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CÂNCER E
PSICOSSOMÁTICA
Seminário apresentado no
Curso de Especialização em Psicossomática – Turma 182
Orientado pelo Prof. Anderson Zenidarci
Ângela Carero
Margarete Rocha
Maria de Lourdes Barbosa de Arruda
Maria Emilia Cardoso Gadelha
SÃO PAULO
Dezembro 2001
ÍNDICE
1 Introdução 3
2 Histórico 4
3 Considerações básicas 6
3.1 ANATOMOFISIOLOGIA 6
3.2 PSICONEUROENDROCRINOIMUNOLOGIA 10
3.3 ETIOLOGIA 19
3.3.1 Herança genética 20
3.3.2 Fatores ambientais 21
3.3.3 Fatores psíquicos e sociais 22
3.4 EPIDEMIOLOGIA 30
4 Diagnóstico psicossomático 32
4.1 BASES PSICOLÓGICAS PARA O DESENVOLVIMENTO DO CÂNCER 32
4.2 TIPOS E CORRELAÇÕES SIMBÓLICAS 37
4.2.1 Câncer em Geral (carcinoma) 37
4.2.2 Câncer de Pele 39
4.2.3 Câncer de Pulmão 41
4.2.4 Câncer de Mama 43
4.2.5 Câncer do Colo do Útero 45
4.2.6 Câncer de Próstata 46
4.2.7 Câncer do Estômago 48
4.2.8 Câncer Coloretal 50
4.2.9 Leucemia Aguda 52
5 Aspectos psicossociais 55
5.1 IMPACTO DO DIAGNÓSTICO 55
5.2 REAÇÃO VIVENCIAL AO CÂNCER E FASES DE ADAPTAÇÃO 58
5.3 FAMÍLIA 61
5.4 SEXO 64
5.5 ESPIRITUALIDADE 68
6 Abordagens terapêuticas 70
6.1 PARTICULARIDADES DO CÂNCER INFANTIL 72
6.2 ASPECTOS PSICOLÓGICOS DA CIRURGIA 74
6.3 PSICOTERAPIA 77
6.4 PSICOSSOMÁTICA APLICADA AO CÂNCER 82
6.5 ANSIEDADE 88
6.6 DEPRESSÃO 94
6.6.1 Depressão no adulto com câncer 94
6.6.2 Depressão na criança com câncer 95
6.7 DOR 100
6.8 FASES FINAIS DE DOENÇAS GRAVES 101
7 Cura 103
8 Conclusão 104
9 Bibliografia 105
10 Anexo 108
3
1 Introdução
A cada dia tornam-se mais freqüentes os diagnósticos de câncer. Nos países
desenvolvidos estas doenças, também chamadas de neoplasias malignas, já
representam a segunda maior causa determinante dos óbitos, ficando atrás
apenas das doenças cardiovasculares. Não se trata de uma epidemia. Ocorre
que o melhor controle sobre as demais doenças vem permitindo uma vida mais
longa, o que abre espaço para o desenvolvimento do câncer. Temos hoje mais
de oitocentas doenças agrupadas sob o nome de câncer. Todas resultando do
crescimento autônomo e desordenado de uma pequena parte do organismo.
Entretanto, na prática médica, cada uma delas é abordada de forma
diferenciada e tratada de acordo com seu órgão de origem e extensão no
organismo.
2 Histórico
Não há certamente nenhum exagero em afirmar que há muito o homem tenta
estabelecer as causas das doenças. A rigor, desde a antigüidade remota,
oriental e ocidental, muitos escritos tentam estabelecer as causas do câncer e,
nessa busca, muitos autores observaram que há uma relação entre estados
emocionais e predisposição para doenças orgânicas.
Ao longo do século XX, a Medicina foi convergindo seu foco para a doença e
para o órgão doente em sua profunda intimidade, mas isso levou a descobertas
que obrigaram a uma revisão conceitual no que diz respeito a admitir a
influência de aspectos emocionais na manutenção do binômio saúde/doença.
Até a descoberta dos hunza, não se conhecia nenhuma cultura que tivesse
sido inteiramente poupada do câncer. Admite-se que somente este pequeno
povo montanhês do Himalaia, até o contato com a civilização moderna, em
meados deste século, jamais soube o que era o câncer. Os traços desse
sintoma encontram-se hoje por toda parte, podendo ser detectados até no
passado graças aos modernos procedimentos de pesquisa. A presença de
tumores foi comprovada até mesmo em múmias incas com 500 anos de idade.
Apesar dessa disseminação universal, o câncer tornou-se uma marca distintiva
das nações industrializadas modernas. Ele não ganhou terreno de maneira tão
fulminante em nenhum outro lugar. 0 argumento de que ele somente é mais
freqüente nas nações industrializadas devido ao fato de que as pessoas que
nelas vivem atingem uma idade mais avançada é correto no que se refere a
algumas culturas, mas não se sustenta por princípio, podendo ser rebatido em
vários pontos. Por um lado, há tipos de câncer que atingem o ápice nos anos
de juventude, por outro, a própria Medicina tradicional demonstra que
determinados tipos de câncer, como o câncer dos pulmões, estão relacionados
de maneira inequívoca com hábitos e venenos de nossa civilização. Mas,
sobretudo, havia culturas antigas que possibilitavam uma longa expectativa de
vida com um baixo risco de câncer. Na cultura chinesa de orientação taoísta, o
câncer era extremamente raro, embora a expectativa média de vida das
pessoas fosse a mesma da China atual. Viver cem anos era considerado
normal.
3 Considerações básicas
3.1 Anatomofisiologia
Outro aspecto que merece ser lembrado é que as células cancerosas são,
geralmente, menos especializadas nas suas funções do que as suas
correspondentes normais. Conforme as células cancerosas vão substituindo as
normais, os tecidos invadidos vão perdendo suas funções. Por exemplo, a
invasão dos pulmões gera alterações respiratórias, a invasão do cérebro pode
gerar dores de cabeça, convulsões, alterações da consciência, etc.
3.2 Psiconeuroendrocrinoimunologia
Seguindo a tendência cartesiana, o desenvolvimento das pesquisas levou ao
delineamento de uma nova especialidade: a imunologia. Foram observados
novos fenômenos, e os pesquisadores perceberam que havia uma interação
entre o sistema nervoso e o sistema imunológico. A imunologia passou a ser a
neuroimunologia. O aprofundamento dos estudos indicou urna participação de
fenômenos psíquicos na função imunológica. Estabeleceu-se, então, nova
ampliação, e a neuroimunologia passou a ser a psiconeuroimunologia. Dessa
forma, através do notável avanço tecnológico e embasado pelo conhecimento
científico atual, houve um reencontro com o pensamento médico que, desde a
antigüidade, foi defendido por inúmeros autores e que propunha uma visão
abrangente do homem; que este fosse visto não sob a dicotomia mente e
corpo, mas corno um todo mente-corpo (Carvalho, 1994). A inclusão do
sistema endócrino fez surgir a psiconeuroendocrinoimunologia.
No final dos anos 30, Franz Alexander, em Chicago, Estados Unidos, afirmava
que muitos distúrbios crônicos não são causados por fatores externos,
químicos, mecânicos ou microbiológicos, mas por estresse funcional que atua
durante a vida cotidiana do organismo em sua luta pela existência. Alexander
criou uma nova disciplina, a Medicina Psicossomática, que assumia a antiga
crença de que a mente tem um importante papel na manutenção da saúde
física. Segundo Alexander, a Medicina Psicossomática partiu de algumas
descobertas como as de Cannon: muitas das funções orgânicas eram
controladas pelo sistema nervoso central (SNC) e que este recebe a influência
de uma instância central reguladora que, conforme Locke (1986) é chamada de
personalidade.
Segundo Bovbjerg (1991), o SNC pode usar como caminhos para regular a
atividade do sistema imunológico, dentre outros, a inervação autonômica do
órgãos linfóides, além das clássicas respostas neuroendócrinas. Tem sido
demonstrado que os linfócitos contêm receptores para uma grande variedade
de neurotransmissores, neuropeptídeos e hormônios. Foram descobertas
também funções imunomoduladoras de muitos hormônios e neuropeptídeos,
como é o caso dos opiáceos endógenos.
Será a crença no remédio tão importante quanto o próprio remédio? Será que
isso ajuda a explicar o efeito dos placebos e da Medicina alternativa? Seriam,
essas hipóteses, capazes de estabelecer relações entre os estados de ânimo
positivos e o aumento da sobrevida de pacientes portadores de AIDS, ou de
câncer? O sistema imunológico, portanto, parece explicar as interações entre
os fenômenos psicossociais aos quais as pessoas estão submetidas e
importantíssimas áreas de patologia humana como, por exemplo, as doenças
de auto-imunes (auto-agressão), infecciosas, neoplásicas e são centenas de
experimentos que atestam a expressiva influência das emoções no Sistema
Imunológico. Estão citados na Tabela seguinte apenas poucos trabalhos
experimentais sobre imunidade e transtorno emocional, alguns referidos por
Mello Filho e outros mais recentes.
3.3 Etiologia
Um grande passo foi dado com a descoberta dos fatores de risco do câncer:
alimentação (35%), cigarro (30%), sol (10%), hereditariedade (10%), viroses
(7%), exposição a produtos químicos (4%), álcool (3%) e exposição à radiação
(1%).
programação codificada dentro dos genes vai sendo cumprida de acordo com
as condições que o organismo encontra no meio ambiente. Isto é, se há
alimento disponível, o organismo pode crescer; havendo treinamento físico, um
atleta pode se desenvolver; com os estímulos adequados, um artista pode
criar. Para as doenças, isto também é verdade.
Estima-se que até 70% dos casos de câncer podem ser evitados simplesmente
impedindo-se a exposição aos fatores de risco ambientais. A eliminação do
hábito de fumar, modificações na dieta com um maior consumo de frutas,
verduras, legumes e cereais, prevenção das doenças sexualmente
transmissíveis e do controle na exposição a agentes químicos, radiações
ionizantes e raios ultravioleta são medidas práticas que contribuem para a
redução máxima do risco de se desenvolver um câncer.
Sabe-se hoje, portanto, que a Medicina não mais descobre causas únicas para
as patologias, como se pensou no final do século passado e até meados deste
século. Tem sido descobertas apenas condições necessárias, mas não
suficientes para que a enfermidade adquira seu aspecto e localização que
podem então caracterizá-la naquele momento.
Sir. James Paget, há mais de um século definiu o câncer: "São tão freqüentes
os casos em que a ansiedade profunda, a esperança adiada e o
desapontamento, são rapidamente seguidos pelo crescimento e aumento do
tumor, que não podemos duvidar que a depressão mental seja um poderoso
complemento para as outras influências que favorecem o desenvolvimento da
formação cancerosa."
Temoshok (citado por Cox T e Mackay C) sugere que dois grupos principais de
fatores possam estar relacionados a um risco aumentado do câncer:
primeiramente, a perda de uma relação importante (freqüentemente pai, mãe,
filho ou cônjuge) e, em segundo, uma grande inabilidade em expressar
sentimentos (hostis, irritáveis, etc) ou uma liberação inadequada da emoção.
Entre esses sentimentos de perda de relações, o luto parece desempenhar
papel preponderante.
Esse tipo de raciocínio sugere que, embora uma perda pessoal significativa
(morte do cônjuge, p. ex.) possa ser considerada mórbida bastante para o
desenvolvimento do câncer, esse evento sozinho poderá não ser suficiente. Há
pois, necessidade de um tipo pessoal e próprio de reação psicológica à perda
para, aí sim, aumentar-se o risco do câncer. Assim sendo, as evidências
convergem para fatores que parecem predispor algumas pessoas, mais que
outras, a desenvolver o câncer ou fazê-lo progredir mais rapidamente através
de seus estágios de desenvolvimento. Estes fatores incluiriam:
a. determinados traços da personalidade ou estilos de lidar com a
realidade, definidos como Personalidade Tipo C
b. dificuldades da pessoa expressar suas emoções com clareza e
sinceridade e
c. uma atitude ou tendência exagerada para solicitude e
compreensibilidade dos outros (Temoshok L, 1987).
Além deste três elementos, LeShan descreve o paciente de câncer com uma
visão de vida triste onde o futuro é pré-determinado por uma "condenação",
onde nada há a fazer contra o destino. As exigências feitas a si mesmo são
praticamente impossíveis de se realizarem e possui maior quantidade de
emoções do que é capaz de expressar, não podendo assim realizar suas
necessidades emocionais.
O luto por um ente querido, como também uma separação amorosa, têm sido
associados com freqüência ao surgimento de tumores malignos. Segundo
Amussart, em 1854, citado por Mello Filho : "a influência do luto parece ser a
causa mais comum de câncer".
Bernie Siegel, autor dos livros "Amor, Medicina e milagres" e “Paz, Amor e
Cura", dedica seus estudos aos "sobreviventes": "Estou interessado mesmo é
na sua forma de abraçar a vida, não em sua forma de evitar a morte. Aqueles
que aprenderam a enfrentar o desafio de sua doença e dividir a
responsabilidade por seu tratamento escolheram o caminho que leva à paz de
espírito e à cura no plano espiritual. Isso afeta profundamente sua capacidade
30
3.4 Epidemiologia
Embora conhecido há muitos séculos, somente nas últimas décadas o câncer
vem ganhando uma dimensão maior, convertendo-se em um evidente
problema de saúde pública mundial. No Brasil, o cenário não tem sido
diferente, observando-se, a partir dos anos 60, que as doenças infecciosas e
parasitárias deixaram de ser a principal causa de morte, sendo substituídas
pelas doenças do aparelho circulatório e pelas neoplasias. Mais recentemente,
com o incremento da mortalidade por causas externas, o câncer deixou de ser
a segunda causa de morte na população brasileira e passou ao terceiro lugar.
Muitos fatores têm contribuído para isso, merecendo destaque o
envelhecimento da população, resultante do intenso processo de urbanização e
das ações de promoção e recuperação da saúde, que propiciam a exposição
contínua a fatores ambientais e mudanças de comportamento responsáveis
pela carcinogênese.
4 Diagnóstico psicossomático
4.1 Bases psicológicas para o desenvolvimento do câncer
O padrão de comportamento reprimido do câncer quase sempre, por um lado,
compensa, e por outro descreve perfis de personalidade na época anterior ao
surgimento do sintoma. Mas nesta fase o corpo também apresenta uma
imagem muito diferente. É o estágio da excitação contínua, que os tecidos e
suas células toleram sem reagir. Elas tentam se proteger e erguer barreiras na
medida do possível para, através da imobilidade, sobreviver, ou seja, suportar
a desagradável situação. Caso uma célula experimente rebelar-se contra a
estimulação prolongada e tente seguir seu próprio caminho, degenerando,
saindo da espécie, essa insurreição é imediatamente reprimida pelo sistema
imunológico.
0 degrau seguinte da escalada mostra como esse preço pode ser alto: é
quando a corrente de impulsos de crescimento estancada durante anos rompe
o dique da repressão e goza descontroladamente a vida até o esgotamento.
Após o rompimento do dique, não há nem volta nem parada. 0 corpo lança-se
àquele outro extremo que até então tinha reprimido abnegadamente.
Freqüentemente o fenômeno da repressão mostra-se tanto na história anímica
da vida como na história das doenças do corpo. Não é raro encontrar as
chamadas anamneses vazias, ou seja, que o afetado não apresentava o menor
sintoma anos e até décadas antes do surgimento do câncer. 0 que à primeira
vista parece uma saúde imaculada, revela-se como rigorosa repressão a um
olhar mais atento. Não somente os desvios anímicos da norma, os desvios
corporais também foram totalmente reprimidos. Nesse contexto, o psico-
oncologista Wolf Büntig fala de "normopatia" quando se ater rígida e
inflexivelmente às normas transforma-se em doença. 0 que poderia se parecer
com contenção, simpática ou nobre, pode ser na verdade repressão de
impulsos vitais e, em última instância, vida não vivida. Assim como a célula sob
33
A erupção do sintoma pode tomar visível uma grande parte das reivindicações
reprimidas do ego, em contraste com o comportamento do paciente. Quando
esses componentes sombrios saem a superfície, é principalmente o meio
circundante que fica admirado. Pessoas até então pacatas exigem
repentinamente que tudo gire em tomo delas e de sua doença. Tendo o
diagnóstico como álibi, elas agora se atrevem a virar a mesa e deixar que os
outros dancem segundo sua música. A contenção e, literalmente, os
compassos podem agora ser atirados sobre a amurada para serem
substituídos por sons totalmente novos. Pessoas idealmente adaptadas
repentinamente saem da raia e pulam a cerca. Por mais desagradável que tal
atitude possa ser para o meio circundante, há nisso uma grande oportunidade
para o afetado. Caso a partir de agora os princípios de transformação, de auto-
realização e de consecução passem a ser vividos no plano anímico-espiritual e
se tomem visíveis no nível social, o plano corporal é aliviado. Entretanto,
muitos pacientes foram tão longe no papel de cumpridor das normas que
chegam a manter o papel de mártir mesmo em face da morte. Sem o alívio do
plano anímico, o princípio do ego permanece voltado exclusivamente para o
palco do corpo. As chances de acabar com o câncer são muito melhores
quando toda a pessoa admite o confronto e não envia unicamente o corpo
como seu representante na batalha. Para acabar realmente com algo, é
necessário primeiro admiti-lo.
O estado ideal caracteriza-se por uma ampla abertura anímica assentada sobre
uma base de força. Pode-se deixar entrar tudo o que se imagine sem precisar
temer pela própria saúde anímica. Isso é possível sobre a base de uma defesa
potencialmente forte, que além disso não entra em ação praticamente nunca.
Caso isso seja necessário, seu proprietário pode confiar em seu poder de
penetração. Justamente porque pode dizer não de maneira decidida e assim
proteger seu espaço vital, ele raramente a necessita. A defesa que lhe
corresponde, graças a seu bom treinamento, elimina qualquer agente
patológico e está à altura de qualquer exigência. Exatamente por não ser
poupada, confrontando-se com muitos desafios em uma vida corajosa, ela está
sempre pronta para a luta e segura da vitória. A principal razão de ela não
correr o risco de sucumbir aos agentes patológicos deve-se a que ela não é
enfraquecida pelo plano anímico. Quem se deixa atacar na consciência e se
defende lá mesmo, não precisa empurrar o tema para o corpo.
Em pacientes que sofrem algum tipo de depressão, tudo o que torna real essa
situação tão volátil pode levar a um enfraquecimento decisivo do sistema
imunológico. A demissão de um emprego que tinha se transformado no próprio
conteúdo da vida pode bastar, ou uma decepção definitiva com um sócio após
anos de engano. Partindo de seu padrão interno, o típico paciente de câncer
costuma se envolver em tais situações. Seu ser adaptado e, além disso,
oprimido, volta uma e outra vez a se colocar sob pressão para arriscar uma
nova tentativa de revivificação. Cada uma dessas tentativas pode tornar real a
sensação de absurdo mantida sob controle a tão duras penas, e um novo
fechamento repentino pode desencadear a erupção da doença. Os pacientes
de câncer que têm êxito também encontram inúmeras possibilidades para
fechar-se à energia da vida. Qualquer fato que coloque em questão a máscara
de sua depressão, o sucesso, poderá eclodir a doença.
FÍSICO PSÍQUICO
Cabeça Ansiedade, pensamento, desconexão
Boca Medo, ansiedade, recepção
Olhos Sedução, discriminação, discernimento
Nariz Ousadia, poder, orgulho, sexualidade
Ouvido Dependência, obediência, recepção, relação
Garganta Agressividade, poder, domínio, timidez
Pescoço Superioridade, medo, insegurança, orgulho
Pele Afeto, sexualidade, contato, normas
Pulmões Emoção, contato, comunicação
Estômago Relações sociais, absorção, sensações
Fígado Humor, avaliação, nervosismo
Coração Emoção, amor, sentimentos
Rins Equilíbrio, eliminação, discriminação
Bexiga Desapego, medo, ansiedade
2- Carcinoma Espinocelular
É o segundo tipo mais comum. Caracteriza-se por uma ferida que não cicatriza,
apresenta tendência para disseminação para os gânglios linfáticos e para
órgãos internos.
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3- Melanoma
É o câncer de pele mais grave e também um dos mais fatais entre todos os
tipos de câncer existentes. Pode dar metástase para qualquer parte do corpo
(gânglios, cérebro, pulmões, fígado, ossos, tecidos gordurosos, etc.) colocando
em grande risco a vida do indivíduo. O melanoma cutâneo é um tipo de câncer
que tem origem nos melanócitos (células produtoras da melanina, substância
que determina a cor da pele) e que predomina em adultos. Sua mortalidade
vem aumentando nas populações brancas de ambos os sexos, em várias
partes do mundo. Nos Estados Unidos, foi o câncer de aumento mais
expressivo, tendo sua incidência quase triplicada nas últimas quatro décadas.
Plano sintomático:
- Câncer de pele (não-melanoma): crescimento de algo selvagem e tumoroso
no âmbito das próprias fronteiras e do contato direto; tamanho é o afastamento
da orientação que lhe é própria no tocante às regiões de fronteira e contato que
o corpo toma as rédeas do tema, em grande parte para lhe proporcionar uma
expressão; crescimento anímico-espiritual nesse campo esteve bloqueado por
tanto tempo que ele agora abre caminho no corpo sempre de modo agressivo e
avassalador; o câncer desenvolve corporalmente no âmbito da fronteira e do
contato o que se faz necessário no âmbito correspondente da consciência.
Remissão: descobrir o amor sem fronteira por si mesmo e pelo mundo, não se
importar com normas de qualquer natureza, comprometendo-se apenas com a
sua própria lei: viver abertamente e com contatos alegres; com isso, porém,
poder contar a qualquer momento com a própria força no que diz respeito ao
estabelecimento de fronteiras contra agressões externas; reconhecer a
necessidade de passar do nível corpóreo e perigoso (à vida) para o nível
anímico-espiritual desafiador, mas que liberta a vida e, neste último, apostar
num crescimento expansivo.
Este tipo de câncer representa nos países ocidentais uma das principais
causas de morte em mulheres. As estatísticas indicam o aumento de sua
freqüência tantos nos países desenvolvidos quanto nos países em
desenvolvimento. Segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS), nas
décadas de 60 e 70 registrou-se um aumento de 10 vezes em suas taxas de
incidência ajustadas por idade nos registros de câncer de base populacional de
diversos continentes. Tem-se documentado também o aumento no risco de
mulheres migrantes de áreas de baixo risco para áreas de risco alto. Nos
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Mama esquerda: a parte feminina figura em primeiro plano (o seio como órgão
que alimenta; princípio original: Lua); problemas de mãe (maternidade),
temática referente ao ninho e à proteção (temática anima);
Mama direita: a parte ofensiva e feminina figura em primeiro plano (os seios
"arma" feminina, o bico do seio como princípio invasivo; princípio original;
Vênus); conflito com o parceiro e/ou com o pai (temática animus).
possam inexistir. Por este motivo, o exame periódico deve ser realizado,
mesmo que não existam sintomas, para que o câncer possa ser detectado
precocemente, com maiores chances de tratamento e cura.
A forma endêmica está mais presente nas mulheres e jovens, não estando
relacionada com as lesões pré-cancerosas e sim com a ocorrência familiar (tipo
sangüíneo A), sugestiva de uma etiologia genética.
Plano sintomático: conta-se, na maioria das vezes, com uma longa história
anterior de irritação crônica e de uma (inconsciente) acidez agressiva, de uma
postura de criança mimada, de resignação; em sua vida, algo se encontra no
estômago e não pode ser digerido: redunda num conflito aparentemente
insolúvel; o próprio ninho é inconscientemente posto em questão e ameaça
despedaçar-se de dentro para fora; a parede do estômago como símbolo das
paredes do antigo ninho da infância são corroídas de maneira destrutivamente
agressiva, e os restos do que foi corroído começam a pulular e a espalhar-se;
degeneração no âmbito do sentimento e da receptividade, por exemplo, na
receptividade a coisas e sentimentos que não correspondem ao cerne mais
profundo de seu ser, mas lhe custam muita energia; crescimento tumoroso
(inconsciente) selvagem e desordenado no mundo dos sentimentos e no
circuito da receptividade; tamanho é o afastamento da via de desenvolvimento
que lhe é própria no âmbito do sentimento, do ninho da receptividade, que o
corpo tem de proporcionar ao tema (esquecido, reprimido) uma expressão; o
crescimento anímico-espiritual nesse ciclo temático esteve por tanto tempo
bloqueado que ele agora abre caminho no corpo de modo agressivo: o câncer
realiza no plano corporal o que seria necessário animicamente no âmbito
análogo da consciência; sentimentos não-vividos de solicitude, de ausência de
fronteiras, de amor e amplo intercâmbio afundam-se no corpo; a busca de
imortalidade e onipotência (da alma) esgota-se nas células cancerígenas em
vez de fazê-lo na consciência; a retroligação com a origem, a fonte religio
afunda-se nas tendências regressivas das células do corpo.
na mulher, sendo que o fato de ter muitos filhos ainda em idade precoce
também é um fator protetor.
Outros fatores podem atuar de forma protetora ou, ao contrário, alguns fatores
podem aumentar o risco e até mesmo agir de forma predisponente. A relação
da dieta e o risco do câncer coloretal é bem estabelecida. Sabidamente a
ingestão aumentada de gordura saturada (proveniente da carne vermelha
principalmente) aumenta o risco, ao passo que o óleo vegetal não apresente
nenhum efeito e o óleo proveniente do peixe (ômega 3) possui efeito protetor
contra o câncer coloretal. Existe também relação com a quantidade de calorias
ingeridas, sendo maior o risco em pessoas que comem mais. Já a ingestão de
fibras vegetais é apresentada como um fator protetor. A fibra age promovendo
uma maior velocidade de passagem do alimento, dentro do intestino,
diminuindo o tempo de contato entre as substâncias carcinógenas encontradas
nos alimentos e a parede intestinal. A dieta rica em cálcio e potássio possui um
efeito protetor. A ingestão de bebidas alcoólicas, quando exacerbadas,
aumenta o risco.
Vale lembrar o risco aumentado para câncer coloretal de outros fatores, tais
como a obesidade, sedentarismo, consumo exagerado de açúcar refinado e da
dieta com o maior teor de gordura saturada; ficando clara a indicação de uma
dieta saudável e de exercícios físicos freqüentes como meio de prevenção
deste tipo de câncer.
5 Aspectos psicossociais
5.1 Impacto do diagnóstico
Muitas pessoas ainda reagem à noticia de que estão com câncer como se
estivessem recebendo uma sentença de morte, o que deixou de ser verdade há
muito tempo.
- Mulher de 36 anos, casada, com um filho de 3 anos, poderá lidar melhor com
um diagnóstico e tratamento de câncer de mama, por exemplo, se a mãe e a
tia que já tiveram câncer de mama há mais de 15 anos estão bem.
5.3 Família
O pesar é o sentimento que surge como reação ao fato de ter sofrido uma
perda. O pesar identifica a situação específica das pessoas que tenham
experimentado uma determinada perda (Corr, 1997), portanto, o pesar é uma
reação emocional específica a este determinado "objeto". Devido à perda, se
desenvolve uma grande quantidade de emoções, experiências e mudanças na
vida psíquica da pessoa. A duração desse estado depende da intensidade da
relação com a pessoa que morreu ("objeto" perdido). É bom sublinhar que o
pesar tem também um aspecto antecipatório, ou seja, supõe o aparecimento de
emoções e sentimentos antecipadamente à perda (vai morrer).
teve com a pessoa que morreu. Lindenmam (1994) faz notar cinco
características:
aflição somática
preocupação com a imagem da pessoa morta
culpa
reações hostis e
perda da conduta normal.
Liberar-se dos laços com a pessoa falecida implica que se deve modificar a
"energia emocional" (o tônus afetivo) investida na pessoa perdida. Isto não
quer dizer, de forma alguma, que tenhamos deixado de amar a pessoa
desaparecida, mas sim, que é possível agora dirigir os sentimentos e afetos a
outros, em busca de uma satisfação emocional.
No entanto, a reação de uma criança pela morte de um ente querido pode ser
muito diferente da reação das pessoas adultas. As crianças de idade pré-
escolar acreditam que a morte é temporária e reversível; esta crença está
reforçada pelos personagens em desenhos animados que "morrem e revivem"
várias vezes. As crianças entre cinco e nove anos começam a pensar mais
como adultos acerca da morte, mas não podem imaginar que eles ou alguém
que eles conheçam possa morrer. Acrescenta-se, ao choque e à confusão que
sofre a criança que tenha perdido seu irmão, irmã, pai ou mãe, a falta de
atenção adequada de outros familiares que choram essa mesma morte e que
não podem assumir adequadamente a responsabilidade de cuidar da criança.
5.4 Sexo
É comum a diminuição da libido durante o tratamento de uma doença grave.
Medo, depressão, eventuais dores e os próprios medicamentos costumam ser
os responsáveis. Além disso, os parceiros sexuais costumam se inibir diante da
situação. Resultado: vida sexual suspensa. As dúvidas são comuns: Podemos
ter sexo? De que forma? Como voltar a estimular meu parceiro?
É importante lembrar que o paciente continua com seus desejos sexuais, mas
nem sempre consegue identificá-los. Comportamentos agressivos, irritações
sem causa aparente e distúrbios do sono podem ser manifestações destes
impulsos. Não há porque temer o relacionamento sexual. Sem preocupações
com o desempenho e com maior atenção ao parceiro, a vida sexual pode até
dar mais prazer.
O sexo continua a ser importante, tanto para o paciente como para seu
parceiro. Muitas vezes, sentir-se desejado torna-se um importante estimulo
para que o paciente consiga tolerar o tratamento.
5.5 Espiritualidade
A importância da fé e do bem-estar espiritual está cada vez mais em evidência,
apesar da polêmica ainda existente entre a comunidade médica sobre o tema.
na vida, 40% para achar “paz de espírito” e 39% para encontrar uma força
espiritual.
Viktor Frankl, em seu livro, “Man’s Search for Meaning”, propõe que a
existência humana tem três dimensões: mente, corpo e alma.
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6 Abordagens terapêuticas
No que se refere ao tratamento do câncer há razões para otimismo.
Tecnologias permitiram uma verdadeira revolução, com a formação de um
arsenal médico bastante eficiente.
Algumas vezes os pais notam uma massa no abdome, podendo tratar-se nesse
caso, também, de um tumor de Wilms ou neuroblastoma.
Tumor de sistema nervoso central tem como sintomas dor de cabeça, vômitos,
alterações motoras, alterações cognitivas e paralisia de nervos.
É importante que os pais estejam alertas para o fato de que a criança não
inventa sintomas e, que ao sinal de alguma anormalidade, levem seus filhos ao
pediatra para avaliação. É igualmente relevante saber que, na maioria das
vezes, esses sintomas estão relacionados a doenças comuns na infância. Mas
isto não deve ser motivo para que a visita ao médico seja descartada.
O trauma psicológico decorrente de cirurgia foi uma das vias de acesso para o
reconhecimento da situação emocional dos pacientes com câncer. É evidente
que a cirurgia nos pacientes com câncer tem um componente emocional muito
maior do que em outras afecções. Esteja ou não informado o paciente, é o
ambiente que organiza a situação emocional e que é inescapável para o
paciente.
ser humano precisa de cada órgão ou segmento e de sua função real e, além
disso, da atribuída pela cultura, para ser considerado por si mesmo e pelos
demais como ser humano.
Se pelo câncer ou seu tratamento for afetado ou perdido um órgão, uma função
ou o aspecto exterior, produz-se uma “fratura” da capacidade de adaptação
físico-emocional, que é temida especialmente diante das exigências sócio-
culturais, reais e/ou supostas. Esta ruptura ou modificação traz graves
transtornos psicológicos e de desadaptação, que são vivenciados como
verdadeiros lutos.
3. As sugestões terapêuticas.
No tratamento, deve vigir o princípio de realidade de que “agora tudo é
diferente” e que tomar a iniciativa da reabilitação é muito difícil para o paciente.
Apesar disso, é freqüente ver como uma revalorização afetiva faz com que o
doente tome a condução do grupo familiar para uma readaptação. Isso é
observado com mais freqüência na mulher do que no homem, talvez como
resultado dos respectivos papéis sociais em nossa cultura. Revalorização
significa modificar a escala de valores em que, no entorno do paciente, uns
sobem e outros descem ou desaparecem em seus afetos.
77
6.3 Psicoterapia
Todo doente com câncer deve viver com aquilo que se denomina de “a
síndrome da espada de Dámocles”, ou a certeza da incerteza. Há a
permanente ameaça da recidiva ou da metástase, ameaça que é projetada
claramente a partir da realidade que o cerca. Este mal-estar que é permanente,
e que exige muitos anos para ser controlado, é completado pelo medo da dor,
do sofrimento e do isolamento. Em nosso meio, cabe acrescentar que todo
paciente hospitalar deve encarar e suportar a estrutura assistencial.
O primeiro passo recomendado por Simonton que o paciente com câncer deve
fazer é começar a se mover, a crescer, a se transformar e a se desenvolver.
Faz parte, também, aprender a dizer não, detectar e viver seus desejos
egoístas, experimentar rebelar-se contra regras rígidas, escapar de estruturas
demasiado estreitas, chegar perto e perto demais dos outros, pular fronteiras,
ignorar limitações, viver todas as coisas que, caso contrário, ocorrem nas
sombras como acontecimento cancerígeno. Em vez de mutações no nível
celular, poderia haver metamorfoses nos âmbitos anímico, espiritual e social;
em vez de sair da espécie (degenerar), ele poderia pular a cerca (demasiado
opressora). Trata-se de travar conhecimento com o próprio ego. Em vez de sair
da espécie, trata-se de encontrar a própria espécie. Em vez de separação, o
que se procura é continuidade e responsabilidade por si mesmo. Toda a
criatividade desenfreada que se expressa no acontecimento cancerígeno deve
ser levada para o espaço vital consciente, do âmbito corporal para o âmbito
anímico-espiritual. As mutações estão à espera, e requerem coragem. Elas têm
81
mais sentido em qualquer outro lugar que não seja o corpo. Enquanto a
evolução biológica ocorreu através de mutações corporais, a evolução
individual deve ser levada por um caminho de transformações anímico-
espirituais. Assim como a célula do câncer faz algo de si mesma, os pacientes
devem fazer algo de suas vidas. E é preciso que seja algo próprio — que se
aproxime das pretensões autárquicas do câncer. O próprio paciente deve viver
a fertilidade das células cancerígenas. Em tudo isso, mostra-se consideração
pelas próprias raízes — talvez seja literalmente necessário renunciar à função
altamente especializada que se assumiu na sociedade, na empresa ou na
família, para voltar a se tornar um ser humano com necessidades próprias e
idéias diferentes. A mutação no nível celular encontra correspondência na
metamorfose do nível anímico-espiritual. Encontra-se neste caminho tudo o
que reforça a relação com a religio e que permite o acesso dos afetados a seus
níveis mais profundos. Após toda a necessária rebelião contra seu oportunista
jogo social, tendo encontrado seus verdadeiros lugares e tendo-os assumido
de corpo e alma eles, em qualquer caso, venceram, Isso então significa
novamente o fim de todas as tentativas de ser algo especial, o fim de todo o
egoísmo. Eles reconhecem que estão no lugar certo e que são um com tudo.
Isso seria também a (dis)solução para a célula cancerígena: não assumir seu
lugar com resignação e por falta de alternativas, mas assumi-lo
conscientemente e reconhecer sua unidade com todo o corpo.
Simonton relata que todos os pacientes que, por uma vez ainda, viraram a
página, contam que suas vidas mudaram radicalmente através da doença. Em
vez do consentimento dos outros, passa a haver auto-afirmação, em lugar da
submissão do subalterno, a rebelião declarada. Com os pacientes socialmente
bem-sucedidos, pode acontecer que a ego-trip vivida mas não vista pelo
próprio paciente tenha de ser integrada à consciência. Constata-se então que
há outra coisa muito mais essencial.
Dentre as várias afecções que têm sido estudadas pelos autores da escola de
Marty está o câncer. Tais pesquisadores trabalharam baseados na hipótese de
que os pacientes psicossomáticos apresentavam uma construção incompleta
83
A boa relação mãe/filho, que leva também em conta a necessidade que o bebê
tem de se separar, vai ajudá-lo a estabelecer uma diferenciação progressiva na
estruturação do seu psiquismo, de forma que comece a distinguir aquilo que é
de seu próprio corpo daquilo que é sua primeira representação do mundo
externo, oriunda da experiência fusional com a mãe. Ao mesmo tempo que isso
ocorre, começa também a se estabelecer na mente da criança a diferenciação
entre o que é psíquico e o que é somático. E é nesse constante movimento de
fusão e separação, com novos instantes de fusão sempre que houver situações
84
crianças com maior sensibilidade: mães com problemas que façam com que se
rompa a comunicação entre ela e seu bebê, quando ela deixa de perceber o
que o bebê lhe comunica e aí impõe a ele suas próprias idéias e desejos; mães
que não conseguem proteger seus bebês de superestimulação traumática ou
os submetem a uma subestimulação podem levá-los a não ser capazes de
distinguir as representações de si das do outro e, como decorrência, leva a
uma confusão em relação aos contornos de seu corpo.
Muitos são os autores que têm assinalado que os pacientes com câncer têm
dificuldade em expressar suas emoções, principalmente aquelas agressivas e
hostis. Grande parte desses pacientes chega mesmo a desconhecer essas
emoções. São pessoas que não têm acesso a seu mundo interno, não
identificam sentimentos e emoções e, como conseqüência, não conseguem
também nomeá-los. A esse fenômeno, pslcossomatistas de Boston deram o
nome de alexitimia, expressão vinda do grego (a = sem; Iexis = palavra; thymos
= coração, afetividade). Muitos pacientes com câncer, quando perguntados a
respeito do que sentem, usam o nome de um outro sentimento que não aquele
que realmente sua linguagem corporal, aliada ao desencadeante da situação,
mostra ser o sentimento verdadeiro.
mencionado acima, é uma depressão que não apresenta o forte colorido das
outras depressões, sendo, portanto, pouco intensa. Diferentemente dos
estados de luto, nela estão ausentes os sentimentos de falta. Não aparecem
rememorações ou saudades. Estão ausentes os sentimentos de auto-acusação
e também os de inferioridade e fraqueza. Há perda dos interesses habituais, da
perda dos projetos de futuro e o comportamento fica automatizado. Ela pode
ser breve e seguida de uma doença pouco grave. Se a depressão essencial se
prolonga, pode atingir severamente o corpo. Geralmente, está presente
também uma alteração de qualidade da linguagem, que fica mais pobre, com
perdas de metáforas, de imagens, de criatividade. A linguagem, além de passar
a apresentar um conteúdo mais concreto, apresenta também uma fala mais
fatual e atual. O discurso passa a ser pobremente descritivo, desvitalizado e
preso à cronologia dos fatos. Os sonhos freqüentemente estão ausentes,
podendo aparecer, no entanto, de forma também empobrecida e pouco
elaborada.
6.5 Ansiedade
1. Transtornos de Ajustamento
Os Transtornos de Ajustamento se diagnosticam em pacientes que manifestam
comportamentos mal adaptados e/ou mudanças no estado de ânimo como
resposta a um estresse identificado. Os comportamentos mal adaptados ou
mudanças no estado de ânimo incluem nervosismo intenso, preocupação,
medo e deficiência no funcionamento ocupacional, escolar, social ou familiar
normais. Estes sintomas são adicionais às reações normais ao câncer e
ocorrem nos seis meses depois do estresse inicial do diagnóstico.
2. Transtornos de Pânico
Nos transtornos relacionados com o Pânico, ansiedade intensa é também o
sintoma predominante, ainda que possam surgir sintomas somáticos muito
expressivos. Estes sintomas incluem dispnéia, enjôo, palpitações, tremores,
náusea, coceiras, sensação de medo de descontrolar-se, desmaiar, passar mal
ou morrer. Os ataques de Pânico podem durar vários minutos ou horas. Os
pacientes com ataques de Pânico apresentam, inicialmente, sofrimento com
sintomas que podem ser difíceis de diferenciar de outros transtornos clínicos
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3. Transtornos Fóbico-Ansiosos
As fobias são medos persistentes e absurdos a objetos ou situações
específicas, que fazem com que a pessoa os evite. As pessoas com fobias
experimentam geralmente ansiedade intensa e evitam as situações que
potencialmente possam desencadear a crise fóbica, a qual é sempre
acompanhada de sintomas autonômicos (do Sistema Nervoso Autônomo).
4. Transtornos Obsessivo-Compulsivos
Os Transtornos Obsessivo-Compulsivos se caracterizam por pensamentos,
idéias ou imagens persistentes (obsessões) e por ações repetitivas, com bons
propósitos e intencionais (compulsões), realizadas pela pessoa para controlar
sua intensa ansiedade. Para satisfazer os requisitos de Transtorno Obsessivo-
Compulsivo, os pensamentos obsessivos e comportamentos compulsivos
devem tomar tanto tempo e criar tal distração que dificultam o funcionamento
ocupacional, escolar, social ou familiar normais.
6.6 Depressão
Sendo a tristeza uma reação comum à qual todas as pessoas com câncer têm
que enfrentar e, sendo também a Depressão bastante comum nesses
pacientes, é importante diferenciar entre os graus normais dessa tristeza e os
transtornos depressivos francos. Dependendo da personalidade e do perfil
afetivo de cada paciente, alguns podem ter severíssimas dificuldades em
ajustar-se emocionalmente ao diagnóstico de câncer. O quadro a que estão
sujeitas essas pessoas mais sensíveis não diz respeito, simplesmente, à
tristeza, aos pensamentos negativos ou à falta de ânimo. Os pacientes que
apresentam Depressão Maior devem ser tratados, para que melhore a
qualidade de vida e, principalmente, as perspectivas de sucesso no tratamento
oncológico (Massie, 1987; Lynch, 1995).
Em relação ao câncer, tudo leva a crer que a maioria das crianças é capaz de
lidar com o caos emocional ocasionado pela doença, e não só dar mostras de
boa adaptação mas, muitas vezes, fazendo isso melhor que os adultos com
câncer e, freqüentemente, muito melhor que seus pais.
critérios do DSM III. Tebbi encontrou, num estudo de 1988, uma taxa de
Depressão Maior entre pacientes adolescentes com câncer semelhante à da
população em geral. Apesar dessas felizes evidências de boa adaptação na
maioria dos pacientes infantis de câncer, juntamente com uma maior
capacidade de recuperação e maior êxito no reajuste social do que os
pacientes adultos com câncer, a maior parte dos estudos nos mostra um
importante subgrupo de pacientes com câncer que, depois de tratados,
experimentam importantes dificuldades vivenciais. Durante a quimioterapia, e
em relação ao bem-estar emocional, as crianças da oncologia foram
notavelmente similares às crianças sadias. Inclusive, uma boa parcela delas
obtiveram escores melhores em diversas dimensões do funcionamento social
que as crianças sadias controles (Noll, 1999). Mas, os efeitos do estresse do
tratamento podem surgir depois.
6.7 Dor
Deve ser respeitada a vontade do paciente, como é o caso, por exemplo, das
ordens de não ressuscitá-lo em situações especiais. Isso significa dar
instruções aos médicos e outras pessoas encarregadas do cuidado médico,
para que não tomem medidas extremas com o propósito de prolongar a vida do
paciente, no caso, por exemplo, do coração deixar de bater ou dele deixar de
respirar. Quando esse tema não for omitido e havendo vontade expressa do
paciente, esta é sempre soberana em relação às tentativas de ressuscitação. É
aconselhável que os pacientes com idéias claras e lúcidas sobre esses
assuntos conversem com seus médicos e com as pessoas encarregadas de
sua saúde o mais cedo possível, antes que a pessoa perca a faculdade plena
de tomar decisões.
7 Cura
O funcionamento normal do sistema imunológico e a diminuição da produção
das células anormais criam condições propícias para que o câncer regrida. As
células anormais que restam podem ser destruídas pelo tratamento ou pelas
defesas naturais do corpo. Os pacientes que participaram de sua própria
recuperação adquiriram forças de que não dispunham antes da doença. A
partir do processo de enfrentar uma doença fatal, fazer face a problemas
existenciais importantes e a aprender mais sobre o seu poder de enfrentar a
sua própria saúde, os pacientes recuperam não somente a saúde, mas
também um senso de força e controle das suas vidas que nunca perceberam
antes de ser diagnosticada a doença.
8 Conclusão
No mundo moderno, o câncer, doença maligna, cujo nome vem do latim e
significa "modificação" (e, nesse caso, modificação degenerativa) tem sido
agrupado, para efeitos de estudo e pesquisa, em mais de oitocentas categorias
diferentes e caracteriza-se pelo crescimento autônomo e desordenado de uma
pequena parte do organismo humano.
9 Bibliografia
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2001.
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http://www.inca.org.br/epidemologia/estimativa2000/
http://www.inca.org.br/epidemologia/estimativa2000/brasil.html.
http://www.inca.org.br/epidemologia/estimativa2000/regioes.html.
108
10 Anexo
EGOGRAMA
Nome:_______________________________________________
(Não preencher)
110
IMPULSORES
Nome:_______________________________________________
Cada vez que faço algo, exijo-me maior perfeição, ainda que perca
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muito tempo.
Procuro usar perfeitamente as palavras, sem cometer o menor erro.
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Quando tenho que dar informações, falo mais do que o necessário
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para que me entendam perfeitamente e não alterem minhas palavras.
Mesmo que faça algo bem, penso que deveria ter feito melhor.
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Se digo algo positivo, necessito completar com algo negativo.
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Não suporto a menor desordem e nem que as roupas de uso e de
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cama estejam amassadas.
Não tolero os erros alheios. É muito difícil que me conforme.
37
Não posso evitar de corrigir as pessoas.
38
Tenho que se o/a melhor no estudo e trabalho.
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112