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Período sec. XX e Paradigmas


XXI
EUA Europa América Latina
Antes de 1920 Funcionalismo Marxismo X Marxismo
distúrbios populares
1920-1940 Teoria clássica Marxismo Marxismo
1950 Teoria Marxismo Marxismo
clássica/MR/influencia Inglaterra, ações
de Parsons coletivas (Weber e
Parsons)
1960 (maior MR NMS/Neomarxismo Marxismo
visibilidade do
MS)
1970 MR NMS/Neomarxismo Marxismo
1980 MR+NMS NMS/Neomarxismo NMS
1990 Novidade, NMS/Neomarxismo NMS
oportunidade política
(Tarrow)
2000 NMS/Neomarxismo NMS
2010

Os estudos sobre movimentos sociais se iniciam junto ao surgimento da própria


sociologia. Não há um tipo único de movimento social, existem na verdade várias
teorias dentro desse paradigma teórico explicativo.
O comportamento coletivo (segundo Della Porta e Diani (1997:20) é um
desdobramento do interacionismo simbólico e da escola de Chicago, que é praticamente
contemporâneo ao estrutural funcionalismo (1920-?). Esta corrente afirmará que os
fenômenos coletivos não seriam simples reflexos de crises, mas uma atividade
“orientada para a produção de novas normas e novas solidariedades” Assim, pela
primeira vez na sociologia, o comportamento coletivo é definido como ação consciente
e propositiva, e como fator de mudança social necessário e benéfico. Os estudos
decorrentes desta perspectiva acentuam a elaboração simbólica e a constituição de
identidade, por meio da observação e descrição de comportamentos, apesar de terem
dado mais atenção, na opinião de, às dinâmicas inesperadas ou imprevistas (tumultos,
pânico, comportamento de massa, etc.) e pouca atenção às fontes estruturais dos
conflitos que desembocavam nos movimentos sociais.
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A partir do século XX, há predomínio da perspectiva da escola funcionalista 1,


com Talcott Parsons, Merton, Smelser e Killian , entre outros, nos Estados Unidos.
Nessa perspectiva funcionalista, é enfatizado o comportamento individual dos
indivíduos e os movimentos sociais estariam relacionados à falta de controle ou à
eminência de desintegração do sistema.
A postura metodológica dos sociólogos desse país (EUA), bem como os da
Europa propiciou o desenvolvimento de teorias próprias, enquanto que na América
Latina havia predominância das posturas metodológicas híbridas, orientadas por teorias
criadas em outro contexto, a exemplo dos novos movimentos sociais, como veremos.
Por isso, nesse mesmo período, na Europa predominava as teorias marxistas voltadas
para distúrbios e conflitos sociais e na América Latina predominava o marxismo.
Até os anos 50, o movimento social estava ligado à luta de classes, ao paradigma
marxista, tanto na Europa quanto na América Latina. Mas nos Estados Unidos já surgia
as teorias fundantes do modelo clássico dos movimentos sociais. Marx ajudou a
embasar esse modelo clássico ao elaborar uma narrativa meta-histórica que deu ênfase
aos interesses econômicos e materiais e colocou em segundo plano a reflexão moral e a
solidariedade, como questões a serem consideradas em um momento histórico posterior.
No modelo clássico os movimentos sociais foram identificados segundo o
modelo dos movimentos revolucionários, entendidos como mobilizações de massa que
visam apossar-se do poder de um Estado antagônico. Esta associação deu origem a uma
clara orientação tática para o poder, a violência e o controle. De acordo com essa
concepção, o objetivo dos revolucionários, então, seria substituir uma forma opressora
de poder estatal por outra voltada para um fim distinto, mas que se utiliza de meios
semelhantes.
A partir de então, novos movimentos sociais ganham visibilidade e passam a
inserir novos olhares, com inserção de estudantes, mulheres, paz. Nos Estados Unidos
ocorre uma revisão da teoria comportamentalista-funcionalista, com influência de
Talcott Parsons, dando origem a mobilização de recursos. A mobilização de recursos
(MR) nasce nos anos 70 a partir da crítica ao não reconhecimento da dimensão

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O comportamento coletivo é um desdobramento do interacionismo simbólico e da escola de
Chicago, que é praticamente contemporâneo ao estrutural funcionalismo. Esta corrente
afirmará que os fenômenos coletivos não seriam simples reflexos de crises, mas uma atividade
“orientada para a produção de novas normas e novas solidariedades” Assim, pela primeira vez
na sociologia, o comportamento coletivo é definido como ação consciente e propositiva, e como
fator de mudança social necessário e benéfico.
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estratégica nas ações coletivas, especialmente por parte do estrutural funcionalismo, que
não tratava acerca das condições que viabilizam a transformação do descontentamento
em mobilização. A MR propõe uma compreensão dos movimentos sociais como
extensão das formas convencionais de ação política, envolvendo atores racionais que
perseguem interesses num ambiente (que comporta um conjunto de recursos materiais e
não-materiais) em que as lideranças dos movimentos e os vínculos externos a estes têm
papel de destaque. Para esta corrente, Não basta descobrir a existência de tensões e
conflitos estruturais, ocorre estudar as condições que permitem a transformação do
descontentamento em mobilização. Em particular, a capacidade de mobilização depende
de recursos materiais (trabalho, dinheiro, bens concretos e serviços) e não de autoridade,
empenho moral, fé e relações de amizade a disposição de um grupo (Della Porta e
Diane, 1997:21). Os movimentos fariam parte do processo político normal, como ação
racional, propositiva e organizada. Além disto, os participantes seriam recrutados entre
indivíduos bem integrados e, preferencialmente, ativos. Os estudos nesta linha de
mobilização de recursos são criticados, no entanto, por não considerarem a dimensão
estrutural dos conflitos e também por não valorizarem o peso das emoções e laços
afetivos em suas explicações da ação coletiva, além de excluir valores, normas
ideologias, projetos, cultura e identidade dos grupos, além de fazerem uma opção pelo
individualismo metodológico.
Nos Estados Unidos, surgem diversos autores McCcarthy e ZALD (1973, 1977,
1979); Gamson (19750; Tily (1978), fazem uma abordagem de mobilização de recursos.
A partir dos anos 60-70, os estudos sobre movimentos sociais e ação coletiva se
ampliaram através de várias teorias no mundo. Na Europa, devido a novas formas de
ação coletiva antes intocadas pelos conflitos sociais, resultaram nas novas
manifestações sociais, tais como movimentos ecológicos, feministas, étnicos, indígenas,
anti-racistas, de consumidores, de auto-ajuda. As estruturas políticas e conceituais em
crise, impulsionaram a ampliação do conhecimento empírico e redefinição das
categorias analíticas da teoria dos movimentos sociais. Os movimentos adquirem
visibilidade (enquanto fenômenos históricos concretos na sociedade), a partir do
desenvolvimento de teorias sobre o social e ações coletivas e do deslocamento de
interesse do “Estado” para a “sociedade Civil”. Há o predomínio de teorias
neomarxistas com Castells (1972) e Hobsbawn e o surgimento das Novas Manifestações
Sociais com Tourraine (1975) (acionalismo dos atores), Melucci (1984, noção de MS,
NMS, identidade coletiva), Offe (1988) e Cohen (1985).
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Os novos movimentos sociais são apresentados por alguns autores como Gohn,
Della Porta e Diani (1997) como resultantes de crítica da abordagem clássica marxista.
A teoria neomarxista teria se desenvolvido paralelamente, no entanto, alguns autores
como OFFE e Castells, transitam entre esses dois modelos, tornando ínfimas os limites
entre eles. As categorias básicas da vertente dos novos movimentos sociais são:
ator/agência, cultura, ideologia, lutas sociais cotidianas, solidariedade e processo de
identidade (coletiva e criada por grupos). A política tem centralidade enquanto dimensão
da vida social tomada nas suas relações microssociais e nas suas relações com a cultura
− novas formas de fazer política e politização de novos temas.
Na América Latina ainda há a predominância do Marxismo.
Com o desenvolvimento do capitalismo2 para uma nova forma de produção
informacional, pós-industrial e estética, novos paradigmas se impuseram a esse
arcabouço teórico. Novas formas de agregação social – de natureza permanente, não
conjuntural, coexistem a outras categorias mais consolidadas, mas são componente
estável e irreversível dos sistemas sociais contemporâneos. A função de socialização e
participação “submersa” preenchida por novas formas de solidariedade conflitual,
abrem novos canais para agrupamentos e seleção de elites e para os meios tradicionais
de socialização política, inovação cultural e modernização institucional. O controle da
complexidade precisa cada vez mais se ocupar com a relação entre sistemas
institucionais de representação e tomadas de decisão e novas formas de ação, que são
adaptáveis aos canais existentes de participação e às formas tradicionais de organização
política. Esse contexto trás resultados difíceis de prever, aumentando o grau de incerteza
nesses sistemas.

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Nesse contexto, tornou-se corrente o uso do termo pós-modernidade para definir essa condição sócio-
cultural e estética do capitalismo contemporâneo, também denominado pós-industrial ou financeiro. No
entanto, diversas controvérsias no uso e emprego do termo se somam, resultadas da dificuldade de se
examinar tais processos em curso, com suficiente distanciamento e, principalmente, de se perceber com
clareza os limites ou os sinais de ruptura.
Muitas são as denominações utilizadas na tentativa de resolução desse impasse: modernidade líquida
(BAUMAN, 2007), modernização reflexiva (BECK, 1992 e 1991), modernidade tardia, modernidade alta
(GIDDENS, 1991), hipermodernidade (LIPOVETSKY, 2005), modernidade retroativa (LIFSCHITZ,
2007), trans-modernidade (DUSSEL, 2002), entre outros. Produzindo um arcabouço explicativo variado
que ressalta em congruência a exacerbação do individualismo, do consumismo, da ética hedonista, a
fragmentação do tempo e espaço, marcados pelo desenvolvimento de formas tecnológicas de vida que
propiciam, entre outros, um gigantesco fluxo de informações e produtos, acarretando num permanente
descarte das classificações e fórmulas. Alguns autores destacam seu lado ambíguo, multiforme
(BAUMAN, 2007), outros o fim das metanarrativas (LYOTARD, 1979), ou a reflexividade dos
indivíduos (GIDDENS e BECK, 1991), outros ainda a tendência política e cultural neoconservadoras,
com vistas a combater os ideais iluministas (HABERMAS, 2000), associando a pós-modernidade a uma
“lógica do capitalismo tardio” (JAMESON, 1996).
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A partir de então (1970-80) a estrutura teórica de análise para as ações coletivas


partem de teorias dualistas, onde a análise da ação coletiva é realizada como efeito de
crises estruturais ou contradições, por um lado, ou como expressão de crenças e
orientações compartilhadas, por outro. No entanto, esse dualismo impede de ver a ação
social como um sistema de relações. A primeira teoria parte do estudo sobre
isolamento/solidariedade (com Tilly, 1975 e Useem, 1980). Para compreender a noção
de isolamento, recorre-se as teorias do comportamento coletivo e da sociedade de massa
com Smelser, 1963 e Kornhauser, 1959. Onde a ação coletiva seria o resultado de crises
econômicas e de desintegração social, essa análise negligencia a dimensão do conflito e
reduz a ação a níveis de patologia/marginalidade. Para a noção de solidariedade, utiliza-
se a compreensão de que os movimentos são expressão de interesses partilhados dentro
da situação estrutural como (condição de classe), mas essa análise não explica a
passagem das condições sociais à ação coletiva (condição de classe para a consciência
de classe).
A segunda parte das categorias de estrutura/motivação são baseadas em WEBER
1983. A ação coletiva resultaria da lógica do sistema (com Ênfase no contexto sócio-
histórico), da estrutura, e das crenças pessoais (ênfase no papel da ideologia dos
valores) ou seja, depende da motivação.
A partir dos anos 80 os novos movimentos sociais passam a fundamentar as
teorias dos movimentos sociais nos Estados Unidos e no Brasil. Inicia-se uma revisão
sobre a mobilização de recursos em debate com as teorias dos novos movimentos
sociais. Algumas teorias buscavam superar o dualismo do período anterior, tais como:
Na Europa com Touraine (1973, 1978) e Habermas (1976), que partem de uma análise
estrutural, sistêmica que levam em consideração as mudanças no capitalismo pós-
industrial, que explicam o surgimento de novas formas de conflito e novos atores.
Paralelamente, discutia-se nos Estados Unidos a estruturação dos movimentos como
estratégias de mobilização de recursos. Toda forma de ação coletiva é, para Melucci, um
sistema de ação construído em um campo de forças (1996:39). Seria uma resultante de
propósitos (orientação propositiva), recursos e limites (oportunidades, meios e
constrangimentos).
Cohen e Tarrow desenvolvem o conceito de processo ou oportunidade política,
que enfoca o ambiente e aos atores (novos e tradicionais) políticos e institucionais onde
operam os movimentos sociais, que não seriam concebidos apenas como fenômenos
anti-instituicionais. O conceito de oportunidade política correspondia aos estudos que
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relacionavam o êxito da ação coletiva à abertura ou fechamento dos sistemas políticos


locais, à tolerância das elites e às alianças influentes, entre outras variáveis.
Aprofundaram-se, a partir desta corrente, os estudos sobre as relações entre movimentos
sociais e sistema político-institucional. Alguns autores, como Gohn, acreditam que esse
modelo de oportunidade política seria uma teoria de transição para a teoria da
mobilização política. Aqui esta autora destaca o trabalho de Anthony Oberschall, que
trabalha numa perspectiva sociológica, entendendo os esforços coletivos como
propositivos e capazes de moldar as instituições contemporâneas: “Identidade, coesão,
redes de trabalho, estrutura organizacional são analisados como fatores micro em
relação àqueles considerados macrossociais: valores, ideologia, institucionalização.”
(Gohn, 1997:64).
Nos EUA, a mobilização política resgata o conceito de cultura, não como
sistema, mas como processo, como reencontro com a psicologia social, maior
preocupação com a dimensão política, com o resgate de conceitos de Marx. A
mobilização política (MP) sustenta ainda uma referência básica na análise estrutural,
num terreno de oportunidades e constrangimentos, porém agora pleno de lutas e
disputas que caracterizam situações favoráveis ou desfavoráveis. Mas o dinamismo se
concentra num dos pólos da sociedade, que seria o das elites dominantes da sociedade
política. A sociedade civil não é tratada como pólo de força e dinamismo, mas sempre
como algo modelado. Ou seja, não se pensa os movimentos como forças políticas.
A questão que surge de sua utilização é se as crenças e símbolos teriam potencial
de mobilização autônomo ou seriam simplesmente expressões mecânicas de interesses
materiais, oportunidades políticas ou poder de grupo. Além disto, a discussão se
desloca para como ou em que circunstâncias nascem as ações coletivas.
As reflexões de Habermas colocaram em relevo concepções de sociedade e ação
que resgatam o lugar dos atores sociais coletivos em processos de mudança social, o que
resolveria o problema da insegurança da “pós-moderniade”. Na medida em que
distingue os dois modos de integração −sistêmico (mercado e Estado) e social ou
comunicativo (mundo da vida) − apoiado em suas reflexões sobre Parsons (Arato e
Cohen, 1993:425), abre espaço para uma conexão com o conceito de sociedade civil, tal
como desenvolvido por Gramsci, como um conjunto de organismos privados (Bobbio,
Matteuci e Pasquino, 1997:1209), distintos do Estado e sem conotação econômica, mas
socializante e gerador de hegemonia.
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Ao revelar a infra-estrutura comunicativa e o potencial racional do mundo da


vida, Habermas nos oferece os instrumentos teóricos capazes de mostrar que a
dissolução das formas tradicionais de solidariedade e de autoridade não leva
automaticamente à emergência de uma sociedade unidimensional povoada apenas por
indivíduos agindo estrategicamente e carentes dos recursos para a produção autônoma
da solidariedade e do sentido. Pelo contrário, a modernização do mundo da vida e da
sociedade civil constitui a precondição cultural e institucional para o surgimento de
identidades coletivas racionais e solidárias capazes de desenvolver a capacidade e a
responsabilidade de interpretar e atribuir significado (Arato e Cohen, 1994:157).
Assim, as distinções analíticas entre esferas, ou sistemas, auxiliam na
construção, se não de novos diagnósticos para modernidade, ao menos de relevantes
contrapontos a serem considerados como renovadores, e não patológicos como na teoria
dualista do isolamento/solidariedade.
No entanto, não basta a afirmação da autonomia ou o bloqueio da colonização
ou da reificação do mundo da vida para que se consolidem as novas identidades e que se
esbocem novas estratégias democráticas. O desafio maior está na garantia de reprodução
de identidades e de novos procedimentos ao buscar uma estratégia mais ofensiva de
penetração ou influência nos sistemas estatal e econômico. Ou seja, oscila-se entre o
empenho na estratégia/organização e a luta pela manutenção de identidades
socioculturais.
Nesse contexto, se torna necessário investigar as mudanças de atitude e de
práticas dos atores sociais que são concomitantes aos processos de transição para a
democracia. Não se pretende, com isso, negar o Estado e o mercado como variáveis
explicativas relevantes, mas enfatizar a esfera da sociedade civil, ou seja, a organização
societária que tem sido menosprezada nas análises políticas, originando concepções
reducionistas individualistas ou focalizadas nos sistemas partidários, parlamento e
Estado.

Primeira: movimentos identitários que lutam por direitos sociais, econômicos, políticos,
e, mais recentemente, culturais. São movimentos de segmentos sociais excluídos,
usualmente pertencentes às camadas populares (mas não exclusivamente). Podem-se
incluir, nesse formato, as lutas das mulheres, dos afro-descendentes, dos índios, dos
grupos geracionais (jovens, idosos), grupos portadores de necessidades especiais,
grupos de imigrantes sob a perspectiva de direitos, especialmente dos novos direitos
culturais construídos a partir de princípios territoriais (nacionalidade, Estado, local), e
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de pertencimentos identitários coletivos (um dado grupo social, língua, raça, religião
etc.).
Segunda: movimentos de luta por melhores condições de vida e de trabalho, no meio
urbano e no rural, que demandam acesso e condições para terra, moradia, alimentação,
educação, saú- de, transportes, lazer, emprego, salário etc.
Terceira: movimentos globais ou globalizantes, como o Fórum Social Mundial (ver
Munõz, 2008). São lutas que atuam em redes sociopolíticas e culturais, via fóruns,
plenárias, colegiados, conselhos etc. Essas lutas são também responsáveis pela
articulação e globalização de muitos movimentos sociais locais, regionais, nacionais ou
transnacionais. Na realidade, essa forma de movimento constitui a grande novidade
deste novo milênio
A relação movimento social e educação existe a partir das ações práticas de
movimentos e grupos sociais. Ocorre de duas formas: na interação dos movimentos em
contato com instituições educacionais, e no interior do próprio movimento social, dado
o caráter educativo de suas ações. No meio acadêmico, especialmente nos fóruns de
pesquisa e na produção teórico-metodológica existente, o estudo dessa relação é
relativamente recente. A junção dos dois termos tem se constituído em “novidade” em
algumas áreas, como na própria Educação – causando reações de júbilo pelo
reconhecimento em alguns, ou espanto e estranhamento – nas visões ainda
conservadoras de outros. No exterior, a articulação dos movimentos com a educação é
antiga e constitutiva de alguns grupos de pesquisa, como na International Sociological
Association (ISA), Latin American Studies Association (LASA), Associación
Latinoamericana de Sociologia (ALAS) etc. No Brasil, essa relação foi sendo
vagarosamente construída a partir do fim dos anos 1970, quando foram criadas novas
associações ou ativadas entidades científicas já existentes, a exemplo da Associação
Nacional de Pós-Graduação e Pesquisa em Ciências Sociais (ANPOCS), a Associação
Nacional de Pós- -Graduação e Pesquisa em Educação (ANPEd), a Sociedade Brasileira
para o Progresso da Ciência (SBPC), a Sociedade Brasileira de Sociologia (SBS) e as
Conferências Brasileiras de Educação (CBEs), realizadas bienalmente, que passaram a
debater os problemas socioeconômicos e políticos e a destacar os grupos e movimentos
sociais envolvidos. Essas entidades e eventos pautaram, no fim dos anos 1970 e durante
a década de 1980, em seus grupos de trabalho e pesquisa, mesas e debates, o tema dos
movimentos sociais. A relação movimento social e educação foi construída a partir da
atuação de novos atores que entravam em cena, sujeitos de novas ações coletivas que
extrapolavam o âmbito da fábrica ou os locais de trabalho, atuando como moradores das
periferias da cidade, demandando ao poder público o atendimento de suas necessidades
para sobreviver no mundo urbano. Os movimentos tiveram papel educativo para os
sujeitos que o compunham. Já existe um acervo considerável de pesquisa sobre aquela
época, várias teses, dissertações, livros e outros trabalhos acadêmicos foram produzidos.
Entretanto, uma avaliação mais global ainda está para ocorrer, especialmente um
balanço que extrapole o eixo São Paulo, Rio de Janeiro e Minas Gerais, porque os
movimentos ocorreram em todo o Brasil, embora não com a mesma intensidade. Se
olharmos para a América Latina, a lacuna de estudos e publicações, especialmente as de
ordem comparativa, é muito grande. Faltam estudos que articulem a produção brasileira
com a de 335 Movimentos sociais na contemporaneidade Revista Brasileira de
Educação v. 16 n. 47 maio-ago. 2011 outros países latino-americanos, especialmente
aqueles que também passaram por regimes militares

MOVIMENTOS SOCIAIS NO BRASIL


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A indignação com o esvaziamento ético da política foi expresso nas


manifestações populares de junho de 2013 no Brasil e nas diversas manifestações de
2015 e 2016 (pró e contra impeachment), especialmente pela rejeição à presença dos
partidos políticos durante as reivindicações. Os partidos, aqui não são mais vistos como
representantes de ações transformadoras da realidade, que visam à coletividade, são
associados à manutenção do poder e dos interesses individuais da classe política.
As concepções adotadas de ser humano, de Estado, de democracia, de liberdade,
de igualdade são fundamentais para a posição política adotada pelos manifestantes que
participam dos movimentos populares. O contexto atual de polarização política torna a
central a compreensão dessas categorias. Apesar das várias oscilações, aqueles grupos
que apoiaram o impeachment, ou que eram a favor do fim da corrupção, tendem a se
alinharem mais com uma postura conservadora, enquanto, aqueles contra o
impeachment ou a favor da democracia, tendem a se alinhar com uma postura mais
progressista.
O conservador obviamente quer conservar. Conservar o status quo, as tradições,
os costumes, as instituições... Acontece que se estamos diante de uma história onde
tradicionalmente estamos acostumados às desigualdades, ao monopólio, ao latifúndio, à
concentração do poder, seria esse mesmo cenário que se busca conservar. E aí ocorre
uma artimanha impressionante: a associação entre o discurso conservador e o
(neo)liberal. O que antes seria visto como paradoxo, afinal historicamente os liberais
buscaram dar fim a hegemonia conservadora, hoje se torna escancarada a apropriação
do discurso neoliberal pelos conservadores. Como já havia denunciado Marx, o
liberalismo, por trás de sua ideia de liberdade e igualdade formal, camufla a exploração
de classe, e a dura realidade de que pra existir lucro é preciso existir desigualdade,
afinal, a riqueza obtida pelos burgueses, vem justamente, do trabalho não remunerado
(mais valia), e é aí que se faz possível a associação entre o discurso conservador e o
neoliberalismo.

Se o Estado se mantém mínimo, e consequentemente, se abstém de promover a


igualdade, em prol da liberdade, aqueles privilegiados que possuem acesso às terras, à
riqueza, aos meios de produção, aos créditos, aos financiamentos podem prosseguir com
o acúmulo de riqueza à custa de baixos salários, de altas jornadas de trabalho, da
ausência de garantias trabalhistas e de subsídios governamentais. Afinal, na perspectiva
liberal a função do Estado é meramente dar plenas garantias pra que o mercado se
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desenvolva. Em tempos neoliberais, o mercado deixa de ter nacionalidade e todo tipo de


artifício (como altas taxas de juros) é feito pra garantir o capital externo.

A história do Chile de Pinochet deixa como lembrete que para o neoliberalismo a


democracia não é uma exigência, como era para o liberalismo, e o autoritarismo se faz
presente no discurso dos mais radicais conservadores da atualidade. As classes
subjugadas e exploradas dentro dessa lógica neoliberal poderiam alcançar emancipação
caso usassem sua racionalidade e liberdade, afinal, todos estão livres pra se inscreverem
nos programas de créditos governamentais e privados, ou de participar de qualquer
edital público, ou ainda de abrir sua própria empresa, e obter lucro em cima daqueles
que se deixam explorar já que não usam a racionalidade própria aos humanos (dentro
dessa lógica, como os pretos e pobres). As mulheres, nessa lógica, caso não superem sua
característica de seres não pensantes, devem se voltar ao lar e a reprodução, enquanto, o
homem, mais apto à racionalidade, provê o sustento da família nuclear. Todos são livres
pra interpretarem o papel que dão conta dentro da lógica neoliberal.

E é esse último ponto que mais diverge da postura dos progressistas. Pra início
de conversa, os progressistas, como princípio, não entendem que a racionalidade seja
desgarrada do contexto de vivências de cada indivíduo. Daí a importância de colocar a
educação como ferramenta pra emancipação, e mais, faz-se necessário que o machismo,
o racismo, a homofobia e demais atos discriminatórios em função de preconceitos,
sejam suprimidos por meio de medidas reais e legais (como políticas de ações
afirmativas) pra que negros, mulheres, pessoas com deficiência e GLBTT’s, entre
outros, possam ter o devido acesso à educação, e consequentemente, à igualdade.

Os progressistas, nesse sentido, entendem que a função do Estado é promover a


igualdade entre os indivíduos, uma vez que, existem diferentes possibilidades de
subjetivações e cada uma delas deve ter espaço pra exercer a liberdade e pra se
apropriar da riqueza e obter justiça social. Além desses grupos historicamente
subjugados, os progressistas compreendem as armadilhas do capital, e por isso, muitos
(o grupo mais radical) possuem inclinações socialistas e anarquistas, acreditando que
esse seria o melhor caminho pra acabar com a exploração, e portanto, desigualdade.
Afinal, segundo essa lógica, o que deveria estar em jogo é o bem estar de todas e todos
cidadãos e não a manutenção do status quo, ou de instituições, ou de tradições e
costumes que reproduzem desigualdades.
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Os mais moderados (como os pós-neoliberais ou neoliberais sociais) acreditam


que o capitalismo pode ser mais consciente com a mediação do Estado, que deve
amenizar a exploração com políticas sociais e por em prática a redistribuição de renda,
além, de criar linha de créditos especiais para cada grupo social. Assim, os progressistas
tendem a defender uma igualdade e liberdade, para além daquela formalizada pelos
liberais, ou seja, entendem que é preciso compreender e aceitar que existem diferenças
entre os seres humanos, e que estas diferenças requerem tratamento particular, para que
exista igualdade de acesso aos dispositivos do sistema capitalista.

Entre os manifestantes, de qualquer polo, é possível perceber a presença dessas


diferentes posturas. Os mais extremistas são os que se destacam na multidão, afinal,
usam de violência pra manifestar suas concepções. Os conservadores mais extremistas,
chamados de fascistas, fazem uso de violência para hostilizar os grupos que representam
riscos para suas posturas, como ocorreu no ataque de um grupo de 30 pessoas à UnB no
dia 17 de junho de 2016, que foi chamado de “Operação Endireita UnB”. Esses
manifestantes entoavam frases do tipo: “aqui é lugar de estudar e não de fumar
maconha”, ” vocês são comunistas safados”, “Bolsonaro nosso presidente”, “acabou a
mamata”, ” Viados” ” vagabundos”, “comunistas nojentos”, “maconheiros”, “há, há!
Agora vão ter que estudar”. Além da agressão verbal detonaram duas bombas, usaram
taser e cassetetes contra os estudantes de sociologia da Universidade. Outra forma de
manifestar a violência tem sido os ataques constantes a sede de partidos com inclinações
de esquerda como PCdoB e PT e da União Nacional dos Estudantes. Apenas no mês de
março, foram contabilizados 25 ataques em todo o país, que variam entre explosões de
bombas, arrombamento da porta, incêndios e outros atos violentos.
O Laboratório de Estudos sobre Imagem e Cibercultura (Labic), da Universidade
Federal do Espírito Santo, investigou as páginas do Facebook dedicadas a defender o
uso de violência contra o que chamam de “bandidos”, “vagabundos”, “assaltantes”,
fazem apologia a linchamentos e ao assassinato, defendem policiais, publicam fotos de
pessoas “justiçadas” ou mortas violentamente, vendem equipamentos bélicos e
combatem os direitos humanos. Essas páginas e seus milhares de seguidores defendem
que a violência é a única mediadora das relações sociais, a paz só existe se a sociedade
se armar e fizer justiça com as próprias mãos, a obediência seria o valor supremo da
democracia.
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Dentro dessa lógica, a relação com os movimentos populares só poderia ser feita
através da força policial. Qualquer ato que escape à ordem ou qualquer luta por direitos
é lido como um desacato à sociedade disciplinada. Um exemplo: no sábado, dia 8 de
março, a página “Faca na Caveira” publicou um texto sobre o Dia Internacional das
Mulheres no qual manda as feministas “se foderem”.
Os extremistas do lado esquerda, conhecidos como black blocs, usam da
violência para manifestarem o sentimento generalizado de desprezo pelo Estado, por
políticas econômicas neoliberais. Adotam uma postura anárquica com a ideia de lutar
contra as grandes corporações, que se tornam os principais alvos da violência desse
grupo, quebram vidraças de bancos, invadem concessionárias de carros de luxo e partem
para cima da polícia, quando esta reprime as manifestações. Mas, não existe um
movimento centralizado, é muito mais uma ideia de ação difusa que parte de pessoas
que pertencem a grupos sociais e ideológicos diferentes e, vez ou outra, até mesmo
conflitantes. Constitui na defesa e ataque simbólico às instituições.
Alguns dos indivíduos que eventualmente usam essa tática se posicionam
contrário ao impeachment da presidenta Dilma, outros reinvidicam novas eleições,
rejeitando tanto Dilma quanto Temer, em alguns momentos adotam a violência, em
outros, gritam “sem violência”. Por isso, falar sobre esse grupo não tem sido tarefa
fácil, afinal, existe uma multiplicidade de tipos, estilos, reinvindicações e grupos, que
são dinâmicos e mutantes.
Já há algumas décadas o debate sobre a desconstrução na crença cartesiana (ou
Iluminsta) do sujeito centrado, coerente e fixo tem sido realizado. Especialmente, pelos
estudos culturais e as correntes pós-estruturalistas e pós-coloniais. Os teóricos dessas
correntes vêm observando empiricamente que o sujeito da atualidade (ora chamado pós-
moderno, entre outras possibilidades) é provisório, fragmentado, cindido e
circunstancial. E os black blocs parecem comprovar essa tese.
Segundo Maria da Glória Gohn (20140) há múltiplos processos
de subjetivação na construção dos sujeitos em ação, o que garante
um tom de provisoriedade e improviso para as manifestações, e essa
tem sido a marca das lutas sociais da atualidade. A composição
dessas novas frentes é complexa, diversificada, com múltiplos atores,
propostas e concepções sobre a política, a sociedade, o governo, a
igualdade, a liberdade... Resta descobrir como essas diferenças
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poderão ser resolvidas a partir de diálogos e negociações, sem


líderes-chave, sem canais de intermediação validados como legítimos
pelos ativistas e pelos órgãos públicos responsáveis, já que os
ativistas têm negado os canais tradicionais de participação nos
partidos, sindicatos e outras instâncias associativas.
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O que são movimentos sociais (REVISAR)

Em um primeiro momento, a a análise marxista e/ou funcionalista (norte-americana) das


ações coletivas e movimentos sociais predominavam, posteriormente as teorias
marxistas, o modelo clássico, a mobilização de recursos, os novos movimentos sociais,
as oportuniadades políticas e agora muitos autores como Melucci, por exemplo, partem
para uma análise sistêmica. Essa mudança de paradigmas demonstra que no contexto da
sociedade pós-industrial, esses modelos já não são suficientes para compreender os
fenômenos relacionados as ações coletivas nas sociedades complexas. Assim, a análise
que antes concebia os movimentos sociais como efeito de crises estruturais, como
contradições, ou como uma expressão de crenças e de orientações compartilhadas, agora
os conceitua como sistemas de ação no sentido de que suas estruturas são construídas
por objetivos, crenças, decisões e intercâmbios, todos eles operando em um campo
sistêmico (MELUCCI). Assim , os movimentos transitam fluem, acontecem em espaço
não consolidados das estruturas e organizações. São inovadores e atuam como lente.
A crítica à interpretação da ação coletiva do estrutural funcionalismo expressou-
se a partir de dois paradigmas vistos, o paradigma da mobilização de recursos,
desenvolvida a partir da década de 1950 e novos movimentos sociais (ou como nas
palavras de Cohen: pradigma orientado para a identidade, a partir da obra de Touraine,
Melucci e Pizzorno), a partir da década posterior (1960). Ambos os paradigmas
assumem que os movimentos sociais comportam contestações entre “grupos
organizados com associações autônomas e sofisticados modos de comunicação”
(Cohen, 1988:37). Sustentam que a conflitualidade é normal e que os participantes dos
movimentos são pessoas bem integradas e membros de organizações racionais.
Distinguem dois níveis de ação: a manifesta da mobilização; e a menos visível, que
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remete à forma de organização e comunicação que motiva a participação dos atores e a


vida cotidiana. Assim, todos convergem no reconhecimento de racionalidade e
organização inerentes à ação coletiva.
Já as diferenças entre as diversas escolas exigem uma série de distinções que
tendem a sintonizar a mobilização de recursos com uma perspectiva neoutilitarista,
pautada em uma concepção de ação estratégica; e a perspectiva orientada para a
identidade, ou novos movimentos sociais, com a retomada da dimensão de integração
nas ações coletivas de contestação (Cohen, 1988:51).
Della Porta e Diani, por sua vez, distinguem, quatro perspectivas: três
americanas e uma européia. Na América, partiu-se da investigação sobre os mecanismos
que traduzem em ação coletiva os vários tipos de tensões estruturais: o como da ação
coletiva, segundo Melucci (1982). As três correntes americanas que especificamente
sustentaram essa discussão foram: comportamento coletivo; mobilização de recursos; e
a perspectiva da oportunidade política.
Na Europa, o marxismo foi mais duramente confrontado na discussão sobre ação
coletiva, paralelamente ao estrutural funcionalismo (Della Porta e Diani, 1997:22). Esta
crítica européia foi realizada pelos estudiosos dos novos movimentos. Este último
contemplando a obra de Touraine, Melucci e Pizzorno, dentre outros.
Melucci tece a ambição de construção de uma teoria geral sobre a ação coletiva,
a partir da revisão crítica das principais tradições de pensamento na sociologia e do
estabelecimento de conexões com o campo da política. Assim como ele se apóia nos
paradigmas sistêmicos da tradição Durkheimiana, opera com o conflito como uma
categoria central, além de buscar na microssociologia os elementos para enriquecimento
das situações em que se dão efetivamente as ações humanas, com ênfase na linguagem,
na reflexividade, nas identidades e nas interações. Melucci seria um dos fundadores do
paradigma da identidade coletiva, com uma produção que enfatiza o plano microssocial.

Melucci identifica, nos movimentos sociais, formas de solidariedade conflitual


capazes de redefinir os meios tradicionais de socialização política, de inovação
cultural e de modernização institucional.
sentido dos movimentos sociais estaria relacionado à construção de uma
nova pauta para a modernidade. Ao invés de sinalizar estritamente perturbação
ou
fazer emergir anseios com relação a uma saturação nos mecanismos de
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participação democrática, eles “produzem a modernização, estimulam a


inovação e
impulsionam a reforma” (Melucci, 1989:62)
Os movimentos sociais devem, então, ser compreendidos (como se
estabelecem e mantêm sua estrutura) e explicados (porquê, em referência aos
aspectos socioestruturais)

Está atenta às transformações de base estrutural do conflito, ou ao porquê da


ação, segundo Melucci (1982). São esses os quatro modelos, americanos e europeus, de
estudo da ação coletiva e dos movimentos sociais mais importantes na atualidade, ainda
que os chamados “novos movimentos sociais” não se constituam como uma única
escola e seus autores de referência tenham tomado direções de pesquisa independentes
ao longo dos anos 80 e 90.

Em uma revisão crítica da área temática dos movimentos sociais, Ribeiro (1991)
propõe a seguinte definição: “compreendemos os movimentos como formas de
organização e mobilização inscritas, como elos ativos, entre processos de reprodução
social e a esfera política” (Ribeiro,1991:100). Esses são processos fronteiriços. Situam-
se fora dos territórios convencionais da prática política, tais como partidos, sindicatos,
governo e outras instituições políticas, e ao mesmo tempo estão fora dos padrões de
sociabilidade tradicionalmente ancorados nas instituições sociais. São geralmente
identificados com formatos emergentes ou instituintes, porém propositores de novas
ordens sociais, de novas composições de força capazes de atualização ou realização de
seus interesses específicos, que tendem a uma perspectiva emancipatória. Assim, eles
possuem “... uma dupla e indispensável existência que os articula tanto aos processos de
construção do tecido social, quanto, simultaneamente, ao campo dos conflitos políticos”
(Ribeiro, 1991, p.101). Os movimentos sociais, como sintetizam Della Porta e Diani
(1997), sinalizaram, tomado o conjunto da produção teórica na área, as limitações das
correntes sociológicas de interpretação dos conflitos sociais mais importantes da
contemporaneidade: o estrutural funcionalismo e o marxismo. Parsons - e,
posteriormente, Neil Smelser, por exemplo - via os movimentos sociais como
subproduto das rápidas transformações sociais (Della Porta e Diani, 1997:16-17). A
ação coletiva era entendida como uma crise derivada da quebra de equilíbrios, como
motivação alienativa, fruto de agregação de frustração ou de sentimentos de privação
individuais traduzidos em desvios. Ignora-se, pois, a dinâmica por meio da qual
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sentimentos experimentados em nível individual dariam vida a fenômenos


macrossociais, como movimentos sociais e revoluções.

1980 MR+NMS NMS/Neomarxismo NMS


1990 Novidade, NMS/Neomarxismo NMS
oportunidade
política (Tarrow)
NMS/Neomarxismo NMS

Nos anos de 1970,


Teorias dualistas surgem para

1920-1940 Teoria clássica Marxismo Marxismo


1950 Teoria Marxismo Marxismo
clássica/MR/influencia Inglaterra, ações
de Parsons coletivas (Weber e
Parsons)

A partir dos anos 60

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