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A CAPACITAÇÃO DO AGENTE PÚBLICO E A CONDUÇÃO DE VEÍCULOS

DE EMERGÊNCIA

Altamiro de Oliveira Favero1

Resumo: Tem o presente artigo o objetivo de demonstrar os contornos que


circundam uma importante modalidade da prestação de serviço público, a
condução de veículos de emergência pelo agente público, sem desconsiderar
que o particular também atua em referida condução. Em face da grande
quantidade de acidentes de trânsito envolvendo essa atividade, buscou-se
verificar a existência de normas que disciplinem o exercício deste mister, a
obrigatoriedade à frequência em cursos de capacitação para os profissionais que
atuam na área, bem como as ações do poder público, no sentido de oferecer
cursos específicos na temática, além de realizar as devidas fiscalizações ao
cumprimento das normas. Referida preparação tem um viés multidisciplinar, em
que se busca qualificação sobre direção defensiva, primeiros socorros,
relacionamento interpessoal no trânsito e questões psicológicas, que primam,
sempre, pela observância do direito a um trânsito seguro.

Palavras-chave: Agente público. Condução. Veículos de emergência.

1 INTRODUÇÃO

Dentre as diversas formas de proteção às quais o Estado oferece à


sociedade, uma delas foi nas páginas seguintes, objeto de nossas ocupações.
Trata-se da proteção oferecida por meio de mecanismos que propiciem maior
segurança no trânsito.
Foi de modo abrangente tratado sobre segurança no trânsito,
especificamente sobre a segurança no trânsito decorrente da condução de
veículos de emergência.
Estudou-se a forma como o poder público prepara seus agentes para, num
país com tantas diversidades nas questões relativas ao trânsito, conduzir os
veículos de emergência, atendendo a efetiva urgência no atendimento sem
descuidar da observância às normas que revestem a temática.

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FAVERO, A. O. Bacharel em Direito, Policial Civil no Estado de São Paulo, Instrutor de Trânsito e
Examinador de Trânsito credenciado pelo DETRAN/SP. E-mail: mirofavero@terra.com.br
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Objetivando verificar se há procedimento específico a respeito da


capacitação do agente público para a condução de veículos de emergência, com
a finalidade de observar a existência e cumprimento das regras jurídicas que
revestem a questão, inclusive sobre a oferta de cursos específicos, o
desenvolvimento do trabalho trouxe conceitos e determinações do órgão
normativo de trânsito, esclarecendo como a questão deve ser tratada pelos
órgãos públicos. Outrossim, pudemos avaliar a atual situação da prestação deste
importante serviço público.
Conceituando o que são os veículos de emergência, prestação de serviço
de urgência, e como ocorre a preparação dos agentes incumbidos do exercício
deste mister, temos uma redação bastante ilustrada com o texto das normas
pertinentes, o que torna o encadeamento das ideias de fácil acompanhamento e
intelecção.
Foram analisados materiais bibliográficos sem prejuízo de constatações
empíricas, para, enfim, evidenciar a importância da capacitação dos agentes
para a condução de veículos de emergência como forma de garantir a prestação
de um serviço público com mais qualidade e segurança no trânsito.

2 A DIVERSIDADE CULTURAL NO TRÂNSITO SEGUNDO A LOCALIDADE

O Brasil possui uma extensão territorial com dimensões continentais. O que


equivale a dizer que seu território é igual ou superior às dimensões de um
continente inteiro. Essa imensidão geográfica reflete nas mais variadas
diversidades, e para questões afetas ao trânsito não poderia ser diferente.

Os costumes, as necessidades e os problemas relativos ao trânsito podem


variar bastante de um extremo ao outro do Brasil, muito embora o principal ente
normativo sobre o tema seja de âmbito nacional: o Código de Trânsito Brasileiro.

Sabemos que, quanto à condução dos veículos automotores, tal prática


pode ser bastante diferente em cidadezinhas do interior dos estados, onde o
fluxo de automóveis é reduzido, com pouco movimento nas ruas, e que em muito
se diferencia do modo de condução dos mesmos veículos em grandes centros
urbanos, capitais com altos índices de engarrafamentos, onde os motoristas
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parecem sempre estar com toda pressa do mundo e expressam atitudes cada
vez mais egocêntricas.

Diante desses "vários Brasis" que observamos, para a condução de


veículos automotores, como fica a questão da condução dos veículos oficiais?
Mais precisamente a condução dos veículos de emergência, quando em efetiva
prestação de serviço de urgência? Seja uma viatura policial na perseguição a
criminosos, uma ambulância em deslocamento para atendimento ou socorro de
alguém com possibilidades reais de perder a vida, dentre outras modalidades
possíveis de veículos de emergência com prerrogativas de circulação
diferenciadas.

Tem-se por pertinente até a conjectura de o condutor que não possui curso
especial para o exercício de tal mister estar cometendo alguma infração de
trânsito, dada a importância de capacitação específica.

Como o condutor do veículo de emergência está inexoravelmente


envolvido em um cenário de anomalia, tanto técnico de dirigibilidade quanto
psicológico, é de toda conveniência que esteja capacitado tecnicamente para a
prestação deste serviço diferenciado.

2.1 OS VEÍCULOS DE EMERGÊNCIA

De grande importância para nossos estudos é saber, enfim, quais seriam


os veículos de emergência, assim delimitados pela lei ou pelo órgão de trânsito
com tal atribuição.

Parece razoável que, antes de uma efetiva conceituação, consideremos os


veículos de emergência como sendo aqueles destinados à prestação de serviço
de urgência.

Uma definição bastante plausível para quais seriam esses veículos


consta do artigo 29, VII, do Código de Trânsito Brasileiro:

VII: Os veículos destinados a socorro de incêndio e salvamento, os de


polícia, os de fiscalização e operação de trânsito e as ambulâncias, além
de prioridade de trânsito, gozam de livre circulação, estacionamento e
parada, quando em serviço de urgência e devidamente identificados por
dispositivos regulamentares de alarme sonoro e iluminação vermelha
intermitente, observadas as seguintes disposições:
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c) o uso de dispositivos de alarme sonoro e de iluminação vermelha


intermitente só poderá ocorrer quando da efetiva prestação de serviço
de urgência.

Verifica-se preliminarmente, não haver textual definição para veículos de


emergência, malgrado estejam todos elencados no dispositivo como sendo
aqueles que tenham aptidão para a prestação de serviços de urgência.

Valemo-nos então da Resolução Contran 268/2008, que sacramenta no


artigo 1º, §3º:

Entende-se por veículos de emergência aqueles já tipificados no inciso


VII do art. 29 do Código de Trânsito Brasileiro, inclusive os de
salvamento difuso “destinados a serviço de emergência decorrentes de
acidentes ambientais”.

Eis as letras que faltavam para delimitar quais são efetivamente os


veículos de emergência. São aqueles do inciso VII do artigo 29, CTB, acrescidos
dos veículos destinados à prestação de serviço de emergência que decorram de
acidentes ambientais.

A mesma norma define ainda, o que se entende por serviço de urgência


no §2º, artigo 1º:

Entende-se por prestação de serviço de urgência os deslocamentos


realizados pelos veículos de emergência, em circunstâncias que
necessitem de brevidade para o atendimento, sem a qual haverá grande
prejuízo à incolumidade pública.

Assim, temos estabelecidos quais são os veículos de emergência e o que


é a prestação de serviço de urgência.

2.2 A CAPACITAÇÃO PARA A CONDUÇÃO DOS VEÍCULOS DE


EMERGÊNCIA

A Resolução Contran 358/2010 determina que as instituições integrantes


do Sistema Nacional de Aprendizagem promovam a qualificação e atualização
para os condutores, por meio da oferta de cursos especializados. Dentre os
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condutores elencados estão aqueles que labutam na condução de veículos de


emergência, vejamos o teor do artigo 15:

As instituições do Serviço Nacional de Aprendizagem, credenciadas


pelos órgãos e entidades executivos de trânsito dos Estados e do Distrito
Federal, promoverão a qualificação de condutores e sua respectiva
atualização, por meio da oferta de cursos especializados para
condutores de veículos de:
d) Transporte de emergência;

Há, portanto, a oferta de cursos especializados para a qualificação dos


condutores de veículos de emergência. Pois bem estabelece o artigo 145 do
Código de Trânsito Brasileiro:

Para habilitar-se nas categorias D e E ou para conduzir veículo de


transporte coletivo de passageiros, de escolares, de emergência ou de
produto perigoso, o candidato deverá preencher os seguintes requisitos:
IV – Ser aprovado em curso especializado e em curso de treinamento de
prática veicular em situação de risco, nos termos da normatização do
CONTRAN.

Restando obrigatória a aprovação em curso especializado para a


condução de veículos de emergência, determina ainda a Resolução Contran
205/2006, em seu artigo 2º, ser o documento comprobatório da capacitação de
porte obrigatório:

Sempre que for obrigatória a aprovação em curso especializado, o


condutor deverá portar sua comprovação até que essa informação seja
registrada no RENACH e incluída, em campo específico da CNH, nos
termos do §4º do Art. 33 da Resolução do CONTRAN nº 168/2005.

O profissional condutor de veículos de emergência, valendo-se das


instituições do Sistema Nacional de Aprendizagem, que são, em linhas gerais,
instituições de ensino sobre trânsito, devidamente credenciadas à qualificação e
atualização dos condutores, pelo órgão ou entidade executivo de trânsito,
normalmente os Departamentos de Trânsito dos estados, realiza os cursos
exigidos pela normatização sobre o tema, e obtendo aprovação está capacitado
para o exercício de suas atividades. Essas informações serão inscritas no
Registro Nacional de Condutores Habilitados – RENACH.
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2.3 A CAPACITAÇÃO DO AGENTE PÚBLICO PARA A CONDUÇÃO DOS


VEÍCULOS DE EMERGÊNCIA

Vamos analisar como ocorre esse procedimento de capacitação na esfera


pública, mais precisamente na Polícia Civil do Estado de São Paulo.

Segundo informações coletadas em entrevista anexa, a Secretaria


Nacional de Segurança Pública – SENASP, por meio de sua rede de educação
a distância, oferece um curso denominado “Condutores de Veículos de
Emergência” - CVE, destinado a capacitar os agentes públicos à condução dos
veículos de emergência.

Os cursos ofertados por esse órgão não se restringem aos profissionais


da área de segurança pública, sendo permitida a participação de funcionários de
outras secretarias, já que os cursos ofertados são em diversas áreas do
conhecimento. A SENASP é vinculada ao ministério da justiça.

No tocante ao curso Condutores de Veículos de Emergência, sua grade


curricular está determinada pela Resolução CONTRAN 168/2004, anexo 2, e são
ministradas aulas sobre legislação de trânsito, direção defensiva, noções de
primeiros socorros, respeito ao meio ambiente e convívio social, e
relacionamento interpessoal.

Embora haja a obrigatoriedade da realização deste curso,


especificamente, a oferta de vagas para o atendimento a essa exigência não é
suficiente, ocorrendo, na prática, que alguns agentes trabalham na condução de
veículos de emergência sem a devida capacitação específica.

Para Carvalho (2014), em que pese o artigo 7º da Resolução nº


493, de 5 de junho de 2014, ter incluído o art. 43-A no texto da Resolução
nº 358-CONTRAN de 13 de agosto de 2010, concedendo o prazo até o
dia 28 de fevereiro de 2015 para que os condutores de veículos
pertencentes a órgãos de segurança pública, forças armadas e
auxiliares, realizem os respectivos cursos previstos no art. 145, inc. IV
da Lei nº 9.503/97, entendemos que em momento algum, a respectiva
norma autorizou expressa ou tacitamente a condução de veículos
especiais por condutores sem a devida capacitação.
Dessa forma, uma das interpretações a ser dada aos termos do
dispositivo acima é que o processo de fiscalização por parte dos órgãos
competentes aos condutores de veículos especiais, somente deve
ocorrer, após o término do prazo estabelecido caso o mesmo não sofra
prorrogação.
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Pois bem, bastante razoável a interpretação de que não há nenhum tipo


de autorização para a condução dos veículos especiais sem a capacitação
obrigatória, contudo, enfrentamos um problema estrutural, reflexos da crise
econômica e talvez de uma gestão questionável, que resulta em oferecimento
de vagas que não atendem a quantidade de agentes públicos que lidam
diretamente com essa atividade, decorrendo dessa série de fatores a
autorização, nem tácita e tampouco expressa, mas uma espécie de
"inexigibilidade de conduta diversa" do administrador, que não consegue atender
às exigências normativas com os recursos de que dispõe, prorrogando,
sucessivamente, o início da fiscalização aos condutores de veículos de
emergência.

A prorrogação mais recente estabelece, como prazo para a realização dos


cursos obrigatórios de capacitação aos agentes públicos, o dia 31 de dezembro
deste ano de 2017, é o teor da Resolução CONTRAN 653/2017, em seu artigo
2º:

Alterar o art. 43-A da Resolução CONTRAN nº 358, de 13 de agosto de


2010, com redação dada pela Resolução CONTRAN nº 522, de 25 de
março de 2015, que passa a vigorar com a seguinte redação:
“Art. 43-A. Fica concedido prazo até 31 de dezembro de 2017 para os
condutores de veículos pertencentes a órgãos de segurança pública e
forças armadas e auxiliares realizarem os cursos especializados
previstos no inciso IV do art. 145 do CTB”.

A prática de direção dos veículos de emergência sem a necessária


capacitação pode gerar reflexos negativos ao erário, com dispêndio de dinheiro
público em razão dos acidentes de trânsito causados pela deficiência técnica dos
condutores despreparados, além de potencial insegurança no trânsito.

Peres & Silva (2011), o alto índice de acidentes de trânsito no Brasil


tem sido pauta de reportagens da maioria dos meios de comunicação,
mas não surpreendem mais os especialistas em trânsito. Estudos do
Instituto de Pesquisas Econômicas Aplicadas (IPEA), apontam que no
Brasil anualmente são gastos mais de R$ 10 bilhões de reais com vítimas
de acidentes de trânsito, sendo 25% dos acidentes envolvem ciclistas,
70% das vítimas estão na faixa etária dos 20 aos 39 anos e 74% das
vítimas são homens.
No meio dessa guerra no trânsito, não poderia deixar de citar que os
condutores de veículos de emergência também fazem parte da
sociedade e que também são vítimas e muitas vezes vão a óbito em
consequência dos acidentes.
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Acerca das responsabilidades pela inobservância a essas normas:

Carvalho (2014), estaria o servidor Policial, Bombeiro, Guarda etc, a


cometer alguma infração administrativa ou disciplinar? Caso conduza
uma viatura oficial sem a respectiva capacitação, uma vez que a baliza
da legalidade deve ser observada em todas as suas ações? Em caso
afirmativo haveria responsabilidade civil objetiva da Administração ou
dos administradores ao permitir que os subordinados conduzam veículos
oficiais de forma irregular?

Interessante reflexão. Temos que é de extrema importância a capacitação


daqueles que atuam na condução dos veículos de emergência. Em certa medida,
acaba sendo inconcebível que um condutor não conheça regras de direção
defensiva, primeiros socorros e demais informações que possam auxiliar na
prestação do serviço com segurança e conforto para as pessoas.

O domínio de técnicas e conhecimentos apropriados pelos condutores,


comprovadamente, reduz o risco e o número concreto de acidentes envolvendo
veículos de emergência.

Assim, o profissional em questão deve conhecer além de regras do trânsito


e ter prática de direção condizente com o exercício de importante atividade,
saber a respeito de primeiros socorros, noções de salvamento, para que o modo
que adote para a condução do veículo seja seguro para os demais usuários da
via, observe as regras de trânsito e não agrave as condições da vítima em
atendimento.

Trata-se de uma atividade, em certa medida, complexa, pois exige


conhecimento multidisciplinar por parte do profissional.

2.4 A CAPACITAÇÃO DO AGENTE PÚBLICO PARA A CONDUÇÃO DE


VEÍCULOS DE EMERGÊNCIA E A SEGURANÇA NO TRÂNSITO

Conforme mencionado, é primordial uma capacitação técnica específica


para o bom desempenho das atividades na condução dos veículos de
emergência. Embora exigência normativa, trata-se de medidas que objetivam a
prestação de um serviço apropriado, adequado a determinados tipos de
situação, os serviços de urgência.
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Trabalhar na prestação de serviços de urgência, por todas as


circunstâncias que envolvem os atendimentos, gera reflexos de ordem
psicológica no profissional que ali se encontra. São diversos detalhes que
demandam maturidade e equilíbrio emocional.

Peres & Silva (2011), a condução de veículos de emergência é uma


atividade que exige um determinado número de requisitos biofísicos, que
se insere num contexto cultural e social e que tem um forte componente
psicológico, tanto ao nível cognitivo como afetivo e emocional.
O efeito emocional do toque da sirene também tem influência no
comportamento do condutor. O condutor do veículo de emergência,
quando está com a sirene ligada, aumenta seu ritmo cardíaco e,
consequentemente, tende a reagir aumentando a velocidade do veículo.
Isso pode ocorrer, também, com os demais condutores. Esse é um dos
fatores que limitam o acionamento da sirene apenas para situações de
emergência.

Ainda, e igualmente importante, devemos levar em conta a observância ao


direito dos cidadãos a um trânsito seguro. São determinações expressas
insculpidas no §2º do artigo 1º do CTB:

O trânsito, em condições seguras, é um direito de todos e dever dos


órgãos e entidades componentes do Sistema Nacional de Trânsito, a
estes cabendo, no âmbito das respectivas competências, adotar as
medidas destinadas a assegurar esse direito.

As disposições deste parágrafo 2º, parecem ser a origem de todo


arcabouço normativo acerca da capacitação específica aos condutores de
veículos de emergência, pois visando propiciar condições seguras ao trânsito e
às pessoas de forma geral, os órgãos do Sistema Nacional, mais precisamente
o CONTRAN, editou várias resoluções que têm por finalidade a efetivação desse
direito.

Naturalmente que o ideal é alcançado, quando se analisa dados que


envolvem a prestação do serviço de urgência, e percebe-se que estão ocorrendo
menos acidentes, o que reflete em economia financeira aos cofres públicos,
menos tragédias nas famílias brasileiras, que perdem menos seus entes
queridos em acidentes fatais, e pela satisfação daqueles que se utilizam destes
serviços e são adequadamente atendidos em função do grau de preparação dos
profissionais.
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2.5 A CAPACITAÇÃO DOS CIDADÃOS-CONDUTORES E A SEGURANÇA NO


TRÂNSITO TENDO COMO FATOR PREPONDERANTE A EDUCAÇÃO PARA
O TRÂNSITO

Como dito alhures, observamos a prática de condutas demasiadamente


egocêntricas por inúmeros condutores nas vias brasileiras. Esses
comportamentos não raras vezes causam acidentes graves e aumentam os
trágicos números que afligem toda uma sociedade.

Por via da formação dos condutores, mas sobretudo da formação do


cidadão, é que se deve sedimentar certos conceitos nos indivíduos que os façam
pensar e agir de modo mais humanista no trânsito e na vida. É importante que
os condutores tenham consciência e solidariedade quando, na via, se aproximar
um veículo de emergência com prioridade de passagem.

Um dos objetivos da Política Nacional do Trânsito esculpido no artigo 4º


da Resolução Contran 514/2014 é:

Artigo 4º. A Política Nacional de Trânsito tem por objetivos:


II – aprimorar a educação para a cidadania no trânsito;

Os condutores precisam estar imbuídos de um espírito de irmandade,


compaixão, proteção e amor ao próximo. Agindo assim, a atmosfera que se
vivenciará no trânsito será de um ambiente seguro onde a cidadania será
observada em sua plenitude. Todos ganham com isso.

3 CONSIDERAÇÕES FINAIS

Podemos perceber que os diferentes traços culturais no Brasil geram


diferentes necessidades para a sociedade e para o Estado, que se amolda aos
contornos locais para bem atender a finalidade precípua presente em qualquer
governo, melhorar a qualidade de vida de seu povo, progredir nas questões que
estejam diretamente ligadas ao desenvolvimento para, enfim, atingir o bem
comum, que pode ser traduzido em tornar as pessoas mais felizes, ou que
tragam uma maior sensação de felicidade e satisfação com as ações do poder
público.
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Nos âmbitos regional e nacional não é diferente. As necessidades se


apresentam e precisam ser atendidas, resolvidas pelos órgãos competentes, e
o trânsito é uma questão que demanda muito trabalho do poder político e de
seus gestores.

O conjunto de normas editadas especificamente para tratar dos condutores


de veículos de emergência ilustra bem as necessidades que se apresentam, bem
como o volume de trabalho que a questão demanda.

Estudamos quais são os veículos de emergência e o que é a prestação de


serviço de urgência. Todos conceitos determinados por Resoluções do
CONTRAN que somadas à legislação pertinente, têm o condão de diferenciar
essa categoria de veículos, bem como o modo de sua condução.

Os profissionais incumbidos dessa missão, dada a especificidade da


forma de atuação e considerando as circunstâncias de cada atendimento, devem
possuir capacitação específica, o que seria natural, não fosse a baixa oferta de
vagas para o curso disponibilizadas aos agentes públicos que labutam na
condução de veículos de emergência.

Conquanto existam todas as determinações sobre a obrigatoriedade da


aprovação em curso específico, temos, ainda, condutores de veículos de
emergência que atuam sem esse preparo exigido. Aí vem o poder público, e
pratica sucessivas prorrogações do prazo para que todos os agentes públicos se
amoldem às exigências e se inicie as fiscalizações respectivas, numa espécie
de aquiescência ao descumprimento da norma.

Ante aos alarmantes números que são construídos por causa de acidentes
de trânsito envolvendo os veículos de emergência, como forma de observância
ao direito a um trânsito seguro e primando pela prestação de serviços públicos
de qualidade, o que, inexoravelmente, passa pela qualificação dos profissionais
envolvidos, é inaceitável que hajam condutores de veículos de emergência, sem
a devida e providencial capacitação.
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“Todo progresso é precário, e a


solução para um problema
coloca-nos diante de outro
problema”

Martin Luther King


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REFERÊNCIAS

CARVALHO, Paulo Roberto de Lima. Condução de veículos de emergência


por policiais. Revista Jus Navigandi, ISSN 1518-4862, Teresina, ano 19, n.
4076, 29 ago. 2014. Disponível em: <https://jus.com.br/artigos/31405>. Acesso
em: 17/04/2017.

BRASIL. Código de Trânsito Brasileiro - CTB. Disponível em:


http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/L9503.htm. Acesso em: 25/04/2017.

______. Conselho Nacional de Trânsito - CONTRAN. Resolução 168/2004.


Disponível em: http://www.denatran.gov.br/download/Resolucoes/
RESOLUCAO_CONTRAN_168_04_COMPILADA.pdf. Acesso em 25/04/2017.

______. Conselho Nacional de Trânsito – CONTRAN. Resolução 205/2006.


Disponível em: http://www.denatran.gov.br/download/Resolucoes/
RESOLUCAO_CONTRAN_205_06.pdf. Acesso em 15/06/2017.

______. Conselho Nacional de Trânsito – CONTRAN. Resolução 268/2008.


Disponível em: http://www.denatran.gov.br/download/Resolucoes/
RESOLUCAO_CONTRAN_268_08.pdf. Acesso em 08/06/2017.

______. Conselho Nacional de Trânsito – CONTRAN. Resolução 358/2010.


Disponível em: http://www.denatran.gov.br/download/Resolucoes/
RESOLUCAO_CONTRAN_358_10.pdf. Acesso em 15/06/2017.

______. Conselho Nacional de Trânsito – CONTRAN. Resolução 514/2014.


Disponível em: http://www.denatran.gov.br/download/Resolucoes/
RESOLUCAO_CONTRAN_514_14.pdf. Acesso em 23/08/2017.

______. Conselho Nacional de Trânsito – CONTRAN. Resolução 653/2017.


Disponível em: http://www.denatran.gov.br/download/Resolucoes/
RESOLUCAO_CONTRAN_653_17.pdf. Acesso em 15/06/2017.

MACEDO, Leandro & MENDES, Gleydson. Curso de Legislação de Trânsito.


4. ed. Bahia: Jus Podivm, 2017.

PERES, Marcos de Jesus Borges & SILVA, Valdivino da. Acidente no trânsito
envolvendo viaturas do corpo de bombeiros militar do estado de Goiás –
CBMGO nas vias urbanas de Goiânia. Goiás, 2011.
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ANEXO

Entrevista com o servidor Mauro André Oliveira, Investigador de Polícia,


encarregado do Setor de Transporte de vítimas de violência sexual atendidas
pelo Programa Bem Me Quer, vinculado à Secretaria da Segurança Pública do
Estado de São Paulo. O transporte das vítimas é feito com viatura policial
caracterizada para essa finalidade. Os servidores que trabalham nessa atividade
são policiais civis subordinados diretamente ao Gabinete do Secretário da
Segurança Pública.
A entrevista ocorreu no dia 01 de junho de 2017, às 10h00min, no Hospital
Pérola Byington, situado na Avenida Brigadeiro Luís Antônio, 683, em São Paulo,
local para onde são trazidas as vítimas de violência sexual atendidas pelo
programa.

Entrevista:
Pergunta: É exigido alguma preparação específica para atuar na condução dos
veículos que fazem o transporte das vítimas das delegacias da cidade de São
Paulo ao hospital Pérola Byington, responsável pelo atendimento médico e
pericial?

Resposta: Não é exigido preparo especial, mas aqui todos os policiais que
atuam no programa trabalham com condução de viaturas há muitos anos, são
todos bastante experientes.

Pergunta: O Estado oferece cursos, incluindo noções de primeiros socorros? Há


algum tipo de fomento ao aperfeiçoamento dos policiais que atuam no
Programa?
Resposta: Existem alguns cursos sim. A rede SENASP (Secretaria Nacional de
Segurança Pública) oferece na modalidade EAD, dois cursos interessantes,
Educação para o Trânsito e o outro chama-se exatamente Condutores de
Veículos de Emergência, nesses cursos há conteúdos sobre direção defensiva,
legislação, primeiros socorros, são bem completos.
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Pergunta: Esses cursos são obrigatórios?


Resposta: O curso Condutores de Veículos de Emergência é obrigatório a todos
os agentes da segurança pública, mas o número de vagas é sempre muito
pequeno então nem todos fizeram ainda.

Pergunta: Como é tratada a questão da condução de veículos de emergência


na instituição?
Resposta: Na polícia civil especificamente existe uma carreira que tem como
principal atribuição a condução das viaturas, é a carreira de Agente Policial, mas
o número de integrantes é baixo, não há como deixar a condução dos veículos
somente com os agentes policiais, por outro lado é exigido CNH para ocupantes
de todas as carreiras da polícia, então todo policial acaba obrigatoriamente
sendo um condutor dos veículos da instituição.

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