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UNIVERSIDADE ESTADUAL DE MARINGÁ


CENTRO DE TECNOLOGIA
DEPARTAMENTO DE ARQUITETURA E URBANISMO

PLANO DE MOBILIDADE URBANA DO AGLOMERADO PAIÇANDU-MARINGÁ-SARANDI

JEANNE CHRISTINE VERSARI FERREIRA

MARINGÁ
2014

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UNIVERSIDADE ESTADUAL DE MARINGÁ
CENTRO DE TECNOLOGIA
DEPARTAMENTO DE ARQUITETURA E URBANISMO

PLANO DE MOBILIDADE URBANA DO AGLOMERADO PAIÇANDU-MARINGÁ-SARANDI

Trabalho de conclusão de curso apresentado


ao Departamento de Arquitetura e Urbanismo
da Universidade Estadual de Maringá
Orientador: Aníbal Verri Junior
Coordenadora: Tânia Nunes Galvão Verri

JEANNE CHRISTINE VERSARI FERREIRA

MARINGÁ
2014

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DEDICATÓRIA

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À minha família e aos amigos.

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AGRADECIMENTOS !
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! Agradeço à Deus, aos meus pais Maria Inês e Gilberto, ao meu
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irmão João Victor, ao meu noivo Vítor, ao orientador Aníbal, à
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! coordenadora Tânia e aos queridos amigos pelo imenso apoio.
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! A essência da cidade é a conexão, sem conexão não temos
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cidade. E a palavra-chave para a integração é mobilidade. Ou
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! seja, precisamos de projetos que proporcionem acesso amplo
! e democrático ao espaço urbano, através da priorização do
! transporte coletivo. Isso é indiscutível. [...]
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! VIGLIECCA, 2014.
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SUMÁRIO
1 INTRODUÇÃO ................................................................................ 7! 4 REFERÊNCIAS PROJETUAIS ................................................... 63!
4.1 Estratégias de mobilidade e estruturação da paisagem ..... 64!
2 CONTEXTUALIZAÇÃO DO OBJETO DE ESTUDO: O
4.1.1 O caso de Curitiba-PR – Brasil .......................................... 64!
AGLOMERADO ............................................................................... 11! 4.1.2 O caso de Bogotá – Colômbia ........................................... 76!
2.1 A mobilidade na estruturação do território .......................... 13! 4.1.3 O caso de Bologna – Itália ................................................. 89!
2.2 A expansão urbana e as problemáticas da mobilidade no 5 O TRAÇADO DO PLANO DE MOBILIDADE URBANA ......... 96!
aglomerado ................................................................................... 17!
5.1 Estratégias de transformação urbana .................................. 98!
2.3 Iniciativas de planejamento da mobilidade: Leis de 5.1.1 Diretrizes gerais ................................................................. 98!
Diretrizes Viárias ........................................................................... 22! 5.1.2 Macrozoneamento ........................................................... 100!
2.3.1 Plano de Diretrizes Viárias de 1979 – Maringá .................. 22! 5.1.3 Hipótese de estruturação da paisagem .......................... 103!
2.3.2 Plano de Diretrizes Viárias de 1999 – Maringá .................. 23! 5.1.4 Parâmetros urbanísticos gerais ....................................... 105!
2.3.3 Plano de Diretrizes Viárias de 2011 – Maringá .................. 24! 5.2 Eixos de Estruturação da Transformação Urbana ............ 106!
2.3.4 Plano Viário de Paiçandu, 2007 de Sarandi, 2009 ............ 26! 5.2.1 A rede de transporte coletivo........................................... 106!
2.4 O contexto atual da mobilidade urbana no aglomerado..... 26! 5.2.2 A rede de transporte cicloviário ....................................... 111!
2.4.1 Dados das condições de deslocamento ........................... 26! 5.2.3 A rede integrada de transportes ...................................... 114!
2.4.2 O transporte coletivo.......................................................... 31! 5.2.4 Os perfis viários ............................................................... 116!
2.4.3 A estrutura cicloviária ........................................................ 36! 5.3. Parâmetros específicos de paisagem ................................ 120!
2.4.4 Projetos de mobilidade atuais ........................................... 37! 5.3.1 Raios e distâncias de influência dos corredores
2.4.5 Síntese ............................................................................... 49! e terminais ................................................................................. 120!
5.3.2 Parâmetros urbanísticos específicos das áreas de
3 A MOBILIDADE NO PLANEJAMENTO URBANO:
influência dos corredores e terminais ....................................... 122!
DIRETRIZES PARA O O AGLOMERADO ................................. 51!
3.1 A mobilidade urbana, a gestão e o planejamento
6 CONSIDERAÇÕES FINAIS ..................................................... 134!
sustentável do mundo ao Brasil .................................................. 52! REFERÊNCIAS ............................................................................. 136!
3.2 Regulamentação do Plano de Mobilidade Urbana .............. 55!
MAPAS ANEXOS .......................................................................... 142!
3.3 A expansão urbana e as problemáticas de mobilidade ...... 57!
3.4 A mobilidade e o uso do solo no planejamento ................... 59!
3.5 Mobilidade, acessibilidade e localizações urbanas ............ 60!

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1 INTRODUÇÃO

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O planejamento da mobilidade urbana e do transporte público deslocamentos a pé e por bicicleta, de acordo com a
legislação vigente.
tem papel fundamental no desenvolvimento das cidades. Nesse
§ 3o O Plano de Mobilidade Urbana deverá ser integrado
sentido, o planejamento urbano deve estar fortemente ligado à ao plano diretor municipal, existente ou em elaboração, no
um plano de mobilidade intra-urbana e regional. A integração prazo máximo de 3 (três) anos da vigência desta Lei.
§ 4o Os Municípios que não tenham elaborado o Plano de
dessas ações de planejamento permite o controle das Mobilidade Urbana na data de promulgação desta Lei
atividades de uso e ocupação do solo, da expansão e do terão o prazo máximo de 3 (três) anos de sua vigência
para elaborá-lo. Findo o prazo, ficam impedidos de
adensamento urbanos. A ausência de integração entre o receber recursos orçamentários federais destinados à
transporte público e o ordenamento territorial pode causar mobilidade urbana até que atendam à exigência desta
Lei. (BRASIL, 2012)
impactos diretos no desenvolvimento das cidades.
A pauta atual no Brasil propõe a discussão da acessibilidade A partir desses regulamentos contidos na Lei de Mobilidade
da população ao transporte público e a qualidade desse Urbana, destaca-se que não há um Plano de Mobilidade
serviço. A sociedade se manifesta e luta por melhores Urbana – PMU previsto em leis dos Planos Diretores das
condições de mobilidade, dessa forma, é importante discutir cidades envolvidas no aglomerado de Paiçandu-Maringá-
essas questões no contexto urbano atual. Sarandi, os quais contemplem uma conexão dos diversos
projetos relacionados à mobilidade já existentes nesses
Com vista à importância do papel da mobilidade urbana no
municípios.
ordenamento territorial, o Governo Federal a regulamentou pela
Lei nº 12.587 – Lei da Mobilidade Urbana, em 3 de janeiro de O aglomerado citado, constituído de cidades interdependentes
2012. Entre os pontos aprovados, aponta o seu vigésimo quarto entre si, encontra-se na atualidade com diversas problemáticas
artigo (24o): relacionadas à conurbação e à mobilidade urbana. Todavia, os
§ 1o Em Municípios acima de 20.000 (vinte mil) habitantes
projetos de mobilidade propostos principalmente para o polo,
e em todos os demais obrigados, na forma da lei, à Maringá, não contemplam a integração com as cidades
elaboração do plano diretor, deverá ser elaborado o Plano
de Mobilidade Urbana, integrado e compatível com os adjacentes, além de serem projetados de maneira isolada, não
respectivos planos diretores ou neles inserido. conectados e descontínuos na malha urbana. Nesse sentido,
§ 2o Nos Municípios sem sistema de transporte público faz-se necessário um Plano de Mobilidade Urbana que
coletivo ou individual, o Plano de Mobilidade Urbana
deverá ter o foco no transporte não motorizado e no contemple as intervenções já realizadas e as novas propostas
planejamento da infraestrutura urbana destinada aos

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com ideias conectadas que possibilitem a criação de políticas 1) Pesquisa bibliográfica;
de mobilidade integradas entre as cidades. 2) Pesquisa legislativa;
O presente trabalho propõe portanto a abordagem da 3) Seleção e análise de correlatos;
mobilidade urbana no planejamento do aglomerado Paiçandu- 4) Pesquisa de dados primários e secundários existentes;
Maringá-Sarandi. O principal objetivo é desenhar um Plano de 5) Identificação e análise prévia de dados;
Mobilidade Urbana que proponha a transformação da 6) Pesquisas e levantamentos não encontrados;
paisagem existente, incluindo o sistema de transporte coletivo e 7) Diagnóstico e prognóstico;
cicloviário integrados na aglomeração. Busca-se ainda resgatar
8) Concepção das propostas: proposição da estratégia e
a memória da linha férrea como eixo de transporte de massas, macrozoneamento para o Plano de Mobilidade Urbana para
o aglomerado Paiçandu-Maringá-Sarandi e definição de
possibilitando sua integração com os modais ônibus e bicicleta. pontos estratégicos para implantação de terminais de
A partir desse ponto focal, os objetivos específicos são: propor integração; Esboços das linhas de transportes coletivo e
cicloviário e propostas de estruturação da paisagem do
uma rede de transporte coletivo e cicloviário legível para a aglomerado;
utilização dos cidadãos; propor parâmetros de paisagem; 9) Detalhamento: proposição das redes de transporte
estabelecer locais estratégicos para possíveis terminais e coletivo e cicloviário do Plano de Mobilidade Urbana com o
desenho dos perfis e plantas das diretrizes viárias; Revisão
estações de integração entre os modais e, por fim, locais de dos instrumentos urbanísticos para implantação das
propostas de paisagem;
intervenções urbanas para melhorias na mobilidade.
10) Formatação final do trabalho.
A proposta de um PMU, apesar de ter como foco principal o
transporte coletivo e cicloviário, deverá traçar diretrizes para a
mobilidade dos modais em geral, incluindo os modais
A partir da terceira etapa, a conduta foi definida de acordo com
automobilísticos, os de carga e os modais individuais não
o método apontado pela Associação Nacional dos Transportes
motorizados, a pé. A proposição do plano trará contribuições à
- ANTP no Curso de Gestão da Mobilidade Urbana, realizado
organização dos fluxos das cidades e às populações locais e
pela autora entre os meses de janeiro à março de 2014.
regionais, as quais exercitarão diretamente os impactos de um
novo sistema coletivo de modais de transporte interligados. A estrutura da monografia compreende seis capítulos,
iniciando-se com a introdução e encerrando-se com as
O desenvolvimento do trabalho foi dividido nas seguintes
considerações finais e mapas anexos.
etapas metodológicas:
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No segundo capítulo é estudada a configuração do aglomerado corredores e dos terminais, além dos parâmetros de ocupação
Paiçandu-Maringá-Sarandi, demonstrando as influências dos gerais e específicos dessas áreas.
conceitos de mobilidade do sistema viário no plano inicial das Registra-se que o tema escolhido propõe uma vinculação à
três cidades, assim como na expansão urbana, nas leis de pesquisa realizada no curso de Arquitetura e Urbanismo na
diretrizes viárias e no contexto atual do aglomerado. Serão UEM, financiada pelo CNPq durante o período de três anos e
apontados também, nessa seção, os projetos de mobilidade orientada pela Profa. Dra. Fabíola Castelo de Souza Cordovil, de
atuais nessa região apontada. 2011 a 2014. A pesquisa estudou as transformações da área
O terceiro capítulo propõe a abordagem de questões e fatores central de Maringá e suas relações com a linha férrea. Além
que interferem no planejamento da mobilidade a partir de disso, tem-se um resgate das discussões realizadas na
algumas referências escolhidas, buscando uma vinculação disciplina de Urbanismo III do quarto ano que abordou as
com as problemáticas do objeto de estudo para a confecção configurações do espaço intra-urbano no aglomerado
da proposta do PMU. Paiçandu-Maringá-Sarandi.
O quarto capítulo constitui-se de referências projetuais com
PMU efetivado, as quais auxiliaram na elaboração das
estratégias de mobilidade para o aglomerado, no
estabelecimento de uma paisagem e na criação de um sistema
de transporte legível para a população.
O capítulo cinco intitulado “O PLANO DE MOBILIDADE
URBANA” apresenta a proposta projetual desse trabalho.
Nessa seção, foram abordadas as estratégias de
transformação urbana, incluindo nelas as diretrizes, o
macrozoneamento e a hipótese de estruturação da paisagem.
Além disso, foram destacados os Eixos de Estruturação da
Transformação Urbana, as redes de transportes coletivo e
cicloviário, além da rede integrada, as áreas de influência dos

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2 CONTEXTUALIZAÇÃO DO OBJETO
DE ESTUDO: O AGLOMERADO

2 CONTEXTUALIZAÇÃO DO OBJETO DE ESTUDO: O AGLOMERADO


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As cidades do aglomerado Paiçandu-Maringá-Sarandi, assim
denominado devido à interdependência das mesmas, inserem-
se na Região Metropolitana de Maringá – RMM desde 1998,
quando a Lei Estadual no83 a criou.
Savi (2014, p.37) identificou nos estudos do IBGE que tratavam
das “Regiões de Influência das Cidades” que a RMM destacou-
se como um polo de atração da população e de concentração
de serviços e empregos. “Isso reflete de maneira ativa
deslocamentos entre os municípios aos quais ela exerce
influência”. SAVI (2014, p.37)
A partir dessas questões, o recorte do objeto de estudo, que
contém as três cidades Paiçandu, Maringá e Sarandi, foi
escolhido devido ao seus altos níveis de integração, como
pode ser observado na pesquisa realizada em 2007, quando a
RMM ainda não estava com alguns municípios que hoje são
inseridos (ver figura 01). Além disso, há o alto fluxo de pessoas
que realizam movimentos pendulares entre essas cidades,
questão que será tratada mais detalhadamente durante o
capítulo.
É importante registrar que os dados do aglomerado Paiçandu-
Maringá-Sarandi presentes nesse trabalho foram baseados no
censo de 2010 do IBGE.
Figura 01 - Municípios segundo nível de integração na
dinâmica da aglomeração RM’s de Maringá/PR
Fonte: MOURA e DESCHAMPS et al, 2007.

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2.1 A mobilidade na estruturação do território escoamento de produtos, fazendo com que o empreendimento
fosse visto, na época, como um avanço para a ocupação do
As estratégias da Companhia Melhoramentos Norte do Paraná
território.
– CMNP, ao lotear as terras no norte do Paraná, foram
norteadas por interesses políticos dos governos brasileiro e Esse fato apresentado demonstra a forte influência do sistema
britânico. Uma das diretrizes seguidas pela Companhia foi a viário e de transportes no planejamento da ocupação da região
legalização das terras, muitas delas compradas de grileiros. norte paranaense. A acessibilidade era uma condição para a
Segundo Grzecorczyc (2000, p. 35), essa estratégia atraiu ocupação da área, tanto para o transporte de passageiros,
muitos investidores que passaram a confiar nesse quanto para o escoamento de produtos agropecuários.
empreendimento. Através da união de duas empresas, a CMNP Ao colonizar o norte do Paraná, a CMNP possibilitou uma rápida
e a Companhia Ferroviária, conformou-se um eixo ocupação proporcionada pelos seguintes aspectos: loteamento
rodoferroviário de penetração no norte paranaense, com em pequenas porções, prazos de pagamento estendidos com
extensões de Ourinhos – SP até a região noroeste do Paraná, juros baixos, apoio aos pioneiros iniciais e preços reduzidos
fato que reafirmou a confiança a essa aliança. (LUZ, 1997 apud GRZECORCZYC, 2000, p.05). Como
Através de uma estrada principal e outras secundárias, estratégias de colonização, Grzecorczyc (2000, p.05) destaca
implantou-se a linha férrea, os núcleos regionais distanciados que Companhia instalou quatro centros regionais (ver figura 02)
em 100 km e os municípios menores, a cada 15km. Essas que abrigariam as atividades mais complexas e serviriam de
cidades foram loteadas em pequenas parcelas, tendo tanto apoio aos núcleos urbanos menores. A partir dessa diretriz,
lotes rurais quanto urbanos com sucesso de vendas, a partir surgiram as planificações urbanas das cidades previstas que,
disso havia um escoamento da produção. (GRZECORCZYC, conforme o autor, algumas delas se destacaram por terem seus
2000, p.35) traçados adaptados à topografia.

Cordovil (2010, p. 58) reafirma essa questão, apontando que a


estruturação da rede norte-paranaense desenvolveu-se a partir
de uma relação direta entre o avanço da estrada de ferro e a
fundação dos núcleos urbanos, em direção norte e oeste. A
Companhia difundia a garantia do abastecimento e do

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(1917), sendo que seu primeiro trabalho na área de
urbanização de cidades foi um estágio na Cia. City 1 , onde
permaneceu até 1920. Nesse período, o engenheiro permeou-
se de influências do urbanista inglês Barry Parker2 e das ideias
da cidade-jardim. As ideias e soluções formais dos modelos
que Parker e Unwin praticaram nos loteamentos da Cia. City em
São Paulo influenciaram o modo de projetar do engenheiro.
Dessa forma, esses conceitos foram considerados por Vieira
para o planejamento de Maringá. (RODRIGUES, 2004, p.29)
Após alguns planos idealizados pelo engenheiro para Maringá,
chegou-se a uma planificação final. Em todas as propostas
apresentadas, a região prevista às instalações ferroviárias não
Figura 02 - Eixo rodoferroviário com os principais núcleos urbanos sofreu grandes alterações no seu desenho, permanecendo
Fonte: CMNP,1977.
como núcleo central da cidade, sendo que a partir dele as
atividades se desenvolveriam. Além do pátio de manobras e a
No contexto do auge da cultura cafeeira, a cidade de Maringá
estação ferroviária, a área destinada aos armazéns e às
surgiu como um dos principais centros regionais do norte
indústrias sempre esteve presente em todas as versões do
paranaense. Implantada a partir do eixo estruturador da estrada
plano, seguindo amarrada ao eixo de crescimento proposto
de ferro, a cidade situa-se no centro geométrico do loteamento
pela linha férrea. Tais fatos podem ser constatados no mapa
da Companhia. (GRZECORCZYC, 2000, p.37)
com as áreas destacadas (ver figura 03).
A finalização da demarcação da estação ferroviária, assim
como do pátio de manobras, fez com que a Companhia
solicitasse um levantamento topográfico do sítio, realizado por !!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!
1
A City of San Paulo Improvements and Freehold Land Company Limited,
Cássio Vidigal, para então convidar o engenheiro Jorge de uma companhia que em 1912 possuía 37% do perímetro urbano de São
Paulo.
Macedo Vieira a realizar um plano urbanístico para a cidade. O 2
Barry Parker e seu sócio, Raymond Unwin projetaram cidades-jardim de
engenheiro era formado pela Escola Politécnica de São Paulo Letchworth (1904-1906) e Hampstead (1905), ambas na Inglaterra,
dHoward.

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automóvel, o autor assevera que “Para alguns sociólogos o automóvel foi considerado
como um destruidor de vida de bairro. Agora, muito curiosamente, ele está
organizando um processo em urbanismo que parece produzir o efeito exatamente
15
! ! ! oposto”. ! !

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LOM
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AVENIDA BRASIL

Figura 46. Figura mostrando a hieraquização viária do plano de Maringá. Em vermelho, o eixo
Figura 04 - Hierarquização viária do plano de Maringá
central, que mede 46m de largura. As vias pretas medem 35m, as vias cinzas medem 30m e
Fonte: CORDOVIL, 2010 . Adaptado pela autora.
Figura 03 - Proposta final para plano inicial para Maringá 1947 as em cinza claro medem 20m de largura. Elaborado pela autora a partir de plano inicial.
Fonte: Arquivo do DPH – PMM. Adaptado pela autora.
Entre as vias com maior importância destacadas, Jorge de
Área destinada às instalações da linha férrea A hierarquização do sistema viário conduz o trânsito mais intenso para a periferia das
Área destinada aos armazéns e indústrias Macedo Vieira propôs um limite ao norte do Plano, a Avenida
Demarcação da linha férrea zonas, servindo como limite da unidade de vizinhança. Os acessos ao bairro dão-se
Colombo, antiga estrada para Paranavaí. Savi (2014, p.78)
por poucas ruas principais que levam ao centro de bairro.
destaca que o principal eixo de acesso e de escoamento das
safras além da via supracitada, se configurou no sentido leste-
Parte 1 – Capítulo 2. O plano inicial de Maringá: concepções e transformações 151
O plano inicial de Maringá, ao ser concebido, proporcionou a oeste do plano, constituindo a Avenida Brasil e a linha férrea.
ocupação do sítio topográfico de maneira adequada às curvas Sobre a hierarquização viária em geral, a autora aponta:
de nível de acordo com os caminhos da água na drenagem Em linhas gerais, o sistema viário definido por Vieira vai
urbana. Esse traçado proposto definiu uma hierarquização da escala do automóvel à escala humana. As avenidas –
vias largas e retilíneas localizadas em espigões e em
viária através da distinção de larguras entre as avenidas e ruas platôs – são canais de tráfego que proporcionam rápido
acesso aos pontos da cidade. Essas vias servem como
(ver figura 04). (SAVI, 2014, p.78) limite das zonas e conduzem o trânsito para as áreas
residenciais. (SAVI, 2014, p.78)

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Os círculos pretos no cruzamento entre as vias, que podem ser para a cidade, o qual derivou-se da definitiva demarcação da
observados na figura 04, representam as rotatórias propostas ferrovia (ver figura 05).
pelo engenheiro Vieira para Maringá. Esses elementos auxiliam O plano inicial estabeleceu uma malha central que compunha,
no tráfego dos veículos, entretanto dificultam a circulação de como eixos principais, a ferrovia e uma via transversal à ela,
pedestres. Essa solução que Vieira propôs para a cidade, ambas configuradas como linhas de crescimento para a cidade
referenciou-se nos ensinamentos de Lewis (1916) e Unwin na década de 1950 e 1960 (ver mapa 01). A partir dessa
(1909). (SAVI, 2014, p.79) definição dada pela CMNP, a área central da cidade se
A partir das análises realizadas sobre a hierarquização viária desenvolveu e consolidou-se como principal centralidade e
proposta pelo plano inicial, é possível afirmar que é clara a polo de atração de pessoas, fato que resultou na valorização
intenção de privilegiar a mobilidade de veículos automotores do solo dessa área até os dias atuais.
individuais na cidade, os quais poderiam circular com fluidez
nas largas vias projetadas.
Assim como Maringá, as cidades de Paiçandu e Sarandi
tiveram seus planos iniciais projetados pela CMNP, em 1960 e
1948 respectivamente.
Na cidade de Paiçandu, os trilhos de aço da ferrovia, que
alicerçou o povoado, chegaram na década de 1950 após
serem demarcados em Maringá. O fato de Paiçandu estar
estrategicamente na trajetória de passagem da estrada de
ferro, ponto para escoamento dos produtos agrícolas, fez com
que o povoado se fortalecesse, começando a surgir as
primeiras casas comerciais próximas à estação ferroviária que
F: estação ferroviária; P: campo de esportes; I: igreja; E: escola;
se conformaria (PAIÇANDU, 2008). A Companhia C: cemitério
Melhoramentos Norte do Paraná – CMNP, empreendedora das Figura 05 - Plano de Paiçandu 1960
terras do território estabeleceu então um traçado urbano inicial Fonte: REGO e MENEGUETTI, 2006.

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Assim como as cidades de Maringá e Paiçandu, Sarandi fez A linha férrea chegou à cidade em 1954, ano em que foi
parte do processo de ocupação do Norte do Paraná e foi implantada a estação ferroviária. Junto à ferrovia, duas vilas da
planejada pela CMNP. A ocupação da cidade também foi cidade eram já ocupadas, a Vera Cruz e a Chácara Aeroporto,
impulsionada pelo cultivo nas terras férteis favoráveis à ambas localizadas junto à uma estrada que ligava Maringá à
plantação do café. O início da ocupação de Sarandi ocorreu no Londrina. Devido à acessibilidade dada pela linha férrea,
ano de 1935, quando terras foram adquiridas de imigrantes diversos comerciantes se fixaram no núcleo inicial previsto.
paulistas. Porém, somente em 1947 a cidade foi fundada (ver O cruzamento das vias principais da cidade, configurou uma
figura 06). (SARANDI, 2008, p.18) praça em formato de losango, na qual foi implantada a igreja
matriz de Sarandi. Essa solução foi distinta da dada por Jorge
Macedo para os cruzamentos de Maringá, mas se assemelhou
com o traçado utilizado no plano de Paiçandu. Talvez pode-se
inferir que a forma urbana produzida por esse espaço, distinta
da rotatória de Vieira, resulta em uma maior permeabilidade
para o pedestre que encontra outros caminhos para circular.

2.2 A expansão urbana e as problemáticas da mobilidade no


aglomerado

O desenvolvimento de Maringá fez com que cada vez mais as


cidades do noroeste do Paraná estabelecessem acentuadas
dependências com seus serviços e infraestruturas, tendo seu
raio de influência expandido com o passar do tempo. Não mais
apenas Sarandi e Paiçandu possuíam vínculos estreitos, mas
F: estação ferroviária; P: campo de esportes; I: igreja; E: escola;
C: cemitério
também uma série de outras pequenas cidades que, para ter
Figura 06 - Plano de Sarandi 1948 acesso a serviços especializados, médicos e hospitais de
Fonte: REGO e MENEGUETTI, 2006. qualidade, educação direcionada, comércio de maior porte e

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lazer diferenciado, se deslocavam constantemente para produção do café. Tais fatores desvalorizaram essa atividade
Maringá. As distâncias entre essas cidades tornavam-se cada agrícola, de acordo com Grzecorczyc (2000, p.07). Além
vez menos expressivas, uma vez que eram percorridas todos desses, a geada de 1975 reafirmou a desvalorização da
os dias, aliás, os limites entre elas também ocultavam-se com cafeicultura com as lavouras arrasadas. Esses fatos ocorridos
facilidade. intensificaram o processo de urbanização de Maringá devido
Com o objetivo de compreender o processo de crescimento do ao intenso êxodo rural. Não foram somente as geadas que
aglomerado Paiçandu-Maringá-Sarandi, foi realizada uma impulsionaram esse processo, os preços da produção que
análise utilizando o método de Philippe Panerai em seu livro entraram em queda, a intensa mecanização agrícola que
“Análise Urbana” (1999) (ver mapa 01). Os três mapas, de ocorria nas lavouras e o acúmulo de terras individuais, também
1950, 1980 e atual, demonstram a forte influência que os eixos foram influentes. (GRZECORCZYC, 2000, p.07)
viários tiveram na expansão das três cidades e Nesse sentido, Maringá teve seu processo de urbanização com
consequentemente, na mobilidade. um ritmo mais acelerado em relação às outras cidades da
Na década de 1950, com os três núcleos iniciais já criados, a região, como afirma ainda Grzecorczyc (2000, p.10). Como os
linha férrea era o principal eixo estruturador regional do municípios vizinhos eram essencialmente rurais, grande parte
território, amarrando e direcionando na sua extensão o da população migrou para Maringá durante a década de 1970,
crescimento das cidades. Nesse momento, os principais polos ainda que a cidade não possuísse estruturas necessárias para
de atração eram as novas áreas centrais das cidades previstas recebê-los. Esse fato fortaleceu ainda mais o seu caráter de
pelos planos, não excluindo o antigo centro de Maringá, o núcleo regional detentor de serviços secundários e terciários.
“Maringá Velho”. A Avenida Colombo, criada para ser limite do Outro fator que o mesmo autor destaca como impulso para
plano, configurava-se como barreira para o crescimento em esse movimento migratório era o local de implantação de
grande parte de sua extensão. Maringá que estabelecia várias ligações com outros núcleos
O desenvolvimento da cultura cafeeira nas glebas urbanos. Além disso, o município maringaense possuía uma
remanescentes do perímetro urbano de Maringá proporcionou estação ferroviária que escoava a produção agrícola para a
região e trazia consigo estruturas de comércio e comunicação.
uma intensa ocupação até a década de 1960. A partir desse
(GRZECORCZYC, 2000, p.11)
momento havia um excesso de colheitas, escassez de terras
cultiváveis e uma política governamental de desestímulo à
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Maringá na década de 1970 em diante é então caracterizada A expansão ao norte da cidade transpôs a Av. Colombo, via
por um intenso crescimento urbano, em sua maioria de maneira que havia sido projetada para desviar o tráfego pesado da área
dispersa. Não que antes disso a cidade não tenha se central. Esse fato provocou uma divisão da cidade, devido ao
expandido, pelo contrário, antes mesmo de a área planejada da grande fluxo de veículos que passavam no sentido leste-oeste
cidade ser totalmente ocupada, diversos loteamentos já todos os dias, assim como a intensa circulação norte-sul dos
surgiram para além dos limites urbanos, caracterizando desde habitantes da área expandida para o centro (GRZECORCZYC,
os primórdios um crescimento descontínuo. A ênfase é dada a 2000, p. 65). Nesse contexto, a cidade passou a ser dividida
partir da década de 1970 pois ela é que revela esse fenômeno pela ferrovia:
de maneira mais intensa, como pode ser observado nas A linha férrea é um obstáculo, principalmente na área
ilustrações elaboradas por Meneguetti (2009) na figura 07: central, onde até 1991 havia apenas duas passagens de
ligação entre as duas partes da cidade. Embora a maior
parte da população more ao Norte da cidade,
percebemos que não ocorreu um deslocamento nas
mesmas proporções de atividades comerciais, serviços e
indústrias para gerar empregos ou mesmo atender ao
consumo imediato daqueles que ali residiam. A maioria
desta população desloca-se em direção ao setor sul, para
trabalhar, comprar ou se utilizar dos serviços.
(GRZECORCZYC, 2000, p. 66)
Década 1950
Década 1960
Década 1970 Conforme Grzecorczyc (2000, p.66), esses problemas
chamaram a atenção da esfera pública, surgindo então na
década de 1960 um viaduto na Avenida São Paulo para
amenizar os problemas de tráfego. Entretanto, as problemáticas
relacionadas ao fluxos entre o norte e sul da cidade não
cessaram, mas sim se intensificaram a partir da década de
1970. O estabelecimento da Companhia de Desenvolvimento
Década 1980 Década 1990 de Maringá – Codemar e da Companhia Paranaense de Energia
– Copel, a criação da Universidade Estadual de Maringá –
Figura 07 - Expansão do Município de Maringá UEM, ambos na zona norte da cidade, estimularam o
Fonte: MENEGUETTI, 2009. Adaptado pela autora.

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20
! ! ! ! !
crescimento da população em seu entorno, assim como o Urbamar contratou o arquiteto Oscar Niemeyer para planejar a
aumento de fluxos de estudantes que saiam da região sul para transformação do centro. Ambas as versões propostas, em
a norte. 1986 e 1991, foram engavetadas, restando apenas a solução
Outro fator relevante que agravou a dificuldade de transpor a projetada para a passagem do trem: o rebaixamento da
linha férrea foi a modernização industrial que se iniciava. Os ferrovia, concretizada entre os anos de 1986 e 2012.
armazéns, antes localizados na região central, próximos às
instalações ferroviárias, estavam sendo transferidos para outros
locais da cidade, tornando obsoleta a área industrial no centro.
A área central da cidade constituía a estação e o pátio de
manobras ferroviários que, devido à expansão e ao
adensamento ao norte, aliado ao aumento das cargas dos
novos produtos agrícolas pela linha férrea, causaram conflitos
nos deslocamentos entre as porções norte e sul da cidade (ver
figura 08). A existência de apenas duas avenidas que
cruzavam a linha férrea no centro de Maringá, além dos outros
fatores já citados, instigaram a população a reivindicar
melhorias na circulação nessa área de conflito. Esses
questionamentos foram acolhidos concretamente em 1985 com
um projeto urbanístico oferecido pelo prefeito Said Ferreira
(1983-1988) (GRZECORCZYC, 2000, p.13). Segundo
Figura 08 - Maringá na década de 1970 com pátio de manobras da
Grzecorczyc (2000, p.78), durante o ano de 1985, o então Rede Ferroviária S/A destacado em amarelo.
prefeito iniciou os contatos com a Rede Ferroviária Federal S.A. Fonte: Acervo do Museu da Bacia do Paraná. Adaptado pela autora.
– RFFSA e com o Ministério dos Transportes para resolver os
problemas de tráfego da cidade. Como pode ser observado no mapa de análise do crescimento
Foi criada uma empresa de economia mista para reestruturar (ver mapa 01) e conforme as questões que foram explanadas, a
essa área, a Urbanização de Maringá S/A - Urbamar. A década de 1980 caracterizou uma consolidação da expansão

!
21
! ! ! ! !
ao norte de Maringá, a qual resultou na formação de novos surgir de maneira dispersa, independentes do centro devido à
polos de atração ligados às linhas de crescimento já previstas sua maior distância do polo principal, especializando-se em
pelo plano inicial. A partir desse momento, a linha férrea deixou alguns setores comerciais e de serviços.
de ser o principal eixo estruturador, perdendo forças para um
eixo rodoviário. A população passa a deixar o transporte de
massas para utilizar os veículos.
Com a Avenida Colombo transposta, surgiu uma nova
problemática de mobilidade, além da barreira presente no

E
RT
NO
centro, a linha férrea. Antes constituída como contorno para

O
RN
fluxo de veículos pesados, a Avenida Colombo, que era uma

O
NT
CO
rodovia federal de ligações intermunicipais, passa a se inserir AVE
N IDA
no contexto urbano e configurar uma barreira. Dessa forma, CO
LOM
BO
necessitava-se de uma via alternativa para ter papel de
contorno.
Para solucionar essa problemática, ainda na década de 1980 o
Departamento de Estradas de Rodagem – DER propôs um
projeto denominado “Contorno Norte de Maringá” que desviaria
o fluxo de cargas pesadas. O projeto começou a ser executado
somente em 2009, quando o crescimento da ocupação da
cidade já o havia alcançado (ver figura 09).
Por fim, o terceiro mapa apresentado na análise com o método Figura 09 - Contorno norte de Maringá
de Panerai (1999) (ver mapa 01) mostra claramente a força que Fonte: Google Maps. Adaptado pela autora.

os eixos rodoviários tiveram no crescimento das três cidades. É


possível observar o processo de conurbação e adensamento
que se sustentam nas linhas de crescimento e no eixo
estruturador regional. Alguns polos de atração começam a
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22
! ! ! ! !
2.3 Iniciativas de planejamento da mobilidade: Leis de criados corredores verdes nos fundos de vale com faixas de 60
metros de preservação com vias “paisagísticas” (ver figura 10).
Diretrizes Viárias

As diretrizes viárias são vias projetadas com a função de

Rocha.
Figura 274. Perímetro urbano e sistema viário. 1979. Acervo do arquiteto Nildo Ribeiro da

A Aventura Planejada: engenharia e urbanismo em Maringá, PR, 1947 - 1982


direcionar a expansão da malha urbana garantindo a
continuidade das vias existentes. Este sistema deve ser
articulado com as diretrizes de uso e ocupação do solo e
ser dimensionado para otimizar a circulação dos
diferentes modais que compõem um sistema de
mobilidade urbana, principalmente a previsão do

Parte 2 – Capítulo 7. João Paulino Vieira Filho (01.02.1977 a 14.05.1982)


transporte coletivo. (SAVI, 2014, p.77)

Nesse sentido, o estudo do histórico das diretrizes no

e Sincler Sambatti (15.05.1982 a 31.01.1983)


aglomerado é importante para entender a estrutura viária atual
resultante dessas propostas. A cidade de Maringá teve três
planos de Diretrizes Viárias, o de 1979, o de 1999 e o de 2011.
Paiçandu e Sarandi, com seus Planos Diretores aprovados
recentemente, somente tiveram seus Planos Viários elaborados
em 2007 e 2009 respectivamente.
533

2.3.1 Plano de Diretrizes Viárias de 1979 – Maringá Figura 10 – Plano de Diretrizes Viárias 1979
Fonte: Acervo do Arquiteto Nildo Ribeiro da Rocha apud CORDOVIL, 2010.
O primeiro plano de diretrizes viárias, elaborado por uma
equipe liderada pelo arquiteto Nildo Ribeiro da Rocha, buscou
Cordovil (2010, p.536) aponta que o desenho ortogonal do
direcionar o crescimento acelerado de Maringá na década de
parcelamento proposto pelo plano nas áreas que ainda não
1970 e 1980. Conforme aponta Savi (2014, p.81) ele definiu um
haviam sido ocupadas evidencia a presença de barreiras no
novo perímetro e ligou vias com loteamentos que haviam sido
traçado urbano, tais como a universidade, o aeroporto, o
abertos na área rural. O plano propôs persistir com as diretrizes
parque industrial, além de glebas rurais. Esses novos
de largura das vias e proteção das áreas de preservação
parcelamentos também poderiam estar de acordo com os
apontadas pelo plano inicial. Reiterando essas ideias, foram

!
23
! ! ! ! !
interesses dos agentes imobiliários, além da lógica do
parcelamento fundiário preexistente.

2.3.2 Plano de Diretrizes Viárias de 1999 – Maringá


Em 1999 o Plano de Diretrizes Viárias de 1979 foi modificado e
regulamentado pela Lei de Sistema Viário – Lei Complementar
no333/1999 (ver figura 11). As principais diretrizes propostas, de
acordo com Savi (2014, p.83) foram:

• Aumento da distância entre vias para flexibilizar a malha


do Plano Viário de 1979;

• Demarcação do contorno norte;

• Previsão de um anel viário à oeste para conectar com o


contorno norte;
Figura 11 - Diretrizes de arruamento - Lei Complementar no333/99
• Eliminação da ligação ao sul com Sarandi para o
Fonte: BELOTO, 2004.
prolongamento do anel viário sul;

• Demarcação de ligações entre Maringá e Sarandi em Savi (2014, p.85) aponta que na época em que esse plano foi
bairros conurbados. aprovado, surgiu o Consórcio Intermunicipal para o
Desenvolvimento Metropolitano - Metroplan que deveria
desenvolver projetos metropolitanos para as cidades de
O contorno norte traçado trouxe uma nova problemática de
Maringá, Marialva, Sarandi e Paiçandu. Entretanto a proposta
fluxos, já que eles são direcionados para o fim do contorno
de planejamento regional não teve continuidade devido à
dentro do município de Sarandi, agravando ainda mais os
mudança de gestão pública em 1993.
conflitos de mobilidade existentes. (SAVI, 2014, p.84)

!
24
! ! ! ! !
2.3.3 Plano de Diretrizes Viárias de 2011 – Maringá
O último Plano de Diretrizes Viárias desenvolvido no município
de Maringá foi aprovado pela Lei Complementar no886/2011
(ver figura 12). Um fato inédito na elaboração desse plano foi a
inserção de diretrizes viárias para a área rural de Maringá além
do perímetro urbano, abrangendo todo o município. (SAVI,
2014, p.88)
Especificamente na área urbana – que se encontra
bastante consolidada – observamos que as intervenções
são pontuais: constatamos algumas ligações em vias
interrompidas e o alargamento de algumas avenidas –
para se adequarem ao novo padrão de largura (35
metros) – , mesmo que a execução demande
desapropriações. Verificamos também que o novo plano
viário definiu traçados diferenciados em vazios urbanos,
fixando no território, e portanto em lei, o desenho de
empreendimentos imobiliários específicos. (SAVI, 2014,
p.88)

Ainda para Savi (2014, p.88), a principal finalidade do plano é


confirmar a continuação de alguns eixos viários na expansão
da cidade, entre outras: Estabelecer um traçado ortogonal que
acompanha as glebas rurais; estradas rurais como vias
estruturais de 35 metros de largura; e vias paisagísticas já
traçadas na área rural na margem dos córregos com 16 metros
de largura.

Figura 12 - Plano de Diretrizes Viárias


Lei Complementar no 886/2011.
Fonte: MARINGÁ, 2011a.

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25
! ! ! ! !
O Plano de Diretrizes Viárias de 2011 de Maringá, Eurogarden no antigo aeroporto. Tais projetos citados serão
diferentemente dos anteriores, destacou os fundos de vale e explicitados com mais apuro na seção 2.4.4.
corpos hídricos das áreas de APP – Áreas de Proteção Outro elemento que é importante destacar, presente nas
Permanente e das Zonas de proteção ambiental 2 como diretrizes viárias de 2011, é a extensão de um braço da linha
principais condicionantes da formação do tecido urbano. Isso férrea para a nova ampliação do aeroporto. Há evidências de
resultou em uma extensa ampliação do perímetro urbano que será transferida a rodoviária interestadual para essa área,
municipal que, indiscriminadamente, abrangeu áreas rurais que transformando-a em uma rodoferroviária, como o próprio nome
não possuem nenhum indício de ocupação urbana. já diz, um terminal intermodal, o qual possibilitará a interligação
Além disso, ao observar atenciosamente as diretrizes viárias desses meios de transporte envolvidos. O assunto será tratado
nessas novas áreas abrangidas pelo perímetro urbano, é também na seção 2.4.4 nos projetos de mobilidade atuais.
possível observar que as vias principais foram projetadas nos
espigões entre dois fundos de vale, mesma lógica do plano
inicial de Maringá, ainda que a drenagem das águas pluviais
não esteja totalmente resolvida nas curvas de nível. As vias
hierarquicamente menos importantes que se originam dessas
principais, na maioria das vezes, são simples traçados
ortogonais que findam nos fundos de vale originados de
parcelamentos rurais. Além das estruturas citadas, as vias
paisagísticas também foram previstas ao longo das matas
ciliares.
É possível observar no Plano de Diretrizes Viárias de 2011 a
inserção dos principais empreendimentos imobiliários privados
e públicos atuais que afetam diretamente na estrutura viária do
município, tais como o Jardins de Monet ao oeste do mapa, a
ampliação do aeroporto da cidade, o Novo Contorno Sul
Metropolitano, destacado no mapa em amarelo, além do

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26
! ! ! ! !
2.3.4 Plano Viário de Paiçandu, 2007 de Sarandi, 2009 2.4 O contexto atual da mobilidade urbana no aglomerado
Ambos os planos viários de Paiçandu em 2007 e de Sarandi em Nesse subcapítulo tem-se o objetivo de explanar sobre as
2009, aprovados nos seus respectivos Planos Diretores não condições de deslocamento no aglomerado Paiçandu-Maringá,
contém mapas ou sugestões que estabelecem diretrizes viárias Sarandi através de diversas questões que influenciam a
para o perímetro urbano dos municípios nem para as áreas mobilidade. Serão abordadas leituras de dados do IBGE, tais
rurais. Os planos somente apresentaram a classificação como crescimento populacional, Índice de Desenvolvimento
hierárquica das vias e estabeleceram padrões de projeto para Humano - IDH, além de informações dos tempos de
novas vias a serem projetadas. deslocamento e destinos das populações das cidades
A partir dessas propostas de Diretrizes Viárias estudadas de envolvidas. Destacam-se também os fatores físicos do território,
Maringá e da falta das mesmas nas cidades de Paiçandu e tais como, a hierarquia viária e gabarito das vias de circulação,
Sarandi, fica evidente a ausência de iniciativas para um além de outros dados concretizados a partir de legislações de
planejamento regional que abranja o aglomerado como um uso do solo.
todo. Não é possível criar novas propostas para melhorias da Além dessas questões, serão brevemente descritos os
mobilidade e conexão através de análises isoladas de cada principais projetos de mobilidade no aglomerado existentes na
cidade em seu território municipal. atualidade.
As únicas propostas de conexão de Maringá com as duas
cidades vizinhas ocorrem em locais estratégicos, onde serão 2.4.1 Dados das condições de deslocamento
implantados empreendimentos imobiliários. Além disso, ambos
Na aglomeração Paiçandu-Maringá-Sarandi, os municípios
os planos estudados não comtemplaram nas diretrizes viárias, a
possuem uma relação mútua de interdependência, de serviços,
inserção de um transporte de massa, uma relação com
mão de obra, entre outros. A população dos três municípios
mudanças de uso do solo ou propostas de expansão urbana
demonstra que a maior parte do aglomerado é formada pelo
aliadas à criação de novos polos de tráfego. (SAVI, 2014, p.90)
polo Maringá, cidade que mais cresceu entre os anos de 2000
e 2010 (ver tabelas 01 e 02).

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27
! ! ! ! !

Tabela 01 – População total, urbana/rural e taxa de urbanização


(2000-2010) – Maringá, Sarandi e Paiçandu
Fonte: PNUD/IDHM, 2013 apud SAVI, 2014. Adaptado pela autora.

Savi (2014, p.32) aponta que a maior taxa de crescimento


apresentada pelo município de Maringá é proporcional aos
anos anteriores e ocorre devido a melhor qualidade de vida e
concentração de serviços nesse polo. Enquanto isso, as Tabela 03 – Evolução do IDHM de Maringá, Sarandi e Paiçandu entre
cidades de Paiçandu e Sarandi pararam de crescer entre 2000 1991 e 2010.
Fonte: PNUD/IDHM, 2013 apud SAVI, 2014. Adaptado pela autora.
a 2010 em relação aos valores do crescimento entre 1991 e
2000. Isso pode indicar a estabilização do aglomerado.
Entretanto, com relação ao Índice de Desenvolvimento
Humano, percebe-se um aumento de 1991 a 2010 para as
cidades de Paiçandu e Sarandi (ver tabela 03). O IDH avalia as
questões de educação, longevidade e renda. Os índices são
classificados nas seguintes categorias: De 0 a 0,499 muito
baixo, de 0,5 a 0,599 baixo, de 0,6 a 0,699 médio, de 0,7 a
0,799 alto e de 0,8 a 1 muito alto.

Tabela 02 – Taxa de crescimento populacional (% a.a.) do País,


Estado, Aglomeração Urbana de Maringá, 1991 a 2010.
Fonte: IBGE, 2010; PNUD/IDHM, 2013 apud SAVI, 2014. Adaptado pela autora.

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28
! ! ! ! !
O aumento do índice nas cidades adjacentes ao polo
Maringá, Paiçandu com 0,716 (nível alto) e Sarandi com
0,695 (nível médio), pode indicar um avanço no
desenvolvimento urbano dessas cidades e o desprendimento
do centro principal para
atividades diárias.
Sarandi tem uma relação de dependência à Maringá, pois
caracteriza uma população que busca na cidade polo
Tabela 04 – Município em que trabalha – aglomeração urbana
melhores condições de educação, infraestrutura e locais de
Paiçandu-Maringá-Sarandi e em Marialva em 2010
trabalho. Dessa conjuntura surge a necessidade de uma Fonte: IBGE, 2010, Observatório das Metrópoles apud SAVI, 2014. Adaptado pela
parcela da população se deslocar todos os dias, a trabalho autora.
e/ou estudo, para fora de seu município de residência.
Maringá é o município que atrai a maior parcela da
população que se desloca para trabalhar e/ou estudar (ver
tabela 04), contribuindo para o movimento pendular.
A análise da tabela 04, demonstra que quase a totalidade
da população que se desloca todos os dias de Paiçandu e
Sarandi à trabalho e/ou estudo, tem como destino principal
Maringá. Sarandi representa a maior totalidade de
deslocamentos para o polo e, em seguida, Paiçandu.
Tabela 05 – Percentual de pessoas que saem do município para
Maringá é o município que possui menor número de
trabalhar e/ou estudar sobre a população total e sobre a população
pessoas se deslocamendo para estudos ou trabalho por ser
ocupada – aglomeração urbana Paiçandu-Maringá-Sarandi em 2000
detentora de empregos e oportunidades de estudo (ver
e 2010
tabela 05). Fonte: IBGE 2000 e 2010 apud SAVI, 2014. Adaptado pela autora.

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29
! ! ! ! !
Com relação ao tempo de deslocamento, tem-se as tabelas: O município de Paiçandu apresenta sua maior porcentagem
nos tempos de 6 a 30 min (ver tabela 06). Os menores tempos
podem estar relacionados a deslocamentos mais curtos a áreas
industriais próximas aos limites entre as cidades ou dentro dos
próprios municípios, pois quando comparamos os dados com o
tempo de movimento pendular (ver tabela 07) observamos que
o tempo mais decorrente, que caracteriza o movimento
pendular, é de 30 minutos a 1 hora. Já Sarandi, apresenta um
maior tempo de deslocamento em movimentos dentro do
Tabela 06 – Tempo de deslocamento entre casa-trabalho na próprio município do que em movimentos pendulares.
aglomeração Paiçandu-Maringá-Sarandi e em Marialva – 2010 Essas cidades citadas possuem maiores números de
Fonte: IBGE, 2010, Observatório das Metrópoles apud SAVI, 2014. Adaptado pela
trabalhadores em direção à Maringá, cerca de 29000 pessoas,
autora.
os quais realizam
movimento pendular.
Portanto, devido à esse
grande volume de
deslocamento e ao baixo
número de ligações viárias
entre os municípios, as
vias congestionam-se e
tornam os tempos de
deslocamentos maiores.
Tabela 07 – Tempo de deslocamento que faz movimento pendular e
que não faz aglomeração Paiçandu-Maringá-Sarandi e em Marialva –
2010
Fonte: IBGE, 2010, Observatório das Metrópoles apud SAVI, 2014. Adaptado pela
autora

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30
! ! ! ! !
A situação de congestionamentos entre as divisas dos Savi (2014, p.67) destaca que entre os veículos individuais, os
municípios de Sarandi e Paiçandu com a cidade de Maringá e automóveis e as bicicletas, os primeiros são os mais presentes
os altos tempos de deslocamento são agravados pelos modais na composição da frota. A frota de motos em Paiçandu e em
utilizados para realizar essa mobilidade. Os dados Sarandi corresponde à 35,6% e 38,5% respectivamente. Tais
apresentados na tabela 08, demonstram que, entre o total de dados apontam para um dos principais meios de transporte
veículos no aglomerado Paiçandu-Maringá-Sarandi, 350211 utilizados pelas pessoas que se deslocam diariamente para
são automóveis e motocicletas individuais, representando cerca realizar os movimentos pendulares em direção à cidade polo.
de 88% do total de modais. Esse fato é alarmante. Esse grande número de veículos já presentes em Maringá e
Além disso, o aumento da frota nos últimos dez anos aponta um que permanecem durante a jornada de trabalho ou estudo na
significativo crescimento de mais de 100% para todos os cidade, contribui para o inchaço das vias públicas e o
municípios estudados , entre os quais Paiçandu e Sarandi se preenchimento de todas as vagas de estacionamento público,
destacam. De acordo com Savi (2014, p.66) esses dados principalmente na área central.
mostram que é necessário analisar a dinâmica da aglomeração
como um todo pois, o crescimento de veículos nesses
municípios pode refletir a estrutura econômica do polo Maringá.

Tabela 08 – Frota de veículos na aglomeração Paiçandu-Maringá-


Sarandi – 2003 e 2013
Fonte: DENATRAN, 2003-2013 apud SAVI, 2014. Adaptado pela autora.

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31
! ! ! ! !
2.4.2 O transporte coletivo A segunda proposta de uma possível intervenção no sistema
O Plano de Mobilidade Urbana tem como principal objetivo a de transporte coletivo implantado em 1989, ocorreu entre 2007
criação de um sistema de transporte coletivo para as cidades e 2010 quando a gestão de Silvio Barros contratou a empresa
do aglomerado, nesse sentido, a análise do sistema de Logística Engenharia e Transportes Ltda – Logitrans para
transporte atual é essencial para estabelecer diretrizes para a realizar algumas pesquisas sobre o transporte coletivo e propor
nova proposta. um novo sistema para a cidade.

Através da metodologia adotada no trabalho, foram A pesquisa foi denominada “Estudo para elaboração do projeto
pesquisados dados relativos ao transporte coletivo e, os que básico de transporte coletivo de passageiros do município de
não foram encontrados, foram buscados através de Maringá” e foi composta de: um breve histórico das
levantamentos e entrevista. Não foi encontrado nenhum dado características do município; pesquisas de frequência e
referente ao histórico do planejamento do sistema de transporte ocupação visual e de origem/destino embarcadas; análise dos
coletivo no aglomerado. Dessa forma, foi realizada uma motivos de viagens; zoneamento; análise do sistema atual de
entrevista informal com o engenheiro civil Mauro Menegazzo,
prazo.
HISTÓRICO DO SISTEMA DE TR
transporte e propostas preliminares para curto, médio e longo
A pesquisa verificou a queda da demanda por
atual Diretor de Mobilidade Urbana na Secretaria do
Planejamento de Maringá para informações. transporte coletivo na cidade entre 2005 e 2010 (gráfico 01):
Sazonalidade Anual da Demanda Sazonalidade
Menegazzo (2014) apontou que o transporte coletivo em 34.500 11.000

Milhares
Milhares
10.800
Maringá somente foi apresentado como sistema em 1989, na 34.000
10.600
10.400
gestão de Ricardo Barros, quando foi proposta a centralização 10.200
33.500 10.000
do terminal que resultou na antiga rodoviária de Maringá em 9.800
9.600
33.000
frente à praça Raposo Tavares. Além disso, todas as linhas 9.400
9.200

100,0%

98,2%

98,6%

99,6%

96,3%

96,1%
32.500
existentes seriam reordenadas e renomeadas conforme uma 9.000
8.800
lógica de cores e números para cada região da cidade. 32.000 8.600

2.005

2.006

2.007

2.008

2.009

2.010
Entretanto as cores das linhas não foram implantadas, restando
somente a nomenclatura em números. Taxa de Crescimento Anua l -0,69% a.a.
O his
Sazonalidade
Gráfico 01 Mensal
– QuedadanaDemanda
demanda por transporte coletivo demon
Fonte: LOGITRANS, 2010.
3.500 de pas
Milhares

3.000 0,69% c
!
2.500 A dema
2.000 de 0,2%
32
! ! ! ! !
A pesquisa da Logitrans constatou que em 2010 o sistema de Os eixos da Avenida Morangueira e Avenida Tuiuti são os mais
transporte de Maringá atuava com 70 linhas, 259 veículos e um carregados no sentido norte-sul. Além dessas questões, a
único terminal localizado no centro. É possível verificar nas pesquisa verificou que 56,9% das linhas tinham um intervalo de
figuras 13 e 14 a concentração de corredores de transporte viagens superior a 30 minutos nos horários de pico,
com os maiores carregamentos apontados pela pesquisa. A considerado um tempo alto de frequência de ônibus. O sistema
Avenida Brasil destaca-se com um importante eixo de contava com 125 mil passageiros por dia útil no ano de 2010.
transporte coletivo de Maringá, carregado pela demanda (LOGITRANS, 2010, apud SAVI, 2014, p.75)
metropolitana que sobrecarrega também a Avenida Colombo, a
PR 317 e a PR 323.

Figura 13 – Carregamento do pico manhã de 500 à 1000 passageiros Figura 14 – Carregamento do pico manhã mais de 1000 passageiros
Fonte: LOGITRANS, 2010. Fonte: LOGITRANS, 2010.

!
33
! ! ! ! !
A pesquisa origem/destino realizada pela Logitrans em 2010, e de baixa renda econômica (ver mapa 05) que derivaram os
apontou que os principais motivos de viagens são o trabalho principais carregamentos em vias arteriais (ver mapa 06) com
(75,16%) e o estudo (13,68%), como pode ser observado no gabaritos de caixa viária de 35 a 45 metros (ver mapa 07).
gráfico 02: Dessa forma, o maior número de origens do transporte coletivo
(ver mapa 08) ocorreu nas áreas residenciais adensadas.

ORIGENS Savi (2014, p.56-57) destaca as origens dos bairros


residenciais como: os Conjuntos Requião e Guaiapó, além dos
Jardins Paulista, Oasis e Cidade Verde na região nordeste; o
Parque Residencial Quebec e o Conjunto Ney Braga ao norte e
ao sul o Conjunto Cidade Alta e o Jardim Paraíso, além dos
municípios de Sarandi e de Paiçandu. Já os destinos principais
(ver figura 15 e mapa 09) estão na área central de Maringá e ao
sul da Avenida Cerro Azul (eixo de comércio e serviços), na
DESTINOS Zona 05 (serviços de saúde) e no Parque Industrial à sudoeste.

Gráfico 02 – Origem/destinos de viagens


Fonte: LOGITRANS, 2010.

Os bairros com maior densidade populacional, propulsores de


demandas maiores de transporte (ver mapa 02) caracterizam Figura 15 – Esquema origens e destinos no aglomerado
áreas residenciais localizadas em espigões (ver mapa 03 e 04) Fonte: LOGITRANS, 2010. Elaborado pela autora.

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Os fatores que determinam os destinos estão relacionados aos médio de viagem seria reduzido a curto prazo de 47,8 minutos
polos geradores de tráfego presentes no aglomerado (ver mapa para 44,8 minutos e, a médio prazo, para 35,6 minutos.
10). Através da análise da localização de escolas públicas e
privadas, dos parques urbanos, centros de ensino superior,
centros de compras e das estruturas de lazer e cultura, tais
como clubes, campos de futebol, teatros e bibliotecas, é
possível identificar locais onde há uma concentração dos fluxos
(ver mapa 09) e de áreas de comércios e serviços
concentrados ou pulverizados no território (ver mapa 04).
Percebe-se a concentração de atividades de cultura e parques
urbanos apenas na cidade polo Maringá, enquanto que as
cidades de Paiçandu e Sarandi apresentam somente estruturas
de lazer e escolas, em sua maioria públicas. Os locais com
maior número de destinos podem ser visualizados como
maiores detentores de atividades, destacando principalmente a
área central de Maringá, como o polo de maior atração.
Após ser realizada a pesquisa pela Logitrans, foi proposta uma
melhoria para sistema de transporte coletivo através da criação Figura 16 – Terminais de bairro propostos pela Logitrans
de corredores de transporte em vias arteriais e coletoras (ver Fonte: LOGITRANS, 2010.
mapa 06) identificadas como corredores de transporte, os
quais seriam implantados gradativamente à curto, médio e De acordo com Menegazzo (2014), o único corredor de ônibus
longo prazos. Além disso, o terminal central seria implantado até o momento foi o da Avenida Morangueira. Savi
descentralizado com a criação de terminais de bairro, ligados (2014, p.76) aponta que até o início de 2014 as outras
pelos corredores, com mais linhas de ônibus em operação (ver propostas apresentadas não foram executadas e as linhas não
figura 16). Estudos da Logitrans (2010) apontam que o tempo foram ampliadas. Até o momento, os terminais de bairro
também não foram implantados e o central permanece como

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principal para a região do aglomerado Paiçandu-Maringá- pontos extremos em áreas mais distantes da área central. Os
Sarandi. principais carregamentos ocorrem nas Avenidas Brasil,
Em vista de que as propostas da Logitrans (2010) não foram Morangueira, Guaiapó e Colombo (ver mapa 11).
implantadas em sua totalidade até o presente momento, foi As linhas 1, em quase sua totalidade, servem a região dos
realizada uma análise do sistema de transporte atual com o bairros ao longo da Avenida Morangueira e Avenida Kakogawa,
objetivo de compreender a lógica da localização e da com exceção somente das linhas 178 e 177 que vão em
numeração das linhas de ônibus entre as três cidades direção às áreas industriais (ver mapa 12).
estudadas. As linhas 2 são mais dispersas no território, porém a maioria
Para esse estudo, foi realizado um levantamento de todas as concentra-se na divisa entre Sarandi e Maringá, inclusive com
linhas de transporte coletivo público existentes no portal pontos próximos à conurbação. Há carregamentos maiores nas
eletrônico da empresa Transporte Coletivo Cidade Canção – Avenidas Colombo e Brasil (ver mapa 13).
TCCC e, posteriormente foi realizado o mapeamento das linhas As linhas 3 ligam regiões das áreas leste-oeste somente no
encontradas com o auxílio do Portal Geomaringá do site da perímetro de Maringá, também com pontos extremos instalados
Prefeitura Municipal de Maringá. na área conurbada com Sarandi. A Avenida Brasil se destaca
Para mapear as linhas elas foram divididas em grupos de como corredor principal para essas linhas (ver mapa 14).
números de 0 à 9 de acordo com o número inicial de cada As linhas 4 concentram-se na região ao sul da linha férrea, com
linha. O mapeamento das linhas, composto por seu traçado e maiores quantidades de linhas direcionadas ao Cidade Alta,
seus pontos extremos, evidenciou uma relação entre a com carregamentos maiores na Avenida Cerro Azul (ver mapa
numeração e a localização de cada grupo que podem ser 15).
observados nos mapas 11 ,12 ,13, 14, 15, 16 e 17. O
mapeamento foi feito com cores distintas somente para As linhas 5 e 6 apresentam itinerários pela rodovia PR 317 e
diferenciação das linhas em cada mapa. pela Avenida Colombo para as áreas industriais. Já as linhas 7
tem como principal corredor a Avenida Mandacaru,
As linhas com início 0, em sua maioria, caracterizam linhas direcionando-se para os bairros ao norte ao final dessa via (ver
circulares que não tem como destino principal o terminal mapa 16). As linhas 8 e 9 fazem ligações metropolitanas com
central. Diferente das demais linhas, as número 0 tem seus Paiçandu, Dr. Camargo, Floresta e Itambé (ver mapa 17).

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A estrutura do transporte coletivo, apontada nos estudos Atualmente o aglomerado conta com 19,7km de ciclovias
realizados, não possui legibilidade para os usuários (ver mapa existentes (ver mapa 17), porém elas são isoladas, não
18). Não existem mapas com informações das linhas possuem interligações que permitam a criação de uma rede.
disponíveis nos pontos de ônibus. Dessa forma, torna-se Além disso, encontram-se sem manutenção e com ausência de
necessário pensar na reestruturação dessas linhas existentes a iluminação e sinalização (ver figura 17). (NERI, 2012)
fim de criar um sistema de transporte legível para a população. A utilização das bicicletas como meio de transporte cresceu
nos últimos anos na cidade de Maringá através do incentivo de
2.4.3 A estrutura cicloviária movimentos pró-uso do modal cicloviário. Nesse sentido, é
Alguns dados da Associação Comercial de Maringá - ACIM e preciso estabelecer uma rede que possibilite o acesso aos
da Prefeitura Municipal de Maringá, fornecidos pelo Censo polos geradores de tráfego mostrados anteriormente.
Econômico realizado em 2002, demonstram que a bicicleta é
utilizada por grande parte dos trabalhadores da cidade, assim
como dos municípios de Paiçandu e Sarandi para realizarem
movimentos pendulares em áreas industriais (ver tabela 09).

Tabela 09 – Meio de transporte funcionários em Maringá – 2002 Figura 17 – Ciclovia Avenida Pedro Taques
Fonte: ACIM/PMM,2002 apud BORGES, RODRIGUES, et al., 2009 apud SAVI, 2014. Fonte: Acervo da autora.
Adaptado pela autora.

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2.4.4 Projetos de mobilidade atuais
Atualmente, entre as três cidades do aglomerado, Maringá se
destaca como centro que recebe maiores investimentos para a
mobilidade em relação à Paiçandu e à Sarandi. A cidade conta
atualmente com o financiamento do Programa de Aceleração
do Crescimento - PAC Mobilidade Urbana Médias Cidades e do
Programa de Mobilidade Urbana do Banco Interamericano de
Desenvolvimento – BID. (SAVI, 2014, p.94)
Entre os projetos financiados pelo PAC, estão as obras de
reestruturação de algumas vias ao norte de Maringá e a
construção de um terminal intermodal (ônibus e trem) central.
Já o BID financiou o rebaixamento da linha férrea, o sistema
binário nas Avenidas São Paulo, Duque de Caxias e Paraná e
prevê a implantação de um corredor de ônibus na Avenida
Brasil com a criação de dois terminais nos pontos extremos da
cidade e do contorno da Universidade Estadual de Maringá
UEM (ver figura 18). (SAVI, 2014, p.98)
Dos projetos financiados, os executados foram os seguintes:
Figura 18 – Investimentos do PAC e BID
• Sistema binário norte-sul nas avenidas citadas; Fonte: Prefeitura do Município de Maringá apud SAVI, 2014.

• Rebaixamento da linha férrea;

Os demais projetos ainda não foram implantados.

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O Sistema Binário de Maringá começou a ser implantado no
ano de 2009 e até o momento foi executado na área central e
nas suas adjacências (ver figura 19). O binário consiste na
transformação de vias paralelas que possuíam mão dupla em
um único sentido, sendo visto como uma solução para dar mais
fluidez ao tráfego de vias rápidas e muito movimentadas.
A implantação desse sistema favorece somente o tráfego de
veículos automotores, dificultando a circulação de pedestres e
ciclistas. No caso de Maringá, as decisões tornam-se
contraditórias ao propósito do sistema, já que foi implantado na
área central da cidade, local em que há um grande fluxo de
pedestres, linhas de transporte coletivo com muitas paradas e,
além disso, vagas de estacionamento dos dois lados das vias
com veículos circulando a todo o momento.
É incompatível o sistema binário na área central de Maringá,
local onde a prioridade deveria ser do pedestre. As vias de
sentido único implantadas no sentido norte-sul são somente
canaletas que conduzem os congestionamentos de uma via
para outra, já que não há uma continuidade do sistema. Além
disso, o transporte coletivo, ao trafegar na via da direita do
sistema binário, e chegar nas proximidades do terminal urbano,
precisa converter para a pista da esquerda através das agulhas
de conversão instaladas, ocupando a via transversalmente e
dificultando a fluidez viária.
Além dessas intervenções citadas, outras se destacam no
território do aglomerado (ver figura 20) e serão explanadas a Figura 19 – Sistema Binário de Maringá
seguir. Fonte: Prefeitura do Município de Maringá

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Figura 20 – Projetos atuais interferentes na mobilidade do aglomerado


Fonte: Elaborado pela autora.

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Aprovada pela Lei Complementar no946/2013, a Operação
Urbana Consorciada Novo Centro Cívico – Eurogarden consiste
em um conjunto de intervenções coordenadas pela Prefeitura
de Maringá e realizada com proprietários e investidores em
geral para implantar o sistema viário de integração na Gleba
Patrimônio Maringá (antigo aeroporto).
O projeto propõe significativas mudanças na mobilidade e no
sistema viário de Maringá. O empreendimento foi projetado
para a área do antigo aeroporto de Maringá, um vazio urbano
de cerca de 162 hectares, sendo que uma parte do terreno, a
maior, é da prefeitura e a outra é privada. A proposta consiste
na criação do novo centro cívico, além de prédios residenciais
Figura 21 – Implantação Eurogarden – alterações viárias
e comerciais de alto padrão (ver figuras 21 e 22).
Fonte: http://www.archi5.fr/flash8/index.html. Acesso em: 13 mai. 2014.
A lei definiu ainda como primeira diretriz urbanística a “I –
complementação e integração do sistema viário existente na
região com o macro sistema de circulação, de forma a
possibilitar a distribuição adequada dos fluxos de tráfego para
atendimento dos usuários da região.” (MARINGÁ, 2013b). Além
disso, a contrapartida da outorga onerosa do potencial
adicional de construção será recompensada pela execução
dessas novas diretrizes viárias. Tais mudanças viárias, se forem
implantadas, trarão um grande impacto para a mobilidade da
cidade e para a integração com o município de Sarandi que
possui suas divisas ao lado da área do empreendimento. Figura 22 – Vista geral Eurogarden
Fonte: http://www.archi5.fr/flash8/index.html. Acesso em: 13 mai. 2014.

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Outros empreendimentos, esses já parcialmente implantados,
sugerem a criação de áreas residenciais, ora em condomínios
fechados, ora em bairros convencionais que, de acordo com a
Ecoingá, empresa empreendedora, contêm preceitos de
sustentabilidade.
Esses novos bairros residenciais estão sendo planejados nas
áreas entre as bordas conurbadas de Sarandi e Maringá. Os
condomínio Eco Garden (ver figura 23) e o bairro residencial
Eco Valley (ver figura 24) estão inseridos dentro dos limites
municipais de Sarandi.
Figura 23 – Localização Eco Garden
De acordo com a Ecoingá, o condomínio fechado Eco Garden
Fonte: http://www.ecoinga.com.br/. Acesso em: 13 mar. 2014.
se insere em uma área de 284.350m2 que conta com 30.000m²
de bosques e lagos e uma reserva de mata ciliar nativa de
33.934,47m². Já o bairro Eco Valley é de livre acesso, com uma
avenida principal com leito carroçável de 29 metros que,
conforme o Ecoingá:
Suas largas vias visam a qualidade do futuro fluxo na
região. A faixa próxima ao canteiro central é destinada
aos veículos leves e a faixa próxima à calçada é
preferencial ao transporte coletivo. Travessias elevadas,
calçadas ecológicas e ciclovias estarão presentes
também na avenida principal. (ECOINGÁ)

Esses empreendimentos localizados nessas áreas de


conurbação, quando ocupados, serão novos impulsos para o
desenvolvimento urbano e, consequentemente, para o aumento
das problemáticas da mobilidade. Nesse sentido, é necessário Figura 24 – Vista do bairro Eco Valley
considerar o aumento dos fluxos para essas áreas da cidade. Fonte: http://www.ecoinga.com.br/. Acesso em: 13 mar. 2014.

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Normatizado em 2005 pela Lei no 6.936/2005, o Programa de Além de empresas de tecnologia, a terceira fase do
Desenvolvimento Econômico de Maringá – PRODEM/EMPRESA empreendimento da Cidade Industrial, o Tecnoparque, possuirá
tem o objetivo de “fomentar a expansão de empreendimentos espaços reservados para o ensino tecnológico e técnico em
existentes e estimular a atração de novos empreendimentos no lotes doados ao Instituto de Tecnologia do Paraná – TECPAR,
município de Maringá, com o fim primordial de gerar novos ao Instituto de Tecnologia para Desenvolvimento – LATEC e ao
empregos e renda”. (MARINGÁ, 2005) Serviço de Aprendizagem Industrial – SENAI.
A partir da criação dessa lei, foi proposto
um novo empreendimento que, aliado à
construção de um novo contorno para a
cidade, à construção de uma rodoferroviária
e à expansão de vias estruturadoras e do
aeroporto existentes, cria um novo polo
industrial para a região e uma área verde
que a alavancará com a criação de uma
nova paisagem urbana.
De acordo com Prefeitura Municipal de
Maringá, a nova Cidade Industrial foi
planejada para ser construída em três fases,
sendo que a primeira e a segunda já estão
sendo executadas e a terceira terá a
implantação do Tecnoparque. Esse último
empreendimento contará com empresas
destinadas à fabricação de produtos com
alto valor agregado, tais como softwares,
Tecnologia da Informação – TI e Figura 25 – Implantação da cidade industrial de Maringá
biomedicina (ver figura 25). Fonte: http://www2.maringa.pr.gov.br/cidadeindustrial. Acesso em: 20 mai. 2014.

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Esse polo de geração de empregos se insere nas áreas O novo Contorno Sul Metropolitano (ver figura 27) tem como
industriais entre a cidade de Paiçandu e Maringá, um dos objetivo substituir o atual eixo que desenvolve esse papel, a
destinos mais procurados pelas origens do transporte coletivo Avenida Prefeito Sincler Sambatti. O contorno sul atual
(ver mapa 06). A implantação desse novo empreendimento encontra-se inserido no meio urbano em bairros exclusivamente
reforçará os elos de origens-destinos entre as duas cidades. residenciais (ver mapa 04). Atualmente esse eixo está
Aliados à implantação da Cidade Industrial desenvolvem-se derivando novas linhas de crescimento para a cidade através
outros dois projetos, o da expansão do Aeroporto Regional de da expansão de novos bairros ao sul.
Maringá e a construção do novo Contorno Sul Metropolitano.
A expansão do Aeroporto Regional prevê o prolongamento da
pista atual de 2.100 metros para 3.600 metros permitindo
pousos de aviões maiores e um aumento no número de
viagens/dia. Além disso, o aeroporto passou a ser autorizado a
realizar voos internacionais de cargas, fato que favorece a
implantação da Cidade Industrial (ver figura 26).

Figura 26 – Expansão do Aeroporto de Maringá Figura 27 – Traçado do Contorno Sul Metropolitano


Fonte: http://www2.maringa.pr.gov.br.Acesso em: 20 mai. 2014. Fonte: O DIÁRIO, 6 dez. 2013.

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O novo Contorno Sul Metropolitano foi previsto em uma área As discussões atuais sobre mobilidade concentram-se na
distante do centro urbano de Maringá, se comparado ao outro Avenida Brasil, fomentadas pela ACIM e pela Prefeitura
contorno da cidade ao norte. Porém, ele atravessa a área Municipal de Maringá. As questões abordadas relacionam-se à
urbana das cidades de Paiçandu, Sarandi e Marialva e criação de um corredor de ônibus leste-oeste com a previsão
contemplará 32,3 quilômetros com 11 pontes ou viadutos. de implantação de uma pista de ciclovia. A proposta preliminar
De acordo com o Departamento Nacional de Infraestrutura de planejava ainda a mudança do sistema viário para binário, no
Transportes – DNIT (2014), o novo Contorno Sul irá absorver o sentido oeste. De acordo com Savi (2014, p.107), a imprensa
tráfego de pelo menos 20 mil veículos por dia, principalmente divulgou que o novo sistema binário na Avenida Brasil
os pesados. Entretanto, os grandes fluxos pendulares, beneficiaria o acesso ao grande empreendimento imobiliário
principalmente de Paiçandu e Sarandi para a cidade de Eurogarden, destacado anteriormente nesse trabalho.
Maringá, não utilizarão essa nova via para trafegar, já que a O projeto da Avenida Brasil não havia sido amplamente
distância percorrida aumenta significativamente. divulgado para a população (ver figuras 28), a qual espantou-
Ao observar seu traçado, é possível destacar alguns pontos de se ao observar o início das obras com a retirada das “espinhas
localização considerados importantes pelo DNIT, tais como o de peixe”, os estacionamentos no centro da via. Após
aeroporto, o Ceasa, o porto seco (pátio de triagem), a Coca discussões a execução foi interrompida para repensar as
Cola e o frigorífico. Além disso, percebe-se no trecho do soluções dadas à via.
contorno que cruza as divisas entre as cidades de Maringá e A reestruturação da principal avenida comercial da cidade
Paiçandu, que a via proposta não abrange o último município deve ser amplamente discutida com a população. Algumas
como um todo, não permitindo o acesso direto dos fluxos de questões e propostas devem ser repensadas, tais como a
veículos pesados à PR-323, rodovia que dá acesso à Cianorte e implantação do corredor de ônibus que irá originar uma alta
ao porto de Guaíra. velocidade do transporte público, proporcionada pelo corredor
As discussões a cerca do Novo Contorno Sul e seus impactos viário que é incompatível com o alto fluxo de pedestres
diretos no aglomerado e na RMM não foram amplamente presentes na área central. Além disso, se ocorrer a implantação
de ciclovias deve-se prever a instalação de pontos de
discutidos pela população nem sequer divulgados pelo poder
estacionamento para esses meios de transporte.
público. No momento ainda não foram iniciadas as obras para
sua execução.
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Outro ponto importante que deve ser destacado é a
transformação da Avenida Brasil em sistema binário. Essa
solução torna-se conflitante com uma via comercial. A
conversão do sistema de mão dupla para binário irá aumentar a
velocidade dos veículos e, consequentemente, tornará a via
menos propícia para a utilização de meios de transporte não
Figura 28 – Corredor da Avenida Brasil motorizados: a pé e de bicicleta.
Fonte: MARINGÁ, 2014.
Algumas dessas soluções apontadas pelo projeto preliminar
apresentado pela Prefeitura Municipal de Maringá, tais como o
corredor de ônibus e o sistema binário, se implantadas na
Avenida Brasil, podem modificar o cenário urbano da principal
via de comércio da cidade transformando-a em um corredor
viário de passagem.
Além das questões citadas, há uma proposta de seccionar as
rotatórias ao longo da Avenida Brasil em que, alguns
momentos, há a implantação de pontos de parada de ônibus ou
ainda para dar fluidez ao sistema binário. Essas soluções
constituem as primeiras propostas de reestruturação das
rotatórias, elementos de ligações viárias desenhados por Jorge
de Macedo Vieira (ver figura 29).
Recentemente a ACIM recebeu o arquiteto Hector Vigliecca em
Maringá, com o intuito de contratá-lo para conceber um projeto
de reestruturação da Avenida Brasil e da área central como um
todo. O processo de contratação ainda esta em andamento até
Figura 29 – Detalhe da Praça Rocha Pombo o presente momento.
Fonte: MARINGÁ , 2014.

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Além dos projetos de mobilidade discutidos atualmente em
Maringá, recentemente foram elaboradas algumas propostas
relacionadas à mobilidade urbana no município de Sarandi. O
“Plano de Desenvolvimento Urbano-Regional para Sarandi-PR”
foi coordenado pela Profa Msc. Beatriz Fleury e Silva e teve
consultoria da Profa Dra. Nádia Somekh.
De acordo com o Relatório Executivo de 25 de maio de 2012, o
projeto teria três etapas de implantação, entre as quais
dividiam-se em: atividades técnicas e eventos participativos,
constituindo a “leitura de oportunidades”; o projeto urbano-
regional e os projetos urbanos estratégicos, além das diretrizes
para revisão do Plano Diretor; e a formulação de um novo
modelo de gestão.
A proposta prevê a criação de uma nova centralidade
metropolitana que será construída através de ações urbanas
sociais, ambientais/sociais e de gestão pública além da
implantação de projetos motores (ver figura 30). As diretrizes
para essa nova centralidade são as seguintes:
IDENTIDADE – Imprimir vocação e assim identidade à
paisagem.
CONECTIVIDADE – Promover conexão qualificada
intermunicipal e intraurbana.
SINERGIA METROPOLITANA – Impulsionar a parceria
metropolitana através da capacitação e atração de
indústrias focada nas necessidades regionais, criaçãode Figura 30 – Projetos Motores do Plano de Desenvolvimento
espaços públicos de interesse regional, qualificar Urbano-Regional para Sarandi-PR
conexões viárias.
Fonte: SILVA , 2012b.
CAPACITAÇÃO – Promover espaços e serviços de
capacitação comercial e industrial. (SILVA, 2012b)

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O “Plano de Desenvolvimento Urbano-Regional para Sarandi-
PR” propôs ainda a elaboração de um Plano de Mobilidade
Urbana que atendesse aos objetivos de implantação de uma
nova centralidade. De acordo com a Profa Msc. Beatriz, a
empresa TC Urbes de São Paulo foi contratada para elaborá-lo.
A proposta apresentada propõe a criação de dois eixos de
mobilidade do transporte coletivo (ver figura 31) os quais se
conectarão ao “Anel verde”, estrutura cicloviária proposta para
alimentar as vias estruturadoras do modal ônibus (ver figuras 32
e 33).

Figura 31 – Eixo troncal transporte coletivo Sarandi Figura 32 – Eixo troncal transporte coletivo de Sarandi e Anel verde
Fonte: http://tcurbes.com.br/pt/portfolio/162-mobilidade-sustentavel-sarandi.html. Fonte: http://tcurbes.com.br/pt/portfolio/162-mobilidade-sustentavel-sarandi.html.
Acesso em: 20 mai. 2014. Acesso em: 20 mai. 2014.

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Figura 33 – Implantação das ciclovias nos projetos motores


Fonte: http://tcurbes.com.br/pt/portfolio/162-mobilidade-sustentavel-
sarandi.html. Acesso em: 20 mai. 2014.

Para efetivar as propostas apresentadas, como já foi


destacado, serão necessárias revisões no Plano Diretor de
Sarandi com relação às mudanças de diretrizes viárias e de
parâmetros de uso e ocupação do solo. Nesse sentido, foram
elaboradas propostas de zoneamento e de novas diretrizes
viárias. O mapa a seguir demonstra as intenções de diretrizes
viárias propostas pela Profa Msc. Beatriz Fleury Silva e sua
equipe. (ver figura 34). Figura 34 – Sistema Viário e Diretrizes Viárias Sarandi
Fonte: SILVA, 2012b.

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2.4.5 Síntese do transporte coletivo que podem indicar diretrizes para uma
Os estudos realizados demonstraram claramente a priorização futura proposta de um novo sistema. A cidade atualmente
do transporte individual desde o início do planejamento das apresenta uma centralidade regional na área central, mas
cidades do aglomerado até os dias atuais. As análises de também possui centralidades secundárias nas Avenidas
crescimento e de formação do espaço urbano demonstraram Morangueira, Mandacaru, Cerro Azul e Tuiuti. Essas
fortes vínculos entre Paiçandu e Sarandi com a cidade polo subcentralidades podem apontar possíveis intervenções para
Maringá, criando relações mútuas de interdependência. A alavancar o desenvolvimento dos bairros nelas inseridos.
ascendência das rodovias perante a ferrovia reforçou esse elo Os carregamentos dos corredores de transporte coletivo
metropolitano, através de áreas industriais e de serviços metropolitanos e urbanos congestionam algumas vias em
especializados instaladas nas divisas entre os municípios. horários de pico, principalmente na área central através da
Os dados encontrados sobre as condições de deslocamento centralização dos fluxos. A paisagem urbana existente atrai os
entre as cidades aglomerado apontam para uma demanda de olhares para o centro da cidade que hoje é o ponto focal do
deslocamentos diários entre os municípios, principalmente em aglomerado e principal destino das viagens do transporte
direção ao polo Maringá. Essa necessidade de maior coletivo.
mobilidade se insere em um cenário atual de aumento de frotas As intervenções pontuais propostas para a mobilidade na
de veículos e de tempo de deslocamento, causados pela atualidade apontam para uma falta de integração das políticas
queda no uso de transporte coletivo e incentivo do uso públicas metropolitanas e de uma rede que interligue todos
individual. esses projetos, transformando-os em um Plano de Mobilidade
As análises realizadas pela Logitrans em 2010, reforçam essas Urbana.
questões levantadas, apontando a demanda diária que o Para clarear essas questões apresentadas, ver o mapa de
aglomerado apresenta e caracterizando problemáticas no síntese a seguir.
movimento pendular.
O estudo das linhas de ônibus, bem como das origens,
destinos e polos geradores de tráfego possibilitou a
constatação de alguns eixos e áreas sobrecarregadas de linhas

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3 A MOBILIDADE NO
PLANEJAMENTO URBANO:
DIRETRIZES PARA O O
AGLOMERADO

3 A MOBILIDADE NO PLANEJAMENTO URBANO: DIRETRIZES PARA O AGLOMERADO

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O deslocamento das pessoas, seja de transporte público ou A mobilidade sustentável caracteriza-se como uma ação
privado, de acordo com a sua acessibilidade, pode definir integrada ao desenvolvimento sustentável que possibilita
características de qualidade de vida de uma população, além diminuir a poluição, promove a educação ambiental e cria
do seu nível de desenvolvimento econômico e social. As redes de mobilidade racionalizadas e integradas. Nesse
diversas atividades contidas na cidade, locais de moradia, contexto, a Comissão do Meio Ambiente da ANTP apresentou
trabalho e lazer somente são viabilizadas através do uma pesquisa que revela que o sistema rodoviário tem pontos
deslocamento de pessoas e produtos. Nesse sentido a negativos com relação ao consumo de energia, emissão de
mobilidade torna-se essencial para a vida ativa de um centro poluentes e custos totais da poluição, fatos que interferem na
urbano e o transporte público deve ser um fator relevante no qualidade de vida urbana e na ineficiência energética dos
planejamento das cidades, já que tem uma influência direta na recursos não renováveis (ver gráfico 03 e figura 35). (ANTP,
qualidade de vida dos usuários e no desenvolvimento urbano. 2005, p.81)
A partir dessas questões levantadas, esse capítulo tem como
objetivo nortear as propostas para o Plano de Mobilidade
Urbana. Serão abordadas questões importantes sobre a
mobilidade que influenciarão no planejamento.

3.1 A mobilidade urbana, a gestão e o planejamento


sustentável do mundo ao Brasil

A integração entre a gestão do trânsito, do transporte e do


planejamento urbano é importantíssima para gerir diretrizes
sustentáveis que garantam o direito de mobilidade dos
cidadãos. Nesse sentido, o poder público deve ter papel de
articulador e propositor de políticas de mobilidade e não Gráfico 03 - Custos totais da poluição (em %) segundo o porte das
somente desempenhar a função de gestor regulamentador e cidades (em população)
normativo que possui atualmente. (BIANCHI, 2003, p.270-272) Fonte: ANTP, 2005.

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Figura 35 - Deslocamento de trinta pessoas por faixa e modal


Fonte:http://planetasustentavel.abril.com.br. Acesso em: 10 mar. 2014.

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As questões de desenvolvimento sustentável haviam sido Conferência das Nações Unidas sobre Meio Ambiente e
discutidas anteriormente no âmbito mundial, entretanto somente Desenvolvimento - CNUMAD, em junho de 1992, no Rio de
em 1987 o conceito foi finalmente definido com a criação da Janeiro. A Conferência também é chamada de Cúpula da Terra,
Comissão Mundial sobre Meio Ambiente e Desenvolvimento Rio-92 e ECO-92.
pela Organização das Nações Unidas - ONU, instituída para A Rio-92 gerou alguns documentos, tais como a “Declaração
discutir e propor meios de harmonizar os objetivos de do Rio sobre Meio Ambiente e Desenvolvimento”, a
desenvolvimento econômico e de conservação ambiental. “Convenção-Quadro das Nações Unidas sobre a Mudança do
O relatório final da Comissão, publicado em abril de 1987, Clima – CQNUMC” , a “Convenção das Nações Unidas sobre
definiu a expressão desenvolvimento sustentável: “é aquele que Diversidade Biológica – CDB”, a ‘Convenção sobre Combate à
atende às necessidades do presente sem comprometer a Desertificação” e a “Agenda 21”.
possibilidade de as gerações futuras atenderem a suas A “Agenda 21” propôs a promoção do planejamento
próprias necessidades”. Nesse sentido, resulta diretamente do sustentável da mobilidade por meio das seguintes medidas:
Relatório Brundtland, apresentado como resultado do evento, o
(a) Integrar o planejamento de uso da terra e transportes,
conceito dos três pilares do desenvolvimento sustentável: com vistas a estimular modelos de desenvolvimento que
desenvolvimento econômico, equidade social e proteção reduzam a demanda de transportes;
ambiental. (b) Adotar programas de transportes urbanos que
favoreçam transportes públicos com grande capacidade
nos países em que isso for apropriado;
No mesmo período destacado iniciou-se a discussão dessa
(c) Estimular modos não motorizados de transporte, com a
temática no Brasil com a Constituição Federal de 1988, a qual construção de ciclovias e vias para pedestres seguras
determinou como competência da União a instituição de nos centros urbanos e suburbanos nos países em que
isso for apropriado;
diretrizes para o desenvolvimento urbano, incluindo os
(d) Dedicar especial atenção ao manejo eficaz do tráfego,
transportes urbanos. Nesse sentido, após a promulgação da ao funcionamento eficiente dos transportes públicos e à
manutenção da infra-estrutura de transportes;
Constituinte de 1988, surgiram vários projetos de lei que
(e) Promover o intercâmbio de informação entre os países
visavam normatizar o transporte coletivo e a mobilidade urbana, e os representantes das áreas locais e metropolitanas;
porém a sua maioria foi arquivada. (IPEA, 2012, p.04) (f) Reavaliar os atuais modelos de consumo e produção
com o objetivo de reduzir o uso de energia e de recursos
As recomendações do Relatório Brundtland, publicado com o nacionais. (CONFERÊNCIA DAS NAÇÕES UNIDAS
SOBRE MEIO AMBIENTE E DESENVOLVIMENTO, 1992)
título “Nosso Futuro Comum”, levaram à realização da
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Foram diversos os eventos mundiais sobre sustentabilidade que Mobilidade Urbana – PlanMob” em 2007. Além desses citados,
procederam o Rio-92, tais como a Cúpula Mundial sobre foi publicado em dezembro de 2008 o “Manual de BRT – Bus
Desenvolvimento Sustentável em 2002, além da a Rio+10, a Rapid Transit” pelo Mcidades. Ambos os documentos
qual aprovou em Joanesburgo, na África do Sul, um plano para publicados contêm princípios e diretrizes para a mobilidade
implementar os compromissos da Rio-92. sustentável, sem normatizar nenhum desses fatores.
No Brasil somente em 2001, com a criação do Estatuto da O evento mundial mais recente ocorreu em 2012, a Conferência
Cidade, a Lei no10.257 normatizou que um dos objetivos da das Nações Unidas sobre Desenvolvimento Sustentável,
política urbana é o direito a cidades sustentáveis, incluindo o conhecida como RIO +20. A RIO +20 gerou um documento
acesso ao transporte público adequado às necessidades da denominado “ O futuro que queremos” que determinou algumas
população. Além disso definiu que “[...] No caso de cidades diretrizes para o transporte sustentável, tais como o
com mais de quinhentos mil habitantes, deverá ser elaborado desenvolvimento de sistema de energia sustentáveis
um plano de transporte urbano integrado, compatível com o multimodais de massa com combustíveis de energia renovável.
plano diretor ou nele inserido.[...]”. (BRASIL, 2001) No documento, afirma-se que é necessário desenvolver uma
A necessidade de abordar as questões de mobilidade foi integração das políticas nacionais, regionais e locais para
reforçada com a criação em 2003 do Ministério das Cidades - promover o desenvolvimento sustentável nos transportes.
Mcidades o qual propôs a criação da Política de Mobilidade (UNITED NATIONS, 2012, p.25)
Urbana - PMU, essa por sua vez integrante da Política Nacional Finalmente em 2012, a Lei no 12.587 do Governo Federal
de Desenvolvimento Urbano - PNDU. A 1a Conferência das brasileiro estabeleceu as diretrizes anteriormente citadas nos
Cidades resultou na criação do Conselho das Cidades – manuais de 2004, 2007 e 2008, as quais foram normatizadas na
ConCidades que traçou as diretrizes da PNDU. (IPEA, 2012, instituição da Política Nacional de Mobilidade Urbana.
p.05)
Os resultados mais significativos obtidos com a criação do
3.2 Regulamentação do Plano de Mobilidade Urbana
Mcidades foram o “Programa Nacional de Mobilidade por
Bicicleta – Bicicleta Brasil” e o Caderno Mcidades – Política A Lei no 12.587 instituiu as diretrizes da Política Nacional de
nacional de mobilidade urbana sustentável”, ambos em 2004 e Mobilidade Urbana - PNMU. A PNMU é um instrumento da
o “Caderno de Referência para Elaboração do Plano de política de desenvolvimento urbano que tem como principais

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objetivos promover o acessibilidade universal à cidade, a igualdade do uso do espaço público para permitir o equilíbrio
integração dos modais de transporte, a consolidação dos dos sistemas de modais utilizados. Atualmente no Brasil o
princípios dessa política de desenvolvimento e o planejamento modal automobilístico utiliza-se da maior parcela desse espaço,
e gestão democrática do Sistema Nacional de Mobilidade porém, desloca a menor parcela da população.
Urbana – SNMU. Destaca-se que a PNMU afirma ainda que deve ser dada
As definições abordadas pela Lei de Mobilidade Urbana “prioridade dos modos de transporte não motorizados sobre os
importantes para o entendimento das questões de mobilidade, motorizados e dos serviços de transporte público coletivo sobre
principalmente abordadas nesse trabalho, são as seguintes: o transporte individual motorizado”. (BRASIL, 2012)
I – transporte urbano: conjunto dos modos e serviços de A Lei no 12.587 ainda normatizou diretrizes para a regulação
transporte público e privado utilizados para o
deslocamento de pessoas e cargas nas cidades dos serviços de transporte coletivo, tais como: política tarifária,
integrantes da Política Nacional de Mobilidade Urbana; regime econômico e financeiro da concessão, contratação e
II – mobilidade urbana: condição em que se realizam os direitos de serviço de taxis. Além disso estabeleceu os direitos
deslocamentos de pessoas e cargas no espaço urbano;
III – acessibilidade: facilidade disponibilizada às pessoas dos usuários e as atribuições da União, estados e municípios.
que possibilite a todos autonomia nos deslocamentos
desejados, respeitando-se a legislação em vigor; Conforme a Lei de Mobilidade Urbana, cabe aos municípios
[...] planejar, executar e avaliar a política de mobilidade urbana,
VI – transporte público coletivo: serviço público de além de regulamentar os serviços de transporte público e
transporte de passageiros acessível a toda a população
mediante pagamento individualizado, com itinerários e realizar a gestão do sistema.
preços fixados pelo poder público;
Nesse sentido, o Plano de Mobilidade Urbana, instrumento de
(BRASIL, 2012)
efetivação da PNMU deve compor-se de:

A PNMU fundamenta-se em alguns princípios, dentre os quais I – os serviços de transporte público coletivo;
estão: acessibilidade universal, desenvolvimento sustentável, II – a circulação viária;

equidade no acesso ao transporte público, eficiência do serviço III – as infraestruturas do sistema de mobilidade urbana;
IV – a acessibilidade para pessoas com deficiência e
público e gestão democrática. Além desses princípios citados, restrição de mobilidade;
a um outro a ser destacado: a equidade no uso do espaço V – a integração dos modos de transporte público e
público de circulação. É muito importante estabelecer essa destes com os privados e os não motorizados;

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VI – a operação e o disciplinamento do transporte de veículos particulares com o objetivo de promover uma equidade
carga na infraestrutura viária;
do uso do espaço público.
VII – os polos geradores de viagens;
VIII – as áreas de estacionamento públicos e privados, O modelo atual da gestão da cidade polo do aglomerado,
gratuitos ou onerosos; Maringá, não possui uma política específica que regule a
IX – as áreas e horários de acesso e circulação restrita ou
controlada; mobilidade urbana no seu sentido mais amplo, de
X – os mecanismos e instrumentos de financiamento do acessibilidade à cidade. As leis de diretrizes viárias, compostas
transporte público coletivo e da infraestrutura de nos planos diretores abordam intervenções somente no nível de
mobilidade urbana;e
sistema viário, visando favorecer somente o transporte
XI – a sistemática de avaliação, revisão e atualização
periódica do Plano de Mobilidade Urbana em prazo não motorizado individual.
superior a 10 (dez) anos. (BRASIL, 2012)

Como já foi citado anteriormente no trabalho, a lei definiu que 3.3 A expansão urbana e as problemáticas de mobilidade
as cidades com número de habitantes acima de vinte mil teriam
um prazo de três anos, a partir da data que a lei foi aprovada, O crescimento acelerado das populações urbanas tem por
para estabelecer um Plano de Mobilidade Urbana integrado ao consequência de um lado a periferização da baixa renda e de
Plano Diretor. outro uma concentração de oportunidades e destinos das
viagens nas áreas centrais. Esse fato ocasiona o aumento da
Portanto, é indiscutível a importância de um Plano de mobilidade pendular nos municípios. (BIANCHI, 2003, p.268)
Mobilidade Urbana para o aglomerado Paiçandu-Maringá-
Sarandi. Visando o desenvolvimento sustentável da mobilidade, Nesse sentido, as matrizes de origens e destinos das cidades
é necessário promover uma integração multimodal com estão se tornando cada vez mais complexas já que as politicas
sistemas de transporte coletivo com tecnologias de sociais para atender as diversas camadas populacionais são
combustíveis limpos que diminuam o impacto ambiental diferentes, com distintas soluções de transporte. Dessa forma,
produzido pelo excesso de veículos nas cidades. Além disso, a o transporte público, normalmente utilizado pelas camadas de
implantação de um sistema de transporte público eficiente e menor renda, acaba se instalando no sistema viário projetado

integrador é importante para diminuir o aumento excessivo de para os veículos particulares, disputando espaço com todos os
modais, sem preferência em relação a eles. (BIANCHI, 2003,
p.268)

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Considerando as redes de mobilidade complexas que as coletivo que tem origem nas áreas periféricas são radiais, ou
grandes metrópoles possuem atualmente, tem-se o exemplo de seja, fazem o caminho direto até a área central. Para acessar
São Paulo. Após a implantação do sistema de ônibus coletivo outras áreas da periferia, é necessário se deslocar até o
na cidade, ele moldou-se para atender as regiões periféricas. terminal central da cidade para pegar outra linha. Esse mesmo
Foram criados então eixos de expansão radiais do centro à fato ocorre com a demanda de deslocamentos do aglomerado
periferia que continham uma concentração de comércios e das cidades de Paiçandu e Sarandi, a qual necessita se
serviços ao longo de seu percurso e um maior adensamento na deslocar primeiramente até o terminal centralizado.
porção próxima à área central. (NIGRIELLO e OLIVEIRA, 2013, A partir dessas constatações, é necessário pensar no papel
p.105) indutor de crescimento que as linhas de transporte público
Essas linhas radiais fazem a ligação somente do centro à exercem na formação de polos periféricos. Assim é necessário
periferia e vice-versa, porém não há uma ligação perimetral, ou ter um planejamento de transporte em escala regional, criando
em arcos, da periferia para ela mesma. Para acesso a outras um meio de mobilidade estrutural que impulsione uma
áreas da periferia é necessário utilizar uma linha radial, passar igualdade de distribuição da acessibilidade em áreas
pelo centro da cidade e voltar para o destino por outra linha adensadas que têm ausência de infraestrutura e equipamentos
radial. “Além de aumentar o tempo de viagem, a falta de linhas urbanos. A solução poderia ser fundamentada no adensamento
perimetrais na rede de transporte de média ou alta capacidade do espaço edificado com a diversificação dos usos ao longo
inibe a formação ou expansão de polos periféricos. das linhas estruturais de transporte público. (NIGRIELLO e
(NIGRIELLO e OLIVEIRA, 2013, p.116) OLIVEIRA, 2013, p.120)
O aglomerado Paiçandu-Maringá-Sarandi possui a mesma A criação de novas centralidades e polos de empregos em
dinâmica citada. O espalhamento urbano e a periferização áreas com concentração de origens pode ser uma solução
resultantes da persistência de vazios em áreas próximas ao para reduzir as distâncias e os tempos de deslocamento. As
centro da cidade polo e dos altos valores do solo centrais, novas centralidades podem ser caracterizadas em nós nas vias
culminaram em origens de viagens cada vez mais distantes, com maiores carregamentos e subcentralidades já existentes
principalmente na região norte de Maringá e nas cidades de destacadas nas análises apresentadas nesse trabalho.
Paiçandu e Sarandi. Mesmo que em menores escala e
distâncias que o exemplo de São Paulo, as linhas do transporte

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3.4 A mobilidade e o uso do solo no planejamento das atividades ocorre conforme a oferta de transporte coletivo,
fato constatado por uma Pesquisa Origem-Destino de 2007.
Os autores Nigriello e Oliveira (2013, p.101) propõem um breve
histórico do início dos conceitos que correlacionam o Desde meados do século XIX, a instalação dos empregos
no planalto paulista reflete sua associação com o sistema
transporte, o uso do solo e o planejamento urbano. de transporte. As primeiras fábricas para a produção de
artigos de consumo para o mercado interno localizam-se
O primeiro pensador a elaborar uma teoria que relacionou as junto à ferrovia Santos – Jundiaí, inaugurada em 1867. A
partir de 1900, linhas de bondes elétricos e, a seguir, em
localizações e usos do solo com os custos de transporte foi 1924, linhas de ônibus, viabilizam tanto o loteamento de
3 chácaras, localizadas em geral a oeste e sudoeste do
Von Thüner em 1826, denominando-a de “Teoria da centro histórico da cidade, como a instalação de fábricas
e bairros operários, principalmente a leste do rio
localização”. Os economistas Christaller4 e Lösch5 o sucederam Tamanduateí. Após a Segunda Guerra, reduzida a
com um segundo conceito, a “Teoria dos lugares”, a qual prioridade originalmente atribuída ao transporte
ferroviário, a rede de ônibus amplia-se possibilitando o
definiu que as atividades são organizadas de acordo com a sua acesso da mão-de-obra às novas unidades de produção
demanda, estabelecendo-se em áreas de acordo com os implantadas junto às rodovias. (NIGRIELLO e OLIVEIRA,
2013, p.105)
custos de acesso. (NIGRIELLO e OLIVEIRA, 2013, p.102)

Somente em 1954, Mitchell e Rapkin6 destacaram que usos do Em meados do século XIX e início do século XX, a importância
solo distintos geram diferentes fluxos de transporte e, em 1961, da mobilidade transpareceu no momento em que as cidades
Wingo e Perloff 7 afirmaram que o transporte poderia ser a sofreram um aumento demográfico e um acréscimo de
consequência do uso do solo. Um exemplo dado pelos autores atividades econômicas devido à industrialização. Esses fatos
Nigriello e Oliveira (2013, p.103) que explicita esses conceitos é alertaram para a necessidade mais movimentos de massas
o caso da Região Metropolitana de São Paulo. A distribuição entre as partes das cidades. (SILVA, 2012a, p.07)
!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!! No caso do aglomerado estudado, observa-se que as
3
VON THÜNER, J. H. The isolate state. Nova York: Pergamon Press,
1826. principais regiões de origens (ver mapa 08) oriundas de áreas
4
CHRISTALLER, W. Central places in Southern Germany. Nova predominantemente residenciais trabalhadoras (ver mapa 04)
Jersey: Prentice-Hall, 1966.
5
LÖSCH, A. The economics of location. New Haven: Yale University foram loteadas distantes dos destinos em prol de uma
Press, 1954.
6
MITCHELL, R. B; RAPKIN, C. Urban traffic: A function of land use. valorização imobiliária nos locais com concentração de polos
Nova York: Columbia University Press, 1954.
7 WINGO, L.; PERLOFF, H. The Washington transportation plan: technics or
geradores de tráfego (ver mapa 10), como eixos de comércio e
politics?. Proceedings and papers of the Regional Science Association, indústrias.
1961.

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60
! ! ! ! !
3.5 Mobilidade, acessibilidade e localizações urbanas os que ali trabalham – com os de consumidores – os que
ali fazem compras e vão aos serviços. (VILLAÇA, 2001,
p.20)
No livro “Espaço intra-urbano no Brasil, Flávio Villaça propõe a
discussão dos espaços intra-urbanos das metrópoles
Nessas áreas que são polos geradores de tráfego é possível
brasileiras, de modo a estudar as suas estruturas principais,
observar um elemento denominado pelo autor como localização
localizações e movimentos.
urbana. Villaça (2001, p. 24) destaca as localizações por
Com relação aos estudos territoriais no Brasil, Villaça (2001, relacionarem-se com os transportes, as comunicações e a
p.17) aponta que há um desenvolvimento nas questões infraestrutura disponível em um local da cidade. Nesse sentido,
regionais e intra-urbanas. Porém não houve uma análise a localização urbana é determinada por dois aspectos: a rede
articulada dos elementos das cidades, de forma que estes de infraestrutura e a possibilidade de transporte e
foram estudados separadamente. A primeira visão territorial que deslocamento. Essas condições de deslocamento associadas a
buscou essa interligação do conjunto regional ocorreu na um ponto do território urbano têm predomínio sobre a
Escola de Chicago no final dos anos de 1960 que, entretanto, infraestrutura existente de maneira que a sua acessibilidade
teve curta duração. seja mais a condição mais importante.
O autor aponta as diferenças entre espaço regional e intra- O conceito de localização é importante para entender o
urbano. De acordo com Villaça, a grande distinção entre esses crescimento e o desenvolvimento das cidades, além dos
dois espaços está nos transportes e nas comunicações. O motivos do desenvolvimento econômico em pontos específicos.
espaço regional estrutura-se pelo deslocamento de Além disso, a localização pode influenciar os processos
informações, energia, capital e mercadorias e, por vezes, força socioespaciais regionais, como a urbanização, relações dessa
de trabalho. Já o espaço intra-urbano estrutura-se pelo com a industrialização, o desenvolvimento regional desigual,
deslocamento do ser humano entre casa-trabalho e como divisão do trabalho, etc. (VILLAÇA, 2001, p.24)
consumidor. (VILLAÇA, 2001, p.20)
Villaça (2001, p.69) propõe a reflexão das localizações intra-
Exatamente daí vem, por exemplo, o enorme poder urbanas, principalmente a das classes sociais e das
estruturador intra-urbano das áreas comerciais e de
serviços, a começar pelo próprio centro urbano. Tais articulações com outros elementos da estrutura urbana. Para
áreas, mesmo nas cidades industriais, são as que geram
e atraem maior quantidade de deslocamentos (viagens), essa reflexão, ele destaca as formas e as direções de
pois acumulam os deslocamentos de força de trabalho – e expansão territorial das metrópoles.

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! ! ! ! !
A terra urbana somente torna-se interessante quando relaciona A via regional, surgida a partir de uma demanda extra-urbana,
dois fatores, a localização e a acessibilidade. “A acessibilidade constitui a alavanca inicial que provoca o oferta e demanda de
de um terreno ao conjunto urbano revela a quantidade de transporte de passageiros por onde ela passa, uma
trabalho socialmente necessário dispendido em sua produção.” necessidade intra-urbana. Conforme o crescimento da cidade,
(VILLAÇA, 2001, p.74). Surge então a ideia de “ponto” no solo ela se apropria de trechos urbanos das vias regionais, como as
urbano: o valor produzido pelo trabalho coletivo provindo da rodovias antigas que com o tempo se transformam em vias
construção da cidade. Tal valor do solo promovido pelo urbanas. (VILLAÇA, 2001, p.82)
“ponto”, que é oriundo da força produtiva social do trabalho da A existência da ferrovia, em contraponto com as rodovias, não
aglomeração da cidade, consiste no valor do uso previsto para aponta uma maior acessibilidade urbana, já que a cidade não
aquela localização. (VILLAÇA, p. 77) pode operar o sistema e oferecer os veículos. “As vias regionais
Tanto no espaço intra-urbano como no regional, a configuração de transportes constituem o mais poderoso elemento na
espacial é consequência das transformações desses pontos, atração da expansão urbana [...]”. (VILLAÇA, 2001, p. 85)
seus atributos, valores e usos que afetam na melhoria da A ferrovia influenciou a estruturação territorial das metrópoles
acessibilidade. Isso ocorre, conforme o autor, através de brasileiras. Promoveu a distribuição territorial das camadas
exploração de terras valorizadas pelas ferrovias, como em sociais, o desenvolvimento, além do tamanho e natureza dos
Londrina e Maringá, assim como grandes obras urbanas que centralidades secundárias de comércio e serviços e, ainda, a
introduzem novas acessibilidades. (VILLAÇA, 2001, p. 79) localização das indústrias. Grandes centros de comércio e
As primeiras sequelas de uma via regional ou terminal de serviços nas regiões metropolitanas brasileiras surgiram nas
transporte urbano provocadas nos terrenos adjacentes são a áreas ferroviárias e sofreram sua expansão em função do eixo
melhoria da acessibilidade e a consequente valorização. ferroviário. (VILLAÇA, 2001, p.106)
Em virtude o aumento da acessibilidade, em última Com relação ao aglomerado Paiçandu-Maringá-Sarandi,
instância, ao centro da cidade, aqueles terrenos
adjacentes terão economia de transporte a seus eventuais caracterizado por ser um espaço intra-urbano, podem-se
ocupantes; seus valores se alterarão e seus proprietários destacar os pontos criados em localizações nas
embolsarão essa valorização. (VILLAÇA, 2001, p.80)
subcentralidades da cidade de Maringá. As centralidades
secundárias das Avenidas Morangueira, Mandacaru e Tuiuti,
mesmo que não estejam presentes como destinos e polos
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62
! ! ! ! !
geradores atrativos de tráfego (ver mapas 09 e 10), podem
sugerir estratégicas de alavancar áreas com grande
acessibilidade como essas.
Os pontos mais valorizados tornam os espaços de mobilidade
inchados de veículos, como no centro de Maringá. Assim, a
proposta de um transporte coletivo eficiente e terminais de
ônibus descentralizados pode diminuir essa condensação.
Além disso a criação de novos polos de atração nas
subcentralidades citadas pode distribuir os fluxos no
aglomerado.
Com relação à dinâmica metropolitana, as divisas das cidades
de Paiçandu e Sarandi com Maringá, dotadas de áreas
industriais já existentes como localizações geradoras de
tráfego, podem ser reforçadas com o intuito de diminuir as
distâncias entre casa-trabalho.

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4 REFERÊNCIAS PROJETUAIS

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4.1 Estratégias de mobilidade e estruturação da paisagem O Plano Diretor de Curitiba de 1966 teve como principais
diretrizes do planejamento urbano o tripé: transporte coletivo,
O presente capítulo abordará sobre as referências projetuais
sistema viário e uso do solo. O Plano tinha o objetivo de integrar
utilizadas como base para a elaboração do Plano de
as estruturas física e funcional da cidade a fim de direcionar o
Mobilidade Urbana do aglomerado Paiçandu-Maringá-Sarandi.
crescimento de forma linearizada (ver figura 36). (CURITIBA)
Buscaram-se planos e estratégias de mobilidade e paisagem
de cidades que tenham o transporte coletivo como prioridade,
já implantados com sucesso e que repercutiram no
desenvolvimento dos centros urbanos envolvidos. As cidades
estudadas são Curitiba, Bogotá e Bologna. As duas primeiras
cidades possuem uma grande escala se comparadas à região
estudada, porém, os grandes centros urbanos com suas
transformações urbanas já consolidadas poderão fornecer
diretrizes para o planejamento da mobilidade no aglomerado.

4.1.1 O caso de Curitiba-PR – Brasil


A cidade de Curitiba no Paraná, presenciou uma evolução do
seu sistema de transporte coletivo que hoje é conhecido como
modelo de mobilidade urbana no mundo. O planejamento da
mobilidade em Curitiba que nasceu aliado ao Plano Diretor da
cidade justificou a escolha dessa referência projetual.
Regularizado desde a década de 1950, o transporte coletivo da
cidade foi uma das principais questões defendidas pelo Plano
Diretor de 1966, o qual foi aprovado após uma parceria entre as Figura 36 - Plano Preliminar de Urbanismo de Curitiba
empresas SERETE e Jorge Wilheim Arquitetos Associados, os Fonte: Sociedade Serete de estudos e Projetos Ltda e
quais estabeleceram o Plano Preliminar de Urbanismo. Jorge Wilheim Arquitetos apud GNOATO, 2006.

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65
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Uma nova lei de zoneamento de 1975 aprovou que o uso do teriam edifícios de maior altura com comércios e serviços,
solo, os coeficientes de aproveitamento e as alturas dos enquanto que as vias paralelas de imediato, poderiam executar
edifícios deveriam estrar atrelados ao estabelecimento de Eixos edifícios de média densidade, com seis a dez pavimentos.
Estruturais e ao Sistema de Transporte Coletivo. Dessa forma, Perante essas propostas apresentadas em 1966, a cidade de
foi concebido o Sistema Trinário (ver figuras 37 e 38). Curitiba, naquele momento com uma população de mais de
(GNOATO, 2006) 600 mil habitantes, crescimento de 5,3% ao ano e taxa média
O desenvolvimento do sistema trinário dos Eixos de crescimento de veículos em torno de 10% ao ano,
Estruturais, elaborado por Rafael Dely, tem como principal
artéria uma Via Central de tráfego lento, onde deveria se apresentava problemas de circulação e transporte crescentes.
concentrar o comércio, e por onde circularia os ônibus Nesse sentido, ainda na década de 1970, foi inaugurada a
expressos. As vias das outras quadras se transformariam
em Vias Rápidas, uma no sentido centro-bairro e outra em primeira linha de ônibus expresso no eixo estrutural norte-sul.
sentido inverso. (GNOATO, 2006)
(IPPUC)

O sistema linear proposto, o qual relacionava o uso do solo com O sistema de transporte coletivo de Curitiba então começou a
a mobilidade, se compôs com diretrizes de adensamento que ser implantado no início da década de 70, integrado ao sistema
proporcionariam a criação de uma paisagem única para a viário e ao uso do solo, como uma das bases do planejamento
cidade. Gnoato (2006) aponta que os Eixos Estruturais, proposto pelo Plano Diretor de Curitiba de 1966.
propostos para concentrar a infraestrutura de mobilidade,

Figura 37 - Sistema Trinário de Vias


Fonte: BIOCIDADE CURITIBA.

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! ! ! ! !
pagamento antecipado da tarifa. O sistema de ônibus deveria
operar como uma espécie de metrô de superfície sobre rodas.
O RIT evoluiu de ônibus expressos aos articulados e hoje bi-
articulados. Atualmente 160 ônibus bi-articulados, com
capacidade para transportar 230 passageiros, circulam em 72
quilômetros de canaletas exclusivas dos cinco grandes
corredores da cidade. A gestão é realizada pela URBS, que
permite o controle da Rede de transporte integrado em âmbito
metropolitano. (BIOCIDADE CURITIBA)
Figura 38 - Sistema Trinário de Vias – Intenção de Paisagem
Os principais objetivos da RIT, de acordo com a URBS, são:
Fonte: BIOCIDADE CURITIBA.

• Integrar o sistema com o uso do solo e sistema viário,


De acordo com o Instituto de Pesquisa e Planejamento Urbano configurando uma cidade com crescimento linear;
de Curitiba – IPPUC, anteriormente Curitiba tinha seu transporte
coletivo composto de linhas radiais que faziam a ligação direta • Permitir a ampla acessibilidade através da tarifa única;
entre os bairros e o centro, tal como ocorre nas cidades de • Priorizar do transporte coletivo sobre o individual;
Maringá, Paiçandu e Sarandi.
• Sistema tronco/alimentador;
A implantação das linhas no novo sistema de transportes foi
gradativa, com linhas criadas a partir da demanda. Somente em • Terminais de bairro de integração fechados;
1980, com a implantação dos eixos leste e oeste, a cidade • 81 quilômetros de canaletas, vias ou faixas exclusivas,
definiu uma Rede Integrada de Transportes – RIT, com uma caracterizando corredores de transporte;
tarifa única e com possibilidade de integração em terminais. Em
1991 as Linhas Diretas (ligeirinhos) começam a operar para • Promover terminais fora dos eixos principais para ampliar
suprir demandas pontuais. O embarque e desembarque a integração;
passou a ser a cada 3 km, de acordo com a Urbanização de • Ter abrangência metropolitana.
Curitiba – URBS, e em nível nas "Estações Tubo" onde há o

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! ! ! ! !
O sistema viário que possibilita o estabelecimento da rede, Os corredores de transporte coletivo tem como objetivo ordenar
estruturado pelos eixos trinários, foi dividido de acordo com as o crescimento linear da cidade e caracterizar maiores
possibilidades físicas e implantação dos corredores de densidades demográficas, as quais possibilitam a instalação de
transporte: as canaletas exclusivas, as quais possibilitam uma equipamentos urbanos através da concentração da
maior velocidade do sistema e onde são implantados os infraestrutura. (URBS)
corredores expressos, as faixas e vias exclusivas, além das vias
compartilhadas (ver figuras 39 e 40).

Figura 39 - Tipos de vias de


transporte coletivo no
sistema viário Figura 40 - Sistema Trinário de Vias
Fonte: URBS.
Fonte: URBS.

!
68
! ! ! ! !
A partir da estrutura viária definida, a rede do sistema de
transporte (ver figura 41) foi determinada por cores e formada
pelas linhas expressas, alimentadoras, interbairros e diretas,
sendo complementado por outros tipos de serviços:

• Convencionais - que ligam os bairros e municípios


vizinhos ao centro;

• Circular centro - operada por micro ônibus, circunda o


centro tradicional;

• Ensino especial - destinada ao atendimento de


escolares, portadores de necessidades especiais;
Figura 41 - Esquema Rede Integrada de Transporte
Fonte: URBS.
• Interhospitais - faz a ligação entre diversos hospitais;

• Turismo - faz a ligação entre os pontos de atração


turística e os parques da cidade.

Os expressos circulam pelas canaletas exclusivas com


número reduzido de paradas nas estações tubo e em
terminais (ver figura 42). As linhas alimentadoras são
veículos que ligam terminais de integração aos bairros da
região. Os interbairros são ônibus articulados que ligam os
bairros e terminais sem passar pelo centro, já as linhas
diretas, chamadas de ligeirinho são complementares das
linhas expressas e interbairros e tem paradas a cada 3 km
Figura 42 - Linha Expressa
nas estações tubo (ver figuras 43 e 44).
Fonte: Acervo da autora.

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69
! ! ! ! !

Figura 43 - Linhas da Rede Integrada de Transporte Figura 44 - Mapa da Rede Integrada de Transporte
Fonte: URBS. Fonte: URBS.

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70
! ! ! ! !
A RIT torna-se legível a partir do mapa esquemático elaborado
pela URBS para facilitar o uso do transporte em uma linguagem
gráfica mundial (ver figura 45).

Figura 45 – Esquema gráfico da Rede Integrada de Transporte


Fonte: URBS.

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71
! ! ! ! !
A integração física do sistema de transporte ocorre nos
terminais. O diagnóstico apresentado pela Proposta Preliminar
do Plano de Mobilidade Urbana e Transporte Integrado –
PlanMob Curitiba de 2008 categorizou os terminais em cinco
tipos: terminais de ponta, intermediários, de bairros, da área
central e metropolitanos (ver figura 46).
Miranda (2010, p.30-31) aponta que os terminais de ponta
encontram-se nas extremidades dos eixos estruturais e
recebem mais linhas alimentadoras. Os intermediários tem
menor porte e encontram-se em todos os eixos do sistema de
transporte e também promovem a integração de diversas linhas
alimentadoras e metropolitanas. Os terminais de bairro são os
locados fora dos eixos estruturais.
Os terminais da área central concentram diversas linhas radiais
normalmente em uma praça pública, já os terminais
metropolitanos atendem às demandas de transporte de
passageiros dos municípios vizinhos à Curitiba através da RIT.
(MIRANDA, 2010, p.30-31)

Figura 46 - Esquema dos terminais de integração


Fonte: IPPUC, 2008.

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72
! ! ! ! !
Os terminais visualizados no mapa apresentado tornaram-se
polos de atração nas áreas em que foram implantados.
Diversos serviços públicos foram descentralizados e passaram
a funcionar nas “Ruas da Cidadania”, criadas ao lado dos
terminais, fazendo com que a necessidade de deslocamentos
para a área central de Curitiba decrescesse. (Biocidade –
Curitiba)
Hoje, 45% da população da cidade usa o transporte
coletivo. Mas 70% das pessoas que utilizam ônibus não
vão para a região central. Viagens mais curtas e
deslocamentos a pé, menos carbono na atmosfera.
(Biocidade – Curitiba)

A estrutura de cada terminal, fechada em suas extremidades, é


composta por uma plataforma de integração em nível, com as
linhas alimentadoras, expressas e interbairros, ambas
circulantes das canaletas. Dessa plataforma derivam-se os
tubos que fazem a integração com as linhas diretas, as quais
não necessariamente estão em corredores exclusivos de
transporte coletivo (ver figura 47).
O terminal intermediário Portão, visitado como exemplo para
esse estudo, é dotado de alguns serviços básicos, tais como o
acesso com compra de bilhete, central de informações, posto
de fiscalização, sanitários públicos e pequenas vendas de
Figura 47 - Esquema dos terminais de integração
conveniência (ver figuras 48 e 49). A comunicação visual Fonte: URBS.
presente nos terminais é legível e permite a fácil circulação e
integração entre as linhas (ver figuras 50 e 51).

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73
! ! ! ! !

Figura 48 - Terminal Portão – Acesso das linhas expressas,


alimentadoras e interbairros Figura 50 - Totens com
Fonte: Acervo da autora. mapas do transporte
Fonte: Acervo da autora.

Figura 49 - Terminal Portão – Comunicação chegadas as linhas Figura 51 - Terminal Portão – Comunicação chegadas as linhas
Fonte: Acervo da autora. Fonte: Acervo da autora.

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74
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Além dos terminais de integração, as estações tubo espalhadas
pela cidade fazem a integração com as linhas expressas e
diretas. Os tubos proporcionam um acesso universal à
população através de plataformas de acesso aos portadores de
necessidades especiais. Além disso, a cobrança na entrada da
estação permite maior rapidez ao embarcar e,
consequentemente, uma redução no tempo final de viagem (ver
figuras 52 e 53).
Além do sistema de transporte coletivo, a cidade de Curitiba
conta com uma rede cicloviária de 128,5 quilômetros
atualmente, de acordo com o IPPUC. A estrutura de ciclovias
encontra-se subutilizada com relação aos deslocamentos Figura 52 – Estação Tubo Aeroporto
diários. Fonte: Acervo da autora.

A rede começou a ser implantada em 1977 e resultou, em 2008,


em diretrizes do Plano Municipal de Mobilidade Urbana de
2008 citado anteriormente. O IPPUC foi determinado como
responsável pela elaboração do Plano Diretor Cicloviário que
deveria estabelecer diretrizes de expansão da rede existente e
nortear os tipos de ciclovias a serem implantadas. (IPPUC)

Figura 53 – Estação Tubo


acessibilidade
Fonte: Acervo da autora.

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O sistema cicloviário atual permite a ligação de alguns polos de
atração da cidade, tais como os parques urbanos. A última
proposta de expansão foi apresentada pelo IPPUC em 2012,
prevendo a construção de cerca de 50 quilômetros (ver figura
54).
Os estudos realizados sobre as estratégias de mobilidade em
Curitiba trouxeram referências para esse trabalho. A estrita
relação do uso do solo, dos parâmetros de ocupação e de
densidade com o planejamento da mobilidade coletiva resultou
em um transporte público eficiente que atende à maioria das
regiões da cidade. Além disso, os terminais afastados da área
central descentralizaram os fluxos e permitiram o
desenvolvimento de novos nós e centralidades nos bairros.
Com relação à concentração de atividades comerciais e
serviços com o adensamento nos eixos de transporte, percebe-
se que a vitalidade desses usos ocorre, na maior parte dos
eixos, somente em áreas de paradas de estações e não nos
eixos como um todo. Os locais que não possuem pontos de
parada próximos são apenas corredores de passagem.
A rede cicloviária de Curitiba propõe a ligação dos principais
polos turísticos, porém não estabelece uma relação direta com
o sistema de transporte coletivo por não contar com
bicicletários nas estações. É importante estabelecer essa
integração para incentivar o uso das bicicletas e permitir Figura 54 – Mapa de ciclovias em Curitiba
deslocamentos mais longos com uso de diversos modais. Fonte: IPPUC.

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76
! ! ! ! !
4.1.2 O caso de Bogotá – Colômbia
O segundo correlato estudado é a capital da Colômbia, Bogotá.
Analisa-se a infraestrutura de transporte público de massas
dessa cidade com o objetivo de comprovar a importância da
mobilidade no planejamento e estruturação do espaço urbano.
O caso do TransMilenio de Bogotá é emblemático devido
à transformação que sua implantação gerou na cidade, o
que trouxe benefícios não somente ao transporte público
coletivo, mas também melhorou a qualidade de vida e os
serviços prestados aos cidadãos. (PEREIRA, 2011,p.01)

Gráfico 04 – População de Bogotá


A cidade passou por uma transformação na década de 1990
Fonte: DANE.
que trouxe um sistema de transporte coletivo eficaz e
integrador além de estabelecer uma rede cicloviária que
Perante o crescimento da cidade, os sistemas de transporte
possibilitou o acesso democrático à cidade e uma mudança
coletivo moldaram-se conforme a demanda. A cidade contava
social.
com bondes municipais que começaram a circular em 1880.
Bogotá caracteriza-se como a cidade mais populosa da Porém, 40 anos mais tarde, em 1920, a modernização dos
Colômbia sendo que, conforme o Departamento Administrativo meios de produção fez com que os primeiros ônibus da
Nacional de Estatística – DANE, atualmente ela possui iniciativa privada surgissem na cidade. Nesse sentido, os
7.259.597 habitantes. A cidade teve um crescimento territorial e bondes deixaram de circular na década de 1950 com o
demográfico a partir da década de 1920 consequente da advento do sistema de ônibus operado pela Empresa Distrital
modernização da estrutura física da cidade, fato que atraiu de Transporte Urbano – EDTU, a qual era responsável por
novos imigrantes (ver gráfico 04). (PEREIRA, 2011, p.01) transportar 38% da demanda. (TRANSMILENIO S.A, 2005, p.16
apud PEREIRA, 2011, p.02)
Pereira (2011, p.02) aponta ainda que a concorrência com
empresas privadas fez com que a EDTU que era municipal,
deixasse de operar. Os ônibus operados por cooperativas e

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77
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associações privadas informais, nos anos de 1998 e 1999 município. Entretanto somente em 1998, com a posse do
transportavam cerca de 80% da população em 20 mil ônibus prefeito Enrique Peñalosa, os investimentos direcionaram-se
sem condições adequadas à circulação, enquanto que o para obras públicas de estrutura viária, de ciclovias e para a
restante dos habitantes circulavam com automóveis individuais constituição de um sistema público de transporte de massas.
em uma frota de aproximadamente 670.000 carros. Essas obras tinham o objetivo de promover a transformação
(TRANSMILENIO S.A, 2005, p.16 apud PEREIRA, 2011, p.03) social e econômica da cidade. (TRANSMILENIO S.A, 2005,
As viagens diárias eram de aproximadamente 2 horas e 40 p.18 apud PEREIRA, 2011, p.04)
minutos em trechos de em média 30 km, operados com ônibus Em 1999 foi criada a Empresa de Transporte Del Tercer Milênio
antigos com baixa ocupação, com mais de 50% dos lugares – TRANSMILENIO S. A., a qual consistiu uma empresa com
disponíveis. A baixa utilização do transporte coletivo refletia na parceria público-privada que deveria gerir o novo sistema de
utilização do automóvel individual que caracterizava uma transporte coletivo. As principais diretrizes para a implantação
ocupação de cerca de 95% da rede viária. (CIDEU, 2005 apud da rede de transportes eram as seguintes:
PEREIRA, 2011, p.03)
Bogotá sofria não somente com o caos no transporte ESTIMULAR O USO
público, mas também com a péssima qualidade de vida DO TRANSPORTE
oferecida aos cidadãos. Devido aos poucos e precários PÚBLICO
serviços públicos oferecidos, a população passou a ter
uma imagem muito negativa da cidade. Tornou-se comum
o descarte de lixo nas vias públicas, motoristas de carros
e ônibus desrespeitavam as leis de trânsito e agrediam os
pedestres. evasão dos impostos e alto índice de violência
e criminalidade. (ARDILA-GÓMEZ, 2003 apud PEREIRA, LIBERAÇÃO DE
2011, p.03) CRIAÇÃO DE
SOBRETAXA SOBRE O COBRANÇAS EM
PREÇO DA GASOLINA ESTACIONAMENTOS
PÚBLICOS E PRIVADOS
Nesse sentido, o caos da década de 1990 pedia por
mudanças. As iniciativas para solucionar as problemáticas de
mobilidade e sociais surgiram no mandato do prefeito Jaime AUMENTO DO PREÇO
Castro, o qual instituiu um novo Estatuto Orgânico de Bogotá DAS ZONAS AZUIS
(ESTACIONAMENTOS)
em 1993 para reorganizar as questões financeiras do

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78
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O sistema foi planejado para ser executado em oito fases As fases previstas pelo planejamento até o presente momento
(TRANSMILENIO, S. A, 2005, p. 48 apud PEREIRA, 2011, p.05): resultaram em uma rede com predominância norte-sul que
permeia no território ao oeste com derivações desses troncos
principais (ver figura 56):

Figura 55 – Fases de implantação Transmilenio Figura 56 – Mapa do sistema Transmilenio


Fonte: TRANSMILENIO S.A., 2005, p.48 apud PEREIRA, 2011. Fonte: TRANSMILENIO.

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O sistema de transporte Transmilenio funciona a partir de um As linhas, assim como em Curitiba, são definidas por cores e
tronco alimentado que caracteriza um Bus Rapid Transit – BRT, dimensionadas de acordo com a capacidade de cada modal
sistema que proporciona a mobilidade rápida com infraestrutura (ver figura 58):
segregada e com prioridade de passagem. Essas linhas Linhas troncais
troncais tem alta capacidade de passageiros e são alimentadas (alta demanda, largas
distâncias)
por rotas alimentadoras com ônibus de menores capacidades, 150-250 passageiros
incluindo o sistema de transporte municipal já existente. As
integrações são realizadas por estações (ver figura 57).

Linhas auxiliares
(média demanda)
19-80 passageiros

Linhas
complementares e
alimentadoras
(alimentam os troncais)
50-80 passageiros

Linhas especiais
(difícil acesso ou baixa
demanda)

Figura 57 – Esquema da rede troncal Transmilenio Figura 58 – Linhas da rede de transporte


Fonte: PEREIRA, 2011. Fonte: ALCÂNTARA et al, 2013. Adaptado pela autora.

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80
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A configuração das linhas resultou em uma cobertura zonas coloridas para o passageiro identificar o destino pela cor
considerável de extensões no território, como pode ser correspondente, tornando o sistema mais legível (ver figura 61).
observado na figura 59. As linhas coloridas apontam as vias
troncais. As áreas em branco no mapa são servidas por linhas
alimentadoras que circulam pelos eixos não troncais.
De acordo com o “Manual de BRT” de 2008 do Ministério das
Cidades, o Transmilenio de Bogotá consiste em um sistema de
BRT que possibilitou múltiplas permutações e integrações entre
linhas. “Usuários em uma única estação podem ter até dez
linhas diferentes para escolher, incluindo os locais e as de
poucas paradas”. (BRASIL, 2008, p.248)
As múltiplas integrações possíveis necessitam de um maior
número de linhas e, com o aumento dessas, a complexidade do
sistema acresce e o seu gerenciamento dificulta, sendo
necessário um rastreamento via Global Positioning System –
GPS. No primeiro momento, o mapa utilizado pelos usuários
para utilização dos ônibus era complexo devido ao número de
permutações de linhas (ver figura 60).
Em vez de mostrar linhas coloridas para cada serviço,
Bogotá deve listar os números das linhas que atendem
cada parada. Um usuário do mapa deve essencialmente
seguir os números pelo sistema para determinar qual linha
é mais adequada para sua jornada. (BRASIL, 2008, p.249)

A dificuldade de leitura do mapa pelos usuários fez com que o


Transmilenio modificasse o sistema gráfico dividindo-o em
Figura 59 – Linhas da rede de transporte
Fonte: TRANSMILENIO.

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Figura 60 – Primeiro mapa gráfico Transmilenio


Fonte: TRANSMILENIO.

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Figura 61 – Mapa gráfico atual Transmilenio


Fonte: TRANSMILENIO.

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Como já foi comentado, por ser um BRT, as linhas troncais do do passageiro no mesmo nível do piso, facilitando o
acesso dos passageiros e aumentando a eficiência do
Transmilenio localizam-se em faixas centrais segregadas nas sistema.
principais vias da cidade. As vias exclusivas tem 3,5 metros de [...] O objetivo a ser alcançado após a implantação do
largura e possuem espaço para ultrapassagem a fim de não sistema é de que 85% dos passageiros devam caminhar
até no máximo 500 metros para acessar uma linha troncal,
interromper o fluxo de linhas expressas que tem pontos de e os 15% restantes devem acessar o sistema através de
todas alimentadoras. (MOTTA et al 2009, p. 03-05 apud
parada em maiores distâncias. (TRANSMILENIO S.A. 2005, PEREIRA, 2011, p. 07)
p.30-31 apud PEREIRA, 2011, p.06-07)
As estações são os únicos pontos de parada do sistema As estações de cabeceira caracterizam os pontos de início e
troncal, entre as quais são divididas em: estações simples, de fim de uma rota, nessas estações é possível a integração com
integração intermediária, de cabeceira e de integração troncal- outras linhas troncais, alimentadoras e intermunicipais, além de
troncal. Os espaços das estações são construídos em alumínio, bicicletas, pagando apenas uma tarifa. As intermediárias
concreto, aço e vidro e o acesso dos passageiros pelos eixos funcionam tal como as de cabeceira, porém não se localizam
viários é facilitado por passarelas para pedestres, semáforos ou nos pontos extremos e não possibilitam a integração
túneis. (TRANSMILENIO) intermunicipal. Já as de integração troncal-troncal fazem a
As estações simples localizam-se nos corredores de 500 à 700 ligação entre duas rotas troncais. (TRANSMILENIO)
metros de distância umas das outras, possuindo o pagamento As estações foram inseridas nos corredores do sistema viário
no acesso para agilizar o embarque no sistema Transmilenio. de maneira a permitir a rapidez e a eficácia do sistema. Elas
Conforme Motta et al (2009, p. 4-5 apud PEREIRA, 2011, p. 07) possuem plataformas elevadas que dão acesso às linhas com
as simples possuem 200 metros de comprimento por 2 metros aproximadamente 2,30 metros (90 polegadas), possibilitando o
de largura, ocupando cerca de duas quadras, possuindo acesso direto no embarque/desembarque. Nesse sentido, as
acesso de passageiros e bilheteria. estações são localizadas nos centros dos corredores, com
As dimensões da estação permitem o acesso dos ônibus acessos para pedestres facilitados, como pode ser observado
sem interferir com os veículos que ocupam as plataformas no exemplo da estação de cabeceira Portal del norte (ver
de outras rotas. As estações são fechadas com múltiplas
portas de vidro automáticas de 1,2 metros cada, as quais figuras 62 e 63).
se abrem somente quando o ônibus chega. O pagamento
é feito na estação, sendo que não há catracas dentro dos
ônibus, e as plataformas elevadas permitem o embarque

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84
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O acesso às estações e às linhas integradas é facilitado pela
comunicação visual presente nos seus interiores. Há mapas
para localização das linhas que alimentam os terminais, além
de informações sobre os serviços oferecidos em cada estação
(ver figuras 64 e 65).

Figura 62 – Estação de cabeceira Portal del norte


Fonte: http://www.skyscrapercity.com. Acesso em:18 abr. 2014.

Figura 63 – Estação Portal del norte - passarela Figura 64 – Estação Portal del norte – zona de alimentação
Fonte: http://www.skyscrapercity.com. Acesso em:18 abr. 2014. Fonte: TRANSMILENIO.

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Figura 65 – Estação Portal del norte


Fonte: TRANSMILENIO.

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86
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O sistema de ônibus coletivo implantado pelo Transmilenio da cidade. O Plano de Desenvolvimento derivou o Plano Diretor
resultou em diversos pontos positivos para a cidade de Bogotá. de Ciclovias que tornou-se um instrumento de planejamento
Entre eles, a maior segurança na cidade com a redução dos urbano. (BOGOTÄ, 2009, p.34)
acidentes de trânsito e a melhoria na qualidade ambiental, De acordo com a dados da Câmara de Comércio de Bogotá de
visual, sonora e do ar. Além disso, a implantação do sistema 2009, o desenho da rede cicloviária adaptou-se às condições
motivou revitalizações nas áreas atendidas pela rede, com a físicas do sítio, moldando-se conforme os desníveis em relação
construção de espaços de convivência, aproximando o sistema ao tráfego dos outros modais. A estrutura da rede compõe-se
BRT com a escala do pedestre. (PEREIRA, 2011, p.08) das ciclovias e dos cicloparqueaderos (pontos de
Entretanto, alguns impactos negativos podem ser observados. estacionamentos para bicicletas). As ciclovias dividem-se em:
A implantação do sistema BRT trouxe a valorização imobiliária
• Rede principal: conecta diretamente os polos de atração;
das áreas próximas às paradas das linhas, fato que ocasionou
a expulsão da população local e a especulação imobiliária dos • Rede secundária: alimenta a rede principal conectando
terrenos (CIDEU, 2005, p.5 apud PEREIRA, 2011, p.09). Alguns as áreas habitacionais;
mecanismos de parâmetros de ocupação e leis de uso do solo
• Rede adicional: seções da rede que fazem conexões e
poderiam ter evitado esses acontecimentos.
permitem a sua continuidade;
O sistema de transporte coletivo trouxe transformações em
Bogotá que permitiram a acessibilidade à cidade. Além do • Rede ambiental e recreativa: rede que conecta os pontos
Transmilenio, o sistema de ciclovias criado permitiu uma maior de lazer da cidade;
permeabilidade em áreas não atendidas pelos sistemas
• Redes locais e de bairro: rede destinada aos
troncais, os quais também são alimentados por essa demanda
deslocamentos intra-bairros.
cicloviária.
A rede possui uma continuidade de linhas troncais de ciclovias
A rede ciclovias de Bogotá é reconhecida como a maior da
que atendem grande parte da cidade, (ver figuras 66 e 67)
América Latina, com um total de 344 quilômetros. A
possibilitado a integração com o sistema Transmilenio através
infraestrutura da rede começou a ser planejada a partir do
de estacionamentos para bicicletas em algumas estações (ver
Plano de Desenvolvimento “Formar Cidade” nos anos de 1995 à
figura 68).
1997 e tinha como objetivo integrar os lagos e espaços de lazer
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87
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Figura 67 – Ciclovia rede principal


Fonte: http://www.skyscrapercity.com. Acesso em:18 abr. 2014.

Figura 66 – Mapa de ciclovias Figura 68 – Cicloparqueadero na estação Portal Bandeiras


Fonte: IDRD.
Fonte: BOGOTÁ, 2009.

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O estudo do planejamento da mobilidade em Bogotá permitiu cidade, ainda é um meio não utilizado com muita frequência
identificar algumas diretrizes para o Plano de Mobilidade para deslocamentos diários (2,2%). A bicicleta é mais utilizada
Urbana do aglomerado Paiçandu-Maringá-Sarandi. A durante os finais de semana em que 121 quilômetros das
transformação ocorrida na cidade, tanto devido ao transporte principais vias da cidade são interditados para o tráfego dos
coletivo quanto à rede cicloviária permitiu a ampla outros modais entre as 7 às 14 horas. (O GLOBO)
acessibilidade urbana através da diversificação dos modais e a Esses dados apresentados reforçam a necessidade de criar um
sua integração. sistema de mobilidade que possibilite a integração dos modais
O sistema de transporte coletivo conta com inúmeros pontos de coletivos com os individuais não motorizados, a pé e de
integração nas estações e a rede torna-se legível com os bicicleta.
diversos manuais disponibilizados pelo site do Transmilenio:
www.transmilenio.gov.co. É indispensável a legibilidade do
sistema para a fácil utilização dos usuários. A comunicação
visual presente nas estações reforça essas questões ao
demonstrar como devem ser integradas as linhas, além de
localizar os serviços disponíveis na plataforma de acesso ao
transporte coletivo.
A valorização imobiliária e a consequente expulsão dos
moradores do entorno imediato das estações indica que é
necessário prever mecanismos de intervenção nessas áreas
que possibilitem o controle do uso e ocupação do solo e a
manutenção dessas áreas residenciais nesses locais e de sua
paisagem.
Por fim, a distribuição dos deslocamentos por modal (ver figura
69) demonstra a ampla utilização do transporte público pela
Figura 69 – Distribuição dos deslocamentos por tipos de modal
população de Bogotá (57%). Em contraponto, a rede de
Fonte: BOGOTÁ, 2009.
ciclovias, apesar de atender grande parte do território da
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89
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4.1.3 O caso de Bologna – Itália mercado e logística de produtos, saúde no município, aspectos
Bologna é uma cidade italiana de cerca de 390.000 mil culturais, dados populacionais, ambientais, entre outros. Dentre
habitantes situada entre os rios Reno e Savena. Assim como os dados analisados, serão destacados nesse trabalho os de
Maringá, é a cidade central de uma região metropolitana que mobilidade e fluxos de transportes.
possui cerca de 1 milhão de moradores. Bologna é considerada um nó de infraestruturas de mobilidade,
No ano de 2005, o governo recém eleito propôs uma estando no centro das linhas ferroviárias italianas de baixa e
reestruturação do território do município através de um plano alta velocidade, assim como das rodovias e dos corredores
urbanístico geral que deveria ter intensa participação popular aéreos europeus. Os dados encontrados apontavam um fluxo
para discutir as questões de desenvolvimento da cidade. de 80 mil passageiros por dia na estação ferroviária principal,
(BOLOGNA, 2008, p.03) além de 4,3 milhões de pessoas em tráfego aéreo anualmente
(ver figura 70). (BOLOGNA, 2008, p.07)
Para incentivar a participação dos cidadãos na discussão
sobre a formação do novo plano, foi promovido um fórum
denominado "Bolonha: Mudando a Cidade". Essas discussões
foram promovidas para obter informações, identificar as
problemáticas urbanas, pontos de vista de cada cidadão, além
de sugestões e hipóteses para solucionar as questões
levantadas. (BOLOGNA, 2008, p.03)
Na conclusão desse processo participativo de construção do
plano, em 16 de julho de 2007, a Câmara Municipal da cidade
aprovou o seu plano estrutural municipal: o Piano Strutturale
Comunale (PSC) – Plano Estrutural Municipal. (BOLOGNA,
Figura 70 – Dados de fluxos ferroviários e aéreos em Bologna
2008, p.04)
Fonte: BOLOGNA, 2008.
Entre as análises realizadas para a elaboração do PSC e para
traçar o perfil da cidade, tais pontos foram pesquisados: fluxos Com relação ao número de viagens diárias na cidade de
dos transportes e dados de mobilidade, dados de economia, Bologna, são 2 milhões, sendo que metade representam fluxos

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internos da cidade e o restante fluxos pendulares, de outras Cerca de 93 milhões de passageiros por ano utilizam o
centros menores da região metropolitana, para o polo principal transporte público de ônibus que é composto por 52 linhas, que
(ver figura 71). (BOLOGNA, 2008, p.14) percorrem uma rede de estradas de 840 km, sendo 42 km de
corredores exclusivos. Além disso, a rede de ciclovias tem uma
extensão de 104 km, dos quais mais de 26 km são trilhas.
Atualmente há um sistema de caronas de carro que hoje é
utilizado por muitos habitantes, rodando cerca de 500.000 km
por ano (ver figura 73). (BOLOGNA, 2008, p.14)

Figura 71 – Dados de fluxos internos e pendulares


Fonte: BOLOGNA, 2008.

Dessas viagens apresentadas, a maioria é realizada por


veículos particulares com 41%, em seguida de modais não
motorizados a pé e de bicicleta com 24%, ônibus com 20% e
motocicletas com 15% (ver figura 72). (BOLOGNA, 2008, p.14)

Figura 72 – Dados de frota de veículos Figura 73 – Linhas de ônibus, ciclovias e sistema de caronas
Fonte: BOLOGNA, 2008. Fonte: BOLOGNA, 2008.

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91
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Perante as análises realizadas, o Plano Estrutural Municipal de
Bologna teve como principais diretrizes (BOLOGNA, 2008,
p.18):

• Proteção e recuperação do meio ambiente e da


paisagem;

• Reestruturação e requalificação urbana;

• Integração da mobilidade urbana, dos transportes


públicos e da habitação social;

• Criação de novos espaços públicos e fortalecimento das


centralidades de bairro;

• Integração de funções e usos na cidade.

A principal estratégia para alcançar as diretrizes citadas foi a


divisão da cidade em Sette Città, Sete cidades. As Sete
Cidades foram identificadas em Bologna através da grande
diferença de urbanidades presentes dentro desse núcleo
urbano. As Sete Cidades articulam-se no território, mas
distinguem-se por histórias, humanidades, arquitetura e
espaços, além de possíveis estratégias futuras distintas umas
das outras. Nessas diferenças, é possível reconhecer a riqueza
da cidade em seus detalhes e conceber estratégias para
operações urbanas diversificadas e específicas para cada
problemática de cada “cidade” dentro de Bologna (ver figura
74). (BOLOGNA, 2008, p.25) Figura 74 – As Sete Cidades
Fonte: BOLOGNA, 2008.

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92
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As Sete Cidades são, com suas principais propostas, as A Cidade da Ferrovia consiste na criação de uma rede de
seguintes: espaços urbanos âncoras, polos de atração, conectados entre
1) CIDADE DA FERROVIA: Principais pontos da cidade que si pelos sistemas de mobilidade, os quais permitirão a criação
receberão as transformações mais significativas em relação à de uma nova paisagem para a cidade. Essa rede situa-se nas
mobilidade e espaços públicos. principais rotas internacionais, como no aeroporto que, por
consequência, possuem maior acessibilidade urbana (ver
2) CIDADE DO DESVIO: Projetos de recuperação das áreas figura 75). (BOLOGNA, 2008, p.29)
próximas à barreira viária garantindo a sua habitabilidade.
As estratégias locais para essa “cidade” específica
3) CIDADE DA COLINA: Conceber uma nova identidade para o concentram-se em promover a ligação dos espaços urbanos e
"Jardim de Bolonha" que ao longo do tempo degradou-se e equipamentos âncoras através da reconfiguração do sistema
sofreu pela privatização dos usos. de transporte público que possibilite uma articulação eficaz na
4) CIDADE DO RENO: Recuperar a relação rio-cidade através cidade e permita deslocamentos rápidos. Essas propostas
da criação de um parque metropolitano que possibilite a apontam para a elaboração de um Plano de Mobilidade na
qualidade ambiental do espaço. cidade de Bologna, o qual poderá fornecer possíveis
5) CIDADE DO SAVENA: Assim como do Reno, reestabelecer a estratégias para o aglomerado de Paiçandu-Maringá-Sarandi.
relação rio-cidade, mas nessa promover a ocupação (BOLOGNA, 2008, p.32)
residencial integrada ao parque proposto.
6) CIDADE DA VIA EMILIA PONENTE e 7) CIDADE DA VIA
EMILIA LEVANTE: Propor estratégias para os centros históricos,
promovendo a inserção na cidade através da integração com
os sistemas de mobilidade urbana.
Tendo em vista que o presente trabalho tem como tema a
mobilidade urbana, serão abordados os detalhes das propostas
da Cidade da Ferrovia.

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93
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Figura 75 – A Cidade da Ferrovia


Fonte: BOLOGNA, 2008.

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94
! ! ! ! !
Uma das principais propostas para a reestruturação do sistema
de mobilidade é o término das obras para a linha ferroviária de
alta velocidade Milão-Bologna-Florença que transformará a RELAZIONE / PARTE 2 / FIGURE DELLA RISTRUTTURAZIONE 41
cidade de Bologna em um nó nacional, regional e
metropolitano. Para isso foi projetada uma nova estação central
que receberá essas novas linhas, contendo os serviços
42
metropolitanos e urbanos integrados (ver figura 76 e 77).

ESPLORAZIONI PROGETTUALI
(BOLOGNA, 2008)
Além disso, foram previstas melhorias na infraestrutura do
aeroporto com a previsão de uma conexão direta de alta
frequência e velocidade para a estação central através de um
People Mover. (BOLOGNA, 2008)
Figura 76 – Estudos para
Stazione a preliminare
- Studio nova estação central
per il progetto di trasformazione delle aree Nuova Stazione
Tasca Studio, luglio 2006
Outra estratégia do Plano de Mobilidade de Bologna é a Fonte: BOLOGNA, 2008.
Sistema del verde e Percorsi

criação de uma linha de Veículo Leve sob Trilhos - VLT. O


circuito foi projetado para maximizar as ligações entre as áreas
comerciais com as linhas ferroviárias metropolitanas, além de
estabelecer a ligação entre os principais equipamentos
urbanos contidos na rede do plano de mobilidade (ver figura
78). Tais equipamentos consistem em âncoras que alavancarão
as áreas onde estarão implantados através da atração
garantida pela fácil acessibilidade, tais como universidades,
hospitais, polo de inovação, distrito comercial/empresarial,
assim como os já citados aeroporto e nova estação central.
(BOLOGNA, 2008)
Figura 77 – Plano de massas nova estação central
Fonte: BOLOGNA, 2008.

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95
! ! ! ! !

Ferrovia metropolitana
People Mover
VLT
Corredores de ônibus
Estações

Figura 78 – Plano de mobilidade - linhas do transporte público


Fonte: BOLOGNA, 2008.

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96
! ! ! ! !

5 O TRAÇADO DO PLANO DE
MOBILIDADE URBANA

5 O PLANO DE MOBILIDADE URBANA

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97
! ! ! ! !
O Plano de Mobilidade Urbana tem o objetivo de orientar o • Definição de parâmetros de ocupação do solo gerais do
desenvolvimento do aglomerado Paiçandu-Maringá-Sarandi na aglomerado que atendam à hipótese de estruturação da
direção de equilibrar a mobilidade e o acesso à cidade, de paisagem proposta.
promover o desenvolvimento social, ambiental e econômico,
2) Definição dos eixos para transformação urbana:
além de impulsionar a transformação da paisagem em algumas
áreas da cidade. • Criação de uma rede de transporte público coletivo que
conterá os principais Eixos de Estruturação da
As intenções do plano vão além do objetivo de melhorar a
Transformação Urbana;
mobilidade no aglomerado. O plano proposto deve orientar o
crescimento das cidades e a suas paisagens ao longo dos • Estabelecimento da rede de transporte cicloviário para
eixos de transporte público e suas áreas de influência, atender ao transporte não motorizado a fim de capilarizar
promovendo uma transformação da paisagem urbana. o acesso aos bairros e integrar com o transporte público;
Nesse sentido, propõe-se uma transformação urbana que • Composição da rede integrada de transportes com o
abranja o estabelecimento de redes de mobilidade legíveis à confrontamento das redes de transporte público coletivo,
população, dotadas de parâmetros de ocupação que irão cicloviário, de transporte individual e de cargas;
nortear as próximas ocupações com a intenção de estabelecer
modificações na paisagem existente. • Desenho dos perfis viários que irão compor os sistemas
de transporte público coletivo e cicloviário.
Portanto, o Plano de Mobilidade Urbana, seguiu os seguintes
caminhos: 3) Definição dos parâmetros urbanísticos:

1) Definição das estratégias de transformação: • Determinação das áreas de influência dos corredores e
terminais do transporte coletivo;
• Estabelecimento das diretrizes gerais do plano;
• Fixação de parâmetros urbanísticos específicos e
• Macrozoneamento da área do aglomerado com regiões
incentivos para ocupação das áreas de influência dos
definidas de acordo com as especificidades de cada
eixos e terminais de transporte coletivo.
área e intenções de paisagem propostas;

• Hipótese de estruturação da paisagem;

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98
! ! ! ! !
5.1 Estratégias de transformação urbana CRIAÇÃO DE NÓS

• Alavancar as centralidades de bairro como nós e destinos


finais do transporte coletivo no aglomerado;
5.1.1 Diretrizes gerais
• Estabelecer uma paisagem para os nós garantindo sua
O Plano de Mobilidade Urbana possui quatro diretrizes gerais,
legibilidade através de parâmetros urbanísticos específicos
a serem observadas no mapa de estratégia a seguir. para as áreas de influência determinadas;

CONEXÃO – EIXOS DE ESTRUTURAÇÃO DA • Qualificar as áreas de pontos nodais para aproveitar a


infraestrutura de mobilidade;
TRANSFORMAÇÃO URBANA
• Implantar equipamentos urbanos através de Operações
• Resgatar o papel da linha férrea como principal eixo de Urbanas Consorciadas – OUC.
mobilidade estruturador metropolitano no aglomerado;

• Promover a transformação da paisagem nos Eixos de


Estruturação propostos em suas áreas de influência; PLANEJAMENTO - GESTÃO

• Conectar os principais eixos estruturadores para criar eixos de • Estabelecer um modelo de gestão da Política de Mobilidade
mobilidade adequados à estrutura de circulação das Urbana e promover um planejamento integrado da gestão
bicicletas e transporte coletivo a fim de conectar as redes urbana metropolitana através do processo participativo e a
existentes e ligar áreas periféricas. sua execução continuada;

• Avaliar dos aspectos ambientais na implantação dos sistemas


de transportes a fim de preservá-los;
ACESSIBILIDADE - ACESSO À CIDADE
• Implantar e qualificar as calçadas;
• Promover a acessibilidade universal a estruturação urbana em
• Criar um sistema de avaliação permanente da qualidade do
todas as áreas do aglomerado através da equidade do
transporte coletivo e do trânsito;
acesso dos cidadãos ao transporte público;
• Promover sistemas integrados de transporte coletivo e
• Dar maior acesso ao transporte coletivo às áreas mais
individual.
adensadas com maior número de origens.

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100
! ! ! ! !
5.1.2 Macrozoneamento MACROZONA DE CONSOLIDAÇÃO CENTRAL
As macrozonas definem uma base para o planejamento e a A macrozona de consolidação central deverá promover a
gestão urbana do aglomerado, além de defender os objetivos e manutenção do caráter central da área, de seus usos e ocupação já
estratégias da proposta. consolidados, com a preservação da paisagem existente. Nessa
área, a transformação ocorrerá através da pulverização da
Nesse sentido, com o objetivo de estruturar o Plano de
centralidade hoje concentrada no maior polo gerador de tráfego da
Mobilidade Urbana do aglomerado, de forma articulada às
cidade e principal destino do transporte coletivo: o centro da cidade.
estratégias definidas por ele, foi estabelecido um conjunto de Propõe-se a descentralização parcial de serviços e comércios
macrozonas (ver mapa de macrozoneamento), as quais centrais para outras áreas da cidade, principalmente em regiões que
apresentam características e objetivos específicos de caráter futuramente serão dotadas de infraestrutura de mobilidade, tais como
espacial, ambiental, social e econômico. Além disso, foram os terminais de transporte coletivo a serem propostos.
determinadas as áreas de Operação Urbana Consorciada –
OUC e os Eixos de Estruturação da Transformação Urbana
indicados no mapa de estratégia. MACROZONA DE PROTEÇÃO E RECUPERAÇÃO

A divisão das macrozonas no aglomerado foi feita a partir da AMBIENTAL


interação das características do meio físico e especificidades A macrozona de proteção e recuperação ambiental deverá promover
morfológicas, históricas e de tipologia de uso e ocupação, além a preservação integral das matas ciliares dos corpos hídricos do sítio
da densidade de cada região definida. A separação foi topográfico do aglomerado e das reservas florestais existentes.
realizada não somente a partir da identificação das questões Todas as intervenções de mobilidade no aglomerado deverão ser
específicas dos espaços inseridos nas macrozonas, mas avaliadas de acordo com seus impactos ambientais e urbanos, a fim
de não comprometer os recursos naturais existentes. Políticas
também de acordo com as estratégias pretendidas para cada
públicas municipais de preservação deverão ser criadas ou
área.
reforçadas a fim de normatizar e notificar possíveis impactos
A seguir as macrozonas serão citadas com as suas estratégias. gerados.
Os Eixos de Estruturação da Transformação Urbana serão
explicitados em uma seção específica.

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101
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MACROZONA DE EXPANSÃO URBANA MACROZONA DE REDUÇÃO DA FRAGILIDADE URBANA

A macrozona de expansão urbana promoverá o ordenamento A macrozona de redução da fragilidade urbana proporcionará a
territorial para áreas ainda não ocupadas mas que, porém, tem uma melhoria dos espaços urbanos nas áreas mais adensadas no
grande potencial de urbanização por estarem próximas a áreas aglomerado através da criação de “respiros”, tais como praças,
adensadas ou não em processo de consolidação. As futuras locais de apropriação e quadras de esporte. É necessário promover a
diretrizes viárias deverão prever o prolongamento dos Eixos de permeabilidade espacial nessas áreas com o objetivo da inclusão
Estruturação da Transformação Urbana propostos a fim de aproveitar social e territorial. O planejamento do transporte coletivo deverá
a infraestrutura existente e a sua ampliação. beneficiar as áreas de fragilidade por possuírem um maior número de
origens de viagens.

MACROZONA DE ESTRUTURAÇÃO METROPOLITANA


INDUSTRIAL MACROZONA DE QUALIFICAÇÃO DA URBANIZAÇÃO

A macrozona de estruturação metropolitana industrial deverá reforçar CONSOLIDADA


a base econômica industrial existente nas áreas específicas com a
A macrozona de qualificação da urbanização consolidada deverá
intenção de concentrar empregos, consolidando-as como polos
otimizar o uso das terras urbanas através do aproveitamento dos
industriais metropolitanos que reduzam do tempo de viagens para os
vazios e a melhoria das condições urbanísticas existentes. As
trabalhadores das cidades periféricas do aglomerado.
infraestruturas urbanas já implantadas deverão ser aproveitadas nas
áreas de Eixos de Estruturação da Transformação Urbana e de
Operação Urbana Consorciada – OUC com a concentração e boa
MACROZONA DE ESTRUTURAÇÃO METROPOLITANA DE oferta de equipamentos e serviços municipais como a implantação
COMÉRCIOS E SERVIÇOS de “poupatempos”, postos de saúde, creches, entre outros.

A macrozona de estruturação metropolitana de comércios e serviços


proporcionará a desconcentração dos polos geradores de tráfego da
área central através do reforço dos comércios e serviços existentes
Nas seções seguintes serão explanados a estruturação da
nessa macrozona, os quais deverão atender as áreas metropolitanas,
evitando o acúmulo de viagens até o centro de Maringá. paisagem proposta para cada uma dessas macrozonas, assim
como os planos e parâmetros urbanísticos que irão efetivá-las.

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103
! ! ! ! !
5.1.3 Hipótese de estruturação da paisagem elevados em relação aos existentes no aglomerado com a
Para promover uma transformação urbana no aglomerado intenção de criar marcos visuais no cenário urbano.
Paiçandu-Maringá-Sarandi é essencial prever como será a Assim como os nós urbanos, os Eixos de Estruturação da
estruturação da paisagem em termos de gabarito dos edifícios, Transformação Urbana que permeiam todo o território do
densidade habitacional pretendida, além de outros parâmetros aglomerado deverão ser caracterizados por edifícios de
urbanísticos. É na hipótese de estruturação da paisagem e nos gabarito mais elevado que as áreas residenciais em que estão
parâmetros de ocupação do solo que estão contidas as inseridos para o melhor aproveitamento da infraestrutura a ser
diretrizes que destacarão as áreas que terão suas implantada, entretanto, a ocupação terá menor densidade e
características transformadas e as que serão preservadas. altura que as áreas determinadas como centralidade de bairro.
A paisagem pretendida para o aglomerado foi estruturada de A transformação da paisagem ao longo dos Eixos de
acordo com as áreas definidas no macrozoneamento e será Estruturação de Transformação Urbana terá um impacto maior
efetivada através da tabela de parâmetros de ocupação do solo no cenário urbano das cidades de Paiçandu e Sarandi, uma
e esquemas de paisagem. A principal proposta de vez que a predominância de edifícios de baixo gabarito e
transformação da paisagem ocorre nas áreas determinadas densidade tornou essas cidades homogêneas. A implantação
para serem Operações Urbanas Consorciadas. Essas regiões de edifícios de média altura e densidade irá proporcionar o
serão os novos nós urbanos, centralidades de bairro desenvolvimento ao longo desses eixos nas cidades vizinhas à
reforçadas, que concentrarão a infraestrutura de mobilidade Maringá e trará uma vitalidade diurna e noturna ao serem
que será implantada. estabelecidos usos diversificados em um mesmo edifício.
Nesse sentido, visando o aproveitamento das condições A paisagem industrial existente deverá ter seu caráter reforçado
urbanas que essas áreas conterão, a densidade habitacional com a implantação de novos edifícios dessa tipologia.
deverá ser maior, em uma área pré-definida, em relação ao Todas as características citadas na hipótese de estruturação da
entorno existe que hoje é caracterizado por edificações paisagem têm o mesmo objetivo: induzir os olhos dos
unifamiliares de baixo gabarito e, além disso, os usos deverão observadores do aglomerado para as áreas de principal
ser diversificados em um mesmo edifício (como por exemplo o interesse do Plano de Mobilidade Urbana, os novos nós
embasamento comercial ou de serviços e a torre residencial). urbanos (ver mapa de hipótese de estruturação da paisagem).
Serão implantados edifícios com gabaritos gradualmente mais
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105
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5.1.4 Parâmetros urbanísticos gerais MACROZONAS - MIOLOS DE
BAIRRO
Os parâmetros urbanísticos gerais, compõem as características
COEFICIENTE DE
das macrozonas nos miolos de bairro, desconsiderando nesse MACROZONAS
APROVEITAMENTO GABAR.
momento os eixos e áreas de nós que serão explicitados (m)
MÍN. BÁS. MÁX.
posteriormente. Entre os parâmetros que serão explorados
estão o coeficiente de aproveitamento e o gabarito (ver tabela MACROZONA DE PROTEÇÃO
NA 0,1 0,1 4
E RECUPERAÇÃO AMBIENTAL
10). Não foram acrescentados os recuos e taxa de MACROZONA DE
0,7 4,0 30
aproveitamento, uma vez que o macrozoneamento é um estudo CONSOLIDAÇÃO CENTRAL
MACROZONA DE REDUÇÃO
generalizado das áreas da cidade, nesse caso um zoneamento
DA FRAGILIDADE URBANA
seria preciso para planejar esses fatores. MACROZONA DE 0,5 1,4 10
QUALIFICAÇÃO DA
O coeficiente de aproveitamento é a relação entre a área URBANIZAÇÃO CONSOLIDADA
edificada, sem a área não computável, e a área do lote MACROZONA DE 1,0
ESTRUTURAÇÃO
podendo ser três tipos: básico que é o potencial construtivo METROPOLITANA INDUSTRIAL
gratuito aos lotes urbanos; máximo que não pode ser MACROZONA DE 0,7 1,4 10
ESTRUTURAÇÃO
ultrapassado e mínimo, sendo considerado subutilizável o METROPOLITANA DE
imóvel com potencial abaixo desse. COMÉRCIOS E SERVIÇOS
MACROZONA DE EXPANSÃO
0,5 1,4 10
Foi adotado o coeficiente básico igual à um para toda a cidade, URBANA
NA: Não se aplica
uma vez que o Estatuto da Cidade definiu: “O plano diretor
poderá fixar coeficiente de aproveitamento básico único para Tabela 10 – Parâmetros das Macrozonas – miolo de bairros
toda a zona urbana ou diferenciado para áreas específicas Fonte: Elaborado pela autora.
dentro da zona urbana” (BRASIL, 2001). O potencial construtivo
adicional dos terrenos deverá repercutir em ganhos para a
coletividade, investidos em melhorias urbanas, tais como
equipamentos públicos, praças, infraestrutura, entre outros.

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106
! ! ! ! !
5.2 Eixos de Estruturação da Transformação Urbana 5.2.1 A rede de transporte coletivo

Os Eixos de Estruturação da Transformação Urbana irão indicar A estratégia definida nesse trabalho propôs a transformação
a implantação da estrutura da paisagem pretendida. Para tanto, da paisagem existente no aglomerado com a criação de
os eixos foram definidos a partir das diversas análises conexões através dos Eixos de Estruturação da Transformação
realizadas (ver mapas de análise anexos) que repercutiram na Urbana além dos nós nas centralidades de bairro existentes. A
estratégia (ver mapa de estratégia), no macrozoneamento (ver efetivação desses objetivos se concretizará com a definição
mapa de macrozoneamento) e na hipótese de paisagem (ver dos planos específicos dos modais de transporte coletivo e
mapa de hipótese de paisagem). cicloviário, bem como dos terminais (áreas de nós) e dos
parâmetros urbanísticos para cada macrozona criada.
Os eixos foram criados para articular a mobilidade e o
desenvolvimento urbano com o objetivo de transformar a O plano do transporte coletivo foi implantado com algumas
estruturação urbana e ampliar o direito da população à cidade, diretrizes específicas, atentando-se para as linhas gerais
proporcionando a equidade do uso do espaço público perante estabelecidas pela estratégia do Plano de Mobilidade Urbana:
os diversos modais de transporte. A intenção é de orientar os conexão, nós, acessibilidade e planejamento/gestão (ver mapa
novos empreendimentos imobiliários nas áreas localizadas ao do plano de transporte coletivo).
longo dos eixos e criar redes de transportes coletivo público A linha férrea, atualmente caracterizada por ser um eixo
coletivo e cicloviário que promovam melhores relações entre os estruturador subutilizado, terá seu caráter revertido para um
espaços públicos e privados que contribuam para a redução importante eixo metropolitano de mobilidade que irá conectar
dos tempos e distâncias de deslocamentos. A estratégia é as três cidades do aglomerado. Paiçandu, Maringá e Sarandi
otimizar a infraestrutura existente potencializar o solo urbano ao reforçarão seus vínculos de interdependência e de movimento
longo da rede de transporte coletivo. pendular com a retomada do transporte de massas.
Nesse sentido, foram criadas as redes de transporte coletivo e As linhas estruturais do transporte coletivo foram divididas entre
cicloviário, assim como a rede integrada dos modais, incluindo os tipos: expressa metropolitana, troncal municipal, radiais e
o transporte individual e de cargas, além as áreas que circulares.
receberão os terminais. Os perfis viários das redes foram
Para estabelecer um transporte público metropolitano, entre as
dimensionados para direcionar a implantação do sistema.
três cidades do aglomerado, que tenha como características o

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107
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deslocamento rápido, a eficiência e a qualidade, optou-se pela carregamentos apontados pela pesquisa realizada pela
utilização do Veículo Leve sob Trilhos – VLT que caracterizará a Logitrans em 2010, de acordo com a hierarquia e gabarito
linha expressa metropolitana vermelha. O VLT se instalará no viários (ver mapas 06 e 07) além de seguir diretrizes dadas pelo
espaço já previsto pela Rede Ferroviária Federal dentro dos livro “Manual de BRT” (BRASIL, 2008, p.168-205).
limites da linha férrea existente no sentido leste-oeste. Após o A principal linha radial, que receberá o maior número de
rebaixamento da linha férrea na área central da cidade de viagens é a amarela. Caracterizada por um grande
Maringá, foi previsto um espaço para duas linhas a mais em adensamento habitacional nas suas extremidades, ela será um
relação à ferrovia de cargas existente. Nesse sentido a dos principais Eixos de Estruturação da Transformação Urbana,
implantação do VLT torna-se possível. uma vez que liga importantes pontos da cidade nas porções
Além do VLT entre Paiçandu, Maringá e Sarandi, a mobilidade norte-sul com a área central, além de dar acesso ao transporte
pública metropolitana poderá ser realizada através da linha público a regiões com maior número de origens de viagens.
laranja circular que percorrerá trechos da rodovia entre A linha radial azul se dispõe em áreas adensadas, como no
Paiçandu e Maringá e vias internas na divisa entre o município caso das proximidades da Avenida Mandacaru, além de
de Sarandi e o polo central do aglomerado. regiões em recente crescimento, como a Avenida Carlos
A linha troncal municipal vermelha, com caráter de Borges que está sendo prolongada ao sul. Nesse sentido, a
deslocamento urbano, dentro do limite do município de transformação proposta nesse eixo de estruturação terá os
Maringá, será implantada na Avenida Horácio Raccanelo no seus resultados visivelmente mais claros, já que há regiões sem
sentido leste-oeste e caracterizará um importante eixo de ocupação que passarão a seguir os novos parâmetros
mobilidade, além de destino mais procurado pelos usuários do urbanísticos que serão definidos.
transporte coletivo. O corredor de ônibus será implantado na A linha radial roxa fará a ligação de outra área residencial
via projetada acima do rebaixamento da linha férrea e permitirá adensada ao norte até a linhas vermelhas metropolitana e
a transferência gratuita para o VLT no subsolo através de troncal urbana.
circulações verticais ligadas entre as estações.
Os terminais do transporte coletivo foram localizados nos
As linhas radiais serão estruturadas nos principais eixos das pontos definidos pela estratégia para a criação de nós. O
cidades destacados pelas análises realizadas nos trabalhos. A terminal atual no centro de Maringá será descentralizado e as
seleção dos corredores de transporte foi realizada conforme os
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108
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subcentralidades de bairro existentes serão reforçadas através entroncamentos importantes e distanciamento entre 500 a 800
dos nós. Além das existentes, outros pontos nodais serão metros, com exceção da linha expressa vermelha (entre 1000 a
criados, como no caso da na região da Cidade Alta e na região 3000 metros) e das circulares laranja (entre 500 a 1000 metros).
do Borba Gato, a fim de alavancar o desenvolvimento dessas As estações de parada simples com plataforma no nível do
áreas que atualmente não possuem centralidades fortes. Os embarque foram dispostas nos eixos radiais de mobilidade
terminais de bairro são as extremidades entre as linhas radiais, (linhas azul, amarela e roxa) e no eixo troncal municipal (linha
enquanto que os intermediários situam-se na linha expressa vermelha) com o objetivo de diminuir o tempo de
metropolitana e os terminais de cabeceira nas extremidades embarque/desembarque e permitir uma racionalização do
da mesma linha nas cidades de Paiçandu e Sarandi (ver mapa tempo de viagem, já que os carregamentos nesses eixos são
da localização dos terminais). mais elevados. Já as estações de parada simples ao nível da
As linhas circulares laranjas farão as conexões perimetrais rua foram implantadas nas linhas circulares laranjas e não
entre os terminais e servirão aos fluxos periféricos do foram concebidas no nível da plafatorma de embarque dos
aglomerado, com a intenção de permitir os deslocamentos ônibus pois os fluxos periféricos não demandam essa rapidez
entre essas áreas sem ser necessário atravessar pelo centro de citada. Além disso, as vias que constituem essas linhas
Maringá. possuem um tráfego mais moderado de veículos individuais.
As linhas citadas serão caracterizadas com maior detalhamento Alguns dos objetivos da implantação do novo plano de
nas etapas seguintes do trabalho, as quais definirão o desenho transporte coletivo são: a criação de uma rede que seja legível
dos perfis viários. para os seus usuários e a efetivação da transformação urbana
As estações de parada do transporte coletivo dividem-se em proposta. Nesse sentido, a demarcação de cores e a
três categorias: estações com integração, estações simples no nomeação dos terminais e das linhas são essenciais para criar
nível da rua e estações simples com plataforma em nível. As um sistema de fácil utilização. Dessa forma, pretendeu-se
estações de parada com integração podem realizar a conexão estabelecer um esquema gráfico das linhas, tais como os
de duas linhas do transporte coletivo, permitindo a integração visualizados nas redes de transporte coletivo de Curitiba e de
Bogotá. Além disso, a estruturação da paisagem irá reiterar
física e tarifária. Elas foram dispostas no cruzamento das linhas
esse objetivo com a criação de marcos visuais na paisagem
estruturais previstas na rede. Ambas as estações de parada
foram distribuídas com dois critérios: localização em nas áreas dos terminais.

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111
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5.2.2 A rede de transporte cicloviário A partir dessas análises realizadas por Neri (2012) e das
A rede de transporte cicloviário foi traçada de acordo com o exploradas no presente trabalho, foi definido um plano
método apontado por Neri (2012) e conforme as diretrizes da cicloviário que contará com cinco tipos de linhas: a linha
estratégia estabelecida para o Plano de Mobilidade Urbana. O cicloviária expressa, a linha troncal, as linhas radiais, as linhas
autor analisou o potencial cicloviário de alguns eixos pré- circulares/de conexão e as linhas verdes. Ambas as linhas,
selecionados com relação à aspectos físicos, sociais e além das já existentes, quando possível, foram implantadas em
econômicos, dados que resultaram em um mapeamento dos conjunto com os eixos de transporte coletivo a fim de permitir a
potenciais de cada via estudada (ver figura 79): integração entre os modais (ver mapa do plano cicloviário).
As linhas expressas serão implantadas concomitantes à linha
férrea e ligarão os municípios de Paiçandu, Maringá e Sarandi
possibilitando o rápido deslocamento proporcionado pela área
mais plana do território.
A linha troncal foi estabelecida na Avenida Brasil para permitir o
deslocamento entre as áreas de trabalho e de serviços. Já as
linhas radiais serão implantadas nas vias determinadas para
serem corredores de transporte coletivo e que, conforme as
análises realizadas por Neri (2012), estão aptas a receberem
ciclovias.
As linhas circulares/de conexão conectam as vias radiais nos
seus extremos em grandes distâncias e interligam pequenas
também. É possível notar que, diferentemente da proposta de
Neri (2012), as linhas circulares não foram estabelecidas na
Avenida Colombo e na Avenida Juscelino Kubistchek. Apesar
de algumas das linhas circulares implantadas estarem em
Figura 79 – Potencial cicloviário dos eixos viários
locais de alta declividade, elas foram propostas para integrar o
Fonte: NERI, 2012.
transporte público (linhas na Avenida Arquiteto Nildo Ribeiro da
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112
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Rocha e na Avenida Alexandre Rasgulaeff. Caso o ciclista opte
por percorrer maiores distâncias, porém sem desníveis
acentuados, será possível utilizar as linhas verdes, as quais
serão implantadas em alguns fundos de vale e áreas de
parques urbanos.
A proposta de utilização e conscientização do uso da bicicleta
prevê o incentivo da sua integração com os modais ônibus e
VLT e a sua capilarização nos bairros. Nesse sentido, os
usuários podem utilizar esse modal não motorizado para
distâncias mais curtas e, com a integração entre modais,
podem continuar seus trajetos de ônibus ou VLT.
A integração será realizada através dos terminais e das
estações espalhadas pelo território. Os terminais contarão com
bicicletários para estacionamento com maior capacidade de
vagas, assim como estações de aluguel de bicicletas. Além
disso, as estações de parada simples e de integração
constituirão bicicletários com número reduzido de vagas.

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114
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5.2.3 A rede integrada de transportes reforçadas através dos parâmetros urbanísticos específicos
A partir da determinação das redes de transporte coletivo e para os Eixos de Estruturação da Transformação Urbana e
cicloviário, assim como da definição de eixos de mobilidade áreas de terminais nas sessões seguintes do trabalho.
para o transporte individual motorizado e de cargas, como foi
apontado na estratégia, torna-se possível visualizar uma rede
integrada de transportes, constituída por uma das diretrizes do
Plano de Mobilidade Urbana (ver mapa do plano da rede
integrada de transportes).
As vias que serão priorizadas para os veículos individuais não
contarão com corredores de transporte público, uma vez que
eles são prioridades na fluidez viária nos eixos em que são
implantados.
Os eixos destinados ao transporte de cargas serão nos
Contorno Norte e Novo Contorno Sul, já que são vias projetadas
com caixas viárias específicas para esses modais rodoviários.
As redes de transportes coletivo e cicloviária, sempre que
possível, foram projetadas para se integrarem em todas as
partes do território do aglomerado.
A rede integrada é utilizada com facilidade pelos usuários
quando possui uma legibilidade. Nesse sentido, uma das
diretrizes a serem seguidas é a criação de uma paisagem
urbana no entorno dos nós, terminais de transporte, e dos
eixos de mobilidade de transporte coletivo e cicloviário, a fim de
reforçar essa legibilidade pretendida e alavancar as áreas de
intervenção. As hipóteses de estruturação da paisagem serão

!
116
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5.2.4 Os perfis viários Entretanto, sob as circunstâncias certas, sistemas de
tráfego podem funcionar bastante bem com apenas uma
A seleção e dimensionamento dos corredores para o única faixa de BRT e uma única faixa de tráfego misto. [...]
Os problemas com quebras veiculares são resolvidos por
transporte público e cicloviário, modais considerados uma barreira semipermeável entre a faixa de BRT e a faixa
de tráfego misto. (BRASIL, 2008, p.172)
prioritários nesse trabalho, foi realizada a partir das diretrizes
definidas no “Manual de BRT” do Ministério das Cidades de
Dessa forma, quando possível, os perfis viários dos corredores
2008 que definiu:
foram dimensionados com duas faixas de tráfego mistas. Porém
Em uma situação ideal, a largura da via abrigará uma
estação no canteiro central, uma ou duas faixas de essa diretriz não foi prioritária, uma vez que a implantação de
ônibus, duas faixas de tráfego misto e um espaço ciclovias nos dois sentidos das vias ocupou uma porção do
adequado para pedestres e ciclistas. (BRASIL, 2008,
p.171-172) espaço que poderia ser utilizada para uma faixa extra para os
veículos individuais. Nesses casos, uma opção é fazer uma
Nesse sentido, o dimensionamento das diretrizes viárias das faixa de tráfego misto mais larga para permitir a ultrapassagem
linhas de mobilidade buscou seguir essa recomendação em em caso de emergências. (BRASIL, 2008, p.172)
busca de um sistema mais eficiente. O manual define ainda que Com relação à implantação das estações ao longo dos eixos de
as faixas ideais para corredores devem ter 3,5 metros mas que, transporte, o “Manual do BRT” aponta que:
devido à largura dos veículos de transporte coletivo serem de
Ainda que precise de um pouco mais de largura, uma
2,6 metros, é possível estreitar o corredor caso seja necessário. estação única no canteiro central é, de longe, a mais útil
em termos de conveniência ao usuário e projeto. Com
As faixas de veículos individuais normalmente têm 3,5 metros uma única estação servindo ambos os sentidos, usuários
são capazes de mudar de sentido simplesmente
em rodovias mas, ao diminui-las há uma tendência de reduzir cruzando a plataforma da estação. (BRASIL, 2008, p.185)
as velocidades e, consequentemente, os acidentes causados
por imprudências. (BRASIL, 2008, p.172) A implantação da estação varia de acordo com o comprimento
As duas faixas de tráfego misto oferecem várias dos ônibus, o articulado possui 18,5 metros, enquanto que o
vantagens. Se um carro quebra ou se um táxi encosta
para um passageiro, ou se há um veículo bem vagaroso, convencional possui 12 metros. Com a estação implantada no
outros veículos podem passar o obstáculo mudando de canteiro central, há a possibilidade de dois veículos de
faixa. Nesse sentido, uma segunda faixa, mais do que
dobra o tanto de capacidade viária oferecida por uma transporte coletivo pararem ao mesmo tempo. Nesse caso, o
única faixa. comprimento da estação deverá ser dimensionado de acordo

!
117
! ! ! ! !
com as portas de acesso aos ônibus e seus comprimentos. cargas. O acesso aos dois sentidos poderá ser realizado
Essa medida que pode ser tomada nos corredores onde o fluxo através de plataformas com níveis intermediários. A diretriz
de ônibus é maior e com grande porcentagem de ocupação. apontada para a estação de VLT é somente esquemática, cada
Os perfis viários das linhas expressa metropolitana e troncal terminal ou estação será dimensionada conforme a demanda.
municipal vermelhas se sobrepõem sobre a Avenida Horácio O perfil viário da linha troncal amarela, principal eixo do
Racanello em dois níveis. Com relação ao nível do corredor de transporte coletivo dentro do limite do município de Maringá,
ônibus, a linha troncal municipal se desenvolverá em duas por ter toda a sua extensão com largura de 35 metros, foi
pistas nos dois sentidos no local onde existia o canteiro central possível implantar duas faixas de tráfego misto em conjunto
separadas por barreiras fixas. Isso foi possível pois, devido à com os corredores, retomando o sentido duplo das vias
existência do túnel do rebaixamento da linha férrea, não há abrangidas. Para isso foram retirados os estacionamentos para
vegetações nesse canteiro. Esse fato possibilitou o a implantação da ciclovia radial. As estações foram alongadas
dimensionamento de duas faixas de tráfego misto e uma faixa para permitir o desalinhamento dos acessos às portas dos
de estacionamento para cada sentido da via, além de duas ônibus, uma vez que devido à alta demanda desse corredor,
faixas de ciclovias unidirecionais separadas por uma barreira serão necessários ônibus articulados nos dois sentidos da via e
vegetal. o comprimento das estações é calculado em função deles.
O artifício de utilizar um obstáculo entre o leito carroçável e a A decisão da retirada dos estacionamentos pode ser
ciclovia foi criado para possibilitar a livre circulação dos questionada por comerciantes de áreas centrais ou de
ciclistas sem interferências do tráfego misto em todas os tipos comércio de bairro por onde passa o eixo. Uma das soluções
de ciclovia. Nesse caso específico no perfil viário da Avenida que poderia ser implantada é, em alguns trechos como os
Horácio Racanello, essa decisão á essencial uma vez que esta citados, o estreitamento das faixas de tráfego misto de duas
ciclovia é uma linha expressa metropolitana e demanda uma para uma pista e a criação de regiões de estacionamento
maior velocidade das bicicletas. delimitados. Pode ser uma estratégia também para outras
Através da circulação vertical entre os dois níveis da via citada, linhas do transporte coletivo.

será possível a integração dos modais ônibus e VLT nos pontos Outra questão que poderá ser pensada futuramente é a
previstos pelo plano da rede de transporte coletivo. O VLT implantação de vias de sentido único paralelas ao corredor de
funcionará nos dois sentidos entre a ferrovia de transporte de transporte público. Esse fato possibilitaria a retirada de uma
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118
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das faixas de tráfego misto do corredor principal e a volta dos Outros perfis viários que foram detalhados são os das ciclovias
estacionamentos. Entretanto para que tal fato ocorra, é que não estão inseridas nos corredores exclusivos de
necessário um estudo dos fluxos de todas as vias da cidade, transporte coletivo, mas que têm importância na estruturação
mudança de sentidos e outras questões que estão além do do plano cicloviário. As ciclovias do circuito verde serão
objetivo principal desse trabalho. implantadas nas existentes e futuras avenidas paisagísticas.
Os perfis viários da linha radial azul são variados devido ao Por as vias paisagísticas terem o caráter de avenida, a Lei de
dimensionamento das vias contidas nesse eixo. As Avenidas Diretrizes Viárias atual (MARINGÁ, 2011a) define que ela deve
Teixeira Mendes e Mandacaru possuem 35 metros de caixa de possuir 35 metros de largura. Dessa forma, as ciclovias foram
rua, incluindo as calçadas, já a Carlos Borges possui 30 implantadas em duas pistas concomitantes, na porção próxima
metros. Nesse sentido, foi implantado o corredor com duas ao fundo de vale. Isso foi possível pois, como a maioria das vias
faixas de tráfego misto e uma via por sentido para os ônibus paisagísticas ainda não foram implantadas, o canteiro central
nas avenidas com 35 metros e somente uma faixa destinada foi projetado em um local adequado para a implantação das
aos veículos individuais na via com 30 metros. As estações não duas pistas em dois sentidos, assim como para os
foram prolongadas pois na linha radial azul, devido à demanda estacionamentos.
não ser tão alta, nos horários de pico passarão ônibus Além das vias paisagísticas, outra importante avenida irá
articulados e fora deles os convencionais. receber a ciclovia fora dos eixos de transporte coletivo: a
A linha troncal roxa, assim como parte da azul, possui a caixa Avenida Brasil. Esse importante eixo de mobilidade cicloviária
de rua de 35 metros, nesse sentido foram tomadas as mesmas receberá uma linha troncal urbana leste-oeste. Ela foi
decisões projetuais. implantada nos dois sentidos no canteiro central, uma vez que
as obras de execução dessas ciclovias já foram iniciadas.
As linhas circulares laranjas possuem assim como a azul dois Propõe-se também nessa mesma via a criação de bolsões da
tipos de caixa de rua, de 35 e 30 metros. Dessa forma, as calçada prolongados para áreas de estacionamento de caráter
mesmas medidas também foram adotadas para esses definitivo para a implantação de bancas, quiosques de
corredores laranjas. No entanto, diferentemente das linhas já alimentação, bancos, lixeiras, entre outros usos que darão
citadas, a circular possui as paradas no nível da rua e possuem vitalidade à principal área comercial do aglomerado.
uma menor frequência de utilização por viagens. Assim, serão
utilizados ônibus convencionais para a circulação dos usuários.
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120
! ! ! ! !
5.3. Parâmetros específicos de paisagem As áreas de influência dos nós urbanos, definidos pela
localização dos terminais de transporte coletivo terão dois raios
Os parâmetros urbanísticos foram determinados de acordo com
de abrangência, bem como dois tratamentos distintos da
as macrozonas, Eixos de Estruturação da Transformação
paisagem. O primeiro raio é de 300 metros, todas as quadras
Urbana e nós urbanos (terminais do transporte coletivo)
que estiverem inscritas nessa distância serão comtempladas
definidos. Os nós terão parâmetros especiais para incentivar a
com parâmetros urbanísticos destinados à maior transformação
sua ocupação, desenvolvimento e destaque na paisagem. A
urbana no aglomerado. Em segundo lugar, o raio de 600
hipótese de paisagem pretendida para o aglomerado se
metros, da mesma forma, com os quarteirões inscritos, mesmo
apoiará nesses parâmetros e nos planos de mobilidade criados
as quadras que não estavam completamente internas ao raio
citados anteriormente. Para a determinação desses parâmetros,
de 300 metros, serão abrangidas por uma outra proposta de
é necessário definir os raios de influência dos terminais.
paisagem (ver figura 80).

5.3.1 Raios e distâncias de influência dos corredores e


terminais
As áreas de influência foram definidas pois as propostas de
estruturação da paisagem para essas regiões serão
específicas, uma vez que elas participam da rede de
mobilidade projetada e devem exprimir legibilidade ao sistema
através de uma transformação urbana.
Com relação às bordas de influência dos corredores de
transporte coletivo, todas as quadras inscritas em 150 metros
de distância do eixo de mobilidade são incorporadas na
abrangência dos Eixos de Estruturação da Transformação
Urbana. Nenhuma quadra que possua bordas fora desse limite
será agregada, uma vez que esse fator poderia propiciar a
especulação imobiliária.

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121
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Figura 80 – Áreas de influência


Fonte: Elaborado pela autora.

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5.3.2 Parâmetros urbanísticos específicos das áreas de A cota parte e a densidade líquida estão diretamente ligadas. A
influência dos corredores e terminais cota parte corresponde à quantidade de unidades
As áreas de influência dos corredores e terminais, pertencentes habitacionais (UH) de acordo com a área do terreno. O número
às macrozonas, possuem alguns parâmetros específicos além de UH a serem produzidas e a área total do terreno define a
dos gerais citados (coeficiente de aproveitamento e gabarito), densidade, uma vez que são consideradas 3,15 pessoas por
dentre eles estão a cota parte e a densidade líquida. domicílio de acordo com o IBGE (ver figura 81).

Como por exemplo:

Cota parte: 40
Área do terreno: 1000m2
1000/40: 25 UH
79 pessoas
Densidade líquida:
790 hab/ha.

Figura 81 – Cota parte


Fonte: SÃO PAULO, 2014. Modificado e elaborado pela autora.

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123
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Os Eixos de Estruturação da Transformação Urbana contarão Os gabaritos tiveram um aumento em relação aos miolos de
com acréscimos nos coeficientes máximos em relação aos bairro para atender à densidade e proporcionar a paisagem
miolos de bairro (ver 5.1.4 Parâmetros urbanísticos gerais) nas proposta na hipótese de estruturação dos eixos. As áreas mais
áreas de interesse de aproveitamento da infraestrutura, com atingidas pela transformação urbana em relação à paisagem
exceção das regiões industriais e de proteção ambiental. As existente são as macrozonas de qualificação urbana, redução
densidades líquidas e as cotas parte foram definidas com o da fragilidade urbana e de estruturação metropolitana de
intuito de garantir o aproveitamento da infraestrutura. comércios e serviços (ver figura 82).

EIXOS DE ESTRUTURAÇÃO DA
ÁREAS DE INFLUÊNCIAS DOS TERMINAIS (R:600m) ÁREAS DE INFLUÊNCIAS DO
TRANSFORMAÇÃO URBANA
COEFICIENTE DE COTA PARTE COEFICIENTE DE COTA PARTE COEFICIENTE DE COTA PARTE
MACROZONAS DENSID. DENSID.
APROVEITAMENTO MÁXIMA (ÁREA APROVEITAMENTO MÁXIMA (ÁREA MÁXIMA (ÁRE
LÍQUIDA GABAR. LÍQUIDA GABAR. APROVEITAMENTO
DO TERRENO/ DO TERRENO/ DO TERRENO
MÁXIMA (m) MÁXIMA (m)
MÍN. BÁS. MÁX. UNIDADES MÍN. BÁS. MÁX. UNIDADES MÍN. BÁS. MÁX. UNIDADES
(hab/ha) (hab/ha)
HABITACIONAIS HABITACIONAIS HABITACIONA
MACROZONA DE PROTEÇÃO E
NA 0,1 0,1 NA NA 4 NA 0,1 0,1 NA NA 4 NA 0,1 0,1 NA
RECUPERAÇÃO AMBIENTAL
MACROZONA DE
0,7 4,5 40 790 35 0,7 4,5 32 970 35 0,7 4,5 20
CONSOLIDAÇÃO CENTRAL
MACROZONA DE REDUÇÃO DA
2,5 100 315 15 3,5 90 350 20 4,5 80
FRAGILIDADE URBANA
0,5 0,5 0,5
MACROZONA DE QUALIFICAÇÃO
3,5 60 526 20 4,5 32 970 35 6,0 20
DA URBANIZAÇÃO CONSOLIDADA
1,0 1,0 1,0
MACROZONA DE ESTRUTURAÇÃO
1,4 NA NA 10 1,4 NA NA 10 1,4 NA
METROPOLITANA INDUSTRIAL
MACROZONA DE ESTRUTURAÇÃO 0,7 0,7 0,7
METROPOLITANA DE COMÉRCIOS 3,5 60 526 20 4,5 32 970 35 6,0 20
E SERVIÇOS
MACROZONA DE EXPANSÃO
0,5 2,5 100 315 15 0,5 3,5 100 315 20 0,5 4,5 100
URBANA
NA: Não se aplica

Tabela 11 – Parâmetros Eixos de Estruturação da Transformação Figura 82 – Distâncias de abrangência dos corredores
Urbana Fonte: Elaborado pela autora
Fonte: Elaborado pela autora.

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124
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As áreas de influências dos terminais de transporte coletivo A macrozona de consolidação central não será transformada
constituem os nós urbanos propostos. Essas áreas são pontos em relação aos Eixos de Estruturação da Transformação
focais na paisagem e na transformação urbana do aglomerado. Urbana já que a intenção é de preservar a paisagem existente
Conforme o raio de abrangência se aproxima ao terminal, os sem focalizá-la na paisagem. Por outro lado, nas macrozonas
coeficientes de aproveitamento, as densidades líquidas e os de qualificação urbana e de estruturação metropolitana de
gabaritos aumentam gradualmente como estruturação da comércio e serviços serão permitidos arranha-céus que se
paisagem e aproveitamento da infraestrutura proposta. destoem na paisagem como marcos visuais (ver tabela 12).

EIXOS DE ESTRUTURAÇÃO DA EIXOS DE ESTRUTURAÇÃO DA


ÁREAS DE INFLUÊNCIAS DOS TERMINAIS (R:600m)ÁREAS
ÁREAS
DEDE
INFLUÊNCIAS
INFLUÊNCIAS
DOS
DOS
TERMINAIS
TERMINAIS
(R:600m)
(R:300m)ÁREAS DE INFLUÊNCIAS DOS
TRANSFORMAÇÃO URBANA TRANSFORMAÇÃO URBANA
CIENTE DE COTA PARTE COEFICIENTE DE COTA
COTA PARTE
PARTE COEFICIENTE DE COTA
COEFICIENTEDE COTAPARTE
PARTE COEFICIENTE DE COTA PARTE
DENSID.
MACROZONAS DENSID.
DENSID. DENSID.
DENSID.
EITAMENTO MÁXIMA (ÁREA APROVEITAMENTO MÁXIMA
MÁXIMA (ÁREA
(ÁREA APROVEITAMENTO
APROVEITAMENTO MÁXIMA
MÁXIMA(ÁREA
(ÁREA APROVEITAMENTO MÁXIMA (ÁREA
LÍQUIDA GABAR. LÍQUIDA
LÍQUIDA GABAR.
GABAR. LÍQUIDA
LÍQUIDA GABAR.
GABAR.
DO TERRENO/ DO
DO TERRENO/
TERRENO/ DO
DOTERRENO/
TERRENO/ DO TERRENO/
MÁXIMA (m) MÁXIMA
MÁXIMA (m)
(m) MÁXIMA
MÁXIMA (m) (m)
BÁS. MÁX. UNIDADES MÍN. BÁS. MÁX.
MÁX. UNIDADES
UNIDADES MÍN.
MÍN. BÁS.
BÁS. MÁX.
MÁX. UNIDADES
UNIDADES MÍN. BÁS. MÁX. UNIDADES
(hab/ha) (hab/ha)
(hab/ha) (hab/ha)
(hab/ha)
HABITACIONAIS HABITACIONAIS
HABITACIONAIS HABITACIONAIS
HABITACIONAIS HABITACIONAIS
MACROZONA DE PROTEÇÃO E
0,1 0,1 NA NA 4 NA 0,1 0,1
0,1 NA
NA NA
NA 44 NA
NA 0,1
0,1 0,1
0,1 NA
NA NA
NA 4 4 NA 0,1 0,1 NA
RECUPERAÇÃO AMBIENTAL
MACROZONA DE
4,5 40 790 35 0,7 4,5
4,5 32
40 790
970 35
35 0,7
0,7 4,5
4,5 32
20 970
1571 35 35 0,7 4,5 20
CONSOLIDAÇÃO CENTRAL
MACROZONA DE REDUÇÃO DA
2,5 100 315 15 3,5
2,5 100
90 315
350 15
20 3,5
4,5 90
80 350
400 20 35 4,5 80
FRAGILIDADE URBANA
0,5 0,5
0,5 0,5
ILIMITADO
MACROZONA DE QUALIFICAÇÃO
3,5 60 526 20 4,5
3,5 32
60 526
970 20
35 4,5
6,0 32
20 970
1571 35 COEF.
ATÉ 6,0 20
DA URBANIZAÇÃO CONSOLIDADA
MÁXIMO
1,0 1,0 1,0
1,0 1,0
MACROZONA DE ESTRUTURAÇÃO
1,4 NA NA 10 1,4
1,4 NA
NA NA
NA 10
10 1,4
1,4 NA
NA NA
NA 10 10 1,4 NA
METROPOLITANA INDUSTRIAL
MACROZONA DE ESTRUTURAÇÃO 0,7 0,7
0,7 0,7
ILIMITADO
3,5 METROPOLITANA
60 DE COMÉRCIOS
526 20 4,5
3,5 32
60 526
970 20
35 4,5
6,0 32
20 970
1571 ATÉ
35 COEF. 6,0 20
E SERVIÇOS MÁXIMO
MACROZONA DE EXPANSÃO
2,5 100 315 15 0,5 3,5
2,5 100
100 315
315 15
20 0,5
0,5 3,5
4,5 100
100 315
315 20 35 0,5 4,5 100
URBANA
NA: Não se aplica

Tabela 12 – Parâmetros das áreas de influência


Fonte: Elaborado pela autora.

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125
! ! ! ! !
Dessa forma, os nós urbanos propostos se destacarão na
paisagem do aglomerado como marcos visuais que irão atrair
os olhos do observador, usuário do transporte coletivo,
garantindo a legibilidade do sistema de mobilidade proposto
(ver figura 83). As áreas de terminais alavancarão as áreas de
bairro como destinos do transporte coletivo, possibilitando
menores deslocamentos entre bairro-centro. As centralidades
serão reforçadas e os usos centrais irão se deslocar ainda mais
para essas áreas.
Os nós urbanos contarão ainda com parâmetros específicos
para incentivar a ocupação dessas áreas de influência, além da
cota parte e densidade líquida já citadas, os quais podem ser
visualizados na figura 84. Tais parâmetros foram baseados nos
apresentados pelo novo Plano Diretor de São Paulo de 2013.
Serão incentivadas edificações de uso misto com diminuição
das vagas de garagem para desestimular o transporte
individual e incentivar o uso do transporte público. Além desses
incentivos, as áreas privadas que propiciarem a livre circulação
de pedestres no pavimento térreo das edificações serão
impulsionadas com instrumentos, tais como a fachada ativa e a
permeabilidade pública. Além disso, a outorga onerosa,
instrumento já existente no aglomerado, será utilizada para
Figura 83 – Áreas de transformação da paisagem nos terminais
adquirir recursos para a infraestrutura de mobilidade urbana.
Fonte: Elaborado pela autora
Outros parâmetros a serem aplicados são a largura mínima da
calçada, que terá 3 metros no mínimo, além do parklet. Os
instrumentos citados serão ilustrados e interpretados a seguir.
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126
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Figura 84 – Situação urbana ilustrativa dos parâmetros específicos


das áreas de influência dos nós urbanos
Fonte: Elaborado pela autora.

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127
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O parâmetro de uso misto incentivará a implantação de coeficiente de aproveitamento dos usos não residenciais, até o
edifícios com embasamento comercial e/ou serviços e torres limite de 25% da área total construída dessas tipologias (ver
residenciais. Essas decisões dão vitalidade ao espaço urbano figura 85).
e proporcionam um melhor aproveitamento da infraestrutura, Com relação às vagas de garagem, serão obrigatórias uma
uma vez que a densidade líquida fixa é aumentada com as vaga para cada unidade habitacional e uma para cada 100m2
áreas residenciais. O incentivo aos empreendimentos de uso de área comercial. As vagas acima desses valores serão
misto será de um desconto nas áreas computáveis para o computadas no coeficiente de aproveitamento.

Figura 85 – Incentivo ao uso misto


Fonte: Elaborado pela autora.

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128
! ! ! ! !
A fachada ativa consiste na abertura dos planos das vedações As edificações não residenciais com testadas acima de 20
verticais dos edifícios comerciais para livre acesso público. metros receberão o incentivo de não computar no coeficiente
Esse artifício promove a dinâmica do espaço urbano e a de aproveitamento, 50% dessas áreas destinadas à fachada
interação de atividades no passeio público (ver figura 86). ativa.

Figura 86 – Fachada ativa


Fonte: Elaborado pela autora.

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129
! ! ! ! !
Da mesma forma que a fachada ativa, o incentivo à Os incentivos para a implementação da permeabilidade pública
permeabilidade pública e à apropriação do espaço garante a contam com o acréscimo gratuito no coeficiente de
livre circulação dos pedestres em áreas de interesse privado, aproveitamento de 100% das áreas que possuam no mínimo
tais como miolos de quadra. 500m2 de áreas de livre fruição pública (ver figura 87).

Figura 87 – Permeabilidade pública


Fonte: Elaborado pela autora

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130
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Outro instrumento a ser aplicado é a outorga onerosa, esses recursos auferidos da contrapartida da outorga onerosa,
parâmetro que já existe na legislação da cidade de Maringá, e foi retirado da lista de prioridades.
que atualmente é regulamentada pela Lei Complementar A proposta do novo Plano de Mobilidade, assim como dos
no941/2013, a qual “Dispõe sobre a aplicação do instrumento novos parâmetros específicos das áreas de abrangência dos
de outorga onerosa do direito de construir, bem como dá outras terminais de transporte coletivo, é de retomar o investimento
providências.”. (MARINGÁ, 2013a) desses recursos adquiridos pela outorga onerosa para o Fundo
A lei determina que a outorga onerosa é a concessão do Municipal de Habitação.
potencial construtivo aos lotes urbanos de acordo com os Além disso, será criado um novo fundo de investimentos, o
parâmetros de coeficiente adicional definidos para cada zona Fundo de Desenvolvimento Urbano para a Mobilidade. Esse
da cidade. Além disso, os recursos adquiridos mediante o órgão receberá os recursos provenientes do aumento do
pagamento da contrapartida deverão ser aplicados com os potencial construtivo aplicado nas áreas de influência dos
objetivos: terminais. Com esses recursos será possível a implantação dos
I – regularização fundiária; corredores e infraestrutura para os terminais, a execução de
II – execução de programas e projetos habitacionais de ciclovias, o planejamento e padronização dos pontos de
interesse social;
III – constituição de reserva fundiária; parada do transporte coletivo, além de possibilitar a
IV – ordenamento e direcionamento da expansão urbana; manutenção de todas essas estruturas (ver figura 88).
V – implantação de equipamentos urbanos e
comunitários; Esse instrumento proporcionará a equidade na divisão dos
VI – criação de espaços públicos de lazer e áreas verdes; recursos públicos para a população do aglomerado, a qual
VII – criação de unidades de conservação ou proteção de será beneficiada por um sistema de transporte público de
outras áreas de interesse ambiental; qualidade.
VIII – proteção de áreas de interesse histórico, cultural ou
paisagístico. (MARINGÁ, 2013a)

Em vista dessas proposições, observa-se que o Fundo


Municipal de Habitação de Maringá, antes contemplado com

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131
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Figura 88 – Outorga Onerosa


Fonte: Elaborado pela autora

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132
! ! ! ! !
Por fim, o último parâmetro específico determinado para as como sombras, boa iluminação noturna, fluxos frequentes de
áreas de nós urbanos e terminais de transporte coletivo é a movimentação de pessoas, ausência de espaços públicos nas
implantação dos parklets. De acordo com o Plano Diretor de redondezas e além disso, proximidades com equipamentos
São Paulo (2013), os parklets são extensões temporárias da urbanos ou áreas comerciais. (SÃO PAULO, 2013)
calçada em que um espaço antes utilizado para EM ÁREA COMERCIAL: Parklets localizados em áreas
estacionamento de automóveis é substituído por uma comerciais contribuem para a atividade econômica do
local. O parklet deve ser projetado e sinalizado de forma
ampliação do passeio público. Essa extensão proporciona mais que fique claro aos pedestres que é um local público e
espaço para a vegetação, além de equipamentos e mobílias não uma extensão de um estabelecimento.
EM ÁREA RESIDENCIAL: Apesar da maior parte dos
favoráveis à ocupação dos transeuntes das calçadas (ver figura parklets serem localizados em áreas comerciais, eles
89). também podem obter sucesso em áreas residenciais,
fornecendo um espaço de convivência para os moradores
De acordo com o “Manual operacional para implantar um das imediações. (SÃO PAULO, 2013)

parklet em São Paulo” de 2014, os principais objetivos são:


ampliar a oferta de espaços públicos; promover a convivência Com a implantação dos parklets nas áreas de influência dos
na rua; estimular processos participativos; incentivar terminais do transporte coletivo, essas ideias serão
transportes não motorizados e criar um novo cenário para as disseminadas pelo aglomerado com mais facilidade, uma vez
ruas. que essas áreas caracterizam altos fluxos de pedestres que
Nesse sentido, as finalidades do parklet vão de encontro com poderão utilizar esses espaços e divulga-los.
os objetivos desse trabalho: proporcionar o acesso do espaço
público à todos os cidadãos e incentivar a mobilidade por
transportes não motorizados ou públicos em detrimento dos
veículos individuais, através da transformação das vagas de
estacionamento em espaços de convivência.
O parklet pode ser instalado pela iniciativa pública, mas
também pode ser de contrapartida privada, seja pessoa jurídica
ou física e, além disso, tem alguns diferenciais que facilitam a
sua aprovação mediante a prefeitura: qualidade do entorno
!
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Figura 89 – Parket
Fonte: Elaborado pela autora

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134
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As ciclovias existentes não se instalam como redes e tem
6 CONSIDERAÇÕES FINAIS
começo e fim, desestimulando o uso da bicicleta, apesar da
Os estudos realizados apontaram para o esgotamento do cidade possuir um potencial cicloviário alto.
espaço público no aglomerado devido à frota de veículos
As propostas de intervenção na mobilidade são criadas sem
individuais motorizados crescente a cada ano, ao mesmo
conexões em forma de rede integrada, sendo que muitas vezes
tempo que o transporte coletivo teve uma queda de usuários
são desprovidas de instrumentos de lei para efetivar suas
devido a sua ineficiência.
implantações.
As cidades de Paiçandu, Maringá e Sarandi criaram relações
A partir dessas constatações, a proposta do Plano de
de interdependência desde a origem dos centros urbanos que,
Mobilidade Urbana para o aglomerado Paiçandu-Maringá-
atualmente, demandam deslocamentos diários com alto tempo
Sarandi propõe a TRANSFORMAÇÃO DA PAISAGEM URBANA
de viagens. Entretanto, com relação ao planejamento da
e a criação de uma REDE DE MODAIS INTERLIGADOS,
mobilidade, as relações entre essas cidades não são efetivadas
considerando a prioridade do transporte coletivo e do
já que falta integração de políticas públicas metropolitanas.
transporte individual não motorizado.
Os corredores de transporte coletivo metropolitanos e urbanos
A transformação urbana através da mobilidade se fundamentou
tornam algumas vias da cidade de Maringá carregadas nos
no macrozoneamento da área do aglomerado e teve como
horários de pico. Esses casos se agravam na área central, já
principais diretrizes: a CONEXÃO e criação de EIXOS DE
que, pelo terminal ser centralizado, ela se configura como o
ESTRUTURAÇÃO DA TRANSFORMAÇÃO URBANA; a
principal destino dos ônibus públicos do aglomerado. A
ACESSIBILIDADE e ACESSO À CIDADE; a criação de NÓS nos
centralização dos fluxos de transporte coletivo ocorre devido ao
pontos de terminais de transporte coletivo e por fim o
modelo do sistema que é radial.
PLANEJAMENTO e GESTÃO da mobilidade.
A paisagem urbana reforça a ideia de que a área central de
As transformações previstas pela hipótese de estruturação da
Maringá é o ponto focal do aglomerado e principal destino das
paisagem buscaram induzir os olhos dos observadores do
viagens do transporte coletivo.
aglomerado para as áreas de principal interesse do Plano de
Mobilidade Urbana e aproveitar a infraestrutura planejada: os
novos NÓS urbanos.

!
135
! ! ! ! !
A TRANSFORMAÇÃO URBANA propôs a criação de redes de Os estudos propostos por esse trabalho não se esgotaram, há
mobilidade do transporte coletivo e cicloviário, assim como da diversas possibilidades de aprofundamento do tema e
rede de transportes integrada, estabelecendo os Eixos de detalhamento das propostas, os quais não foram possíveis de
Estruturação da Transformação Urbana e as áreas de terminais. serem realizados no tempo disponível para a pesquisa.
Além disso, os parâmetros urbanísticos indicaram as diretrizes As análises urbanas realizadas, além dos parâmetros sociais,
de ocupação das áreas de miolo de bairro, assim como dos econômicos, ambientais entre outros discutidos nesse trabalho,
Eixos propostos e das áreas de abrangência dos terminais de podem gerar novas discussões urbanas relacionadas à
transporte coletivo caracterizados como nós. mobilidade no aglomerado. As estratégias de mobilidade e de
Esse trabalho buscou atrair a atenção para uma problemática ocupação das áreas urbanas servidas pela rede podem ser
urbana que propõe a discussão da acessibilidade da impulsos para novas pesquisas e propostas.
população ao transporte público de qualidade em meio à um
cenário urbano de caos no tráfego de veículos individuais. Os
sistemas de mobilidade do transporte coletivo transformam a
dinâmica das cidades e só funcionam com qualidade e
satisfação dos usuários quando há uma legibilidade da rede. A
proposta de paisagem clareia a utilização dos sistemas de
mobilidade e reitera as propostas de transformação de áreas
urbanas.
A real implantação das propostas desenvolvidas nesse estudo
poderá proporcionar a equidade no acesso ao transporte
público de qualidade aos usuários do aglomerado e no uso do
espaço coletivo. A transformação urbana, principalmente nas
áreas de bairro propostas como nós, hoje centralidades
secundárias ou ainda inexistentes, trará o desenvolvimento
urbano e alavancará o potencial econômico dessas regiões.

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MAPAS ANEXOS

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