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2 11 d Pan-Am. Symp. Landslides, 2 11d COBRA.E. Rio de J:=.,;c•.·.

Deslizamento de Massa de Solo de Grandes Dimensões, Encosta de


Piraquara

Large Slide ofSoil Mass, Piraquara Slope

J .E.S. Soares
Furnas Centrais Elétricas S.A., Rio de Janeiro, Brasil

C.F. Politano
Universidade Federal do Rio de Janeiro, Brasil

RESUMO: Este trabalho apresenta uma ruptura sucessiva de massa de solo coluvionar, aterro e
solo residual de grandes dimensões (superior a 2.800.000 m3 ) ocorrido em 27 fevereiro de 1985,
em uma encosta da Serra do Mar (costa sudeste do Rio de Janeiro). A principal causa da ruptura
foi a saturação do aterro, associada a elevação do lençol freático dentro da massa de solo
coluvionar/tálus. Os cálculos da estabilidade da encosta, baseados cm levantamentos geológicos e
investigações geotécnicas de campo e de laboratório, anteriores e posteriores a ruptura,
confirmaram a hipótese de ruptura sucessiva.

ABSTRACT: This paper prcsents a sucessive failurc of considerable volume (over 2.800.000m 3 ) in
colluvional, backfill and residual soil mass which occurred in fcbruary 2i1\ 1985 in the "Serra do
Mar•· scarpment (southern coast of Rio de Janeiro state). The major cause of slope failure was the
saturation of backfill, associated to a rise of the water table in the colluvional/talus mantle. The
slope stability analysis, based on geological survey, laboratory and field geotechnical
invcstigations, before and after the failure, corroborated the sucessive failure hypothesis.

!.INTRODUÇÃO torrencial (precipitação pluviométrica de


11,4mm em IOmin), e destruiu um trecho de
Para a construção da rodovia BR-1 OI foi 220111 da rodovia BR 101, interrompendo o
executado um aterro com cerca de 240m de tráfego entre duas cidades do estado do Rio de
comprimento e altura máxima de 26m, num Janeiro (Angra e Parati).
talvegue constituído de massa de solo A ruptura repentina e catastrófica foi ouvida
coluvionar e tálus, sobrejacente ao solo a distância pela vizinhança, por dois enormes
residual. "estrondos" consecutivos, provocados pelo
Este deslizamento, conhecido como deslocamento da 1:,rrandc massa de solo
"deslizamento de Piraquara", envolveu uma (superior a 55.000.000kN), reforçando a
massa de solo coluvionar, aterro e solo residual hipótese de ruptura sucessiva.
de grandes dimensões. Este tipo de ruptura A massa de solo invadiu o mar provocando
sucessiva de massa de solo, por não ser muito uma enorme onda que devastou uma faixa da
comum, não foi considerada e levou a vegetação costeira, com 180m de extensão e
conclusões errôneas da existência de 8m de altura, e acarretou o assoreamento de
deformações severas lentas, sem a 200.000m2 da área marinha.
possibilidade de rupturas catastróficas e As Fotos 1 e 2 apresentam uma vista geral
repentinas. da Encosta de Piraquara antes e após a ruptura.
Este deslizamento aconteceu na noite do dia A principal causa da ruptura foi a saturação
27 de fevereiro de 1985, durante uma chuva do aterro provocada pela infiltração d'água da

475
Foto 1: Encosta de Piraquara antes da ruptura

Foto 2: Deslizamento de Piraquara (dia 27 de fevereiro de 1985)

476
chuva no trecho a montante da BR-101. Esta ao terreno natural (solo coluvionan
infiltração foi ocasionada pela drenagem Na zona virgem, identificada pela vege:.:.;.:.:-
pluvial insuficiente da rodovia, agravada pela tropical, encontrava-se o tálus formado pc:
má localização do bueiro transversal, situado a grandes quantidades, de blocos e matacõ--~
160m do talvegue, como observa-se na Figura (rolados das cotas mais altas), principalmente
1. dentro dos talvcgues, envolvidos por solo
O mapeamento geológico efetuado antes da coluvionar argiloso, sobrejacente ao solo
ruptura global (Figurn 1) dividiu a área da residual.
encosta à jusante da BR-l01 cm duas zonas: A montante da BR-101 existia um pequeno
uma zona modi ri cada, que abrangia o trecho talvcgue natural, formado dentro do solo
entre a estrada (elevação + 107111) e à metade residual jovem de gnaisse (solo saprolito),
da encosta (clcva~·ào J 60m), e uma zona limitado por duas formações rochosas. Este
,·irgem, localizada no trecho da meia encosta talvcgue somente apresentava fluxos d'água
até o mar. nos períodos chuvosos, mantendo-se seco nos
A zona modificada, aiterada da sua situação demais dias, devido ao fato da bacia de
natural pela construção da BR-1 O1, contribuição ser relativamente pequena
caractcri.rnva-se pela existência de uma (77.000nl) e da inclinação do terreno acima
camada de material l,ansporlado pelo homem da BR-101 ser bastante íngreme (33º).
(aterro e bola-fora da conslru '.ào) sobre 1osto

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é • .,,..,.,.,. . ______ ,\;/ 1'niows o~ornA - •.
Figural: Mapeamento geológico

477
1.1. Histórico Na Figura 5 estão desenhadas as
precipitações pluviométricas mensais no
Em meados de fevereiro de 1980, ocorreram as período de janeiro de 1977 a dezembro de
primeiras movimentações na zona modificada 1987. As precipitações pluviométricas
envolvendo o aterro da rodovia, com o registradas nos meses de janeiro e fevereiro de
aparecimento de inúmeras trincas no terreno e 1985 (611mm e 531mm respectivamente), bem
no asfalto, com desnível de até 10cm. como a precipitação anual (2546mm) foram
A causa principal desta movimentação foi a respectivamente bem acima das médias
obstrução do bueiro, ocasionada pelo mensais e da média anual de 1841mm neste
desprendimento de uma pequena capa de solo período.
saprolítico (com 4m de espessura) à montante
da BR-101, que acarretou a infiltração e
saturação do aterro. A precipitação
pluviométrica neste mês foi relativamente
baixa (320mm), o que confirma a obstrução do
bueiro como sendo a causa principal desta
primeira movimentação.
Nas investigações de campo, realizadas
entre 1980 e 1985, foram observados vários
escorregamentos superficiais ao longo do
talude do aterro e do bota-fora da zona
modificada. Também pode-se concluir que as
movimentações da encosta somente ocorreram ASSOREAMDffD
IOOrJ!f»,.t

nas épocas de chuvas, e que os aparecimentos +


de trincas na pavimentação estiveram sempre I
A DA COSTA .,.,/

associadas aos problemas com o sistema de


drenagem pluvial.
''º· .,,.,-------
Figura 2: Levantamento topográfico antes ela
-1.2. Descrição da massa de desli=wnento ruptura.

A Figura 2 apresenta o levantamento


topográfico da encosta antes da ruptura e a
delimitação da área do deslizamento, estimada
em 120.000m 2, sendo 200m de largura no
trecho da estrada, 600m de comprimento e um
desnível de 185m.
Na Figura 3 pode-se verificar a área do mar
assoreada pelo deslizamento e a "língua" de
solo rompido (20.000m2>, que avançou 170m
mar a dentro. Os levantamentos batimétricos,
efetuados antes e após o deslizamento,
possibilitaram a determinação do volume de
solo depositado no fundo do mar (da ordem de
1.000.000m\ o que corresponde a uma
espessura média de solo assoreado da ordem
de 5,0m.
Figura 3: Levantamento batimétrico da área
A Figura 4 mostra a área de deslizamento e
assoreada.
as sondagens mistas executadas antes e após a
ruptura, bem como o sistema de drenagem da
rodovia (canaletas e bueiro) existente antes da
ruptura.

478
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Figura 4: Investigações geotécnicas

Nas Figuras 6 e 7 estão registradas as


precipitações pluviométricas diárias dos meses
de janeiro e fevereiro de 1985, que
antecederam a ruptura sucessiva.
As primeiras trincas na BR-101 foram
observadas no dia 4 de fevereiro, 11 dias após 1m 1/78 1/79 1100 1/81 1/82 1/83 1/84 1/85 1186 1/87
Mês/Ano
as chuvas intensl).s dos dias 23 e 24 de janeiro ,
que somadas atingiram a precipitação
pluviométrica de 258mm. A ruptura sucessiva 1977 J'l7tl 197'1 1980 1981 1982 198.1 1984 19115 1986 1987
1537 US6 1801 1149 1878 1962 U1S IJOS 2546 2174 1661
ocorreu no dia 27 de fevereiro, 22 dias após o
surgimento das primeiras trincas na BR-101. Figura 5: Precipitações pluviométricas

dia 27 - 11,4 mn'IOnin RL'J'llr.l


''140 ! "as23e24-258mn 128,5mnj
120
! 100 f
i lotai nrrual =531 nn,
I
~
'Ô- 80

i 00
IOOll m:m,J =611 nm
aoolirraJlo da pi.sta
Primms trincas e
li! 40
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o o ~TTTT T>

1 4 7 10 13 16 19 22 25 28 .31 1 3 5 7 9 111315171921 Z32527


.JAN]R() 1985 l'EVElmRIJ 1985

Figura 6: Precipitação diária de janeiro de 1985 Figura 7: Precipitação diária de fevereiro de 1985
Na Figura 8 está apresentada o perfil Após a ruptura foram executadas mais 8
geotécnico longitudinal da encosta, com a sondagens mistas para a elaboração do projeto
topografia antes da ruptura. Pode-se observar de um viaduto (Figura 4).
que a espessura máxima da massa de solo Para definir as características gcotécnicas do
rompida era de 55m no trecho da BR-101. aterro, do solo coluvionar e do solo residual
A sondagem mista SM-3 executada no leito foram executados ensaios de caracterização e
do aterro, que terminou com 44,5m sem atingir de cisalhamento cm amostras indeformados,
o critério de impenetrável à percussão, revelou retiradas de poços de inspeção, e cm amostras
a existência de uma camada de aterro com semi-deformadas tipo Denison ..
26m de espessura ( com SPT- 6, praticamente
constante com a profundidade), uma camada 1.4. Litologia e fü·truluras Geológicas
de colúvio com 12m (SPT médio de 17) e solo
residual jovem, muito compacto, com O mapeamento geológico definiu que as
espessura superior a 6,5m (com SPT de 28 a litologias predominantes nesta encosta são o
48 crescente com a profundidade). Com a granito e o gnaisse. O granito em geral não
topografia executada após a ruptura, pode-se possui foliação e o gnaissc apresenta direção
concluir que a espessura deste solo residual, predominante de N50º-60ºW mergulhando 70º-
sob o aterro, era da ordem de 20m. 80ºN. As juntas de alívio de tensão ou
Entre os deslizamentos de encostas de solos dcsplacamcnto estão sempre presentes neste
coluvionarcs com registro de documentação tipo de rocha e ocorrem paralelas à superfície
técnica (Tabela 1), o deslizamento de topográfica.
Piraquara foi o que envolveu maior volume de Secundariamente ocorrem o diorito e o
solo (superior a 2,8 milhões de metros diabásio sob a forma de veios, diques e corpos
cúbicos). A causa principal foi a saturação do intrusivos, diagonalmente a encosta.
aterro, devido a drenagem insuficiente da BR
101, e a elevação do lençol freático dentro da 1.5. Solos
massa de solo coluvionar, num período de
intensa precipitação pluviométrica. Os solos que caracterizam a encosta de
Piraquara são comuns na região e podem ser
1.3. lnvestigaçfh's geotéc11icas divididos cm: solos residuais, solos
coluvionarcs e tálus.
Antes da ruptura da encosta foram executadas Os solos residuais são provenientes da
19 sondagens mistas, sendo 8 ao longo do decomposição química das rochas locais. Na
aterro para o projeto de uma obra de camada superior ocorre o solo residual maduro
contenção, e 11 na parte inferior (zona virgem) (argilo-siltoso ), sobrejacente ao solo residual
para definição das características geotécnicas jovem (silte argiloso ou arenoso), ambos
da massa de solo coluvionar. sobrepostos a rocha alterada.

Tabela 1: Geometria das massas de solo coluvionares


Com1,ri- Largura E!111cssura Angulo Volume Cau!ms do
Local Referência Alll1ra(m) mcnlo(n,) Média(n,) Média(ml Médio Anro,. Cm'l drilizamento
llsma Cuhatão (SI') Tcr,aglu (194 7) 120 250 150 20 261' 5(10(100 Escavação no
Vargas (1 %6) pé Jn encosta

Cota 95, Via Anch1c1a Vargas (1900) 65 230 3(1 15" E5cavação no
(SP) r,é da t.'"11cosla
Rua Comendador llcmc(l%9) 80 320 20 17"
Marlmclh (R.T)
Angra dos Reis (RJ) Sandroni ( 1982) 90 JJO 120 20 !(,º 800.000 l'sca\'açilono
pé da encoi;;ta
Morro úos Urubus Moreira (1974) 50 220 120 17 17" 450000
(IU)
Fnhurgo (RJ) não publicada 80 300 100 8 16" 250000 Intensa
Precipitação
Puaquara ( RJ ) 185 600 200 40 J Iº > 2.800.000 Intensa
Prccipilaçiio

480
LEGENDA
~ BOTAFORJ.

E3 ATERRO ~
0
~ SOLO COLUVIONAR a:
~ ISO
~ SOLO RESIDUAL

~ SOLO SEOIIIE!IT,U

SUPERFÍCIE ROCHA EXPOSTA


/ APÓS RUPTURA ( LEVAIITAWENTO
TOPOGRAFICO)

-
t N • QOLPES / 30 CII
(INOICE OE RESISTtHCIA A ~ENETRAÇ10 MEDIA)

IP• IIIPEHETRÁVEl. A PERCUSSÃO

TS - TiRWINO DA SCNOAQElll S/ .!.TINGIR IP


100

PRC<i-SONOAGEM PROJETA DA

l!O

"o..
....,
o

400 300 200 100 o

Figura 8: Corte longitudinal da Encosta de Piraquara


O solo coluvionar ocorre, devido à ação da Estes blocos são ongmanos das placas
gravidade, sobre o solo residual Illaduro rochosas que se desprenderam do maciço em
carreando-o e depositando-o a pequenas cotas altas e, por ação da gravidade, se
distâncias, sendo dificil a distinção exata no localizaram na meia à baixa encosta, às vezes
campo, pois a semelhança entre eles é notável. envolvidos pelo solo coluvionar. Com atuação
O aspecto "poroso" e o local de deposição, dos processos fisicos e químicos do
quase sempre no sopé e a meia encosta, são as intemperismo, e da oscilação da temperatura,
características fisicas principais do solo as arestas das placas foram abatidas, fonnando
coluvionar. o arredondamento dos blocos.
O tálus é considerado como um caso Outro tipo de matacão é o que se origina "in
específico do solo coluvionar, havendo uma situ", estando localizado, quase sempre, no
diferença básica, nas suas composições, onde o interior do solo residual jovem, e foram
tálus aparece com blocos e matacões, às vezes encontrados em sondagens executadas na área.
misturado a um solo silto-arenoso, sendo sua
localização quase sempre no sopé e nos 1. 7. Bota-fora
talvegues das encostas. O tálus somente foi
encontrado na zona virgem. O bota-fora, com espessura média de 4m, é
Para a implantação da BR-101 foi executado fom1ado por material silto arenoso,
sobre o talvegue da encosta natural um aterro envolvendo muitos matacões e blocos rochosos
de grande altura (26m) com material angulosos (provenientes dos cortes em rocha
proveniente da terraplenagem dos trechos de durante a construção da BR-101), lançados
cortes adjacentes em solo residual. Este aterro sobre o talude de jusante do aterro, sem
por apresentar as mesmas características nenhuma compactação, permanecendo em
físicas do solo residual foi identificado nas estado fofo.
sondagens como "aterro ou colúvio". A metade
da encosta situada a jusante da rodovia, 1.8. ffidrogeologia
encontra-se recoberta por uma camada espessa
de material transportado ( bota-fora e aterro) A área da encosta à jusante da BR-101 sofreu
sobreposto ao solo coluvionar e residual. alterações na sua configuração original com a
Na parte à montante da BR-101, a execução do aterro e o lançamento de material
inclinação bem íngreme do terreno natural de bota-fora. A obstrução dos talvegues da
(33º) propiciou a formação de um solo residual drenagem natural, provocou a elevação do
jovem de menor espessura assente diretamente lençol freático, aumentando as pressões
sobre a rocha sã com inclinação da ordem de neutras e diminuindo a resistência ao
41º. A sondagem SPR-5, típica deste trecho, cisalhamento no solo coluvionar/tálus. Esta
apresenta uma camada de solo residual jovem obstrução, associada com a saturação do
(solo saprolítico), com uma espessura de 18m, aterro, provocou o deslizamento profundo
e uma resistência a penetração muito elevada ocorrido em fevereiro de 1985.
(SPT > 40 golpes/30cm>>40). Nesta sondagem
não foi encontrado solo residual maduro e 1.9. Hnsaios de laboratórios
colúvio.
As investigações geotécnicas de laboratório
1.6. Blocos e AfatactJes compreenderam ensaios de caracterização,
cisalhamento direto convencional e triaxial
Na encosta de Piraquara existia, antes da drenado saturado com contra pressão,
ruptura, uma quantidade apreciável de blocos efetuados em 1982 e 1992.
de rocha (até 25m de diâmetro) e matacões na Na Tabela 2 estão apresentados os valores
superficie do terreno, nas elevações mais das envoltórias de ruptura obtidos nos ensaios
baixas, principalmente na antiga praia (Figura de resistência ao cisalhamento.
l)

482
Nos ensaios de cisalhamento direto pode-se surgiram na metade da pista de rolan:e::~
observar uma redução acentuada na ao longo do corpo estradal;
resistência, quando o material passa do estado • a extremidade inferior definida pelas trincas
natural para o saturado. na pavimentação da estrada de acesso a
praia e pelas fendas no terrenos;
Tabela 2: Resultados dos ensaios de resistência Nos levantamentos de campo efetuadas nos
SOLO ENSAIO r.,(kN/mj r(kPa) •ri
aterro (B) eis. direto 17,6 51 29 meses de janeiro e fevereiro de 1985,
aterro (B) eis. direto 17,4 50 34 observou-se surgências ("minas") de água
ah..-rro (lll eis. direto 17,3 70 27
colu\i.onar (l3) eis. direto 18,4 10 32,5 próximas a El. +60m e existência de .águas
coluvtonar (B) eis. direto 18,3 59 33 superficiais percolando entre os matacões do
coluvmnar (R) CIS. direto 18,3 o 36
coluvionar (13) eis. direto 18,3 (19,6) (22) o (39) 41 material de bota-fora, o que indica que o nível
colu,ionar (T3) tria,ialCD 18,2 o 38 do lençol freático estava bem próximo a
aterro \Dl eis. direto • 18,2 [19,9) (38) 23 (39) 30
alCITO (D) eis. direto • 18,3 [19,9) (57) 30 (38) 33 superficie do terreno.
residual (D) eis. direto • 20,0 (20,5] (81) 33 (38) 38 Cabe salientar que, no levantamento
residual (D) eis. direto • 18,8 (19,7) (98) 13 (48) 37
colu'wionar (Dl eis. direto • 16,2 (18,3) (35) 10 (38) 34 geológico efetuado uma semana antes da
coluvionar (Dl eis. direto • 16,5 [18,9) (50) 19 (38) 34 ruptura não foram encontradas trincas ou
residual (O) •eis. direto • 15,2 [18,41 (10) 8 (43) 43
(B): amostra de bloco mdeforrnávcl (D): amostra de Dcnison
fendas no trecho à montante da BR-101 (até a
•: ensaios executados cm 1982. El.+200m) nem no trecho abaixo da El. +30m.
obs.: os parâmetros de resistência e e +entre parênteses correspondem No dia anterior a ruptura o tráfego estava
aos ensaios em amostras naturais (não cmbebidos),e os valores de y
entre colchetes correspondem ao 'Ysai- sendo feito por um desvio mais a montante,
As amoslras de solo residual foram rct1radas d:ls camad:is sur,eficiais
com 12<SPT<28.
porque metade da pista tinha sofrido um
abatimento de 0,60m. Os dados acima
reforçam a hipótese de ruptura sucessiva.
2. RESULTADOS A segunda ruptura, do tipo planar, ocorreu
ao longo do contato solo saprolítico/rocha sã
A retroanálise foi realizada através do deixando a rocha completamente exposta,
programa SLOPE-W, utilizando-se os métodos revelando a esfoliação esferoidal e
de cálculo de estabilidade de taludes de Janbu descascamento superficial.
e Bishop simplificado. A superficie de deslizamento foi
Para o cálculo da estabilidade dos taludes determinada pelo levantamento topográfico
foram --dotados os parâmetros de resistência ao efetuado após a ruptura que definiu com
cisalhamento apresentados na Tabela 3 precisão a inclinação da rocha (41 ° com a
horizontal) e seus limites.
Tabela 3: Parâmetros utilizado!; nas análises O objetivo da retroanálise da primeira
Solo v..,(kNlm'l e (kPa) d,/°l
aterro 19,9 50 34 ruptura foi definir o nível do lençol freático
colu"ionar 18,4 30 36 que correspondesse ao fator de segurança
sanrolilico 20,1 20 45
obs.: para o solo residual Jovem (solo saprolít1co), muito compacto
unitário.
(SPf>>40), foram infendos parümetros de resistência, baseados cm Na Figura 9 estão apresentadas de forma
experiências locais ..
simplificada as superficies de deslizamento das
Para a análise da ruptura sucessiva adotou- duas rupturas e as posições do nível d' água
se duas superfícies de deslizamento distintas, utilizadas nos cálculos de estabilidade
bem definidas pelos mapeamentos geológicos Na Tabela 4 estão resumidos os resultados
efetuados antes e' após a ruptura. das retroanálises efetuadas.
A primeira ruptura ocorreu basicamente Tbl4Rt
a ea e roanaT1se das rup1turas sucessivas
dentro da massa de solo coluvionar/tálus e Posição do NA Fatores de se!!Uranca Observacão
aterro. A superficie de deslizamento foi muito 1 0,.999 -1" ruolura
2 1,131 lª ruplura
bem identificada pelo mapeamento de campo,
3 1,229 1• ruptura
conforme descrito abaixo: 4 1,387 1• ruptura
• a extremidade superior limitada pelas 5· 1,427 1• ruptura
fendas de tração (da ordem de 30 cm) que 6 1,066 2• ruotura
obs.: As posições dos NA estão indicadas na Figura 9

483
EL.la5
----1'...._
LEGENDA
POSIÇÕES 00 NA.

---·- PRIM~IRA SU?ERFICIE OE RUPTUnA

-··-·· - SEGUNDA SUPERFICIE DE RUPTURA

~ I SUPERFr°CIE ROCHA EXFOSTA A?Ós

,~·ai~
~. '
,
PROVAVEL SUPERFICIE DA ROCHA

ESTRADA
i

Figura 9: Perfil simplificado adolado nas análises de eslabilidade

3. CONCLUSÕES A faixa de valores de rcsislência ao


cisalhamcnto obtida acima pode ser
Podemos concluir que a retroanálise da 1ª considerada conservativa para cálculo de
ruptura está adequadamente correta, visto que ruptura no contato solo saprolítico de
a posição (1) do NA, referente ao fator de gnaissc/rocha matriz.
segurança unitário, está próxima da superficie
do terreno, coincidindo portanto com as
observações de campo efetuadas nas chuvas 4. AGRADECIMENTOS
intensas de fevereiro de 1985.
Pode-se verificar que a elevação do nível Os autores agradecem à Furnas Centrais
d'água de aproximadamente 6,00m acarretou Elétricas S.A., pela permissão da divulgação
uma redução de 19% no fator de segurança. deste trabalho, e ao estagiário Marcelo 8.
No cálculo da estabilidade da segunda Coelho pelo apoio dado.
ruptura foram considerados os parâmetros de
resistência do contato solo saprolítico/rocha sã
e o nível d'água próximo ao topo da segunda 5. REFERÜNCIAS
massa de deslizamento (que corresponde a
superficie de deslizamento da primeira ruptura). Lacerda, W. A. (1966). Discussão sobre
Tendo em vista que os parâmetros de Movimentos de Taludes. 3!! COO!,>Tesso
resistência predominantes na segunda ruptura Brasileiro de Mecânica dos Solos, MG,
são o do contato solo saprolítico/rocha sã, e volume 3.
que os mesmos foram inferidos, efcluou-se uma Lacerda, W.A. (1985). Movimentos de Massas
análise da variação dcsles parâmelros Coluviais. Mesa Redonda de Aspectos
correspondentes ao fator de segurança unitário, Geotécnicos de Encostas, RJ.
cujos resultados apresenta-se na Tabela 5. Rodrigues, R. ( 1994). Parâmetros Geotécnicos
e Características Geológicas das Massas
Tabela 5: Resistência ao cisalhamento contato Coluviais nas Encostas da Serra do Mar. X
1 sa)rol'f
soo 11co/roc ha COBRAMSEF, Foz do lguaçu.
c(kPa) • (º) I•'S Vargas, M. ( 1966). Estabilização de Taludes
10,5 47,5 1,000
14,5 46,5 1,001 em Encosta de Gnaisse Decompostos. J!!
20 45 0,999 Congresso Brasileiro de Mecânica dos
25 43,5 1,001
Solos, MG, volume 1.

484

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