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EMENTA
RELAÇÃO DE EMPREGO CONFIGURADA.
INTERMEDIAÇÃO FRAUDULENTA DE
MÃO-DE-OBRA. FALSO COOPERADO. APLICAÇÃO
DO ART. 9º DA CLT. A prestação pessoal
de serviços exclusivamente para uma
empresa, no desempenho de funções
ligadas à atividade-fim do
empreendimento, submissão às ordens e
mediante benefícios típicos do vínculo
de emprego, como a ajuda alimentação, o
adiantamento salarial e o
vale-transporte, levam à conclusão que
foi arregimentada mão-de-obra essencial
através de contratação fraudulenta de
cooperativa. A adesão à cooperativa
perde substância ante os elementos
fáticos que demonstram a inequívoca
relação de emprego. Configurado o liame
empregatício para o tomador, mascarado
por evidente fraude, aplica-se do art.
9º da CLT. Vínculo empregatício
reconhecido com a empresa que subordinou
e assalariou a empregada.
A primeira testemunha da autora asseverou à fl. 281 afirmou que os líderes responsáveis
pelas ordens de serviços eram da primeira reclamada Sercon. A segunda testemunha
obreira, em consonância ao depoimento anteriormente prestado, confirmou que o trabalho
se desenvolvia sob os comandos dos líderes da equipe (fl. 282).
Surge evidente o requisito da subordinação, elemento essencialmente caracterizador da
relação de emprego que se amolda aos institutos celetistas e é incompatível com o
cooperativismo.
Além disso, a única testemunha da reclamada confirmou que ele próprio foi admitido na
qualidade de cooperado e posteriormente registrado, sem nenhuma diferença prática em
relação ao trabalho, tanto antes quanto depois do registro. Restou claro, portanto, que o
tratamento conferido as cooperados era o mesmo dispensado ao empregado comum. É
justo, portanto, que recebam a mesma proteção legal.
Não se coadunam ainda com tal sistema o recebimento de valores fixos, mais
assemelhados a salários, propriamente ditos, ainda que rotulados de "produção"
Nada há ainda, em desabono dos pressupostos da pessoalidade e da continuidade,
também caracterizadores da relação de emprego.
Dessarte, conclui-se que a demandada arregimentou mão-de-obra essencial à consecução
de sua atividade-fim através da Cooperativa de Trabalho de profissionais de
Processamentos de Dados e Informática – COOPERDATA, e que a relação de emprego
está mascarada por evidente fraude.
Despicienda a tese defensiva formulada com supedâneo na legislação pertinente às
sociedades cooperativas (Lei nº 5.764/71 e art. 442, parágrafo único da CLT), pois o ato
jurídico consubstanciado na contratação da reclamante na qualidade de cooperado é nulo.
Não é permitido olvidar que a relação de emprego é informada pelo princípio do contrato
realidade e qualquer manobra destinada a desvirtuar direitos trabalhistas legalmente
assegurados está eivada de nulidade.
A respeito da matéria, doutrina e jurisprudência já se manifestaram, conforme transcrito:
a.09.12