Vous êtes sur la page 1sur 8

Visto sob um microscópio, os dois eventos mais dramáticos no ciclo são quando o núcleo

se divide, um processo chamado de mitose, e quando a célula se divide em duas, um processo


chamado de citocinese. Esses dois processos juntos constituem a fase M do ciclo celular. Em
uma célula de mamífero típica, toda a fase M dura cerca de uma hora, que é apenas uma
pequena fração do tempo total do ciclo celular. O período entre uma fase M e a próxima fase é
chamado de interfase. Durante a fase S (S = síntese), a célula replica o seu DNA nuclear, um pré-
requisito essencial para a divisão celular. A fase S é flanqueada por duas fases, nas quais a célula
continua a crescer. A fase G1 (G = intervalo, de gap) é o intervalo entre o término da fase M e o
início da fase S. A fase G2 é o intervalo entre o final da fase S e o início da fase M. Durante essas
fases de intervalo, a célula monitora o meio interno e externo para assegurar que as condições
são adequadas e os preparos são completados antes que ela própria passe para a principal
reviravolta da fase S e mitose. Em determinados pontos em G1 e G2, a célula decide se vai
proceder para a próxima fase ou parar para permitir mais tempo para se preparar. Durante toda
a interfase, uma célula geralmente continua a transcrever genes, sintetizar proteínas e
aumentar a massa. Juntas, as fases G1 e G2 proveem tempo adicional para que a célula cresça
e duplique as suas organelas citoplasmáticas: se a interfase durasse apenas o tempo suficiente
para a replicação do DNA, a célula não teria tempo para duplicar a sua massa antes de se dividir
e, consequentemente, diminuiria de tamanho a cada divisão. Em algumas circunstâncias
especiais, é isso que ocorre. Em alguns embriões animais, por exemplo, as primeiras divisões
celulares após a fertilização (chamadas de divisões de clivagem) servem para subdividir uma
célula-ovo gigante em várias células menores, o quão rápido possível. Nesses ciclos celulares, as
fases G1 e G2 são encurtadas drasticamente, e as células não crescem antes de se dividir. Depois
da replicação do DNA na fase S, duas cópias de cada cromossomo permanecem fortemente
ligadas. O primeiro sinal visível de que uma célula está prestes a entrar na fase M é a
condensação progressiva dos seus cromossomos. À medida que a condensação avança, os
cromossomos replicados primeiro aparecem como longos cordões ao microscópio óptico, que
gradualmente se encurtam e engrossam. Essa condensação diminui a probabilidade de os
cromossomos se embaraçarem e torna mais fácil a segregação desses para as duas células-filhas
em formação durante a mitose.
Para assegurar que replicarão todo o seu DNA e organelas e se dividirão de maneira
ordenada, as células eucarióticas possuem uma rede complexa de proteínas reguladoras
conhecidas como sistema de controle do ciclo celular. Esse sistema garante que os eventos do
ciclo celular – replicação do DNA, mitose e assim por diante – ocorram em um conjunto de
sequências e que cada processo tenha sido completado antes que o próximo inicie. Para realizar
isso, o próprio sistema de controle é regulado em determinados pontos críticos do ciclo por
retroalimentação a partir dos processos que estão sendo realizados. Sem essa retroalimentação,
uma interrupção ou um atraso em qualquer dos processos poderiam ser desastrosos. Todo o
DNA nuclear, por exemplo, deve ser replicado antes que o núcleo comece a se dividir, o que
significa que uma fase S completa deve proceder à fase M. Se a síntese de DNA é desacelerada
ou parada, a mitose e a divisão celular também devem ser atrasadas. Similarmente, se o DNA é
danificado, o ciclo deve interromper em G1, S ou G2, de modo que a célula possa reparar o dano
antes que a replicação do DNA tenha sido iniciada ou completada, ou antes que a célula entre
na fase M. O sistema de controle do ciclo celular executa tudo isso por meio de freios
moleculares que podem parar o ciclo em vários pontos de verificação. Dessa maneira, o sistema
de controle não aciona a próxima etapa no ciclo a não ser que a célula esteja preparada
apropriadamente. Um ponto de verificação ocorre em G1 e permite que a célula confirme que
o meio é favorável para proliferação celular antes de passar para a fase S. A proliferação em
animais requer tanto nutrientes suficientes como moléculas de sinalização específicas no meio
extracelular. Se as condições extracelulares são desfavoráveis, as células podem atrasar o
progresso por G1 e podem até mesmo entrar em um estado especializado de repouso conhecido
como G0. Várias células, incluindo as células nervosas e as células do músculo esquelético,
permanecem em G0 pelo tempo de vida do organismo. Outro ponto de verificação ocorre em
G2 e assegura que as células não entrem em mitose até que o DNA danificado tenha sido
reparado e a replicação de DNA esteja completa. O terceiro ponto de verificação ocorre durante
a mitose e assegura que os cromossomos replicados estejam ligados apropriadamente a uma
maquinaria citoesquelética chamada de fuso mitótico, antes que o fuso separe os cromossomos
e os distribua para as duas células-filhas. Os pontos de verificação em G1 são especialmente
importantes como um ponto no ciclo celular onde o sistema de controle pode ser regulado por
sinais a partir de outras células. Em um animal multicelular, o sistema de controle responde
muito a sinais de outras células que estimulam a divisão celular, quando mais células são
necessárias, e bloqueiam a divisão, quando não são necessárias mais células. Dessa forma, o
sistema de controle possui um papel central na regulação do número de células nos tecidos do
corpo. Caso o sistema não funcione de maneira correta de modo que a divisão celular seja
excessiva, o câncer pode ocorrer.
OBJ2
O sistema de controle do ciclo celular governa a maquinaria do ciclo celular pela ativação
e pela desativação cíclicas das proteínas-chave e dos complexos proteicos que iniciam ou
regulam a replicação de DNA, mitose e citocinese. A fosforilação seguida de desfosforilação é
uma das maneiras mais comuns utilizadas pelas células para ativar e então desativar a atividade
de uma proteína (ver Figura 4-38), e o sistema de controle do ciclo celular utiliza esse mecanismo
repetidamente. As reações de fosforilação que controlam o ciclo celular são realizadas por um
grupo específico de proteína-cinases, ao passo que a desfosforilação é realizada por um grupo
de proteína-fosfatases. As proteína-cinases que fazem parte do centro do sistema de controle
do ciclo celular estão presentes nas células em proliferação por todo o ciclo celular. Entretanto,
elas são ativadas apenas em determinados momentos no ciclo, depois do qual elas são
rapidamente desativadas de novo. Assim, a atividade de cada uma dessas cinases aumenta e
diminui de maneira cíclica. Algumas das proteína-cinases, por exemplo, tornam-se ativas no final
da fase G1 e são responsáveis por direcionar a célula para a fase S; uma outra cinase se torna
ativa logo antes da fase M e é responsável por direcionar a célula para a mitose. A ativação e a
desativação das cinases no momento apropriado são de responsabilidade, parcialmente, de
outro grupo de proteínas no sistema de controle – as ciclinas. As próprias ciclinas não têm
atividade enzimática, mas elas devem ligar-se às cinases do ciclo celular antes que as cinases
possam tornar-se enzimaticamente ativas. As cinases do sistema de controle do ciclo celular são,
por isso, conhecidas como proteína-cinases dependentes de ciclina, ou Cdks. As ciclinas são
assim chamadas porque, diferentemente das Cdks, as suas concentrações variam de maneira
cíclica durante o ciclo celular. As alterações cíclicas nas concentrações de ciclina ajudam a
direcionar a montagem cíclica e a ativação dos complexos ciclina-Cdk. A ativação desses
complexos, por sua vez, aciona vários eventos do ciclo celular, como a entrada na fase S ou na
fase M. As concentrações de ciclina aumentam gradualmente, mas a atividade dos complexos
ciclina-Cdk associados tendem a ser ativados subitamente no momento apropriado no ciclo
celular. Assim, o que aciona essa rápida ativação desses complexos? Para que a ciclina-Cdk esteja
ativa ao máximo, a Cdk deve ser fosforilada em um sítio por uma proteína-cinase específica e
desfosforilada em outro sítio por uma proteína-fosfatase específica.
Existem vários tipos de ciclinas e, na maioria dos eucariotos, vários tipos de Cdks
envolvidos no controle do ciclo celular. Diferentes complexos de ciclina-Cdk acionam diferentes
etapas do ciclo celular. A ciclina que atua em G2 para acionar a entrada na fase M é chamada de
M-ciclina, e o complexo ativo que ela forma com sua Cdk é chamado de M-Cdk. Ciclinas distintas,
chamadas de S-ciclinas e G1/S-ciclinas, ligam-se a uma proteína Cdk distinta no final de G1 para
formar S-Cdk e G1/S-Cdk, respectivamente, que acionam a fase S. Outras ciclinas, chamadas de
G1-ciclinas, atuam mais cedo em G1 e se ligam a outras proteínas Cdk para formar G1-Cdks, que
ajudam a conduzir a célula por G1 em direção à fase S. Veremos mais adiante que a formação
dessas G1-Cdks em células animais normalmente depende de moléculas de sinalização
extracelulares que estimulam as células a se dividirem. Cada um desses complexos ciclina-Cdk
ativados por sua vez fosforilam um grupo diferente de proteínas-alvo na célula. Como resultado,
cada tipo de complexo aciona uma etapa de transição diferente no ciclo. M-Cdk, por exemplo,
fosforila proteínas- chave que fazem com que os cromossomos condensem, que o envelope
nuclear se quebre e que os microtúbulos do citoesqueleto se reorganizem para formar o fuso
mitótico. A concentração de cada tipo de ciclina aumenta gradualmente e depois diminui
bastante em um determinado momento no ciclo celular. Essa queda brusca resulta na
degradação da proteína ciclina. Complexos enzimáticos específicos adicionam cadeias de
ubiquitina a ciclina apropriada, que então é direcionada ao proteassomo para ser destruída. Essa
eliminação rápida de ciclina faz com que Cdk retorne para seu estado inativo. Embora a ativação
de Cdk acione algumas das transições a partir de uma parte do ciclo celular para a outra, sua
inativação aciona outras. Por exemplo, a inativação de M-Cdk – que é acionada pela destruição
de M-ciclina – conduz aos eventos moleculares que retiram a célula da mitose.
Os freios moleculares que podem parar o ciclo em pontos de verificação específicos se
baseiam em proteínas inibidoras de Cdk que bloqueiam a montagem ou a atividade de um ou
mais complexos ciclina-Cdk. Certas proteínas inibidoras de Cdk, por exemplo, ajudam a manter
as Cdks em um estado inativo durante a fase G1 do ciclo, atrasando, assim, a progressão para a
fase S. A parada nesse ponto de verificação dá a célula mais tempo para crescer, ou permite que
ela espere até que as condições extracelulares sejam favoráveis para a divisão. Como regra geral,
as células de mamíferos se multiplicarão apenas se forem estimuladas para isso por sinais
extracelulares chamados de mitógenos, produzidos por outras células. Se privada de tais sinais,
o ciclo celular para no ponto de verificação G1. Se a célula for privada por tempo suficiente, ela
sairá do ciclo celular e entrará em um estado de não proliferação G0, no qual a célula pode
permanecer por dias ou semanas ou até mesmo por todo tempo de vida do organismo. A maior
parte da diversidade na velocidade da divisão celular no corpo adulto depende da variação no
tempo que a célula leva em G0 ou em G1. Alguns tipos de células, como as células hepáticas,
normalmente se dividem apenas uma ou duas vezes por ano, e certas células epiteliais no
intestino se dividem mais do que duas vezes por dia para renovar o revestimento do intestino
continuamente. Muitas das nossas células estão entre esses dois pontos: elas podem dividir-se
se a necessidade surgir, mas em geral não é frequente. Escapar do ponto de verificação G1 ou
do G0 requer o acúmulo de G1-ciclinas e a ação dos mitógenos pela estimulação desse acúmulo.
Uma vez passado o ponto de verificação G1, a célula em geral prossegue todo o caminho pelo
resto do ciclo celular rapidamente – em geral, dentro de 12-24 horas nos mamíferos. Por isso,
o ponto de verificação G1 é algumas vezeschamado de Início, pois a passagem por ele representa
um compromisso para completar um ciclo completo de divisão, embora um nome melhor
pudesse ser Parada. A decisão mais radical que um sistema de controle do ciclo celular pode
fazer é tirar a célula do ciclo celular permanentemente. Isso é diferente de sair do ciclo celular
temporariamente para esperar por condições mais favoráveis e possui uma importância especial
nos organismos multicelulares. No corpo humano, por exemplo, células nervosas ou do músculo
esquelético param permanentemente de se dividir quando se diferenciam. Elas entram em um
estado G0 irreversível no qual o sistema de controle do ciclo celular é bastante desmantelado:
várias das Cdks e ciclinas desaparecem, e os complexos ciclina-Cdk que ainda estão presentes
são inibidos por proteínas inibidoras de Cdk.
FASE S: as origens de replicação recrutam proteínas específicas que controlam o início
e o término da replicação do DNA. Um complexo multiproteico, o complexo de reconhecimento
da origem (ORC, de origin recognition complex),permanece ligado às origens de replicação pelo
ciclo celular, onde ele serve como um tipo de plataforma de aterrissagem para proteínas
reguladoras adicionais que se ligam antes do início da fase S. Uma dessas proteínas reguladoras,
chamada de Cdc6, está presente em níveis baixos durante a maior parte do ciclo celular, mas a
sua concentração aumenta transientemente no início de G1. Quando Cdc6 se liga aos ORCs em
G1, ela promove a ligação de proteínas adicionais para formar o complexo pré-replicativo. Uma
vez que o complexo pré-replicativo esteja montado, a origem de replicação está pronta para
“atuar”. A ativação de S-Cdk no final de G1 então puxa o “gatilho” iniciando a replicação do DNA.
A S-Cdk não apenas inicia o disparo da origem; ela também ajuda a prevenir a rerreplicação do
DNA. A S-Cdk ativada auxilia a fosforilar Cdc6, fazendo com que ela e outras proteínas no
complexo pré-replicativo se dissociem de ORC depois que uma origem tenha sido estimulada.
Essa desmontagem previne que a replicação ocorra novamente na mesma origem. Além disso,
para promover a dissociação, a fosforilação de Cdc6 por S-Cdk (e por M-Cdk, que se torna ativa
no início da fase M) marca Cdc6 para degradação, assegurando que a replicação do DNA não
seja reiniciada mais tarde no mesmo ciclo celular. Depois de os cromossomos terem sido
replicados na fase S, as duas cópias de cada cromossomo replicado permanecem fortemente
unidas como cromátides-irmãs idênticas. As cromátides-irmãs são mantidas unidas por
complexos proteicos chamados de coesinas, que se montam ao longo do comprimento de cada
cromátide-irmã à medida que o DNA é replicado na fase S. As coesinas formas anéis proteicos
que circundam as duas cromátides-irmãs, mantendo-as unidas. Essa coesão entre cromátides-
irmãs é crucial para a segregação adequada dos cromossomos e é completamente quebrada
apenas no final da mitose para permitir que as cromátides-irmãs sejam separadas pelo fuso
mitótico.
O sistema de controle do ciclo celular utiliza vários mecanismos de pontos de verificação
distintos para parar o progresso pelo ciclo celular caso o DNA esteja danificado. Os pontos de
verificação de dano ao DNA na fase G1 e S previnem a célula de iniciar ou completar a fase S e
de replicar o DNA danificado. Outro ponto de verificação funciona em G2 para prevenir a célula
de entrar na fase M com DNA danificado ou replicado de forma incompleta. O mecanismo de
ponto de verificação em G1 é bastante compreendido. Os danos ao DNA causam um aumento
tanto na concentração como na atividade de uma proteína, chamada de p53, que é um
regulador transcricional que ativa a transcrição de um gene que codifica uma proteína inibidora
de Cdk chamada de p21. A proteína p21 se liga à G1/S-Cdk e à S-Cdk, prevenindo que elas
conduzam a célula para a fase S. O aprisionamento do ciclo celular em G1 permite que a célula
tenha tempo para reparar o DNA danificado antes de replicá-lo. Caso o dano ao DNA seja muito
severo para ser reparado, p53 pode induzir a célula a se suicidar por apoptose. Caso p53 não
existir ou estiver defeituosa, a replicação irrefreável do DNA danificado conduz a uma alta taxa
de mutações e a uma produção de células que tendem a tornar-se cancerosas. Mutações no
gene p53 são encontradas em cerca da metade de todos os cânceres humanos. Uma vez que a
replicação do DNA tenha iniciado, outro tipo de mecanismo de ponto de verificação opera para
prevenir que a célula entre na fase M com DNA danificado ou replicado de forma incompleta. A
atividade dos complexos ciclina-Cdk é inibida pela fosforilação em determinados sítios. Para que
a célula progrida para mitose, M-Cdk deve ser ativada pela remoção dessas fosfatases inibidoras
por uma proteína-fosfatase específica. Quando o DNA está danificado (ou replicado de forma
incompleta), essa proteína-fosfatase ativadora é inibida, assim as fosfatases inibidoras não são
removidas de M-Cdk. Como resultado, M-Cdk permanece inativa, e a fase M não pode ser
iniciada até que a replicação do DNA esteja completa e qualquer dano ao DNA seja reparado.
Uma vez que a célula tenha passado por esses pontos de verificação e tenha replicado com
sucesso seu DNA na fase S e progredido por G2, a célula está pronta para entrar na fase M.
Uma das características mais marcantes do controle do ciclo celular é que um único
complexo proteico, M-Cdk, organiza todos os arranjos diversos e intrincados que ocorrem nos
estágios iniciais da mitose. M-Cdk aciona a condensação dos cromossomos replicados em
estruturas semelhantes a bastões compactos preparando-os para segregação, e ela também
induz a montagem do fuso mitótico que separará os cromossomos condensados e os segregará
para duas células-filhas. Como discutido, a ativação de M-Cdk inicia com o acúmulo de M-ciclina.
A síntese de M-ciclina inicia logo depois da fase S; a sua concentração então aumenta
gradualmente e ajuda a definir o momento de início da fase M. O aumento da proteína M-ciclina
leva a um acúmulo correspondente dos complexos M-Cdk. Esses complexos, quando são
formados pela primeira vez, são inativos. A ativação súbita dos estoques de M-Cdk no final de
G2 é acionada pela ativação de uma proteína-fosfatase (Cdc25) que remove as fosfatases
inibidoras que mantêm a atividade de Cdk em cheque. Uma vez ativada, cada complexo M-Cdk
pode ativar indiretamente mais M-Cdk, por fosforilar e ativar mais Cdc25. Além disso, M-Cdk
ativada também inibe a cinase inibidora Wee1, promovendo a ativação de M-Cdk. A
consequência geral é que, uma vez que a ativação de M-Cdk inicia, há um aumento explosivo da
atividade de Cdk, que dirige a célula abruptamente de G2 para a fase M. Quando a célula está
próxima de entrar na fase M, os cromossomos replicados condensam e se tornam estruturas
visíveis semelhantes a fios. Complexos proteicos, denominados condensinas, auxiliam a realizar
essa condensação cromossômica. A M-Cdk que inicia a entrada na fase M ativa a reunião dos
complexos de condensinas ao DNA pela fosforilação de algumas das subunidades das
condensinas. A condensação torna os cromossomos mitóticos mais compactos, reduzindo-os a
pequenos pacotes físicos que podem ser segregados mais facilmente no aglomerado da célula
em divisão. As condensinas estão estruturalmente relacionadas às coesinas – as proteínas
mantêm as cromátides-irmãs unidas. Tanto as coesinas como as condensinas formam estruturas
em anel, e, juntos, os dois tipos de anéis proteicos ajudam a configurar os cromossomos
replicados para a mitose. As coesinas se montam sobre o DNA quando esse se replica na fase S
e mantêm fortemente unidas duas moléculas paralelas de DNA – as cromátides-irmãs idênticas.
As condensinas, ao contrário, se reúnem a cada cromátide individual no início da fase M e se
enrolam sobre o DNA para ajudar que cada cromátide se condense.
A maioria das moléculas de sinalização extracelulares que influencia a sobrevivência
celular, o crescimento celular e a divisão celular são proteínas solúveis secretadas por outras
células ou proteínas ligadas à superfície de outras células ou da matriz extracelular. Embora a
maioria atue positivamente para estimular um ou mais desses processos celulares, algumas
atuam negativamente para inibir um determinado processo. As proteínas-sinal que atuam
positivamente podem ser classificadas, com base na sua função, em três categorias principais:
1. Fatores de sobrevivência promovem a sobrevivência da célula pela supressão da apoptose.
2. Mitógenos estimulam a divisão celular, principalmente pela superação dos mecanismos de
freio intracelulares que tendem a bloquear o avanço pelo ciclo celular. 3. Fatores de
crescimento estimulam o crescimento celular (um aumento no tamanho da célula e na massa)
pela promoção da síntese e pela inibição da degradação das proteínas e de outras
macromoléculas. Essas categorias não são mutuamente exclusivas, já que várias moléculas de
sinalização têm mais do que uma dessas funções. Fatores de sobrevivência normalmente
atuam pela ligação a receptores da superfície celular. Esses receptores ativados então ativam as
vias de sinalização intracelulares que mantêm o programa de morte reprimido, em geral pela
regulação dos membros da família Bcl2 de proteínas. Alguns fatores de sobrevivência, por
exemplo, aumentam a produção de Bcl2, uma proteína que suprime a apoptose. A maioria dos
mitógenos são proteínas de sinalização secretadas que se ligam à superfície celular de
receptores. Quando ativados pela ligação do mitógeno, esses receptores ativam várias vias de
sinalização intracelular (discutido no Capítulo 16) que estimulam a divisão celular. Essas vias de
sinalização atuam principalmente pela liberação de moléculas-freio intracelulares que
bloqueiam a transição da fase G1 do ciclo celular para a fase S. Um exemplo importante de uma
dessas moléculas-freio é a proteína Retinoblastoma (Rb), primeiro identificada por estudos de
um tumor raro de olhos em crianças, chamado de retinoblastoma, no qual a proteína Rb não
existe ou é defectiva. A proteína Rb é abundante no núcleo de todas as células de vertebrados.
Ela se liga a determinados reguladores da transcrição, prevenindo que elas estimulem a
transcrição dos genes necessários para a proliferação celular. Os mitógenos liberam o freio Rb
da seguinte maneira. Eles ativam vias de sinalização intracelular que conduzem para a ativação
dos complexos G1-Cdk e G1/S-Cdk, discutidos anteriormente. Esses complexos fosforilam a
proteína Rb, alterando a sua conformação de modo que ela libere seus reguladores da
transcrição, que então estão livres para ativar os genes necessários para a proliferação celular.
Um dos primeiros mitógenos identificados foi o fator de crescimento derivado de plaquetas, ou
PDGF (platelet- derived growth factor), cujos efeitos são típicos de vários outros descobertos
desde então. Quando coágulos de sangue se formam (em uma ferida, por exemplo), as
plaquetas do sangue incorporadas ao coágulo são acionadas para liberar PDGF. Esse então se
liga ao receptor tirosina-cinase nas células sobreviventes no local da ferida, estimulando-as, com
isso, a proliferar e auxiliar na cicatrização da ferida. Similarmente, se parte do fígado é perdida
por uma cirurgia ou lesão aguda, as células no fígado e em qualquer outro lugar produzem uma
proteína chamada de fator de crescimento de hepatócitos, que auxilia a estimular as células
sobreviventes do fígado a proliferar. Como a maioria dos fatores de sobrevivência e mitógenos,
grande parte dos fatores de crescimento extracelulares se liga aos receptores da superfície
celular, que ativam várias vias de sinalização intracelular. Essas vias levam ao acúmulo de
proteínas e outras macromoléculas, e isso ocorre tanto pelo aumento da taxa de síntese dessas
moléculas como pela diminuição da sua taxa de degradação. Algumas proteínas extracelulares
de sinalização, incluindo PDGF, podem atuar tanto como fatores de crescimento como
mitógenos, estimulando tanto o crescimento celular como o avanço pelo ciclo celular. Essas
proteínas auxiliam a assegurar que as células mantenham o seu tamanho apropriado à medida
que proliferam. Comparado à divisão celular, existem surpreendentemente poucos estudos de
como o tamanho da célula é controlado nos animais. Como resultado, permanece um mistério
como diferentes tipos de células em um mesmo animal crescem para serem tão diferentes em
tamanho. Fatores de sobrevivência, mitógenos e fatores de crescimento atuam positivamente
para aumentar o tamanho de órgãos e organismos. No entanto, algumas proteínas-sinal
extracelulares atuam para opor esses reguladores positivos e assim inibem o crescimento do
tecido. A miostatina, por exemplo, é uma proteína-sinal secretada que normalmente inibe o
crescimento e a proliferação dos mioblastos que se fundem para formar as células musculares
esqueléticas durante o desenvolvimento dos mamíferos.
OBJ3
Muitas das células diferenciadas que necessitam de uma substituição contínua são
incapazes de se dividirem por si mesmas. As hemácias, as células da superfície da epiderme, as
células de absorção e as células caliciformes que revestem o intestino são exemplos desse tipo
de células. Tais células são referidas como terminalmente diferenciadas: elas se encontram no
final de seu desenvolvimento. Substituições para essas células terminalmente diferenciadas são
produzidas de estoques de células precursoras em proliferação, as quais normalmente derivam
de um pequeno número de células-tronco em divisão. As células-tronco e as células precursoras
em proliferação são retidas nos tecidos correspondentes juntamente com as células
diferenciadas. As células-tronco não são terminalmente diferenciadas e podem dividir-se sem
limites (ou pelo menos pelo tempo de vida do organismo). Quando a célula-tronco se divide,
cada célula-filha tem uma escolha, ou elas permanecem como células-tronco, ou se
encaminham para uma via irreversível que leva à diferenciação terminal, normalmente por meio
de uma série de divisões de células precursoras. A função das células-tronco e das células
precursoras não é a de desempenhar as funções especializadas das células diferenciadas, mas
sim de produzir as células que irão realizar essas funções. As células-tronco em geral estão em
pequeno número e frequentemente possuem uma aparência indefinível, tornando-as difícil de
serem identificadas. Embora não sejam terminalmente diferenciadas, as células-tronco dos
tecidos adultos são, contudo, especializadas. Sob condições normais, elas expressam
estavelmente uma série de reguladores de transcrição que asseguram que sua progênie
diferenciada seja do tipo adequado.
Todos os sistemas de células-tronco requerem mecanismos de controle para assegurar
que novas células sejam produzidas nos locais corretos e em quantidades adequadas. Os
controles dependem dos sinais moleculares compartilhados entre as células-tronco, sua
progênie e os tecidos circundantes. Esses sinais e as vias bioquímicas por meio das quais elas
atuam são classificados, surpreendentemente, em um pequeno grupo de famílias,
correspondendo a uma meia dúzia de mecanismos básicos de sinalização. Esses poucos
mecanismos são usados e reusados, no embrião e no adulto, em diferentes combinações e
ativam diferentes respostas em contextos distintos. Quase todas essas famílias de mecanismos
de sinalização contribuem para o desafio de manter a organização complexa de um sistema de
células-tronco como o do intestino. Assim, uma classe de moléculas conhecidas como proteínas
Wnt mantém as células-tronco e as células precursoras da base de cada cripta intestinal em um
estado proliferativo. As células nessas regiões secretam proteínas Wnt, expressam receptores
para essas proteínas e, aparentemente, por meio de um sistema de retroalimentação positivo,
estimulam a si mesmas para uma contínua divisão. Ao mesmo tempo, essas células produzem
outros sinais, que atuam a longa distância para impedir a ativação da via Wnt fora das criptas.
Essas células das criptas trocam sinais umas com as outras para controlar sua diversificação, de
modo que algumas células se diferenciam em células secretoras, e outras se tornam células de
absorção.
As células-tronco podem proliferar indefinidamente e produzir uma progênie
diferenciada; assim, elas permitem a contínua renovação do tecido normal, bem como o reparo
do tecido perdido durante um ferimento. Por exemplo, transfundindo algumas células-tronco
hematopoiéticas em um camundongo cujas próprias células-tronco foram destruídas por
irradiação, é possível repopular completamente o animal com novas células sanguíneas e
recuperá-lo da morte por anemia, infecção ou ambas. Uma estratégia similar é usada no
tratamento da leucemia humana com irradiação (ou fármacos citotóxicos), seguido de
transfusão de células de medula óssea. As células-tronco, retiradas diretamente dos tecidos
adultos, sustentam a promessa do reparo de tecidos, mas outro tipo de células-tronco apresenta
um potencial ainda maior. É possível, por meio da cultura de células, obter de embriões precoces
de camundongos uma classe extraordinária de células-tronco, denominada células-tronco
embrionárias, ou células ES (de embryonic stem cells). Sob condições apropriadas, essas células
podem proliferar indefinidamente em cultura e ainda manter o potencial de desenvolvimento
irrestrito e, portanto, são ditas pluripotentes. Se essas células das placas de cultura são
novamente colocadas no ambiente embrionário, elas podem dar origem a todos os tipos de
tecidos e células do organismo, incluindo as células germinativas. Células com propriedades
similares àquelas células ES de camundongos podem ser obtidas de embriões humanos
precoces, criando um suprimento potencialmente inesgotável de células que podem ser usadas
para substituir e reparar o tecido humano maduro danificado. Entretanto, há problemas
importantes associados ao uso das células-tronco associadas ao reparo dos tecidos. Se as células
transplantadas são geneticamente diferentes daquelas do paciente no qual elas serão
enxertadas, elas serão rejeitadas e destruídas pelo sistema imune. Uma solução possível para
esse problema é o emprego de uma estratégia conhecida coloquialmente como “clonagem
terapêutica”.
OBJ 4
O termo “clonagem” tem sido empregado de forma confusa como um termo abreviado
para procedimentos distintos, principalmente em debates públicos a respeito dos aspectos
éticos da pesquisa com células-tronco. Assim, é importante entender as distinções. Os biólogos
definem o termo clone como um grupo de indivíduos que são geneticamente idênticos, pois
descendem de um único ancestral. O tipo mais simples de clonagem é a clonagem celular. Assim,
pode-se pegar uma única célula- tronco epidérmica da pele e deixá-la crescer e dividir em cultura
para obter um grande clone de células epidérmicas geneticamente idênticas, as quais, por
exemplo, podem ser usadas para reconstruir a pele de pacientes queimados. Esse tipo de
clonagem não é nada mais do que uma extensão artificial do processo de proliferação e reparo
que ocorre normalmente no organismo. Outro procedimento, novamente diferente desses já
descritos, emprega a técnica do transplante nuclear para produzir células ES. Nesse caso, a célula
que recebeu o núcleo transplantado passa pelos estágios iniciais do desenvolvimento, dando
origem a um embrião muito precoce, consistindo em cerca de 200 células. No entanto, esse
embrião não é transferido para o útero de uma mãe de aluguel. Em vez disso, ele é usado como
fonte de células ES em cultura, com o objetivo de produzir vários tipos celulares que podem ser
usados para o reparo de tecidos. Esta denominada clonagem terapêutica é uma técnica
elaborada para a produção de células ES personalizadas, em vez de um animal clonado
completo. Como essas células obtidas por esse procedimento são geneticamente idênticas às
células do doador original, elas podem ser recolocadas no indivíduo adulto de onde as células
doadoras foram retiradas sem o risco de rejeição. O transplante nuclear é tecnicamente muito
difícil e ainda não foi bem sucedido com células de ovo humanas. O procedimento requer um
suprimento de óvulos humanos, os quais podem ser obtidos de mulheres doadoras, mas origina
sérios problemas éticos. Além disso, o transplante nuclear em óvulos humanos é proibido em
alguns países. Esses problemas éticos podem ser resolvidos por uma estratégia alternativa mais
recente na qual as células são obtidas de tecidos adultos, cultivadas e reprogramadas para um
estado semelhante ao de um embrião humano, por meio da introdução artificial de uma série
específica de genes, usando vírus manipulados como vetores. Os investigadores observaram que
um grupo de apenas três genes (denominados Oct3/4, Sox2 e Klf4) é suficiente para converter
fibroblastos em células com praticamente todas as propriedades das células ES, incluindo a
capacidade de diferenciar em diversas maneiras e contribuir para qualquer tecido. Essas células
semelhantes a ES são denominadas células- -tronco pluripotentes induzidas (células iPS, de
induced pluripotent stem cells). A taxa de conversão é baixa; entretanto, somente uma pequena
proporção dos fibroblastos realiza essa mudança, e há várias preocupações a respeito da
segurança da implantação dessas células derivadas de células infectadas por vírus em pacientes.
Muito ainda deve ser feito antes que essa estratégia possa ser aplicada em doenças humanas.

Vous aimerez peut-être aussi