DISCIPLINA: TEORIA E METODOLOGIA DA HISTÓRIA DOCENTE: DURVAL MUNIZ | DISCENTE: JÉSSICA GUEDES KOSELLECK, Reinhart. Espaço e história. In: Estratos do tempo; Estudos sobre História. Koselleck vai discutir como o tempo e espaço estão relacionados e de como a representação de um se mostra em unidades espaciais, pois, segundo ele, para representar o tempo é preciso usar metáforas, uma vez que este só é “visto” por meio do movimento em unidades espaciais. E como essas unidades, espaço e tempo estão amalgamadas. O historiador precisa servir-se dessas metáforas retiradas da noção espacial se quiser tratar adequadamente as perguntas sobre diferentes tempos. p. 9. O autor tem como um dos pontos de sua análise o tempo histórico ou os tempos históricos se distinguem dos tempos naturais, embora saiba que estes se relacionam e que os homens utilizam essas cronologias que aprendeu a dominar e depois de apreender a historia naturalis, a velha temporalização, pode no século XVIII se debruçar no que Koselleck chama de “estratos do tempo”, o que nos dar a saber que não abandona o caráter geológico do conceito de história. A criação não é obra de um momento” – ela abrange e estrutura o processo a natureza, infinitamente aberto ao futuro. “A criação jamais termina. [...] Realiza uma obra que estabelece uma relação com o tempo, que e desdobra nela.” P. 10-1. A longa duração, de Fernand Braudel, precisa ter seus aspectos temporais diferenciados, de modo que essas delimitações geográficas e biológicas escapam à intervenção humana, que ritualizam, formam-nas em estruturas e ajudam a estabilizar as sociedades. A abordagem metodológica de Fernando Braudel será desconectada do circuito paralelo das durações longas, curtas e situacionais para ser reconduzida a um padrão antropológico comum, básico, que comporta distintos estratos do tempo. p.13. A história cronológica e a história da linguagem podem estar relacionadas, uma vez que a linguagem expressa em maior ou menor grau o que a história escreve, ou melhor, o que sua narrativa escreve. Sigo inclinado a interpretar de forma aporética a relação entre a história da linguagem e a história factual: a linguagem pode expressar sempre mais (ou menos) conteúdo do que aquele que existe na história real. P. 14. Kosseleck aponta, ainda, que as transformações de acelerações reais do tempo, capazes de transformar as sociedades, só aconteceram no mundo moderno, o que permite pensar em como as movimentações dos sujeitos nas sociedades modernas junto ao capitalismo mudaram as relações e percepções do espaço-tempo. As categorias formais dentro/fora, acima/abaixo, antes/depois pertencem às figuras básicas que permitem deduzir todas as histórias, mesmo que o conteúdo delas se diferencie infinitamente, são determinações antropológicas de diferença, das quais brotam consequências temporais. P. 15. No tópico Espaço e História Koselleck vai tratar de uma questão cara à historiografia: como esses conceitos podem ser empregados, sem parecerem genéricos. É preciso considerar no esboço dessa discussão como a história se separou da natureza, de como as ciências a partir do século XVIII tematizaram história e natureza descolando uma da outra e estabelecendo novos métodos, o que foi nomeado de ciência natural. Outro fator que o autor leva em conta é como os termos espaço e tempo e espaço e história não são sinônimos e é a partir de Kant e Herder que os termos espaço e tempo refere-se a um espaço histórico e um tempo histórico. Koselleck remonta uma tradição kantiana, também utilizada por Droysen – na qual critica, pois, como diz Herder os sujeitos históricos estão condicionados a um tempo e espaço circunscrito – para tentar demonstrar como esses conceitos espaço/tempo estão imbricados e como sua separação causaria um comprometimento nessas concepções. Ele adota a perspectiva transcendental de Kant e diz que o espaço e tempo “mantêm uma correlação que sua separação jogaria por terra tudo o que conhecemos por meio da percepção [...]. As concepções absolutamente gerais de espaço e de tempo são vazias”, pois precisam ser preenchidas empiricamente. KOSELLECK, 2014. p. 75.
O espaço fora negligenciado ao longo da tradição historiográfica por muito tempo,
visto que Bernheim afirma que a matéria histórica não permitia uma sistematização, afirmando que ela se fundamenta numa sequência temporal. Koselleck vai alertar para sua ideia central: a de que só há história se houver um espaço e um tempo, mas esse espaço precisa ser considerado como tendo uma história e de que é preciso historicizá-lo, uma vez que suas mudanças estão inscritas nos âmbitos social, econômico e político. Teve um papel fundamental para abertura da discussão do conceito espaço, a geografia histórica que no início da modernidade fez com que houvesse uma reconstrução dos espaços de vida e ação de unidades políticas, jurídicas, econômicas, sociais, levando em conta as condições meta-históricas, que é o que ele chama da história que não esta necessariamente ligada ao controle humano, à sua interferência, como o clima, mar, montanhas, etc. Embora aponte que essas indeterminações meta-históricas podem se converter em fatores históricos. Analisando o termo geopolítica, que o autor entende como sendo um capo que se ocupa com questões que têm a ver com os determinantes da liberdade humana, pode-se compreender como o há interferências extra-históricas que condicionam os fatos históricos, o que coloca as premissas geopolíticas ser errôneas, pois correm o risco de partir de premissas deterministas, o que não dá conta das análises do espaço-tempo. A geopolítica se via como ciência prática, como assessoramento político. Aqui, basta acrescentar que a políticas alemã foi mal aconselhada na época de Hitler. À luz dos critérios racionais de uma análise geográfica e histórica do espaço e de suas potencialidades militares, Hitler não deveria sequer ter iniciado a guerra (KOSELLECK, 2014. p. 83).
A comparação do tempo que há espaço na terra e como habitamos e nos
reconhecemos é pertinente para entender como significamos o espaço e de que modo a cronologia do tempo se relaciona com os fatos históricos, o que ele chama de período estruturado da nossa história, contrário ao pensamento de Bernheim. O autor enfatiza as mudanças que marcam as relações temporais na história da humanidade, no percurso em que saltamos de meio bilhão de pessoas, no século XVII para 6 bilhões de pessoas no ano 2000 e isso mostra como o tempo foi acelerado em detrimento das relações de produção, uma vez que essa modifica a qualidade dos elementos históricos e a meta-história.
Debatendo estratégias de abordagem do conceito de iberismo através da análise das obras-clássicas do mexicano Samuel Ramos e do brasileiro Sérgio Buarque de Holanda: El perfil del hombre y la cultura en México (1934) – Raízes do Brasil (1936).
Lisiane Costa Claro - Entre A Pesca e A Escola - A Educao Dos Povos Tradicionais A Partir Da Comunidade Pesqueira Na Ilha Da Torotama Rio Grande-Rs PDF