Académique Documents
Professionnel Documents
Culture Documents
BOLETIM INFORMATIVO
metodofonico.com.br
15-21 minutos
Antes de ensinar seu filho a ler é preciso entender alguns conceitos.
Quantas vezes você já deve ter ouvido falar sobre fonemas, consciência fonológica, consciência
fonêmica ou fonética? Isso nos causa uma confusão tremenda, não é verdade?
1
É vital que você saiba e entenda que a consciência fonológica e a consciência fonêmica são
os pilares para o sucesso da leitura.
O termo Consciência fonológica abrange todos os tipos de consciência dos sons que compõem o
sistema de certa língua, é composta por diferentes níveis: a consciência fonêmica, a consciência
silábica, e a consciência intrassilábica.
O termo consciência fonêmica costuma ser usado quando se refere ao nível do fonema, e
consciência fonológica é usado quando se trata de um nível mais abrangente.
Antes de ler este artigo vale ressaltar mais uma distinção, desta vez entre fonema e fone.
Um fonema em uma língua é uma abstração, faz parte do sistema fonológico que está na mente
dos falantes. Nunca se realiza porque não é pronunciado. A produção dos falantes são os fones
da língua, o fone é algo concreto realizado em um momento real por um falante. Sempre que for
tratar da pronúncia de som usa-se o termo fone, porém, para facilitar o entendimento e não
confundir as crianças usa-se som.
2
O que é Consciência fonológica?
Sabemos que um fonema é apenas uma abstração na nossa mente, é apenas um som, um padrão
articulatório.
Existem 31 fonemas no português que usamos para combinarmos em sílabas e formar palavras
quando falamos.
3
Enquanto o fonema é apenas um som e é o menor nível de produção da fala, na leitura ele é o
mais alto nível de habilidades fonológicas. A criança o desenvolve depois de aprender a
manipular palavras e sílabas.
Crianças com baixo nível de consciência fonêmica terão problemas para aprender fonética e
decodificação (leitura), especialmente quando for preciso soar e misturar letras para formas
novas palavras.
3. A fonética[4]
É o ramo da linguística que estuda a natureza física da produção e percepção dos sons da fala
humana, na sua realização concreta (articulação, características físicas e percepção), refere-se à
associação da relação letra-som e os padrões de letras para soletrar palavras (Snow, Burns e
Griffin, 1998 p.51)[5] . Refere-se ao uso do código (relações de som-símbolo para reconhecer
palavras). Assume-se que o aluno já adquiriu consciência fonêmica e que já conhece o princípio
alfabético, que já entende que há uma relação consistente entre símbolos de letras e sons de
letras.
O método fônico
O método fônico é o método de ensino da leitura que tem como base a relação entre letra e som.
Não se pode aprender a ler de forma eficaz sem uma compreensão da relação entre as letras e os
sons das letras e, como eles se conectam para formar as palavras que vemos no texto impresso.
Esta é uma das principais razões pelas quais os programas desprovidos de instruções fonológicos
(métodos globais) produzem resultados de leitura ruins e por que qualquer programa de leitura
bom deve incluir fonética como um componente chave da aprendizagem.
O conhecimento do som das letras e das relações entre o som é essencial para dominar a
mecânica da leitura.
Todas essas habilidades são construídas sobre uma base sólida da linguagem oral. Métodos
fônicos não devem se referir apenas à fonética, a relação letra/som. É preciso trabalhar
gradualmente todas as habilidades de consciência fonológica e fonêmica.
4
Eu não aplico aos meus filhos apenas um monte de exercício de fonética. Aqui todo dia é dia de
leitura partilhada, é dia de ler livros, textos, poesias, clássicos e parlendas.
O que tento levar para você aqui no blog é me dedicar ao uso do método fônico e como se
aprende a ler, e à medida que você navega nos artigo do site espero que possamos aprender
juntos que o uso da fonética é o principal meio para se aprender a ler.
E se você chegou até aqui é bom que esteja convencido de seus méritos, que você também
consegue alfabetizar crianças por meio do método fônico com o uso da fonética e das habilidades
de consciência fonológica.
Compartilho com você a ideia de que o método fônico é o meio mais efetivo de ensinar qualquer
um a ler – com base em experiências, pesquisas e evidências científicas.
Muito antes de a criança ter qualquer tipo de compreensão do princípio alfabético, as crianças
devem entender que aqueles sons associados às letras são precisamente os mesmos sons da fala.
[6]
“O nível de consciência fonêmica que as crianças possuem no início das primeiras instruções de
leitura e seu reconhecimento das letras são os dois melhores preditores de quão bem elas
aprenderão a ler durante os dois primeiros anos de ensino formal da leitura.” (Adams, Foorman,
Lundberg, & Beeler: 1998).
5
“O nível de consciência fonémica que as crianças possuem no início das primeiras instruções de
leitura e seu reconhecimento das letras são os dois melhores preditores de quão bem elas
aprenderão a ler durante os dois primeiros anos de ensino formal da leitura.”
6
Inês Kisil Miskalo, gerente executiva de gestão de políticas de aprendizagem do Instituto
Ayrton Senna, é ainda mais enfática, afirmando que somente o nível 4 deveria ser considerado
como adequado em tudo, para ela estas crianças estão indo paro o 4º ano sem estarem
plenamente alfabetizadas.
Na avaliação de 2014, o desempenho em leitura da maioria dos alunos (56%) ficou nos dois
piores níveis, dentre quatro, significando que eles não conseguem localizar informação explícita
em textos de maior extensão e identificar a quem se refere um pronome pessoal[8].
Magda Soares afirma que o nível 2 não é suficiente. “É indiscutível que o nível 1 mal se
aproxima do que se poderia considerar uma criança alfabetizada. Mas eu tenderia a considerar
que também o nível 2 está ainda distante do que se poderia considerar uma criança alfabetizada,
e concordaria com os níveis 3 e 4, na leitura, 3, 4 e 5 na escrita”.
7
Os dados acima mostram que ao fim do 3º ano do Fundamental, 22% dos alunos se encontram no
nível 1; 34% no 2; 33% no 3 e apenas 11% no nível mais avançado. Portanto, os resultados ainda
estão distantes da meta de alfabetizar todas as crianças até, no máximo, o 3º ano.
Podemos observar que 22,21% das crianças, no final do ciclo de alfabetização só desenvolveram
a capacidade de ler palavras isoladas.
Em escrita, 26,67% desses alunos não tinham aprendizagem considerada adequada. De acordo
com o Relatório de Monitoramento das Metas do Plano Nacional de Educação (PNE)[9], mais da
metade dos alunos do 3º ano do Fundamental estão nos dois níveis mais baixos de alfabetização.
A taxa do nível mais alto, o Nível 5, revela que apenas 9,88% das crianças já’ escrevem de
acordo com o que se espera ao fim do ciclo de alfabetização.
8
● No nível 5, temos os estudantes que escreveram textos adequados ao final do ciclo de
alfabetização, com poucos desvios, mas, característicos desta fase de aquisição das
habilidades de escrita.
O mais dramático é que você encontra neste universo crianças com 9 ou 10 anos que ainda não
sabem ler.
E esta realidade é confirmada nos e-mails que recebo semanalmente de pais e professores, o que
reafirma que esta não é uma realidade abstrata, apenas representada pelos gráficos acima, meus
leitores sentem isso nas salas de aula e em casa.
Com base nestes resultados de pesquisas semelhantes, é vital que pais e educadores entendam
que, tanto as habilidades de consciência fonológica quanto fonêmica sejam desenvolvidas na
primeira infância. É necessário que essas habilidades sejam explicitamente avaliadas no final da
pré-escola, no primeiro ano de escolaridade formal e novamente no segundo ano.
Mais importante ainda é que os professores tenham acesso a estes recursos para
complementarem seus conhecimentos. Essas habilidades precisam ser trabalhadas tanto no final
da pré-escola quanto no primeiro ano, pois, é a base para a leitura. Crianças que apresentam
dificuldades de leitura, podem se beneficiar de reavaliações e intervenções.
As crianças ao concluir a pré-escola já poderiam ler palavras regulares e pequenos textos se estas
habilidades de consciência fonológica e fonêmica forem trabalhadas desde cedo.
Então, se você é um professor, mãe ou pai e está guiando crianças no caminho da leitura, faça-se
uma pergunta simples: Você está trabalhando em seus alunos habilidades de linguagem oral para
que toda a sua consciência fonológica, consciência de fonemas e habilidades fonéticas tenham
raízes sólidas e possam crescer no desenvolvimento da leitura?
9
10
Referências
[1] “Lane, H. B., & Pullen, P. C. (2004). A Sound Beginning: Phonological Awareness
Assessment and Instruction. USA: Pearson Education, Inc.
[3] “Schuele, C. M., & Boudreau, D. (Janeiro de 2008). Phonological Awareness Intervention:
Beyond the basics. Language, Speech and Hearing Services in Schools, pp. 3-20.
[4] fonética in Dicionário infopédia da Língua Portuguesa com Acordo Ortográfico [em linha].
Porto: Porto Editora, 2003-2017. [consult. 2017-06-16 18:58:05]. Disponível na Internet:
https://www.infopedia.pt/dicionarios/lingua-portuguesa/fonética.
[5] “Reading Assessment and Instruction for All Learners.” Snow, C.E., Burns, M.S., & Griffin,
P. (1998). Preventing reading difficulties in young children. Washington, D.C.: National
Academy Press.
[6] “Adams, M., Foorman, B., Lundberg, I., & Beeler, T. (1998). Phonemic awareness in young
children: A classroom curriculum. Baltimore, MD: Brookes.
[7] “Especialistas divergem sobre nível adequado da ANA para a ….” 28 set. 2015,
http://www.todospelaeducacao.org.br/reportagens-tpe/35336/especialistas-divergem-sobre-nivel-
adequado-da-ana-para-a-alfabetizacao/. Acessado em 16 jun. 2017.
[8] “Inep divulga resultados preliminares da avaliação de alfabetização ….” 22 mai. 2017,
http://agenciabrasil.ebc.com.br/educacao/noticia/2017-05/inep-divulga-resultados-preliminares-d
a-avaliacao-de-alfabetizacao-para. Acessado em 16 jun. 2017.
[9] “Como anda o cumprimento das metas do Plano Nacional de Educação.” 10 nov. 2016,
https://novaescola.org.br/conteudo/3369/relatorio-monitoramento-metas-do-plano-nacional-de-e
ducacao-pne. Acessado em 27 jun. 2017.
[10] “INEP, Instituto Nacional de estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira. Avaliação
Nacional da Alfabetização. ” 20 out. 2015,
http://portal.mec.gov.br/index.php?option=com_docman&view=download&alias=21091-apresen
tacao-ana-15-pdf&category_slug=setembro-2015-pdf&Itemid=30192. Acessado em 27 jun.
2017.
11
12