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UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE – FURG

INSTITUTO DE LETRAS E ARTES – ILA


CURSO DE LETRAS
DISCIPLINA: MORFOSSINTAXE I - 2015
AVALIAÇÃO 2º BIMESTRE – VALOR: 6,0
Prof.ª Dr.ª Marilei Grantham
NOME:____________________________________________ Nº:________________
1
2 DIMINUTIVOS
3 Luís Fernando Veríssimo

4 Sempre pensei que ninguém batia o brasileiro no uso do diminutivo, essa nossa mania de
5reduzir tudo à mínima dimensão, seja um cafezinho, um cineminha ou uma vidinha. Só o que
6varia é a inflexão da voz. Se alguém diz, por exemplo, "Ô vidinha", você sabe que ele está se
7referindo a uma vida com todas as mordomias. Nem é uma vida, é um comercial de cigarro com
8longa metragem. Um vidão. Mas se disser "Ah vidinha..." o coitado está se queixando dela, e
9com toda a razão. Há anos que o seu único divertimento é tirar sapatos e fazer xixi. Mas nos dois
10casos o diminutivo é usado com o mesmo carinho.
11 O francês tem o seu "tout petit peu", que não é um diminutivo, é um exagero. Um "pouco
12todo pequeno" é muita explicação para tão pouco. Os mexicanos usam o "poco", o "poquito" e --
13menos ainda que o "poquito" -- o "poquetín". Mas ninguém bate o brasileiro.
14 Era o que eu pensava até o dia, na Itália, em que ouvi alguém dizer que alguma coisa
15duraria um "mezzoretto". Não sei se a grafia é essa mesma, mas um povo que consegue, numa
16palavra, reduzir uma meia hora de tamanho -- e você não tem nenhuma dúvida de que um
17"mezzoretto" dura os mesmos trinta minutos de uma meia hora convencional, mas passa muito
18mais depressa -- é invencível em matéria de diminutivo.
19 O diminutivo é uma maneira ao mesmo tempo afetuosa e precavida de usar a linguagem.
20Afetuosa porque geralmente o usamos para designar o que é agradável, aquelas coisas tão afáveis
21que se deixam diminuir sem perder o sentido. E precavida porque também o usamos para
22desarmar certas palavras que, na sua forma original, são ameaçadoras demais.
23 "Operação", por exemplo. É uma palavra assustadora. Pior do que "intervenção
24cirúrgica", porque promete uma intervenção muito mais radical nos intestinos. Uma operação
25certamente durará horas e os resultados são incertos. Suas chances de sobreviver a uma
26operação... sei não. Melhor se preparar para o pior.
27 Já uma operaçãozinha é uma mera formalidade. Anestesia local e duas aspirinas depois.
28Uma coisa tão banal que quase dispensa a presença do paciente.
29 No Brasil, usa-se o diminutivo principalmente em relação à comida. Nada nos desperta
30sentimentos tão carinhosos quanto uma boa comidinha.
31 - Mais um feijãozinho?
32 O feijãozinho passou dois dias borbulhando num daqueles caldeirões de antropófagos
33com capacidade para três missionários. Leva porcos inteiros, todos os miúdos e temperos
34conhecidos e, parece, um missionário. Mas a dona de casa o trata como um mingau de todos os
35dias.
36 - Mais um feijãozinho?
37 - Um pouquinho.
38 - E uma farofinha?
39 - Ao lado do arrozinho?
40 - Isso.
41 - E quem sabe mais uma cervejinha?
42 - Obrigadinho.
43 O diminutivo é também uma forma de disfarçar o nosso entusiasmo pelas grandes
44porções. E tem um efeito psicológico inegável. Você pode passar horas tomando "cervejinha" em
45cima de "cervejinha" sem nenhum dos efeitos que sofreria depois de apenas duas cervejas.
46 - E agora, um docinho.
47 E surge um tacho de ambrosia que é um porta-aviões.

QUESTÕES:
Tendo como referência principal a obra de Margarida Basílio, estudada em aula, resolve
as questões abaixo.

1- (valor: 1,2) Observa, nos enunciados abaixo, as palavras sublinhadas e depois responde o
que se pede.

a) “Sempre pensei que ninguém batia o brasileiro no uso do diminutivo...” (l.1)


b) “Os mexicanos usam o "poco", o "poquito"...” (l.9)
c) “ - E agora, um docinho.” (l.43)

1.1 As palavras são substantivos ou adjetivos? Por quê? Comenta as palavras, do ponto
de vista das características das classes gramaticais;

1.2 Houve mudança de classe? Explica.

1.3 Cria frases (em torno do assunto do texto) em que possas empregar essas mesmas
palavras no papel de outra classe gramatical.

2- (valor: 1,2) Responde o que se pede:

2.1 Explica a sufixação sem mudança de classe quando envolve a adição de morfemas
derivacionais de grau.

2.2 Comenta os efeitos de sentido produzidos por essa ocorrência no trecho abaixo.

“Se alguém diz, por exemplo, "Ô vidinha", você sabe que ele está se referindo a uma
vida com todas as mordomias. Nem é uma vida, é um comercial de cigarro com longa
metragem. Um vidão. Mas se disser "Ah vidinha..." o coitado está se queixando
dela...” (l.3-6)

2.3 Retira do texto mais 3 exemplos que sustentem tuas afirmações;

2.4 Cria frases (em torno do assunto do texto) em que uses palavras também derivadas
sem mudança de classe.

3- (valor: 1,0) Responde:

3.1 Que tipo de motivação justifica o emprego da palavra destacada no enunciado abaixo?

“O povo italiano consegue reduzir uma meia hora de tamanho. Essa redução é muito
curiosa.”
3.2 Que outro tipo de motivação pode haver para a mudança de classes? Cria 2 frases em que
apareçam exemplos, apontando-os.

4- (valor:1,0) Responde:

4.1 Fala sobre a mudança de classes que envolve a formação de advérbios. Retira 2 exemplos
do texto.

4.2 Advérbios são categorias plenas? Explica e dá exemplos que comprovem tuas afirmações.

5- (valor: 0,7) Responde:

5.1 Como se dá o processo de formação de palavras através da mudança da classe dos


substantivos a partir de verbos e de adjetivos?

5.2 Retira do texto um exemplo de mudança de substantivo para verbo e de um substantivo


para adjetivo;

5.3 Cria uma frase (com o tema do texto) em que apareça um exemplo de substantivo formado
a partir de um verbo.

6- (valor: 0,9) Analisa o processo de derivação das palavras abaixo, identificando, para cada
uma delas, a classe gramatical e o processo de mudança de classe que houve.

6.1 agradável (l. 17)


6.2 inegável (l.43)
6.3 precavida (l.16)
____________________________________

“Há duas formas para viver a sua vida: uma é acreditar que não existe milagre. A outra é
acreditar que todas as coisas são um milagre.” (Fernando Pessoa)

BOM FINAL DE SEMESTRE A TODOS E TODAS!


ATÉ AGOSTO!

Marilei
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