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Metas da aula
• Apresentar a condição necessária e suficiente para que uma força seja
conservativa.
Objetivos
Esperamos que, após o estudo do conteúdo desta aula, você seja
capaz de:
• calcular a energia potencial para uma dada força, incluindo, aqui, saber
especificar o caminho de integração conveniente;
109 CEDERJ
Energia potencial em 3-D: o potencial gravitacional
Portanto, duas dimensões espaciais não são suficientes para seres vivos
tão complexos como nós. Por outro lado, se o espaço tivesse quatro ou mais
dimensões, a força gravitacional entre dois corpos diminuiria mais rapida-
mente à medida que eles se afastassem um do outro. Como conseqüência, os
planetas não teriam órbitas estáveis ao redor de seus sois. Ou eles cairiam
no sol, ou escapariam para a escuridão e o frio externos e não terı́amos tido
a chance de existir. A situação seria, na verdade, ainda mais desfavorável:
as órbitas dos elétrons nos átomos também não seriam estáveis, e a matéria
como a conhecemos não existiria. Claro que este assunto não tão simples
assim. Ele está sendo apresentado apenas como curiosidade. Se você quiser
conhecer mais sobre esse tema, sugerimos que leia o livro O universo numa
casca de noz, de Stephen Hawking, editora ARX, 2002.
No espaço tridimensional, a força gravitacional varia com o inverso
do quadrado da distância (a força eletrostática também). Devido a esta de-
pendência com o inverso do quadrado da distância, uma grande simplificação
CEDERJ 110
Energia potencial em 3-D: o potencial gravitacional
MÓDULO 1 - AULA 5
ocorre: para os propósitos de gravidade, uma esfera age do mesmo modo que
uma massa puntiforme em seu centro. Assim também a força gravitacional
entre duas esferas é a mesma que se elas fossem substituı́das por duas mas-
sas puntiformes. Caso contrário, descrever, por exemplo, o movimento dos
planetas seria uma tarefa bem complicada.
A força gravitacional é uma força conservativa, podendo, portanto,
como já definimos antes em 1-D, ser derivada de uma energia potencial.
Nesta aula você verá, no entanto, que, em três dimensões, depender só da
posição é uma condição necessária, mas não é condição suficiente para que
uma força seja conservativa.
A formulação de uma lei de força do inverso do quadrado da distância
pode ser feita de uma forma compacta e poderosa através da lei de Gauss.
Para isso, vamos introduzir a noção de campo vetorial e o conceito de fluxo
de uma quantidade vetorial. Também introduziremos o potencial, uma quan-
tidade escalar e, portanto, mais simples, a partir da qual podemos calcular
o campo.
d 1 2 d 1 2 d 1 2
mv = Fx vx , mv = Fy vy , mv = Fz vz (5.2)
dt 2 x dt 2 y dt 2 z
111 CEDERJ
Energia potencial em 3-D: o potencial gravitacional
d 1 2 → →
mv =F · v (5.4)
dt 2
t2 →
1 2 1 2
mv − mv = F ·
vdt (5.5)
2 2 2 1 t1
→ → → →
Como v dt = d r e sendo F uma função de r , podemos escrever o lado
direito da Equação (5.5) como uma integral de linha:
→
r2
1 1 →
T2 − T1 = mv22 − mv12 = →
F · d
r (5.6)
2 2 r1
onde a integral deve ser tomada ao longo da trajetória seguida pela partı́cula
→ →
entre os pontos r 1 e r 2 . Esta integral é simplesmente o trabalho realizado
sobre a partı́cula quando ela se move ao longo do caminho considerado entre
→ →
os pontos r 1 e r 2 . A Equação (5.6) é a forma integrada do teorema trabalho-
energia.
Em uma dimensão, o fato de a força depender somente da posição é
uma condição necessária e suficiente para que ela possa ser derivada de uma
energia potencial. A energia potencial é definida como o trabalho realizado
pela força quando a partı́cula vai de uma posição x até algum ponto de
referência xs :
xs
V (x) = F (x ) dx (5.7)
x
→ →r
→ →
V r = − → F r · d
r (5.8)
r0
CEDERJ 112
Energia potencial em 3-D: o potencial gravitacional
MÓDULO 1 - AULA 5
→ →
∇ × F= 0 (5.9)
→ →
Primeiro vamos mostrar que ∇ × F = 0 é uma condição necessária para
independência de trajetória. Em outras palavras, “Se V (
r) é independente
→ →
de trajetória, então ∇ × F = 0”. Se V (
r) é independente de trajetória, então
é legal escrever a forma diferencial da Equação (5.8). Isto é,
→ →
dV r = − F · d
r = − (Fx dx + Fy dy + Fz dz) (5.10)
→ ∂V ∂V ∂V
dV r = dx + dy + dz (5.11)
∂x ∂y ∂z
As duas equações anteriores devem ser equivalentes para dx, dy e dz
arbitrários. Portanto, devemos ter
∂V ∂V ∂V
(Fx , Fy , Fz ) = − , , (5.12)
∂x ∂y ∂z
ou seja, a força é o gradiente do potencial,
→ →
F= − ∇ V (5.13)
Portanto,
→ → → →
∇×F=−∇×∇V =0 (5.14)
113 CEDERJ
Energia potencial em 3-D: o potencial gravitacional
→ →
Aqui, C é uma curva arbitrária que fazemos passar por r e r 0 . S é
uma superfı́cie arbitrária que tem C como fronteira. E dA
tem módulo igual
a um elemento infinitesimal de área em S, e direção ortogonal a S.
→ → →
A Equação (5.15) diz que, se ∇ × F = 0 em todo lugar, então C F
·d
r = 0 para qualquer curva fechada. Mas, olhando a Figura 5.3,
→
r →
r0 →
r →
r
→ → → → → → → → → →
F ·d r = →
F ·d r + →
F ·d r = →
F ·d r − →
F ·d r
C r0 (1) r (2) r0 (1) r0 (2)
(5.16)
→ →
Logo, se F ·d r = 0, a Equação (5.16) nos diz que
C
→
r →
r
→ → → →
→
F ·d r = →
F ·d r (5.17)
r0 (1) r0 (2)
→ →
para dois caminhos arbitrários (1) e (2) ligando r e r 0 .
→
r2 → →
r0 → →
r2 →
→ → →
F ·d r = → F ·d r + → F ·d r =
→
r2 r1 r0
r→1 r→2 → → (5.18)
→ → → →
= − → F ·d r + → F ·d r = V r 1 − V r 2
r0 r0
→ → → →
T2 − T1 = V r 1 − V r 2 ⇒ T2 + V r 2 = T1 + V r 1 , (5.19)
CEDERJ 114
Energia potencial em 3-D: o potencial gravitacional
MÓDULO 1 - AULA 5
Forças centrais
→→ ∧
F r = F (r) r (5.20)
→ →
Vamos mostrar explicitamente que ∇ × F = 0 para uma força central.
→
Primeiro, note que F pode ser escrita como
→ ∧ x∧ y ∧ z ∧
F (x, y, z) = F (r) r= F (r) i+ j+ k (5.21)
r r r
∧ ∧ ∧
onde i , j e k são os unitários nas direções x, y e z, respectivamente. Agora,
∂r ∂ x2 + y 2 + z 2 x
= = (5.22)
∂x ∂x r
e, similarmente,
∂r y
= (5.23)
∂x r
∂r z
= (5.24)
∂z r
→ →
para y e z. Tomemos, por exemplo, a componente z de ∇ × F
→ → ∂Fy ∂Fx
∇×F = − (5.25)
z ∂x ∂y
Temos que
∂Fy ∂ (F/r) d F ∂r xy d F
=y = y =
∂x ∂x dr r ∂x r dr r
(5.26)
∂Fx ∂ (F/r) d F ∂r yx d F
=x = x =
∂y ∂y dr r ∂y r dr r
→ →
onde usamos as Equações (5.22) e (5.23). Assim, ∇ × F = 0. Do mesmo
z
modo para as componentes x e y.
115 CEDERJ
Energia potencial em 3-D: o potencial gravitacional
As forças centrais são importantes porque estão em toda parte, já que
a força de Coulomb e a força gravitacional são centrais. Também são impor-
tantes do ponto de vista histórico, pois foi para explicar o movimento sob a
ação da força gravitacional que Newton formulou a Mecânica. Estudaremos
o movimento sob uma força central, detalhadamente, mais adiante em nosso
curso.
Ao tratar de forças centrais, é conveniente usar coordenadas polares
esféricas (r, θ, φ) definidas como na Figura 5.4 ou pelas equações
CEDERJ 116
Energia potencial em 3-D: o potencial gravitacional
MÓDULO 1 - AULA 5
→
GMm ∧
F (r) = −
r (5.28)
r2
onde o sinal menos indica que a força é atrativa. Qual será a força se a
massa puntiforme M for substituı́da por uma esfera de raio R e massa M ?
Se a esfera tiver uma distribuição esfericamente simétrica de massa, ou seja,
se sua densidade for uma função só de r, então a resposta é que continua
sendo −GMm/r 2 . Para os propósitos da gravidade, é como se toda a massa
da esfera estivesse em seu centro. Nós vamos usar este resultado quando
estivermos estudando o movimento dos planetas.
Para provar este resultado, é muito mais fácil primeiro calcular a energia
potencial devido a uma esfera e depois tomar a derivada para obter a força
em vez de calcular a força explicitamente. Isto porque a energia potencial é
um escalar, enquanto a força é um vetor. É suficiente demonstrar o resultado
para uma casca esférica fina, uma vez que uma esfera é a soma de muitas de
tais cascas. Para isso, vamos dividir a casca em anéis, como mostra a Figura
5.6. Seja R o raio da casca e P o ponto onde queremos calcular o potencial,
a uma distância r de seu centro.
117 CEDERJ
Energia potencial em 3-D: o potencial gravitacional
Figura 5.6: Método de calcular a energia potencial de uma casca esférica. Em (a), a
casca é dividida em anéis. E em (b) mostramos as distâncias relevantes.
Nós agora devemos considerar dois casos. Se r > R, então nós temos
CEDERJ 118
Energia potencial em 3-D: o potencial gravitacional
MÓDULO 1 - AULA 5
→ ∧ ∂ ∧1 ∂ ∧ 1 ∂
∇=r +θ +φ (5.33)
∂r r ∂θ rsenθ ∂φ
Então,
→ ∧ dV (r) GMm ∧
F=−r = − 2 r, se r>R (5.34)
dr r
e
→
F = 0, se r>R (5.35)
Lei de Gauss
A lei de força do inverso do quadrado da distância pode ser reformulada
de uma maneira muito elegante, compacta e poderosa chamada lei de Gauss.
Precisaremos do conceito de campo e da definição do fluxo deste campo
através de uma superfı́cie.
Para introduzir o conceito de campo vetorial, consideremos a atração
gravitacional da Terra, que vamos supor esférica, sobre uma partı́cula fora
dela. A força depende tanto da massa da partı́cula sendo atraı́da quanto de
sua localização relativa ao centro da Terra. Esta força atrativa dividida pela
massa da partı́cula depende somente da Terra e da localização do objeto
atraı́do. Podemos, portanto, atribuir a cada ponto do espaço um vetor
g
dado por
→
→
g= F (5.36)
m
ou
119 CEDERJ
Energia potencial em 3-D: o potencial gravitacional
→ GMT ∧
g= − r (5.37)
r2
Assim, nós podemos imaginar uma coleção de vetores por todo o espaço,
em geral diferentes em módulo e direção em cada ponto do espaço, e que
define a atração gravitacional da Terra sobre uma partı́cula teste localizada
numa posição qualquer. A totalidade de tais vetores é chamada campo, e os
próprios vetores são chamados intensidades do campo.
GMT
Φ = 4πr 2g (r) = −4πr 2 = −4πGMT (5.38)
r2
→
Φ é o fluxo do campo gravitacional g através da superfı́cie da esfera.
Note que este resultado é independente de r.
CEDERJ 120
Energia potencial em 3-D: o potencial gravitacional
MÓDULO 1 - AULA 5
Figura 5.8: (a) Superfı́cie gaussiana envolvendo uma partı́cula de massa M. Existe um
fluxo gravitacional resultante devido à massa M. (b) Superfı́cie gaussiana não envolvendo
M. O fluxo resultante neste caso é zero.
→ → GM
dΦ = g · d A= − cos θdA (5.39)
r2
→ →
Agora, dA cos θ é igual à projeção de d A perpendicular a r , e o quo-
ciente dA cos θ/r 2 é o elemento de ângulo sólido, dΩ, subentendido em M por
dA. Assim, podemos escrever
dΦ = −GMdΩ (5.40)
→
O fluxo total de g , através da superfı́cie, definido deste modo, é então
obtido integrando-se sobre todas as contribuições dΩ. Mas isto significa sim-
plesmente incluir o ângulo sólido completo, 4π. Temos, portanto,
→ →
Φ= g ·d A= −GM dΩ = −4πGM (5.41)
A
121 CEDERJ
Energia potencial em 3-D: o potencial gravitacional
dA1 cos θ1 dA2 cos θ2
dΩ = −GM +
r12 r22
(5.42)
= −GM (−dΩ + dΩ)
= 0
O fluxo total é zero neste caso. Note que os resultados (5.41) e (5.42)
são uma conseqüência direta do fato de a força seguir uma lei do inverso do
quadrado da distância exata. Estes resultados são facilmente generalizados
para uma distribuição de massa qualquer:
→ →
Lei de Gauss Ω= A
g ·d A= −4πGMtotal (5.43)
ML
Figura 5.9: Túnel através da Lua. Também mostramos a superfı́cie gaussiana para o
cálculo do campo.
CEDERJ 122
Energia potencial em 3-D: o potencial gravitacional
MÓDULO 1 - AULA 5
ML 4π 3 ML 3
M= 3
· r = 3r (5.45)
4π/3RL 3 RL
Substituindo este resultado na Equação (5.44), achamos
GML
g (r) = − r (5.46)
RL3
A força sobre uma partı́cula de massa m a uma distância r do centro é
então
GmML
k= (5.48)
RL3
O movimento é, portanto, harmônico simples, com um perı́odo
2π m RL3
T = = 2π = 2π (5.49)
ω k GML
Para
→ encerrar, vamos apresentar a forma diferencial da lei de Gauss.
Seja ρ r uma distribuição de massa qualquer. Então, a massa total dentro
de uma superfı́cie gaussiana nesta distribuição é
Mtotal = ρdV (5.50)
V
onde V é o volume envolvido pela superfı́cie gaussiana. Por outro lado,
podemos usar o teorema da divergência para escrever
−
→ →
− − −
→
g · dA = ∇ ·→
g dV (5.51)
V
− −
→
∇ ·→
g = −4πGρ (5.52)
123 CEDERJ
Energia potencial em 3-D: o potencial gravitacional
Resumo
→ −
− →
Uma força é conservativa se ∇ × F = 0. A energia potencial associada
−
→ −
→ −
→
−
→ →
−
r
−
a F é V ( r ) = − F r · d→ r , sendo o valor da integral independente
→
−
r0
do caminho escolhido para ir de −→r até −
0
→r . Você deve escolher o caminho de
integração que for mais conveniente (no sentido de simplificar os cálculos).
As importantes forças centrais, F
= F (r)r̂ , são conservativas. Para uma
força central que varie com o inverso do quadrado da distância, vale a lei
de Gauss, e vice-versa. Para o campo gravitacional, a lei de Gauss pode ser
→
− →
−
escrita na forma integral, g · d A = −4πGM, ou na forma diferencial,
→ −
−
∇ ·→ g = −4πGρ. Esta última fornece uma equação diferencial para o poten-
cial gravitacional, a equação de Poisson.
Problemas
5.1. Quais destas forças são conservativas? Encontre o potencial para
aquelas que são.
(a) Fx = ayz + bx + c, Fy = axz + bz, Fz = axy + by , onde a, b e c
são constantes arbitrárias.
(b) Fx = −ze−x , Fy = ln z, Fz = e−x + y/z.
(c) F
= ar̂/r
5.2. Mostre que a auto-energia gravitacional de uma esfera uniforme
de massa M e raio R é
3 GM 2
V =− (5.53)
5 R
Obs.: A auto-energia é o trabalho que um agente externo teve de realizar
para colocar juntas todas as partı́culas, que formam o objeto, trazendo-as
desde o infinito. Aqui estamos considerando somente a parte gravitacional.
5.3. Se o campo gravitacional é independente da distância radial dentro
de uma esfera, encontre a função descrevendo a densidade ρ = ρ(r) da esfera.
5.4. A Equação de Poisson. O vetor campo gravitacional
g (
r) de uma
distribuição de massa é definido como sendo a força por unidade de massa
sobre uma partı́cula no ponto
r . Como a força é igual a menos o gradiente da
energia potencial, vemos que a energia potencial gravitacional por unidade
de massa, ou simplesmente potencial gravitacional, que vamos representar
por ϕ, é uma função tal que
g = −∇ϕ.
CEDERJ 124
Energia potencial em 3-D: o potencial gravitacional
MÓDULO 1 - AULA 5
∇2 ϕ = 4πGρ (5.54)
Gρ(r
)
ϕ(
r) = − dV (5.55)
|
r − r |
GM
ϕ(r) = − √ (5.56)
r 2 + a2
Determine a distribuição de massa ρ(r) correspondente a esse potencial.
5.6. Uma pequena rocha esférica coberta de areia aproxima-se radial-
mente de um planeta. Sejam R o raio do planeta e ρP sua densidade. A
densidade da rocha é ρr . Quando a rocha chega suficientemente próximo do
planeta, a força de maré tendendo a arrancar a areia da rocha será maior que
a força gravitacional atraindo a areia para a rocha. A distância d na qual os
dois efeitos são iguais é chamada limite de Roche. Mostre que
1/3
2ρP
d=R (5.57)
ρr
125 CEDERJ
Energia potencial em 3-D: o potencial gravitacional
CEDERJ 126
Energia potencial em 3-D: o potencial gravitacional
MÓDULO 1 - AULA 5
Figura 5.10
C1 → d
r = îdx , y = 0, z = 0; C2 → d
r = ĵdy , x = x, z = 0 C3 →
d
r = k̂dz , x = x, y = y. Então,
V (
r) = − Fx dx − Fy dy − Fz dz
C1 C1 C1
x y z
= − (bx + c)dx − 0dy − (axy + by)dz
0 0 0
1
= − bx2 − cx − axyz − byz
2
∂Fz ∂Fy 1 1 ∂Fx ∂Fz
(b) − = − = 0, − = −e−x + e−x = 0,
∂y ∂y z z ∂z ∂x
∂Fy ∂Fx
− = 0 − 0 = 0 e a força é conservativa. O potencial é determinado
∂x ∂y
tomando-se o ponto de referência −→r 0 = (0, 0, 1). Temos então,
x −x
y
z
V (
r) = − e dx − 0
0dy − 1
e−x + y
z
dz
0
127 CEDERJ
Energia potencial em 3-D: o potencial gravitacional
GM (r) dM
dV = − (5.59)
r
onde dM = ρ (4πr 2dr) e M (r) é a massa integrada de todas as camadas
precedentes
4π 3
r
M (r) = ρ (5.60)
3
(a auto-energia da camada pode ser ignorada no limite dr → 0). Portanto,
G ρ 4π
3
r 3 ρ (4πr 2 dr)
dV = − (5.61)
r
e
G (4πρ)2 R
G (4πρ)2 5
V =− r 4 dr = − R (5.62)
3 0 15
Agora,
M 3M
ρ= 3
= (5.63)
(4/3) πR 4πR3
e assim,
3M
2
G 4π 4πR3 3GM 2
V =− R5 = − (5.64)
15 5R
O fato de a auto-energia gravitacional ser negativa indica que todo
sistema é gravitacionalmente ligado. A constante G, porém, é muito pe-
quena (G = 6, 67 × 10−11 N · m2 /kg 2) e esta energia de ligação, para objetos
do dia-a-dia, é desprezı́vel quando comparada às ligações quı́micas, de origem
elétrica.
CEDERJ 128
Energia potencial em 3-D: o potencial gravitacional
MÓDULO 1 - AULA 5
GM (r)
g (r) = − (5.66)
r2
onde M (r) é a massa total contida até o raio r
r
M (r) = ρ (r ) 4πr 2 dr (5.67)
0
GM (r)
= g0 = constante (5.68)
r2
Então,
r
2
g0 r = G ρ (r ) 4πr 2dr (5.69)
0
g 1
0
ρ (r) = (5.71)
2πG r
Logo, ρ (r) é inversamente proporcional a r.
5.4. (a) Vimos que o vetor campo obedece à lei de Gauss
− −
→
∇ ·→
g = −4πGρ (5.72)
→
−
Inserindo →
−
g = ∇ϕ no lado esquerdo desta equação, obtemos
− −
→
∇ ·→
g = −∇ · ∇ϕ = −∇2 ϕ (5.73)
e a Equação (5.20) torna-se
∇2 ϕ = 4πGρ (5.74)
129 CEDERJ
Energia potencial em 3-D: o potencial gravitacional
Gdm
dϕ = − →
− (5.75)
−
→r − r
→
− −
→
Agora, o elemento de massa na posição r é dm = ρ r dV e assim,
integrando sobre toda a distribuição, temos o resultado procurado
→
Gρ −r
→
−
ϕ ( r ) = − → dV
− (5.76)
→
−
r − r
Figura 5.11
2 1 ∂ 2 ∂ 1 ∂ ∂ 1 ∂2
∇ = 2 r + 2 senθ + 2 (5.77)
r ∂r ∂r r senθ ∂θ ∂θ r sen2 θ ∂φ2
−5/2
2 1 ∂ 2 ∂ϕ 2 ∂ϕ ∂ 2 ϕ 3GM r2
∇ ϕ= 2 r = + 2 = 1+ 2 (5.78)
r ∂r ∂r r ∂r ∂r a3 a
CEDERJ 130
Energia potencial em 3-D: o potencial gravitacional
MÓDULO 1 - AULA 5
−5/2
3GM r2
ρ (r) = 1+ 2 (5.79)
4πa3 a
Esta é distribuição de densidade de Plummer, e é usada como um mo-
delo analı́tico (toy model ) para aglomerados globulares ou galáxias. O perfil
da densidade está no gráfico da Figura 5.12.
Figura 5.12
Figura 5.13
GMm GMm
Fmaré =− 2 +
(d + r) d2
GMm r −2 GMm 2r 2GMmr
= 1 − 1 + = 1 − 1 + =
d2 d d2 d d3
(5.80)
Fmaré é a chamada força de maré longitudinal. Já a força exercida pela
rocha sobre a partı́cula de massa m em sua superfı́cie é
131 CEDERJ
Energia potencial em 3-D: o potencial gravitacional
GMr m
FR = (5.81)
r2
Fazendo Fmaré = FR , obtemos para d :
2M 3
d3 = r (5.82)
Mr
Para uma esfera uniforme de massa M e densidade ρP e raio R,
4
M = πR3 ρP (5.83)
3
Similarmente,
4
Mr = πr 3 ρr (5.84)
3
Logo,
3 2 43 πR3 ρP 3 2ρP
d = r = R3 (5.85)
4 3 ρr
πr ρr
3
ou
1/3
2ρP
d=R (5.86)
ρr
5.7. Solução: cada partı́cula move-se numa órbita circular. A gravi-
dade é responsável pela aceleração centrı́peta:
2
−
→ v
g (r) = − r! (5.87)
r
Por outro lado, usando a lei de Gauss com uma superfı́cie gaussiana
esférica de raio r, concluı́mos que
−
→g (r) = −
GM (r)
r! (5.88)
r2
onde M (r) é a massa total das estrelas no interior da superfı́cie gaussiana.
Igualando as duas expressões, obtemos
r
2
v r = GM (r) = G ρ (r ) 4πr 2 dr (5.89)
0
CEDERJ 132
Energia potencial em 3-D: o potencial gravitacional
MÓDULO 1 - AULA 5
v2 1
ρ (r) = (5.91)
4πG r 2
A densidade cai como 1/r 2
5.8. (a) Veja a dedução no Problema (5.7), Equação (5.37).
(b) A razão entre as massas é
2 2
Mdark vobs 120
= = =9 (5.92)
Mo vprev 40
ou seja, 90% da massa é de matéria escura. Da expressão do item (a),
5.9. Por simetria, sabemos que a massa colocada no centro do anel está
em equilı́brio porque ela está rodeada uniformemente de massa. Para saber
se o equilı́brio é estável, não precisamos deslocá-la da posição de equilı́brio.
Vamos colocar a massa m num ponto a uma distância do centro e escolher o
eixo x como sendo ao longo desta direção (ver Figura 5.14).
Figura 5.14
dM Gmρa
dV = −Gm =− dφ (5.94)
b b
onde ρ = M/2πa e dM = ρadφ. A distância b entre dM e m é
133 CEDERJ
Energia potencial em 3-D: o potencial gravitacional
2 1/2
→
−
−
b = →
1/2 r 2r
r − r = a2 + r 2 − 2ar cos φ =a 1+ − cos φ
a a
(5.95)
Para calcular a energia potencial, precisamos do valor de 1/b quando
r a. Usando a expansão
−n n (n + 1) ξ 2
(1 + ξ) = 1 − nξ + +··· (5.96)
2
podemos escrever
2 −1/2
r 2r
1+ − cos φ =
a a
2
2 2
1 r 2r 3 r 2r (5.97)
=1− − cos φ + − cos φ + · · ·
2 a a 8 a a
2
r 1 r
= 1 + cos φ + (3 cos2 φ − 1) + · · ·
a 2 a
2π " r 1
r
2 2
#
V (r ) = −Gmρ 0 1+ cos φ + 2
(3 cos φ − 1) + · · · dφ
a
a
2
= −2πGmρ 1 + 14 ra + · · ·
(5.98)
ou,
2
−GmM 1 r
V (r ) = 1+ +··· (5.99)
a 4 a
dV −GmM 1 r
= 0 = +··· (5.100)
dr a 2 a2
e portanto r = 0 é uma posição de equilı́brio. Calculando a derivada segunda
de V,
d2 V −GmM
2
= +··· < 0 (5.101)
dr 2a3
e o ponto de equilı́brio é instável.
CEDERJ 134
Energia potencial em 3-D: o potencial gravitacional
MÓDULO 1 - AULA 5
4
M = πρ a3 − b3 (5.102)
3
Vamos aproveitar a simetria esférica do problema para usar a lei de
Gauss para determinar o campo gravitacional.
Figura 5.15
4πr 2 g = −4πGM ⇒ −
→ GM
g =− r! (5.103)
r2
Em seguida, traçamos uma superfı́cie gaussiana com raio b < r < a.
Neste caso,
4
b3
4πr g = −4πG πρ r 3 − b3 ⇒ −
→
2 4πρG
g =− r− 2 r! (5.104)
3 3 r
4πr 2 g = 0 ⇒ −
→
g =0 (5.105)
r
r
dr GM
ϕ (r) = − g (r ) dr = GM 2
⇒ ϕ (r) = − (5.106)
∞ ∞ r r
135 CEDERJ
Energia potencial em 3-D: o potencial gravitacional
r
4πρG b3
ϕ (r) − ϕ (a) = r − 2 dr
3 a r
(5.107)
3
4πρG 1 2 b3 b
= (r − a2 ) + r
−
3 2 a
ϕ (r) = −2πρG a2 − b2 (5.109)
CEDERJ 136