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Conceitos Básicos
Sumário
0.1 Conceitos Geométricos Básicos . . . . . . . . . . . . 2
0.2 Introdução . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 3
0.3 Ângulos . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 8
1
Unidade 0 Conceitos Geométricos Básicos
2
Conceitos Básicos Unidade 0
Para além do que apresentaremos aqui, sugerimos as referências [1], [6], [8],
[9], [10], [11], [12] ou [13].
Apresentamos, nesta unidade, os conceitos e resultados mais básicos en-
volvidos na construção da Geometria.
0.2 Introdução
r s
B
B
A
r
Figura 3: posições relativas de ponto e reta.
3
Unidade 0 Introdução
Neste momento, é natural nos perguntarmos sobre quantas retas podem ser
traçadas por dois pontos dados. Assumiremos que podemos traçar exatamente
uma tal reta. Em resumo, por dois pontos distintos A e B do plano, podemos
traçar uma única reta (veja a Figura 4). Nesse caso, sendo r a reta determinada
←→
por tais pontos, denotamos, alternativamente, r = AB .
r
B
A
B r
A
−→
Figura 5: semirreta AB de origem A.
←→
3
Exemplo 1 Com o uso de um compasso, transporte o segmento AB para a reta CD
e decida se AB > CD ou vice-versa.
4
Conceitos Básicos Unidade 0
Solução
B
D
Solução
C
B
A D
5
Unidade 0 Introdução
r
P
6
Conceitos Básicos Unidade 0
Via de regra, denotaremos círculos por letras gregas maiúsculas. Por exem-
plo, denotamos o círculo da Figura 8 a seguir por Γ (lê-se gama), e podemos
mesmo escrever Γ(O; r), caso queiramos enfatizar que o centro de Γ é O e o
raio é r.
Dado um círculo Γ de centro O e raio r (gura 8), também denominamos
raio do mesmo a todo segmento que une o centro O a um de seus pontos;
por exemplo, OA, OB e OP são raios do círculo Γ. Uma corda de Γ é um
segmento que une dois pontos quaisquer do círculo; um diâmetro de Γ é uma
corda que passa por seu centro. Nas notações da Figura 8, AB e CD são cordas
de Γ, sendo AB um diâmetro. Todo diâmetro de um círculo o divide em duas
partes iguais, denominadas semicírculos; reciprocamente, se uma corda de um
círculo o divide em duas partes iguais, então tal corda deve, necessariamente,
ser um diâmetro do círculo.
C
D Γ
O
B A
r
P
Ainda em relação à Figura 8, o leitor deve ter notado que uma porção do
círculo Γ aparece em negrito. Tal porção corresponde a um arco de círculo,
7
Unidade 0 Ângulos
i.e., a uma porção de um círculo delimitada por dois de seus pontos. Note que
há uma certa ambiguidade nessa denição, devido ao fato de que dois pontos
sobre um círculo determinam dois arcos. Em geral, resolveremos essa situação
_
nos referindo ao arco menor ou ao arco maior CD. Desse modo, diremos
_
que a porção do círculo Γ em negrito na Figura 8 é o arco menor CD. Outra
possibilidade é escolhermos mais um ponto sobre o arco a que desejamos nos
referir, denotando o arco com o auxílio desse ponto extra; na Figura 8, por
_ _
exemplo, poderíamos escrever CP D para denotar o arco maior CD.
Solução
O
l
0.3 Ângulos
Comecemos esta seção com nossa primeira denição formal, que encontrará
utilidade em outras situações.
8
Conceitos Básicos Unidade 0
A
B A B
De acordo com a denição acima, para uma região R ser não convexa basta
que existam pontos A, B ∈ R tais que pelo menos um ponto do segmento AB
não pertença a R.
Uma reta r de um plano o divide em duas regiões convexas, os semiplanos
delimitados por r. Dados pontos A e B , um em cada um dos semiplanos em
que r divide o plano, tem-se sempre AB ∩ r 6= ∅ (Figura 10).
A B
−→ −→
Dadas, no plano, duas semirretas OA e OB , um ângulo (ou região Definição 5
−→ −→
angular) de vértice O e lados OA e OB é uma das duas regiões do plano
−→ −→
limitadas pelas semirretas OA e OB .
9
Unidade 0 Ângulos
B O
O A A
−→ −→
um ângulo de lados OA e OB escrevendo ∠AOB ; o contexto deixará claro se
estamos nos referindo ao ângulo convexo ou ao não convexo.
Nosso objetivo, agora, é associar a todo ângulo uma medida da região do
plano que ele ocupa. Para tanto (Figura 12), divida um círculo Γ de centro O
em 360 arcos iguais e tome pontos X e Y , extremos de um desses 360 arcos
iguais. Dizemos que a medida do ângulo ∠XOY é de 1 grau, denotado 1◦ , e
escrevemos
b = 1◦ .
X OY
Y
X
10
Conceitos Básicos Unidade 0
A′
B′ A
B
O
Γ
Σ
B′
A
O A′
Γ
11
Unidade 0 Ângulos
_
comprimento do arco A0 B 0 for 16 do comprimento total de Γ, então a medida
de ∠AOB será
b = 1 · 360◦ = 60◦ .
AOB
6
Observações 6.
i. Diremos que dois ângulos são iguais se suas medidas forem iguais.
iii. Muitas vezes usamos, por economia de notação, letras gregas minúsculas
para denotar medidas de ângulos4 ; por exemplo, escrevemos AOBb =θ
(lê-se téta) para signicar que a medida do ângulo ∠AOB é θ graus.
Solução
O′
12
Conceitos Básicos Unidade 0
4. O ângulo ∠X 0 O0 Y 0 mede α.
Observamos, anteriormente, que todo diâmetro de uma círculo o divide em
−→ −→
duas partes iguais. Assim, se tivermos um ângulo ∠AOB tal que OA e OB
sejam semirretas opostas (i.e., A, O e B estejam sobre uma mesma reta, com
O ∈ AB ), então AOB b = 180◦ (Figura 15).
180◦
B A
O
Raras vezes utilizaremos ângulos maiores que 180◦ . Assim, no que segue,
quando escrevermos ∠AOB , estaremos nos referindo, a menos que se diga o
contrário, ao ângulo convexo ∠AOB , i.e., ao ângulo ∠AOB tal que 0◦ <
b ≤ 180◦ . Diremos (Figura 16) que um ângulo ∠AOB é agudo quando
AOB
0◦ < AOBb < 90◦ , reto quando AOB b = 90◦ e obtuso quando 90◦ < AOB b <
180◦ . Observe, na (Figura 16), a notação especial utilizada para ângulos retos.
B
B
B
◦
θ = 90◦ θ > 90◦
θ < 90
O A A A
O O
É, por vezes, útil ter um nome especial associado a dois ângulos cuja soma
das medidas seja igual a 90◦ ; diremos, doravante, que dois ângulos com tal
13
Unidade 0 Ângulos
Definição 8 Dois ângulos ∠AOB e ∠COD (de mesmo vértice O) são opostos pelo
vértice (abreviamos OPV) se seus lados forem semirretas opostas.
D A
γ
β α
O
C B
−→ −→
Demonstração
Vamos nos referir à Figura 17. Como OB e OD são semirretas opostas,
segue que α + γ = 180◦ . Analogamente, β + γ = 180◦ . Portanto,
α = 180◦ − γ = β.
14
Referências Bibliográcas
15
1
Polígonos
Sumário
1.1 Polígonos . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 2
1.2 Problemas . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 7
1
Unidade 1 Polígonos
1.1 Polígonos
←→
Considere três pontos A, B e C no plano. Se C estiver sobre a reta AB ,
diremos que A, B e C são colineares; caso contrário, diremos que A, B e C
são não colineares (Figura 1.1).
A B r
2
Polígonos Unidade 1
(a) Equilátero, se AB = AC = BC .
(b) Isósceles, se ao menos dois dentre AB, AC, BC forem iguais.
(c) Escaleno, se AB 6= AC 6= BC 6= AB .
A A
A
B C B C B C
3
Unidade 1 Polígonos
A4
A5
A3
A1 A2
A4
A5
A3
A1 A2
4
Polígonos Unidade 1
mos, na Proposição 3, que todo polígono convexo com n lados possui exata-
mente n(n−3)
2
diagonais (veja também o Problema 1, página 7).
Os ângulos convexos ∠Ai−1 Ai Ai+1 (ou simplesmente ∠Ai , 1 ≤ i ≤ n) são
os ângulos internos do polígono. Assim, todo polígono de n vértices possui
exatamente n ângulos internos. Na Figura 1.4 marcamos os ângulos internos
do polígono A1 A2 . . . A5 . Um polígono convexo A1 A2 . . . An possui exatamente
dois ângulos externos em cada um de seus vértices; no vértice A1 , por exem-
plo, tais ângulos são aquele formado pelo lado A1 A2 e pelo prolongamento do
lado An A1 , no sentido de An para A1 , bem como o ângulo oposto pelo vértice
a esse. (Na Figura 1.6, marcamos os ângulos externos do polígono A1 A2 . . . A5
no vértice A1 .) Analogamente, denimos os ângulos externos de A1 A2 . . . An
em cada um dos outros n − 1 vértices restantes.
A4
A5
A3
A1 A2
5
Unidade 1 Polígonos
Demonstração Se n = 3 não há nada a provar, uma vez que triângulos não têm diagonais
e n(n−3)
2
= 0 para n = 3. Suponha, pois, n ≥ 4. Unindo o vértice A1 aos
n − 1 vértices restantes A2 , . . . , An obtemos n − 1 segmentos; destes, dois são
lados (A1 A2 e A1 An ) e os n − 3 restantes (A1 A3 , . . . , A1 An−1 ) são diagonais
(Figura 1.7). Como um raciocínio análogo é válido para qualquer outro vértice,
An−1
An A3
A1 A2
6
Polígonos Unidade 1
1.2 Problemas
3. Três polígonos convexos têm números de lados iguais a três naturais con-
secutivos. Sabendo que a soma dos números de diagonais dos polígonos
é 133, calcule o número de lados do polígono com maior número de dia-
gonais. (Sugestão: algebrize o problema, i.e., denote por n, n + 1 e n + 2
os números de lados dos polígonos e, em seguida, utilize o resultado da
Proposição 3 para montar uma equação de segundo grau na incógnita n.)
7
Referências Bibliográcas
8
2
Congruência de
Triângulos
Sumário
2.1 Os casos LAL, ALA e LLL . . . . . . . . . . . . . . 2
2.2 Problemas . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 10
2.4 Problemas . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 17
1
Unidade 2 Os casos LAL, ALA e LLL
Congruência de Triângulos
iguais a l.
Solução
5. Denotando por C uma qualquer das interseções dos dois círculos traçados,
construímos um triângulo ABC , equilátero e de lado l.
2
Congruência de Triângulos Unidade 2
B C A′
B′
(
A
b=Ab0 ; B
b=B b0; C
b=Cb0
.
AB = A0 B 0 ; AC = A0 C 0 ; BC = B 0 C 0
É imediato que a congruência de triângulos possui as duas propriedades
interessantes a seguir1 :
1O leitor com algum conhecimento prévio de Geometria Euclidiana notará que, no que
segue, não listamos a propriedade reexiva da congruência de triângulos. Nesse sentido,
sempre que nos referirmos, em um certo contexto, a dois triângulos, cará implícito que os
mesmos são, necessariamente, distintos.
3
Unidade 2 Os casos LAL, ALA e LLL
A ←→ A0 ; B ←→ B 0 ; C ←→ C 0 .
Solução
a b γ
4
Congruência de Triângulos Unidade 2
−→
1. Marque um ponto C no plano e, em seguida, trace uma semirreta CX
de origem C .
Se dois lados de um triângulo e o ângulo formado por esses dois lados forem Axioma 3
LAL
respectivamente iguais a dois lados de outro triângulo e ao ângulo formado por
esses dois lados, então os dois triângulos são congruentes.
A C′
B C A′
B′
5
Unidade 2 Os casos LAL, ALA e LLL
Solução
a
β γ
6
Congruência de Triângulos Unidade 2
A C′
B C A′
B′
C b0 , AC = A0 C 0 e BC = B 0 C 0 .
b=C
AC = b e BC = a.
Solução
c
a b
7
Unidade 2 Os casos LAL, ALA e LLL
Uma vez mais, os passos da construção evidenciam que, com outro posi-
cionamento inicial para o lado BC (mantida, é claro, a condição BC = a),
obteríamos um triângulo que gostaríamos de qualicar como congruente ao
triângulo inicial. Isto motiva, então, nosso terceiro caso de congruência, o caso
LLL, enunciado a seguir.
A C′
B C A′
B′
8
Congruência de Triângulos Unidade 2
9
Unidade 2 Problemas
2.2 Problemas
10
Congruência de Triângulos Unidade 2
−→
Dado um ângulo ∠AOB , a bissetriz de ∠AOB é a semirreta OC que Definição 8
−→
o divide em dois ângulos iguais. Neste caso, dizemos ainda que OC bissecta
∠AOB . Assim,
−→
OC bissecta ∠AOB ⇐⇒ AOC
b = B OC.
b
Construa com régua e compasso a bissetriz do ângulo ∠AOB dado abaixo. Exemplo 9
Solução
O A
1. Centre−→
o compasso em O e, com uma mesma abertura r, marque pontos
−→
X ∈ OA e Y ∈ OB .
11
Unidade 2 Aplicações de congruência
Solução
12
Congruência de Triângulos Unidade 2
congruência LLL que AXY ≡ BXY . Portanto, AXYb = B XYb ou, ainda,
AXM
b b . Agora, nos triângulos AXM e BXM , temos que AX =
= B XM
BX e AXM b = B XMb ; mas, como o lado XM é comum aos mesmos, segue
do caso LAL que AXM ≡ BXM . Logo, AM = BM .
Dados, no plano, uma reta r e um ponto A, construa com régua e compasso Exemplo 11
13
Unidade 2 Aplicações de congruência
←→
2. Construa o ponto médio M de BC e faça s = AM .
(b)
A
r
Observação 12 Dados, no plano, um ponto A e uma reta r, é possível mostrar que existe
Problema 19 da Unidade 4.
14
Congruência de Triângulos Unidade 2
P P′ r
A prova dessa proposição está embutida na justicativa que demos para a Demonstração
construção do ponto médio de um segmento. Em todo caso, vamos repeti-la.
B M C
15
Unidade 2 Aplicações de congruência
Demonstração
Basta observar que todos os lados de um triângulo equilátero podem ser
vistos como bases do mesmo, considerado como triângulo isósceles.
16
Congruência de Triângulos Unidade 2
2.4 Problemas
A B
A B
17
Unidade 2 Problemas
18
Congruência de Triângulos Unidade 2
OM ⊥AB ⇔ AM = BM .
19
Referências Bibliográcas
20
3
Paralelismo
Sumário
3.1 Paralelismo . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 2
3.2 Problemas . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 10
1
Unidade 3 Paralelismo
3.1 Paralelismo
Dadas duas retas no plano, temos somente duas possibilidades para as mes-
mas: ou elas têm um ponto em comum ou não têm nenhum ponto em comum;
no primeiro caso, as retas são ditas concorrentes; no segundo, as retas são
paralelas (Figura 3.1).
Demonstração
Seja ABC um triângulo qualquer e M o ponto médio do lado AC (Figura 3.2).
−→
Prolongue a semirreta BM até o ponto B 0 , tal que BM = M B 0 , e considere
os triângulos ABM e CB 0 M . Temos AM = CM , BM = B 0 M e AM cB =
CMcB 0 (ângulos OPV). Portanto, pelo caso LAL, temos AM B ≡ CM B 0 e,
daí, B 0 CM b . Logo,
b = B AM
b > B 0 CA
X CA b = B 0 CM
b = B AM
b = B AC.
b
O exemplo abaixo mostra como fazer uma das construções com régua e
compasso mais importantes da Geometria Euclidiana, qual seja, a de uma reta
paralela a uma reta dada, passando por um ponto também dado.
2
Paralelismo Unidade 3
A B′
M
B X
C
Construa com régua e compasso uma reta s, paralela à reta r e passando Exemplo 2
pelo ponto A.
Solução
A
Y
B X
C
3
Unidade 3 Paralelismo
B AC
b = Y AC
b = ACX;
b
por outro lado, como ∠ACX é ângulo externo do triângulo ABC , seguiria do
lema anterior que
B AC
b < ACX,b
←→
o que é uma contradição. Logo, as retas AY e r são paralelas.
de reta pode ser prolongado em uma reta; dados um ponto e um segmento tendo tal ponto
por extremidade, existe um círculo que tem centro no ponto dado e raio igual ao segmento
recomendamos ao leitor a referência [4]. Referimos também o leitor a [2], para a construção
4
Paralelismo Unidade 3
Uma construção da paralela a uma reta dada e passando por um ponto não
pertencente à mesma, mais simples que aquela delineada no Exemplo 6.4 da
Unidade 6.
De posse do quinto postulado, podemos enunciar e provar alguns dos mais
importantes resultados da Geometria Euclidiana. Para o primeiro deles, suponha
dadas, no plano, retas r, s e t, com t intersectando r e s nos pontos A e B ,
respectivamente (Figura 3.5). Nas notações da Figura 3.5, os ângulos α e β
B
s
γ β
α
A
r
t
5
Unidade 3 Paralelismo
r k s ⇔ α = β ⇔ α + γ = 180◦ .
Demonstração
Inicialmente, note que, como β + γ = 180◦ , temos α = β ⇔ α + γ = 180◦ .
Portanto, basta provarmos que r k s ⇔ α = β .
Já provamos, no Exemplo 2, que α = β ⇒ r k s, de modo que basta provar
a implicação contrária. Suponha, pois, que r k s. Então, pelo quinto postulado,
s é a única reta paralela a r e passando por B , de sorte que pode ser construída
conforme prescrito no Exemplo 2. Logo, segue da construção descrita naquele
exemplo que α = β .
←→ ←→
Demonstração
Sejam ABC um triângulo qualquer e XY a reta paralela a BC e passando
por A (Figura 3.6). Pelo Corolário 4, temos que B b eC
b = B AX b , de
b = C AY
A
X Y
B C
sorte que
A
b+B
b+C
b=A
b + B AX b = 180◦ .
b + C AY
6
Paralelismo Unidade 3
Pelo Corolário 2.14 da Unidade 2, todo triângulo equilátero tem três ângulos Demonstração
iguais. Mas, como a soma de tais ângulos é 180◦ , cada um deles deve medir
60◦ .
B X
C
A
b+B
b+C
b>A b ≥ 90◦ + 90◦ = 180◦ ,
b+B
7
Unidade 3 Paralelismo
B C
A C B A
C b0 , AC = A0 C 0 e AB = A0 B 0 .
b=C
Demonstração
Basta observar que as condições Ab = Ab0 e B b 0 fornecem
b=B
b = 180◦ − A
C b0 − B
b = 180◦ − A
b−B b0 = C
b0 .
BC = B 0 C 0 ; B b0; C
b=B b0 .
b=C
8
Paralelismo Unidade 3
B C
9
Unidade 3 Problemas
3.2 Problemas
2. * ABC é um triângulo
←→
isósceles de base BC e D ∈ AB , E ∈ AC
←→
são pontos tais que DE k BC . Sendo F o ponto de interseção dos
segmentos CD e BE , mostre que BF = CF . (Sugestão: comece
mostrando que ADE isósceles de base DE e, daí, que BD = CE .
Conclua que os triângulos DBC e ECB são congruentes por LAL e, daí,
que DCB
b = E BC b .)
A
B
10
Paralelismo Unidade 3
β
s
r
t
s
β
α
r
E F
C
A B
11
Unidade 3 Problemas
D
α
A C
−→
(Sugestão: trace BD e aplique o teorema do ângulo externo aos triân-
gulos ABD e ACD.)
C E
B
A
12
Paralelismo Unidade 3
13
Unidade 3 Problemas
14
Referências Bibliográcas
15
4
Desigualdade Triangular
Sumário
4.1 A desigualdade triangular . . . . . . . . . . . . . . . 2
4.2 Problemas . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 6
1
Unidade 4 A desigualdade triangular
−→
Demonstração Como B b >C b, podemos traçar (cf. Figura 4.1) a semirreta BX , inter-
sectando o interior de ABC e tal que C BX
b = 1 (B
2
b . Sendo P o ponto de
b − C)
−→
interseção de BX com o lado AC , segue do teorema do ângulo externo que
APbB = C BP b = 1 (B
b + B CP b − C) b = 1 (B
b +C b + C).
b
2 2
P X
B C
AB = AP < AC.
Corolário 2 Se ABC é um triângulo tal que Ab ≥ 90◦ , então BC é seu maior lado.
Em particular, num triângulo retângulo a hipotenusa é o maior lado.
2
Desigualdade Triangular Unidade 4
Em todo triângulo, cada lado tem comprimento menor que a soma dos Proposição 3
comprimentos dos outros dois lados.
B C
CD = AC + AD = AC + AB = b + c,
B DC
b = B DA
b = DBA
b < DBA
b + ABC
b = DBC.
b
3
Unidade 4 A desigualdade triangular
(a) P B + P C < AB + AC .
(b) P A + P B + P C < AB + AC + BC .
Demonstração −→
(a) Prolongue a semirreta BP até que a mesma encontre o lado AC no ponto
Q (cf. Figura 4.3). Aplicando a desigualdade triangular sucessivamente aos
triângulos CP Q e ABQ, obtemos
PB + PC < P B + ( P Q + CQ) = BQ + CQ
< ( AB + AQ) + CQ = AB + AC.
Q
P
B C
2( P A + P B + P C) < 2( AB + AC + BC).
4
Desigualdade Triangular Unidade 4
Na Figura 4.4, construa com régua e compasso o ponto P ∈r para o qual Exemplo 5
a soma PA + PB seja a menor possível.
AP + BP = A0 P + BP = A0 B
< A0 Q + BQ = AQ + BQ.
5
Unidade 4 Problemas
4.2 Problemas
6
Desigualdade Triangular Unidade 4
D
s
11. (União Soviética). Em um país, certo dia, um avião partiu de cada cidade
com destino à cidade mais próxima. Se as distâncias entre as cidades
são duas a duas distintas, prove que em nenhuma cidade aterrissaram
mais de cinco aviões. (Sugestão: se, na cidade A, aterrissaram aviões
provenientes das cidades B e C , use a Proposição 1 para concluir que
b > 60◦ . Em seguida, use este fato para mostrar, por contradição,
B AC
que não podemos ter seis aviões aterrissando em uma mesma cidade.)
7
Referências Bibliográcas
8
5
Quadriláteros Notáveis
Sumário
5.1 Quadriláteros notáveis . . . . . . . . . . . . . . . . . 2
5.2 Problemas . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 20
1
Unidade 5 Quadriláteros notáveis
D C
A B
←→ ←→ ←→ ←→
Figura 5.1: ABCD paralelogramo ⇔ AB k CD e AD k BC .
Demonstração
Suponha, primeiro, que o quadrilátero convexo ABCD é um paralelogramo
←→ ←→
(Figura 5.1). Então AD k BC e, como os ângulos ∠A e ∠B do paralelogramo
←→
são colaterais internos em relação à reta AB , temos Ab + Bb = 180◦ . Analoga-
mente, Bb+C b = 180◦ e, daí, A
b = 180◦ − B b=C b. Do mesmo modo, B b=D b.
Reciprocamente, seja ABCD um quadrilátero convexo tal que Ab = Cb e
Bb=D b (Figura 5.2). Então A b+ Bb=C b+D b e, como Ab+ B b+C b+D b = 360◦
(cf. Problema 11, Unidade 3), temos Ab + B b=C b+D b = 180◦ . Analogamente,
Ab+D b = B b+C b = 180◦ . Agora, como A b+B b = 180◦ , o Corolário 3.4 da
←→ ←→
Unidade 3 garante que AD k BC . Da mesma forma, B b+C b = 180◦ nos dá
2
Quadriláteros Notáveis Unidade 5
D C
A B
Figura 5.2: Ab = Cb e Bb = D
b ⇒ ABCD paralelogramo.
←→ ←→
AB k CD, de maneira que ABCD tem lados opostos paralelos, i.e., é um
paralelogramo.
D C
A B
3
Unidade 5 Quadriláteros notáveis
D C
A B
Demonstração
5. Pela
←→
proposição anterior, ABCD é um paralelogramo; portanto, a reta
AD é paralela à reta r.
4
Quadriláteros Notáveis Unidade 5
Solução
a b α
5
Unidade 5 Quadriláteros notáveis
Solução
a β
α
Demonstração
Primeiramente, seja ABCD um paralelogramo e M o ponto de interseção
←→ ←→
de suas diagonais (Figura 5.5). De AB k CD, segue que B AM b = DCM b e
ABM
b = C DM b . Como já sabemos que AB = CD, segue que os triângulos
ABM e CDM são congruentes por ALA. Logo, AM = CM e BM = DM .
Reciprocamente (veja, ainda, a Figura 5.5), seja ABCD um quadrilátero tal
que suas diagonais AC e BD se intersectam em M , o ponto médio de ambas.
Então, M A = M C , M B = M D e AM cB = C M cD (ângulos OPV), de modo
que os triângulos ABM e CDM são congruentes, por LAL. Analogamente,
BCM e DAM também são congruentes por LAL. Tais congruências nos dão,
6
Quadriláteros Notáveis Unidade 5
D C
M
A B
M N
B P C
M N P (i.e., o triângulo que tem por lados as bases médias do triângulo ABC )
é o triângulo medial de ABC .
As propriedades de paralelogramos obtidas anteriormente nos permitem
provar, na proposição a seguir, um importante resultado sobre as bases mé-
dias de um triângulo, conhecido como o teorema da base média.
7
Unidade 5 Quadriláteros notáveis
−→
Demonstração
Para a primeira parte, nas notações da Figura 5.7, tome M 0 sobre M N tal
que M N = N M 0 . Como N é o ponto médio de AC e AN bM = CN b M 0 (ân-
gulos OPV), os triângulos AM N e CM 0 N são congruentes por LAL. Portanto,
M 0 C = M A e M 0 CN b = M AN b , donde segue (via Corolário 3.4 da Unidade
←→ ←→
3) que M 0 C k AM . Assim,
←→ ←→ ←→ ←→ ←→ ←→
BM = AM = M 0 C e BM = AM k M 0 C.
M N M′
B C
8
Quadriláteros Notáveis Unidade 5
Solução
P N
←→
1. Trace por M a reta r, paralela à reta N P .
←→
2. Trace por N a reta s, paralela à reta M P .
←→
3. Trace por P a reta t, paralela à reta M N .
Em todo triângulo, as três medianas passam por um único ponto, o bari- Proposição 10
9
Unidade 5 Quadriláteros notáveis
Demonstração
Sejam N e P , respectivamente, os pontos médios dos lados AC e AB , e
seja BN ∩ CP = {G1 } (Figura 5.8). Sejam, ainda, S e T os pontos médios
dos segmentos BG1 e CG1 , respectivamente. Observe, agora, que N P é
base média de ABC relativa a BC e ST é base média de BCG1 relativa a
BC ; logo, pelo teorema da base média, tanto N P quanto ST são paralelos
a BC e têm comprimento igual à metade de BC . Portanto, N P = ST e
←→ ←→
N P k ST , de modo que, novamente pelo Problema 1, página 20, N P ST é um
paralelogramo. Segue, pois, da Proposição 7 que P G1 = G1 T e N G1 = G1 S .
Mas, como BS = SG1 e CT = T G1 , segue que BS = SG1 = G1 N e
CT = T G1 = G1 P , igualdades que, por sua vez, fornecem BG1 = 2 G1 N e
CG1 = 2 G1 P .
P N
G1
S T
B C
10
Quadriláteros Notáveis Unidade 5
quadrilátero são paralelos, podendo ou não ser iguais. Neste caso, dizemos que
tal quadrilátero é um trapézio (Figura 5.9). Assim, todo paralelogramo é, em
particular, um trapézio, mas é fácil nos convencermos de que a recíproca não é
verdadeira.
D C
A B
←→ ←→
Figura 5.9: um trapézio ABCD, com AB k CD.
Em todo trapézio, os dois lados sabidamente paralelos são suas bases, sendo
o maior (resp. menor) deles a base maior (resp. base menor); os outros dois
lados (sobre os quais em princípio nada sabemos, mas que podem também ser
paralelos, caso o trapézio seja, em particular, um paralelogramo) são os lados
não paralelos1 do trapézio. Nas notações da Figura 5.9, AB e CD são as
bases e BC e AD os lados não paralelos do trapézio ABCD.
Ao lidarmos com problemas envolvendo construções geométricas em um
trapézio ABCD, como o da Figura 5.9, é frequentemente útil observarmos (cf.
←→
Figura 5.10) que, se E e F são os pontos sobre a reta AB tais que ADCE e
BDCF são paralelogramos, então:
11
Unidade 5 Quadriláteros notáveis
D C
A E B F
os comprimentos AB = a, AC = d1 e BD = d2 .
Solução
a
d1
d2
12
Quadriláteros Notáveis Unidade 5
D b C
M N
P Q
A a B
Nas notações da Figura 5.11, como M P é base média do triângulo DAC , Demonstração
←→ ←→
segue da Proposição 8 que M P k CD e M P = 2b . Por outro lado, como
M Q é base média do triângulo ADB , a Proposição 8 também nos diz que
←→ ←→ ←→ ←→
M Q k AB e M Q = a2 . Mas, como AB k CD, segue do quinto postulado de
←→ ←→
Euclides que M P = M Q, i.e., M , P e Q são colineares. Ademais,
a b a−b
P Q = MQ − MP = − = .
2 2 2
Agora, argumentando analogamente com as bases médias N Q e N P dos
triângulos CBD e ABC , respectivamente, concluímos que P , Q e N são
2 Após Leonhard Euler, matemático suíço do século XVIII.
13
Unidade 5 Quadriláteros notáveis
a b a+b
MN = MQ + NQ = + = .
2 2 2
H
D C
E G
A B
F
Como os lados opostos de um retângulo são sempre paralelos (uma vez que
são ambos perpendiculares a um qualquer dos outros dois lados), todo retângulo
é um paralelogramo. Por outro lado, a Proposição 3 garante que todo losango
também é um paralelogramo.
14
Quadriláteros Notáveis Unidade 5
s Q Q′
r P P′
distância d de r.
Solução
d r
15
Unidade 5 Quadriláteros notáveis
Demonstração
Se ABCD é um retângulo de diagonais AC e BD (Figura 5.12), então
DAB = ADC
b b = 90◦ e (por ABCD também ser paralelogramo) AB = DC .
Mas, como os triângulos DAB e ADC partilham o lado AD, os mesmos são
congruentes por LAL. Em particular, AC = BD.
Reciprocamente, suponha que ABCD é um paralelogramo tal que AC =
BD (Figura 5.14). Como também temos AB = DC , os triângulos DAB
D C
A B
e ADC (que partilham o lado AD) são novamente congruentes, agora por
LLL. Logo, DAB
b = ADC b . Mas, uma vez que ABCD é um paralelogramo,
temos DAB
b + ADCb = 180◦ e, daí, DAB
b = ADC b = 90◦ . Analogamente,
ABC
b = DCB b = 90◦ e ABCD é um retângulo.
Demonstração
Seja ABC um triângulo retângulo em A (Figura 5.15). Trace, por B , a
paralela a AC e, por C , a paralela a AB ; seja, ainda, D o ponto de interseção de
tais retas. Como B AC
b + ABD b = 180◦ e B AC b = 90◦ , segue que ABD b = 90◦ .
Analogamente, ACD b = 90◦ e, como a soma dos ângulos de ABDC é 360◦ ,
segue, daí, que B DC
b = 90◦ . Portanto, o quadrilátero ABDC é um retângulo,
16
Quadriláteros Notáveis Unidade 5
C D
A B
Solução
m h
17
Unidade 5 Quadriláteros notáveis
Demonstração
Suponha, primeiro, que EF GH é um losango de diagonais EG e F H
(Figura 5.12). Como EF = EH e GF = GH , os triângulos EF G e EHG
são congruentes por LLL. Portanto, sendo M o ponto de interseção das diago-
nais EG e F H , temos
F EM
b = F EG
b = H EG
b = H EM.
b
E G
M
18
Quadriláteros Notáveis Unidade 5
D C
A B
(
R∪L⊂P ⊂T
,
R∩L=Q
19
Unidade 5 Problemas
5.2 Problemas
20
Quadriláteros Notáveis Unidade 5
21
Unidade 5 Problemas
22
Referências Bibliográcas
23
6
Lugares Geométricos
Sumário
6.1 Lugares geométricos básicos . . . . . . . . . . . . . 2
6.2 Problemas . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 8
6.4 Problemas . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 17
1
Unidade 6 Lugares geométricos básicos
AO = r ⇐⇒ A ∈ Γ(O; r).
2
Lugares Geométricos Unidade 6
A
r
seguir.
Solução
3
Unidade 6 Lugares geométricos básicos
Demonstração
Sejam M o ponto médio e m a mediatriz de AB (Figura 6.2). Se P ∈ m,
então, no triângulo P AB , P M é mediana e altura e, daí, o Problema 9, Seção
2, Unidade 2, garante que o triângulo P AB é isósceles de base AB . Logo,
P A = P B.
B
M
A
B
M
A
4
Lugares Geométricos Unidade 6
−→ −→
d(P, AO) = d(P, BO) ⇐⇒ P ∈ (bissetriz de ∠AOB).
M A
O P
N B
−→ −→
Figura 6.4: P ∈ bissetriz de ∠AOB ⇒ d(P, AO) = d(P, BO)
5
Unidade 6 Lugares geométricos básicos
padrão para um tal problema consiste, basicamente, na execução dos dois passos
seguintes:
Demonstração
A
B
6
Lugares Geométricos Unidade 6
A
B
r
O
7
Unidade 6 Problemas
6.2 Problemas
1. Construa um círculo de raio dado r, que passe por dois pontos dados
A e B . Sob que condições há solução? (Sugestão: o centro do círculo
desejado deve distar r do ponto A e pertencer à mediatriz do segmento
AB . Mostre que há uma solução se AB = 2r e duas soluções se AB <
2r.)
8
Lugares Geométricos Unidade 6
11. Em uma folha de papel está desenhado um círculo α, mas seu centro
não está marcado. Mostre como obter a posição do mesmo com régua
e compasso. (Sugestão: use o resultado do Problema 10 da Seção 2,
Unidade 2, juntamente com a Proposição 5.)
9
Unidade 6 Problemas
10
Lugares Geométricos Unidade 6
Em todo triângulo, as mediatrizes dos lados passam todas por um mesmo Proposição 9
t s
B C
r
na gura abaixo.
11
Unidade 6 Pontos notáveis de um triângulo
Solução
A C
Ha C
Hb
Demonstração
Seja ABC um triângulo qualquer. Há três casos a considerar:
12
Lugares Geométricos Unidade 6
C
Ha
A B
Como a altura relativa ao lado BC passa (por denição) por A, segue que as
alturas de ABC concorrem em A.
(b) ABC é acutângulo (Figura 6.9): trace, respectivamente por A, B e C ,
retas r, s e t paralelas a BC , CA e AB (também respectivamente), e sejam
r ∩ s = {P }, s ∩ t = {M }, t ∩ r = {N }. Então, os quadriláteros ABCN e
ABM C são paralelogramos, de sorte que CN = AB = CM e, daí, C é o
ponto médio de M N . Analogamente, B é o ponto médio de M P e A o ponto
médio de N P .
C t
N M
r
B
A
s
13
Unidade 6 Pontos notáveis de um triângulo
Demonstração
Nas notações do item (b) na prova acima, ABC é o triângulo medial do
triângulo M N P e as mediatrizes dos lados de M N P são as alturas de ABC ;
portanto, o circuncentro de M N P coincide com o ortocentro de ABC . Os
demais casos são totalmente análogos.
Solução
14
Lugares Geométricos Unidade 6
o incentro do triângulo.
I t
s
B C
seguir.
Solução
15
Unidade 6 Pontos notáveis de um triângulo
−→
1. Trace a semirreta AX , bissetriz interna de ABC relativa ao vértice A.
−→
2. Trace a semirreta BY , bissetriz interna de ABC relativa ao vértice B .
−→ −→
3. O incentro de ABC é o ponto de interseção das semirretas AX e BY .
16
Lugares Geométricos Unidade 6
6.4 Problemas
17
Unidade 6 Problemas
18
Referências Bibliográcas
19
7
Triângulos e
Circunferências
Sumário
7.1 Tangência e ângulos no círculo . . . . . . . . . . . . 2
1
Unidade 7 Tangência e ângulos no círculo
Demonstração
Seja R o raio de Γ. Se Q 6= P é outro ponto de t (Figura 7.1), temos
QO > P O = R, uma vez que QPbO = 90◦ é o maior ângulo do triângulo
OP Q. Portanto, Q ∈
/ Γ e, assim, P é o único ponto comum a t e a Γ.
Exemplo 2 Nas notações da gura abaixo, construa, com régua e compasso, uma reta
r, tangente a Γ em P .
2
Triângulos e Circunferências Unidade 7
Solução
Não é difícil provar (cf. Problema 1, página 15) que a reta tangente a
um círculo Γ por um ponto P do mesmo é única. Por outro lado, se P for
exterior ao círculo, provaremos na Proposição 11 que há exatamente duas retas
tangentes a Γ e passando por P .
Voltemo-nos, agora, ao estudo de certos ângulos em um círculo. Dado,
no plano, um círculo Γ de centro O, um ângulo central em Γ é um ângulo
de vértice O e tendo dois raios OA e OB por lados. Em geral, tal ângulo
central será denotado por ∠AOB e o contexto tornará claro a qual dos dois
ângulos ∠AOB estamos nos referindo. Por denição, a medida do ângulo
_
central ∠AOB é igual à medida do arco AB correspondente. O exemplo a
seguir mostra que ângulos centrais iguais subentendem cordas também iguais.
Suponha (cf. Figura 7.2) que AOB b < 180◦ (o caso AOB
b = C OD b =
Demonstração
b > 180◦ pode ser tratado de modo análogo). Como AO = CO, BO =
C OD
DO e AOB b = C ODb , os triângulos AOB e COD são congruentes por LAL,
de sorte que AB = CD.
3
Unidade 7 Tangência e ângulos no círculo
A O
D
C
cujo vértice é um ponto do círculo e cujos lados são duas cordas do mesmo. A
proposição a seguir nos ensina a calcular sua medida.
Demonstração
Consideremos três casos separadamente:
(a) O ângulo ∠BAC contém o centro O em seu interior (Figura 7.3): como
os triângulos OAC e OAB são isósceles, de bases respectivamente AC e AB ,
temos OACb = OCA b = α e OAB b = OBA b = β , digamos. Segue, pois, que
b = α + β e, pelo teorema do ângulo externo (Corolário 3.7, Unidade 3),
B AC
que C OA
b 0 = 2α e B OA
b 0 = 2β . Daí,
B OC b 0 + C OA
b = B OA b 0 = 2(α + β) = 2B AC.
b
(b) O ângulo ∠BAC não contém o centro O (Figura 7.4): uma vez mais, temos
OAC e OAB isósceles de bases AC e AB . Ademais, sendo OACb = OCA b =α
e OAB
b = OBA b = β , temos B ACb = β − α e, novamente pelo teorema do
ângulo externo, C OA
b 0 = 2α e B OA
b 0 = 2β . Logo,
B OC b 0 − C OA
b = B OA b 0 = 2(β − α) = 2B AC.
b
4
Triângulos e Circunferências Unidade 7
O
A A′
A A′
O
(c) O centro O está sobre um dos lados de ∠BAC : a análise deste caso é
análoga àquela dos dois casos anteriores e será deixada como exercício para o
leitor.
5
Unidade 7 Tangência e ângulos no círculo
A B
O
A
O
←→ ←→
Demonstração
Seja B AC
b = α. Como AC⊥ AO, temos ABO b = 90◦ − α e, daí,
b = B AO
6
Triângulos e Circunferências Unidade 7
B
C
O
D
A
intersectam em um ponto E .
Demonstração
(a) Basta aplicar sucessivamente o teorema do ângulo externo (Corolário 3.7,
Unidade 3) e o resultado da Proposição 4:
1 _ 1 _
AEC
b = ADC
b + B AD
b = AC + BD.
2 2
(b) Exercício.
7
Unidade 7 Tangência e ângulos no círculo
_ _
Demonstração
Nas notações do enunciado e da gura abaixo, sejam AB = 2α, BC = 2β ,
_ _ _
CD = 2γ e AD = 2δ . Então α + β + γ + δ = 180◦ e M N = α + β e
_
P Q = γ + δ . Portanto, sendo E o ponto de concurso de M P e N Q, temos
N C
B
P
E
M
D
A
Q
Demonstração
Primeiramente, analisemos o caso 0◦ < α < 90◦ . Seja (cf. Figura 7.8)
←→
/ AB tal que APbB = α. Se P 0 é o simétrico de P em relação à reta
P ∈
←→ ←→
AB (cf. Problema 4 da Seção 2, Unidade 2), então AB é a mediatriz de P P 0
8
Triângulos e Circunferências Unidade 7
A B
P′
P
P′
A B
9
Unidade 7 Tangência e ângulos no círculo
APb0 B = APbB + P AP
b 0 > APbB = α,
A O B
OAB
b = OBA b = 1 (180◦ − 2α) = 90◦ − α;
b = 1 (180◦ − AOB)
2 2
10
Triângulos e Circunferências Unidade 7
Demonstração
A B
1. De acordo com
−→
a discussão acima, construa, no semiplano superior, as
−→
semirretas AX e BY tais que B AX b = 90◦ − α.
b = ABY
2. Marque o centro
−→
O do arco capaz pedido como o ponto de interseção das
−→
semirretas AX e BY .
O próximo exemplo mostra que há uma relação simples (e, conforme veremos
nos problemas desta seção, útil) entre os arcos capazes de um ângulo e de sua
metade.
A gura abaixo mostra um dos arcos capazes do ângulo α sobre o seg- Exemplo 10
Solução
11
Unidade 7 Tangência e ângulos no círculo
A B
Demonstração
Sejam O o centro do círculo dado e A e B os pontos de interseção do
mesmo com aquele de diâmetro OP (Figura 7.11). Pelas discussões anteriores,
os semicírculos superior e inferior do círculo traçado podem ser vistos como
os arcos capazes de 90◦ sobre OP e, daí, OAP b = OBP b = 90◦ . Portanto,
←→ ←→ ←→ ←→
OA⊥ AP e OB⊥ BP , de sorte que, pela Proposição 2, as retas AP e BP
são tangentes ao círculo dado.
Reciprocamente, se r é uma reta passando por P e tangente ao círculo
←→
dado em X , digamos, então OX⊥ XP , ou, o que é o mesmo, OXP b = 90◦ .
Logo, X pertence a um dos arcos capazes de 90◦ sobre OP , i.e., X pertence
ao círculo de diâmetro OP . Mas aí, X está sobre a interseção do círculo dado
com aquele de diâmetro OP e, portanto, X = A ou X = B .
12
Triângulos e Circunferências Unidade 7
A
Γ
P
O
Nas notações da gura a seguir, construa, com régua e compasso, as retas Exemplo 12
Demonstração
P
O
13
Unidade 7 Tangência e ângulos no círculo
(a) P A = P B .
←→
(b) P O é a mediatriz de AB .
←→
(c) P O é a bissetriz dos ângulos ∠AOB e ∠AP B .
←→ ←→
(d) P O⊥ AB .
O P
Demonstração
Como OA = OB e P AO b = P BO b = 90◦ , os triângulos P OA e P OB
são congruentes, pelo caso especial CH de congruência de triângulos retângulos
(cf. Problema 1, Unidade 3); em particular, P A = P B , APbO = B PbO e
AOP
b = B OP b .
Agora, como P e O equidistam de A e de B , segue da Proposição 6.5
←→ ←→ ←→
(Unidade 6) que P O é a mediatriz do segmento AB . Logo, P O⊥ AB .
14
Triângulos e Circunferências Unidade 7
15
Unidade 7 Tangência e ângulos no círculo
16
Triângulos e Circunferências Unidade 7
17
Unidade 7 Tangência e ângulos no círculo
15. Sejam
_
A, B e C pontos sobre um círculo Γ, tais que os arcos menores
_ _
AB , AC e BC medem todos 120◦ . Se P é um ponto de Γ situado no
_
arco menor BC , prove que P A = P B + P C . (Sugestão: se O é o ponto
sobre AP , tal que P Q = BP , mostre que o triângulo BP Q é equilátero
e, daí, que AQB
b = 120◦ . Em seguida, use as hipóteses, juntamente com
os fatos já deduzidos e o teorema do ângulo inscrito, para mostrar que os
triângulos ABQ e CBP são congruentes por LAAo.)
16. Prove o item (b) da Proposição 6. Verique, ainda, que as fórmulas para o
cálculo das medidas de ângulos ex-cêntricos permanecem válidas quando
um dos lados do mesmo contiver uma corda do círculo e o outro for
tangente ao círculo. (Sugestão: em ambos os casos, adapte o argumento
da prova do item (a) da Proposição 6.)
18
Triângulos e Circunferências Unidade 7
19
Unidade 7 Tangência e ângulos no círculo
20
Triângulos e Circunferências Unidade 7
21
Unidade 7 Círculos associados a um triângulo
Proposição 14 Todo triângulo admite um único círculo passando por seus vértices. Tal
círculo é dito circunscrito ao triângulo e seu centro é o circuncentro do mesmo.
Demonstração
Seja ABC um triângulo de circuncentro O (gura 7.13). Como O é o ponto
C s
A B
22
Triângulos e Circunferências Unidade 7
sobre um lado, no exterior) de ABC se, e só se, ABC for acutângulo (resp.
retângulo, obtusângulo).
(a) O está no interior de ABC (gura 7.14): no triângulo OAB temos AOB
b =
2ACBb . Por outro lado, 0◦ < AOBb < 180◦ , donde 2ACB b < 180◦ ou, ainda,
b < 90◦ . Analogamente, ABC
ACB b < 90◦ e B AC b < 90◦ , donde ABC é
acutângulo.
C
A M B
(b) O está sobre um lado de ABC (gura 7.15): suponha, sem perda de
generalidade, que O ∈ BC . Nesse caso, BC é diâmetro de Γ e O é o ponto
médio de BC , de maneira que
b = 90◦ = 1 _ 1
B AC BXC = 180◦ = 90◦ .
2 2
(c) O está no exterior de ABC (gura 7.16): suponha, sem perda de generali-
←→
dade, que O e A estão em semiplanos opostos em relação à reta BC . Como
_
a medida do arco BC que não contém A é claramente maior que 180◦ , temos
1 _ 1
B AC
b = BXC > 180◦ = 90◦ ,
2 2
23
Unidade 7 Círculos associados a um triângulo
B O C
M
B C
Γ
X
e ABC é obtusângulo em A.
Demonstração
Imediata a partir da prova do item (a) da proposição anterior, tendo-se em
conta que
AOMb = B OM b = 1 AOB b = ACB. b
2
24
Triângulos e Circunferências Unidade 7
seus lados. Tal círculo é dito inscrito no triângulo e seu centro é o incentro do
mesmo.
I
B C
Solução
25
Unidade 7 Círculos associados a um triângulo
Demonstração
Sejam r e s as bissetrizes externas dos vértices B e C do triângulo ABC e
Ia seu ponto de interseção (o leitor pode checar sem diculdade que as porções
das retas r e s situadas na região angular ∠BAC formam ângulos agudos com
o lado BC , de forma que r e s realmente concorrem em tal região angular).
Como Ia ∈ r e r é bissetriz, segue que
←→ ←→
d(Ia , BC) = d(Ia , AB).
←→ ←→
Do mesmo modo, uma vez que Ia ∈ s, concluímos que d(Ia , BC) = d(Ia , AC).
Denotando por ra a distância comum de Ia às retas suportes dos lados, segue
que o círculo de centro Ia e raio ra tangencia BC e os prolongamentos de AB
e AC (a unicidade do mesmo é deixada ao leitor).
Observações 20.
i. Em geral, dado um triângulo ABC , denotamos o centro e o raio do
círculo circunscrito respectivamente por O e R, do círculo inscrito res-
pectivamente por I e r, e do círculo ex-inscrito a BC respectivamente
por Ia e ra .
26
Triângulos e Circunferências Unidade 7
B
r Ia
A C
ii. Todo triângulo ABC admite exatamente três círculos ex-inscritos; con-
soante as notações estabelecidas no item i., denotamos os centros e raios
dos círculos ex-inscritos a AC e AB respectivamente por Ib , Ic e rb , rc .
(a) BD = BF = p − b, CD = CE = p − c, AF = AE = p − a.
(b) AN = AP = p.
(c) BM = BP = p − c, CM = CN = p − b.
(d) EN = F P = a.
27
Unidade 7 Círculos associados a um triângulo
Demonstração
(a) Denotando AE = AF = x, BD = BF = y e CD = CE = z , obtemos
o sistema
x+y =c
y+z =a .
z+x=b
x = (x + y + z) − (y + z) = p − a.
Analogamente, y = p − b e z = p − c.
B
F D Ia
M
I
A E C N
2u = AN + AP = ( AC + CN ) + ( AB + BP )
= ( AC + AB) + ( CN + BP )
= (b + c) + ( CM + BM )
= b + c + BC = a + b + c = 2p,
de modo que u = p.
BP = AP − AB = p − c e CN = AN − AC = p − b.
28
Triângulos e Circunferências Unidade 7
Ia
M
A I
Como M AB b = 1A
b = M AC
2
b, segue do teorema do ângulo inscrito que os
Demonstração
_ _
arcos M B e M C que não contêm A são iguais e, portanto, M é seu ponto
médio. Como arcos iguais subentendem cordas iguais, temos M B = M C .
Veja, agora, que B McI = B M
cA = B CA
b =C be
I BM
b = I BC b = 1B
b + C BM b + C AMb
2
1b 1b
= B + A.
2 2
29
Unidade 7 Círculos associados a um triângulo
Portanto,
B IM
b = 180◦ − I BM
b − BM cI
1b 1b b
= 180◦ − B − A−C
2 2
= A
b+B b+C b − 1B b − 1Ab−C
b
2 2
1b 1b
= B + A = I BM,b
2 2
de modo que o triângulo IBM é isósceles de base BM . Assim, IM = BM =
CM .
Deixamos como exercício para o leitor provar a igualdade BM = M Ia ; o
argumento é análogo ao acima.
30
Triângulos e Circunferências Unidade 7
31
Unidade 7 Círculos associados a um triângulo
32
Referências Bibliográcas
33
8
Quadriláteros Inscritíveis
e Circunscritíveis
Sumário
8.1 Quadriláteros inscritíveis e circunscritíveis . . . . . . 2
1
Unidade 8 Quadriláteros inscritíveis e circunscritíveis
C
A
(b) B AC b .
b = B DC
Demonstração Suponhamos, inicialmente, que ABCD seja inscritível (gura 8.2). Então,
pelo teorema do ângulo inscrito, temos B AC b e
b = B DC
2
Quadriláteros Inscritíveis e Circunscritíveis Unidade 8
C
A
C
A
e, daí, B ED
b = B CD b , uma contradição ao teorema do ângulo externo. Se C
for exterior ao círculo chegamos a uma contradição análoga.
3
Unidade 8 Quadriláteros inscritíveis e circunscritíveis
E
C
A
Hc
Hb
H
C Ha B
Demonstração Vamos nos referir à gura 8.5. Como H H b c B = 90◦ +90◦ = 180◦ ,
b a B +H H
segue da proposição 1 que o quadrilátero HHa BHc é inscritível. Portanto,
novamente por aquela proposição, temos
HH
b a Hc = H BH b = 90◦ − A.
b c = Hb BA b
4
Quadriláteros Inscritíveis e Circunscritíveis Unidade 8
Por outro lado, desde que H H b b C = 180◦ temos HHa CHb também
baC + H H
inscritível. Portanto, temos também
HH
b a Hb = H CH b = 90◦ − A.
b b = Hc CA b
5
Unidade 8 Quadriláteros inscritíveis e circunscritíveis
F
P
A
B D C
i.e.,
6
Quadriláteros Inscritíveis e Circunscritíveis Unidade 8
AB + CD = AD + BC.
P
B N C
AB + CD = ( AM + M B) + ( CP + P D)
= AQ + BN + CN + DQ
= ( AQ + DQ) + ( BN + CN ) = AD + BC.
7
Unidade 8 Quadriláteros inscritíveis e circunscritíveis
A
E D
B C
8
Quadriláteros Inscritíveis e Circunscritíveis Unidade 8
(a) AH b e AH
b b Hc = ABC b .
b c Hb = ACB
←→ ←→
(b) OA⊥ Hb Hc .
4. Considere no plano quatro retas que se intersectam duas a duas e tais que
não há três passando por um mesmo ponto. Prove que os círculos cir-
cunscritos aos quatro triângulos que tais retas determinam passam todos
por um mesmo ponto.
9
Unidade 8 Quadriláteros inscritíveis e circunscritíveis
←→
a reta de Simson-Wallace de P em relação a ABC , prove que r k AQ.
(Sugestão: comece observando que P QA
b = P CAb .)
A1 A2 + A3 A4 + A5 A6 = A2 A3 + A4 A5 + A6 A1 .
10
Quadriláteros Inscritíveis e Circunscritíveis Unidade 8
11
Referências Bibliográcas
12
9
Proporcionalidade, Tales
e bissetrizes
Sumário
9.1 O teorema de Tales . . . . . . . . . . . . . . . . . . 2
9.2 Problemas . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 10
1
Unidade 9 O teorema de Tales
C C′
t
Z′
Z
Y′
Y
B B′
s
X′
X
A A′
r
u u′
AB A0 B 0
= 1 ⇒ 0 0 = 1.
BC BC
2
Proporcionalidade, Tales e bissetrizes Unidade 9
AX = XB = BY = Y Z = ZC
A0 X 0 = X 0 B 0 = B 0 Y 0 = Y 0 Z 0 = Z 0 C 0
e, daí,
AB 2 A0 B 0 2
= ⇒ 0 0 = .
BC 3 BC 3
Prosseguindo com nosso raciocínio, suponha, agora, que fosse BC
AB
=m n
, com
m, n ∈ N. Então, uma pequena modicação do argumento acima (dividindo,
inicialmente, AB e BC em m e em n partes iguais, respectivamente) garantiria
que
AB m A0 B 0 m
= ⇒ 0 0 = .
BC n BC n
De outra forma, a relação
AB A0 B 0
= 0 0
BC BC
é válida sempre que o primeiro (ou o segundo) membro for um racional.
A pergunta natural nesse momento é a seguinte: a igualdade das razões
acima se mantém quando um dos membros da mesma for um número irracional?
A resposta é sim, e, para entender o porquê disso, damos a explicação a seguir.
Suponha que
AB
= x,
BC
com x irracional. Escolha uma sequência (an )n≥1 de racionais positivos, tal que
1
x < an < x +
n
para todo n ∈ N. Em seguida, marque (gura 9.2) o ponto Cn ∈ u tal que
AB
= an .
BCn
3
Unidade 9 O teorema de Tales
C C′
Cn′ tn
Cn
t
B B′
s
A A′
r
u u′
A0 B 0 A0 B 0
−→ quando n → +∞.
B 0 Cn0 B0C 0
4
Proporcionalidade, Tales e bissetrizes Unidade 9
Por outro lado, utilizando notação análoga à da linha acima, podemos clara-
mente inferir, a partir das desigualdades do segundo membro de (9.1), que
A0 B 0 AB
0 0
−→ quando n → +∞.
B Cn BC
Utilizando, agora, o fato (intuitivamente óbvio, e que será justicado rigorosa-
mente na disciplina Fundamentos de Cálculo (MA22)) de que uma sequência
de reais não pode aproximar-se simultaneamente de dois reais distintos quando
n → +∞, somos forçados a concluir que
AB A0 B 0
= 0 0.
BC BC
A discussão acima provou um dos resultados fundamentais da geometria
Euclidiana plana, conhecido como o teorema de Tales1 , o qual enunciamos
formalmente a seguir:
5
Unidade 9 O teorema de Tales
Exemplo 2 Divida o segmento AB , dado a seguir, em cinco partes iguais com régua
e compasso.
Solução
A B
a c
= .
b x
dados abaixo.
6
Proporcionalidade, Tales e bissetrizes Unidade 9
Solução
c
a b
Suponha que B ∈ AC (gura 9.4 os demais casos são análogos). Trace Demonstração
por B a reta s0 k r e marque o ponto B 00 , interseção de s0 com o segmento A0 C .
0 00
Pelo teorema de Tales, temos BC AB
= AB 00BC , de maneira que nossas hipóteses
fornecem
A0 B 0 A0 B 00
= .
B0C B 00 C
Segue, agora, do Problema 2, página 10, que B 0 = B 00 ou, o que é o mesmo,
s = s0 . Logo, s k r.
7
Unidade 9 O teorema de Tales
B B ′′
s′
A A′
r
u u′
Q B P C
Demonstração
O item (b) segue imediatamente de (a): sendo BP = x e P C = y , temos
8
Proporcionalidade, Tales e bissetrizes Unidade 9
obtemos x = b+c
ac
e y = b+c
ab
. As demais fórmulas do item (b) são provadas de
modo análogo.
Quanto ao item (a), mostremos que BQQC
= BA
AC
, deixando a prova (análoga)
da igualdade BP
PC
= BA
AC
a cargo do leitor (Problema 4, página 10).
←→
Trace, pelo ponto B , a paralela à reta AQ e marque seu ponto B 0 de
←→ ←→ −→
interseção com AC (gura 9.6). Como QA k BB 0 e AQ é bissetriz de
X
A
B′
Q B C
∠BAX , obtemos
b 0 = B AQ
ABB b = QAX b 0 A.
b = BB
BQ AB 0 BA
= = .
QC AC AC
9
Unidade 9 Problemas
9.2 Problemas
10
Referências Bibliográcas
11
10
Semelhança e Triângulo
Retângulo
Sumário
10.1 Semelhança de triângulos . . . . . . . . . . . . . . . 2
1
Unidade 10 Semelhança de triângulos
Dizemos que dois triângulos são semelhantes quando existe uma corres-
pondência biunívoca entre os vértices de um e outro triângulo, de modo que
os ângulos em vértices correspondentes sejam iguais e a razão entre os compri-
mentos de lados correspondentes seja sempre a mesma (gura 10.1).
A C′
b′
kc′ kb′
a′
A′
B C c′
ka′ B′
AB BC AC
0 0
= 0 0 = 0 0 = k.
AB BC AC
Tal real positivo k é denominado a razão de semelhança entre os triângulos
ABC e A0 B 0 C 0 , nessa ordem (observe que a razão de semelhança entre os
triângulos A0 B 0 C 0 e ABC , nessa ordem, é k1 ).
Escrevemos ABC ∼ A0 B 0 C 0 para denotar que os triângulos ABC e A0 B 0 C 0
são semelhantes, com a correspondência de vértices A ↔ A0 , B ↔ B 0 , C ↔ C 0 .
Se ABC ∼ A0 B 0 C 0 na razão (de semelhança) k , então k é também a razão
entre os comprimentos de dois segmentos correspondentes quaisquer nos dois
triângulos. Por exemplo, nas notações da gura 10.1, sendo M o ponto médio
de BC e M 0 o ponto médio de B 0 C 0 , temos que
MA a/2 a
= = =k
M 0 A0 a0 /2 a0
(a esse respeito, veja também o problema 3, página 11).
2
Semelhança e Triângulo Retângulo Unidade 10
AB BC AC
0 0
= 0 0 = 0 0.
AB BC AC
Então ABC ∼ A0 B 0 C 0 , com a correspondência de vértices A ↔ A0 , B ↔ B 0 ,
C ↔ C 0 . Em particular, Ab=A b0 , B
b=B b0 e C
b=C b0 .
A C′
b′
kc′ kb′
a′
A′
B C c′
ka′ B′
B ′′ C ′′
B D C
3
Unidade 10 Semelhança de triângulos
AC 00 AB 00 1
= = ,
AC AB k
de maneira que AC 00 = k1 · AC = A0 C 0 .
Trace, agora, a paralela ao lado AB passando por C 00 , a qual intersecta o
lado BC no ponto D. Então, o quadrilátero B 00 C 00 DB é um paralelogramo, de
sorte que, novamente pelo teorema de Tales, temos
B 00 C 00 BD AC 00 1
= = = .
BC BC AC k
Logo, B 00 C 00 = k1 · BC = B 0 C 0 .
A discussão acima mostrou que
AB 00 = A0 B 0 , AC 00 = A0 C 0 e B 00 C 00 = B 0 C 0 ,
B
b = ABC b 00 C 00 = A0 B
b = AB b0C 0 = B
b0,
AB BC
0 0
= 0 0 =k e B b0.
b=B
AB BC
Então, ABC ∼ A0 B 0 C 0 , com a correspondência de vértices A ↔ A0 , B ↔ B 0 ,
C ↔ C 0 . Em particular, Ab=A b0 , C
b=C b0 e AC
A0 C 0
= k.
A b0 e B
b=A b0.
b=B
4
Semelhança e Triângulo Retângulo Unidade 10
A C′
kc′ a′
A′
B C c′
ka′ B′
AB BC AC
0 0
= 0 0 = 0 0.
AB BC AC
A C′
A′
B C
B′
(a) ah = bc.
(b) ax = b2 e ay = c2 .
(c) a2 = b2 + c2 .
(d) xy = h2 .
5
Unidade 10 Semelhança de triângulos
Demonstração
(a) e (b). Como AHB b e ABH
b = C AB b = C BA b (gura 10.6), os triângulos
BAH e BCA são semelhantes pelo caso AA, com a correspondência de vértices
A ↔ C , H ↔ A, B ↔ B . Assim,
BH AB AH AC
= e =
AB BC AB BC
ou, ainda,
y c h b
= e = .
c a c a
A relação ax = b2 é provada de maneira análoga.
C
x a
H
b h y
A c B
6
Semelhança e Triângulo Retângulo Unidade 10
√
As diagonais de um quadrado de lado a medem a 2. Corolário 5
D C
A a B
√
As alturas de um triângulo equilátero de lado a medem a 3
2
. Corolário 6
B M a C
2
ACM , obtemos
2 2 2
a 2 3a2
AM = AC − CM = a2 − = ,
2 4
7
Unidade 10 Semelhança de triângulos
Solução
8
Semelhança e Triângulo Retângulo Unidade 10
H B C
B H M C
9
Unidade 10 Semelhança de triângulos
10
Semelhança e Triângulo Retângulo Unidade 10
X
Y
Z
11
Unidade 10 Semelhança de triângulos
1 1 1
+ =
BX CY AZ
12
Semelhança e Triângulo Retângulo Unidade 10
13. * (OCM). Seja ABC um triângulo tal que ABC b . Mostre que
b = 2ACB
b2 = c(a + c) (sugestão: se D é o pé da bissetriz interna traçada a partir
de B , mostre inicialmente que ABC ∼ ADB ).
13
Unidade 10 Semelhança de triângulos
14
Semelhança e Triângulo Retângulo Unidade 10
25. Identique e construa com régua e compasso o LG dos pontos médios das
cordas de comprimento l de um círculo Γ(O; R) dado.
28. (OCM). Duas torres, uma com 30m de altura e a outra com 40m de
altura, estão situadas a 50m uma da outra. Entre ambas as torres há uma
fonte, para a qual dois passarinhos partem, em um mesmo instante e com
velocidades iguais, do alto de cada torre. Sabendo que os passarinhos
chegam à fonte simultaneamente, calcule a distância da fonte à torre
mais baixa.
15
Unidade 10 Semelhança de triângulos
_
se P está sobre o arco menor AD, mostre que APbC = B PbD = 90◦ e
use, em seguida, o teorema de Pitágoras).
1 Pode ser provado que o conjunto dos pontos de tangência assim obtido coincide com Q.
16
Referências Bibliográcas
17
11
Relações métricas no
triângulo qualquer
Sumário
11.1 A trigonometria do ângulo agudo . . . . . . . . . . 2
11.5 Exercícios . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 12
1
Unidade 11 A trigonometria do ângulo agudo
α
O A X
2
Relações métricas no triângulo qualquer Unidade 11
P P
1 1
y y
β
α
O x A A x O
A Lei dos Cossenos é uma relação muito útil que envolve os três lados do
triângulo e o cosseno de um dos ângulos. A demonstração é bastante simples.
Escolhemos inicialmente um dos ângulos do triângulo ABC . Seja A o ângulo
escolhido.
3
Unidade 11 A Lei dos Cossenos
B B
c a
h c a h
A x D C A b C D
b x
a2 = h + |b − x|2 = h2 + b2 + x2 − 2bx .
a2 = b2 + c2 − 2bc cos A .
h c a
D x A b C
4
Relações métricas no triângulo qualquer Unidade 11
a2 = h2 + (b + x)2 = h2 + b2 x2 + 2bx
h2 = c2 − x2
b2 = a2 + c2 − 2ac cos B
c2 = a2 + b2 − 2ab cos C
Solução
O maior ângulo do triângulo é oposto ao maior lado. Temos então a situação
da gura a seguir:
5
Unidade 11 A Lei dos Cossenos
θ
5 6
72 = 52 + 62 − 2.5.6. cos θ
Solução √
Calculamos cos θ = 15 . Logo, sen θ = 2 5 6 e, como a área do triângulo
ABC é
1
S = AB.AC. sen A
2
√ √
encontramos S = 2 .5.6. 5 = 6 6.
1 2 6
6
Relações métricas no triângulo qualquer Unidade 11
A
D
2R
B a C
a b c
= = = 2R
sen A sen B sen C
onde R é o raio da circunferência circunscrita ao triângulo ABC .
A Lei dos Senos fornece um caminho simples para determinar o raio da
circunferência circunscrita a um triângulo. Acompanhe o exemplo a seguir.
7
Unidade 11 A Lei dos Senos
Solução √
Já calculamos no primeiro Exemplo cos θ = 1
5
e é imediato calcular sen θ =
2 6
5
.
Assim, a Lei dos senos fornece a relação √7
2 6/5
= 2R e, consequentemente,
√
35 6 ∼
R= = 3, 57 .
24
Solução Do triângulo ABC dois ângulos são conhecidos. Entretanto, para nossa
felicidade, ninguém precisa atravessar uma parte do oceano para medir o ângulo
C . Como a soma dos ângulos de qualquer triângulo é 180o temos imediatamente
que C = 9o . A Lei dos Senos é a ferramenta ideal para resolver esse caso:
AC 1
o
=
sen 52 sen 9o
Obs:
As leis dos senos e dos cossenos sempre estiveram presentes nos cálculos de
distâncias inacessíveis. Mesmo hoje, no interior do GPS elas estão lá.
8
Relações métricas no triângulo qualquer Unidade 11
bc N
bc
B C M P
9
Unidade 11 O teorema de Menelaus
Comentário 1
Não é fácil, de início, usar o teorema de Menelaus. Será preciso alguma
prática para decidir, em cada situação qual é o triângulo adequado e qual é a
transversal que deve ser considerada. A solução deste exemplo deve dar uma
dica.
Solução
A situação é a seguinte.
A
b
P
J 2b
B 2a Q a C
A
b
P
J 2b
B 2a Q a C
10
Relações métricas no triângulo qualquer Unidade 11
Comentário 2
O teorema de Menelaus enunciado aqui é sua versão básica. Nessa versão,
sua recíproca não é verdadeira. Para que a recíproca do teorema de Menelaus
seja verdadeira devemos utilizar razões acrescidas de um sinal (razões orien-
tadas). O que isso signica?
Imagine três pontos colineares P , A e B em qualquer ordem. A razão
orientada PP BA é positiva se os segmentos P A e P B têm mesmo sentido e,
negativa, se tiverem sentidos opostos. Com isso, é verdadeiro o enunciado:
Recíproca do Teorema de Menelaus
M e N são colineares.
A demonstração se apoia no seguinte fato. Dados os pontos A e B e um
número real k então existe um único ponto P da reta AB tal que PP BA = k .
Deixamos os detalhes para o leitor.
11
Unidade 11 Exercícios
11.5 Exercícios
P E
1
B 3 D 2 C
PA PB
Calcule as razões e .
PD PE
12
Relações métricas no triângulo qualquer Unidade 11
N
L
B M C
LA M B N C
(a) Mostre que . . = 1 (teorema de Ceva)
LB M C N A
Sugestão 1: Trace por A uma paralela a BC , assinale as inter-
13
Unidade 11 Exercícios
c b
x
B m D n C
a
8 bc
Q
6
b
6 4
b b bc
5 15 R
14
Relações métricas no triângulo qualquer Unidade 11
Respostas
15
Referências Bibliográcas
16
12
Áreas de Polígonos
Sumário
12.1 Áreas de Polígonos . . . . . . . . . . . . . . . . . . 2
12.2 Problemas . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 7
1
Unidade 12 Áreas de Polígonos
Para que um conceito qualquer de área para polígonos tenha utilidade, pos-
tulamos que as seguintes propriedades (intuitivamente desejáveis) sejam válidas:
2
Áreas de Polígonos Unidade 12
em n2 quadrados de lado mn
cada, sua área é igual à soma das áreas desses n2
quadrados, i.e.,
m2 = n2 · A mn .
Portanto,
m2 m 2
A mn = = .
n2 n
A discussão acima sugere que a área de um quadrado de lado l deve ser
igual a l2 . Para conrmar tal suposição, argumentemos de maneira análoga à
prova do teorema de Tales: para k ∈ N, tomamos números racionais xk e yk
tais que
1
xk < l < yk e yk − xk < .
k
Em seguida, construímos quadrados de lados xk e yk , o primeiro contido no
quadrado dado e o segundo o contendo. Como já sabemos calcular áreas de
quadrados de lado racional, o postulado 3. acima garante que a área Al do
quadrado de lado l deve satisfazer as desigualdades
Mas como x2k < l2 < yk2 , concluímos que ambos os números Al e l2 devem
pertencer ao intervalo (x2k , yk2 ), de maneira que
Al = l2 .
3
Unidade 12 Áreas de Polígonos
D C
D b C
l a
A B A B
A(ABCD) = l2 A(ABCD) = ab
4
Áreas de Polígonos Unidade 12
D a C
A E B F
EF = EB + BF = EB + AE = AB = a.
5
Unidade 12 Áreas de Polígonos
←→
Demonstração Seja S = A(ABC) e D a interseção da paralela a BC por A com a paralela
←→
a AB por C (gura 12.3). É imediato vericar que ABCD é um paralelogramo
A a D
ha
B C
6
Áreas de Polígonos Unidade 12
12.2 Problemas
(a) Prove que o triângulo formado pelos pontos médios dos lados de
ABC tem área igual a 14 da área de ABC .
(b) Prove que com as medianas de ABC podemos formar um triângulo
DEF .
(c) Calcule a razão entre as áreas dos triângulos ABC e DEF .
7
Unidade 12 Problemas
8
Áreas de Polígonos Unidade 12
1. (OIM - adaptado).
(a) Se dois triângulos têm alturas iguais, prove que a razão entre suas
áreas é igual à razão entre os comprimentos das bases correspon-
dentes às alturas iguais.
(b) Sejam ABC um triângulo e D, E e F pontos respectivamente
sobre BC , CA e AB , tais que os segmentos AD, BE e CF são
concorrentes em P . Sabe-se que A(BDP ) = 40, A(CDP ) = 30,
A(CEP ) = 35, A(AF P ) = 84. Calcule a área de ABC .
9
Referências Bibliográcas
10
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS Unidade 12
11
13
Aplicações
Sumário
13.1 Aplicações . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 2
13.2 Problemas . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 10
1
Unidade 13 Aplicações
13.1 Aplicações
←→ ←→
Corolário 1 Sejam ABC e A0 BC triângulos tais que AA0 k BC . Então A(ABC) =
A(A0 BC).
←→ ←→
Demonstração
Sendo d a distância entre as retas BC e AA0 (gura 13.1), temos
A A′
B C
1
A(ABC) = BC · d = A(A0 BC).
2
Exemplo 2 Em relação à gura dada a seguir, construa com régua e compasso o ponto
←→
E ∈ BC tal que A(ABE) = A(ABCD).
Solução
D
A
B C
2
Aplicações Unidade 13
←→
1. Trace, pelo ponto D, a reta r, paralela à reta AC .
←→
2. Marque o ponto E de interseção de r com a reta BC .
3. Pelo corolário anterior, os triângulos ACD e ACE têm áreas iguais; logo,
ABE e ABCD também têm áreas iguais.
(a) ah = bc.
(b) c2 = an e b2 = am.
(c) a2 = b2 + c2 .
(a) Basta ver que ah e bc são duas expressões distintas para o dobro da área
de ABC . De fato,
1 ah 1 bc
A(ABC) = BC · AH = e A(ABC) = AC · AB = .
2 2 2 2
(b) Construa exteriormente a ABC , os quadrados ABDE , BCF G e ACJK
−→
(gura 13.2) e seja I o ponto de interseção da semirreta AH com F G. De
←→ ←→
AI k BG temos
1 an
A(BGA) = A(BGH) = BG · BH = .
2 2
3
Unidade 13 Aplicações
G
I
F
D B
H a
c
E A C
K J
(II). Segue, pois, de (I) e (II) que c2 = an. Provar que b2 = am é análogo.
b2 + c2 = am + an = a(m + n) = a2 .
Demonstração
Suponha, sem perda de generalidade, que a > b (gura 13.3). Se E ∈ AB
for tal que AE = b, então o quadrilátero AECD tem dois lados paralelos e
4
Aplicações Unidade 13
D b C
A b E a−b B
1
A(ABCD) = AC · BD.
2
A C
M
5
Unidade 13 Aplicações
Demonstração
Sejam BC = a, B 0 C 0 = a0 e h e h0 as alturas de ABC e A0 B 0 C 0 , res-
pectivamente relativas a BC e B 0 C 0 (gura 13.5). Como a = ka0 e h = kh0
A
A′
h
h′
B C B′ C′
a a′
Solução
6
Aplicações Unidade 13
B C
7
Unidade 13 Aplicações
B
Ia
A C
x + y + z = R + r,
Demonstração
Sejam M , N e P respectivamente os pontos médios dos lados BC , CA e
AB , de modo que OM ⊥BC , ON ⊥CA e OP ⊥AB (gura 13.7). Então, os
quadriláteros BM OP , CN OM e AP ON têm, cada um, dois ângulos opostos
retos, sendo portanto inscritíveis. Denotando, por simplicidade, BC = a,
1 Após Lazare Carnot, matemático francês dos séculos XVIII e XIX, o primeiro a utilizar
8
Aplicações Unidade 13
P N
z Oy
x
B M C
9
Unidade 13 Problemas
13.2 Problemas
8. Seja ABCD um trapézio de bases AB, CD e lados não paralelos AC, BD.
Se as diagonais de ABCD se intersectam em E , prove que
p p p
A(ABCD) = A(ABE) + A(CDE).
10
Aplicações Unidade 13
11
Referências Bibliográcas
12
14
Área do círculo
Sumário
14.1 A Área do círculo . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 2
14.6 Problemas . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 9
1
Unidade 14 A Área do círculo
S = πr2 .
Teorema 1 A área do círculo é o número real cujas aproximações por falta são as áreas
dos polígonos regulares nele inscritos.
2
Área do círculo Unidade 14
b
b
b
b
b
b b
b
Figura 14.1:
crito.
bb
b
b
b
b
b
b
b
b
b
b
b
b
b
b
b
b
b
b
Figura 14.2: Polígono de 80 lados. Sua área é 99,897% da área do círculo circuns-
b
b
crito.
b
b
b
b
b
b
b
b
b
b
b
b
b
b
b
b
b
b
b
Polígono de 200 lados. Sua área é 99,984% da área do círculo circuns-
b
b
Figura 14.3:
b
crito.
b
b
b
b
b
b
b
b
b
b
b
b
b
b
b
b
b
b
Figura 14.4: Polígono de 1000 lados. Sua área é 99,999993% da área do círculo
circunscrito.
3
Unidade 14 Partes do círculo
é conhecida.
Decompomos o círculo em um número par bastante grande de setores e
arrumamos esses setores na forma sugerida pela gura à direita.
C/2
θ
O r
4
Área do círculo Unidade 14
A área do setor é
θr2
S= .
2
θ
O r B
π∼
= 3,1415926535987932384626433832795028841971693993751058
5
Unidade 14 Nota histórica
π = 16 arctan(1/5) − 4 arctan(1/239) .
6
Área do círculo Unidade 14
ln ln /
2
an
7
Unidade 14 Demonstrações dos teoremas
Comentário
Teorema 3 A área do círculo é o número real cujas aproximações por excesso são as
áreas dos polígonos regulares circunscritos a ele.
ln
8
Área do círculo Unidade 14
14.6 Problemas
b b
B A
9
Unidade 14 Problemas
b b
b b
A C B
A
b
B b
10
Área do círculo Unidade 14
√ √ √ √
8. É curioso que π ∼
= 2 + 3. De fato, 2 + 3 ∼ = 3,146 que é uma
aproximação de π com erro menor que 0,5%. Use este fato para obter com
régua e compasso um segmento aproximadamente igual ao comprimento
de uma semicircunferência de raio R (dado).
11
15
Posições Relativas de
Retas e Planos
Sumário
15.1 Do Plano para o Espaço . . . . . . . . . . . . . . . 2
15.6 Problemas . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 13
1
Unidade 15 Do Plano para o Espaço
feras, cones, cilindros, etc) é no Ensino Médio que tais guras são estudadas,
pela primeira vez, de forma sistemática. Esta ampliação de horizontes nem sem-
geral na 7o ou 8o ano do Ensino Médio, vem depois de longos anos nos quais
o aluno se prepara, de certo modo, para estudar guras planas. Ele não as
guras, o que contribui para a criação de modelos mentais para elas. Embora
são bem entendidos pelo aluno. Além disso, em caso de diculdades, é sempre
cado pelo fato de existirem, no espaço, retas que não são nem paralelas nem
uma diculdade muito maior de se fazer este estudo com apoio em modelos
modo a serem úteis. Por exemplo, o uso de folhas de cartolina para representar
dois planos pode levar um aluno à conclusão de que a interseção de dois planos
O exemplo acima não deve ser entendido como uma recomendação para
que não sejam usados modelos do mundo real como exemplos de guras espa-
ciais, com o intuito de exemplicar relações entre elas. Mas a limitação de tais
modelos faz com que eles não bastem. É preciso algo mais: ter alguma ima-
2
Posições Relativas de Retas e Planos Unidade 15
tre elas possam ser deduzidas através de uma argumentação geométrica, já que
Para que tudo isso seja possível, é importante que os conceitos fundamen-
isfazer a dois requisitos: ele deve ser consistente (isto é, não deve ser possível
3
Unidade 15 Noções Primitivas e Axiomas
e suciente.
O fato de que foram necessários mais de 2000 anos para se chegar a uma
formulação axiomática correta para a Geometria mostra que tal tarefa é mais
delicada do que pode parecer à primeira vista. O sistema de axiomas não deve
retas e planos mas também dar validade a noções intuitivas como ordem, sep-
plano, espaço) como noções primitivas e apresentando alguns dos axiomas como
Muitas vezes o aluno recebe com certa surpresa o fato de que a Geome-
É importante que o professor esclareça que isto ocorre com qualquer teoria
não signica que não se possa reforçar a intuição do aluno a respeito dessas
que, por exemplo, ponto é denido como aquilo que não possui partes (ou
seja, é indivisível), linha é o que possui comprimento mas não largura e reta
é uma linha que jaz igualmente com respeito a todos os seus pontos (isto é,
4
Posições Relativas de Retas e Planos Unidade 15
Embora tais descrições não possam ser utilizadas como denições (por uti-
lizarem outros termos não denidos, como comprimento, largura, etc), aju-
porém, esclarecer para o aluno que, do ponto de vista matemático, o que im-
de ponto, reta, plano e espaço, e que podem ser utilizadas como postulados da
Geometria Espacial.
Postulado 2. Dados três pontos não colineares do espaço, existe um, e so-
Existe um único plano que contém uma reta e um ponto não pertencente Teorema 1
a ela.
Seja P um ponto não pertencente à reta r. Tomemos, sobre r, dois pontos Demonstração
distintos Q e R (gura 15.2). Os pontos P , Q e R não são colineares (de
fato, pelo Postulado 1, r é a única reta que passa por Q e R e, por hipótese,
P não pertence a r). Pelo Postulado 2, sabemos que existe um único plano α
contendo P , Q e R. Como a reta r tem de dois de seus pontos (Q e R) em
5
Unidade 15 Posição de Retas
teorema acima zemos uso de uma construção que, a rigor, deveria ser jus-
periência nos diz que, dada uma reta, existem uma innidade de pontos que
pertencem a ela (portanto, estamos livres para escolher dois pontos arbitrários
sobre ela) e uma innidade de pontos que não pertencem a ela. O mesmo vale
Como veremos, nem todas estas perguntas podem ser respondidas usando
pode (e deve) ser usada com alunos do Ensino Médio: ao invés de apresentar
6
Posições Relativas de Retas e Planos Unidade 15
ter no máximo um ponto comum. De fato, como existe uma única reta que
passa por dois pontos distintos, duas retas que tenham mais de um ponto
Quando duas retas têm exatamente um ponto comum, elas são chamadas
Já quando duas retas não possuem ponto em comum, elas podem ou não
α. Por outro lado, não existe nenhum plano que contenha, simultaneamente, r
e s. Basta observar que α é o único plano que passa por A, B e C e que D não
7
Unidade 15 Posição Relativa de Reta e Plano
Retas reversas sempre possuem interseção vazia. Mas duas retas do espaço
podem não ter pontos de interseção e serem coplanares. Neste caso, dizemos
que as retas são paralelas. Sabemos, da Geometria Plana, que por um ponto do
plano exterior a uma reta passa uma única reta paralela a ela. O mesmo ocorre
no espaço. Isto é, por um ponto P exterior a uma reta r do espaço passa uma
única reta s paralela a ela. De fato, seja r uma reta do espaço e seja P um
ponto não pertencente a r (gura ??). Como vimos acima, existe um único
plano α que contém P e r ; nesse plano, existe uma, e somente uma, reta s
paralela a r passando por P . Por outro lado, não existem retas paralelas a r
passando por P que não estão contidas em α, já que todas as retas coplanares
no quadro abaixo:
8
Posições Relativas de Retas e Planos Unidade 15
com α (dizemos nesse caso que r é secante a α). A gura 15.7 mostra um
por P e Q, é secante a α.
Finalmente, uma reta pode não ter pontos em comum com um plano (dize-
mos que a reta e o plano são paralelos). Seja α um plano, r uma reta contida
r, já que r e s são paralelas. Mas isto faria com que os planos distintos α e β
tivessem em comum a reta r e o ponto exterior Q, o que é impossível.
seguir:
r paralela a α vazia
9
Unidade 15 Posição Relativa de Dois Planos
seção é uma reta (neste caso, dizemos que os planos são secantes).
A gura 15.9 mostra uma situação em que temos dois planos secantes.
10
Posições Relativas de Retas e Planos Unidade 15
los (isto é, não possuam pontos comuns). Mas existem realmente planos que
não tenham ponto em comum? Nossa intuição diz que sim, e o argumento a
a um outro.
11
Unidade 15 Posição Relativa de Dois Planos
12
Posições Relativas de Retas e Planos Unidade 15
15.6 Problemas
1. A gura 15.11 abaixo representa uma ponte sobre uma estrada de ferro.
Figura 15.11:
plano ABG?
por s e A?
BD?
como obter:
13
Unidade 15 Problemas
sempre possível traçar uma reta que passa por P, encontra r e é paralela
a α?
10. Se dois planos são paralelos a uma reta então eles são paralelos entre si.
Certo ou errado?
11. Sejam A, B , C
D pontos quaisquer do espaço (não necessariamente
e
um mesmo ponto.
14
16
Planos, Teorema de Tales,
Sólidos
Sumário
16.1 Construindo Sólidos . . . . . . . . . . . . . . . . . . 2
16.4 Problemas . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 12
1
Unidade 16 Construindo Sólidos
A1 A2 . . . An ,
A1 A2 . . . An
2
Planos, Teorema de Tales, Sólidos Unidade 16
3
Unidade 16 Construindo Sólidos
Aplicações
4
Planos, Teorema de Tales, Sólidos Unidade 16
Figura 16.3:
5
Unidade 16 Descobrindo Relações de Paralelismo
Figura 16.5:
6
Planos, Teorema de Tales, Sólidos Unidade 16
Figura 16.6:
7
Unidade 16 Planos Paralelos e Proporcionalidade
Figura 16.7:
8
Planos, Teorema de Tales, Sólidos Unidade 16
um plano, que corta β e γ segundo as retas paralelas B1 B20 e C1 C20 . Logo, pelo
A1 B1 B1 C1 A1 C1
Teorema de Tales para retas paralelas, temos 0
= 0 0 = . Mas
A1 B2 B2 C2 A1 C20
A1 B20 = A2 B2 , B20 C20 = B2 C2 , e A1 C20 = A2 C2 , por serem segmentos
retas paralelas compreendidos entre retas paralelas. Logo, temos
A1 B1 B1 C1 A 1 C1
= = .
A2 B2 B2 C2 A 2 C2
9
Unidade 16 Planos Paralelos e Proporcionalidade
10
Planos, Teorema de Tales, Sólidos Unidade 16
11
Unidade 16 Problemas
16.4 Problemas
5. Mostre que duas retas distintas paralelas a uma mesma reta são paralelas
entre si.
12
Planos, Teorema de Tales, Sólidos Unidade 16
10. Dadas as retas reversas duas a duas r, s e t, encontrar uma reta que
as encontre nos pontos R, S e T , respectivamente, de modo que S seja
ponto médio de RT .
11. Uma câmera fotográca rudimentar pode ser construída fazendo um pe-
queno furo em uma caixa, de modo que imagens de objetos sejam for-
madas na parede oposta e registradas em um lme, como ilustrado na
gura 16.11.
Suponha que a câmara da gura tenha 10 cm de profundidade.
Figura 16.11:
13
17
Retas e Planos
Perpendiculares
Sumário
17.1 Retas Perpendiculares . . . . . . . . . . . . . . . . . 2
17.3 Problemas . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 7
1
Unidade 17 Retas Perpendiculares
Quando essas retas são perpendiculares, dizemos que as retas dadas inicial-
mente são ortogonais. Note que, de acordo com esta denição, retas perpendi-
culares são um caso particular de retas ortogonais.
2
Retas e Planos Perpendiculares Unidade 17
(a) (b)
4
Retas e Planos Perpendiculares Unidade 17
de seus pontos.
Seja r uma reta e A um de seus pontos (gura 17.5). Tomemos dois planos
distintos contendo r e, em cada um, tracemos a perpendicular a r passando por
A. Estas duas retas determinam um plano, que certamente é perpendicular a
r, já que r é perpendicular a duas retas concorrentes deste plano.
5
Unidade 17 Retas e Planos Perpendiculares
seus pontos.
• Se dois planos distintos são perpendiculares à mesma reta, eles são para-
lelos entre si.
6
Retas e Planos Perpendiculares Unidade 17
17.3 Problemas
1. É verdade que duas retas distintas ortogonais a uma terceira são sempre
paralelas entre si?
(a) AB é perpendicular a AD
(b) CE é perpendicular a EF
(c) DF é perpendicular a EF
5. Que poliedro tem por vértices os centros das faces de um tetraedro regu-
lar? de um cubo? de um octaedro regular?
7
Unidade 17 Problemas
8
18
Construções, Planos
Perpendiculares
Sumário
18.1 Construções Baseadas em Perpendicularismo de Reta
e Plano . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 2
18.3 Problemas . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 11
1
Unidade 18 Construções Baseadas em Perpendicularismo de Reta e Plano
onde qualquer face serve como base). Ainda mais especial é o caso do cubo
− ou hexaedro regular −, paralelepípedo retângulo no qual cada face é um
quadrado.
cilindro de revolução.
2
Construções, Planos Perpendiculares Unidade 18
planos das bases passando pelo centro do círculo é chamada de eixo do cilindro.
Um cilindro circular reto também é chamado de cilindro de revolução, pois é
o sólido gerado quando um retângulo faz um giro completo em torno do eixo
V OA1 , V OA2 , . . . , V OAn são triângulos retângulos iguais, por possuírem cate-
tos respectivamente iguais (V O é comum a todos e OA1 = OA2 = · · · = OAn ,
o que faz com que as faces laterais sejam triângulos isósceles iguais.
assim obtida é chamada de cone circular reto. A reta que contém o vértice e
3
Unidade 18 Construções Baseadas em Perpendicularismo de Reta e Plano
plano da base traçada por seu centro O) de modo que as arestas laterais V A,
VB e VC sejam iguais às arestas AB , AC e BC da base (gura 18.3). As
faces da pirâmide assim obtida são triângulos equiláteros iguais. Além disso,
com que a pirâmide seja regular qualquer que seja a face tomada como base.
a duas faces do tetraedro regular traçadas pelo vértice oposto a cada uma
perpendiculares traçadas de cada vértice à face oposta passam todas pelo ponto
O.
4
Construções, Planos Perpendiculares Unidade 18
tos (exceto os que denem os segmentos originais) são todos iguais. Traçando
todos estes segmentos obtemos um poliedro com oito faces triangulares re-
bases.
dos três poliedros regulares apresentados acima, existem apenas dois outros: o
faces triangulares.
Projeções ortogonais.
A projeção ortogonal de um ponto P do espaço sobre um plano α é o ponto
P0 em que a perpendicular a α traçada por P corta α. A projeção ortogonal
5
Unidade 18 Construções Baseadas em Perpendicularismo de Reta e Plano
exemplo, é comum representar sólidos (que podem ser, por exemplo, peças
mecânicas) através de três vistas ortográcas: frontal, topo e perl, que são
o resultado de projetar as guras em três planos denidos dois a dois por três
A gura 18.6 mostra um sólido e suas vistas. Nestas vistas são desenhadas
as projeções ortogonais das arestas do sólido. Observe que alguns segmentos são
representados em tracejado. Isto signica que eles são obscurecidos por alguma
face do sólido (isto é, existe algum ponto do objeto, situado mais próximo do
Pedir que o aluno desenhe vistas de sólidos é uma excelente forma de desen-
6
Construções, Planos Perpendiculares Unidade 18
Simetria e reexão
O simétrico de um ponto P em relação a um plano α é o ponto P0 obtido
espaço que têm a propriedade de que a distância entre as imagens de dois pontos
quaisquer é igual à distância entre os dois pontos (dizemos, por esse motivo,
7
Unidade 18 Planos Perpendiculares
conduzir a reta perpendicular a este plano passando pelo ponto de interseção das
denidos por cada par de eixos e, a seguir, projetar os pontos obtidos sobre
cada eixo.
8
Note que se α e β são perpendiculares então a reta r de α é perpendicular
da base, já que cada face lateral contém uma aresta lateral perpendicular à
9
Unidade 18 Planos Perpendiculares
pedindo aos alunos que desenhem as vistas de um objeto, quer pedindo que
10
Construções, Planos Perpendiculares Unidade 18
18.3 Problemas
EF DC são perpendiculares.
Figura 18.11
Figura 18.12
11
Unidade 18 Problemas
Que sólidos você consegue imaginar que tenham essas vistas? Para cada
Figura 18.13
(a) cubo
12
Construções, Planos Perpendiculares Unidade 18
Figura 18.14
13
19
Distâncias
Sumário
19.1 Distância Entre Dois Pontos . . . . . . . . . . . . . 2
19.5 Problemas . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 11
1
Unidade 19 Distância Entre Dois Pontos
o Teorema de Pitágoras. Isto ocorre porque muitas vezes dispomos das medidas
Diagonal de um paralelepípedo
2
Distâncias Unidade 19
Plano mediador
3
Unidade 19 Distância de Ponto a Plano
r α traçamos as perpendiculares P1 Q1 e P2 Q2 a
paralela a obtemos um α,
retângulo P1 P2 Q2 Q1 . Logo, P1 Q1 = P2 Q2 .
(a) (b)
4
Empregamos, mais uma vez o teorema de Pitágoras. Seja H a projeção de
A sobre o plano BCD (gura 19.5). Já vimos antes que o ponto H é o centro
√ 2 √
2 a 3 a 6
AH + = a2 e, daí, AH = .
4 3
5
de P sobre r (gura 19.6). O comprimento do segmento P Q é a distância
de P a r . Quando P não pertence à reta r , os pontos P e Q são distintos e
aquela onde a reta r esteja situada sobre um plano de referência (por exemplo,
P Q é perpendicular a r.
Demonstração Basta observar que as retas PP0 P 0 Q são ambas ortogonais a r, já que
e
plano é perpendicular a r .
6
Distâncias Unidade 19
contendo r.
hipotenusa BD = 25 e a altura
15 × 20
AM = = 12.
25
7
Unidade 19 Distância Entre Retas Reversas
Figura 19.8
Vimos acima diversos casos em que denimos a distância entre duas guras
− isto é, dois conjuntos de pontos − do espaço. Todos estes casos são situações
igual a zero. Se as retas são paralelas (logo coplanares), ocorre uma situação
entre as retas.
O caso mais interessante ocorre quando as duas retas são reversas. Também
neste caso o segmento de comprimento mínimo é dado por uma reta perpen-
dicular a ambas; mas agora existe uma só perpendicular comum às duas retas.
8
Construção da perpendicular comum a duas retas rever-
sas.
Começamos por traçar o par de planos paralelos αeβ (gura ??) contendo
cada uma das retas (para obter tais planos basta construir, por um ponto de
cada uma das retas, uma paralela à outra). A seguir, por um ponto A1 qualquer
e s.
única; basta observar que se existisse outra perpendicular comum CD, ela seria
necessariamente paralela a A2 B2 , por serem ambas perpendiculares aos planos
α e β . Mas assim os pontos C , D, A2 e B2 estariam todos no mesmo plano.
Desta forma, as retas r e s seriam coplanares, o que é uma contradição.
β, qualquer segmento com extremos nesta reta terá comprimento maior que
9
Unidade 19 Distância Entre Retas Reversas
Exemplo 3 A gura 19.10 mostra uma ilustração de uma sala. A reta AB (determinada
pelo encontro de duas paredes) é a perpendicular comum às retas reversas AC
e BD.
Figura 19.10
10
19.5 Problemas
colineares?
7. Mostre que a reta que une os pontos médios de duas arestas opostas de
aresta AC ?
11. Quatro esferas de raio 1 são tangentes entre si exteriormente três a três
11
20
Ângulos, Esfera
Sumário
20.1 Ângulo Entre Retas . . . . . . . . . . . . . . . . . . 2
20.4 A Esfera . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 5
20.5 Problemas . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 12
1
Unidade 20 Ângulo Entre Retas
basta tomar duas retas paralelas a elas passando por um ponto arbitrário. O
ângulo formado por essas retas concorrentes é o ângulo formado pelas retas
mado por duas retas concorrentes é denido como o menor dos quatro ângulos
o
que elas formam; está, portanto, compreendido entre 0 (quando as retas são
o
paralelas ou coincidentes) e 90 (quando as retas são ortogonais).
planos é, por denição, igual à medida do ângulo entre as retas r e s (é, assim,
o o
um valor entre 0 e 90 ). Note que este ângulo é o mesmo qualquer que seja
paralelas.
2
Ângulos, Esfera Unidade 20
pelos planos. Ou seja, demonstramos que o ângulo formado por dois planos é
igual ao ângulo formado por duas retas respectivamente perpendiculares a estes
planos.
Convém aproveitar a ocasião para falar em medida de um diedro. Um
diedro (ou ângulo diedro) é a gura formada por dois semiplanos − chamados
também que o ângulo entre dois planos secantes é igual à medida do menor
Vejamos agora como denir o ângulo entre uma reta e um plano. Natu-
o
ralmente, este ângulo deverá ser igual a 90 quando a reta é perpendicular ao
plano e deverá ser igual a zero quando a reta está contida no plano ou é paralela
supor que s passa pelo ponto O em que r corta α. Por um ponto P de s ex-
3
Unidade 20 Ângulo Entre Reta e Plano
entre uma reta r e um plano é igual ao menor ângulo formado por r e uma reta
qualquer do plano.
Exemplo 1 A gura 20.4 abaixo mostra a planta do telhado de uma casa. Cada plano
ângulos que as águas ABM e ADM N formam com a horizontal são iguais,
4
Ângulos, Esfera Unidade 20
√
a 3
√
MR 6
tg α= = √3
= e = 22o
α∼
AR a 2 6
20.4 A Esfera
palavra esfera tanto pode ser usada para se referir à superfície esférica quanto
distância ao centro da esfera. Assim, pontos cuja distância ao centro seja menor
5
Unidade 20 A Esfera
é maior que o raio, temos uma reta ou plano exterior à esfera (ou seja, sem
centro seja exatamente igual ao raio é tangente à esfera; isto é, tem apenas um
interseção de um plano com uma esfera são os pontos P do plano cuja distância
P O ao centro O da esfera é igual a seu raio R. Seja Q o pé da perpendicular
baixada de O ao plano α (gura 20.7). Qualquer que seja o ponto P em α,
2 2 2
o triângulo P OQ é retângulo em Q. Logo, P O = P Q + OQ e, assim,
6
Ângulos, Esfera Unidade 20
ligam vértices opostos) têm um ponto comum, que é o ponto médio de cada
todas as diagonais têm o mesmo comprimento; logo, existe uma esfera centrada
nesse ponto e que passa por todos os vértices. Essa esfera é chamada de
centro, existe também uma esfera tangente às faces (que é a esfera inscrita no
cubo) e uma esfera tangente às arestas. É fácil ver que os raios das esferas
√ √
a 3 a a 2
R= , r= e r0 = .
2 2 2
7
Unidade 20 A Esfera
ceito para buscar esferas inscrita e/ou circunscrita aos poliedros estudados. A
senho, serão forçados a utilizar sua denição em situações que não poderão
a esfera circunscrita, porque ca claro que esse ponto equidista de todos
8
Ângulos, Esfera Unidade 20
deve ser questionada e os alunos deverão concluir que essa esfera existe
diagonal com uma face e o ângulo entre duas diagonais. São exercícios
cunscrita.
como a soma das áreas de todas as suas faces, os alunos poderão calcular
7. Todo cilindro reto de base circular possui uma esfera circunscrita. Dado o
cilindro, não é difícil calcular o raio dessa esfera. Para isso, recomendamos
ou seja, uma seção que contém o eixo do cone. Com isso, ele vai perceber
8. O cilindro reto de base circular só possui uma esfera inscrita se sua altura
for igual ao diâmetro da base. O cilindro que possui uma esfera inscrita
9
Unidade 20 A Esfera
divide sua superfície em duas regiões. Cada uma delas se chama uma
são simples e mesmo que não puderem ser demonstradas, fornecerão el-
11. Termos como equador, meridiano, pólo norte, etc. devem ser uti-
do fuso.
10
Ângulos, Esfera Unidade 20
que essa pergunta estiver sendo feita no Rio de Janeiro. Para responder,
dessa unidade.
Imaginamos que essas atividades sejam feitas na forma de exercícios para não
tornar a teoria ainda mais extensa. Isso se justica porque, na verdade, não
da geometria plana.
11
Unidade 20 Problemas
20.5 Problemas
Figura 20.9
crita abaixo.
superior (b).
Temos um tetraedro.
Figura 20.10
12
Ângulos, Esfera Unidade 20
sua interseção com o plano β são, por esta razão, chamadas de retas de
a um fuso horário?
cidades:
13
Unidade 20 Problemas
Se são 12 horas no Rio, que horas serão nas outras cinco cidades?
14
21
Poliedros
Sumário
21.1 Introdução . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 2
21.4 Problemas . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 11
1
Unidade 21 Introdução
21.1 Introdução
das demais. Vamos aqui estudar, de uma forma geral, os sólidos formados por
denição adequada para o nível de estudo que se pretende. Dizer apenas que
poliedros são sólidos formados por faces (partes limitadas de um plano), pode
dar uma ideia do que eles sejam, mas não serve absolutamente como denição.
para o estudante do Ensino Médio, uma denição, que não permita grandes
importantes.
Cada um desses polígonos chama-se uma face do poliedro, cada lado comum
a duas faces chama-se uma aresta do poliedro e cada vértice de uma face é
permite liberdades que, a nosso ver, não deveriam ser objeto de discussão em
2
Poliedros Unidade 21
É nossa opinião que, no Ensino Médio, não devemos ainda tratar de tais
aos poliedros convexos, e é o que faremos aqui. Mesmo assim, por motivos que
outro polígono.
vértice ou é vazia.
poliedro.
outra, sem passar por nenhum vértice (ou seja, cruzando apenas arestas).
Todo poliedro (no sentido da denição acima), limita uma região do espaço
3
Unidade 21 As Primeiras Relações
como as faces podem ser de gêneros diferentes, representaremos por Fn (n > 3),
o número de faces que possuem n lados. Da mesma forma, como os vértices
vértices nos quais concorrem n arestas, e observe que, pelo item (b) da denição
do poliedro, cada vértice é um ponto comum a três ou mais arestas.
F = F3 + F4 + · · ·
V = V3 + V4 + · · ·
Imagine agora que o poliedro foi desmontado e que todas as faces estão em
cima de sua mesa. Quantos lados todos esses polígonos possuem? Fácil. Basta
Mas, como cada aresta do poliedro é lado de exatamente duas faces, a soma
4
Poliedros Unidade 21
da primeira.
concorrerem 3 arestas.
quando tomam contato com ele pela primeira vez: V −A+F = 2. A observação
acordo com nossa denição. Mas, para os poliedros convexos ela é verdadeira.
Cauchy), que foram descobertas muitos anos mais tarde. Essas falhas eram
5
Unidade 21 Duas Desigualdades
que se um poliedro é convexo então todas as suas faces são polígonos convexos,
ou ainda,
S = π[(n1 + n2 + · · · + nF ) − (2 + 2 + · · · + 2)].
Ora, no primeiro parêntese, a soma dos números de lados de todas as faces
Vamos agora escolher uma reta r que não seja paralela a nenhuma das
pino sobre o semi-espaço superior de modo que seus raios sejam retas verticais.
6
Poliedros Unidade 21
P . Dados dois pontos de P que têm mesma sombra, ao mais alto (mais distante
de H ) chamaremos ponto iluminado e o mais baixo será chamado sombrio.
ângulos das faces de P, observando que a soma dos ângulos internos de uma
face é a mesma soma dos ângulos internos de sua sombra (ambos são polígonos
de mesmo gênero). Sejam: V1 o número de vértices iluminados, V2 o número
7
Unidade 21 Duas Desigualdades
S = 2π(V1 + V2 + V0 − 2)
S = 2π(V − 2)
seja,
V −A+F =2
Como queríamos demonstrar.
Comentários
verica.
8
Poliedros Unidade 21
Isto quer dizer que não basta que três números A, V e F satisfaçam a
características.
A bola de futebol que apareceu pela primeira vez na Copa de 70 foi inspirada Exemplo 1
em um conhecido poliedro convexo (descoberto por Arquimedes) formado por 12
2A = 3F + F4 + 2F5 + · · · ,
9
Unidade 21 Duas Desigualdades
ou seja,
2A − 3F = F4 + 2F5 + · · · .
Como A = 20 e F = 13, temos 1 = F4 + 2F5 + · · · , o que só é possível se
pela relação de Euler ele deve possuir 9 vértices, um desenho possível é o que
está abaixo.
10
Poliedros Unidade 21
21.4 Problemas
(a) A + 6 6 3F
(b) A + 6 6 3V
4. Mostre que se um poliedro convexo tem 10 arestas então ele tem 6 faces.
11
22
Teorema de Euler
Sumário
22.1 Poliedros Regulares . . . . . . . . . . . . . . . . . . 2
Plano . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 6
22.4 Problemas . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 10
1
Unidade 22 Poliedros Regulares
convexos cujas faces são polígonos regulares iguais e que em todos os vértices
(cerca de 300 a.C.) é dedicado inteiramente aos sólidos regulares e contém ex-
tensos cálculos que determinam, para cada um, a razão entre o comprimento
Definição 1 Um poliedro convexo é regular quando todas as faces são polígonos regulares
Demonstração Para demonstrar, seja no número de lados de cada face e sejap o número
de arestas que concorrem em cada vértice. Temos então 2A = nF = pV , ou
nF nF
A= e V = .
2 p
nF nF
− +F =2
p 2
4p
F = .
2p + 2n − pn
2
Teorema de Euler Unidade 22
2n
> p.
n−2
Como p > 3, chegamos a n < 6. As possibilidades são então as seguintes:
4p p = 3 → F = 4 (tetraedro)
n = 3 −→ F = −→ p = 4 → F = 8 (octaedro)
6−p
p = 5 → F = 20 (icosaedro)
2p
n = 4 −→ F = −→ p = 3 → F = 6 (cubo)
4−p
4p
n = 5 −→ F = −→ p = 3 → F = 12 (dodecaedro)
10 − 3p
O Teorema de Euler foi demonstrado aqui para poliedros convexos. Mas não
é difícil observar que ele vale também em outras situações. Vamos descrever
3
Unidade 22 O Caso Plano do Teorema de Euler
seguir.
nó a projeção de cada vértice temos cada região limitada por pelo menos 3
linhas e também cada nó como extremidade de pelo menos 3 linhas.
É claro que para as linhas, regiões e nós da esfera S vale a relação de Euler,
4
Teorema de Euler Unidade 22
(vértices).
seguida, a partir de um furo feito em uma das regiões, esticá-lo até que se trans-
5
Unidade 22 Uma Outra Demonstração do Teorema de Euler no Plano
Geometria, mas sim de Topologia. Não importa se as faces são planas ou não,
ou se as arestas são retas ou não. Tudo pode ser deformado à vontade desde
que essas transformações sejam funções contínuas cujas inversas sejam também
zermos por uma função contínua, deveremos poder voltar à situação original
de Euler no Plano
poderá perceber que a relação de Euler para o plano vale em situações mais
Devemos enfatizar que aqui, o termo aresta não signica um segmento de reta
mas sim qualquer curva contínua, sem auto-interseções, que liga um vértice a
outro vértice. Uma boa ilustração do que estamos dizendo, consiste em observar
o mapa do Brasil dividido nos seus estados. Cada estado é uma face e cada linha
de fronteira é uma aresta. Devemos ainda exigir (e isso é muito importante) que
6
Teorema de Euler Unidade 22
de oceano.
Para ilustrar o que estamos dizendo e ainda observando a gura 6, o contorno
a região V é limitada apenas pelas duas arestas que ligam os vértices 9 e 10.
V − A + F = 2.
A = V = n, F = 2.
Vamos usar indução para o caso geral, ou seja, vamos mostrar que se a
decomposição pode ser construída por etapas onde, em cada uma delas, uma
7
Unidade 22 Uma Outra Demonstração do Teorema de Euler no Plano
V − A + F = (V + r − 1) − (A − r) + (F + 1)
dos grafos. Um grafo é apenas um conjunto de pontos com linhas que unem
alguns pares de pontos desse conjunto. É uma coisa simples, mas propicia uma
que uma certa pessoa tenha cumprimentado muitas outras (ou mesmo todas
as outras e pode ter ocorrido que algumas pessoas não tenham cumprimentado
8
Teorema de Euler Unidade 22
por exemplo, você vê em um mapa, cidades ligadas por estradas, esse desenho
ligação entre átomos são grafos, etc. Mas, isto é outra história. O leitor que
tiver interesse nesse assunto poderá encontrar diversos livros dedicados à teoria
dos grafos. Para citar apenas um, o livro Graphs and their uses de Oystein Ore,
9
Unidade 22 Problemas
22.4 Problemas
1. Um cubo de aresta a é seccionado por planos que cortam, cada um, todas
as arestas concorrentes num vértice em pontos que distam x (x < a/2)
sua aresta.
de água (A), luz (L) e telefone (T ). É possível fazer essas ligações sem
1 2 3
A L T
10
Teorema de Euler Unidade 22
O povo, que passeava dando voltas por estas ilhas, descobriu que, partindo
cada uma das pontes uma única vez. Explique porque isto não é possível.
6. Verique se o desenho na gura 10, abaixo, pode ser feito sem tirar o
desconhecem.
11
23
Área e Volumes
Sumário
23.1 Introdução . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 2
23.4 O Prisma . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 7
23.5 A Pirâmide . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 8
23.6 Problemas . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 14
1
Unidade 23 Introdução
23.1 Introdução
Vamos tratar agora dos volumes dos sólidos simples: prismas, pirâmides,
de espaço por ele ocupado. Para exprimir essa quantidade de espaço através
vezes até que esta que completamente cheia, estamos realizando uma medida
essa fração?
O exemplo mostra que esse processo pode ter alguma utilidade em casos
não funciona, mesmo na prática, para inúmeros objetos. Ou porque são muito
tamente sólidos. Ainda, a unidade xícara, que é inclusive muito utilizada nas
(cm3 ). Assim, o volume de um sólido S deve ser o número que exprima quantas
vezes o sólido S contém o cubo unitário. Mas, como esse sólido pode ter uma
forma bastante irregular, não ca claro o que signica o número de vezes que
um sólido contém esse cubo. Vamos então tratar de obter métodos que nos
2
Área e Volumes Unidade 23
poliedro formado por 6 retângulos. Ele ca perfeitamente determinado por três
medidas: o seu comprimento (a), a sua largura (b) e a sua altura (c).
Figura 23.1
proporcional a cada uma de suas dimensões. Isto quer dizer que se mantivermos,
Figura 23.2
volume de um deles.
3
Unidade 23 O Paralelepípedo Retângulo
Este fato, constatado para números naturais, também vale para qualquer
número real positivo (veja Notas 1 e 2 no m desta seção) e isto quer dizer
V (a, b, c) = V (a · 1, b, c)
= aV (1, b, c) = aV (1, b · 1, c)
= abV (1, 1, c) = abV (1, 1, c · 1) = abcV (1, 1, 1)
= abc · 1
= abc
verdade é um axioma) que é o seguinte. Se dois sólidos são tais que possuem
colar dois sólidos. Ainda, permite dizer que se um sólido está dividido em
vários outros, então seu volume é a soma dos volumes de suas partes.
esses mesmos resultados para números reais. O que resolve essa constrangedora
4
Área e Volumes Unidade 23
que, neste caso, se a primeira grandeza for multiplicada por um número real
Não estamos aqui estimulando o professor do Ensino Médio que faça essa
procedimento não é um erro, deve ser feito dessa forma, e estará sendo adequado
ao nível de desenvolvimento dos seus alunos. Por outro lado, o professor cará
posterior.
gulo, mas não é fácil ir adiante sem ferramentas adicionais. Uma forma con-
Princípio de Cavalieri.
alunos. Ponha em cima da mesa, uma resma de papel. Estando ainda per-
portanto, tem um volume que podemos calcular. Encostando uma régua nas
oblíquo (g. 23.3b) ou, usando as mãos, poderemos moldar um sólido bem
5
Unidade 23 O Princípio de Cavalieri
Figura 23.3
Sabemos que esses três sólidos têm volumes iguais mas ainda nos faltam
forma mais geral, suponha que dois sólidos AeB estão apoiados em um plano
horizontal e que qualquer outro plano também horizontal corte ambos segundo
igual ao volume de B.
Figura 23.4
nas, todas com mesma altura, duas fatias correspondentes com mesma área
mais nas forem. Sendo o volume de cada sólido a soma dos volumes de suas
fatias, concluímos que os dois sólidos têm volumes iguais. Repare ainda que o
pio de Cavalieri mas dão uma forte indicação de que ele é verdadeiro. Podemos
6
Área e Volumes Unidade 23
São dados dois sólidos e um plano. Se todo plano paralelo ao plano dado Axioma 2
Princípio de Cavalieri
secciona os dois sólidos segundo guras de mesma área, então esses sólidos têm
mesmo volume.
Esta é a ferramenta que vamos utilizar para encontrar os volumes dos demais
sólidos simples.
parcial utilizando números naturais (ou mesmo racionais) que deve satisfazer
a maioria dos alunos. Essa atitude não é condenável, muito pelo contrário.
de desenvolvimento dos seus alunos, mas saberá que o resultado geral estará
Tales. Para esse caminho, o leitor poderá consultar o artigo Usando Áreas
o
na RPM n 21, pág. 19. Foi esse o caminho que utilizamos aqui para obter
nossa necessidade imediata mas transfere a diculdade para outro lugar. Não
fessor, consciente das diculdades, deverá optar pelo rumo a tomar. No caso
alunos alguns exemplos. Mas, cremos que esses exemplos sejam sucientes para
23.4 O Prisma
7
Unidade 23 A Pirâmide
Suponha agora que os dois sólidos sejam cortados por um outro plano hor-
em todo prisma, uma seção paralela à base é congruente com essa base. Logo,
Figura 23.5
23.5 A Pirâmide
se altera. Para isso, vamos examinar o que ocorre quando uma pirâmide é
A gura 23.6 a seguir mostra uma pirâmide de vértice V, base ABC (tri-
8
Área e Volumes Unidade 23
Figura 23.6
semelhança.
Geometria do professor Elon Lages Lima editado pela SBM, que trata também
Duas pirâmides de mesma base e mesma altura têm mesmo volume. Teorema 3
A gura a seguir mostra suas pirâmides de mesma base ABC (novamente Demonstração
triangular apenas para simplicação do desenho), vértices V1 e V2 e com mesma
9
Unidade 23 A Pirâmide
Figura 23.7
à sua base sem alterar o seu volume é a chave para a demonstração do volume
Demonstração A demonstração deste teorema é elementar mas requer atenção. Para facil-
10
Área e Volumes Unidade 23
Figura 23.8
V1 = V (A − A0 B 0 C 0 ) = V (A − A0 BC 0 )
= V (A − A0 BC) = V (A0 − ABC)
V2 = V (B 0 − ACC 0 ) = V (B − ACC 0 )
= V (C 0 − ABC)
V3 = V (B 0 − ABC)
três tetraedros:
com a mesma base do prisma e com alturas iguais a do prisma. Logo, cada um
11
Unidade 23 A Pirâmide
Figura 23.9
Demonstração Para justicar, observe que qualquer pirâmide pode ser dividida em pirâ-
Figura 23.10
Suponha agora que a pirâmide tenha altura h e que sua base, de área A,
tenha sido dividida em n triângulos de áreas
A1 , A2 , . . . , An .
12
Área e Volumes Unidade 23
1 1 1
V = A1 h + A2 h + · · · + An h
3 3 3
1
V = (A1 + A2 + · · · + An )h
3
1
V = Ah
3
como queríamos demonstrar.
1
volume da pirâmide = (área da base) × (altura).
3
A obtenção dos volumes do prisma e da pirâmide demanda considerável
aplicar relações métricas e calcular áreas, propiciando uma revisão dos resultados
13
Unidade 23 Problemas
23.6 Problemas
didade.
(b) Determine quantos ladrilhos quadrados com 20cm de lado são necessários
2. Um tablete de doce de leite medindo 12cm por 9cm por 6cm, está in-
(a) Quantos desses cubos não possuem nenhuma face coberta com o
papel laminado?
(b) Quantos desses cubos possuem apenas uma face coberta com papel?
(c) Quantos desses cubos possuem exatamente duas faces cobertas com
papel?
(d) Quantos desses cubos possuem três faces cobertas com papel?
um cubo de aresta a.
gulo.
14
Área e Volumes Unidade 23
um cubo de volume V.
Uma pirâmide regular de altura 4cm tem por base um quadrado de lado
6cm. Calcule seu volume, sua área e os raios das esferas inscrita e cir-
cunscrita.
15
24
Cilindro, Cone e Esfera
Sumário
24.1 Cilindros e Cones . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 2
24.2 A Esfera . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 6
24.3 Problemas . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 9
1
Unidade 24 Cilindros e Cones
No cilindro, toda seção paralela à base, é congruente com essa base. Esse
Figura 24.1
dro, porque esse é o caminho percorrido pela maioria dos professores do Ensino
2
Cilindro, Cone e Esfera Unidade 24
Figura 24.2
2
A1 h A2
= =
A H A
1
Volume do cone = (área da base) × (altura).
3
Os casos mais interessantes para os alunos são os cilindros e cones retos de
base circular porque eles estão mais relacionados com os objetos do cotidiano.
Ainda, nesses objetos, a superfície lateral pode ser obtida de forma simples.
3
Unidade 24 Cilindros e Cones
Figura 24.3
apenas uma elementar regra de três. Diremos que a área A desse setor está
para a área do círculo de raio g, assim como o comprimento do arco 2πR está
Figura 24.4
O leitor deve reparar que, ao utilizar a regra de três, estamos usando o fato
4
Cilindro, Cone e Esfera Unidade 24
cação, ele deve preferir o cilindro equilátero. É o caso, por exemplo das
outro cilindro com mesmo volume, para que os alunos vejam que é maior.
sua altura (tipo chapéu de bruxa), o ângulo do setor será pequeno. Se,
por outro lado, o raio do cone for grande quando comparado com sua
ângulo desse setor é, em radianos, igual a 2πR/g e com isso mostrar que
5
Unidade 24 A Esfera
24.2 A Esfera
tal que seções produzidas por planos horizontais na esfera e nesse sólido tenham
áreas iguais. Repare que em uma esfera de raio R, uma seção que dista h do
2 2
centro é um círculo de área π(R − h ). Mas esta é também a área de uma
Figura 24.5
e, ao lado, um cilindro equilátero de raio R com base também sobre esse plano.
Do cilindro, vamos subtrair dois cones iguais, cada um deles com base em
centro (ou do centro da esfera, o que é o mesmo), produz uma seção que é uma
coroa circular cujo raio externo é R e cujo raio interno é h. Logo, o volume da
esfera é igual ao de C.
O volume de C é o volume do cilindro de raio R e altura 2R subtraido de
1 4
πR2 2R − 2 πR2 = πR3
3 3
que é o volume da esfera.
4 3
Volume da esfera = πR
3
Adotando o Princípio de Cavalieri, pudemos calcular o volume da esfera.
Entretanto, a área da esfera não pode ser obtida pelo método sugerido para o
6
Cilindro, Cone e Esfera Unidade 24
é possível fazer cortes nela e depois aplicá-la sobre um plano sem dobrar nem
esticar.
Qualquer que seja o método que imaginarmos para obter a área da esfera,
Geometria, pág. 81. O outro pode ser o seguinte. Suponha a esfera de raio R,
dividida em um número n muito grande de regiões, todas com área e perímetro
muito pequenos. Como se a esfera estivesse coberta por uma rede de malha
muito na. Cada uma dessas regiões, que é quase plana se n for muito grande,
será base de um cone com vértice no centro da esfera. Assim, a esfera cará
temos:
4 3 1 1 1
πR = A1 R + A2 R + · · · + An R
3 3 3 3
4 3 1
πR = (A1 + A2 + · · · + An )R
3 3
4 3 1
πR = AR
3 3
A = 4πR2
É preciso deixar claro que esses cálculos não demonstram nada. Anal,
preciso. No Ensino Médio, atitudes desse tipo são corretas. Se não pode-
stração requer o uso de Cálculo ou de outras ferramentas que eles vão aprender
professor Zoroastro, a verdade nem sempre pode ser dita de uma vez só.
7
Unidade 24 A Esfera
a palavra quadrado era utilizada tanto para representar a união dos quatro
2. O professor pode também pedir aos alunos para calcular a área e o volume
fuso será
α
4πR2
360
e seu volume será
α 4πR3
× .
360 3
3. É bom aproveitar as fórmulas da área e do volume da esfera (em que
exemplo, perguntar aos alunos que relação existe entre as massas de duas
8
Cilindro, Cone e Esfera Unidade 24
24.3 Problemas
1. Um cilindro reto possui uma esfera inscrita. Mostre que a razão entre as
áreas desses dois sólidos é igual à razão entre seus volumes (Teorema de
Arquimedes).
3. Um cone reto tem 3cm de raio e 4cm de altura. Calcule seu volume, área
mente cheio d'água o copo é inclinado até que o plano de sua base faça
o
45 com o plano horizontal. Calcule o volume de água que permaneceu
no copo.
6. Uma garrafa de bebida com 30cm de altura tem uma miniatura perfeita-
paralelo à sua base, distando h/3 dessa base. Calcule os volumes das
9
Unidade 24 Problemas
10. O professor perguntou ao aluno qual seria o volume gerado pela rotação
10