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Sumário

Apresentação ........................................................................................................................................... 3
Aula 01 - Revisitando a Rio-92: a mudança do clima entra em cena! .............................................. 4
Rio 92 e a Convenção do Clima ......................................................................................................................................4
A história das COPs .............................................................................................................................................................7
Comércio de emissões GEE – o que é mercado de carbono? ..............................................................................9
Principais resultados da COP 4 à COP10 .................................................................................................................. 11
Principais resultados da COP 11 à COP20................................................................................................................ 15
Aula 02 - Proposta Brasil para o clima .............................................................................................. 19
Planos setoriais de mitigação e adaptação à mudança do clima .................................................................... 19
As ações de mitigação abarcam também os setores de energia, agricultura e siderurgia .................... 23
Compromissos do Brasil para a COP 21 ................................................................................................................... 27
COP 21: nasce o Acordo de Paris! ............................................................................................................................... 29
Aula 03 - Os eventos para debater a mudança do clima ................................................................. 33
As Conferências de Meio Ambiente da ONU e a mudança do clima ............................................................. 33
A 2ª Conferência das Nações Unidas sobre o Meio Ambiente e Desenvolvimento – Rio-92 ............... 34
Rio+20 ................................................................................................................................................................................... 36
Os movimentos sociais e a mudança do clima ...................................................................................................... 38
As Conferências Nacionais de Meio Ambiente e a III CNMA sobre mudança do clima .......................... 41

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Apresentação
Olá, bem-vindo ao Módulo 02 do Curso Educação Ambiental e Mudança do Clima. Antes de iniciarmos
este módulo, vamos retomar o que falamos no Módulo 01.
No Módulo 01, abordamos uma noção geral sobre os efeitos e as causas da mudança do clima e vimos
algumas medidas de mitigação e adaptação. Aprendemos também alguns conceitos que serão muito úteis para
a compreensão das discussões mundiais a respeito desse tema.
Aqui no Módulo 02, trataremos do regime jurídico internacional para o enfrentamento do
aquecimento global. Esse documento é um tratado internacional pactuado entre governos, que regulam as
ações dos diversos atores sobre o assunto.
Continuaremos os estudos com os planos setoriais de adaptação e mitigação à mudança do Clima
implementados pelo Brasil a partir das decisões das Conferências das Partes – COPs - órgão da Convenção
Quadro das Nações Unidas sobre Mudança do Clima (UNFCCC). Cada tema será acompanhado de vídeos,
curiosidades, referências bibliográficas, glossário e sites de pesquisas. A seguir uma prévia do que falaremos em
cada aula deste módulo.
Na Aula 01, que tem como título Revisitando a Rio-92: a mudança do clima entra em cena, vamos
discorrer sobre os seguintes assuntos:
Rio 92 e a Convenção do Clima.
A história das COPs.
Comércio de emissões GEE: o que é mercado de carbono?
Principais resultados da COP 4 à COP10.
Principais resultados da COP 11 à COP20.

Na Aula 02, que tem como título Proposta Brasil para o clima, vamos discorrer sobre os seguintes
assuntos:
Planos setoriais de mitigação e adaptação à mudança do clima.
As ações de mitigação abarcam também os setores de energia, agricultura e siderurgia.
Indústria, mineração, transporte e saúde também entram.
Compromissos do Brasil para a COP 21
COP21: nasce o Acordo de Paris!

Na Aula 03, que tem como título Os eventos para debater a mudança do clima, vamos discorrer
sobre os seguintes assuntos:
As Conferências de Meio Ambiente da ONU e a mudança do clima.
Rio+20.
Os movimentos sociais e a mudança do clima.
As Conferências Nacionais de Meio Ambiente e a III CNMA sobre mudança do clima.
IV Conferência Nacional do Meio Ambiente: Resíduos Sólidos.

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Iniciaremos com a Conferência das Nações Unidas sobre o Meio Ambiente e Desenvolvimento, realizada
no ano de 1992, na cidade do Rio de Janeiro – a Rio-92 e a Convenção-Quadro sobre Mudança do Clima
(UNFCCC). Vamos lá?

Aula 01 - Revisitando a Rio-92: a mudança do clima entra em cena!

Rio 92 e a Convenção do Clima

No preâmbulo da Convenção do clima é observado que a maior parcela


das emissões globais, históricas e atuais, de gases de efeito estufa é originária dos
países desenvolvidos, que as emissões per capita dos países em desenvolvimento
ainda são relativamente baixas e que a parcela de emissões globais originárias
dos países em desenvolvimento crescerá para que eles possam satisfazer suas
necessidades sociais e de desenvolvimento.

A Essa preocupação mundial com os problemas ambientais não é nova, e se intensificou na década de
1970 quando foi realizado o primeiro grande evento, em 1972, na Suécia - a Conferência de Estocolmo.
Na década de 1980, as evidências científicas relacionando as emissões de Gases de Efeito Estufa (GEE)
provenientes das atividades humanas à mudança do clima global começaram a despertar a preocupação pública
inspirando uma série de conferências internacionais que apelavam para a urgência de um tratado mundial para
enfrentar o problema.
Em 1992 ocorreu a Conferência das Nações Unidas sobre o Meio Ambiente e Desenvolvimento, no
Rio de Janeiro, conhecida como Eco-92 ou Rio-92.
Dessa conferência, resultaram a Declaração sobre Manejo de Florestas, e três convençõesde :
Diversidade Biológica
Desertificação
Mudanças Climáticas

Também foram oficializadas a:

Declaração do Rio: princípios gerais do comportamento humano e sua relação com o


planeta.

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Agenda 21: um plano de ação para redirecionar as economias e preservar o meio
ambiente no século XXI.

Vamos ver quando começou...


Em 1990, a Assembleia Geral das Nações Unidas estabeleceu o Comitê Intergovernamental de
Negociação para a Convenção-Quadro sobre Mudança do Clima (INC/FCCC). O INC/FCCC preparou a redação
da Convenção e a adotou em 9 de maio de 1992, na sede das Nações Unidas em Nova York.
A Convenção Quadro das Nações Unidas sobre Mudança do Clima foi aberta à assinatura em junho
de 1992 na Rio-92 por Chefes de Estado e outras autoridades de 154 países (e a Comunidade Europeia), entrando
em vigor em 21 de março de 1994. Até meados de 1997, 165 países ratificaram a Convenção, comprometendo-
se, assim, com os seus termos.

O Brasil foi o primeiro país a assinar a Convenção, que somente começou a


vigorar em 29 de maio de 1994, 90 dias depois de ter sido aprovada e ratificada
pelo Congresso Nacional.

Qual o Objetivo da Convenção do Clima?


A Convenção-Quadro das Nações Unidas sobre Mudança do Clima (UNFCCC, na sigla em inglês) ou
Convenção do Clima, tem o objetivo de estabilizar as concentrações de Gases de Efeito Estufa (GEE) na atmosfera
em um nível que impeça uma interferência antrópica perigosa no sistema climático. Dois princípios são basilares
para orientar as decisões das nações signatárias:

Princípio da Precaução: Diz que a falta de plena certeza científica não deve ser usada
como razão para que os países posterguem a adoção de medidas para prever, evitar ou minimizar as
causas da mudança do clima e mitigar seus efeitos negativos.

Princípio das Responsabilidades Comuns, mas diferenciadas: Esse princípio é base


para o estabelecimento de compromissos dos países e reflete a condição de que a maior parcela da
concentração de GEE na atmosfera é fruto de emissões históricas originárias principalmente dos países
desenvolvidos, que iniciaram o processo de industrialização há dois séculos. A Convenção prevê que os
países desenvolvidos devem tomar a iniciativa no combate à mudança do clima e aos seus efeitos.

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A Convenção também observa que:
A maior parcela das emissões globais, históricas e atuais, de GEE é originária dos países
desenvolvidos e ainda representam a maior parcela das emissões globais;
As emissões de países em desenvolvimento de industrialização recente aumentaram de
maneira significativa nos últimos 10 anos, porém, as emissões per capita dos países em desenvolvimento
ainda são relativamente baixas;
A parcela de emissões globais originárias dos países em desenvolvimento crescerá para
que eles possam satisfazer suas necessidades sociais e de desenvolvimento.

Com a entrada em vigor da Convenção do Clima em 1994, representantes dos países signatários
passaram a se reunir anualmente para discutir os avanços para estabilização da mudança do clima. Esses
encontros são chamados de Conferências das Partes (COPs). A COP é o órgão supremo da Convenção, tem a
responsabilidade de manter e promover a efetiva implementação da Convenção por meio de instrumentos
jurídicos que serão adotados em comum acordo (MMA, [2017], on-line).

Compete à COP:
Examinar periodicamente as obrigações das Partes e os mecanismos institucionais
estabelecidos por esta Convenção;
Promover e facilitar o intercâmbio de informações sobre medidas adotadas pelas Partes
para enfrentar a mudança do clima e seus efeitos;
Promover e orientar o desenvolvimento e aperfeiçoamento periódico de metodologias
comparáveis, a serem definidas pela Conferência das Partes para elaborar inventários de emissões de
gases de efeito estufa por fontes e de remoções por sumidouros;
Examinar e adotar relatórios periódicos sobre a implementação dessa desta Convenção.

Com frequência mínima anual, os países signatários se reúnem na COP para então discutir o progresso
de implementação a partir dos termos estabelecidos.
“Embora todas as Partes devam agir para proteger o meio ambiente e o sistema climático nos níveis
nacional, regional e global, pela Convenção é necessário considerar as diferentes circunstâncias que cada país
pode contribuir para resolver o problema levando em consideração sua capacidade para prevenir, reduzir e
controlar a ameaça” (ENAP, 2016).
Para que isto seja possível, cada Parte (país) deve entregar e disponibilizar durante a COPs informações
relativas à:
Inventário nacional de emissões antrópicas por fontes e de remoções por sumidouros de
todos os gases de efeito estufa não controlados pelo Protocolo de Montreal.
Descrição geral das medidas tomadas ou previstas pela Parte para implementar esta
Convenção (são as políticas de mitigação e adaptação).

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Qualquer outra informação que a Parte considere relevante para a realização do objetivo
desta Convenção e apta a ser incluída em sua comunicação, inclusive, se possível, dados pertinentes para
cálculos das tendências das emissões mundiais.

A execução da convenção se dá pelas Conferências das Partes (COPs), de onde saem resoluções,
politicas, financiamento e demais determinações que as Partes devem se submeter. Muitas políticas brasileiras
de adaptação e mitigação do clima derivaram das resoluções das COPs.
A primeira COP foi em 1994, em Berlim e em 2015, foi em Paris - COP 21. Nos próximas tópicos,
falaremos sobre essas conferências e seus principais resultados. Iniciaremos falando da COP1 até a COP3 – onde
foi assinado o Protocolo de Quioto.

A história das COPs

O futuro dependerá daquilo que fazemos no presente.


(Mahatma Gandhi)

Assista uma breve apresentação da história das COPs:


https://www.youtube.com/watch?v=H7_9WeGNtUo

1995 - Berlim/Alemanha (COP-1)


A COP1 contou com representantes de 117 países, cujo resultado foi o Mandato de Berlim* – no qual
houve o consenso de todos os países em se tomar ações mais enérgicas quanto à mitigação do efeito estufa.
Entre outras resoluções, definiu-se que o compromisso dos países desenvolvidos em reduzir suas emissões para
os níveis de 1990 até o ano de 2000, não seria suficiente para se atingir os objetivos de longo prazo da
Convenção. Nesse sentido, foi elaborado um protocolo ou instrumento com comprometimento legal que
tornasse oficial a questão sendo o prazo para a apresentação do documento, o ano de 1997.
*A primeira Conferência das Partes, foi marcada pela incerteza quanto ao significado do que cada um dos países possuía para
combater as emissões de gases com efeito de estufa. Isso resultou no Mandato de Berlim, que estabeleceu um período de dois anos
de análise e fase de avaliação. Criou-se um catálogo de instrumentos a partir do qual os países membros podiam escolher e, assim,
compor um conjunto de iniciativas que correspondem às suas necessidades.
Durante essa conferência se aplicou o conceito do “princípio da responsabilidade comum, porém
diferenciada entre os países”, impondo-se, dessa forma, que os países desenvolvidos tomem a iniciativa de

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reduzir suas emissões na medida em que os países em desenvolvimento possam aumentar suas emissões para
atender às suas necessidades de desenvolvimento e alívio da pobreza.

1996 - Genebra/Suíça (COP-2)


Na COP 2 ficou definido que os países em desenvolvimento poderiam enviar uma comunicação
preliminar à Convenção, na qual solicitariam auxílio financeiro e tecnológico proveniente do Fundo Global para
o Meio Ambiente (GEF 2).
1997 - Quioto/Japão (COP-3)
A COP 3 contou com representantes de 159 nações, a terceira Conferência das Partes culminou na
adoção, por consenso, do Protocolo de Quioto*, conhecido como um dos marcos mais importantes desde a
criação da Convenção no combate à mudança do clima.
*Criado em 1997, o Protocolo entrou em vigor no dia 16 de fevereiro de 2005, logo após o atendimento às condições que
exigiam a ratificação por, no mínimo, 55% do total de países-membros da Convenção do Clima e que fossem responsáveis por, pelo
menos, 55% do total das emissões de 1990.
Os Estados Unidos não ratificaram o Protocolo, ao contrário da Rússia que permitiu que a cláusula de adesão fosse satisfeita
para o tratado poder entrar em vigor em 16/2/2005. Ratificado por 36 países do grupo dos mais ricos, o Protocolo estabeleceu que as
emissões dos seis gases que provocam o efeito estufa deveriam ser diminuídas em 5%, em média, entre 2008 e 2012, em comparação
aos níveis de 1990.

Os seis GEE citados pelo Protocolo de Quioto são:


Metano (CH4)
Óxido Nitroso (N2O)
Hexafluorsulfúrico (SF6)
Perfluorcarbonos (PFC)
Hidrofluorcarbonos (HFC)
Gás Carbônico (CO2)

Que os Estados Unidos e China, juntos, respondem por 40% das emissões
de gases GEE do mundo?

Para a redução das emissões, o Protocolo de Quioto determina que os países estabeleçam programas
de redução da poluição, mas oferece também mecanismos de flexibilização com vistas à diminuição de custos
dos três mecanismos existentes:
Implementação Conjunta (IC)
Comércio de Emissões (CE)
Mecanismo de Desenvolvimento Limpo (MDL)

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Implementação Conjunta (IC)
Institui que, a fim de cumprir os compromissos assumidos, qualquer Parte incluída no Anexo I do
relatório pode transferir ou adquirir de qualquer outra dessas Partes unidades de redução de emissões
resultantes de projetos que visem à redução das emissões antrópicas por fontes ou ao aumento das remoções
antrópicas por sumidouros de GEE em qualquer setor da economia. Esse mecanismo de flexibilização não se
aplica ao Brasil, que é um país não incluído no Anexo I (Não - Anexo 1).
Comércio de Emissões (CE)
É um mercado de compra e venda do “direito de emitir gases de efeito estufa”, em que a “moeda de
troca” são os chamados “créditos de carbono”. Assim, países que poluem mais podem comprar créditos
daqueles que conseguiram reduzir suas emissões para além das metas impostas. É destinado exclusivamente
aos países do Anexo I, que podem comercializar somente parte das suas emissões.

Mecanismo de Desenvolvimento Limpo (MDL)


É uma evolução de uma proposta brasileira de criação de um Fundo de Desenvolvimento Limpo (FDL).
Estabelecia uma penalidade financeira aos países desenvolvidos cujas emissões de gases de efeito estufa fossem
superiores aos níveis acordados no âmbito da convenção. A ideia era de que os recursos obtidos fossem
aplicados em projetos de mitigação do efeito da mudança do clima em países em desenvolvimento por meio
de um fundo.

No tópico anterior, falamos da COP 1 à COP3. Agora, vamos comentar sobre o mercado de carbono,
pois isto facilita a compreensão do Protocolo de Quioto e das decisões oriundas das COPs posteriores.

Comércio de emissões GEE – o que é mercado de carbono?

O progresso humano não é automático nem inevitável. Somos atualmente


confrontados com o fato de o amanhã ser hoje, e colocados perante a urgência
cruel do agora. Neste enigma da vida e da história é possível ser demasiado
tarde.... Podemos gritar desesperadamente para que o tempo pare, mas o tempo
ensurdece a cada súplica e continua a passar rapidamente.
(Martin Luther King Jr.)

Os relatórios de avaliação do IPCC, bem como os inventários de emissões de GEE realizados pelos
países, vão subsidiar a elaboração de regras e procedimentos para tomada de decisões de determinada área ou
setor econômico, por exemplo, estabelecer critérios e parâmetros para o uso da terra e florestas (vimos a
importância disso, lembra?); diminuir a emissão de metano e/ou a criação de sumidouros para ser inserido no
mercado de carbono.
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Assista ao vídeo Mercado de carbono:
https://www.youtube.com/watch?v=CtmdzZJt01Q
E assista também, ao vídeo Mercado de carbono - O que é e um exemplo
brasileiro:
https://www.youtube.com/watch?v=Q8gGQXAwIHo

O que é e como funciona o Mercado de Carbono?


O Mercado de Carbono surgiu a partir da criação da Convenção-Quadro das Nações Unidas sobre a
Mudança Climática (UNFCCC), durante a ECO-92, no Rio de Janeiro.
Pela Convenção do Clima uma tonelada de dióxido de carbono (CO2) corresponde a um crédito de
carbono. Esse crédito pode ser negociado no mercado internacional. A redução da emissão de outros gases,
igualmente geradores do efeito estufa, também pode ser convertida em créditos de carbono, utilizando-se o
conceito de Carbono Equivalente. Os créditos são chamados de Certificados de Emissões Reduzidas (CER),
concedidos pelo Conselho Executivo do MDL no Brasil.
Vimos que o Protocolo inclui três mecanismos de mercado, além das ações de caráter nacional ou
esforços de reduções individuais: Comércio de emissões, Implementação Conjunta e Mecanismo de
Desenvolvimento Limpo (MDL).

Vamos falar agora do MDL.

Mecanismos de Desenvolvimento Limpo (MDL)


O MDL permite projetos de redução de emissões em países em desenvolvimento, que não possuem
metas de redução de emissões no âmbito do Protocolo de Quioto. Esses projetos podem se transformar em
reduções certificadas de emissões (CER). Os projetos MDL podem ser implementados nos setores energético,
de transporte e florestal. Funcionando desde 2006, este mecanismo já registrou mais de 1.000 projetos,
representando mais de 2,7 bilhões de toneladas de CO2 equivalentes.
No Protocolo de Quioto, temos o Mercado Regulado, também chamado Compliance (Cumprimento),
onde é obrigatório o cumprimento das metas de redução pelos países desenvolvidos.
Mas, existe também um Mercado Voluntário, onde empresas, ONGs, instituições, governos, ou mesmo
cidadãos, tomam a iniciativa de reduzir as emissões voluntariamente.
Os créditos de carbono podem ser gerados em qualquer lugar do mundo e são auditados por uma
entidade independente do sistema das Nações Unidas.
O principal mercado voluntário é o Chicago Climate Exchange, nos EUA. Além desses dois tipos de
mercado, outra forma de financiar projetos de redução de emissões ou de sequestro de carbono são os
chamados Fundos Voluntários, cujas principais características são:
Não fazem parte do mecanismo de mercado (não geram crédito de carbono);
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O valor da doação não pode ser descontado da meta de redução dos países doadores;
Podem entrar projetos com estruturas não reconhecidas pelo mercado regulado, como o
Redução das Emissões por Desmatamento e Degradação Florestal (REDD);
Os principais Fundos são o Forest Carbon Partnership Facility, do Banco Mundial e o Fundo
Amazônia, do governo brasileiro.

O MDL no Brasil
Projetos de geração de energia por aterros sanitários, biocombustíveis e outras fontes renováveis,
reflorestamento e repotenciação de hidrelétricas - como no caso das Pequenas Centrais da Companhia Paulista
de Força e Luz (CPFL - Energia) - já foram credenciadas pela Comissão Interministerial de Mudança do Clima
a receber créditos de carbono, por terem contribuído para a redução de volumes do gás.
Para aprovar os projetos MDL, a Comitê Interministerial sobre Mudança do Clima (CIM) aponta
cinco principais critérios para receber Créditos de Carbono por meio do MDL:
Promover a sustentabilidade ambiental local;
Ajudar no desenvolvimento das condições de trabalho e geração líquida de empregos;
Promover distribuição de renda;
Auxiliar no desenvolvimento e capacitação tecnológica;
Cooperar com integração regional e articulação com outros setores.

Que o Brasil é o terceiro país com maior número de projetos em MDL?

Já vimos o que é mercado de carbono. É importante você entender esse assunto, pois as discussões das
COPs que vamos mostrar têm muito a ver com esse tema, ok?

Principais resultados da COP 4 à COP10

Do ser ao pó, é só
Carbono
Solene, terreno, imenso;
Perene, pequeno, humano.
(Lenine)

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1998 - Buenos Aires/Argentina (COP-4)
A COP 4 estabeleceu o Plano de Ação de Buenos Aires – que teve por objetivo criar um cronograma
para o acordo acerca das regras operacionais do Protocolo de Quioto.

1999 - Bonn/Alemanha (COP-5)


Na COP 5 foram decididas questões relativas à implementação do Plano de Ação de Buenos Aires e as
discussões sobre LULUCF (sigla em inglês para Land Use, Land-Use Change and Forestry – Uso da Terra e
Florestas) que representam as atividades que promovem a remoção de gás carbônico da atmosfera, ou seja,
florestamento e reflorestamento.
Você se lembra do REDD? É uma iniciativa dentro desse contexto.

2001 - Bonn/Alemanha (COP-6, parte II)


Na COP 6, houve muito conflito e foi necessário convocar novamente outra conferência, que ficou
conhecida como COP 6.5. Essa ocorreu em Bonn, Alemanha em 2001. O evento ficou conhecido por ter sido a
Conferência que “salvou” o Protocolo de Quioto. Um exemplo disso foi a aprovação do uso de sumidouros
para cumprimento de metas de emissão*, a discussão sobre os limites de emissão para países em
desenvolvimento e a assistência financeira dos países desenvolvidos.
*Um sumidouro de carbono é algo que absorve mais carbono do que emite, enquanto uma fonte de carbono é algo que emite
mais carbono do que absorve. Florestas, solos, oceanos e a atmosfera armazenam carbono e este carbono se movimenta entre esses
meios por meio de um ciclo contínuo. O movimento contínuo de carbono significa que florestas agem como fontes ou sumidouros em
diferentes momentos.

2001 - Marrakesch/Marrocos (COP-7)


Na COP 7 teve como destaque o Acordo de Marrakesh que entre outras disposições foi definido as
regras operacionais para LULUCF, os mecanismos de flexibilização para o MDL, a Implementação Conjunta, o
Comércio de Emissões que trata do inventário nacional de emissões e das informações adicionais à Convenção
derivadas do Protocolo.

Que neste ano, o IPCC finalizou o 3º Relatório de Avaliação!

2002 - Nova Délhi/Índia (COP-8)


A COP 8 ocorreu no mesmo ano da Cúpula Mundial sobre Desenvolvimento Sustentável (Rio+10) onde
se inicia a discussão sobre uso de fontes renováveis na matriz energética das Partes. O encontro também marcou
a adesão da iniciativa privada e de organizações não governamentais ao Protocolo de Quioto e apresentou
projetos para a criação de mercados de créditos de carbono.
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O Brasil se destacou com a “Iniciativa Brasileira de Energia” – cuja proposta tem como objetivo elevar
em 10% a fração de energia renovável em todo o mundo no ano de 2010. A tarefa principal foi colocar em
prática o Acordo de Marrakesh que foram discutidas as definições ainda pendentes sobre temas como florestas,
adicionalidade, linha de base, vazamentos, período de creditação etc.

Você sabe o que significa adicionalidade e linha de base?

Adicionalidade: Um projeto de carbono deve ser adicional a tudo que aconteceria na ausência da
atividade proposta no projeto. É um critério fundamental para que uma determinada atividade de projeto seja
elegível ao MDL, consiste na redução de emissões de GEE ou no aumento de remoções de CO2 de forma
adicional ao que ocorreria na ausência de tal atividade – adicionalidade é quanto você conseguiu reduzir de
emissões de GEE – é o espaço preenchido pela flecha azul.

Assista ao vídeo institucional sobre o Mecanismo de Desenvolvimento


Limpo (MDL) que engloba algumas considerações iniciais sobre o
Protocolo de Quioto, e outros aspectos principais a serem observados por
uma empresa que deseje desenvolver um projeto de redução de emissões
com fins de comercialização dos créditos:
https://www.youtube.com/watch?v=2jn7UPkVg2E

A linha de base é a medida das emissões ou remoções de GEE que ocorreriam na ausência da atividade
proposta no projeto, ou seja, o que aconteceria se um projeto não fosse implementado.

2003 - Milão/Itália (COP-9)


Na COP 9 foi proposto fazer um inventário de tecnologias existentes. Discutiram mecanismos de
mercado e alianças entre o setor público e privado. As organizações de populações indígenas pediram maior
participação.

Que o Protocolo de Quioto só começou a valer a partir da COP10?

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2004 - Buenos Aires/Argentina (COP-10)
A COP 10 foi marcada pela ratificação Russa, o que fez com que o Protocolo de Quioto entrasse em
vigor no dia 16 de fevereiro de 2005. As questões básicas discutidas foram: Projetos de pequena escala,
Adaptação (recursos para países pobres) e o próximo período de compromissos.

Para o Brasil, esta décima Conferência foi de particular importância pelos seguintes motivos:
Pela decisão brasileira de divulgar sua Primeira Comunicação Nacional à Convenção do
Clima, com o Inventário Nacional de Emissões de GEE;
Pela perspectiva de entrada em vigor do Protocolo de Quioto e seu MDL, o que eleva o
perfil do assunto no âmbito nacional;
Pela ênfase à adaptação à mudança do clima, pouco discutida nas COPs anteriores.

MINISTÉRIO DA CIÊNCIA, TECNOLOGIA E INOVAÇÃO. Publicação da


Comunicação Nacional Inicial do Brasil à Convenção-Quadro das Nações Unidas
sobre Mudança do Clima- 2004, contendo o Inventário de Emissões e Remoções
Antrópicas de Gases de Efeito Estufa não Controlados pelo Protocolo de Montreal
– ano base 1994. Disponível no curso digital (dentro da Plataforma de Ensino).
SANTOS, C., MENDES, T., MUNIZ, E. Conceitos básicos sobre Mudança do Clima:
Causas, Mitigação e Adaptação. Banco Interamericano de Desenvolvimento.
Divisão de Mudança do Clima e Sustentabilidade, 2ª ed., 2012 e redesenhada em
2015. Brasília, 2015.

No tópico anterior, vimos os principais resultados até COP 10, em 2004. Neste período o IPCC terminou
o 3º RA e tivemos também a Rio+10. A partir de agora, falaremos da COP 11 até a COP 20. Muitas políticas
sobre mudança do clima no Brasil surgiram a partir das decisões das COPs, principalmente da COP 15.
Entre 2005 e 2014, foi promulgada a Política Nacional da Mudança do Clima, o IPCC lançou o 4º RA,
tivemos a III e a IV Conferência Nacional de Meio Ambiente sobre “Mudança do Clima” e “Resíduos Sólidos”
respectivamente e a Conferência das Nações Unidas para o Meio Ambiente - Rio+20.
Bastante coisa, não é?

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Principais resultados da COP 11 à COP20

Fala-se tanto da necessidade de deixar um planeta melhor para os nossos


filhos e, esquece-se da urgência de deixarmos filhos melhores para o nosso
planeta.
(Autor Desconhecido)

2005 - Montreal/Canadá (COP-11)


A COP 11 foi a primeira Conferência após a entrada em vigor do Protocolo de Quioto (fevereiro de
2005). A partir daí, conjuntamente com a COP 11, ocorreu a 1ª Reunião das Partes do Protocolo de Quioto (MOP
1).
A principal discussão de ambas as conferências foi o início do processo de debate sobre o que deveria
acontecer após a expiração do primeiro período do compromisso do Protocolo de Quioto em 2012. As
instituições europeias apontaram a necessidade de uma redução de 20% a 30% das emissões de gases de efeito
estufa até 2030 e de 60% a 80% até 2050, com base no ano de 1990.

2006 - Nairóbi/Quênia (COP-12)


Na COP 12/ MOP 2 foram estipuladas regras para o Fundo de Adaptação, ferramenta para o
financiamento de projetos de adaptação à mudança do clima voltadas para países em desenvolvimento,
constituído pelo valor correspondente a 2% dos créditos advindos de atividades do Mecanismo de
Desenvolvimento Limpo (MDL).
O governo brasileiro propôs oficialmente a criação de um mecanismo para promover efetivamente a
redução de emissões de gases de efeito estufa, em países em desenvolvimento, oriundas do desmatamento, o
que mais tarde originou a proposta de Redução das Emissões por Desmatamento e Degradação (REDD).
Também foi apresentado um estudo do economista Nicholas Stern, do governo da Inglaterra, o
Relatório Stern, que prevê prejuízos correspondentes entre 5% e 20% do PIB mundial, ou seja, algo em torno
de 7 trilhões de dólares, em decorrência dos impactos da mudança do clima. Esse estudo demonstrou ser
imprescindível que os países tomem consciência da necessidade de identificar os impactos e os custos do
aquecimento global e de desenvolver um modelo de governança climática para evitar efeitos desastrosos na
economia mundial.

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Assista à breve apresentação do Relatório Stern sobre a economia das
alterações climática:
https://www.youtube.com/watch?v=Mt8xw2_G4NM

2007 - Bali/Indonésia (COP 13)


Na COP 13/ MOP 3 de 2007 foi criado o Plano de Ação de Bali, que determinou o prazo de 2009 para
elaboração dos passos posteriores à expiração do primeiro período do Protocolo de Quioto (2012).
A COP 13 estabeleceu compromissos para a redução de emissões causadas por desmatamento das
florestas tropicais e aprovou a implementação do Fundo de Adaptação, instrumento criado para apoiar
medidas de combate aos efeitos da mudança do clima nos países menos desenvolvidos.

2008 - Poznan/Polônia (COP-14)

A COP 14/ MOP 4 apresentou alguns avanços significativos, porém poucos resultados concretos. Os
países em desenvolvimento apresentaram propostas de redução das emissões de carbono, enquanto que as
nações desenvolvidas, à espera da posição do novo presidente dos EUA, na época, - Barack Obama - em relação
à mudança do clima, não firmaram grandes compromissos.

2009 - Copenhague/Dinamarca (COP-15)


A COP 15/ MOP 5 foi importante, pois tinha por objetivo estabelecer as metas de redução de GEE para
o período de 2013 a 2020, porém terminou sem o novo acordo global sobre as metas para o segundo período
de compromisso do Protocolo de Quioto.
O resultado foi apenas a aceitação do Acordo de Copenhague, que aponta a necessidade de manter a
elevação máxima da temperatura em 2ºC, mas não menciona metas de redução de emissões.

Durante a COP de Copenhague foi promulgada a Lei Nº 12.187, 29 de dezembro


de 2009 que institui a Política Nacional sobre Mudança do Clima.

16
2010 - Cancún/México (COP-16)
A COP 16/ MOP 6 resultou em alguns acordos destacando-se a criação do Fundo Verde do Clima,
visando administrar a contribuição financeira dos países desenvolvidos para deter a mudança do clima. Foi
mantida a meta de limitar em 2ºC a elevação da temperatura média em relação aos níveis pré-industriais. As
principais economias emergentes como China, Índia e Brasil mostraram avanços concretos em relação à redução
de emissões de carbono.

2011 - Durban/África do Sul (COP-17)


Na COP 17/ MOP 7 em Durban, África do Sul (2011), as discussões giraram em torno da adoção do
segundo período de cumprimento do Protocolo de Quioto para além de 2012 entre outros temas.

2012 - Doha/Catar (COP-18)


Na COP 18 / MOP8 as negociações entre representantes de 193 países tinham como principal objetivo
chegar a um acordo conclusivo, com metas para os países do Anexo I, que orientem as medidas de redução de
emissão de GEE para o seu segundo período de compromisso, que se inicia em 2013 e vai durar até o ano de
2020.
Com a renovação do Protocolo, também ficou mantida a arrecadação de US$ 10 bilhões por ano para
doação a países mais pobres para enfrentar as consequências da mudança do clima, determinado um fundo que
passará a contar com US$ 100 Bilhões a partir de 2020.

Em 2012, no mesmo ano da COP 18, ocorreu a Conferência das Nações


Unidas sobre Desenvolvimento Sustentável (RIO+20). Essa conferência teve como
principais focos temáticos a economia verde no contexto do desenvolvimento
sustentável e da erradicação da pobreza e o quadro institucional para o
desenvolvimento sustentável.

2013 - Varsóvia/Polônia (COP-19)


Entre as decisões gerais da COP 19, as Partes foram convidadas a iniciar ou intensificar os preparativos
internos para suas INDC (Pretendida Contribuição Nacionalmente Determinada). No sentido de alcançar o
objetivo da Convenção, o INDC representa os compromissos que cada país pretende assumir nacionalmente, ao
determinar suas próprias metas de redução de GEE.
Um dos principais resultados foi o Marco de Varsóvia para o REED+. Por meio desse instrumento, países
em desenvolvimento que tiverem seus resultados de REDD+ (reduções de emissões de GEE e aumento de
estoques de carbono florestal) serão elegíveis a receber “pagamentos por resultados”. Tais resultados devem
ser verificados por especialistas apontados pelo Secretariado da Convenção do Clima.

17
2014 - Lima/Peru (COP-20)
A COP 20/MOP 10 resultou entre outras decisões um documento final “Chamado de Lima para a Ação
Climática” também conhecida como “Rascunho Zero”. Trata-se de um acordo para a redução de emissões de
GEE como base para um novo pacto global de clima adotado na COP 21, em Paris. Também objetiva o processo
de submissão e revisão de INDC.
As delegações de 195 países apresentaram no primeiro trimestre de 2015, seus compromissos para
reduzir as emissões globais entre 40% e 70% até 2050 e ações de adaptação à mudança do clima, com a
finalidade de limitar o aumento da temperatura do planeta a 2°C.

Chegamos a final da primeira aula do Módulo 02 e aqui aprendemos sobre o Protocolo de Quioto e
os principais resultados das Conferências das Partes (COPs).
Já na Aula 02, que tem como título Proposta Brasil para o clima, falaremos das iniciativas brasileiras
apresentadas a partir da COP 15 – revisar as políticas de mitigação que já mencionamos - e os resultados da
COP 21.
Até mais.

18
Aula 02 - Proposta Brasil para o clima

Olá, bem-vindo(a) à segunda aula do Módulo 02 do nosso curso! Na aula anterior, conversamos sobre
o Protocolo de Quioto e os principais resultados das COPs.
Hoje, falaremos das iniciativas do Brasil indicadas a partir da COP 15 – verificar as políticas de mitigação
que já citamos - e os resultados da COP 21.
Vamos começar? Bons estudos!

Planos setoriais de mitigação e adaptação à mudança do clima

Nem tudo o que é torto é errado. Veja as pernas do Garrincha e as árvores


do cerrado.
(Nicolas Behr)

Durante a COP 15 (2009) em Copenhagen, o Brasil assumiu a liderança entre os países em


desenvolvimento ao se comprometer voluntariamente a cortar as emissões de GEE entre 36,1% e 38,9% em
comparação com o cenário atual até 2020. O governo tinha como meta prevenir que o País emita entre 975
milhões e 1 bilhão de toneladas de dióxido de carbono até 2020.
Os objetivos brasileiros acordados em Copenhagen foram registrados como Ações de Mitigação
Nacionalmente Apropriadas (NAMAs). As ações e metas das NAMAs são realizadas de forma voluntária,
independentes da aplicação de Mecanismos de Desenvolvimento Limpo (MDL).
Além dos NAMAs, o PNMC previu a elaboração de Planos Setoriais com a inclusão de ações, indicadores
e metas específicas de redução de emissões e mecanismos para a verificação do seu cumprimento. Esses planos
foram regulamentados pelo Decreto nº 7.390/2010.

Vamos ver quais são:

Planos Setoriais de Mitigação e Adaptação à Mudança do Clima, prevista na PNMC:


Plano de Ação para Prevenção e Controle do Desmatamento na Amazônia Legal
(PPCDAM).
O Plano de Ação para a Prevenção e Controle do Desmatamento e das Queimadas no
Cerrado (PPCerrado).
O Plano Decenal de Expansão de Energia (PDE).
O Plano para a Consolidação de uma Economia de Baixa Emissão de Carbono na
Agricultura (Plano ABC).

19
O Plano de Redução de Emissões da Siderurgia.

Demais Planos Setoriais:


Plano Indústria.
Plano de Mineração de Baixa Emissão de Carbono (PMBC).
Plano Setorial de Transporte e de Mobilidade Urbano para Mitigação da Mudança do
Clima.
Plano Setorial de Saúde para Mitigação e Adaptação à Mudança do Clima

O uso do Inventário Brasileiro de Emissões Antrópicas por Fontes e Remoções por Sumidouros
de Gases de Efeito Estufa não Controlados pelo Protocolo de Montreal, da Segunda Comunicação Nacional
do Brasil à Convenção-Quadro das Nações Unidas sobre Mudança do Clima, foi a base de dados para todos
os Planos Setoriais.

Sabemos que grande parte da redução das emissões de GEE no Brasil vem
da prevenção e controle do desmatamento, especialmente na Amazônia e no
Cerrado.

Iniciaremos neste tópico a abordagem de dois planos implementados pelo governo para deter o
desmatamento.
Vamos conhecer melhor os planos PPCDAM e PPCerrado ?
Plano de Ação para Prevenção e Controle do desmatamento na Amazônia Legal (PPCDAM), cuja
meta é reduzir o desmatamento em 80% até 2020.
Criado em 2004, o PPCDAM teve como objetivos reduzir de forma contínua e consistente o
desmatamento e criar as condições para se estabelecer um modelo de desenvolvimento sustentável na
Amazônia Legal.
Criado em 2004, o PPCDAM teve como objetivos reduzir de forma contínua e consistente o
desmatamento e criar as condições para se estabelecer um modelo de desenvolvimento sustentável na
Amazônia Legal. Foi estruturado em três eixos temáticos:
Ordenamento Fundiário e Territorial;
Monitoramento e controle ambiental;
Fomento às Atividades Produtivas Sustentáveis.

20
As ações contidas no PPCDAm contribuíram significativamente para a drástica redução na taxa de
desmatamento da Amazônia, medida pelo Projeto Prodes (Projeto de Monitoramento do Desflorestamento na
Amazônia Legal, de responsabilidade do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais - INPE/MCTI).
O sucesso alcançado na redução do desmatamento da floresta amazônica atraiu a atenção da
comunidade internacional e conduziu o País à posição de referência no combate ao desmatamento e de líder
global na redução de emissões de Gases do Efeito Estufa (GEEs).

Mesmo que tenha diminuído o desmatamento na Amazônia nos últimos


dez anos, a derrubada de árvores ainda é responsável por boa parte das emissões
brasileiras de GEE. Assista ao vídeo:
https://www.youtube.com/watch?v=x2iXXqYD0zo

Na figura abaixo, observamos o declínio significativo das taxas de desmatamento na última fase do
PPCDAM (2012, 2013, 2014 e 2015). A taxa anual passou de 27.772 km² em 2004 para 5.831 km² em 2015 (dado
preliminar), uma redução de 80% em 10 anos.

Plano de Ação para Prevenção e Controle do Desmatamento no Cerrado (PPCerrado)


O Cerrado detém 5% da biodiversidade do planeta, sendo considerada a savana mais rica do mundo,
porém um dos biomas mais ameaçados do País. Considerando a área original de 204 milhões de hectares, o
bioma já perdeu 47,84% de sua cobertura de vegetação até 2008.

21
No Cerrado, o desmatamento ocorre de modo intenso em função de suas
características propícias à agricultura, à pecuária e pela demanda por carvão
vegetal para a indústria siderúrgica, predominantemente nos polos de Minas
Gerais e, mais recentemente, do Mato Grosso do Sul. Do total de cerca de 9,5
milhões de toneladas de carvão vegetal produzido no Brasil em 2005, 49,6%
foram oriundos da vegetação nativa” (MCT, 2010 apud AMS, 2007).

Segundo MMA (2007B), 54 milhões de hectares são ocupados por pastagens cultivadas e 21,56 milhões
de hectares por culturas agrícolas.
O PPCerrado foi instituído em 2010 e tem como meta a redução do desmatamento em 40% até 2020.
Tem como objetivo geral a redução contínua da taxa do desmatamento e da degradação florestal, bem como
da incidência de queimadas e incêndios florestais no bioma Cerrado, por meio da articulação de ações e
parcerias entre União, estados, municípios, sociedade civil organizada, setor empresarial e academia.

O gráfico abaixo mostra os avanços do desmatamento do Cerrado e a meta pretendida:

Os demais planos setoriais ancorados na Política Nacional sobre Mudança do Clima, como o da
Agropecuária e o da Siderurgia (carvão vegetal), têm ampla complementaridade e integração com o PPCerrado,
uma vez que é nesse bioma em que se inserem algumas atividades econômicas desses setores.

22
O PPCerrado contém iniciativas do MMA e das suas instituições vinculadas
como: Ibama; Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade (ICMBio);
Agência Nacional de Águas (ANA) e Serviço Florestal Brasileiro (SFB).

Já vimos sobre as políticas para reduzir o desmatamento na Amazônia e no Cerrado. As ações de


mitigação propostas pelo Brasil abrangem outros setores. Agora, no próximo tópico, vamos conhecer as
iniciativas realizadas nos setores de energia, agricultura saúde e siderurgia.

As ações de mitigação abarcam também os setores de energia, agricultura e


siderurgia

Se não houver frutos, valeu a beleza das flores; se não houver flores, valeu
a sombra das folhas; se não houver folhas, valeu a intenção da semente.
(Henfil)

Agora, vamos falar de mais alguns planos implementados pelo Governo Federal, são eles: PDE, Plano
ABC, Plano Setorial de Saúde e o Plano de Redução de Emissões da Siderurgia.
Vamos conhecê-los melhor?

Plano Decenal de Energia (PDE)


Esse plano incorpora medidas que, em conjunto, contribuem para que o país continue se
desenvolvendo com baixas emissões de carbono.
Entre as medidas incorporadas, citamos o aumento da eficiência energética, o incremento do parque
instalado de hidroeletricidade e outras fontes renováveis de energia elétrica, como eólica, biomassa e Pequena
Central Hidrelétrica (PCHs), além da avaliação das áreas de expansão da cana necessárias para o aumento do
volume de combustível renovável e consequente substituição de combustíveis fósseis.

Plano de Agricultura de Baixo Carbono (Plano ABC)


O Plano ABC tem por finalidade a adoção das tecnologias de produção sustentáveis para responder
aos compromissos de redução de emissão de GEE no setor agropecuário assumidos pelo país.
É composto por sete programas, seis deles referentes às tecnologias de mitigação, e ainda um último
programa com ações de adaptação à mudança do clima:

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Recuperação de Pastagens Degradadas;
Integração Lavoura-Pecuária-Floresta (ILPF) e Sistemas Agroflorestais (SAFs);
Sistema Plantio Direto (SPD);
Fixação Biológica de Nitrogênio (FBN);
Florestas Plantadas;
Tratamento de Dejetos Animais;
Adaptação às Mudanças do Clima.

A abrangência do Plano ABC é nacional e seu período de vigência é de 2010 a 2020, sendo previstas
revisões e atualizações em períodos regulares não superiores a dois anos, para readequá-lo às demandas da
sociedade, às novas tecnologias e incorporar novas ações e metas.
Plano Setorial de Saúde
O IPCC e a Organização Mundial de Saúde (OMS) têm consolidado informações sobre os impactos da
mudança do clima na saúde humana.
Esses impactos adversos podem incidir de maneira direta ou indireta sobre a saúde humana, podendo
gerar consequências físicas, traumáticas, psicológicas, infecciosas e nutricionais.
Um exemplo disso é a expansão da dengue, a qual está associada ao crescimento urbano
desordenado, abastecimento de água, coleta e destinação adequada dos resíduos e também às condições
ambientais.
Somando-se a esses condicionantes, a mudança do clima desempenha um importante papel na
distribuição espacial e temporal dos vetores.
Plano Setorial de Saúde para Mitigação e Adaptação à Mudança do Clima tem como foco potencializar
as ações voltadas ao fortalecimento da capacidade de resposta dos serviços de saúde frente aos impactos da
mudança do clima.

Plano de Redução de Emissões da Siderurgia


A indústria siderúrgica é responsável por considerável volume de efluentes, dada a grande quantidade
de reações físico-químicas envolvidas nas diversas etapas do processo de fabricação do aço.
Esse setor é o maior emissor industrial de Gases de Efeito Estufa (GEE) e segundo maior consumidor
industrial de energia. De acordo com dados do balanço energético nacional de 2014 (ano-base 2013), a
produção de ferro primário e aço respondeu por 18,4% do consumo industrial de energia.

24
O setor siderúrgico como um todo emitiu 46% da emissão total dos
processos industriais em 2010 (MCTI, 2013) e cerca de 4% das emissões brasileiras
totais. A partir da década de 1980, por pressão da sociedade e da legislação
pertinente, a indústria tem-se tornado mais eficiente e sustentável, por meio da
reciclagem de produtos e subprodutos, que promoveram a redução do consumo
específico de energia” (BNDES, 2014).

Caro(a) cursista, lembre-se que citamos essas políticas no Módulo 01 como ações de mitigação!
Como um dos instrumentos da Política Nacional da Mudança do Clima (PNMC), foi criado em 2009 o
Fundo Clima, com o apoio inicial anual de aproximadamente US$ 100 milhões para os esforços de mitigação
do clima no Brasil.
Já falamos dos quatro planos setoriais de mitigação e adaptação à mudança do clima no setores de
energia, agricultura, saúde e siderurgia. Agora, para finalizarmos, vamos conhecer os outros planos setoriais na
área de Plano Setorial da Mineração, Plano Setorial da Indústria e Plano Setorial de Transporte e
Mobilidade Urbana para Mitigação da Mudança do Clima. Vamos lá?

Indústria, mineração e transporte e saúde também entram!

Os benefícios de andar de bicicleta:


deixa-te em forma;
não precisa pagar por combustível, impostos, multas ou estacionamento;
promove a liberdade;
faz sentir o vento no rosto;
faz sentir o vento no rosto;
não solta fumaça;
mais fácil e rápido; do que andar a pé;
desacelera o aquecimento global;
simplifica a sua vida;
colabora com a sua saúde e a do planeta;
não congestiona a cidade;
Em 2011, o Governo Federal
passa por determinou
qualquer a elaboração dos Planos Setoriais de Mitigação e Adaptação
congestionamento;
à Mudança do Clima ela
para os seguintes
carrega setores: Indústria; Mineração; Transporte e Mobilidade Urbana e
a sua bagagem;
Saúde. é silenciosa como o vento.
Os Planos Setoriais ficaram sob responsabilidade dos órgãos setoriais competentes. Cada órgão
produziu o conteúdo técnico, bem como promoveu a articulação com os atores envolvidos em cada temática,
25
incluindo representantes do Fórum Brasileiro de Mudança do Clima (FBMC). Os Planos foram finalizados em
2012, após consulta pública e apreciação dos Planos pelo Comitê Interministerial sobre Mudança do Clima.

Plano Setorial da Mineração


Esse plano é aplicável ao minério de ferro, incluindo pelotização, potássio, fosfato, zinco, níquel,
chumbo, ouro, cobre, bauxita, nióbio, manganês, agregados (areia e brita industrial) e carvão mineral.

Objetivo geral:
É promover uma análise setorial, por meio de um diagnóstico preliminar, tendo por base o Plano
Nacional de Mineração 2030, o inventário do Instituto Brasileiro de Mineração (IBRAM) e consultas diretas a
empresas do setor, com vistas ao abatimento de emissões de GEE na mineração.
As principais fontes emissoras do setor, responsáveis por cerca de 80% das emissões previstas em 2020,
são a extração e o beneficiamento físico de minério de Ferro e de agregados (areia e pedra britada para
construção civil), e o processamento de minério de ferro em pelotas.

Plano Setorial da Indústria


A Indústria de Transformação foi responsável por um décimo de emissões de GEE no Brasil em 2005. O
Plano Indústria propõe um conjunto de ações do setor público que, em consonância com os compromissos do
setor privado, procurarão reduzir em termos relativos esse conjunto de emissões por meio do reforço de
iniciativas a partir da racionalização do uso de energia e de matérias-primas, bem como da criação de novas
políticas.
Os setores de produção de Alumínio, Cal, Cimento, Ferro-gusa e Aço, Papel e Celulose, Química, Vidro
foram responsáveis, em 2005, por quase 90% das emissões diretas de GEE da Indústria de Transformação, e
por mais da metade das emissões derivadas da queima de combustíveis fósseis na indústria.

Plano Setorial de Transporte e Mobilidade Urbana para Mitigação da Mudança do Clima


O objetivo geral é contribuir para a mitigação das emissões de GEE no setor, por meio de iniciativas
que levam à ampliação da infraestrutura de transporte de cargas e à maior utilização de modos mais eficientes
energeticamente e, no setor de mobilidade urbana, ao aumento do uso de sistemas eficientes de transporte
público de passageiros, contribuindo para a consecução dos compromissos assumidos voluntariamente pelo
Brasil.
A estratégia fundamental é a implantação de medidas que promovam a alteração na matriz de
deslocamentos da população, por meio do aumento da participação do transporte coletivo na divisão modal
verificada atualmente, principalmente nos maiores centros urbano. São abordadas medidas que, ao mesmo
tempo em que promovem a melhoria do sistema de mobilidade urbana e ampliam a acessibilidade das pessoas
às oportunidades que as cidades oferecem, proporcionam a redução das emissões de GEEs.

26
Finalizamos, neste tópico, os Planos Setoriais. No próximo tópico, vamos falar dos compromissos do
Brasil que foram apresentados na COP 21 em Paris, que chamamos de Pretendida Contribuição
Nacionalmente Determinada (iNDC).

Compromissos do Brasil para a COP 21

Colhemos o que plantamos, mas atualmente estamos mesmo é colhendo


o que desmatamos.
(Eduardo D. B. Seidel)

No Chamado de Lima para Ação Climática está prevista a adoção dos iNDCs, - Contribuições
Pretendidas Nacionalmente Determinadas. Pelo iNDC, os países membros da Convenção-Quadro das Nações
Unidas sobre Mudança do Clima (UNFCCC) concordaram em delinear publicamente as ações que pretendem
adotar no âmbito de um acordo global para o novo acordo que foi decidido na 21ª Conferência das Partes em
Paris.
As contribuições dos países foram apresentadas, considerando suas prioridades nacionais,
circunstâncias e capacidades, e visam conjuntamente reduziras emissões globais de GEE de uma maneira
suficiente que limite o aumento da temperatura global média a 2ºC.
Vamos retomar a COP 19 (Varsóvia/Polônia). Nesse evento, os países decidiram preparar suas iNDC
para apresentar na COP 21 (Paris/França). Vamos ver o que ocorreu no Brasil?
O Brasil buscou construir sua iNDC com contribuições da sociedade por meio de uma consulta nacional
conduzida pelo Itamaraty a partir de 2014. A contribuição deu-se por meio de oito perguntas de múltipla
escolha sobre redução de gases-estufa e ações de adaptação aos impactos da mudança do clima. Questões
sobre os meios de implementação também compuseram a pesquisa, sempre com campos para considerações
e comentários.

A seguir, vamos conhecer melhor todos os compromissos assumidos pelo Brasil.

1- Aumentar a participação de bioenergia sustentável na matriz energética brasileira para


aproximadamente 18% até 2030, expandindo o consumo de biocombustíveis, aumentando a oferta de
etanol, inclusive por meio do aumento da parcela de biocombustíveis avançados (segunda geração), e
aumentando a parcela de biodiesel na mistura do diesel.
2- No setor florestal e de mudança do uso da terra:
fortalecer o cumprimento do Código Florestal, em âmbito federal, estadual e municipal;
fortalecer políticas e medidas com vistas a alcançar, na Amazônia brasileira, o desmatamento
ilegal zero até 2030 e a compensação das emissões de GEE provenientes da supressão legal da vegetação
até 2030;
27
restaurar e reflorestar 12 milhões de hectares de florestas até 2030, para múltiplos usos;
ampliar a escala de sistemas de manejo sustentável de florestas nativas, por meio de sistemas de
georreferenciamento e rastreabilidade aplicáveis ao manejo de florestas nativas, com vistas a
desestimular práticas ilegais e insustentáveis;
alcançar 10% de ganhos de eficiência no setor elétrico até 2030.
Essas iniciativas estão contidas no âmbito da proposta REDD+.

REDD+ é uma estratégia em discussão na Convenção Quadro de


Mudanças Climáticas. Assista ao vídeo feito pela Fundação Amazonas
Sustentável:
https://www.youtube.com/watch?v=sPlfdQ33wfk

REDD é um incentivo desenvolvido no âmbito da Convenção do Clima


para recompensar financeiramente países em desenvolvimento por seus
resultados de Redução de Emissões de gases de efeito estufa provenientes do
Desmatamento e da Degradação florestal. No REDD+, além da redução do
desmatamento e degradação florestal, é acrescentado o papel da conservação, do
manejo sustentável das florestas e do aumento dos estoques de carbono das
florestas em países em desenvolvimento. Ou seja, diminuir o desmatamento,
reduzir o corte, conservar o que existe, uso apropriado da terra e florestas, além
de aumentar os estoques de carbono (reflorestar, aumentar as áreas de floresta).
O REDD++ inclui, além das iniciativas citadas anteriormente, a agricultura,
incluindo a garantia de melhores práticas com vistas ao não desmatamento
(SANTANA, 2016, on-line).

3- No setor da energia, alcançar uma participação estimada de 45% de energias renováveis na


composição da matriz energética em 2030, incluindo:
expandir o uso de fontes renováveis, além da energia hídrica, na matriz total de energia para uma
participação de 28% a 33% até 2030;
expandir o uso doméstico de fontes de energia não fóssil, aumentando a parcela de energias
renováveis (além da energia hídrica) no fornecimento de energia elétrica para ao menos 23% até 2030,
inclusive pelo aumento da participação de eólica, biomassa e solar;
alcançar 10% de ganhos de eficiência no setor elétrico até 2030.

28
4- No setor agrícola, fortalecer o Plano de Agricultura de Baixa Emissão de Carbono (Plano
ABC) como a principal estratégia para o desenvolvimento sustentável na agricultura, inclusive por meio
da restauração adicional de 15 milhões de hectares de pastagens degradadas até 2030 e pelo incremento
de 5 milhões de hectares de sistemas de Integração Lavoura-pecuária-florestas (ILPF) até 2030.

5- Ações de adaptação – a implementação de políticas e medidas de adaptação à mudança do


clima foi considerada pelo Brasil como um elemento fundamental para reduzir vulnerabilidades e prover
serviços ecossistêmicos. A dimensão social está no cerne das estratégias de adaptação, pois seu objetivo
é a construção de resiliência de populações, ecossistemas, infraestrutura e sistemas de produção.

Em 2016 foi lançado o Plano Nacional de Adaptação à Mudança do Clima,


que visa implementar um sistema de gestão integrada de conhecimento,
pesquisas transferência de tecnologias e ferramentas de apoio em diferentes
níveis de governo. Os setores prioritários que foram inseridos nas políticas de
adaptação são: áreas de risco, habitação, infraestrutura básica, especialmente nas
áreas de saúde, saneamento e transporte (MMA).

MINISTÉRIO DO MEIO AMBIENTE. Pretendida Contribuição Nacionalmente


Determinada - iNDC para consecução do objetivo da Convenção - Quadro das
Nações Unidas sobre Mudança do Clima. Disponível no curso digital (dentro da
Plataforma de Ensino).
MINISTÉRIO DO MEIO AMBIENTE. Marco de Varsóvia para REDD+. Disponível no
curso digital (dentro da Plataforma de Ensino).

Já conhecemos os compromissos que o Brasil levou para a COP 21. Agora, vamos falar sobre o Acordo
de Paris, documento que substitui o Protocolo de Quioto.

COP 21: nasce o Acordo de Paris!

Panorama da Assembleia Geral da ONU durante a cerimônia de assinatura


do Acordo de Paris.

29
Assista à animação do Tela Verde que tem como título Mudança de Clima
– Caixa:
https://www.youtube.com/watch?v=fyuCEQDhFlQ

Em dezembro de 2015, a COP21 ocorreu em Paris carregando o mesmo dilema que ocorreu na
COP3 com a criação do Protocolo de Quioto:
como diminuir a emissão de Gases de Efeito Estufa (GEE) para evitar o aquecimento do
planeta?

O documento, chamado de Acordo de Paris, ratificado pelas 195 partes da Convenção do Clima
(UNFCCC) e pela União Europeia, teve como um dos objetivos manter o aquecimento global “muito abaixo de
2º C”, buscando ainda “esforços para limitar o aumento da temperatura a 1,5° C acima dos níveis pré-industriais”.
Diferentemente do Protocolo de Quioto, os países em desenvolvimento também irão se comprometer-
se com metas de redução. Dessa vez, os Estados Unidos e a China, os maiores poluidores do planeta,
apresentaram metas para reduzir suas emissões.

188 países, representando quase 100% das emissões globais, encaminharam


suas Contribuições Pretendidas Nacionalmente Determinadas (iNDCs) para reduzir a
emissão de gases efeito estufa e a partir de agora têm a obrigação de implementar
esses planos para estabilizar a curva da elevação projetada da temperatura global.
Porém, calcula-se que, mesmo com as contribuições anunciadas, a temperatura do
planeta aumentará 2,7°C – longe do ideal, mas melhor do que o cenário mais
pessimista anunciado pelo IPCC.

O Acordo de Paris é um acordo ambicioso e universal. Trata-se de um instrumento legal que vai guiar
o processo para agirmos universalmente sobre a mudança do clima e por isso deverá ser revisto a cada cinco
anos para novas atualizações e tomadas de decisões estratégicas.

30
COP 21: veja perguntas e respostas sobre o Acordo de Paris. Assista ao
vídeo:
http://g1.globo.com/natureza/noticia/2015/12/acordo-de-paris-sobre-o-
clima-veja-perguntas-e-respostas.html

O Acordo de Paris contém 29 artigos. Grande parte estabelece a governança dos países e os arranjos
institucionais para coordenar e acompanhar os compromissos assumidos pelas Partes. Vamos destacar alguns
artigos:
Os artigos 3 e 4: estabelecem as iNDC (Contribuições Nacionalmente Pretendidas) como instrumento
para avaliar os esforços das partes para a implementação do Acordo. As iNDCs devem ser revisadas e
comunicadas a cada cinco anos às COPs;
O artigo 5: considera as florestas fundamentais como sumidouros e reservatórios de gases efeito estufa
e incentiva a gestão integral sustentável das florestas;
Artigo 6: enfatiza a abordagem cooperativa entre os países para auxiliar na implementação das
respectivas iNDCs.
Artigo 7: reforça a importância de aumentar a capacidade de adaptação, fortalecer a resiliência e
reduzir as vulnerabilidades à mudança do clima. Reconhece que as ações de mitigação são inversamente
proporcionais aos esforços de adaptação. Fornece estratégias a serem inseridas no processo de planejamento
para adaptação tais como a elaboração de Planos Nacionais de Adaptação e posterior avaliação e
monitoramento dos instrumentos contido nos planos;
Artigo 8: refere-se aos mecanismos de perdas e danos associados aos efeitos adversos da mudança
do clima. Assista ao vídeo A polêmica da “compensação” que divide os países ricos e pobres;
http://mais.uol.com.br/view/t15rl4kajx2a/cop21-a-polemica-da-compensacao-que-divide-paises-ricos-e-
pobres-04020E9B386CE4B15326?types=A&

Artigo 9: refere-se ao mecanismo financeiro para alcançar um equilíbrio entre adaptação e mitigação
e tem como objetivo assegurar um acesso eficiente dos recursos financeiros por meio de procedimentos
simplificados de aprovação e apoio ágil aos países em desenvolvimento;
Artigo 10: discorre sobre a importância do desenvolvimento e transferência de tecnologias para
melhorar a resiliência à mudança do clima e reduzir emissões de GEE;
Artigo 11: aborda a necessidade de ampliar a capacidade e habilidade dos países em desenvolvimento
considerando as especificidades nacionais e deve ser orientado por lições aprendidas, por meio de um processo
participativo, transversal e sensível a gênero;
Artigo 12: enfatiza a educação, a formação, a sensibilização do público, o acesso à informação como
estratégias para ampliar as ações previstas neste Acordo;
Artigo 13: dá ênfase à transparência de procedimentos e informações onde todos os países devem
registrar e divulgar suas atividades para proteção do clima, assim como dados sobre a emissão de gases-estufa,

31
sendo que para as nações em desenvolvimento e emergentes este procedimento pode ser flexibilizado
considerando sua capacidade técnica e financeira. Assim, cada parte deve fornecer regularmente seus
inventários nacionais de emissões antrópicas e a avaliação e monitoramento do progresso realizado na
implementação da iNDC;
Artigo 14: trata do balanço global que as Partes devem fazer periodicamente para avaliar o alcance
dos propósitos do Acordo. O primeiro balanço global ocorrerá em 2023 e de cinco em cinco anos a partir desta
data;
Artigo 13: dá ênfase à transparência de procedimentos e informações onde todos os países devem
registrar e divulgar suas atividades para proteção do clima, assim como dados sobre a emissão de gases-estufa,
sendo que para as nações em desenvolvimento e emergentes este procedimento pode ser flexibilizado
considerando sua capacidade técnica e financeira. Assim, cada parte deve fornecer regularmente seus
inventários nacionais de emissões antrópicas e a avaliação e monitoramento do progresso realizado na
implementação da iNDC;
Artigo 14: trata do balanço global que as Partes devem fazer periodicamente para avaliar o alcance
dos propósitos do Acordo. O primeiro balanço global ocorrerá em 2023 e de cinco em cinco anos a partir desta
data;
O restante dos artigos estabelece mecanismos para facilitar a implementação e promover o
cumprimento das disposições do Acordo. Embora esse Acordo seja legalmente vinculante, não está prevista
nenhuma sanção a países que não cumpram as estipulações. O documento aprovado entra em vigor quando
for ratificado por pelo menos 55 nações que somem, no mínimo, 55% de todas as emissões globais.

NAÇÕES UNIDAS: Leia o Acordo de Paris e o artigo: ONU esclarece


dúvidas a respeito do novo acordo climático adotado pelos Estados-
membros na COP21.
INSTITUTO SOCIOAMBIENTAL – COP 21: Leia sobre a A 21ª Conferência do
Clima (COP 21).
OBSERVATÓRIO DO CLIMA: Leia o artigo: COP21 - MODO DE USAR. Um guia
para a cobertura jornalística da conferência do clima.
Disponíveis no curso digital (dentro da Plataforma de Ensino).

Chegamos ao final da Aula 02 e aqui vimos os esforços do Brasil para mitigar e adaptar-se à mudança
do clima por meio dos planos setoriais.
Já na Aula 03, que tem como título Os eventos para debater a mudança do clima, conheceremos
outros eventos mundiais e nacionais que procuraram sensibilizar o mundo e criaram alternativas econômicas,
sociais e ambientais para estabilizar o aquecimento global.

Até a próxima a aula.

32
Aula 03 - Os eventos para debater a mudança do clima

Olá, caro(a) cursista! Bem-vindo(a) à última aula do Módulo 03. Antes de iniciarmos a nossa aula, vamos
retomar o que aprendemos na aula passada. Pois, bem, na Aula 02, discutimos os empenhos do nosso país para
a mitigação e adaptação à mudança do clima por meio dos planos setoriais criados pelo governo federal.
Agora, na Aula 03, vamos conhecer outros eventos a nível mundial e nacional que buscaram sensibilizar
o mundo e elaboraram opções econômicas, sociais e ambientais para estabilizar o aquecimento global.
Vamos começar? Que você tenha um ótimo aprendizado.

As Conferências de Meio Ambiente da ONU e a mudança do clima

Devemos transformar a promessa de Paris em ação e implementação logo


que for possível. Necessitamos atuar agora. Necessitamos acelerar a velocidade, o
alcance e a escala de nossa resposta, local e globalmente.
(Discurso do Secretário-Geral das Nações Unidas, Ban Ki-Moon)

1972: Estocolmo (Suécia), PNUMA


Conhecida como a Primeira Conferência da ONU sobre o Meio Ambiente (ou Ambiente Humano), neste
evento foram elaborados 26 princípios “[...] para guiar os povos do mundo na preservação e melhoria do meio
ambiente". É o marco para o início das discussões em nível mundial sobre questões ambientais.
No mesmo ano, foi criado o Programa das Nações Unidas para o Meio Ambiente (PNUMA), que
tem sede no Quênia.

A 1ª Conferência Climatológica Mundial foi realizada na cidade de Toronto (Canadá, 1988). Essa
conferência também ficou conhecida como “Conferência de Toronto sobre a atmosfera em mudança”, a primeira
reunião internacional importante que trouxe governos e cientistas para discutirem em conjunto uma ação sobre
a mudança do clima.
Nessa conferência, os governos dos países industrializados prometeram diminuir as emissões
voluntárias de CO2 com o corte de 20% pelo ano 2005 (a chamada “Tabela de Toronto”). Surge o Painel
Intergovernamental de Mudança do Clima (IPCC), onde 300 cientistas especializados em clima do mundo foram
encarregados de rever a ciência do clima e avaliar os impactos causados pela mudança do clima.

A 2ª Conferência Climatológica Mundial ocorreu em Genebra onde foi analisado o 1° Relatório do


IPCC. Participaram mais de 300 cientistas de 20 países. A partir desse encontro, a Assembleia Geral da ONU

33
aprovou o início das negociações, criando-se o Comitê Intergovernamental de Negociações (CIN) – responsável
pela confecção da Convenção sobre mudança do clima.

A 2ª Conferência das Nações Unidas sobre o Meio Ambiente e Desenvolvimento


– Rio-92

A Convenção-Quadro das Nações Unidas sobre Mudança do Clima (UNFCCC) foi ratificada durante
a Rio-92. Aprovadas junto com mais quatro documentos, foram lançadas as bases de referência para políticas,
programas, projetos e medidas pelas quais governos, empresas e organizações da sociedade devem se orientar
para promoverem o desenvolvimento sustentável.

Os quatro documentos são:


Convenção sobre Diversidade Biológica;
Declaração do Rio de Janeiro sobre Meio Ambiente e Desenvolvimento;
Declaração sobre Conservação e Uso Sustentável de todos os tipos de Florestas;
Agenda 21.

As duas “convenções” são acordos cujo cumprimento é obrigatório, do ponto de vista jurídico, para
os países que os ratificaram. Em outras palavras, "funcionam" como "leis" internacionais que definem, inclusive,
eventuais sanções ou penalidades no caso de descumprimento.
Já as declarações e a Agenda 21 são acordos protocolares que estabelecem políticas, sem vinculação
jurídica, isto é, cujo cumprimento depende do comprometimento contínuo das lideranças, governos e
sociedades - de cada país que assinou tais instrumentos.

A partir dos resultados do Painel Intergovernamental sobre Mudanças Climáticas (IPCC), verificou-se
uma tendência de aquecimento global devido a razões antrópicas. Com isso, a Convenção do Clima
estabeleceu como principal objetivo estabilizar as concentrações de Gases de Efeito Estufa (GEE) na atmosfera
em um nível que impeça um desiquilíbrio perigoso no sistema climático global.

Para isso, caro(a) cursista, foram definidos compromissos e obrigações para todos os países
(denominados Partes da Convenção - COPs) onde, considerando o princípio das responsabilidades comuns,
porém diferenciadas, foram determinados compromissos específicos para as nações desenvolvidas.
Outro documento importante que sofreu atualizações como Objetivos de Desenvolvimento do Milênio
(ODM), e, atualmente, Objetivos do Desenvolvimento Sustentável (ODS), pactuado na Rio-92 foi a Agenda 21.

Outro documento importante que sofreu atualizações, pactuado na Rio-92, foi a Agenda 21. Com 40
capítulos, mostrou uma agenda de compromissos para a mudança do padrão de desenvolvimento no séc. XXI
que visa a um equilíbrio ambiental e à justiça social entre as nações. No seu capítulo 9 já apontava a necessidade

34
de proteger a atmosfera que, naquele período, referia-se à proteção da Camada de Ozônio. Mesmo
considerando as incertezas relativas à mudança do clima, pregava a eficiência do consumo de energia e a
necessidade das famílias pensarem num consumo sustentável sem desperdícios.

Cinco anos depois, a Rio+5 (1997)


O baixo grau de implementação dos compromissos assumidos no Rio de Janeiro em 1992 marcou a
avaliação convocada pela ONU cinco anos depois, em junho de 1997, em Nova York, chamada de Rio+5.
A Sessão Especial da Assembleia Geral das Nações Unidas (UNGASS) que avaliou os cinco anos da
Rio-92, ou Cúpula da Terra, observou que:
a saúde do planeta continuava piorando
e constatou retrocessos, como:
e constatou retrocessos, como:
0,27% (1995) do Produto Nacional Bruto (PNB) dos países doadores.

É importante salientar que a Rio+5 contribuiu para criar um ambiente político propício à aprovação do
Protocolo de Quioto em dezembro daquele ano, durante a COP-3, no Japão.
Rio+10 (2002)
Apesar da avaliação produzida em Nova York na Rio+5, pouca coisa mudou nos cinco anos seguintes.
A Cúpula Mundial sobre Desenvolvimento Sustentável (Rio+10), promovida pela ONU, ocorreu em
Johanesburgo, na África do Sul em 2002.

E o principal documento que daí resultou foi o Plano de Implementação de Johanesburgo, que
fortaleceu o papel da Comissão sobre Desenvolvimento Sustentável da ONU (CDS), reiterou metas para reduzir
a perda de biodiversidade até 2010 e reduzir à metade a população sem acesso à água potável até 2015.

Leia um texto sobre a Agenda 21 no site do MMA:


http://www.mma.gov.br/responsabilidade-socioambiental/agenda-21/agenda-21-
global/item/600
Leia um texto sobre o Histórico das conferências no site da Ecomapa:
http://www.ecomapa.com.br/blog/ler.asp?cod=88

No tópico anterior, falamos das grandes conferências da ONU sobre meio ambiente com destaque ao
tema mudança do clima. Agora, vamos saber um pouco mais sobre a última conferência – Rio+20 e ver como
essas questões foram tratadas.

35
Rio+20

O ar quando não é poluído, é condicionado.

(Jô Soares)

A Conferência das Nações Unidas sobre Desenvolvimento Sustentável - Rio+20, realizada de 13 a 22


de junho de 2012, na cidade do Rio de Janeiro, marcou os 20 anos de outro encontro histórico: a Conferência
das Nações Unidas sobre Meio Ambiente e Desenvolvimento - Rio 92. Dois temas principais orientaram os
debates:
A estrutura institucional para o desenvolvimento sustentável.
A economia verde, no contexto do desenvolvimento sustentável e da erradicação da
pobreza.

Participaram da Rio+20 delegações oficiais de 191 Estados-membros da ONU, dois países observadores
e 85 organismos internacionais e agências especializadas da ONU. No total, a ONU credenciou 45.763
participantes.
A Rio+20 alertou que a superação dos desafios do desenvolvimento sustentável nos próximos 20 anos
passa pela necessária mudança de padrões de produção e consumo, transição a padrões mais sustentáveis que
avancem com maior ou menor velocidade, de acordo com o engajamento do setor produtivo.

A economia verde
O setor empresarial, que 20 anos atrás esteve praticamente ausente da Rio-92, agora, durante a Rio+20,
liderou a realização de compromissos voluntários, reconhecendo o valor do capital natural e comprometendo-
se a usar os recursos naturais de forma responsável. Ao longo de quatro dias, mais de 3 mil pessoas,
representando cerca de 1.500 empresas de 60 países, participaram de eventos do “Global Compact” – o braço
da ONU para relação com a iniciativa privada – e produziram 220 compromissos.

Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS)


Reconhecendo o sucesso dos Objetivos de Desenvolvimento do Milênio (ODM) para promover ações
de desenvolvimento humano e combate à pobreza, os países, na Rio+20, concordaram em estabelecer alguns
objetivos de desenvolvimento sustentável que são “ações orientadas, concisas e de fácil compreensão” e que
sejam de natureza global e universalmente aplicáveis a todos os países. Os ODS, como ficaram conhecidos, serão
estabelecidos ao longo dos próximos dois anos com empenho nas áreas prioritárias do desenvolvimento
sustentável, ajudando a medir o progresso.

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Recursos
Os países concordaram em desenvolver uma estratégia de financiamento do desenvolvimento
sustentável para atender aos compromissos acordados no Rio, incluindo esforços para alcançar os Objetivos de
Desenvolvimento Sustentável.

Sobre o clima... veja a declaração final da Rio+20.

Reafirmamos que a mudança climática é um dos maiores desafios do


nosso tempo, e expressamos profunda preocupação com o crescimento global
das emissões de gases de efeito estufa. Estamos profundamente preocupados
com o fato de que todos os países, particularmente os países em
desenvolvimento, são vulneráveis aos impactos adversos das alterações climáticas,
e já estão experimentando os impactos consequentes, incluindo as secas
persistentes e eventos climáticos extremos, a elevação do nível do mar, a erosão
costeira e a acidificação dos oceanos, ameaçando ainda mais a segurança
alimentar e comprometendo os esforços para erradicar a pobreza e alcançar o
desenvolvimento sustentável. Nesse sentido, enfatizamos que a adaptação à
mudança climática representa uma prioridade global imediata e urgente (Rio+20.
Declaração Final da Conferência das Nações Unidas Sobre Desenvolvimento
Sustentável)”.

Relatório Rio+20 - o Modelo Brasileiro - Relatório de Sustentabilidade da


Organização da Conferência das Nações Unidas Sobre Desenvolvimento
Sustentável.
Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento no Brasil.
Objetivos do Desenvolvimento Sustentável (ODS) – posição brasileira.
ONU. Declaração do Rio sobre Meio Ambiente e Desenvolvimento.
Disponíveis no curso digital (dentro da Plataforma de Ensino).

37
Já conversamos sobre a Rio+20 e os principais resultados. Neste momento, vamos falar um pouco do
papel dos movimentos sociais e organizações não governamentais no combate ao aquecimento global. A
sociedade civil tem uma atuação muito forte nesta área. Primeiramente, vamos visitar a Cúpula dos Povos na
Rio +20 e na COP 20.

Os movimentos sociais e a mudança do clima

“Mudemos o sistema, não o clima! ”


(Tema das discussões da Cúpula da Terra na Rio+20)

A Cúpula dos Povos é um evento paralelo às Conferências das Nações Unidas sobre Desenvolvimento
Sustentável. Organizada pela sociedade civil global, ela convoca e reúne todas as organizações civis e
movimentos sociais (ambientais, sindicais, grêmios estudantis, indígenas, agrários, de mulheres etc.) para
fortalecer uma agenda comum e exercer pressão sobre os tomadores de decisão.
No Rio de Janeiro – Rio+20
Na Rio+20, organizações não governamentais, movimentos sociais e coletivos de todo o mundo foram
um contraponto crítico ao governo e ao setor privado. Com o planeta em crise – econômica, ambiental e
socialmente –, a Cúpula dos Povos deixou uma mensagem clara: as soluções para os problemas que vivemos
hoje já existem, e elas são praticadas por povos de todo o mundo.

As ações da cúpula na Rio+20 foram norteadas por três eixos tendo em vista que os problemas sociais
e ambientais estão à mercê de falsas soluções do governo e da interferência das corporações e da iniciativa
privada nas negociações:
O primeiro eixo discorreu sobre a economia verde, considerada insatisfatória para lidar com a crise
ambiental e da necessidade de dar voz às comunidades diretamente ligadas às regiões mais afetadas pelos
problemas socioambientais da atualidade.
O segundo eixo foi focado na apresentação de soluções e novos paradigmas dos povos. Para isso, foi
montado um segundo espaço, chamado de Território do Futuro. Nele, entidades e comunidades trocaram
saberes e educação popular e apresentaram experiências e práticas como solução para crises globais e
construção da justiça social e ambiental.
No terceiro eixo, de estimulo à articulação de organizações e movimentos para a luta social pós-
Rio+20, a cúpula incentivou os grupos a integrarem agendas e campanhas. Houve também espaço para
atividades culturais e expressões populares.

38
Assista à matéria do Rio+20 - Cúpula dos Povos:
https://www.youtube.com/watch?v=-2vMy5w5fVo

Em Lima, na COP 20
Na COP 20 em Lima, em 2014, participaram da Cúpula dos Povos pelo menos 8 mil pessoas e duzentas
organizações sociais de diversos países, tendo como tema central esta ideia:

Foram previstas atividades e mesas de discussão, divididas em oito eixos temáticos, que não
foram considerados prioritários pela COP 20:
Crise da civilização, mudança social e modelos alternativos de vida social;
Aquecimento global e mudança climática;
Soberania e transição energética;
Agricultura e soberania alimentar;
Gestão sustentável do território e os ecossistemas;
Mulheres e sustentabilidade da vida;
Trabalho digno versus falsas soluções;
“Economia verde" e "empregos verdes".

Vamos conhecer algumas ONGs e movimentos sociais engajados neste tema?

O envolvimento de ONGs e movimentos sociais com a questão da mudança do clima começou com a
entrada em vigor do Protocolo de Quioto, em 2005. Mas foi a partir da divulgação do Quarto Relatório de
Avaliação do IPCC (2007) que a mudança do clima passou a receber maior atenção de muitas organizações.
Mesmo aquelas que não trabalham diretamente com o tema começaram a acreditar que os efeitos
decorrentes da mudança do clima têm uma grande conexão com suas áreas de atuação ou com suas bandeiras
de luta tais como: o desmatamento, construção de hidroelétricas, demarcação de áreas protegidas etc.

Vamos dar alguns exemplos das principais ONGs e Movimentos com destaque nesta área:

Observatório do Clima: uma aliança de ONGs criada, em 2002, para tratar principalmente das
oportunidades e desafios do MDL e florestas, que nos anos seguintes passou a tratar de temas de política
nacional e internacional e monitorar as emissões de GEE pelo Sistema de Estimativas de Emissões de Gases de
Efeito Estuda (SEEG).

39
ONGs que desempenham papel relevante no monitoramento da política florestal e/ou de
ocupação da Amazônia, bem como de outros biomas: Instituto Socioambiental (ISA), SOS Mata Atlântica,
Instituto Pesquisa Amazônica, Greenpeace, Word Wildlife Found (WWF/Brasil), entre outras.

ONGs que trabalham com projetos de captura de carbono e conservação: Instituto de Pesquisas
Ecológicas (IPÊ); Sociedade de Pesquisa em Vida Selvagem e Educação Ambiental (SPVS), entre outras.

Federação de Órgãos para Assistência Social e Educacional (FASE) e Rede Brasileira de Justiça
Ambiental (RBJA): defendem os direitos humanos e das populações atingidas por eventos extremos ou
refugiados ambientais.

Aliança dos Povos da Floresta: tem como objetivo criar espaço para que diferentes povos da floresta
(índios, seringueiros, ribeirinhos, pescadores, entre outros) na América Latina dialogassem sobre políticas de
REDD++ e fossem inseridos no processo de negociações internacionais sobre mudança do clima.

Instituto de Pesquisa amazônicas (IPAM): tem como foco estudos e pesquisas sobre emissões de
gases de efeito estufa provenientes do desmatamento da Amazônia, procurando envolver atores fundamentais,
como os povos da floresta.

Vitae Civilis - Instituto para o Desenvolvimento, Meio Ambiente e Paz: acompanha, desde 1990,
os processos que envolvem tanto a política nacional quanto internacional de mudança do clima.

Documentos finais da Cúpula dos Povos na Rio+20 por Justiça Social e


Ambiental.
Notícias sobre a Rio+20 - Cúpula dos Povos.
Panorama de atores e iniciativas no Brasil sobre Mudanças do Clima (2008).
Disponíveis no curso digital (dentro da Plataforma de Ensino).

Já falamos da Cúpula dos Povos e da reação dos movimentos sociais aos resultados da Rio+20. Agora,
falaremos sobre os processos de conferências nacionais de meio ambiente no Brasil com destaque à III
Conferência Nacional de Meio Ambiente, cujo tema foi “Mudança do Clima”.

40
As Conferências Nacionais de Meio Ambiente e a III CNMA sobre mudança do
clima

Os grandes sucessos
dependem de incidentes
Pequenos.
(Demóstenes)

O modelo de gestão participativa, realizado por meio de conferências nacionais, ganhou impulso a
partir de 2003 com o objetivo de compartilhar o poder e a corresponsabilidade entre o Estado e sociedade civil
na elaboração das políticas públicas. No âmbito do Ministério do Meio Ambiente, foram realizadas quatro
Conferências Nacionais (em 2003, 2005, 2008 e 2010) com temas relevantes que precisavam ser conhecidos e
discutidos com a sociedade.
Na I CNMA (2003) e na II CNMA (2005) foram discutidos respectivamente:

Fortalecimento do Sistema Nacional do Meio Ambiente (Sisnama)


Gestão Integrada das Políticas Ambientais e Uso dos Recursos Naturais

Esses temas foram bem abrangentes, pois visavam ao fortalecimento da política ambiental como um
todo. Foi dada ênfase na prevenção e controle do desmatamento na Amazônia; na criação e consolidação de
unidades de conservação, no Desenvolvimento Sustentável da BR 163 até a revitalização da bacia do Rio São
Francisco, entre outros temas.
Já a III CNMA, realizada em 2008, teve o desafio de debater uma das principais preocupações
ambientais do planeta: as mudanças do clima. O tema, que até então estava restrito à comunidade científica e
governos, ganhou as ruas após a divulgação dos últimos relatórios do Painel Intergovernamental de Mudança
do Clima (IPCC). Atualmente, o mundo inteiro se debruça na busca de soluções para enfrentar os impactos
causados pelo aquecimento global.
Já a III CNMA, realizada em 2008, teve o desafio de debater uma das principais preocupações
ambientais do planeta: as mudanças do clima. O tema, que até então estava restrito à comunidade científica e
governos, ganhou as ruas após a divulgação dos últimos relatórios do Painel Intergovernamental de Mudança
do Clima (IPCC). Atualmente, o mundo inteiro se debruça na busca de soluções para enfrentar os impactos
causados pelo aquecimento global.
Em 2007, o Programa Brasileiro de Álcool Combustível, o Plano Nacional de Combate à
Desertificação e o Plano Nacional de Recursos Hídricos foram iniciativas que contribuíram muito para reduzir
as emissões de GEE.

41
As 660 deliberações de competência do MMA e de outros órgãos foram divididas por
temas:
Biodiversidade e Florestas;
Qualidade Ambiental nos Assentamentos Humanos;
Águas e Recursos Hídricos;
Fortalecimento do Sisnama e Controle Social;
Elementos de uma Estratégia Nacional para o Desenvolvimento Sustentável.

As deliberações foram sistematizadas e agrupadas por semelhança de conteúdo, para facilitar os


debates na plenária nacional.

As propostas aprovadas durante a Conferência foram entregues ao Comitê Interministerial de Mudança


do Clima, que subsidiou a Política e o Plano Nacional sobre Mudança do Clima.

Se você quiser conhecer todas as deliberações da III CNMA, vá ao site:


MINISTÉRIO DO MEIO AMBIENTE. Mudança do Clima. Sistema de
Acompanhamento das Deliberações:
http://www.mma.gov.br/responsabilidade-socioambiental/conferencia-nacional-
do-meio-ambiente/sistema-de-acompanhamento-das-deliberacoes

Muitas resoluções dessas conferências geraram leis, eventos, campanhas, pesquisas, programas e
projetos de fomento do MMA. Concretizando algumas deliberações da III CNMA, foi realizada, em 2010, a I
Conferência Nacional de Saúde Ambiental coordenada pelos Ministérios da Saúde, Cidades e Meio Ambiente,
cujas resoluções deram origem ao Fórum Brasileiro de Saúde Ambiental.

No marco de cada edição da CNMA foram realizadas, em parceria com o


Ministério da Educação, as Conferências Nacionais Infanto-Juvenis pelo Meio
Ambiente. Mais de 11 milhões de estudantes entre 11 e 14 anos participaram do
processo, que envolveu mais de 27 mil escolas em todo Brasil. Como resultado,
elas aprovaram as “Cartas de Responsabilidades” que foram entregues pelas
crianças ao Presidente da República e aos Ministros de Estado da Educação e do
Meio Ambiente. Veja também as publicações da III Conferência Infanto-Juvenil
para o Meio Ambiente sobre as mudanças socioambientais globais: Terra
Fogo, Água e Ar.
Disponíveis no curso digital (dentro da Plataforma de Ensino).

42
MINISTÉRIO DO MEIO AMBIENTE. III CNMA - Mudança do Clima. Caderno
de Debate.
MINISTÉRIO DO MEIO AMBIENTE. III CNMA - Mudança do clima. Texto base
consolidado.
Disponíveis no curso digital (dentro da Plataforma de Ensino).

Apresentaremos a IV Conferência Nacional do Meio Ambiente, cujo tema foi Resíduos Sólidos. Já
falamos da relação entre emissão de GEE e resíduos sólidos, não é? Vamos aprofundar um pouco esta discussão.

O tema Resíduos Sólidos também foi um dos focos da Rio+20. Debateu-se a necessidade de como
produzir mais, usando mais energias renováveis, menos recursos naturais e gerando menos resíduos e, portanto,
menos emissões de GEE.
A partir das deliberações da III CNMA em 2008, o governo entendeu a urgência de se elaborar uma
lei com obrigações, direitos e deveres para todos os segmentos sociais. Assim, após 21 anos de negociações e
ampla participação social, foi instituída a Política Nacional de Resíduos Sólidos (PNRS) (Lei nº 12.305 de
2010). Essa lei responsabiliza toda a sociedade brasileira pela gestão integrada e pelo gerenciamento dos
resíduos sólidos, apresentando três conceitos cruciais:
Gestão integrada dos resíduos sólidos;
Responsabilidade compartilhada pelo ciclo de vida dos produtos;
Logística reversa.

Contexto
Com quase 84% de seus 201 milhões de habitantes vivendo em cidades, o Brasil enfrenta o imenso
desafio da concentração de resíduos e esgotos, com a consequente concentração da poluição química e
biológica nos solos e nos corpos d’água. As coletas de lixo e de esgotos aumentam a cada ano, porém a
destinação dos detritos coletados nem sempre é a desejável do ponto de vista ambiental. Para efeito de cálculo
das emissões, o setor de Resíduos inclui os GEE derivados do tratamento e disposição de resíduos sólidos,
esgotos domésticos e industriais, além das emissões resultantes da incineração de resíduos sólidos.
Os resíduos das atividades agropecuárias, como dejetos animais e restos de culturas agrícolas, não
estão incluídos neste setor. Eles são contabilizados nas estimativas de emissões do setor Agropecuário.

43
O setor de Resíduos no Brasil contribuiu com 1.460,5 Mt CO2e (período 1970 –
2014) de emissões de GEE brutas. Entre 1970 e 2014, o total de emissões derivadas de
Resíduos passou de 12 milhões de toneladas de CO2e para 68,3 milhões de toneladas
de CO2e (GWP), um crescimento superior a 450% em 44 anos!

Em 2014, as emissões de GEE dos resíduos sólidos representam 53,2% do total do setor Resíduos. A
geração de resíduos sólidos urbanos em todo o país, no ano 2014, foi de quase 71.260 toneladas, ou 0,96 quilos
por habitante/dia, segundo dados da Associação Brasileira de Empresas de Limpeza Pública e Resíduos Especiais
(Abrelpe).

Qual a relação dos resíduos com o ar?


Já falamos sobre isto! O acúmulo de resíduos sólidos domésticos, como resíduos orgânicos, em lixões
ou aterros sanitários, favorece a fermentação por bactérias na ausência de oxigênio (anaeróbica).
Essa fermentação gera metano (CH4) e as emissões podem durar muitos anos. Aterros sanitários geram
mais metano do que aterros controlados, porém seu potencial de redução de emissões é grande, se o metano
for recuperado é usado como combustível. A incineração de resíduos sólidos é um assunto muito polêmico, pois
esse tipo de tratamento gera as dioxinas, um composto químico causador de uma grande variedade de
problemas de saúde humana.
Por outro lado, os esgotos domésticos emitem metano (CH4) e, em menor proporção, óxido nitroso
(N2O). As emissões são maiores em estações de tratamento com processos anaeróbicos, porém, essas estações
também têm bom potencial para a redução de emissões com a recuperação e o uso do metano como
combustível – emissões dos aterros, lembra?
E em relação ao tratamento de efluentes industriais, devido à decomposição de matéria orgânica em
meio aquoso, as emissões de GEE variam conforme a carga e as características da matéria orgânica presente nos
efluentes industriais. O metano (CH4) é o principal gás emitido, seguido do óxido nitroso (N2O). No Brasil, as
cervejarias respondem pelas maiores emissões, seguidas por laticínios e indústrias de papel e celulose.

IV Conferência Nacional do Meio Ambiente


Considerando a urgência de esclarecer e debater este tema, foi realizada em 2013 a IV Conferência
Nacional do Meio Ambiente para discutir a implementação da Política Nacional de Resíduos Sólidos (PNRS),
com foco nos seguintes temas:

Produção e Consumo sustentáveis


Como podemos consumir de forma consciente produzindo menos lixo.

Redução dos Impactos Ambientais

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Conscientizar o cidadão para reduzir e descartar de forma consciente o lixo que produz de forma a
reduzir as enchentes, os lixões, diminuir a poluição dos mares, proteger as nascentes dos rios, os animais, as
plantas, nossa saúde e emissões de GEE.

Geração de Emprego e Renda


Melhorar as condições de vida das pessoas que hoje tiram o sustento de suas famílias dos lixões. Isto
inclui estimular a sua organização em cooperativas de catadores e transferir suas atividades para galpões
preparados e equipados para a separação e reciclagem dos resíduos, gerando emprego e renda para estas
pessoas.
Caro(a) cursista, chegamos ao final da nossa aula e aqui pudemos conhecer vários eventos
mundiais/nacionais com o objetivo de sensibilizar a todos e elaborar possibilidades econômicas, sociais e
ambientais para controlar o aquecimento global.

No terceiro módulo, vamos aprender as especificidades dos biomas do Brasil e as suas vulnerabilidades
socioambientais, bem como as políticas ambientais para mitigar e adaptar. Já vimos algumas políticas aqui no
Módulo 02, mas vamos intensificá-las, levando em conta as particularidades de cada território de estudo.

Até lá.

45

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