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DESTRUIÇÃO DO PATRIMÔNIO CULTURAL E TERRORISMO NAS

RELAÇÕES INTERNACIONAIS: A AÇÃO DO ESTADO ISLÂMICO,


UM EXERCÍCIO DE SOFT POWER?

Victor Mendes

A organização terrorista como ator

A
destruição do Patrimônio Cultural é um dos exemplos mais evidentes do
extremismo terrorista do chamado Estado Islâmico (Daesh), e pelos episó-
dios mais recentes, são comumente compreendidos como irracionais. Tal
abordagem deve ser revista de maneira crítica para compreender, segundo uma ótica teórica
das Relações Internacionais e do Patrimônio, como o ator que perpetra a destruição cultural
manifesta racionalidade por trás de um manto discursivo de extremismo ideológico, entendido
como definidor de sua organização. A ação terrorista é elemento estratégico para a relevância
internacional do ator em questão. Esta abordagem propõe a utilização do manto teórico de
Relações Internacionais com o objetivo de evidenciar a compreensão de que a destruição cul-
tural perpetrada pelo Estado Islâmico é evidência de racionalidade, na medida em que objetiva
projeção internacional e reconhecimento de seus objetivos. Em nossa proposta de análise, isso
é evidenciado pelo emprego direcionado da destruição cultural como recurso de poder soft e
pela imagem de irracionalidade da organização concebida a partir da transgressão dos valores
de preservação cultural reconhecidos internacionalmente.
A tomada de sítios culturais, como o que ocorreu na antiga cidade de Palmira,1 e a
transformação deles em bases militares e/ou lugares de execução, como aquelas realizadas no
anfiteatro romano em Palmira2 pelo terrorista Estado Islâmico, trazem à literalidade a teatrali-
zação do terror. A transformação do museu da cidade de Raqqa em uma prisão e base temporá-
ria, entre outros inúmeros sítios arqueológicos subvertidos em bases militares, e a exploração
ilegal de bens arqueológicos3 causam a subversão dos elementos culturais de vários povos.
1
“Um oásis no deserto sírio, ao norte de Damasco, Palmira contém as ruínas monumentais de uma antiga cidade
que um dia foi um dos mais importantes centros culturais no mundo antigo. Do primeiro até o segundo século, a arte
e a arquitetura, no caminho de diversas civilizações, casou as técnicas greco-romanas com as tradições locais e in-
fluência persas.” Tradução livre do texto: “An oasis in the Syrian desert, north-east of Damascus, Palmyra contains
the monumental ruins of a great city that was one of the most important cultural centres of the ancient world. From
the 1st to the 2nd century, the art and architecture of Palmyra, standing at the crossroads of several civilizations,
married Graeco-Roman techniques with local traditions and Persian influences.” (UNESCO, 2016).
2
“[Em 2005], o Estado Islâmico (ISIS) explodiu dois templos antigos em Palmira que não eram parte de suas
estruturas da Era Romana, mas que os militantes entendiam como pagãs e sacrílegas. No começo de julho, a orga-
nização divulgou um vídeo mostrando a execução de 25 soldados pró-governo no anfiteatro romano.” Grifos meus,
tradução livre de: “Isis blew up two ancient shrines in Palmyra that were not part of its Roman-era structures but
which the militants regarded as pagan and sacrilegious. In early July, it released a video showing the killing of 25
captured government soldiers in the Roman amphitheatre.” (SHAHEEN; BLACK, 2015).
3
Palestra: Destruição do patrimônio arqueológico sírio durante a guerra: como preservá-lo, na Universidade Cató-
lica de Santos, por SERIEH, 2016.

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BENS CULTURAIS E RELAÇÕES INTERNACIONAIS

A utilização física para fins de perversão dos espaços culturais caracteriza nesse contexto a
sobreposição das memórias culturais pela ideologia extremista da organização.
O Estado Islâmico (Daesh)4 é classificado como organização terrorista, entendido
como ator não estatal no plano das relações internacionais. Como atores, as organizações
terroristas são capazes de projetar influência tanto na esfera internacional quanto nas esferas
domésticas dos Estados. Qual a racionalidade do Estado Islâmico dentro da classificação de
organização terrorista, na utilização do fator cultural para delineação de poder voltado à sa-
tisfação de seus interesses? Para investigar as respostas a essa pergunta, nesta sessão faremos
aporte dos conceitos de recursos de poder definidos com base em abordagens notadamente
mais voltadas aos Estados Soberanos para explicar o funcionamento e utilização destes por
atores que não são necessariamente Estados, nem soberanos. No entanto, no que tange às or-
ganizações terroristas enquanto atores internacionais, é interessante considerar a abordagem
compreendida por Ekmekci (2011, p. 125, tradução nossa), ao explicar que:

A abordagem convencional do Estudo das Relações Internacionais trata as


organizações terroristas como “atores não estatais” das relações interna-
cionais. Não obstante, essa abordagem está se tornando problemática por
conta do fato que muitas organizações terroristas são apoiadas ou usadas
por alguns Estados.

Sem se profundar no mérito da discussão sobre as origens da organização ou dos


seus usos por Estados, é claro que a maioria das abordagens convencionais compreende uma
organização terrorista como ator “não estatal”. Isso se torna um desafio teórico na medida
em que a centralidade do Estado, como principal ator das relações internacionais, norteia a
concepção e os usos dos conceitos delineados nas matrizes teóricas. Logo, a utilização desses
conceitos para a explicação de comportamentos de atores não estatais se torna uma discussão
de relevância.
Adicionalmente, a definição de terrorismo e as características que supostamente
definiriam uma organização terrorista apresentam um desafio técnico no âmbito do Direito
Internacional. No âmbito das Nações Unidas e no ordenamento jurídico internacional, não há
consenso estabelecido sobre as definições de “terrorismo”, e as discussões para a elaboração
de uma convenção que reúna tais definições se encontra em um impasse (DEEN, 2005, tradu-
ção nossa). Não há tratado específico que trate dessa definição. O levantamento relativamente
concreto que pode ser feito em termos documentais das Nações Unidas seria a respeito de um
indicativo dos elementos que fariam a composição de uma definição do termo.
Podemos extrair do Relatório “A more secure world: our shared responsibility” (Um
mundo mais seguro: nossa responsabilidade comum), elaborado pelo então secretário-geral
das Nações Unidas Kofi A. Annan (UNITED NATIONS, 2004a), a proposição de descrição
do terrorismo como:
4
Apesar da autodenominação “Estado Islâmico do Iraque e do Levante”, a organização não é reconheci-
da mutuamente como Estado pela comunidade internacional, tampouco propõe sua inserção no ordena-
mento político e jurídico internacional como conhecemos. A classificação mais próxima, por definição,
seria de organização terrorista.

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Destruição do patrimônio cultural e terrorismo nas Relações Internacionais: a ação do Estado Islâmico,
um exercício de soft power?

qualquer ação, em adição às ações já especificadas pelas convenções exis-


tentes sobre os aspectos do terrorismo, a Convenção de Genebra e do Con-
selho de Segurança 1566 (2004), do que é intencional a causar a morte
ou dano corporal sério a civis e não combatentes, quando o propósito de
tal ato, por sua natureza ou contexto, for de intimidar uma população, ou
compelir um Governo ou organização internacional de fazer ou deixar de
fazer qualquer ato (UNITED NATIONS, 2004b, p. 51-52, tradução nossa).

É notável que a definição aproximada trata de descrever as formas como se dão um


ato específico como definidor do terrorismo, não apontando como uma organização terrorista
poderia ser classificada, para além da perpetuação sistemática de atos que se inserissem nessa
proposta de definição.
Essa última consideração é notadamente importante. Tomaremos como elemento,
documento citado, que um ato é de característica terrorista quando apresenta intencionalidade
de grave dano ou morte de pessoal civil ou não combatente, cujo propósito de intimidação bus-
caria compelir um ator, nesse caso um governo ou organização internacional, de fazer ou dei-
xar de fazer qualquer ato. Nesse ensejo, há objetivo de influência de um ator sobre outro, que
se dá por meio do ato terrorista. Se ampliarmos essa concepção, podemos entender que essa
definição deixa claro que nos atos praticados por Estados soberanos podem adequadamente es-
tar incluídos, dentre eles, por exemplo, o bombardeamento nuclear de Hiroshima e Nagasaki.
O ato busca infringir grave dano corporal de forma indiscriminada à população civil
das cidades atingidas com o objetivo de compelir o governo japonês à ação da rendição. Essa
influência se deu a partir da intimidação que o ato gerou. Podemos propor então a seguinte
pergunta: seria o Estado soberano, então, passível de ser considerado entidade terrorista por
conta de suas ações?
Com essas evidências do ordenamento jurídico internacional, o qual é proveniente
dos costumes internacionais, chegamos à plausibilidade de que os Estados, principais atores
das Relações Internacionais, de acordo com as perspectivas realistas, são capazes de projetar
influência uns aos outros por meio da ação terrorista. As organizações terroristas não têm in-
serção no sistema internacional com o mesmo rol de proeminência política dos Estados. Isso
não impossibilitaria a descrição de influência, de ator para ator, por meio de ação considerada
terrorista, já que cairia na definição da ação, e não daquele que a perpetra.
Para o nosso fim de análise: com essas considerações, traçamos a compreensão de
que o ato terrorista perpetrado por um Estado soberano ou por uma organização específica
pode ter o objetivo de exercer influência sobre um ator ou conjunto de atores dentro do sistema
internacional.

Atores e poder nas relações internacionais

O jogo político internacional está marcado pela constante busca pelo poder, em que
atores, dentre eles os Estados, conflitam e cooperam segundo seus interesses, com o fim de
angariar recursos que lhes possam proporcionar estabilidade. O poder em potencial obtido por

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BENS CULTURAIS E RELAÇÕES INTERNACIONAIS

um ator é empregado a fim de satisfazer a seus interesses, exercendo influência e mantendo


maior margem de negociação relativa a outros Estados. Essa compreensão básica deriva de um
entendimento realista clássico das Relações Internacionais, no qual o Estado é o principal ator,
e o poder no seu âmbito é compreendido de forma monolítica, e relacional, em relação aos
outros Estados no cenário internacional. A relação entre eles produz um balanço de poder, “os
Estados são descritos como detentores do constante objetivo de maximizar o poder em relação
aos outros, produzindo assim um “equilíbrio de poder” ou buscando produzir um equilíbrio de
poder” (BALDWIN, 2013, p. 274, tradução nossa).
Nye Jr. (2011, tradução nossa) compreende que o poder é derivado de recursos usa-
dos para produzir ações e, nessas ações, resultados desejáveis de acordo com seus interesses.
Esses recursos podem ser de ordem econômica e militar, por exemplo, e podem ser conside-
rados recursos de poder “concreto” ou “tangível”, no termo em inglês hard power. Na outra
extremidade da concepção espectral de poder5 compreendida por Nye Jr. (2011, p. 56, tradução
nossa), o soft power, ou “poder brando”, é definido como: “a habilidade de afetar outros por
meio de medidas de influência para enquadrar agendas, persuadir e provocar atrações positivas
a fim de obter os resultados desejados”.
Como a qualquer abordagem sobre o poder nas Relações Internacionais, é a sua
importância a dificuldade em defini-lo como forma de “moeda” das Relações Internacionais,
assim como o capital seria para a Economia, como analogia. Essa dificuldade advém do fato de
que o poder é produzido a partir de recursos inseridos dentro de um contexto específico, sendo
multifacetado em origens e produtos.
O ramo do poder “hard” pode ser associado a recursos mais materialistas, ou tangí-
veis, voltados a estruturas de influência coercitiva, ou que abrangem em maior evidência o po-
der militar e econômico. Por outro lado, o ramo “soft” pode ser associado a recursos e fatores
intangíveis, como ideias, instituições, patriotismo e legitimidade. Essas abordagens norteiam
uma explicação que descreve que os recursos não são mutualmente exclusivos. Tomemos
como exemplo, de acordo com Nye Jr. (2011), que os dois últimos fatores mencionados, a
legitimidade e o patriotismo, podem influenciar fortemente o ramo militar, mesmo fazendo
parte do ramo de poder soft. A ameaça, que faz parte da dimensão de poder hard, por outro
lado, é intangível. Nesse sentido, um mesmo recurso de poder é capaz de servir tanto para o
hard quanto para o soft power, da “coerção à atração”. “Algumas vezes, os mesmos recursos
de poder afetam na totalidade o espectro entre coerção e atração” (NYE JR., 2002, p. 9-10,
tradução nossa). Por exemplo, ter um exército poderoso é sempre útil, já que é um poder con-
creto de grande versatilidade aplicável, abrangendo um grande campo de aplicação entre a
coerção e a atração.
Com essas considerações, devemos ter em mente que o objetivo deste estudo não
é trazer uma discussão exaustiva sobre as definições e aplicações de poder no estudo das
Relações Internacionais, mas sim, com a âncora das perspectivas teóricas acerca do poder aqui
trazidas, permitir um aporte para compreender melhor a natureza do poder delineado através
da destruição cultural perpetrada por entidades terroristas, em especial o Estado Islâmico,
5
NYE JR. (2002, p. 21) apresenta um diagrama espectral, nesses termos, que vai do HARD (comando) ao SOFT
(cooptação).

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Destruição do patrimônio cultural e terrorismo nas Relações Internacionais: a ação do Estado Islâmico,
um exercício de soft power?

entidade em evidência nas relações internacionais contemporâneas.

Poder soft e poder hard

A maior motivação para a busca de recursos de poder hard ou soft é a conferência de


poder para que o ator possa atingir seus objetivos. Nem sempre recursos de poder abundantes
conferem poder, dado um contexto específico, como no exemplo clássico da Guerra do Vietnã,
em que os Estados Unidos, mesmo detendo a supremacia militar, que é uma das principais
fontes do poder hard, não conseguiram garantir em seus objetivos um sucesso correspondente
à sua aparente grandeza, encerrando o conflito enfraquecido internacional e domesticamente.
Como coloca Nye Jr. (2004, p. 3, tradução nossa):

Ter recursos de poder não garante que você sempre terá o resultado dese-
jado. Por exemplo, em termos de recursos, os Estados Unidos eram muito
mais poderosos que o Vietnã, e ainda assim perdemos a Guerra. A América
era o único estado superpoderoso em 2001, mas falhamos em prevenir o
11 de setembro.

Como dito anteriormente, é indiscutível a fungibilidade6 do poder militar enquanto


recurso de poder hard, assim como em outros exemplos a capacidade financeira, tecnológica e
recursos naturais exploráveis. Assim, esses recursos em maior abundância conferem maior ca-
pacidade em potencial de um ator influenciar um segundo ator ou causar uma reação desejada
condizente com seus interesses. Podemos interpretar que um ator constantemente influenciado
é visto como um ator mais fraco em relação àquele que influencia com maior sucesso.
Com isso em mente, ainda que um ator seja dotado de grandes quantidades de recur-
sos fungíveis, como uma forte economia, estabilidade econômica e um grande exército, não
há garantia aparente de que esteja isolado de outras formas de influência e, consequentemente,
da projeção de outros tipos de poder vindos de atores menos favorecidos no campo do poder
hard.
Para tentar a mensuração da influência potencial, que é o objetivo do poder, é ne-
cessário levar em conta os custos da influência do ator A para com as ações do ator B, o que
é válido tanto nas abordagens “soft” e “hard” do poder.7 Mesmo que apresente efetividade,
nem sempre um curso de ação voltado mais para usos de recursos que conferem poder hard
possibilitará uma relação custo-efetividade mais positiva do que um curso de ação que faça
maior uso de recursos conferentes de poder soft, salientando que, em ambos os cursos, nenhu-
ma aplicação é puramente de poder soft ou de poder hard. A diferença se daria no fato de que,
no processo de confecção de um ou de outro, os produtos seriam essencialmente mistos, com
maior ou menor ênfase hard ou soft.

6
Aqui se destaca o conceito de fungibilidade, entendido como a capacidade e utilidade de um recurso
de exercer poder em diferentes contextos e conjunturas.
7
“Both the costs to A and the costs to B are relevant to assessing influence” (BALDWIN, 1989; BAR-
RY, 1979; DAHL, 1968; HARSANYI, 1962; SCHELLING, 1984, p. 268-290 apud BALDWIN, 2013).

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BENS CULTURAIS E RELAÇÕES INTERNACIONAIS

Terrorismo cultural

Para circunscrever poder nas relações internacionais, é necessário buscar recursos


que possibilitem sua criação e projeção, mas, antes disso, é necessário um objetivo. Quando
há objetivo político, um ator buscará delinear uma ação voltada para o poder soft ou poder
hard, conforme não apenas seus objetivos, mas também na disponibilidade de recursos para a
confecção dessas ações. Nesse sentido, os membros de uma Organização Terrorista podem ser
considerados recursos à disposição.
Tomemos como aporte a colocação de Nasser (2014, p. 75), que nos permite com-
preender uma certa diferenciação entre os objetivos da organização terrorista e das motivações
dos indivíduos que fazem parte dela: “A organização não consiste, entretanto, apenas de um
agrupamento de indivíduos, mas possui uma estrutura cuja finalidade última é influenciar a
luta pelo poder, qualquer que seja a motivação dos indivíduos que participam da organização”.
Nesse sentido, há uma diferenciação fundamental entre as motivações dos indiví-
duos e os objetivos das organizações. Simon (2003 apud NASSER, 2014) explica que os
“novos” terroristas acreditam que o modo de vida de acordo com os ensinamentos de Alá está
sendo corrompido pelos valores ocidentais, gerando uma verdadeira guerra cultural e choque
de civilizações, discurso notadamente influenciado por Huntington (1994).8 Hoje, os conflitos
tomam um rumo diferente daquele de embate ideológico e político na época da Guerra Fria,
para tornar contornos majoritariamente culturais e de pertencimento cultural.
Enquanto no primeiro exemplo é possível mudar de lado, no segundo, a característi-
ca de “ser” acima de “pertencer” enaltece a exclusão e alimenta exponencialmente o conflito
com base na esfera cultural (HUNTINGTON, 1994, p. 124 apud NASSER, 2014, p. 68), “[...]
o processo de modernização levou ao enfraquecimento da identidade e dos laços comunitários,
e também do Estado-Nação. Isso desencadeou uma reação de movimentos fundamentalistas
religiosos que procuram retomar as tradições como fonte principal de identidade ” (NASSER,
2014, p. 67).
De fato, o discurso radicalizador e extremista, nessas bases, é utilizado pelo grupo
terrorista Estado Islâmico com o objetivo de captar novos membros para sua causa, inclusive
em países-alvo de ações terroristas, e para as linhas de frente no Iraque e na Síria (MORRIS,
2015, tradução nossa), o que indica que, pelo menos no campo de análise dos integrantes
dessas organizações enquanto indivíduos é necessário considerar a vertente teórica do novo
terrorismo:

O ‘novo terrorismo’ rompeu com a premissa principal do antigo terrorismo,


que era a ‘propaganda pela ação’, em que nenhum grupo deseja aparecer
para o público como defensor do assassinato indiscriminado, pois o risco
seria muito alto e os benefícios, muito incertos (LAQUEUR, 1999, p. 10
apud NASSER, 2014, p. 70).
8
Para além dos autores citados, NASSER (2014, p. 71) indica que: “PAPE (2006) e KRUEGER (2007) [...] reali-
zaram suas investigações fundamentados em um importante preceito metodológico: diferenciar o comportamento
dos indivíduos considerados terroristas dos propósitos perseguidos pelas organizações que praticam o terror. Isto é,
trata-se de distinguir a motivação individual dos propósitos das organizações, entendidas como ações estratégicas
para se alcançar objetivos políticos.”

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Destruição do patrimônio cultural e terrorismo nas Relações Internacionais: a ação do Estado Islâmico,
um exercício de soft power?

O “velho terrorismo”, ou clássico, busca a propaganda pela ação através de atos de


violência direcionados contra alvos indiscriminados, objetivando fazer frente a um oposto
militarmente superior, e, em última instância, abrir de forma forçada portas para a negociação.
O “novo terrorismo” supostamente romperia com essa premissa, tornando-se essencialmente
direcionado por perspectivas ideológicas e religiosas. O considerado “novo terrorismo”, como
cita a autora, não objetiva a negociação, estando seus métodos muito aquém desse objetivo. Já
a forma de agir do velho terrorismo se encaixa na perspectiva teórica do poder soft, em que o
medo criado pela ação terrorista possibilita uma negociação antes inconcebível. O velho ter-
rorismo, nessa abordagem, é entendido como uma entidade quase irracional movimentada por
princípios ancorados em uma religiosidade extremista.
A vertente do velho terrorismo não se apoia isoladamente se aplicada à compreensão
dos direcionamentos da organização no todo. Notamos que o discurso religioso e antiocidental
é utilizado de forma a fundamentar os posicionamentos da organização, como um estatuto
filosófico que justifica a criação de uma nova comunidade de acordo com os princípios da lei
islâmica radicalizada pelos extremistas, cuja religião é evidentemente central na sua estrutura
organizacional. Isso implica a destruição do atual sistema internacional, e notadamente da
cultura do mundo ocidental, ou de qualquer outra forma de cultura que se oponha aos dogmas
da organização.
Essa destruição se sustenta na medida em que há o extermínio das bases de remi-
niscência coletiva das sociedades inimigas dos seus pensamentos, em que os principais alvos
são bens de grande valor cultural. Isso é de fato instrumentalizado com a destruição de anti-
gos sítios arqueológicos e monumentos de projeção internacional (MELLEN, 2015, tradução
nossa).
Por outro lado, o contrabando de objetos históricos para o financiamento do Estado
Islâmico e a divulgação da destruição dos Patrimônios nas áreas que ocupa complementam
a estratégia delineada pela organização ao descrever uma destruição localizada, estratégica,
que vai de encontro à ideia inicial de seu discurso, que fomenta a destruição desenfreada
fomentada pelo radicalismo, conforme é explicado pela vertente teórica do novo terrorismo.
Ao mesmo tempo que destrói de forma estratégica, a organização teatraliza a destruição para
descrever poder de influência ao mundo através do medo e para a criação do proposto “novo
califado” de bases religiosamente radicalizadas de organização cultural e social.
O discurso tem bases sólidas na “purificação” cultural, mas as evidências apontam
uma organização que calcula suas ações destrutivas para delinear poder no ramo político, no-
tadamente perverter e destruir o Patrimônio Cultural para alargar conhecimento de sua causa
e descrever influência nos moldes do poder soft.
O próprio fato de se tornarem tão extremos a ponto de inviabilizar a negociação, que
seria seu objetivo de acordo com a vertente do “velho terrorismo”, é recurso de poder segundo
as bases explicadas na vertente do “novo terrorismo”, dentro da atual conjuntura em que o
embate cultural é potencializado.
Nesse sentido, percebemos que o Estado Islâmico adota o discurso do “novo terro-
rismo”, ao passo que suas ações dialogam com a perspectiva do “velho terrorismo”, ou terro-
rismo clássico. Tal discurso é evidenciado na mídia internacional:

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BENS CULTURAIS E RELAÇÕES INTERNACIONAIS

O Estado Islâmico divulgou que os objetos e locais históricos que destruiu


são uma heresia à sua ideologia, que tem raízes no Wahhabismo. Em Pal-
mira, por exemplo, o grupo explodiu duas tumbas históricas, uma de um
Santo Shiita e a outra de um acadêmico Sufista, pois considerou as tumbas
formas de idolatria. Em março [de 2016], o Estado Islâmico divulgou ví-
deos mostrando seus militantes atirando e demolindo Hatra e Nimrud, sí-
tios arqueológicos no norte do Iraque. A dramática influência das gravações
ganhou significativa atenção da mídia, permitindo ao grupo estender sua
mensagem mais amplamente e potencialmente expandir o seu recrutamen-
to (ALMUKHTAR, 2016, tradução nossa).

Essa destruição é suportada e justificada por um discurso ideológico de bases isla-


mitas, sendo gerada a partir de um recurso de poder hard da organização, que é seu poderio
militar. A alocação de recursos para a produção de poder é intercambiável entre os espectros
hard e soft. A organização terrorista aloca parte de seus recursos militares e financeiros, ho-
mens, aparatos bélicos e tecnológicos, para gerar destruição de Bens Culturais e publicidade
a partir dessa ação. Nesse sentido, há geração de poder soft a partir de recursos de poder hard.
Um ponto a ser traçado entre o poder hard e o poder soft é que o segundo apresenta
maior alcance imediato, justamente por fazer uso extensivo de recursos intangíveis. Por
exemplo, um grande exército pode proteger uma passagem de uma fronteira para a outra,
nisso é esperada certa eficiência. Por outro lado, é muito mais provável a fácil passagem de
informações e de projeção através da internet, por meio das mídias sociais, por exemplo.
A internet é usada como recurso de divulgação, sendo as mídias sociais plataformas de
recrutamento pelo Estado Islâmico (ANTI-DEFAMATION LEAGUE, 2015, tradução nossa).
É na internet que a organização divulga os atos de destruição cultural. A projeção de poder da
organização tem proporções internacionais, e os atos militares característicos do terrorismo
são potencializados pela internet.

Considerações finais

Discutimos até o momento os ordenamentos de poder conforme as explicações am-


paradas pelas principais teorias das Relações Internacionais, instrumentalizando os conceitos
com base nas experiências analisadas dentro das ações terroristas do Estado Islâmico direcio-
nadas à herança cultural dos territórios ocupados. Compreendemos que essas ações objetivam
projeção de poder em diferentes instâncias de influência, a fim de satisfazer ao objetivo do
ator, que é a Organização Terrorista Internacional. Nesta seção, tendo em mente os exemplos e
conceitos delineados até o momento, retomaremos alguns pontos segundo perspectiva teórica
da Cultura e do Patrimônio, buscando evidenciar como a destruição da cultura em seus sím-
bolos, os Patrimônios, e a memória possam ser objetos de interesse do Estado Islâmico em si.
Evocamos, nesse ensejo, a noção de etnocídio introduzida por Clastres (2004, p. 56):

Se o termo genocídio remete à ideia de ‘raça’ e à vontade de extermínio de

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Destruição do patrimônio cultural e terrorismo nas Relações Internacionais: a ação do Estado Islâmico,
um exercício de soft power?

uma minoria racial, o termo etnocídio aponta não para a destruição física
dos homens (caso em que se permaneceria na situação genocida), mas para
a destruição de sua cultura. O etnocídio, portanto, é a destruição sistemá-
tica dos modos de vida e pensamento de povos diferentes daqueles que
empreendem essa destruição. Em suma, o genocídio assassina os povos em
seu corpo, o etnocídio os mata em seu espírito.

Nessa perspectiva, o Estado Islâmico é tanto agente genocida quanto etnocida. Ge-
nocida ao exterminar aqueles contrários à sua causa, ou representativo de contrariedade; geno-
cida ao mesmo tempo que etnocida, pois as pessoas que o constituem, que se tornam vítimas
da organização sob essas bases, são as mesmas que constituem as culturas locais, sendo elas
mesmas símbolos e elementos de recordação. Ao proibir, por meio do medo, todas as formas
de expressão cultural senão aquelas interessantes para a organização, torna-se etnocida. Parte
essencial disso é a destruição das bases de memória histórica e cultural das sociedades nos
espaços que ocupa.
O grupo se autointitula Estado Islâmico, mesmo que seu objetivo seja estabelecer
um califado9 segundo os modelos islâmicos. Considerando isso, Clastres (2004) descreve que
“toda organização estatal é etnocida, o etnocídio é o modo normal de existência do Estado”.10
No sentido do objetivo da organização de estabelecer um Califado, uma liderança sob a base
de um governo central, a promoção da erradicação cultural nas áreas que ocupa seria racional-
mente de interesse, já que seria parte essencial no processo do seu estabelecimento.
A conjunção dessa destruição gera ao mesmo tempo que é criada com o objetivo de
sobreposição cultural, a projeção e divulgação. Seria, em outras palavras, o aproveitamento da
concretização do terror para a confecção de poder, cujos interesses de sobreposição, destruição
e geração de poder dialogam com o objetivo de ampliar a base de existência ideológica do
Estado Islâmico.
Nesse processo, a projeção é um dos principais elementos dentro das estruturas de
poder soft nas relações internacionais, já que, para que haja o fator de influência de um ator
para o outro, o que define o poder, é necessário que o ator sendo influenciado conheça aquele
que o está influenciando, podendo assim conhecer as capacidades desse ator de coagir suas
ações. Da mesma forma, o ator que influencia precisa conhecer aquele que vai influenciar, para
direcionar de forma adequada os seus recursos de poder. O “fazer-se conhecer” é ao mesmo
tempo recurso de poder e elemento de direção de outros recursos de poder. Tomemos como
exemplo a colocação de Scifoni (2004, p. 10):

A convenção do Patrimônio nasceu e se consolidou num período de


Guerra Fria em que EUA e Europa, o chamado primeiro mundo, buscavam
disseminar internacionalmente, os valores de sua própria sociedade,
9
Forma islâmica monárquica de governo.
10
A violência etnocida, como negação da diferença, pertence claramente à essência do Estado, tanto nos impérios
bárbaros quanto nas sociedades civilizadas do Ocidente: toda organização estatal é etnocida, o etnocídio é o modo
normal de existência do Estado. Há, portanto, uma certa universalidade do etnocídio, no sentido de ser caracterís-
tico não apenas de um vago “mundo branco” indeterminado, mas de todo um conjunto de sociedades que não as
sociedades com Estado” (CLASTRES, 2004, p. 61).

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BENS CULTURAIS E RELAÇÕES INTERNACIONAIS

como valores universais. [...] A hegemonia político-econômica se refletiu


na construção do discurso patrimonial, na formulação de critérios e de
conceitos que fundamentaram o trabalho e, também, como liderança na
Lista do patrimônio e como afirmação de uma superioridade cultural e de
seu mundo natural.

A colocação de Scifoni (2004) referente à convenção do Patrimônio reflete a forma


como um instrumento diplomático de cooperação, neste caso uma convenção central para
proteção e caracterização do Patrimônio Cultural, insere-se nos mecanismos e jogos de poder
no sistema internacional, fazendo parte do jogo de influência como instrumento de soft power.
Neste exemplo, dado o contexto de Guerra Fria, em que a conversão de recursos de poder hard
para a geração de poder soft é notória, observamos outro exemplo, quando um instrumento
de recurso de poder soft gera poder soft. Ao disseminar a universalidade dos seus valores, o
“mundo ocidental” faz, essencialmente, um embate direto ao “mundo oriental”. Recordemos
que esse embate de valores remete justamente ao embate dos valores nos blocos ocidental e
oriental, o que é central na estrutura e conjuntura internacional da época, marcada pelo bipo-
larismo da Guerra Fria.
Retornando à ideia do ator terrorista; este é inicialmente desprovido de um campo de
diálogo diplomático, buscando, a partir da projeção trazida por medidas de destruição e violên-
cia, evidenciar sua causa. A destruição cultural logo também toma contornos de instrumento
de influência e projeção de poder. A destruição motivada pela vontade de erradicação cultural
não é recente na história moderna. É notável, porém, que no século XXI a destruição cultural
no contexto aqui trazido tome novos contornos em luz da interconexão global, e da exaltação
de problemas de ordem cultural em função dessa hiperconexão.
A maior potencialidade e alcance de atos de destruição cultural vão até mesmo além
dos sentidos da erradicação étnica exclusiva, ganhando uma dimensão política mais sólida do
que no sistema internacional existente no passado. Isso é dado tanto pela estrutura formada por
atores consolidados, como o próprio Estado nacional e as organizações internacionais, quanto
pelo fato de o sistema internacional ser hoje constantemente influenciado por uma conexão
global praticamente instantânea e pela mídia.
Tomemos como exemplo o caso das grandes estátuas dos Budas de Bamiyan, no
Afeganistão, que foram implodidas em 2001 pelo regime do Taliban em um ato de desafio às
sanções impostas pela comunidade internacional por intermédio da ONU em represália ao re-
gime: “No caso dos Budas afegãos, a demolição foi cuidadosamente planejada, dolorosamente
divulgada na mídia em todo o mundo, cinicamente documentada em todas as suas fases de
preparação, demolição e destruição final” (FRANCIONI; LENZERINI, 2003, p. 620, tradução
nossa).
Ao analisar a ação, é notável que a própria destruição é fim e meio, tendo um papel
complementado pela logística de divulgação, que visa fazer da destruição um fator gerador
de recursos de poder soft. Tanto no caso do Estado Islâmico quanto no caso levantado sobre
o Talibã, é notável a documentação e divulgação de todo o procedimento de destruição, e não
só a pura destruição. Todo o processo faz parte de uma confecção planejada de poder, aliada

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Destruição do patrimônio cultural e terrorismo nas Relações Internacionais: a ação do Estado Islâmico,
um exercício de soft power?

aos anseios ideológicos, que podem ser compreendidos como “irracionais” à primeira vista
(MORRIS, 2015, tradução nossa).
O mesmo é válido ao verificarmos ações de destruição perpetradas pelo Estado Islâ-
mico voltadas para os Bens Culturais de projeção internacional nas áreas em que ocupa na Sí-
ria. O agente justifica a destruição a partir do discurso ideológico na medida em que faz dessa
destruição elemento de poder para perseguir seus interesses, sendo que nesse sentido o fator da
colocação política da organização se sobrepõe ao seu imediato fator ideológico.
Uma evidência para isso seria o contrabando de artefatos culturais para geração de
recursos econômicos, na ordem de 100 milhões de dólares por ano, o que vai de encontro ao
discurso de “destruição iminente” dos artefatos caracterizados como “profanos de acordo com
a ideologia da organização (MELLEN, 2015, tradução nossa). Fato a ser considerado é que a
organização necessita de fundos para atingir seus objetivos.
Logo, seriam aceitáveis algumas contravenções ao seu estatuto ideológico, na me-
dida em que contribuem com o objetivo final ou com a própria existência da Organização?
Podemos observar que a resposta afirmativa é plausível, já que isso se dá de fato com a não
destruição imediata, e o contrabando direcionado. Contrapondo nesse sentido o próprio dis-
curso extremista, que continua fazendo parte da imagem da Organização, que é, por sua vez,
utilizada como recurso de projeção. Nesse sentido, a organização apresenta evidente raciona-
lidade em suas ações.
No contexto apresentado, a organização terrorista ocupa uma clara posição de des-
vantagem militar e de recursos de poder hard na comunidade internacional, vastamente mais
equipada nesse sentido. Ao mesmo tempo, a organização terrorista ocupa uma posição de
vantagem potencial de poder soft, na medida em que o mundo teme a ameaça terrorista. Con-
siderando os recursos de poder à disposição dos terroristas, as divulgações da destruição cul-
tural, da brutalidade das execuções, se tornam protagonistas em suas ações. Nesse sentido, a
divulgação é tão importante quanto a ação em si. Esses recursos permitem a descrição de uma
influência (poder) que faz embate à comunidade internacional, comparativamente mais pode-
rosa em termos de poder hard.
A forma como o espaço internacional concebe o Estado Islâmico emana do discurso
que este constrói. Uma imagem de aparente irracionalidade concebe um elemento adicional de
dissuasão, pois descreve incerteza sobre como o ator pode agir, removendo qualquer “limite”
compreensível. Entendimento da falta desse limite de ação gera o medo, fundamento da pró-
pria ação terrorista. Parte essencial desse discurso da organização é a sistemática divulgação
da destruição dos Patrimônios Culturais da Humanidade, o que por representatividade seria
a transgressão de todos os princípios valorizados em retórica pela comunidade internacional.
Com essas considerações, podemos compreender que a organização busca conceber e reafir-
mar a imagem de irracionalidade a partir de suas ações. Nesse sentido, é ator racional e con-
traditório no que tange ao discurso que delineia e às ações que perpetra.

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BENS CULTURAIS E RELAÇÕES INTERNACIONAIS

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