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IURI DE BRITO SADOVIK

A ÉTICA DO REINO DE DEUS

Artigo apresentado para cumprir as exigências


da disciplina de Ética do curso de bacharelado
em Teologia ministrada pela professora
Marivete Z. Kunz

FACULDADE BATISTA PIONEIRA


IJUÍ
DEZEMBRO / 2017
A ÉTICA DO REINO DE DEUS
IURI DE BRITO SADOVIK*

Palavras Chaves: Jesus Cristo, ética, reino de Deus, sociedade.


INTRODUÇÃO
Em meio a tantas deturpações éticas, tanto intrínsecas como da sociedade em geral,
surge a necessidade de averiguar os padrões bíblicos e neotestamentários em busca de
perspectivas éticas norteadoras que promovam esperança ao mundo pós-moderno secularizado.
Esse estudo apresenta conceituações; visa analisar as principais correntes éticas que
influenciam a sociedade atual e por fim, aponta para o padrão ético bíblico a partir da
inauguração do reino de Deus a partir da pessoa de Cristo Jesus.

1. DEFINIÇÕES DE TERMOS

A palavra ética vem do grego “ethos”, cujo significado aponta para o costume e hábitos
humanos. Classifica-se como uma parte da filosofia e das ciências sociais que lida com a
compreensão das noções e dos princípios que sustentam as bases da moralidade social e da vida
individual. Em outras palavras, trata-se de uma reflexão sobre o valor das ações sociais
consideradas tanto no âmbito coletivo como no âmbito individual.1 Paulo Silvino (Ribeiro,
2016) acrescenta que:
Em ética, analisa-se a influência que o código moral estabelecido exerce sobre
a nossa subjetividade, e acerca de como lidamos com essas prescrições de
conduta, se aceitamos de forma integral ou não esses valores normativos e,
dessa forma, até que ponto nós damos o efetivo valor a tais valores.

Observa-se também, que o pensamento ético preocupa-se em manter a ordem social.


Embora não haja direta com a lei propriamente dita, a ética é construída ao longo da história,
apoiada nos valores e princípios morais de determinada sociedade. Os códigos éticos visam,
assim, proteger a sociedade das injustiças e do desrespeito em qualquer esfera, tanto pública
como privada.2

* O autor é bacharelando em Teologia pela Faculdade Batista Pioneira.


1
RIBEIRO, Paulo Silvino. "O que é ética?"; Brasil Escola. Disponível em:
<http://brasilescola.uol.com.br/sociologia/o-que-etica.htm> Acesso em 11 de dezembro de 2017.
2
ÉTICA, Código de. O que é ética. Disponível em: <http://codigo-de-etica.info/o-que-e-etica.html> Acesso em:
11 de dezembro de 2017.
A título de obter-se uma correta compreensão dos termos, é preciso estabelecer a
diferença, embora seja tênue, entre o conceito de ética e moral. Pela etimologia, moral é
derivada da palavra latina “mores”. Trata-se da consciência adquirida pelo homem a partir do
momento histórico em que ele começa a viver em sociedade. É todo ensinamento das normas
sociais que são obtidos pela tradição e educação do dia-a-dia.3

2. ALGUMAS SUBDIVISÕES DA ÉTICA

Os estudiosos do assunto geralmente agrupam as alternativas éticas de acordo com o


seu princípio orientador fundamental.

2.1 ÉTICAS HUMANÍSTICAS


Apresenta o ser humano como seu próprio princípio regulador, seguindo o filósofo
grego Protágoras (490 a.C – 420 a.C), o qual concluiu que qualquer afirmação sempre era
relativa a um ponto de vista, a uma sociedade ou ao modo de pensar, e afirma ser o homem
a medida de todas as coisas.4 O hedonismo, por exemplo, ensina que o certo é aquilo que é
agradável e, como motivação tem-se a busca desenfreada pelo prazer. Expressa-se
principalmente pelo individualismo e o materialismo pós-modernos. Já o utilitarismo tem
como princípio a máxima – faz-se o que for útil para o maior número de pessoas. Por
exemplo, o regime nazista, o qual promoveu um genocídio judaico em nome do que era útil,
demonstrou que na falta de quem decida mais exatamente o sentido de "útil", tal princípio
orientador acaba por justificar os interesses totalitários de pessoas sem escrúpulos e o
egoísmo dos indivíduos. Abarcado nisso, tem-se o existencialismo, que, por sua vez,
defende que o certo e o errado são relativos à perspectiva do indivíduo e que não existem
valores morais ou espirituais absolutos. O correto é ter uma experiência, é agir — o errado
é ficar inerte.5

2.2 ÉTICA NATURALÍSTICA


Tem como base a observação das leis da natureza. É norteada pela seguinte
máxima - tudo que contribuir para a seleção do mais forte e a sobrevivência do mais apto,

3
Ibidem.
4
REDAÇÃO. Ideias. Disponível em: <https://super.abril.com.br/ideias/o-homem-e-a-medida-de-todas-as-
coisas-protagoras/>Acesso em: 11 de dezembro de 2017.
5
LOPES, Augustus Nicodemos. Ética de Cada Dia, artigo publicado na revista MACKENZIE, ed. nº. 3, 2014.
Disponível em: <http://www.monergismo.com/textos/etica_crista/etica_cadadia.htm> Acesso em 11 de
dezembro de 2017.
é correto. A natureza, ensina que somente os mais habilitados sobrevivem e que os fracos,
doentes, velhos e debilitados, por assim dizer, tendem a sucumbir à medida em que a
natureza evolui. Numa sociedade impregnada pela teoria evolucionista de Darwin não foi
difícil para esse tipo de ética se estabelecer. Disso decorre as implicações de crescimento
na aceitação pública do aborto e da eutanásia (elimina doentes, velhos e inválidos).6

2.3 ÉTICA CRISTÃ

Os cristãos entendem que éticas baseadas exclusivamente no homem e na natureza são


inapropriadas pois estão profundamente afetados e distorcidos pelos efeitos da entrada do
pecado no mundo. Apresenta-se como o conjunto de valores morais total e unicamente baseado
nas Escrituras Sagradas, pelo qual o homem deve regular sua conduta nesse mundo, diante de
Deus, do próximo e de si mesmo. Não é um conjunto de regras pelas quais o homem poderá
chegar a Deus – mas é a norma de conduta pela qual poderá agradar a Deus que já o redimiu.
Por ser baseada na revelação divina, acredita em valores morais absolutos, que são a vontade
de Deus para todos os homens, de todas as culturas e em todas as épocas. 7 Ampliando a
conceituação, Augustus Nicodemos assevera:

A ética cristã tem como fundamento principal a existência de um único Deus,


criador dos céus e da terra. Vê o homem, não como fruto de um processo
evolutivo (o que o eximiria de responsabilidades morais) mas como criação
de Deus, ao qual é responsável moralmente. Entende que o homem pecou,
afastando-se de Deus; como tal, não é moralmente neutro, mas naturalmente
inclinado a tomar decisões movido acima de tudo pela cobiça e pelo egoísmo
(por natureza, segue uma ética humanística ou naturalística). Um outro
postulado é o de que Deus enviou seu Filho Jesus Cristo ao mundo para salvar
o homem. Mediante fé em Jesus Cristo, o homem decaído é restaurado,
renovado e capacitado a viver uma vida de amor a Deus e ao próximo. A
vontade de Deus para a humanidade encontra-se na Bíblia. Ela revela os
padrões morais de Deus, como encontramos nos dez mandamentos e no
sermão do Monte. Mais que isso, ela nos revela o que Deus fez para que o
homem pudesse vir a obedecê-lo.8

6
Ibidem.
7
LOPES, 2014.
8
Ibidem.
3. CONCLAMAÇÃO A UMA MUDANÇA DE MENTE

Ao adentrar-se no ínterim neotestamentário, mais precisamente no contexto do


ministério do Senhor Jesus, percebe-se que a realidade do reino de Deus advinda, carrega
consigo o chamado à “metanóia”. Do grego μετανοία, significa “mudança de opinião”,
“arrependimento”, “conversão”. Etimologicamente: meta (além), nous (intelecto, pensamento),
assim metanóia é equivalente a uma mudança de pensamento/opinião.9

É dada ênfase à urgência dessa mudança de mente:

Jesus trazia uma mensagem desafiadora ao povo para que esse tivesse uma
conversão na qual seus atos estivessem em constante mudança. Essa mudança
deveria começar pelo interior, não apenas nos ritos que Israel estava
acostumado a cumprir seguindo a lei mosaica, antes era preciso compreender
que o reino de Deus tem a ver com mudança, transformação e um novo
formato de vida. Então, era preciso mudar a maneira que se pensava
(metanóia), pois a forma desse Reino pensar é totalmente diferente da forma
que o mundo/sistema pensa, por isso, é totalmente incompatível se mover
nesse novo reino anunciado por Cristo com a mentalidade formatada de
acordo com a cultura anterior.10

A proclamação ética de Jesus é igual à escatológica, ou seja, ao anúncio da


aproximação do reino de Deus. Somente porque o senhorio de Deus está surgindo, porque esse
tempo de salvação começa agora (“kairós”), pode ser formulada a exigência: “Arrependei-vos”
(Mc 1.15; Mt 3.2; 4.17). Começou uma situação histórica completamente nova, porque o reino
de Deus está próximo. Com isso o momento histórico é qualificado como tempo de salvação,
no sentido escatológico. Deus introduz o seu reinado. Somente nessa situação vale a exigência:
“Arrependei-vos!” É uma exigência total, pois não visa à prestação de certos atos morais, mas
uma volta de cento e oitenta graus: aceitação irrestrita ao reinado de Deus.11 Wendland
complementa:
O imperativo concretiza uma consequência do anuncio da salvação. A pessoa
que ouve a mensagem é colocada numa nova posição, e isso por causa da

9
CARLOS, Antônio. O que é metanóia? Uma abordagem sobre conversão e seus conceitos. Disponível em:
<http://www.logosdoreino.com.br/o-que-e-metanoia-uma-abordagem-sobre-conversao-e-seus-
conceitos/>Acesso em: 11 de dezembro de 2017.
10
CARLOS, 2015.
11
WENDLAND, Heinz-Dietrich. Ética do Novo Testamento: uma introdução. Trad. Werner Fuchs. São Leopoldo:
Sinodal, 1974, p. 11
proclamação de que Deus “assumiu o poder”. Os súditos, para continuar na
linguagem do antigo ritual oriental de entronização, aqui empregada, são
agora engajados no serviço ao novo soberano. Por isso faz parte da natureza
dessa proclamação ou pregação que ela contenha também uma exigência.12

4. O SERMÃO DO MONTE COMO ORIENTADOR DA ÉTICA DO


REINO: QUESTÕES INTRODUTÓRIAS
O Sermão encontra-se no evangelho de Mateus, logo no início do ministério
público de Jesus. Logo após o seu batismo e tentação, Cristo começou a anunciar as boas
novas de que o reino de Deus, há muito prometido no Antigo Testamento, estava agora às
portas. Cristo mesmo viera para inaugurá-lo. O Sermão do Monte, então, deve ser visto
neste contexto. Descreve o arrependimento e a retidão, que fazem parte do reino; isto é,
descreve o impacto dessa transformação na vida e na comunidade humana quando se
colocam sob o governo de Deus, através da Sua graça.13
As condições de vida e os conceitos de moralidade das pessoas têm se apresentado
variável no decorrer dos anos. O relativismo ético tem ganhado espaço até mesmo nos
arraiais evangélicos. Cada cristão, deve lutar contra o relativismo propagando os princípios
eternos ensinados no Sermão do Monte, e a partir daí, viver de maneira coerente ao
mesmo.14 Vale ressaltar que o Sermão é destinado à discípulos de Jesus:

O Sermão da Montanha é "o evangelho do reino" (Mt 4:23). Isto deveria servir
para esclarecer duas coisas: Primeiro, que ele não é meramente a exposição
da lei e, segundo, que suas bênçãos e princípios éticos não são atingíveis pelos
não convertidos. Este é um sermão para os cidadãos do reino. A salvação, e
não a reconstrução social é seu alvo e os homens de sabedoria mundana estão
destinados a jamais entendê-lo.15

Wendland afirma que devido a aproximação do reinado de Deus, que tudo


transforma, surge, por assim dizer, uma nova “espécie” de pessoas, simultaneamente

12
Ibidem.
13
STOTT, John R. W. Contracultura Cristã: A mensagem do Sermão do Monte. São Paulo: ABU, 1981, p. 8.
14
SOUZA, Umbelina Rodrigues de. Sermão do Monte: o mais excelente código de ética. Disponível em:
<http://umbelinars.blogspot.com.br/2012/11/sermao-do-monte-o-mais-excelente-codigo.html> Acesso em: 11
de dezembro de 2017.
15
Earnhardt, Paul apud SOUZA, 2012.
ouvintes e praticantes da mensagem do reino de Deus (WENDLAND, p. 11). Um novo
nascimento é essencial. Só a crença na necessidade e na possibilidade de um novo
nascimento pode evitar que leiamos o Sermão do Monte com falso otimismo.16 Muitas
pessoas ficam desesperadas quando o leem. Vêem nele um ideal inatingível. Neste sentido,
o Sermão é "Moisíssimo Moisés" (expressão de Lutero); "é Moisés quadruplicado, é Moisés
multiplicado ao mais alto grau"17, porque é uma lei de justiça interior a que nenhum pecador
não-regenerado pode obedecer. Portanto, apenas os condena e torna indispensável o perdão
de Cristo.18
Lutero é ainda mais explícito quanto ao segundo propósito do Sermão: "Cristo nada
diz neste Sermão sobre como nos tornamos cristãos, mas apenas sobre as obras e os frutos
que ninguém pode produzir se já não for um cristão e não estiver em estado de graça."19
Consequentemente, por estarem sob estado de graça, conforme afirmou Lutero, os
cristãos devem ter uma prática de vida totalmente distinta do sistema mundano e decaído
que rege a sociedade atual. Isso é reforçado na ideia de Stott:
O tema essencial de toda a Bíblia, desde o começo até o fim, é que o
propósito histórico de Deus é chamar um povo para si mesmo; que este
povo é um povo "santo", separado do mundo para lhe pertencer e
obedecer; e que a sua vocação é permanecer fiel à sua identidade, isto
ê, ser "santo" ou "diferente" em todo o seu pensamento e em todo o seu
comportamento. Não há um parágrafo no Sermão do Monte em que não
se trace este contraste entre o padrão cristão e o não-cristão. É o tema
subjacente e unificador do Sermão[...] Assim, os discípulos de Jesus
têm de ser diferentes: tanto dos religiosos, como dos irreligiosos. O
Sermão do Monte é o esboço mais completo, em todo o Novo
Testamento, da contracultura cristã. Eis aí um sistema de valores
cristãos, um padrão ético, uma devoção religiosa, uma atitude para com
o dinheiro, uma ambição, um estilo de vida e uma teia de
relacionamentos: tudo completamente diferente do mundo que não é
cristão. E esta contra-cultura cristã é a vida do reino de Deus, uma vida
humana realmente plena, mas vivida sob o governo divino.20

16
STOTT, 1981, p. 14.
17
JEREMIAS, Joachim, 1961 apud STOTT, 1981, p.17
18
STOTT, 1981, p. 17
19
JEREMIAS, Joachim, 1961 apud STOTT, 1981, p. 17-18.
20
STOTT, 1981, p. 8-9
CONSIDERAÇÕES FINAIS

Quanto mais a sociedade atual seculariza-se, tanto mais se faz necessário um rumo que
não o da degradação moral anunciada. As éticas humanistas e relativistas, apenas distorcem a
verdade absoluta que está em Cristo. A igreja de Jesus - aqueles que foram alcançados pela
graça de Deus, são os portadores das boas-novas de grande alegria, e esperança, i. e., o
Evangelho, o poder de Deus para a salvação de todo aquele que crê.

O padrão ético estabelecido por Deus e apresentado no Sermão do Monte, é um


testemunho de que para cumpri-lo é preciso, primordialmente, ser justificado pela fé em Cristo,
para ter-se paz para com Deus (Rm 5.1). Ou seja, é preciso nascer de novo. Não há nada que o
homem pecador afastado de Deus, possa fazer para desfrutar de uma vida plena,
verdadeiramente ética. Isso só pode ser alcançado através da aceitação incondicional do reinado
de Deus na vida do mesmo.
REFERÊNCIAS

STOTT, John R. W. Contracultura Cristã: A mensagem do Sermão do Monte. São Paulo:


ABU, 1981. 104 p.

SOUZA, Umbelina Rodrigues de. Sermão do Monte: o mais excelente código de ética.
Disponível em: <http://umbelinars.blogspot.com.br/2012/11/sermao-do-monte-o-mais-
excelente-codigo.html>Acesso em: 11 de dezembro de 2017.

WENDLAND, Heinz-Dietrich. Ética do Novo Testamento: uma introdução. Trad. Werner


Fuchs. São Leopoldo: Sinodal, 1974, 159 p.

CARLOS, Antônio. O que é metanóia? Uma abordagem sobre conversão e seus conceitos.
Disponível em: <http://www.logosdoreino.com.br/o-que-e-metanoia-uma-abordagem-sobre-
conversao-e-seus-conceitos/>Acesso em: 11 de dezembro de 2017.

REDAÇÃO. Ideias. Disponível em: <https://super.abril.com.br/ideias/o-homem-e-a-medida-


de-todas-as-coisas-protagoras/>Acesso em: 11 de dezembro de 2017.

LOPES, Augustus Nicodemos. Ética de Cada Dia, artigo publicado na revista Mackenzie, ed.
nº. 3, 2014. Disponível em:
<http://www.monergismo.com/textos/etica_crista/etica_cadadia.htm> Acesso em 11 de
dezembro de 2017.

RIBEIRO, Paulo Silvino. "O que é ética?"; Brasil Escola. Disponível em:
<http://brasilescola.uol.com.br/sociologia/o-que-etica.htm> Acesso em 11 de dezembro de
2017.

ÉTICA, Código de. O que é ética. Disponível em: <http://codigo-de-etica.info/o-que-e-


etica.html> Acesso em: 11 de dezembro de 2017.

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