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Universidade Federal Rural do Rio de Janeiro

Noções de Direito Público e Privado


Gabriela Dubrull San Nicolas Rabello – 2015490408

Direito Constitucional

Ao falar de Direito Constitucional, é necessário situar-se no contexto histórico de onde


vieram os princípios responsáveis pela criação da Constituição e de como houve a
conscientização de que o povo têm o poder dentro de um Estado soberano e independente.
A profunda mudança dessa mentalidade vêm da passagem da Idade Média para a Idade
Moderna. O Iluminismo trouxe a racionalidade e as ideias, trazendo o homem para o centro
dos debates, substituindo o teocentrismo pelo antropocentrismo. A Revolução Francesa, com
seu lema “igualdade, liberdade e fraternidade”, representou uma ruptura profunda no
mundo, trazendo a reflexão de que o poder decorre do povo, do terceiro estado, traz uma
concepção organizacionista da sociedade. Essa centralização do homem no centro das
relações e do questionamento do papel do povo na sociedade faz surgir uma teoria chamada
“teoria do poder constituinte”, com o intuito de elaborar uma Constituição. O povo, reagindo
contra o absolutismo e o abuso de poder, traz o Poder Constituinte como seu representante.
A partir daí, essa Constituição criará as regras vigentes dentro de um Estado.
Essa Constituição será elaborada a partir da vontade do povo, representada na
Assembleia Nacional Constituinte, responsável pela elaboração do documento, manifestada
pelo chamado Poder Constituinte Originário. Esse Poder é atribuído a determinados seres
humanos que irão representar todos os demais cidadãos dentro da sociedade como poder
soberano, sendo responsável por criar as leis fundamentais do Estado. No caso do Brasil, a
elaboração da sua primeira Constituição como país independente foi em 1824. Os
responsáveis pela elaboração da mesma foram dotados de Poder Constituinte Originário
Histórico, ou seja, formulou-se o primeiro conjunto de leis da nação, que até ali adotava leis
de Portugal, e que eram incompatíveis com a sua soberania e sua recente independência, ou
seja, não representavam a nação e o povo brasileiro. Todas as outras Constituições
reformuladas a partir dali, foram representadas pelo Poder Constituinte Originário
Revolucionário, pois romperam com as ordens anteriores para estabelecer outras que fossem
compatíveis com o contexto do momento. Já o Poder Constituinte Derivado, que atua sob
limites estabelecidos pelo Originário, terá a tarefa de atualizar a Ordem Jurídica
Constitucional, quando necessário substituir a anterior, ou modificar a atual por meio de uma
Emenda Constitucional, mudando aquilo que o povo julga necessário conforme seus
interesses e necessidades do momento.
Vale frisar que o Poder Constituinte é um poder que representa e pertence ao povo
brasileiro, que somente “empresta” esse poder para indivíduos que irão representá-los, e
muitas vezes os cidadãos esquecem ou são alienados disso por não terem uma base de estudo
política que os permita reivindicar seus direitos democráticos. No Artigo 12° da Constituição,
estabelece-se quem são os cidadãos brasileiros e suas especificações.
Em 1964 o Brasil sofre o golpe de estado, instalando-se o Regime militar, que duraria
21 anos, destruindo o conceito de Estado Democrático. O país passou a ser governado por
Atos Institucionais e Complementares, que refletiu drasticamente nos direitos e na liberdade
dos cidadãos brasileiros. Foram suspensos os direitos políticos e a pluralidade partidária,
houve a abolição do habeas corpus, a proibição de manifestações, a censura militar, a
supressão de direitos constitucionais e a elaboração da Constituição de 1967. O governo
Médici, que procedeu essa Constituição, foi marcado por fortes repressões do Regime Militar,
com severa política de censura da imprensa e didática, diversos casos de pessoas exiladas do
país, e inúmeras formas de tortura que marcaram os “anos de chumbo”.
Lentamente, foi-se iniciando o processo de redemocratização, com o decreto do fim
do AI-5, a lenta abertura política, a Lei da Anistia, o retorno do pluripartidarismo e, em 1985,
foi decretado o fim do Regime Militar. Em 1988, pela primeira vez na história do país, a
população participou efetivamente da elaboração de uma Constituição, que ficou conhecida
como “Constituição Cidadã”, que representou o marco da redemocratização do Brasil.
A Constituição de 1988 veio repleta de direitos fundamentais, objetivando apagar os
anos repressivos da ditadura e estabelecendo princípios democráticos no país. Entre esses
princípios fundamentais da Constituição, previstos no Artigo 1°, estão as definições de um
regime de governo democrático e soberano, característicos do nosso país. Abrangendo a
participação ativa do cidadão na vida política ativa do Estado; a valorização da dignidade da
pessoa humana, que são condições mínimas para que as pessoas vivam de forma digna; o
pluralismo político, que engloba a possibilidade de diversidade de ideologias e de partidos
políticos.
No Artigo 3°, vemos os objetivos fundamentais da Constituição de 1988. Entre eles,
“construir uma sociedade livre, justa e solidária”, remetendo aos valores da Revolução
Francesa “liberdade, igualdade, fraternidade”; buscar sempre melhorar o desenvolvimento da
nação; erradicar a pobreza e reduzir as desigualdades; e promover o bem de todos, não
admitindo nenhuma forma de preconceito, aceitando as diversidades e sendo tolerantes a
elas.
Do artigo 5° ao 17° podemos analisar os direitos e garantias fundamentais de cada
cidadão, ou seja, instrumentos de proteção ao indivíduo frente à atuação do Estado.
Teoricamente, garantem o mínimo necessário para a existência da vida humana, conforme os
preceitos do princípio da dignidade humana. O direito é a prerrogativa oferecida ao cidadão
pelo Estado, ou seja, bens e vantagens previstos na norma constitucional. As garantias
asseguram a realização de direitos que estão previstos por esse sistema. Por exemplo, no
inciso VI do artigo 5°, no qual é inviolável a liberdade de consciência e de crença, sendo
assegurado o livre exercício dos cultos religiosos (direito) e garantida, na forma da lei, a
proteção aos locais de culto e suas liturgias (liberdade).
Assim, a Constituição brasileira assegura a liberdade de culto e de credo, proibindo
qualquer intolerância religiosa. Igreja e Estado estão oficialmente separados, tornando o Brasil
um Estado laico. Porém, diariamente nos deparamos com casos na mídia em que essas
liberdades são transpassadas. Como religiosos que se aproveitam do seu “posto consagrado”
para atrair votos na política; diversos atos e discursos de ódio contra religiões que se
constituem como minorias; recentemente, vimos diversos deputados defenderem a
destituição da ex-Presidente Dilma Rousseff “em nome de Deus e da família”. Além disso, a
supremacia do cristianismo é nítida mesmo no preâmbulo da própria Constituição Federal:
“Nós, representantes do povo brasileiro, reunidos em Assembleia Nacional Constituinte para
instituir um Estado Democrático, destinado a assegurar o exercício dos direitos sociais e
individuais, a liberdade, a segurança, o bem-estar, o desenvolvimento, a igualdade e a justiça
como valores supremos de uma sociedade fraterna, pluralista e sem preconceitos, fundada na
harmonia social e comprometida, na ordem interna e internacional, com a solução pacífica
das controvérsias, promulgamos, sob a proteção de Deus, a seguinte CONSTITUIÇÃO DA
REPÚBLICA FEDERATIVA DO BRASIL.”
Também é importante frisar a garantia constitucional expressa no inciso I do artigo 5°,
à igualdade entre homens e mulheres, ou seja, a não discriminação entre gêneros. Porém,
vemos a diferenciação entre homens e mulheres em diversos âmbitos da sociedade. As
mulheres brasileiras continuam recebendo menores salários – mesmo realizando o mesmo
tipo de trabalho, ou até melhor -, pois ainda há o pensamento de que as mulheres são mais
competentes em trabalhos domésticos e ligados à família. Casos de assédios morais e sexuais
– principalmente em ambientes de trabalho – são extremamente comuns, muitas vezes não
resultando em punições para os homens. Diversos estudos apontam que a grande
porcentagem de brasileiros com depressão relacionados ao trabalho, são mulheres. Casos de
violência e agressão domésticas contra a mulher continuam ser comuns, sendo inclusive
declarado problema de saúde pública pela Organização Mundial da Saúde.
Assim, foi nítida a importância que a Constituição Federal de 1988 trouxe para o Brasil
com a volta da democracia, da liberdade e igualdade. Porém, é importante frisar que esses
direitos, muitas vezes, não foram exercidos na prática e não são iguais para toda a população.
A desigualdade está expressa em muitas esferas do nosso país, e muitas vezes a liberdade de
expressão de alguns é confundida com a propagação de discursos de ódio com outrem.
Portanto, é imprescindível a presença de uma comunidade civil alfabetizada e conhecedora,
eventos públicos que promovam interações culturais, acesso a informações que concedam
participação da vida pública e reivindicação dos seus direitos. Além da revisão sobre a
impunidade, responsabilizando indivíduos sobre seus atos.

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