Académique Documents
Professionnel Documents
Culture Documents
(Fernanda Marinela)
Noções Introdutórias
- Toda norma de direito público é de ordem pública (pois são inafastáveis pela vontade
das partes), mas nem toda norma de ordem pública é de direito público, pois existem
normas de ordem pública no direito privado. (es: regras de capacidade civil,
impedimentos para o casamentos, São inafastáveis pela vontade das partes). O
conceito de ordem pública é maior, mais amplo que o de direito público.
Obs.: Para entender o conceito de Hely Lopes: realizar algo de forma direita significa
independente de provocação. Exclui-se disso a função jurisdicional (no qual há
necessidade de provocação.)
- Forma concreta: com destinatário determinado e com efeitos concretos. Com isso
exclui-se do conceito a função legislativa, que faz normas abstratas e com destinatário
indeterminado.
- Forma imediata: oposto de mediata, que se relaciona com a função social. O direito
administrativo não se preocupa com o social (forma mediata) mas com a atividade
jurídica do estado (forma imediata).
Na frança, mesmo com essa dualidade de jurisdições existem causas que envolvem
interesses da administração e são julgados pelo judiciário. Exemplos de controle pelo
judiciário: pode controlar a atividade pública de caráter privado (atividade praticada
pelo poder público mas que está sujeita ao regime jurídico privado. Ex: quando o
estado realiza um contrato de locação, ainda que precedida de licitação). Ações
ligadas ao estado e capacidade das pessoas. Situações ligadas à propriedade
privada. Cabe ao judiciário decidir também quando é hipótese de repressão penal. =>
esse rol é meramente exemplificativo, não é exaustivo.
Observação: Nem sempre o estado foi considerado pessoa jurídica de direito público.
A antiga Teoria da Dupla Personalidade entendia que o estado podia assumir feição
de direito privado quando estava em uma relação de direito privado. Desde a edição
do novo código civil, esta teoria está superada.
Quando o legislador está no exercício de sua atividade principal, ou seja, quando está
legislando, essa função tem quais características? – Na sua função, o legislador pode
inovar no ordenamento jurídico, tem atuação de forma abstrata (norma aplicada a
todos que estiverem na mesma situação), atuação geral (serve para todos).
Como os princípios estão sempre conectados, é natural que em uma situação haja
relação entre vários princípios. Pode haver mais de um princípio aplicado ao caso
concreto.
OBS: Para Robert Alexy, os princípios são mandamentos de otimização , regras que
exigem que algo seja realizado na maior medida possível dentro das possibilidades
jurídicas e fáticas existentes. Esse conceito não é compatível com o conceito de
princípio que se dá no direito brasileiro, notadamente no direito administrativo.
Princípios:
“Administrar é aplicar a lei de ofício.” – Frase de Seabra Fagundes. Isso significa que
o administrador só pode fazer o que é autorizado por lei. É a expressão do princípio
da legalidade.
É importante perceber que o ato administrativo também deve ser impessoal. O ato
não é feito pelo servidor, mas pela pessoa jurídica que representa. A certidão não é
do servidor que a emitiu, é da pessoa jurídica que ele representa. O ato é impessoal,
não é feito pelo servidor (pessoa física), mas sim à pessoa jurídica. Quem responde
pelo ato administrativo é a pessoa jurídica. A responsabilidade pelo ato é sempre da
pessoa jurídica.
- Qual o remédio constitucional cabível para obter informações de uma empresa com
a qual se deseja contratar? Não cabe habeas data nesse caso, pois habeas data só
cabe quando se trata de informações pessoais (seja para corrigir ou obter
informações). Se a informação se refere a terceiros, trata-se de direito líquido e certo
de informação. Assim, cabe mandado de segurança.
- Pode o prefeito colocar seu próprio nome em um bem público? Matéria expressa no
art.37§1º da CF. A publicidade de atos, obras e serviços deve ter caráter educativo,
informativo e de educação pessoal, não podendo conter nomes e imagens que
representem promoção pessoal. Isso está ligado ao princípio da impessoalidade. O
administrador que não publica seus atos está praticando ato de improbidade
administrativa (Art.11 da lei 8.429/92). O administrador deve publicar de forma
impessoal, não pode constar seu nome pois não pode haver promoção pessoal.
A avaliação já existia antes da emenda 19, mas antes não tinha o condão de retirar a
estabilidade.
Em 1998 ocorreu ainda uma outra mudança relativa aos gastos com folha de
pagamento. Art. 169 da CF: racionalização da máquina administrativa: não é
possível gastar tudo que se arrecada dom despesas com pessoal. O artigo determina
que o gasto com pessoal não pode exceder os limites estabelecidos por lei
complementar. Essa lei já foi criada, é a chamada Lei de Responsabilidade Fiscal (LC
101/00). Os limites foram definidos pelo art. 19 da LC101. Para a União, o limite é de
50% de sua receita corrente líquida. Para Estados e Municípios, o limite é de 60%.
Quando a lei foi criada, muitos entes políticos excediam esse limite e assim era
necessário haver corte de pessoal. Isso foi feito com a adoção das seguintes medidas:
1- a redução de cargos em comissão em pelo menos 20% (art,169§ 2º). 2-
exoneração de servidores não estáveis, primeiro os menos importantes. Essas
medidas deveriam ser feitas nessa ordem, que é obrigatória e não pode ser
desrespeitada. Só é possível passar para a categoria seguinte depois de esgotada a
anterior. Se ainda assim o limite não for atingido, seria possível o corte de servidores
estáveis, começando pelos de menor importância.
Nesses casos, o cargo será extinto e só poderá ser novamente criado depois de 4
anos. Isso é importante para que a racionalização da máquina não seja utilizada para
exonerar inimigos políticos. Naquela legislatura (4 anos) o administrador não pode
recriar o cargo com funções idênticas ou semelhantes. (art. 169§6)
Eficiência no serviço público: Eficiência não é gastar muito e obter resultado ótimo
nem gastar pouco e obter um resultado ruim. Eficiência é gastar pouco e obter um
bom resultado. Assim é preciso ter eficiência quanto aos meios e aos resultados.
Ex: norma que determina que deficientes físicos não poderão prestar determinado
concurso. É preciso ver se a norma que exclui o deficiente está ou não de acordo com
o princípio da isonomia. Se o concurso é para função administrativa que pode ser
desempenhada por um deficiente, a exclusão não está de acordo com a isonomia.
Mas se o concurso é para exercício da função de salva vidas, por exemplo, a exclusão
está de acordo com a isonomia, na medida que o deficiente não tem condições de
exercer a função.
E os concursos que já foram realizados quando o limite de idade era determinado por
regulamento? O supremo modulou os efeitos da decisão para permitir que os
concursos já realizados fossem mantidos.
O exame psicotécnico, assim como o limite de idade, deve estar previsto na lei da
carreira, não basta que haja previsão no edital. É preciso garantir critérios objetivos
no exame e o direito de recurso.
REQUISITOS:
Defesa prévia: A defesa precisa ser prévia, não adianta que seja feita após a
formação do convencimento do julgador. O julgamento deve se construir após o
exercício da ampla defesa.
A súmula determina que durante o processo que tramita no TCU, se a decisão puder
prejudicar alguém, essa pessoa deve ser chamada para participar do processo.
A exceção contida na segunda parte da súmula não implica dizer que a parte não terá
direito a contraditório e ampla defesa. Apenas significa que a pessoa não poderá
participar desse processo no âmbito do TCU.
O poder judiciário pode fazer controle de legalidade do ato administrativo, mas não
pode rever seu mérito. Mérito= liberdade, juízo de valor, conveniência e oportunidade.
O judiciário não pode rever a conveniência e oportunidade do ato.
Ex: Determinado município precisa muito de um hospital e uma escola, mas não tinha
dinheiro para isso. O administrador, com o juízo de valor determinou a construção de
um hospital. Nesse caso, a escolha do administrador está dentro da legalidade e
atende a proporcionalidade e razoabilidade. Assim o poder judiciário não pode rever
o mérito desse ato interferindo no juízo de valor e na conveniência.
Se o usuário depende de uma máquina para sobreviver, também não é possível cortar
a energia.
Direito de greve X continuidade: O servidor público tem direito de greve nos termos
da lei, art. 37,VII, mas esse direito será regulado por lei específica. Lei específica,
nesse caso, é ordinária. Se o constituinte quisesse lei complementar, teria falado. Até
a EC 19 era lei complementar. A emenda alterou esse dispositivo e hoje a hipótese é
de lei ordinária específica. A lei deve ser específica, só pode falar de greve. No
entanto essa lei ainda não foi editada. Assim, a norma constitucional é uma norma de
eficácia limitada.
Em tese, os servidores não poderiam fazer greve, pois não existe a lei
regulamentando. Mas os servidores fazem greve mesmo assim. Em razão de se tratar
de norma de eficácia limitada, por diversas vezes as greves de servidores são
declaradas ilegais.
Quando o Supremo decidiu isso em Mandado de Injunção (que via de regra produz
efeitos inter partes) imaginou-se que seriam impetrados vários outros. Para evitar que
vários servidores impetrassem MI com o mesmo objetivo, o Supremo deu efeito erga
omnes a esses MIs para que pudessem ser aproveitados para vários servidores.
(Repercussão Geral 531, 541 e 544).
Quanto aos militares, a constituição proíbe o direito de greve. (art. 142 §3º, IV).
Organização da administração
Alguns serviços públicos são prestados pela própria administração. Outros são
delegados para serem prestados por terceiros. Para cumprir as competências
constitucionais, a administração dispõe de duas técnicas diferentes:
desconcentração e descentralização;
1. FORMAS DE PRESTAÇÃO DE SERVIÇO DA ADMINISTRAÇÃO:
a) Prestação centralizada: prestada pelo núcleo, centro da administração.
A administração centralizada é composta pela administração direta, entes
políticos, ou seja, União, Estados, municípios e DF.
b) Prestação descentralizada: retirada do núcleo. A prestação é passada
para outras pessoas, que podem ser da administração indireta ou
particulares. A administração indireta é composta pelas autarquias,
fundações públicas, empresas públicas, sociedade de economia mista. O
serviço sai do núcleo e é transferido para outras pessoas.
OBS: a descentralização tem natureza jurídica de princípio fundamental da
organização administrativa.
Descentralização: se pressupõe uma nova pessoa. O serviço sai do centro e vai ser
transferido para uma nova pessoa, que pode ser física ou jurídica. Por se tratarem de
pessoas diferentes, nessa hipótese, não há hierarquia ou subordinação. Se a
atividade é deslocada entre entes políticos, isso é descentralização política. O objeto
aqui é a descentralização administrativa.
Descentralização:
a) Descentralização por outorga: Transfere-se a titularidade e a execução
do serviço. A titularidade é “ser o proprietário do serviço”. Como será
transferido a própria titularidade, isso não pode ser feito a qualquer pessoa
e de qualquer maneira. A transferência por outorga só pode ser feita através
de lei. A titularidade não pode sair das mãos do poder público, assim, a
outorga só pode ser feita às pessoas da administração indireta de direito
público(há divergências acerca disso, mas essa é a posição majoritária).
Assim, em geral, a descentralização por outorga é direcionada a autarquias
e fundações, que são pessoas jurídicas da administração indireta. A
descentralização por outorga é a medida mais drástica.
b) Descentralização por delegação: a administração detém a titularidade e
vai transferir apenas a execução do serviço. A delegação pode ser feita por
meio de lei. Mas também pode ser feita por contrato administrativo ou por
ato administrativo. A delegação pode ser feita em favor de pessoas de
direito privado da administração indireta, quais sejam, empresas públicas,
sociedades de economia mista, fundações públicas de direito privado. A
delegação contratual pode ser utilizada para transferir o serviço para o
particular. São exemplos de delegação contratual a concessão e a
permissão (telefonia, transporte coletivo,etc). A delegação por ato
administrativo também ocorre na transferência ao particular. São hipóteses
de autorização de serviço: taxi e despachante. O serviço é delegado por
ato administrativo unilateral.
Art. 37,§8 – Contrato de gestão entre órgãos. O entendimento que prevalece é que a
despeito do disposto nesse artigo, não é possível que os órgãos celebrem contratos.
Se o órgão público não tem personalidade jurídica, como pode ter CNPJ: O CNPJ é
apenas um cadastro, com o intuito de controlar e fiscalizar a saída e entrada de
dinheiro. Apesar de não ter personalidade, o órgão tem CNPJ, para fiscalizar e
controlar suas atividades e o fluxo do recurso. Órgãos com recursos orçamentários
tem CNPJ.
Esses exemplos variam de acordo com o tamanho da organização. Assim não é bom
se apegar demais aos exemplos.
Administração Indireta
SEM e EP
Autoriza
criação
Fundação
Lei
Cria Autarquia.
Quando se diz que a lei cria a pessoa jurídica, isso significa dizer que basta a lei para
cria-la, nada mais é necessário. Nos casos em que a lei apenas autoriza a criação,
não basta a lei para criar a PJ, é preciso também que faça o registro. Apenas com o
registro a PJ passa a existir. Se tem natureza civil, a PJ é registrada no cartório, se
tem natureza empresarial, é registrada na junta comercial. A lei apenas autoriza a
criação, mas para que exista, é necessário o registro dos atos constitutivos.
A fundação pública pode ter dois regimes diferentes: pode ser fundação pública de
direito público ou fundação pública de direito privado.
Pessoal: Nas fundações de direito público, o regime dos servidores é o mesmo dos
servidores da administração direta e das autarquias. Há regime jurídico único. Já nas
fundações de direito privado, os trabalhadores estão sujeitos ao regime trabalhista
comum, da CLT. A despeito do regime trabalhista, aplicam-se aos empregados
algumas restrições de nível constitucional, com a vedação à acumulação de cargos
(art.37,XVII) e a necessidade de prévia aprovação em concurso público (art.37,II).
Contratos e atos: As fundações de direito público manifestam sua vontade por meio
de atos administrativos, em regra. Poderão, no entanto, praticar atos de direito
privado, hipótese na qual se sujeitarão as normas de direito civil. Seus contratos são
contratos administrativos, sujeitos a lei 8.666. as fundações publicas de direito privado
produzem, em regra, atos de direito privado. Só serão considerados atos
administrativos aqueles praticados no exercício de função delegada do poder público.
Quanto aos contratos, a lei 8.666 não fez distinção entre as fundações, de forma que
é aplicável também as fundações públicas de direito privado, que são obrigadas a
fazer licitação.
Súmula 483 do STJ: determina que o INSS goza dos privilégios da fazenda pública.
Regras do conselho: cobra anuidade, sendo que esta tem natureza tributária
(contribuição). Se o sujeito não paga, a cobrança deve ser feita via execução fiscal.
Nesse caso, como há dinheiro público deve haver controle pelo Tribunal de contais,
tendo em vista que a contabilidade é pública. Conselho de classe está sujeito a
concurso público.
Quem trabalha na OAB tem regime celetista, art. 79. O Procurador geral da república
pleiteou no Supremo fosse dada interpretação conforme ao artigo (ADI 3026) para
que os funcionários da OAB fossem concursados. O Supremo decidiu que a OAB
não é entidade de administração indireta, mas uma categoria impar nas
personalidades jurídicas brasileiras. Não está vinculada a administração e possui
finalidades institucionais, de forma que não se faz necessário o concurso público. O
regime de pessoal é trabalhista e não há necessidade de concurso público.
Território: Território não é ente político, mas tem personalidade jurídica. Assim se
fosse criado um território no Brasil, teria natureza de autarquia (autarquias territoriais).
Regime especial:
a) Função: Agência reguladora tem a função de normatizar, regular e controlar
determinados serviços. Antes o próprio Estado exercia esse controle, e com a
criação das agências, passou a ter uma pessoa jurídica específica para exercer
esse controle. A função não é nova, já era exercida pelo estado, a diferença é
que agora tem um órgão específico para isso. Em razão dessa função, as
agências reguladoras tem mais autonomia.
b) Prerrogativas: Poder normativo técnico, autonomia decisória, independência
administrativa e autonomia econômico financeira. Poder normativo técnico
significa que essas autarquias recebem das respectivas leis criadoras a
delegação para editar normas técnicas. Esse poder se submete a controle
administrativo e institucional. Esse fenômeno tem sido chamado de
delegalização pois a edição das normas se formaliza por atos administrativos
regulamentares em virtude de delegação legal. Não há transferência do poder
legiferante a órgãos da administração indireta mas somente o poder de
estabelecer regulamentação sobre matéria de ordem técnica.
Autonomia decisória significa que os conflitos se desencadeiam e se dirimem
através dos próprios órgãos da agencia. A competência decisória abrange
tanto os conflitos surgidos no âmbito das concessionárias e permissionárias
como decorrentes da relação entre tais pessoas e os usuários das atividades
executadas.
c) Investidura especial dos dirigentes: Antes da nomeação pelo presidente é
necessário aprovação pelo senado. Trata-se de ato complexo, pois depende
da aprovação por dois órgãos diferentes. O mandato tem prazo determinado,
fixo. No entanto o dirigente pode sair antes, em caso de renúncia ou
condenação. A lei da agência disciplina o prazo do mandato. Há uma lei
tendente a unificar o mandato em todas as agências para o prazo de 4 anos.
Encerrado o mandato, o dirigente está sujeito a uma quarentena, que impede
que trabalhe na iniciativa privada no mesmo ramo controlado pela agência. A
regra geral é que o prazo de quarentena é de 4 meses com remuneração. Mas
em algumas agencias esse prazo pode ser de até 12 meses.
d) Licitação: A lei da ANATEL (Lei 9472/97), além de criá-la, determinou que a
agência terá um procedimento específico de licitação, e não seguirá a lei 8.666.
além disso, essa lei determinou que cada agência reguladora criaria o seu
procedimento de licitação. Com isso as agências reguladoras ficaram fora da
lei 8.666 e não precisariam seguir as normas gerais de licitações e contratos.
Além disso, a lei determinou que as agências seguissem o pregão e a consulta.
Essa lei foi objeto de controle de constitucionalidade pelo supremo (ADI 1668).
O Supremo entendeu que por serem autarquias, as agências reguladoras
devem seguir a lei 8.666 e não podem criar seu próprio procedimento de
licitação. No que tange ao pregão e a consulta, o supremo declarou a
constitucionalidade, sendo que as agências podem adotar pregão e consulta,
desde que observem a lei 8.666. O pregão já possui regulamentação, mas a
consulta ainda não foi regulamentada. A consulta é modalidade específica da
agência reguladora, mas não se sabe nada acerca de seu procedimento, ante
a ausência de regulamentação.
e) Regime de pessoal da agência reguladora: A lei 9986/00 foi a norma geral
das agências reguladoras. Essa lei determina que o pessoal da agência
reguladora será celetista e contratado temporariamente. Nessa época, era
possível o regime múltiplo, sendo aceitado tanto o regime celetista como
estatutário. No entanto, o regime celetista era permitido em hipóteses
excepcionais, para profissionais pouco qualificados, contratados para serviços
gerais. Esse perfil não era compatível com o pessoal das agências
reguladoras, que tinham profissionais qualificados para a função de
fiscalização. Na ADI 2310 o Supremo, discutindo a questão em sede de
cautelar, entendeu que a contratação não podia ser feita por contrato
temporário, eis que a demanda era permanente. Entendeu também que os
funcionários dependiam de qualificação especial, de forma que o regime
deveria ser estatutário, com a criação de cargos. Por segurança jurídica, os
contratos em andamento seguiram até o final e depois seriam substituídos por
cargos. Após essa declaração do Supremo, a lei 9986 foi alterada e a ADI
perdeu seu objeto e foi extinta sem julgamento de mérito. Com essa alteração,
promovida pela Medida provisória 155/03, convertida na lei 871/04, a lei criou
cargos com o regime estatutário. No entanto, os cargos criados foram
insuficientes para a demanda das agências, de forma que alguns contratos
temporários foram sendo prorrogados durante vários anos. A matéria foi
novamente submetida ao supremo na ADI 3678, que ainda não foi julgada.
f) Exemplos de agencia: ANEEL (Agência nacional de energia elétrica),
ANATEL (Agencia nacional de telecomunicações),ANVISA (Agência nacional
de vigilância sanitária), ANS (Agencia nacional de saúde), ANTT (Agencia
nacional de transportes terrestres), ANTAQ (Agencia nacional de transportes
aquaviários), ANAC (agencia nacional de aviação civil), ANP(Agencia nacional
de petróleo), ANA (Agencia nacional das águas), ANCINE(Agencia nacional de
cinema)
OBS: Nem tudo que tem nome de “agência” é uma agência reguladora. Para
determinar se é ou não, é preciso analisar a lei de criação.
OBS 2: Existe uma agência reguladora que não ganhou o nome de agência. É
a CVM (Comissão de valores mobiliários), que é uma agência reguladora,
apesar do nome.
Tanto a empresa pública quanto a sociedade são pessoas jurídicas de direito privado.
Ambas seguem regime híbrido/misto, a depender de sua finalidade. A empresa
pública e a sociedade de economia mista terão as mesmas finalidades: prestadoras
de serviços públicos ou exploradoras de atividade econômica.
1ª) a empresa pública tem capital exclusivamente público, enquanto que a sociedade
de economia mista tem capital misto (parte pública e parte privada, mantendo a
maioria votante nas mãos do Poder Público).
3ª) Competência para julgar as ações que tem como parte a empresa pública e a
sociedade de economia mista? A resposta consta do artigo 109 da Constituição, que
determina que, se tivermos uma empresa pública federal, a competência será da
justiça comum federal. De outro lado, a sociedade de economia mista federal não
consta da lista do artigo 109, e como se sabe, a competência residual será da justiça
comum estadual. Aliás, tem-se as súmulas 517 e 556 do STF.
A) Licitação
Além disso, o §1º do artigo 173 determina que tais empresas terão um regime próprio
previsto em lei específica. Fala em estatuto próprio previsto em lei específica.
Tais empresas estatais devem licitar? Os contratos que elas firmam são contratos
administrativos, estado, portanto, sujeitas à lei 8666/93? Empresa pública e
sociedade de economia mista, quando celebram contratos, são contratos
administrativos, estando em regra sujeitas à licitação. Quando tem por finalidade a
prestação de serviço público, o regime será mias público, não havendo dúvidas de
que a empresa estatal deverá licitar. Aliás, a própria lei 8666/93, no seu artigo 1º,
estabelece a exigência aos entes componentes da Administração Indireta de licitar.
Além disso, o artigo 37, inciso XXI, da CRFB/881, também aponta tal necessidade de
licitação às empresas estatais. Mas e as empresas públicas e sociedades de
economia mista, também estão obrigadas a licitar? Vale lembrar o artigo 173, §1º, III
da Constituição. Até hoje não se promulgou a lei das empresas públicas e sociedades
de economia mista, não havendo ainda seu estatuto próprio, e, por isso, seguirá a
regra geral, ou seja, a lei 8666/93, lembrando que o artigo 1º desta Lei nada diferencia
entre as sociedades de economia mista e empresas públicas prestadoras de serviço
público ou exploradoras de atividade econômica.
Se estão sujeitas à licitação, por que na prática muitas vezes elas não licitam? A regra
geral é que devem licitar, valendo a Lei 8666/93 (regra geral) enquanto não advir
estatuto próprio. Mas a própria Lei 8666/93 traz dispensas e inexigibilidades que
acabam permitindo que elas escapem da licitação. Vejamos dois exemplos, um de
dispensa e outro de inexigibilidade: artigo 24, §1º da Lei 8666/93 – sendo de pequeno
valor, haverá dispensa de licitação (será valor pequeno e configurará dispensa de
licitação quando o valor do contrato equivaler a 10% do convite = R$15.000,00 para
obras e serviços de engenharia e para outros bens e serviços R$8.000,00). Nessa
linha, o §1º do artigo 24 determina que no caso da empresa pública e sociedade de
economia mista, bem como alguns outros entes, o limite máximo para se configurar
pequeno valor é dobrado, ou seja, para obras e serviços de engenharia será de
R$30.000,00 e para outros bens e serviços R$16.000,00.
Ademais, qual o objetivo da licitação? É proteger o interesse público. Se, por alguma
razão, a licitação prejudicar o interesse que ela deveria proteger, tornar-se-á inviável.
A licitação não é um fim em si mesma, mas tem um objetivo maior que é proteger o
1
CRFB/88, art. 37, XXI. “XXI - ressalvados os casos especificados na legislação, as obras, serviços, compras e
alienações serão contratados mediante processo de licitação pública que assegure igualdade de condições a
todos os concorrentes, com cláusulas que estabeleçam obrigações de pagamento, mantidas as condições
efetivas da proposta, nos termos da lei, o qual somente permitirá as exigências de qualificação técnica e
econômica indispensáveis à garantia do cumprimento das obrigações. (Regulamento)”
interesse público; ao prejudicar o que deveria proteger, está tornando inviável o
procedimento licitatório.
Na atividade meio precisa licitar, mas na atividade fim tornar-se inexigível quando
prejudicar a atividade fim da empresa.
B) Criação e extinção: Nos termos do art. 37, XIX, a lei AUTORIZARÁ a criação
das empresas públicas e sociedades de economia mista. Pelo princípio da
simetria, a extinção também reclama lei autorizadora. É possível também a
criação de subsidiárias. Empresas subsidiárias são aquelas cujo controle e
gestão das atividades são atribuídos à EP ou SEM diretamente criadas pelo
estado. Ou seja, o estado cria e controla uma EP ou SEM e esta passa a gerir
uma sociedade mista. É chamada também de sociedade ou empresa de
segundo grau. As subsidiárias não são controladas diretamente pela entidade
política. Sua criação não é livre e também depende de autorização legislativa.
No entanto, não é preciso autorização específica para a criação de cada
subsidiária. A lei disciplinadora da entidade primária pode autorizar, desde
logo, a posterior instituição de subsidiárias.
Sem prejuízo, serviço público é obrigação do Estado, e ele não pode descentralizar o
serviço público e se eximir da responsabilidade por sua prestação. Nessa linha, a
responsabilidade do Estado em relação às empresas estatais é subsidiária,
respondendo subsidiariamente por ato dessas empresas.
F) Falência
Enfim, pela Lei 11.101/05, não se sujeitarão à falência (art.2º,I). Mas há divergência
doutrinária, que encontra amparo especialmente em Celso Antônio Bandeira de Melo,
para quem é necessária a distinção no que tange à finalidade da empresa estatal. Se
presta serviço público, de fato não terá falência, mas se explora atividade econômica,
estaria sim sujeita ao regime falimentar. Mas essa não é a posição que prevalece no
que diz respeito ao regime falimentar. Para a maioria, não se sujeita ao regime
falimentar, independente de sua finalidade.
G) Regime Tributário
Nesse ponto, lembraremos do artigo 173, §2º da Constituição, o qual afirma que
quando a empresa estatal explorar atividade econômica, não terá privilégios
tributários que também não forem extensíveis à iniciativa privada.
O dispositivo fala em duas regras negativas: não tem privilégios não extensíveis á
iniciativa privada. Tirando qualquer “não”, a assertiva será falsa. O que for dado ao
particular deve ser dado à empresa pública ou sociedade de economia mista
exploradoras de atividade econômica.
Por outro lado, se a empresa pública ou sociedade de economia mista for prestadora
de serviço público com exclusividade, a jurisprudência (tanto no STF quanto nos
demais tribunais) reconheceu que, em razão da exclusividade, gozam de imunidade
tributária recíproca, aquela prevista na CRFB/88, art. 150, VI, “a”, que fala de
imunidade para os impostos. Essa posição começou para a ECT, mas já está
construída para outras empresas públicas e sociedades de economia mista que
prestam serviço público com exclusividade. Nesse sentido, o tema com repercussão
geral 115, envolvendo o RE 580.264, e o tema com repercussão geral 235,
envolvendo o RE 601.392, bem como o tema 412, envolvendo o ARE 638.315. O
assunto ainda tem algumas ações pendentes para alguns tributos, mas a ideia é que
se aplica a imunidade recíproca no que tange à finalidade da empresa (atividade fim)
quando prestar serviço público com exclusividade.
Esse dispositivo envolve usuário de serviço que paga preço ou tarifa. Se o encargo
tributário estiver embutido nesse preço ou tarifa, a empresa não tem privilégios.
Assim, não terá privilégios tributários quando o valor do tributo for repassado no
preço/tarifa do serviço ao usuário.
Na última aula estávamos estudando empresas estatais. Vimos que nem todas as
empresas estatais são empresas públicas e sociedades de economia mista, e nem
todas integram a Administração Pública.
Sociedade de economia mista é pessoa jurídica de direito privado, por sua vez, de
capital misto, desde que tenha maioria votante nas mãos do Poder Público, podendo
assumir apenas a forma de sociedade anônima. A competência para julgar processos
envolvendo sociedade de economia mista federal é da justiça estadual, salvo se
houver interesse da União.
...
Privilégios tributários – atividade econômica tem privilégios extensíveis à iniciativa
privada, lembrando do artigo 173, §2º.
F) Regime de Pessoal
Nesse contexto, tais empregados serão equiparados aos servidores públicos nas
seguintes situações:
2
CP, art. 327. “Art. 327 - Considera-se funcionário público, para os efeitos penais, quem, embora
transitoriamente ou sem remuneração, exerce cargo, emprego ou função pública. § 1º - Equipara-se a
funcionário público quem exerce cargo, emprego ou função em entidade paraestatal, e quem trabalha para
empresa prestadora de serviço contratada ou conveniada para a execução de atividade típica da Administração
6) Também se equiparam aos servidores públicos quanto aos remédios
constitucionais (mandado de segurança, por exemplo). De acordo com a lei do
MS de 2009, o entendimento jurisprudencial que prevalece é o de que se o
agente está em uma empresa pública que presta serviço público, poderá ser
questionado via mandado de segurança, mas essa mesma possibilidade não
existe se a empresa estiver explorando atividade econômica;
Pública. (Incluído pela Lei nº 9.983, de 2000). § 2º - A pena será aumentada da terça parte quando os autores
dos crimes previstos neste Capítulo forem ocupantes de cargos em comissão ou de função de direção ou
assessoramento de órgão da administração direta, sociedade de economia mista, empresa pública ou fundação
instituída pelo poder público. (Incluído pela Lei nº 6.799, de 1980)”
se aplica à atividade econômica, já exclusividade se aplica à prestação de serviço
público.
Petrobrás
3
STF, súmula 347. “O TRIBUNAL DE CONTAS, NO EXERCÍCIO DE SUAS ATRIBUIÇÕES, PODE APRECIAR A
CONSTITUCIONALIDADE DAS LEIS E DOS ATOS DO PODER PÚBLICO.”
pois o TCU suspende, a Petrobrás impetra MS e o STF concede liminar para retirar a
suspensão.
Consórcios Públicos
A Lei 11.107/05 cria uma nova pessoa jurídica para compor a Administração, que é
denominada de Associação Pública. Mais especificamente, a Lei 11.107/05 trata da
reunião de entes políticos (União, estados, municípios e Distrito Federal) em busca
de uma finalidade comum, ou seja, em razão de interesses convergentes, celebrando
então um contrato de consórcio. Do contrato de consórcio público surge uma nova
pessoa jurídica, chamada de Associação. Essa Associação compõe a Administração
Indireta, nascendo da reunião de entes políticos na busca por uma finalidade comum
(convergência de interesses).
A Associação Pública pode ter dois regimes diferentes: uma Associação Pública de
regime de direito público, mas pode também ser uma Associação Pública de regime
de direito privado. Caso a Associação Pública siga o regime de direito público, a
doutrina diz que seria uma espécie de autarquia, e tudo o que for dito para as
autarquias também servirá às Associações Públicas com regime de direito público.
De outro lado, sendo a Associação Pública com regime de direito privado significará
que seguirá, em verdade, um regime híbrido, que não é verdadeiramente privado,
sendo semelhante ao da empresa pública/sociedade de economia mista.
ENTES DE COOPERAÇÃO
Os entes de cooperação são pessoas jurídica que estão fora da Administração, mas
como o próprio nome diz, são pessoas que cooperam com o Estado. Toda ONG é
ente de cooperação? A resposta é negativa: somente será ente de cooperação a
organização não governamental que de alguma maneira está colaborando com o
Estado.
Paraestatal é aquilo que está ao lado do Estado, colaborando com o Estado. Os Entes
de Cooperação são pessoas jurídicas de direito privado, que não integram a
Administração Pública. Tais entes prestam atividade de interesse coletivo,
desenvolvem atividade de interesse coletivo. Mas, embora prestem atividade de
interesse coletivo, elas não prestam serviço público propriamente dito; fala-se que
prestam, em verdade, serviços sociais. Além disso, os entes de cooperação não
possuem fins lucrativos.
Como visto alhures, o serviço social autônomo é uma pessoa jurídica de direito
privado que está fora da Administração Pública (integram, portanto, a iniciativa
privada). Os serviços sociais autônomos é também denominado de “Sistema S”
(SESI, SEBRAE, SENAI, SENAC etc.).
A) Finalidade
B) Criação
- é possível que sobreviva de dotação orçamentária, isto é, que tenha sua atividade
custeada por repasse de dinheiro público diretamente do orçamento;
- mas essa não é a principal fonte de receita. Os serviços sociais autônomos são
beneficiários da parafiscalidade, ou seja, podem receber contribuição parafiscal.
Lembrando: no direito tributário, tem-se a distinção entre competência tributária e
capacidade tributária: competência tributária é a aptidão para instituir tributos
conferida pela Constituição, sendo indelegável/intransferível, e quem tem
competência tributária são os entes políticos; já a capacidade tributária é a aptidão
para arrecadar/cobrar tributos, que pode ser delegada/transferida. A parafiscalidade
nada mais é do que a delegação/transferência da capacidade tributária. Assim, o
serviço social autônomo pode ser beneficiário da parafiscalidade, podendo então
cobrar tributos. No caso, o tributo é a contribuição parafiscal, que está prevista no
artigo 149 da Constituição.
Noutro giro, o Tribunal de Contas tem que controlar a atividade dos beneficiários da
parafiscalidade? A resposta é positiva: onde tem dinheiro público tem controle pelo
Tribunal de Contas.
Mas há uma orientação no TCU de que o serviço social autônomo pode utilizar um
procedimento simplificado de licitação, definido em regulamento. Esse regulamento
foi publicado pelo TCU no acórdão 001.620/98-3. Admite-se então a adoção de um
regulamento próprio para contratações e licitações, que deverá ser aprovado pelo
Tribunal de Contas, não estando sujeitos aos estritos termos e limites da Lei 8666/93.
Interessante destacar ainda que o regime de pessoal será o celetista, sendo titulares
de emprego privado. É possível que o serviço social autônomo contrate seus
empregados por meio de um processo seletivo, mas não precisa ser concurso público.
Ademais, os empregados dos serviços sociais autônomos são passíveis de Mandado
de Segurança ou Ação Popular e respondem por Improbidade Administrativa, já que
tem dinheiro público envolvido (Lei 8429/92, artigo 1º, par. único). Além disso, para
fins de responsabilização penal, equiparam-se aos servidores públicos, embora
evidentemente não sejam servidores públicos, mas empregados do regime privado.
Exemplos:
ENTIDADES DE APOIO
A entidade de apoio também é uma pessoa jurídica de direito privado, sem fins
lucrativos. A entidade de apoio é muito comum dentro de universidades e hospitais
públicos. Em razão da dura realidade das universidades públicas brasileiras, surge a
entidade de apoio, constituída pelos próprios servidores da universidade, tendo
personalidade jurídica própria, mas que funciona dentro da própria universidade.
Paga-se a pós-graduação à entidade de apoio, que terá maior flexibilidade na
utilização dessa receita.
São instituídas por servidores públicos em nome próprio (“eles mesmos fundam a
entidade”), podendo ter a natureza jurídica, isto é, podem assumir a forma de
fundação (mais comum), de associação e de cooperativa. Exercerá suas atividades
dentro da universidade. Para que a entidade de apoio possa utilizar os espaços da
universidade e receba a ratificação e chancela da universidade, será formalizado um
convênio, que concretizará o vínculo jurídico entre a entidade de apoio e a
universidade.
Finalidades. A entidade de apoio tem como finalidade uma atividade social; a ideia é
de serviço social (que não são serviços públicos propriamente ditos, não sendo
serviços públicos exclusivos do Estado). Normalmente, as entidades de apoio
relacionam-se com a ciência, pesquisa, saúde e educação, estando geralmente
conveniadas aos hospitais públicos e às universidades públicas.
Privilégios.
Críticas à entidade de apoio: vale observar que não seguem o regime de direito
público, o que significa que não precisam licitar nem fazer concurso público.
Entretanto, recebem dotação orçamentária, servidores e bens públicos. A entidade
de apoio e a universidade acabam se confundindo.
ORGANIZAÇÕES SOCIAIS
Prestam serviços sociais, ou seja, serviços públicos não exclusivos do Estado. A Lei
9.637/98 estabelece as organizações sociais de âmbito nacional, mas também são
possíveis no âmbito estadual e municipal, criadas por leis próprias.
Privilégios:
Exemplos:
É abreviada como OSCIP. Foi regulamentada pela Lei 9.790/99. Trata-se de pessoa
jurídica de direito privado, que não integra a Administração Pública e não tem fins
lucrativos. Prestam serviços sociais (ou seja, serviços não exclusivos do Estado e,
portanto, não é o serviço público propriamente dito).
Imagine que um órgão público precisa de uma modernização de informática. A
Administração Pública então faz um projeto de modernização, vai à OSCIP e celebra
com ela um termo de parceria destinado à execução desse projeto determinado.
Enfim, o vínculo jurídico da OSCIP é o termo de parceria, que não tem a mesma força
que o contrato de gestão da OS: não confere dotação orçamentária nem permite
cessão de servidores ou bens públicos. O termo de parceria é destinado à execução
de um projeto específico de reestruturação da Administração Pública.
De toda forma, a OSCIP tem requisitos: deve existir previamente no mercado, ou seja,
não pode ser uma entidade nova, não nascendo do contrato. Deve ter a experiência
de pelo menos 1 ano no ramo de atividade. Além disso, não tem interferência de
representantes do Estado (não há interferência de administradores).
Nota-se a diferença com a OS, que nasce do contrato de gestão enquanto a OSCIP
já existe no mercado, com experiência de pelo menos 1 ano; na OS vem a dotação
orçamentária, bens e servidores, enquanto na OSCIP a situação é toda com recurso
público, pagando pelo serviço prestado pela OSCIP; a OS tem interferência de
representantes do Estado no Conselho de Administração, o que não acontece na
OSCIP, pessoa privada gerida por particulares; a OS é criada por contrato de gestão
e a OSCIP tem seu vínculo formalizado por termo de parceria.
Fechamos então entes de cooperação. Professora ressalta que não cai em todos os
concursos, sendo interessante olhar o edital para ver se cai. Próximo tema será
“Poderes Administrativos”.
Poderes da administração
4. Espécies:
4.1. Poder regulamentar: Para Maria Silvia Zanela Dipietro, o correto é chamar
de poder normativo que é gênero, sendo o regulamento uma espécie do
poder normativo. Conceito: ferramenta ou instrumento que permite ao
estado regulamentar, normatizar e disciplinar, definindo normas
complementares à previsão legal buscando sua fiel execução. O poder
regulamentar complementa previsão legal buscando sua exata aplicação.
Ex: regulamento que define quais são as substancias ilícitas para fins de
aplicação da lei de tráfico de entorpecentes. O poder regulamentar pode se
expressar por decretos regulamentares, portarias, instruções, resoluções,
deliberações, regimentos.
a) Decretos regulamentares: Decreto é diferente de regulamento pois decreto é
forma, regulamento é o conteúdo. Nem todo decreto tem em seu conteúdo um
regulamento. Pode existir decreto que não regulamenta.
Lei ≠ regulamento: a lei vem de uma casa legislativa, representada por todos os
grupos sociais enquanto o regulamento vem de órgão singular, unipessoal. O
processo legislativo é rigoroso, depende de deliberação legislativa e do executivo. O
regulamento, por outro lado pode ser feito pelo presidente e publicado logo em
seguida, não há formalidade, não há procedimento de elaboração rigoroso. Assim a
lei é mais segura e mais representativa que o regulamento. O poder regulamentar
deve ser exercido secundum legem e não pode contrariar a lei.
Constituição
Lei
Regulamento executivo.
Constituição
Regulamento
Controle pelo poder judiciário: Ato regulamentar está sujeito a controle pelo
poder judiciário? Sim, o poder judiciário pode controlar a legalidade do ato
regulamentar. Trata-se de controle de legalidade em sentido amplo, ou seja
verificar se o ato é compatível com a lei e com regras e princípios
constitucionais. Se o ato regulamentar, todavia, ofender diretamente a
constituição, sem que haja lei a que deva subordinar-see, terá a qualificação
de ato autônomo e nessa hipótese poderá sofrer controle de
constitucionalidade pela via direta. Para haver controle de constitucionalidade
direto (ADI) é preciso que o ato seja autônomo. Cabe também ADPF sobre
qualquer ato regulamentar, mesmo que derivado de lei.
Controle pelo poder legislativo: art. 49,V: o poder legislativo pode sustar os
atos normativos que exorbitem o poder regulamentar.
Qualquer que seja a punição funcional, ainda que de natureza leve, pressupõe a
instauração de processo administrativo que respeite o devido processo legal e no
âmbito do qual seja assegurada a ampla defesa e o contraditório.
Regras:
O poder de polícia também pode ser exercido por atos punitivos nos casos em que
o particular deixa de cumprir a norma. Ex: determinar demolição de prédio construído
em desacordo com as normas do local.
Atos administrativos
Hely Lopes Meireles faz uma distinção entre ato administrativo em sentido estrito e
em sentido amplo. O ato administrativo em sentido estrito, além das características
citadas, deve ser concreto e unilateral. O ato em sentido amplo é exatamente o
conceito supra. O ato em sentido estrito tem duas características a mais: ser concreto
e unilateral. Assim, dos atos administrativos em sentido estrito estão excluídos os
contratos, por exemplo.
A lei estabelece 3 situações nas quais não é possível delegar a competência, são
elas: 1- competência exclusiva (privativa pode ser delegada), 2- competência para
atos normativos. 3- competência para decisão em recurso administrativo.
O silêncio administrativo é nada jurídico, não significa nem que sim nem que não. Não
produz efeitos, salvo quando a lei estabelecer. Do silêncio administrativo cabe MS em
razão do direito líquido e certo de obter resposta. Direito de petição (direito de pedir
e obter resposta). Para a maioria dos autores, o judiciário não pode substituir o
administrador em seu silêncio, e pode apenas determinar que o administrador
apresente uma resposta.
CABM, em posição minoritária, entende que se o ato é estritamente vinculado (aquele
que tem mera conferência de requisitos) o juiz pode decidir pelo administrador, pois
basta checar os requisitos do ato para deferi-lo ou não.
Vício de forma: Pode ser uma mera irregularidade, defeito de padronização (ex:
mandaram escrever de caneta preta e foi escrito de azul). Não compromete a validade
do ato.
Vício sanável: existem defeitos de forma que podem ser corrigidos. São atos
anuláveis, mas passíveis de convalidação.
Vício insanável: defeitos de forma tão graves que não podem ser corrigidos. Nesse
caso, o ato é nulo.
O art. 93,X determina que os atos administrativos praticados pelo judiciário devem ser
motivados. No entanto é preciso considerar que o judiciário pratica atos
administrativos como função secundária, atípica. Se na função atípica precisa
motivar, quem exerce ato administrativa como função primária, tem obrigação ainda
maior de motivar.
José dos Santos Carvalho Filho, em posição minoritária, entende que a motivação é
facultativa, pois quando o constituinte quis obrigar a motivar, o fez expressamente
(art.93,X da CF e art.50 da lei 9784/99), sendo que nas demais hipóteses a motivação
é facultativa.
Legalidade do motivo: para que o motivo seja legal, deve ter materialidade, deve ser
verdadeiro. Se o administrador alega motivo falso, o motivo é ilegal e isso
compromete o ato. Ex: demitir servidor por rivalidade pessoal alegando que vai reduzir
os gastos.
O motivo declarado deve ser compatível com o motivo descrito em lei. Ex: se servidor
pratica infração leve e a pena prevista em lei é advertência, não pode administrador
aplicar pena de demissão.
Teoria dos motivos determinantes: uma vez declarado o motivo, esse motivo deve
ser cumprido. A teoria dos motivos determinantes vincula o administrador ao motivo
do ato. Ex: se desapropria para construir a escola, deve construir. O administrador
está vinculado ao motivo declarado, o que significa dizer que esse motivo deve ser
verdadeiro, legal e tem que ser cumprido.
5. Ato vinculado: Ato vinculado é aquele que não tem liberdade, juízo de valor,
conveniência ou oportunidade. Alguns autores chamam de ato regrado. Não
há liberdade no ato vinculado, preenchidos os requisitos legais, a autoridade é
obrigada a praticá-lo. Ex: aposentadoria de servidor público: se o servidor
preencheu todos os requisitos legais, o administrador é obrigado a conceder a
aposentadoria. Licença para dirigir, para construir.
6. Ato discricionário: ato no qual o administrador tem liberdade. Há juízo de
valor, e análise de conveniência e oportunidade. Liberdade não significa fazer
de qualquer maneira, e sim liberdade nos limites da lei. Se a lei da alternativas
à prática do ato, há discricionariedade. Se a lei utiliza conceito vago ou
indeterminado, há necessidade de preencher esse conteúdo, de forma que há
discricionariedade. Hipóteses de discricionariedade
a) Lei estabelece a competência para o ato, mas não fiz a maneira de
execução.
b) Quando a lei apresenta alternativas.
c) Diante de conceitos vagos e indeterminados.
Com base na tabela supra, percebe-se que no ato vinculado, todos seus elementos
são vinculados. Já o ato discricionário, possui competência, forma e finalidade
vinculados e motivo e objeto discricionários. A discricionariedade do ato discricionário
se encontra no motivo e no objeto. A margem de liberdade está nesses dois
elementos.
Ex: a multa tem exigibilidade, mas não tem executoriedade. Isso porque, embora
possa o poder público aplicar e exigir a multa, não pode executar, não pode expropriar
bens do devedor. Precisa, para tanto, recorrer à via judicial.
Nem todo ato administrativo tem autoexecutoriedade. Todo ato administrativo tem
exigibilidade, mas nem todos tem executoriedde. Para ter autoexecutoriedade precisa
ter os dois elementos: executoriedade e exigibilidade.
8. Classificação:
Para a doutrina majoritária, o ato já formado não deixa de ser perfeito. No entanto,
o ato pode perder sua validade ou sua eficácia.
- O ato pode ser perfeito, válido, mas ineficaz. Ex; contrato administrativo não
publicado. Sua formação percorreu todo o ciclo, atendeu todos os requisitos mas não
foi publicado e a publicação é condição de eficácia.
Ato perfeito + Inválido + eficaz: o ato inválido (que não preencheu todos os requisitos
legais) produz todos os efeitos como se válido fosse, até que seja reconhecida sua
invalidade, momento a partir do qual perde a eficácia.
Ato perfeito + inválido + ineficaz: ex: contrato administrativo firmado com fraude na
licitação (inválido) e que não foi publicado (ineficaz).
Efeito reflexo: Efeito secundário que atinge terceiros estranhos à prática do ato. Ex;
ato administrativo que desapropria terreno de José. Maria havia alugado o terreno.
Dessa forma, há um efeito reflexo do ato, que atinge Maria.
Efeito atípico preliminar: Efeito que aparece nos atos administrativos que dependem
de duas manifestações de vontade. Ou seja, o efeito atípico preliminar ocorre nos
atos complexos ou compostos. Esse efeito atípico se configura com o dever da
segunda autoridade se manifestar após a manifestação da primeira. É um efeito
anterior à formação do ato. É um efeito secundário que vem antes do aperfeiçoamento
do ato. Ex: nomeação de dirigente de agencia reguladora: depende de ato do
presidente e do senado. A perfeição só ocorre após manifestação das duas
autoridades. Quando a primeira se manifesta, surge para a segunda o dever de
manifestação. O efeito típico é ocupar o cargo. O efeito atípico preliminar é o dever
de manifestação. CABM chama o efeito preliminar de PRODRÔMICO.
Ex: ato que defere ao servidor uma gratificação e aumenta seu salário. Se esse ato é
ilegal e ocorre sua anulação, esta anulação é restritiva do direito do interessado que
deixará de ganhar. Por ser o segundo ato (que promoveu a anulação) restritivo do
direito do interessado, tem efeitos ex nunc. O que ganhou não será devolvido, pois a
anulação só terá efeitos a partir de então.
Ex2: ato que indefere gratificação. Esse ato era ilegal e foi anulado pelo ato 2. Dessa
forma, o segundo ato é ampliativo, pois amplia os direitos do interessado, que passará
a ganhar a gratificação. Para CABM, nesse caso, o ato terá efeitos ex tunc, e será
anulado desde seu nascedouro, podendo o servidor receber a gratificação retroativa.
Licitação
1. Conceito: Procedimento administrativo direcionado a escolher a melhor
proposta para a administração. A proposta mais vantajosa não é
necessariamente a mais barata. O procedimento por ter por critério o menor
preço, mas também pode ser a escolha de melhor técnica. O objetivo é
celebrar o melhor contrato possível. A licitação permite que qualquer um que
preencha as regras do edital, possa ser contratado pelo poder público. Evita
favorecimento de determinadas empresas. Viabiliza a aplicação do princípio
da impessoalidade e da isonomia. A licitação também tem o escopo de
proporcionar o desenvolvimento nacional eis que traz um grande poder de
compra do estado e envolve um fluxo muito grande de recursos.
2. Sujeitos à licitação: O art.1º da lei 8.666 traz uma lista daqueles que são
obrigados a licitar. São eles: administração direta (União, estados DF,
municípios), administração indireta (autarquias, fundações públicas, empresas
públicas e SEM). Também estão sujeitos a licitação os fundos especiais e os
entes controlados direta ou indiretamente pelo poder público.
Na prática, muitas vezes essas empresas não fazem a licitação em razão as causas
de dispensa e inexigibilidade previstas na própria lei
Fundo especial: A lei não precisava tratar dos fundos especiais em separado. Isso
porque o fundo especial pode ter natureza fundacional ou de órgão da administração
direta. Nos dois casos, por sua natureza, era necessário licitar.
A contratação direta é uma exceção, por isso, deve ser devidamente fundamentada
e explicada. Para tanto, é necessário o PROCEDIMENTO DE JUSTIFICAÇÃO,
previsto no art. 26 da lei 8.666.
Modalidades de licitação
Obs: Toda modalidade licitatória tem um prazo de intervalo mínimo, que vai desde a
publicação do edital até a entrega dos envelopes. Esse prazo é o que tem o licitante
para preparar os documentos e se organizar Na concorrência, se a licitação for do
tipo técnica ou técnica + preço o intervalo mínimo será de 45 dias. Se o critério for
somente de preço, esse prazo será de 30 dias. Se a lei não fala nada, se refere a
dias corridos. Serão considerados apenas os dias úteis se a lei assim estabelecer. Na
omissão, conta-se dias corridos.
Obs: Se a lei determina para certo valor que a modalidade será convite, é possível
fazer concorrência ou tomada. É sempre possível utilizar a modalidade mais rigorosa.
Só não é possível utilizar a mais simples quando o valor superar o limite desta
modalidade. Assim, na escolha da licitação, é bom ter uma margem no valor, caso
seja necessário, posteriormente, fazer uma alteração superveniente. Isso porque, o
TCU entende que as alterações devem sempre estar dentro do valor da modalidade.
Ex: se o valor do contrato de engenharia é de 140.000 reais, é mais recomendável
fazer tomada de preço, não obstante o valor atenda ao convite. Isso porque, nesse
caso, se fosse realizado convite, não seria possível promover alterações no contrato.
2. Fase externa:
O edital pode ser impugnado, nos termos do art. 41 da lei 8.666. Qualquer cidadão
pode impugnar o edital (não é qualquer pessoa, é qualquer cidadão).O cidadão tem
o prazo de 5 dias úteis de antecedência da data marcada para a entrega dos
envelopes. A comissão tem 3 dias úteis para julgar a impugnação
O potencial licitante também pode impugnar o edital. O licitante tem o prazo de até 2
dias úteis antes da entrega dos envelopes. No entanto, decairá do direito de fazê-lo
se não o fizer nesse prazo.
A impugnação não tem natureza de recurso, e por isso, não tem efeito suspensivo. O
processo não para.
A comissão de licitação pode alterar o edital, nos termos do art. 21§4º da lei 8.666.
Somente nesta hora, antes da entrega dos envelopes, o edital pode ser alterado. A
alteração é feita por aditamento, que deve ser publicado da mesma forma que o edital.
Não é preciso publicar o edital inteiro outra vez. Basta publicar o aditamento.
3. Procedimento no pregão.
3.1. Formalização do processo
3.2. Publicação do edital
3.3. Recebimento dos envelopes
3.4. Classificação/julgamento: No pregão, há uma inversão
nesse momento. Enquanto nas outras modalidades é
analisado a qualificação e depois a classificação das
propostas, no pregão, primeiro ocorre a classificação e
julgamento, para depois ocorrer a habilitação. Primeiro
analisa as propostas escritas e depois as verbais.
3.5. Habilitação: não são analisados os documentos de todas
as empresas, mas apenas o da empresa vencedora.
Nesse momento, abre-se a oportunidade de recurso, para
impugnar tanto a classificação quanto a habilitação. A
manifestação da vontade de recorrer deve ser
apresentada na hora, e as razões do recurso podem ser
apresentadas no prazo de 3 dias.
3.6. Adjudicação: Aqui ocorre outra inversão. Enquanto nas
outras modalidades há homologação e depois a
adjudicação, no pregão primeiro ocorre a adjudicação
para depois o certame ser homologado. Na prática a
administração já adjudica e homologa, de forma
concomitante.
Contratos administrativos
3. Formalidades:
a) Depende de procedimento administrativo prévio: Para a formalização
do contrato é necessário que haja um procedimento prévio, que pode ser a
licitação ou a justificação do art. 26 (em caso de dispensa ou
inexigibilidade).
b) Forma escrita: A regra geral é que o contrato administrativo deve ser feito
por escrito. O contrato verbal é nulo e de nenhum efeito. Excepcionalmente,
o contrato administrativo pode ser verbal, nos termos do art. 60 parágrafo
único da 8.666, se for contrato de pronta entrega, de pronto pagamento e
com valor inferior a R$4.000,00.
c) Publicação: Art. 61 parágrafo único. O contrato administrativo deve ser
publicado, mas não é necessário que seja publicado na íntegra. Basta a
publicação do extrato (resumo) do contrato. A publicação é um dever da
administração. A publicação é condição de eficácia do contrato. O contrato
não produzirá efeitos enquanto não for publicado. Sem a publicação, o
contrato é válido, mas não é eficaz. A administração tem o prazo de 20 dias,
contados da assinatura do contrato, para promover a publicação. A
publicação não pode ultrapassar o 5º dia útil do mês seguinte ao da
assinatura.
d) Instrumento de contrato: Art. 62 da lei 8.666. Instrumento de contrato é o
documento que definirá os parâmetros da contratação, suas regras. Em
algumas situações o instrumento é obrigatório, e em outras, é facultativo.
O instrumento de contrato é obrigatório quando o valor do contrato for
correspondente ao da concorrência ou tomada de preços. Ainda que haja
dispensa ou inexigibilidade, o que interessa para fins de aferir a
obrigatoriedade do instrumento, é o valor do contrato. É obrigatório, ainda
que haja contratação direta, o instrumento quando o valor do contrato é o
valor da concorrência ou tomada de preços.
Se o valor for o do convite e o contrato puder ser feito de outra maneira ou
outra forma, o instrumento é facultativo. São necessários os dois requisitos:
valor do convite + possibilidade de fazer de outra forma. Outra forma, nesse
caso, pode ser nota de serviço, nota de empenho, carta-contrato.
Serviços públicos
1. Conceito: Serviço público é uma utilidade ou comodidade material
destinada a satisfação da coletividade como um todo (demanda coletiva),
sendo fruível singularmente, pois cada um utiliza do serviço de uma forma.
Serviço público está sempre relacionado a uma demanda coletiva que o
estado assume como sua obrigação. Só é serviço público se a coletividade
precisar do serviço. Serviço público é dever do estado, mas pode ser
prestado de forma direta, com a própria estrutura do estado, ou de forma
indireta, quando o estado transfere esse serviço para outras pessoas. Isso
não significa dizer que o estado não tem o dever de prestar o serviço. Quem
tem responsabilidade é o estado.
2. Princípios que regem o serviço público: A lei 8.987/95, que disciplina a
concessão de serviço público, em seu art. 6º conceitua o que é um serviço
adequado e estabelece uma série de regras a serem observadas na
prestação do serviço público.
2.1. Princípio da continuidade: O serviço público deve ser prestado de
forma contínua, ininterrupta. O dever do estado de prestar o serviço
deve acontecer sempre, de forma ininterrupta. O art. 6º§3º
estabelece hipóteses nas quais é possível a interrupção do serviço
público sem que isso caracteriza violação ao princípio da
continuidade. É possível a interrupção:
a) Em caso de emergência;
b) Por descumprimento às normas técnicas, desde que haja aviso
prévio;
c) Por inadimplemento do usuário. Mesmo em caso de serviço
essencial, em nome da supremacia do interesse público, é
possível promover o corte. O corte do serviço ao inadimplente é
uma garantia de continuidade para quem paga o serviço, pois
permitir a inadimplência poderia prejudicar a atividade da
prestadora de serviço. Além disso, é preciso observar a isonomia
material, usuário pagador não pode ter o mesmo tratamento do
usuário que não paga, é preciso dar tratamento desigual aos
desiguais. O corte deve ser feito com base da razoabilidade, em
alguns casos não é possível a interrupção do serviço. Ex: se um
hospital deixa de pagar a conta, não é possível promover o corte,
pois isso poderia prejudicar a vida dos pacientes.
2.2. Princípio da segurança: Os serviços públicos devem ser prestados
de forma segura, não podem comprometer a segurança, vida e
integridade das pessoas.
2.3. Princípio da generalidade (universalidade): O serviço deve ser
prestado para todos.
2.4. Princípio da atualização (modernização/adaptabilidade): O
serviço deve ser prestado de acordo com o estado da técnica. Ou
seja, deve ser prestado de acordo com as técnicas mais modernas.
2.5. Princípio da modicidade: O serviço deve ser prestado com tarifas
módicas, as mais baratas possíveis.
2.6. Princípio da cortesia: O serviço deve ser prestado com urbanidade,
com cortesia.
2.7. Princípio da eficiência: O serviço público deve ser prestado com
eficiência.
3. Repartição de competência: A constituição faz uma repartição de
competência dos serviços públicos, que está prevista nos artigos 21, 23, 25
e 30. No entanto, é preciso lembrar que o rol constitucional é meramente
exemplificativo e não esgotam todos os serviços que existem. Essa
competência é distribuída de acordo com o interesse. Se um serviço é de
interesse nacional, que assume sua prestação é a União. Se o interesse é
regional, o serviço é prestado pelo estado e se o interesse é local, deve ser
prestado pelo município. No caso dos serviços que não estão na
constituição, a divisão ocorrerá de acordo com os interesses.
Hipóteses de serviços:
a) Serviços de prestação obrigatória de forma exclusiva: O estado é
obrigado a prestar o serviço e não pode transferir para particulares. Ex:
serviços de segurança nacional. O estado presta o serviço com
exclusividade.
Obs: O serviço postal foi amplamente discutido na ADPF46. A
constituição não fala nada a respeito da delegação nesse caso. Por isso
entendia-se que a prestação era exclusiva do estado. No entanto, quem
presta esse serviço no brasil é a Empresa de Correios e Telégrafos. Em
razão disso, foi realizada uma construção doutrinária e no ordenamento
para permitir isso. Considerou-se que a ECT possui tratamento
diferenciado, de fazenda pública, por prestar um serviço essencial de
forma exclusiva. O Supremo entendeu que o serviço postal oficial
(correspondência pessoal) é de exclusividade da ECT. Fedex, Tam
express e outras empresas só podem entregar cargas maiores, que não
correspondência pessoal. Trata-se de exclusividade e não monopólio
(monopólio é para atividade econômica, enquanto exclusividade se
refere a serviço público).
OBS 2: A dispensa de empregados de empresas públicas que prestam
serviço público deve ser motivada.
b) Serviços de prestação obrigatória que o estado tem obrigação de
transferir: O estado tem que promover a prestação do serviço que deve
ser obrigatoriamente outorgada a um terceiro. Tratam-se dos serviços
de rádio e tv (art. 223 da CF). O estado tem a obrigação de fazer esse
serviço acontecer, mas não pode reter sua prestação, é obrigado a
transferir. O brasil não pode ter apenas TV e rádio públicos, é preciso
ter redes de comunicação privadas, sob pena de haver monopólio na
imprensa. A informação deve ser divulgada de forma imparcial, razão
pela qual o serviço não pode ser prestado exclusivamente pelo estado.
c) Serviço nos quais a titularidade é do estado e do particular: tanto o
estado quanto o particular podem prestar o serviço. O particular, nesse
caso, não presta o serviço em razão da transferência, mas sim porque
a constituição assim permitiu. Não é preciso firmar contrato entre o
estado e particular pois o particular, por disposição constitucional, é
titular do serviço. Não é um caso de delegação, mas de titularidade do
particular conferida pela CF. Ex: Saúde e ensino. O estado presta
serviços de saúde e educação, mas se um particular quiser abrir
instituição de ensino, não precisa de delegação do estado. O estado
controla e fiscaliza a atividade, mas não tem sua titularidade exclusiva.
É diferente do que ocorre no transporte público, serviço no qual a
titularidade é do estado, que transfere a prestação a particular, por
contrato administrativo.
OBS: é em razão de ser serviço público que é possível a impetração de
mandado de segurança em face de diretor de universidade ou de
hospital particulares, pois embora privados, prestam serviços públicos.
Serviços de utilidade pública, secundários/não essenciais (impróprios)
podem ser transferidos.
Características:
Vedações:
Agentes públicos
Intensivo II
Bens púbicos
1. Domínio público
1.1. Domínio público em sentido amplo: É o poder de dominação
ou de regulação que o estado exerce sobre todos os bens, sejam
eles bens públicos, privados ou insuscetíveis de apropriação.
1.2. Domínio público em sentido estrito: São bens que estão a
disposição do povo. Estão destinados à utilização pública, à
coletividade.
2. Conceito de bem público: É um bem que pertence a uma pessoa
jurídica de direito público (entes políticos, autarquias, fundação pública
de direito público). Também seguirão o regime de bens públicos os bens
pertencentes a pessoa privada mas que estão diretamente ligados a
prestação de serviço público. Ideia é dar proteção ao bem para garantir
a continuidade do serviço. Trata-se daquele bem que, se retirado, pode
comprometer a prestação do serviço público. Essa proteção é dada para
pessoa privada que presta serviço público (empresas públicas,
sociedade de economia mista que prestam serviço público). O art. 28
da lei 8987/95 determina que quando essas empresas firmam contratos
de financiamento, não podem dar em garantia bens que comprometam
a prestação do serviço público. Esse artigo se refere as concessionárias
e permissionárias de serviço público. Esse conceito revela a posição
majoritária, defendida por Celso Antônio, Maria Silvia Zanela Dipietro e
pelo STJ.
2.1. Conceito para doutrina minoritária: Para a doutrina minoritária,
entre eles, José dos Santos Carvalho Filho, só é bem público
aquele bem pertencente a pessoa jurídica de direito público. José
dos Santos afasta o regime de bens públicos dos bens
pertencentes a pessoas privadas.
Questão de concurso: Bem de empresa pública é penhorável? Empresa
pública segue o regime privado, e, dessa forma, seus bens não possuem a
proteção dada aos bens públicos. Assim, em regras são penhoráveis. No
entanto, é preciso considerar que as empresas públicas e SEM podem ter duas
finalidades: podem ser prestadoras de serviços públicos ou exploradora de
atividade econômica. Se a empresa explora atividade econômica, o bem é
penhorável. Da mesma forma, se é prestadora de serviço público, em regra,
os bens também são penhoráveis. No entanto, aqueles bens essenciais para
a prestação do serviço, bens sem os quais o serviço não pode ser prestado,
tem a proteção dos bens públicos. Assim, no caso da SEM e EP, só tem a
proteção de bens públicos aqueles bens que estiverem diretamente ligados ao
serviço.
Empresa de correios e telégrafos: É possível penhorar a bicicleta utilizada
na entrega de correspondências? No caso da ECT, trata-se de empresa
pública, mas que tem tratamento de fazenda pública. Isso porque, tem a
exclusividade do serviço postal, o que lhe conferiu tratamento diferenciado.
Essa questão foi discutida na ADPF 46, na qual o Supremo reconheceu que a
ECT tem exclusividade no serviço postal, de forma que merece tratamento
diferenciado, de fazenda pública. Isso significa, dentre outras coisas, a
impenhorabilidade de seus bens, estejam eles ligados ou não ao serviço
público.
Obs: Na ADPF 46 o Supremo esclareceu que quando se trata de serviço
público, dizemos que há “exclusividade”, mas quando há exploração de
atividade econômica, há “monopólio”. Por isso, é incorreto dizer que a ECT tem
o monopólio, eis que por se tratar de serviço público, ela tem exclusividade.
3. Classificação:
3.1. Quanto à titularidade:
a) Bens federais: Art. 20 da CRFB. O artigo 20 trata dos bens
da união. Os bens federais estão listados na CF, mas esse rol
é meramente exemplificativo. Isso significa dizer que é
possível encontrar bens da união que não estão elencados no
art. 20 da CRFB.
b) Bens Estaduais: Art. 26 da CRFB. O rol do art. 26 também é
exemplificativo, de forma que existem outros bens estaduais
além daqueles.
c) Bens Distritais: O DF tem competência somatória, ou seja,
pode o que pode o estado e o município. O que nos demais é
bem do estado, pode ser bem do DF e o que é do município
também pode ser do DF.
d) Bens municipais: Os bens municipais não participam da
partilha constitucional, não estão enumerados na CRFB.
Podem estar listados em lei ordinária ou até na lei orgânica
do município.
PROVA DO TJCE/2014
Súmula 340 do STF: bens públicos não podem ser usucapidos. Imprescritibilidade é
característica dos bens de uso comum do povo/domínio público e dos bens de uso
especial.
Terras devolutas são, normalmente, bens dominicais. Mas, pela preservação
ambiental, poderão não ser bens dominicais.
Bens de Conselhos Federais e Regionais de Fiscalização significam autarquias, cujos
bens são públicos e protegidos da impenhorabilidade, não podendo ser constritos
para pagamentos de dívidas dessas entidades.
Bens de representação diplomáticas de Estados Estrangeiros e de Organismos
Internacionais, conforme previsão do artigo 98 do Código Civil, não são bens públicos.
O artigo 98 diz que são bens públicos “os bens de domínio nacional...”:
Bens de sociedades de economia mista, como Petrobrás, são, em regra, bens privados,
salvo quando diretamente ligados ao serviço público.
MPE – AC – 2014
São bens públicos as florestas, naturais ou plantadas, localizadas nos entes públicos e
nas entidades da administração indireta, excetuadas as que estejam sob o domínio
das sociedades de economia mista. --- assertiva falsa. O “excetuadas” está falso,
servindo para todos da administração indireta. Lei 11.284/06, artigo 5º.
Intervenção na propriedade
Direito de propriedade: Direito de usar, gozar, usufruir, dispor e reaver o bem com
quem quer que ele esteja. Art. 5º XXII e XIII, da Constituição.
Modalidades de intervenção:
Modalidades do tombamento:
“As limitações administrativas são determinações por meio das quais o Estado impõe ao
proprietário obrigações de caráter positivo, que implicam o dever de fazer algo em prol do
interesse público”. A assertiva está errada – por exemplo, a limitação de não poder construir
prédio com mais de 04 andares. A limitação administrativa traz basicamente uma obrigação
de não fazer (não construir, não plantar etc.)
CESPE – AGU
“A norma que limitou a quinze o número de andares dos prédios a serem construídos na
localidade constitui limitação administrativa que, dotada de caráter geral, se distingue das
demais formas de intervenção estatal na propriedade, não caracterizando, via de regra,
situação passível de indenização”. A assertiva é verdadeira. Para o STJ, pode revogar a licença
para construir concedida antes da posterior limitação administrativa. Todavia, a revogação é
a retirada de um ato pela conveniência e oportunidade. Mas a licença é ato vinculado; sendo
ato vinculado, como poderá revogar por falta de conveniência e oportunidade? Embora o STJ
entenda que a revogação é pertinente, a professora não concorda com isso, citando em seu
favor o entendimento de CABM. CABM, aliás, diz que o que seria cabível é a desapropriação,
com a consequente indenização.
a) Requisição pode ser sobre bens móveis, imóveis e serviços. ESSA ERA A LETRA CORRETA
c) a servidão administrativa não enseja a perda da propriedade do bem imóvel pelo particular.
A servidão afeta o caráter exclusivo. Só na desapropriação que perde a propriedade. Servidão
administrativa é forma restritiva de intervenção, e não supressiva, como é o caso da
desapropriação.
Obs: o estado pode desapropriar o imóvel rural para reforma agrária ou o urbano para
cumprimento do plano diretor sem atribuir caráter sancionatório. Isso acontece nos
casos em que não há descumprimento da função social, e a desapropriação é
fundada no interesse social (art. 2º da lei 4132/62). Nesse caso, por não ter caráter
de pena, a indenização pode ser em dinheiro pois é hipótese de desapropriação
comum/ordinária, cujo fundamento é o interesse social na reforma agrária.
b) Fase executiva: A fase executiva inicia-se com o pagamento. A indenização deve ser
prévia, justa e em dinheiro. Feito o pagamento o Estado pode entrar no bem. Havendo
acordo/consenso quanto ao valor haverá uma fase executiva amigável. Se houver
discordância quanto ao valor a ser pago a título de indenização o Estado precisará
resolver a questão na via judicial.
Se há dúvida quanto ao proprietário ou em caso de proprietário desconhecido a
questão também será resolvida judicialmente. São as duas hipóteses de fase
executiva judicial.
Procedimento judicial: A ação de desapropriação é um procedimento especial
(segue a base do procedimento ordinário, mas tem regras próprias), regulado pelo
Decreto-Lei 3365/41.
Fique por dentro: Lei 13.004/2014 – Altera a Lei de Ação Civil Pública (alteração no
art.1º, 4º e 5º da Lei 7.34/85 – Entrou em vigor no dia 24 de agosto de 2014. Ela incluiu
no rol a possibilidade de se proteger o patrimônio público. A orientação da
jurisprudência já era no sentido de que a ação civil pública poderia ser ajuizada pelo
MP para proteger o patrimônio público (Art.129 CF, súmula 329 do STJ). Embora a
súmula e o artigo só se referissem à legitimidade do MP, o entendimento da
jurisprudência era no sentido que os demais legitimados para ajuizar ação civil pública
também poderiam fazê-lo na proteção do patrimônio público. Não havia previsão legal
nesse sentido. Atualmente, o rol foi aumentado e há previsão legal.
Qual o valor base para se calcular o percentual dos juros compensatórios (12%
ao ano)? A base de cálculo, em um primeiro momento (MP 2183), era incidente sobre
a diferença entre o valor apontado na sentença e o valor ofertado pelo Estado. Ex. Se
o Estado ofertou 100 mil, e o Juiz fixou 400 mil, a base de cálculo seria 300 mil.
A base de cálculo, no entanto, não correspondia a todo o prejuízo sofrido pelo
proprietário, pois o proprietário apenas recebia 80% do valor ofertado pelo Estado e
não 100%. No exemplo acima, o proprietário só recebeu 80 mil e, assim, seu prejuízo
foi, na verdade, de 320 mil.
A matéria foi objeto de controle de constitucionalidade pela ADI 2332. O STF entendeu
a regra como constitucional, desde que interpretada conforme a Constituição Federal.
O STF faz a interpretação conforme, segundo a qual os juros compensatórios
incidiriam sobre a diferença entre o valor fixado em sentença e o valor levantado pelo
proprietário. No exemplo, seriam os 320 reais, pois o Juiz fixou 400 mil a título de
indenização e o proprietário só tinha levantado 80 mil (400 mil – 80 mil = 320 mil).
Período de incidência: Os juros compensatórios incidem desde a data da imissão na
posse (data em que o proprietário perdeu o bem e começou a ter prejuízos) até a
expedição do precatório (art. 100, §12, CF com EC 62/2009). Este foi o entendimento
do STJ em sede de recursos repetitivos (REsp.1118103).
Nesse ponto, o art. 100 CF, alterado pela EC 62/09 (emenda do calote). Esta emenda
foi levada ao Supremo e foi objeto de duas ADI´s (4357 e a 4425). Nessas ADI´s
houve a declaração de inconstitucionalidade parcial da emenda. O Supremo está para
decidir a modulação dos efeitos da declaração parcial de inconstitucionalidade e o
art.100, §12º foi declarado inconstitucional em uma parte. No entanto, não foi alterado
o entendimento acima exposto, pois a parte considerada inconstitucional não foi
aquela relativa ao período de incidência dos juros compensatórios. O período de
incidência, assim, continua sendo da imissão na posse até a expedição do precatório.
Resolvido o valor, e expedido o precatório, o que acontece se o Estado atrasar
o pagamento? Atrasado o pagamento, o poder público fica em mora. Os juros
moratórios servem para compensar o atraso no pagamento da indenização (a mora
do Estado). O percentual de juros moratórios é de 6% ao ano. Os juros moratórios
foram definidos no DL em seu art.15B, incluido pela MP 1577 (que atualmente é a MP
2183).
Obs. Para o STJ se o Estado não deu a destinação ao bem ou não fez a tredestinação lícita
terá que devolver o bem, pois é um direito real do proprietário (1ª Corrente). A retrocessão,
portanto, é possível na tredestinação ilícita.
Controle administrativo
1. INTRODUÇÃO E FUNDAMENTO
Hodiernamente, no Brasil e no mundo, o Estado responde por seus atos. Aliás, essa
responsabilidade é mais rigorosa/exigente que a responsabilidade privada. Em razão disso,
possui regras e princípios próprios.
Além disso, o princípio que fundamenta/justifica a responsabilidade civil do Estado por ato
ilícito é o princípio da legalidade. Ele justificará o dever de indenizar a partir de uma conduta
ilícita (exemplo: delegado cumpriu uma ordem de prisão. Depois, agrediu fisicamente o
preso. A agressão é ato ilegal). Por outro lado, tratando-se de uma conduta lícita, é o princípio
da isonomia que fundamenta/justifica a responsabilidade civil do Estado (exemplo: cemitério
construído do lado da minha casa; é ruim pra mim e bom para a cidade. Ou viaduto Minhocão
em SP). Assim:
2. HISTÓRICO
SEGUNDA FASE: nela, o Estado passa a ser sujeito responsável, mas em situações pontuais e
específicas. Posteriormente, a responsabilidade civil do Estado evolui para se respaldar na
Teoria da Responsabilidade Subjetiva, mais ampla que a anterior.
Teoria Subjetiva: passa a ser aplicada desde o CC/16. Nessa fase, o Estado somente respondia
por condutas ilícitas. Nessa linha, são elementos da responsabilidade subjetiva, os quais
devem ser demonstrados pela vítima para ter direito à indenização:
- conduta lesiva;
- dano (se o dano não existe, qualquer indenização seria enriquecimento ilícito);
- nexo causal;
Mas esse conceito evolui da culpa do agente para a culpa do serviço. A culpa do serviço foi
uma teoria criada na França (“faute du service”). Não precisava indicar o agente que teve
culpa e ainda provar essa culpa; bastava à vítima demonstrar que o serviço não foi prestado,
ou foi prestado de forma ineficiente ou de forma atrasada.
“Culpa anônima” é expressão atinente à adoção do conceito de culpa do serviço; é dizer que
não precisa apontar a pessoa culpada, bastando indicar a culpa do serviço. (não tem “nome”)
“Para excluir a responsabilidade subjetiva basta excluir a culpa ou dolo.” É verdadeiro? Sim.
Basta afastar apenas um de seus quatro elementos que se afasta a responsabilidade subjetiva.
Não obstante, a regência da responsabilidade civil do Estado evolui mais uma vez, para passar
a adotar a responsabilidade objetiva do Estado – protegendo mais a vítima de determinada
atuação estatal.
A Teoria Objetiva passou a ser adotada a partir da CF/46. Com essa teoria, o Estado passa a
ser sujeito responsável tanto para as condutas ilícitas como lícitas.
- conduta lesiva;
- nexo causal
Duas teorias foram criadas ou idealizadas: falava-se em teoria do risco integral e teoria do
risco administrativo.
A teoria do risco integral preconiza que não se admite excludentes, não sendo possível excluir
a responsabilidade do Estado.
O Brasil adota, como regra, a teoria do risco administrativo, a qual é excepcionada em casos
específicos pela teoria do risco integral. Tais exceções seriam para material bélico, substâncias
nucleares e dano ambiental, segundo a doutrina majoritária (CABM acha que nunca caberia
o risco integral).
O caso fortuito, a força maior e a culpa exclusiva da vítima são exemplos de fatos que afastam
a responsabilidade objetiva – para a professora, estar-se-ia excluindo a conduta estatal.
[FIQUE POR DENTRO: LC 147/2014. Altera a LC 123/06 (cuida do estatuto das micro e
pequenas empresas). O grande foco dessa nova LC foi a introdução do SUPERSIMPLES,
que tem como objetivo alavancar o desenvolvimento nacional, simplificando e
amenizando as empresas que atuam na informalidade.
- artigos 3º e 5º, que tratam da preferência para micro e epp: não mais “poderá”, mas
“deverá” dar preferência, passando a frente de todas as outras em caso de empate.
Empate é quando houver valor/proposta igual ou com diferença de até 10%. No caso
do pregão, considera-se empatado a empresa que tem o valor igual e não superior a
5% da proposta;
- artigo 43, no §1º: traz flexibilidade para documentação para micro e epp, devendo
comparecer com seus documentos mesmo que não esteja regular no aspecto fiscal.
Declarado o vencedor, a micro ou epp terá o prazo de 05 dias para regularizar seus
documentos. Ou seja, não fica inabilitada e, se declarado vencedora ou com empate,
terá 5 dias úteis para regularizar os seus documentos. Esse prazo é prorrogável por
igual período a critério da Administração;
- artigo 47: dará preferência a micro e epp nos estados e municípios, enquanto não
vier a lei do respectivo ente, ou seja, enquanto não for aprovada a lei do
estado/município, a micro e epp terá a preferência com base na aplicação da lei
federal;
- artigo 48: de “poderá” passa a ser “deverá”. Não é mais faculdade. Facilitou a
subcontratação para a contratação delas e cotas (25%) para epp e micro quando o
objeto for divisível;
Atualmente, a responsabilidade civil extracontratual do Estado está prevista no artigo 37, §6º
da CRFB/88.
3.1. Sujeitos
Pessoa jurídica de direito privado: apenas aquelas prestadoras de serviço público (empresas
públicas, sociedades de economia mista, concessionárias, permissionárias...)
PERGUNTA: o Estado responde pelo dano causado pelos agentes públicos de outra pessoa
jurídica?
Motorista de autarquia, dirigindo carro de autarquia, atropela uma pessoa, e essa pessoa
quer indenização. De quem ela cobrará? A autarquia tem personalidade própria e, portanto,
também patrimônio próprio. Portanto, cobrará a indenização da autarquia, que responderá
por ato de seu agente: por isso se diz que se trata de responsabilidade primária.
Na hipótese de a autarquia não tiver dinheiro, a vítima pode pleitear essa indenização do
Estado? Sim. DICA: sempre que se pensar em responsabilidade civil do Estado, pense que
serviço público é obrigação do Estado; caso transfira ou descentralize ou delegue esse serviço,
continua sendo responsável pela prestação desse serviço. O Estado não pode lavar as mãos.
Portanto, pode pleitear do Estado sim, mas sua responsabilidade nesse caso é subsidiária.
PERGUNTA: a vítima precisa ser usuária do serviço? Motorista do ônibus bateu no carro do
particular. Os passageiros que estavam dentro do ônibus (usuários) se machucaram. Os
passageiros do carro do particular também se machucaram. A concessionária será
responsável nos termos do artigo 37, §6º, independente de as vítimas serem ou não usuárias
do serviço? A posição que prevalece, inclusive por força de repercussão geral, é de que não
importa se a vítima é usuária ou não do serviço prestado pela empresa, sendo aplicado o
artigo 37, §6º indistintamente. A regra é a teoria objetiva, pouco importando se a vítima é ou
não usuária do serviço, apenas que a pessoa jurídica prestadora de serviço público estava
prestando serviço público. É o que constou a partir do tema 130, proferido com base no RE
591.874.
a) Conduta comissiva
Sempre que se tratar de uma ação do Estado, aplicar-se-á a teoria objetiva (responsabilidade
objetiva). Lembrando que na teoria objetiva a responsabilidade se verificará tanto nas
condutas ilícitas como lícitas.
Ou seja, padrão normal + dano evitável: Estado poderá responder. O padrão normal deve
observar sempre o princípio da reserva do possível combinado com o mínimo existencial. Ler
ADPF 45.
PERGUNTA: preso praticou suicídio com os lençóis do presídio. Estado responde? O preso
está sob tutela do Estado – portanto, o suicídio envolve um descumprimento do dever legal.
Mas é necessário mais: o serviço foi prestado dentro de um padrão normal, e o dano era
evitável? Praticado o suicídio com as roupas do colega ou os lençóis, significa que praticaria
o suicídio de qualquer jeito, consistindo em dano inevitável – só se o agente penitenciário
andasse de braços dados com o preso.
E se o preso tiver praticado o suicídio com arma que chegou a ele por meio de um bolo de
visita? Nesse caso, o suicídio poderia ser impedido se a arma não tivesse entrado, e o dano é
evitável, configurando responsabilidade do Estado.
Defeito do semáforo/sinal: estava verde para os dois lados, o que provocou acidente entre
dois automóveis. Nessa hipótese, é preciso considerar: se o Estado cria uma situação de risco
(como também quando coloca presídio no centro de uma cidade, preso foge, mata pessoa e
leva carro), consiste numa ação estatal, e o Estado responderá nos termos da teoria objetiva,
portanto.
E o preso que foge de presídio e a 500 km pratica a mesma conduta, o Estado responderá?
Nesse caso, não há que se falar em risco criado pelo Estado. 500 km quebrou o risco. Mas,
mesmo que não se trate de risco criado pelo Estado, estamos diante de uma omissão estatal
que ensejou descumprimento de dever legal. Se o dano for evitável (agente penitenciário
perdeu chave da cela), responderá pela teoria subjetiva – padrão normal + dano evitável. Mas
se for um dano inevitável, não haverá responsabilidade civil subjetiva do Estado: precisa ter
padrão normal + dano evitável para que responda.
Preso matou outro em presídio. Estado responde? Nesse caso, a jurisprudência reconhece
situação de risco, em razão da notória superlotação de presídios, aplicando-se a teoria
objetiva.
3.3. Dano
Dano jurídico: somente se falará em responsabilidade civil do Estado se existir dano jurídico,
que consiste na lesão a um direito. Se não houver lesão a direito, não haveria que se falar em
responsabilidade.
Mudar museu de local gerará a quebra dos estabelecimentos que se constituíram ao seu
redor. Tais estabelecimentos tinham direito à manutenção do museu naquele local? Não, e
os estabelecimentos sofrerão apenas dano econômico e não jurídico, o que significa que não
gerará responsabilidade civil do Estado.
A responsabilidade civil do Estado exige que haja dano jurídico. Além de jurídico, o dano deve
ser certo. Certo é o dano determinado ou determinável.
- jurídico;
- certo;
Se o Estado for condenado a indenizar a vítima, poderá promover ação regressiva em face de
seu agente. Mas a Constituição determina que o agente só responde se tiver agido com culpa
ou dolo, ou seja, vale a responsabilidade subjetiva na ação regressiva.
A vítima poderia ajuizar a ação diretamente contra o agente? O STF entende que não, dada
a Teoria da Dupla Garantia, que preceitua que a vítima deve cobrar do Estado primeiro para
proteger o agente e segundo para proteger a própria vítima (cobrar do agente significa teoria
subjetiva e cobrar do Estado significa teoria objetiva). É o que restou consignado no RE
228.977.
Sem prejuízo, o agente poderia ser denunciado à lide pelo Estado? A doutrina diz que não,
pois atrasará o processo, pelas diligências adicionais e por trazer a discussão da teoria
subjetiva. No entanto, essa não é a posição que prevalece na jurisprudência, que admite a
denunciação da lide, a qual seria, aliás, aconselhável, por representar economia e celeridade
processual. Mas denunciar à lide é escolha do Estado e, quando o faz, estará assumindo que
o agente é culpado e reconhecendo sua própria responsabilidade. E isso é facultativo ao
Estado, que decide se assumirá ou não. Ademais, se decidir por não denunciar, não
prejudicará que seja proposta ação de regresso posteriormente.
- Responsabilidade civil por morte de preso: tema 592 da Repercussão Geral, aguardando
julgamento.
Notários – SP – 2014
“Há responsabilidade do Estado, ou de quem exerce em seu nome uma função pública,
mesmo diante de atos lícitos, desde que o dano causado não afete indistintamente a toda
sociedade, e sim a uma pessoa ou a um grupo determinável, e que o prejuízo reclamado não
se possa qualificar como razoável pelo convívio em sociedade.” ASSERTIVA CORRETA – temos
aí os conceitos de dano especial e dano anormal.
Improbidade Administrativa
1. Conceito: Designativo técnico para falar de corrupção administrativa, revelando-
se na forma de obtenção de vantagens patrimoniais indevidas às expensas do
erário; pelo exercício nocivo das funções e empregos públicos; pelo “tráfico de
influência” nas esferas da administração pública e pelo favorecimento de poucos
em detrimento dos interesses da sociedade. É aquele administrador que não
segue os princípios da administração pública (LIMPE), e atua sem probidade.
2. Previsão Legal: A Constituição trata do assunto em, ao menos, 4 dispositivos:
Art.14, §9º da CF: Trata de improbidade no período eleitoral e possui caráter
preventivo, pois procura impedir tais atitudes.
Art.15, inc. V da CF: Veda a cassação e autoriza a suspensão de direitos políticos.
É possível suspender (e não cassar) direitos políticos por ato de improbidade.
Art.85, V, CF: Crimes de responsabilidade do Presidente da República, dentre
estes a improbidade. Ato de improbidade do presidente configura crime de
responsabilidade.
Art.37, §4º CF: São medidas de improbidade: sanções de ressarcimento dos
prejuízos, indisponibilidade de bens, suspensão de direitos políticos e perda da
função, além das medidas penais cabíveis.
Por meio dos artigos, percebe-se que, para haver improbidade, é preciso
que haja dinheiro público e interesse público. Em resumo, são sujeitos
passivos de ato de improbidade, segundo o art. 1º da Lei de Improbidade:
a) Administração Direta;
b) Administração Indireta;
c) Territórios;
d) Empresa incorporada ao patrimônio público;
e) Pessoas jurídicas para cuja criação ou custeio o erário haja concorrido
ou concorra com mais de 50% do patrimônio ou receita anual.
§ único: A ação de improbidade, nos casos seguintes, é limitada a
repercussão do ato aos cofres públicos:
a) Pessoa jurídica cuja criação ou custeio o erário haja concorrido ou
concorra com menos de 50% do patrimônio ou da receita anual.
b) Entidade que receba subvenção, benefício ou incentivo, fiscal ou
creditício, de órgão público.
Hipóteses do § único:
- Beneficiárias, que recebem benefícios fiscais, creditícios ou
incentivos.
- Partido Político: Partido político pode sofrer improbidade, uma vez que
pode receber o fundo partidário (dinheiro público).
- Sindicato: Sindicato recebe contribuição sindical, muito embora se
trate de pessoa privada. A contribuição sindical é dinheiro público.
Como beneficiário da parafiscalidade, os sindicatos podem sofrer
improbidade administrativa.
- Conselhos de Classe: Tem natureza de autarquia e estão sujeitos a
improbidade.
- Entes de cooperação: Recebem recursos públicos e, portanto, estão
sujeitas a improbidade. Ex. Sistema “s”, OSCIP, OS, entidade de apoio.
Ação popular x Ação de improbidade: Os objetivos são distintos, mas as entidades são
praticamente as mesmas. Na ação popular (art.11 e 12 da Lei 4717/65) objetiva-se a
anulação do ato + perdas e danos. Na ação de improbidade, por outro lado, tem-se a
aplicação de penalidades/sanções (art.1º da Lei 8492/92).
5.2. Sujeito ativo: Aquele que praticou o ato, que desviou o dinheiro. O autor
do ato vira o réu no processo de improbidade. Por sua vez, o sujeito passivo
do ato (estudado no tópico anterior) é sujeito ativo da ação.
O conceito dado no art.2º da Lei é muito amplo e independe do vinculo jurídico com
a administração. Pode ser, portanto, servidor titular de cargo, emprego, função,
cargo em comissão, etc.
Segundo art.3º, as disposições da lei são aplicáveis, no que couber, àquele que, mesmo
não sendo agente público, induza ou concorra para a prática do ato de improbidade ou
dele se beneficie sob qualquer forma direta ou indireta.
Polêmicas:
Agente político responde por improbidade? A dúvida estava no fato de que os
agentes políticos já respondem por crime de responsabilidade. Muito se
perguntava se a punição por ato de improbidade constituiria bis in idem, pois,
embora constitua ilícito civil, também atinge a seara política. Como os crimes
de responsabilidade atingem a seara política, condena-lo por ato de
improbidade não seria puni-lo duas vezes pelo mesmo ato? Prevalece o
entendimento de que o agente político responde por ato de improbidade na
primeira instância, salvo o presidente da república (art. 85 da CF). O art.85, V
diz expressamente que, para o presidente, a improbidade é crime de
responsabilidade, estando ele fora da Lei 8429/92. Os demais agentes políticos
responderão tanto por improbidade quanto por crime de responsabilidade.
No que tange ao prefeito, por ter lei específica de crime de responsabilidade foi
declarada repercussão geral (Tema 576). O mérito ainda não foi julgado.
5.3. Ato de improbidade: Para ser ato de improbidade, não é necessário que se
trate de ato administrativo. Ex. O servidor que furta materiais da administração
não pratica ato administrativo, mas pratica ato de improbidade.
É necessário dano aos cofres públicos para configurar ato de improbidade? A
hipótese está prevista no art. 21 da Lei 8429/92, que diz que ato de
improbidade independe do dano efetivo ao patrimônio público. Ou seja, o
agente pode ser responsabilidade por simples violação aos princípios da
administração pública. Neste caso, só não há de se falar em ressarcimento ao
erário público, sob pena de enriquecimento ilícito da administração. Serão,
assim, aplicadas sanções de natureza política.
Obs. O ato de improbidade independe da aprovação das contas pelo Tribunal
de Contas, muito embora a rejeição das contas pelo Tribunal seja indicio de
ato de improbidade. No entanto, ainda que as contas do agente tenham sido
aprovadas, pode ser ele responsabilizado por ato de improbidade. Isso ocorre
porque o Tribunal de Contas confere as contas por amostragem (não confere
todas as contas, mas o faz por sorteio).
5.3.1. Modalidades de ato de improbidade: As hipóteses dos art. 9º, 10º e 11º são
exemplificativas. As condutas do caput já são, por si só, atos de improbidade.
a) Atos que importam enriquecimento ilícito (art.9º): Estão previstos os atos
mais graves.
b) Atos que causam lesão ao patrimônio público (art.10º)
c) Atos que causam violação a princípio da administração pública (art.11):
São os atos mais leves que geram sanções menos graves.
Obs. O que define o ato de improbidade é a ação do agente, não
importando o que o terceiro fez. Primeiro deve ser observado se houve
enriquecimento ilícito, em segundo se houve dano e, por fim, se houve
violação aos princípios da administração público. Tenta-se, portanto,
sempre o ato mais grave.
O juiz pode optar por aplicar uma, alguma ou todas as penalidades. Só não pode
aplicar penalidades que não estão previstas nesta lista.
7. Ação de improbidade
7.1. Natureza jurídica: Para a maioria dos autores, a ação de improbidade
administrativa tem natureza de ação civil pública. Essa ação civil pública
pode ou não se precedida de um inquérito civil para a colheita de provas.
7.2. Legitimidade: São legitimados o MP e a pessoa jurídica lesada. O MP
tem presença obrigatória, de forma que se a ação é ajuizada pela
pessoa jurídica lesada, é necessário chamar o MP a lide. Se o MP ajuíza
a ação é obrigatório chamar a pessoa jurídica lesada, que pode ou não
atuar no processo. A pessoa jurídica lesada pode ficar silente. A pessoa
jurídica lesada não pode fazer prova a favor do agente improbo, apenas
contra ele. Ex: prefeito atual, representando a PJ prejudicada ajuda a
fazer provas contra o prefeito anterior, que é réu da ação de
improbidade.
7.3. Vedações: Nas ações de improbidade é vedado acordo, composição e
transação.
7.4. Competência: A competência para processar e julgar a ação de
improbidade é da primeira instância. A lei 10628/02 alterou a lei e
autorizou o foro privilegiado para a ação de improbidade. A ação por
improbidade deveria ser julgada por quem tem a competência para
julgar o crime comum. A matéria foi levada ao STF que entendeu que
se não há previsão constitucional, o legislador ordinário não pode
conceder esse privilégio. Assim, entendeu-se que para a ação de
improbidade administrativa não há foro privilegiado, de forma que
deverá ser feito na primeira instância.
8. Medidas cautelares:
8.1. Afastamento preventivo do agente: O agente pode ser afastado
quando isso for necessário para a investigação. A lei não disciplinou um
prazo para esse afastamento. O afastamento ocorre sem prazo e sem
prejuízo da remuneração. Ou seja, o agente é afastado mas continua
recebendo.
8.2. Indisponibilidade de bens: Tem o condão de evitar a dilapidação do
patrimônio.
8.3. Sequestro
8.4. Investigação e bloqueio de bens e contas bancárias
9. Prescrição:
8.1. Mandato eletivo ou cargo em comissão: O prazo prescricional é de 5
anos a contar da data em que o agente deixa o cargo.
8.2. Demais servidores: O prazo será o mesmo prazo da demissão do
serviço público (estatuto). Na maioria dos estatutos, o prazo é de 5 anos.
mas aqui, é contado do conhecimento do fato.
8.3. Reparação civil: o entendimento atual é que só há prescrição para a
aplicação da penalidade por atos de improbidade administrativa. A
reparação civil é imprescritível, de forma que a qualquer momento o
agente pode ser condenado a reparar os danos. O STF reconheceu a
repercussão geral do tema da imprescritibilidade da reparação civil (RE
669069), mas ainda não julgou o mérito.
Convênios e consórcios
1. Agente público: É todo aquele que exerce função pública, seja de forma
temporária ou permanente, independente do tipo de vínculo. Pode ser por
designação, nomeação, contrato, etc. Pode ser com ou sem remuneração.
Esse é o conceito mais abrangente de agente público.
Categorias:
1.1. Agente político: É aquele que está no comando de cada um dos
poderes. Chefe do legislativo, executivo e judiciário. Também são
agentes políticos os membros do legislativo, magistrados, membros do
MP, ministros do tribunal de contas. ex: prefeitos, governadores,
presidente, secretários de estado. Esses agentes políticos são titulares
de cargos. Os direitos desses agentes políticos estão na constituição e
em leis próprias, como a lei orgânica da magistratura, do MP. esses
agentes seguem o regime jurídico administrativo, mas não se submetem
a lei 8.112, eis que seus direitos estão consagrados na CR e em lei
específica.
1.2. Servidor estatal: Servidor público que atua no estado, seja na
administração direta ou indireta. Os servidores estatais se dividem em
duas categorias:
a) Servidor público: O servidor público é aquele que necessariamente
trabalha em pessoa jurídica de direito público: União, Estados e
municípios ou autarquias e fundações de direito público. O servidor
público está sujeito ao regime jurídico único. Ou seja, naquela ordem
política, todos os servidores devem seguir o mesmo regime. Ou
todos serão estatutários ou todos serão celetistas. No âmbito
federal, foi adotado o regime estatutário (legal) e assim veio a lei
8.112. Antigamente, eram chamados de funcionários públicos, mas
a CR/88 alterou essa denominação e passou a falar em servidor
público titular de cargo e servidor titular de emprego a lei 8.112 é
aplicável apenas aos servidores titulares de cargo, que estão
sujeitos ao regime jurídico administrativo.
b) Servidor de ente governamental de direito privado. O servidor de
ente governamental de direito privado e aquele que trabalha nas EP
e SEM e são titulares de emprego, pelo regime celetista. A lei 8.112
só é aplicável aos titulares de cargo, de forma que não será aplicável
aos servidores de ente governamental de direito privado.
1.3. Particulares em colaboração: É aquele que não perde a qualidade de
particular, mas em um dado momento exerce uma função pública. ex:
jurado, mesário. Não é titular de cargo, é apenas um particular que
coopera com o estado em determinado momento. A lei 811.2 não é
aplicável aos particulares em colaboração. Exemplos: requisitados,
voluntários, pessoas que trabalham em concessionárias e
permissionárias.
4. Formas de deslocamento:
4.1. Remoção: está prevista no art. 36 da lei 8112. É uma forma de
deslocamento no âmbito do mesmo quadro com ou sem mudança de
sede. A remoção pode acontecer por necessidade do serviço ou a
pedido do servidor.
4.2. Redistribuição: Está prevista no art. 37 da lei 8112. Isso ocorre diante
da necessidade de reacomodar os quadros. É o deslocamento que
surge em razão da extinção de um órgão ou de sua redução ou
reorganização. Ex: fecha uma escola rural e o professor é redistribuído
para outra escola. Normalmente essas pessoas são acomodadas de
acordo com a necessidade da administração.
4.3. Substituição: Está prevista nos art. 38 e 39 e é feita por determinação
do chefe. Os servidores investidos em cargos de chefia, direção ou
cargo de natureza especial terão seus substitutos definidos pelo
regimento. Em caso de omissão do regimento, a chefia imediata deve
definir o substituto.
5. Desinvestidura: é a quebra da relação jurídica.
5.1. Desinvestidura pena (demissão): Trata-se de sanção em razão de
falta grave. A demissão é pena, está no art. 132.
5.2. Exoneração: Exoneração não é pena. Pode decorrer da vontade do
servidor de sair. A exoneração pode ocorrer a pedido do servidor ou
quando o servidor toma posse, mas não entra em exercício no prazo de
15 dias. Também pode haver a exoneração do ocupante de cargo em
comissão (exoneração ad nutum). Pode haver exoneração também
quando o servidor for inabilitado no estágio probatório. A exoneração
também pode ocorrer em razão do desempenho ruim na avaliação
periódica. Por fim, há exoneração no caso do art. 169 da CR que trata
do corte de despesas com pessoal.
Após a desinvestidura ocorre a vacância (art. 33 da lei 8112) e o cargo ficará vago.
Regras importantes:
7.7. Concessões:
a) Doação de sangue: 1 dia de folga.
b) Alistamento eleitoral: Pelo período comprovadamente necessário
para alistamento ou recadastramento eleitoral, limitado, em qualquer
caso, a 2 dias (lei 12.998/2014).
c) Casamento: 8 dias de folga.
d) Falecimento: Falecimento do cônjuge, companheiro, madrasta,
padrasto, filhos, enteados, menor sob guarda ou tutela e irmãos. 8
dias de folga.
e) Matrícula em instituição de ensino congênere: Para servidor
estudante que mudar de sede no interesse da administração, em
qualquer época, independentemente de vaga (estende-se ao
cônjuge, companheiro e filhos, enteados e menor sob guarda). Ex:
servidor que mora e estuda na universidade federal em maceió e é
transferido para BH. Nesse caso, será assegurada uma vaga na
UFMG. A vaga é em instituição congênere. Ou seja, se estuda em
particular, terá vaga em outra particular na cidade; se estuda em
federal, terá vaga em outra federal na cidade para a qual foi
transferido.
f) Horário especial: Pode ser concedida nas seguintes situações:
i. Para estudante: com compensação de horário. Pode sair uma
hora mais cedo desde que chegue uma hora mais cedo, por
exemplo.
ii. Para portador de deficiência. Pode trabalhar em horário
especial, sem compensação.
iii. Para servidor que tem cônjuge, filho ou dependente portador
de deficiência física. Nesse caso, deve haver compensação
de horário.
iv. Servidor que desempenha atividade prevista nos incisos I e II
do art. 76-A (servidor que é instrutor ou trabalha em banca
examinadora de concurso)
7.8. Tempo de serviço: art. 102 e art. 103 da lei 8112. Nos casos do art.
102, a apuração do tempo serve para todos os efeitos. A cada 365 dias
conta-se um ano. O art. 103 traz o tempo para aposentadoria e
disponibilidade.
7.9. Direito de petição: É o direito de pedir e de obter resposta. Para fins
de prescrição, o prazo prescricional é a ciência. Ex: para receber uma
gratificação que tenha direito, o prazo se inicia a partir da ciência de que
tinha direito da gratificação.
O prazo é de 5 anos quando o assunto é demissão, cassação ou direitos
patrimoniais e créditos referentes ao trabalho.
Prazo prescricional de 120 dia para qualquer outro direito.
7.10. Seguridade social: Têm-se os direitos do servidor e do dependente do
servidor.
1.1. Processo: É a sucessão formal de atos que são realizados, por determinação
legal, ou em atendimento a princípios sacramentados pela ciência jurídica com
vistas a dar sustentação à edição do ato administrativo. É o conjunto de atos
que levará ao provimento final. Na via judicial o processo resultará em um
provimento jurisdicional (sentença). Na via administrativa, o provimento final é
um ato administrativo. O ato administrativo, portanto, é o resultado de um
processo.
Se o processo tramita pelo TCU e puder atingir o interessado, deve-se dar a ele o direito de
contraditório e ampla defesa. O ato de aposentadoria, reforma e pensão, no entanto, é
complexo, pois precisa de duas manifestações de vontade: uma da administração e outra do
Tribunal de Contas. Mas em se tratando de apenas um ato, não é necessário que haja
contraditório e ampla defesa também no TCU, pois o interessado já teve oportunidade de se
manifestar no âmbito do processo administrativo. O ato, portanto, tem contraditório e ampla
defesa, mas em momento anterior.
A jurisprudência mais recente, entretanto, entende que se o TCU demora mais de 5 anos
para decidir o ato já decidido pela administração tem que conceder novamente o contraditório
e a ampla defesa. Isso acontece em razão da segurança jurídica. Não é razoável que após 5
anos se reconheça a inexistência de um direito antes reconhecido pela administração. Sobre
o tema, há um vídeo no site do LFG chamado “temperando a vinculante nº 3”.
Na repercussão geral de tema 138, mais especificamente no RE 594.296, o STF decidiu que
a anulação de ato administrativo pela administração, com reflexo em interesses individuais,
sem a instauração de procedimento administrativo não é valida. Ou seja, é necessário um
processo administrativo com contraditório e ampla defesa para anular eventual direito
reconhecido em momento anterior.
Fique por dentro: Tema 737 da Repercussão Geral (RE 759.518, Relatoria Gilmar Mendes).
A Constituição do Estado de Alagoas determinava a vinculação dos proventos e pensões de
servidores públicos aposentados que ocupavam cargos efetivos ao cargo de agentes
políticos, mais especificamente de secretários de estado. A equiparação foi dita
inconstitucional. A constituição veda equiparação e vinculação (art.37, XIII da CF). E no caso,
fala-se em vinculação de cargos e carreiras distintas, o que não é admissível.
Continuação princípios:
3.5. Princípio da Celeridade: O art. 5º, LXXVIII da CF, inserido pela EC 45, prevê que
o processo deve durar o prazo razoável, ou seja, o menor tempo possível. As leis
que trazem prazos contribuem para a aplicação do princípio. O que é praticado
fora do prazo concedido na legislação não é razoável.
4. Lei 9.784/99:
Objeto: A lei dispõe sobre normas básicas para o processo administrativo no
âmbito da administração pública Federal Direta e Indireta É uma norma geral
no âmbito federal e que DEVE ser bem estudada para concurso público.
Objetivo: A Lei visa a proteção dos direitos dos administrados e o melhor
cumprimento dos fins da administração (interesse público).
Lei subsidiária: Conforme disposto no art. 69, trata-se de Lei de aplicação
subsidiária. Os processos específicos devem reger-se por leis próprias.
Apenas no silêncio da lei específica que será adotada a Lei 9.784/99. Ex. Se
há um processo administrativo licitatório será aplicada a lei de licitações; se
há um processo de transito, será aplicado o Código de Transito; se há um
processo administrativo sobre tributo, será aplicado o CTN. Apenas se estas
leis não tratarem do assunto a Lei 9.784 será aplicada.
Obs. Dificilmente cai prazo em processo administrativo, pois cada processo
tem seu prazo específico.
5. Processo Administrativo:
5.1. Observações iniciais:
Competência para legislar sobre processo disciplinar: Cada ente da
federação tem competência para legislar sobre PA. Cada ente terá sua lei,
embora muitos até hoje não tenham legislado sobre o tema. Não havendo lei
aplica-se a Lei 9784.
Publicidade: Em regra, os processos administrativos são públicos,
ressalvadas as hipóteses de sigilo na Constituição. Ex. Não há publicidade
quando comprometer a intimidade, vida privada, imagem, segurança do
estado etc.
Cobrança de despesas processuais: Em processo administrativo, não se
cobra despesas processuais, ressalvadas as legais. Em regra, portanto, não
há custas processuais.
Prazos: Contam-se como prazos processuais e estes não se suspendem,
salvo por motivo de força maior. Não se contabiliza o dia do começo, mas é
contabilizado o dia do final. A contagem dos prazos não se inicia e não se finda
em dia não útil. Nesses casos, prorroga-se para o primeiro dia útil seguinte.
Obs. Para direito administrativo é dia útil aquele dia que a repartição funciona.
Não é dia útil sábado, domingo, feriados ou até mesmo dias de ponto
facultativo, pois neles a repartição pública não funciona efetivamente.
Obs. No silêncio da lei quanto aos prazos, aplica-se o prazo de 5 dias para a
manifestação do interessado.
Provas ilícitas: São inadmissíveis provas ilícitas em processo administrativo.
5.2. Atos processuais (forma, lugar e tempo): Os atos do processo não dependem
de forma determinada, salvo quando previsto em lei. Devem realizar-se, no
entanto, em dias úteis, no horário de funcionamento da repartição, só sendo
concluídos depois do horário normal quando o adiamento prejudique o curso
regular do procedimento ou cause dano.
Intimação: O legislador não faz diferença entre intimação, citação ou
notificação. No processo administrativo estes termos se equivalem. É certo
que a intimação deve atender a formalidade da lei, no entanto, nossa
legislação não traz a maneira como devem ser praticada as intimações. Assim,
a intimação pode ser realizada por todas as formas permitidas em lei (correio,
diário oficial, intimação pessoal, etc.).
Em caso de dever formal de comparecimento do interessado, a intimação deve
chegar com 3 dias úteis de antecedência.
O desatendimento da intimação não importa no reconhecimento da verdade
dos fatos, nem a renúncia a direito pelo administrado.