Journal of
inflammation in mice exposed to cigarettes Animal Science, v. 86, p. 140-148, 2008.

Anais SIAVS 2015 - Adição de erva mate na ração de frangos de corte não altera o sabor da carne de...
- 216 -

EFEITO DA INCLUSÃO DO BAGAÇO DE UVA SOBRE O


DESEMPENHO E CARACTERÍSTICAS DE CARCAÇA DE
SUÍNOS EM TERMINAÇÃO

BC Silveira-Almeida1*; TM Bertol2;
MCMM Ludke1; JV Ludke1; A Coldebella2;
DM Bernardi3
1
Universidade Federal Rural de Pernambuco,
departamento de Zootecnia, Recife/PE
2
Pesquisadores da Embrapa Suínos e Aves, Concórdia/SC
3
Universidade Estadual de Campinas, departamento de
Alimentos e Nutrição, Campinas/SP

Abstract the percentage of lean meat. The die-


The study aimed to evaluate the poten- tary inclusion of grape pomace enables
tial of using different levels of inclusion positive results in growth performance
of grape pomace on growth perfor- parameters, however, it provides greater
mance and carcass traits of 1/8 Mou- fat thickness and lower percentage of
ra pigs. Thirty six pigs (83,23±6,03 kg) lean meat.Introdução
were used.The treatments consisted of A nutrição é uma das áreas que mais
a control diet and two diets containing têm se aprimorado nas últimas déca-
5 and 10% of dehydrated grape poma- das, através de pesquisas desenvolvidas
ce, with six replicates per sex, allotted para o melhor aproveitamento dos ali-
according to thecomplete randomized mentos. Devido a isso e outros fatores
block design. The dietary inclusion of a produção suinícola no país é uma
grape pomaceresulted in greater wei- atividade econômica de muito sucesso.
ght gain and feed intake.The higher O bagaço de uva, resíduo da indústria
level of inclusion of grape pomacein- vitivinícola, é rico em compostos fenó-
creased the fat thickness and reduced licos e pode representar uma alterna-

Anais SIAVS 2015 - Efeito da inclusão do bagaço de uva sobre o desempenho e características de carcaça...
- 217 -
tiva na alimentação animal, porém, sua 49 dias com a avaliação semanal de de-
utilização na alimentação de suínos e sempenho. Ao final do período experi-
seu efeito sobre o desempenho e as ca- mental os animais foram abatidos em
racterísticas de carcaça ainda carecem abatedouro comercial. Vinte e quatro
de estudos. Yan & Kim (2011) observa- horas após o abate foi feita a avaliação
ram que a suplementação dietética de das carcaças. A espessura de toucinho
30g/kg de bagaço de uva fermentado e a profundidade do lombo foram me-
em rações para suínos, melhorou o de- didas por meio de pistola de tipificação
sempenho, alterou o padrão de ácidos eletrônica e a porcentagem de carne
graxos na gordura subcutânea e afetou magra foi estimada pela equação em
alguns atributos da carne. Este expe- uso no frigorífico onde os animais fo-
rimento teve como objetivo avaliar o ram abatidos. Os dados de consumo
efeito da inclusão de 5 e 10% do baga- foram ajustados para 88% de MS. Os da-
ço de uva, na alimentação de suínos em dos foram submetidos à análise de vari-
terminação, sobre o desempenho e as ância, através do procedimento GLM do
características de carcaça. SAS, incluindo-se como fontes de varia-
ção o tratamento, sexo e a interação tra-
tamento vs. sexo. As médias foram com-
paradas pelo teste t protegido (P<0,05).
Material e métodos
O experimento foi realizado na Embra-
pa Suínos e Aves, em Concórdia-SC. Fo-
ram utilizados 36 animais (18 fêmeas e Resultados e discussão
18 machos castrados), com peso médio Os resultados das variáveis de desem-
inicial de 83,23±6,03kg, totalizando seis penho e características de carcaça de
repetições por sexo, distribuídos em todo o período experimental estão dis-
um delineamento em blocos ao aca- postos na Tabela 1. Não houve efeito
so. Os tratamentos consistiram de uma (P>0,05) dos tratamentos sobre o peso
dieta controle a base de milho e farelo vivo final e a conversão alimentar. Foi
de soja, e outras duas dietas contendo observado um maior ganho de peso
5% ou 10% de inclusão do bagaço de (P<0,05) para ambos os níveis de inclu-
uva, todas isoenergéticas e isoproteicas. são do bagaço de uva na ração, porém, a
Os valores da composição química do utilização da maior concentração deste
bagaço de uva foram determinados na ingrediente, não diferiu do tratamento
Embrapa Suínos e Aves.O ingrediente controle (P>0,05). Os dois níveis de in-
continha 1931kcal/kg de energia me- clusão do bagaço de uva proporciona-
tabolizável, 12,53% de proteína bruta, ram (P<0,05) maior consumo de ração.
34,48% de fibra bruta e 11,25% de ex- Quando testado o fator sexo nas variá-
trato etéreo em 90,88% de matéria seca veis de desempenho, apenas o consu-
(MS). Água e ração foram fornecidas à mo de ração apresentou valores supe-
vontade. A pesquisa teve a duração de riores significativos para os machos.

Anais SIAVS 2015 - Efeito da inclusão do bagaço de uva sobre o desempenho e características de carcaça...
- 218 -
Tabela 1. Médias dos valores de peso vivo (PV), ganho de peso diário (GPD), consumo de ração
diário ajustado (CRDAJ),conversão alimentar (CA), espessura de toucinho (ET), profundidade de
lombo (PROFLO) e porcentagem de carne magra (PCM).
Tratamentos Sexo CV (%) Prob F
Variável 5% 10% Trat x
Controle F M Trat Sexo
bagaço bagaço Sexo
PV (kg) 129,4 133,9 133,2 131,9 132,4 4,24 0,1273 0,7573 0,7918
GPD (kg) 0,944b 1,036a 1,019ab 0,982 1,016 10,18 0,0796 0,3239 0,6702
CRDAJ (kg) 3,286b 3,540a 3,593a 3,367 3,578 8,43 0,0372 0,0400 0,4431
CA 3,53 3,49 3,43 3,44 3,53 6,68 0,5637 0,2647 0,9086
ET (mm) 22,63b 23,73ab 26,50a 21,44 27,13 16,02 0,0313 <,0001 0,9370
PROFLO (mm) 57,77a 59,30a 58,20a 60,24 56,60 8,21 0,7249 0,0314 0,8848
PCM, % 53,18a 52,87a 51,10b 54,34 50,42 3,87 0,0394 <,0001 0,9714
Médias seguidas de letras maiúsculas na mesma linha diferem estatisticamente pelo teste t prote-
gido P<0,05); CV = coeficiente de variação; Trat= tratamento; F = fêmea; M = Macho.

Os resultados corroboram com os en- deos e alcoóis na composição favorecer


contrados com Yan & Kim (2011), que o efeito palatabilizante e aromatizante
observaram um maior ganho de peso nas rações, estimulando o consumo.
(p<0,05) para suínos na fase de cres- As fêmeas apresentaram menor es-
cimento alimentados com bagaço de pessura de toucinho comparadas aos
uva fermentado, bem como obtive- machos. Este fato pode ser explicado
ram melhor digestibilidade do nitro- pelos machos castrados apresentarem
gênio com o ingrediente em relação maior consumo de ração em relação às
às outras dietas. Huang et al. (2003) fêmeas, justificando a maior deposição
trabalhando com grãos de destilaria de gordura na carcaça (ET). As fêmeas
fermentado também observaram me- apresentaram valores superiores de
lhoria no desempenho de suínos em profundidade de lombo e porcenta-
crescimento. gem de carne magra (P<0,05).

O nível de inclusão de 10% do baga-


ço de uva na ração resultou em maior
espessura de toucinho (P<0,05), o que Conclusão
por outro lado proporcionou menor A inclusão do bagaço de uva na alimen-
porcentagem de carne magra (P<0,05) tação de suínos em terminação melho-
em relação ao tratamento controle, es- ra o consumo de ração e o ganho de
tando associado ao maior consumo e peso de suínos 1/8 Moura, no entanto,
ganho de peso dos animais. Ferreira et a inclusão de 10% do ingrediente pro-
al. (2007) associam o maior consumo de porciona maior espessura de gordura
rações contendo o bagaço de uva com subcutânea e menor porcentagem de
a possibilidade da concentração de lipí- carne magra.

Anais SIAVS 2015 - Efeito da inclusão do bagaço de uva sobre o desempenho e características de carcaça...
- 219 -

Referências bibliográficas

FERREIRA, W.M.; A. D. P. N. HERRERA; C. SCAPINELLO; ted material of distiller’s grains in pig nutrition.
D. O. FONTES; L. C. MACHADO; S. R. A. FERREIRA. Di- Journal of Animal and Feed Sciences. v. 12, p.261-
gestibilidade aparente dos nutrientes de dietas 269, 2003.
simplificadas baseadas em forrageiras para coe- YAN & KIM.Effect of Dietary Grape Pomace Fer-
lhos em crescimento. Arquivo Brasileiro de Medi- mented by Saccharomyces boulardii on the
cina Veterinária e Zootecnia, v.59, p.451-458, 2007. Growth Performance, Nutrient Digestibility and
HUANG, R. L.; Y. L. YIN; K. P. WANG; T. J. LI; J. X. LIU. Meat Quality in Finishing Pigs. Asian-Australasian-
Nutritional value of fermented and not fermen- Journalof Animal Sciences.v.24, p. 1763-1770, 2011.

Anais SIAVS 2015 - Efeito da inclusão do bagaço de uva sobre o desempenho e características de carcaça...
- 220 -

EFEITO DA INCLUSÃO DE ÓLEO DE LINHAÇA E


ANTIOXIDANTES NATURAIS NO DESEMPENHO
E QUALIDADE DA CARCAÇA E DA CARNE DE
SUÍNOS EM TERMINAÇÃO

DM Bernardi1*; TM Bertol1; A Coldebella2;


BC Silveira-Almeida3; F Dieterich4;
LD Paris4; VC Sgarbieri1
1
Universidade Estadual de Campinas, Departamento de Alimentos
e Nutrição, Campinas/SP
2
Embrapa Suínos e Aves,Concórdia/SC
3
Universidade Federal Rural de Pernambuco, Departamento de
Zootecnia, Recife/PE
4
Falbom Agroindustrial Ltda.Toledo/PR

Abstract with 3% LO+ 0.04% vitaminE. Average


The study aimed to evaluate the effect daily gain(GPD), feed intake(CRD) and
of dietary inclusion of linseed oil and feed conversion (CA), back fat thickness
natural antioxidants on growth perfor- (ET), loin depth (ProfL), lean meat per-
mance, carcass traits and pork quality. centage (PCM), pH loin(45minutes and
Ninety sixpigsaged 127.39±4.29 days 24 hours), driploss(Drip L) and marbling
were distributed in 6 treatments, for 42 score (Marm) were evaluated. There
days: (C) control diet; (L) diet with 3% was no significant effect of treatments
of linseed oil (LO);(LBU) diet with 3% in any of the evaluated variables. The
of LO+10% grape pomace; (LEU) diet inclusion of3% linseed oil and natural
with 3% LO+0.0022% grape seed ex- antioxidantsin the dietof pigs did nota-
tract; (LH) diet with 3% of LO+5% tila- ffect growthperformance, carcass traits
pia protein hydrolysate, and (LVitE) diet and meat quality.

Anais SIAVS 2015 - Efeito da inclusão de óleo de linhaça e antioxidantes naturais no desempenho...
- 221 -
Introdução tos: (C) ração controle a base de milho
Alimentos funcionais são aqueles que e farelo de soja sem incorporação de
além da função de nutrir também pos- óleo; (L) ração com 3% de óleo de li-
suem substâncias, em quantidades sufi- nhaça (OL); (LBU) ração com 3% de
cientes, que possam atuar positivamen- OL + 10% bagaço de uva; (LEU) ração
te em diferentes vias do organismo. O com 3% de OL + 0,0022% de extrato
Omega-3 (π-3) é um exemplo de com- de semente de uva; (LH) ração com 3%
posto funcional. A concentração natu- de OL+ 5% hidrolisado proteico de ti-
ral de π-3 nos alimentos é baixa, desta lápia e (LVitE) ração com 3% de OL +
forma, sua adição/incorporação vêm 0,04% de vitamina E. O experimento
ganhando muito interesse, especial- teve a duração de 42 dias, com água
mente em carnes. Uma das formas de e ração ad libitum. Foi realizada avalia-
aumentar a concentração de π-3 nesta ção semanal de desempenho: ganho
matriz alimentícia é a incorporação de de peso diário (GPD), consumo diário
matérias primas ricas neste ácido graxo de ração (CDR) e conversão alimentar
na dieta dos animais, tais como o óleo (CA). No final do período experimental
de semente de linho. Porém, o aumento os animais foram abatidos em abate-
de π-3 em alimentos não traz apenas douro comercial. Quarenta e cinco mi-
efeitos positivos, também pode reduzir nutos após o abate, foi medido o pH
a estabilidade do produto, pelo aumen- do lombo (pH45L) e após 24 horas rea-
to da suscetibilidade oxidativa, e para lizou-se as demais avaliações: espessu-
minimizar este efeito uma boa estraté- ra de toucinho (ET), profundidade de
gia é a adição de antioxidantes na ração, lombo (ProfL), cálculo de porcentagem
para que sejam incorporados na carne e de carne magra (PCM), pH do lombo
possam atuar como agentes protetores. (pH24L), perda por gotejamento (Dri-
Assim, o presente trabalho teve como pL) e escore de marmoreio (Marm).
objetivo, avaliar o efeito da inclusão de Os dados foram submetidos à análise
óleo de linhaça e de antioxidantes na- de variância, através do procedimento
turais na alimentação de suínos, sobre o GLM do SAS, incluindo-se como fontes
desempenho, características de carcaça de variação o tratamento, sexo e a in-
e qualidade da carne. teração tratamento vs. sexo. As médias
foram comparadas pelo teste t prote-
gido (p≤0,05).
Material e métodos
Foram utilizados 96 suínos (48 machos
castrados e 48 fêmeas) do genótipo Resultados e discussão
Embrapa MS115XF1, com idade média Não houve efeito dos tratamentos
de 127,39±4,29 dias, distribuídos em (P>0,05) sobre as variáveis de desem-
delineamento de blocos completa- penho, características de carcaça e
mente casualizados, com 6 tratamen- qualidade da carne (Tabela 1). Assim,

Anais SIAVS 2015 - Efeito da inclusão de óleo de linhaça e antioxidantes naturais no desempenho...
- 222 -
a inclusão de óleo de linhaça e de an- varam efeitos sobre o desempenho e
tioxidantes, nas respectivas concentra- qualidade da carcaça. Em relação aos
ções, não influenciaram as respostas antioxidantes, Boler et al. (2009) não
para nenhuma das variáveis. Bertol et observaram efeito de diferentes con-
al. (2013) adicionaram 3% de 3 dife- centrações de vitamina E sobre o pa-
rentes fontes lipídicas na dieta de su- râmetros de desempenho, excetono
ínos e observaram que os tratamentos peso final dos animais com 0,04%de
não influenciaram nos parâmetros de vitamina E, quando comparados ao
desempenho, carcaça e qualidade de grupo controle. Yan & Kim (2011) adi-
carne, exceto para marmoreio, que foi cionaram 3% de bagaço de uva e tam-
menor na dieta com linhaça e canola. bém não observaram diferença signi-
Realini et al. (2011) adicionaram 10% ficativa para nos parâmetros avaliados
de 6 diferentes fontes lipídicas, na de desempenho e qualidade de carne
dieta de suínos e também não obser- dos animais em terminação.

Tabela 1: Médias dos valores de peso final (PF), ganho de peso diário (GPD), consumo de ração
diário (CRD),conversão alimentar (CA), espessura de toucinho (ET), profundidade de lombo (ProfL),
porcentagem de carne magra (PCM), pH do lombo 45 minutos após o abate (pH45L), pH do lom-
bo 24 horas após o abate (pH24L), perda por gotejamento (DripL) e escore de marmoreio (Marm).

Variável Tratamentos Sexo CV Probabilidade F


C L LBU LEU LH LVitE F M (%) Sexo TtoX-
Tto Sexo
PF (Kg) 122,5 121,8 121,4 119,8 121,7 122,3 119,8 123,4 4,24 0,7152 0,0011 0,9174
GPD (Kg) 1,012 0,995 0,986 0,947 0,991 1,008 0,973 1,007 12,32 0,7145 0,1805 0,9117
CRD (Kg) 3,384 3,189 3,276 3,111 3,168 3,248 3,072 3,387 8,63 0,1081 <,0001 0,6485
CA 3,35 3,23 3,34 3,31 3,21 3,23 3,18 3,38 7,73 0,4435 0,0002 0,3747
ET (mm) 24,89 22,16 21,74 23,47 22,37 23,24 20,38 25,53 19,19 0,3520 <,0001 0,3977
ProfL(mm) 59,96 62,26 63,42 62,31 61,94 65,88 63,38 61,86 11,18 0,3254 0,3671 0,2642
PCM (%) 52,49 54,52 54,97 53,78 54,34 54,51 55,80 52,43 5,94 0,2985 <,0001 0,8549
pH45L 6,42 6,42 6,40 6,40 6,36 6,43 6,43 6,38 2,55 0,8468 0,2799 0,3850
pH24L 5,39 5,41 5,44 5,44 5,38 5,38 5,41 5,41 1,93 0,3824 0,9834 0,9977
DripL (%) 4,71 4,06 3,68 3,44 4,09 4,46 3,71 4,41 38,33 0,1817 0,0382 0,8449
Marm 2,20 2,00 1,81 1,81 1,81 2,13 1,74 2,17 31,22 0,3328 0,0012 0,4092
CV = coeficiente de variação; F = fêmea; M = Macho; Tto = tratamento.

Os machos apresentaram maior PF, CRD, ferença significativa (p>0,05) no pH do


CA e ET(p≤0,05). Por outro lado, as fême- lombo entre os gêneros. Os resultados
as apresentaram maior PCM e menor encontrados no presente trabalho cor-
DripL (p≤0,05), mesmo não havendo di- roboram com Bertol et al. (2013).

Anais SIAVS 2015 - Efeito da inclusão de óleo de linhaça e antioxidantes naturais no desempenho...
- 223 -
Conclusão dieta de suínos não provocou altera-
A inclusão de 3% de óleo de linhaça ções significativas no desempenho,
e diferentes antioxidantes naturais na qualidade de carne e de carcaça.

Referências bibliográficas

Bertol TM, Campos RM, Ludke JV, Terra NN, Figuei- Meat Sci. 2009, 83:723-730.
redo EA, Coldebella A, dos Santos Filho JI, Kawski Realini CE, Duran-Montgé P, Lizardo R, Gispert M,
VL, Lehr NM. Effects of genotype and dietary
Oliver MA, Esteve-Garcia E. Effect of source of die-
oil supplementation on performance, carcass
tary fat on pig performance, carcass characteris-
traits, pork quality and fatty acid composition
of back fat and intramuscular fat. Meat Sci. 2013, tics and carcass fat content, distribution and fatty
93(3):507-16 acid composition. Meat Sci. 2010, 85:606-12.
Boler DD, Gabriel SR, Yang H, Balsbaugh R, Mahan Yan L, Kim IH.Effect of Dietary Grape Pomace
DC, Brewer MS, Mckeith FK, Killefer J. Effect of di- Fermented by Saccharomyces boulardii on the
fferent dietary levels of natural-source vitamin E Growth Performance, Nutrient Digestibility and
in grow-finish pigson pork quality and shelf life. Meat Quality in Finishing Pigs.2011, 24:1763-70

Anais SIAVS 2015 - Efeito da inclusão de óleo de linhaça e antioxidantes naturais no desempenho...
- 224 -

VALIDAÇÃO DE UMA EQUAÇÃO PARA PREDIÇÃO


DO VALOR ENERGÉTICO DO MILHO COM
DIFERENTES GRAUS DE MOAGEM E MÉTODOS DE
FORMULAÇÃO DAS DIETAS

TM Bertol1*, JV Ludke1, DL Zanotto1,


A Coldebella1
Embrapa Suínos e Aves, Concórdia/SC
1

Abstract le only for corn with coarse particle size,


One hundred and sixty eight pigs (84 requiring adjustments for the remaining
gilts and 84 barrows; 29,54±3,69 kg sizes of particle. In addition, the effect of
and 73,01±4,52 days) were allotted in the adjustment of ME values of corn de-
an experiment to evaluate three parti- pends on gender and can be influenced
cle size of corn (DGM 483 – fine; 632 – by housing and climate conditions.
medium; 904 µm - coarse) in a factorial
arrangement with two methods of diet
formulation differing in the ME value of
corn (TABELADO- fixed value from tab- Introdução
le; AJUSTADO- corrected value for each A produção de suínos no Brasil baseia-
particle size using the predicting equa- se no binômio milho-farelo de soja,
tion). The adjustment of ME of corn for sendo o milho o ingrediente de maior
diet formulation affected growth per- volume nas rações destes animais. Em
formance only in gilts, impairing the virtude disso, o conhecimento da va-
feed conversion rate in the diet with fine riabilidade de sua composição e valo-
particle size and improving it in the diet res de energia, bem como dos fatores
with coarse particle size. These results que os afetam é fundamental para o
indicate that the equation evaluated to desenvolvimento de ferramentas que
predict the ME value of corn was suitab- permitam o ajuste destes valores para a

Anais SIAVS 2015 - Validação de uma equação para predição do valor energético do milho...
- 225 -
formulação de rações. Entre estes fato- de de 733,6 e 8,76% de PB. Os valores
res estão a composição química, a den- calculados de EM para o milho através
sidade e o processamento dos grãos. das equações foram 3334, 3280 e 3145
Portanto, o conhecimento das carac- kcal/kg para DGM de 483, 632, 904 µm,
terísticas físicas e químicas, incluindo respectivamente. As dietas experimen-
a estimativa do conteúdo de EM do tais foram formuladas para atender os
milho em tempo real para formulação requerimentos nutricionais para a fase
de rações poderá melhorar a eficiência (NRC, 2012). Todas as rações foram for-
de seu uso na alimentação dos suínos, muladas para conter 3230 kcal EM/kg,
reduzindo o custo de produção. Este porém, quando corrigidos pelo valor
trabalho foi conduzido com o objetivo de EM do milho ajustado pela equação,
de validar uma equação de predição do os valores de EM das rações TABELADO
valor energético do milho para suínos foram decrescentes com o aumento da
que leva em conta a granulometria, a granulometria: 3237, 3200 e 3107 kcal/
densidade (DENS) e o conteúdo de pro- kg no crescimento I, 3237, 3198 e 3098
teína bruta (PB) do grão. kcal/kg no crescimento II e 3238, 3196
e 3090 kcal/kg na terminação, para as
granulometrias fina, média e grossa,
respectivamente. O peso de abate foi
Material e métodos 115,81 ± 8,31 kg. Foi feita análise de va-
Foram utilizados 168 suínos (84 fêmeas riância dos dados de desempenho utili-
e 84 machos castrados) com peso ini- zando-se o procedimento GLM do SAS,
cial de 29,54 ± 3,69 kg e idade inicial separadamente para cada sexo, incluin-
de 73,01 ± 4,52 dias, alojados em baias do-se bloco, granulometria (GRAN),
individuais, seguindo o delineamento método de formulação (FORM) e a in-
experimental de blocos casualizados, teração GRAN x FORM como fontes de
com 14 suínos de cada sexo por trata- variação. As médias foram comparadas
mento. Foram avaliadas três diferentes pelo teste t protegido (P<0,10).
granulometrias do milho (DGM 483
Resultados e discussão
– fina; 632 – média; 904 µm - grossa)
em esquema fatorial com dois méto- Nas fêmeas foi observada interação
dos de formulação diferindo no valor (P<0,10) GRAN x FORM sobre o consu-
utilizado para a EM do milho [TABE- mo diário de ração (CRD) e a conver-
LADO: valor fixo de tabela (3324 kcal/ são alimentar (CA; Tabela 1). Nas dietas
kg, Rostagno et al., 2011, ajustado para TABELADO as fêmeas que receberam
87,07% MS); AJUSTADO: valor corrigido a dieta com granulometria grossa
para cada DGM por equação de predi- apresentaram maior CRD e pior CA do
ção]. A equação de predição utilizada que as que receberam as rações com
foi (Zanotto et al., 2015): com R² = 0,76 granulometria média e fina. Não hou-
e erro de predição = 1,05% ou 35 kcal. ve efeito da granulometria nem do
O milho utilizado apresentava densida- método de formulação sobre o con-

Anais SIAVS 2015 - Validação de uma equação para predição do valor energético do milho...
- 226 -
sumo diário de EM (CDEM), nem sobre no interior da instalação de 22,55 ± 3,85
o ganho de peso diário (GPD; P>0,10), e 15,23 ± 2,93 °C, respectivamente. Por-
demonstrando que as fêmeas ajus- tanto, além do sexo, as condições am-
taram o consumo de ração de forma bientais favoreciam um elevado consu-
a compensar o menor valor de ener- mo de ração. É possível que os fatores
gia da dieta de granulometria gros- acima mencionados tenham superado
sa, quando esta não foi corrigida. Ao o limite de sensibilidade para ajuste do
ajustar-se o valor de energia do milho consumo pela densidade energética
pela equação de predição, as rações da ração. Porém, é importante ressaltar
TABELADO elaboradas com milho de que, embora os tratamentos não te-
granulometria grossa continham 130, nham afetado o CRD de forma signifi-
139 e 148 kcal/kg a menos do que as cativa, verifica-se um ajuste parcial do
elaboradas com milho de granulome- consumo, já que o CDEM não sofreu
tria fina, nas fases de crescimento 1, efeito significativo dos tratamentos.
crescimento 2 e terminação, respec-
tivamente. A ausência de efeito da
granulometria sobre a CA nas dietas
Conclusões
AJUSTADO indicam que a equação foi
eficiente em corrigir os valores de EM A granulometria e o método de formula-
do milho com granulometria grossa. ção das dietas influenciaram o desempe-
Por outro lado, a maior CA na média nho dos suínos de maneira dependente
das dietas AJUSTADO comparada do sexo, afetando somente as fêmeas.
com as dietas TABELADO em algumas O aumento da granulometria do milho
fases (dados não apresentados) indica piorou o desempenho nas dietas formu-
que o ajuste do valor de EM do milho ladas com valor tabelado de energia. O
pela equação utilizada neste estudo ajuste do valor de EM do milho para for-
pode não ter sido eficiente para todas mulação das dietas piorou a conversão
as granulometrias avaliadas. alimentar na dieta de granulometria fina
e melhorou na de granulometria grossa.
Nos machos não foi detectado efeito Estes resultados indicam que a equação
(P>0,10) da granulometria, nem do mé- avaliada para predição da EM foi ade-
todo de formulação sobre o desempe- quada somente para o milho de gra-
nho. O CRD é influenciado por diversos nulometria grossa, portanto, ajustes na
fatores. Em média os machos castrados equação proposta são necessários para
consomem 4,91% a mais de energia di- que se obtenha a mesma acurácia em
gestível por dia do que as fêmeas (NRC, diferentes granulometrias. O resultado
1987). Além disso, neste estudo os ani- prático do ajuste dos valores de energia
mais foram alojados individualmente do milho depende do sexo e pode ser
e o período experimental ocorreu em influenciado pelas condições de aloja-
época fria (abril a julho), com tempera- mento e clima, em função de seu efeito
turas médias das máximas e mínimas sobre o consumo de alimento.

Anais SIAVS 2015 - Validação de uma equação para predição do valor energético do milho...
- 227 -
Tabela 1: Efeito da granulometria e do método de formulação sobre o desempenho de suínos
fêmeas e machos castrados (média ± desvio padrão).

Tabelado Ajustado Significância


Variável
DGM 483 DGM 632 DGM 904 DGM 483 DGM 632 DGM 904 GRAN FORM GRAN x FORM

Fêmeas

GPD, kg 0,969±0,020 0,957±0,024 0,991±0,023 0,983±0,025 0,933±0,028 0,976±0,027 NS NS NS

CRD, kg 2,453±0,067b 2,495±0,073b 2,672±0,066a 2,604±0,070ab 2,493±0,093b 2,526±0,073ab NS NS 0,06

CA 2,53±0,034c 2,61±0,033abc 2,70±0,030a 2,65±0,047ab 2,67±0,050ab 2,59±0,035bc NS NS 0,008


CDEM1,
7,942±0,216 7,979±0,234 8,278±0,205 8,410±0,228 8,053±0,302 8,160±0,235 NS NS NS
Mcal
Machos castrados

GPD, kg 1,034±0,019 1,040±0,024 1,035±0,017 1,033±0,020 1,044±0,020 1,038±0,022 NS NS NS

CRD, kg 2,827±0,062 2,885±0,076 2,882±0,060 2,879±0,067 2,883±0,058 2,862±0,068 NS NS NS

CA 2,73±0,041 2,77±0,027 2,78±0,030 2,79±0,042 2,77±0,048 2,76±0,034 NS NS NS


CDEM1,
9,151±0,201 9,224±0,242 8,928±0,187 9,300±0,217 9,313±0,189 9,243±0,221 NS NS NS
Mcal

Médias seguidas de letras diferentes diferem (P<0,10) pelo teste t protegido.


ab

Calculado levando-se em conta a EM ajustada pelas equações para todos os tratamentos.

Referências bibliográficas

National Research Council. Nutrient Require- Rostagno, H.S.; Albino, L.F.T.; Donzele, J.L.; Gomes,
ments of Swine. 11th rev. ed. Washington: Natio- P.C.; de Oliveira, R.F.; Lopes, D.C.; Ferreira, A.S.; Bar-
nal Academy Press, 2012. 400p. reto, S.L. de T.; Euclides, R.F. Tabelas brasileiras
National Research Council. Predicting Feed In- para aves e suínos: composição de alimentos
take of Food-Producing Animals. Washington: e exigências nutricionais, 3ª ed. Viçosa, MG: UFV,
National Academy Press, 1987. 85p. DZO, 2011. 252p.

Anais SIAVS 2015 - Validação de uma equação para predição do valor energético do milho...
- 228 -

DESEMPENHO PRODUTIVO E QUALIDADE DOS


OVOS DE POEDEIRAS COMERCIAIS ALIMENTADAS
COM LEVEDURA HIDROLISADA

NTG Koiyama1*, CG Lima1, BRS Locatelli2,


MA Bonato3, R Barbalho3, CSS Araújo4,
LF Araújo1
1
Faculdade de Zootecnia e Engenharia de Alimentos,
Universidade de São Paulo, Pirassununga/SP
2
Faculdade de Ciências Exatas e Tecnologia, Universidade Federal
da Grande Dourados, Dourados/MG
3
ICC Industrial Comércio Exportação e Importação Ltda.
São Paulo/SP
4
Faculdade de Medicina Veterinária e Zootecnia, Universidade de
São Paulo, Pirassununga/SP *Bolsista do CNPq – Brasil

exhibited cubic polynomial response.


Abstract The highest egg production was ob-
This study evaluated the hydrolysed ye- tained with the inclusion of 3.11 Kg/t
ast levels in the laying hens diets from hydrolysed yeast. The egg weight, al-
52 to 68 weeks period on productive bumen height and eggshell thickness
performance and egg quality charac- presented positive linear response and
teristics. 256 laying hens were distribu- feed conversion per dozen eggs nega-
ted in a completely randomized design tive response with increasing levels of
with four treatments (0, 1, 2 e 4 Kg/t yeast. The Haugh unit and yolk color
hydrolysed yeast levels), 8 replications, showed no effects of treatments. The in-
and 8 birds each one. Feed intake, eggs clusion of the average value of 3.11 Kg/t
production, eggs mass, feed conversion hydrolysed yeast in the diet of laying
per egg mass, and eggshell strength hens 52-68 weeks of age, have a posi-

Anais SIAVS 2015 - Desempenho produtivo e qualidade dos ovos de poedeiras comerciais alimentadas...
- 229 -
tive effect on productive performance oito repetições de oito aves cada. As
and egg quality. dietas foram formuladas com os níveis
nutricionais praticados pela indústria. As
aves receberam água e ração à vontade
e foram submetidas a um programa de
Introdução
luz de 16 horas diárias. Foram avaliados
A levedura hidrolisada é obtida através o desempenho produtivo (consumo de
da lise da parede celular, melhorando ração, produção de ovos e conversão
a digestibilidade e favorecendo a libe- alimentar por Kg/dúzia e Kg/massa de
ração dos nucleotídeos, polipeptídios, ovos) e a qualidade dos ovos. A cada
ácido glutâmico e vitaminas do com- 28 dias foram considerados um ciclo,
plexo B; por tornar o conteúdo intra- realizando no 26° e 27° dia a amostra-
celular prontamente assimilável. Possui gem dos ovos e as análises no Digital
ação imunomoduladora, aglutinante de Egg Tester (Nabel) de altura do albú-
bactérias patógenas e promove melho- men, unidade Haugh, peso do ovo, co-
ria no desempenho dos animais. O uso loração da gema (DSM Yolk Colour Fan),
de levedura hidrolisada em frangos de resistência e espessura da casca. Foram
corte pode melhorar o ganho de peso, realizadas análise de regressão polino-
a conversão alimentar e aumentar as mial para os níveis de levedura através
vilosidades intestinais (Muthusamy et do SAS. Variáveis sem distribuição nor-
al., 2011). Para poedeiras até o momen- mal aplicou-se o teste de Kruskal-Wallis,
to não foram encontrados pesquisas mantendo as médias amostrais.
com o seu uso, mas com o uso de ou-
tras formas da levedura, apresentando
efeito sobre o desempenho produtivo,
qualidade dos ovos e na imunidade Resultados e Discussão
(Ayanwale et al., 2006; Yalçin et al., 2010). O consumo de ração (Y = 97,94962
Dessa forma, objetivou-se avaliar os ní- – 5,43435x + 5,11228x2 – 0,89942x3;
veis de levedura hidrolisada na dieta de R2 = 0,20), a produção (Y = 78,83357 –
poedeiras, durante o período de 16 se- 2,86904x + 6,28465x2 – 1,24981x3; R2 =
manas sobre o desempenho produtivo 0,32) e massa de ovos (Y = 49,93429 –
e qualidade dos ovos. 3,52961x + 5,77184x2 – 1,11714x3; R2 =
0,41) apresentaram resposta polinomial
cúbica (Tabela 1). Através da derivada
das equações foram encontrados os va-
Material e Métodos lores de máximo, o consumo de 96,33
Foram alojadas 256 poedeiras Hy-Line g ao nível de 3,15 Kg/t de levedura hi-
W-36 de 52 a 68 semanas de idade, dis- drolisada, produção de ovos de 93,10%
tribuídas em delineamento inteiramen- ao nível de 3,11 Kg/t e massa de ovos
te casualizado, em 4 tratamentos (0, 1, de 61,18 g/ave/dia ao nível de 3,11 Kg/t
2 e 4 Kg/t de levedura hidrolisada) com do aditivo.

Anais SIAVS 2015 - Desempenho produtivo e qualidade dos ovos de poedeiras comerciais alimentadas...
- 230 -
A conversão alimentar por dúzia de a conversão alimentar, o peso e as ca-
ovos (Y = 1,43673 – 0,01900x; R2 = 0,09) racterísticas de qualidade interna dos
demonstrou uma resposta linear de- ovos foram superiores com a adição de
crescente com o aumento dos níveis de 0,75% de levedura seca. Semelhante-
levedura, com destaque para a inclusão mente, ­Yalçın et al. (2010) também não
de 2 Kg/t de levedura que apresentou encontraram efeito sobre o consumo,
o mesmo valor da inclusão de 4 Kg/t. espessura da casca, altura do albúmen
Semelhantemente, a conversão alimen- e unidade Haugh das poedeiras que
tar por massa de ovos (Y = 1,91654 + receberam levedura autolisada. Porém,
0,10252x – 0,14350x2 + 0,02726x3; R2 = os níveis de 2, 3 e 4 g/kg de levedura
0,26) foi significativa, apresentando res- proporcionaram acréscimo na eficiên-
posta cúbica e valor de mínimo de 1,67 cia alimentar, resposta imune humoral,
Kg/Kg ao incluir 3,11 Kg/t de levedura. produção e peso dos ovos, além de
uma diminuição do nível de colesterol
O peso (Y = 63,31142 + 0,35846x; R2 da gema e dos níveis séricos de coles-
=0,05), altura do albúmen (Y = 7,76307 terol e triglicérideos das aves. É notá-
+ 0,12487x; R2 = 0,02) e espessura da vel que as formas de levedura expres-
casca do ovo (Y = 0,35385 + 0,00177x; sam resultados não idênticos, contudo,
R2 =0,01) apresentaram resposta linear o seu uso não tem apresentado efeitos
crescente com o aumento dos níveis negativos sobre as poedeiras, mas sim
de levedura hidrolisada. Não foi pos- melhoria de algumas características de
sível observar efeitos dos tratamen- produção, qualidade dos ovos e imu-
tos sobre a unidade Haugh e cor da nidade.
gema. A resistência da casca do ovo
(Y = 3,24625 + 0,54433X – 0,34819x2 +
0,05574x3; R2 = 0,02) demonstrou efeito
cúbico, sendo seu valor máximo 3,50 Conclusão
Kgf ao nível de 1,04 Kg/t de levedura. Desempenho produtivo satisfatório
Contrariamente, Ayanwale et al. (2006) pode ser obtido com a inclusão do va-
não verificaram efeito sobre o consu- lor médio de 3,11 Kg/t de levedura hi-
mo, produção, espessura da casca, al- drolisada na dieta de poedeiras de 52 a
tura do albúmen de poedeiras alimen- 68 semanas de idade, com ganhos na
tadas com levedura seca. Entretanto, qualidade dos ovos.

Anais SIAVS 2015 - Desempenho produtivo e qualidade dos ovos de poedeiras comerciais alimentadas...
- 231 -
Tabela 1: Variáveis de desempenho produtivo das poedeiras de 52 a 68 semanas de idades sub-
metidas a níveis de inclusão de levedura hidrolisada.

Níveis de levedura hidrolisada


0 1 2 4 EPM Valor de P
Consumo (g/ave/dia) 97,95 96,73 100,33 100,45 0,59 <0,0001
Produção (%) 78,83 81,00 88,24 87,92 13,31 <0,0001
Massa (g/ave/dia) 49,93 51,06 57,03 56,67 8,49 <0,0001
CA/dúzia (Kg/dz) 1,44 1,43 1,37 1,37 0,02 0,0018
CA/massa (Kg/Kg) 1,92 1,90 1,77 1,76 0,02 <0,0001
Peso do ovo (g) 63,41 63,14 64,65 64,57 0,42 0,0199
Altura do albúmen (mm) 7,71 7,83 8,20 8,18 1,30 0,0053
Unidade Haugh 86,41 87,73 89,23 89,05 0,65 0,1506
Espessura (mm) 0,35 0,36 0,36 0,36 0,003 0,0485
Resistência (Kgf ) Cor da gema 3,25 3,50 3,39 3,42 0,17 0,0364
Cor da gema 5,01 5,04 5,05 5,19 0,09 0,5097

Efeito significativo a 5% de probabilidade. EPM – Erro padrão da média.

Referências bibliográficas

Ayanwale, B.A.; Kpe, M.; Ayanwale, V.A. The effect of and humoral immune response of broilers. British
supplementing Saccharomyces cerevisiae in the Poultry Science, v.52, p. 694-703, 2011.
diets on egg laying and egg quality characteris- Yalçın, S.; Yalçın, S.; çakin, K.; ELTAN, Ö.; DAGASAN, L.
tics of pullets. International Journal of Poultry Effects of dietary yeast autolysate (Saccharomy-
Science, v.5, p.759-763, 2006. ces cerevisiae) on performance, egg traits, egg
MUTHUSAMY, N.; HALDAR, S.; GHOSH, T.K.; BED- cholesterol content, egg yolk fatty acid compo-
FORD, M.R. Effects of hydrolysed Saccharomyces sition and humoral immune response of laying
cerevisiae yeast and yeast cell wall components hens. Journal of the Science of Food and Agricul-
on live performance, intestinal histo-morphology ture, v.90, p.1695-1701, 2010.

Anais SIAVS 2015 - Desempenho produtivo e qualidade dos ovos de poedeiras comerciais alimentadas...
- 232 -

DESEMPENHO PRODUTIVO, QUALIDADE DOS


OVOS E VIABILIDADE ECONÔMICA DO USO
DE PAREDE CELULAR DE LEVEDURA NA DIETA
DE POEDEIRAS COMERCIAIS

NTG Koiyama1*; NBP Utimi1; BRS Locatelli2;


MA Bonato3; R Barbalho3; AH Gameiro4;
CSS Araújo4; LF Araújo1
1
Faculdade de Zootecnia e Engenharia de Alimentos,
Universidade de São Paulo, Pirassununga/SP
2
Faculdade de Ciências Exatas e Tecnologia, Universidade
Federal da Grande Dourados, Dourados/MS
3
ICC Industrial Comércio Exportação e Importação Ltda.
São Paulo/SP
4
Faculdade de Medicina Veterinária e Zootecnia, Universidade de
São Paulo, Pirassununga/SP
*Bolsista do CNPq - Brasil

Abstract 8 birds each one. The albumen height


This study evaluated the yeast cell wall and Haugh units increased with the use
levels in laying hens diets during the of the additive, the average inclusion le-
period of 20 weeks on the economic vel was 532 g/t. Gross profits increased
viability, productive performance, and at 450 g/t level. It was not observed ef-
egg quality characteristics. 256 laying fects of treatments on productive per-
hens were allocated completely rando- formance, yolk color, thickness, and egg
mized design with 0, 225, 450 e 900 g/t resistance. The inclusion of the yeast cell
yeast cell wall and 8 replications with wall in the diet of laying hens from 48 to

Anais SIAVS 2015 - Desempenho produtivo, qualidade dos ovos e viabilidade econômica do uso de parede...
- 233 -
58 weeks of age improved the internal dústria. Foram avaliados o desempenho
quality of the eggs and showed to be produtivo (consumo de ração, produção
economically viable. de ovos e conversão alimentar por Kg/
dúzia e Kg/massa de ovos) e a qualidade
dos ovos. A cada 28 dias foram conside-
rados um ciclo, realizando no 26° e 27°
Introdução
dia a amostragem dos ovos e as análises
A parede celular de levedura (PCL) Sac- no Digital Egg Tester (Nabel) de altura do
charomyces cerevisiae é um prebiótico albúmen, unidade Haugh, peso do ovo,
rico em carboidratos não digestíveis coloração da gema (DSM Yolk Colour
como o mananoligossacarídeo e os Fan), resistência e espessura da casca.
ß-glucanos, que favorecem o desem- Foram realizadas análise de regressão
penho dos animais por estimular o polinomial para os níveis de PCL através
sistema imune e reduzir as bactérias do SAS. Variáveis sem distribuição nor-
patogênicas, o qual é um subproduto mal aplicou-se o teste de Kruskal-Wallis,
da produção do etanol, obtido por via mantendo as médias amostrais.
fermentativa através da autólise da cé-
lula e separação das partes insolúvel Para os cálculos dos custos das rações,
e solúvel por centrifugação (Hassan & os preços nominais históricos repre-
Ragab, 2007). Tem sido utilizado como sentativos do milho, farelo de soja e
alternativa ao uso de antibióticos me- da dúzia de ovos tipo grande foram
lhoradores de desempenho (Hashim coletados do Instituto de Economia
et al., 2013), apresentando uma melhor Agrícola (IEA/APTA) e corrigidos pelo
eficiência econômica (Hassan & Ragab, Índice Nacional de Preços ao Consumi-
2007), aumentando a produção de ovos dor (INPC), do IBGE, para setembro de
e diminuindo a taxa de mortalidade 2014 (Hoffmann, 2006). Obtendo-se os
(Çabuk et al., 2006). Objetivou-se avaliar preços médios reais: milho 0,46 R$/Kg;
os níveis de PCL na dieta de poedeiras farelo de soja 1,03 R$/Kg; dúzia de ovos
comerciais durante o período de 48 a tipo grande 1,80 R$/Dúzia. Os demais
68 semanas. ingredientes, por não se dispor de séries
históricas públicas, utilizou-se os preços
pagos na sua aquisição que também
foram corrigidos pelo INPC para setem-
Material e Métodos bro de 2014: fosfato bicálcico 2,14 R$/
Foram alojadas 256 poedeiras Hy-Line Kg; calcário 0,43 R$/Kg; sal 0,16 R$/Kg;
W-36 de 48 a 68 semanas de idade, dis- premix 8,55 R$/Kg e a PCL 5,88 R$/Kg.
tribuídas em delineamento inteiramente Procedeu-se os cálculos dos indicado-
casualizado com 0, 225, 450 e 900 g/t da res econômicos, para a margem bruta
inclusão de PCL e oito repetições de oito foram subtraídos apenas os custos com
aves. As dietas foram formuladas com a alimentação, pois considerou-se que
os níveis nutricionais praticados pela in- todos os outros custos de produção
Anais SIAVS 2015 - Desempenho produtivo, qualidade dos ovos e viabilidade econômica do uso de parede...
- 234 -
foram os mesmos para todos os trata- tação de PCL conferiu maior número de
mentos. Calculou-se a variação percen- dúzia de ovos produzidos e consequen-
tual do custo total da alimentação, re- temente, gerou uma maior receita bruta
ceita bruta total e margem bruta com a em relação ao controle. No nível de 450
inclusão de PCL em relação ao controle. g/t de PCL a variação da receita bruta
chegou a 4,02% em relação ao controle.
O consumo de ração total médio e o seu
custo foi maior sem o uso de PCL. A va-
Resultados e Discussão riação do custo da alimentação demons-
As variáveis de desempenho produtivo tra que as inclusões do aditivo apresen-
juntamente com a cor da gema, espes- taram um menor custo em relação ao
sura e resistência do ovo não apresenta- controle. A variação da margem bruta
ram efeitos dos tratamentos. Hashim et com o uso do aditivo foram superiores
al. (2013) não encontraram diferença no ao controle, sendo que o nível de 450 g/t
consumo, conversão alimentar por dú- de PCL foi 9,57% superior. Semelhante-
zia e na produção de ovos de poedeiras mente, Hassan & Ragab (2007) constata-
suplementadas ou não com PCL (250 e ram melhor eficiência econômica com a
500 g/t). Porém, houve uma melhora na suplementação de mananoligossacarí-
qualidade da casca dos ovos com o uso deos na dieta de poedeiras.
de 500 g/t de PCL.
Esses dados apontam a viabilidade eco-
A altura do albúmen (Y = 7,75436 + nômica do uso de PCL na produção de
0,00173x – 1,64.10-6x2; R2 = 0,07) e uni- ovos, pois proporcionam melhor pro-
dade Haugh (Y = 86,50089 + 0,01131x dução de ovos com menor consumo
– 1,054.10-5x2; R2 = 0,07) demonstraram de ração, resultando em aumento da
efeito quadrático, sendo os valores máxi- margem bruta mais que proporcional-
mos de 8,21 mm para altura do albúmen mente.
ao nível de 527,44 g/t de PCL e 89,53
unidade Haugh para o nível de 536,53
g/t de PCL. De acordo com o manual da
Conclusão
linhagem de 48 a 68 semanas de idade
a unidade Haugh esperada é de 88,9 a A inclusão de parede celular de leve-
86,2 UH, portanto, o uso de PCL pode be- dura na dieta de poedeiras comerciais
neficiar a qualidade dos ovos. de 48 a 58 semanas de idade melhora
a qualidade interna dos ovos ao nível
Os custos por quilograma de ração dos médio de 532 g/t. Apresentou ser v­ iável
tratamentos com a inclusão de PCL fo- economicamente, sendo que o nível de
ram os mesmos do controle (Tabela 1), 450 g/t do aditivo proporcionou incre-
devido o baixo custo da inclusão desse mento da margem bruta, aumentando
aditivo. O custo médio para produzir a rentabilidade de produtores de aves
uma dúzia de ovos foi numericamente de postura que buscam a maximização
menor com 450 g/t de PCL. A suplemen- de lucros.

Anais SIAVS 2015 - Desempenho produtivo, qualidade dos ovos e viabilidade econômica do uso de parede...
- 235 -
Tabela 1: Análise econômica da produção de ovos de poedeiras suplementadas com parede
celular de levedura de 48 a 68 semanas de idade.
Parede celular de levedura (g/t)
Indicadores 0 225 450 900
Custo da ração (R$/Kg) 0,66 0,66 0,66 0,66
Conversão alimentar média por dúzia (Kg/dz) 1,43 1,44 1,40 1,42
Custo médio para produzir uma dúzia de ovos (R$) 0,94 0,95 0,92 0,94
Dúzia de ovos produzidos total médio (dz) 73,76 74,25 76,73 75,71
Receita bruta total média (R$) 132,77 133,65 138,11 136,28
Consumo de ração total médio (Kg) 107,79 106,21 106,94 106,64
Custo da alimentação total médio (R$) 71,14 70,10 70,58 70,38
Margem bruta total média (R$) 61,63 63,55 67,53 65,89
Variação do custo da alimentação total média (%) 0,00 -1,46 -0,79 -1,07
Variação da receita bruta total média (%) 0,00 0,66 4,02 2,64
Variação da margem bruta total média (%) 0,00 3,12 9,57 6,91

Referências bibliográficas

ÇABUK, M.; BOZKURT, M.; ALÇIÇEK, A.; ÇATLI, A.U.; HASSAN, H. A., AND M. S. RAGAB. Single and com-
BASER, K.H.C. Effect of a dietary essential oil mix- bined effects of mannan oligosaccharide (MOS)
ture on performance of laying hens in the sum- and dietary protein on the performance and
mer season. South African Journal of Animal
immunity response of laying hens. Egypt Poul-
Science, v.36, p.215–221, 2006.
try Science, v.27, p. 969–987, 2007.
HASHIM, M.; FOWLER, J.; HAQ, A.; BAILEY, C.A. Ef-
fects of yeast cell wall on early production laying HOFFMANN, R. Estatística para economistas. 4
hen performance. Journal of Applied Poultry ed. rev. e ampl. São Paulo: Pioneira Thomson Lear-
Research, v.22, p.792–797, 2013. ning, 2006. p.432.

Anais SIAVS 2015 - Desempenho produtivo, qualidade dos ovos e viabilidade econômica do uso de parede...
- 236 -

MÉTODO EXPEDITO PARA DETERMINAÇÃO


DO DIÂMETRO GEOMÉTRICO MÉDIO DAS
PARTÍCULAS DO MILHO MOÍDO

DL Zanotto1*; JV Ludke1; A Coldebella1;


TM Bertol1; A Cunha Junior1
Embrapa Suínos e Aves, Concórdia/SC
1

Abstract 4.65%, with R² = 0.933. It was concluded


This study was carried out in order to that this methodology can be used to
develop an alternative methodology, estimate the DGM of ground corn with
simple, fast and accurate to determine good accuracy in real time with the
the DGM of ground corn. One hundred grinding of corn and simultaneous diet
and fourteen samples of ground corn compounding.
were evaluated for DGM using two me-
thods: the conventional methodology
and the percentage of cumulative re- Introdução
tained sample (PRA) with six different A alimentação representa 75% do cus-
sieves: 0.149, 0.297, 0.595, 1.190, 2.000, to de produção de suínos e aves, sendo
and 4.000 mm opening. By regression que o milho participa da composição
analysis an equation was set up for es- das rações com 70% em volume. Qual-
timating the DGM, from the 0.595 mm quer melhoria na utilização do milho
sieve (greater amplitude of PRA) with tem importante contribuição para a
(R2=0.982). The validation of the equa- sustentabilidade da produção destas
tion by manual sieving of corn sam- espécies. A granulometria do milho
ples with a single sieve (0.595 mm) and pode apresentar variação do diâmetro
sieving-time of one minute, showed geométrico médio (DGM) das partícu-
exactness of -4 µm and accuracy of las entre 400 e 1200 πm, com implica-

Anais SIAVS 2015 - Método expedito para determinação do diâmetro geométrico médio das partículas...
- 237 -
ção sobre alguns parâmetros técnicos Material e Métodos
e/ou econômicos da produção animal. Para avaliar o potencial de utilização de
O aumento do DGM do milho têm re- uma única peneira para predizer o valor
sultado na melhoria do rendimento de do DGM do milho, 114 amostras de mi-
moagem e na diminuição do consu- lho em grão foram, proporcionalmente,
mo de energia elétrica, contribuindo distribuídas para moagem em moinho
para redução do custo de moagem e de martelos, através das seguintes pe-
também da ração. Embora não se ob- neiras: 1,5; 1,8; 3,0; 4,5 e 8,0 mm de aber-
serve efeito de DGM sobre variáveis tura de furos. As amostras, na matéria
biológicas para frangos de corte, tem- natural, foram submetidas a analise de
se sugerido o uso de milho com DGM granulometria para determinação do
entre 850 e 1050 µm, dada a economia DGM com metodologia convencional
com o processo de moagem. Para suí- (Zanotto & Bellaver, 1996a), envolvendo
nos, a redução do DGM do milho, têm as etapas: 1) Pesagem de 100 a 130 g
melhorado a eficiência de utilização do da amostra; 2) Transferência da amostra
alimento (Wondra et al., 1995) e tam- para o topo de um conjunto de penei-
bém o desempenho animal (Zanotto ras ABNT (dimensões: 20,3 cm diâmetro
et al. 1996b), sendo sugerido utilização x 5,1 cm altura) sobrepostas em ordem
de milho com DGM entre 450 e 600 crescente de abertura dos furos, a saber:
µm. Portanto, a utilização de milho com prato; 0,149; 0,297; 0,595; 1,190; 2,000 e
4,000 mm; 3) Posicionamento do con-
DGM específico para cada espécie ani-
junto de peneiras mais amostra num
mal, pode contribuir para melhoria do
equipamento para peneiramento com
setor produtivo. Entretanto, o ajuste das
vibração eletromagnética; 4) Realização
condições de moagem para obtenção
do peneiramento por 10 minutos; 5)
de um DGM específico desejado, está
Pesagem da fração da amostra retida
na dependência de um monitoramen-
em cada peneira; 6) Cálculo do DGM
to contínuo do processo de moagem, (EMBRAPA, 2013). Além do cálculo de
realizado através de análise de granu- DGM, determinou-se também a % de
lometria de acordo com metodolo- amostra retida (PR) acumulada em cada
gia convencional (Zanotto & Bellaver, peneira (PRA), da seguinte forma: PRAi
1996c). Apesar de incontestável a pre- = PRi + PRi+1 + ... + PRn; sendo: PR a
cisão e a exatidão de tal metodologia, % retida em dada peneira, “i” a peneira
a mesma tem apresentado limitação de menor abertura relativa que se quer
quanto a agilidade para produzir resul- estimar o PRA e “n” a de maior abertura.
tados, em tempo real com o processo Os dados de DGM e de PRA foram sub-
de moagem. O presente trabalho foi re- metidas análise estatística exploratória,
alizado com o objetivo de desenvolver para identificar a peneira do conjunto
uma metodologia alternativa simples, que melhor estimasse o DGM, com base
rápida e precisa para determinação do no PRA de cada peneira. Após a sele-
DGM de milho moído. ção da peneira com melhor relação de

Anais SIAVS 2015 - Método expedito para determinação do diâmetro geométrico médio das partículas...
- 238 -
PRA com DGM, foi proposta e ajustada ça de PRA igual a zero. A equação para
uma equação para predição do DGM, predição de DGM em função de PRA na
em função do PRA. Para validação da peneira com 0,595 mm, apresentou R²
equação de predição, 29 amostras de elevado (0,982) (Figura 1b) indicando
milho foram moídas, nas mesmas con- seu grande potencial para uso prático.
dições descritas acima, e submetidas a O experimento de validação demons-
peneiramento manual, usando a penei- trou que a equação apresentou bons
ra selecionada para geração da equação, resultados para qualquer tempo de
com três tempos de peneiramento: 1, 2 peneiramento, porém com o tempo
e 3 minutos e três repetições (diferentes de 1 minuto se obteve melhor exati-
operadores). Foi calculado o coeficiente dão (-4µm) e precisão (4,65%), com R²
de variação para avaliar a repetibilidade = 0,933. Entretanto, a repetibilidade do
do método, em comparação com o mé- método proposto foi um pouco pior
todo convencional. Além disso, os dados (coeficiente de variação igual a 5,16%),
médios de retenção para cada amostra quando comparada ao método con-
de milho foram utilizados para calcular o vencional (coeficiente de variação igual
coeficiente de determinação (R²), a exa- a 2,89%), sem comprometer a eficácia
tidão e o erro de predição da equação. de uso do método, uma vez que em
termos absolutos tal repetibilidade é
satisfatória, considerando as faixas de
recomendação para DGM do milho.
Resultados e Discussão
Os milhos apresentaram matéria seca (A)
(MS) variando de 86,22 até 87,60%,
sendo considerada normal para uso
em rações; o DGM variou entre 421 e
1235 µm, abrangendo a amplitude de
granulometria na prática. A dispersão
dos dados para o cruzamento entre a
% de amostra retida acumulada (PRA)
(B)
em cada peneira com o DGM medido,
é apresentada na Figura 1a, na qual se
evidencia que a peneira com abertu-
ra de 0,595 mm apresenta maior faixa
de distribuição de PRA (23,9 a 81,7%),
tendo melhor potencial para estimar o
DGM. Entre as demais peneiras, a de 1,2
mm apresentou faixa de variação mais
Figura 1: (a) DGM versus % de amostra retida acu-
ampla e poderia também ser utilizada, mulada em cada peneira e (b) equação e intervalo
porém haveria problemas para estimar de predição (95%) do DGM em função da % de
DGMs abaixo de 500 µm, pela presen- milho moído retido na peneira de 0,595 mm.

Anais SIAVS 2015 - Método expedito para determinação do diâmetro geométrico médio das partículas...
- 239 -
Conclusão com boa precisão e exatidão o DGM do
Concluiu-se que a metodologia desen- milho moído, em tempo real com o pro-
volvida pode ser utilizada para estimar cesso de moagem e produção de ração.

Referências bibliográficas
EMBRAPA SUÍNOS E AVES. Núcleo de Tecnologia e minação da granulometria de ingredientes para
Informação. Granucalc. Concórdia, 2013. 1 softwa- uso em rações de suínos e aves. Concórdia: EM-
re on line. Aplicativo para o cálculo do Diâmetro BRAPA-CNPSA, 1996a. 5p. (EMBRAPA-CNPSA. Co-
Geométrico Médio (DGM) e do Desvio Padrão municado Técnico, 215).
Geométrico (DPG) de partículas de ingredientes. ZANOTTO, D. L.; FERREIRA, A. S.; NICOLAIEWSKY, S.
Disponível em: <http://www.cnp sa.embrapa.br/ et al. Desempenho produtivo de suínos subme-
softgran/softgran.php>. Acesso em: 9 abr. 2015. tidos à dietas com diferentes granulometrias do
WONDRA, K. J.; HANCOCK, J. D.; BEHNKE, K. C. et al. milho. Revista da Sociedade Brasileira de Zoo-
Effects of Particle Size and Pelleting on Growth tecnia, v. 25, n. 3, p. 501-510, 1996b.
Performance, Nutrient Digestibility, and Stomach ZANOTTO, D. L.; BRUM, P. A. R. de; GUIDONI, A. L.
Morphology in Finishing Pigs. Journal Animal of Granulometria do milho em rações para frangos
Science, v. 73, p. 757-763, 1995. de corte. Concórdia: EMBRAPA-CNPSA, 1998. 2p.
ZANOTTO, D. L. & BELLAVER, C. Método de deter- (EMBRAPA-CNPSA. Comunicado Técnico, 224).

Anais SIAVS 2015 - Método expedito para determinação do diâmetro geométrico médio das partículas...
- 240 -

EQUAÇÃO DE PREDIÇÃO DA ENERGIA


METABOLIZÁVEL DO MILHO PARA SUÍNOS

DL Zanotto1*; A Coldebella1;
JV Ludke1; TM Bertol1
Embrapa Suínos e Aves, Concórdia/SC
1

and on the basis of the AIC criterion, an


ABSTRACT equation was defined to estimate the
In spite of the known effects of variabi- value of EM, based on the explanatory
lity in physico-chemical composition of variables: DGM, PB and Density (R2 =
corn on its nutritional value for pigs, still, 0.76 and prediction error = 1.05% or 35
in feed formulation routines, a mean kcal). It was concluded that the equa-
value of metabolizable energy (ME) on tion developed can be used to estimate
the basis of feed composition tables is with good accuracy the EM value, spe-
used independent of the particle size cific for each individual batch and DGM
of milled corn. The objective of the re- of corn.
search was to develop an equation to
estimate the value of ME for pigs using
the physical and chemical composition
and geometric mean diameter (DGM) Introdução
of corn. Eight batches of corn associa- O milho é principal ingrediente da ali-
ted with five DGM were evaluated for mentação de suínos, participando da
the following variables: MS, PB, EE, EB, composição das dietas com 75%. Em
FB, FDA, FDN, CZ, Density, DGM and EM. decorrência da variabilidade genética
Through the regression analysis the set das sementes, condições de cultivo e
of mathematical models were adjusted de moagem pós-colheita, o milho pode

Anais SIAVS 2015 - Equação de predição da energia metabolizável do milho para suínos
- 241 -
apresentar grande variação de com- tando baixa precisão. Para consolidação
posição físico-química, que interferem de uma nutrição energética de precisão
no seu valor nutricional. Dietas à base é necessário estabelecer equações para
de milho com diferente composição estimar o valor de EM, específica para
físico-química têm demonstrado efei- cada partida e DGM de milho, como
to sobre o desempenho e caracterís- base na sua composição físico-química,
ticas de carcaça de suínos dos 21 aos o que caracteriza o objetivo do presen-
113 kg (Moore et al., 2008). Os efeitos te trabalho.
da granulometria do milho sobre a di-
gestibilidade de nutrientes, da energia
e desempenho de suínos, tem sido ob-
jeto de intensivos estudos, sendo, de Material e Métodos
modo geral, observado concordância Oito partidas de milho em grãos adqui-
entre resultados. Cita-se, por exemplo, ridas comercialmente, foram submeti-
as evidências de melhorias observadas das à moagem através de moinho de
na digestibilidade de nutrientes e EM martelos, cinco peneiras de diferentes
(Wondra et al., 1995), e no desempenho aberturas de furos: 1,5; 1,8; 3,0; 4,5 e 8,0
de suínos (Wondra et al., 1995; Zanotto mm, compondo 40 lotes de milho moí-
et al., 1996b), em função da redução do do. Os lotes de milho foram submetidos
DGM das partículas do milho. Apesar de à determinação de composição físico-
bem conhecidos os efeitos da variabili- química e valor de EM para suínos. A
dade de composição físico-química do composição físico-química foi deter-
milho, sobre seu valor nutricional para minada em laboratório, considerando
suínos, ainda se utiliza, na formulação as seguintes análises, com respectivos
de ração, um valor médio de EM com métodos analíticos: Granulometria (Za-
base em tabelas de composição de ali- notto & Bellaver, 1996a); cálculo de DGM
mentos, para qualquer partida e DGM de partículas (EMBRAPA, 2013); densida-
de milho. Em contra partida, a avaliação de, matéria seca (MS), proteína bruta
da EM específica para cada partida e (PB), extrato etéreo (EE), fibra bruta (FB),
DGM de milho, através de equação de fibra detergente ácido (FDA), fibra de-
predição poderá contribuir para melho- tergente neutro (FDN), cinzas (Cz), ener-
ria da precisão de balanceamentos de gia bruta (EB) segundo (AOAC, 2000). A
dietas, se refletindo positivamente so- EM foi determinada por meio de expe-
bre o desempenho e custos de produ- rimentos de metabolismo com coleta
ção de suínos. As equações atualmente total de fezes e urina. Foram utilizados
disponíveis, além de não serem especí- 384 suínos com peso médio inicial de
ficas para milho, não contemplam DGM 55 kg na condução oito experimentos
(alta correlação com EM), portanto de sucessivamente. Cada experimento foi
uso limitado. Excetuam-se equações es- conduzido com 48 suínos, 01 partida
pecificas para milho (Li et al., 2014), po- de milho com as respectivas 05 granu-
rém as mesmas omitem DGM, apresen- lometrias, segundo delineamento casu-

Anais SIAVS 2015 - Equação de predição da energia metabolizável do milho para suínos
- 242 -
alizado em blocos (peso do suíno), com dia de 3320 kcal/kg), ficando a média
seis tratamentos consistindo de 01 Die- muito próximo do valor tabelado (3340
ta Referência (DR) e 05 Dietas Teste (DT), kcal/kg). Abaixo, é apresentada a equa-
sendo cada DT composta por 60% DR ção e as estimativas dos parâmetros do
e 40% de um dos milhos representado modelo escolhido para estimar o valor
pelas respectivas cinco granulometrias, de EM do milho para suínos:
com oito repetições de um animal alo-
jado em gaiola metabólica. Os valores R² = 0,76 e erro de predição = 1,05%
de EM foram calculados (Matterson et ou 35 kcal.
al., 1965). As variáveis físico-químicas e Pode-se observar que a equação con-
o DGM foram utilizadas como variáveis templa com variáveis preditoras o DGM,
independentes para predizer a EM con- a Densidade e a PB do milho. Ademais,
siderando os 40 lotes de milho moído. ela é composta por dois segmentos,
Foram avaliadas 300 possibilidades de tendo em vista que a redução do DGM
modelos lineares para predizer a EM do milho para valor menor do que 523
do milho por meio dos procedimentos µm deixou de contribuir para a melho-
GENMOD e NLMIXED (SAS, 2008). A es- ria da EM. Desta forma, o primeiro seg-
colha do melhor modelo foi baseada no mento da equação, não contemplando
Critério de Informação de Akaike (AIC). a variável DGM, se aplica quando o valor
Para o modelo escolhido foi calculado o de DGM for menor ou igual que 523 µm,
coeficiente de determinação e os erros mantendo a EM estável para uma mes-
de predição (absoluto e relativo). ma condição de Densidade e PB. O se-
gundo segmento é aplicável quando o
valor de DGM for maior do que 523 µm.
A equação apresentou R2 = 0,76 e erro
Resultados e Discussão
de predição de 35 kcal. Estas estatísticas,
De modo geral, as variáveis físico-quími- além de serem melhores do que as de
cas apresentaram considerável amplitu- outras equações para milho (Li et al.,
de de variação entre valores mínimos e 2014), indicam que a equação explica
máximos, sendo os valores médios com- razoavelmente bem a variabilidade de
paráveis com os padrões estabelecidos EM, bem como estima com boa preci-
em tabela de composição de alimentos são o valor de EM do milho para suínos.
(Rostagno, et al., 2011). Excetua-se o
DGM e Densidade, não contempladas
em tabela, as quais apresentaram varia-
ção na faixa de 421 a 1038 µm (média Conclusão
de 666 µm) e de 706 a 757 g/L (média Concluiu-se que a equação desenvol-
de 730 g/L), respectivamente. Ademais, vida neste trabalho pode ser utilizada
a EM apresentou valores com variação, para estimar com boa precisão o valor
também não contemplada em tabela, de EM para suínos, específico para cada
na faixa entre 3118 e 3482 kcal/kg (mé- partida e DGM de milho moído.

Anais SIAVS 2015 - Equação de predição da energia metabolizável do milho para suínos
- 243 -

Referências bibliográficas

AOAC: Association of Official Analytical Chemists. ROSTAGNO, H. S.; ALBINO, L. F. T.; DONZELE, J. L. et al.
Official methods of analysis. 17th ed. Arlington, 2011. Tabelas brasileiras para aves e suínos: com-
VA, USA. 2000. posição de alimentos e exigências nutricionais,
EMBRAPA SUÍNOS E AVES. Núcleo de Tecnologia e 3th ed., Viçosa, MG, Brasil.
Informação. Granucalc. Concórdia, 2013. 1 softwa- SAS INSTITUTE INC. System for Microsoft Windows,
re on line. Aplicativo para o cálculo do Diâmetro Release 9.2 Cary, NC, USA, 2002-2008. (cd-rom).
Geométrico Médio (DGM) e do Desvio Padrão WONDRA, K. J.; HANCOCK, J. D.; BEHNKE, K. C. et al.
Geométrico (DPG) de partículas de ingredientes. Effects of Particle Size and Pelleting on Growth
Disponível em: <http://www.cnpsa.embrapa.br/ Performance, Nutrient Digestibility, and Stomach
softgran/softgran.php>. Acesso em: 9 abr. 2015. Morphology in Finishing Pigs. J. Anim. Sci., v. 73, p.
LI, Q.; ZANG, J.; LIU, D. et al. Predicting corn diges- 757-763, 1995.
tible and metabolizable energy content from its ZANOTTO, D.L. & BELLAVER, C. Método de deter-
chemical composition in growing pigs. Journal of minação da granulometria de ingredientes para
Animal Science and Biotechnology, 2014, p. 5-11. uso em rações de suínos e aves. Concórdia: EM-
Disponível em: <http://www.jasbsci.com/con- BRAPA-CNPSA, 1996a. 5p. (EMBRAPA-CNPSA. Co-
tent/5/1/11>. Acesso em: 20 abr. 2015. municado Técnico, 215).
MOORE, S. M.; STALDER, K. J.; BEITZ, D. C. et al. The ZANOTTO, D. L.; FERREIRA, A. S.; NICOLAIEWSKY,
correlation of chemical and physical corn kernel S. et al. Desempenho produtivo de suínos sub-
traits with growth performance and carcass cha- metidos à dietas com diferentes granulometrias
racteristics in pigs. J. Anim. Sci. v. 86, p. 592-601. do milho. R. Soc. Bras. Zoot., v. 25, n. 3, p. 501-510,
2008. 1996b.

Anais SIAVS 2015 - Equação de predição da energia metabolizável do milho para suínos
- 244 -

EFEITO DA CONTAMINAÇÃO MÚLTIPLA DO


MILHO POR MICOTOXINAS SOBRE DESEMPENHO,
FREQUÊNCIA DE DIARREIA E ÁREA DE VULVA DE
LEITÕES RECÉM-DESMAMADOS E EFICÁCIA DE UM
ADITIVO TECNOLÓGICO ADSORVENTE

LB Costa*; ADB Melo; A Oliveira; GR Oliveira;


C Andrade; PC Machado Junior e K Mazutti
Pontifícia Universidade Católica do Paraná – PUCPR,
São José dos Pinhais/PR
Universidade Estadual de Santa Cruz – UESC, Ilhéus/BA

Abstract corn with aflatoxin B1 (390 ppb), fumo-


Dietary mycotoxins have been shown nisin B1 (2556 ppb), fumonisin B2 (850
to cause detrimental effects in swine ppb) and zearalenone (244 ppb) and;
health and production. The objective of T3-the same diet of T2 plus an adsor-
this study was evaluate the performan- bent additive (0.25% of Elitox® - Impex-
ce, diarrhea frequency and vulva size of traco Latin America). The animals were
weanling pigs exposed to diets simulta- observed daily by the same observer
neously contaminated by mycotoxins. for visual assessment of the consistency
Fourthy-eigh piglets were used (24 cas- of stool, using a rating scores of 0 to 3,
trated males and 24 females) with ave- with the score: 0-normal feces, 1-pasty
rage about weight of 6 kg, distributed in feces; 2-feces pasty/liquid and 3-watery
a randomized block design with three stools. Data were analyzed using the
treatments and eight replicates each, Statgraphics® 4.1 software program.
which the experimental unit was com- The parametric data were analyzed by
posed of two animals (male/male and ANOVA and diarrhea frequency data
female/female). The treatments provi- were analyzed by chi-square and Fisher
ded ad libitum were T1-basal diet (con- tested, both considering 5% to level of
trol); T2-a basal diet with contaminated significance. There were no effects of

Anais SIAVS 2015 - Efeito da contaminação múltipla do milho por micotoxinas sobre desempenho...
- 245 -
the diet to piglet’s performance and objetivou-se avaliar o desempenho, a
vulva size (P>0.05). However, higher área de vulva e a frequência de diarreia
diarrhea frequency was observed in T2 de leitões recém-desmamados expos-
group compared to T1 and T3 (P<0.05). tos a dietas com múltipla contamina-
These date suggest the potential effect ção por micotoxinas.
of Elitox® to reduce diarrhea in piglets
exposed to mycotoxins.
Material e Métodos
O experimento foi conduzido nas ins-
Introdução talações de creche da Unidade de
Micotoxinas são metabólitos secundá- Pesquisa em Suinocultura da Fazenda
rios produzidos por fungos que podem Experimental Gralha Azul da PUCPR.
contaminar uma variedade de cereais Foram utilizados 48 leitões recém-des-
envolvidos na dieta animal. Dentre os mamados (24 machos e 24 fêmeas de
principais cereais que sofrem conta- 21 dias de idade). Cada unidade expe-
minação por fungos estão o milho e rimental foi composta por dois animais,
a soja, utilizados em diversos países distribuídos por sexo, divididos em três
como base da ração animal (Binder et tratamentos, 8 repetições cada, sendo
al., 2007). Os suínos são vistos como 4 repetições de fêmeas e 4 repetições
os animais mais sensíveis às micotoxi- de machos. Os tratamentos foram com-
coses, sendo aflatoxina, fumonisina e postos por T1: Dieta basal, sem conta-
zearalenona algumas das micotoxinas minação por micotoxinas e sem adição
mais encontradas em alimentos na- de adsorvente; T2: Dieta basal contendo
turalmente contaminados. A ingestão milho contaminado por micotoxinas
dessas micotoxinas podem promover sem adição de adsorvente e; T3: Dieta
desordens agudas ou crônicas, depen- basal contendo milho contaminado
dendo da concentração e tempo de ex- por micotoxinas em concentrações
posição. Tais desordens podem resultar idênticas ao T2, mais a adição de 0,25%
em menor desempenho dos animais de aditivo adsorvente Elitox® (Impex-
associados à efeitos hepatotóxicos, ne- traco Latin America). O milho utilizado
frotóxicos e imunossupressores, além na composição das rações T2 e T3 apre-
de distúrbios reprodutivos e edema sentou os seguintes níveis de micoto-
pulmonar (Bennett & Klich, 2003). Os in- xinas: 390 ppb de Aflatoxina B1, 2556
gredientes da ração podem apresentar ppb de Fumonisina B1, 850 ppb de Fu-
co-contaminação por diferentes mico- monisina B2, 244 ppb de Zearalenona.
toxinas, sendo poucas as informações As dietas e água foram fornecidas ad
atribuídas ao efeito tóxico (sinérgico, libitum durante 14 dias. Ao final do perí-
aditivo ou antagônico) da interação de odo experimental, o peso dos animais e
contaminações múltiplas (Speijers & das sobras de ração foram compilados
Speijers, 2004). Dentro desse contexto, para análise das variáveis de desempe-

Anais SIAVS 2015 - Efeito da contaminação múltipla do milho por micotoxinas sobre desempenho...
- 246 -
nho (peso final, ganho médio diário de ausência de trabalhos testando as mes-
peso, consumo médio diário de ração e mas micotoxinas estudadas no presen-
conversão alimentar) e mensurou-se a te estudo dificultam as discussões. No
altura e largura da vulva para os cálculos entanto, efeitos sinérgicos entre afla-
de área de vulva (altura x largura/2). O toxina e fumonisina têm sido relatado
monitoramento da frequência de diar- com surgimento de células canceríge-
reia foi realizado diariamente no perío- nas, pronunciada indução de apoptose,
do da manhã, sendo atribuídos às fezes alterações na resposta imune, elevado
encontradas em cada baia os seguintes efeito oxidativo e dano ao DNA (Klaric,
escores: 0-fezes normais, 1-fezes pasto- 2012). Dilkin et al. (2003) encontraram
sas, 2-fezes pastosas/aquosas e 3-fezes reduzido consumo de ração e piora na
aquosas. Os dados foram analisados conversão alimentar quando leitões
pelo programa Statgraphics® 4.1. Os receberam dietas contaminadas com
dados de desempenho e área de vulva fumonisina e aflatoxina por 28 dias.
foram apresentados em médias e erro Quanto à frequência de diarreia, o T2
padrão, as quais foram submetidas à que possui milho contaminado sem
análise de variância (ANOVA). A frequ- aditivo adsorvente em sua composi-
ência de diarreia foi determinada em ção, aumentou (P<0,05) a frequência de
número de amostras fecais observadas diarreia quando comparado ao T1 e T3.
em cada escore e analisada por chi- Tais resultados sugerem a capacidade
quadrado, seguido pelo teste de Fischer, do Elitox® (Impextraco Latin America)
utilizando 5% de probabilidade. em reduzir a frequência de diarreia dos
leitões. A exposição de leitões recém-
desmamados à fumonisina (0,5 mg/
Kg de peso vivo/dia) durante 6 dias
Resultados e Discussão resultou em aumento da colonização
Os tratamentos contendo milho con- intestinal por Escherichia coli patogê-
taminado por aflatoxina, fumonisinas e nica (Oswald et al., 2003). Segundo os
zearalenona ou aditivo adsorvente (T2 autores, alterações no metabolismo dos
e T3) nas concentrações indicadas, não esfingolipídios do epitélio intestinal,
afetaram o desempenho dos animais e promovida pela ingestão de fumonisi-
a área de vulva (P>0.05) quando com- na, poderiam favorecer a colonização
parados ao tratamento controle (T1) de bactérias patogênicas no trato gas-
(Tabela 1). Co-ocorrência de aflatoxina e trintestinal. Dessa forma, o consumo
fumonisina tem sido relatada em amos- de dietas contaminadas por fumonisi-
tras de milhos no Brasil (Kawashima & na poderia aumentar a frequência de
Soares, 2006). Embora alguns estudos diarreia e consequentemente reduzir o
apontem para co-ocorrência de mico- desempenho dos animais. No entanto,
toxinas, poucos estudos têm abordado o aumento da frequência de diarreia
a simultânea toxicidade em leitões. Os observado neste experimento não re-
variados modelos experimentais e a duziu o desempenho dos leitões.

Anais SIAVS 2015 - Efeito da contaminação múltipla do milho por micotoxinas sobre desempenho...
- 247 -
Conclusão recém-desmamados alimentados com
O adsorvente Elitox® foi eficiente em re- rações contendo milho contaminado
duzir a incidência de diarreia em leitões com aflatoxina, fumonisina e zearalenona.

Tabela 1: Desempenho, área de vulva e frequência de diarreia de leitões recém-desmamados


expostos a rações contendo milho contaminado por aflatoxina, fumonisina e zearalenona
Variáveis Tratamentos Erro padrão P<0.05
T1 T2 T3
P14 (Kg) 10,46 10,37 10,46 0,36 0,53
CDR 0,41 0,41 0,35 0,03 0,40
GDP 0,26 0,29 0,26 0,02 0,69
CA 1,58 1,40 1,41 0,08 0,22
Área de vulva (mm2) 76,87 87,56 68,49 8,49 0,30
Frequência de diarreia 30a 57b 30a - 0,0002
ab: Letras diferentes na mesma linha, representam diferença estatística P<0,0002.

Referências bibliográficas

Bennett JW, Klich M. Mycotoxins. Clinical Micro- 153:91-98.


biology Reviews. 2003; 16: 497-516. Dilkin P, Zorzete P, Mallmann CA, Gomes JDF,
klaric MS. Adverse effects of combined mycoto- Utiyama CE, Oetting LL, Correa B. Toxicological
xins. Archives of Industrial Hygiene and Toxicolo- effects of chronic low doses of aflatoxin B1 and
gy. 2012; 63: 519- 530. fumonisin B1-containing Fusarium moniliforme
Oswald IP, Desautels C, Laffitte J, Fournout S, Peres culture material in weaned piglets. Food and
SY, Odin M, Bars PL, Bars JL, Fairbrother JM. Mycoto- Chemical Toxicology. 2003; 41: 1345–1353.
xin Fumonisin B1 increase intestinal colonization Kawashima LM, Valente Soares LM. Incidência de
by pathogenic Escherichiacoli in pigs. Applied and fumonisina B1, aflatoxinas B1, B2, G1 e G2, ocra-
Environmental Microbiology. 2003; 69: 5870-5874 toxina A e zearalenona em produtos de milho.
Speijers GJA, Speijers MHM. Combined toxic ef- Ciência e Tecnologia de Alimentos (Campinas).
fects of mycotoxins. Toxicology Letters. 2004; 2006; 26: 516-521.

Anais SIAVS 2015 - Efeito da contaminação múltipla do milho por micotoxinas sobre desempenho...
- 248 -

RENDIMENTO DE CARCAÇA E CORTES DE FRANGOS


ALIMENTADOS COM DIFERENTES PROMOTORES DE
CRESCIMENTO ANTIBIÓTICOS

*JPF Oliveira1; A Oba1; ACF Assis1; JA Barbosa Filho1;


M Almeida1; FR Bueno1; AKF Carneiro1; VP Dinalli1;
EJL Ribeiro1; G Spialtini2
1
Departamento de Zootecnia – Universidade Estadual de Londrina/UEL –
Londrina/PR
2
Facultad de Veterinaria – Universidad Nacional del Centro de la Provincia de
Buenos Aires/UNICEN
Tandil, Buenos Aires, Argentina.

Abstract Keywords: poultry, cuts yield, enramy-


In Brazil, the use of growth promoting cin, virginamycin, avilamycin ycin
additives is permited. This study aimed
to analyze the carcass and cuts yields
supplemented with different types of
antibiotics. 96 broilers were slaughte- Introdução
red at the age of 43 days, divided into O uso de antibióticos como promotor
6 treatments (control, zinc bacitracin, de crescimento tem sido utilizado desde
enramycin, halquinol, virginamycin and a década de 50. Estes ao longo dos anos
avilamycin). Were analyzed carcass and tem mostrado grande eficiência no con-
cuts yields and the results showed that trole de agentes patogênicos que po-
different treatments do not influenced dem prejudicar o desempenho das aves.
the carcass yield. About the cuts yield, it Porém devido a pesquisas que apontam
was noted that only legs yield was diffe- que o uso deste pode levar ao desenvolvi-
rent, and the treatment with enramycin mento de bactérias resistentes, estes tem
afforded a higher legs yield than avi- sido questionados quanto a sua utiliza-
lamycin. ção na produção animal. Porém no Brasil,

Anais SIAVS 2015 - Rendimento de carcaça e cortes de frangos alimentados com diferentes promotores...
- 249 -
o uso destes promotores de crescimento tes tratamentos: controle (sem antibi-
antibióticos é liberado (MAPA, 2014). óticos); bacitracina de zinco (55g/ton);
enramicina (10g/ton); halquinol (30g/
Os promotores de crescimento antibió- ton); virginamicina (16,5g/ton) e avila-
ticos tem a função de controlar o cres- micina (10g/ton). Foi utilizado um deli-
cimento de determinadas populações neamento inteiramente ao acaso, com
microbianas que prejudicam o animal, cinco tratamentos e 24 repetições.
proporcionando assim uma mucosa in-
testinal mais saudável e menos espessa, O manejo pré-abate utilizado consis-
o que proporciona melhor absorção de tiu em um jejum alimentar de 8 horas
nutrientes e menos gastos na sua ma- e para o abate as aves foram insensi-
nutenção, fazendo com que o animal bilizadas por eletronarcose, através de
tenha uma melhor desempenho. Ainda aparelho da marca Fluxo, modelo FX
segundo Engberg et al. (2000), ocorre a 2.0. Em seguida foram sangradas, escal-
redução dos metabólicos tóxicos libe- dadas, depenadas, evisceradas e retira-
rados pelas bactérias patogênicas que das a cabeça mais o pescoço e pés, que
podem habitar o trato gastrointestinal correspondeu ao peso de carcaça, da
das aves. Segundo Pedroso et al. (2003) o qual foi determinado o rendimento de
uso de enramicina e avilamicina melho- carcaça. Para o rendimento de carcaça
ram em 3 e 2,4% o ganho de peso e em utilizou-se o peso da ave viva antes do
2,9 e 2,5% a eficiência alimentar, respec- abate e o peso da carcaça eviscerada
tivamente. Ao avaliar diferentes aditivos, sem cabeça+pescoço e pés. Em segui-
Albino et al. (2006) observaram que as da a carcaça foi submetida aos cortes
aves que receberam dietas com avilami- comerciais (pernas, peito, asas e dorso),
cina apresentaram maior ganho de peso, além da gordura abdominal, sendo que
rendimento de peito e menor gordura o rendimento de cortes foi em relação
abdominal do que as aves do tratamen- ao peso da carcaça eviscerada, sem ca-
to controle. Assim, este trabalho tem por beça+pescoço e pés. A gordura abdo-
objetivo avaliar o rendimento de carca- minal contabilizada contava com todo
ça e cortes de frangos alimentados com tecido adiposo presente desde a moela
dietas contendo diferentes promotores até o conteúdo presente ao redor da
de crescimento antibióticos. cloaca e bursa de Fabricius.

Os resultados obtidos foram submeti-


dos à análise de variância e posterior-
Materiais e métodos mente ao teste de Tukey ao nível de 5%
O experimento foi conduzido na Unida- de significância.
de de Pesquisa em Nutrição de Frangos
da Universidade Estadual de Londrina. Resultados e Discussão
Foram utilizados 96 frangos de corte Os resultados de rendimento de car-
machos da linhagem Cobb-500®, de 43 caça e cortes (Tabela 1) mostram que
dias de idade, provenientes dos seguin- para rendimento de carcaça, peito,

Anais SIAVS 2015 - Rendimento de carcaça e cortes de frangos alimentados com diferentes promotores...
- 250 -
asas, dorso e gordura abdominal não traram diferenças para rendimento de
houve diferença significativa entre os carcaça e cortes comerciais em frangos
tratamentos. Somente houve diferença de corte alimentados ou não com an-
(p<0,05) no rendimentos de pernas, no tibióticos melhoradores de desempe-
qual a suplementação com enramicina nho. Enquanto que Albino et al. (2006)
apresentou maior rendimento que o
observaram que ao alimentar frangos
tratamento com virginamicina.
com dietas adicionadas de avilamicina
Resultados semelhantes foram obtidos apresentaram maior rendimento de
por Loddi et al. (2000), onde não encon- peito e menor de gordura abdominal.
Tabela 1: Rendimento de carcaça (RC), rendimento de peito (RP), rendimento de perna (RPE),
rendimento de asas (RA), rendimento de dorso (RD), rendimento de gordura abdominal (RG) de
frangos de corte machos alimentados com diferentes promotores crescimento antibióticos e aba-
tidos com 43 dias de idade.
Tratamentos
Bacitracina
Variáveis Controle Enramicina Halquinol Virginamicina Avilamicina CV (%)
de zinco
RC (%) 75,37 76,10 74,78 74,73 76,07 75,67 2,01
RP (%) 37,85 37,76 37,85 38,47 38,94 38,59 4,50
RPE (%) 29,84 ab 30,25 ab 30,59 a 29,99 ab 29,21 b 29,76 ab 3,87
RA (%) 9,84 9,80 9,87 10,12 9,92 9,90 4,42
RD (%) 19,68 19,44 19,05 18,81 19,09 19,20 4,69
RG (%) 2,77 2,72 2,63 2,58 2,82 2,52 18,59
* Médias seguidas por letras diferentes nas linhas apresentaram diferença significativa pelo teste
de Tukey a 5%.
tico proporcionaram apenas um maior
Conclusão rendimento de pernas nas aves alimen-
Assim, pode-se concluir que os diferen- tadas com enramicina em relação a vir-
tes promotores de crescimento antibió- ginamicina.

Anais SIAVS 2015 - Rendimento de carcaça e cortes de frangos alimentados com diferentes promotores...
- 251 -

Referências bibliográficas

ALBINO, L.F.T.; FERES, F.A.; DIONIZIO, M.A. et al. Uso MAPA. Ministério da Agricultura Pecuária e
de prebióticos a base de mananoligossacarídeo Abastecimento. Disponível em: < http://www.
em rações para frango de corte. Revista Brasilei- agricultura.gov.br/arq_editor/file/Alimenta%-
ra de Zootecnia, v.35, p.742-749, 2006. C3%A7%C3%A3o%20Animal/ADITIVOS%20
ENGBERG, R.M.; HEDEMANN, M.S.; LESER, T.D. et al. AUTORIZADOS%20COMO%20MD%20e%20AN-
Effect of zinc bacitracin and salinomycin on in- TICOCCIDIANOS%202014%20%2001%20setem-
testinal microflora and performance of broilers. bro%20-%20Portal%20MAPA.pdf>. Acesso em:
Poultry Science, Champaign, v. 79, n. 9, p. 1311- 28 abril 2015.
1319, Sep. 2000. PEDROSO, A.A.; LAMBAIS, M.R.; MENTEN, J.F.M. et
LODDI, M.M.; GONZALES, E.; TAKITA, T.S. et. al. Uso al. Probióticos não alteram os índices zootécnicos
de probiótico e antibiótico sobre o desempenho, de frangos de corte. Fundação Apinco de Ciência
o rendimento e a qualidade de carcaça de fran- e Tecnologia Avícolas (FACTA). Campinas. Revista
gos de corte. Revista Brasileira de Zootecnia, Brasileira de Ciência Avícola. Suplemento 5, p.
v.29, n.4, p.1124-1131, 2000. 90, 2003.

Anais SIAVS 2015 - Rendimento de carcaça e cortes de frangos alimentados com diferentes promotores...
- 252 -

UTILIZAÇÃO DE DIFERENTES PROMOTORES DE


CRESCIMENTO ANTIBIÓTICO SOBRE O DESEMPENHO
DE FRANGOS DE CORTE

*JPF Oliveira1; A Oba1; ACF Assis1; M Almeida1;


T Dornellas1; AC Hoffmann1; FR Bueno1;
B Colcetta1; VP Dinalli1; S Trocato1
1
Departamento de Zootecnia
Universidade Estadual de Londrina/UEL
Londrina/PR.

Abstract ciency index. There were no differences


The use of additives in poultry feed can between treatments in the rest of the
increase the growth performance of tested parameters.
these animals, and its use is permitted Keywords: avilamycin, feed conversion
in Brazil. Therefore, it was used 624 chi- ratio, poultry, virginamycin, weight gain
cks for a period of 42 days, and adopted
a completely randomized design. It was
used six treatments (control, zinc baci-
tracin, enramycin, halquinol, virginamy- Introdução
cin and avilamycin), with 4 replicates O uso de antibióticos promotores de
and 26 birds in each repetition. It was crescimento apesar das restrições do
measured weight gain, feed intake, feed mercado comum Europeu, ainda é uti-
conversion, production viability and lizado por determinadas empresas no
productive efficiency index. The results Brasil, visto que a legislação brasileira
were submitted to ANOVA and subse- permite o uso destes. Sua ação está
quently Tukey’s test at 5% significance relacionada ao controle de microrga-
level. The results showed better per- nismos patogênicos no trato gastroin-
formance of avilamycin in weight gain, testinal do animal, diminuindo a carga
feed conversion and productive effi- microbiológica e consequentemente

Anais SIAVS 2015 - Utilização de diferentes promotores de crescimento antibiótico sobre o desempenho...
- 253 -
as toxinas inerentes a essas bactérias, exigências mínimas preconizadas por
maximizando a absorção de nutrien- Rostagno et al. (2011) e foram formula-
tes e levando o animal a sua excelên- das a base de milho e farelo de soja. Foi
cia produtiva e zootécnica (Toledo et utilizada cama de segundo lote, sendo
al., 2007). Atualmente existem linhas que para aumentar o desafio sanitário,
de pesquisa que condenam o uso de foi coletada amostra de cama em gran-
antibióticos como promotores de cres- ja comercial e distribuída em todos os
cimento, devido ao receio de ocorrer boxes experimentais.
alguma seleção bacteriana nos animais,
ou uma seleção cruzada em humanos Os tratamentos experimentais consistiam
(Traesel et al., 2011). Porém, estudos de- em: controle (sem antibióticos); bacitraci-
monstram que em países onde ocorreu na de zinco (55g/ton); enramicina (10g/
o banimento de antibióticos promo- ton); halquinol (30g/ton); virginamicina
tores de crescimento, houve aumento (16,5g/ton) e avilamicina (10g/ton).
do uso de anticoccidianos antibióticos
Foi adotado um delineamento inteira-
e antibióticos de uso terapêutico nos
mente casualizado, com seis tratamen-
animais (Castanon, 2007), além de uma
tos e quatro repetições de 26 aves por
queda no desempenho zootécnico das
unidade experimental. Para avaliação
aves (Jones & Racke, 2003).
das características de desempenho
Assim, este trabalho tem por objetivo zootécnico, foram determinados os se-
avaliar os principais antibióticos pro- guintes parâmetros: ganho de peso/
motores de crescimento utilizados na ave, consumo de ração/ave, conversão
avicultura sobre o desempenho zoo- alimentar, viabilidade criatória e índice
técnico das aves. de eficiência produtiva.

Os resultados obtidos foram submeti-


dos à análise de variância e posterior-
Materiais e métodos mente ao teste de Tukey ao nível de 5%
O experimento foi conduzido na Unida- de significância.
de de Pesquisa em Nutrição de Aves, da
Universidade Estadual de Londrina. Fo-
ram utilizados 624 pintainhos de corte Resultados e discussão
macho, da linhagem Cobb-500®, por 42
dias, sendo divididos em duas fases de Os resultados de desempenho estão
produção, a primeira fase foi de 1 a 21 apresentados na Tabela 1. Pode-se ob-
dias e a segunda de 22 a 42 dias. servar que os resultados de consumo
de ração e viabilidade criatória não di-
As aves receberam manejo conforme feriram (p>0,05) entre si. Os resultados
práticas comerciais, com alimentação e de ganho de peso mostram que a avi-
água ad libitum durante todo o perío- lamicina proporcionou o melhor ga-
do experimental. As dietas atendiam as nho significativamente, enquanto que

Anais SIAVS 2015 - Utilização de diferentes promotores de crescimento antibiótico sobre o desempenho...
- 254 -
a enramicina, halquinol e virginamicina mentar. Quanto ao índice de eficiência
apresentaram os piores ganhos, e o tra- produtiva, observa-se que a avilamicina
tamento controle e bacitracina de zinco apresentou o melhor índice e a enrami-
não diferiram dos demais tratamentos. cina, halquinol e virginamicina os piores
Ao analisar a conversão alimentar, ob- (p<0,01) e a bacitracina de zinco e o
serva-se que a avilamicina proporcio- controle não diferiram dos demais tra-
nou a melhor (p<0,01) conversão ali- tamentos.

Tabela 1: Ganho de peso (GP), consumo de ração (CR), conversão alimentar (CA), viabilidade cria-
tória (VC) e índice de eficiência produtiva (IEP) de frangos de corte machos suplementados com
diferentes tipos de antibióticos, no período de 1 a 42 dias
Tratamentos
Bacitracina
Variáveis Controle Enramicina Halquinol Virginamicina Avilamicina CV (%)
de zinco
CR (g) 4974 4827 4628 4676 4749 4951 3,41
GP (g) 2915 ab 2841 ab 2707 b 2668 b 2723 b 3066 a 4,57
CA 1,70 a 1,70 a 1,71 a 1,75 a 1,74 a 1,61 b 1,86
VC (%) 98,07 97,11 89,42 93,27 95,19 97,11 6,93
IEP 399 ab 386 ab 339 b 338 b 354 b 439 a 9,55
* Médias seguidas por letras diferentes nas linhas apresentaram diferença significativa pelo teste
de Tukey a 5%.

Os resultados encontrados mostram observaram melhores resultados de


que a avilamicina foi o promotor de consumo de ração, ganho de peso e
crescimento antibiótico que proporcio- conversão alimentar no período de 1 a
nou o melhor desempenho zootécnico 40 dias quando comparado ao controle
as aves e a enramicina, halquinol e virgi- sem aditivos, discordando do presente
namicina não se mostraram eficientes, trabalho.
sendo iguais ao tratamento controle.
Estudando a utilização de halquinol, Os dados apresentados discordam de
avilamicina e prebiótico em frangos, Toledo et al. (2007), no parâmetro de con-
Guasti (2012) observou que o uso so- versão alimentar, pois houve diferença
mente de halquinol proporcionou me- entre o antibiótico avilamicina e o con-
nor ganho de peso das aves, em relação trole, mas concordam em ganho de peso
do uso de halquinol mais a avilamicina e índice de eficiência produtiva, quando
ou prébiotico, mostrando assim, que o não houve diferença entre avilamicina e
halquinol não era um bom promotor controle. A variação encontrada perante
de crescimento antibiótico, o mesmo os resultados demonstrados na literatura,
resultado foi observado neste experi- sobre o uso de antibióticos promotores
mento. Quanto ao uso da bacitracina de crescimento, pode ser atribuída a dife-
de zinco, Contreras-Castillo et al. (2008) rença da população de microrganismos

Anais SIAVS 2015 - Utilização de diferentes promotores de crescimento antibiótico sobre o desempenho...
- 255 -
no ambiente onde foi realizada, influen- Conclusão
ciando no perfil microbiológico do trato Pode-se concluir que a avilamicina
gastrointestinal do animal, e consequen- apresentou melhores resultados zoo-
temente apresentando efeito nos resulta- técnicos que os demais antibióticos
dos observados (Reis, 2011). avaliados.

Referências bibliográficas

CASTANON, J. History of the use of antibiotic as grow- nho de frangos de corte. 68 p. Dissertação - Uni-
th promoters in European poultry feeds. Poultry versidade Federal de Lavras, Lavras, 2011.
Science, Champaign, v.86, n.11, p.2466-2471, 2007. ROSTAGNO, H.S.; ALBINO, L.F.T.; DONZELE, J.L. et al.
CONTRERAS-CASTILLO, C.J.; BROSSI, C.; PREVIE- Tabelas Brasileiras para aves e suínos: composi-
RO, T.C. et al. Performance and carcass quality of ção de alimentos e exigências nutricionais. 3.ed.,
broilers supplemented with antibiotics or pro- 252 p, UFV, Viçosa, 2011.
biotics. Revista Brasileira de Ciência Avícola, TOLEDO, G.S.P.; COSTA, P.T.C.; SILVA, L.P. et al. De-
Campinas, v. 10, n. 4, p. 227-232, 2008. sempenho de frangos de corte alimentados com
GUASTI, A.R. Uso de prebiótico na ração para fran- dietas contendo antibiótico e/ou fitoterápico
gos de corte criados sob estresse calórico e sani- como promotores, adicionados isoladamente ou
tário. 52 p. Dissertação - Universidade Vila Velha, associados. Ciência rural, Santa Maria, v. 37, n. 6,
Vila Velha, 2012. p. 1760-1764, 2007.
JONES, F.; RICKE, S. Observations on the history of TRAESEL, C.K.; LOPES, S.T.A.; WOLKMER, P. et al. Óle-
the development of antimicrobials and their use os essenciais como substituintes de antibióticos
in poultry feeds. Poultry Science, Champaign, promotores de crescimento em frangos de cor-
v.82, n.4, p.613-617, 2003. te: perfil de soroproteínas e peroxidação lipídica.
REIS, M.P. Uso da bacitracina de zinco e do sulfato Ciência Rural, Santa Maria, v.41, n.2, p.278-284,
de colistina como melhoradores do desempe- 2011.

Anais SIAVS 2015 - Utilização de diferentes promotores de crescimento antibiótico sobre o desempenho...
- 256 -

BETERRABA COMO PIGMENTANTE NA


DIETA DE CODORNAS DE POSTURA À BASE
DE ARROZ INTEGRAL

LS GUIDO1*; MLS CASTRO1; C BAVARESCO1;


RC DIAS1; DCN LOPES1; EG XAVIER1
1
Universidade Federal de Pelotas,
Departamento de Zootecnia,
Grupo de Estudos em Aves e Suínos da Universidade Federal de
Pelotas (GEASPEL), Campus Capão do Leão
Pelotas/RS

Abstract
A trial was conducted to evaluate the ments were studied: TC (diet based on
use of sugar beet (Beta vulgaris L.) as a whole rice and soybean meal); T2 (TC +
natural pigment in laying quails (Cotur- 4% sugar beet); T3 (TC + 8% sugar beet);
nix coturnix japonica) diets containing and T4 (TC + 12% sugar beet). Each tre-
whole rice as the main energy source. A atment had five replications and the ex-
total of 40 laying quails were used. The perimental unity was the cage with two
birds were in the second production cy- birds each. All diets were isoproteic and
cle and housed in metallic cages with isoenergetic. The egg yolk color was
nipple waterers and manual feeders. measured with a colorimeter (Minolta
Feed and water were fed ad libitum. The CR-200 b). No effect of sugar beet on
quails were fed with a control diet ba- the parameters luminosity, intensity of
sed on whole rice during 15 days befo- red color, intensity of yellow color and
re the beginning of trial to discolor the croma was observed. In conclusion, the
egg yolks. The effect of inclusion of in- addition of up to 12% of sugar beet in
creased levels of dry and grinded sugar diets containing whole rice does not af-
beet was evaluated. The following treat- fect egg yolk color of laying quails.

Anais SIAVS 2015 - Beterraba como pigmentante na dieta de codornas de postura à base de arroz integral
- 257 -
Introdução Zootécnica Professor Dr. Renato Rodri-
A criação de codornas é uma atividade gues Peixoto da Universidade Federal
que vem crescendo em ritmo acelera- de Pelotas, no período de 15 a 30 de
do no Brasil, despertando a atenção de maio de 2014. Foram utilizadas 40 co-
pesquisadores da área avícola, no sen- dornas de postura, no segundo ciclo
tido de desenvolver trabalhos que ve- de produção, alojadas em gaiolas me-
nham a contribuir para o maior aprimo- tálicas com bebedouros tipo nipple e
ramento e fixação desta cultura como comedouros manuais, recebendo água
uma fonte rentável na produção avícola e ração ad libitum. As aves receberam
(Furlan, 1998). uma dieta controle com arroz integral
durante 15 dias antes do início do ex-
O milho é o principal ingrediente utili- perimento, para despigmentação das
zado como fonte energética na formu- gemas.
lação de dietas para os animais, porém
outros alimentos vêm sendo testados Avaliou-se o efeito da inclusão de níveis
para substitui-lo total ou parcialmente crescentes de beterraba (seca e moída),
(Soto-Salanova & Fuende, 1997). O arroz resultando em quatro tratamentos: TC
integral é uma alternativa na alimen- (dieta à base de arroz e farelo de soja);
tação animal quando ocorre um exce- T2 (TC + 4% de beterraba); T3 (TC + 8%
dente da sua produção, podendo ser de beterraba); T4 (TC + 12% beterraba).
substituto ao milho, como fonte ener- Cada tratamento teve cinco repetições,
gética. Entretanto, Lancini (1994) obser- sendo a unidade experimental a gaiola,
vou a dependência da intensidade da composta por duas aves. As dietas fo-
coloração da gema pelo pigmento xan- ram isoproteicas e isoenergéticas.
tofila presente no milho, o qual dá a to-
Ao final do período experimental, 13
nalidade alaranjada para a gema. Como
ovos de cada tratamento foram levados
o arroz integral é pobre neste pigmen-
ao Laboratório de Análise Sensorial do
to, promove uma coloração mais clara
Departamento de Zootecnia da UFPel,
às gemas.
onde procedeu-se a análise colorimé-
Por isso, este experimento visa testar trica das gemas com o colorímetro Mi-
a beterraba (Beta vulgaris L.) como nolta (CR-200 b), previamente calibrado
pigmentante natural em dietas de co- em superfície branca de acordo com
dornas japonesas (Coturnix coturnix ja- padrões pré-estabelecidos (Bible & Sin-
ponica) em que a principal fonte ener- gha, 1993). A leitura de cores é realizada
gética é o arroz integral. em um sistema tridimensional, avalian-
do a cor em três eixos, onde o eixo L*
(luminosidade) avalia a amostra do pre-
to ao branco, o eixo a* (intensidade da
Materiais e métodos cor vermelha) da cor verde ao vermelho
O experimento foi desenvolvido no La- e o eixo b* (intensidade da cor amarela)
boratório de Ensino e Experimentação da cor azul ao amarelo. A partir dessas

Anais SIAVS 2015 - Beterraba como pigmentante na dieta de codornas de postura à base de arroz integral
- 258 -
informações foi realizada a determi- Resultados e discussão
nação do croma, obtido pela fórmula A avaliação colorimétrica das gemas
­croma = a2+b2 dos ovos é apresentada na tabela 1. Não
Para avaliação do efeito dos níveis de houve efeito dos níveis de inclusão de
beterraba, os dados foram submetidos beterraba sobre os parâmetros de lumi-
a ANOVA e à regressão polinomial a 5% nosidade, intensidade da cor vermelha,
de significância. intensidade da cor amarela e croma.

Tabela 1: Valores médios e desvio padrão dos parâmetros L*, a* e b* do colorímetro Minolta de
gema de ovos de codornas de postura alimentadas com diferentes níveis de beterraba (Beta
­vulgaris L.)
Níveis de inclusão
L* a* b* Croma
de beterraba (%)
0 67,07 ± 3,08 -7,62 ± 0,63 24,03 ± 3,21 25,22 ± 3,19
4 67,59 ± 2,92 -7,87 ± 0,51 22,78 ± 2,58 24,11 ± 2,58
8 67,22 ± 3,77 -7,46 ± 0,33 23,65 ± 2,15 24,81 ± 2,05
12 66,61 ± 3,88 -7,28 ± 0,79 23,43 ± 4,52 24,57 ± 4,38
P* 0,68 0,06 0,83 0,76
P* nível de significância pela regressão polinominal a 5%; (L*) variação de luminosidade de
branco (L=100) ao preto (L=0); (a*) coloração na região do vermelho ao verde; (b*) intervalo
entre amarelo e azul.

Os pigmentos encontrados mais abun- de beterraba não afeta os parâmetros


dantemente na beterraba são as betala- da cor dos ovos.
ínas (Chetanas; Nayak; Raghavaro, 2007),
sendo a betanina a principal (Kanner;
Harel; Granit, 2001). As betalaínas são so-
Conclusão
lúveis em água (Stintzing; Trichterborn;
Carle, 2006), portanto são eliminadas, o A inclusão de beterraba em até 12% em
que impede a sua deposição do pig- dietas com arroz integral não afeta a co-
mentante junto a fração lipídica, como loração da gema dos ovos de codornas
na gema do ovo. Desta forma, a inclusão de postura.

Anais SIAVS 2015 - Beterraba como pigmentante na dieta de codornas de postura à base de arroz integral
- 259 -

Referências bibliográficas

BIBLE, B. B.; SINGHA, S. Canopy position influences SOTO-SALANOVA, M.F.; FUENTE, J.M. Utilización de
cielab coordinates of peach color. Hortscience, enzimas en la alimentación de gallinas. Nuestra
Alexandria, v. 28, n. 10, p. 992-993, 1993. cabaña, Madrid, España, p. 30-34, 1997.
CHETANAS, S. NAYAK, C. A.; RAGHAVARAO, K. S. M. STINTZING, F. C.; TRICHTERBORN, J.; CARLE, R. Cha-
S. Aqueous two phase extraction for purification racterisation of anthocyanin-betalain mixtures
and concentration of betalains. Journal of Food for food colouring by chromatic and HPLC-DA-
Engineering, v. 81, p.679-687, 2007. D-MS analyses. Analytical, Nutritional and Clinical
KANNER, J.; HAREL, S.; GRANIT, R. Betalains: a new Methods, v. 94, p. 296-309, 2006.
class of dietary cationized antioxidants. Journal FURLAN, A.C.; ANDREOTTI, M.O.; MURAKAMI, A.E.;
of Agricultural and Food Chemistry, v. 49, p. 5178- SCAPINELLO, C.; MOREIRA, I.; FRAIHA, M.; CAVALIE-
5185, 2001. RI, F.L.B. Valores Energéticos de Alguns Alimentos
LANCINI, J. B. Aditivos. In: Facta. Fisiologia da diges- Determinados com Codornas Japonesas
tão e absorção de aves. Campinas, SP: FACTA, p. (Coturnix coturnix japonica). Revista Brasileira de
99-126, 1994. Zootecnia, v.27, n.6, p.1147-1150, 1998.

Anais SIAVS 2015 - Beterraba como pigmentante na dieta de codornas de postura à base de arroz integral
- 260 -

USO DE PIGMENTANTES NATURAIS EM DIETAS COM


ARROZ INTEGRAL PARA CODORNAS JAPONESAS

BK GOMES1*; MLS de Castro1; RC DIAS1;


LDS GUIDO1; JS JÚNIOR2; DCN LOPES1; EG XAVIER1
1
*Universidade Federal de Pelotas, Departamento de Zootecnia,
Grupo de Estudos em Aves e Suínos da Universidade Federal de
Pelotas (GEASPEL), Campus Capão do Leão, Pelotas/RS
2
Pesquisador Embrapa Clima Temperado, Pelotas/RS

Abstract of the natural pigments alfalfa hay and


This study evaluated the effects of na- annatto to Japanese quails diets based
tural pigments in diets with whole on whole rice increased the color of the
rice for Japanese quails on the color egg yolk.
of egg yolks. A total of 30 laying quails
were randomly distributed in three tre- Introdução
atments with five replicates each: TC O uso de alimentos alternativos em
(diet based on whole rice and soybean substituição aos tradicionalmente utili-
meal); T2 (TC + 12% alfalfa hay); and T3 zados na coturnicultura busca diminuir
(TC + 12% annatto). A completely ran- os custos dos insumos utilizados na die-
domized design was used. Data were ta dos animais, que alcança até 70% na
analyzed by ANOVA and Tukey test at produção avícola (Barbosa et al, 2007).
5%. The birds had ad libitum access to Assim, fontes proteicas e energéticas,
food and water throughout the expe- que não o farelo de soja e o milho, são
rimental period. The variables analyzed adicionadas à dieta de codornas japo-
were: L*(luminosity), a*(red color) and nesas (Coturnix coturnix japonica), ten-
b* (yellow color). The inclusion of 12% do reflexo direto na produção de ovos.

Anais SIAVS 2015 - Uso de pigmentantes naturais em dietas com arroz integral para codornas japonesas
- 261 -
O arroz integral pode ser utilizado com comedouros metálicos manuais
como substituto ao milho, desde que, e bebedouros automáticos tipo ni-
do ponto de vista econômico, seja vi- pple. As aves receberam alimento e
ável. Apesar disso, a inclusão do arroz água ad libitum durante todo o perío-
apresenta como consequência inde- do experimental. Foram testados três
sejável à produção de ovos a despig- tratamentos: TC (dieta à base de arroz
mentação das gemas, devido à ausên- integral e farelo de soja); T2 (TC + 12%
cia de carotenóides. Como forma de feno de alfafa); e T3 (TC + 12% colorífi-
eximir este efeito indesejável, pode-se co de urucum). Cada tratamento teve
adicionar pigmentantes, atendendo cinco repetições, sendo cada unidade
ao desejo do mercado consumidor experimental representada por uma
(Moura et al., 2009). Pigmentantes gaiola com duas codornas, perfazen-
naturais vêm sendo buscados como do um total de 10 aves por tratamen-
aditivos às dietas, devido a barreiras to. O experimento teve a duração de
impostas pelo mercado internacional 15 dias, onde a cada período de 5 dias
quanto ao uso de carotenóides sin- foram realizadas coletas dos ovos, que
téticos. Como fontes naturais destas foram analisados em laboratório de
substâncias pode-se citar o colorífi- nutrição animal, da Universidade Fe-
co de urucum e o feno de alfafa, que deral de Pelotas
contêm carotenóides, substâncias
que intensificam a coloração amarela A coloração das gemas dos ovos foi
da pele dos frangos e da gema do ovo determinada usando um colorímetro
(Miranda Jr, 2014). (Minolta CR-200b, Osaka, Japan), previa-
mente calibrado em superfície branca
Em vista disso, este trabalho busca ana-
de acordo com padrões pré-estabeleci-
lisar a pigmentação de ovos de codor-
dos (Bible & Singha, 1993), que faz a lei-
nas japonesas alimentadas com dietas
tura de cores em um sistema tridimen-
contendo como única fonte energética
sional, avaliando a cor em três eixos. O
o arroz integral, com a adição de feno
de alfafa ou colorífico de urucum. eixo L* avalia a amostra do preto ao
branco, o eixo a* da cor verde ao verme-
lho e o eixo b* da cor azul ao amarelo.
Além disso, foi realizada a determinação
Materiais e métodos do croma, relação entre os valores de
O experimento foi realizado no Setor a* e b*, em que se obtém a cor real do
de Avicultura do Laboratório de Ensino objeto analisado. Para cálculo do croma
e Experimentação Zootécnica Professor foi utilizada a fórmula matemática C* =
Dr. Renato Rodrigues Peixoto, da Univer- (a*² + b*²)¹/².
sidade Federal de Pelotas.
Os dados foram submetidos à ANOVA e
Trinta codornas japonesas foram alo- as médias comparadas pelo teste Tukey
jadas ao acaso em baterias metálicas, ao nível de 5% de significância.

Anais SIAVS 2015 - Uso de pigmentantes naturais em dietas com arroz integral para codornas japonesas
- 262 -
Resultados e discussão mento com o pigmentante urucum
Não houve diferença no teste de Tukey (T3), seguida pelo feno de alfafa (T2),
a 5% do parâmetro Luminosidade (L*) sendo a menor média a do tratamento
entre os tratamentos controle e utiliza- controle (TC). A pigmentação vermelha
ção de pigmentante urucum na dieta (a*), por sua vez, teve sua maior média
(tabela 1). Já a pigmentação amarela no tratamento contendo o feno de alfa-
(b*), demonstrou-se melhor no trata- fa (T2) como pigmentante na dieta.

Tabela 1: Avaliação colorimétrica de gemas de ovos de codornas de postura alimentadas com


dieta à base de arroz integral com ou sem a adição de pigmentantes naturais*.
Tratamentos L* a* b*
Tratamento controle (TC) 69,74a -7,81b 26,08c
Feno de alfafa* (T2) 62,25b 0,216a 45,55b
Urucum* (T3) 66,99a -0,07b 51,35a
P* 0,04 0,05 0,04
*Médias seguidas de letras minúsculas diferentes, na coluna, diferem significativamente pelo teste
de Tukey a 5% de probabilidade. P* nível de significância a 5%; (L*) variação de luminosidade de
branco (L=100) ao preto (L=0); (a*) coloração na região do vermelho ao verde; (b*) intervalo entre
amarelo e azul.

Os menores valores de b* observados alfafa se deve ao fato de uma maior de-


para o tratamento controle corroboram posição de xantofilas, que contribuem
com os resultados encontrados por Vi- para produção de gema de coloração
dal (2009), que utilizou farelo de casta- alaranjada.
nha de caju, ou por Pinheiro et al. (2012),
ao utilizarem nabo forrageiro, dois ali-
mentos com pouca concentração de
Conclusão
carotenóides. A coloração vermelha se
deve ao fato do urucum conter em suas A inclusão de 12% de feno de alfafa e co-
extremidades um corante majoritário lorífico de urucum à dieta de codornas
denominado bixina (Henry, 1992). japonesas, tendo como fonte energética
principal o arroz integral, possibilitou o
Segundo Garcia et al. (2002), maior va- incremento da coloração das gemas, de-
lor de a* com a dieta contendo feno de vido à fixação de carotenoides.

Anais SIAVS 2015 - Uso de pigmentantes naturais em dietas com arroz integral para codornas japonesas
- 263 -

Referências bibliográficas

Barbosa, F.J.V., Nascimento, M.P.S.B., Diniz, F. M., G.A.F., Houghton, J.D. (eds.) Natural Food Colo-
Nascimento, H. T. S., Araújo Neto, R. B. Sistema rants. New York: AVI, p. 39-78.
alternativo de criação de galinhas caipiras. Em- Miranda Jr, J. F. “Produto premium” – É possível
brapa,Meio-Norte. Sistemas de produção, 4. ISSN diferenciar e valorizar mais o seu produto. DSM
1678-8818. Versão eletrônica. nov/2007. Nutritional products. Ovosite. Revista do Ovo. Pro-
Bible BB, Singha S (1993). Canopy position in- dução animal. Abr/2014. Em: http://www.flip3d.
fluences CIELab coordinates of peach color. com.br/web/pub/avisite/index.jsp?ipg=118738.
Hortscience, 28:992-993. Acesso em: 26/07/2014.
Garcia E. A;, Mendes A. A., Pizzolante C. C., Gonçal- Moura, A.M.A.; Fonseca, J.B.; Melo, E.A.; Lima,
ves H. C., Oliveira R. P., Silva M. A. Efeito dos níveis V.L.A.G.; Santos, P.A.; Silva, Q.J. Características Sen-
de cantaxantina na dieta sobre o desempenho e soriais de ovos de codornas japonesas (coturnix
qualidade dos ovos de poedeiras comerciais. Re- japonica Temminck e Schlegel, 1849) suplemen-
vista Brasileira de Ciência Avícola. Jan - Mar 2002 tadas com pigmentantes sintéticos e seleno-
/ v.4 / n.1 metionina. Ciência e Agrotecnologia, v.33, n.6,
Henry, B.S. (1992) Natural food colours. In: Hendry, p.1594-1600, 2009.

Anais SIAVS 2015 - Uso de pigmentantes naturais em dietas com arroz integral para codornas japonesas
- 264 -

ANÁLISE SENSORIAL DE OVOS DE CODORNAS


ALIMENTADAS COM FARELO DE ARROZ INTEGRAL

AC Meggiato*1; E Gopinger1; C Bavaresco1;


DV Garcia1; IA Esrorino1; DCN Lopes1; EG Xavier1
1
Universidade Federal de Pelotas, Departamento de Zootecnia, Grupo
de Estudos em Aves e Suínos da Universidade Federal de Pelotas
(GEASPEL), Campus Capão do Leão, Pelotas/RS

Abstract Introdução
The objective of this study was to No cenário da produção avícola bra-
evaluate the sensory characteristics sileira, durante muitos anos a coturni-
of quail eggs. A completely randomi- cultura foi considerada uma atividade
zed design in a 5 x 2 factorial, with five alternativa para pequenos produtores.
storage periods (0, 30, 60, 90, 120 days) A exploração comercial de codornas
and with or without treatment with cresceu e se encontra em expansão
organic acids was used. A total of six (Fujikura,2002). Antigamente os ovos
sessions with nine trained advisors was eram comercializados somente para
conducted. The advisors assessed six aperitivos ou ornamentação de pratos.
replicates of each of the 10 treatments Hoje existem várias maneiras de comer-
on individual hangers. The following at- cialização, pois são considerados a fon-
tributes were evaluated: color and dis- te mais confiável de muitos compostos,
tinctive taste, odor, flavor and fat, acid como proteínas, lipídios, aminoácidos
taste, strange taste, aftertaste, hardness essenciais, vitaminas e minerais. A apro-
and overall acceptance. No interaction vação do sabor e da textura são requi-
among storage time and the use of or- sitos determinantes para a absorção de
ganic acids on the sensory characteris- um alimento pelo mercado consumi-
tics of quail eggs was observed. dor (Stadelman,1999).

Anais SIAVS 2015 - Análise sensorial de ovos de codornas alimentadas com farelo de arroz integral
- 265 -
O uso de alimentos alternativos ao 20% de farelo de arroz integral(FAI) em
milho e ao farelo de soja, comumente substituição ao milho.
empregados nas dietas para não rumi-
nantes, tem se tornado mais frequente. Para avaliação dos atributos sensoriais,
Um destes é o farelo de arroz integral, os ovos foram coletados, identificados
proveniente do processo de beneficia- conforme o tratamento corresponden-
mento do arroz descascado, sendo con- te e encaminhados para o Laboratório
siderada uma fonte de energia alterna- de Carnes e Análise Sensorial do De-
tiva na alimentação das aves, possuindo partamento de Zootecnia, onde foram
níveis adequados de proteína, fósforo, armazenados, sob refrigeração, até o
manganês, vitaminas, gordura, entre ou- momento da avaliação.
tros nutrientes (Giacometti et al., 2003).
Para a realização deste procedimento
Com isso, o objetivo deste trabalho foi foi realizado um treinamento para sele-
avaliar o fornecimento, na dieta de co- ção dos julgadores, conforme descrito
dornas de postura, de farelo de arroz por Seibel et al. (2010). Os ovos foram
integral submetido a diferentes tempos cozidos em água fervente, durante sete
de armazenamento tratado com ácidos minutos. Quando atingiram a tempe-
orgânicos e seu efeito na análise senso- ratura ambiente, foram descascados e
rial de ovos de codornas. servidos em recipientes plásticos, codi-
ficados com três dígitos aleatórios. As
amostras foram analisadas em cabines
individuais e avaliadas de acordo com
Material e Métodos os seguintes atributos: cor, odor e sabor
O experimento foi conduzido no La- característico, odor e sabor a gordura,
boratório de Carnes e Análise Sensorial sabor ácido, sabor estranho, sabor resi-
do Departamento de Zootecnia Uni- dual, dureza e aceitação global. Foram
versidade Federal de Pelotas - Campus realizadas seis sessões com nove asses-
Capão do Leão. Foram utilizadas 150 sores treinados, os quais avaliaram seis
codornas japonesas (Coturnix coturnix repetições de cada um dos dez trata-
japonica) em um delineamento intei- mentos.
ramente casualizado em um esquema
fatorial 5 x 2, com cinco tempos de ar- Foi avaliada a presença de interação
mazenamento (inicial, 30, 60, 90 e 120 entre o tempo de armazenamento e o
dias) e com ou sem o tratamento de uso de ácidos orgânicos. Quando não
ácidos orgânicos. Foram utilizadas cinco houve interação significativa foram
repetições e três aves por repetição. As avaliados separadamente o efeito do
dietas foram formuladas para atender tempo de armazenamento pela análise
as exigências nutricionais, de acordo de regressão polinomial a 5% de sig-
com as recomendações de Rostagno nificância e o efeito do uso de ácidos
et al. (2011), sendo isocalóricas, isopro- orgânicos pelo teste t a 5% de nível de
teicas e isovitamínicas, com inclusão de significância.

Anais SIAVS 2015 - Análise sensorial de ovos de codornas alimentadas com farelo de arroz integral
- 266 -
Resultados e Discussão separadamente o efeito do tempo de
De acordo com os resultados apresen- armazenamento e do uso de ácidos de
tados na tabela1, não houve efeito sig- orgânicos não foi verificada diferença
nificativo da interação (P>0,05) entre o significativa na cor, odor e sabor caracte-
tempo de armazenamento e os ácidos rístico, odor e sabor a gordura, sabor áci-
orgânicos sobre as características senso- do, sabor estranho, sabor residual, dureza
riais dos ovos de codornas. Ao avaliar-se e aceitação global dos ovos de codorna.

Tabela 1: Análise sensorial de ovos de codornas alimentadas com dietas à base de farelo de arroz
integral tratado com ácidos orgânicos em diferentes tempos de armazenamento
TA¹ Cor OC² OG³ SC4 SG 5
0 4,16±1,82 5,09± 2,14 1,95± 1,62 5,72±1,59 2,32±1,84
30 4,24±1,72 5,05 ±2,00 2,16 ± 1,65 5,57 ±1,94 2,28 ±1,83
60 4,38± 1,77 5,14±2,08 2,01±1,62 5,56±1,91 2,27±1,93
90 4,06±1,79 5,22± 2,11 2,06±1,70 5,70±1,93 2,15±1,59
120 3,92±1,70 5,34±2,00 1,96±1,71 5,73±1,86 2,07±1,74
P* 0,24 0,31 0,65 0,37 0,27
Ácido 4,11± 1,71 5,13± 1,99 2,03 ±1,62 5,73± 1,75 2,30±1,88
Controle 4,20±1,82 5,21±2,13 2,02±1,70 5,58±1,93 2,14±1,68
Aceitação
TA¹ SA6 SE7 SR8 Dureza
Global
0 0,90±1,05 0,84±1,01 1,86±2,29 2,93±2,08 5,27±1,92
30 0,95±1,25 0,85±1,10 1,98±2,42 3,17± 2,15 5,13±1,86
60 1,05±1,34 0,83 ±1,08 1,83±2,24 2,80±1,92 5,34± 1,92
90 1,03± 1,41 0,82±1,12 1,93±2,41 2,85±1,96 5,44±2,00
120 0,74±1,15 0,65±1,01 1,55±2,08 3,04±2,14 5,62±2,09
P* 0,11 0,18 0,36 0,88 0,11
Ácido 0,92±1,25 0,75±1,00 1,84±2,25 2,98 ±2,10 5,32± 2,01
Controle 0,95±1,25 0,85±1,13 1,82±2,32 2,94±2,00 5,40± 1,91
P* nível de significância de 5%.¹ tempo de armazenamento (dias); ²odor característico; ³odor a
gordura; 4sabor característico; 5sabor a gordura; 6sabor ácido; 7sabor estranho; 8sabor residual.

As modificações de sabor e odor e particularmente susceptíveis à oxida-


geração de “off-flavour” poderiam ção lipídica. No entanto, o tempo de
ocorrer como resultado da acidez dos armazenamento do farelo de arroz
lipídios, seja em alimentos e/ou pro- não influenciou nas características
dutos animais, já que estes ácidos são dos ovos.

Anais SIAVS 2015 - Análise sensorial de ovos de codornas alimentadas com farelo de arroz integral
- 267 -
Conclusão
O tempo de armazenamento e os áci-
dos orgânicos não afetaram as caracte-
rísticas sensoriais dos ovos de codornas.

Referências bibliográficas

FUJIKURA, W.S. Situação e perspectivas da cotur- belas brasileiras para aves e suínos: composição
nicultura no Brasil. In: SIMPÓSIO INTERNACIO- de alimentos e exigências nutricionais. 3. ed. Viço-
NAL DE COTURNICULTURA. Lavras. Anais... Lavras: sa, MG: UFV, DZO, 252p. 2011.
Universidade Federal de Lavras, 2002. P 1-10, 2002.
SEIBEL, N. F.; SCHOFFEN, D. B.; QUEIROZ, M. I.; SOU-
GIACOMETTI, R.A.; TEIXEIRA, A.S.; RODRIGUES, P.B.;
ZA-SOARES, L. A. Caracterização sensorial de
FREITAS, R.T.F.; BERTECHINI, A.G.; FIALHO, E.T.; SAN-
ovos de codornas alimentadas com dietas mo-
TOS, A.V. Valores energéticos do farelo de arroz
integral suplementado com complexos enzimá- dificadas. Ciência e Tecnologia de Alimentos, v.30,
ticos para frangos de corte. Ciência Agrotécnica, p.884-889, 2010. 
v.27, n.3, p.703-707, 2003. STADELMAN, W. J. The incredibly functional egg.
ROSTAGNO, H.S.; BARRETO, S.L.T; EUCLIDES, R. F. Ta- Poultry Science, v. 78, p. 807-811, 1999.

Anais SIAVS 2015 - Análise sensorial de ovos de codornas alimentadas com farelo de arroz integral
- 268 -

EFEITO DO ARMAZENAMENTO DO FARELO


DE ARROZ INTEGRAL NO DESEMPENHO DE FRANGOS
DE CORTE AOS 21 DIAS DE IDADE

DG VASCONSCELOS*1; E GOPINGER1; T STEFANELLO1;


IA ESTORINO1; RC DIAS1; DCN LOPES1; EG XAVIER1;
MC ELIAS2
1
Universidade Federal de Pelotas, Departamento de Zootecnia, Grupo de
Estudos em Aves e Suínos da UFPel (GEASPEL), Pelotas/RS
2
Universidade Federal de Pelotas,
Departamento de Ciência e Tecnologia de Alimentos,
Pelotas/RS

of broiler chickens. In conclusion, the FAI


Abstract stored for 120 days and supplied in the
The experiment was carried out to diets does not affect the growth perfor-
evaluate the growth performance of mance of broilers at 21 days of age.
broiler chickens fed diets containing
rice bran (FAI) with different storage
times. A total of 320 one-day-old male
broilers (Cobb 500) were used. A com- Introdução
pletely randomized design with five Um dos componentes que mais one-
treatments (0, 30, 60, 90, 120 days of sto- ram o custo de produção de frangos de
rage time) and eight replications of ei- corte nos sistemas de criação intensiva
ght birds each was used. The following é a alimentação, representando cerca
variables were measured: average body de 70% desse custo. Assim, a busca por
weight, daily weight gain, feed con- alimentos alternativos para substituir o
sumption and feed: gain. The inclusion milho e o farelo de soja, visando reduzir
of 12% of FAI replacing corn in the diets os custos de produção, tem sido uma
did not affect the growth performance preocupação generalizada no sistema

Anais SIAVS 2015 - Efeito do armazenamento do farelo de arroz integral no desempenho de frangos de...
- 269 -
de produção e pesquisa avícola no Bra- nutricionais de frangos de corte, de acor-
sil e no mundo. do com as recomendações de Rostagno
et al (2011), com a inclusão de 12% de
O farelo de arroz integral (FAI), prove- FAI de diferentes tempos de armazena-
niente do processo de beneficiamen- mento, em substituição ao milho.
to do arroz descascado, é considerado
uma fonte de energia alternativa na As aves foram distribuídas em um de-
alimentação das aves, possuindo níveis lineamento inteiramente casualizado,
adequados de proteína, fósforo, man- com cinco tratamentos (diferentes tem-
ganês, vitaminas, gordura, entre outros pos de armazenamento) e oito repeti-
nutrientes (Giacometti et al., 2003). O ções com oito aves cada uma.
FAI é um subproduto de preço rela-
tivamente baixo e que tem todas as Foram avaliadas as seguintes variáveis do
condições, dentro de certos limites, de desempenho zootécnico: peso médio
ser incluído em dietas para não rumi- das aves, ganho de peso diário, consumo
nantes, reduzindo assim os custos com de ração e conversão alimentar. As aves
alimentação (Vieira et al., 2007). No en- foram pesadas no primeiro dia do expe-
tanto, em virtude do seu elevado teor rimento e ao final do mesmo, aos 21 dias
de gordura, a armazenagem do farelo de idade. Também foi pesada a quanti-
de arroz integral pode levar à rancifica- dade de ração fornecida diariamente e
ção. O FAI possui enzimas que hidroli- as sobras, semanalmente, para o cálculo
sam o óleo aumentando o conteúdo do consumo e conversão alimentar.
de ácidos graxos livres, que promovem
a formação de odor e sabor de ranço, O peso médio (g) das aves foi obtido
afetando sua composição e utilização através do peso total das aves dividido
na alimentação animal (Filardi et al., pelo número de aves no boxe. Os dados
2007). Com isso, o objetivo deste traba- foram submetidos à análise de variân-
lho foi avaliar o fornecimento, na dieta cia e regressão polinomial com nível de
de frangos de corte, de farelo de arroz significância de 5%.
integral submetido a diferentes tempos
de armazenamento e seu efeito no de-
sempenho zootécnico.
Resultados e discussão
Na avaliação dos dados de desempe-
nho das aves (tabela 1), observou-se
Material e métodos através da análise de regressão que o
Foram utilizados 320 frangos de corte, aumento do tempo de armazenamen-
machos, da linhagem Cobb 500, com um to do farelo de arroz integral (FAI) não
dia de idade. O farelo de arroz foi armaze- influenciou significativamente (p>0,05)
nado a 18°C em cinco tempos diferentes o ganho de peso médio diário, o consu-
(0, 30, 60, 90 e 120 dias). As dietas foram mo de ração diário, a conversão alimen-
formuladas para atender as exigências tar e o peso médio das aves.

Anais SIAVS 2015 - Efeito do armazenamento do farelo de arroz integral no desempenho de frangos de...
- 270 -
Tabela 1: Desempenho de frangos de corte, alimentados com farelo de arroz integral armazenado
em diferentes tempos
Tempo de
Ganho de peso Consumo Conversão Peso
armazenamento
diário (g) diário (g) alimentar médio (g)
(dias)
0 32,59 45,45 1,39 725,76
30 32,12 44,20 1,37 715,81
60 32,80 44,39 1,35 730,41
90 32,85 44,94 1,37 731,30
120 32,07 44,99 1,40 715,20
P* 0,81 0,96 0,76 0,84
CV 4,77 5,01 4,99 4,50
*P nível de significância a 5% pela regressão polinomial. CV- coeficiente de variação (%).

Os resultados do presente estudo cor- pelo nível de inclusão de 12% do farelo


roboram com Brum et al. (1993), que de arroz. No entanto, essa recomenda-
avaliando a inclusão de até 15% de fa- ção está de acordo com Rostagno et al
relo de arroz na dieta de frangos não (2011).
observou efeito no desempenho dos
frangos. Segundo Filardi et al (2007), a
utilização de até 15% de farelo de arroz
Conclusão
integral na dieta das aves não afeta o
desempenho dos animais. O armazenamento do farelo de arroz
integral em até 120 dias e seu forneci-
Provavelmente, não se observou di- mento na dieta de frangos de corte não
ferença significativa dos tempos de afeta o desempenho zootécnico até 21
armazenamento no presente estudo dias de idade.

Referências bibliográficas

BRUM, P.A.R; ALBINO, L.F.T.; GOMES, M.F.M.; TOS- ticos para frangos de corte. Ciência Agrotécnica,
CAN, A.B.; PIENIZ, L.C. Uso do farelo de arroz in- v.27, n.3, p.703-707, 2003.
tegral em dietas para frangos de corte. Comuni- ROSTAGNO H.S., ALBINO L.F.T., DONZELE J.L, GO-
cado Técnico, 201, EMBRAPA–CNPSA, Maio/1993, MES P.C., OLIVEIRA R. F., LOPES D. C., FERREIRA A.S.,
p. 1–2. BARRETO S.L.T, EUCLIDES R. F. Tabelas brasileiras
FILARDI, R.S.; JUNQUEIRA, O.M.; LAURENTIZ, A.C.; para aves e suínos: composição de alimentos
CASARTELLI, E.M.; ASSUENA, V.; PILEGGI, J.; DUARTE e exigências nutricionais. 3. ed. Viçosa, MG: UFV,
K.F. Utilização do farelo de arroz em rações para DZO, 2011. 252p.
poedeiras comerciais formuladas com base em VIEIRA, A.R.; RABELLO, C.B.; MARIA DO CARMO
aminoácidos totais e digestíveis. Ciência Animal MOHAUPT MARQUES LUDKE, M.C.M.M.; DUTRA
Brasileira, v. 8, n. 3, p. 397-405, jul./set. 2007. Jr., W.M.; TORRES, D.M.; LOPES, J.B. Efeito de dife-
GIACOMETTI, R.A.; TEIXEIRA, A.S.; RODRIGUES, P.B.; rentes níveis de inclusão de farelo de arroz em
FREITAS, R.T.F.;BERTECHINI, A.G.; FIALHO, E.T.; SAN- dietas suplementadas com fitase para frangos de
TOS, A.V. Valores energéticos do farelo de arroz corte. Acta Science Animal Science, v. 29, n. 3, p.
integral suplementado com complexos enzimá- 267-275, 2007.

Anais SIAVS 2015 - Efeito do armazenamento do farelo de arroz integral no desempenho de frangos de...
- 271 -

URUCUM UTILIZADO COMO PIGMENTANTE


NATURAL NA DIETA DE CODORNAS DE POSTURA
ALIMENTADAS COM ARROZ INTEGRAL

RC Dias*1; MLS Castro1; E Gopinger1; AP


Roll1; C Bavaresco1; DCN Lopes1; EG Xavier1;
1
Universidade Federal de Pelotas, Departamento de Zootecnia,
Grupo de Estudos em Aves e Suínos da Universidade Federal de
Pelotas (GEASPEL), Pelotas/RS

Abstract with increased levels of inclusion of an-


The objective of this study was to natto in the diets. In conclusion, the ad-
evaluate the utilization of annatto (Bixa dition of annatto as a source of natural
orellana L.) as a natural pigmentante on pigmentante for laying quails fed with
egg yolks of laying quails fed diets with whole rice becomes effective for the in-
whole rice. Increased levels of annatto crease in the color of egg yolks.
(4, 8 and 12%) were evaluated. At 15-day
trial was conducted in which 13 eggs
from each treatment were collected
to determine the colorimetric profile Introdução
of eggs through the Minolta colorime- De acordo com Krabbe et al. (2012), o ar-
ter. A linear effect on the L parameter roz apresenta uma quantidade maior de
was observed, reducing with increased proteína bruta (8,87%) quando compa-
levels of annatto. Therefore, the most rado ao milho (7,88%). Quanto à energia
opaque gems were observed with hi- metabolizável, o grão de arroz integral
gher levels of annato. An increase in the apresenta 3.218 kcal/kg e o milho 3.381
parameters a, b and chroma was shown kcal/kg, valores muito próximos. Com

Anais SIAVS 2015 - Urucum utilizado como pigmentante natural na dieta de codornas de postura...
- 272 -
isso, o arroz surge como uma fonte alter- Foram utilizadas 40 codornas de pos-
nativa ao milho, devendo ser estudado tura (Coturnix coturnix japonica), no
na alimentação de codornas, principal- segundo ciclo de produção, alojadas
mente quando há excedente no merca- em gaiolas metálicas, com bebedouros
do e consequente preço baixo. automáticos tipo nipple e comedouros
metálicos tipo calha. Durante todo o
Entretanto, o arroz não possui caro- período experimental as aves recebe-
tenoides, fazendo com que ocorra a ram água e ração ad libitum. Aves re-
despigmentação das gemas dos ovos ceberam uma dieta controle com arroz
produzidos, comprometendo sua acei- integral durante 15 dias antes de início
tação no mercado e comercialização. A do experimento, para despigmentação
fim de corrigir a ausência de pigmen- das gemas.
tação (Nozière et al., 2006), substâncias
obtidas de fontes naturais, ou artificial- Foi avaliado a inclusão de níveis cres-
centes de urucum na dieta, sendo tes-
mente produzidas, são adicionadas
tados quatro tratamentos: TC (dieta à
à ração. Dentre esses, o urucum (Bixa
base de arroz e farelo de soja); T2 (TC
orellana L.) é uma alternativa e pesqui-
+ 4% de urucum); T3 (TC + 8% de uru-
sas têm sido realizadas utilizando-o na
cum); T4 (TC + 12% de urucum). As die-
pigmentação de gemas de ovos de po-
tas foram formuladas para atender as
edeiras, principalmente quando se usa
exigências nutricionais, de acordo com
uma fonte energética de pouca ação as recomendações de Rostagno et al.
pigmentante em substituição ao milho (2011), sendo isonutritivas. Foi utilizado
amarelo (Oliveira, 2004). o delineamento inteiramente casualiza-
Com isso, este trabalho teve como obje- do, com cinco repetições por tratamen-
to, sendo cada gaiola com duas aves
tivo avaliar o efeito de níveis de urucum
uma unidade experimental.
como pigmentante natural de gemas
de ovos de codornas alimentadas com Aos 15 dias de período experimental,
dietas em que o arroz integral foi utiliza- foram coletados e identificados 13 ovos
do como fonte energética em substitui- de cada tratamento e levados ao La-
ção ao milho. boratório de Nutrição Animal. O perfil
colorimétrico dos ovos foi determinado
usando um colorímetro (Minolta CR
-200b, Osaka, Japan), previamente cali-
Materiais e Métodos
brado em superfície branca de acordo
O experimento foi desenvolvido no La- com padrões pré-estabelecidos (Bible &
boratório de Ensino e Experimentação Singha, 1993), que faz a leitura de cores
Zootécnica Professor Dr. Renato Rodri- em um sistema tridimensional, avalian-
gues Peixoto situado no Campus Capão do a cor em três eixos. O eixo L* avalia a
do Leão da UFPel, no período de 15 a 30 amostra do preto ao branco, o eixo a*
de maio de 2014. da cor verde ao vermelho e o eixo b* da

Anais SIAVS 2015 - Urucum utilizado como pigmentante natural na dieta de codornas de postura...
- 273 -
cor azul ao amarelo. Além disso, foi reali- Resultados e Discussão
zada a determinação do Croma, relação Os dados da avaliação colorimétrica
entre os valores de a* e b*, em que se das gemas dos ovos são apresentados
obtém a cor real do objeto analisado. na tabela 1. Observou-se um efeito li-
Para cálculo do Croma foi utilizada a near no parâmetro L, reduzindo com
fórmula matemática C* = (a*² + b*²)¹/². os níveis de inclusão de urucum, o que
tornou as gemas mais opacas com
Os dados foram submetidos à ANOVA e aumento dos níveis. Observou-se um
os níveis de inclusão de urucum na die- aumento nos parâmetros a, b e croma
ta através de regressão polinomial a 5% com o aumento dos níveis de inclusão
de significância. de urucum nas dietas.

Tabela 1: Parâmetros colorimétricos de gemas de ovos de codornas alimentadas com diferentes


níveis de urucum na dieta à base de arroz integral (médias ± desvio padrão)

Níveis de
L a b Croma
urucum (%)
0 67,26 ± 4,03 -3,48 ± 4,04 37,69 ± 8,75 37,69 ± 8,32
4 66,44 ± 2,90 -2,48 ± 3,16 42,32 ± 8,89 42,57 ± 8,51
8 63,89 ± 6,75 -0,56 ± 1,62 44,51 ± 5,26 44,54 ± 5,24
12 62,25 ± 2,75 0,21 ± 2,57 45,55 ± 7,22 45,62 ± 7,17
*p 0,002 0,0008 0,005 0,006
*p= nível de significância a 5% pela regressão polinomial. L= Luminosidade. a=Intensidade da
cor vermelha. b= intensidade da cor amarela. Equação ajustada para L=67,60-0,44x. Equação
ajustada para a=-3,53+0,32x. Equação ajustada para b=38,33+0,67x. Equação ajustada para
croma=38,74+0,64x.

Os resultados vão ao encontro com os de de resíduos de semente de urucum (4, 8 e


Silva et al. (2000), que avaliaram o efeito de 12%) em dietas a base de sorgo (40%) para
níveis crescentes do extrato de urucum poedeiras e observaram uma melhor colo-
em dietas em que o sorgo foi usado como ração com o maior nível de inclusão.
principal fonte de energia. Os autores ob-
servaram que as aves alimentadas com O urucum é rico em carotenoides, como a
a dieta contendo sorgo sem o urucum bixina, os quais são absorvidos juntamen-
produziu gemas com fraca pigmentação, te com os ácidos graxos dissolvidos nas
enquanto a adição de 0,10% de urucum micelas e transportados por lipoproteínas
resultou em pigmentação similar à obtida no sangue, sendo depositados na gema.
com a dieta contendo milho como princi- Assim, melhoram a pigmentação da gema,
pal fonte de energia. Da mesma forma, Sil- característica importante para valorização
va et al. (2006) avaliaram a suplementação e aceitação do ovo pelos consumidores.

Anais SIAVS 2015 - Urucum utilizado como pigmentante natural na dieta de codornas de postura...
- 274 -
Conclusão nas de postura alimentadas com arroz
A adição de urucum como fonte de integral é eficaz para o aumento na co-
pigmentante natural na dieta de codor- loração das gemas de ovos.

Referências bibliográficas

Bible BB, Singha S (1993). Canopy position in- japonesas alimentadas com rações contendo
fluences CIELab coordinates of peach color. colorífico do urucum e niacina suplementar. Tese
Hortscience, 28:992-993. (Doutorado em Produção Animal) – Universida-
Krabbe, E.L.; Bertol, T.M.; Mazzuco, H. Uso de grão de Estadual do Norte Fluminense, Campos dos
de arroz na alimentação de suínos e aves. Comu- Goytacazes, 47 p., 2004.
nicado Técnico 503, Embrapa Suínos e Aves, Con- Rostagno, H.S.; Albino, L.F.T.; Donzele, J.L; Gomes,
córdia-SC, jul, 2012. P.C.; Oliveira, R. F.; Lopes, D. C.; Ferreira, A.S.; Barreto,
Nozière, P., Grolier, P., Durand, D., Ferlay, A., Pradel, S.L.T; Euclides, R. F. 2011.Tabelas brasileiras para
P., Martin, B. Variations in carotenoids, Fat-Solub- aves e suínos: composição de alimentos e exi-
le micronutrients and color in cows’ plasma and gências nutricionais. 3. ed. Viçosa, MG: UFV, DZO,
milk following changes in forage and feeling 252p.
level, Journal of Dairy Science, 89(7), 2634-2648. Silva, J.H.V.; Albino, L.F.T.; Godói, M.J.S. Efeito do Ex-
2006. trato de Urucum na Pigmentação da Gema dos
Oliveira, N.T. E. Energia metabolizável de alimen- Ovos. Revista Brasileira de Zootecnia, 29(5):1435-
tos e qualidade de ovos e carne de codornas 1439, 2000.

Anais SIAVS 2015 - Urucum utilizado como pigmentante natural na dieta de codornas de postura...
- 275 -

COMPOSIÇÃO DE OVOS DE CODORNAS


ALIMENTADAS COM FARELO DE ARROZ INTEGRAL
ESTABILIZADO COM ÁCIDOS ORGÂNICOS

RC Dias*1; E Gopinger1; C Bavaresco1;


BCK Gomes1; DG Vasconscelos1;
V Ziegler2; EG Xavier1;
1
Universidade Federal de Pelotas,
Departamento de Zootecnia, Grupo de Estudos em
Aves e Suínos da Universidade Federal de Pelotas
(GEASPEL), Pelotas/RS
Universidade Federal de Pelotas, Departamento de
2

Ciência e Tecnologia de Alimentos, Pelotas/RS

the use of organic acids on the compo-


Abstract sition of eggs was observed. In conclu-
The objective of this study was to sion, the composition of eggs of laying
evaluate the role of organic acids for quails is not affected by both the use of
the stabilization of whole rice meal organic acids and the storage of whole
(FAI) subjected to different storage ti- rice meal at different periods.
mes and fed to laying quails and its ef-
fects on the composition of eggs. A 5
x 2 factorial was used, with five storage
periods (0, 30, 60, 90 and 120 days) and Introdução
with or without the treatment of or- Os subprodutos do processamento
ganic acids (mixture of acetic acid and do arroz podem constituir excelentes
propionic acid at 2%). The interaction fontes de nutrientes para os animais.
between storage time and the use of O farelo de arroz integral (FAI) possui
organic acids was evaluated. No signifi- 2.521kcal EM/kg (Rostagno et al., 2011),
cant effect of either the storage time or o que indica ser uma alternativa para

Anais SIAVS 2015 - Composição de ovos de codornas alimentadas com farelo de arroz integral estabilizado...
- 276 -
substituir o milho como alimento ener- de codornas sobre a composição cen-
gético da dieta ou ao menos ser incluí- tesimal dos ovos.
do na mesma.

O FAI, proveniente do beneficiamen-


to do arroz, mostra-se um ingrediente Materiais e Métodos
interessante para alimentação de aves Foram utilizadas 150 codornas japone-
(Vieira et al., 2007). Porém, o alto nível sas (Coturnix coturnix japonica), com
de gordura torna esse produto bastan- 90 dias de idade e avaliadas durante
te instável. Segundo Butolo (2010), esse 56 dias, em dois ciclos de 28 dias cada
fato facilita a sua rancificação, além da um. As aves foram alojadas em gaiolas
presença da enzima lipase, que acelera metálicas, com comedouros metálicos
a decomposição de óleos e gorduras. A manuais e bebedouros automáticos do
conservação do farelo de arroz in natura tipo nipple.
torna-se problemática pela ação enzi-
mática durante o armazenamento, que As codornas foram distribuídas em um
leva à decomposição dos triacilgliceróis delineamento inteiramente casualizado
e à consequente geração de ácidos gra- em um esquema fatorial 5 x 2, com cin-
xos livres. Esses ácidos produzem sabor co tempos de armazenamento (inicial,
ácido e desagradável que compromete 30, 60, 90 e 120 dias) e com ou sem o
a sua utilização (Rodrigues et al., 2006). tratamento de ácidos orgânicos, com
A enzima presente no farelo de arroz, três aves por repetição e cinco repeti-
responsável por essa degradação é a ções por tratamento.
lipase, a qual precisa ser inativada rapi-
damente para tornar o farelo estável e As dietas foram formuladas para aten-
adequado ao armazenamento e ao em- der as exigências nutricionais, de acordo
prego como matéria-prima alimentícia com as recomendações de Rostagno et
(Lakkakula et al, 2004). al. (2011), sendo isocalóricas, isoprotei-
cas e isovitamínicas, com inclusão de
Para a inativação da lipase e produção 20% de FAI em substituição ao milho.
de FAI estável, sem aumento dos ácidos O FAI foi tratado com uma mistura de
graxos livres durante o armazenamen- ácido acético e ácido propiônico a 2%,
to, métodos como a utilização de pro- e o restante não foi tratado, correspon-
dutos químicos, tais como ácidos orgâ- dendo ao controle.
nicos (clorídrico, acético, etc) têm sido
estudados (Ramezanzadeh et al., 1999). Para análise centesimal realizou-se um
pool de três ovos por tratamento, totali-
Com isso, o objetivo deste trabalho foi zando cinco repetições por tratamento.
avaliar o efeito da estabilização do FAI, As amostras foram homogeneizadas,
submetido a diferentes tempos de ar- pesadas e secas em estufa com venti-
mazenamento, com o uso de ácidos lação forçada a 60°C por 72 horas, para
orgânicos e seus efeitos na alimentação posterior determinação da matéria seca

Anais SIAVS 2015 - Composição de ovos de codornas alimentadas com farelo de arroz integral estabilizado...
- 277 -
(a 105ºC) por 16 horas; matéria mineral, gânicos, pelo teste t a 5% de nível de
em forno mufla a 550ºC, por 5 horas; significância.
nitrogênio, pelo método de micro-Kjel-
dahl, utilizando-se o fator 6,25 para con-
versão de nitrogênio total em proteína
bruta, segundo metodologia descrita Resultados e Discussão
por AACC (1995). O extrato etéreo foi Não se verificou interação significati-
determinado segundo o método 30-20 va (P>0,05) entre o tempo de armaze-
da AACC (2000). namento e o uso de ácidos orgânicos
Foi avaliada a presença ou não de inte- sobre a composição bromatológica dos
ração entre o tempo de armazenamen- ovos. Da mesma forma, avaliando-se
to e o uso de ácidos orgânicos. Quando separadamente o efeito do tempo de
não houve interação significativa foram armazenamento e do uso de ácidos de
avaliados separadamente o efeito do orgânicos não se observou diferença
tempo de armazenamento, através da significativa sobre os teores de água,
regressão polinomial a 5% de signifi- material mineral, proteína bruta e extra-
cância e o efeito do uso de ácidos or- to etéreo dos ovos (tabela 1).

Tabela 1: Composição bromatológica (base natural) de ovos de codornas alimentadas com


farelo de arroz integral submetido a diferentes tempos de armazenamento, tratado ou não com
ácidos orgânicos.
Tempo de Matéria Proteína Extrato
Água, %
armazenamento, dias mineral,% bruta,% etéreo,%
0 75,22 ±1,91 0,99 ±0,14 11,93±1,10 11,40±2,01
30 76,06± 1,93 0,89 ±0,14 11,54 ±1,30 11,19 ±1,80
60 75,54 ±2,26 0,91 ±0,17 11,51±1,23 10,73±1,24
90 74,61 ±1,11 1,02±0,16 12,02 ±0,73 11,08 ±1,16
120 75,26 ±2,01 0,92 ±0,23 11,87±0,84 11,29 ±1,59
P* 0,30 0,85 0,46 0,66
Ácido 75,24± 1,92 0,95± 0,19 11,87 ±1,10 10,98± 1,60
Controle 75,42 ±1,88 0,94± 0,16 11,68± 1,02 11,30 ±1,59
*p- nível de significância a 5% pela regressão polinomial.

As amostras dos ovos analisadas apre- bruta; e de 10,73 a 11,40% de extrato eté-
sentaram valores de composição bro- reo. Estes valores foram semelhantes aos
matológica variando de 74,61% a 76,06% citados por , que não encontrou diferen-
de água; de 0,89% a 1,02% de matéria ça na composição de ovos de codornas
mineral; de 11,51 a 12,02% de proteína com diferentes idades.

Anais SIAVS 2015 - Composição de ovos de codornas alimentadas com farelo de arroz integral estabilizado...
- 278 -
Conclusão diferentes tempos não afeta a compo-
O uso de ácidos orgânicos e o armaze- sição centesimal dos ovos de codornas
namento do farelo de arroz integral em de postura.

Referências bibliográficas

AACC, 1995. Approved Methods of the American Prevention of hydrolytic rancidity in rice bran du-
Association of Cereal Chemists. American Asso- ring storage. J. Agric. Food Chem. 47, 3050-3052.
ciation of Cereal Chemists, Inc, St. Paul, MN, USA. Rodrigues, C. E. C.; Onoyama M. M.; Meirelles, A.J.A.
AACC, 2000. Fat acidity e general method. Me- optimization of the rice bran oil deacidification
thod 02-01A. In: Approved Methods of the Ameri- process by liquid-liquid extraction. Journal of
can Association of Cereal Chemists. American As- Food Engineering, V.73, N. 4, P. 370-378, 2006.
sociation of Cereal Chemists, Inc, St. Paul, MN, USA.
Rostagno, H.S.; Albino, L.F.T.; Donzele, J.L; Gomes,
Butolo, J.E. Qualidade de ingredientes na alimen- P.C.; Oliveira, R. F.; Lopes, D. C.; Ferreira, A.S.; Barreto,
tação animal. Campinas: CBNA, 2010. 430p.  S.L.T; Euclides, R. F. 2011.Tabelas brasileiras para
Genchev, A. 2012. (Coturnix japonica). Anniversary aves e suínos: composição de alimentos e exi-
Edition Trakia Journal of Sciences 10:91–101. gências nutricionais. 3. ed. Viçosa, MG: UFV, DZO,
Lakkakula, N. R.; Lima, M.H; Walker, T. Rice bran 252p.
stabilization and rice bran oil extraction using Vieira, A.R.; Rabello, C.B-V.; Ludke, M.C.M.M. et al.
ohmic heating. Bioresource Technology, v.92, Efeito de diferentes níveis de inclusão de farelo
p.157–161, 2004. de arroz em dietas suplementadas com fitase
Ramezanzadeh, F.M., Rao, R.M., Windhauser, M., para frangos de corte. Acta Scientiarum Animal
Prinyawiwatkul, W., Tulley, R., Marshall, W.E., 1999. Sciences, v.29, n.3, p.267-275, 2007.

Anais SIAVS 2015 - Composição de ovos de codornas alimentadas com farelo de arroz integral estabilizado...
- 279 -

DESEMPENHO PRODUTIVO DE CODORNAS DE


POSTURA ALIMENTADAS COM FARELO
DE ARROZ INTEGRAL COM OU SEM A ADIÇÃO
DE ÁCIDOS ORGÂNICOS EM DIFERENTES TEMPOS
DE ARMAZENAMENTO

SN da Silva*; E Gopinger; RC Dias; AC


Megiatto; BCK Gomes; DCN Lopes; EG Xavier
1
Universidade Federal de Pelotas, Departamento de Zootecnia,
Grupo de Estudos em Aves e Suínos da UFPel (GEASPEL),
Pelotas/RS

Abstract Introdução
This study aimed to evaluate the pro- A coturnicultura é uma atividade que
ductive performance of laying quails vem se destacando no cenário brasi-
fed with rice bran (FAI). A total of 150 leiro da avicultura, em decorrência da
laying quails were evaluated for 56 days. facilidade de manejo e baixa necessida-
A completely randomized design in a 5 de de investimento inicial. Outro fator
x 2 factorial, with five storage times of positivo para a criação de codornas é a
rice bran (0, 30, 60, 90 and 120 days) and crescente demanda por um produto di-
with or without the addition of organic ferenciado para consumo, característica
acids was used. No interaction betwe- encontrada na carne e nos ovos destas
en storage time and organic acids on aves. No entanto, como em toda ativida-
performance was observed. A quadratic de que objetiva a produção animal, os
response was observed for feed intake alimentos convencionais utilizados na
and egg mass. They both increased up formulação de dietas são responsáveis
to 71 days of FAI storage, reducing later. por onerar de forma significativa os cus-
In conclusion, rice bran treated with or- tos, podendo atingir 75% do custo total
ganic acids and stored for 120 days can de produção (Freitas et al., 2005). Como
be added to laying quails diets with no alternativa à redução destes custos sur-
negative effects on productive perfor- ge a possibilidade de se utilizar subpro-
mance. dutos na alimentação destas aves.

Anais SIAVS 2015 - Desempenho produtivo de codornas de postura alimentadas com farelo de arroz...
- 280 -
O farelo de arroz integral é um subpro- As codornas foram distribuídas em um
duto obtido através do beneficiamen- delineamento inteiramente casualizado
to do arroz. O Rio Grande do Sul foi em um esquema fatorial 5 x 2, com cin-
responsável por cerca de 2/3 de toda co tempos de armazenamento do farelo
produção nacional de arroz em 2014 de arroz integral (0, 30, 60, 90 e 120 dias),
(CONAB, 2014). Assim, gerou uma ex- com ou sem a adição de ácidos orgâni-
pressiva quantidade deste subproduto cos. Foram usadas três aves por repeti-
que pode ser utilizado na alimentação ção e cinco repetições por tratamento.
de codornas. Todavia, sua utilização
depende do conhecimento das suas As dietas foram formuladas para aten-
potencialidades e restrições, de modo der as exigências nutricionais, de acordo
a manter a produtividade. Uma restri- com as recomendações de Rostagno et
ção do farelo de arroz integral é o seu al. (2011), sendo isocalóricas, isoprotei-
alto conteúdo de gordura, que induz cas e isovitamínicas, com inclusão de
a peroxidação. Esta, por sua vez, reduz 20% de farelo de arroz integral (FAI) em
o valor nutricional do alimento e tam- substituição ao milho. Durante todo o
bém o tempo de armazenagem deste período experimental as aves recebe-
subproduto. Para contornar este pro- ram água e ração ad libitum.
blema, a adição de antioxidantes, como Os ovos foram coletados e pesados dia-
ácidos orgânicos, vêm sendo utilizados riamente para o cálculo da produção
para preservar os alimentos através do total e do peso médio. A produção dos
retardamento da deterioração, rancidez ovos foi calculada em porcentagem di-
e descoloração decorrentes da autoxi- vidindo-se a quantidade de ovos pro-
dação. duzidos por repetição pelo número de
aves correspondente. A massa de ovos
Diante disso, o objetivo deste estudo foi
foi obtida pelo produto da porcenta-
avaliar o desempenho zootécnico de
gem de ovos produzidos (ave. dia-1) e
codornas de postura alimentadas com
o peso médio dos ovos de cada repe-
farelo de arroz integral tratado com áci-
tição multiplicado por 100. O consumo
dos orgânicos e submetido a diferentes
de ração diário foi determinado pela
tempos de armazenamento.
diferença entre a quantidade fornecida
por ciclo e as sobras no final do ciclo,
Material e Métodos
dividido pelo número de dias experi-
Foram utilizadas 150 codornas japo- mentais, dividido pelo número de aves
nesas (Coturnix coturnix japonica), na repetição. A conversão alimentar por
com 90 dias de idade e avaliadas du- massa de ovos foi obtida pela divisão
rante 56 dias, em dois ciclos de 28 do consumo de ração diário pela massa
dias. As aves foram alojadas em gaio- de ovos produzida (g.g-1).
las metálicas, com comedouros metá-
licos manuais e bebedouros automá- O efeito da interação entre o tempo de
ticos do tipo nipple. armazenamento e o uso de ácidos orgâ-

Anais SIAVS 2015 - Desempenho produtivo de codornas de postura alimentadas com farelo de arroz...
- 281 -
nicos foi analisado. Quando não houve tempo de armazenamento do farelo de
interação significativa, foram avaliados arroz na produção de ovos, peso dos ovos
separadamente o efeito do tempo de e conversão por massa não se verificou
armazenamento pela análise de regres- efeito significativo (tabela 1). Observou-
são polinomial a 5% de significância e o se uma resposta quadrática (p=0,01) no
efeito do uso de ácidos orgânicos pelo consumo de ração diário, aumentando
teste t a 5% de nível de significância. até os 71 dias de armazenamento do FAI,
reduzindo posteriormente, segundo a
Resultados e Discussão equação Y = 24,53 + 0,037x – 0,00026x2.
Não foi verificada interação (P>0,05) entre Com relação à massa de ovos, também
o tempo de armazenamento e os ácidos se observou uma resposta quadrática
orgânicos sobre a produção de ovos, (p=0,03) com valor máximo obtido até 71
peso dos ovos, consumo de ração diário, dias de armazenamento, diminuindo pos-
massa de ovos e conversão por massa. teriormente, de acordo com a equação Y
Avaliando separadamente o efeito do = 10,85 + 0,01x – 0,00007x2.

Tabela 1: Desempenho produtivo de codornas de postura alimentadas com farelo de arroz em


diferentes tempos de armazenamento e tratado com ácidos orgânicos.
Tempo de Consumo Massa Conversão
Produção Peso dos
armazena- de ração de ovos, por massa
de ovos, % ovos, g
mento, dias diário, g g/ave/dia de ovos, g/g
0 86,29±4,90 12,43 ±0,67 24,74 ±0,99 10,71±0,60 2,32± 0,15
30 88,89±1,97 12,91 ±0,55 24,92 ±1,32 11,50±0,49 2,17 ±0,07
60 87,58 ±2,60 12,77 ±0,42 26,04 ±0,88 11,18 ±0,49 2,34 ±0,10
90 87,32 ±4,40 12,98 ±0,56 25,92 ±0,96 11,31 ±0,43 2,30±0,14
120 88,53 ±4,46 12,88 ±0,59 25,06 ±1,02 11,41 ±0,41 2,22 ±0,09
P* 0,44 0,09 0,01 0,03 0,55
Ácido 87,50 ± 3,35 12,74 ±0,65 25,38 ±1,36 11,17 ±0,56 2,28 ±0,13
Controle 87,94± 4,26 12,85 ±0,49 25,29 ±0,88 11,27 ±0,54 2,26 ±0,12

*P- nível de significância a 5% pela regressão polinomial. Equação ajustada para consumo
de ração diário= 24,53 + 0,037x – 0,00026x2. Equação ajustada para massa de ovos= 10,85 +
0,01x – 0,00007x2.

A massa de ovos e o consumo de ração do aumento na massa. , observaram au-


são diretamente proporcionais, pois com mento na massa de ovos em dietas com
o aumento no consumo, há uma maior baixa densidade energética, em função
ingestão de aminoácidos, proporcionan- do maior consumo de ração.

Anais SIAVS 2015 - Desempenho produtivo de codornas de postura alimentadas com farelo de arroz...
- 282 -
codornas e que é possível usar farelo de
Conclusão
arroz integral armazenado por 120 dias
Conclui-se que o uso de ácidos orgâni- sem afetar o desempenho zootécnico
cos não influencia o desempenho das de codornas de postura.

Referências bibliográficas

COMPANHIA NACIONAL DE ABASTECIMENTO – MOURA, G. D. S., S. L. de TOLEDO BARRETO, and E.


CONAB. Acompanhamento da safra brasileira A. T. LANNA. 2010. Efeito da redução da densida-
de grãos. Safra 2013/14, n. 12. Décimo Segundo de energética de dietas sobre as características
Levantamento, Brasília, setembro 2014. do ovo de codorna japonesa. Revista Brasileira
FREITAS, A.C.; FUENTES, M.F.F.; FREITAS, E.R. et al. de Zootecnia. 39:1266–1271.ROSTAGNO, H.S.;
Efeito de níveis de proteína bruta e de energia ALBINO, L.F.T.; DONZELE, J.L. Tabelas brasileiras
metabolizável na dieta sobre o desempenho de para aves e suínos: Composição de alimentos
codornas de postura. Revista Brasileira de Zoo- e exigências nutricionais. 3 ed. Viçosa, MG: UFV.
tecnia, v.34, n.3, p.838-846, 2005. Departamento de Zootecnia, 252 p., 2011.

Anais SIAVS 2015 - Desempenho produtivo de codornas de postura alimentadas com farelo de arroz...
- 283 -

Parâmetros sanguíneos em frangos de corte


suplementADOS COM minerais orgÂnicos e
vitamina E

C Sanfelice*1; AA Mendes1; BB Martins1;


TC Trentin2; EL Milbradt2; EF Aguiar1;
MRFB Martins3; DM Rodrigues1; ICL Almeida Paz1
1
Faculdade de Medicina Veterinária e Zootecnia,
Departamento de Produção Animal;
Departamento de Clínica Veterinária;
2

Instituto de Biociências - Departamento de Anatomia Animal


3

UNESP, Botucatu/SP

(6 replicate pens of 30 birds) to 42 d of


Abstract age. Data were submitted to analysis of
This study aimed at evaluating the ef- variance using the Software Minitab 16.
fect of the dietary supplementation The Hemagglutination-inhibition (HI)
of organic zinc (Zn), selenium (Se) and did not differ (P>0.05) between the tre-
vitamin E (Vit E) on hematological pa- atments. At 21 days of age hemoglobin
rameters in broilers. A completely ran- was higher in birds receiving 200IU of
domized experimental design in a 3x2 Vit E. At 42 days birds received 100IU
factorial arrangement of three dietary of Vit E had higher (146,2%) mean cor-
Vit E levels (100, 150, and 200 IU/kg puscular volume compare to control
feed), two sources of minerals, inorga- (131,2%). In this study, dietary Vit E and
nic or organic (0.3 mg selenium orga- organic mineral treatments had no ef-
nic/kg feed and 45 mg organic zinc/kg fect on immunological parameters. The
feed), plus a positive-control diet was Vit E supplementation influenced the
used. In total, 1260 broilers were reared hematological parameters, however

Anais SIAVS 2015 - Parâmetros sanguíneos em frangos de corte suplementados com minerais orgânicos...
- 284 -
not effectively. kg de Se orgânico e 45 mg/kg de Zn
orgânico) e uma dieta controle positivo
com vitamina E e minerais inorgânicos
do suplemento comercial, com 6 repe-
Introdução
tições de 30 aves cada. O arraçoamento
As fontes de microminerais usadas nor- foi dividido em quatro fases, sendo as
malmente na avicultura são as inorgâ- rações isoprotéicas e isocalóricas, se-
nicas, entretanto essa forma apresenta guindo as recomendações de Rostag-
baixa biodisponibilidade para aves (Polli, no et al. (2011). Aos 10 dias de idade to-
2002). Neste sentido, o uso dos micromi- das as aves foram vacinadas, via ocular,
nerais orgânicos melhoram a absorção contra o vírus da Doença de Newcastle
intestinal e o aproveitamento do alimen- (DN). Para avaliação de títulos séricos
to pela ave. A vitamina E e o selênio são de anticorpos contra o vírus da DN pe-
componentes importantes do sistema las técnicas de ensaio imunoenzimá-
de defesa antioxidante dos tecidos vi- tico - Kit ELISA (metodologia por Pur-
vos e estimulam o sistema imune, assim chase et al., 1989) e teste de inibição de
como o zinco também tem papel nas hemaglutinação (HI), as coletas de san-
funções antioxidantes, e comprovado gue foram realizadas aos 7, 21 e 42 dias
efeito no sistema imune das aves (Gerlo- de idade, pela punção da veia braquial
ff, 1992; Kidd et al., 1996). O objetivo deste (5mL), de duas aves por unidade expe-
trabalho foi avaliar o efeito da suplemen- rimental. Para avaliação dos parâmetros
tação do zinco (Zn) e selênio (Se) orgâni- sanguíneos hematócrito, concentração
cos aliados a vitamina E (Vit E) sobre os de hemoglobina, contagem total e di-
parâmetros hematológicos e imunológi- ferencial de leucócitos (heterófilos, lin-
cos em frangos de corte. fócitos, eosinófilos, basófilos e monóci-
tos), foram realizadas coletas aos 21 e
Material e Métodos 42 dias de idade das aves (2mL), com
Um experimento foi conduzido nas seringa contendo anticoagulante. O
instalações experimentais da FMVZ/ hemograma completo foi realizado por
UNESP - Botucatu, utilizou-se 1260 técnica manual com diluição de 10µL
pintos de um dia de idade, machos, da de sangue em 1mL de azul de toluidi-
linhagem Cobb®500. As aves foram alo- na a 0,01%. A contagem das células foi
jadas em aviário experimental (12 aves/ determinada em câmara de Neubauer
m2). O delineamento experimental e incluiu contagem de eritrócitos, leu-
adotado foi o inteiramente casualisado cócitos totais e trombócitos. A leitura
em esquema fatorial 3x2, sendo três de hematócrito foi realizada em capilar
níveis de suplementação de Vit E (100, pelo método do microhematócrito e a
150 e 200UI de vitamina E/kg de ração) determinação das proteínas plasmáti-
e dois níveis dos microminerais Se e cas totais por refratometria. A dosagem
Zn (Controle- minerais na forma inor- de hemoglobina foi realizada pelo mé-
gânica ou suplementado com 0,3mg/ todo da cianometahemoglobina (Fud-

Anais SIAVS 2015 - Parâmetros sanguíneos em frangos de corte suplementados com minerais orgânicos...
- 285 -
ge, 2000). O diferencial de leucócitos foi sentaram maior concentração do que
feito em 100 células de esfregaço san- aves que receberam 100UI. Para aves
guíneo corado pelo corante Wright. Os que receberam ração controle a CHCM
dados foram analisados pelo Software apresentou maior valor, entretanto não
Estatístico Minitab 16 (Minitab, 2010), diferiu das que receberam 150UI, e as
posteriormente analisados pela análise demais suplementações apresentaram
de variância, ao nível de significância menores valores (P≤0,05). O perfil he-
de 5%, sendo complementada pelo matológicos em frangos de corte aos
Teste Tukey. 42 dias diferiu apenas com relação aos
níveis de vitamina E quanto ao número
de hematócritos, aves suplementadas
com 100UI de vitamina E apresenta-
Resultados e Discussão ram os maiores valores (32,5%) quando
Não foram observadas diferenças comparadas as que receberam 150UI
(P>0,05) com relação aos títulos de ini- (29,7%). Aves que receberam 100UI de
bição da hemaglutinação (HI) das aves Vit E apresentaram maior volume cor-
vacinadas contra a DN, ou seja, os níveis puscular médio (146,2%) quando com-
de vitamina E, selênio e zinco orgânico paradas ao controle (131,2%). Tayeb and
testados não influenciaram esses va- Qader (2012) relatam melhora no perfil
lores. Da mesma forma, Funari Jr. et al. hematológico das aves que receberam
(2009) não encontraram diferença da vitamina E aliada ao selênio, pois obti-
suplementação de fontes minerais e ní- veram maior porcentagem de heterófi-
veis de Se na resposta imune humoral lo aos 42 dias.
de frangos de corte vacinados contra
DN. Para os resultados do perfil hemato-
lógicos aos 21 dias (Tabela 1) houve di-
ferença (P≤0,05) com relação aos níveis Conclusão
de vitamina E para taxas de hemoglo- Conclui-se que a suplementação dos
bina (Hb), a qual foi maior nas aves que microminerais orgânicos zinco e selê-
receberam 200UI/kg quando compara- nio aliados a vitamina E nos níveis tes-
das as aves que receberam 150UI. A con- tados não resultou na melhora da imu-
centração de hemoglobina corpuscular nidade das aves. Os níveis de vitamina E
média (CHCM) também diferiu, neste não influenciaram de forma consistente
caso aves que receberam 150UI apre- os parâmetros hematológicos.

Anais SIAVS 2015 - Parâmetros sanguíneos em frangos de corte suplementados com minerais orgânicos...
- 286 -
Tabela 1: Desempenho produtivo de codornas de postura alimentadas com farelo de arroz em
diferentes tempos de armazenamento e tratado com ácidos orgânicos.

Con-
V Mineral M VxM CV(%)
trole
Variável
Vita-
Inorgâ-
mina E 100 150 200 Orgânico
nico
(UI/kg)
Hm1 (µL) 2195500 1998250 2162750 1731000 ns 1993666 1923666 ns ns 15,00
Hb2 g/dL 41387 41378ab 41312b 41443a 0,009 41376 41377 ns ns 11,65
Ht3 (%) 28,0 28,3 28,5 25,8 ns 28,5 26,6 ns ns 9,06
VCM g/dL4
128,8 141,8 131,5 150,4 ns 144,3 139,1 ns ns 9,64
CHCM5(g/dL) 29,5 25,3by 27,5a 26,6aby 0,007 26,2 26,7 ns ns 6,11
PPT g/dL
6
41442 41308 41353 41391 ns 41338 41364 ns ns 6,45
Lin7 % 59,3 56 48,8 62 ns 54,3 56,4 ns ns 16,14
Bas8 (%) 1,5 2,3 2,1 1,3 ns 2,3 1,5 ns ns 109,70
Mon9 (%) 4,7 5,1 4,3 3,1 ns 5,1 3,2 ns ns 72,34
Eos (%)
10
3,3 2,20 3,10 2,30 ns 2,10 2,9 ns ns 85,98
LT11 (µL) 20000 23500 22000 16800 ns 21666 19666 ns ns 30,46
Tabela 1: Médias seguidas por letras distintas na mesma linha diferem entre si, pelo teste de Tukey
(P<0,05). y: Diferem do controle (suplemento comercial) pelo teste de Dunnett a 5% de proba-
bilidade. ns: não significativo (P>0,05). CV: coeficiente de variação (%). 1Hemácias; 2Hemoglobina;
3
Hematócrito; 4Volume Corpuscular Médio; 5Concentração de Hemoglobina Corpuscular Média;
6
Proteínas Plasmáticas Totais; 7Linfócito; 8Basófilo; 9Monócitos; 10Eosinófilos; 11Leucócitos Totais.

Referências bibliográficas

Fudge, A.M. Laboratory medicine: avian and vet/ver.php?id=190. Acesso em 15/04/2013.


exotic pets. New York: Saunders, 2000. Purchase, H.G, Arp L.H, Domermuth C.H, Pearson
Gerloff, B. J. Effect of Se supplementation on dairy J.E.A. Laboratory manual of isolament and identi-
cattle. J. Anim. Sci. 70:3934–3940,1992. fication of avian pathogens. 3ed. Duduque, Ken-
Kidd, M.T., Ferket, P.R., Qureshi, M.A. Zinc metabo- dall, Hunt:Plubishing Company, 227p. 1989.
lism with special reference to its role in immunity. Rostagno, H.S. et al. Tabelas brasileiras para aves
World’s Poultry Science Journal, 52:309-324, 1996. e suínos: composição de alimentos e exigências
Minitab® Statistical Software [computer pro- nutricionais. 3 ed. Viçosa: MG/UFV, 252 p. 2011.
gram], version 16. State College, PA: Minitab Inc. Tayeb, I.T., G.K. QADER. 2012. Effect of Feed Supple-
2010. mentation of Selenium and Vitamin E on Produc-
Polli, S.R. Boletim Informativo Nutron Pet, n.4, 2002. tion Performance and Some Hematological Para-
Disponível em: http://www.animalworld.com.br/ meters of Broiler. KSU Nat. Sci., 15(3).

Anais SIAVS 2015 - Parâmetros sanguíneos em frangos de corte suplementados com minerais orgânicos...
- 287 -

AVALIAÇÃO DAS VÍSCERAS COMESTÍVEIS DE


FRANGOS DE CORTE AOS 21 DIAS ALIMENTADOS
COM FARELO DE ARROZ INTEGRAL SUBMETIDO A
DIFERENTES PERÍODOS DE ARMAZENAMENTO

IA Estorino1; E Gopinger1; TB Stefanello1;


SN Silva1; C Bavaresco1; DCN Lopes1;
EG Xavier1; VFB Roll1
1
Universidade Federal de Pelotas, Departamento de Zootecnia,
Pelotas/RS

Abstract Introdução
A trial was conducted to evaluate edible O farelo de arroz integral (FAI) se cons-
viscera of broilers fed diets containing titui em uma fonte de energia na ali-
12% of whole rice (FAI) with different sto- mentação das aves, em substituição ao
rage periods (120, 90, 60, 30 and 0 days). A milho, pois contém altos níveis de lipí-
total of 320 one-day-old Cobb 500 male deos, proteína e fósforo. É um subpro-
broilers were used. A completely rando- duto do beneficiamento do arroz ob-
mized design with five treatments (sto- tido no polimento do grão, após o seu
rage periods) and eight replications of descascamento e que não sofre extra-
eight birds each was used. The following ção de óleo. O FAI apresenta aspecto
variables were measured: total and rela- farináceo e fibroso, é suave ao tato e
tive weight of edible viscera (liver, heart representa de 8 a 11% do peso total
and gizzard). Data were subjected to do grão, sendo constituído da camada
polynomial regression at 5% of probabi- intermediária entre a casca e o endos-
lity. In conclusion, 12% whole rice can be perma, germe, fragmentos de arroz e
added to the broilers diets with no nega- pequenas quantidades de casca (Par-
tive effect on the yield of edible viscera. rado et al 2006).

Anais SIAVS 2015 - Avaliação das vísceras comestíveis de frangos de corte aos 21 dias alimentados com...
- 288 -
No período do armazenamento a Material e métodos
qualidade do FAI deve ser preservada O experimento foi conduzido no Setor
ao máximo, tendo em vista a ocorrên- de Avicultura do Laboratório de Ensino
cia de alterações químicas (enzimáti- e Experimentação Zootécnica (LEEZO)
cas e não enzimáticas), físicas e micro- Professor Dr. Renato Rodrigues Peixo-
biológicas. A rapidez e a intensidade to do Departamento de Zootecnia da
desses processos estão sujeitos à qua- Faculdade de Agronomia Eliseu Maciel
lidade intrínseca do farelo, do sistema da Universidade Federal de Pelotas.
de armazenamento empregado e Foram utilizados 320 frangos de corte,
dos fatores ambientais durante a es- machos, da linhagem Cobb 500, com
tocagem. As mudanças que ocorrem um dia de idade.
no período de armazenamento de-
terminam perdas quantitativas e/ou O FAI foi armazenado a 18°C em cin-
qualitativas, sendo as quantitativas as co tempos diferentes (120, 90, 60, 30
mais observadas, como o ataque de e 0 dias). As dietas foram formuladas
pragas. As qualitativas são devidas às para atender as exigências nutricionais
reações químicas enzimáticas e não de frangos de corte, de acordo com
enzimáticas, à presença de matérias as recomendações de Rostagno et al
estranhas, impurezas e ao ataque (2011), com a inclusão de 12% de FAI,
microbiano. No Brasil a perda de FAI nos diferentes tempos de armazena-
armazenado é muito comum devido mento.
à ação enzimática que ocorre no pe-
As aves foram distribuídas em um de-
ríodo de armazenamento, o que leva
lineamento inteiramente casualizado,
à decomposição dos triacilgliceróis
com cinco tratamentos (diferentes tem-
em ácidos graxos. Isso faz com que
pos de armazenamento) e oito repeti-
o sabor do farelo seja rançoso e de-
sagradável, comprometendo a sua ções, sendo a unidade experimental
utilização (Thanonkaew et al., 2012). composta por oito aves. Aos 21 dias de
O consumo de FAI que sofreu perdas idade foram selecionadas e abatidas ao
qualitativas ou quantitativas pode le- acaso uma ave por repetição, totalizan-
var a problemas digestórios e de me- do oito aves por tratamento, que foram
tabolismo, com a consequente atrofia devidamente identificadas por anilhas
ou hipertrofia de órgãos comestíveis numeradas e pesadas individualmente.
das aves. Foram avaliados os pesos totais e relati-
vos das vísceras comestíveis, fígado, co-
Neste contexto, o presente estudo ração e moela. O peso relativo das vís-
teve o objetivo de avaliar as vísceras ceras foi calculado em relação ao peso
comestíveis de frangos de corte, aos 21 vivo das aves antes do abate. Os dados
dias de idade, alimentados com dieta foram submetidos à ANOVA e análise
contendo 12% de FAI armazenado por de regressão polinomial com nível de
diferentes períodos. significância de 5%.

Anais SIAVS 2015 - Avaliação das vísceras comestíveis de frangos de corte aos 21 dias alimentados com...
- 289 -
Resultados e discussão tempo de armazenamento do farelo de
Os resultados das variáveis avaliadas arroz integral (P>0,05) sobre o peso e
de vísceras comestíveis, fígado, cora- peso relativo das vísceras comestíveis
ção e moela encontram-se na Tabela de frangos de corte (fígado, moela e
1. Observa-se que não houve efeito do coração).

Tabela 1: Pesos totais e relativos de vísceras comestíveis de frangos de corte aos 21 dias alimen-
tados com dieta contendo farelo de arroz integral armazenado em diferentes tempos.
Tempo de
Peso Peso Peso PR PR PR
armazenamento
fígado (g) moela (g) coração (g) fígado (%) moela (%) coração (g)
(dias)
0 18,15 21,92 4,26 2,43 2,94 0,57
30 18,26 19,00 4,20 2,59 2,71 0,57
60 18,90 20,40 4,40 2,53 2,71 0,58
90 17,56 20,00 4,24 2,45 2,78 0,59
120 19,44 22,03 4,36 2,67 3,02 0,59
P* 0,33 0,62 0,66 0,19 0,44 0,28
*p- nível de significância a 5% pela regressão polinomial. PR- peso relativo em relação ao peso
de abate.

Semelhantemente ao presente estudo, mente pela redução no teor de lipí-


Vieira et al. (2007) verificaram que a uti- dios. Este fato não afetou o peso dos
lização de até 14% de FAI na dieta de órgãos comestíveis, principalmente
frangos de corte não afetou o rendi- do fígado.
mento de moela, coração e fígado aos
42 dias de idade.

Gopinger et al . (2015) observaram Conclusão


que houve uma redução na energia O FAI pode ser armazenado em até 120
bruta do FAI utilizado neste trabalho, dias e ser utilizado na dieta para frangos
passando de 4700 kcal.kg-1 no início de corte até os 21 dias de idade, sem al-
para 4630 kcal.kg-1 aos 120 dias de terar os pesos totais e relativos das vís-
armazenamento, causado principal- ceras comestíveis.

Anais SIAVS 2015 - Avaliação das vísceras comestíveis de frangos de corte aos 21 dias alimentados com...
- 290 -

Referências bibliográficas

GOPINGER, E.; ZIEGLER, V.; CATALAN, A. A. S.; KRA- ROSTAGNO, H. S.; ALBINO, T. L. F.; DONZELE, L. J.;
BBE, E. L. ; ELIAS, M. C.; XAVIER, E. G. Whole rice bran GOMES, C. P.; OLIVEIRA, F. R.; LOPES, C. C.; FERREIRA,
stabilization using a short chain organic acid mi- S. A.; BARRETO, T. L. S.; EUCLIDES, F. R. Tabelas brasi-
xture. Journal of Stored Products Research, v. 1, p. leiras para aves e suínos. 3.ed. Viçosa: Universida-
1-6, 2015. de Federal de Viçosa, 2011. 252p.
PARRADO, J.; MIRAMONTES, E.; JOVER, M.; GUTIER- THANONKAEW, A.; WONGYAI, S.; MC CLEMENTS, D.
REZ, J. F.; TERÁN, L. C. DE; BAUTISTA, J. Preparation J.; DECKE, A. E. Effect of stabilization of rice bran by
of a Rice bran enzymatic extract with potential domestic heating on mechanicalextraction yield,
use as functional food. Food Chemistry, v.98, quality, and antioxidant properties of cold-pres-
p.742–748, 2006. sed ricebran oil. Food Science and Technology, p.
REZENDE, M.; FLAUZINA, L.; MCMANUS, C.; OLIVEI- 231-236, 2012.
RA, L. Desempenho produtivo e biometria das VIEIRA, A. R.; RABELLO, C. B.; DUTRA Jr.; W. M.; TOR-
vísceras de codornas francesas alimentadas com RES, D. M.; LOPES, J. B. Efeito de diferentes níveis de
diferentes níveis de energia metabolizável e pro- inclusão de farelo de arroz em dietas suplementa-
teína bruta. Acta Scientiarum. Animal Sciences, v. das com fitase para frangos de corte. Acta Science
26,n.3, p. 353-358, 2004. Animal Science, v. 29, n. 3, p. 267-275, 2007.

Anais SIAVS 2015 - Avaliação das vísceras comestíveis de frangos de corte aos 21 dias alimentados com...
- 291 -

HISTOMORFOMETRIA INTESTINAL DE PINTOS DE


CORTE SUPLEMENTADOS COM NÍVEIS CRESCENTES
DE LISINA DIGESÍVEL, PROVENIENTES DE OVOS COM
MESMO PESO E DIFERENTES IDADES DE MATRIZES

JH Stringhini1; MB Café1; JS Santos2; TD Matias*2;


MA Andrade3; TC Araújo4; NLN Mendonça4
1
Departamento de Produção Animal –DPA/EVZ/UFG;
2
Alunos de Pós-graduação Ciência Animal –EVZ/UFG;
3
Departamento de Medicina Veterinária Preventiva –EVZ/UFG;
4
Aluna de graduação–EVZ/UFG

Abstract 60 eggs of each experimental category


Two similar experiments were carried were distributed. In the starter period
to evaluate of histomorfology of intes- of incubation, temperature was main-
tinal segments. In the first experiment, tained constant at 37.8ºC and moisture
740 Cobb breeder eggs and, 370 from between 60 and 65%. In the final period,
32 weeks old breeders and 370 of 52 temperature was reduced to 37.5ºC and
weeks old breeder. From each group, moisture increased to 70%. In the 18st
40 eggs were separated to evaluate day of incubation, four eggs of each in-
physical quality, shared 20 eggs of each cubator and for each experimental ca-
breeder age. The second experiment tegory (breeder age - 34 and 52 weeks
was similar, but 370 eggs classified in of age- Experiment 1 and light or hea-
the lighter eggs (between 56 and 65g) vy eggs– Experiment 2), in a total of 24
and 370 considered heavy (between eggs. Eggs were weighed and broken
66 and 72g). The remaining eggs were in Petri plates and fragments of small
identified individually and then wei- intestine (duodenum and jejunum) of
ghed and allotted uniformly in six in- each embryo were collected to prepa-
cubators equipped with temperature re histological slides. At hatch, all chicks
and moisture control. In each incubator, were weighed, sexed by the wings. Chi-

Anais SIAVS 2015 - Histomorfometria intestinal de pintos de corte suplementados com níveis crescentes...
- 292 -
cks were allotted in heated batteries. At semanas de idade e 370 ovos de ma-
first, seventh and 14th days of age, one trizes com 52 semanas de idade, todos
bird per parcel was weighed and eutha- na mesma faixa de peso. Os ovos foram
natized by cervical dislocation and frag- identificados individualmente, pesados
ments of small intestine (duodenum e distribuídos de maneira uniforme nas
and jejunum) were colleted to prepare incubadoras (T=37,5ºC e umidade en-
histolgical slides. Statistical analysis was tre 65%). Aos 18 dias de incubação, qua-
performed by ANOVA in SAEG® and tro ovos (dois de matriz jovens e dois
Tukey test adopted for mean compa- de matriz velha) de cada incubadora,
ration. No interaction between egg foram quebrados em placa de petri.
weight or breeder age with digestible Fragmentos do intestino delgado (duo-
lysine levels was observed. Breeder age deno e jejuno) foram coletados para
influenced villus height of jejunum and confecção de lâminas histológicas. Ao
crypt depth at 14 days of age and egg nascimento uma ave de cada parcela
weight altered jejunum villus height foi sacrificada e fragmentos do duode-
to embryos and newborn chicks but no (porção distal da curvatura pancre-
didn’t affect older ages. ática) e jejuno (região do divertículo
de Meckel) foram colhidos, fixados em
solução de formalina a 10% tamponada
e processados de acordo com a meto-
Introdução dologia de Luna (1968) e coradas pelo
A alta produtividade observada na ex- método de Hematoxilina – Eosina (HE).
ploração avícola depende, dentre ou- Após montagem das lâminas histológi-
tros fatores, da obtenção adequada de cas, as imagens foram digitalizadas em
nutrientes pelo organismo. Entretanto, microscópio óptico de campo claro. Os
para que estas dietas sejam devidamen- índices histomorfométricos foram veri-
te digeridas e absorvidas, a mucosa in- ficados pelo software Image J. A análise
testinal deve apresentar características estatística foi realizada pelo procedi-
estruturais morfológicas e fisiológicas mento ANOVA do SAEG® e o teste de
adequadas (Maiorka, 2004). Objetivou– Tukey (5% de probabilidade) adotado
se avaliar o desenvolvimento intestinal, para comparação das médias.
de pintos de corte suplementados com
lisina digestível na fase pré-inicial, pro- Resultados e Discussão
venientes de ovos com mesma faixa de Na Tabela 01 são apresentados os va-
peso e diferentes idades de matrizes. lores da altura de vilo do duodeno e
do jejuno, assim como profundidade
de cripta do duodeno e do jejuno de
embriões de pintos de corte e pintos
Material e Métodos neonatos. A partir da análise dos dados,
Foram utilizados 370 ovos provenientes verificou-se que não houve diferença
de matrizes da linhagem Cobb com 32 para altura dos vilos duodenais e pro-

Anais SIAVS 2015 - Histomorfometria intestinal de pintos de corte suplementados com níveis crescentes...
- 293 -
fundidade de cripta tanto do duodeno reportaram que tanto o embrião, como
como do jejuno. Entretanto, consta- o saco vitelino de matrizes velhas são
tou-se que a altura de vilo do jejuno se mais pesados quando comparados
mostrou significativamente diferente com matrizes novas. Fato explicado por
ao comparar embriões com 18 dias Zakaria et al. (1983) que afirmaram que
de incubação de matrizes com 34 e 52 com o envelhecimento das matrizes, há
semanas de idade. De forma geral, as maior intervalo entre as ovulações e a
médias relacionadas às matrizes mais taxa de postura reduz. Com essa alte-
velhas são mais elevadas, quando com- ração fisiológica, ocorre aumento no
paradas as médias obtidas dos embri- tamanho ovo, pois a mesma quantida-
ões provenientes de matrizes com 34 de de gema proveniente da síntese he-
semanas. Para Maiorka et al. (2003), o pática é depositada em menor número
trato gastrintestinal de pintinhos oriun- de folículos. Campos (2003) reforça ain-
dos de matrizes mais velhas, parece es- da que o saco vitelino (gema) constitui
tar mais desenvolvido à eclosão, e isso a única fonte fornecedora de energia
pode contribuir para uma adaptação para o desenvolvimento do embrião e
mais rápida desses animais à alimen- tem importante papel no desenvolvi-
tação exógena. Vieira & Moran (1998) mento inicial do pinto de corte.

Tabela 1: Altura de vilos (µm) e profundidade de cripta (µm) de embriões de frango de corte com
18 dias de incubação e pintos neonatos provenientes de matrizes com diferentes idades

Altura de vilo (µm) Profundidade de cripta (µm)


Duodeno Jejuno Duodeno Jejuno
Embriões 18 dias de incubação
Idade da matriz
34 semanas 228,98 99,77 b 50,00 55,89
52 semanas 248,38 132,03 a 58,84 63,78
P Ns 0,022 Ns ns
CV (%) 23,15 17,64 13,66 16,02
Pintos neonatos
Idade da matriz
34 semanas 315,00 113,86 b 157,65 61,84
52 semanas 330,10 167,31 a 164,47 79,89
P ns 0,030 ns ns
CV (%) 20,25 21,28 28,29 20,60
a,b
Médias seguidas de letras distintas na mesma coluna diferem entre si, pelo teste de Tukey
(P<0,05) ns = não significativo

Anais SIAVS 2015 - Histomorfometria intestinal de pintos de corte suplementados com níveis crescentes...
- 294 -
Conclusão ciou no desenvolvimento intestinal dos
Conclui-se assim que, nas condições pintos de corte. A suplementação com
em que foram conduzidos os experi- lisina digestível também não influen-
mentos, a idade da matriz não influen- ciou sobre as variáveis analisadas.

Referências bibliográficas

CAMPOS, E.J. Nutrição da matriz e do embrião. In: and intestinal mucosa development of broiler
MACARI, M.; GONZALES, E. Manejo da incubação. chicks. Journal of Applied Poultry Research,
2ª ed. Jaboticabal, FACTA, 2003. cap. 4, p.454-468. Athens, v. 12, p.483-492, 2003.
FERREIRA, L.L. Desenvolvimento de embriões e MAIORKA, A.; SANTIN, E.; SILVA, A.V.F.; ROUTMAN,
pintos de corte provenientes de ovos de di- K.S.; PIZAURO JR., J.M.; MACARI, M. Effect of broiler
ferentes pesos e idades de matriz e níveis de breeder age on pancreas enzymes activity and
aminoácidos sulfurados na fase pós-eclosão. digestive tract weight of embryos and chicks. Re-
2010, Dissertação (Mestrado em Medicina Veteri- vista Brasileira de Ciência Avícola, Campinas,
nária), Escola de Veterinária e Zootecnia. Universi- v.6, p.19-22, 2004.
dade Federal de Goiás, Goiânia, 2010. VIEIRA, S.L.; MORAN, E.T. Broiler yields using chicks
LUNA, L. G. Manual of histologic staining me- from extremes in breeder age and dietary pro-
thods of the armed forces institute of patho- pionate. Journal of Applied Poultry Research,
logy. 3 ed. New York: McGraw-hill, 258p.,1968. Champaign, v. 7, n. 3, p.320-327, 1998.
MAIORKA, A.; SANTIN, E.; DAHLKE, F.; BOLELI, I.C.; ZAKARIA, A.H.; MIYAKI, T.; IMAI, K. The effect of aging
FURLAN, R.L.; MACARI, M. Posthatching water and on ovarian follicular growth in laying hens. Poultry
feed deprivation affect the gastrointestinal tract Science, Champaign, v. 62, p.2156-2164, 1983.

Anais SIAVS 2015 - Histomorfometria intestinal de pintos de corte suplementados com níveis crescentes...
- 295 -

MANEJO DE DIFERENTES PESOS INICIAIS DE


FRANGOS DE CORTE LABEL ROUGE VISANDO A
RECUPERAÇÃO DE DESEMPENHO

BC MORAIS*; DA NETTO; JR ALVES; AC MANENTTI;


AT MUNDIM; MS ROSA; P ROCHA; HJD LIMA
Universidade Federal do Mato Grosso (UFMT), Cuiabá/MT

Abstract se mostrado bastante promissor. Isto se


The aim of this study was to evalua- deve as suas excepcionais característi-
te the compensatory growth in birds. cas, porém, apresentam curvas e taxas
Were used more concentrated feed de crescimento distinta das linhagens
to meet the nutrient requirements. The convencionais, tendo um crescimen-
treatments were: T1: birds with body to mais lento, o que faz com que suas
weight less than 160 grams;T2: birds exigências nutricionais possam divergir
weighing between 161-200 grams; T3: das exigências de frangos de corte con-
birds weighing more than 200 grams. vencionais (Albino et al., 2001).
The heavy birds showed greater wei-
ght gain, final weight and feed intake Limitar o consumo de ração faz com
in relation to medium and light. There que o crescimento seja atenuado em
was no difference in mortality and food frangos de corte durante o período
conversion. The birds showed compen- de restrição, mas o crescimento redu-
satory growth. zido pode ser compensado ​​ median-
te realimentação. Desta forma, ganho
compensatório é tido como a taxa de
crescimento superior ao observado
Introdução normalmente (Yu et al., 1990). Para se
A avicultura é uma das atividades que alcançar esse objetivo faz-se necessário
mais tem se desenvolvido no Brasil nas o uso de rações com maiores quanti-
últimas décadas e a criação de aves, dades de nutrientes. O objetivo deste
tipo caipira, é um segmento que tem trabalho foi analisar o ganho compen-

Anais SIAVS 2015 - Manejo de diferentes pesos iniciais de frangos de corte label rouge visando a...
- 296 -
satório em aves que tiveram um cresci- período, sendo determinadas as variá-
mento retardado. veis: ganho de peso (GP), consumo de ra-
ção (CR), conversão alimentar (CA), peso
final (PF) e viabilidade do lote (VIAB).
Material e Métodos As rações foram formuladas de acor-
O experimento foi conduzido na Unida- do com as exigências nutricionais de
de Experimental, da Universidade Fede- frangos de corte machos e fêmeas de
ral de Mato Grosso na cidade de Santo desempenho médio na fase de cresci-
Antônio do Leverger, Mato Grosso, Brasil. mento I, de 22 a 33 dias de idade (Ros-
tagno et al., 2011). Também se fez o uso
Foram utilizadas 144 aves da linhagem de vitamina via água de bebida visando
Label Rouge no período de 28 a 49 dias. dar suporte ao possível ganho com-
O delineamento experimental utilizado pensatório dos frangos.
foi o inteiramente casualizado, onde as
aves foram distribuídas em 18 boxes, Os resultados foram analisados utilizando-
contendo 3 tratamentos e 6 repetições se o Programa ASSISTAT (2015) de análises
de 8 aves por Box. Os tratamentos foram estatísticas. Os dados de desempenho (GP,
distribuídos, levando em conta o seu CR,CA, PF e VIAB) foram submetidos à aná-
peso médio, em aves com peso leve, lise de variância. Suas médias foram com-
médio e pesado, onde o tratamento 1 paradas pelo teste SNK (Student-Newman
foram alojadas as aves com peso corpo- -Keuls), ao nível de 5% de significância.
ral menor que 160 gramas, tratamento
2 as aves com peso entre 161 a 200 gra-
mas e o tratamento 3 continha as aves
Resultados e Discussão
com peso superior a 200 gramas.
Os resultados de ganho de peso, consu-
As aves foram pesadas individualmente mo de ração, conversão alimentar, peso
em um intervalo semanal, assim como final e viabilidade do período de 28 a 49
a ração fornecida ou sobras da ração no dias estão apresentados na Tabela 1.

Tabela 1: Desempenho de frangos de corte no período de 28 a 49 dias de idade, com dife-


rentes pesos
Parâmetros Tratamento
1 2 3 CV (%)
Viabilidade 97,92a 100a 97,92a 4,23
Conversão alimentar 2,51a 2,76a 2,59a 7,77
Consumo/animal/dia (g) 62,85c 82,84b 92,13a 6,25
Ganho de peso (g) 525,43c 630,11b 751,05a 6,90
Peso final (g) 676,17c 869,90b 1080,11a 6,49
Médias com letras diferentes na mesma linha diferem estatisticamente pelo teste SNK.

Anais SIAVS 2015 - Manejo de diferentes pesos iniciais de frangos de corte label rouge visando a...
- 297 -
A CR foi significativamente menor no um ganho compensatório de 25,69%
tratamento 1, com aves mais leves, de peso.
onde consequentemente, também se
obteve um menor ganho de peso. Aos A viabilidade do lote e a CA não
49 dias de criação, apenas as aves do apresentaram diferença significativa
tratamento três conseguiram atingir o (P>0,05) entre os tratamentos avaliados,
peso médio final desejado. de 28 a 49 dias. Mazzuco et al. (2000)
também não demonstraram diferen-
Yu et al. (1990) não observaram cresci- ças em relação a conversão alimentar
mento compensatório, em que pintos, e viabilidade, num estudo em que este
após passarem por um período de res- analisou o efeito da restrição alimentar
trição, tiveram um ganho ligeiramente qualitativa sobre o ganho compensató-
para 270g aos 56 dias de idade de 184g rio para frangos de corte.
do inicial aos 14 dias de idade.

As aves se encontravam com 63,43%


de peso abaixo do recomendado pelo Conclusão
manual técnico e, com apenas 21 dias Os frangos de corte obtiveram um ga-
recebendo ração com maior teor de nho compensatório, contudo apenas
nutrientes, estas passaram a possuir as aves de maior peso alcançaram peso
38,74% de peso abaixo do exigido ao fi- esperado para frangos Label Rouge aos
nal do experimento, o que resultou em 49 dias de idade.

Referências bibliográficas

ALBINO, L.F.T; VARGAS JR., J.G.; SILVA, J.H.V. Criação ROSTAGNO, H.S.; ALBINO, L.F.T.; DONZELE, J.L. et al.
de frango e galinha caipira - avicultura alternativa. Tabelas brasileiras para aves e suínos: com-
Viçosa: Aprenda Fácil, 2001. 110p. posição de alimentos e exigências nutricionais.
ASSISTAT. Assistência estatística. Versão 7.7 beta Viçosa, MG: Universidade Federal de Viçosa, 2011.
(2015).
YU, M.W.; ROBINSON, F.E.; CLANDININ, M.T. et al.
MAZZUCO, H.; GUIDONI, A.L.; JAENISCH, F.R. Efeito
Growth and body composition of broiler chi-
da restrição alimentar qualitativa sobre o ganho
compensatório em frangos de corte. Pesquisa ckens in response to different regimens of feed
agropecuária brasileira, Brasília, v.35, n.3, p.543- restriction. Poultry Science, Champaign, v.69,
549, 2000. p.2074-2081,1990.

Anais SIAVS 2015 - Manejo de diferentes pesos iniciais de frangos de corte label rouge visando a...
- 298 -

EFECTO DE DIFERENTES NIVELES DE FIBRA


CRUDA EN LA DIETA SOBRE EL COMPORTAMIENTO
PRODUCTIVO DE GALLINAS DE POSTURA COMERCIAL
EN LA SEGUNDA FASE DE PRODUCCION

E SALVADOR; B HUAMANÍ;
C CABALLERO; C GALLARDO*
Departamento de Producción Animal de la
Facultad de Medicina Veterinaria y Zootecnia
de la Universidad Nacional de Ica-Perú.

Abstract tion rate, feed intake, conversion, ener-


A study with the aim of evaluating gy efficiency, egg mass, Haugh Unit
four different levels of dietary crude and shell percentage were evaluated.
fiber on performance of commercial The data obtained were processed sta-
laying hens in the second production tistically with analysis of variance and
phase was carried out. This study was comparison of means, using the Gene-
conducted in the experimental unit ral Linear Model procedure of SAS. The
of laying hens and the Laboratory of results showed that the level of crude
Nutrition FMVZ-UNICA. 80 laying hens fiber diets significantly affect food con-
of ISA Brown genetic line of 46 weeks sumption, energy efficiency and shell
of age in the second phase of pro- percentage, however, did not affect the
duction, raised under the cage system percentage of egg production, feed
were used. Four diets with four levels conversion, egg mass and Haugh Unit.
of crude fiber which corresponded to It is concluded that, the crude fiber
the four treatments applied: 3.00, 3.30, level that maximizes the feed intake
3.60 and 3.90% crude fiber. Each treat- is 3.3%, while for energetic efficiency
ment had four replicates, which were was 3.6 and 3.9%, for best percentage
assigned to Design Complete Rando- of eggshell was achieved with the le-
mized Block. Variables such as produc- vel of 3.0% crude fiber in the diet.

Anais SIAVS 2015 - Efecto de diferentes niveles de fibra cruda en la dieta sobre el comportamiento...
- 299 -
INTRODUCCION cruda, con cuatro repeticiones. Las aves
La fibra cruda es un componente de im- experimentales fueron distribuidas bajo
portancia, cuyo nivel en la dieta puede un Diseño de Bloques Completamente
ser un factor limitante para el consumo al Azar. Se evaluaron las características
de alimento, en el comportamiento de de producción de huevos, consumo
la gallina (picaje de plumas) y por sus de alimento, conversión alimenticia,
efectos sobre el tracto digestivo y la di- eficiencia energética, masa de huevo y
gestibilidad del alimento, su evaluación porcentaje de cascara del huevo, que
en las dietas es un tema de interés, ya fueron sometidos a análisis estadístico
que, está ligada al consumo de alimento, de varianza, comparación de medias y
proceso adecuado de digestión y dis- regresión, para el que se utilizó el pro-
ponibilidad de nutrientes, por tanto, tie- cedimiento del Modelo Lineal General
ne una importancia económica. Arshad (GLM) de SAS
et al. (2007) llevaron a cabo un estudio,
donde utilizaron varios niveles de fibra
cruda de 5.27, 6.17, 7.06, 7.96 y 8.78%y
RESULTADOS Y DISCUSION
los resultados indican que no hubo nin-
gún efecto significativo sobre el peso Los resultados demostraron que los ni-
del huevo, y el consumo de alimento fue veles de fibra cruda no afectaron signi-
aumentando y la conversión alimenticia ficativamente (P>0.05) la producción de
disminuyendo en relación directa al ni- huevos, conversión alimenticia, masa de
vel de fibra. El objetivo del estudio fue huevo, Unidad Haugh, mientras que el
evaluar el efecto del nivel de fibra cru- nivel de 3.3% de fibra logró significati-
da dietaría sobre el comportamiento vamente (P<0.05) el más alto consumo
productivo de gallinas de postura en la de alimento, respecto al nivel de 3.6% de
segunda fase de producción. más bajo consumo. El 3.6 y 3.9% de fibra
lograron la más alta eficiencia energética
(P<0.05) y el nivel de 3% logró significa-
tivamente (P<0.05) el más alto porcen-
MATERIALES Y METODOS taje de cascara del huevo comparado
Este experimento se llevó a cabo en la al nivel de 3.9% de más bajo porcen-
Granja Experimental Avícola de la FM- taje de cascara. Al análisis de regresión
VZ-UNICA-Perú, por un periodo de 10 se encontró una tendencia lineal, cuyo
semanas. Se utilizaron 80 gallinas po- modelo encontrado fue el siguiente: y=
nedoras de la línea comercial ISA Brown -0.683x+12.45 (R2=0.50). La fibra cruda
de 46 semanas de edad. Para la formu- tiene efecto de estimular la función de la
lación se utilizó el programa LP máxi- molleja (Hartini y Choct, 2010), por lo que
ma rentabilidad (Guevara, 2004). La ali- una mayor retención de fibra insoluble
mentación fue ab-libitum. Se utilizaron en la molleja, conforme se incrementó el
cuatro dietas como tratamientos, con nivel de la fibra cruda desde 3.30 hasta
niveles de: 3.0; 3.3; 3.6 y 3.9% de fibra 3.60% podría haber reducido el consu-

Anais SIAVS 2015 - Efecto de diferentes niveles de fibra cruda en la dieta sobre el comportamiento...
- 300 -
mo. La mejora de la eficiencia energética, intestino, resultando en hipocalcemia en
puede explicarse a que las fuentes de la sangre, que puede contribuir a una re-
fibra insoluble son beneficiosos para la ducción del desarrollo de los huesos y la
estructura intestinal (Incharoen, 2013) y resistencia ósea.
estimulan la producción de ácido clorhí-
drico, ácidos biliares y secreciones de en-
zimas digestivas (Hetland et al, 2003), lo
que demuestran una fuerte correlación CONCLUSIONES
positiva entre la fibra insoluble y la di- Los niveles de fibra cruda dietaría no
gestibilidad de nutrientes. La mejora en afectaron la producción de huevos,
el porcentaje de cáscara, se fundamenta conversión alimenticia, unidad Haugh y
por lo reportado por Rath (2000) quien masa de huevos. Un nivel más alto (3.6
considera que los mayores niveles de fi- y 3.9%) de fibra cruda conduce a una
bra en las dietas de aves de corral pue- mejora de la eficiencia energética de la
den reducir la absorción de calcio en el dieta y porcentaje de cáscara del huevo.

Referências bibliográficas

Arshad Al-Haweizy, A. ; S. Yasin Al-Sardary. 2007. hens. J. Indonesian Trop. Anim. Agric. 35(3):145-
effect of dehydrated alfalfa and age on egg wei- 150.
ght,egg mass, feed intake, and feed conversion Hetland, H.; Svihus, B.; Krogdahl, A. 2003. Effects
efficiency in Hy-Line® w-98 layers. Slovak J. Anim. of oat hulls and wood shavings on digestion in
Sci., 40, (1): 19 - 23 broilers and layers fed diets based on whole or
Guevara, V.R. 2004. Use of nonlinear programming ground wheat. Br. Poult. Sci., 44: 275-282.
to optimize performance response to energy Incharoen, T. 2013. Histological adaptations of the
density in broiler feed formulation. Poultry Scien- gastrointestinal tract of broilers fed diets con-
ce. 83 (1): 147 151. taining insoluble fiber from rice hull meal. Am. J.
Hartini, S. & Choct, M. 2010. The effect of diets con- Anim. Vet. Sci., 8: 79-88.
taining different level of non-starch polysaccha- Rath, N.C. 2000. Factors regulating bone maturity and
rides on performance and cannibalism in laying strength in poultry. Poultry Science, 79:1024-1032.

Anais SIAVS 2015 - Efecto de diferentes niveles de fibra cruda en la dieta sobre el comportamiento...
- 301 -

EFECTO DE LA RELACION ENERGIA


METABOLIZABLE: LISINA EN LA DIETA SOBRE LA
RESPUESTA PRODUCTIVA DE POLLITOS DE
ENGORDE EN LA FASE PRE-INICIAL

E SALVADOR*; C CABALLERO;
Y LoZA; C GALLARDO*
Departamento de Producción Animal de la
Facultad de Medicina Veterinaria y Zootecnia
de la Universidad Nacional de Ica-Perú.

Abstract parison of means and regression with


Carried out an experimental test in or- SAS GLM procedure were made. EM:ly-
der to evaluate the effect of different sine relations of diets affect significantly
ratios of metabolizable energy:lysine in (P<0.05) body weight and regression
the diet on productive performance of analysis a significant quadratic respon-
broilers in the pre-starter phase of 0-7 se was found to yield the equation: y
days old. Ninety six of line Cobb 500 = -502.4x2 + 2340.3x - 2544 (R2=0.70).
male chickens were used, and four rela- While a statistical trend (P=0.09) for
tions ME: lysine diets as treatments: 2.14, feed intake and feed conversion was
2.23, 2.29 and 2.37, with six repetitions found, and energy efficiency was not af-
each, under a Complete Randomized fected (P>0.05). We conclude that rela-
Design (DCA). Variables live weight, feed tions 3.23 and 2.37 of ME: lysine in diets
intake, feed conversion ratio, energy achieved better growth performance
efficiency and protein efficiency were of chicks in the pre-starter phase of 0-7
evaluated. Analysis of variance, com- days old.

Anais SIAVS 2015 - Efecto de la relacion energia metabolizable: lisina en la dieta sobre la respuesta...
- 302 -
INTRODUCCION sobre la respuesta productiva de pollos
La densidad nutricional de las dietas de engorde en la fase pre-inicial de 0 a
es un aspecto clave en los pollitos de 7 días de edad.
engorde en las fases pre-iniciales, bási-
camente la relación de energía y ami-
noácidos que optimice la respuesta
MATERIALES Y METODOS
productiva es de importancia en esta
fase, ya que muchos investigadores han El estudio se llevó a cabo en el Galpón
demostrado una correlación positiva experimental en Nutrición Avícola de la
de las dietas iniciales con el peso vivo Facultad de Medicina Veterinaria y Zoo-
final de mercado (Hooshmand, 2006). tecnia de la U.N.ICA, ubicado en la pro-
En nuestro medio, se utilizan diferen- vincia de Chincha, Ica-Perú, durante el
tes niveles de energía metabolizable periodo de los meses de Junio-Agosto
en las dietas de las fases iniciales de del 2014. Se utilizaron 96 pollos BB ma-
producción de pollos de carne. Algu- chos de la línea COBB 500. Para efecto
nas dietas de baja densidad tal como de la formulación de las dietas se utilizó
recomiendan algunas líneas genéticas el Software OPTIMAL FORMULA 2000.
de aves podría ser una alternativa a Se aplicaron cuatro relaciones EM:lisina
emplear para reducir costos. Sin em- en las dietas como tratamientos: 2.14,
bargo, lo más importante es considerar 2.23, 2.29 y 2.37, con seis repeticiones
el efecto que podría tener las dietas cada uno, bajo un Diseño Completa-
altas en energía sobre el crecimiento mente al Azar (DCA). Se evaluaron las
de órganos y tejido en las fases inicia- características de peso vivo, consumo
les. No se tiene información respecto al de alimento, índice de conversión ali-
impacto productivo y económico que menticia, eficiencia energética bruta y
tendrían las dietas de baja, mediana la relación de eficiencia proteica (PER),
o alta densidad nutricional. Araujo et cuyos análisis estadísticos de varianza,
al. (2005) encontró que la ganancia de comparación de medias y regresión, se
peso fue directamente proporcional al utilizó el procedimiento del Modelo Li-
nivel de energía de la ración. Summers neal General (GLM) de SAS.
& Leeson (1984) quienes evaluaron ni-
veles de energía incrementando hasta
3.3 Mcal de EM/kg y reportaron que
las aves que recibieron dietas con baja RESULTADOS Y DISCUSION
energía demostraron bajo peso corpo- El peso vivo de los pollitos a la primera
ral, aunque fueron más eficientes en semana de edad fue afectado significa-
transformar energía en peso. Por lo que, tivamente (P<0.05) por las relaciones
en este contexto, se realizó una prueba EM:lisina de la dieta, donde la relación
experimental con el objetivo de evalu- 2.14 y 2.29 fueron los que lograron la
ar el efecto de diferentes relaciones de mejor respuesta productiva, y al análisis
energía metabolizable:lisina en la dieta de regresión se encontró una respuesta

Anais SIAVS 2015 - Efecto de la relacion energia metabolizable: lisina en la dieta sobre la respuesta...
- 303 -
cuadrática significativa, obteniéndose to productivo de pollos de engorde.
la ecuación: y= -502.4x2 + 2340.3x – Los más altos consumos de alimento
2544 (R2=0.70), mientras que el consu- encontrados con las dietas menciona-
mo de alimento, conversión alimenticia, das explicaria parcialmente los mejores
y relación de eficiencia proteica tuvie- pesos encontrados con estas dietas, ya
ron una tendencia estadística (P=0.09) y que realzando el consumo de alimento
la eficiencia energética no fue afectado en las fases tempranas iniciales puede
(P>0.05). Este resultado indicaria que maximizar la respuesta del ave (Valen-
los pollitos pueden responder favora- cia et al., 2009).
blemente en un rango más amplio de
EM. Otros estudios con niveles variables
de EM en la dieta no han logrado ob-
tener respuestas diferentes, como lo re- CONCLUSIONES
porta el estudio de Leeson et al. (1996) Las relaciones 3.23 y 2.37 de EM:lisina
quienes evaluaron diferentes niveles de en las dietas lograron la mejor respues-
EM en una alimentacion ad libitum no ta productiva de pollitos en la fase pre-i-
causó diferencias en el comportamien- nicial de 0 a 7 días de edad.

Referências bibliográficas

Araújo, L.F.; Junqueira, O.M.; Araújo, C.S.S.; Barbo- the finisher diet. Poultry Science; 75:522-528.
sa, L.C.G.S.; Ortolan, J.H.; Faria, D.E. y Stringhini, J.H. Summers, J.D. & Leeson, S. 1984.Influence of
2005. Energy and Lysine for Broilers from 44 to 55 dietary protein and energy level on broiler per-
Days of Age. Brazilian Journal of Poultry Science. formance and carcass composition. Nutrition Re-
v.7 / n.4 / 237 – 241. production International. 29:757-767.
Hooshmand, M. 2006. Effect of early feeding pro- Valencia, D.G.; Serrano, M.P.; Jiménez-moreno, E.;
grams on broiler performance. Int. J. Poult. Sci. Lázaro, R.; Mateos, G.G. 2009. Ileal digestibility of
5(12): 1140-1143. amino acids of pea protein concentrate and soya
Leeson, S.; Caston, L.; Summers, J.D. 1996. Broiler res- protein sources in broiler chicks. Livest. Sci. 121:
ponse to energy or energy and protein dilution in 21–27.

Anais SIAVS 2015 - Efecto de la relacion energia metabolizable: lisina en la dieta sobre la respuesta...
- 304 -

FENO DE ALFAFA COMO PIGMENTANTE DA GEMA


DE OVOS DE CODORNAS JAPONESAS ALIMENTADAS
COM DIETAS CONTENDO ARROZ INTEGRAL

C Bavaresco1*; MLS Castro1; E Gopinger1; T


Santos 1; DCN Lopes1; VFB Roll1; EG Xavier1
1
Universidade Federal de Pelotas, Departamento de Zootecnia,
Grupo de Estudos em Aves e Suínos da Universidade Federal de
Pelotas (GEASPEL), Campus Capão do Leão, Pelotas/RS

Abstract linear decrease was observed in this pa-


The aim of the study was to investiga- rameter as the levels of alfalfa hay were
te different levels of alfalfa hay in diets increased in the diets. The inclusion of
containing whole rice and its effects on up to 12% alfalfa hay in the Japanese
egg yolk color of Japanese quails. For- quails diets based on whole rice impro-
ty 105-day-old Japanese quails were ved the egg yolk color.
distributed in a complete randomized
design, with five treatments and ten
replicates of two birds each. The treat-
ments were inclusions of 4, 8 and 12% Introdução
of alfalfa hay in a basal diet containing O milho é o principal ingrediente ener-
100% whole rice. The parameter yolk gético utilizado na dieta de aves devi-
color was evaluated by Minolta® throu- do a inúmeras características, inclusive
gh L*, a*, b* and Chroma values. Results pela excelente fonte de carotenoides
indicated that as the levels of alfalfa hay (carotenos e xantofilas) que são consi-
were increased in the diets, a significant derados pigmentantes. Eles conferem
linear increase on the parameters b* cor a carne e a gema dos ovos, porém
and Chroma of the egg yolk color was alguns alimentos que podem substi-
observed. The opposite was found for tuir o milho apresentam baixa quanti-
the parameter L*, that is, a significant dade de pigmentantes, como é o caso

Anais SIAVS 2015 - Feno de alfafa como pigmentante da gema de ovos de codornas japonesas...
- 305 -
do arroz integral. Segundo Sittiya et al. nato Rodrigues Peixoto da Universida-
(2011) a energia metabolizável encon- de Federal de Pelotas, no período de 15
trada no arroz integral para poedeiras a 30 de maio de 2014. Foram utilizadas
foi de 2790 kcal/kg contra 3280 kcal/kg 40 codornas de postura, com 105 dias
do milho. Nesta pesquisa, aves alimen- de idade, alojadas em gaiolas metáli-
tadas com dietas com arroz integral cas, contendo comedouros metálicos
demonstraram semelhante desempe- manuais e bebedouros automáticos
nho quando comparadas com aquelas tipo nipple, recebendo água e alimen-
que receberam uma dieta basal (milho), tação ad libitum. Antes do período ex-
confirmando que o arroz integral pode
perimental todas as aves receberam
substituir até 100% do milho nas die-
uma dieta controle com arroz integral
tas de poedeiras. Porém, este produto
para despigmentação da gema. Foram
possui baixas quantidades de xantofilas,
avaliados quatro níveis de feno de alfa-
ocasionado redução da cor da gema
dos ovos, um efeito que pode ser corri- fa (0, 4, 8, 12%) incluídos em uma dieta
gido por meio da inclusão de pigmen- controle, tendo o arroz integral como
tantes na dieta. principal fonte energética. Foi utilizado
o delineamento inteiramente casua-
Dentre fontes naturais de pigmentos lizado com quatro tratamentos, cinco
encontra-se a alfafa, que possui como repetições por tratamento, com duas
principais carotenoides o beta-8’-apo- aves por repetição, totalizando 10 aves
carotenenal, criptoxantina e a luteína por tratamento. As dietas foram isopro-
(Nunes, 1998), o que a confere a capa- teicas e isoenergéticas.
cidade de colorir os tecidos corpóreos
como a pele, a gordura e também pro- Foram coletados 13 ovos de cada tra-
dutos como a gema de ovo. Sabendo-se tamento no final do período experi-
que a pigmentação da gema é conside- mental para análise colorimétrica das
rada uma das características organolép- gemas através do colorímetro Minolta
ticas mais importantes na avaliação da (CR-200 b), previamente calibrado de
qualidade dos ovos (Hernández et al. acordo com padrões pré-estabelecidos
2001), o objetivo deste trabalho foi es- (Bible & Singha, 1993). Foram avaliados
tudar o efeito de diferentes níveis de três parâmetros de cor: L*, a* e b*. O va-
feno de alfafa adicionados à dietas de
lor de a* envolve a coloração na região
codornas alimentadas com arroz inte-
do vermelho (+a*) ao verde (-a*); o valor
gral sobre a cor das gemas dos ovos.
b* varia da coloração do amarelo (+b*)
ao azul (-b*), e o valor L* varia do bran-
co (L=100) ao preto (L=0) (Harder, 2005).
Material e Métodos O Croma foi obtido através da fórmula
O experimento foi desenvolvido no La- matemática C = √(a²+b²). Os dados fo-
boratório de Ensino e Experimentação ram submetidos a ANOVA e à regressão
Zootécnica Professor Dr. Professor Re- polinomial a 5% de significância.

Anais SIAVS 2015 - Feno de alfafa como pigmentante da gema de ovos de codornas japonesas...
- 306 -
Resultados e Discussão variação de cor do vermelho ao ver-
De acordo com a tabela 1, para os de, não foi afetada significativamen-
parâmetros da análise colorimétrica, te pelos níveis de alfafa utilizados na
apenas a variável a*, que se refere à dieta.

Tabela 1: Diferentes níveis de alfafa na dieta de codornas japonesas contendo arroz integral sobre
a avaliação colorimétrica das gemas dos ovos.

Níveis alfafa (%) L* a* b* Croma4


0 70,41± 3,48 - 6,63 ± 4,28 26,25±3,76 27,39±3,63
4 68,35± 2,91 - 8,40 ±0,26 38,45± 2,21 39,36±2,16
8 66,37± 2,50 - 7,95± 0,38 47,90±4,18 48,56±4,09
12 66,99± 4,45 - 7,07 ± 0,87 51,35±6,42 51,85±6,31
P* 0,005 0,09 <0,0001 <0,0001
*nível de significância de 5%; Equação ajustada para L= 69,85 – 0,30x; Equação ajustada para b=
28,29+2,12x; Equação ajustada para Croma= 29,43 + 2,06x.

O parâmetro L* reduziu linearmente receberam feno de alfafa (8 e 12%),


com aumento dos níveis de feno de demonstrando seu poder pigmen-
alfafa, demonstrando que a cor da tante. Neste trabalho o maior nível de
gema do ovo ficou mais opaca. Este inclusão do feno de alfafa (12%) atin-
fato pode ser explicado pelo também giu o valor de Croma de 51,85 e sem
aumento linear do parâmetro b*, que a adição do pigmentante o valor para
demonstra um aumento na tonalida- este parâmetro foi de 27,39. Houve
de amarela, com o incremento dos um incremento linear significativo no
níveis de alfafa na dieta, acarretando Croma com o aumento dos níveis de
assim na diminuição da luminosida- feno de alfafa na dieta.
de (L*). O aumento do parâmetro b* Apesar de menos onerosas, as fontes
conforme o acréscimo dos níveis de naturais apresentam menor eficiência
alfafa demonstra, portanto, melhora de pigmentação se comparadas às
na cor da gema. Em trabalho realiza- fontes sintéticas (Garcia et al. 2002).
do por Silva et al. (2006), o valor de Desta forma, existe a necessidade de
b* encontrado nas gemas de ovos maiores pesquisas para avaliar o po-
de codornas alimentadas com dieta à der pigmentante dessas fontes, bem
base de milho foi de 39,29, e neste ex- como seu aproveitamento pelas aves
perimento valores superiores foram e impactos sobre o desempenho e
encontrados nas gemas das aves que qualidade dos produtos.

Anais SIAVS 2015 - Feno de alfafa como pigmentante da gema de ovos de codornas japonesas...
- 307 -
Conclusão
A utilização de até 12% de feno de alfafa pois promoveu boa pigmentação e foi
como pigmentante na dieta de codor- biologicamente aproveitável, uma vez
nas à base de arroz integral foi eficiente, que foi incorporado às gemas.

Referências bibliográficas

Bible BB, Singha S. Canopy position influences Leeson S, Summers JD. 2005. Commercial poul-
CIELab coordinates of peach color. Hortscience, try production. 3rd Edition. University Books,
28:992-993, 1993. Guelph, Ontario.
Garcia, e.a; Mendes, a.a.; Pizzolante, C.C. et al. Efeito Nunes, I. J. Nutrição Animal Básica. 2 ed. Belo
dos níveis de cantaxantina na dieta sobre o de- Horizonte. FEP - MVZ, p.345-349, 1998.
sempenho e qualidade dos ovos de poedeiras Silva, J. H. V; Silva, E. L; Filho, J. J; Ribeiro, M. L. G; Cos-
comerciais. Revista Brasileira de Ciência Avíco- ta, F. G. P. Resíduo da semente de urucum (Bixa
la, v.4, n.1, p.1-7, 2002. orellana L.) como corante da gema, pele bico e
Harder MNC (2005). Efeito do urucum (Bixa ovário de poedeiras avaliado por dois métodos
orellana L.) na alteração de característica de analíticos. Ciênc. agrotec., Lavras, v. 30, n. 5, p. 988-
ovos de galinha poedeiras. 74 p. Dissertação de 994, set./out., 2006.
Mestrado. ESALQ/USP. Brasil. Sittiya, J; Yamauchi, K.; Morokuma, M. “Chemi-
Hernández, J. M., Seehawer, J., Hamelin, C., Bruni, cal composition, digestibility of crude fiber and
M.; Wakeman W. Egg quality: The European con- gross energy, and metabolizable energy of whole
sumer’s perception. Roche Vitamins Europe paddy rice of momiroman,” J. Poult. Sci., vol. 48,
Ltd., Basel, Switzerland, 2001. pp. 259-261, October 2011.

Anais SIAVS 2015 - Feno de alfafa como pigmentante da gema de ovos de codornas japonesas...
- 308 -

QUALIDADE DA CARNE DE CODORNAS


ALIMENTADAS COM DIETAS CONTENDO FARELO E
ÓLEO DE CANOLA

C Bavaresco1*; RC Dias1; E Gopinger 1;


PO Moraes2; DCN Lopes1; VFB Roll1; EG Xavier1
1
Universidade Federal de Pelotas, Departamento de Zootecnia, Grupo
de Estudos em Aves e Suínos da Universidade Federal de Pelotas
(GEASPEL), Campus Capão do Leão, Pelotas/RS
2
Universidade Federal do Rio Grande do Sul, Departamento de
Zootecnia, Campus Agronomia, Porto Alegre/RS

Abstract 5% the probability. The canola oil did


The objective this study was evalua- not change the physical characteristics
te the effects of the canola meal and of the meat. But canola meal decrea-
oil canola in quails diets on meat qua- sed water retention capacity and shear
lity instrumental. One hundred with strength.
180-days-old dual purpose quails were
distributed in a complete randomized
design, in four treatments with twenty-
five replicates with one bird each. The Introdução
treatments were: T1 (100% soybean A nutrição contribui para o avanço na
meal and soybean oil), T2 (75% soybe- avicultura auxiliando em um melhor de-
an meal+25%canola meal and soybean sempenho zootécnico das aves, melho-
oil), T3 (75% soybean meal+25%cano- ra da composição e qualidade de carne
la meal and canola oil) and T4 (100% (Barbosa et al. 2001). Por consequência,
soybean meal and canola oil). To evalua- diversos alimentos alternativos vêm
te the products of the canola (meal and sendo estudados para demonstrar seu
oil) was applied analysis of variance, potencial nutritivo. O farelo e óleo de
means compared by Tukey test with canola, respectivamente, apresentam

Anais SIAVS 2015 - Qualidade da carne de codornas alimentadas com dietas contendo farelo e óleo...
- 309 -
adequadas características proteicas e Material e Métodos
enérgicas para formulação de dietas O experimento foi conduzido no Labo-
de codornas. Estudos demonstraram a ratório de Ensino e Experimentação Zoo-
possibilidade de utilizar o farelo de ca- técnica Prof. Dr. Renato R. Peixoto (LEEZO)
nola na dieta de frangos de corte em – Setor de Avicultura do Departamento
até 30% sem afetar o desempenho, de Zootecnia-FAEM - UFPel, no período
desde que as dietas sejam formuladas de abril a julho de 2013. As dietas foram
com base nos aminoácidos digestíveis isocalóricas, isoproteicas e isovitamínicas
(Canola Council of Canada, 2009). Po- formuladas de acordo com as recomen-
rém, outras variáveis além do desem- dações de Rostagno et al. (2011) para
penho devem ser consideradas para a codornas japonesas. Foram alocadas 100
decisão de utilizar ou não um alimento codornas de duplo propósito com 180
alternativo na dieta de aves, tais como dias de idade em quatro tratamentos:
as características dos produtos finais, T1- dieta controle à base de milho, 100%
carne e ovos. de farelo de soja (FS) e 100% óleo de soja
(OS); T2 – dieta basal com 75% de FS e
A qualidade de carne pode ser avaliada 25% de farelo de canola (FC) e 100% óleo
através de características instrumentais. de canola (OC); T3- dieta basal com 75%
Mikulski et al. (2011), testando 0, 60, 120 de FS e 25% de FC e 100% OC; T4- dieta
e 180g/kg de farelo de canola na dieta à base de milho e 100% FS e 100% OC.
de perus em crescimento, observaram
que a inclusão de 0, 60 e 120g/kg de As aves foram distribuídas em um deli-
farelo de canola não afetaram as carac- neamento inteiramente casualizados e
terísticas instrumentais da carne. Porém, 25 repetições, sendo cada ave conside-
com 180g/kg observou-se um aumen- rada uma unidade experimental. Ao final
to na perda por cocção, na maciez (re- dos três ciclos produtivos de 28 dias, 40
dução na força de cisalhamento) e um aves foram abatidas. Para análise instru-
aumento na intensidade da cor amarela mental foi selecionado o lado esquerdo
na carne do peito. do peito das aves, obtendo-se 10 amos-
tras por tratamento. A análise instrumen-
Apesar de nos últimos anos o setor da tal foi realizada avaliando as característi-
coturnicultura de corte ter melhorado cas de pH inicial e final, capacidade de
a estrutura da cadeia, muitas vezes por retenção de água, força de cisalhamento,
falta de produto a carne de codorna de cor, perda por cocção e perda por gote-
postura é comercializada (Oliveira et al. jamento. A análise colorimétrica dos pei-
2005), e uma alternativa é a produção tos foi realizada através do colorímetro
de animais com duplo propósito. Neste Minolta CR-200 b, previamente calibrado
contexto, o objetivo deste trabalho foi em superfície branca de acordo com pa-
avaliar a qualidade da carne de codor- drões pré-estabelecidos (Bible & Singha,
nas de duplo propósito alimentadas 1993). Foram avaliados 3 parâmetros de
com farelo e óleo de canola cor: L*, a* e b*. O valor de a* coloração

Anais SIAVS 2015 - Qualidade da carne de codornas alimentadas com dietas contendo farelo e óleo...
- 310 -
na região do vermelho (+a*) ao verde Os dados foram submetidos à análise
(-a*), o valor b* coloração no intervalo do de variância e as médias dos tratamen-
amarelo (+b*) ao azul (-b*). O valor L* for- tos comparadas pelo teste de Tukey,-
nece a luminosidade, branco (L=100) ao com 5% de significância.
preto (L=0) (Harder, 2005). O Croma é a
relação entre os valores de a* e b*, onde Resultados e Discussão
se obtém a cor real do objeto analisado. De acordo com a tabela 1 não foram
Hue-Angle é o ângulo formado entre a* encontradas diferenças significativas
e b*, indicando a saturação da cor do ob- para as variáveis pH inicial (pHIn), final
jeto. Para cálculo do Croma foi utilizada (pHFin), análise colorimétrica para os
a fórmula matemática C = √(a2+b2) e, parâmetros de a*, b*, L*, Croma e Hue
para se calcular Hue-Angle, utilizou-se a -Angle (HE), perda por cocção (PCOC) e
fórmula Hº = arctg b*/a*. perda por gotejamento (PG).

Tabela 1: Parâmetros de análise instrumental de carne de codornas alimentadas com farelo e óleo
de canola.

TRAT1 pHIn2 pHFin2 CRA(%)3 a* b* L*


1 5,92 5,88 9,06 a 8,67 1,95 47,83
2 5,83 5,84 7,50 b 9,67 1,82 45,96
3 5,82 5,87 7,30 b 8,75 1,78 46,68
4 5,79 5,79 8,50 ab 8,63 2,02 47,91
P 0,77 0,77 0,04 0,09 0,35 0,19
CV(%) 6,72 4,94 14,92 16,12 22,37 6,72
TRAT 1
Croma HE 4
PCOC(%) 5
FC(kgf g ) -1 6
PG 7

1 9,04 12,34 25,28 2,25 a 3,08


2 9,88 11,03 23,62 1,88 b 3,15
3 8,99 11,25 25,80 2,29 a 3,13
4 8,78 12,72 24,83 2,12 ab 3,01
P 0,22 0,2 0,49 0,01 0,83
CV(%) 16,55 20,44 16,5 17,52 15,25

1 Tratamentos: T1= 100% FS e OS; T2= 75% FS+25% FC e OS; T3=75% FS+25%FC e OC; T4=100%
FS e OC;2 pH inicial; 3 pH final; 3 capacidade de retenção de água; 4Hue-angle; 5 perda por cocção; 6
força de cisalhamento; 7 perda por gotejamento. Letras iguais não diferem entre si estatisticamen-
te pelo teste de Tukey; P=nível de significância de 5%/ CV=coeficiente de variação.

Anais SIAVS 2015 - Qualidade da carne de codornas alimentadas com dietas contendo farelo e óleo...
- 311 -
O uso de farelo de canola (T2 e T3) nas lor das médias da variável foram iguais
dietas reduziu a capacidade de reten- ao tratamento controle.
ção de água diferindo dos tratamentos
que foi usado apenas farelo de soja (T1),
independentemente do tipo de óleo
utilizado. Para a variável força de cisa- Conclusão
lhamento (FC) ocorreu uma redução O óleo de canola não influenciou as
significativa quando houve a utilização características físicas da carne mas, o
do farelo de canola associado com óleo farelo de canola diminuiu a capacidade
de soja (T2), porém quando utilizou-se de retenção de água e a força de cisa-
o farelo e o óleo de canola juntos, o va- lhamento.

Referências bibliográficas

Barbosa, M. J. B; Junqueira O. M; Andreott M.O; Mestrado. ESALQ/USP. Brasil.


CancherinI L. C; Araújo, l. F. Desempenho e Rendi- Mikulski, D; Jankowski, J.; Zdunczyk, Z.; Juskiewicz,
mento de Carcaça de Frangos de Corte Subme- J.; Slominski, B. The effect of different dietary le-
tidos a Diferentes Níveis de Treonina e Lisina, na vels of rapeseed meal on growth performance,
Fase Final de Criação. Revista brasileira de zoo- carcass traits, and meat quality in turkeys. Poultry
tecnia, v.30, n.5, p.1476-1480, 2001. Science, v. 91 , p. 215–223, 2011.
Bible BB, Singha S. Canopy position influences Oliveira, E.G.; Almeida, M.I.M.; Mendes, A.A.; Veiga,
CIELab coordinates of peach color. Hortscience, N.; Roça, R.O.; Dias, K. Avaliação do rendimento de
28:992-993, 1993. carcaça de codornas para corte alimentadas com
CCC. Canola Council of Canada. Canola meal: dietas com diferentes níveis protéicos. Archives
Feed Industry Guide. Canadian International of Veterinary Science, v.10, n.3, p.42-45, 2005.
Grains Institute, 4th edition, 2009. Disponivel em: Rostagno, H. S.; Albino, LFT.; Donzele, J.L.; Gomes,
<http://www.canolacouncil.org>, acesso em: P.C.; Oliveira, R.F.; Lopes, D.C.; Ferreira, A.S.; Barreto,
10/09/2014. S.L.T.; Euclides, R.F. Tabelas brasileiras para aves
Harder MNC (2005). Efeito do urucum (Bixa e suínos: composição de alimentos e exigên-
orellana L.) na alteração de característica de cias nutricionais. 3. ed. Viçosa, MG: UFV, DZO,
ovos de galinha poedeiras. 74 p. Dissertação de 2011. 252p.

Anais SIAVS 2015 - Qualidade da carne de codornas alimentadas com dietas contendo farelo e óleo...
- 312 -

DESEMPENHO DE FRANGOS
LABEL ROUGE SUBMETIDOS A DIETAS COM
DIFERENTES NÍVEIS DE CEVADA

JR Alves*; HJD’A Lima; DA Neto; MS Rosa;


P Rocha; LGM Reginatto; ALN Malhado;
AC Manentti
Faculdade de Medicina Veterinária, Agronomia e Zootecnia,
Departamento de Zootecnia e Extensão Rural, Universidade
Federal de Mato Grosso, Cuiabá/MT

Abstract (Madeira et. al. 2010). A utilização de


alimentos com maiores níveis de fibra
The study aimed to evaluate the perfor-
bruta na composição, como é o caso do
mance of Label Rouge broilers fed diets
resíduo de cervejaria subproduto da ce-
with 0, 4, 8 and 12% barley replacing
vada, no sistema de criação de aves de
corn. Feed intake was statistically diffe-
desempenho lento, como frangos cai-
rence, but weight gain, final weight and
piras ou coloniais, torna-se interessante
feed conversion showed no statistical
a medida que essas aves possuem me-
difference between them. The inclusion
lhor capacidade de digerir fibras.
level of 12% of barley can be used wi-
thout loss in animal performance. A cevada (Hordeum vulgare sp. vulgare)
é um cereal importante, que tem como
finalidade a produção de malte, produ-
ção de cerveja e destilados, alimenta-
INTRODUÇÃO
ção humana e a alimentação animal.
A criação de aves caipiras está se tor-
nando uma alternativa, tendo em vista O trabalho destinou-se a avaliar diferen-
a demanda por produtos mais saboro- tes níveis de inclusão de cevada na ração
sos, firmes e com sabor pronunciado de frangos de corte Label Rouge na fase

Anais SIAVS 2015 - Desempenho de frangos label rouge submetidos a dietas com diferentes níveis de cevada
- 313 -
de terminação, analisando-se ganho de RESULTADO E DISCUSSÕES
peso, consumo de ração, conversão ali- Não houve diferença significativa
mentar e peso final destes animais. (P> 0,05) para as variáveis, ganho de
peso, peso final e conversão alimentar
(tabela 1). O consumo de ração apre-
MATERIAL E MÉTODOS
sentou diferença significativa (P<0,05)
com efeito linear crescente. Resulta-
O experimento foi conduzido no setor dos contrários ao encontrado neste
de Avicultura da Fazenda Experimental trabalho, foram encontrados por Ro-
da Universidade Federal de Mato Grosso, sim (2012), que avaliou a inclusão de
localizada em Santo Antônio do Lever- cevada na dieta de frangos de corte
ger. Foram utilizados 140 aves da linha- da linhagem Cobb 500, com idade
gem caipira Label Rouge, com idade de de 8 a 21dias de idade, com níveis de
49 a 90 dias. O delineamento experimen- 5,10 e 15% de inclusão em substitui-
tal foi inteiramente casualizado, com ção ao milho e observou efeito linear
quatro níveis de cevada, 0, 4, 8 e 12, cada decrescente sobre o peso final, ganho
um com cinco repetições, de 7 animais,
de peso e consumo de ração. Resul-
totalizando 20 unidades experimentais
tados similares foram encontrados
em sistema de confinamento.
por Oliveira et al. (2005) que avaliou o
As aves foram alojadas em galpão de al- nível de inclusão de duas granulome-
venaria, contendo ventiladores e asperso- trias de resíduo de cervejaria (cevada)
res. Os animais receberam rações isoener- para frangos de corte Cobb Avian 48,
géticas, isoproteicas e água à vontade. As na fase de 1 a 14 dias de idade, onde
dietas experimentais foram formuladas se observou uma diminuição no con-
para atender às exigências nutricionais sumo de ração a medida que se au-
preconizadas comercialmente para fran- mentava a inclusão de cevada.
gos caipiras para a fase de crescimento
e terminação. Os dados de desempenho, CONCLUSÃO
consumo diário de ração (CR), ganho de Apesar da cevada conter maior teor
peso(GP), peso final (PF) e conversão ali- de fibra, sua utilização na dieta é pos-
mentar (CA) foram obtidos por pesagem sível sem que haja prejuízos não de-
dos animais e quantificação das rações sempenho de frangos Label Rouge,
semanalmente e analisadas no período em um nível de 12%, podendo ser
de 49 a 90 dias. Os dados foram analisa- utilizada em substituição do milho
dos estatisticamente, utilizando o progra- quando este apresentar preços ele-
ma ASSISTAT 7.7. vados.

Anais SIAVS 2015 - Desempenho de frangos label rouge submetidos a dietas com diferentes níveis de cevada
- 314 -
Tabela 1: Desempenho de frangos Label Rouge aos 90 dias de idade em função dos níveis de
cevada na dieta.
Níveis de cevada (%)
Parâmetros
0 4 8 12 CV (%)
CR (g) 1
114,89 117,17 118,87 120,91 3,23
GP (g)ns 1480 1591,6 1235,2 1472,7 10,33
PF (g) ns 2357,8 2456 2096 2337,5 9,63
CA (g/g) ns 3,80 3,60 4,71 4,02 15,79
VIAB (%)ns 100% 100% 100% 100% 0,00
ns
não significativo ao nível de 5% de probabilidade (P>0,05)
1
Efeito linear (P<0,05)

Referências bibliográficas

Ferrinho, A. M., Toda, B. M, Utembergue, B. L., Perei- Oliveira, E. J. do N.; Lima, K. R. de S.; Pereira, T. S.; Pereira,
ra, A. S. C. Resíduos de cervejaria: uma alternativa R. B.; Silveira, A. S.; Manno, M. C. Utilização de resíduo
na nutrição animal. III Simpósio de Sustentabili- de cervejaria desidratado com duas granulometrias
dade e Ciência Animal, 2013. para frango de corte na fase de 1 a 14 dias de idade.
Madeira, L. A.; Sartori, J. R.; Araujo, P. C.; Pizzolante, Anais do Zootec 2005. Campo Grande, 2005.
C. C.; Saldanha, É. S. P. B.; Pezzato, A. C. Avaliação Rosin, D. P. Composição química e inclusão de ce-
do desempenho e do rendimento de carcaça de vada, como ou sem adição de xilanase, na ração
quatro linhagens de frangos de corte em dois para frango de corte. Universidade de Vila Velha,
sistemas de criação. R. Bras. Zootec., v.39, n.10, ES. Programa de Pós-Graduação em Ciência Ani-
p.2214-2221, 2010. mal, 2012.

Anais SIAVS 2015 - Desempenho de frangos label rouge submetidos a dietas com diferentes níveis de cevada
- 315 -

CARACTERISTICAS DE CARCAÇA DE
FRANGOS LABEL ROUGE ALIMENTADOS COM
DIFERENTES NÍVEIS DE CEVADA

DA Netto*, JR Alves, BC Moraes, MS Rosa,


LGM Reginatto, DAN Junior, HJD Lima.
Faculdade de Medicina Veterinária, Agronomia e Zootecnia,
Departamento de Zootecnia e Extensão Rural, Universidade
Federal de Mato Grosso, Cuiabá/MT

Abstract tendo em vista a demanda por produ-


This study aimed to evaluate the wei- tos mais saborosos, firmes e com sabor
ght and yield of the carcass, breast and pronunciado (Madeira et. al. 2010). Ten-
thigh/drumstick from Label Rouge do em vista que a nutrição representa
broilers, aged 90 days, under different aproximadamente 70% do custo de
levels of inclusion of barley replacing produção (ZANOTTO; BRUM, 2005), pro-
corn and soybeans. The result of this dutores buscam reduzir esses custos.
project showed no significant diffe- Os resíduos de cervejaria, que são alta-
rence between treatments, therefore, it mente poluentes quando descartados,
becomes feasible to producers to inclu- podem ser úteis a alimentação animal,
de barley feeding on the meal of these além de ser produzido em grande vo-
animals. lume e não apresentar sazonalidade,
garantindo sua oferta durante todo
o ano com baixo custo (BROCHIER,
2007).  A utilização de alimentos com
INTRODUÇÃO maiores níveis de fibra bruta na com-
A criação de aves caipiras está se tor- posição, como é o caso do resíduo de
nando uma alternativa, principalmente cervejaria subproduto da cevada, no
para pequenos e médios produtores, sistema de criação de aves de desem-

Anais SIAVS 2015 - Caracteristicas de carcaça de frangos label rouge alimentados com diferentes níveis...
- 316 -
penho lento, como frangos caipiras ou ladas para atender às exigências nutri-
coloniais, torna-se interessante à me- cionais preconizadas comercialmente
dida que essas aves possuem melhor para frangos caipiras para a fase de
capacidade de digerir fibras.  terminação. Os dados de desempenho
(consumo diário de ração, ganho diário
Com o objetivo de se aumentar os co- de peso, peso final e conversão alimen-
nhecimentos sobre a utilização do re- tar) foram obtidos por pesagem dos
síduo de cervejaria úmido (cevada), o animais e quantificação das rações se-
trabalho destinou-se a avaliar diferentes manalmente e analisadas. 
níveis de inclusão de cevada na ração de
frangos de corte caipiras Label Rouge na Os dados foram analisados estatistica-
fase de terminação, analisando-se ganho mente, utilizando o programa ASSISTAT
de peso, consumo de ração, conversão 7.7 beta.
alimentar e peso final destes animais. 

RESULTADO E DISCUSSÕES
MATERIAL E MÉTODOS Não houve diferença (P>0,05) entre os
O experimento foi conduzido no setor tratamentos (Tabela 1). Substituir parte
de Avicultura da Fazenda Experimental do milho e farelo de soja por cevada
da Universidade Federal de Mato Gros- não causou déficit no crescimento e
so, localizada no distrito de Santo An- rendimento de carcaça do animal. Os
tônio do Leverger. Foram utilizadas 140 parâmetros de peso vivo ao abate va-
aves da linhagem caipira Label Rouge, riaram de 2096 até 2456g, mas o rendi-
com idade de 49 a 90 dias. O delinea- mento de carcaça se manteve na faixa
mento experimental foi inteiramente de 1647,5 e 1891g. O rendimento de
casualizado, com quatro níveis de ceva- peito, apesar de seu peso ter variado de
da, sendo os tratamentos determinados 376 a 447,5g, se manteve em torno de
pelos níveis de 0, 4, 8 e 12, cada com 18 a 18,8% do peso vivo.
cinco repetições por tratamento, sendo
7 animais por repetição, totalizando 20
unidades experimentais em sistema de
CONCLUSÃO
confinamento.
Pode-se utilizar a cevada, no nível de
Os animais receberam rações isoener- 12% em substituição ao milho, na dieta
géticas, isoproteicas e água à vontade. de frangos Label Rouge sem prejuízos
As dietas experimentais foram formu- nas características de carcaça.

Anais SIAVS 2015 - Caracteristicas de carcaça de frangos label rouge alimentados com diferentes níveis...
- 317 -
Tabela 1: Peso e rendimento dos cortes comerciais do frango caipira Label Rouge em funções dos
níveis de cevada na dieta.
Níveis de cevada (%)
Parâmetros
0 4 8 12 CV (%)
Peso vivo (g) ns
2357,8 2456,0 2096,0 2337,5 14,63
Peso Carcaça (g) ns 1891,0 1835,5 1647,5 1831,5 15,69
Rendimento Carcaça (%)ns 80,2 74,8 78,5 78,3 6,51
Peso de Peito (g) ns 442,5 447,5 376,0 420,5 14,05
Rendimento de Peito (%)ns 18,8 18,4 18,0 18,1 10,66
Peso Coxa/Sobrecoxa (g) ns 521,0 520,5 461,5 511,0 18,8
Rendimento Coxa/Sobrecoxa (%)ns 22,1 21,2 21,9 21,8 7,63
ns
Não significativo ao nível de 5% de probabilidade (P>0,05)

Referências bibliográficas

BROCHIER, M. A. Aproveitamento de resíduo úmi- ROSIN, Dailton Piva, M.Sc., Universidade Vila Velha
do de cervejaria na alimentação de cordeiros – ES, maio de 2012. Composição química e inclu-
confinados em fase de terminação. 2007. 120f. são de cevada, com ou sem adição de xilanase, na
Dissertação (Mestrado) – Centro Universitário Fe- ração para frango de corte. Orientador: Douglas
evale, Novo Hamburgo
Haese. Co-orientador: João Luis Kill
MADEIRA, L. A.; Sartori, J. R.; Araujo, P. C.; Pizzolante,
ZANOTTO, D. L.; BRUM, P. A. R. D. Adequando a
C. C.; Saldanha, É. S. P. B.; Pezzato, A. C. Avaliação
do desempenho e do rendimento de carcaça de Moagem do Milho as Rações. Concórdia: Centro
quatro linhagens de frangos de corte em dois Nacional de Pesquisa de Suínos e Aves - CNPSA
sistemas de criação. R. Bras. Zootec., v.39, n.10, -Embrapa, 2005. Online. Disponível em: . Acesso
p.2214-2221, 2010. em: 18 mar. 2010.

Anais SIAVS 2015 - Caracteristicas de carcaça de frangos label rouge alimentados com diferentes níveis...
Processamento
318 a 366
- 319 -

ANALYSES OF DIFFERENT TEMPERATURES


AND IMMERSION TIMES IN RELATION TO WATER
ABSORPTION BY BROILER CARCASSES IN THE
PRE-COOLING SYSTEM

AR Bailone1,2*; RO Roça1; RC Borra3; M Harris4;


1
Department of Animal Health, Veterinary Public Health and Food
Safety, Universidade Estadual Paulista Júlio de Mesquita Filho
(UNESP) - Botucatu/SP
2
Federal Inspection Agents of the Ministry of Agriculture,
Livestock and Supply
3
Department of Genetic and Evolution, Universidade Federal de
São Carlos (UFSCAR) - São Carlos/SP;
4
Senior Lecturer in Animal Science, Harper Adams University,
Newport, United Kingdom

RESUMO do pré-chiller (p=0,093), temperatura


O pré-resfriamento em frigoríficos de do chiller (p=0,725) ou sua interação
frango é a etapa responsável pela re- (p=0,526) não alteram de forma signi-
dução da temperatura das carcaças, ficativa a absorção das carcaças, assim
contudo, é a fase do processo onde como, os fatores tempo de pré-chiller
pode ocorrer grande absorção de (p=0,086), tempo de chiller (p=0,766)
água. Objetivou-se investigar a re- ou sua interação (p=0,537).
lação entre a retenção de água du-
rante o sistema de pré-resfriamento
por imersão em diferentes situações
Introduction
de temperatura e tempo de imersão
das carcaças nos pré-resfriadores. A In the technological processing of
absorção de água pelas carcaças de poultry meat, one of the technical and
frango foi mensurada pelo Método sanitary requirements to be observed
de Controle Interno de acordo com by the quality control of the company
metodologia oficial brasileira. Obser- and by the Federal Inspection Service is
vou-se que os fatores temperatura the absorption of water by the broiler

Anais SIAVS 2015 - Analyses of different temperatures and immersion times in relation to water absorption...
- 320 -
carcasses. The pre-cooling system by high in chiller; Low temperature in both
immersion in water consists of two co- coolers. Low temperature of the pre-chil-
oling tanks: pre-chiller and chiller. The ler was defined as 3.0 to 7.5°C;, high tem-
Federal Inspection Service checks and perature of the pre-chiller as 7.5 to 12.0°C;
controls the percentage of water reten- low temperature of the chiller as 0-1.5°C;
tion in the broiler carcasses through the and high temperature of the chiller as
Programme for Prevention and Control 1.5-3.0°C. To evaluate effects of immer-
of Water Addition Products (PPCAAP), sion time in the pre-chiller and chiller,
which is one of the elements of ins- broilers weighing between 1.6 and 2.0
pection. According to Circular nº 294 of kg were pre-cooled by immersion with
2006, this inspection element does not standardization of all other parameters.
cover the safety of products, but mainly Three hundred and twenty four carcas-
the fight against fraud by adding water ses were subjected to pre-cooling in
to the broiler carcasses (Brazil, 2006). four different situations: Long immersion
The purpose of this study was to exami- time in pre-chiller and short in chiller;
ne the effects of different temperatures Long immersion time in both coolers;
and immersion times in the pre-coolers Short immersion time in pre-chiller and
(pre-chiller and chiller) on the absorp- long in chiller; Short immersion time in
tion of water by broiler carcasses. both coolers. Short time in the pre-chil-
ler was defined as 15-22 minutes; long
time in the pre-chiller as 22-30 minutes;
short time in the chiller as 6-10 minutes;
Materials and Methods
and long time in the chiller as 10-15 mi-
This study deals with the pre-cooling nutes. Statistical analyses of the results,
system by immersion of broilers in two both for the evaluation of temperature
continuous coolers (pre-chiller and chil- and immersion time in the pre-coolers,
ler). The technique of Internal Control were performed using ANOVA one-way.
Method, detailed by Ordinance nº210
(Brazil, 1998), was used, which compares
the weight of carcasses before and after
pre-cooling by immersion. To evaluate Results and Discussion
the effects of water temperature in the Regarding temperature of the pre-chil-
pre-chiller and chiller, broilers weighing ler and chiller, no effects of pre-chiller
between 1.6 and 2.0 kg were pre-cooled temperature (p=0.093), chiller tempe-
by immersion in water with standardiza- rature (p=0.725) or their interaction
tion of all other parameters. Three hun- (p=0.526) were found on the absorp-
dred and fifty carcasses were subjected tion of carcasses, as Fig.1 shows. There
to pre-cooling in four different situations: was also no effect of pre-chiller time
High temperature in pre-chiller and low (p=0.086), chiller time (p=0.766) or their
in chiller; High temperature in both coo- interaction (p=0.537) on absorption, as
lers; Low temperature in pre-chiller and shown in Fig.2.

Anais SIAVS 2015 - Analyses of different temperatures and immersion times in relation to water absorption...
- 321 -
For immersion time in the pre-coolers
(pre-chiller and chiller), highest absorp-
tion was associated with long immer-
sion time in the pre-chiller and short
in the chiller (4.92%±1.84). The com-
bination that retained the least water
by the carcasses was short immersion
time in the pre-chiller and long in the
chiller (4.59%±0.91). Combinations of
long immersion time in the pre-chiller
and chiller, and short immersion time
in the pre-chiller and chiller led to ave-
rage absorptions of 4.77%(±1.56) and
4.81%(±1.12), respectively, with no signi-
ficant differences between treatments.
Within the parameters analyzed in this
study, which followed the current Brazi-
lian legislation (Brazil, 1998), there were
no significant differences between the
means of the different treatments.
Among all the evaluated water ab-
sorptions in different temperatures
and immersion time of pre-coolers, the
average absorption by the carcasses Conclusions
ranged from 4.59%(± 0.91) to 5.05%(± As all averages were within the cur-
1.79), which is within the parameters rent legislation (Brazil, 1998), this study
allowed by law. High temperature in the strengthens the case that if all existing
pre-chiller and low in the chiller contri- parameters in the law are followed, the
buted to the highest water retention carcasses will absorb water within the
(5.05±1.79), followed by high tempera- amounts permitted by law, thus the-
ture in both coolers, and low tempera- re is no risk of fraud. Further studies
ture in the pre-chiller and high in the should be conducted in order to for-
chiller (4.88%±1.52 and 4.71%±1.32, mulate an equation that represents
respectively). The treatment in which this process, as well as investigating
there was least absorption (4.66%±1.52) parameters that have a direct influen-
was where the temperature of both co- ce on the absorption of water by the
olers (pre-chiller and chiller) was low. broiler carcasses.

Anais SIAVS 2015 - Analyses of different temperatures and immersion times in relation to water absorption...
- 322 -

List of references

BRASIL. Ministério da Agricultura, Pecuária e BRASIL. Ministério da Agricultura, Pecuária e Abaste-


Abastecimento. Portaria Ministerial n°210, de 10 cimento. DCI/ DIPOA. Circular nº294 de 05 de maio
de novembro de 1998. Regulamento Técnico da de 2006. Diretrizes para aplicação das circulares
Inspeção Tecnológica e Higiênico-Sanitária de n°175/2005CGPE/DIPOA e 176/2005/CGPE/DIPOA
Carne de Aves. Diário Oficial da União. Brasília, DF, nos estabelecimentos de abate de aves. Diário Ofi-
p.226, 26 nov.1998. Seção 1. cial da União, Brasília, DF 05 de maio de 2006.

Anais SIAVS 2015 - Analyses of different temperatures and immersion times in relation to water absorption...
- 323 -

EFEITO DA INCLUSÃO DO BAGAÇO DE UVA


SOBRE O PERFIL LIPÍDICO, CONCENTRAÇÃO DE
∂-TOCOFEROL E ESTABILIDADE OXIDATIVA
DO TOUCINHO DE SUÍNOS

BC Silveira-Almeida1*;TM Bertol2; MCMM


Ludke1; JV Ludke2; DM Bernardi3;
A Coldebella2
1
Universidade Federal Rural de Pernambuco, departamento de
Zootecnia, Recife/PE
2
Pesquisadores da Embrapa Suínos e Aves, Concórdia/SC
3
Universidade Estadual de Campinas, departamento de Alimentos e
Nutrição, Campinas/SP

Abstract a control diet and two diets containing


The study aimed to evaluate the poten- 5 and 10% of dehydrated grape poma-
tial of using different levels of inclusion ce, with six replicates per sex, allotted
of grape pomacein the diet on the lipid according to thecomplete randomized
profile and oxidative stability of fat and block design. There was no treatment
∂- tocopherol concentration on meat effect on any of the evaluated variables,
of pigs. Thirty six pigs(83,23±6,03 kg) however, giltshad lower concentration
were used. The treatments consisted of of SFA and PUFA and higher concentra-

Anais SIAVS 2015 - Efeito da inclusão do bagaço de uva sobre o perfil lipídico, concentração de ∂-tocoferol...
- 324 -
tion of π-6 fatty acid (C18: 2) on back fat bagaço de uva, todas isoenergéticas e
than the castrated males.The inclusion isoproteicas. Água e ração foram forne-
of grape pomace in the diet of finishing cidas à vontade. A pesquisa teve a dura-
pigs does not alter the lipid profile and ção de 49 dias. Ao final do período ex-
oxidative stability of fat and the con- perimental os animais foram abatidos
centration of ∂-tocopherol in the meat. em abatedouro comercial. Foram cole-
tadas amostras de toucinho para análi-
se do perfil de ácidos graxos e amostras
de lombo para análise do conteúdo de
Introdução ∂-Tocoferol. Mini-hambúrgueres foram
O bagaço de uva corresponde ao resí- produzidos com a carne destes animais
duo que permanece após a extração do utilizando-se em média 78,37% de lom-
suco por prensagem de uvas na indús- bo, 19,66% de toucinho e 1,96% de sal.
tria de vinhos, este resíduo é bastante Foram armazenados sob congelamen-
rico em compostos fenólicos. Alguns to por dois meses, e posteriormente
autores (Pazos et al., 2005; Brenes et al., foi avaliada a oxidação lipídica aos 0 e
2008) citam que o uso deste ingredien- 3 dias de resfriamento, pelo método de
te pode inibir a oxidação em produtos TBARS. Os dados foram submetidos à
cárneos. A utilização do bagaço de uva análise de variância, através do procedi-
na alimentação de suínos e sua influên- mento GLM do SAS, incluindo-se como
cia sobre a qualidade de carne ainda é fontes de variação o tratamento, sexo e
um tema pouco estudado. Objetivou-se a interação tratamento vs. sexo, exceto
avaliar a utilização da inclusão do baga- para análise de TBARS onde apenas o
ço de uva sobre o perfil lipídico no tou- fator tratamento serviu como fonte de
cinho, concentração de ∂- tocoferol no variação. As médias foram comparadas
lombo e estabilidade oxidativa da gor- pelo teste t protegido (P<0,05).
dura em mini-hambúrgueres produzi-
dos com a carne desses suínos.

Resultados e discussão
Não houve efeito dos tratamentos so-
Material e métodos bre nenhuma das variáveis analisadas
Foram utilizados 36 suínos (18 fêmeas e (P>0,05). Yan & Kim (2011), estudando
18 machos castrados) 1/8 Moura, com o efeito da inclusão do bagaço de uva
peso médio inicial de 83,23±6,03kg, na alimentação de suínos constataram
totalizando seis repetições por sexo, uma menor proporção de ácidos graxos
distribuídos em um delineamento em saturados (SFA) e maior proporção de
blocos ao acaso. Os tratamentos consis- ácidos graxos poli-insaturados (PUFA)
tiram de uma dieta controle a base de no toucinho de suínos, resultados que
milho e farelo de soja, e outras duas die- não corroboram com os encontrados
tas contendo 5% ou 10% de inclusão do neste trabalho. No entanto, fêmeas su-

Anais SIAVS 2015 - Efeito da inclusão do bagaço de uva sobre o perfil lipídico, concentração de ∂-tocoferol...
- 325 -
ínas obtiveram menor concentração de (C18:2) no toucinho (P<0,05) do que os
SFA, maior concentração de PUFA e π-6 machos castrados.

Tabela 1: Médias dos valores de ácidos graxos (% do total de ácidos graxos) e relação π-6/π-3 no
toucinho, conteúdo de ∂-tocoferol em amostras de lombo e TBARS em mini-hambúrgueres de
carne de suínos alimentados com dietas contendo bagaço de uva.
Tratamentos Sexo CV (%) Prob F
Variável Con- 5% 10% Trat x
F M Trat Sexo
trole bagaço bagaço Sexo
SFA 37,92 38,14 37,58 39,32 39,97 0,80 0,2882 0,0318 0,5044
PUFA 15,72 15,10 15,69 16,85 15,54 1,06 0,2549 0,0030 0,1823
MUFA 41,96 42,36 42,32 43,83 44,49 1,05 0,6209 0,1130 0,1001
C18:2 14,74 14,22 14,69 15,85 14,54 1,01 0,3473 0,0021 0,1786
C18:3 0,977 0,886 1,007 1,000 0,998 0,15 0,1296 0,9601 0,8386
π-6:π-3 15,44 16,21 14,79 16,12 14,84 2,17 0,3235 0,0988 0,9595
∂-tocoferol, mg/100 g 1,022 0,927 1,053 1,000 0,998 0,15 0,1296 0,9601 0,8386
TBARS dia 1, mg MDA/kg 0,357 0,332 0,155 - - 74,64 0,1856 - -
TBARS dia 3, mg MDA/kg 0,805 0,721 0,683 - - 49,77 0,8035 - -
MUFA= ácidos graxos monoinsaturados; CV = coeficiente de variação; Trat= tratamento; F = fêmea;
M = macho.

Kouba & Mourot (2011) relatam que a mentação nas rações para frangos. A
deposição de ácidos graxos poli-insatu- utilização do bagaço de uva nas rações
rados provenientes da alimentação em não reduziu (P>0,05) a produção de
suínos ocorre diretamente nos tecidos TBARS, indicando que a oxidação nos
sem que haja modificação química, mini-hambúrgueres não foi reduzida,
sendo possível a sua manipulação atra- tanto no primeiro, quanto no terceiro
vés da alimentação. Em sua composi- dia de resfriamento.
ção o bagaço de uva apresenta um teor
de 11,25% em extrato etéreo, porém
a inclusão de 5 ou 10% não alterou o
perfil lipídico nos toucinhos analisados. Conclusão
Apesar de não serem encontradas di- A inclusão do bagaço de uva na dieta
ferenças em relação à quantidade de de suínos em terminação não altera o
∂-tocoferol na carne, Goñi et al. (2007) perfil lipídico e a oxidação da gordura,
sugerem a utilização do bagaço de uva nem a concentração de ∂-tocoferol na
como uma alternativa para sua suple- carne desses animais.

Anais SIAVS 2015 - Efeito da inclusão do bagaço de uva sobre o perfil lipídico, concentração de ∂-tocoferol...
- 326 -

Referências bibliográficas

\BRENES, A. A.; VIVEROS, I. ; GOÑI, C. ; CENTENO, S. fects on fat composition of animal products with
G. ; SÁYAGO-AYERDI, I. ; ARIJA AND F. SAURA-CA- special emphasis on n-3 polyunsaturated fatty
LIXTO. Effect of grape pomace concentrate and acids.Biochimie, v.93, p.13-17, 2011.
vitamin E on digestibility of polyphenols and PAZOS, M.; J. M. GALLARDO; J. P. TORRES AND I. ME-
antioxidant activity in chickens. Poultry Science. DINA. Activity of grape polyphenols as inhibitors
v. 87, p. 307-316, 2008. of fish lipids and frozen fish muscle. Food Che-
GOÑI, I.; A. BRENES; C. CENTENO; A. VIVEROS; F. SAU- mistry. v. 92, p. 547-557,2005.
RA-CALIXTO; A. REBOLÉ; I. ARIJAI AND R. ESTÉVEZ. YAN &KIM.Effect of Dietary Grape Pomace Fer-
Effect of dietary grape pomace and vitamin E on mented by Saccharomyces boulardii on the
growth performance, nutrient digestibility and Growth Performance, Nutrient Digestibility and
susceptibility to meat lipid oxidation in chickens. Meat Quality in Finishing Pigs.Asian-Austra-
Poultry Science.v.86 p.508-516, 2007. lasianJournalof Animal Sciences.v.24, p. 1763-
KOUBA, M.; MOUROT, J. A review of nutritional ef- 1770, 2011.

Anais SIAVS 2015 - Efeito da inclusão do bagaço de uva sobre o perfil lipídico, concentração de ∂-tocoferol...
- 327 -

QUALIDADE DE OVOS PROVENIENTES DE POEDEIRAS


CRIADAS COM GALOS, EM DUAS CONDIÇÕES DE
ARMAZENAMENTO1

*GV Pereira2; CS Tsuda3;


DCO Pereira4; LC Demattê Filho4
1
Projeto de pesquisa financiado pela Korin
Agropecuária Ltda;

2
Zootecnista do Centro de Pesquisa Mokiti Okada-
CPMO, Ipeúna/SP

3
Discente do curso de Zootecnia da Unesp/Ilha
Solteira; 4Coordenador Geral do CPMO e Dr. em
Ecologia Aplicada – Cena/Esalq – USP

4
Coordenador Geral do CPMO e Dr. em Ecologia
Aplicada – Cena/Esalq – USP

Abstract
lower quality comparing to eggs imme-
The objective was to investigate the
diately refrigerated after laying.
egg quality in two storage conditions
from 79-week-old hens raised with
roosters in free range system: T1 – eggs
refrigerated after laying and T2 – eggs Introdução
refrigerated after 10 days of laying; in Após a postura, os ovos perdem quali-
three periods 7, 14 and 28 days after dade de maneira contínua. Por não ser
laying. T2 showed higher weight loss. obrigatória a refrigeração no Brasil, os
Density decreased over time in both ovos comerciais são acondicionados,
treatments. T1 presented higher Hau- desde o momento da postura até a
gh Unit and yolk index averages. Both distribuição final, em temperaturas am-
showed normal values of yolk and al- bientes, o que acelera seu processo de
bumen percentages. Eggs refrigerated degradação.
after 10 days of laying remained suita-
ble for human consumption by the end 1
Projeto de pesquisa financiado pela Korin Agrope-
of experiment. However, they showed cuária Ltda

Anais SIAVS 2015 - Qualidade de ovos provenientes de poedeiras criadas com galos, em duas condições....
- 328 -
A presença de galos no sistema de pro- Os parâmetros avaliados foram perda
dução é outro fator que interfere no de peso, densidade (Hamilton, 1982),
shelf life dos ovos devido à produção Unidade Haugh (Nesheim et al., 1979),
de ovos férteis. Estes podem iniciar o índice de gema (altura/diâmetro), por-
desenvolvimento dos embriões quan- centagem de gema, porcentagem de
do acondicionados em temperaturas albúmen. Utilizou-se o delineamento
acima do zero fisiológico, que segundo experimental inteiramente aleatoriza-
Fasenko et al. (1991), está em torno de do, as médias foram submetidas à análi-
20 – 21ºC. No entanto a sua presença se de variância e comparadas pelo teste
tem sido vista como uma ferramenta de Tukey a 5%.
para aumentar as manifestações dos
comportamentos naturais da espécie,
sendo portanto, coerente com a busca Resultados e Discussão
pelo bem-estar animal (Newberry,1995).
As temperaturas máxima, média e mí-
O objetivo deste trabalho foi avaliar a nima registradas em ambiente e refri-
qualidade de ovos de poedeiras criadas gerador foram respectivamente, 31,9°C,
com galos, nas seguintes condições: 29,5°C, 27,3°C, 16,3°C, 5,7°C e 1,20°C.
ovos refrigerados logo após a postura
No teste de fertilidade observou-se o
e ovos refrigerados 10 dias após a pos-
desenvolvimento embrionário em 80%
tura, simulando assim o período entre
dos ovos avaliados.
a postura e aquisição do produto pelo
consumidor. Os resultados da análise de qualidade
encontram-se na Tabela 1. Indepen-
dente do período analisado, os ovos
do tratamento T2 perderam mais peso
Material e Métodos
(p<0,05), quando comparados aos ovos
Foram utilizados 144 ovos de poedei- do tratamento T1. Este incremento na
ras da linhagem Isa Brown com idade perda de peso pode ser explicado pelo
de 79 semanas, criadas em um sistema fato de estes ovos terem sido mantidos
free range, alojadas com galos em uma em ambiente com elevadas tempera-
proporção de 1:37. Destes 144 ovos, 60 turas, conforme descrito acima, por dez
foram utilizados para determinar a por- 10 dias. Corroborando com esta hipóte-
centagem de ovos férteis. se, Santos et al. (2009) concluíram que
ovos mantidos em temperatura de re-
Avaliaram-se duas condições de arma-
frigeração apresentaram menor perda
zenamento, T1 – ovos refrigerados após
de peso comparados aos ovos conser-
a postura e T2 – ovos refrigerados 10 vados em temperatura ambiente.
dias após a postura. As analises de qua-
lidade foram feitas em três períodos: 7, A densidade diminuiu ao longo do tem-
14 e 28 dias após a postura. po em ambos os tratamentos, permane-

Anais SIAVS 2015 - Qualidade de ovos provenientes de poedeiras criadas com galos, em duas condições....
- 329 -
cendo o T1 com maior média (p<0,05), período de 10 dias em temperatura
em todos os períodos avaliados. De ambiente foi suficiente para influenciar
acordo com Oliveira (2006), a densidade negativamente a qualidade do produto.
está relacionada com o peso do ovo, o Esta influencia também foi detectada
que justifica ovos com maiores perdas no índice de gema, segundo Juca et al.
de peso apresentarem menor densida- (2011) para este parâmetro os índices
de. Da mesma forma os ovos do trata- que caracterizam ovos de alta qualida-
mento T1, também apresentaram maio- de situam-se entre 0,3 e 0,5.
res médias (p<0,05) nos parâmetros de
Unidade Haugh e índice de gema. O tratamento T2 obteve maior (p<0,05)
porcentagem de gema aos 14 e 28 dias
Segundo a USDA (1990) ovos que pos- após a postura, e menor (p<0,05) por-
sui Unidade Haugh entre 60 e 72 UH centagem de albúmen na avaliação
são classificados como ovos tipo “A” ou de 7 dias. Contudo os valores encon-
seja, ovos de alta qualidade. Este padrão trados em ambos os tratamento estão
de qualidade somente foi alcançado de acordo com o descrito por Ferreira
pelos ovos que foram imediatamen- (2013) como sendo o padrão da consti-
te refrigerados, demostrando que um tuição dos ovos.

Tabela 1: Parâmetros avaliados (média ± erro): Perda de peso (PP), Densidade (DENS), Unidade
Haugh (UH), Índice de gema (IG), % de Gema e % de Albúmen, nos diferentes tratamentos (TRAT).
TRAT PP (%) DENS (g/ml) UH IG % GEMA % ALBÚMEN
7 dias após postura
T1 0,55 ± 0,02b 1,074 ± 0,001a 67,32 ± 3,93a 0,43 ± 0,00a 27,16 ± 0,37a 63,15 ± 0,47a
T2 1,73 ± 0,34 1,056 ± 0,006
a b
46,15 ± 4,09 b
0,25 ± 0,02b
28,38 ± 0,56 a
60,54 ± 0,61b
CV(%) 15,20* 1,45 11,53* 2,73* 6,02 3,12
14 dias após postura
T1 1,04 ± 0,11b 1,065 ± 0,002a 64,79 ± 3,05a 0,41 ± 0,00a 27,82 ± 0,77b 62,05 ± 0,79a
T2 1,99 ± 0,17 1,046 ± 0,005
a b
32,52 ± 2,89 b
0,26 ± 0,01b
30,44 ± 1,39 a
59,60 ± 1,58a
CV(%) 9,28* 1,11 9,69* 1,05* 11,22 5,77
28 dias após postura
T1 2,52 ± 0,12b 1,040 ± 0,003a 65,41 ± 1,79a 0,43 ± 0,00a 28,31 ± 0,62b 61,64 ± 0,68a
T2 3,19 ± 0,29a 1,028 ± 0,005b 46,59 ± 4,28b 0,29 ± 0,01b 29,86 ± 1,18a 59,72 ± 1,35a
CV(%) 8,05* 1,24 8,52* 1,30* 9,43 5,04
Médias na coluna, seguidas por letra diferente, diferem estatisticamente entre si pelo teste Tukey
a 5%. CV = coeficiente de variação. *Dados transformados usando (x + 1)1/2.

Médias na coluna, seguidas por letra di- CV = coeficiente de variação. *Da-


ferente, diferem estatisticamente entre dos transformados usando (x +
si pelo teste Tukey a 5%. 1)1/2.

Anais SIAVS 2015 - Qualidade de ovos provenientes de poedeiras criadas com galos, em duas condições....
- 330 -
Conclusão aptos ao consumo ao final do período
Ovos fecundados mantidos em tem- experimental, porém apresentaram
peratura ambiente nos 10 primeiros qualidade inferior se comparado aos
dias após a postura e em seguida sub- ovos que foram imediatamente refri-
metidos à refrigeração mantiveram-se gerados.

Referências bibliográficas

FASENKO, G.M.; ROBINSON, F.E.; ARMSTRONG, J.G. duction. 12 ed. Philadelphia: Lea & Febiger, 339 p.,
et al. Variability in preincubation embryo deve- 1979.
lopment in domestic fowl: Effects of nest holding NEWBERRY, R.C. Environmental enrichment: in-
time and method of egg storage. Poultry Science,
creasing the biological relevance of captive envi-
v.70, p.1876–1881, 1991.
ronments. Applied Animal Behaviour Science 44,
FERREIRA, J. I. Qualidade interna e externa de ovos 229–243, 1995.
orgânicos produzidos por aves da linhagem Isa
Brown® ao longo de um período de postura. OLIVEIRA, G.E. Influência da temperatura de ar-
2013. 63p. Dissertação (Mestrado em ciências ve- mazenamento nas características físico-químicas
terinárias) - UFRGS. Porto Alegre, 2013. e nos teores de aminas bioativas em ovos. 2008.
77p. Dissertação (Mestrado em Ciência de Ali-
HAMILTON, R. M. G. Methods and factors that af-
mentos) – UFMG. Belo Horizonte, 2006.
fect the measurement of egg shell quality. Poul-
try Science, v. 61, p. 2022-2039, 1982. SANTOS, M.S.V.; ESPÍNDOLA, G.B.; LÔBO, R.N.B. et al.
JUCÁ, T. S.; GOMES, F. A.; SILVA, L. A. et al. Efeito do Efeito da temperatura e estocagem em ovos. Ci-
tempo e condições de armazenamento sobre ência e Tecnologia de Alimentos, v.29, n.3, p.513-
a qualidade interna de ovos de poedeiras Isa 517, 2009.
Brown produzidos em diferentes sistemas de UNITED STATES DEPARTMENT OF AGRICULTURE
criação e ambiência. Enciclopédia Biosfera, Goiâ- – USDA. Egg grading manual. Agricultural Marke-
nia, v. 7, n. 13, p. 446-460, 2011. ting Service, Agricultural Handbook, Number 75.
NESHEIM, M.C.; AUSTIC, R.E.; CARD, L.E. Poultry Pro- USDA, Washington, DC, 1990.

Anais SIAVS 2015 - Qualidade de ovos provenientes de poedeiras criadas com galos, em duas condições....
- 331 -

ANÁLISE SENSORIAL DE KIBES ELABORADOS


COM CODORNAS DE DESCARTE E INCLUSÃO DE
DIFERENTES NÍVEIS DE BACON

TC Euzébio3*, SM Marcato2, V Zancanela1,


CE Stanquevis1, DO Grieser1, MLRS Franco2
1
Doutorando (a) do Programa de Pós Graduação em Zootecnia–
Universidade Estadual de Maringá, Paraná/RS

2
Professor Titular - Departamento de Zootecnia –
Universidade Estadual de Maringá, Paraná/PR

3
Graduanda do curso de Zootecnia –
Universidade Estadual de Maringá/PR

Abstract Introdução
We evaluated the sensorially kibe from Segundo Araújo et al., (2013), a criação
discard posture quail meat. The com- comercial de codornas pode se destinar
pletely randomized design consisted of a produção de ovos ou carne. Nos últi-
four treatments (T1: quail meat, T2: quail mos anos essa atividade tem apresenta-
meat + 5% bacon, T3: quail meat + 10% do desenvolvimento bastante elevado,
bacon and T4: quail meat + 15% ba- com a adequação de novas técnicas e
con).The meat and quail carcasses were tecnologias de produção, até então ati-
ground and seasoned for each product. vidade tida como de subsistência passa
After the preparation was held sensory a ocupar um cenário de atividade alta-
analysis with the community. There mente tecnificada (Pastore et al., 2012).
was no significant difference between
the variables analyzed in the four treat- Dados do IBGE no ano de 2012, consta-
ments, concluding that the kibe beco- tam que o efetivo de codornas alojadas
mes a good alternative food regardless no Brasil foi de 16,436.164 milhões de
of bacon inclusion in its preparation. cabeças, representando 5,6% a mais do

Anais SIAVS 2015 - Análise sensorial de kibes elaborados com codornas de descarte e inclusão de diferentes...
- 332 -
que no ano de 2011, com grande desta- chimichurri, e as respectivas percenta-
que para a Região Sudeste do País que gens de bacon). Os quibes foram mode-
concentra 77,5% do número de animais. lados, embalados e refrigerados para a
posterior realização da análise sensorial.
No caso das aves poedeiras, elas são des-
cartadas no final do seu ciclo produtivo e A análise sensorial foi realizada nas de-
geralmente são destinadas ao abate ou pendências da Universidade Estadual de
incineração, que além de não gerar lucros, Maringá, com 70 provadores não treina-
acarreta custos e problemas ambientais. dos. Os quibes foram fritos em fritadeira
Com o intuito de estimular o consumo comum a 180ºC, embalados em papel
dessa carne, ainda considerada exótica, alumínio e colocados em pratos identifi-
e agregar valor as aves que seriam des- cados com números aleatórios. Os consu-
cartadas, foram elaborados quibes com midores avaliaram o produto nos atribu-
carcaça de codornas de descarte com di- tos cor, aroma, textura, sabor e impressão
ferentes níveis de inclusão de bacon para global, com uma escala de aceitação e 1
testar a aceitação pelo consumidor. a 9 onde o número 1 = desgostei muitís-
simo e o 9 = gostei muitíssimo. Também
foi apresentada uma ficha com o teste
de intenção de compra que variou de 1
Material e Métodos a 5, sendo o número 1 = certamente não
As aves foram obtidas do setor de co- compraria e o 5 = certamente compraria.
turnicultura da Fazenda Experimental
Os dados da analise sensorial foram anali-
de Iguatemi, pertencente a Universida- sados utilizando modelo de regressão com
de Estadual de Maringá. Os tratamen- o procedimento PROC GLH, SAS 2001, con-
tos consistiram em um controle (sem a siderando um nível de significância de 5%.
inclusão de bacon), 5%, 10% e 15% de
inclusão. Para cada tratamento as aves
foram limpas e evisceradas, sem asas,
pés e cabeça e moídas em moedor Resultados e Discussão
convencional. Após a moagem a carne Os parâmetros sensoriais avaliados não
foi misturada manualmente com os de- apresentaram diferenças significativas
mais ingredientes,( 600g de massa para para nenhuma das variáveis analisadas
quibe, 0,1% pimenta, 2% sal, 0,5% de (Tabela 1).
Tabela 1: Média das características sensoriais dos quibes de codorna de descarte.
Impressão Intenção
Tratamento Cor Aroma Textura Sabor
Global de Compra
0% 7,44 7,48 7,34 7,20 7,18 3,85
5% 7,40 7,52 7,25 7,41 7,20 4,01
10% 7,48 7,48 7,05 7,62 7,22 3,97
15% 7,58 7,31 7,18 7,51 7,30 3,91
Significância ns ns Ns ns ns ns

Anais SIAVS 2015 - Análise sensorial de kibes elaborados com codornas de descarte e inclusão de diferentes...
- 333 -
A elaboração de quibes com codornas hambúrgueres de aparas de jacaré, en-
de descarte, teve boa aceitação pelo controu maior aceitação nos produtos
consumidor, visto que os parâmetros não defumados. Mostrando que a car-
avaliados, cor, aroma, textura, sabor, im- ne desses animais também apresentam
pressão global e intenção de compra, boa aceitação.
demonstraram médias próximas a mé-
dia máxima.

Devido a inclusão de bacon não in- Conclusões


fluenciar nessa escolha, o bacon faz-se
Os níveis de inclusão de bacon estuda-
um ingrediente dispensável no preparo
dos não influenciaram a aceitação pelo
do alimento, melhorando a viabilidade
consumidor, concluindo-se que o quibe
econômica do produto.
se faz uma boa alternativa alimentar in-
Fernandes et al., (2013) comparando dependente da inclusão de bacon no
diferentes técnicas de defumação para seu preparo.

Referências bibliográficas

Araújo, V.V de; Almeida, T.J.O; Silva, A.V da; Silva, IBGE. Instituto Brasileiro de Geografia e Estatísti-
R.F; Santos, N.A; Santana, M.D; Oliveira, V.P de; ca. Produção de Pecuária Municipal (PPM) <ftp://
Evolução da produção de codornas para abate e ftp.ibge.gov.br/Producao_Pecuaria/Producao_
postura no Brasil. XIII Jornada de ensino, pesquisa da_Pecuaria_Municipal/2012/ppm2012.pdf>
e extensão. Disponível em <http://www.evento- 10/03/2015.
sufrpe.com.br/2013/cd/resumos/R0388-3.pdf.>. Pastore, S.M.; Oliveira, W.P de; Muniz, J.C.L. Panora-
Acesso em 18/03/2015. ma da coturnicultura no Brasil. Revista eletrônica
Fernandes, V.R.T; Franco, M.L.R.S; Gasparino, E; Ta- Nutritime. Vol.9; n.6; p.2041-2049, Nov-Dez.2012
namati, A; Coutinho, M.E; Bielawski, K;. Hambúr- <http://www.eventosufrpe.com.br/2013/cd/re-
gueres de aparas de jacaré-do-pantanal (Caiman sumos/R0388-3.pdf> Acesso em 15/03/2015.
yacare) submetidos a diferentes técnicas de STATISTICAL ANALYSIS SYSTEM. SAS INSTITUTE.
defumação. Arq. Bras. Med. Vet. Zootec., v.65, n.3, SAS User’s guide: statistics. Version 8, SAS Inst.,
p.927-933, 2013. Cary, NC, 2001.

Anais SIAVS 2015 - Análise sensorial de kibes elaborados com codornas de descarte e inclusão de diferentes...
- 334 -

QUALIDADE DA CARNE DE CODORNAS DE


CORTE SUPLEMENTADAS COM NÍVEIS DE VITAMINA A
DOS 14 AOS 35 DIAS DE IDADE

CA Stanquevis1, AC Furlan2, SM Marcato2,


V Zancanela1, DO Grieser1, TC Euzébio3*,
PM Ribeiro3
1
Doutorando (a) do Programa de Pós Graduação em Zootecnia–
Universidade Estadual de Maringá, Paraná/PR

2
Professor Titular - Departamento de Zootecnia –
Universidade Estadual de Maringá, Paraná/PR

Graduanda do curso de Zootecnia –


3

Universidade Estadual de Maringá, Paraná/PR

Abstract Introdução
The experiment was conducted in or- A criação de codornas de corte tem seu
der to evaluate the influence of vita- crescimento explicado por Oliveira et
min A in the meat quality of meat quail al. (2005) devido à qualidade de sua car-
from 15 to 35 days old. The treatments ne, que apresenta características senso-
consisted of eight levels of vitamin A riais de grande aceitabilidade pelo con-
supplementation (0; 4,500; 6,000; 7,500; sumidor devido à sua alta qualidade
9,000; 10,500; 12,000 and 13,500 IU / kg nutricional e palatabilidade.
diet). The initial pH, light component
and cooking loss showed a quadratic A suplementação adequada de vita-
effect (P <0.05), according to the levels minas pode maximizar o desempenho
of vitamin A, and increased linearly to animal, evitando toxidade e gastos des-
final pH and linear reduction in loss necessários. A vitamina A tem efeito na
per thawing, concluding that vitamin qualidade da carne, podendo exercer
a supplementation has a positive in- efeito como antioxidante. Este trabalho
fluence. teve por finalidade avaliar a influência

Anais SIAVS 2015 - Qualidade da carne de codornas de corte suplementadas com níveis de vitamina A...
- 335 -
dessa vitamina na qualidade da carne Aos 35 dias de idade foram abatidas duas
de codornas de corte suplementadas codornas por unidade experimental para
com diferentes níveis de vitamina A dos realização dos parâmetros relacionados
15 aos 35 dias de idade. à qualidade da carne (pH, cor, perda por
descongelamento, perda por cocção e
força de cisalhamento). Todas as análises
foram realizadas no peito, seguindo as re-
Material e Métodos comendações de Bridi & Silva (2009).
O experimento foi realizado no Setor de
Coturnicultura da Fazenda Experimen- A análise estatística dos dados foi realiza-
tal de Iguatemi na Universidade Estadu- da por meio do programa Sistema para
Análises Estatísticas – SAEG (versão 7.1).
al de Maringá – UEM. Foram utilizadas
1520 codornas de 15 a 35 dias, alojadas
num galpão convencional, dividido em
40 boxe. O delineamento experimental Resultados e Discussão
utilizado foi o inteiramente casualizado O pH inicial, componente de lumi-
(DIC) totalizando 8 tratamentos com 5 nosidade e perda por cocção foram
repetições e 38 codornas por unidade influenciados de forma quadrática
experimental. Os tratamentos consisti- (P<0,05), em função dos níveis de su-
ram de oito níveis de suplementação plementação de vitamina A (Tabela
de vitamina A (0; 4.500; 6.000; 7.500; 1). Essa suplementação não afetou os
9.000; 10.500; 12.000 e 13.500 UI/kg de valores de componente vermelho-ver-
ração). As rações experimentais foram de, componente amarelo-azul e força
formuladas à base de milho e farelo de de cisalhamento, porém, apresentou
soja para atender às exigências nutricio- aumento linear para pH final da carne
nais, e diferenciaram apenas nos níveis e redução linear na perda por descon-
de vitamina A (VA). gelamento.

Tabela 1. Valores médios de parâmetros referentes à qualidade da carne de codornas de corte


aos 35 dias de idade, em função dos diferentes níveis de suplementação de vitamina A
Vit. 0 4.500 6.000 7.500 9.000 10.500 12.000 13.500 C.V. (%)
pHi (5 min) 6,34 5,95 5,97 6,08 5,76 6,13 6,01 6,01 3,557
pHf (24h) 5,64 5,68 5,66 5,75 5,77 5,69 5,73 5,77 1,279
L* 40,57 41,58 41,84 41,80 41,03 41,05 41,43 40,47 3,672
a* 15,88 16,04 15,86 16,41 15,28 15,30 16,67 15,47 6,285
b* 7,77 7,95 7,72 7,90 7,02 7,54 7,72 7,84 9,033
PD(g) 1,86 2,12 1,85 1,72 1,67 1,45 1,65 1,83 12,581
PC (g) 4,57 5,14 4,62 5,05 5,00 4,91 4,84 3,71 19,339
FC (kgF) 0,926 0,956 0,920 0,909 1,090 0,968 0,964 0,940 15,842

Anais SIAVS 2015 - Qualidade da carne de codornas de corte suplementadas com níveis de vitamina A...
- 336 -

Equação de Regressão R² Efeito Estimativa


pHi= 6,31014 - 0,000083822x +
0,49 quadrático 8.664
0,00000000483762x²
pHf= 5,64293 + 0,000085733 0,56 linear
L*= 40,6412 + 0,000302120x -
0,68 quadrático 6.623
0,0000000228098x²
PD= 1,95018 - 0,0000233368x 0,27 linear
PC= 4,50615 + 0,000194102x -
0,58 quadrático 5.932
0,0000000163615x²
pH inicial 5 minutos post mortem (pHi); pH final 24 horas post mortem (pHF); componente de
luminosidade (L*); componente vermelho-verde (a*), componente amarelo-azul (b*); perda por
descongelamento (PD); perda por cocção (PC); força de cisalhamento (FC)

Fletcher (2002) relata que as características cente na perda por descongelamento su-
de cor, pH e força de cisalhamento são os gere que a suplementação de vitamina A
principais atributos de qualidade para os auxilie na capacidade de retenção de água,
consumidores uma vez que estes são os prevenindo a desnaturação de proteínas,
principais fatores que influenciam na apa- que segundo Vieira (2007) ocorre devido
rência, maciez, suculência, sabor e pratici- às condições do congelamento e descon-
dade. Entre as características avaliadas na gelamento e oscilações na temperatura de
carne, o pH final é o de maior relevância armazenamento.
(Bressan et al.,2001),neste trabalho,embora
tenha encontrado efeito linear no pH final,
o mesmo permaneceu dentro dos limites
considerados ideais para boa qualidade da Conclusão
carne. O índice de luminosidade está rela- A suplementação de vitamina A para
cionado com o brilho da carne, pois, quan- codornas de corte de 14 a 35 dias de
to maior o índice de luminosidade, maior o idade exerceu influencia positiva na
brilho (Bressan et al., 2001). O efeito decres- qualidade da carne.

Referências bibliográficas

BRESSAN, M.C; PRADO, O.V; PÉREZ, J.R.O; LEMOS, try Science Journal, v,58, n,2, p,131-145, 2002.
A.L.da.S; BONAGURIO, S. Efeito do peso ao aba- OLIVEIRA, E.G.; ALMEIDA, M.I.M.; MENDES, A.A. et
te de cordeiros santa inês e bergamácia sobre as al. Avaliação sensorial de carne de codornas para
características físico-químicas da carne. Ciência corte abatidas aos 35, 56, e 77 dias de idade. Ve-
e Tecnologia em Alimentos, Campinas, 21(3): terinária e Zootecnia. v.12, n.1/2, p.61-68, 2005.
293-303, set.-dez. 2001.
VIEIRA, E. T. T.; Influência na qualidade do pro-
BRIDI, A.M.; SILVA, C.A. Avaliação da Carne Suína. cesso de congelamento na qualidade do pei-
Londrina. 2009. 120p. to de frango. 2007. 119f. Dissertação (mestre em
FLETCHER, D, L, Poultry meat quality, World’s Poul- Engenharia de Alimentos). URI. Erechim.

Anais SIAVS 2015 - Qualidade da carne de codornas de corte suplementadas com níveis de vitamina A...
- 337 -

AVALIAÇÃO DA INFLUÊNCIA DOS DIFERENTES


MANEJOS PRÉ-ABATE SOBRE A INCIDÊNCIA DE
HEMATOMAS NAS ASAS DE FRANGOS DE CORTE

*JI Pinto1, A Oba1; M Almeida1; T Dornellas1;


AC Hoffmann1; FR Bueno1; VP Granjo1;
L Bersot2; FJDB Miranda2; M Rufatto3
1
Departamento de Zootecnia – Universidade Estadual de Londrina/UEL
– Londrina/PR

2
Departamento de Ciências Veterinária – Universidade Federal do
Paraná/UFPR – Palotina/PR

3
Departamento de Administração – União de Ensino do Sudoeste do
Paraná/Unisep – Guarapuava/PR.

Abstract and stunning, respectively. Concluding


The aim of this research was to evaluate that despite the high incidence of win-
wings hematomas belong from catch gs lesions had not difference between
and transportation, hanging and stun- different management pre slaughter.
ning. To make this possible, were collec-
ted and identify randomly 500 birds, to Keywords: catch, hanging, stunning,
be evaluate at platform receipt of birds, transportation
after hanging and after slaughter, whe-
re were done wings visual inspection
immobilizing all birds. They were iden-
Introdução
tify with washers tape on shin, and on
each stage of observation, the hema- Para uma produção de carne de quali-
tomas were marked on wings with sur- dade, as condições de abate e pré-aba-
gical pen and noted in the records. The te de frangos de corte devem ser leva-
results shows that were found 16,20, das em consideração, já que diversos
16,60 and 17,70% of wings lesions du- fatores destas etapas estão envolvidos
ring catch and transportation, hanging na qualidade final do produto.

Anais SIAVS 2015 - Avaliação da influência dos diferentes manejos pré-abate sobre a incidência de...
- 338 -
O índice de hematomas em asa en- das aves, estas eram imobilizadas para
contrado em frigoríficos pode chegar a avaliação visual das asas quanto a he-
a 31% (Tomasi, 2010), podendo resultar matomas, que em caso positivo, o local
em uma diminuição na velocidade de era marcado com caneta cirúrgica e
abate e fadiga de funcionários. anotado na ficha da ave. Em seguida, as
aves eram colocadas cuidadosamente
Além das perdas econômicas, como nas caixas, as quais seguiam o processo
resultado do fato de que as carcaças normal de abate. O próximo passo con-
não poderiam ser embaladas e comer- sistiu em realizar a pendura das aves e
cializadas devido a problemas de qua- no final desta linha, estas foram nova-
lidade, o elevado número de fraturas e
mente separadas para nova avalição
contusões é um sério problema para a
visual das asas, que em caso positivo
indústria da carne e do bem-estar ani-
de hematoma, era novamente identifi-
mal, o que requer maior atenção no au-
cado o local através de caneta cirúrgica
xilio aos processos que levam a lesões
e anotado na ficha da ave. Por ultimo,
físicas, tais como a gestão inadequada
as aves eram novamente penduradas,
durante a criação de frango, colheita,
insensibilizadas e sangradas, para pos-
transporte inadequado das aves e pro-
terior avaliação visual dos hematomas
cessamento (Alves, 2006).
decorrentes da insensibilização, sendo
Assim, este trabalho tem por objetivo promovido o mesmo procedimento
determinar a incidência de lesões nas de identificação e anotação. De posse
asas dos frangos nos manejos pré-aba- dos resultados, calculou-se a incidência
te de apanha e transporte, pendura e de hematomas nos diferentes manejos
insensibilização. pré-abate, e estes foram submetidos à
análise de qui-quadrado.

Material e Métodos
O experimento foi conduzido em um Resultados e Discussão
frigorífico de aves, com Sistema de Ins- Os resultados apresentados na tabela
peção Federal (SIF), localizado no esta- 1 mostram que o manejo de apanha
do de São Paulo, com uma capacidade e transporte proporcionou 16,20%
de abate de 50.000 aves/dia. Foram ava- de hematomas nas asas, a pendura
liadas aleatoriamente 500 aves, as quais 16,60% de hematomas e a insensi-
eram provenientes de diferentes lotes, bilização 17,70% de hematomas nas
avaliados durante cinco dias. Os lotes asas. Estes resultados mostram que
ao chegarem na plataforma de abate, independente do manejo pré-abate,
eram separados ao acaso, 3 caixas con- observou-se uma elevada incidência
tendo de 8 a 9 frangos por caixa, onde de lesões nas asas, os quais causam
cada ave era identificada através de ani- grandes prejuízos à indústria. Porém
lha de esparadrapo. Após identificação não se observou diferença significativa

Anais SIAVS 2015 - Avaliação da influência dos diferentes manejos pré-abate sobre a incidência de...
- 339 -
entre os manejos quanto à incidência contusões e hematomas relacionado
de hematomas nas asas. Os resultados à ineficiência na apanha e na engan-
encontrados corroboram com os ob- chamento, bem como a traumas no
servados por Santana et al. (2008), que momento da insensibilização devido à
relataram maior índice para fratura/ desuniformidade das aves.

Tabela 1: Valores da incidência de hematomas em asas de frango de corte nas etapas de apanha
e transporte, pendura e insensibilização em planta frigorífica.
Apanha e
Parâmetro Pendura Insensibilização Valor P
transporte
Incidência de
16,20 16,60 17,70 0,6499
lesão na asa (%)

A alta incidência de hematomas ob- Através de orientações da Instrução


servados durante todos os manejos Normativa nº 3 (Brasil, 2000) as empre-
pré-abate são decorrente de fatores sas adotaram como regra geral, 990
como mão-de-obra de baixa qualifica- a 1010 Hz de frequência de corrente
ção durante a apanha e estradas com alternada (tensão de 50 a 60 V para
pavimentações de má qualidade, que frangos de 2,0 a 2,5 kg). Segundo a
podem aumentar a trepidação da carga Instrução Normativa citada acima, es-
e consequentemente aumentar a quan- tes valores têm um impacto reduzido
tidade de hematomas. Além disto, a alta na estrutura física das carcaças mini-
velocidade da linha de abate e a falta de mizando a ocorrência de contusões e
cuidado por parte do colaborador no hematomas.
processo de pendura faz com que as
aves se debatam mais, levando as lesões
nesta etapa, e por ultimo, a alta incidên-
cia encontrada na insensibilização pode Conclusão
ser atrelada a baixa frequência e a alta Conclui-se através destes resultados
amperagem empregada na cuba de in- que os manejos pré-abate de apanha
sensibilização, de 900Hz e 1,90A respec- e transporte, pendura e insensibilização
tivamente, mesmo com uma voltagem proporcionam semelhantes incidências
considerada adequada de 55. de hematomas nas asas dos frangos.

Referências bibliográficas

ALVES, C. Análise crítica das principais causas de janeiro de 2000.


condenação de carcaças nos abatedouros bra- SANTANA, A. P. et al., Causes of condemnation of
sileiros. In: SEMINÁRIO INTERNACIONAL DE carcasses from poultry in slaughterhouses located
AVES E SUÍNOS – AVESUI, 5, Florianópolis, SC – in State of Goiás, Brazil. Ciencia Rural, v.38, 2008.
Brasil. Anais...., 2006. TOMASI, P.H. Os desafios de quem produz. ENI-
BRASIL. Ministério da Agricultura, Pecuária e PEC 6° edição, Centro de Eventos do Pantanal,
Abastecimento. Instrução Normativa n° 3, de Cuiabá, MT, 2010.

Anais SIAVS 2015 - Avaliação da influência dos diferentes manejos pré-abate sobre a incidência de...
- 340 -

PERDAS DE ASAS DECORRENTES DE DIFERENTES


FATORES EM PLANTA FRIGORÍFICA

*JI Pinto1; A Oba1; M Almeida1; ACF Assis1;


FR Bueno1; JSP Ribas1; L Bersot2; FJDB Miranda2;
BF Lucchesi3; AF Silva3
1
Departamento de Zootecnia – Universidade Estadual de Londrina/UEL
– Londrina/PR
2
Departamento de Ciências Veterinária – Universidade Federal do
Paraná/UFPR – Palotina/PR
3
Departamento de Engenharia de Alimentos – Universidade Estadual
do Centro Oeste do Paraná/ Unicentro – Guarapuava/PR

Abstract workers and 9,66% loss before packing,


were wings tip shows some type of
The aim of this research was evaluate
non-compliance. Concludes that, the
wings total and partial condemnation
total loss of whole wing were 2,41%
with lesion, gastrointestinal and biliary
and wings tip were 11,14%, bringing a
contamination, and wing waste, from
lot of loss to the industry.
commercial slaughterhouse. During
five days were analyses the incidence Keywords: birds, partial condemnation,
of problems and wing waste in a pla- total condemnation, contamination, he-
ce with 50.000 birds/day slaughtered. matomas
The results of wing total condemnation
were 2,11% due wings lesion, where
SIF was responsible for remove them,
0,18% were due contamination and Introdução
0,12% were due waste. About lesion No concorrido mercado de produtos
on wing tip, have been observed that alimentícios a qualidade dos produtos
0,67% were caused by head extractor, deixou de ser uma vantagem competi-
0,81% were due wings tip dropped by tiva e se tornou requisito fundamental

Anais SIAVS 2015 - Perdas de asas decorrentes de diferentes fatores em planta frigorífica
- 341 -
para a comercialização dos produtos. Foram avaliadas as condenações na asa
Isso tem levado as indústrias a exigirem inteira, realizada pelo SIF, decorrente de
um alto padrão de qualidade no que lesões durante o manejo pré-abate e
produzem (Abreu, 2002). abate. Ainda foram avaliadas as conde-
nações decorrentes de contaminação
A escala de produção que caracteriza por líquido gastrointestinal, que pro-
a indústria de frangos faz com que pe- porciona uma pigmentação amarela na
quenas perdas em qualquer seguimen- asa e contaminação por líquido biliar,
to do processo sejam muito significati- que proporciona uma pigmentação
vas, ainda mais se estiverem atreladas à esverdeada. Por ultimo foram avaliadas
qualidade do produto final, como por as perdas da asa inteira decorrentes das
exemplo, hematomas e fraturas em asas. quedas das asas no piso durante o pro-
cesso de cortes.
Alguns produtos como cortes de asas,
possuem maior valor agregado quando Durante o processo, ainda foram ava-
vendidos para o mercado externo, isso liadas as perdas das pontas de asas por
significa que o produto fica entre 12 a lesões, decorrentes de manejo pré-aba-
15% acima do valor de mercado (Men- te e abate, e quedas destas durante o
donça, 2015). Os principais destinos de processo de embalagem. Os resultados
partes da asa, como o meio e a ponta, foram calculados em função do peso
são o Japão, China e Hong Kong. das asas e das pontas das asas, visto que
dados coletados da empresa, apontam
Assim, este trabalho tem por objetivo que a asa inteira e a ponta da asa corres-
avaliar a condenação total e parcial das pondem a 7,86 e 0,89 % do peso da ave
asas por lesão, contaminação gastroin- no momento da pendura, respectiva-
testinal e biliar, e desperdício em frigorí- mente. Assim, pesava-se o total de asas
fico comercial. inteiras e as pontas para determinação
através de cálculos da porcentagem de
asas condenadas.
Material e Métodos
O experimento foi conduzido em um
frigorífico de aves, com Sistema de Ins- Resultados e Discussão
peção Federal (SIF), localizado no esta- Os resultados apresentados na tabela
do de São Paulo, com capacidade de 1 mostram que durante o processa-
abate de 50.000 aves/dia. As coletas de mento das aves, ocorrem perdas de
dados foram realizadas em cinco dias 2,1% decorrentes da fiscalização pelo
em um turno de abate das 07:00 as SIF, em função de lesões, que causam
14:00 horas. Os dados foram calculados condenação total da asa. Esta condena-
considerando o numero total de aves ção ocorre principalmente em função
abatidas, sendo que cada ave apresenta de hematomas e fraturas decorrentes
duas asas. da apanha, transporte e pendura das

Anais SIAVS 2015 - Perdas de asas decorrentes de diferentes fatores em planta frigorífica
- 342 -
aves. Foi observado também perdas de Outra forma de perdas contabilizadas
0,18% das asas inteiras devido a conta- das asas inteiras foi devido a quedas
minação pelo líquido gastrointestinal destas no piso, durante o processo de
e biliar. Segundo Pinheiro et al. (2015), cortes, que neste caso foi observado
tal situação ocorre devido à presença perdas de 0,12%. Estas perdas são de-
de conteúdo intestinal ou sais biliares correntes exclusivamente da falta de
pelo rompimento do trato intestinal ou cuidados dos colaboradores.
da vesícula biliar durante o processo
de evisceração. Fatores como o jejum Ao analisar as perdas somente das pontas
alimentar prolongado e o processo de das asas, observa-se que 0,67% das perdas
evisceração, que nesta planta frigorífica foram decorrentes de lesões causadas pelo
era manual, podem ter auxiliado para extrator de cabeça, 0,81% devido a quedas
a obtenção destes valores. Trabalhan- desta no piso durante o processo de em-
do em uma planta frigorifica no sul do balagem e 9,66% devido à condenação
país, Maschio & Raszl (2012) observaram por não conformidades, como algum sinal
condenação de carcaças de 2,71%, de- de hematoma, decorrente da insensibiliza-
corrente da contaminação, valor este ção. Segundo Bilgili (1992) a utilização de
superior ao observado neste trabalho, alta voltagem pode causar acúmulo de
devido ser avaliado na carcaça inteira e sangue nos vasos, hemorragias nas asas e
não somente na asa. extremidades avermelhadas.

Tabela 1. Perdas de asas inteiras e pontas de asas decorrentes de lesões, contaminação e desper-
dício em uma planta frigorífica comercial.
Condenação
Condenação Parcial – Ponta de Asa
Total de Asa
Extrator Não
Parâmetros SIF Contaminação Desperdício Desperdício
de cabeça Conformidade
Incidência
2,1 0,18 0,12 0,67 9,66 0,81
(%)

Conclusão e 11,14% das pontas de asas são perdi-


Conclui-se através destes resultados das decorrentes de manejos inadequa-
que ocorre grande prejuízo para a in- dos durante o pré-abate, abate e pro-
dústria, visto que 2,41% das asas inteiras cessamento.

Anais SIAVS 2015 - Perdas de asas decorrentes de diferentes fatores em planta frigorífica
- 343 -

Referências bibliográficas

ABREU, V.M.N. Qualidade de carcaça e manejo pré MENDONÇA, G. Cortes especiais de frango impul-
-abate, Revista Avicultura Industrial, São Paulo, sionam a exportação. Revista da Terra, Folha de
2002. Londrina. Disponível em: http://www.revistada-
BILGILI, S.F. Electrical stunning of broilers—Basic terra.com.br/view.php?id=su30&id_c=908 Aces-
concepts and carcass quality implications: A so em: 22 de abril de 2015.
review. J. Appl. Poult. Res. 1:135–146, 1992. PINHEIRO, R.E.E; COSTA FILHO, J.A.A.; CARDOSO
MASCHIO, M.M.; RASZL, S.M. Impacto financeiro FILHO, F.C.; KLEIN JUNIOR, M.H.; FERREIRA, L.C.R.P.;
das condenações post-mortem parciais e totais FURTADO, J.A.L. Condenações não patológicas
em uma empresa de abate de frango. E-tech: no abate de frangos em Teresina, PI. Disponível
Tecnologias para Competitividade Industrial, em: <http://www.sovergs.com.br/site/higienistas/
Florianópolis, n. esp. alimentos, p. 26-38, 2012. trabalhos/10334.pdf>. Acesso em: 19 abril. 2015.

Anais SIAVS 2015 - Perdas de asas decorrentes de diferentes fatores em planta frigorífica
- 344 -

EFFECT OF DENSITY OF NUTRIENT DIET


ON THE INCIDENCE OF WHITE STRIPING (WS)
IN BROILER BREAST

L Kindlein1*; L Gross1; VP Nascimento1;


LE Moraes2; RD Sainz2; SL Vieira3
1
Faculdade de Veterinária, UFRGS
Porto Alegre/RS
2
Department of Animal Science, University of California –
Davis – CA - EUA;
3
Zootecnia – UFRGS, Porto Alegre/RS

ABSTRACT de uma análise bayesiana, implementa-


White striping (WS) é uma miopatia que do em linguagem R de programação e
caracteriza-se por estriações esbranqui- utilizando o recurso do OpenBUGS. Os
çadas na superfície dos músculos do resultados sugerem que a probabilidade
peito de frangos, as quais seguem a di- de aparecimento de WS de grau mo-
reção da fibra muscular. O músculo Pec- derado, ao invés de normal, em animais
toralis major de frangos de corte Cobb que consomem LND é 0,40 vezes menor
X Cobb 500 alimentados com dietas de quando comparados aos animais que
diferentes densidades de nutrientes (alto recebem HND. Da mesma forma, as pro-
-HND ou baixo-LND) foram classificados babilidades de ter WS severo, ao invés
quanto ao grau de severidade de WS até de WS normal, em animais que recebem
50 dias de idade, a fim de avaliar o efeito LND é 0,32 vezes menor quando compa-
da densidade da dieta sobre a incidência rado aos animais que receberam HND. A
de WS. Para isto, foi utilizado um modelo probabilidade de ter WS moderado ou
multinominal de efeitos mistos através severo ao vez de normais foram 23X e

Anais SIAVS 2015 - Effect of density of nutrient diet on the incidence of white striping (ws) in broiler breast
- 345 -
51X maiores, respectivamente, para cada 3,000 to 3,300 kcal ME/kg and 24.19
aumento de kg em peso vivo. A aplicabi- to 19.56% CP) and low nutrient densi-
lidade de dietas de baixa densidade para ty diet sequences (LND; 2,900 to 3,050
frangos de corte pode ser uma alterna- kcal ME/kg and 20.44 to 18.37% CP).
tiva para diminuir a incidência de White The HND and LND diet sequences were
striping, e consequentemente as perdas formulated based on the suggested
no setor avícola. needs for male broilers with high and
low performance. The study was con-
ducted in a completely randomized
design with each treatment replicated
Introduction 11 times, 26 birds per replication. The
Genetic selection of broiler chickens for experiment was conducted at the UFR-
increased growth rate and muscle mass GS and at the University of California.
has contributed to meat quality defects All husbandry and experimental pro-
causing significant losses in the poul- cedures were approved by the Ethics
try industry. Among these alterations Committee on Animal Use of the UFR-
is WS, a myopathy characterized by the GS (protocol 21613). On days 10, 20,
occurrence of white striations on the 30, 40 and 50, 44 birds were chosen at
Pectoralis major muscle parallel to the random, weighed and processed in the
direction of muscle fibers. Studies sug- commercial inline system. After debo-
gest that WS is associated with an in- ning, each breast (Pectoralis major) was
crease in growth rate and breast size of weighed separately. The left-side breast
broilers (B et al., 2009; K et al., 2013). B et from each bird was visually scored to
al. (2009) describe increased incidence determine the degree of WS (K et al.,
and severity of WS with increased age, 2012). Breasts with no apparent white
body weight (BW) and breast fillet wei- striations were considered as normal,
ght. Thus, rapid growth rates in modern no striping (NORM) samples, whereas
broilers could result in muscle damage those with striations were moderate
and increased incidence and severity (MOD, <1-mm-thick striations) or severe
of WS. The present study was conduc- (SEV, >1-mm-thick striations). Inciden-
ted to determine the effect of dietary ce of WS on breasts of the two dietary
nutrient density (high and low) on the treatments was examined by use of a
occurrence and severity of WS in 10 to multinomial baseline logit mixed ef-
50 d–old broiler breast fillets. fects model. Specifically, Yijk denotes the
kth categorical record (k = 1, …, nij) on
the ith treatment (i = 1, 2) and jth pen (j
= 1, …, 22) and represents a multino-
Materials and Methods mial sampling model with probabilities
A total of 572 1-d-old Cobb X Cobb {πijk1, πijk2, πijk3}. The probabilities sum to
500 male broiler chicks were assigned one and represent the probabilities of
to two dietary treatments: high (HND; being classified in one of the three ca-

Anais SIAVS 2015 - Effect of density of nutrient diet on the incidence of white striping (ws) in broiler breast
- 346 -
tegories of WS, i.e. πijk1 = P(Yijk = NORM), than NORM WS was multiplied by 23.01
πijk2 = P(Yijk = MOD) and πijk3 = P(Yijk = for each kilogram increase in BW wei-
SEV). The effects of treatment, BW, and ght. Similarly, the odds of having SEV ra-
pen were modelled as: , r = 2, 3. Where ther than NORM WS were multiplied by
is the intercept for category r, is the slo- 51.15 for each kilogram increase in BW.
pe for category r describing the change The frequencies of occurrence of each
in the log odds with an increment of degree of WS with respect to BW for
one kilogram of BW, is the centered BW each diet treatment (LND and HND) are
weight in kilograms, is the fixed effect shown in Figure 1. The graphs clearly in-
of ith dietary treatment on the log odds dicate that there was a reduction in the
for category r and is the random effect odds of occurrence of NORM samples
associated with the of jth bin on the log as BW increased, confirming the report
odds of category r. It was assumed that by K et al. (2012) that the occurrence of
random effects are independent and WS was significantly related to carcass
distributed. The model was fitted in a weight and yield.
Bayesian framework with the OpenBU-
GS software, which was interfaced with
the R software through the BRugs pa-
ckage (T, 2006). Minimally informative
priors were specified for all parameters
and convergence was assessed by spe-
cifying two chains with over dispersed
initial values and the monitoring of his-
tory and autocorrelation plots and the
use of the Gelman-Rubin diagnostics. A
burn-in period of 10,000 samples was
used and the inference was based on
additional 500,000 samples thinned by
a factor of 50.

Results e Discussion
Results suggest that the odds of having
MOD rather than NORM WS for the LND
diet were 0.40 times the odds for the
HND diet. Similarly, the odds of having
Figure 1. Probability of occurrence of degree
SEV rather than NORM WS for the LND
of white striping with respect to the body wei-
diet were 0.32 times the odds for the ght. (A) Values were polled in birds fed low nu-
HND diet. Moreover, results also sugges- trient diet. (B) Values were polled in birds fed
ted that the odds of having MOD rather high nutrient diet.

Anais SIAVS 2015 - Effect of density of nutrient diet on the incidence of white striping (ws) in broiler breast
- 347 -
Conclusion the low nutrient density diet was 0.32
Results suggest that the odds of having times the odds for the high nutrient
moderate white striping rather than density diet. The odds of having mode-
normal white striping for the low diet rate rather than normal white striping
was 0.40 times the odds for the high or severe white striping were multiplied
diet. Similarly, the odds of having seve- by 23X and 51X, respectively, for each kg
re rather than normal white striping for increase in BW.

List of references

Bauermeister, L. J., A. U. Morey, E. T. Moran, M. Sin- occurrence of various degrees of white striping
gh, C. M. Owens, and S. R. McKee. 2009. Occurren- on broiler breast fillets. Poult. Sci. 91:3230-3235.
ce of White Striping in chicken breast fillets in Kuttappan, V.A., V. B. Brewer, A. Mauromoustakos,
relation to broiler size. Poult. Sci. 88 (Suppl. 1):33. S. R. McKee, J. L. Emmert, J. F. Meullenet and C. M.
(Abstr.). Owens. 2013. Estimation of factors associated
Kuttappan, V. A., S. D. Goodgame, C. D. Bradley, A. with the occurrence of white striping in broiler
Mauromoustakos, B. M. Hargis, P. M. Waldroup, and breast fillets. Poult. Sci. 92:811-819.
C. M. Owens. 2012. Effect of different levels of die- Thomas, A. 2006. The BUGS language. R News
tary vitamin E (DL-∂-tocopherol acetate) on the 6:17–21.

Anais SIAVS 2015 - Effect of density of nutrient diet on the incidence of white striping (ws) in broiler breast
- 348 -

QUALIDADE DE CARCAÇA E DA CARNE EM


FRANGOS DE CORTE SUPLEMENTADOS COM
MINERAIS ORGÂNICOS

C Sanfelice*1; SF Bilgili2; JB Hess2;


BB Martins1; ICL Almeida Paz1
1
Faculdade de Medicina Veterinária e Zootecnia, Departamento
de Produção Animal, UNESP, Botucatu/SP
Departmento de Poultry Science, Auburn University, Auburn-
2

AL, United States of America.

Abstract Zn; 3) IC plus additional 40 ppm of OZn;


This study aimed at evaluating the ef- 4) Same as IC, except OZn and OMn re-
fect of the dietary supplementation of placed 40 ppm of Zn and Mn. A total of
organic zinc (OZn) and organic manga- 1,120 Ross x Ross 708 one-day-old male
nese (OMn) on the incidence and se- broilers chicks were reared (14 replica-
verity of footpad dermatitis (FPD), skin tes pens of 20 birds) to 49 days of age.
lesions, on myopathies of the breast The data was subjected to GLM proce-
muscle, carcass yield, meat quality and dure of SAS 9.0 software. No differences
performance of broilers. A completely (P < 0.05) was detect for breast myopa-
randomized experimental design was thies, FPD, carcass quality and yield un-
used with four dietary treatments: 1) der the conditions of this experiment. In
Inorganic control diet (IC), 80 ppm of conclusion, the use of OZn and OMn in
ZnSO4 + 90 ppm of MnSO4; 2) Same the diet improve the body weigh, drip
as IC, except OZn replaced 40 ppm of loss and feed conversion ratio.

Anais SIAVS 2015 - Qualidade de carcaça e da carne em frangos de corte suplementados com minerais...
- 349 -
Introdução da linhagem Ross x Ross 708, as aves fo-
Recentemente a indústria avícola tem ram alojadas em aviário experimental (20
enfrentado diversas anomalias do mús- aves/box) com 14 repetições, utilizou-se
culo peitoral (miopatias) caracterizadas como cama maravalha nova (8cm). O
pelo white striping (faixas de deposição delineamento experimental adotado foi
de gordura), necrose e woody breast o inteiramente casualisado com quatro
no músculo Pectoralis major. Entretan- tratamentos: 1) Controle inorgânico (CI),
to a precisa etiologia destas condições 80 ppm de ZnSO4 e 90 ppm de MnSO4;
não estão completamente definidas, 2) Mesmo que CI, exceto por 40 ppm
e lesões isquêmicas como estas tem de zinco orgânico (ZnO) substituído de
sido atribuídas a hipertrofia excessiva ZnSO4 (CI+ZnO-Zn) 3) CI mais 40 ppm
da fibra muscular e consequente com- de ZnO (CI+ZnO) 4) Mesmo que CI, ex-
prometimento do suplemento capilar ceto por 40 ppm de ZnO e MnO subs-
(Kuttappan et al., 2009). A nutrição de tituído de Zn e Mn (CI+ZnO+MnO). O
microminerais pode ser crítica no de- arraçoamento foi dividido em três fases,
senvolvimento adequado e funcionali- sendo as rações (peletizadas) isoprotéi-
dade do tecido muscular, vascular assim cas e isocalóricas. Aos 35 dias de idade
como tecido conectivo. Tem sido obser- cinco aves aleatoriamente selecionadas
vado que o uso de minerais orgânicos de cada box (total de 280) foram pro-
como zinco e manganês melhoram a cessadas no abatedouro experimental
absorção intestinal, a utilização meta- da Universidade de Auburn. As carcaças
bólica e cicatrização de feridas e, por foram resfriadas (2 horas), pesadas e ava-
conseguinte, pode reduzir a incidência liadas individualmente para lesões de
e severidade da pododermatite, bem carcaça (arranhões, contusões, cortes na
como as condições relacionadas com a pele, dermatose, asa e coxa quebrada),
integridade da pele e qualidade da car- foram divididas ao meio para análise do
ne. O objetivo deste estudo foi avaliar a rendimento de carcaça e partes. Aos 48
influência do zinco e manganês orgâni- dias de idade todas as aves foram ava-
cos sobre a incidência e severidade de liadas quanto a incidência e severidade
pododermatite, lesões da pele, miopa- de pododermatite (escala de 3 pontos
tias do músculo peitoral, rendimento de de acordo com Bilgili et al., 2006). Aos 49
carcaça, qualidade de carne e desem- dias de idade mais cinco aves de cada
penho em frangos de corte. box (280) foram processadas, após o res-
friamento as carcaças foram avaliadas
quanto as lesões, e após 24 horas foram
desossadas. Todos os peitos foram avalia-
Material e Métodos dos quanto a cor (L*, a* e b* - colorímetro
Um experimento foi conduzido nas ins- Minolta), perda de exsudato (PE), perda
talações experimentais da Universidade de peso por cozimento (PPC), miopatias
de Auburn, Alabama – USA, utilizou-se do músculo peitoral (white striping, ne-
1120 pintos de um dia de idade, machos, crose, wood breast). O desempenho foi

Anais SIAVS 2015 - Qualidade de carcaça e da carne em frangos de corte suplementados com minerais...
- 350 -
calculado em dois períodos quanto ao mentadas com Zn orgânico obtiveram
peso corporal (PC), conversão alimentar um maior ganho de peso e melhor CA
(CA). A mortalidade foi registrada dia- quando comparados ao controle inor-
riamente e ajustada para CA. Os dados gânico. Não foi observada diferença
foram submetidos à Análise de Variância na PPC e na cor da carne entre os tra-
(ANOVA) e posteriormente ao teste de tamentos. Entretanto, a perda de exsu-
comparação de médias de Tukey com dato (PE) foi menor (P ≤ 0,05) nos filés
5% de significância, utilizando o procedi- das aves que receberam CI+ZnO-Zn
mento GLM do programa estatístico SAS quando comparadas a dieta controle
(SAS Institute, 2004). inorgânico (Tabela 2).

O rendimento de carcaça e partes, le-


sões da pele e pododermatite não fo-
Resultados e Discussão ram influenciados pelos tratamentos (P
Frangos criados com CI+ZnO e CI+- < 0.05). As miopatias avaliadas também
ZnO+MnO apresentaram melhora (P não sofreram influência dos tratamen-
≤ 0.05) no ganho de PC aos 28 e 49 tos neste estudo, entretanto por ser
dias de idade quando comparados ao considerado um problema emergente
controle (CI) (Table 1). Estes resultados que afeta a carne de peito de frango,
corroboram com Saenmahayak et al. mais estudos são necessários para mi-
(2010) que mostraram que aves suple- nimizar esta incidência.

1 a 28 dias de idade 1 a 49 dias de idade


Dieta1
Ganho PC (g) CA2 Mortalidade (%) Ganho PC (g) CA Mortalidade (%)
CI 1967b 1,51ab 3,57 3152b 1,70 4,27
CI+ZnO-Zn 2025 ab
1,51 ab
3,21 3369ab 1,73 5,71
CI+ZnO 2067ª 1,54ª 5,36 3446a 1,71 5,36
CI+ZnO+MnO 2082ª 1,49b 5,00 3282ab 1,70 4,64
SEM3 0,02 0,01 1,1 0,07 0,02 1,2
Valor de P 0,001 0,035 0,463 0,015 0,777 0,841
1
CI = controle inorgânico (80 ppm de ZnSO4 e 90 ppm de MnSO4); CI+ZnO-Zn = Mesmo que CI,
exceto CZn replaced 40 ppm of Zn from ZnSO4; CI+ZnO = CI mais 40 ppm de ZnO; CI+ZnO+MnO
= mesmo que CI, except CZn and CMn replaced 40 ppm of Zn and Mn. 2CA = conversão alimentar
ajustada para mortalidade. 3SEM = Pooled Standard Error of Mean. a,bMédias seguidas de letras
diferentes na mesma coluna diferem entre si (P≤0.05), pelo teste de Tukey.

Cor1 PE (%)
Dieta
PPC (%) L* a* b*
CI 35,1 62,18 10,35 13,66 4,4ª
CI+ZnO-Zn 33,9 61,96 10,44 13,59 3,7b
CI+ZnO 34,3 62,32 10,53 13,58 4,0ab
CI+ZnO+MnO 35,4 62,88 10,43 13,38 4,1ab
SEM3 0,9 0,5 0,2 0,2 0,1
Valor de P 0,580 0,526 0,872 0,843 0,008
1
L* = luminosidade; a* = teor de vermelho; b* = teor de amarelo. 2SEM = Pooled Standard Error of Mean.
a,b
Médias seguidas de letras diferentes na mesma coluna diferem entre si (P≤0.05), pelo teste de Tukey.

Anais SIAVS 2015 - Qualidade de carcaça e da carne em frangos de corte suplementados com minerais...
- 351 -
Conclusão rendimento de carcaça em frangos de
Conclui-se que, a suplementação dos corte. Entretanto, o uso de ZnO e MnO
microminerais orgânicos Zn e Mn não na dieta melhorou o ganho de peso, as
foi efetiva para a pododermatite, mio- perdas de exsudato e taxa de conversão
patias do musculo peitoral, qualidade e alimentar.

Referências bibliográficas

BILGILI, S.F.; ALLEY, M.A.; HESS, J.B.; NAGARAJ, M. In- try Science, 88(E-Suppl. 1):136–137, 2009.
fluence of age and sex on foot pad quality and SAS. Statistical Analisys System. SAS user’s guide: Sta-
yield in broiler chickens reared on low and high
tistic. SAS INSTITUTE INC. Cary, NC; 1 CD Room, 2004.
density diets. J. Appl. Poult. Res. 15:433–441, 2006.
KUTTAPPAN, V.A.; BREWER, V.B.;. CLARK F.D.; MCKEE SAENMAHAYAK B.; BILGILI, S.F.; HESS, J.B.; SINGH, M.
S.R.; MEULLENET J.F.; EMMERT J.L.; OWENS C. M. Live and processing performance of broiler chi-
Effect of white striping on the histological and ckens fed diets supplemented with complexed
meat quality characteristics of broiler fillets. Poul- zinc. J. Appl. Poult. Res. 19: 334–340, 2010.

Anais SIAVS 2015 - Qualidade de carcaça e da carne em frangos de corte suplementados com minerais...
- 352 -

HISTOMORFOMETRIA DO MÚSCULO
PECTORALIS MAJOR EM FRANGOS DE CORTE
ACOMETIDOS COM WOODEN BREAST (WB)

L Gross1*; R Sesterhenn2; TZ Ferreira3;


D Driemeier2; SL Vieira4; L Kindlein1
1
Centro de Ensino, Pesquisa e Tecnologia de Carne -
Departamento de Medicina Veterinária Preventiva, UFRGS,
Porto Alegre /RS
2
Setor de Patologia Veterinária - Departamento de Patologia
e Clínica Veterinária, UFRGS, Porto Alegre/RS
3
Centro de Diagnóstico e Pesquisa em Patologia Aviária -
Departamento de Medicina Veterinária Preventiva, UFRGS,
Porto Alegre/RS
4
Aviário de Ensino e Pesquisa – Departamento de Zootecnia,
UFRGS, Porto Alegre/RS

ABSTRACT
Currently, a new type of myopathy, (SPSS sotware). The results found that
described as Wooden Breast (WB) has the average obtained from the partial
been evidenced in the pectoralis major volume of muscle and connective tis-
muscle of broilers. This study was con- sue were different when compared
ducted to characterize histomorpho- the control group (55.95% ± 10.83, 3.57
metric the myopathy WB in the pecto- ± 0.82) with the fillets affected by WB
ralis major muscle of broilers Cobb 500 (45.57 ± 2.12; 7.38 ± 4.24). Therefore,
slaughtered at 42 d of age. For this, 10 the presence of WB caused changes
breast fillets were collected and stai- in the integrity of muscle fibers with
ned with HE and Masson´s Trichrome consequently reduction of the muscle
for stereological analysis of partial vo- fibers with substitution to connective
lume density of muscle (Vvm%) and tissue. Also were observed proliferation
connective tissue (Vvc%), respectively. of connective tissue surrounding the
The data were analyzed using ANOVA various muscle fibers.

Anais SIAVS 2015 - Histomorfometria do músculo pectoralis major em frangos de corte acometidos com...
- 353 -
Introdução culo, já fixado em formalina tamponada
A pressão econômica em abater aves a 10%, foi seccionado transversalmente
com o menor tempo de vida associado em aproximadamente 5 mm de espes-
a um ganho rápido de peso, tem gera- sura, desidratados em séries de etanol
do alterações fisiológicas que resultam em concentrações crescentes, diafani-
em danos ao tecido muscular de fran- zados em solução de xilol e incluídos
gos de corte (O & S, 2002). Além do ga- em parafina (B, 1992). Posteriormente,
nho de peso rápido, a seleção genética realizou-se cortes semi-seriados de 3
resultou em um aumento na tendência μm de espessura com espaçamento de
de lesões musculares espontâneas ou 5 cortes, para sequencialmente serem
geradas pelo estresse. (M et al., 2007). corados pelo método de Hematoxilina
-Eosina (5 cortes) e Tricrômio de Masson
Atualmente, um novo tipo de miopatia, (2 cortes). Para a análise estereológica de
referida como Wooden Breast (WB), tem densidade de volume parcial (Vv%) do
sido evidenciada no músculo peitoral tecido muscular e conjuntivo as lâminas
maior de frangos de corte (Q, 2013). foram fotografadas com o auxílio de um
A etiologia e os fatores que causam o microscópio Leica ICC50 HD na objetiva
aumento desta desordem no músculo de 10x acoplado a um Sistema Analisa-
peitoral não foram identificados (S et dor de Imagem Computadorizado da
al., 2013). Nessa condição, o peito en- marca Leica (Digital Image Processing
contra-se macroscopicamente pálido and Analysis Software for Professional
e rígido, frequentemente ocasionando Microscopy – Qwin V3) seguida por
rejeição tanto pelo consumidor como meio da sobreposição, utilizando o siste-
pela indústria (Q, 2013). Desta forma, ma-teste multifunctional M42 (W, 1979).
este trabalho teve como objetivo carac- Para a análise estatística, foi realizado o
terizar histomorfometricamente a mio- procedimento de comparação múltipla
patia WB no músculo Pectoralis major pareada utilizando o teste ANOVA do
de frangos de corte da linhagem Cobb programa estatístico SPSS.
500 abatidos aos 42 dias de idade.
Resultados e Discussão
Material e Métodos Observou-se diferença significativa (p<
Para realização do experimento foram 0,05) para as variáveis de volume par-
coletados, aleatoriamente, 10 peitos de cial de tecido muscular (Vvm,%) e de
frangos de corte (cinco amostras aco- tecido conjuntivo (Vvc%). Desse modo,
metidas com WB e cinco amostras nor- na avaliação do tecido muscular veri-
mais), machos da linhagem Cobb 500, ficou-se que as aves que possuem WB
abatidos aos 42 dias de idade nas insta- demonstraram ter menores medias de
lações do Aviário de Ensino e Pesquisa volume de tecido muscular (45,57 ±
da Faculdade de Agronomia (UFRGS). 2,12) quando comparadas com as aves
No laboratório de Patologia Veterinária com músculos normais (58,10% ± 9,26),
(SPV/UFRGS), cada fragmento de mús- conforme demonstrado no gráfico 1.

Anais SIAVS 2015 - Histomorfometria do músculo pectoralis major em frangos de corte acometidos com...
- 354 -

Gráfico 1 – Distribuição do volume parcial de tecido muscular (Vvm%) e tecido conjuntivo (Vvc%)
em amostras de peito de frangos de corte normais (controle) e acometidos com Wooden Breast (WB).

Já os resultados obtidos para o teci- autores também relataram miodegene-


do conjuntivo demonstraram que os ração regenerativa multifocal de graus
animais com WB apresentam maiores moderado e severo com diminuição do
medias de volume de tecido conjunti- número das fibras musculares.
vo (3,57 ± 0,58) em relação às aves com
músculos normais (7,38 ± 4,24) (p<0,05).
Corroborando com os achados do pre-
sente trabalho, S et al. (2013), ao des- Conclusão
crever histologicamente esta miopatia, A presença de WB causou mudanças na
observaram esta substituição de tecido integridade das fibras musculares, com
muscular pelo conjuntivo através de diminuição de volume das mesmas,
fibrose ou pelo acúmulo deste tecido com consequente substituição destas
no intersticio, sendo que esta fibrose por tecido conjuntivo. Também fora
seria explicada pelo endurecimento observado proliferação de tecido con-
do tecido afetado porém sem acúmulo juntivo circundando as diversas fibras
significante de colágeno. Os mesmos musculares.

Referências bibliográficas

Banks, W.J. Tecido muscular. In: Histologia veteri- no caminho da pesquisa, 2o . Edição, Cocal do Sul:
nária aplicada. 2.ed. São Paulo: Manole, p.215-236, Imprint, 2002. p.155.
1992. Sihvo, H.K.; Immonen, K.; Puolanne, E. Myodege-
Nanbing, Q. The utilization of poultry breast mus- neration with fibrosis and regeneration in the
cle of different quality classes. 2013. 72f. Disserta- pectoralis major muscle of broilers. Veterinary
ção (Food Sciences (track Food Bioprocessing)), Pathology Online First, p. 1-5, July 2013.
Faculty of Agriculture and Forestry, University of Weibel, E.R. Sterological methods. In: ______ (Ed.).
Helsinki, Helsinki, 2013. Practical methods for biological morphometry.
Olivo, Rubison & Shimokomaki, Massami. Carnes: New York: Academic Press, v.1, p. 375-376, 1979.

Anais SIAVS 2015 - Histomorfometria do músculo pectoralis major em frangos de corte acometidos com...
- 355 -

QUALIDADE DE OVOS COM 10 DIAS DE


OVIPOSTO SUBMETIDOS A DIFERENTES
EMBALAGENS E TEMPERATURA

TB Amorim*; A Potença; RA Martins; JN Leite;


MG Ferrari; DR de Aquino; DLQN Braga;
MG Ferrari; CR Daniel; AC Manentti; LC de
Albuquerque; CMC Lamenha; ASA Assunção;
W Bertoloni2
Faculdade de Medicina Veterinária, Agronomia e Zootecnia,
Departamento de Zootecnia e Extensão Rural, Universidade Federal de
Mato Grosso, Cuiabá/MT

Resumo room temperature and styrofoam pa-


The objective of this study was to cking, eggs stored in the fridge and pa-
evaluate the effect of different types of per kraft , eggs stored at room tempera-
packaging on the quality of commer- ture and film packaging , eggs stored in
cial chickens’ eggs in different storage the fridge and plastic packaging , eggs
periods. We used 90 eggs that were stored in the fridge and aluminium pa-
divided into 10 treatments with 9 re- ckaging , eggs stored in the fridge and
plications and stored for a period of 7 styrofoam packaging.Eggs packed in
days. The treatments were: Eggs stored metal packaging and stored in tempe-
at room temperature and paper kraft , rature at 7 days posture showed a hi-
eggs stored at room temperature and gher density when compared to eggs
film packaging , eggs stored at room stored in the fridge , independent of the
temperature and plastic packaging , type of packaging . Eggs stored in the
eggs stored at room temperature and plastic bag in the refrigerator achieved
aluminium packaging, eggs stored at the highest value of Haugh unit .

Anais SIAVS 2015 - Qualidade de ovos com 10 dias de oviposto submetidos a diferentes embalagens...
- 356 -
Introdução Universidade Federal do Mato Grosso.
O ovo é um alimento de grande po- Foram utilizados noventa ovos verme-
tencial na alimentação humana, devido lhos distribuídos em um delineamento
sua proteína que apresenta alto valor experimental inteiramente casualizado
biológico, além de vitaminas, minerais (DIC) em esquema fatorial 2x5, sendo
e ácidos graxos presentes em sua com- dois tipos de ambiente (Ambiente e Re-
posição (Pascoal et al., 2008). No Brasil o frigerador à 13°C) e cindo tipos de em-
consumo per capita está em torno de balagens (papelão, filme, plástico, isopor
162 ovos/anos, enquanto que em países e alumínio), totalizando dez tratamentos,
desenvolvidos o consumo está por volta com nove repetições. Os tratamentos
de 300 ovos/ano (UBA-2012). Para pre- foram: ovos armazenados em tempera-
servar a qualidade nutricional é neces- tura ambiente e embalagem de pape-
sário proporcionar ao consumidor um lão, ovos armazenados em temperatura
produto de qualidade. Entre as variáveis ambiente e embalagem de filme, ovos
que influenciam a qualidade dos ovos, armazenados em temperatura ambien-
estão as condições de armazenamento te e embalagem de plástico, ovos arma-
dos ovos, como temperatura, tipo de zenados em temperatura ambiente e
embalagem e tempo de exposição a embalagem de alumínio, ovos armaze-
esses fatores. Estas variáveis influenciam nados em temperatura ambiente e em-
diretamente na qualidade, pois podem balagem de isopor, ovos armazenados
acelerar os processos de perda de agua na geladeira e embalagem de papelão,
e dióxido de carbono e consequente- ovos armazenados em temperatura am-
mente promove o aumento do tama- biente e embalagem de filme, ovos ar-
nho da câmara de ar, que interfere na mazenados na geladeira e embalagem
densidade do ovo. Com isso podemos de plástico, ovos armazenados na gela-
concluir que ovos mais novos possuem deira e embalagem de alumínio, ovos ar-
menor volume da câmara de ar e conse- mazenados na geladeira e embalagem
quentemente maior densidade, fazen- de isopor. Os ovos foram oriundos de
do com que a densidade da gema mais poedeiras comerciais com dois dias de
albúmen se aproxime da densidade da oviposto, escolhidos aleatoriamente.
agua (ARAUJO & ALBINO,2011). O objeti-
vo deste trabalho foi avaliar a influência Os ovos foram pesados em uma balança
da temperatura de armazenamento e de analítica. Para avaliação da densidade,
tipo de embalagem sobre a qualidade os ovos foram imersos em soluções sa-
dos ovos com 10 dias de oviposto. linas com diferentes densidades (1,055;
1,060; 1,065; 1,070; 1,075,1,080, 1,085 g/
ml). Estes valores foram mensurados com
auxílio de um densímetro. Após a avalia-
Material e Métodos ção da densidade, os ovos foram quebra-
O experimento foi desenvolvido no la- dos em superfície lisa e plana de plástico
boratório de tecnologia de alimentos da e com o auxílio de um paquímetro digital

Anais SIAVS 2015 - Qualidade de ovos com 10 dias de oviposto submetidos a diferentes embalagens...
- 357 -
foi mensurado a altura e diâmetro do al- Resultado e Discussão
búmen (mm) para determinar a Unidade Os dados de qualidade dos ovos brancos
Haugh. Os dados foram tabulados, sub-
submetidos a diferentes tipos de emba-
metidos a analise de variância a 5% de
significância e Teste de Tukey, através do lagem e temperatura de armazenamen-
programa estatístico SISVAR. to estão apresentados na Tabela 1.

Tratamentos Densidade(mm) Unidade de Haugh


Papel ambiente 1,0750 a b 58,8014 a
Filme ambiente 1,0750 a b 67,3332 a b
Plástico ambiente 1,0822 b 61,5334 a b
Alumínio ambiente 1,0818 b 62,3149 a b
Isopor ambiente 1,0756 a b 58,9071 a
Papel geladeira 1,0627 a 71,9625 a b
Filme geladeira 1,0718 a b 72,4681 a b
Plástico geladeira 1,0775 b 75,1359 b
Alumínio geladeira 1,0755 a b 72,6935 a b
Isopor geladeira 1,0743 a b 69,0847 a b
CV (%) 0,75 14,17
Erro padrão 0,0027 3,2084
*Letras diferente na mesma coluna diferem pelo teste de Tukey (P<0,05).

Ao analisar a tabela, verificamos que mo. Já a unidade de Haugh a variação


houve efeito (P<0,05) da temperatura foi de 58,8014 a 75,1359. Rodriges(1975)
a qualidade do ovo é diretamente pro-
de armazenamento e do tipo de em-
porcional com o valor da unidade de
balagem sobre a qualidade interna de
Haugh, ou seja, quando maior esta uni-
ovos vermelhos aos 10 dias de ovipos-
dade, melhor é a qualidade.
to. A maior densidade foi a dos ovos
com embalagem de alumínio e arma- Conclusão
zenados no ambiente, sendo que uma
Ovos acondicionados em embalagem
justificativa para este ocorrido seja a de alumínio e armazenados em tempe-
umidade relativa, onde na geladeira foi ratura ambiente aos 10 dias de oviposto
de 57% enquanto a do ambiente a min apresentaram maior densidade quan-
foi de 68% e a max 83% .Sabe-se que, do comparado a ovos armazenados
quanto maior a UR,menor será a quan- em geladeira, independente do tipo de
tidade de CO2 e da câmara de ar dentro embalagem. Ovos armazenados na ge-
do ovo e estes são critérios que interfe- ladeira em embalagem plástica obteve
rem diretamente na qualidade do mes- o maior valor da unidade de Haugh.

Anais SIAVS 2015 - Qualidade de ovos com 10 dias de oviposto submetidos a diferentes embalagens...
- 358 -

Referências bibliográficas

ARAÚJO, W. A. G; ALEBRANTE, L; CASTRO, A. D. PASCOAL, L.A.F.; BENTO, J.R, SANTOS, W.S., SILVA,
Fatores capazes de afetar os índices de eclosão. R.S., DOURADO, L.R.B., BEZERRA, A.P.A. Qalidade
Revista Eletrônica Nutritime, v.6, n. 5, p.1072 – de ovos comercializados em diferentes estabe-
1087, 2009. Disponível em: . Acesso em: 03 set. lecimentos na cidade de Imperatriz-MA. Revista
2012 Brasileira de Saúde e Produção Animal, Salvador,-
BARBOSA, N.A.A.; SAKOMURA, N.K; MENDONÇA, v.9,n.1, p.150-157,2008.
M.O; FREITAS, E.R; FERNANDES, J.B.K. Qualidade RODRIGUES,P.C. Contribuição ao estudo da con-
de ovos comerciais provenientes de poedeiras versão de ovos de casca branca e vermelha. Pira-
comercias armazenados sob diferentes tempos e cicaba,1975. 57p. Dissertação (mestrado)- Escola
condições de ambientes. ARS Veterinaria, Joboti- Superior de Agricultura“ Luiz de Queiroz”, Univer-
cabal, v.24,n.2,p.127-133,2008. sidade de São Paulo.

Anais SIAVS 2015 - Qualidade de ovos com 10 dias de oviposto submetidos a diferentes embalagens...
- 359 -

QUALIDADE DE OVO COM 17 DIAS DE


OVIPOSTO SUBMETIDO A DIFERENTES
TEMPERATURAS E EMBALAGENS

A Potença1*; RA Martins2; JN Leite2;


MG Ferrari2, TB Amorim2; DR Aquino2; DLQN
Braga2; MG Ferrari2; CR Daniel2; AC Manentti2;
LC Albuquerque2; CMC Lamenha2; W Bertoloni1;
A Sávio1
1
Docente do curso de Zootecnia da Universidade Federal do Mato
Grosso (UFMT), campus Cuiabá/MT
Discente do curso de Zootecnia da Universidade Federal do Mato
2

Grosso (UFMT), campus Cuiabá/MT

Abstract Eggs stored under refrigeration showed


The objective was to evaluate the effect lower densities (P <0.05) possibly due
of storage location and type of packa- to low relative humidity of the refrige-
ging on the quality of eggs during the rator which reduced indoor humidity of
period of 17 days. 90 red eggs, large, eggs, making it less dense. Possibly the
distributed in a factorial design 2x5 was density of eggs is not the best way to
used, being evaluated two environ- estimate the internal egg quality.
ments (Environment and refrigerator to
13 ° C) and five types of packaging (pa-
per, film, plastic, Styrofoam and alumi-
num) totaling ten treatments. The data Introdução
were submitted to Tukey test (5%). Eggs Por muito tempo, o ovo foi considerado
stored on refrigeration showed better um vilão na alimentação humana, este
(P <0.05) Haugh unit and consequent conceito mudou graças a pesquisas re-
internal quality when compared to alizadas. O ovo é um alimento de baixo
eggs subjected to room temperature. custo, rico em proteínas com alto valor

Anais SIAVS 2015 - Qualidade de ovo com 17 dias de oviposto submetido a diferentes temperaturas...
- 360 -
biológico e demais nutrientes essenciais fatorial 2x5, sendo avaliado duas tem-
como ácidos graxos, vitaminas e minerais. peraturas de armazenamento (Ambien-
No Brasil o consumo per capita de ovos foi te e Refrigerador a 13ºC) e cinco tipos
de 168,72 ovos/ ano, enquanto que em pa- de embalagens (papelão, filme, plástico,
íses desenvolvidos o consumo é próximo a isopor e alumínio) totalizando dez tra-
300 ovos/ano (UBABEF, 2015). No entanto, tamentos. Os ovos vermelhos grandes
como todo alimento perecível, o valor nu- oriundos de poedeiras comerciais fo-
tricional reduz naturalmente com o passar ram adquiridos com dois dias de ovi-
do tempo, e condições inadequadas de postos. Foram escolhidos aleatoriamen-
armazenamento podem acelerar esse pro- te e armazenados nos diferentes tipos
cesso, tornando o produto impróprio para de embalagem e ambientes supracita-
o consumo. Para manter a qualidade inter- dos. Aos 17 dias de ovipostos os ovos
na dos ovos, é necessário que estes sejam foram pesados em balança de analítica
armazenados sob refrigeração. A refrigera- e posteriormente submetidos a ana-
ção não é obrigatória no Brasil, permitindo lise de densidade, altura de albúmen
que os ovos comerciais sejam acondicio- (Unidade Haugh) e profundidade de
nados, desde o momento da postura até a câmera de ar. Na análise de densidade
distribuição final, em temperatura ambien- dos ovos, os mesmos foram imersos em
te (Xavier et al., 2008). Com isso, a qualidade soluções salinas com diferentes densi-
do ovo é reduzida em conseqüência das dades (1,055; 1,060; 1,065; 1,070; 1,075,
altas temperaturas em que é exposto. A 1,080 e 1,085 g/ml). Estes valores foram
perda do gás carbônico (CO2) através dos aferidos com auxílio de um densímetro.
poros da casca do ovo é a principal causa Após a avaliação da densidade, os ovos
de deteriorização do albúmen. Esta perda foram quebrados em superfície lisa e
promove também o aumento do tama- plana de plástico e com o auxilio de
nho da câmara de ar, conseqüentemen- um paquímetro digital foi mensurado
te influenciando a densidade dos ovos. a altura do albúmen (mm). A parte da
Conforme o período de estocagem se casca na qual possuía a câmera de ar
prolonga, a albumina liquida aumenta em foram lavadas delicadamente em água
detrimento da densa, causando diminui- corrente, com cuidado para manter in-
ção no peso do ovo (Leandro et al., 2005). tegra a câmera de ar e expostas a tem-
O objetivo deste trabalho foi avaliar o efei- peratura ambiente. Após 24 horas com
to do local de armazenamento e tipos de auxílio de um ovoscópio foi delimitada
embalagem sobre a qualidade de ovos a área da câmera de ar da casca e com
vermelhos grandes. auxilio de papel milimetrado, foi men-
surado a profundidade da câmara de
ar. O peso e a altura de albúmen dos
ovos foram incluídos em uma equação
Material e Métodos logarítmica para o cálculo da Unidade
Foram utilizados noventa ovos verme- Haugh. Os dados foram tabulados, sub-
lhos, grandes, distribuídos em esquema metidos a analise de variância a 5% de

Anais SIAVS 2015 - Qualidade de ovo com 17 dias de oviposto submetido a diferentes temperaturas...
- 361 -
significância e Teste de Tukey, através relativa do ar (UR%) do ambiente míni-
do programa estatístico SISVAR.  ma e máxima foram 62 e 83, respecti-
vamente. A temperatura e umidade do
refrigerador foram 13ºC e 55 UR, respec-
tivamente. Os dados de qualidade dos
Resultados e Discussão ovos vermelhos grandes submetidos a
As temperaturas mínimas e máximas diferentes ambientes e embalagem du-
do ambiente e umidade foram 23,7 e rante 17 dias de armazenamento estão
30,03ºC, respectivamente. A umidade apresentados na Tabela 1.

Tabela 1. Qualidade de ovos vermelhos em função do ambiente de armazenamento e embala-


gem aos 17 dias de armazenagem

Tratamento Profundidade
Densidade (g/ml) Unidade Haugh
(Embalagem/ Ambiente) câmara ar (mm)
Papel/Ambiente 1,0613 abc 52,84 ab 6,50 bcd
Filme/Ambiente 1,0638 abcd 48,51 a 5,28 abc
Plástico/ Ambiente 1,0728 de 59,56 abc 4,57 ab
Alumínio/ Ambiente 1,0706 cde 47,62 a 4,11 a
Isopor/ Ambiente 1,0694 bcde 45,78 a 4,75 abc
Papel/Refrigerador 1,0600 ab 67,18 bc 7,75 d
Filme/Refrigerador 1,0622 abc 71,61 c 6,00 abcd
Plástico/ Refrigerador 1,0589 a 70,29 c 6,56 cd
Alumínio/ Refrigerador 1,0789 e 71,54 c 4,67 abc
Isopor/ Refrigerador 1,0639 abcd 64,62 bc 6,34 bcd
CV (%) 0,62 15,74 21,20
*Letras diferente na mesma linha diferem pelo teste de Tukey a 5%.

Houve efeito (P<0,05) da embalagem em temperatura ambiente apresentas-


e do local de armazenamento sobre sem menores densidades por estarem
a qualidade dos ovos vermelhos. De expostos a temperaturas mais elevadas.
modo geral, ovos armazenados sob re- Entretanto, a umidade relativa (UR%) no
frigeração apresentaram menor den- interior do refrigerador foi bem inferior
sidade quando comparados aos ovos (55% UR) quando comparada a UR do
armazenados em ambiente natural, com ambiente (Mín= 65%, Máx.=82%). Neste
exceção dos ovos armazenados em estudo possivelmente a UR teve maior
embalagem de alumínio e refrigerados. efeito sobre a qualidade dos ovos do
O esperado era que ovos armazenados que a temperatura de armazenamento.

Anais SIAVS 2015 - Qualidade de ovo com 17 dias de oviposto submetido a diferentes temperaturas...
- 362 -
Provavelmente a UR mais baixa do refri- técnica de avaliação desta variável. De
gerador acelerou as perdas de água dos modo geral, as maiores médias de pro-
ovos que consequentemente reduziu a fundidade de câmara de ar são observa-
densidade dos ovos. De algum modo a das nos ovos submetidos à refrigeração
embalagem metálica impediu que os e baixa UR em acordo com os dados
ovos perdessem umidade quando sub- encontrados para a densidade dos ovos.
metidos a condições de baixa UR. Ovos
armazenados sob refrigeração apresen-
taram unidade Haugh superiores aos
ovos armazenados em temperatura Conclusão
ambiente. Os dados de densidade e uni- Ovos armazenados sobre refrigeração
dade Haugh estão conflitantes mostran- apresentaram melhor unidade de Haugh
do que talvez a perda de umidade com e conseqüente qualidade interna quan-
conseqüente redução na densidade dos do comparados aos ovos submetidos à
ovos não afetem de fato a qualidade in- temperatura ambiente. Ovos armazena-
terna dos ovos, uma vez que esses mes- dos sob refrigeração apresentaram me-
mos ovos apresentaram maior consis- nores densidades possivelmente devido
tência de albúmen (Unidade de Haugh). a baixa umidade relativa do refrigerador
Os dados de profundidade de câmara que reduziu a umidade interna dos ovos,
de ar foram inconclusivos, possivelmen- tornando-o menos denso. Talvez a den-
te devido ao alto coeficiente de variação, sidade dos ovos não seja a melhor forma
sendo necessário um refinamento na de estimar a qualidade interna dos ovos.

Referências bibliográficas

LEANDRO, N.S.M.; DEUS, H.A.B.; STRINGHINI, J.H.; CAFÉ, coes> Acesso em 29/04/2015.
M.B.; ANDRADE, M.A.; CARVALHO, F.B. Aspectos de XAVIER, I.M.C.; CANÇADO, S.V.; FIGUEIREDO, T.C.;
qualidade interna e externa de ovos comercializados LARA, L.J.C.; LANA, A.M.Q.; SOUZA, M.R.; BAIÃO, N.C.
em diferentes estabelecimentos na região de Goiâ- Qualidade de ovos submetidos a diferentes con-
nia. Ciência Animal Brasileira, v.6, n.2, p.71-78, 2005. dições de armazenamento. Arquivo Brasileiro
UBABEF, 2015. Relatório Anual 2014. Disponível de Medicina Veterinária e Zootecnia, v.6, n.4,
em < http://www.ubabef.com.br/files/publica- p.953-959, 2008.

Anais SIAVS 2015 - Qualidade de ovo com 17 dias de oviposto submetido a diferentes temperaturas...
- 363 -

QUALIDADE DE OVOS DE CODORNA


COMERCIALIZADOS NO MUNICÍPIO DE CUIABÁ

LAZ Souza*; HJD Lima; LGM Reginatto;


ACS Martins; MM Fonseca
Faculdade de Agronomia, Medicina Veterinária e Zootecnia,
Departamento de Zootecnia e Extensão Rural, Universidade
Federal de Mato Grosso/MT

Abstract Introdução
The work aimed to estimate quail eggs Dentre diversos fatores que interferem
quality marketed at Cuiabá, Mato Gros- na qualidade do ovo, estão a forma de
so, from August to September, 2013. armazenamento e temperatura, umida-
Were used 540 quail eggs, distributed in de relativa do ambiente e a manipula-
three experimental treatments corres- ção física do ovo. Segundo Lacerda et
ponding to different quail egg brands, al., 2013, a temperatura e o período
with six replications per treatment. de armazenamento são os fatores que
Considering all the results obtained, the mais influenciam na qualidade, sendo
brand B presented inferior quality than que velocidade da perda de peso do
brands A and C. The data about quail ovo é elevada em altas temperaturas e
eggs quality found in the scientific lite- menor em alta umidade relativa. Após
rature diverges, and it hinders the esta- a postura, ocorre perda de dióxido de
blishment of appropriate legislation for carbono e umidade para o ambiente
the processing and trade of quail eggs através dos poros da casca, causando
in the country. declínio na qualidade do ovo, iniciando

Anais SIAVS 2015 - Qualidade de ovos de codorna comercializados no município de Cuiabá


- 364 -
sua deterioração e aumentando a câ- para calcular o peso médio dos ovos.
mara de ar. Os ovos sofreram imersão em solu-
ção salina para determinar a média de
O objetivo deste trabalho é demonstrar densidade para cada tratamento com
a qualidade interna de ovos de codor- o auxílio de densímetro, nos seguintes
na comercializados em Cuiabá, através níveis de concentração: 1,055; 1,060;
da análise de gravidade específica e do 1,065; 1,070; 1,075; 1,080 e 1,085 g/ml.
peso e porcentagem dos componentes As gemas foram pesadas individual-
do ovo. mente, bem como as cascas dos ovos
após sua lavagem e secagem em tem-
peratura ambiente por dois dias, origi-
Material e métodos nando as médias de peso da gema e
peso da casca. Por diferença, então, es-
O experimento foi executado no La-
timou-se a média de peso do albúmen.
boratório de Tecnologia de Produtos
Logo após, a média de porcentagem
de Origem Animal, da Faculdade de
dos três componentes foi calculada.
Agronomia, Medicina Veterinária e Zoo-
tecnia da Universidade Federal de Mato Os parâmetros foram submetidos à
Grosso, campus Cuiabá. análise de variância a 5% de probabili-
dade com o teste SNK, utilizando-se o
Foram analisados 540 ovos das marcas
Programa de Análises Estatísticas e Pla-
A, B e C, com seis repetições e 30 ovos
nejamento de Experimentos – SISVAR.
por unidade experimental, seleciona-
dos em um único estabelecimento da
cidade, de modo que as amostras esta-
vam sujeitas às condições de tempera- Resultados e discussão
tura e armazenamento similares, bem A gravidade específica para as marcas B
como a data de fabricação e validade. e C foi menor (p < 0,05), o que indica pior
Após a coleta, os ovos foram pesados qualidade em relação à marca A (Tabela 1).
e a média das pesagens foi utilizada

Tabela 1 - Média de gravidade específica das marcas A, B e C


Marca A Marca B Marca C CV (%)
Média 1,059ª 1,056b 1,056b 0,11
Letras diferentes na mesma coluna diferem entre si pelo teste SNK a 5% de probabilidade. CV=
coeficiente de variação.

O processo de envelhecimento do ovo Constatou-se (p < 0,05) que os pesos


envolve a perda de umidade para o médios do ovo, da casca e do albúmen
meio externo, e ocorre o aumento da foram menores para os ovos da marca B
câmara de ar, o que explica o menor em comparação às demais marcas, en-
valor de gravidade específica das mar- quanto que o peso da gema foi o mes-
cas B e C. mo para todas as marcas (Tabela 2).

Anais SIAVS 2015 - Qualidade de ovos de codorna comercializados no município de Cuiabá


- 365 -
Tabela 2 - Média de peso dos ovos e seus componentes (g) e porcentagem dos componentes
(%) avaliados
Peso (g) Constituição (%)
Ovo Gema Casca Albúmen Gema Casca Albúmen
Marca A 11,02a 3,78a 0,93a 6,34a 34,31ª 8,47a 57,37a
Marca B 10,47b 3,62a 0,84b 6,03b 34,56ª 8,08b 57,55a
Marca C 10,89a 3,71a 0,91a 6,27a 34,18ª 8,42a 57,61a
Média 10,8 3,7 0,89 6,21 34,35 8,33 57,51
CV (%) 2,24 3,58 2,93 2,75 2,72 2,03 1,73
Letras diferentes na mesma coluna diferem entre si pelo teste SNK a 5% de probabilidade. CV=
coeficiente de variação.

Segundo Figueiredo et al., 2011, o peso A marca B apresentou menores (p <


dos ovos é influenciado pelo teor pro- 0,05) peso médio de casca e porcenta-
teico e lipídico da dieta das aves, sendo gem de casca. Segundo Figueiredo et
que níveis elevados destes acarretam al., 2011, há menor deposição de cálcio
em maior peso do ovo e maior porcen- por unidade de superfície durante a for-
tagem de gema e de albúmen. A idade mação da casca em ovos de aves que
das aves também é um fator de influ- iniciam a postura em idade avançada
ência sobre o tamanho do ovo, já que e, portanto, produzem ovos maiores ao
aves que iniciam a postura tardiamente longo da ciclo de produção. A deposi-
produzem ovos maiores. ção de cálcio para a formação da cas-
O tempo de armazenamento também in- ca é geneticamente determinada pela
fluencia o peso do ovo e a porcentagem linhagem e a interpretação não isolada
de seus constituintes, já que a água resul- de ambos os resultados indicam, por-
tante das reações químicas que ocorrem tanto, que os ovos da marca B são me-
no albúmen é transferida, em parte para a nores em comparação às demais mar-
gema, e perdida para o meio externo. De cas estudadas.
modo que, ovos armazenados por perí-
odos prolongados tornam-se mais leves
do que logo após a postura, com maior
Conclusão
porcentagem da gema e menor porcen-
tagem de albúmen. Os valores de peso Conclui-se que a marca A apresen-
médio do ovo e peso médio do albúmen ta melhor qualidade interna de ovos,
das marcas A e C foram maiores (p < 0,05), considerando a média de peso do ovo,
indicando que os ovos da marca B esta- média de peso do albúmen e gravidade
vam em processo de deterioração mais específica, em comparação às marcas B
avançado que as demais. e C.

Anais SIAVS 2015 - Qualidade de ovos de codorna comercializados no município de Cuiabá


- 366 -

Referências bibliográficas

FIGUEIREDO, T. C., CANÇADO, S. V., RÊGO, I. O. P., LARA, LACERDA, M. J. R., ANDRADE, M. A., SANTOS, J. S.,
L. J. C., SOUZA, M. R., BAIÃO, N. C. Qualidade de ovos MENDES, F. R., LEITE, P. R. de Sá Costa, LIMA, H. J.
comerciais submetidos a diferentes condições de D’Avila. Qualidade microbiológica de ovos co-
armazenamento. Arquivo Brasileiro de Medicina merciais. Revista Eletrônica Nutritime. Artigo nº
Veterinária e Zootecnia. , v.63, n.3, p.712 -720, 2011. 223, vol. 10, nº 06, pág. 2925 – 2961, 2013.

Anais SIAVS 2015 - Qualidade de ovos de codorna comercializados no município de Cuiabá


Produção
367 a 409
- 368 -

AVALIAÇÃO DE DIFERENTES DENSIDADES


POPULACIONAIS SOBRE O DESEMPENHO
DE POEDEIRAS LEVES EM FASE DE CRIA COM
4 A 6 SEMANAS DE IDADE

A Romani1*; LSE Santo2; JM Tavares2;


GSS Corrêa3; JGC Junior3; GMM Silva4;
MA Oliveira5; CFS Oliveira6
1
*Mestranda pelo Programa de Pós-Graduação
em Ciência Animal – UFMT, Cuiabá/MT
2
Mestranda(o) pelo Programa de Pós-Graduação
em Ciência Animal – UFMT, Cuiabá/MT
3
Professor(a) Adjunto(a) ao Programa de Pós-Graduação
em Ciência Animal – UFMT, Cuiabá/MT
Médico Veterinário e Gerente Técnico da
4

Granja Mantiqueira, Primavera do Leste/MT


5
Graduanda de Bacharelado em Zootecnia pelo IFMT –
São Vicente – MT, Brasil;
6
Pós Doutorando pelo Programa de Pós-Graduação
em Ciência Animal – UFMT, Cuiabá/MT

Abstract higher gains during this period. For uni-


This research was conducted in order formity of results there was no signifi-
to assess weight gain, body weight and cant interaction (P> 0.05) between the
uniformity of pullets in growing of 4 - 6 different densities studied.
weeks of age under different accom-
modation densities. 750 pullets were
placed in a completely randomized de-
sign with five treatments and 10 repeti- Introdução
tions with 11, 13, 15, 17 and 19 birds per A atividade de produção de ovos tem
cage. Body weight and weight gain of nos últimos anos, apresentado grande
pullets differ significantly (P <0.05), the evolução em todos os seus segmentos,
density of group birds with an area of tornando-se cada vez mais competitiva,
509 cm²/bird (11 birds/cage) obtained pois é possível estar sempre empregan-

Anais SIAVS 2015 - Avaliação de diferentes densidades populacionais sobre o desempenho de poedeiras...
- 369 -
do o máximo de todos os recursos dis- Primavera do Leste – MT. As pintainhas
poníveis (Barbosa Filho et al., 2007). foram alojadas em galpão convencio-
nal para cria e recria, equipado com
É prática comum no Brasil e nos Estados gaiolas contendo bebedouros do tipo
Unidos aumentar o número de aves nipple, e comedouros tipo calha, sendo
por gaiola, em razão da demanda por que a água e ração foram fornecidas a
maior número de aves alojadas e eco- vontade.
nomia no processo de produção e ao
mesmo tempo, tem ocorrido constan- Foram utilizadas 750 pintainhas da li-
tes evoluções genéticas das linhagens nhagem Hy-line com idade de 4 a 6 se-
de poedeiras comerciais existentes no manas de idade, distribuídas em gaiolas
mercado, que estão cada vez mais leves medindo 80 comp x 70 larg x 40 alt cm,
e produtivas, tornando-se necessários em delineamento inteiramente casuali-
novos estudos na recomendação de zado, com 5 tratamentos, sendo 11, 13,
espaço por ave (Pavan et al. 2005). 15, 17 e 19 aves por gaiola, ou 294,73;
329,41; 373,33; 430,76; 509,09 cm²/ave
Embora tais condições tenham propor- com 10 repetições. As aves foram pesa-
cionado ganhos econômicos e sociais, das semanalmente para determinação
também têm resultado em problemas do peso corporal, ganho de peso e uni-
quanto ao bem-estar das aves. O estres- formidade.
se provocado pela alta densidade é um
dos fatores que afetam o desempenho Os dados foram inicialmente verifi-
ou que predispõem a doenças. A alta cados quanto à presença de valores
densidade implica, também, em maior discrepantes e testados quanto ao
temperatura e piora no estado sanitário atendimento das pressuposições de
do ambiente com o aumento da pro- homogeneidade das variâncias e nor-
dução de gases (Barbosa Filho, 2004) malidade dos erros. Uma vez atendidas
tais pressuposições, os mesmos foram
A determinação da densidade popula- submetidos à análise de variância pelo
cional de frangas em recria criadas em procedimento GLM (General Linear
gaiolas, representa grande influencia Model) do programa SAS®.
produtiva e econômica em grandes
granjas, considerando regiões de altas
temperaturas no verão, com declínio da
produtividade, diminuição do consumo Resultados e Discussão
de ração e aumento da mortalidade. Os dados de desempenho das pin-
tainhas submetidas a diferentes tipos
de densidades populacionais de 4 a 6
semanas de idade são encontrados na
Material e Métodos Tabela 1. O peso corporal e o ganho
O experimento foi conduzido na Granja de peso das mesmas submetidas aos
Mantiqueira localizada no município de diferentes tratamentos diferiram sig-

Anais SIAVS 2015 - Avaliação de diferentes densidades populacionais sobre o desempenho de poedeiras...
- 370 -
nificativamente entre si (P<0,05). Ve- Garcia, et al. (2003) estudaram o efeito
rificou-se que as aves com densidade da taxa de lotação em gaiola de poe-
de 509 cm²/ave (11 aves/gaiola) obti- deira semi-pesada durante a fase de
veram ganhos superiores durante esse cria e recria e não constataram preju-
período. Observou-se um peso corpo- ízos no ganho de peso e peso vivo das
ral médio de 332g para densidades de aves aos 112 dias, com o aumento da
11 aves por gaiola, respectivamente. densidade.

Tabela 1. Efeito de diferentes densidades sobre o desempenho de poedeiras na fase de recria da


4ª a 6ª semana de idade.
Densidades Peso Ganho de
Peso inicial (g) Uniformidade
(cm²/ave) corporal (g) peso (g)
294 110 317 b 207 b 75,96 a
329 110 316 b 207 b 76,07 a
373 110 317 b 207 b 71,55 a
430 110 321 b 212 b 69,23 a
509 110 332 a 222 a 76,81 a
Significância ns * * ns
CV (%) 3,08 4,70 17,91
Equações de regressão R²
Peso corporal Y= 293,76 + 0,0704x 0,84
Ganho de peso Y=184,09+0,0703x 0,83
Médias seguidas da mesma letra na coluna não diferem estatisticamente pelo teste Student
Newman Keuls (SNK) ao nível de 5% de probabilidade.

Para resultados de uniformidade não de, sem que ocorram prejuízos em seu
houve interação significativa (P>0,05) desempenho.
entre as diferentes densidades estuda-
das. Pavan, (2005) não observou efeitos
significativos da densidade nas gaiolas
sobre peso vivo, ganho de peso, con- Conclusão
sumo de ração, conversão alimentar e Nas condições em que a pesquisa foi
uniformidade das aves, sugerindo que realizada, a utilização de densidade de
poedeiras semipesadas podem ser cria- 509 cm²/ave obtiveram melhores resul-
das em densidade de até 210 cm² por tados para os parâmetros avaliados de 4
ave no período de 0 a 6 semanas de ida- a 7 semanas de idade.

Anais SIAVS 2015 - Avaliação de diferentes densidades populacionais sobre o desempenho de poedeiras...
- 371 -

Referências bibliográficas

BARBOSA FILHO, J.A.D.; SILVA, I.J.O.; SILVA, M.A.N. et GARCIA, E. A. et al. Efeito da taxa de lotação da
al. Avaliação dos comportamentos de aves poe- gaiola nas fases de cria e de recria sobre o de-
deiras utilizando sequencia de imagens. Enge- sempenho de frangas semi pesadas na fase de
nharia Agrícola, v.27, n.1, p.93-99, 2007. recria In: Conferência Apinco, 2003, Campinas.
BARBOSA FILHO, J. A. D. Avaliação do Bem-Estar Anais...Campinas: Fundação Apinco de Ciência e
de Aves Poedeiras em Diferentes Sistemas de Tecnologia Avícola, 2003. p. 6.
Produção e Condições Ambientais, Utilizando PAVAN, A. C. et al. Efeito da Densidade na Gaiola so-
Análise de Imagens. 2004. Dissertação (mestra- bre o Desempenho de Poedeiras Comerciais nas
do) - Escola Superior de Agricultura Luiz de Quei- Fases de Cria, Recria e Produção. Revista Brasilei-
roz, Piracicaba, SP, 2004. ra de Zootecnia., v.34, n.4, p. 1320-1328, 2005.

Anais SIAVS 2015 - Avaliação de diferentes densidades populacionais sobre o desempenho de poedeiras...
- 372 -

AVALIAÇÃO DE DIFERENTES DENSIDADES


POPULACIONAIS SOBRE O DESEMPENHO
DE POEDEIRAS LEVES EM FASE DE RECRIA COM
7 A 9 SEMANAS DE IDADE

A Romani1*; LSE Santo2; JM Tavares2;


GSS Corrêa3; JGC Junior3; GMM Silva4; BS Santos5;
FP Sartor6
1
*Mestranda pelo Programa de Pós-Graduação em
Ciência Animal – UFMT, Cuiabá/MT
Mestranda(o) pelo Programa de Pós-Graduação em
2

Ciência Animal – UFMT,Cuiabá/MT


Professor(a) Adjunto(a) ao Programa de Pós-Graduação em
3

Ciência Animal–UFMT, Cuiabá/MT


4
Médico Veterinário e Gerente Técnico da Granja Mantiqueira,
Primavera do Leste/MT
5
Graduanda de Bacharelado em Zootecnia pelo IFMT –
São Vicente/MT
6
Médico Veterinário da Granja Mantiqueira,
Primavera do Leste/MT

cage) where obtained higher gains du-


Abstract ring this period. For uniformity of results
In order to evaluate performance of chi- there was no significant interaction (P>
ckens 7-9 weeks old, were submitted to 0.05) between the different densities
different accommodation densities 750 studied.
pullets in a completely randomized de-
sign with five treatments and 10 repeti-
tions with 11, 13, 15, 17 and 19 birds per
cage. Were evaluated weight gain, body Introdução
weight and uniformity thereof. Body A avicultura desenvolveu muito nos úl-
weight and weight gain of pullets differ timos anos, buscando novos sistemas
significantly (P <0.05) in the group with de criação, visando maior produtivi-
density area of 509 cm² / bird (11 birds / dade em menor tempo, passando por

Anais SIAVS 2015 - Avaliação de diferentes densidades populacionais sobre o desempenho de poedeiras...
- 373 -
processo de evolução técnica na gené- Material e Métodos
tica, alimentação, manejo e sanidade, O experimento foi conduzido na Gran-
fatores considerados sustentáculos da ja Mantiqueira localizada no município
avicultura como atividade econômica de Primavera do Leste – MT. As frangas
e importantes na produção de alimen- foram alojadas em galpão convencional
tos para a população (Albuquerque, para cria e recria, equipado com gaiolas
2004) contendo bebedouros do tipo nipple,
e comedouros tipo calha, sendo que a
A consequência de altas densidades água e ração foram fornecidas a vontade.
de criação origina frustração, agressivi-
dade e anormalidades de crescimento. Foram utilizadas 750 frangas da linha-
A União Europeia definiu normas de gem Hy-line com idade de 7 a 9 sema-
densidade de alojamento em gaiolas nas de idade, distribuídas em gaiolas
convencionais para aves leves, de área medindo 80 comp x 70 larg x 40 alt cm,
mínima de 550 cm²/ave. Por outro lado, em delineamento inteiramente casuali-
o espaço considerado viável economi- zado, com 5 tratamentos, sendo 11, 13,
camente para poedeiras leves deve ser 15, 17 e 19 aves por gaiola, ou 294,73;
329,41; 373,33; 430,76; 509,09 cm²/ave
superior a 300 cm²(Abreu, 2006).
com 10 repetições. As aves foram pesa-
Pode-se exemplificar na avicultura mo- das semanalmente para determinação
derna, o sistema intensivo de produção do peso corporal, ganho de peso e cal-
de poedeiras em gaiolas. No entanto, culo de uniformidade.
esse sistema de criação vem recebendo Os dados foram inicialmente verifi-
duras críticas, principalmente na ativi- cados quanto à presença de valores
dade de postura comercial, onde aves discrepantes e testados quanto ao
em gaiolas tornaram-se o símbolo de atendimento das pressuposições de
maus tratos com destaque em campa- homogeneidade das variâncias e nor-
nhas mundiais de defesa animal (Alves, malidade dos erros. Uma vez atendidas
2009). tais pressuposições, os mesmos foram
submetidos à análise de variância pelo
Estudos demonstram que a densida-
procedimento GLM (General Linear
de está diretamente relacionada com
Model) do programa SAS®.
o desempenho, pois quanto maior a
densidade populacional, maior é a difi-
culdade de controlar o ambiente inter-
no do galpão. Na ausência de equipa- Resultados e Discussão
mentos que melhorem o conforto e a Os dados de desempenho das fran-
adaptabilidade das aves, os índices de gas submetidas a diferentes tipos de
produtividade tendem a piorar, devido densidades populacionais de 7 a 9
ao estresse calórico imposto nas aves semanas de idade são encontrados
(Souza et al, 2010). na Tabela 1. O peso corporal e o ga-

Anais SIAVS 2015 - Avaliação de diferentes densidades populacionais sobre o desempenho de poedeiras...
- 374 -
nho de peso das frangas submetidas esse período. Garcia et al (2015) veri-
aos diferentes tratamentos diferiram ficaram efeito significativo em meno-
significativamente entre si (P<0,05). res densidades (562,5 cm²/ave) sobre
Verificou-se que as aves com densi- o consumo de ração, porcentagem
dade de 509 cm²/ave (11 aves/gaiola) de postura, massa dos ovos e conver-
obtiveram ganhos superiores durante são alimentar (kg/kg).

Tabela 1. Efeito de diferentes densidades sobre o desempenho de poedeiras na fase de recria da


7ª a 9ª semana de idade.

Densidades Peso Peso Ganho de


Uniformidade
(cm²/ave) inicial (g) corporal (g) peso (g)
294 110 543 b 433 b 84,56 a
329 110 543 b 433 b 87,05 a
373 110 545 b 435 b 81,11 a
430 110 553 b 443 b 79,48 a
509 110 569 a 460 a 89,84 a
Significância ns * * ns
CV (%) 2,11 2,66 11,31
Equações de regressão R² Densidade
Peso corporal Y= 610,18 – 0,431x + 0,00069x² 1,00 312,31
Ganho de peso Y= 501,96 – 0,439x + 0,0007x² 1,00 313,57
Médias seguidas da mesma letra na coluna não diferem estatisticamente pelo teste Student
Newman Keuls (SNK) ao nível de 5% de probabilidade.

Não houve interação significativa densidade sobre este parâmetro com


(P>0,05) para uniformidade entre as densidades entre 357,14 e 625,00 cm²/
diferentes densidades estudadas. Rios ave.
et al. (2009) constataram melhor con-
versão alimentar (kg/kg) de aves aloja-
das com densidade de 450,0 cm²/ave,
quando comparada a maiores densi- Conclusão
dades de alojamento. Neste estudo, os Nas condições em que a pesquisa foi
valores de conversão alimentar (kg/kg) realizada, a utilização de densidade de
resultados encontrados por Menezes 509 cm²/ave obtiveram melhores resul-
et al (2009), não apresentaram efeito da tados para os parâmetros avaliados.

Anais SIAVS 2015 - Avaliação de diferentes densidades populacionais sobre o desempenho de poedeiras...
- 375 -

Referências bibliográficas

ABREU, P. G. et al. Enriquecimento Ambiental X populacionais. Agrotec – Revista Agropecuária


Densidade como Estratégia de Incrementar o Técnica. v. 36, n. 1, p. 24-29, 2015.
Bem Estar de Poedeiras Pesadas. Comunicado MENEZES, P.C., CAVALCANTI, V.F.T., LIMA, E.R., EVÊN-
Técnico. Concórdia - SC. Dezembro 2006. CIO NETO, J. Aspectos produtivos e econômicos
ALVES, S. P. Legislação Nacional e Internacional de de poedeiras comerciais submetidas a diferentes
Bem-Estar em Aves, 2009. Disponível em: http:// densidades de alojamento. Revista Brasileira de
pt.engormix.com/MA-avicultura/saude/artigos/ Zootecnia, v.38, n.11, p. 2224-2229, 2009.
legislacao-nacional-internacional-bemestar- RIOS, R.L., BERTECHINI, A.G., CARVALHO, J.C.C.,
t150/165-p0.htm. Acesso em: 20 de abril. 2015. CASTRO, S.F., COSTA, V.A. Effect of cage density
ALBUQUERQUE, R. Tópicos importantes na pro- on the performance of 25- to 84-week-old laying
dução de poedeiras comerciais. Avicultura In- hens. Revista Brasileira de Ciência Avícola, v.11,
dustrial, v.1121, n.95, 2004. n.4, p.57-262, 2009.
GARCIA, E. R. M. et al. Desempenho produtivo e SOUZA, I.M.G.P.; et al. Densidade de alojamento de
qualidade de ovos de poedeiras comerciais se- frangos de corte. Anais... In: VI simpósio de ciências
mipesadas criadas em diferentes densidades e VII encontro de zootecnia – Unesp, dracena, 2010.

Anais SIAVS 2015 - Avaliação de diferentes densidades populacionais sobre o desempenho de poedeiras...
- 376 -

SUPLEMENTAÇÃO COM VITAMINA D (25-OHD3)


MELHORA A VIABILIDADE E A PROPORÇÃO DE
CORAÇÃO EM FRANGOS DE CORTE1

GAA Baldo2*, ICL Almeida Paz2, EA Garcia2,


AB Molino3, MS Amadori4, JA Vieira Filho2,
DS Souza2, GS Prado2, UA Generoso2
1
Projeto financiado pela FAPESP Processo 2013/16554-5
2
Faculdade de Medicina Veterinária e Zootecnia da UNESP
(FMVZ/UNESP), Botucatu/SP
3
FMVZ/USP, Pirassununga/SP

Abstract Introdução
The aim of this study was to evaluate Segundo Gaya et al. (2006), a seleção
the performance and the proportion intensa para alto desempenho parece
of heart broilers supplemented with ter promovido mudanças no tamanho
25-OHD3. For this, 2400 broilers males dos órgãos das aves, implicando em
and females were used, and the strains alterações fisiológicas durante o desen-
Cobb®500 Ross®308 added 69 mg of volvimento dos frangos e causando o
25-OHD3/t of feed in the supplemented aumento da mortalidade dos mesmos.
treatments. The birds were evaluated Sabe-se que a vitamina D atua no sis-
for performance and 192 were slau- tema imunológico, protegendo órgãos
ghtered to calculate the proportion of como o coração, no entanto, a influên-
heart. Supplementation with 25-OHD3 cia desta vitamina nas demais caracte-
promoted improvements only to the rísticas deste órgão não é bem conheci-
viability of birds and the proportion of da. Há indícios de que a suplementação
heart. com vitamina D pode ser uma alterna-

Anais SIAVS 2015 - Suplementação com vitamina d (25-ohd3) melhora a viabilidade e a proporção de...
- 377 -
tiva para melhorar o tamanho do co- Este órgão foi pesado e sua proporção
ração de frangos de corte (Michalczuk obtida com base no peso vivo das aves.
et al., 2010). Quanto aos efeitos desta Os resultados obtidos foram avaliados
suplementação no desempenho de utilizando-se programa estatístico SAS
frangos de corte, ora a vitamina D me- 9.2 (2004), submetidos à análise de vari-
lhorou (Fritts & Waldroup, 2005) ora não ância (ANOVA) e as médias comparadas
influenciou (Chou et al., 2009) estas pelo teste de Tukey ao nível de signifi-
características. Sendo assim, o objetivo cância de 5%.
deste estudo foi avaliar o desempenho
e a proporção de coração de frangos de
corte suplementados com vitamina D
Resultados e Discussão
(25-OHD3).
Houve interação (p<0,0047) entre sexo
e linhagem para o consumo de ra-
ção e ganho de peso (Tabela 1), sendo
Material e Métodos que os machos e a linhagem Ross®308
O experimento foi realizado na FMVZ/ apresentaram maior consumo de ra-
UNESP – Botucatu e foram utilizados ção e ganharam mais peso. Resultados
2.400 frangos de corte com um dia de semelhantes foram encontrados por
idade, distribuídos igualitariamente Carvalho et al. (2009), que avaliando o
entre os tratamentos. O delineamen- consumo de ração e ganho de peso em
to experimental adotado foi em blo- frangos de corte no período de 1 à 42
cos casualizados, em esquema fatorial dias, notou superioridade dos machos
2x2x2 (machos e fêmeas, das linhagens em relação as fêmeas. Embora as linha-
Cobb®500 e Ross®308, suplementados gens comerciais de frangos de corte es-
ou não com 25-OHD3), totalizando oito tejam em constantes mudanças quanto
tratamentos, com seis repetições de 50 ao desempenho, em um estudo realiza-
aves cada. As rações foram formuladas à do há 15 anos por Flemming et al. (1999)
base de milho e farelo de soja, seguindo a liderança no consumo de ração e no
as exigências nutricionais de cada fase ganho de peso já era para a linhagem
de criação e foram adicionados 69 mg Ross. Para a característica conversão
(2.760 UI/kg de ração) de 25-OHD3/t de alimentar houve diferença (p<0,0009)
ração nos tratamentos suplementados. para o sexo sendo a pior conversão
O desempenho das aves foi avaliado obtida pelas fêmeas. Estes resultados
pelas características consumo de ração, podem ser atribuídos ao menor ganho
ganho de peso, conversão alimentar e de peso e a maior deposição de gordu-
viabilidade. Aos 43 dias de criação, 192 ra das mesmas em comparação aos ma-
aves (quatro aves/repetição/tratamen- chos. Houve interação (p<0,0072) entre
to) foram pesadas individualmente, linhagem e suplementação com vitami-
abatidas por metodologia semelhante na D para viabilidade das aves. As aves
a comercial e delas retirado o coração. não suplementadas apresentaram pior

Anais SIAVS 2015 - Suplementação com vitamina d (25-ohd3) melhora a viabilidade e a proporção de...
- 378 -
viabilidade que aquelas suplementadas tamina D3 e 2.760 UI de 25-OHD3, sendo
com 25-OHD3. Resultados diferentes fo- este último nível o mesmo utilizado no
ram encontrados por Bresne (2013), que presente estudo. Este aumento na pro-
utilizou a combinação das fontes D3 e porção de coração é satisfatório e pode
25-OHD3 e não encontrou diferença na explicar a melhora na viabilidade das
viabilidade das aves suplementadas. A aves, pois segundo Gaya et al. (2006), o
suplementação com vitamina D (25- intenso melhoramento genético quan-
OHD3) também promoveu aumento to ao desempenho de frangos de corte
(p<0,0376) na proporção de coração provocou mudanças no tamanho, na
(Tabela 2). Em seu estudo Michalczuk forma e na função dos órgãos das aves,
et al. (2010) observaram aumento no implicando em alterações fisiológicas
peso do coração de frangos de corte, importantes e causando o aumento da
ao suplementá-los com 1.240 UI de vi- mortalidade das mesmas.

Tabela 1. Desempenho de frangos de corte no período de 1 à 42 dias de criação.


Sexo Média Suplementação Média
Linhagem Macho Fêmea 0 mg/t 69 mg/t
Consumo de Ração Consumo de Ração
Cobb® 500 4.912 Ba 4.229 Bb 4.570 4.595 4.546 4.570
Ross® 308 5.076 Aa 4.703 Ab 4.889 4.842 4.891 4.887
Média 4.994 4.466 4.718 4.718
Ganho de Peso Ganho de Peso
Cobb® 500 2.835 Ba 2.399 Bb 2.617 2.638 2.596 2.617
Ross® 308 2.928 Aa 2.611 Ab 2.769 2.741 2.757 2.749
Média 2.881 2.505 2.689 2.676
Conversão Alimentar Conversão Alimentar
Cobb® 500 1,73 1,76 1,74 1,74 1,75 1,74
Ross® 308 1,73 1,80 1,76 1,77 1,78 1,77
Média 1,73 b 1,78 a 1,75 1,76
Viabilidade Viabilidade
Cobb® 500 99,33 98,45 98,89 98,33 Bb 99,13 Aa 98,73
Ross® 308 97,59 98,57 98,08 97,16 Bb 99,10 Aa 98,13
Média 98,46 98,51 97,74 99,11
Médias seguidas de letras maiúsculas nas colunas e minúsculas nas linhas diferem entre si pelo teste
de Tukey (p<0,05). S = sexo; L = linhagem; Sup = suplementação; CV = coeficiente de variação (%).

Anais SIAVS 2015 - Suplementação com vitamina d (25-ohd3) melhora a viabilidade e a proporção de...
- 379 -
Tabela 2. Proporção de coração (%) de frangos de corte.
Linhagem Média Suplementação Média
Sexo Cobb® Ross®
Proporção de Coração (%) Proporção de Coração (%) 0 mg/t 69 mg/t
Macho 0,061 0,064 0,062 0,062 0,064 0,063
Fêmea 0,062 0,060 0,061 0,059 0,063 0,061
Média 0,062 0,061 0,060 b 0,063 a
Médias seguidas de letras maiúsculas nas colunas e minúsculas nas linhas diferem entre si pelo
teste de Tukey (p<0,05).

Conclusão
A suplementação com 25-OHD3 pro- relacionadas, já que o aumento no peso
moveu melhora apenas para a viabilida- do coração permitiria melhor aporte
de das aves e para a proporção de co- de oxigênio para as aves, diminuindo a
ração. Estas características podem estar mortalidade das mesmas.

Referências bibliográficas

Bresne C. Suplementação da vitamina D3 (cole- ciais de frango de corte - avaliação dos parâme-
calciferol) e 25-OHD3 (25-hidroxi-colecalciferol) tros zootécnicos. Arch.Vet. Sci. 1999; 4(1):57-9.
e problemas locomotores e qualidade óssea em Fritts CA, Waldroup PW. Comparasion of cholecal-
frangos de corte. [Dissertação]. Botucatu (SP): ciferol and 25-hydroxychloecalciferol in broilers
UNESP; 2013. diets designed to minimize phosphorus excre-
Carvalho JCC et al. Desempenho e características tion. J. Appli. Poult. Res. 2005; 14(1):156-166.
de carcaça de frangos de corte alimentados com Gaya LG et al. Aspectos genético-quantitativos de
dietas à base de milho e farelo de soja suplemen- características de desempenho, carcaça e com-
tadas com complexos enzimáticos. Rev. Bras. Zoo- posição corporal em frangos. Ciênc. R. 2006; 36(2).
tec. 2009; 38(2):292-8. Michalczuk M et al. Effectiveness of vitamin D3
Chou SH et al. Effects of supplemental 25-hydro- and calcidiol (25-OH-D3) application in feeding
xycholecalciferol on growth performance, small broiler chickens – production performance and
intestinal morphology, and immune response of meat quality. Polish J. F. N. Sci. 2010; 60(2):121-6.
broiler chickens. Poult.Sci. 2009; 88(11):2333-2341. SAS Institute. 2004. SAS Use1s Guide. SAS Institute
Flemming JS et al. Teste com linhagens comer- Inc., Cary, Nc.

Anais SIAVS 2015 - Suplementação com vitamina d (25-ohd3) melhora a viabilidade e a proporção de...
- 380 -

LINHAGEM, SEXO, PESO E ESPONDILOLISTESE


PODEM INFLUENCIAR A FREQUÊNCIA DE GAIT SCORE
EM FRANGOS DE CORTE1

ICL Almeida Paz2; GAA Baldo2;


MS Amadori3; EA Garcia3; AB Molinho4;
RG Garcia2; JA Vieira Filho2; FR Caldara3; JN
Sakoda2
1
Projeto financiado pela FAPESP (Processo nº2013/16554-5)
2
Faculdade de Medicina Veterinária e Zootecnia – UNESP, Botucatu/SP
3
Faculdade de Ciências Agrárias – UFGD, Dourados/MS
4
Faculdade de Medicina Veterinária e Zootecnia - USP, Pirassununga/SP

ABSTRACT Introdução
An experiment was conducted to de- O gait score em frangos de corte, defi-
termine the influence of strain, sex, wei- nido como um índice para verificação
ght and spondylolisthesis in gait score da locomoção das aves vem historica-
of broilers. For this, 2400 male and fe- mente se tornando preocupação nos
male broilers, with one-day-old, of two processos produtivos, pois está relacio-
commercial strains were housed an nado ao bem-estar. Este sistema é bem
experimental facility, and reared until sucedido, pois pode ser feito de manei-
41 days. At 40 days, 100% of the birds ra rápida e prática, sem utilização de
were assessed for gait score. Subse- equipamento especializado. Apresenta
quently were weighed and slaughtered várias vantagens, podendo se desta-
to evaluate spondylolisthesis. It was ob- car o fato de não ser invasivo, além da
served that the strain, sex, weight and possibilidade de ser feito em grande
frequency of spondylolisthesis influen- número de aves em um curto espaço
ce the gait score. de tempo (Webster et al., 2008). Já a

Anais SIAVS 2015 - Linhagem, sexo, peso e espondilolistese podem influenciar a frequência de gait score...
- 381 -
espondilolistese é uma patologia que corporais foram mensurados antes do
atinge, geralmente, a quarta vértebra abate, que foi realizado seguindo o pro-
torácica em frangos de corte. É caracte- cedimento semelhante ao comercial.
rizada por um deslizamento da mesma Para a avaliação da espondilolistes ser-
e, consequente, rotação de sua extremi- rou-se sagitalmente a coluna vertebral
dade posterior, voltando-se para cima. das aves para avaliação macroscópica
Este processo resulta em compressão (Paixão et al., 2007). Atribui-se escores
da medula espinhal e possível paralisia 0 para as aves sem espondilolistese, ou
parcial ou total dos membros pélvicos seja, quando as vértebras se situavam
(Alves, 2013). Estes problemas estão em seu eixo normal, sem compressão
associados à locomoção e podem se da medula, no entanto, quando as 4ª
agravados com o aumento do peso dos e 5ª vértebras torácicas comprimiram
frangos de corte. a medula, atribuiu-se o escore 1 (pre-
sença de espondilolistese). Os dados
de peso ao abate foram submetidos
à ANOVA e comparados pelo teste de
Material e Métodos
Tukey (5%), utilizando-se o Proc Mixed
O experimento foi desenvolvido em do programa SAS 9.2 (2004). Já os dados
aviário experimental. Na ocasião foram de gait score foram comparados pelo
utilizados 2400 pintos de um dia, da li- teste de Qui-Quadrado (5%) e os dados
nhagem Cobb®500 (600 machos e 600 de espondilolistese pelo teste exato de
fêmeas) e Ross®308 (600 machos e 600 Fisher (5%), utilizando-se o Proc Freq do
fêmeas). O delineamento utilizado foi mesmo programa.
inteiramente casualizado, alocado em
esquema fatorial 2x2 (duas linhagens
e dois sexos). Todas as aves receberam
ração isonutritivas, água ad libitum e Resultados e Discussão
foram criadas com densidade popula- A frequência de gait score foi influencia-
cional de 11,11 aves/m2. Aos 40 dias de da pelo sexo e pela linhagem das aves
idade foi realizada a avaliação de gait (p<0,0001), verificou-se que as fêmeas
score considerando-se uma escala de caminham melhor que os machos, com
três pontos assim, foi atribuído escore frequência maior de GS 0. Este compor-
0 (GS 0) para aves sadias, que caminha- tamento também foi evidenciado para
ram normalmente; escore 1 (GS 1) para a linhagem Ross, que apresentou me-
aves que apresentaram problemas de lhores resultados para as avaliações de
locomoção claramente aparentes, po- gait score (Tabela 1). Segundo Moreira
rém, capazes de se locomover; escore et al. (2003) os machos apresentam o
2 (GS 2) para aves que apresentaram caminhar piorado em relação às fêmeas
graves problemas motores, se locomo- e isto pode ser agravado em função da
vendo somente quando muito estimu- linhagem estudada. Quando avaliou-se
ladas (Webster et al., 2008). Os pesos o peso ao abate verificou-se interação

Anais SIAVS 2015 - Linhagem, sexo, peso e espondilolistese podem influenciar a frequência de gait score...
- 382 -
entre os tratamentos (Tabela 2). Assim, trados por Alves (2013), que relataram
o peso das aves Cobb com GS 2, ou que os machos apresentam maior ro-
seja, que quase não conseguiam andar, bustez de esqueleto e resistência ós-
foi o menor encontrado (p<0,001). Este sea comparados as fêmeas e que estas
comportamento não foi evidenciado sofram mais com a deposição muscular
para a linhagem Ross, em que não hou- que eles. Verificou-se que a linhagem
ve influência dos pesos das aves nas e o sexo não influenciaram o apareci-
frequências de gait scores. Os machos mento da espondilolistese (p>0,2245
com que caminharam melhor tiverem e p<0,1807, respectivamente), já o gait
menores pesos em relação aos melhor score sofreu influência da espondilolis-
com gait scores piorados. Este compor- tese (p<0,0001), sendo que a frequência
tamento não foi mantido para as fême- da mesma foi maior em gait scores mais
as, já que neste sexo as aves que cami- elevados (Tabela 3), resultado seme-
nharam pior apresentaram menor peso. lhante também foi relatado por Alves
Resultados semelhantes foram encon- (2013).

Tabela1. Frequência de gait score em frangos de corte machos e fêmeas de duas linhagens comerciais.
Sexo Linhagem
GS Macho Fêmea Cobb® 500 Ross® 308
0 51,40 b 76,90 a 60,66 b 81,72 a
1 44,18 a 20,00 b 35,09 a 16,40 b
2 4,42 a 3,10 b 4,25 a 1,88 b
Valores seguidos de letras minúsculas nas linhas, diferem entre si pelo teste do Qui-Quadrado
(p<0,05).
Tabela2. Peso ao abate (kg) de frangos de corte machos e fêmeas de duas linhagens comerciais,
em função dos gait scores.
Linhagem Média Sexo
Cobb® 500 Ross® 308 Média
Gait Score Peso vivo ao abate Macho Fêmea
Peso vivo ao abate
0 2,795 Ba 2,609 Aa 2,702 2,832 Ba 2,572 Ab 2,702
1 2,985 Aa 2,784 Aa 2,884 3,067 Aa 2,702 Ab 2,884
2 2,431 Cb 2,813 Aa 2,702 3,109 Aa 2,135 Bb 2,622
Média 2,737 2,735 3,003 2,470
Probabilidade
S L GS S*L S*GS L*GS S*L*GS CV (%)
PA <0,0001 0,9850 0,0096 0,6090 0,0010 0,0048 0,0916 14,54
Para cada fonte de variação, médias seguidas de letras maiúsculas nas colunas e minúsculas nas
linhas diferem entre si pelo teste de Tukey (p<0,05). S = sexo; L = linhagem; CV = coeficiente de
variação; PA = peso ao abate; GS = gait score; CV = coeficiente de variação (%).

Anais SIAVS 2015 - Linhagem, sexo, peso e espondilolistese podem influenciar a frequência de gait score...
- 383 -
Tabela 3: Frequência de espondilolistese para frangos de corte machos e fêmeas de duas linha-
gens comerciais em função dos gait scores.
Sexo Linhagem Gait score
ESP Macho Fêmea Cobb® 500 Ross® 308 0 1 2
0 75,00 69,57 68,57 81,25 77,78 b 94,74 a 35,71 c
1 25,00 30,43 31,43 18,75 22,22 b 5,26 c 64,29 a
Teste exato de Fisher (p<0,05). ESP = espondilolistese.

Conclusão piora na forma de caminhar dos ma-


A frequência de gait score é diferente chos. Assim como, a prevalência de es-
para frangos de corte machos e fêmeas, pondilolistese, independente do sexo e
sendo que os machos tendem a cami- da linhagem, tem-se mostrado um fator
nhar pior. O aumento no peso corporal importante para o aumento na frequ-
também é um fator importante para a ência de gait scores ruins.

Referências bibliográficas

Paixão TA, Ribeiro BRC, Hoerr FJ, Santos RL. Espon- Validation of a three-point gait scoring system for
dilolistese em frango de corte no Brasil. Arq. Bras. field assessment of walking ability of commercial
Med. Vet. e Zootec. 2007. 59 (2):523-526. broilers. J. Appl. Poul. Res. 2008; 17:529–539.
Moreira J, Mendes AA, Garcia EA, Oliveira RP, Garcia Alves MCF. Condição de equilíbrio e problemas
RG, Almeida Paz ICL. Avaliação de desempenho, ren- locomotores em frangos de corte. [Dissertation].
dimento de carcaça e qualidade da carne do peito Dourados (MS): Universidade Federal da Grande
de frangos de linhagens de conformação versus con- Dourados; 2013.
vencionais. Rev. Bras. Zootec. 2003. 32 (6):1663-1673. SAS Institute. 2004. SAS Use1s Guide. SAS Institute
Webster AB, Fairchild BD, Cummings TS, Stayer PA. Inc., Cary, N.C., USA.

Anais SIAVS 2015 - Linhagem, sexo, peso e espondilolistese podem influenciar a frequência de gait score...
- 384 -

EFFECT OF SLAUGHTER WEIGHT ON GROWTH


PERFORMANCE AND CARCASS TRAITS OF
IMMUNOLOGICALLY CASTRATED PIGS FED
RACTOPAMINE

TM Bertol1*; JI dos Santos Filho1; A Coldebella1;


AL Marinho2
Embrapa Suínos e Aves, Concórdia/SC
1

2
Universidade Federal Rural de Pernambuco, Depto. de Zootecnia, Recife/PE

gra. O peso de abate com maior lucro


Resumo para o produtor depende do custo da
Foi conduzido um experimento com o ração e do sistema de pagamento.
objetivo de avaliar o efeito do peso de
abate sobre o desempenho e caracte-
rísticas de carcaça de suínos machos
imunocastrados (MIC) alimentados Introduction
com ractopamina. Foram utilizados The slaughter of heavy pigs (140 kg)
45 suínos (23,16±1,64 kg e 59,83±3,49 shows advantages compared to the
dias) para avaliar três diferentes pesos slaughter of pigs at lighter weight, due
de abate: 120, 130, e 140 kg de peso to the greater meat quantity produced
vivo. Não houve efeito do peso de abate per animal, which increases industrial
sobre o ganho de peso diário, eficiên- yield. However, the impairment of feed
cia alimentar, espessura de toucinho e efficiency and the increased fat depo-
porcentagem de carne magra. Foi con- sition in the carcass may pose barriers
cluído que, aumentando-se o peso de to the increase of slaughter weight. The
abate de suínos MIC alimentados com MIC keep partially the advantages of
ractopamina, de 120 para 140 kg não boars regarding to growth performan-
afetou negativamente o desempenho ce and carcass quality, without the pro-
e a qualidade da carcaça e dos cortes blems of meat quality caused by sexual
em relação à proporção de carne ma- odor (Zamaratskaia et al., 2008; Brunius

Anais SIAVS 2015 - Effect of slaughter weight on growth performance and carcass traits of immunologically...
- 385 -
et al., 2011). In addition, ractopamine is a (Guidoni et al., 2007): LMP = 58.408 –
feed additive that induces the improve- (0.5886 * backfat thickness) + (0.1739 *
ment of feed efficiency and lean meat loin depth) – (0.0189 * hot carcass wei-
percentage in the carcass in an additive ght). Six carcasses per slaughter weight
manner with immunologically castra- were selected for evaluation of weight
tion (Lowe et al., 2014), broadening the and yield of cuts (ham, shoulder, loin,
possibilities of slaughtering heavy pigs. and belly) and its fractions: meat (in-
Therefore, the aim of this study was to cluding part of subcutaneous fat), fat
evaluate the effect of slaughter weight (subcutaneous), skin and bones. The
on growth performance and carcass data were submitted to the variance
traits of MIC pigs fed ractopamine. analysis using the GLM procedure of
SAS, including the effects of block and
slaughter weight. Polynomial contrasts
of first and second order were tested
Material and methods
(P>0.10), using as independent variable
Forty five entire male pigs (genotype the observed average slaughter weight.
MS-115xF1), weighing 23.16±1.64 kg
and aged 59.83±3.49 days were used.
The pigs were allotted in number of
three per pen (experimental unit) ac- Results and discussion
cording to the initial weight (block), in There was no effect (P>0.10) of slaughter
an experiment with completely ran- weight on average daily gain and feed
domized block design and five pens efficiency, however, average daily feed
per treatment. Three target slaughter intake increased linearly (P<0.04) with
weight were evaluated: 120, 130 and increasing slaughter weight (Table 1).
140 kg of live weight. The pigs were When evaluating the effect of slaugh-
immunologically castrated using two ter weight in gilts and barrows from the
doses (2 mL each) of specific vaccine same genotype, Bertol et al. (2014) obser-
(Vivax, Pfizer Animal Health), at 56 and ved the same results for daily gain and
28 days before slaughter. The diets were feed intake, however, in that study, feed
supplemented with 5 and 10 ppm of efficiency was significantly decreased
ractopamine in the final two 14-day pe- with increasing slaughter weight. There
riods, respectively, before slaughter. The was no effect (P>0.10) of slaughter wei-
animals were fed ad libitum until 80 kg ght on backfat thickness, loin depth, and
live weight. After this weight the feed lean meat percentage. These results dif-
was controlled at the level of 90% of ad fer from other authors, which found re-
libitum intake. The slaughter was done duction of lean meat percentage in bo-
in a commercial slaughterhouse after ars (Fàbrega et al., 2011) or barrows and
18 hours of fasting and three hours of gilts (Bertol et al., 2014) with increasing
lairage. The lean meat percentage was slaughter weight, which can be imputed
estimated according to the equation to the range of weight evaluated, nutri-

Anais SIAVS 2015 - Effect of slaughter weight on growth performance and carcass traits of immunologically...
- 386 -
tional composition of the diets, effect with pigs slaughtered at an average wei-
of ractopamine, and sex. These results ght of 132.30 kg. The reduction of 15% in
demonstrate the potential of immuno- the price of feed increases the slaughter
logically castrated pigs for maintaining weight with the best profit to 145.5 kg.
carcass quality even when slaughtered
in heavy weights. The weight of cuts and
its fractions increased linearly (P<0.01
Conclusions
to P<0.0001) with increasing slaugh-
ter weight, but the yield of the pooled Increasing the slaughter weight from
cuts and its fractions were not affected 120 to 140 kg did not negatively impact
(P>0.10). Therefore, increasing slaughter growth performance and the propor-
weight from 120 to 140 kg increased the tion of lean meat in the carcass. There-
quantity of meat in the carcass without fore, it is possible to slaughter immuno-
affecting its yield. Despite the heavy logically castrated pigs fed ractopamine
weight, none of the carcasses from this at heavy weights without impairing
study was condemned by the Federal growth performance and carcass qua-
lity. The weight of slaughter with best
Service of Inspection regarding the size
profit for the producer depends on the
of testicles or sexual odor. For the prices
cost of feed and the payment system.
effective in March 2015 in Santa Catarina,
the highest profit per kg was obtained Bertol, T.M.; Santos Filho, J.I. dos; Coldebella, A.; Ma-

Table 1: Effect of slaughter weight on performance and carcass traits of immunologically castra-
ted pigs (mean ± standard error).
Target slaugh-
Variable Prob. F
ter weight, kg
120 130 140 Treat Lin Quad
Initial weight, kg 23.11 ± 0.79 23.10 ± 0.65 23.29 ± 0.72 0,43 - -
Final weight, kg 119.6 ± 3.28 132.3 ± 3.23 145.4 ± 1.79 - - -
Final age, days 162.8 ± 0.49 176.2 ± 0.53 190.9 ± 0.32 0,0001 0.0001 0.003
Average daily gain, kg 0.938 ± 0.017 0.935 ± 0.019 0.934 ± 0.010 0,98 - -
Average daily feed intake, kg 2.13 ± 0.039 2.21 ± 0.019 2.30 ± 0.051 0,07 0,04 0,23
Feed efficiency 0.441 ± 0.010 0.424 ± 0.009 0.408 ± 0.012 0,23 - -
Hot carcass weight, kg 86.47 ± 1.88 94.17 ± 2.68 101.6 ± 1.50 0,001 0,0002 0,80
Hot carcass yield, % 71.08 ± 0.46 71.06 ± 0.32 71.61 ± 0.14 0,54 - -
Backfat thickness P2, mm 14.27 ± 0.85 14.11 ± 0.84 16.29 ± 0.40 0,19 - -
Loin depth, mm 60.99 ± 3.12 61.51 ± 2.11 67.28 ± 1.00 0,12 - -
Lean meat percentage 58.99 ± 1.01 59.01 ± 0.75 58.61 ± 0.29 0,93 - -
Weight of pooled cuts, kg 79.41 ± 1.18 86.29 ± 1.15 95.30 ± 1.26 0,0001 0.0001 0.28
Yield of pooled cuts, % 93.26 ± 0.28 93.87 ± 0.41 92.82 ± 0.42 0,49
Meat yield of cuts, % 68.68 ± 0.63 69.32 ± 0.97 67.15 ± 0.93 0,44 - -
Cost/kg of live pig, R$/kg 2.878 2.850 2.855 - -
Profit per year1, R$ 6.039,01 13.597,05 12.021,19
1
Simulation with lots of 750 pigs Treat= treatment; Lin= linear; Quad = quadratic

Anais SIAVS 2015 - Effect of slaughter weight on growth performance and carcass traits of immunologically...
- 387 -

List of references
rinho, A.L. Growth performance, carcass traits and tidade de Carne de Carcaça Suínas e Suas
pork quality of pigs fed ractopamine and slaugh- Partes. Relatório Técnico. Concórdia, SC: Embra-
tered between 100 and 145 kg. In: 51ª Reunião pa Suínos e Aves, 2007.
Annual da Sociedade Brasileira de Zootecnia. Bar-
Lowe, B.K.; Gerlemann, G. D.; Carr, S. N.; Rincker, P. J.;
ra dos Coqueiros, SE, SBZ, 2014. Anais.
Schroeder, A. L.; Petry, D. B ; McKeith, F. K.; Allee, G. L.;
Brunius, C.; Zamaratskaia, G.; Andersson, K.; Chen, Dilger, A. C. Effects of feeding ractopamine hydro-
G.; Norrby, M.; Madej, A.; Lundstrom, K. Early immu-
chloride (Paylean) to physical and immunological
nocastration of male pigs with Improvac® – Ef-
castrates (Improvest) in a commercial setting on
fect on boar taint, hormones and reproductive
organs. Vaccine, v.29, p.9514-9520, 2011. growth performance and carcass characteristics.
Journal of Animal Science, v.92, p.3727-3735,
Fàbrega, E.; Gispert, M.; Tibau, J.; Hortós, M.; Oliver,
2014.
M.A.; Font i Furnols, M. Effect of housing system,
slaughter weight and slaughter strategy on car- Zamaratskaia, G.; Andersson, H.K.; Chen, G.; An-
cass and meat quality, sex organ development dersson, K.; Madej, A.; Lundstrom, K. Effect of
and androstenone and skatole levels in Duroc a gonadotropin-releasing hormone vaccine
finished entire male pigs. Meat Sci., v.89, p.434- (Improvac™) on steroid hormones, boar taint
439, 2011. compounds and performance in entire male
Guidoni, A. L.; DallaCosta, O.A.; Bertol, T.M. Predito- pigs. Reproduction of Domestic Animals, v.43,
res e Predição do Peso, Porcentagem e Quan- p.351-359, 2008.

Anais SIAVS 2015 - Effect of slaughter weight on growth performance and carcass traits of immunologically...
- 388 -

DESEMPENHO DE FRANGAS COMERCIAIS


SUBMETIDAS A MÉTODOS DE DEBICAGEM

AB Molino1*; EA Garcia2; R Albuquerque1;


JA Vieira Filho2; GAA Baldo2; ICL Almeida Paz2;
DS Souza2
*Bolsista Pós Doc Fundação de Amparo à Pesquisa do
Estado de São Paulo, processo: 2013/08332-2.
1
Departamento de Nutrição e Produção Animal – FMVZ –
USP – Pirassununga/SP
Departamento de Produção Animal - FMVZ-
2

Unesp – Botucatu/SP

Abstract preserved 5.70; 6.60 and 8.00 mm beak,


To search beak trimming methods that in moderate light and extra light, res-
improve welfare of the birds with good pectively, and Birds trimmed at ten we-
performance results and decrease of eks if preserved 5.80; 7.10 and 9.50 mm
cannibalism during the rearing pe- beak at moderate, light and extra light,
riod, were used 840 layers distributed respectively. The characteristics evalua-
in a completely randomized design in ted were: feed intake, body weight, wei-
a factorial 2x2x3, two beak trimming ght gain, feed conversion, uniformity,
methods in the initial phase (radiation viability and cannibalism frequency. It is
infrared and hot blade), two second recommended the first beak trimming
beak trimming ages (6 and 10 weeks) performed on the hatchery by infrared
and three types of beak trimming (ex- radiation moderately (with radiation re-
tra light, light and moderate), with 12 aching the 3 ± 0.4 mm from the nostril),
treatments and 5 repetitions of 14 birds and second beak trimming performed
each. Birds trimmed at six weeks it was at six weeks of age with extra light beak

Anais SIAVS 2015 - Desempenho de frangas comerciais submetidas a métodos de debicagem


- 389 -
trimming (without pecking, preserving gando a efetuar o corte do bico às 10-12
8 mm of beak) because it was possib- semanas de idade com cortes a dois mi-
le to combine the improvement of the límetros da narina, causando queda no
welfare of the birds with maintaining desempenho, dor e estresse às aves.
the performance there of.
Diante do exposto, o objetivo da reali-
zação desta pesquisa foi comparar os
métodos de debicagem por radiação in-
Introdução fravermelha e lâmina quente na fase de
A debicagem é uma prática de manejo cria, associados à duas idades e três tipos
que tem sido comumente empregada (repasse, leve e moderada) para realiza-
pela indústria avícola para reduzir o ca- ção da segunda debicagem quanto aos
nibalismo, arranque de penas, bicagem resultados de desempenho e presença
de ovos, desperdício de ração e mor- de canibalismo durante a fase de recria.
talidade e é realizada através de uma
lâmina quente que promove o corte e
cauterização do bico. Porém, apesar dos
Material e Métodos
benefícios citados, a debicagem con-
vencional se tornou um dos assuntos O experimento foi conduzido na Uni-
mais relevantes entre os defensores do versidade de São Paulo, na Faculdade de
bem-estar animal, já que provoca dor e Medicina Veterinária e Zootecnia - FMVZ
sofrimento às aves. - Campus Pirassununga. Foram utiliza-
das 840 aves da linhagem Lohmann LSL,
A debicagem por radiação infraverme- que foram distribuídas em um delinea-
lha está sendo estudada como possível mento experimental inteiramente ca-
substituta da debicagem convencional sualizado em esquema fatorial 2 x 2 x 3,
por lâmina quente e consiste na expo- sendo dois métodos de debicagem na
sição do bico de pintainhas à luz, que é fase de cria (radiação infravermelha mo-
utilizada para tratar o tecido córneo da derada, preservando 3±0,4 mm de bico
ponta do bico por radiação infraverme- com um dia de idade e lâmina quente
lha. Desta forma, há uma queda gradual moderada, preservando-se 4,4 mm de
do bico, proporcionando tempo para o bico aos sete dias de idade); duas idades
animal se adaptar à alteração de tama- para realização da segunda debicagem
nho e forma do mesmo, o que não é ob- (6 e 10 semanas) e três quantidades de
servado ao se debicar uma ave por meio bico removidas na segunda debicagem
do método de lâmina quente. Devido (repasse, leve e moderada,) com cinco
à falta de pesquisas e informações, os repetições de 14 aves cada.
produtores, preocupados com a possi-
bilidade de surgimento do canibalismo, Nas aves debicadas às seis semanas
principalmente no início da produção preservou-se 5,70; 6,60 e 8,00 mm do
de ovos, acabam por realizar debicagens bico, na debicagem moderada, leve e
tardias e excessivamente severas, che- repasse respectivamente e nas aves de-

Anais SIAVS 2015 - Desempenho de frangas comerciais submetidas a métodos de debicagem


- 390 -
bicadas às dez semanas, preservou-se Resultados e Discussão
5,80; 7,10 e 9,50 mm do bico, na debica- Na Tabela 1 estão apresentados os re-
gem moderada, leve e repasse respec- sultados de desempenho durante a
tivamente. As características avaliadas
fase de recria (6 a 16 semanas). Ressalta-
foram: consumo de ração, peso corpo-
se que devido à ausência de interações
ral, ganho de peso, conversão alimentar,
uniformidade, viabilidade e frequência entre os fatores estudados, estão apre-
de canibalismo. Para avaliação dos re- sentados apenas os efeitos isolados de
sultados foi utilizada a análise de vari- cada fator. Não foi observado canibalis-
ância e para comparação das médias o mo, e também não houve mortalidade,
teste de Tukey (p<0,05), de acordo com portanto esses dados não foram apre-
Ferreira (2000). sentados na Tabela 1.

Tabela 1 Desempenho durante a fase de recria de poedeiras comerciais submetidas a dois méto-
dos de debicagem na fase de cria, duas idades e três tipos de debicagem na fase de recria.
CR tot Peso GDP Unif
Tratamentos CA
(g/ave) (g) (g) (%)
Debicagem cria
Infravermelha 4.207 1.131 689,90 A 6,11 86,31 B
Convencional 4.187 1.121 678,90 B 6,17 92,26 A
Idade debicagem recria
6 Semanas 4.246 A 1.184 A 699,29 A 6,08 B 89,29
10 Semanas 4.148 B 1.069 B 669,50 B 6,21 A 89,29
Tipo debicagem recria
Moderada 3.958 C 1.081 C 636,30 C 6,22 B 83,04 B
Leve 4.221 B 1.132 B 688,26 B 6,14 AB 91,96 A
Repasse 4.412 A 1.167 A 728,57 A 6,06 A 92,86 A
CV (%) 2,44 6,42 3,27 2,46 6,36
Médias seguidas por letras diferentes na coluna (dentro de cada fator) diferem entre si pelo teste
de Tukey (p<0,05). CR tot: consumo de ração no período 6-16 semanas; Peso: peso corporal às 16
semanas; GDP: ganho de peso no período 6-16 semanas, CA: conversão alimentar no período 6-16
semanas e Unif: uniformidade às 16 semanas.

O método de debicagem utilizado na quente apresentaram menor ganho de


fase de cria teve efeito significativo no peso, porém, maior uniformidade que
ganho de peso e na uniformidade às 16 aquelas debicadas por radiação infra-
semanas, sendo que as aves submetidas vermelha. Embora a debicagem por
à debicagem convencional por lâmina radiação infravermelha na cria tenha

Anais SIAVS 2015 - Desempenho de frangas comerciais submetidas a métodos de debicagem


- 391 -
proporcionado uniformidade pior que peso corporal e o ganho de peso fo-
o método convencional, apresentou ram respectivamente 10,3, 7,4 e 12,7%
uniformidade acima de 85%, que é con- menores na debicagem moderada se
siderado ótimo para esta fase. comparada ao repasse e, mesmo nas
aves que sofreram debicagem leve,
A idade da segunda debicagem in- houve redução significativa de 4,3, 3,0
fluenciou o consumo de ração, o peso
e 5,5 % no consumo de ração, peso
corporal, o ganho de peso e a conver-
corporal e ganho de peso, respectiva-
são alimentar. Nota-se que as aves de-
mente, quando comparadas às aves
bicadas às seis semanas tiveram maior
que sofreram o repasse. Com relação
consumo de ração, o que resultou em
à conversão alimentar, as aves subme-
maior peso corporal e maior ganho de
tidas a debicagem moderada tiveram
peso, e, embora tenham consumido
pior conversão alimentar que as sub-
maior quantidade de ração, tiveram
metidas ao repasse, enquanto aquelas
melhor conversão alimentar que as
submetidas a debicagem leve tiveram
aves debicadas às dez semanas. Tendo
conversão alimentar equivalente às de-
em vista que de acordo com o manual
mais. Por fim, quanto à uniformidade, a
da linhagem o peso padrão para 16 se-
manas de idade é de 1.162 g (podendo debicagem moderada proporcionou a
variar de 1.127 a 1.197 g), os resultados pior uniformidade quando comparada
obtidos nesta pesquisa mostram que às demais debicagens.
quanto mais tardia a segunda debi-
cagem, maiores podem ser os danos
sofridos pelas aves, pois estas têm me- Conclusões
nos tempo para se recuperar e podem
Recomenda-se a realização da primeira
chegar à maturidade sexual com pesos
debicagem no incubatório por radia-
muito baixos, o que prejudicaria o de-
ção infravermelha de forma moderada
sempenho durante a fase de produção.
(com a radiação incidindo a 3±0,4 mm
Houve influência do tipo de debica- da narina), e segunda debicagem reali-
gem (moderada, leve e repasse) sobre zada às seis semanas de idade com re-
todos os parâmetros de desempenho. passe de debicagem (sem corte do bico,
O consumo de ração, o peso corporal preservando-se 8 mm do mesmo), pois
e o ganho de peso foram menores nas desta forma foi possível aliar a melhoria
aves que tiveram maior quantidade de do bem estar das aves com manuten-
bico removida. O consumo de ração, o ção do desempenho das mesmas.

Referências bibliográficas
FERREIRA, D. F. Programa Sisvar.exe. Sistema de Análises de Variância. Versão 3.04, 2000.

Anais SIAVS 2015 - Desempenho de frangas comerciais submetidas a métodos de debicagem


- 392 -

MÉTODOS DE DEBICAGEM PARA POEDEIRAS E SEUS


EFEITOS NA FASE DE PRODUÇÃO1

EA Garcia2; TA Santos2; K Pelícia3; AB Molino4;


JA Vieira Filho2; GAA Baldo2; ICL Almeida Paz2;
DS Souza2
1
Projeto financiado pela Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de
São Paulo, processo: 2013/00663-0
Departamento de Produção Animal - FMVZ-Unesp – Botucatu/SP
2

3
Departamento de Zootecnia – UNEMAT- Pontes e Lacerda/MT
4
Departamento de Nutrição e Produção Animal – FMVZ – USP –
Pirassununga/SP

Abstract infrared light, low (42 nm), medium (46


This study was conducted in order to nm) and high (52 nm), with and without
compare the performance of laying hens second beak trimming at 11 weeks and
in the period 17-67 weeks old when sub- four additional treatments: beak trim-
mitted to two beak trimming methods ming by hot blade on the rearing phase
on the initial phase (conventional and in- moderate or severe, with and without
frared radiation) using or not the second second pecking at 11 weeks) totalizing
beak trimming in growing phase. Were 16 treatments with six replications of six
used 576 laying hens in a block design birds / each.Were evaluated feed intake,
randomized factorial 2 x 3 x 2 + 4 (two egg production, egg mass, feed conver-
infrared radiation beak trimming types: sion and viability. In conclusion, infrared
moderate and severe, three intensities of radiation pecking method can be used

Anais SIAVS 2015 - Métodos de debicagem para poedeiras e seus efeitos na fase de produção
- 393 -
as alternative to conventional pecking by Material e Métodos
hot blade because it provided similar per- O experimento foi conduzido na Uni-
formance results in the production phase. versidade Estadual Paulista “Júlio de
Mesquita Filho”, na Faculdade de Me-
dicina Veterinária e Zootecnia UNESP -
FMVZ - Campus Botucatu.
Introdução
Apesar da grande importância da debi- Foram utilizadas 576 aves da linha-
cagem ao setor produtivo avícola, exis- gem Lohmann LSL, que foram distri-
te uma grande deficiência de estudos buídas em um delineamento experi-
relacionados aos métodos de debica- mental inteiramente casualizado em
gem para poedeiras comerciais bem esquema fatorial 2 x 3 x 2 + 4, sendo
como há uma crescente preocupação dois tratamentos de bico por radiação
mundial com o bem estar de animais infravermelha (moderada ou severa,
de produção. Nos últimos anos, alguns preservando 3±0,4 e 2±0,4 mm de
métodos alternativos ao método con- bico respectivamente) com três in-
vencional vêm sendo testados, e o que tensidades de radiação infravermelha
merece destaque é o tratamento de (baixa - 42 nm; média - 46 nm e alta
bico realizado no primeiro dia de vida - 52 nm),realizados no incubatório;
da ave no incubatório. Esta metodolo- realização ou não da segunda debica-
gia consiste na exposição do bico de gem; e quatro tratamentos adicionais:
pintainhas à luz infravermelha, utilizada debicagem convencional por lâmina
para tratar o tecido córneo da ponta do quente ao sétimo dia de vida de for-
bico por radiação infravermelha. Desta ma moderada preservando 4,2 mm ou
forma, há uma queda gradual do bico, severa, preservando 1,8 mm do bico,
proporcionando tempo para o animal com ou sem adoção da segunda de-
se adaptar à alteração de tamanho e bicagem às 11 semanas; preservando
forma do mesmo, o que não é observa- 4,2 mm do bico; totalizando 16 trata-
do ao se debicar uma ave por meio do mentos com seis repetições de sete
método de lâmina quente. aves/cada. As aves foram alojadas em
taxa de lotação de 375 cm2/ave e as
Desta forma, esta pesquisa foi condu- práticas de manejo, programa de luz e
zida com o objetivo de comparar o especificações nutricionais das dietas
desempenho produtivo de poedeiras tiveram como base o guia de manejo
comerciais no período de 17 a 67 se- Lohmann do Brasil® (2011). As carac-
manas de idade, quando submetidas terísticas avaliadas foram: consumo
a dois métodos de debicagem no pe- de ração, produção de ovos, massa de
ríodo de cria (convencional e radiação ovos, conversão alimentar por massa
infravermelha) utilizando-se ou não a de ovos e viabilidade.
segunda debicagem em fase de recria
a fim de buscar melhores condições de Os dados foram submetidos à análise de
bem estar às aves. variância (ANOVA) e as médias compara-

Anais SIAVS 2015 - Métodos de debicagem para poedeiras e seus efeitos na fase de produção
- 394 -
das pelo teste de Tukey a 5% de signifi- debicagem adotado na fase de cria. O
cância, através do pacote computacional mesmo ocorreu com as aves que não
SAEG 9.1 (UFV, 2007). foram submetidas à segunda debica-
gem mas tiveram debicagem severa
na fase de cria, tanto por radiação in-
fravermelha quanto por lâmina quente.
Resultados e Discussão Já as aves que não sofreram segunda
Na Tabela 1 são apresentados os dados debicagem, e foram debicadas de for-
de desempenho. Não houve interação ma moderada na fase de cria através da
entre os fatores estudados. De acordo radiação infravermelha, apresentaram
com os resultados nota-se que não menor consumo de ração, melhor con-
houve influência dos tratamentos so- versão alimentar por massa de ovos e
bre a produção de ovos e não houve maior viabilidade que as aves debicadas
diferenças significativas para nenhu- de forma moderada por lâmina quente.
ma das características ao se comparar
aves submetidas à segunda debicagem Ao se comparar aves debicadas na fase
independentemente do método de de cria, tanto por radiação infraverme-

Tabela 1 Desempenho produtivo de poedeiras comerciais submetidas a métodos de debicagem


nas fases de cria e recria.
Tratamentos de bico
Intensidade Lâmina
2 1
Média 2
Lâmina
1
Média RI
Debicagem quente RI quente
Consumo de ração (g/ave/ dia) Produção de ovos (%)
Sem SD
Média Média Média Média
Moderada 129,23b 144,87a 88,37 88,69
130,65A 138,39A 88,35
Severa 132,07 131,90 87,98 88,00
Com SD
Moderada 126,40 124,28 88,00 88,20
Severa 125,86 126,13B 127,63 125,96B 89,23 88,62 88,52 88,36
Média 128,39 132,17 88,40 88,35
CA/massa de ovos (g/g) Viabilidade (%
Sem SD
Moderada 2,40b 2,77a 99,4 a 95,5 Bb
2,43A 2,61A 99,1 a 97,5 b
Severa 2,46 2,46 98,8 99,4 A
Com SD
Moderada 2,37 2,30 98,3 98,3
Severa 2,35 2,36B 2,38 2,34B 98,3 98,3 98,8 98,6
Média 2,40 2,47 98,7 98,0
1
Para radiação infravermelha (RI), são apresentadas apenas as médias das intensidades de radiação devido
a ausência de efeito significativo. Médias seguidas de letras maiúsculas na coluna (A, B); e letras minúsculas
na linha (a, b) diferem entre si pelo teste de Tukey a 5% de probabilidade. SD: segunda debicagem.

Anais SIAVS 2015 - Métodos de debicagem para poedeiras e seus efeitos na fase de produção
- 395 -
lha quanto por lâmina quente, inde- resultados de desempenho produtivo
pendentemente de ser moderada ou sem a realização da segunda debica-
severa, nota-se que as aves que foram gem, porém, houve maior desperdício
submetidas à segunda debicagem, ti- de ração, piorando a conversão alimen-
veram menor consumo de ração e me- tar. Desta forma, ao se optar pela reali-
lhor conversão alimentar que as aves zação de apenas uma debicagem, é
que não foram submetidas à segunda preciso diminuir a quantidade de ração
debicagem. mantida nos comedouros a fim de se
evitar esses desperdícios.
É possível notar que houve efeito da
debicagem sobre a viabilidade para
aves que foram debicadas por lâmina
quente na fase de cria e não debicadas Conclusões
na fase de recria, onde as aves que so- A debicagem por radiação infraverme-
freram debicagem moderada na fase lha pode ser utilizada como alternativa
de cria tiveram pior viabilidade que as à debicagem convencional por lâmina
aves debicadas de forma mais severa, quente pois proporcionou resultados
o que está em acordo com Carruthers de desempenho semelhantes na fase
et al. (2012),relataram que debicagem de produção além de proporcionar me-
muito severa pode influenciar no de- lhores condições de bem-estar, porém,
sempenho e bem-estar das aves. há necessidade de novas pesquisas
para que se possa aprimorar este méto-
Analisando-se os resultados da Tabela
do e avaliar a real necessidade da reali-
1, é possível notar que independente-
zação da segunda debicagem.
mente do tipo de debicagem realizado
na fase de cria, é possível manter bons SAEG. Sistema de Análises Estatísticas e Ge-

Referências bibliográficas
néticas (Versão 9.1). Universidade Federal de Leghorns as a result of hot blade trimming or
Viçosa. UFV, Viçosa, MG, 2007. infrared beak treatment. Jornal Applied Poul-
CARRUTHERS C, GABRUSH T, SCHWEAN-LARD- try Research 2012, 21 (3): 645–650.
NER K, KNEZACEK TD, CLASSEN H L, BENNETT C.
On-farm survey of beak haracteristics in White

Anais SIAVS 2015 - Métodos de debicagem para poedeiras e seus efeitos na fase de produção
- 396 -

CONCENTRAÇÕES DE CRIOPROTETORES NO
CONGELAMENTO DE SÊMEN SUÍNO

MQ Santos*; M Schuch; P Moreira; B Hertzberg;


MJ Flach; T Lucia Jr; RG Mondadori; AD Vieira;
I Bianchi
Grupo REPROPEL, Universidade Federal de Pelotas

Abstract (79.1%). Corroborating to these results,


The objective of this study was to CASA analysis revealed higher percen-
evaluate the use of ethilenoglycol (EG) tages of total and progressive motility
and dimethylacetamide (DMA) as alter- in DMA5% than EG2.5%. In conclusion,
native cryoprotectants to glycerol (GLI). DMA5% had better cryoprotective cha-
Semen pool sample from two boars racteristics for boar semen sperm than
was cryopreserved in six different tre- the evaluated concentrations of GLI
atments: GLI2.5%; GLI1.25%; EG2.5%; and EG.
EG1.25%; DMA2.5% and DMA5%. After
thawing, using flow cytometry analy-
sis, DMA5% presented lower (P<0,05)
percentage (17.7%) of membrane and Introdução
acrossome damaged sperms than A criopreservação de sêmen suíno é
GLI 2.5% (33.5%) and EG2.5% (46.6%). uma biotécnica que torna viável o ar-
Apoptosis analysis also revealed that mazenamento de material genético,
DMA5% group had lower percentage sendo utilizada nas granjas que pro-
of apoptotic and damaged membra- duzem reprodutores, especialmente
ne sperms (65.1%), than EG2.5% group quando há necessidade de transporte

Anais SIAVS 2015 - Concentrações de crioprotetores no congelamento de sêmen suíno


- 397 -
internacional. O uso de sêmen suíno Equex-Paste; 20%, v/v, gema de ovo). A
criopreservado determina queda de motilidade espermática mínima após a
20 a 30% nos resultados de taxa de pa- coleta foi de 80%. Após determinação da
rição bem como na diminuição de dois concentração, os ejaculados foram mis-
a três leitões na leitegada, em compa- turados em condições isotérmicas a fim
ração a resultados da monta natural, li- de obter um pool com a mesma quan-
mitando o seu uso comercial (Eriksson tidade de SPTZ de cada reprodutor. Ao
et al., 2002). O glicerol é o crioprotetor diluidor de resfriamento foram adicio-
intracelular comumente utilizado, po- nados glicerol (GLI) e etilenoglicol (EG)
rém, dependendo da concentração, a 2,5% e 1,25%, bem como dimetilace-
tem efeito citotóxico. As pesquisas tamida (DMA) a 5,0% e 2,5%, totalizando
relacionadas ao congelamento de sê- seis tratamentos: GLI 2,5%; GLI 1,25%; EG
men suíno têm buscado crioproteto- 2,5%; EG 1,25%; DMA 2,5% e DMA 5,0%. O
res e procedimentos alternativos, a fim sêmen diluído foi envasado em palhetas
de minimizar as crioinjúrias. Os prin- de 0,25 ml, com 35 x 106 SPTZ móveis/
cipais crioprotetores estudados tem palheta. Após, foi realizada a estabiliza-
sido o etilenoglicol pela sua eficácia na ção durante 90 min a 20°C. Na sequência,
criopreservação de embriões e sêmen foi feita a curva de resfriamento até 5°C
de equinos (Mantovani et al., 2002), en- a taxa de 0,3-0,5°C/min, permanecendo
quanto que as amidas parecem ter po- por 60 min. O congelamento das palhe-
tencial na criopreservação de sêmen tas ocorreu como o seu posicionamento
suíno (Bianchi et al., 2008). horizontalmente, 5 cm acima do vapor
O objetivo deste trabalho foi avaliar o de nitrogênio líquido por 10 min, e, após
efeito de diferentes concentrações de armazenadas em nitrogênio líquido. As
etilenoglicol (EG) e dimetilacetamida doses foram descongeladas a 37°C por
(DMA) frente ao glicerol (GLI), na crio- 30 s. A avaliação da motilidade espermá-
preservação de sêmen suíno. tica pós-descongelamento foi realizada
no sistema automatizado Computer
-assisted semen analysis (CASA) Sperm
Vision® 3.5 (Minitüb GmbH Tiefenba-
Material e métodos ch, Germany). As avaliações do nível de
Dois reprodutores suínos (Landrace x apoptose, funcionalidade mitocondrial,
Large White), de fertilidade conhecida, integridade de membrana plasmática
foram utilizados para 10 coletas de cada e acrossomal foram realizadas em cito-
macho através do método da mão-enlu- metria de fluxo no equipamento Attu-
vada. Em cada coleta foram obtidas alí- ne® Acoustic Focusing Cytometer (Life
quotas de 10 ml da fração rica em esper- Tecnologies, USA), quando foram avalia-
matozoides (SPTZ), sendo diluídas (1:1, das 10.000 células por tratamento e por
v/v) em tubo cônico de 50 ml no diluidor repetição. Os dados obtidos foram ana-
de resfriamento (80%, v/v, de solução de lisados pelo método não paramétrico
lactose a 11%; 0,8%, v/v, Orvus Ex Paste, Kruskal-Wallis (Statistix 9.0®, 2008).

Anais SIAVS 2015 - Concentrações de crioprotetores no congelamento de sêmen suíno


- 398 -
Resultados e discussão cem um mecanismo de crioproteção
Na Tabela 1, destaca-se a menor propor- celular mais eficiente que o glicerol e,
ção de SPTZ com membrana e acros- consequentemente, que o etilenogli-
soma lesados (P<0,05) no tratamento col (Bianchi et al., 2008). Na análise de
DMA 5% em comparação ao Glicerol funcionalidade mitocondrial não houve
2,5% (33,5%) e EG 2,5% (46,6%). Na análi- diferença entre os grupos (P>0,05; Ta-
se de apoptose, apesar da manutenção bela 1). O EG também é um crioprotetor
da integridade da membrana, o percen- intracelular com baixo peso molecular,
tual de células apoptóticas foi superior porém, sua metabolização pode gerar
no grupo DMA 2,5% e mais baixo no subprodutos potencialmente tóxicos,
grupo EG 2,5%, e nesta mesma análise, o isto dependerá da sua concentração,
maior percentual de células com mem- fato este que pode estar relacionado
brana lesionada, ou seja, sem viabilida- ao resultado de um total de 79,1% de
de, foi observado no grupo EG 2,5%, en- células apoptóticas e com membrana
quanto os menores percentuais foram lesada, quando esse crioprotetor foi uti-
nos grupos que utilizaram DMA como lizado a 2,5% (Tabela 1). As avaliações
crioprotetor (Tabela 1). O percentual in- de funcionalidade (Tabela 2) refletem
ferior de células apoptóticas ocorreu no as observações estruturais realizadas
grupo EG 2,5%, pois esse grupo apre- por citometria. O grupo que apresen-
sentou o maior percentual de células tou o maior percentual de células com
com membrana lesionada, enquanto os motilidade total e progressiva foi o
grupos em que se utilizou DMA tiveram DMA 5%, enquanto o menor percentu-
percentuais inferiores de células apop- al foi observado no grupo EG 2,5%. Os
tóticas e com membrana lesionada. A espermatozoides do grupo DMA 5%
DMA é uma amida que possui menor também apresentaram velocidade line-
peso molecular e viscosidade que o GLI, ar progressiva, linearidade e frequência
portanto, tem maior permeabilidade na de batimento flagelar superior.
membrana plasmática, o que lhe per-
mite conferir maior proteção aos danos
celulares ocasionados pelo estresse os-
mótico, tais como lesões na membrana Conclusão
e acrossoma. Além disto, supõe-se que A dimetilacetamida a 5% demonstrou
as amidas possuam uma forma mais possuir maior capacidade crioprotetora
eficaz de coligação com as moléculas para sêmen suíno que o glicerol e o eti-
de água e, consequentemente, ofere- lenoglicol, nas concentrações avaliadas.

Anais SIAVS 2015 - Concentrações de crioprotetores no congelamento de sêmen suíno


- 399 -
Tabela 1: Qualidade do sêmen descongelado avaliados pela citometria de fluxo (Média ± Erro
Padrão).
Avaliação Apoptose (%) Integridade Membrana/Acrossoma (%)
Membrana Acro+ Acro+ Acro- Acro-
Tratamento APOMI NAPOMI
lesada Mem+ Mem- Mem+ Mem-
GLI 2,5% 9,7±0,8cd 66,3±4,2ab 22,4±4,0 21,8±3,8 44,7±2,4ab 5,4x10-4b 33,5±4,4ab
GLI 1,25% 17,6±1,1 ab
58,2±3,9 ab
22,0±3,6 20,8±3,2 54,7±2,4a 6,1x10-4a 24,1±2,6abc
EG 2,5% 4,9±0,8d 74,2±4,2a 17,4±4,0 17,1±4,0 36,5±3,4b 9,7x10-4a 46,6±4,8a
EG 1,25% 10,4±1,3 bcd
63,8±4,0 ab
24,8±3,2 24,3±3,0 46,4±1,9ab 1,7x10-3a 29,0±3,5abc
DMA 5% 17,0±1,6abc 48,1±2,7b 33,3±4,2 31,7±3,9 50,6±2,4a 1,8x10-3a 17,7±1,8c
DMA 2,5% 19,1±1,1 a
51,4±5,8 b
27,9±5,0 28,6 ± 4,3 47,6±1,6ab 2,8x10-3a 23,4±3,8bc
GLI: Glicerol; EG: Etilenoglicol; DMA: Dimetilacetamida. abcd Na coluna diferem (P<0,05).
APOMI: Apoptóticos com membrana íntegra. NAPOMI: Não apoptótico com membrana íntegra.

Tabela 2: Qualidade do sêmen descongelado pelo sistema automatizado CASA (Média ± Erro
Padrão).
Motilidade Motilidade Progressiva (%) VSL STR
Tratamento BCF (Hz)
Total (%) Membrana/Acrossoma (%) (μm/s) (%)
GLI 2,5% 11,7cd 7,6cd 28,4bc 0,57ab 26,9b
GLI 1,25% 12,2cd 7,7cd 26,8bc 0,60ab 27,7b
EG 2,5% 8,2 d
4,8 d
23,4 c
0,52b
24,6b
EG 1,25% 14,6bc 10,4bc 28,1bc 0,59b 27,3b
DMA 5% 22,1 a
16,5 a
39,7 a
0,64 a
30,5a
DMA 2,5% 20,0ab 14,5ab 30,5b 0,61ab 26,0b
Erro padrão 1,5 1,2 2,2 0,03 1,5
GLI: Glicerol; EG: Etilenoglicol; DMA: Dimetilacetamida; Na coluna diferem (P<0,05).
abcd

VSL: Velocidade linear progressiva; STR: Retilinearidade; BCF: Frequência de batimento flagelar.

Referências bibliográficas

BIANCHI, I. et al. Evaluation of amides and centri- MANTOVANI, R. et al. Comparison between gly-
fugation temperature in boar semen cryopreser- cerol and ethylene glycol for the cryopreserva-
vation. Theriogenology, 69, 632–638, 2008. tion of equine spermatozoa: semen quality as-
ERIKSSON, B.M. et al. Field fertility with exported sessment with standard analyses and with the
boar semen frozen in the new FlatPack container. hypoosmotic swelling test. Reproduction Nutri-
Theriogenology, 58, 1065–1079, 2002. tion Development, 42, 217–226, 2002.

Anais SIAVS 2015 - Concentrações de crioprotetores no congelamento de sêmen suíno


- 400 -

DIFERENTES DENSIDADES DE GAIOLA SOBRE O


DESEMPENHO DE POEDEIRAS EM FASE DE RECRIA

LSE Santo*; A Romani 1; JMN Tavares 1;


GSS Correa2; GMM Silva3; FM Vieites4;
BS Vieira5; AV Alves6

* Mestranda do Programa de Pós-Graduação em Ciência Animal –


UFMT, Cuiabá/MT
1
Mestrandos do Programa de Pós-Graduação em Ciência Animal –
UFMT, CuiabáCuiabá/MT
2
Professora Adjunta do Programa de Pós graduação em Ciência
Animal – UFMT, Cuiabá/MT
3
Médico Veterinário, Gerente Técnico Responsável – Granja
Mantiqueira, Primavera do Leste/MT
4
Professor adjunto da Faculdade de Medicina Veterinária- UFJF,
Juiz de Fora/MG
5
Doutorando do Programa de Pós-Graduação em Ciência Animal
– UFMT, Cuiabá/MT
6
Graduando em Zootecnia – IFMT, Santo Antonio do Leverger/MT

lets were individually weighed weekly


Abstrat to determine weight gain and weight
The objective was to evaluate the di- uniformity. Data were analyzed using
fferent densities used in the growth the statistical program and the differen-
phase of laying hens. Were used 750 ces between the averages analyzed by
pullets housed in conventional shed regression testing. There was significant
and distributed in a completely ran- effect (p <0.05) for the variables, body
domized design with five treatments, weight and weight gain when pullets
294.73; 329.41; 373.33; 430.76; 509.09 were created under the lowest popula-
cm² / birds per cage with 10 repetitions, tion density and greater area available,
totaling 50 experimental units. The pul- so the best weight gain rates and body

Anais SIAVS 2015 - Diferentes densidades de gaiola sobre o desempenho de poedeiras em fase de recria
- 401 -
weight for the growth phase can It is neamento inteiramente casualizado
get when pullets are subjected to lower em um galpão convencional de recria
population densities and greater availa- com gaiolas medindo 80 cm de com-
ble area can be 509 cm² / bird. primento x 70 cm de largura x 40 cm de
altura, equipadas com bebedouros do
tipo nipple, e comedouros tipo calha, a
água e ração foram fornecidas a vonta-
Introdução
de. Foram cinco tratamentos, sendo 19,
O aumento das densidades nas fases 17, 15, 13 e 11 aves por gaiola, ou 294,73;
de cria e recria de poedeiras comer- 329,41; 373,33; 430,76; 509,09 cm²/ave,
ciais é uma forma de reduzir custos. A respectivamente com 10 repetições,
densidade de criação tem se tornado totalizando 50 unidades experimentais.
fator de grande importância econô- As aves não receberam luz artificial.
mica, portanto buscar alternativas que
visem criar aves sob adequadas densi- As frangas na fase de recria foram pesa-
dades refletirá em melhores índices de das individualmente e semanalmente
desempenho. E a área por ave alojada para determinação do peso corporal,
exerce influencias sobre o desempe- ganho de peso e uniformidade. Todos
nho da ave podendo causar um efeito os dados obtidos foram analisados por
negativo no peso corporal, além de meio de programa estatístico e em caso
possivelmente prejudicar o bem estar de diferença significativa, as variáveis
das aves, visto que a fase intermediaria estudadas foram analisadas por testes
e final da recria ou pré postura as aves de regressão polinomial.
sofrem mudanças morfológicas e fisio-
lógicas (Avila, 2006).

O objetivo deste trabalho foi avaliar o Resultados e Discussão


efeito da criação em diferentes densi- Houve efeito significativo (p<0,05) para
dades sobre o desempenho de frangas as variáveis, peso corporal e ganho de
Hy-line – W36 na fase de recria. peso quando as frangas foram criadas
sob a menor densidade populacional
e maior área sendo de 509 cm²/ave.
Material e Métodos As variáveis peso corporal e ganho de
peso demonstraram comportamen-
O experimento foi conduzido em gal-
to linear dos dados, ou seja, menores
pão de produção de uma granja co-
mercial localizada no município de Pri- densidades de gaiola e maior dispo-
mavera do Leste - MT. nibilidade por cm²/ave possivelmente
apresentaria melhores resultados para
Foram utilizadas 750 frangas de a 12ª esta variável. Não houve diferença sig-
semana de idade, da linhagem Hy-line nificativa (p>0,05) para uniformidade
W36 que foram distribuídas em deli- tabela 1.

Anais SIAVS 2015 - Diferentes densidades de gaiola sobre o desempenho de poedeiras em fase de recria
- 402 -
Avaliando efeitos das diferentes den- edeiras semi pesadas, o que contraria
sidades (275,86; 250,00; 228,57; 210,52 os resultados encontrados nesta pes-
cm²/ave) na fase de cria sobre a fase quisa, que foi encontrado efeitos signi-
seguinte, Pavan et al. 2005 não obser- ficativos, embora tenham sido empre-
varam efeitos significativos sobre peso gados maiores densidades e poedeiras
vivo e ganho de peso na recria de po- leves.

Tabela 1. Peso corporal, ganho de peso e uniformidade de frangas submetidas a diferentes den-
sidades na fase de recria da 10ª a 12ª semana de idade
Densidades Peso inicial Peso corporal Ganho de peso
Uniformidade
(cm²/ave) (g) (g) (g)
294 110 756 647 82,45
329 110 759 649 85,68
373 110 764 654 82,66
430 110 775 665 85,12
509 110 795 685 87,87
Significância ns * *
CV (%) 2,10 2,46 9,20
Variáveis Equações de regressão R²
Peso corporal Y= 0,181+699,74x 0,96
Ganho de peso Y= 181,80+590,04x 0,96
Ns – não significativo * - significativo pelo teste Student Newman Keuls (SNK) ao nível de 5% de
probabilidade. Densidade/numero de aves: 294 cm²/19 aves; 329 cm²/17 aves; 373 cm ²/15; 430
cm²/13; 509 cm²/11 aves

Conclusão
Melhores índices de ganho de peso e metidas a menores densidades popula-
peso corporal para a fase de recria pode cionais e maior área disponível poden-
ser obtido quando as frangas são sub- do ser 509 cm²/ave.

Referências bibliográficas
AVILA, V. S., COLDEBELLA, A., BRUM, P. A. R. et al. PAVAN, A. C; GARCIA, E. A; MÓRI, C. et al. Efeito da
Densidade de Alojamento e sua Influencia Sobre Densidade na Gaiola sobre o Desempenho de
as Características de Uniformidade de Poedeiras Poedeiras Comerciais nas Fases de Cria, Recria e
Criadas em Piso sobre Cama. Comunicado téc- Produção. Revista Brasileira de Zootecnia., v.34,
nico , Concórdia-SC. 2006. n.4, p. 1320-1328, 2005.

Anais SIAVS 2015 - Diferentes densidades de gaiola sobre o desempenho de poedeiras em fase de recria
- 403 -

DESEMPENHO DE FRANGAS COMERCIAIS


LEVES SUBMETIDAS A DIFERENTES DENSIDADES
DE PRODUÇÃO

LSE Santo*; A Romani1; JMN Tavares1; GSS Correa2;


GMM Silva3; FM Vieites4; AR Arruda5; FP Sartor6
*Mestranda do Programa de Pós-Graduação em Ciência Animal –
UFMT, Cuiabá/MT
1
Mestrandos do Programa de Pós-Graduação em Ciência Animal –
UFMT, Cuiabá/MT
2
Professora Adjunta do Programa de Pós graduação em Ciência Animal –
UFMT, Cuiabá/MT
3
Médico Veterinário, Gerente Técnico Responsável – Granja Mantiqueira,
Primavera do Leste/MT
4
Professor adjunto da Faculdade de Medicina Veterinária
- UFJF, Juiz de Fora/MG
5
Graduando em Zootecnia – IFMT,
Santo Antonio do Leverger/MT
6
Médico Veterinário – Granja Mantiqueira, Primavera do Leste/MT

Abstrat the body weight, weight gain and cal-


The objective was to evaluate different culation of uniformity. Data were analy-
densities in the growing phase of laying zed using statistical program and diffe-
hens. Were used 750 pullets housed in rences between the averages analyzed
conventional shed the growing and by polynomial regression testing. There
distributed in a completely randomized was a linear effect, the measure that in-
design with 5 treatments, and 294.73; creased the number of birds per cage
329.41; 373.33; 430.76; 509.09 cm² / bird and consequently decreased the space
with ten repetitions, totaling 50 experi- (cm² / bird) there was a decrease in the
mental units. The birds were individually variables related to body weight and
weighed once per week to determine weight gain. Best performance results

Anais SIAVS 2015 - Desempenho de frangas comerciais leves submetidas a diferentes densidades de...
- 404 -
are obtained at low densities creation Foram utilizadas 750 frangas de 13 a 15ª
of 509 cm² / bird, with greater availabili- semana de idade, da linhagem Hy-line
ty of area for laying hens in the growing W36 que foram distribuídas em deli-
phase. neamento inteiramente casualizado
em um galpão convencional de recria
com gaiolas medindo 80 cm de com-
primento x 70 cm de largura x 40 cm de
Introdução altura, equipadas com bebedouros do
A avicultura de postura comercial ne- tipo nipple, e comedouros tipo calha, a
cessita de grandes lotes de reposição, água e ração foram fornecidas a vonta-
acarretando altos investimentos nas de. Foram cinco tratamentos, sendo 19,
fases de cria e recria. Em razão das 17, 15, 13 e 11 aves por gaiola, ou 294,73;
constantes evoluções genéticas das li- 329,41; 373,33; 430,76; 509,09 cm²/ave,
nhagens de poedeiras comerciais exis- respectivamente com 10 repetições,
tentes no mercado, que estão cada vez totalizando 50 unidades experimentais.
mais leves e produtivas, (Albuquerque, As aves não receberam luz artificial.
2004).
As frangas foram pesadas individual-
Por isso busca-se cada vez mais desen- mente e semanalmente para determi-
volver sistemas de produção com o in- nação do peso corporal, ganho de peso
tuito de otimizar a produção, tornando e uniformidade. Todos os dados obtidos
necessário estudos na recomendação foram analisados por meio de programa
da melhor densidade populacional de estatístico e em caso de diferença signifi-
poedeiras criadas em gaiolas, visto que cativa, as variáveis estudadas foram anali-
ainda há uma escassez, alem disso ob- sadas por testes de regressão polinomial.
ter melhor compreensão sobre as dife-
rentes densidades e seus efeitos sobre
o desempenho na fase de crescimento
Resultados e Discussão
da poedeira.
Verificou-se um efeito significativo
Neste sentido objetivo desta pesquisa foi (p<0,05) sobre peso corporal e ganho
avaliar as diferentes densidades de gaiola de peso quando as aves foram sub-
sobre o desempenho de poedeiras leves metidas aos tratamentos com meno-
comercais durante a fase de recria. res densidades populacionais e maior
espaço de gaiola, sendo 509 cm²/ave,
correspondente a 11 aves/gaiola, os
dados para tais variáveis sofreram um
Material e Métodos efeito linear, ou seja a medida que se
A pesquisa foi realizada em um galpão aumentou o numero de aves por gaiola
de produção de uma granja comercial e consequentemente diminuiu o es-
localizada no município de Primavera paço (cm²/ave) houve decréscimo nas
do Leste - MT. variáveis referentes ao peso corporal e

Anais SIAVS 2015 - Desempenho de frangas comerciais leves submetidas a diferentes densidades de...
- 405 -
ganho de peso. Quanto à uniformidade cama, em duas densidades (10 e 15 fran-
do lote, não houve diferença significa- gas/m² ou 1,000 e 666 cm²/ave) relatou
tiva (p>0,05), os dados se mantiveram que o aumento do numero por ave alo-
acima dos 80%, estando de acordo com jada pode causar um efeito negativo
o recomendado para a fase de criação no peso corporal, concordando com os
estudada, conforme a tabela 1. resultados obtidos nesta pesquisa, no
que diz respeito a área disponível por
Na pesquisa realizada por com Avilla, ave, e seus efeitos sobre o desempenho
2012, que trabalhou com frangas de 14 já que o autor avaliou em um sistema
a 18 semanas criadas em piso e sobre diferente de criação.

Tabela 1. Peso corporal, ganho de peso e uniformidade de frangas submetidas a diferentes den-
sidades na fase de recria da 13ª a 15ª semana de idade
Densidades Peso inicial Peso corporal Ganho de peso
Uniformidade
(cm²/ave) (g) (g) (g)
294 110 942 832 84,03
329 110 937 827 83,13
373 110 945 835 80,77
430 110 957 848 83,33
509 110 975 865 87,42
Significância ns * *
CV (%) 2,13 2,42 9,20
Variáveis Equações de regressão R²
Peso corporal Y= 0,169 + 885,85x 0,91
Ganho de peso Y= 0,169 + 776,15x 0,91
Ns – não significativo * - significativo pelo teste Student Newman Keuls (SNK) ao nível de 5% de
probabilidade. Densidade/numero de aves: 294 cm²/19 aves; 329 cm²/17 aves; 373 cm ²/15; 430
cm²/13; 509 cm²/11 aves

Conclusão criação 509 cm²/ave, com maior dispo-


Melhores resultados de desempenho nibilidade de área para poedeiras leves
são obtidos em baixas densidades de em fase de recria.

Referências bibliográficas
ALBUQUERQUE, R. Tópicos importantes n produ- densidade na gaiola sobre o desempenho de
ção de poedeiras comerciais. Avicultura Indus- poedeiras comerciais nas fases de cria, recria e
trial, v. 1121, n. 95, 2004. produção. Revista Brasileira de Zootecnia., v.34,
PAVAN, A. C; GARCIA, E. A; MÓRI, C. et al. Efeito da n.4, p. 1320-1328, 2005.

Anais SIAVS 2015 - Desempenho de frangas comerciais leves submetidas a diferentes densidades de...
- 406 -

EFECTO DE LA SUPLEMENTACIÓN CON


CANTAXANTINA SOBRE LAS CARACTERÍSTICAS
DEL SEMEN DE CODORNIZ Coturnix coturnix
japónica EN CONDICIONES DE PRODUCCIÓN RH

RH García*1; RA Suárez2; AG Wills3


1
Docente Avicultura Facultad Ciencias Pecuarias Universidad
UDCA Bogotá, Maestrante, Maestría Ciencias Pecuarias-énfasis avicultura,
Facultad de Medicina Veterinaria y Zootecnia,
Universidad del Tolima;
2
Maestrante, Maestría Ciencias Pecuarias,
Facultad De Medicina Veterinaria y Zootecnia,
Universidad del Tolima;
3
Docente Universidad Nacional de Colombia,
Facultad de Medicina Veterinaria y de Zootecnia
Departamento de Ciencias para la Producción Animal.
Bogotá, Colombia.

motility (Mo), vitality (V), force (Vi), nor-


Abstract mal (N), type of movement (Tm), macro-
The aim of the study was to investigate cephaly (Mc), damaged head ( Dc), bent
the effects of various levels of dietary tail (Cd), abnormal midpiece (Apm),
canthaxanthin supplementation on other alterations (Oa) and total abnor-
quail semen characteristics, 51 ma- malities (At); Data were subjected to sta-
les were evaluated under production tistical analysis using the SAS statistical
conditions, divided into three groups package, the 0.05 significance. Results
randomly (17 per treatment), supple- showed that the effect of cantahaxan-
mented with 0, 13 and 25mg / kg of can- thin presented significant differences
thaxanthin, and collected using abdo- for Vo (0.03 ± 0.03 A, 0.02 ± 0,00b, 0.02
minal massage technique and stimulus ± 0,0b); Co (775.72 ± 745.00 ± 50,95b
female lure. Was collected each bird 66,98a, 668.12 ± 70,04c); pH (6,87a,
three consecutive 4-day intervals be- 6,90b, 6,88a); Mo (73.24 ± 8,8c, 5,11b ±
tween weeks 21 and 22 of age. Evalua- 76.961, 81.00 ± 6,63a); for 0, 13 and 25
ting, volume (Vo), pH, concentration (C), mg / kg of canthaxanthin respectively p

Anais SIAVS 2015 - Efecto de la suplementación con cantaxantina sobre las características del semen de...
- 407 -
<0.05. Observed that supplementation espermática. Ferreira, 2010 El objetivo
had no effect on Vo, Co, pH and Mc, but de este trabajo es conocer el efecto de
at higher doses higher canthaxanthin la suplementación con cantaxantina
Mo, there were also significant differen- sobre las características del semen de
ces for Vi (3.71 ± 0,51c, 3.89 ± 0,38b, 4, 11 codorniz Coturnix coturnix japónica en
± 0,21a); Tm (3.80 ± 0,40b, 3.61 ± 0,49c, condiciones de producción.
4.00 ± 0,00a); V (81.67 ± 7,67b, 1,96a ±
88.53, 89.00 ± 1,67a); N (85.80 ± 2,97b,
2,56b ± 86.80, 89.20 ± 1,33a); Dc (2.20
± 0,40a, 2.24 ± 0,47a, 1.59 ± 0.50 b); Cd Materiales y métodos
(3.61 ± 1,02a, 0,99b ± 3.18, 3.61 ± 0,80a); Se evaluaron 51 machos en condicio-
APM (2.41 ± 0,50a, 0,80a ± 2.41, 2.00 ± nes de producción, distribuidos en tres
0,63b); Or (3.57 ± 2,34a, 2.90 ± 1,56a, grupos al azar (17 por tratamiento), su-
1.61 ± 1,36b); At (± 2,93a 14,18, 13,20 ± plementados con 0, 13 y 25mg/kg de
2,56a, ± 1,67b 11,00), with 0, 13 and 25 cantaxantina, y colectados mediante la
mg / kg of canthaxanthin respectively p técnica de masaje abdominal y estimu-
<0.05. Evidencing that the higher doses lo con hembra señuelo. Se colecto tres
of canthaxanthin were obtained better veces consecutivas cada ave con inter-
results in Vi, Tm, V, N, Dc, Apm, Oa and At. valos de 4 días entre la semana 21 y 22
From the foregoing the use of cantha- de edad. Evaluando, volumen, pH, con-
xanthin supplementation in the diet of centración, motilidad, vitalidad, vigor,
male breeding quail japonica is recom- normalidad, tipo de movimiento, ma-
mended to improve semen quality. crocefalia, daños en cabeza, cola dobla-
da, alteración en pieza media, otras al-
teraciones y anormalidades totales. Los
datos fueron sometidos a análisis esta-
Introducción dístico utilizando el paquete estadístico
Los espermatozoides generan altos SAS, al 0.05 de significancia.
niveles de radicales libres que causan
daños a lípidos de las membranas celu-
lares por peroxidación lipídica llevando
a ruptura de la membrana, disminución Resultados y discusión
de la motilidad y de la capacidad de Como se observa en las tablas 1 y 2 las
penetración, morfología anormal, Pari- dietas suplementadas con cantaxanti-
zadian et al. 2011, Surai et al. 2001 re- na aumentan el porcentaje de esper-
ducción de viabilidad y fertilidad de los matozoides vivos, mejoran el porcen-
espermatozoides. Akhlaghi et al. 2014, taje de motilidad, vigor, vitalidad, tipo
Sarica et al. 2007 El uso de cantaxan- de movimiento espermático. Reducen
tina en gallos reproductores resulta en alteraciones morfológicas de los es-
disminución de anormalidades, mayor permatozoides como alteraciones en
concentración, motilidad y viabilidad cabeza, pieza media, cola doblada de

Anais SIAVS 2015 - Efecto de la suplementación con cantaxantina sobre las características del semen de...
- 408 -
la codorniz Coturnix coturnix japónica. ma. Surai, 2007 El equilibrio entre las
La cantaxantina tiene propiedades an- radicales libres y los antioxidantes en el
tioxidantes, por lo tanto pudo reducir semen de aves es un determinante cla-
la peroxidación lipídica y favorecer la ve de la integridad de la membrana, la
motilidad y vigor de células de esper- viabilidad del esperma. Khan, 2011

Tabla 1. Efecto de cantaxantina en volumen, pH, concentración, motilidad, espermatozoides vivos


normales y factor de calidad del semen fresco de codornices reproductores.
Espermato- Factor de
Cantaxantina Volumen Concentración Motilidad del
pH zoides vivos calidad del
(mg/Kg) (ml) (n x 106 ml ) esperma (%)
normales (%) semen
0 0,03±0,03 a 6,87 775,72±66,98 a 73,24±8,8 c 85,80±2,97 b 19,96
13 0,02±0,00 b 6,90 745,00±50,95 b 76,961±5,11 b 85,80±2,97 b 12,41
25 0,02±0,0 b 6,88 668,12±70,04 c 81,00±6,63 a 81,00±6,63 a 11.91
SEM 0.02787 0.01755 0,01801 0,01801
Valor P 0.9390 <.0001 0,0141 0,0141 19,96
Los valores medios en la misma columna con diferentes letras fueron significativamente diferen-
tes (P <0.05)

Tabla 2. Efecto de la suplementación con cantaxantina en vigor, tipo de movimiento, vitalidad,


porcentaje de espermatozoides con macrocefalia, daños en cabeza, cola doblada, alteraciones en
pieza media, otras anormalidades y anormalidades totales.
Cantaxantina Tipo de movi- Daños en
Vigor Vit Macrocefalia
(mg/Kg) miento cabeza
0 3,71±0,51 c 3,80±0,40 b 81,67±7,67 b 2,41±0,50 a 2,20±0,40 a
13 3,89±0,38 b 3,61±0,49 c 88,53±1,96 a 2,41±0,80 a 2,24±0,47 a
25 4,11±0,21 a 4,00± 0,00 a 89,00± 1,67 a 2,20±0,40 a 1,59±0,50 b
SEM 0.01964 0.01944 0.01081 0.05024 0.04811
Valor P 0.0184 <.0001 0.8760 0.1526 <.0001
Cantaxantina Alteraciones en Otras
Cola doblada Anormalidades
(mg/Kg) pieza media Anormalidades
0 3,61±1,02 a 2,41±0,50 a 3,57±2,34 a 14,18±2,93 a
13 3,18±0,99 b 2,41±0,80 a 2,90±1,56 a 13,20±2,56 a
25 3,61±0,80 a 2,00±0,63 b 1,61±1,36 b 11,00±1,67 b
SEM 0.05488 0.05841 0.1479 0.03846
Valor P 0.0561 0.0047 0.0001 <.0001
Los valores medios en la misma columna con diferentes letras fueron significativamente diferen-
tes (P <0.05)

Conclusiones reproductores de codorniz japónica es


El uso de la suplementación con canta- recomendado para mejorar la calidad
xantina en la alimentación de machos del semen. Estudios sobre el efecto de la

Anais SIAVS 2015 - Efecto de la suplementación con cantaxantina sobre las características del semen de...
- 409 -
suplementación de la dieta con canta- no se han publicado hasta el momento
xantina en las características del semen y, a nuestro entender, el presente infor-
de codorniz Coturnix coturnix japónica me es el primero en este tema.

Referências bibliográficas
Akhlaghi, A., Ahangari, Y., Navidshad, B., Pirsaraei, supplementation on characteristics of rooster se-
Z., Zhandi, M., Deldar, H., Rezvani, M., et al. (2014). men during liquid storage.pdf. Journal of Animal
Improvement in semen quality, sperm fatty acids, and Veterinary Advances, 10(15), 1985-1990.
and reproductive performance in aged Cobb 500 Sarica, S., Corduk, M., Suicmez, M., Cedden, F., Yildirim,
breeder rosters fed diets containing dried ginger M., & Kilinc, K. (2007). The effects of dietary L -Carni-
rhizomes (Zingiber officinale). Poultry Science, 93, tine supplementation on semen traits, reproductive
1236-1244. parameters, and testicular histology of japanese
Ferreira, P. (2010). Cantaxantina e 25 - hidroxicole- quail breeders. J Appl poult res,16, 178-186.
calciferol e seus efeitos sobre os aspectos repro- Surai, P. (2007). Natural antioxidants in poutry
ductivos de galos. Universidade Federal de Santa nutrition. 16th European Symposium on Poultry
Maria Centro De Ciências Rurais. Nutrition (pp. 669-676).
Khan, R. U. (2011). Antioxidants and poultry semen Surai, P., Fujihara, N.,Speawke, B., Brillard, J., Wishart,
quality. World’s Poultry Science Journal, 67(02), G., & Sparks, N. (2001). Polyunsaturated fatty acids,
297-308. doi:10.1017/S0043933911000316 lipid peroxidation and antioxidant protection
Parizadian, B., Ahangari, Y., & Zamani, H. (2011). in avian semen -review-. Asian.Aust. J. Anim. Sci,
Investigation the effects of dietary L - carnitine 14(7), 1024-1050.

Anais SIAVS 2015 - Efecto de la suplementación con cantaxantina sobre las características del semen de...
Sanidade
410 a 421
- 411 -

ECOBIOLOGIA DE HEMOSPORÍDEOS
EM AVES SILVESTRES E DOMÉSTICAS EM
POVOADOS ADJACENTES AO
SÍTIO MIGRATÓRIO DE PANAQUATIRA,
MUNICÍPIO DE SÃO JOSÉ DE RIBAMAR – MA, BRASIL.

JB Silva Filho1; ACG Santos1; FC Lima1;


FA Melo1; CTR Improta2; DP Rios1*, PA
Batista Filho3; FHV Da Silva1
1
Universidade Estadual do Maranhão - UEMA - São Luís/MA
2
Universidade Federal de Santa Catarina – UFSC –
Florianópolis/SC
3
Agência Estadual de Defesa Agropecuária do Maranhão –
AGED/MA

ABSTRACT chickens. It follows that domestic and


The objective was to perform diagnos- migratory birds in captivity of Migratory
tic haemosporídeos in wild migratory site’s proximity villages of Panaquatira
birds in captivity and poultry eight villa- have infection haemosporídeo of spe-
ges adjacent to the Migratory Bird Site cies of the genus Leucocytozoon spp.,
Panaquatira, São José de Ribamar, Ma- Plasmodium spp. and Haemoproteuss-
ranhao, Brazil. We collected 203 blood pp, with infection rates and high parasi-
samples from domestic and wild birds taemia, which may encourage the spre-
migrating in captivity, with 140 samples ad of the disease “Avian Malaria” in rural
of Galliformes and Anseriformes 63, areas. Keywords: Migratory Birds. Eco-
held a blood smear per bird, fixed and biology.Haemosporideos. Maranhão.
stained by Panotic quick method, being
read in microscope with a 40x and 100x.
The results showed that 19.7% of infec-
ted birds were examined for haemos- INTRODUÇÃO
porídeos, and the infection was diag- As aves migratórias são importantes na
nosed ducks, showing 26.08%; Ducks dinâmica de transmissão de parasitas,
with 65.38%; Paturis 33.33% and 12.14% considerando que estes animais têm a

Anais SIAVS 2015 - Ecobiologia de hemosporídeos em aves silvestres e domésticas em povoados adjacentes...
- 412 -
capacidade de percorrer grandes dis- infecção e o índice de parasitemia de-
tâncias, entrando em contato direto terminado por estes haemosporídeos
com outras aves podendo atuar como em Galiformes e Anseriformes.
grandes dispersores globais destes mi-
crorganismos (Reis, 2013). O estado do
Maranhão possui dois sítios de aves mi-
MATERIAL E MÉTODOS
gratórias, um no município de Cururupu
e outro no município de São José de A pesquisa foi desenvolvida em povoa-
Ribamar (GEI, 2005), sendo este último, dos dos municípios de São José de Ri-
próximo a região metropolitana de São bamar - MA e Paço do Lumiar (proprie-
Luís/MA. Nas proximidades do sítio de dade limítrofe) localizados dentro do
Panaquatira, também se encontram es- raio de 10 km do sítio de aves migrató-
tabelecimentos avícolas comerciais de rias de Panaquatira (BRASIL, 2009). Foram
frangos de corte. Além disso, nas proxi- realizadas 8 visitasaos criadores de aves
midades dos referido sítio, são também dos povoados. A colheita de sangue nas
aves migratórias e domésticas foi realiza-
encontrados criadores de aves de sub-
da por meio da punção da veiasdaasa,
sistência, criadas de forma natural, sem
com o auxílio de lancetas para teste tipo
preocupação com o manejo sanitário e
G-Ttech® e agulhas hipodérmicas des-
profilaxia de doenças, agravando o risco,
cartáveis, após perfuração, uma gota de
pela facilidade do contato das aves do-
sangue periférico foi distendida em lâ-
mésticas com as selvagens (AGED, 2014).
minas microscópicas individuais, identi-
A AGED/MA realiza anualmente o mo- ficadas e conduzidas ao laboratório para
nitoramento em propriedades cadas- processamento de fixação e coloração,
tradas e localizadas em um raio de 10 pelo método Panótico Rápido.
km do Sítio de Aves Migratórias de Pa-
A leitura foi realizada em 100 campos
naquatira (São José de Ribamar), o que microscópicos, com objetiva de 40 e
possibilitou a investigação de outros 100x, no qual os estágios eritrocíticos
agentes infecciosos nocivos à sanidade foram quantificados diferencialmente.
das aves, especialmente hematozoá- O projeto foi protocolado e encami-
rios,que podem causar grandes pre- nhado ao Comitê de Ética e Experi-
juízos econômicos e ambientais. Com mentação Animal da Universidade Es-
isso, objetivou-se realizar diagnósticos tadual do Maranhão, sob o registro nº
de haemosporídeos em aves selvagens 023/2014 e autorizado pelo SISBIO sob
migratórias, sob o regime de cativeiro o registro nº 44853-1.
e aves domésticas em povoados pró-
ximos ao Sítio de Panaquatira; identi-
ficando os haemosporídeos em aves
selvagens migratórias em cativeiro que RESULTADOS E DISCUSSÃO
coabitam com aves domésticas; verifi- Os resultados mostraram que 19,7%
cando a prevalência, o índice médio de das aves examinadas estavam infecta-

Anais SIAVS 2015 - Ecobiologia de hemosporídeos em aves silvestres e domésticas em povoados adjacentes...
- 413 -
das para haemosporídeos, sendo que et al (2006) em aves selvagens presen-
a infecção foi diagnosticada em Den- te em um parque de conservação da
drocygnaspp. (marreco), apresentando Colômbia, região neotropical. Esses re-
26,08%; Cairinamoschata (pato) com sultados também se encontram abaixo
65,38%; Nettaeryhrophthalma (paturi) dos índices apresentados por Leite et al
com 33,33% e Gallusgallusdomesticus (2013), que encontraram uma prevalên-
(galinha) com 12,14%. As espécies dos cia de 26,15% em aves selvagens inves-
haemosporídeos encontradas foram do tigadas em uma área de preservação no
gênero Haemoproteus, Leucocytozoon estado do Tocantins.
e Plasmodium. O índice médio de infec-
ção (IMI) foi de 24,06 para Leucocyto-
zoon spp. e de 42 para Plasmodium spp.
em Galliformes. E, de 78 para Leucocyto- CONCLUSÕES
zoon spp. e 216para Haemoproteus spp. Conclui-se que as aves domésticas,
em aves migratórias da ordem dos An- migratórias em cativeiro dos povoa-
seriformes. O índice de parasitemia (IP) dos da proximidade do Sítio das Aves
foi de 0,0361 para Leucocytozoon spp. Migratórias de Panaquatira, São José
e de 0,0084 para Plasmodium spp. em de Ribamar, MA apresentam infecção
galinhas (Galliformes). Enquanto os mar- por haemosporídeo das espécies do
recos apresentaram o IP de 0,0156 para gênero Leucocytozoon spp., Plasmo-
Leucocytozoon spp, os Anseriformes dium spp. e Haemoproteus spp, com
apresentaram o IP para o Haemoproteus índices de infecção e parasitemia ele-
spp. de 0,2773 (pato); 0,0278 (paturi) e vados, o que poderá favorecer a dis-
0,0864 (marreco). O total de positivos foi seminação da doença “Malaria Aviária”,
inferior à prevalência relatada por Bastos no meio rural.

Referências bibliográficas

AGED-MA, Agência Estadual de Defesa Agrope- plantação do Plano Brasileiro para a Prevenção
cuária do Maranhão. Anuário da Defesa Sanitária de uma Pandemiade Influenza. Plano de Preven-
Animal.São Luís: AGED-MA. v.1, 2014. ção à Influenza Aviária em Aves Silvestres e de
BASTOS, N.; RODRIGUES O.A.; MARINKELLE, C.J.; subsistência. MAPA, 2005. Disponível em <http://
GUTIÉRREZ, R. Hematozoariosen aves del Parque www.agricultura.gov.br/arq_editor/file/Aniamal/
Nacional Natural La Macarena (Colombia). Calda- programa%20nacional%20sanidade%20avicola/
sia, v.28, n.2, p.371-377, 2006. procedimentos%20para%20atendimento.pdf >
BRASIL, Ministério da Agricultura Pecuária e Abas- Acesso em 12 jan 2014.
tecimento. Manual de Legislação: programas LEITE, Y. F.C.; PINHEIRO, R.T.; BRAGA, E. M. Prevalên-
nacionais de saúde animal / Ministério da Agri- cia de haemosporídeos em três localidades do
cultura Pecuária e Abastecimento. Secretaria de estado do Tocantins, Brasil. Ornitologia, Cabedelo,
Defesa Animal. Departamento de Saúde Animal. v.6, n.1, p.1-13, 2013.
– Brasília: MAPA/SDA/DAS, p.195-201/223-234. REIS, M. A. O. A. Aves migratórias x parasitos, por-
2009. que esta relação é perigosa. Informativo APES
GEI, Grupo Executivo Interministerial para a im- -BRASIL. 4, n.1, p.40, 2013.

Anais SIAVS 2015 - Ecobiologia de hemosporídeos em aves silvestres e domésticas em povoados adjacentes...
- 414 -

DETECÇÃO DE Salmonella spp. EM


EQUIPAMENTOS DE ENTREPOSTO DE OVOS
COMERCIAIS ATRAVÉS DAS TÉCNICAS DE CULTIVO
BACTERIANO E PCR EM TEMPO REAL

DM CARDOSO1; TD MATIAS1*; MA ANDRADE1


1
Departamento de Medicina Veterinária, Escola de Veterinária e
Zootecnia – UFG, Goiânia/GO

Abstract Foram coletados 88 suabes de equipa-


88 swabs were collected of warehouse mentos de entreposto de ovos comer-
equipment commercials eggs from au- ciais oriundos de granjas automatiza-
tomated and conventional farms. The das e convencionais. As amostras foram
samples were collected at five different coletadas em cinco pontos diferentes
points in the conveyor belt: during eggs na esteira de ovos, desde a recepção,
reception, washing brush, drying and escova do lavor, secagem e em dois
two random points in the central belt. pontos aleatórios na esteira central. To-
All samples were taken before starting tas as coletas foram realizadas antes de
work and operational hygiene standards se iniciarem os trabalhos e os procedi-
procedures. The swabs followed the pro- mentos padrões de higienização opera-
cessing steps for conventional bacterial cional. Os suabes seguiram as etapas de
culture on agar plate and bacterial co- processamento para cultivo bacterio-
lonies with physical characteristics su- lógico convencional em placa de ágar
ggestive of Salmonella were subjected e, as colônias bacterianas com caracte-
to biochemical tests to prove the bacte- rísticas físicas sugestivas à Salmonella
rium. Moreover, the samples also passed foram submetidas a testes bioquímicos
through the steps of PCR. Samples com- para comprovação da bactéria. Paralela-
patible with Salmonella were subjected mente, as amostras também passaram
to anti - O multipurpose serologic tes- pelas etapas de PCR. As amostras com-
ting and positive were typified. Among patíveis com Salmonella foram subme-
the bacterial strains found, Salmonella tidas ao teste sorológico polivalente
Senftenberg and Salmonella Corvallis. anti-O e as positivas foram tipificadas.

Anais SIAVS 2015 - Detecção de Salmonella spp. em equipamentos de entreposto de ovos comerciais...
- 415 -
Entre as cepas bacterianas encontradas, Diante disto, o objetivo deste trabalho
Salmonella Senftenberg e Salmonella foi realizar a pesquisa de Salmonella spp.
Corvallis. em equipamentos de entreposto de
ovos comerciais.

Introdução
O consumo anual per capita de ovo no Material e Métodos
Brasil aumenta a cada ano e, paralela- Foram coletados 88 suabes de equipa-
mente, as exigências frente a um pro- mentos de entreposto de ovos comer-
duto de qualidade também aumentam. ciais oriundos de granjas automatiza-
Esse atributo qualitativo dado ao ovo das e convencionais. As amostras foram
deve ser priorizado desde o inicio da coletadas em cinco pontos diferentes
cadeia de produção até sua comerciali- na esteira carreadora de ovos, passando
zação. Neste contexto, os entrepostos de pela recepção, escova do lavador, seca-
ovos, registrados e em funcionamento, gem e dois pontos aleatórios na esteira
têm importante papel na manutenção central. As coletas eram realizadas antes
da qualidade do ovo, visto que, em teoria, de se iniciarem os trabalhos e os PPHO.
seguem as normas gerais de inspeção Os suabes foram acondicionados em
de ovos e derivados, conforme o propos- recipientes esterilizados contendo água
to pelo Ministério da Agricultura, Pecuá- peptonada a 1% tamponada, colocados
ria e Abastecimento (MAPA). Em outubro em caixas isotérmicas com gelo e enca-
de 2009, o MAPA publicou circular que minhados ao laboratório, onde foram
obriga os entrepostos de ovos a imple- incubados a 37ºC/24h. Posteriormen-
mentarem os programas de autocontro- te, foram homogeneizadas e 1,0mL da
le, desde as Boas Práticas de Fabricação água peptonada foi transferido para
(BPF) e os Procedimentos Padrões de 9mL de caldo Selenito Cistina (CS) e
Higienização Operaciona l(PPHO) até 1mL para 10mL de Rappaport Vassia-
as Análises de Perigos e Pontos Críticos liadis, sendo incubados a 37ºC/24h. Alí-
de Controle (APPCC). Contudo, o Brasil, quotas de 2mL de CS foram estocados
sendo um dos maiores produtores de em tubos eppendorf e armazenados a
ovos do mundo, ainda enfrenta proble- -20C para realização da PCR em tempo
mas sanitários de origem primária, ten- real. Após esse período,com o auxílio de
do em vista falhas na implementação e alça de níquel-cromo, repiques foram
execução destes programas, pondo em feitos nos ágares verde brilhante, Xylo-
risco a saúde pública como, por exem- se-Lysine-Tergitol e Hektoen, seguindo
plo, através da formação de biofilmes incubação a 37ºC/24h. De cada um dos
nos equipamentos e consequente con- ágares, foram selecionadas de três cin-
taminação dos ovos por Salmonella spp, co Unidades Formadores de Colônia
favorecendo a contaminação cruzada sugestivas de Salmonella, repicadas em
no ambiente de preparo dos alimentos. ágar tríplice açúcar-ferro e incubadas a

Anais SIAVS 2015 - Detecção de Salmonella spp. em equipamentos de entreposto de ovos comerciais...
- 416 -
37ºC/24h. Em seguida, as amostras bac- frente aos cultivos bacteriológicos e
terianas que apresentaram reações e testes bioquímicos para Salmonella e
características sugestiva de Salmonella quanto aos ensaios de PCR em tem-
foram submetidas aos seguintes testes po real, também encontrou-se duas
bioquímicos: urease, produção de indol, amostras positivas para a bactéria.
vermelho metila, motilidade, lisina des- Especificamente, Salmonella Senf-
carboxilase, teste do malonato e citrato tenberg e Salmonella Corvallis foram
de Simnons. As amostras compatíveis isoladas através do cultivo bacterio-
com Salmonella foram submetidas ao lógico e PCR dos suabes de escova
teste sorológico polivalente anti-O e as de lavador e esteira central, respecti-
positivas foram tipificadas. Para a PCR, vamente. Stepanovic et al (2004) re-
antes do processo de extração, as alí- lataram que Salmonella spp. é capaz
quotas de CS foram submetidas a novo de formar biofilme em superfícies
enriquecimento bacteriano e o DNA plásticas e que, ainda, a quantida-
total foi isolado com lise por fervura de formada de biofilme depende da
(Santos et al. 2001). Utilizaram-se 400μL composição nutritiva do meio de cul-
da amostra em tubo polipropileno com tura, observando que os meios com
capacidade 1,5Ml livre de DNA e RNA. limitação de nutrientes favorecem a
O tubo contendo a amostra foi centri- formação de biofilme de Salmonella.
fugado a 2.000g por quatro minutos e o Estudos realizados por Nitschke et
sobrenadante foi descartado e suspen- al. (2009) mostraram que Salmonella
so em 1Ml de TE (100mL Tris/HcL 1m também é capaz de formar biofilmes
+ 20μL de EDTA 0,5m + 9,880μL H2O) em aço inoxidável, contudo, Olivei-
a mistura foi levada ao vórtex por dez ra et al (2007) demonstraram que o
segundos e centrifugada a 1956,2g por comportamento adesivo de Salmo-
oito minutos. Após descarte do sobre- nella na formação de biofilme em aço
nadante, o pellet foi suspenso em 100μL inoxidável ainda não pode ser expli-
de TE. A mistura foi lavada ao vórtex por cado. Ao analisar a complexa cadeia
dez segundos e colocada em placa de epidemiológica da Salmonella no
aquecimento a 95oC por 20 minutos, fluxo da avicultura industrial, Cardoso
aliquotada e armazenada a - 20oC em et al. (2013) pôde observar que, den-
freezer para uso posterior. Os ensaios de tre os sorovares isolados em suabes
PCR em tempo real para detecção de de arrasto provenientes de granjas de
Salmonella foram realizados de acordo postura, Salmonella Corvallis se des-
com Bugarel et al. (2008). tacou como um dos mais frequentes
encontrados, ressaltando a importân-
cia das BPFs e dos PPHO, uma vez que
o ovo pode se contaminar na granja
Resultados e Discussão e servir de veículo para disseminação
Das 88 amostras de suabes, duas de- de Salmonella nos equipamentos do
monstraram características positivas entreposto. Lanzarin (2012), descre-

Anais SIAVS 2015 - Detecção de Salmonella spp. em equipamentos de entreposto de ovos comerciais...
- 417 -
vendo sobre sorotipos de Salmonella Conclusão
que vêm ganhando destaque, cita Sal- Mesmo com a realização efetiva das
monella Senftenberg, principalmente BPF e dos PPHO, foram encontradas ce-
pelo aumento no índice de isolamen- pas bacterianas em equipamentos de
to em diferentes regiões do Brasil. entreposto de ovos.

Referências bibliográficas

SANTOS, L.R.; NASCIMENTO, V.P.; OLIVEIRA, S.D.; surface. Letters if Applied Microbiology, v. 49, n.
FLORES, M.L.; PONTES, A.P. Polymerase chain re- 2, p 241-247, 2009.
action (PCR) for the detection of Salmonella in OLIVEIRA, M.M.M.; BRUGNERA, D.; PICCOLI, R.H.
artificially inoculated chicken meat. Revista do Biofilme em indústrias de laticínios: aspectos
Instituto Médico Tropical de São Paulo. v.43, gerais e uso de óleos essenciais como nova al-
n.5, p.247-250. 2001. ternativa de controle. Rev. Inst. Latic “Cândido
BUGAREL, M.; GRANIER, S.A.; WEILL, F.X.; FACH, P.; Torres”. v. 68, n. 390, p. 65-73, 2013.
BRISABOIS, A. A multiplex real-time PCR assay CARDOSO, A.L.S.; KANASHIRO, A.M.; STOPPA, G.F.Z;
targeting virulence and resistance genes in Sal- CASTRO, A.G.M.; LUCIANO, R.L.; TESSARI, E.N.C. So-
monella enterica serotype Typhimurium. BMC rovares de salmonella spp. isolados através de su-
Microbiology. v.11, n.151, p.1-11. 2011. abes de arrasto provenientes de aves reproduto-
STEPANOVIC, S.; CIRKOVIC, I.; MIJAC, V; SVABIC- ras comerciais durante o período de 2006 a 2010.
VLAHOVIC, M. Influence of the incubation tem- Rev. Cient. Elet. Med. Vet. n.20, 2013.
perature, atmosphere and dynamic conditions LANZARIN, M. A. Importância e controle da con-
on biofilm formation by Salmonella spp. Food taminação por Salmonella sp. e Clostriduim per-
Microbiology. V. 20, p. 339–343, 2003. fringens em alimentos para aves. Artigo Técnico
NITSHKE, M.; ARAÚJO, V.; COSTA, S.G.V.A.O.; PIRES, Engormix. [acesso em 27/05/2015] Disponível
R.C.; ZERAIK, A.E.; FERNANDES, A.C.L.B.; FREIRE, em: http://pt.engormix.com/MA-avicultura/sau-
D.M.G; CONTIERO, J. Surfactin reduces the adhe- de/artigos/importancia-controle-contaminacao-
sion of food-borne pathogenic bacteria to solid salmonella-t1445/165-p0.htm

Anais SIAVS 2015 - Detecção de Salmonella spp. em equipamentos de entreposto de ovos comerciais...
- 418 -

PRESENÇA DE ENDOPARASITOS DAS


FAMÍLIAS EIMERIIDAE E ASCARIDIDAE EM
CODORNAS JAPONESAS NA REGIÃO
METROPOLITANA DO VALE DO RIO CUIABÁ-MT

MS Rosa1; GMR Campos1; MVS Camargo1;


MS Aquino1; HJD Lima1; ALS Freitas2;
RC Pacheco2; LAZ Souza2*
1
Faculdade de Agronomia, Medicina Veterinária e Zootecnia,
Departamento de Zootecnia e Extensão Rural, Universidade
Federal do Mato Grosso, Cuiabá/MT
2
Faculdade de Agronomia, Medicina Veterinária e Zootecnia,
Departamento de Ciências Básicas e Produção Animal,
Universidade Federal do Mato Grosso, Cuiabá/MT

Abstract dustrialização da produção de aves no


The objective was diagnose the pre- Brasil. No mesmo sentido a coturnicul-
sence of eggs and oocysts of parasites tura têm apresentado desenvolvimento
Eimeriidae and Ascarididae family in ex- bastante acentuado, adequando-se as
creta of Japanese quail by Willis-Mollay novas tecnologias de produção, onde
technique. The occurrence of eggs and a atividade tida como de subsistência,
oocysts of Eimeriidae family was found passou a ocupar um cenário de ativi-
in 40% of samples, and Ascarididae fa- dade altamente tecnificada com re-
mily in about 56% of the collected sam- sultados promissores aos investidores
ples. The high parasite rate is the lack of (Pastore, 2012). No entanto a questão
use of coccidiostats in feed additives sanitária ainda representa um proble-
and an evil handling of excreta. ma na produção comercial de aves,
podendo causar prejuízos econômicos
de maneira considerável. A coccidiose é
uma doença causada por protozoários
Introdução da família Eimeriidae (Lillehoj, 1998), e
A avicultura evoluiu significativamente é uma das principais doenças acome-
nas últimas décadas com o início da in- tidas em aves, sendo responsável por

Anais SIAVS 2015 - Presença de endoparasitos das famílias eimeriidae e ascarididae em codornas japonesas...
- 419 -
quadros de diarreia, perda de peso, pio- sendo que nenhuma das rações con-
ra nos índices de conversão alimentar e, tinha coccidiostático. As aves dos am-
em alguns casos mais severos, alta taxa bientes 1, 2 e 3 foram vacinadas no in-
de mortalidade (Yin et al., 2011). cubatório, e as aves dos ambientes 4 e 5
eram provenientes de incubatório que
Outra enfermidade que comumente ata- não adotou a vacinação contra a coc-
ca as aves são as enterites causadas por cidiose. As análises das amostras foram
parasitas da família Ascarididae, que de- realizadas no Laboratório de Parasito-
pendendo da idade, estado físico e nutri- logia da Faculdade de Medicina Veteri-
cional da ave pode levá-la a óbito (Macha- nária da Universidade Federal de Mato
do et al., 2007). Sendo que as aves novas
Grosso, campus Cuiabá, onde através da
são mais susceptíveis ao acometimento
técnica de Willis-Mollay (1921), por flu-
da doença que as adultas (Freitas, 1997).
tuação em solução saturada de cloreto
Nesse sentido o objetivo do presente tra-
de sódio, procurou-se identificar a pre-
balho foi diagnosticar a presença de ovos
sença e frequência de oocistos e ovos
e oocistos de parasitas da família Eimerii-
de parasitas das famílias Eimeriidae e
dae e Ascarididae, respectivamente, em
Ascarididae respectivamente. Os dados
excretas de codornas japonesas coletadas
foram analisados de forma descritiva.
em casas agropecuárias na Região Metro-
politana do Vale do Rio Cuiabá-MT, através
da técnica de flutuação em cloreto de só-
dio descrita por Willis-Mollay (1921). Resultados e discussão
A presença de oocistos e ovos de para-
sitas da família Eimeriidae foi moderada
Materiais e Métodos nos ambientes 4 e 5, representando 50%
e 40% de presença respectivamente. Ob-
Foram coletadas amostras compostas de
servou-se também uma presença forte
excretas frescas de codornas japonesas
de parasitas da família Ascarididae em 20
em fase de crescimento, criadas em siste-
% das amostras do ambiente 3 (Tabela 1).
mas de baterias de gaiolas para todos os
A procedência das aves para os ambien-
ambientes. Os ambientes corresponderam
tes 4 e 5 pode ser responsável pela maior
a casas agropecuárias dos municípios de
Cuiabá e Várzea Grande, em Mato Grosso. ocorrência de parasitas, já que as aves não
Foram utilizadas 06 repetições por ambien- foram imunovacinadas antes de saírem
te, com excretas coletadas em espátula de do incubatório. Já para o ambiente 3, o
madeira, acondicionadas em recipientes mal manejo realizado das excretas, com
plásticos, identificadas e conservadas em um acúmulo superior a dois dias, expli-
caixa de isopor com gelo, por um período caria a maior presença de parasitas nas
de aproximadamente 04 horas. excretas. Paralelo a isso, o fato dos animais
serem criados em gaiolas evita a reconta-
Todas as aves foram alimentadas com minação pelo contato com as excretas, e
rações de crescimento para codornas, aliado a uma boa procedência, pode-se

Anais SIAVS 2015 - Presença de endoparasitos das famílias eimeriidae e ascarididae em codornas japonesas...
- 420 -
observar uma menor ocorrência de ovos brusco (Machado et al., 2007). Apesar
ou oocistos nos ambientes 1 e 2. disso as aves estavam acometidas com
a forma subclínica das doenças, já que a
Nenhuma das aves apresentou sinais presença de ovos da família Eimeriidae
clínicos de coccidiose e ascaridíase foi encontrada em 40% das amostras e
como diarreia, anemia, emagrecimen- da família Ascarididae em cerca de 56%
to, apatia e sonolência com despertar das amostras coletadas.

Tabela 1: A frequência de ocorrência de oocistos da família Eimeriidae e ovos da família Ascari-


didae em excretas de codornas japonesas em fase de recria em função do ambiente de criação.
Ambiente Ambiente Ambiente Ambiente Ambiente
Mês Consumo
1 2 3 4 5
Repetição 1 Eimeriidae - - - ++ ++
Ascarididae - + + - -
Repetição 2 Eimeriidae - - - + +
Ascarididae - + ++ + -
Repetição 3 Eimeriidae + - - ++ +
Ascarididae - + +++ + -
Repetição 4 Eimeriidae + - - - ++
Ascarididae - ++ ++ + -
Repetição 5 Eimeriidae - - - - ++
Ascarididae - + ++ + -
Repetição 6 Eimeriidae + - - ++ ++
Ascarididae + + +++ + -
- Negativa; + Presença de Ovos/Oocistos Fraca; ++Presença de Ovos/Oocistos Moderada; +++
Presença de Ovos/Oocistos Forte.

Conclusão empregadas corretamente diminuem a


Um manejo sanitário adequado, vacina- ocorrência de parasitas das famílias Eime-
ção e a utilização de aditivos anticocci- riidae e Ascarididae, podendo proporcio-
dianos na ração são técnicas que quando nar melhora nos índices zootécnicos.

Anais SIAVS 2015 - Presença de endoparasitos das famílias eimeriidae e ascarididae em codornas japonesas...
- 421 -

Referências bibliográficas

FREITAS, M.G. Helmintologia Veterinária. BeloHori- norama da coturnicultura no Brasil Artigo 180 -
zonte: Rabelo& Brasil, p.397, 1997. Volume 9 - Número 06 – p. 2041 – 2049 - Novem-
LILLEHOJ, H.S. Role of T lymphocytes bro/ Dezembro 2012.
and cytokines in coccidiosis. Internatio- WILLIS, H. H. A simple levitation method for the
nal Jornal for Parasitology,Sidney, n.28, p. detection of wookworm ova. Medicine Journal of
1071-1081,mar.1998. Australia, v. 8, p. 375-376, 1921.
MACHADO, H. H. S.; LEMOS, L. S.; ALMEIDA, L. G.et YIN, G.; LIU, X.; ZOU, J.et al. Co-expression of repor-
al. Nota científica: Ciclo Errático de ascaridia galli ter genes in the widespread pathogen Eimeria
(schrank, 1788) em ovo de galinha. Ciência Ani- tenella using a double-cassette expression vec-
mal Brasileira , v.8, p. 147-149. 2007. tor strategy. International Journal for Parasitology.
PASTORE, S. M., Revista Eletrônica Nutritime. Pa- v. 41 p. 813-816, 2011

Anais SIAVS 2015 - Presença de endoparasitos das famílias eimeriidae e ascarididae em codornas japonesas...
Sustentabilidade
422 a 438
- 423 -

GERADOR EMERGENCIAL SOLAR PARA


PEQUENAS PROPRIEDADES RURAIS:
COGERAÇÃO ELÉTRICA E TÉRMICA

LS Scartazzini*; DE Zilio; A Migliavacca


Engenharia de Controle e Automação, Instituto Federal de Santa
Catarina, Chapecó-SC, Brasil

RESUMO de ordenha. Os resultados preliminares


O trabalho apresenta uma alternativa apontam, para o caso, uma economia
para redução de custos com energia de até 40% no consumo de energia da
elétrica e perda de produção ocasio- propriedade.
nada com a descontinuidade na dis-
tribuição de energia. Com a crescente
demanda e entraves existentes, o mo- ABSTRACT
mento se torna propício para a inserção
de novos meios de geração na matriz This paper presents an alternative to
energética brasileira. O gerador emer- the reduction of energy costs and loss
gencial solar tem por fundamento o of production due blackouts in ener-
desenvolvimento de um sistema de gy distribution. In addition, due the
armazenamento que é capaz de suprir growing demand and barriers to ener-
demandas locais com energia elétrica gy distribution improvement, the mo-
em momentos de blackouts da rede e ment is auspicious for the insertion of
até mesmo fornecer à concessionária new resources of generation in Brasilian
a energia excedente. Testes foram rea- energy matrix. The solar emergency ge-
lizados em parceria com um produtor nerator is a system of storage able to
rural com a instalação do sistema pro- supply local demands with electrical
posto suprindo a demanda de uma sala energy when blackouts occur. In addi-

Anais SIAVS 2015 - Gerador emergencial solar para pequenas propriedades rurais: cogeração elétrica...
- 424 -
tion, it can provide the overplus from A partir desta observação em peque-
energy to the grid. Tests were realized nas propriedades de Santa Catarina e
in a milking parlor. Preliminary results Rio Grande do Sul, o trabalho propõe
indicate, in this case, a savings of up to um gerador emergencial capaz de unir
40% in energy consumption of the rural a geração fotovoltaica e a conversão
property. térmica suprindo a demanda em mo-
mentos de blackout. O sistema permite
ao pequeno produtor, com baixo in-
vestimento, gerar e armazenar sua de-
INTRODUÇÃO manda elétrica e térmica reduzindo os
Com o grande avanço tecnológico riscos de perda na produção. Quando
acompanhado de incentivos ao setor conectado à rede, o sistema possibili-
agropecuário, o homem do campo pas- ta redução de custos na propriedade
sou a conviver com novas tecnologias a partir do uso de energias renováveis
que melhoram sua qualidade de vida. podendo ser aplicado na produção lei-
Tais tecnologias também elevam a de- teira, de suínos e aves.
manda por energia que, não suprida
pelas formas convencionais de gera-
ção, forçam a instalação e ampliação
de fontes alternativas. Este assunto re- MATERIAIS E MÉTODOS
mete a dois pontos limitadores de de- Após a constatação da demanda e con-
senvolvimento: o primeiro é o recente cepção do projeto, foi firmada uma par-
incremento no custo da energia elétrica ceria com produtor rural residente do
brasileira, contando com significativos município de Nonoai-RS. Com um plan-
aumentos nos custos de geração e dis- tel de 40 vacas em lactação, a produção
tribuição; o segundo é a descontinui- leiteira é sua principal fonte de renda.
dade na prestação desse serviço, que
acarreta elevadas perdas nos sistemas Após o levantamento do consumo mé-
de produção demandantes deste insu- dio da propriedade, observou-se que o
mo, principalmente no meio rural. sistema de produção leiteira, com um
motor monofásico (sistema de resfria-
Apesar de pouca expressão no abas- mento), um motor trifásico (gerador
tecimento residencial, a falta de ener- de vácuo) e um resistor (aquecimento
gia elétrica em indústrias e áreas rurais de água utilizada na limpeza e desin-
acarretam danos bem significativos. fecção dos equipamentos), representa
Grande parte das indústrias apresen- a demanda da maior parte da energia
tam sistemas de geração independen- consumida na propriedade. Com os
tes, porém, pequenos produtores rurais dados da potência instalada, o projeto
de leite, aves e suínos não conseguem elétrico foi projetado com dois sistemas
arcar com custos das perdas na produ- que atuam em conjunto: um de aqueci-
ção causadas pelas falhas na distribui- mento solar (voltado para diminuir ou
ção da energia. eliminar o uso do resistor) e outro de

Anais SIAVS 2015 - Gerador emergencial solar para pequenas propriedades rurais: cogeração elétrica...
- 425 -
geração fotovoltaica (que reduz gastos permanece acionado mantendo a tem-
de energia elétrica). Após a implanta- peratura da água na faixa indicada para
ção dos dois sistemas, a última etapa limpeza e desinfecção dos maquinários.
foi de adequação do sistema de arma- A comparação entre as contas de ener-
zenamento em forma de um no-break. gia do mês anterior à instalação (outu-
Esse sistema, alimentado pelas placas bro/2014) e dos meses posteriores a ela,
solares, utiliza de um banco de baterias está indicada na Tabela 1. A redução na
suprindo um inversor de frequência off- utilização do resistor mostra que o ob-
grid que entra em operação em casos jetivo inicial foi atingido, já que a água
de blackout. do reservatório se mantém aquecida
pela energia solar reduzindo utilização
Após a implantação total do sistema do sistema elétrico.
de co-geração, mostrado na Figura 1,
colocou-se em operação inicialmen-
Mês Consumo Custo
te o sistema de aquecimento solar e
posteriormente o sistema de geração Outubro/2014 1.844 kW 470,35
fotovoltaica. Primeiras análises foram Novembro/2014 1.540 kW 392,81
realizadas a partir do consumo elétrico Dezembro/2014 1.390 kW 354,55
indicado pelos medidores na entrada Tabela 1. Dados das três medições analisadas
da propriedade. na propriedade.

Após a instalação do sistema de con-


versão fotovoltaica, a produção foi
acompanhada durante 21 dias de fun-
cionamento com um inversor de fre-
quência que mostrou a quantidade de
energia gerada. A Figura 2 mostra a lei-
Figura 1. Sistema de co-geração instalado. tura da geração após três semanas da
instalação. Com a estimativa, no tempo
monitorado o equipamento contabili-
zou uma geração de 187,1 kWh e, caso
mantenha a mesma média, pode-se es-
perar em um mês a obtenção de 267,2
kWh com seis placas de 30 V instaladas,
o que corresponde a uma economia de
mais R$ 68,15.
Figura 2. Tela do Inversor de frequência.

RESULTADOS E DISCUSSÃO
Após a ativação do sistema de conver- CONCLUSÃO
são térmica, foi possível perceber uma O sistema apresentado se mostrou efi-
diminuição no tempo em que o resistor caz na solução dos entraves do sistema

Anais SIAVS 2015 - Gerador emergencial solar para pequenas propriedades rurais: cogeração elétrica...
- 426 -
produtivo quando conseguiu reduzir o Os testes estão sendo realizados também
consumo de energia elétrica (mesmo em aviários e galpões de suínos e, apesar
com um número relativamente peque- dos bons resultados aqui descritos, ainda
no de placas solares) e, além disso, foi demanda muito estudo e aperfeiçoa-
capaz de prover ao produtor um equi- mento. De qualquer modo acredita-se
pamento que assegura a continuidade que os resultados obtidos com este pro-
da produção e a utilização do maquiná- jeto abrem portas para novas instalações
rio apesar de falhas da rede elétrica. em diversas áreas de produção.

Referências bibliográficas

BALESTIERI, J.A.P. Cogeração: geração combina- Disponível em: http://agenciabrasil.ebc.com.


da de eletricidade e calor. Editora UFSC, Floria- br/economia/noticia/2014-12/custo-da-e-
nópolis, 2002. 279p. nergia-eletrica-para-industria-subira-quase-
EMPRESA DE PESQUISA ENERGÉTICA. Análise da 90-em-tres-anos. Acessado em 21 de Abril de
inserção da geração solar na matriz elétrica 2015
brasileira. Rio de Janeiro. Maio de 2012. IBGE. Censo demográfico de 2010, caracte-
GANDRA, A. Custo da energia elétrica para rística da população e dos domicílios. Rio de
a industria subirá quase 90% em três anos. Janeiro. 2011.

Anais SIAVS 2015 - Gerador emergencial solar para pequenas propriedades rurais: cogeração elétrica...
- 427 -

AVICULTURA E SUINOCULTURA COMO FONTES DE


DESENVOLVIMENTO DOS MUNICÍPIOS BRASILEIROS

JI dos Santos Filho*, A Coldebella;


GN Scheuermann; TM Bertol; L Caron; DJD Talamini
Pesquisadores da Embrapa Suínos e Aves, Concórdia/SC

Abstract Introdução
The aim of this study was to determi- A avicultura e a suinocultura são im-
ne the spatial dependence between portantes atividades econômicas para
Firjan index of municipal development o Brasil. Ainda que se concentrem na
and employment in the production região Sul, estas atividades estão dis-
and slaughter of pigs and chickens in tribuídas em todo o território nacional.
the municipalities and their neighbors, Além dos impactos macroeconômicos
with 2011 year data. The study showed das atividades é necessário debater a
that there is positive spatial correlation capacidade das mesmas internalizarem
between the development human o desenvolvimento econômico no país,
index and the chickens and pigs pro- que historicamente teve um desenvol-
duction and slaughter. Therefore, the vimento mais intenso no litoral. Este
activities of production and slaughter estudo objetiva determinar a depen-
of chickens and pigs cam promote the dência espacial entre o Índice Firjan de
economic development of the regions desenvolvimento dos municípios (Fir-
where they operate. jan, 2014) e o emprego na produção e

Anais SIAVS 2015 - Avicultura e suinocultura como fontes de desenvolvimento dos municípios brasileiros
- 428 -
abate de suínos e frangos nos municí- b) 579 municípios apresentaram resul-
pios e seus vizinhos, com dados do ano tados de alto Índice Firjan e alto nível
de 2011. de emprego. Estes municípios estão
presentes e com maior frequência no
Rio Grande do Sul: regiões Nordeste,
Noroeste e Centro Oriental; Em Santa
Metodologia Catarina: Regiões Oeste e Sul; No Para-
Foi utilizado o diagrama de dispersão de ná: Regiões Sudoeste, Oeste, Noroeste
Moran e o indicador I-Moran Local para e Norte Central; Em São Paulo: Região
testar a hipótese de distribuição aleató- de Itapetininga, Piracicaba, Campinas e
ria e revelar a existência de padrões de Metropolitana Paulista; No Mato Gros-
associação espacial entre o Índice Firjan so do Sul: Região Sudoeste, Centro
com o número de empregos na produ- Norte e Sudoeste; No Mato Grosso: Re-
ção e abate de frangos e suínos (ANSELIN, gião Sudoeste e Norte; em Minas Ge-
2005). As observações espaciais foram rais: Região Metropolitana e Triangulo
mapeadas utilizando-se a proximidade Mineiro; e em Goiás: Leste e Centro.
(vizinhança) como fonte de informação
locacional, refletindo a posição relativa c) 756 municípios apresentaram resulta-
no espaço de um município em rela- do de baixo Índice Firjan e baixo nível
ção a outro. Uma matriz de vizinhança de emprego,
(W) do tipo Queen foi construída, onde
d) 84 municípios apresentaram resulta-
cada linha contém informação de todos
dos de baixo Índice Firjan e alto nível
os municípios (w). Os elementos wij as-
de emprego;
sumem valor de 1 quando município j é
vizinho do município i em análise, e zero e) 456 municípios apresentaram resulta-
em caso contrário. dos de alto Índice Firjan e baixo nível
de emprego;

f ) 232 municípios não tem vizinhos.


Resultados
O índice de I-Moran para formação de A atividade econômica de produção e
agrupamento espacial decorrente da abate de frangos e suínos originam ca-
correlação entre emprego na produção deias produtivas longas e desta forma
e abate de suínos e frangos e do Índice geram emprego e renda em diversos
Firjan foi de 0,12064, sendo significativo outros setores da economia. Segundo
a 0,01% de probabilidade, com 99999 estudos do IPEA o abate de suínos e
permutações. Dos resultados dos agru- frangos está entre os grandes geradores
pamentos espaciais para o Brasil, a 10% de empregos do Brasil (NAJBERG & IKE-
de probabilidade, tem-se que: DA, 2004). Dentre os municípios onde o
grande desenvolvimento coincide com
a) 3.700 municípios deram resultados uma grande produção e abate de fran-
não significativos; gos e suínos se destaca o município de
Anais SIAVS 2015 - Avicultura e suinocultura como fontes de desenvolvimento dos municípios brasileiros
- 429 -
Concórdia em Santa Catarina. Este mu- Os resultados obtidos corroboram
nicípio é onde nasceu a integração de com os encontrados em Santos Filho
frangos nos anos 60 e atualmente possui (2010) que mostrou evidências da im-
o maior índice Firjan do estado de Santa portância das atividades de frangos e
Catarina e o decimo segundo do Brasil. suínos no desenvolvimento do Oeste
De forma semelhante também mere- de Santa Catarina entre os anos de
cem destaques os municípios de Lucas 1970 e 2000. Tabulações de dados do
do Rio Verde-MT, Chapecó-SC, Apuca- censo demográfico de 2010 indicam
rana-PR, Descalvado-SP, Cascavel-PR, que a importância destas atividades
Marau-RS, Uberlândia-MG, Videira-SC, no desenvolvimento do Oeste Cata-
Joaçaba-SC, Medianeira-PR, Estrela-RS, rinense se intensificou em anos mais
Sinop-MT, Encantado-RS, Lindoia do recentes. Analisando as 20 microrregi-
Sul-SC, Faxinal dos Guedes-SC, Seara-SC, ões de Santa Catarina, maior produtor
Toledo-PR, Campo Grande-MS, Passo nacional de suínos e segundo maior
Fundo-RS, Nova Mutum-MT, Rolândia-PR, produtor de frangos, constatou-se
Mafra-SC, Sorriso-MT, Cordilheira Alta-SC, que em 1970 todas as microrregiões
Carazinho-PR, Casca-RS e Xaxim-SC. hoje produtoras de suínos e frangos
encontravam-se no grupo das dez
menores rendas per capita do esta-
do e em 2010 estas mesmas regiões
situavam-se entre as dez maiores. É
importante frisar que a produção de
frangos e suínos, mesmo em sistemas
integrados, por ter baixa evasão fiscal,
é de grande importância para a renda
e movimento econômico dos municí-
pios, o qual é considerado na partilha
da arrecadação de recursos do Estado
e da União.

Conclusões
O estudo mostra que existe correlação
espacial positiva entre o Índice Firjan
e o emprego na produção e abate de
suínos e aves, confirmando que essas
atividades, além de contribuir para os
indicadores macroeconômicos, são im-
portantes instrumentos de desenvolvi-
mento regional.
Anais SIAVS 2015 - Avicultura e suinocultura como fontes de desenvolvimento dos municípios brasileiros
- 430 -

Referências bibliográficas

ANSELIN, L. Local indicators of spatial association NAJBERG, S.; IKEDA, M. NOVAS ESTIMATIVAS DO
-LISA. Geographical Analysis, Columbus, v. 27, n. MODELO DE GERAÇÃO DE EMPREGOS DO
2, p. 93-115, April 1995. BNDES. Rio de Janeiro: IPEA, 2004. 8n p. (IPEA. SI-
ANSELIN, L. Exploring spatial data with Geo- NOPSE ECONOMICA).
da: a workbook. Urbana-Champaign: University SANTOS FILHO, J. I. dos. Aglomerados produtivos no
of Illinois, Center for Spatially Integrated Social Brasil - um estudo de caso do oeste catarinense. In:
Science, 2005. 226 p. ENCONTRO DE ECONOMIA CATARINENSE, 2., 2008,
Federação das Industrias do Rio de Janeiro - FIR- Chapecó. Integração da economia catarinense do
JAN. Índice Firjan de desenvolvimento municipal: cone sul: anais dos artigos científicos. Concórdia:
ano base 2011 Rio de Janeiro. 2014. 16. Embrapa Suínos e Aves, 2008. p. 562-579.

Anais SIAVS 2015 - Avicultura e suinocultura como fontes de desenvolvimento dos municípios brasileiros
- 431 -

CONTRIBUIÇÃO DO DRAWBACK PARA A


SUSTENTABILIDADE DA CADEIA PRODUTIVA
DE SUÍNOS DO BRASIL

DJD Talamini1*; GN Scheuermann2; RA da Silva2;


JI dos Santos Filho1; VG de Carvalho2
1
Pesquisadores da Embrapa Suínos e Aves,
Concórdia/SC
2
Técnicos do Ministério do Desenvolvimento, Industria e Comércio
Exterior, Brasília/DF

nefits in terms of cost reduction. Positive


Abstrat: economic impacts of this policy for the
This paper explores a special customs companies as well as for the whole pro-
policy called drawback. It’s internatio- duction chain were demonstrated and
nally accepted and created to support additional opportunities to increase the
exports through tax and tribute reduc- utilization of drawback were identified.
tions. For in nature swine meat, about
41% of the total value is commercialized
under this system. Due to high Brazilian
taxes, it was observed that drawback Introdução
customs regime could offer significant O Brasil é importante na suinocultura
advantages to exporters. The data be- mundial, onde a quarta posição na pro-
tween the years of 2005 and 2014 was dução e nas exportações. O subsetor
examined. The main variables are the “carne de suínos in natura” exportou
value of exports and the potential be- 1,59 bilhões de dólares em 2014 (MDIC,

Anais SIAVS 2015 - Contribuição do drawback para a sustentabilidade da cadeia produtiva de suínos do Brasil
- 432 -
2015). A suinocultura nacional tem suína exportada e a exportada utilizan-
apresentado boa evolução, resultado do o drawback.
do uso de melhores tecnologias, orga-
nização, sinergia e coordenação entre
os atores e elos da cadeia. As políticas
Resultados e Discussão
governamentais de apoio à produção
e comercialização também são impor- O uso do drawback nas exportações
tantes para a sustentabilidade e com- de carne suína in natura foi irregular
petitividade da atividade. Uma iniciativa na última década, variando de 47,5%
positiva foi a criação, em 1966, do re- em 2008 a 19% em 2013 (Figura 1). Es-
gime aduaneiro especial denominado tes percentuais são baixos se compa-
drawback, cujo objetivo é desonerar rados a outros subsetores, como o do
tributos das exportações. É uma políti- alumínio bruto, por exemplo, em que
ca adotada por diversos países e aceita as exportações com drawback atingi-
pela Organização Mundial do Comércio ram 99,8% das exportações em 2014.
(OMC) com base na premissa de não se O impacto do drawback pode ser ve-
exportar impostos. Trata-se de isentar rificado na Tabela 1, onde se estima a
tributos incidentes nos insumos, desde carga tributária do milho para o Rio
que usados em produto a ser expor- Grande do Sul. Salienta-se que cada
tado (Silva, 2014). Assim, o drawback estado da federação possui legislação
melhora a competitividade do país e a tributária específica, podendo ter dife-
exportação contribui para a balança co- rentes alíquotas. No caso apresentado,
mercial brasileira. Além disso, ao retirar a carga tributária total incidente no
parte da produção do mercado inter- milho importado (41,27%) seria zerada
no, estimula a produção e a manuten- utilizando-se o drawback. Se este insu-
ção dos preços e da rentabilidade dos mo fosse adquirido em outro estado
produtores. O objetivo deste trabalho é da federação, os tributos totalizariam
analisar a contribuição e o impacto po- 19,27% e seriam reduzidos a 9,17% com
tencial do regime de drawback para as o drawback. Em 2014 as exportações de
exportações brasileiras de carne suína. carne suína in natura com drawback to-
talizaram 194,6 mil toneladas, cerca de
40% do total exportado. Utilizando as
Tabelas de Conversão de insumos para
Material e Métodos produtos elaboradas pela Embrapa, es-
Neste artigo estima-se a carga tributá- tima-se serem necessárias 605 mil to-
ria incidente no subsetor carne suína e neladas de milho para produzir a carne
analisam-se os impactos e a importân- exportada. Se o milho fosse importado
cia do drawback a partir do principal a um preço de R$ 350,00 a tonelada, a
insumo utilizado na produção, o milho. carga tributária de 41,27% acresceria
Foram utilizados os dados do MDIC re- R$ 103.17 por tonelada. Expandido este
ferentes à quantidades total de carne cálculo para todo o milho utilizado na

Anais SIAVS 2015 - Contribuição do drawback para a sustentabilidade da cadeia produtiva de suínos do Brasil
- 433 -
produção da carne suína exportada, 9,25 % nos tributos. Caso todo o milho
chega-se ao valor de R$ 62 milhões, importado em 2014 (633.5 mil tonela-
economia que melhoraria a posição das equivalente a US$ 86.21 milhões)
competitiva do país, salientando-se que ocorresse sob o regime de drawback,
seria duplicado se 80% das exportações uma redução US$ 35,6 milhões seria
de carne suína fossem realizadas com possível nos custos. Embora o valor dos
drawback. Raciocínio idêntico pode ser tributos seja variável entre os estados e
aplicado às aquisições em outros esta- entre insumos, o benefício potencial do
dos da federação, com uma redução de drawback é significativo.

Imposto Carga
Origem e PIS COFINS Base ICMS Valor
Importação Tributária
tributação (%) (%) ICMS (R$)1 (%) ICMS (R$)
(II %) Total (%)2
Mercado
interno
0,00 1,65 7,60 109,172 8,40 9,17 18,424
tributação
integral
com
0,00 0,00 0,00 109,172 8,40 9,17 9,174
drawback
Importação
tributação 8,00 1,65 7,60 141,271 17,00 24,02 41,273
integral
com
0,00 0,00 0,00 100,001 0,00 0,00 0,003
drawback
1
Base do ICMS por importação = (VAC + VACxII + VACxPIS + VACxCOFINS) / (1-ICMS). AFRMM (Adicio-
nal de Frete para Renovação da Marinha Mercante - 25% sobre valor frete marítimo) se houver, tam-
bém compõe base. 2Base do ICMS mercado interno = (VM / (1-ICMS)) x VM = Valor da Mercadoria.
3
Carga Tributária importação= VAC x II + VAC x PIS + VAC x COFINS + Valor ICMS. Quando o frete inter-
nacional for marítimo, o drawback contempla também o AFRMM com alíquota de 25% sobre o valor
deste frete. 4Carga Tributária mercado interno = VM x PIS + VM x COFINS + Valor ICMS. IPI – não incide
neste caso, se incidisse, também seria contemplado pelo drawback. Quando houver IPI o cálculo é:
para a importação (VAC + II x IPI); para mercado interno é (VM x IPI); podem ocorrer casos em que
o IPI é calculado também sobre o frete. VAC = Valor da Mercadoria + Frete Internacional + Seguro.

Conclusão tabelas de conversão entre insumos


Este breve estudo demonstra o impac- e produtos a serem exportados. Além
to e a relevância de utilizar o regime disso, e considerando a complexidade
de drawback na exportação de carne do sistema tributário brasileiro, seria de
suína e evidencia que há oportunida- interesso do setor a realização de es-
de para iniciativas que ampliem o uso tudos para identificar possíveis melho-
deste beneficio. Avanços passam pela rias relacionadas à tramitação visando
capacitação das equipes nas empre- maior acesso e utilização do regime de
sas e pela contínua atualização das drawback.
Anais SIAVS 2015 - Contribuição do drawback para a sustentabilidade da cadeia produtiva de suínos do Brasil
- 434 -

Referências bibliográficas

MINISTÉRIO DO DESENVOLVIMENTO, INDÚSTRIA lia, DF: MAPA, 2015.


E COMÉRCIO EXTERIOR. Secretaria de Comércio SILVA, R. A. da. O regime de drawback e sua
Exterior. Decex. Dados do drawback suspensão: contribuição para as exportações dos setores
dez 2014. Brasília, DF, 2015. 16 p. industriais brasileiros. 2014. 81 f. Dissertação
SECRETARIA DE POLÍTICA AGRÍCOLA. DEA - Coor- (Mestrado em Economia do Setor Público) - De-
denação Geral de Análises Econômicas. Estatísti- partamento de Economia, Universidade de Bra-
cas e dados básicos de economia agrícola. Brasí- sília, Brasília, DF.

Anais SIAVS 2015 - Contribuição do drawback para a sustentabilidade da cadeia produtiva de suínos do Brasil
- 435 -

CONTRIBUIÇÃO DO DRAWBACK PARA A


SUSTENTABILIDADE DA CADEIA PRODUTIVA
DE FRANGOS DO BRASIL

DJD Talamini1*; GN Scheuermann1; RA da Silva2;


JI dos Santos Filho
1
Pesquisadores da Embrapa Suínos e Aves, Concórdia/SC
2
Técnico do Ministério do Desenvolvimento,
Industria e Comércio Exterior, Brasília/DF

Abstrat as well for whole production chain. Ad-


This study explores a special customs ditionally, an opportunity for improving
policy called drawback. It’s internatio- the utilization of the benefit by the ex-
nally accepted and created to support porters has been identified.
exports through tax and tribute reduc-
tions. For in nature poultry meat, about
55 % of the total volume is exported
using this system. Due to high Brazilian Introdução
taxes, it was observed that drawback O Brasil é o maior exportador e o terceiro
customs regime could offer significant maior produtor de frangos do mundo. Em
advantages to exporters. The data be- 2014, as exportações brasileiras do subse-
tween 2005 and 2014 were examined, tor “carne de frango in natura” totalizaram
considering as variables the value of US$ 6,9 bilhões de dólares, superando, por
exports and the potential benefits in exemplo, as exportações de aviões que
terms of cost reduction or avoided ex- atingiram US$ 3,4 bilhões. O complexo da
penses. As a conclusion, there are im- soja, com US$ 31,4 bilhões, ocupa a pri-
portant positive economic impacts of meira posição nas exportações do país. O
the drawback policy for the companies desempenho da avicultura é atribuído à

Anais SIAVS 2015 - Contribuição do drawback para a sustentabilidade da cadeia produtiva de frangos...
- 436 -
sinergia e coordenação existente entre os 2009 (crise mundial afetou fortemente
atores e elos da cadeia. Além da eficiência o setor, e o governo federal autorizou
técnica, políticas de apoio à produção e as empresas a prorrogarem ­drawback
comercialização têm sido fundamentais vigentes, gerando a queda) e 53,3%
para a atividade ser sustentável e com- das exportações em 2014. Em alguns
petitiva. O regime aduaneiro especial subsetores, como o do alumínio bru-
de drawback foi criado em 1966 com o to, por exemplo, as exportações com
objetivo de desoneração tributária das drawback atingiram 99,8% das exporta-
exportações. É uma política adotada tam- ções totais em 2014. O mecanismo de
bém por outros países e aceita pela Or- drawback na medida em que desonera
ganização Mundial do Comércio (OMC) as exportações, fortalece a posição do
com base na premissa de não se exportar país no mercado mundial, aumentan-
impostos (Silva, 2014). O drawback permi- do as exportações, as quais, além de
te reduzir os custos dos produtos expor- contribuírem para a balança comercial,
tados através da isenção/suspensão dos retiram parte da produção do merca-
tributos incidentes nos insumos impor- do interno, estimulando a produção,
tados ou adquiridos no mercado interno, mantendo preços e a rentabilidade
aumentando assim nossa competitivida- dos produtores rurais. O impacto po-
de no mercado global. O objetivo deste tencial do drawback pode ser observa-
trabalho é analisar a contribuição do do na Tabela 1, onde se estima, para o
drawback para as exportações brasileiras Rio Grande do Sul, a carga tributária do
da carne de frangos. milho, principal insumo da produção
de frangos. Os tributos totais do milho
importado (41,27%) seriam zerados
com o drawback. Se este insumo fosse
Material e Métodos adquirido no Brasil, em outro Estado, os
Estimou-se a carga tributária incidente impostos totalizariam 19,27% e seriam
no subsetor carne de frangos in natura reduzidos a 9,17% com o drawback.
e do insumo milho e se analisou os im- Ressalta-se que cada Estado possui sua
pactos e a importância econômica do própria legislação tributária, poden-
drawback. Foram utilizadas as bases de do gerar diferentes alíquotas. Em 2014
dados disponíveis no MDIC/DECEX refe- as exportações de carne de frangos in
rentes à exportação de carne de frangos, natura que utilizaram em algum grau
totais e no regime drawback. o regime de drawback totalizaram 2,18
milhões de toneladas, correspondendo
Resultados e Discussão a 55 % do total de carne de frangos ex-
As exportações totais e com drawback portada. Com as Tabelas de Conversão
de carne de frangos estão na Figura 1. elaboradas pela Embrapa para insumos
Observa-se que a utilização deste ins- e produtos exportados, estima-se que
trumento foi irregular, atingindo 63,2 4,18 milhões de toneladas de milho
% das exportações em 2006, 24,3 % em seriam utilizadas no produto exporta-

Anais SIAVS 2015 - Contribuição do drawback para a sustentabilidade da cadeia produtiva de frangos...
- 437 -
do. Se esse milho fosse importado (do melhoria da competitividade do país. Se
Paraguai, por exemplo), por R$ 350,00 a a exportação de carne de frangos com
tonelada, a carga tributária de 41,27% drawback atingisse 90% do total expor-
acresceria R$ 144,44 no preço da tone- tado, este valor praticamente duplicaria.
lada do produto. Expandido o cálculo Raciocínio idêntico pode ser aplicado
para o total do milho utilizado na pro- às aquisições em outros Estados, com
dução da carne de frangos exportada uma redução de 9,25% na carga tribu-
com drawback, chega-se ao valor de R$ tária, o que indica o potencial dos be-
604,7 milhões, uma redução de custo e nefícios do drawback.

Imposto Carga
Origem e PIS COFINS Base ICMS Valor
Importação Tributária
tributação (%) (%) ICMS (R$)1 (%) ICMS (R$)
(II %) Total (%)2
Mercado
interno
0,00 1,65 7,60 109,172 8,40 9,17 18,424
tributação
integral
com
0,00 0,00 0,00 109,172 8,40 9,17 9,174
drawback
Importação
tributação 8,00 1,65 7,60 141,271 17,00 24,02 41,273
integral
com
0,00 0,00 0,00 100,001 0,00 0,00 0,003
drawback
1
Base do ICMS por importação = (VAC + VACxII + VACxPIS + VACxCOFINS) / (1-ICMS). AFRMM (Adicio-
nal de Frete para Renovação da Marinha Mercante - 25% sobre valor frete marítimo) se houver, tam-
bém compõe base. 2Base do ICMS mercado interno = (VM / (1-ICMS))  VM = Valor da Mercadoria.
3
Carga Tributária importação= VAC x II + VAC x PIS + VAC x COFINS + Valor ICMS. Quando o frete inter-
nacional for marítimo, o drawback contempla também o AFRMM com alíquota de 25% sobre o valor
deste frete. 4Carga Tributária mercado interno = VM x PIS + VM x COFINS + Valor ICMS. IPI – não incide
neste caso, se incidisse, também seria contemplado pelo drawback. Quando houver IPI o cálculo é:
para a importação (VAC + II x IPI); para mercado interno é (VM x IPI); podem ocorrer casos em que
o IPI é calculado também sobre o frete. VAC = Valor da Mercadoria + Frete Internacional + Seguro.

Conclusão cessos implantados nestas empresas,


Considerando o significativo impac- e a disponibilização atualizada dos va-
to do drawback na redução o custo lores de conversão entre insumos uti-
de produção e, como consequência, lizados e produtos exportados. Além
na competitividade das empresas, é disso, é importante a interação entre os
importante que sejam definidas estra- elos Governo, Pesquisa e Empresas para
tégias para ampliar sua utilização nas identificar possíveis melhorias no pro-
empresas. Por certo são necessárias cesso de drawback com vistas ao maior
equipes capacitadas bem como pro- acesso e utilização deste benefício.

Anais SIAVS 2015 - Contribuição do drawback para a sustentabilidade da cadeia produtiva de frangos...
- 438 -

Referências bibliográficas

MINISTÉRIO DO DESENVOLVIMENTO, INDÚSTRIA MAPA, 2015.


E COMÉRCIO EXTERIOR. Secex. Decex. Dados do SILVA, R. A. da. O regime de drawback e sua
drawback suspensão: dezembro 2014. Brasília, DF, contribuição para as exportações dos setores
2015. 16 p. industriais brasileiros . 2014. 81 f. Dissertação
SECRETARIA DE POLÍTICA AGRÍCOLA. Departa- (Mestrado em Economia do Setor Público) - De-
mento de Economia Agrícola. CGAE. Estatísticas e partamento de Economia, Universidade de Bra-
dados básicos de economia agrícola. Brasília, DF: sília, Brasília, DF.

Anais SIAVS 2015 - Contribuição do drawback para a sustentabilidade da cadeia produtiva de frangos...

Vous aimerez peut-être aussi