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10 fatos que você não

sabia sobre a
escravidão nas igrejas
evangélicas no Brasil

Os primeiros protestantes chegaram ao Brasil ainda no


período da escravidão. Era um grupo composto
principalmente por defensores da escravidão, omissos, e
poucos abolicionistas, veja: 10 fatos que você não sabia
sobre a abolição da escravatura nas igrejas evangélicas
no Brasil. Os protestantes também foram proprietários
de escravizados. Segue 10 fatos que você não sabia sobre
a escravidão nas igrejas evangélicas no Brasil:
1 – Anglicanos buscaram cristianizar os filhos dos
escravizados
Na cidade do Rio de Janeiro encontrava-se um grupo de anglicanos da
Christ Church. Os membros dessa igreja, em sua maioria bastante
abastados financeiramente, eram donos de escravos. Estes anglicanos
buscaram cristianizar os filhos dos escravos de seus membros,
forçosamente batizando-os e dando-lhes nomes cristãos. Consta no livro
de atas da Christ Church os seguintes relatos:
“Thereza, filha de Louisa – escrava negra, nativa de Manjoula, África –
propriedade de James Thonton, um comerciante inglês”. Lê-se também:
“Em 11 de maio de 1820 foram batizados 11 escravos do fazendeiro
Robert Parker”. Fonte: Livro nº 1 de Registro de Batismo da Christ
Church, p. 19/20. Doc. Christ Church. Rio de Janeiro.

Em outra igreja Anglicana, a que se reunia em Morro Velho, também se


constata escravos pertencentes a membros. Há registros de batismos de
escravos domésticos de John Alexander em 1830 e do Coronel Skerit em
1833. As cidades de Morro Velho e Passagem no estado de Minas Gerais
eram locais de exploração a minas por uma empresa inglesa. Em torno
dessas minas crescia uma colônia britânica numerosa, sempre visitada
pelos bispos da igreja anglicana.
2 – Os primeiros evangélicos batistas no Brasil possuíam
escravos
Os primeiros colonos batistas no Brasil possuíam escravos. Muitos
vieram para o Brasil por causa das facilidades e similaridades
escravagistas aqui encontradas. Crabtree fora um missionário batista
enviado pela Junta Missionária de Richmond (Convenção do Sul). Em
1859 ele escreve à Junta avaliando aquilo que seria, para ele, muito
tranquilizador para o envio de missionários americanos para o Brasil:
“o Brasil era como os Estados Unidos, tem escravos e os missionários
enviados pela Convenção Batista do Sul não podiam sentir-se
constrangidos a combater a escravatura e assim envolver-se na política do
país”. Fonte CRABTREE, A.R. História dos Batistas do Brasil até 1906.
Rio de Janeiro. Casa Publicadora Batista.1962, p.5

Muitos batistas em Santa Bárbara D’Oeste, em São Paulo, possuíam


escravos para os trabalhos domésticos e, também, na lavoura. Rute
Mathews, contando a história de Ana Bagby (missionária batista pioneira
no Brasil), relata a história da Senhora Ellis, batista, senhora de escravos,
e que hospedou os fundadores da Primeira Igreja Batista do Brasil, os
missionários W. Bagby, em sua casa nos primeiros meses do casal no
Brasil:
“Depois de dormir uma noite na Capital Paulista, os missionários
tomaram o trem para Sta. Bárbara, onde chegaram sob forte aguaceiro.
Na estação os aguardavam os enviados da Sra. Ellis, com dois cavalos e
um escravo, para carregar a bagagem. A estrada até o sítio estava bem
lamacenta, mas ao chegar, foram carinhosamente recebidos”. Fonte
CRABTREE, A.R. História dos Batistas do Brasil até 1906. Rio de
Janeiro. Casa Publicadora Batista.1962, p.5

3 – Evangélicos Ingleses eram proprietários de mais de 2


mil escravizados
O Rev. Boys era um capelão inglês da ilha britânica de Santa Helena, no
meio do Atlântico Sul. Em 1819, ele foi obrigado a permanecer por um
bom tempo no Rio de Janeiro, por causa de uma enfermidade de sua
esposa. Sua carta informa que a cidade do Rio de Janeiro tinha naquela
época 300 mil habitantes, 80 mil dos quais eram escravos. Ele continua:
“Aqui temos residindo um embaixador inglês, o sr. Thornton, e
aproximadamente 1.500 negociantes ingleses mais os franceses, muitos
dos quais sei que favorecem uma sociedade bíblica auxiliar. A maioria
deles possui escravos, os quais, naturalmente, eles têm a obrigação de
instruir, e não poderiam ser incomodados [por cumprirem essa
obrigação]. Daí haver bastante oportunidade para o estabelecimento de
uma escola para adultos em casa para o benefício deles próprios… E
quanta utilidade isso teria aqui! Pois não devem existir menos de 2 mil
escravos, propriedade de negociantes ingleses (eu os estimaria em 3 mil
ou 4 mil), inteiramente às ordens de nossos compatriotas”. Fonte: REILY,
História documental, p. 49.

4 – Os Metodistas tinha duas classes de escola dominical


de escravizados
Spaulding foi o primeiro missionário metodista no Brasil; partindo de
Nova York, chegou com sua família ao Rio de Janeiro em 29 de abril de
1836. Antes de completar um mês de estada no país, organizou a primeira
escola dominical. Sua escola dominical tinha uma assistência de mais de
quarenta crianças e jovens. Quanto aos escravos, ele diz:
“Temos duas classes de pretos, uma fala inglês, a outra português.
Atualmente, parecem muito interessados e ansiosos por
aprender…”. Fonte: REILY, História documental, p. 92

5 – Os crentes evangélicos compravam escravos nos


leilões
No dia 10 de outubro de 1859, dois meses após desembarcar no Rio de
Janeiro, Simonton escreveu em seu diário:
“Fui com o senhor H. a um leilão em que ele comprou
dois negros. Outra vez estou no meio do horror da
escravidão”. Fonte: SIMONTON, Ashbel G. O Diário de
Simonton, 1852-1866. 2. ed. ampliada. São Paulo:
Cultura Cristã, 2002, p. 11.
Alguns dias antes (28/09), ele tivera uma discussão na qual contrariou
certo Sr. “S.”, que o desapontara muito, pois esta pessoa era
“absurdamente a favor” da escravidão. Simonton era nortista, logo,
favorável à abolição, pois considerava a escravidão pecado e opressão.
Apesar de sua opinião contrária à escravidão, Simonton se mostrou
cauteloso quanto à exposição pública de suas ideias antiescravistas no
Brasil. Três anotações em seu Diário, datada de 3 de janeiro de 1860 e 31
de dezembro de 1866, dão conta de que Simonton se utilizou do trabalho
de escravos no Brasil, embora nunca os tenha possuído. Em 1860, quatro
negros fizeram o transporte de sua mudança para a casa do Sr.
Patterson. Em 1866, um negro chamado Quitano, alugado por Blackford,
o ajudou na arrumação de sua nova casa. Depois, quando novamente se
mudou de endereço, para a Rua dos Inválidos, uma escrava chamada
Cecília trabalhou para ele por um tempo. Um dado interessante é que
uma das últimas pessoas a orarem por ele junto ao seu leito de morte foi
um negro, membro da igreja de São Paulo. Fonte FERREIRA, Júlio
Andrade. História da Igreja Presbiteriana do Brasil. 2 vols. 2. ed. São
Paulo: Casa Editora Presbiteriana, 1992, vol. 1, p. 84.
6 – Missionários levavam escravizados em suas viagens
de pregação do evangelho
Júlio Andrade Ferreira, ao narrar a chegada de John Boyle a Cajuru,
interior de São Paulo, diz que ele se fazia acompanhar de um negro, que,
cansado, queixou-se da longa viajem. Todavia, não faz qualquer alusão ao
fato de esse negro ser um escravo, seu ou da missão, limitando-se a
chamá-lo de “acompanhante”. Esse fato ocorreu entre 1882 e 1884,
portanto, antes da abolição. Fonte: FERREIRA, História da Igreja
Presbiteriana do Brasil, vol. 1, p. 251. A citação original vem de outro livro
de sua autoria, Galeria evangélica, p. 95-97.
7 – Evangélicos luteranos alemães possuíam
escravizados
Émile Léonard comenta em seu livro que nos estados do sul do Brasil, os
alemães, em sua grande maioria protestantes, possuíam muito poucos
escravos. Em São Leopoldo seu número era bastante reduzido e Hermann
Blumenau não aceitava escravos na sua colônia. Porém, a razão para isso
era mais econômica do que motivada por princípios cristãos, uma vez que
os colonos eram muito pobres para possuir escravos. Por outro lado,
Léonard afirma que nas regiões onde “os alemães foram submetidos a
uma economia escravagista, eles se conformavam”. Um exemplo disso foi
a colônia Leopoldina, no sul da Bahia. Ali se contavam em 1853 apenas 25
trabalhadores livres para 1.245 escravos, que garantiam sua
sobrevivência sob um clima terrível. Fonte LÉONARD, O protestantismo
brasileiro, p. 101, nota 81.
8 – Na Revolta dos Malês dos 160 acusados, 45 eram
escravizados de evangélicos
Os súditos britânicos, membros da Saint Church, não só desobedeciam às
ordens de S.M. Britânica ao participarem do rentável comércio negreiro
que se fez na Bahia do século XIX, mas também eram proprietários de
escravos que utilizavam como mão-de-obra doméstica ou em alguns
empreendimentos de caráter manufatureiro que mantinham em
Salvador. Em 1835, durante a revolta dos escravos malês, ocorrida em
Salvador, dos 160 acusados, 45 eram escravos de ingleses residentes no
bairro da Vitória. No sumário do juiz que condenou os líderes da
insurreição escrava, fica evidente que as próprias lideranças do
movimento eram propriedade de ingleses e se reuniam nos fundos de suas
casas:
“capturei como cabeças e Chefes de Clubes que se a
ajuntavão na casa do Inglez Abraham e de que
anteriormente tinha dado parte ao excelentíssimo
Presidente da Província os seguintes nagôs-Diogo-
Daniel-Jaimes e João escravos de Abraham, cabeças do
clube, sahirão e recolherão se pela manhã-Carlos e
Thomaz-Cabeças do Clube, sahirão e recolherão se pela
manhã ainda com as calças com sangue examinei não
tinha ferida alguma no corpo, escravos de Frederico
Robelliard, Cornelio escravo Preto rei Inglez apanhou
recolhendo se para caza confessou ter hido com os
outros era também do Clube, aceitara o
evangelho”. Fonte: In. Anais do Arquivo Público do
Estado da Bahia.Salvador.1992. Vol.50, p.59.
9 – Os evangélicos ingleses possuíam escravizados como
bens ou investimentos
Compulsando testamentos e inventários de anglicanos que morreram na
Bahia na segunda metade do século XIX, também constatou-se a presença
de proprietários de escravos, tais como os senhores Eduardo Jones que
tinha 6 escravos domésticos; o Sr. George Mumford 17 que possuía 11
escravos que trabalhavam na sua roça no Acupe e Sr. George Blandy,
que possuía 4 escravos. Os seus herdeiros, cidadãos britânicos, se
recusaram a ficar com os escravos, pois “pela legislação inglesa não pode
o suplicante (James P. Mee) possuir escravos, e pedia que reforme a
sentença aquinhoando aqueles escravos ao herdeiro João Miranda Pinheiro
da Cunha cazado com D. Joaquina Blandy Pinheiro da Cunha.”
É interessante destacar que o herdeiro inglês não teve nenhum pejo de
tratar os escravos como mais um bem na herança a ser dividida. Ao invés
de alforriar os escravos dando-lhes liberdade, solicitou uma barganha
financeira com um herdeiro brasileiro, que poderia ser proprietário de
escravos. O seu pedido foi atendido pelo Juiz. Fonte: Testamento n
07/3056/04. Arq. Público do Estado da Bahia;Testamento n 07/3048/02.
Arq. Público do Estado da Bahia; Partilha Amigável n 01/114/171/17. Arq.
Público do Estado da Bahia.
10 – Os evangélicos lucrava com a escravização de seus
próprios filhos
Com um misto de surpresa e indignação, o Rev. Walsh a descrever
episódios que demonstravam a desumanidade da escravidão vivido pelos
escravos no Brasil, nada deixou mais chocado o clérigo do que constatar
que seus concidadãos ingleses participavam e usufruíam do “nefando
comércio,” lucrando com a escravização de mulheres e de seus próprios
filhos, como presenciou na estrada da Tijuca, no Rio de Janeiro.
Incrédulo diante do que viu e ouviu, o capelão não podia admitir que
aquele homem inglês fosse o mesmo que partiu de sua terra natal, mas
tratava-se de uma outra pessoa que, estando:
“em um país estrangeiro e entra em contato com a
escravidão a sua natureza parece modificar-se, e ele
passa a vender não só a mãe de seus filhos como os filhos
propriamente ditos, e com tanta indiferença como se
tratasse de uma porca com a sua ninhada.” Fonte:
WALSH, p. 164.

Imagem: do filme 12 ANOS DE ESCRAVIDÃO que mostra o


crente fervoroso, senhor de escravos, afirmando que todo o
sofrimento que os escravizados estavam passando era
justificado pela Bíblia. O filme mostra ainda o assédios e
estupros das escravizadas pelo escravista e o ciúme doentio
de sua esposa. A imagem mostra também a mulher negra
escravizada da ilustração de kendy Joseph.

Por Hernani Francisco da Silva – Do Afrokut


Referências e Informações:
Visões Protestantes Sobre a Escravidão – Elizete da Silva – Revista de
Estudos da Religião Nº 1 / 2003 / pp. 1-26
A Igreja Presbiteriana do Brasil e a escravidão: BREVE ANÁLISE
DOCUMENTAL – Hélio de Oliveira Silva – FIDES REFORMATA XV, Nº 2
(2010): 43-66
LÉONARD, Émile G. – Protestantismo Brasileiro – Editora Juerp
O Protestantismo e escravidão no Brasil – Hernani Francisco da Silva
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10 fatos que você não
sabia sobre a abolição
da escravatura nas
igrejas evangélicas no
Brasil
Em contraponto ao artigo 10 fatos que você não sabia sobre a escravidão
nas igrejas evangélicas no Brasil, elaboramos esse novo artigo abordando
fatos sobre a participação de protestantes na luta pela abolição da
escravatura. Sabemos que vários protestantes no mundo lutaram contra
a escravidão. Pessoas como John Wesley, John Newton, Anthony
Benezet e Wilberforce lutaram contra a escravidão. No brasil tivemos
também protestantes abolicionistas que estiveram presentes em quase
todas as denominações históricas. Eram em sua maioria missionários do
Norte dos Estados Unidos, europeus e alguns convertidos brasileiros.
Neste sentido segue 10 fatos que você não sabia sobre a abolição da
escravatura nas igrejas evangélicas no Brasil.
1 – A lei que aboliu a escravatura no Brasil foi de um
protestante presbiteriano

Rodrigo Augusto da Silva

A Lei Áurea foi apresentada formalmente ao Senado Imperial pelo


presbiteriano Rodrigo Augusto da Silva em 11 de maio de 1888. Foi
debatida nas sessões dos dias 11, 12 e 13 daquele mês. O projeto foi
aprovado pela Câmara e pelo Senado e no dia 13 de maio de 1888, foi
convertido em Lei, tomando o nº. 3353, com a assinatura da Princesa
Isabel. O Conselheiro Augusto da Silva , Ministro da Agricultura, que
compareceu perante a Câmara, onde leu:
Augustos e Digníssimos Senhores Representantes da Nação: Venho em
nome de sua Alteza e Princesa Imperial Regente, em nome de sua
Majestade o Imperador, apresentar-vos a seguinte proposta: Art. 1º – É
declarada extinta a escravidão no Brasil, Art. 2º – Ficam revogadas as
disposições em contrario. Palácio do Rio de Janeiro, em 8 de maio de
1888. Fonte: Site http://www.gobgo.org.br/cultural/2009/justica.html
consultado dia 16/09/2009
2 – Senador protestante trabalhando pela abolição da
escravatura e pela República

Joaquim Saldanha Marinho

Outra importante participação foi do Presbiteriano Senador Joaquim


Saldanha Marinho (1816-1895), advogado, sociólogo, e escritor. Saldanha
exerceu cargo supremo da Maçonaria brasileira, trabalhando pela causa
da instrução pública, pela abolição da escravatura e pela República. Foi
quem assinou, em primeiro lugar, o célebre manifesto republicano de
1870. Com a Proclamação da República, foi um dos autores do
anteprojeto da Constituição de 1891. Teve destacada atuação na Questão
Religiosa na década de 1870 quando publicou vários artigos em
jornais. Fonte: http:
//www.senado.gov.br/sf/SENADORES/senadores_biografia.asp?codparl=
1865&li=22&lcab=1891-1893&lf=22 Consultado dia 16/09/2009
3 – O jornal Imprensa Evangélica criado pelo
abolicionista Simonton
Ashbel Green Simonton

No ano de 1864 foi fundado o jornal Imprensa Evangélica pelo


missionário norte-americano Ashbel Green Simonton (1833-1867),
também fundador da Igreja Presbiteriana no Brasil. Durante a segunda
metade do século XIX, décadas finais da escravidão no Brasil, este jornal,
o meio de comunicação dos presbiterianos de então, foi um dos que expôs
sua opinião quanto à escravidão. O Imprensa Evangélica durou 28 anos.
Recebeu uma grande aceitação, não somente entre os protestantes
brasileiros, como em toda a sociedade brasileira; fora amplamente lido.
No início da década de 70, do séc. XIX, havia uma relação racial
harmoniosa no Brasil, bastante diferente da existente nos Estados Unidos
da América. Os abolicionistas protestantes se valeram muitas vezes disso
para propagar sua preocupação em que houvesse uma reforma social no
Brasil. Imprensa Evangélica se pronuncia neste período da seguinte
maneira:
o “Brasil poderia dar ao mundo este exemplo único de um país que faz uma
reforma social desta ordem, sem se arruinar, e sem perturbar a paz em que há
longos anos tem vivido”. Fonte: – PEREIRA, Eduardo Carlos. A
emancipação. Imprensa Evangélica. 7 de junho de 1884, p. 81.
Conforme observa Barbosa, no livro Negro Não Entra na Igreja – Espia
da Banda de Fora, o jornal Imprensa Evangélica procurou destacar que
não havia ódio de raças no Brasil, diferentemente de como acontecia em
outras nações, como nos próprios Estados Unidos da América. Segundo
ele, “isto não significava a inexistência de conflitos de classes, entre
senhores e escravos”. No dia 24 de maio de 1884 o jornal publicou a
matéria “o abolicionismo” no qual lemos:
“a demora em fazer justiça aos oprimidos traz perigo para os opressores
e que o regime escravista é defendido por esse grande exército alistado
sob a sua bandeira, não está disposto a capitular” . Fonte: BARBOSA,
op. Cit. p. 97. Negro Não Entra na Igreja – Espia da Banda de Fora
4 – Protestantes, criam que a escravidão no Brasil estava
condenada

Kidder e Fletcher

Kidder e Fletcher, missionários metodista norte-americano no Brasil,


autores de O Brasil e os brasileiros, escreveram seu livro em pleno
período escravagista, e, como protestantes, criam que a escravidão no
Brasil estava condenada, que era apenas uma questão de
pouco tempo. Fonte: O abolicionismo. Imprensa Evangélica. 24 de maio
de 1884, p. 73.
A partir dessa década de 70, do século XIX, toda propaganda
abolicionista começou a crescer no Brasil e Fletcher realmente esperava
que ela ocorresse num período curto de tempo. Por isso dedicou-se a
distribuição de literaturas anti-escravagistas. Davi Gueiros Vieira escreve
que, “entre os muitos livros anti-escravagistas que Fletcher distribuiu,
havia um que produziu grande impacto no Brasil. Foi a obra de George
Livermore sobre o negro e a Revolução Americana”. Fonte: KIDDER,
Daniel P. e FLETCHER, J.C. O Brasil e os brasileiros. Rio de Janeiro:
Companhia Editorial Nacional, 1941. p. 147.
5 – Evangélicos batistas alforria escravizado
William Buck Bagby e Ana Luther Bagby

Havia um grupo batista no Brasil contrário à prática escravagista. O


casal William Buck Bagby e Ana Luther Bagby, conforme o livro “O
gigante que dorme”, comprava escravos e os alforriava, foram
perseguidos por isso, e tiveram sua casa apedrejada por mais de uma vez.
Em seu livro “Os Bagby no Brasil“, Harrison comenta sobre a alegria (e
atitude) dos membros da Primeira Igreja Batista do Brasil, em Salvador,
quando da alforria dada a um escravizado pela própria comunidade da
Primeira Igreja Batista do Brasil. Este escravo, ao ser proibido de
frequentar a igreja por seu senhor, também membro da igreja, recebe
uma surpresa assim como relatada por Harrison:
“Outro fato que causou muito comentário foi o relativo a um africano,
que assistia aos cultos com regularidade e interesse. Quando ele deixou de
vir por alguns domingos, alguém comentou em sessão, sobre sua
ausência. Outro explicou que seu dono declarava que o mataria se ele
pisasse na igreja novamente. Um membro sugeriu: Vamos comprá-lo!
Após longa deliberação, pois a igreja não tinha um só membro abastado,
votaram unanimemente comprá-lo e dar-lhe sua liberdade. O homem,
duas vezes redimido, ficou radiante e alegremente uniu-se à pequena
igreja.” Fonte: Harrison, Helen Bagby. Os Bagby do Brasil.

6 – Para o pastor Taylor o evangelho tinha dois grandes


inimigos: a Monarquia e a Escravidão
Z. Taylor

Deste período destacamos também a voz do Pastor Z. Taylor em cuja


autobiografia refere-se à alegria de sua igreja ter libertado um escravo
que havia se tornado cristão. Em sua autobiografia, Taylor não perde a
oportunidade de acusar a igreja Católica Apostólica Romana ao afirmar
que “os padres nunca fizeram nada para aliviar as dores dos escravos ou
para redimi-los”. Quanto à abolição da escravidão no Império do Brasil
(13 de maio de 1888), Pr. Taylor registra sua alegria expressando-se da
seguinte forma:
Os dois grandes inimigos do progresso do evangelho desapareceram no
Brasil, a escravidão e o Império. Assim todos os inimigos do evangelho
devem cair. Neste momento só há lugar para um Rei, e este é Jesus…
O senhor destruiu dois gigantes poderosos: a Monarquia e a Escravidão,
replanejando-as com a República e a Liberdade em que suas sementes
teriam melhores condições de prosperar. Fonte autobiografia Z. Taylor.
7 – O pastor Robert Kalley espulsou um crente da igreja
porque não quis libertar seu escravizado
Robert e Sarah Kalley

Na Igreja Fluminense havia uma consciência social mais profunda. Nos


registros de sua história além de sua preocupação com “espiritual”
também uma preocupação com questões como a escravidão. Desta igreja
temos um relato muito interessante que foi um sermão pregado pelo
Pastor Dr. Robert Kalley em 3 de novembro de 1865, conforme Duncan
A. Reily assinala em sua História Documental do Protestantismo no
Brasil. A “exortação” de Kalley sobre a escravidão, dirigida ao Sr.
Bernardino de Oliveira Rameiro, é datada de 3 de novembro do mesmo
ano. Kalley acentua que o escravo trabalha “contra a vontade e sem
salários e sob as ameaças de castigo e sofrimentos diversos”, a fim de
produzir, não para si, mas para o seu patrão opressor, “bons serviços e
excelentes lucros”. Ele conclui assim o documento:
… O escravo só trabalha porque teme as ameaças de pancadas e castigos
desumanos da parte de um roubador da liberdade alheia! O senhor que
procede desse Jesus que nos resgatou da maldição (Gl 3.13) e da lei do pecado
da morte (Rm 8.2) e nos deu a liberdade, fazendo-nos FILHOS DE DEUS
(Rm 8.15 e 16). Fonte: REILY, História documental, p. 155, nota 174.
O início da missão do casal Kalley demonstra fato pouco divulgado sobre
sua estratégia da missão: uma semana após Sarah ( sua esposa) iniciar o
projeto de escola dominical junto a crianças de Petrópolis, em 26 de
agosto de 1855, Kalley começou a lecionar em classe bíblica de negros. A
proposta de missão do casal era no mínimo atípica – evangelizar crianças
e negros – atingir os que eram negligenciados pela igreja oficial e pela
igreja de imigração. Fonte: registrado por Reily em História Documental
do Protestantismo no Brasil.
8 – Escravizados são alforriados apos batismo na Igreja
Presbiteriana de São Paulo

Júlio Ribeiro

O romancista Júlio Ribeiro, apresentou ao batismo na Igreja


Presbiteriana de São Paulo, um pequeno escravizado a quem logo
libertou, bem como à sua mãe. A fonte de Léonard é Lessa, que declara o
seguinte:
Um dado curioso. No dia da profissão de fé de sua mãe, Júlio Ribeiro
apresentou ao batismo um escravo seu menor, de nome Joaquim, pelo qual se
responsabilizou como cristão. Faltava menos de um ano para a lei do ventre
livre. Foi o primeiro menino escravo batizado, no registro das atas de São
Paulo. Mais tarde o seu jovem senhor deu-lhe carta de alforria e à sua mãe,
que também aceitara o evangelho. Fonte: LÉONARD, O protestantismo
brasileiro, p. 101, nota 81. E LESSA, A nais da 1ª Igreja, p. 81.
Júlio César Ribeiro Vaughan foi um escritor e gramático brasileiro.
Polêmico, abolicionista, anticlerical e representante do naturalismo,
movimento fundado pelo francês Émile Zola. A Carne, publicado em
1888, é seu romance mais conhecido, possivelmente a sua obra-prima. Foi
o criador da bandeira do estado de São Paulo, concebida em 1888 para
ser a bandeira da república. Júlio Ribeiro propôs em 16 de julho de 1888,
logo após a Abolição da Escravatura, a atual bandeira de São Paulo para
ser a bandeira do Brasil, sendo parte da sua campanha pela
República. Fonte: https://pt.wikipedia.org/wiki/J%C3%BAlio_Ribeiro
9 – A presbiteriana Amélia Dantas de Souza Melo
Galvão, uma incansável guerreira pela abolição da
escravatura

Amélia de Souza Galvão

Amélia Dantas de Souza Melo Galvão ou D. Sinhá Galvão, como era mais
conhecida, teve papel de destaque no movimento abolicionista no Brasil.
Segundo depoimentos do Major Romão Filgueira:
“D. Sinhá era uma mulher dotada de raros predicados morais e culturais, belo
espírito de comunicação e de idéias elevadas”. Tomou parte em todas as
comissões importantes da Libertadora. Apaixonada pelo movimento, “convida
suas amigas, entre elas as das famílias Soares do Couto, Dr. Paulo Leitão e
outras, para saírem às casas dos senhores possuidores de escravos, concitando-
os a alforriarem seus cativos, chegando ao ponto de quando não podiam
receber adesões para o movimento, em virtude da escravidão ser garantida por
lei, de se ajoelharem, beijando os pés dos potentados, indiferente aos
sofrimentos dos prisioneiros das senzalas, rogando a liberdade imediata dos
escravos que possuíam”.
Era filha do também abolicionista e poeta José Damião de Souza Melo,
português radicado em Mossoró. Professava a religião presbiteriana,
apesar de seu pai ter sido padre em Portugal. Nunca se soube o motivo da
mudança de religião. Sabe-se apenas que um dia ele tirou a batina,
queimou-a e veio para o Brasil, surgindo como comerciante em Mossoró.
Na memorável sessão de 30 de setembro de 1883, D. Amélia Galvão teve a
incumbência de dar carta de alforria às mulheres escravas e, a cada uma,
beijava, dizendo: “ D. Fulana, a senhora, de agora em diante é tão livre
como eu”.
Dona Sinhá Galvão pagou um preço alto por sua luta em prol da
libertação dos escravizados. Esgotada pelo cansaço adoeceu, contraindo
uma tuberculose e dela não conseguiu se curar. Morreu a 14 de novembro
de 1890, estando sepultada em túmulo próprio no Cemitério Público de
Mossoró. A luta de D. Sinhá Galvão ajudou Mossoró, cidade do Rio
Grande do Norte, ser a primeira cidade do Brasil a acabar com a
escravidão muito antes da lei áurea. Fonte
http://www.blogdogemaia.com/geral.php?id=782 do Pesquisador Geraldo
Maia.
10 – O pastor presbiteriano Eduardo Carlos Pereira
denunciava o silencio no pulpitos das igrejas sobre a
escravidão

Eduardo Carlos Pereira


Reverendo Eduardo Carlos Pereira, uma peça fundamental na luta
abolicionista, fundador da Igreja Presbiteriana Independente em 31 de
julho de 1903, sua jornada registrada contra a escravidão, em 1886
publicou um folheto de 46 páginas denominado “A Religião Cristã em sua
Relação com a Escravidão”. Em um trecho do artigo Pereira denuncia a
covardia e o silencio no púlpito das igrejas:
Oh! Maldita instituição, que desperta no homem o instinto de fera… “É mister
que a imprensa clame e não cesse que levante a trombeta a sua voz e denuncie
ao povo a monstruosidade desse pecado nacional. É mister que diga aos
senhores de escravos com franqueza o quanto há de ofensivo as leis de Deus e
da humanidade…” Por que, então, a reserva e o silêncio medroso ante um
crime tão grave? … O silencio do púlpito não é prudência,
é infidelidade. Fonte: RIBEIRO, 1981, p.100
Nas páginas finais do folheto ele pede aos crentes para libertarem os seus
escravos:
“Confesso que grande é minha vergonha e grande a confusão da igreja de
Cristo no Brasil, ao ver incrédulo, pelo simples amor à humanidade, abrirem
mão de seus escravos; entretanto, os que professam fé no Redentor dos cativos
não rompem as ligaduras da impiedade, nem deixam ir livres os oprimidos!
Leitor, se acaso vires algum incrédulo ler este artigo, eu te peço para honra da
Igreja de Nosso Senhor no Brasil, que não deixe seus olhos
percorrer este parágrafo”. Fonte: LÉONARD, O protestantismo brasileiro.
Imagem:
Por Hernani Francisco da Silva – Do Afrokut
Referências e Informações:
https://pt.wikipedia.org/wiki/Rodrigo_Augusto_da_Silva
Visões Protestantes Sobre a Escravidão – Elizete da Silva – Revista de
Estudos da Religião Nº 1 / 2003 / pp. 1-26
A Igreja Presbiteriana do Brasil e a escravidão: BREVE ANÁLISE
DOCUMENTAL – Hélio de Oliveira Silva – FIDES REFORMATA XV, Nº
2 (2010): 43-66
LÉONARD, Émile G. – Protestantismo Brasileiro – Editora Juerp
O Protestantismo e escravidão no Brasil – Hernani Francisco da Silva
Negro Não Entra na Igreja – Espia da Banda de Fora – Barbosa, José
Carlos. UNIMEP.

http://www.blogdogemaia.com/geral.php?id=782 do
Pesquisador Geraldo Maia

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