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UBERLÂNDIA
JANEIRO DE 2010
SÉRGIO VALADÃO MARQUES
UBERLÂNDIA
JANEIRO DE 2010
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SÉRGIO VALADÃO MARQUES
UBERLÂNDIA
JANEIRO DE 2010
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AGRADECIMENTOS
Meus agradecimentos a:
O meu orientador Dr. José Roberto Delalibera Finzer pela sua sabedoria e paciência.
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RESUMO
O Brasil utiliza fontes renováveis de energia e a energia hidroelétrica é a responsável por mais
de 80% da eletricidade consumida no país, seguida pelo etanol, biodiesel e biomassa. Na
região do Triangulo Mineiro e alto Paranaíba em Minas Gerais a produção gerada pelas
agroindústrias, principalmente os dejetos das granjas de suínos, estão sendo utilizados para a
geração de energia elétrica, através do biogás fornecido pelos biodigestores rurais, ajudando a
evitar problemas ambientais e reduzindo os custos de produção. Este trabalho tem por objetivo
apresentar resultados experimentais (estudo de caso) em que a adição de 5% de glicerina em
um biodigestor rural, aumenta a produção de biogás em cinco vezes. O excesso de glicerol,
subproduto do biodiesel no mercado brasileiro, em conseqüência da lei que obriga a Petrobrás
a adicionar 5% “B5” de biodiesel no diesel fóssil, justifica este trabalho. Planeja-se que o
biodigestor rural seja alimentado à base de estrume de suíno, operando-se a uma temperatura
interna de 37°C e com sistema de agitação, e será adicionado 5% desta glicerina ao substrato
para comprovar o desempenho do biodigestor e verificar se a capacidade útil será otimizada.
Palavras-chave: Biogás, Glicerina, Biodigestores.
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SUMÁRIO
Introdução 7
Poluição Atmosférica 8
Energias Renováveis 9
Biomassa 12
Biodiesel 15
Biogás 22
Materiais e métodos 24
Conclusão 27
Referências 27
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INTRODUÇÃO
Para entender a dimensão do problema basta fazer uma conta simples. A produção do Brasil
em 2008 cerca de 760 milhões de litros de biodiesel (“ver Tabela 1 ANP, o valor indicado por
Costa (2008), está subestimado, provavelmente não se tinha estatística de produção anual ao
divulgar o artigo”) por gerar por volta de 10% desse total em glicerina, tem-se que destinar
76 mil toneladas de glicerol a aplicações especificas. Com a implantação do B4 em 2009 essa
quantidade de glicerol vai ultrapassar 150 mil toneladas. Não se pode perder de vista que no
mundo existe excedente de 700 mil toneladas de glicerol por ano.
Grande parte da glicerina, tanto do Brasil quanto no exterior, é vendida para indústrias que a
utilizam como matéria-prima para fabricar solventes, adoçantes, conservantes alimentícios,
anestésicos e plastificantes de cápsulas no setor farmacêutico, não sendo possível absorver
todo o excedente. Já em 2006, a perspectiva de excesso de oferta fez com que o preço da
tonelada de glicerol caísse 65%. Como conseqüência, indústrias produtoras de glicerina, como
é o caso da Fontana S!A, resolveram mudar os rumos do próprio negócio. Na sede da
empresa, na cidade de Encantado (RS), eram fabricadas seis mil toneladas do produto por ano.
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O material é usado na fabricação de sabonetes da marca Turma da Mônica, além de artigos de
limpeza como saponáceos, lava-louças, sabão e amaciantes. Com a oscilação dos preços, a
decisão foi diminuir a fabricação própria a partir da nafta e do sebo animal para comprar e
destilar a glicerina das usinas de biodiesel — que é muito mais barata. Atualmente, a Fontana
usa a glicerina de biodiesel como parte de sua matéria-prima.
Mas nem todos os compradores de glicerina aceitam bem esse co-produto do biodiesel. A
Razzo Ltda. empresa, instalada em São Paulo (SP), vende sebo, sabão e glicerina. Muitos
clientes do setor alimentício e farmacêutico não aceitam o produto obtido nas usinas de
biodiesel. A crítica é de que essa glicerina seria de baixa qualidade, já que carrega uma
mistura de sais, etanol e outras substâncias. “Sem tratamento adequado, ela não pode ser
utilizada”.Alguns clientes pedem até certificados que atestem que não usam esse tipo de
glicerol“. A unidade Biobrotas Oleoquímica Ltda –Brotas(SP) foi construída para purificar
glicerina e atender ao nicho do mercado que exige produto purificado.
A usina Granol, até março de 2007 transformou o glicerol em fonte de energia por meio da
queima em caldeiras. Em 2008, o excedente da produção estava sendo comercializado para
uma indústria farmacêutica. A empresa produzia em 2008, 900 t/ano na unidade de Anápolis-
GO, e com a inclusão da produção de Cachoeira do Sul a glicerina está destinando o co-
produto à exportação, após realizar um processo inicial de purificação.
Entre possibilidades de uso uma delas é produzir propileno glicol (usando glicerina), para
substituir o etileno glicol, um anticongelante usado, entre outras aplicações possíveis, para
lavar aeronaves.
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POLUIÇÃO ATMOSFÉRICA
A principal fonte desses gases é a queima de combustíveis fósseis, como petróleo, gás natural
e carvão mineral, utilizados para geração de energia de forma acentuada nas últimas décadas.
As atividades agrícolas, o desmatamento, as queimadas e a fermentação dos dejetos de
rebanhos bovinos, suínos e outros, também são fontes importantes de geração destes gases.
Em sistemas com reatores para estabilização da matéria orgânica ocorre geração de metano o
qual pode ser queimado para geração de energia elétrica. O excesso ou fugas do gás pode ser
oxidado, como mostrado no queimador na Figura 1. No caso, a fazenda (Granja Becher- Patos
de Minas- MG) onde está inserido o biodigestor, gera 5000 m³ de gás e a fazenda só consome
1000 m³, sendo o excesso queimado.
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Desde 1º de janeiro de 2010, o óleo diesel comercializado em todo o Brasil contém 5% de
biodiesel. Esta regra foi estabelecida pela Resolução nº 6/2009 do Conselho Nacional de
Política Energética (CNPE), publicada no Diário Oficial da União (DOU) em 26 de outubro
de 2009, que aumentou de 4% para 5% o percentual obrigatório de mistura de biodiesel ao
óleo diesel. A contínua elevação do percentual de adição de biodiesel ao diesel demonstra o
sucesso do Programa Nacional de Produção e Uso do Biodiesel e da experiência acumulada
pelo Brasil na produção e no uso em larga escala de biocombustíveis. (ANP, 2010).
Na Tabela 1 indica-se a produção acumulada de biodiesel (m3) desde 2005 no Brasil, (B100,
que significa 100% de biodiesel ou seja não contém mistura). Apenas em 2009, a produção de
biodiesel (B100) aumentou em 71% no intervalo de janeiro à agosto. Esses dados são
importantes para quantificar o aumento da produção de glicerina (subproduto) na produção de
biodiesel.
ENERGIAS RENOVÁVEIS
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Tabela 1. Produção de biodiesel B100 (m3) no Brasil de 2005 a 2009 (ANP,. 2009).
VARIAÇÃO DO
ANO ACUMULADO
NO ANO 2009 / 2008
Dados 2005 2006 2007 2008 2009 (%)
180.000
160.000
140.000
120.000
100.000
3
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80.000
60.000
40.000
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Figura 2.
Produção de biodiesel no Brasil de 2005 a 2009 (ANP, 2009)
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De acordo com o Balanço Energético Nacional (edição 2003), a participação da biomassa na
matriz energética brasileira é de 27%, incluindo a utilização de lenha e carvão vegetal
(11,9%), bagaço de cana-de-açúcar (12,6%) e outros (2,5%).
BIOMASSA
De maneira geral pode-se descrever a biomassa como a massa total de matéria orgânica que se
acumula em um espaço vital.
Desta forma as biomassas são todas as plantas e todos os animais, inclusive seus resíduos; as
matérias orgânicas transformadas, provenientes de indústrias alimentícias e das indústrias
transformadoras de madeira (Souza et al., 2004).
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(A Figura 4 mostra detalhes de Estação de Tratamento de Esgotos, na empresa Granja Becher
em Patos de Minas - MG), na descarga de substrato digerido do biodigestor lançado no ETE
para posterior aproveitamento como fertilizante.
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Figura 3. Fabricante do biodigestor (www.sansuy.com.br)
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BIODIESEL
Para a produção de biodiesel, o triglicerideo (óleo) pode ser extraído de vários tipos de
oleaginosas e ao ser misturado com álcool (etanol ou metanol) em processo catalítico ocorre
reação química entre o óleo e o álcool, obtendo-se ésteres (biodiesel) e gerando glicerina
como subproduto da reação. Na sequência o óleo é separado da glicerina e filtrado (KNOTHE
et al, 2007) .
“A mistura entre o biodiesel e o diesel mineral é conhecida pela letra B, seguido do número
que corresponde a quantidade de biodiesel na mistura. Por exemplo, se uma mistura tem 5%
de biodiesel, é chamada B5, se tem 20% de biodiesel, é B20. Hoje nos postos em todo o
Brasil é comercializado o biodiesel B4”.
Fonte: http://www.anp.gov.br/biocombustiveis/biodiesel.asp
A espécie vegetal utilizada neste estudo para a produção do biodiesel e obtenção da glicerina
é a soja.
Definição:
Biodiesel não contém petróleo, mas pode ser adicionado a ele formando uma mistura. Pode
ser usada em um motor de ignição a compressão (diesel) sem necessidade de modificação. O
Biodiesel é simples de ser usado, biodegradável, não tóxico e essencialmente livre de
compostos sulfurados e aromáticos.
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O Biodiesel, produzido, relatado neste trabalho é fabricado através de um processo químico
no qual ocorre uma reação denominada por transesterificação onde a glicerina é obtida como
subproduto. O processo gera dois materiais: ésteres e glicerina.
O biodiesel se trata de uma energia limpa, não poluente, e o seu uso num motor diesel
convencional resulta, quando comparado com a queima do diesel mineral, numa redução
substancial de monóxido de carbono e de hidrocarbonetos não queimados.
A Figura 5 mostra uma extrusora utilizada para extração de óleo de sementes de soja
(Abdiesel Ltda: Araguari-MG).
Figura 5. Extrusora de grãos para obtenção de óleo para ser utilizado como matéria prima na
obtenção do biodiesel (Abdiesel Ltda: Araguari-MG).
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Resumo da fabricação de biodiesel e o subproduto glicerina na planta de estudo.
As etapas do processo ocorrem da seguinte forma (ver na Figura 6, parte dos equipamentos do
processo).
Etapa 1
• Etapa 2:
17
• Etapa 3:
• Etapa 4:
• Etapa 5:
• Etapa 6:
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Cerca de 10% da glicerina produzida poderá ser fonte de calor para o
aquecimento do óleo térmico do aquecimento no processo e utilizado como
substrato em biodigestor rural.
• Etapa 7:
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Figura 6. Tanques do processo obtenção de biodiesel por transesterificação (Abdiesel
Ltda: Araguari-MG). Da esquerda para a direita: Reator em aço inox com aquecimento
para a mistura de álcool anidro com agitador mecânico, Destilador em aço inox com
aquecimento para a retirada do álcool hidratado, Reservatório de álcool hidratado,
Secadores em aço inox com aquecimento.
O Glicerol é produzido por via química ou fermentativa, possui uma centena de aplicações,
principalmente na indústria química. Os processos de produção é de baixa complexidade
tecnológica. A Figura 7 mostra a etapa de separação de glicerina do biodiesel. A Figura 8
mostra parte de laboratório para análise de biodisel com prateleira para disposição de amostras
e produtos.
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Figura 7. Separação do biodisel, fase superior, da glicerina, fase inferior (Abdiesel Ltda: Araguari-
MG).
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Processo de obtenção da glicerina
Biogás
O biogás é composto por uma mistura de gases que tem sua concentração determinada pelas
principalmente por metano (CH4) e dióxido de carbono (CO2), geralmente apresenta em torno
de 65% de metano, o restante é composto na maior parte por dióxido de carbono e outros
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A utilização do biogás como recurso energético se deve principalmente ao metano (CH4).
O uso do biogás por gerar renda e economia, desperta um crescente interesse por aplicação da
tecnologia no tratamento de rejeitos (Santos 2000). A Figura 10 mostra um display onde se
quantifica a quantidade de biogás produzido (Granja Becher, Patos de Minas - MG).
A Figura 11 mostra a instalação de controle e quantificação da produção de biogás com
o gerador de energia elétrica.
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Figura 11 Sistema para controlar e quantificar a vazão do biogás
Figura 11. Grupo gerador de energia elétrica utilizando como combustível o biogás
(Granja Becher- Patos de Minas MG) .
MATERIAIS E MÉTODOS
Para comparar e avaliar o uso da glicerina residual na produção de biogás foi analisado os
resultados do estudo da geração do biogás em fase laboratorial de dois biodigestores, para
depois se aplicar em biodigestor rural, com bactérias anaeróbicas. Um biodigestor foi
denominado “controle” para efetuar as comparações. Esses biodigestores de laboratório são
construídos em material plástico transparente, mas podem ser construídos com lonas especiais
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da marca SANSUY, não transparente com o processo operando em temperatura ambiente
interna de 37°C e em sistema de agitação semi-continua. A Figura 12 mostra o biodigestor em
escala de laboratório.
O biodigestor (controle) recebeu estrume de gado sem adição de glicerina (Tabela 2).
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Após, aproximadamente, três semanas de incorporação da carga nos biodigestores, fez-se a
comparação da produção do biogás nos dois regimes de alimentação o que aumentou a
produção do biogás em cinco vezes.
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Discussão quanto ao biodigestor rural
A quantidade do biogás produzida será medida diariamente por válvula controladora de vazão
O teor de metano será quantificado duas vezes por semana por cromatografia gasosa.
Conclusão
Os resultados indicam que a glicerina residual pode ser usada como suplemento na produção
de biogás, quando adicionada na biodigestão de resíduos orgânicos ricos em nitrogênio, como,
o pesquisado no estudo de caso, o estrume de gado. Pretende-se usar dejetos de suínos e
comparar os resultados com os do estudo de caso.
Referências Bibliográficas
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Blücher. 2007.
[3] ROBRA, Sabine* (PG); SANTOS, João Victor da Silva (IC); OLIVEIRA,
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27
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[8] ttp://www.mme.gov.br/programas/proinfa/menu/programa/tecnologias_contempladas.html
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