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Resenhas

Objeto de deleite e imitação para muitos, esse A gênese da sociedade do espetáculo: teatro em Paris,
tipo de teatro notabilizou-se pela façanha do coup de Berlim, Londres e Viena. São Paulo, Companhia
théâtre, jogo cênico que consistia na exposição “come- das Letras.
dida” das tensões e dos conflitos sociais do momento:
“[...] determinada maneira de tratar o adultério, as
relações entre homens e mulheres, a mudança das Karl Polanyi, A subsistência do homem e ensaios cor-
relações entre gerações e o status do casamento” (p. relatos. Rio de Janeiro, Contraponto, 2012. 382 pp.
231) eram alguns dos temas que mais faziam sucesso.
Da sociedade real à sociedade representada não havia, Eduardo Vilar Bonaldi
portanto, um reflexo mecânico que buscasse reprodu- Doutorando em sociologia pela Faculdade de Filoso-
zir fielmente o que acontecia fora dos palcos. O teatro fia, Letras e Ciências Humanas da USP (FFLCH).
era lugar de invenção, de encenação e reencenação; era
um processo cultural aberto no qual recepção e produ- Finalmente ganhamos acesso, em língua portu-
ção interagiam entre si numa dialética do oculto e do guesa, às ideias seminais e ao projeto investigativo
exibido, cujos limites estavam sempre em negociação. ambicioso que Karl Polanyi perseguiu em seus últi-
Talvez seja justamente esse potencial transfor- mos anos de vida, cuja conclusão foi impossibilitada
mador do espetáculo, esse método de rearranjar as pela morte do autor em 1964, infelizmente. O livro
engrenagens da estrutura social a partir do imaginário A subsistência do homem e ensaios correlatos é composto
das pessoas, que tenha feito da censura o algoz das pela tradução de dez capítulos de The livelihood of
artes dramáticas por tempo demais. De fato, se ela man, obra organizada por um de seus estudantes e
interditou inúmeras peças que feriam os “sentimen- discípulos, Harry H. Pearson (Polanyi, 1977), que,
tos estabelecidos” das classes dominantes, também após a morte de Polanyi, trabalhou anotações de aula,
estimulou nos dramaturgos a criação de inúmeros fragmentos de textos e capítulos conclusos relativos
recursos dissimuladores capazes de dizer com o corpo ao livro que Polanyi planejara publicar sob o mesmo
e sem as palavras. Até que a censura cessasse de vez, título. Ademais, a obra em português também reúne
autores, diretores e atores teriam de trabalhar numa outros seis ensaios que retomam e aprofundam as
perspectiva cifrada e repleta de deixas simbólicas, mas teses apresentadas nos artigos oriundos do original1.
que nunca perderam seu poder enunciativo. O teatro é Esses dezesseis textos, todos inéditos em português,
mesmo assim: faz do silêncio uma réplica protagonista. são precedidos por uma competente introdução à
obra de Polanyi, escrita pelo professor italiano Mi-
Nota
chele Cangiani.
1. Heloisa Pontes em Intérpretes da metrópole (2011) propõe e desenvolve
O primeiro dos textos evidencia a “falácia econo-
aquilo que chama de mecanismo de burla das convenções de gênero, no
qual o corpo da atriz é capaz de subverter as inscrições corporais de gênero micista”, segundo a qual os fenômenos e os processos
(e também idade) a partir da dinâmica da encenação teatral. econômicos das sociedades humanas são reduzidos
àqueles associados à forma especificamente moderna
Referências Bibliográficas do mercado: um erro lógico que não apenas implica
o absoluto desconhecimento sobre as relações de
DEBORD, Guy. (1997), A sociedade do espetáculo. Rio produção e distribuição, ocorridas ao longo da maior
de Janeiro, Contraponto. parte da história dos homens, como, igualmente,
PONTES, Heloisa. (2012), “Sociedade em cena”, intro- um equívoco que se desdobra, do ponto de vista
dução à edição brasileira. In: CHARLE, Christophe. ideológico, na naturalização da autonomia de que os

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fenômenos econômicos gozam sobre as demais esferas subordinadas às relações sociais de natureza política,
da sociabilidade humana (as esferas política, religiosa, jurídica, religiosa, estética etc.
estética etc.) nas sociedades modernas. Sabidamente, essa noção de enraizamento está
Desse modo, a desnaturalização da experiência no fundamento da perspectiva avançada por Polanyi.
societária moderna – marcada pela autonomia e pela Nesse sentido, é necessário destacar o enorme serviço
ascendência da dimensão econômica – é conduzida que o texto introdutório de M. Cangiani presta ao
ao longo do livro à medida que Polanyi esclarece os distinguir o conceito de enraizamento de Polanyi da
dois sentidos implícitos da economia (formal e subs- noção homônima utilizada pelos autores da chamada
tantivo), ou quando ele ilustra as diversas formas de Nova Sociologia Econômica (NSE). Essa distinção é
integração das sociedades humanas, observáveis no de extrema relevância para a justa apreciação da obra
continuum histórico, segundo as quais a economia era de Polanyi nos dias de hoje, na medida em que o tex-
enraizada de maneiras surpreendentemente distintas to de M. Granovetter, conhecido como uma espécie
ora na política, ora na religião, nas dinâmicas de de manifesto fundador da NSE (Granovetter, 1985),
alianças bélicas ou matrimoniais entre clãs e tribos, ancora-se justamente na noção de enraizamento
nos regulamentos jurídicos etc. (embeddedness) avançada por Polanyi. Cangiani argu-
Assim, esse processo de desnaturalização – ou, menta, entretanto, que Polanyi seria um dos autores
em outros termos, esse desafio aberto ao nosso senso que teria cometido o equívoco de ignorar o poder
comum ideologicamente orientado pelo domínio de agência dos indivíduos na análise dos processos e
contemporâneo do sistema de mercado – toma seus dos fenômenos econômicos, compreendendo-os na
aspectos definitivos quando o autor explora ostensi- chave da “sobressocialização” (oversocialization). A
vamente as origens históricas da “tríade catalática”, introdução esclarece, ainda, que Granovetter e outros
isto é, quando (manipulando habilmente sua vasta e autores da NSE não levam em conta o fato central de
impressionante erudição histórica) Polanyi evidencia que a escala de observação e o nível analítico em que
que o dinheiro, o comércio e o mercado possuem exis- se inscrevem as preocupações intelectuais de Polanyi
tências históricas independentes e qualitativamente são sensivelmente mais amplos do que a escala e o
incomparáveis, opondo-se a uma longa linhagem do nível que informam a perspectiva e os interesses
pensamento ocidental que se fundamenta em sua teóricos e analíticos da NSE.
natureza lógica ou sua origem histórica supostamente Em outros termos, certos autores da NSE – no afã
comum. Ao longo desse percurso argumentativo, de defenderem o que há de novidade em sua área de
tornam-se progressivamente claras as afirmações mais estudos – transpõem irrefletidamente os critérios de
contundentes que o autor húngaro crava, em diversas sua análise microssociológica dos contextos de mo-
oportunidades, sobre as sociedades modernas. Isto é, dulação da ação econômica para exercer uma crítica
compreendemos por que a lógica autorreferenciada injusta sobre a obra de K. Polanyi e, desse modo,
da economia moderna imprime ascendência sobre a contribuir para a obliteração de sua pertinência e
sociedade, então convertida em “um mero acessório” validade contemporânea.
dos mercados, tornando as relações sociais enraizadas Nesse sentido, em vez de ser julgada a partir
e subordinadas à economia, enquanto, ao longo de dos critérios analíticos formulados no campo dos
toda a história humana desdobrada até a emergência interesses próprios à NSE, a obra de Polanyi deve
moderna do “sistema oferta-demanda-preço”, fora ser encarada pelo escopo analítico e pela amplitude
justamente o inverso que se impunha. Eram as re- histórica dos autores que se dedicaram – cada qual
lações econômicas que se encontravam enraizadas e com sua própria perspectiva – a apreender os traços

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gerais e permanentes que singularizam o capitalismo De modo análogo a como Weber argumenta,
moderno ante as formações socioeconômicas que por exemplo, que as religiões místicas (fundadas nas
o precederam na história das sociedades humanas. experiências de êxtase ou de contemplação do divino)
Ou seja, a obra de Polanyi deve ser recepcionada em bloqueiam as vias históricas para o desenvolvimento
função, primordialmente, de seus diálogos implícitos do ascetismo intramundano e, por consequência, da
e explícitos com os trabalhos clássicos de autores racionalização econômica, Polanyi delineia sua explica-
como Ferdinand Tönnies, Karl Marx e Max Weber. ção sobre o fato de que os grandes impérios hidráulicos
É justamente sob esse prisma que a profundidade da Antiguidade3 interditaram as possibilidades de de-
e a originalidade dos ensaios que compõem o livro senvolvimento histórico dos mercados ao sancionarem
em questão podem ser adequadamente apreciadas. Ao as transações “disposicionais”, ou seja, as transações
enveredar por seus ensaios, o leitor poderá facilmente de bens e produtos cuja dinâmica e funcionamento
discernir o profundo grau em que Polanyi é tributário são preestabelecidas por disposições legais, não sendo
das análises e ideias de Marx e Weber2, constante- definidas, desse modo, nem pelo senso de oportuni-
mente citados ou implicitamente referenciados em dade, nem pela iniciativa de transação dos agentes em
praticamente todos os artigos do livro. interação por ocasião das mesmas (p. 128).
Polanyi bebe da fonte marxista, por exemplo, Essas ocorrências deixam entrever a magnitude
ao afirmar que o fato inédito e definidor para a uni- da influência que os trabalhos de sociologia histórica
versalização a todas as áreas da atividade econômica e comparada de Weber exerceram sobre Polanyi, ao
humana – a partir da Inglaterra do século XIX – do ponto de modularem o próprio raciocínio analítico
“sistema oferta-demanda-preço” (o princípio autor- do autor húngaro e sua opção pelos estudos compa-
regulador do mercado) foi a mercantilização da força rativos de largo fôlego e amplitude histórica – aos
de trabalho e da terra; ou seja, a mercantilização do quais temos acesso nesse livro.
homem e da natureza, que embora não tenham sido, Não obstante, sustentar que Polanyi seja um
obviamente, “produzidos” como mercadorias, com a simples amalgamador das ideias e teses de Marx e
Revolução Industrial passam, entretanto, a ser orga- Weber seria uma visão insuficiente e equivocada sobre
nizados pelo princípio autorregulador do mercado. sua obra. Certamente, o que o leitor encontrará de
Desse modo, em várias passagens do livro, Polanyi mais precioso nos artigos desse livro são justamente
reproduz a genealogia histórica do capitalismo, de as passagens em que o autor manifesta toda a sua
raízes inequivocamente marxistas, que é extensi- originalidade e ousadia ao lançar desafios, ora abertos,
vamente trabalhada em sua obra mais conhecida ora implícitos, às interpretações clássicas de Marx e
(Polanyi, 1980). Weber sobre o capitalismo.
Quanto a M. Weber, há citações diretas das A certa altura (p. 129), por exemplo, ele situa
obras de sociologia histórica e comparada do autor, Marx em uma tradição que retrocederia até Aristóteles
como o ponto em que Polanyi concorda com a in- e se caracterizaria pela interpretação de que o comér-
terpretação de Weber sobre a precedência histórica cio, o dinheiro e o mercado seriam aspectos diferentes
do comércio exterior ante o comércio “interior” (p. do mesmo processo ou fenômeno econômico. Boa
130). Ademais, há também ocorrências mais sutis parte do livro dedica-se, então, justamente a refutar e
e interessantes, nas quais o raciocínio analítico do a desconstruir essa interpretação, argumentando que
autor se manifesta de forma implicitamente análoga o comércio e o dinheiro são dotados de existências
ao modus operandi de Weber em suas amplas e co- históricas anteriores, independentes e qualitativamen-
nhecidas análises sociohistóricas. te incomparáveis ao mercado.

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O leitor certamente se surpreenderá com o motivações preferenciais a partir das quais a conduta
impressionante arsenal de evidências históricas e dos homens é, consciente ou inconscientemente,
empíricas que Polanyi é capaz de arregimentar, com organizada (p. 211).
segurança, a favor de seu argumento: ele passa pela O pensador húngaro argumenta, no entanto, que
Grécia, pelos vikings ocidentais, pelo célebre kula dos a orientação materialista dos interesses e da ação não
trobriandeses, comenta as companhias de comércio deve ser pensada enquanto condição ontológica da
organizadas no período das grandes navegações (cer- sociabilidade humana – como o faria não somente
tamente mais familiares a nós, leitores brasileiros) e o materialismo histórico, mas também o utilitaris-
de outras épocas e sociedades, até alcançar, por fim, mo – pois, na verdade, essa orientação materialista
a emergência histórica do mercado propriamente seria própria e exclusiva tão somente à sociabilidade
dito, isto é, do “sistema oferta-demanda-preço” no moderna.
século XIX. Segundo Polanyi, como nenhuma sociedade pode
Entre as muitas evidências apresentadas para subsistir sem um aparelho produtivo, quando, de
distinguir a incomparabilidade das manifestações forma inédita na história humana, a economia passa a
históricas do comércio e dos usos do dinheiro, de um se organizar em uma esfera destacada e independente
lado, e da emergência moderna do mercado, de outro, das demais esferas que caracterizam a existência do
Polanyi argumenta, por exemplo, que o “comércio de homem em sociedade, essa esfera econômica autono-
presentes” nas sociedades tribais – que geralmente sela mizada e, por consequência, seus estímulos e incenti-
os laços políticos e matrimoniais entre tribos ou clãs vos materiais passam a adquirir crescente ascendência
vizinhos – e o “comércio administrado” – as formas sobre as demais esferas da sociabilidade humana.
de comércio cujas proporções de equivalência entre Isso equivale a afirmar que a existência social
os produtos trocados são predefinidas pela sanção do homem não pode ser explicada, em qualquer
semirreligiosa da autoridade política (observáveis sociedade e época, pelas injunções oriundas da
desde a Antiguidade) – em nada se avizinham do esfera econômica, mas que, na verdade, apenas a
moderno “sistema oferta-demanda-preço” – ou seja, existência social humana sob o capitalismo poderia
do mercado. ser adequadamente esclarecida por essas injunções. É
Certamente, discutir, como Polanyi sugere, se precisamente nesse sentido que Polanyi afirma que
Marx é realmente insensível às formas históricas do a modernidade capitalista é a primeira sociedade
comércio e dos usos do dinheiro qualitativamente “econômica” na história humana.
incomparáveis à realidade do moderno sistema de Em outros termos, para o autor, tanto o mate-
mercado é uma questão completamente aberta ao rialismo histórico quanto a filosofia materialista do
debate. Porém, o segundo desafio que Polanyi lança utilitarismo têm seu raio de pertinência delimitado
a Marx e aos marxistas é mais incisivo, por endereçar pela experiência histórica da modernidade capitalista.
justamente a tomada de partido teórico central a essa Eles não refletem a condição ontológica do homem
tradição intelectual. Esse segundo desafio é igualmen- em sociedade, mas a forma como a economia foi
te estendido à filosofia utilitarista e, em certo sentido, organizada e articulada ao todo da experiência social
à Max Weber. humana a partir da Revolução Industrial.
Segundo Polanyi, tanto o marxismo quanto o Novamente, Polanyi não poupa erudição histó-
utilitarismo discernem motivações “materiais” e rica para avolumar evidências favoráveis a essa tese,
“ideais” à ação dos homens em sociedade, assumindo demonstrando que, nas mais diversas sociedades no
que os incentivos “materiais” são, por excelência, as continuum da história humana, a ação econômica en-

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controu as mais diferentes e imprevisíveis motivações, subsistência do homem e ensaios correlatos revela-se um
tendo sido calcada ora na tradição, ora nos deveres formidável convite à retomada do interesse pelo deba-
de honra e status, na religião, nas regulamentações te da instigante obra de Karl Polanyi. No momento
das autoridades políticas, nos princípios estéticos etc. histórico atual, em que ainda lidamos com as con-
Mais do que isso, ele estenderá essa tese às suas sequências da crise financeira, deflagrada pelo crash
consequências mais radicais. Nesse movimento, talvez do crédito imobiliário norte-americano em 2008, o
seja possível afirmar que sua crítica venha a alcançar, leitor será agraciado com a preciosa oportunidade de
inclusive, algumas das concepções de Max Weber. ler uma obra que dialoga ininterruptamente com os
Sabe-se que Weber defendia a multidireciona- clássicos da sociologia, sem deixar, entretanto, de ser
lidade dos fluxos causais no estudo dos processos e assustadoramente contemporânea.
dos fenômenos sociais. Em outras palavras, ele foi
um adversário persistente do materialismo histórico, Notas
argumentando que a investigação dos fenômenos 1. Conforme as notas da edição brasileira, três desses textos foram publicados
sociais através da determinação econômica, embora em Polanyi, Arensberg e Pearson (1957). Outros dois textos referem-se a
notas de aula e à publicação de um artigo, de 1947, enquanto o último
pertinente a certas questões ou objetos de pesquisa,
texto da edição em português corresponde a um capítulo de Dalton (1968).
seria apenas uma das modalidades possíveis de ex-
2. E, em menor grau, de Tönnies, uma vez que a oposição proposta por Polanyi
plicação do social, mas jamais a única ou a de maior entre o capitalismo liberal e as formações pré-capitalistas é apresentada, por
ascendência sobre as outras possibilidades de expli- vezes, em termos que nos remetem diretamente à oposição entre as noções de
“comunidade” e “sociedade” constituída por Tönnies (2011) para a reflexão
cação não econômica dos fenômenos e dos processos
sobre a sociedade moderna.
sociais. Assim, Weber considerava útil e legítimo às
3. Como Polanyi esclarece ao longo dos textos, trata-se dos impérios consti-
ciências sociais conceber a distinção entre interesses tuídos a partir das exigências políticas da irrigação de grandes territórios – o
“ideais” e “materiais”. império babilônico, por exemplo.
Polanyi, ao contrário, estende radicalmente sua
crítica até o ponto de reputar como “perniciosa” Referências Bibliográficas
a própria divisão dos interesses que mobilizam os
homens entre “ideais” e “materiais” (p. 222). Ele DALTON, George. (1968), Primitive, archaic and
afirma, inclusive, que, ao contrário das realidades modern economies. Boston, Beacon Press.
próprias e inconfundíveis às experiências religiosas, GRANOVETTER, M. (1985), “Economic action and
estéticas ou sexuais, seria simplesmente impossível social structure: the problem of embeddedness”.
afirmar a existência de uma experiência econômica American Journal of Sociology, 91: 481-510.
sui generis (p. 213). POLANYI, K. (1977), The livelihood of man. Waltham,
Para sustentar esse ponto, ele retorna a Aristóteles MA, Academic Press,
e afirma que, de fato, o homem não é um ser econô- ______. (1980), A grande transformação: as origens
mico, mas um ser social: “Não almeja [o ser humano] de nossa época. Rio de Janeiro, Campus.
salvaguardar seu interesse individual na aquisição de POLANYI, K; ARENSBERG, C. & PEARSON, H. (orgs.).
posses materiais, e sim garantir sua receptividade (1957), Trade and markets in the early empires.
social, seu status social e seus bens sociais. Valoriza Glencoe, IL, The Free Press.
suas posses sobretudo como um meio para atingir TÖNNIES, F. (2011), Community and society. Nova
esses fins” (p. 215). York, Courier Dover.
Assim, pelas variadas razões que busquei expor – e
outras que o leitor desvendará autonomamente –, A

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