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O comportamento coletivo é um desdobramento do interacionismo simbólico e da escola de
Chicago, que é praticamente contemporâneo ao estrutural funcionalismo. Esta corrente
afirmará que os fenômenos coletivos não seriam simples reflexos de crises, mas uma atividade
“orientada para a produção de novas normas e novas solidariedades” Assim, pela primeira vez
na sociologia, o comportamento coletivo é definido como ação consciente e propositiva, e como
fator de mudança social necessário e benéfico.
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estratégica nas ações coletivas, especialmente por parte do estrutural funcionalismo, que
não tratava acerca das condições que viabilizam a transformação do descontentamento
em mobilização. A MR propõe uma compreensão dos movimentos sociais como
extensão das formas convencionais de ação política, envolvendo atores racionais que
perseguem interesses num ambiente (que comporta um conjunto de recursos materiais e
não-materiais) em que as lideranças dos movimentos e os vínculos externos a estes têm
papel de destaque. Para esta corrente, Não basta descobrir a existência de tensões e
conflitos estruturais, ocorre estudar as condições que permitem a transformação do
descontentamento em mobilização. Em particular, a capacidade de mobilização depende
de recursos materiais (trabalho, dinheiro, bens concretos e serviços) e não de autoridade,
empenho moral, fé e relações de amizade a disposição de um grupo (Della Porta e
Diane, 1997:21). Os movimentos fariam parte do processo político normal, como ação
racional, propositiva e organizada. Além disto, os participantes seriam recrutados entre
indivíduos bem integrados e, preferencialmente, ativos. Os estudos nesta linha de
mobilização de recursos são criticados, no entanto, por não considerarem a dimensão
estrutural dos conflitos e também por não valorizarem o peso das emoções e laços
afetivos em suas explicações da ação coletiva, além de excluir valores, normas
ideologias, projetos, cultura e identidade dos grupos, além de fazerem uma opção pelo
individualismo metodológico.
Nos Estados Unidos, surgem diversos autores McCcarthy e ZALD (1973, 1977,
1979); Gamson (19750; Tily (1978), fazem uma abordagem de mobilização de recursos.
A partir dos anos 60-70, os estudos sobre movimentos sociais e ação coletiva se
ampliaram através de várias teorias no mundo. Na Europa, devido a novas formas de
ação coletiva antes intocadas pelos conflitos sociais, resultaram nas novas
manifestações sociais, tais como movimentos ecológicos, feministas, étnicos, indígenas,
anti-racistas, de consumidores, de auto-ajuda. As estruturas políticas e conceituais em
crise, impulsionaram a ampliação do conhecimento empírico e redefinição das
categorias analíticas da teoria dos movimentos sociais. Os movimentos adquirem
visibilidade (enquanto fenômenos históricos concretos na sociedade), a partir do
desenvolvimento de teorias sobre o social e ações coletivas e do deslocamento de
interesse do “Estado” para a “sociedade Civil”. Há o predomínio de teorias
neomarxistas com Castells (1972) e Hobsbawn e o surgimento das Novas Manifestações
Sociais com Tourraine (1975) (acionalismo dos atores), Melucci (1984, noção de MS,
NMS, identidade coletiva), Offe (1988) e Cohen (1985).
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Os novos movimentos sociais são apresentados por alguns autores como Gohn,
Della Porta e Diani (1997) como resultantes de crítica da abordagem clássica marxista.
A teoria neomarxista teria se desenvolvido paralelamente, no entanto, alguns autores
como OFFE e Castells, transitam entre esses dois modelos, tornando ínfimas os limites
entre eles. As categorias básicas da vertente dos novos movimentos sociais são:
ator/agência, cultura, ideologia, lutas sociais cotidianas, solidariedade e processo de
identidade (coletiva e criada por grupos). A política tem centralidade enquanto dimensão
da vida social tomada nas suas relações microssociais e nas suas relações com a cultura
− novas formas de fazer política e politização de novos temas.
Na América Latina ainda há a predominância do Marxismo.
Com o desenvolvimento do capitalismo2 para uma nova forma de produção
informacional, pós-industrial e estética, novos paradigmas se impuseram a esse
arcabouço teórico. Novas formas de agregação social – de natureza permanente, não
conjuntural, coexistem a outras categorias mais consolidadas, mas são componente
estável e irreversível dos sistemas sociais contemporâneos. A função de socialização e
participação “submersa” preenchida por novas formas de solidariedade conflitual,
abrem novos canais para agrupamentos e seleção de elites e para os meios tradicionais
de socialização política, inovação cultural e modernização institucional. O controle da
complexidade precisa cada vez mais se ocupar com a relação entre sistemas
institucionais de representação e tomadas de decisão e novas formas de ação, que são
adaptáveis aos canais existentes de participação e às formas tradicionais de organização
política. Esse contexto trás resultados difíceis de prever, aumentando o grau de incerteza
nesses sistemas.
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Nesse contexto, tornou-se corrente o uso do termo pós-modernidade para definir essa condição sócio-
cultural e estética do capitalismo contemporâneo, também denominado pós-industrial ou financeiro. No
entanto, diversas controvérsias no uso e emprego do termo se somam, resultadas da dificuldade de se
examinar tais processos em curso, com suficiente distanciamento e, principalmente, de se perceber com
clareza os limites ou os sinais de ruptura.
Muitas são as denominações utilizadas na tentativa de resolução desse impasse: modernidade líquida
(BAUMAN, 2007), modernização reflexiva (BECK, 1992 e 1991), modernidade tardia, modernidade alta
(GIDDENS, 1991), hipermodernidade (LIPOVETSKY, 2005), modernidade retroativa (LIFSCHITZ,
2007), trans-modernidade (DUSSEL, 2002), entre outros. Produzindo um arcabouço explicativo variado
que ressalta em congruência a exacerbação do individualismo, do consumismo, da ética hedonista, a
fragmentação do tempo e espaço, marcados pelo desenvolvimento de formas tecnológicas de vida que
propiciam, entre outros, um gigantesco fluxo de informações e produtos, acarretando num permanente
descarte das classificações e fórmulas. Alguns autores destacam seu lado ambíguo, multiforme
(BAUMAN, 2007), outros o fim das metanarrativas (LYOTARD, 1979), ou a reflexividade dos
indivíduos (GIDDENS e BECK, 1991), outros ainda a tendência política e cultural neoconservadoras,
com vistas a combater os ideais iluministas (HABERMAS, 2000), associando a pós-modernidade a uma
“lógica do capitalismo tardio” (JAMESON, 1996).
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Primeira: movimentos identitários que lutam por direitos sociais, econômicos, políticos,
e, mais recentemente, culturais. São movimentos de segmentos sociais excluídos,
usualmente pertencentes às camadas populares (mas não exclusivamente). Podem-se
incluir, nesse formato, as lutas das mulheres, dos afro-descendentes, dos índios, dos
grupos geracionais (jovens, idosos), grupos portadores de necessidades especiais,
grupos de imigrantes sob a perspectiva de direitos, especialmente dos novos direitos
culturais construídos a partir de princípios territoriais (nacionalidade, Estado, local), e
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de pertencimentos identitários coletivos (um dado grupo social, língua, raça, religião
etc.).
Segunda: movimentos de luta por melhores condições de vida e de trabalho, no meio
urbano e no rural, que demandam acesso e condições para terra, moradia, alimentação,
educação, saú- de, transportes, lazer, emprego, salário etc.
Terceira: movimentos globais ou globalizantes, como o Fórum Social Mundial (ver
Munõz, 2008). São lutas que atuam em redes sociopolíticas e culturais, via fóruns,
plenárias, colegiados, conselhos etc. Essas lutas são também responsáveis pela
articulação e globalização de muitos movimentos sociais locais, regionais, nacionais ou
transnacionais. Na realidade, essa forma de movimento constitui a grande novidade
deste novo milênio
A relação movimento social e educação existe a partir das ações práticas de
movimentos e grupos sociais. Ocorre de duas formas: na interação dos movimentos em
contato com instituições educacionais, e no interior do próprio movimento social, dado
o caráter educativo de suas ações. No meio acadêmico, especialmente nos fóruns de
pesquisa e na produção teórico-metodológica existente, o estudo dessa relação é
relativamente recente. A junção dos dois termos tem se constituído em “novidade” em
algumas áreas, como na própria Educação – causando reações de júbilo pelo
reconhecimento em alguns, ou espanto e estranhamento – nas visões ainda
conservadoras de outros. No exterior, a articulação dos movimentos com a educação é
antiga e constitutiva de alguns grupos de pesquisa, como na International Sociological
Association (ISA), Latin American Studies Association (LASA), Associación
Latinoamericana de Sociologia (ALAS) etc. No Brasil, essa relação foi sendo
vagarosamente construída a partir do fim dos anos 1970, quando foram criadas novas
associações ou ativadas entidades científicas já existentes, a exemplo da Associação
Nacional de Pós-Graduação e Pesquisa em Ciências Sociais (ANPOCS), a Associação
Nacional de Pós- -Graduação e Pesquisa em Educação (ANPEd), a Sociedade Brasileira
para o Progresso da Ciência (SBPC), a Sociedade Brasileira de Sociologia (SBS) e as
Conferências Brasileiras de Educação (CBEs), realizadas bienalmente, que passaram a
debater os problemas socioeconômicos e políticos e a destacar os grupos e movimentos
sociais envolvidos. Essas entidades e eventos pautaram, no fim dos anos 1970 e durante
a década de 1980, em seus grupos de trabalho e pesquisa, mesas e debates, o tema dos
movimentos sociais. A relação movimento social e educação foi construída a partir da
atuação de novos atores que entravam em cena, sujeitos de novas ações coletivas que
extrapolavam o âmbito da fábrica ou os locais de trabalho, atuando como moradores das
periferias da cidade, demandando ao poder público o atendimento de suas necessidades
para sobreviver no mundo urbano. Os movimentos tiveram papel educativo para os
sujeitos que o compunham. Já existe um acervo considerável de pesquisa sobre aquela
época, várias teses, dissertações, livros e outros trabalhos acadêmicos foram produzidos.
Entretanto, uma avaliação mais global ainda está para ocorrer, especialmente um
balanço que extrapole o eixo São Paulo, Rio de Janeiro e Minas Gerais, porque os
movimentos ocorreram em todo o Brasil, embora não com a mesma intensidade. Se
olharmos para a América Latina, a lacuna de estudos e publicações, especialmente as de
ordem comparativa, é muito grande. Faltam estudos que articulem a produção brasileira
com a de 335 Movimentos sociais na contemporaneidade Revista Brasileira de
Educação v. 16 n. 47 maio-ago. 2011 outros países latino-americanos, especialmente
aqueles que também passaram por regimes militares
E é esse último ponto que mais diverge da postura dos progressistas. Pra início
de conversa, os progressistas, como princípio, não entendem que a racionalidade seja
desgarrada do contexto de vivências de cada indivíduo. Daí a importância de colocar a
educação como ferramenta pra emancipação, e mais, faz-se necessário que o machismo,
o racismo, a homofobia e demais atos discriminatórios em função de preconceitos,
sejam suprimidos por meio de medidas reais e legais (como políticas de ações
afirmativas) pra que negros, mulheres, pessoas com deficiência e GLBTT’s, entre
outros, possam ter o devido acesso à educação, e consequentemente, à igualdade.
Dentro dessa lógica, a relação com os movimentos populares só poderia ser feita
através da força policial. Qualquer ato que escape à ordem ou qualquer luta por direitos
é lido como um desacato à sociedade disciplinada. Um exemplo: no sábado, dia 8 de
março, a página “Faca na Caveira” publicou um texto sobre o Dia Internacional das
Mulheres no qual manda as feministas “se foderem”.
Os extremistas do lado esquerda, conhecidos como black blocs, usam da
violência para manifestarem o sentimento generalizado de desprezo pelo Estado, por
políticas econômicas neoliberais. Adotam uma postura anárquica com a ideia de lutar
contra as grandes corporações, que se tornam os principais alvos da violência desse
grupo, quebram vidraças de bancos, invadem concessionárias de carros de luxo e partem
para cima da polícia, quando esta reprime as manifestações. Mas, não existe um
movimento centralizado, é muito mais uma ideia de ação difusa que parte de pessoas
que pertencem a grupos sociais e ideológicos diferentes e, vez ou outra, até mesmo
conflitantes. Constitui na defesa e ataque simbólico às instituições.
Alguns dos indivíduos que eventualmente usam essa tática se posicionam
contrário ao impeachment da presidenta Dilma, outros reinvidicam novas eleições,
rejeitando tanto Dilma quanto Temer, em alguns momentos adotam a violência, em
outros, gritam “sem violência”. Por isso, falar sobre esse grupo não tem sido tarefa
fácil, afinal, existe uma multiplicidade de tipos, estilos, reinvindicações e grupos, que
são dinâmicos e mutantes.
Já há algumas décadas o debate sobre a desconstrução na crença cartesiana (ou
Iluminsta) do sujeito centrado, coerente e fixo tem sido realizado. Especialmente, pelos
estudos culturais e as correntes pós-estruturalistas e pós-coloniais. Os teóricos dessas
correntes vêm observando empiricamente que o sujeito da atualidade (ora chamado pós-
moderno, entre outras possibilidades) é provisório, fragmentado, cindido e
circunstancial. E os black blocs parecem comprovar essa tese.
Segundo Maria da Glória Gohn (20140) há múltiplos processos
de subjetivação na construção dos sujeitos em ação, o que garante
um tom de provisoriedade e improviso para as manifestações, e essa
tem sido a marca das lutas sociais da atualidade. A composição
dessas novas frentes é complexa, diversificada, com múltiplos atores,
propostas e concepções sobre a política, a sociedade, o governo, a
igualdade, a liberdade... Resta descobrir como essas diferenças
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Em uma revisão crítica da área temática dos movimentos sociais, Ribeiro (1991)
propõe a seguinte definição: “compreendemos os movimentos como formas de
organização e mobilização inscritas, como elos ativos, entre processos de reprodução
social e a esfera política” (Ribeiro,1991:100). Esses são processos fronteiriços. Situam-
se fora dos territórios convencionais da prática política, tais como partidos, sindicatos,
governo e outras instituições políticas, e ao mesmo tempo estão fora dos padrões de
sociabilidade tradicionalmente ancorados nas instituições sociais. São geralmente
identificados com formatos emergentes ou instituintes, porém propositores de novas
ordens sociais, de novas composições de força capazes de atualização ou realização de
seus interesses específicos, que tendem a uma perspectiva emancipatória. Assim, eles
possuem “... uma dupla e indispensável existência que os articula tanto aos processos de
construção do tecido social, quanto, simultaneamente, ao campo dos conflitos políticos”
(Ribeiro, 1991, p.101). Os movimentos sociais, como sintetizam Della Porta e Diani
(1997), sinalizaram, tomado o conjunto da produção teórica na área, as limitações das
correntes sociológicas de interpretação dos conflitos sociais mais importantes da
contemporaneidade: o estrutural funcionalismo e o marxismo. Parsons - e,
posteriormente, Neil Smelser, por exemplo - via os movimentos sociais como
subproduto das rápidas transformações sociais (Della Porta e Diani, 1997:16-17). A
ação coletiva era entendida como uma crise derivada da quebra de equilíbrios, como
motivação alienativa, fruto de agregação de frustração ou de sentimentos de privação
individuais traduzidos em desvios. Ignora-se, pois, a dinâmica por meio da qual
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