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Abstract: There is substantial evidence of early impairment in joint attention (JA) abi-
lity in children with autism. Difficulty in this ability is one of the boldest sign of the dis-
order. However, JA is usually understood in a molecular form, disregarding the distinc-
tion between its components, in other words, response (RJA) and initiative (IJA)
behaviors. In this study, the ontogeny of JA ability and the differences in RJA and IJA
were discussed based on the development of understanding of intentional action and its
neuropsychological correlates. It was concluded that it is important to differentiate RJA
from IJA because there is evidence that the latter may be a bolder predictor of autism
rather than the RJA bringing both theoretical and methodological implications, as well
as relevant practice.
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Endereço para correspondência: Regina Basso Zanon, Universidade Federal do Rio Grande do Sul, Rua Rami-
ro Barcelos, 2.600, Santana – Porto Alegre – RS – Brasil. CEP: 90035-003. E-mail: rebzanon@gmail.com.
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envolve habilidades que não emergem (ou o fazem de forma qualitativamente distin-
ta) na faixa etária esperada, sendo fundamental o conhecimento de parâmetros de
desenvolvimento comunicativo típico. Em função disso, inicialmente a etiologia e o
desenvolvimento da AC serão explorados de acordo com a abordagem sociopragmá-
tica de Tomasello (2003), que trata do desenvolvimento da linguagem com base no
papel dos processos histórico-culturais na constituição da cognição humana. A escolha
dessa teoria deu-se justamente pela sua ênfase na questão do papel da intencionali-
dade na comunicação e pelo detalhado estudo do desenvolvimento pré-linguístico,
especialmente os gestos. Considerando que o núcleo do TEA é a dificuldade em com-
preender os outros como agentes mentais e intencionais, compreende-se a utilização
desse aporte teórico nesse campo.
Contudo, não era claro, na abordagem sociopragmática, o porquê da emergência
da AC especificamente no terceiro trimestre de vida da criança, ressaltando que a base
para o seu desenvolvimento estabelece-se logo após o nascimento, já nas primeiras
interações. Nesse sentido, a compreensão do salto qualitativo no comportamento de
AC, nesse período de vida, pode ser ampliada com base no modelo do processamen-
to paralelo e distribuído (MPPD) de atenção compartilhada (parallel and distributed
processing model of joint attention), proposto por Mundy et al. (2009) e Mundy e
Newell (2007). Esse modelo aborda o desenvolvimento de conexões neurais específicas
envolvidas no desenvolvimento social, incluindo a diferenciação entre IAC e RAC, o
que também contribui para a explicação sobre os possíveis processos envolvidos na
etiologia do TEA. Sendo assim, o presente estudo propõe uma articulação teórica en-
tre aspectos do desenvolvimento da intencionalidade infantil envolvidos nos compor-
tamentos de RAC e IAC, como preditores de sinais de alerta do TEA, e seus correlatos
neurocognitivos.
Desenvolvimento
Atenção compartilhada: abordagem sociopragmática
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• Compreensão da ação animada: por volta dos 6 meses de vida, os bebês entendem
as outras pessoas como agentes animados (mas ainda não intencionais) e, então,
passam a compartilhar ações e estados emocionais em relações diádicas (interações
face a face) com o ambiente físico e social.
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• Compreensão da ação voltada para objetivos: por volta dos 9 meses, os bebês en-
tendem os outros como seres capazes de realizar ações específicas para produzir
objetivos específicos, passando a compartilhar objetivos, ações e percepções, e a se
engajar triadicamente com os outros – emergência da intencionalidade.
• Compreensão do planejamento de ações: por volta dos 14 meses, os bebês enten-
dem as outras pessoas como agentes intencionais que são capazes de selecionar
planos de ação para produzir objetivos em contextos específicos e, com isso, pas-
sam a compartilhar estados intencionais e percepção com os outros, engajando-se
de forma colaborativa.
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ela; e 4. ter noção de que o parceiro vai experienciar aquela situação como prazerosa
e interessante, da mesma forma como ela a experienciou anteriormente (Tomasello,
2003). Nesse sentido, o comportamento de IAC parece envolver uma maior compreen-
são, por parte da criança, dos diferentes aspectos envolvidos na interação social.
A abordagem sociopragmática, por ser uma teoria de desenvolvimento, contribui
significativamente para a compreensão da AC, entretanto deixa algumas lacunas no
entendimento do que ocorre especificamente no TEA. Assim, o modelo proposto por
Mundy et al. (2009) e Mundy e Newell (2007), ao estender as noções da teoria socio-
pragmática, aborda os comprometimentos sociais precoces do TEA, aprofundando a
reflexão acerca dos correlatos neurais envolvidos nas habilidades de RAC e IAC.
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Emergência da intencionalidade: AC
Criança Parceiro social
Objeto
RAC: IAC:
Compreensão da intencionalidade do parceiro Manifestação da intenção própria de
Processamento da informação externa compartilhar
Sistema de orientação e percepção da Processamento da informação interna
atenção posterior Sistema de orientação e percepção da
atenção anterior
Conclusão
As principais premissas da abordagem sociopragmática sobre o desenvolvimento
da AC são as seguintes: 1. as bases do desenvolvimento da AC desenvolvem-se desde
o nascimento, com as primeiras interações; 2. em torno do terceiro trimestre de vida,
ampliam-se os comportamentos de RAC, em contexto de interação social, represen-
tando a compreensão por parte da criança de atos intencionais dos adultos direciona-
dos a ela; e 3. posteriormente esses mesmos atos passam a ser reproduzidos esponta-
neamente pela própria criança, por meio da teoria da simulação e da aprendizagem
por imitação, caracterizando o comportamento de IAC. Algumas crianças estão em
risco no que se refere ao desenvolvimento dessa habilidade, e atrasos ou desvios qua-
litativos na expressão dos gestos, durante a interação social, podem representar sinais
de alerta para problemas graves no desenvolvimento social e linguístico da criança,
incluindo o TEA.
Com base na articulação dos dois modelos apresentados, pode-se concluir que a
maturidade cortical, envolvida na emergência e complexificação da AC, auxilia no de-
senvolvimento da capacidade de ver a si e os outros como agentes intencionais, duran-
te as experiências nas cenas de AC. A intencionalidade envolve conceber as pessoas
como seres que agem e pensam sobre o mundo de acordo com certas metas que são
partilhadas a partir de códigos linguísticos, exclusivos da espécie humana. Os substratos
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Submissão: 13.5.2014
Aceitação: 7.12.2014
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