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XIII Simpósio Brasileiro de Automação Inteligente

Porto Alegre – RS, 1o – 4 de Outubro de 2017

ARQUITETURA PARA DESENVOLVIMENTO DE SISTEMAS CIBER-FÍSICOS


APLICADOS NA INDÚSTRIA 4.0

Marcos A. Pisching∗, Arthur A. Tasca∗, Marcosiris A. O. Pessoa∗, Fabrı́cio Junqueira∗,


Paulo E. Miyagi∗

Av. Prof. Melo Moraes, 2231, Cidade Universitária
Escola Politécnica da Universidade de São Paulo
São Paulo, São Paulo, Brasil

Emails: marcos.pisching@usp.br, arthur.tasca@usp.br, marcosiris@usp.br, fabri@usp.br,


pemiyagi@usp.br

Abstract— The Industry 4.0 have been pointed as the next industrial generation. In order to implement it
in real systems, a new generation of management and control systems must be developed. According to several
authors, the Cyber-Physical Systems (CPS) are the best solution for such task. In this context, the present article
reviews some CPS architectures and proposes improvements on it to attend Industry 4.0 guidelines. Furthermore,
the workflow of an educative Modular Production System is modelled according to this architecture, so that it
can be validated.
Keywords— Industry 4.0, Cyber-Physical Systems, Internet of Things

Resumo— A Indústria 4.0 tem sido descrita como o próximo modelo industrial. Para que possa ser de fato
implementada em sistemas reais, há necessidade de se estruturar os sistemas de controle e gestão dos processos
envolvidos, o que, segundo diversos autores, será realizado pelos Sistemas Ciber-Fı́sicos (CPS) e pela Internet
das Coisas (IoT). Nesse contexto, no presente artigo analisa-se algumas propostas de arquiteturas de CPS para a
Industria 4.0 e propõe-se uma nova arquitetura com foco no atendimento dos requisitos dessa nova era industrial.
Para verificar a aplicabilidade da proposta, a arquitetura foi aplicada em um sistema modular de produção.

Palavras-chave— Indústria 4.0, Sistemas Ciber-Fı́sicos, Internet das Coisas

1 Introdução bal para objetos inteligentes, ou seja, objetos


fı́sico-digitais com capacidades de sensoriamento,
A fábrica caracterı́stica do perı́odo que segue a ter- processamento e comunicação em rede (Kortuem
ceira revolução industrial é geograficamente dis- et al., 2010).
persa no globo e possui plantas automatizadas, fa- Para promover a Indústria 4.0, o governo
zendo pleno uso de máquinas com CNC (Comando alemão financiou diversos projetos que a funda-
Numérico Computacional), CLP (Controlador Ló- mentam teoricamente. Entre eles está um produ-
gico Programável) e robôs (Butala et al., 2008). zido por Kagermann et al. (2013), onde se elenca
Isso, entretanto, já não é suficiente para atender a as diretrizes desse novo modelo industrial: manu-
crescente demanda do mercado por produtos cada fatura de produto personalizados e sob demanda
vez mais personalizados, sem incorrer em elevação (atendimento das especificações de clientes), fle-
substancial dos custos (Brettel et al., 2014). xibilidade pela descentralização e otimização da
Diante disso, a Indústria 4.0 é apresentada tomada de decisão. Essas diretrizes estão intima-
como o próximo paradigma industrial que poderá mente relacionadas com o ambiente de produção e
atender tais necessidades do mercado (Kagermann dependem de uma plataforma de conexão dos ob-
et al., 2013), além de trazer uma série de novas jetos inteligentes inerentes ao meio industrial:
vantagens para seus operadores e gestores. O novo um Sistema Ciber-Fı́sico (CPS).
modelo industrial contará com uma ampla e infor- De acordo com Lee and Seshia (2016), “um
matizada rede de serviços, viabilizando a automa- CPS é um sistema composto da união de subsiste-
ção não só no interior da fábrica -que opera de mas fı́sicos em rede com a computação”. Para se
forma descentralizada- mas também na sua comu- adequar aos requisitos da Indústria 4.0, um CPS
nicação com outros participantes da cadeia pro- deve abranger clientes, máquinas, produtos, esto-
dutiva (Brettel et al., 2014). Ele está fundamen- ques e prestadores de serviço, de forma que intera-
tado na fábrica inteligente, um ambiente capaz de jam definindo e executando ações autonomamente
decidir sobre atitudes a serem tomadas em diver- (Hermann et al., 2016). Os impactos disso esta-
sos cenários (desde a manutenção de um equipa- riam em todas as atividades industriais: projetos
mento até a definição autônoma do processamento de engenharia, uso de material, logı́stica, controle
de cada componente de um produto) atendendo do ciclo de vida, entre outros (Mikusz, 2014).
as necessidades individuais dos clientes. A forma Apesar de CPS já serem utilizados atualmente
mais aceita até o momento de se elaborar essa fá- em casos como controle de processos, controle de
brica é descentralizando a coordenação das ativi- veı́culos e simulações computacionais com usuá-
dades, que passa de um sistema de controle glo- rios, ainda são poucas as publicações sobre sua

ISSN 2175 8905 326


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Figura 1: Arquitetura IMC-AESOP para CPS Industrial baseado na computação em nuvem. Fonte:
(Karnouskos et al., 2014)

aplicação na Indústria 4.0, especialmente sobre a automação de processos já consagrados. Essa ar-
modelagem desses sistemas para tal uso. Diante quitetura, ilustrada na Figura 2, é estruturada em
disso, esse trabalho foca na proposta de uma nova cinco camadas que orientam o funcionamento do
arquitetura de CPS, baseando-se em alguns tra- sistema, sendo elas:
balhos existentes.

2 Arquiteturas de CPS para a indústria


4.0

Apesar de haver material que trate da modelagem


de CPS de uso genérico (Rajkumar et al. (2010)
e Lee et al. (2015)) e de artigos que apontam a
importância desses sistemas para a próxima revo-
lução industrial (Hermann et al. (2016) e Pisching
et al. (2016)), não existe um consenso sobre como
arquitetar um CPS capazes de monitorar plan-
tas industriais. Dentre as publicações sobe tema
encontradas, destacaram-se as publicações produ-
zidas por Karnouskos et al. (2014) e Lee et al. Figura 2: Arquitetura 5C.
(2015). Fonte: (Lee, 2008).
A primeira proposta, apresentada na Figura 1,
é de uma arquitetura de CPS baseada em compu- • Conexão Inteligente: Realiza a aquisição de
tação em nuvem para a indústria. Ela faz uma dados de máquinas e seus componentes.
descrição detalhada dos diversos serviços necessá- • Conversão Dado-para-Informação: Como o
rios para implementar esse tipo de sistema, sendo nome indica, trata os dados adquiridos na ca-
concebida como uma arquitetura orientada a ser- mada inferior, transformando-os em informa-
viços. Com isso, ela indica como solucionar pro- ções que possam ser analisadas para se obter
blemas de implementação dos usuários do sistema, conclusões sobre o funcionamento do sistema.
apesar de, por outro lado, restringir a generaliza- • Cibernética: Essa é a camada de concentra-
ção da arquitetura. Essa generalização é especi- ção de informações, onde é elaborado o mo-
almente relevante para o caso da Indústria 4.0, delo virtual do sistema. Uma vez que os da-
modelo ainda em construção, sem especificações dos estão concentrados, aplicam-se algorit-
definidas. Além disso, atualmente já existem fer- mos que analisam o funcionamento do sis-
ramentas como a Plataform-as-a-Service, da Ora- tema.
cle (Oracle, 2016), um serviço de suporte à im- • Cognitiva: Neste nı́vel os resultados das aná-
plementação de aplicativos baseados em nuvem, lises da camada anterior são formatados para
o que mostra que a elaboração de um CPS nesse serem apresentados a pessoal capacitado.
molde pode estar desassociada da implementação • Configuração: A última camada do modelo
da ferramenta baseada na computação em nuvem. serve como um retorno do ambiente virtual
Já a proposta de Lee et al. (2015), denomi- para o fı́sico, atuando como um sistema de
nada Arquitetura 5C, baseia-se em modelos de controle e supervisório.

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3 Discussão das Arquiteturas a operação dos objetos inteligentes contidos nas
plantas, garanta a flexibilização da produção e
A Arquitetura 5C é, em certa medida, uma guia permita a estruturação de uma rede digital de em-
para o implantação de um CPS, por delimitar uma presas. Com isso em vista, propôs-se a seguinte
forma de desenvolver o sistema e apontar questões arquitetura, organizada em camadas conforme a
relevantes para sua implementação. Apesar disso, Figura 3:
existem ajustes que devem ser feitos para otimizar
o sistema e facilitar a aplicação do CPS de acordo
com o que se propõe sobre a Indústria 4.0.
Em primeiro lugar, nota-se que dois processos
trabalhosos (elaboração do modelo virtual e aná-
lise das informações coletadas) foram aglutinados
em uma camada, enquanto no nı́vel “cognitivo”
apenas formata os resultados obtidos na camada
anterior. Assim, no caso em que o próprio sis-
tema seria reconhece um problema e o soluciona,
a camada “cognitiva” seria apenas uma ferramenta
de apresentação de resultados à administração da
fábrica.
Ademais, algumas caracterı́sticas básicas da
Indústria 4.0 não foram levadas em considera- Figura 3: Arquitetura 5C para CPS revisada
ção nesse modelo. Brettel et al. (2014) apontam
uma forte tendência de redução da rigidez da pro- 4.1 Conexão inteligente
dução utilizando máquinas e produtos inteligen-
tes, explorando amplamente a Internet das Coisas Camada de interface com os processos fı́sicos do
(IoT). Tal comunicação permitirá que cada pro- sistema produtivo, responsável tanto pela atua-
duto oriente o seu processamento dentro da planta ção dos equipamentos quanto pelo sensoriamento
de acordo com as especificações do cliente, a par- do sistema. É nela que se extrai dados de um con-
tir de instruções gravadas no produto e transmiti- junto de componentes, objeto inteligente, do
das aos equipamentos. Para que isso seja possı́vel, ambiente fı́sico, para que o sistema digital possa
o modelo deve prever que as informações fluam analisá-lo.
não só na direção vertical mas também horizon-
talmente entre produtos e máquinas. 4.2 Inteligência local
De fato, nesse novo modelo industrial não são
apenas os objetos (controladores, máquinas e pro- Aqui dois processos ainda relativos a um único ob-
dutos) que devem estar conectados à internet, mas jeto inteligente são executados: realizar a con-
também os serviços. Gerenciamento de estoque, versão dado-informação (interpretar os dados co-
solicitação de transporte de carga e pedidos de letados por meio dos sensores e dos estados do
compras estão entre o processos que podem ser au- objeto e atribuir significado empı́rico a eles) e tra-
tomatizados a partir da virtualização da fábrica, o tar as informações geradas. Essas informações são
que incorpora à nova indústria também a Internet analisadas localmente para extrair conclusões rela-
dos Serviços (IoS) (Kagermann et al., 2013). Con- tivas ao objeto inteligente em questão. A partir
sequentemente, uma arquitetura adequada deve delas pode-se estabelecer comunicação com pares
prever a conectividade entre clientes e prestadores da mesma escala hierárquica (como um produto se
de serviços na indústria, ou seja, entre empresas comunicando com uma estação de processamento)
distintas. e/ou transmitir o que for pertinente à camada su-
perior.

4 Arquitetura Proposta
4.3 Cibernética
A primeira arquitetura elencou diversas funciona- Envia e recebe informações para a camada ante-
lidades essenciais para um CPS industrial, mas rior, agregando dados de todo o sistema e elabo-
não trata da interação entre essas funcionalida- rando o seu modelo virtual. Quanto mais com-
des e os usuários. Já o trabalho de Lee et al. pleto e confiável esse modelo for, tanto mais pre-
(2015) apresentava boas diretrizes para o desen- cisas serão as observações feitas acerca da planta.
volvimento de um CPS, mas continha algumas in-
coerências na comunicação entre as camadas e dei-
4.4 Cognitiva
xava de lado fatores importantes para uma fábrica
inteligente. Uma vez que o sistema está digitalmente cons-
ra Em linhas gerais, é necessário que uma ar- truı́do, ele pode ser analisado sob diversas aborda-
quitetura adequada para a Indústria 4.0 preveja gens. Tal análise, diferentemente da realizada na

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segunda camada, tem como foco o comportamento 5 Estudo de Caso
do sistema como um todo e não de um objeto in-
teligente especı́fico. Isso implica que deve ser le- Para avaliar a arquitetura adotada, foi modelado
vado em consideração, além dos dados levantados um CPS a ser implantado para atuar sobre uma
no nı́vel “Conexão Inteligente”, a interação entre bancada de cinco módulos educativos de um sis-
eles. É neste ponto que diagnostica-se o funciona- tema modular de produção (MPS). A bancada
mento do sistema, identificando, por exemplo, os utilizada foi a MPS Festo (Figura 4) presente no
gargalos da produção, erros sistêmicos em um de- Laboratório de Sistemas de Automação (LSA) do
terminado processamento, necessidade de aquisi- Departamento de Engenharia Mecatrônica e Sis-
ção de insumos ou de manutenção de ferramentas. temas Mecânicos da EPUSP, que conta com as
Além disso, tendo o modelo completo da seguintes estações:
planta e definindo-se a interação entre os objetos 1. Distribuição: armazena as peças em um ma-
que a compõe, é possı́vel gerar simulações de di- gazine e as fornece a outra estação.
versas configurações da planta, adicionando ou re-
movendo equipamentos, introduzindo novos pro- 2. Teste: recebe a peça e verifica se ela será
cessos, etc. aprovada ou não segundo algum critério es-
tabelecido pelo usuário.
3. Manipulação: realiza a classificação das pe-
4.5 Coordenação
ças de acordo com suas cores, podendo sepa-
A última camada deve tomar decisões acerca do rar ou reinserı́-las na linha de produção.
sistema e dar as instruções aos agentes competen- 4. Processamento: Verifica se a peça possui ou
tes. No âmbito local, ela usa os resultados da aná- não um furo, simulando um processo de fa-
lise do modelo virtual para decidir se é necessário bricação mecânico quando necessário.
ou não intervir no nele e, em caso afirmativo, a
natureza da intervenção. 5. Classificação: Recebe as peças e as separa em
Outra função desse nı́vel é a comunicação en- rampas, de acordo com o seu tipo ou cor.
tre o CPS em questão e sistemas externos. Tal
comunicação pode acontecer com sistemas de di-
versas naturezas, desde fornecedores até os pontos
de vendas dos produtos.

4.6 Colocações sobre a arquitetura

Ressalta-se aqui que as cinco camadas propostasc


podem ser dividas em dois grupos: um formado
pelas camadas inferiores, interpretado como sendo
o espaço dos objetos inteligentes; e outro pelas três
camadas superiores, mais voltado para manuten- Figura 4: Bancada MPS Festo
ção do sistema produtivo. No caso de uma fábrica
inteligente, os objetos inteligentes podem ser Cada estação é composta por um atuadores
máquinas ou produtos, capazes de estabelecer co- eletro-pneumáticos e sensores, havendo em algu-
municação entre si e entrar ou sair do CPS. De mas delas manipuladores e dispensers, o que torna
fato, uma vez que esses objetos armazenam, pro- a bancada uma boa representação dos equipamen-
cessam e transmitem dados referentes a si mesmos, tos de uma fábrica. As estações contam ainda com
a fábrica idealmente será capaz de operar sem a controladores lógico programáveis (CLP) que rea-
interferência das demais camadas nem de outros lizam o controle desses dispositivos.
atores. As estações estão individualmente conectadas
Na prática, entretanto, os insumos são fini- a computadores em uma rede local que são res-
tos, os equipamentos necessitam de manutenção e ponsáveis por executar a leitura das variáveis de
os processos podem falhar. Faz-se necessária en- controle das bancadas. Para realizar a leitura,
tão uma estrutura de suporte à rotina da planta, utiliza-se um servidor OPC disponibilizado pela
o que é atendido pelas três camadas superiores. Festo inc. (Codesys V2.3) e uma biblioteca de
Sendo elas responsáveis por coletar informações cliente OPC para C# disponı́vel no site da OPC
dos objetos presentes na planta, analisá-las e to- Foundation (Foundation, 2010). Cada computa-
mar decisões a partir delas, as camadas superiores dor é responsável por ler os dados da sua respec-
configuram a gestão da fábrica, em contrapartida tiva estação e analisá-los na esfera local (acom-
ao caráter operacional apresentado pelas camadas panhar o número de ciclos executados por cada
inferiores. componente, identificar o tempo gasto pela peça

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na estação, detectar a remoção de peças, etc.).
Feito isso, ele pode se comunicar com computa-
dores conectados às outras estações, ou transmitir
os resultado a um computador que centraliza as
informações.
O computador central, por sua vez, reúne as
informações enviadas por todos os outros e cons-
trói a réplica virtual do sistema. Ademais, a partir
desse modelo é feita a análise do funcionamento
das bancadas, para obter informações relativas
à necessidade de manutenção de componentes (a
partir do número de ciclos ou do tempo de uso de
cada um), tempo de processamento completo de Figura 5: Modelagem do caso estudado
peças (com o tempo consumido por uma mesma
peça em cada uma das estações), dentre outras.
A partir dessa análise o sistema pode informar o 6 Discussão da proposta
usuário sobre a necessidade de manutenção de fer-
ramentas ou reabastecimento de estoque, além de
Com base na proposta e experimentos realizados,
fornecer um diagnóstico completo sobre o estado
é relevante destacar as vantagens da nova arquite-
de seus componentes.
tura. Em primeiro lugar, alocar atuadores e con-
Para modelar esse sistema, identificou-se inici-
troladores na base da arquitetura é mais intuitivo
almente os equipamentos que realizam a interação
do que com os programas e métodos de conversão
do sistema com o seu entorno. Na ponta da cadeia
de dados. Outra diferença em relação ao trabalho
estão as estações do MPS, ou mais especificamente
de Lee et al. (2015) é a transmissão de informação
os sensores, atuadores e CLPs, que compõem a ca-
da camada de tomada de decisão, que agora é rea-
mada de “Conexão Inteligente” da arquitetura.
lizada diretamente para a de atuação da máquina,
Conectado a esses equipamentos estão os com-
sem ação das camadas intermediárias.
putadores periféricos. Uma vez que eles são os
responsáveis por extrair os dados das estações e Em oposição à proposta de Lee et al. (2015),
interpretá-los , eles configuram o nı́vel de “Inteli- segundo a qual dados sobre objetos da primeira e
gência Local” da proposta de arquitetura. Eles re- segunda camada só eram tratados na quarta, nesta
alizam ainda o tratamento dos dados adquiridos e proposta essas tarefas foram aproximadas, sendo
a comunicação dos conjuntos estação-computador realizadas exclusivamente entre a primeira e a se-
com o computador central, ou para outros com- gunda camada, permitindo que se formassem ob-
putadores atrelados à estação, dando informações jetos inteligentes no interior do sistema. Nota-
sobre a peça processada. se que isso atribuiu uma independência a cada
O computador central, por sua vez, cumpre o um dos equipamentos, que se tornaram capazes
papel das três camadas superiores. Ele é respon- de controlar independentemente variáveis signifi-
sável primeiramente por se comunicar com os ob- cativas para os processos nos quais atuam, além
jetos inteligentes das camadas anteriores, utili- de se comunicarem diretamente uns com os outros,
zando o protocolo TCP/IP, para extrair as infor- dispensando fluxos verticais de informação.
mações dos demais. A partir disso, constrói-se o Ainda sobre os objetos inteligentes que se
modelo virtual em C#, com orientação a objeto. configuram no interior da arquitetura, é de se des-
Para tal, implementou-se uma classe Sistema, que tacar que eles podem compor por si sós as camadas
contém como um de seus atributos um vetor de “Conexão inteligente” e “Inteligência local”, dado
objetos da classe Estacao, cada um contendo os que englobam as suas funções e interfaces. Em
componentes equivalentes àqueles da estação fı́- contrapartida a essas duas camadas, tem um ou-
sica. Dessa forma, constituiu-se aqui a camada tro conjunto de ferramentas apresentadas nas três
“Cibernética”. camadas superiores, cujo objetivo comum é a to-
Com o modelo virtual construı́do, o sistema mada de decisões sobre o sistema, estejam elas
passa a realizar uma série de análises com os da- delimitadas pelos limites fı́sicos da fábrica ou não.
dos contidos nas bancadas, buscando processos in- Como pode-se perceber, a arquitetura propõe
devidos, falha nos acionamentos ou necessidade de a estruturação de CPS em duas direções: hori-
manutenção de algum equipamento, o que caracte- zontal, entre objetos da mesma camada, e verti-
riza o nı́vel “Cognitivo”. A partir das constatações cal, entre camadas distintas. Segundo Wang et al.
de mal funcionamento, o sistema pode comunicar (2016), isso torna a planta mais flexı́vel e reconfi-
a um usuário a necessidade de manutenção, con- gurável, uma vez que permite que instruções para
figurando então a última camada da arquitetura. reconfiguração se desloquem verticalmente, sem
O resultado da modelagem do caso estudado está afetar necessariamente a troca de informações en-
expresso na Figura 5. tre entidades de uma mesma camada.

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7 Conclusão Kagermann, H., Wahlster, W. and Helbig, J.
(2013). Recommendations for implementing
Ao longo do desenvolvimento deste trabalho the strategic initiative industry 4.0–final re-
identificou-se a necessidade de estudos mais apro- port of the working group industry 4.0, Office
fundados sobre sistemas de controle e gerencia- of the Industry-Science Research Alliance Se-
mento de fábricas inseridas na Indústria 4.0, em cretariat of the Platform Industrie 4.
especial considerando o CPS. O trabalho de Lee
et al. (2015) é uma boa referência para estruturar Karnouskos, S., Colombo, A. W., Bangemann,
um CPS. No entanto, o papel de cada camada e a T., Manninen, K., Camp, R., Tilly, M., Si-
comunicação entre elas apresentam alguns pontos kora, M., Jammes, F., Delsing, J., Eliasson,
a serem melhorados. J. et al. (2014). The imc-aesop architecture
Nesse sentido, o presente artigo veio a con- for cloud-based industrial cyber-physical sys-
tribuir com a reformulação dos papéis das cama- tems, Industrial Cloud-Based Cyber-Physical
das e na racionalização da comunicação entre elas. Systems, Springer, pp. 49–88.
Além disso, ela destacou também o espaço para
Kortuem, G., Kawsar, F., Sundramoorthy, V. and
uso da Internet das Coisas e Serviços, conceito
Fitton, D. (2010). Smart objects as building
chave e constantemente citado na literatura so-
blocks for the internet of things, IEEE Inter-
bre a Indústria 4.0. Para isso, na camada de
net Computing 14(1): 44–51.
“Configuração” foi prevista uma comunicação do
sistema com outros agentes, enquanto o segundo Lee, E. A. (2008). Cyber physical systems: De-
nı́vel sofreu uma reformulação para que pudesse sign challenges, Object Oriented Real-Time
atuar como “cérebro” do objeto inteligente. Distributed Computing (ISORC), 2008 11th
Para trabalhos futuros, o acréscimo de pro- IEEE International Symposium on, IEEE,
dutos inteligentes na linha de produção deve ser pp. 363–369.
melhor estudado pois, apesar de previsto na arqui-
tetura, não foi implementado. Também aponta- Lee, E. A. and Seshia, S. A. (2016). Introduc-
se a necessidade de maior exploração da Internet tion to embedded systems: A cyber-physical
dos Serviços no modelo proposto, seja por meio systems approach, MIT Press.
da comunicação entre fábricas distintas, seja pela
Lee, J., Bagheri, B. and Kao, H.-A. (2015).
simulação de uma cadeia produtiva integrada com
A cyber-physical systems architecture for
consumidores e usuários.
industry 4.0-based manufacturing systems,
Manufacturing Letters 3: 18–23.
Agradecimentos
Mikusz, M. (2014). Towards an understan-
Os autores agradecem o apoio parcial do CNPq, ding of cyber-physical systems as indus-
CAPES e FAPESP para o desenvolvimento deste trial software-product-service systems, Pro-
trabalho. cedia CIRP 16: 385–389.

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Brettel, M., Friederichsen, N., Keller, M. and Ro-
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