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Manifesto clínico

Márcio Peter de Souza Leite e Oscar Cesarotto

O mundo atual não favorece uma existência aprazível para ninguém e, quando se somam os conflitos
pessoais, com freqüência a vida cotidiana se transforma num inferno individual. Alguns mal-estares
crônicos, cristalizados, adotam diversas formas sintomáticas. Muitas vezes, o método psicanalítico pode ser
o mais adequado para o problema.

O tratamento que se espera e obtém de um psicanalista é uma análise. Trata-se de um procedimento


dialógico que opera exclusivamente pela palavra e, ao mesmo tempo, através dela. Tem por finalidade
propiciar mudanças subjetivas profundas. A interpretação e a elaboração das causas do sofrimento psíquico,
visando suprimir seus efeitos, é a via específica para superar a alienação neurótica.

A experiência analítica começa desde que alguém aceita se colocar em pauta, questionando sua forma de
viver, seu passado e seu destino. Para tanto, aquela deveria levá-lo a um novo e diferente modo de ser, sentir
e pensar. Junto com isto, fazer com que assuma a responsabilidade pelas próprias atitudes, as conseqüências
dos seus atos, e o que a sorte lhe depare.

O analista tem por função catalisar a transferência, graças à sua escuta. O inconsciente, a voz ativa, diz, por
meio da associação livre, o que não se sabia que se sabia. Assim, o analisante também tem a oportunidade
de se ouvir, para chegar a descobrir o que realmente quer. Só desta forma tenderia a se reconciliar com seu
desejo, depois de perceber até que ponto tudo aquilo que o martirizava não lhe era alheio.

Na época histórica que nos toca viver, o discurso científico, competente e racional, propõe soluções
imediatas para quase todas as coisas. No que diz respeito às dores anímicas de qualquer índole, seria
plausível pretender minimizá-las ou anulá-las, sempre que possível. Afinal, a angústia não tem graça
nenhuma. Para tanto, a medicina, com seu arsenal de recursos cada vez mais amplo, prescreve remédios
mais ou menos eficientes, num curto prazo, para diminuir o desprazer. Entretanto, nem tudo se cura com
pílulas ou comprimidos.

Há mais de cem anos que a psicanálise é praticada, e aprimorada na constância do seu exercício.
Disseminada em maior ou menor medida, ela constitui um meio terapêutico capaz de resultados positivos e
duradouros, provavelmente inatingíveis de outras maneiras.

Portanto, e desde seu início, foi uma alternativa eficaz perante a impossibilidade médica de resolver todas as
penúrias e impasses que atormentam os seres humanos. Como certas perturbações e inibições não fazem
parte das doenças tipificadas, isso determina que a psicopatologia tenha de ser definida a partir da
singularidade de quem padece. Assim, para erradicá-las, não adiantam receitas magistrais nem substâncias
da última geração, depois de tanta pesquisa, agora disponíveis no mercado da saúde. Fica evidente que a
farmacologia tem utilidade suficiente como para merecer o devido respeito, mas, infelizmente, inexistem
panacéias.

O inconsciente, patrimônio psicanalítico, nada tem a ver com o sistema nervoso central, e vice-versa. A
sexualidade da nossa espécie, enquanto enigma íntimo, não coincide com os achados da biologia ou da
genética. Tampouco a sexologia, caracterizada por um otimismo pragmático, consegue que o desejo, o gozo
e o prazer sejam sempre benfazejos. Se as fórmulas de compromisso que cada um arranja ao longo da
própria vida fracassam, e quando nem a felicidade nem a tranqüilidade são mais viáveis, talvez seja o
momento exato para procurar uma análise.

Nela, o conhecimento de si mesmo será muito mais do que uma aventura do espírito, pois as questões a
serem elucidadas não são filosóficas, universais ou abstratas, senão clínicas, pessoais e bem concretas.
Antes, e em primeiro lugar, o sujeito, com minúcia e precisão, terá a chance de passar sua existência a
limpo, como condição necessária para retificar seus sentimentos e pesares. A decorrência desta atitude
sistemática o deixará apto para se situar na realidade que lhe concerne do melhor jeito possível.

Aliviado do peso de seus entraves simbólicos e de suas limitações imaginárias, e isento de ansiedade, por
sua conta e risco correrão seus dias, na procura do bem-estar que lhe é de direito, sem continuar arcando
com o dispensável ônus da neurose.

Algumas patologias do cotidiano que podem ser tratadas pela psicanálise:

• MEDOS: angústia, ansiedade, pânico, tensão, pavor e fobias


• TRANSTORNOS DA ALIMENTAÇÃO: fome exagerada, azia, gastrite, prisão de ventre, perda de apetite
e vômitos
• DISTÚRBIOS DO SONO: insônia, sono alterado, pesadelos, sono excessivo, sonolência diurna e cansaço
crônico
• AFECÇÕES ANÍMICAS: desânimo, incerteza, dúvida constante, rancor, remorsos, culpa, melancolia,
tristeza e depressão
• ALTERAÇÕES DO SI MESMO: descuido, inferioridade, descontentamento, auto-depreciação, covardia,
anulação subjetiva, inveja, fantasias insuportáveis e dores constantes
• DESEJO: falta de tesão, insatisfação permanente, fracasso sistemático, inibições, desejo do Outro, abjeção
e infertilidade
• SUPEREU: desestima, dever, auto-exigência, masoquismo moral, ideais impossíveis, sacrifício e pena
• ADIÇÕES: alimentação nociva, TV, drogas lícitas (álcool, fumo e remédios), drogas ilícitas, consumismo,
azar, condutas de risco, trabalhismo, superstições e perda de tempo
• TÁNATOS: vontade de morrer, perda de sentido, auto-mutilação, enfermidades, tentativas de suicídio,
esgotamento vital e bolamurchismo existencial.

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2008 - Marcio Peter de Souza Leite - Todos os direitos reservados

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