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CENTRO DE ENGENHARIA, MODELAGEM E CIÊNCIAS SOCIAIS

APLICADAS

ESTM016-17 - Química Inorgânica de Materiais


A Zircônia Aplicada na Odontologia Restauradora

Erick Fasterra da Silva RA: 11072512


Jean de Almeida Moreira RA: 11005513
Roger Quintiliano da Silva RA: 11081211
Tiago Nascimento do Santos RA:​ ​11084210

Professora Dra. Ligia Passos Maia

Santo André - SP
2018
Erick Fasterra da Silva RA: 11072512
Jean de Almeida Moreira RA: 11005513
Roger Quintiliano da Silva RA: 11081211
Tiago Nascimento do Santos RA:​ ​11084210

A Zircônia Aplicada na Odontologia Restauradora

Projeto apresentado à disciplina de


Química Inorgânica dos Materiais da
Universidade Federal do ABC, como
requisito de obtenção de nota
parcial.

Santo André, SP
2018
RESUMO

O trabalho analisa a aplicação da zircônia na odontologia de restauração


partindo de tópicos relevantes à justificativa do interesse da indústria médica no
investimento e estudo de cerâmicas de ZrO​2​. Discute-se, portanto, a disponibilidade
de matéria-prima, propriedades dos compostos, interação com o meio fisiológico,
processamento e desvantagens na utilização a longo prazo.
Observou-se que a bioinércia por passivação da zircônia e a expressiva
superioridade mecânica em relação a outras cerâmicas de óxidos devido a
mecanismos de tenacificação tornam o material excelente para uso em condições
de grandes cargas mastigatórias. Embora haja aspectos limitantes, como a
necessidade de emprego de sistemas CAD/CAM para processamento e o
envelhecimento em contato com água, a zircônia segue um dos materiais cerâmicos
mais estudados e de grande importância em seus campos de aplicação.
1 INTRODUÇÃO

Dióxido de zircônio (ZrO​2​), comumente conhecido como zircônia, é um


composto branco (por efeito da ausência de transição d-d devido à configuração
eletrônica do Zr), altamente cristalino e um dos materiais cerâmicos de grande
importância e vasta aplicabilidade, considerando suas excelentes propriedades:
cerâmicas de ZrO​2 são conhecidas por possuírem baixa condutividade térmica,
elevada resistência química, refratariedade e podem apresentar bons atributos
mecânicos e elétricos e condutividade iônica [10]. Em meios fisiológicos, a zircônia é
inerte e tem boa biocompatibilidade.
A principal fonte de ZrO​2 é o mineral zirconita (ZrSiO​4​) que, embora possa ser
encontrado em rochas metamórficas e depósitos secundários, ocorre com mais
frequência em rochas ígneas, como pegmatito e granito [7]. O Brasil possui algumas
das maiores províncias pegmatíticas do mundo, a principal delas sendo a Província
Pegmatítica Oriental, que compreende os estados Minas Gerais, Bahia e Espírito
Santo [8]. Háfnio é encontrado na proporção de até 2% em minérios de Zr devido a
semelhança em tamanho e propriedades químicas, o que torna a separação
bastante difícil e, portanto, dispensável para a maioria das aplicações [9].
Em seu estado puro, a zircônia exibe três fases, a depender da temperatura:
monoclínica até 1170° C; tetragonal entre 1170 e 2370° C; e cúbica acima de 2370°
C até a fusão em 2680° C (Figura 1) [10].

Figura 1​ - As três fases da zircônia [2].


A estabilização da fase cúbica em temperatura ambiente é possível através
da substituição de Zr​4+ por outros íons, como Y​3+​, de tamanho similar, produzindo a
zircônia estabilizada com ítria (YSZ) [11]. Diferentes íons estabilizadores e fases
predominantes podem ser combinados para produzir outros tipos de cerâmica de
zircônia, tais como a zircônia tetragonal policristalina (TZP); zircônia totalmente
estabilizada (FSZ), predominantemente cúbica; e zircônia parcialmente estabilizada
(PSZ), decorrente de mistura de fases [2].
A transformação displaciva tetragonal-monoclínica origina um mecanismo de
tenacificação do material que resulta em aumento dos valores de resistência a
flexão e tenacidade a fratura, que, com o uso de microestruturas adequadas, são os
maiores obtidos para cerâmicas de óxidos para aplicações próximas à temperatura
ambiente [2].
Apesar da desvantagem a longo prazo devido ao envelhecimento, a
característica de transformação de fase da zircônia aliada a sua boa estabilidade
química e dimensional, dureza e módulo de elasticidade comparável ao do aço
inoxidável despertaram o interesse no seu uso como biomaterial odontológico
devido a demanda por materiais biocompatíveis para próteses e implantes
submetidos a grandes cargas mastigatórias, principalmente na região posterior da
boca. A fixação das próteses pode ser realizada de diversas formas, a mais simples
dela sendo o jateamento com Al​2​O​3 para aumento de rugosidade juntamente com
utilização de cimentos dentários com afinidade a óxidos metálicos [1].
2 OBTENÇÃO E PRODUÇÃO

A determinação dos processos mais adequados para obtenção de materiais


tem caráter fundamental. Sendo assim, a tecnologia CAD/CAM, no qual o desenho
da peça é realizado em computador para confecção em máquina de usinagem, é
essencial para obtenção dos materiais de zircônia. Essa tecnologia, assim, tem
contribuído grandemente para o salto de evolução das técnicas odontológicas nos
últimos 20 anos [6].
Entre os vários tipos de cerâmica de zircônia, o composto mais empregado
na odontologia de restauração é o 3Y-TZP – zircônia tetragonal estabilizada com
3% em mol de ítria, responsável pela estabilização dos policristais. Esse material é
oriundo de pós co-precipitados de elevada sinterabilidade (1300-1500 ºC por 1-2 h
em ar) e proporciona elevada tenacidade e dureza. Além do controle da adição do
estabilizador, não menos importante, também se faz necessária a verificação do
tamanho de grão, o qual não deve ultrapassar o tamanho crítico. Caso isso venha a
ocorrer, pode ocorrer o surgimento de microtrincas, responsáveis pela quebra da
peça [2].
Embora tenham sido desenvolvidos vários sistemas odontológicos de
restauração com emprego da zircônia, sua aplicação pode ser diferenciada em
quatro grupos principais.
O primeiro e mais utilizado método envolve blocos parcialmente sinterizados,
o que possibilita uma usinagem mais simples, da qual é mantido um sobremetal
entre 20 e 30%. Na sequência, a fim de obter-se a dimensão final e máxima
densidade, a peça é sujeitada ao processo de sinterização em torno de 1500 ºC.
A segunda técnica emprega a prensagem do pó cerâmico de zircônia em um
molde com dimensões superiores também entre 20 e 30%, o qual é removido após
para sinterização, com o objetivo de reduzir e atingir a densidade máxima da peça.
Já no terceiro processo, os blocos de zircônia estão totalmente sinterizados e
seguem para usinagem, onde serão obtidas as medidas finais. Este método requer
um tempo muito maior de desbaste e o emprego de ferramentas mais robustas, o
que acarreta a elevação do custo, porém, proporciona um acabamento superior e
preciso.
Por fim, o último tipo de processamento utiliza peças com somente 30% de
zircônia, complementadas com 50% de alumina e 20% de vidro. Blocos
parcialmente sinterizados são usinados até a dimensão final e preenchidos por vidro
de lantânio, visto que a densidade máxima não foi obtida. Neste processo não há
encolhimento do produto, porém, o índice de porosidade é maior quando comparado
com os outros métodos, resultando em inferior resistência mecânica [1].
3 PROPRIEDADES DA ZIRCÔNIA

As cerâmicas de zircônia podem ser aplicadas como biomateriais por conta


de suas propriedades físicas, tais como alta dureza, baixo coeficiente de atrito e
resistência à fratura, e químicas, como a alta estabilidade química e bioinércia [1][2].
Dois fenômenos se destacam para seu emprego na odontologia
restauradora: A passivação da zircônia e o mecanismo de tenacificação, ambos
intrinsecamente relacionados com a estrutura do material que influenciam
diretamente em suas propriedades mecânicas e químicas [1].

3.1 Passivação

A Passivação é a formação de uma camada protetora fina de ZrO​2 na


superfície da zircônia e suas ligas, que protege o material contra a corrosão em
diversos meios. Seu mecanismo ainda é desconhecido, no entanto, sabe-se que
essa camada é formada quando íons dissolvidos no meio atmosférico ou aquoso
aderem à superfície do material. Em água, ocorre a seguinte reação de oxidação
[1][3]:

Zr + 2H​2​O → ZrO​2 ​+ 2H​2

Essa reação é dinâmica, ou seja, ao mesmo tempo que a camada perde sua
adesão no material, esta é recuperada com a tendência de novas reações de
oxidação provenientes do meio, devido à baixa energia livre na superfície do
material. O tamanho atômico do zinco, sendo este um átomo pequeno em relação
aos átomos de períodos posteriores na tabela periódica, permite que o óxido
superficial formado constitua uma estrutura amorfa sobre o material, o protegendo
contra agentes oxidantes. Átomos de raio atômico maior resultariam em uma
passivação ineficiente, pois as distâncias entre os óxidos formados são maiores,
permitindo a entrada de agentes oxidantes no material [3][5].
Assim, a passivação da zircônia possibilita que o material seja biocompatível,
com uma alta estabilidade química em sua superfície [3].
3.2 Mecanismos de Tenacificação

Os mecanismos de tenacificação também possuem um papel importante na


aplicação da zircônia como biomaterial. Esta permite a proteção contra a
propagação de trincas, vital para uso odontológico, com o biomaterial submetido a
diversas compressões e impactos [4].
A tenacificação por transformação ocorre quando a fase metaestável
tetragonal (t) da zircônia muda para a fase monoclínica (m) dado uma tensão
aplicada. Essa transformação ocasiona em um aumento no volume local de cerca
de 4,5% na região o qual uma trinca é formada. A compressão gerada na expansão
se opõe à tração gerada na trinca, funcionando como um obstáculo que requer
maior energia para que a trinca o ultrapasse, ou então esta é defletida, sendo
forçada a mudar de direção com consequente perda de energia. Em ambos os
casos, a sua propagação no material é impedida (Figura 2)[1][2].

Figura 2 -​ Transformação t → m da zircônia em grãos subjacentes à trinca. A expansão gerada


forma uma força compressiva que se opõe às forças trativas da trinca, impedindo sua propagação
[2].
Esse fenômeno é semelhante ao que ocorre com os dentes humanos. A
presença de microtrincas é comum para a função a qual o dente é atribuído. Estas
microtrincas não se propagam no dente por conta da interface da junção
esmalte-dentina e pela mudança microestrutural cristalina do esmalte, que atuam
como barreiras quando a trinca é formada [1].
Outros fenômenos também contribuem para as propriedades mecânicas do
material. A expansão volumétrica na mudança de fase tetragonal-monoclínica gera
microtrincas que não são nocivas ao material e não se propagam. Estas
microtrincas também atuam como barreiras que impedem a propagação de novas
trincas nessas regiões (Figura 3). Além disso, quando uma transformação
espontânea das fases ocorre na superfície da zircônia, é formado uma camada
compressiva superficial que induzem tensões compressivas que se opõem às
tensões trativas aplicadas, diminuindo o risco de falha por fadiga nesta região [1].

Figura 3​ - Desvio com consequente perda de energia na propagação de trincas na interação com as
forças compressivas de microtrincas geradas na transformação t → m [1].

3.3 Desvantagens

A desvantagem da cerâmica é o crescimento de trinca que pode ocasionar


por causa da água. Inicialmente é uma trinca muito pequena que pode concentrar
ponto de tensão e assim fragilizar o material comprometendo seu serviço. Isso se
chama envelhecimento da cerâmica, que é a presença de água em contato com a
fase tetragonal-monoclínica. Esse contato gera rugosidade de microtrinca abrindo
espaço para uma trinca maior. O envelhecimento depende dos parâmetros
estruturais, como estabilizantes, tamanho de grão e concentração de defeitos.[1]

4 CONCLUSÃO

Zircônia é um material adequado para uso restaurador sobre seus aspectos


biológicos, funcionais e estéticos. O cirurgião-dentista deve conhecer as suas
propriedades e manuseio do material e além dos estudos laboratoriais e clínicos
para utilização do material da forma mais adequada e funcional.
5 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

[1] ANDREIUOLO, R. et al. ​A Zircônia na Odontologia Restauradora. Revista


Brasil Odontologia​. Rio de Janeiro, v. 68, n. 1, p. 49-53. 2011.
[2] YOSHIMURA, H. N. ​Cerâmicas Especiais a base de óxidos​. Material da
disciplina EN3820 Cerâmicas Especiais e Refratárias. UFABC. 2017.
[3] VANWINKLE, J. A. ​Mechanism of the passivation of zirconium in low pH
solutions​. Oregon Health & Science University. 1999.
[4] RAJUL, V. et, al. Zirconia a modern ceramic material in dentistry - a
systematic review​. Unique Journal of Medical and Dental Sciences 02. p. 168-170.
2014.
[5] BENSAHA, R.; BENSOUYAD, H. ​Synthesis, Characterization and Properties
of Zirconium Oxide (ZnO2)-Doped Titanium Oxide (TiO2) Thin Films Obtained
via Sol-Gel Process​. Heat Treatment Frank Czerwinski, INTECH. 2012.
[6] ​CORREIA, A.R.M.​; FERNANDES, J.C.A.S.; CARDOSO, J.A.P.​; SILVA, C.F.C.L.
CAD-CAM: a informática a serviço da prótese fixa: Rev. odontol. UNESP, vol.35,
n. 2,​ p.183-189, 2006.
[7] CARTER, C.B.; NORTON, M.G. ​Ceramic Materials: Science and Engineering​.
New York: Springer, 2007.
[8] LICCARDO, A. ​Geologia dos Pegmatitos​. Material de aula. Área de Mineralogia
e Gemologia - UFOP.
[9] LEE, J.D. Química Inorgânica não tão Concisa​. 5. ed. São Paulo: Edgard
Blücher, 1999.
[10] YOSHIMURA, H.N. et al. ​Zircônia parcialmente estabilizada de baixo custo
produzida por meio de mistura de pós com aditivos do sistema MgO-Y​2​O​3​-CaO​.
Revista Cerâmica​, n. 53, p. 116-132.
[11] ATKINS, P. et al. ​Shriver & Atkins’ Inorganic Chemistry​. 5. ed. New York:
W.H. Freeman and Company, 2010.

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