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I. INTRODUÇÃO
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formação histórica do Direito do Trabalho nos países de capitalismo central
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ocorrido no Brasil. Nessa linha, a busca da categoria básica em torno da qual
se construiu o ramo justrabalhista — a relação empregatícia — é o ponto
fundamental a delimitar a pesquisa da evolução histórica desse ramo jurídico
na realidade brasileira.
Em país de formação colonial, de economia essencialmente agrícola,
com um sistema econômico construído em torno da relação escravista de
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livre (juridicamente livre) é pressuposto histórico-material para o surgimento
do trabalho subordinado (e, consequentemente, da relação empregatícia),
não há que se falar em ramo jurídico normatizador da relação de emprego
sem que o próprio pressuposto dessa relação seja estruturalmente permitido
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escravatura (1888) é que se pode iniciar uma pesquisa consistente sobre a
formação e consolidação histórica do Direito do Trabalho no Brasil.
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rânea de São Paulo — tradicionalmente também sempre teve importância na organização do
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docas de Santos reuniram o primeiro grupo importante de trabalhadores em todo o Estado,
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In: 7UDEDOKR8UEDQRH&RQÀLWR6RFLDO. São Paulo: Difel, 1976. p. 13. O mesmo
autor comenta: “O setor serviços (ferrovias e portos) é estrategicamente o mais relevante,
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representa o maior grau de concentração de trabalhadores”. In: ob. cit., p. 122.
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Paulo, Santos, Ribeirão Preto e Campinas, em 1907, e a conjuntura de intensos movimentos
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coletiva obreira nessa fase inicial do Direito do Trabalho. A respeito, ver FAUSTO, Bóris, ob.
cit., p. 146-150 e 157-217.
(3) Apenas com a reforma constitucional de 1926 é que passaria à União a competência priva-
tiva para legislar sobre Direito do Trabalho (Emenda 22, conferindo nova redação ao art. 34,
n. 29, da Constituição de 1891).
(4) A respeito desses três diplomas federais, ver VIANNA, Luiz Werneck. Liberalismo e Sindi-
cato no Brasil, Rio de Janeiro: Paz e Terra, 1989. p. 45. O autor aponta que o decreto concernente
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(5) VIANNA, Luiz Werneck, ob. cit., p. 46.
(6) Conforme VIANNA, Luiz Werneck, ob. cit., p. 46.
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(18) A respeito de tais fases e reformulações previdenciárias, ver ALLY, Raimundo Cerqueira.
Normas Previdenciárias no Direito do Trabalho. São Paulo: IOB — Informações Objetivas,
1989. p. 25-26. Consultar, ainda, a obra de DELGADO, Ignacio Godinho. Previdência Social e
Mercado no Brasil — A Presença Empresarial na Trajetória da Política Social Brasileira. São
Paulo: LTr, 2001.
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Trabalhista Brasileiro. A respeito, ver DELGADO, Lucilia de Almeida Neves. PTB: do Getulismo
DR5HIRUPLVPR. São Paulo: Marco Zero, 1989.
(21) Cabe ressaltar, de todo modo, que no início da década de 1960 o modelo tradicional
implantado em 1930/40 recebeu um aperfeiçoamento de caráter democrático e inclusivo, que
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força da Lei n. 4.214/63, que entrou em vigor em 2.6.1963 (“Estatuto do Trabalhador Rural”).
Na verdade, mostrou-se, na época, tão impactante esse aperfeiçoamento democrático e inclu-
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como um dos fatores que conduziu à derrubada do Governo João Goulart poucos meses
depois, em março/abril de 1964.