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UNIVERSIDADE FEDERAL DO PARÁ

INSTITUTO DE CIÊNCIAS DA SAÚDE


FACULDADE DE MEDICINA
EIXO DE ATENÇÃO INTEGRAL A SAÚDE DO INDIVÍDUO,
FAMÍLIA E COMUNIDADE

MÓDULO DISCIPLINAR DE ATENÇÃO INTEGRAL A SAÚDE I

ANÁLISE REFLEXIVA DO FILME “UM GOLPE DO DESTINO” E DO


TEXTO “O NACIMENTO DO HOSPITAL” DE MICHEL FOUCAULT

Nome: Yago Luis Gonçalves Pereira.


Matrícula: 201809740062.
Docente: Vitor Nina de Lima.
Data: 07 de julho de 2018.

BELÉM
2018
1 O FILME “UM GOLPE DO DESTINO” E O TEXTO “O NASCIMENTO DO
HOSPITAL”

O filme Um Golpe do Destino retrata a vida laboral e pessoal de um médico, o Dr.


Jack, cirurgião de grande sucesso em sua área de atuação. O inicio do longa demonstra o
distanciamento do profissional quanto às individualidades de seus pacientes, sendo
explicitado pela frase que o mesmo usava de maneira educativa aos seus residentes: “O
trabalho de um cirurgião é cortar... você entra, conserta e sai fora”.

Essa postura é marca da despersonalização que o médico passa a ter com os seus
pacientes desde a medicalização dos hospitais e hospitalização dos médicos, retratada no
livro A Microfísica do Poder de Michel Foucault. Antes de o médico ser levado ao
atendimento hospitalar, o seu atendimento, apesar de não abrangente à população e mais
voltado à observação da doença, era individualizado e tido como árbitro entre a
enfermidade e saúde.

A ideia de reorganização dos hospitais, vistos como mortuários antes do século


XVII e XVIII, era de transformá-los em espaços ordenados e terapêuticos, visando
intervenções que, centradas na atuação médica e sua gestão, estariam voltadas à cura e
não à doença. Entretanto, com a instituição de mecanismos técnicos que padronizassem
sintomas e sinais, generalidades que facilitariam o diagnóstico clínico, o distanciamento
do profissional da saúde em detrimento do cuidado mais afetivo preencheu o caráter
médico de insensibilidade. Além disso, a transposição deste profissional a um patamar de
domínio sobre às práticas curativas e de disciplina hospitalar, endeusaram esta profissão,
eximindo-a da culpa dos possíveis erros terapêuticos e dotando-as de autoridade, por
vezes, desrespeitosa à dignidade dos pacientes.

A Síndrome de Burnout é a denominação mais atual para essas características


adquiridas pelo profissional da saúde, as quais se encaixam perfeitamente no perfil do
personagem do filme e de alguns coadjuvantes médicos do enredo. Essa rede de
desatenção à saúde, realizada por muitos médicos, é o que distancia empaticamente vários
indivíduos destes profissionais, levando a outro problema destacado hoje como “A
Síndrome do Jaleco Branco”, caracterizada pela tensão e medo dos pacientes à postura
do médico com o avental branco.
Por fim, as atitudes do Dr. Jack só puderam ser modificadas quando ele tomou a
posição de paciente, ao descobrir que possuía um câncer maligno. O reencontro da
característica individual, empática e sensível do ser que busca e necessita de cuidado
hospitalar, foi redescoberta pelo protagonista durante o seu processo de saúde-doença. A
vivência do outro lado, o de receber a terapêutica ao invés de realizá-la, pôs em questão
o papel do profissional na atenção aos seus pacientes, fazendo-o questionar valores e
atitudes que o cegavam do seu real papel: o cuidado. A criação de vínculos com pessoas
em tratamento de câncer - como no caso de sua amiga June – o fez perceber a necessidade
do médico, hoje, desarmar-se de suas técnicas para restabelecer o seu lado humano,
propício à proximidade de outras pessoas que lhe buscarão para cura ou mesmo atenuação
de enfermidades.

O abandono do traje autoritário, técnico e explicitamente interessado em lucro (por


isso a produção de “tratamento em massa” tomada pelos hospitais), permite ao médico
retornar à ideia de cuidado individual sem perder o foco do hospital medicalizado e do
deslocamento da atenção médica: que é a saúde e os meios naturais que a mantém. Isso,
no filme, também é válido à educação médica (como o exposto no final do longa), sendo
importante disciplinar os futuros profissionais de maneira que os mesmos possam colocar
a humanização como um dos principais alicerces do cuidado.

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