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do ensino
da arte
Metodologia do ensino
de arte
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transmissão de informação, sem prévia autorização, por escrito, da Editora e
Distribuidora Educacional S.A.
ISBN 978-85-8482-170-9
CDD 707
2015
Editora e Distribuidora Educacional S. A.
Avenida Paris, 675 – Parque Residencial João Piza
CEP: 86041 ‑100 — Londrina — PR
e-mail: editora.educacional@kroton.com.br
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Sumário
Caro aluno leitor! É com muita alegria que apresento a você este livro, que fará
parte da disciplina Metodologia do Ensino da Arte, do Curso de Artes Visuais, que
tem como objetivo formar professores da Educação Básica, ou seja, Educação
Infantil, Ensino Fundamental e Ensino Médio. Sou a professora Laura e convido
você a conhecer e refletir sobre o ensino de Arte, com ênfase nas Artes Visuais, pois
quando o professor trabalha de maneira adequada, promove uma aprendizagem
significativa e possibilita experiências estéticas, a percepção do mundo e de si mais
aguçada.
Este livro foi elaborado com muita pesquisa, dedicação e carinho, com o objetivo
de oferecer subsídios metodológicos e conhecimento científico, contribuindo
assim para que você avance na compreensão do ensino e aprendizagem da Arte e,
também, provocá-lo no sentido de refletir acerca desta disciplina e compreender
que ela possibilita o desenvolvimento cognitivo, afetivo, social e estético, portanto,
de extrema relevância no contexto escolar. Consta no Brasil (1997) que é limitada
a experiência de quem não tem contato algum com a arte.
TENDÊNCIAS DO ENSINO
DE ARTE NO BRASIL
Objetivos de aprendizagem:
Belas Artes, e nela serem professores; veremos sobre a Arte Neoclássica, que foi
trazida por eles, e por fim conheceremos as tendências pedagógicas do ensino
de Arte no Brasil.
Introdução à unidade
Acreditamos que este estudo acerca das origens do ensino de Arte no Brasil o
ajudará a compreender melhor o porquê de tantas distorções sobre como ensinar
Arte, e conhecer melhor as tendências pedagógicas de cada época, suas influências
e como estas perduram até os dias atuais.
Seção 1
A Companhia de Jesus foi introduzida em Portugal no ano de 1521 por D. João III.
Lá, estes religiosos receberam o Colégio das Artes e o Controle da Universidade de
Coimbra. Por sua organização, sua forma dinâmica de ser e pelo preparo teológico
e cultural dos membros da Missão Jesuítica, aos poucos esta foi se fortalecendo.
É bom enfatizar que antes dos jesuítas aqui chegarem, já existiam práticas educativas
no Brasil pelos habitantes que aqui viviam. Mesmo que fosse de uma forma diferente,
havia estas práticas. Ou seja, embora tenhamos começado a falar sobre ensino de Arte
a partir dos jesuítas, é importante ressaltar que estes não foram os primeiros a introduzir
processos educativos no Brasil, pois antes da chegada dos portugueses havia uma
população ameríndia que possuía suas próprias ações educativas, embora a educação
portuguesa as tenha anulado. Isto nos remete a Tobias (1986, p. 21-22), que diz:
De acordo com Priore (2004, p. 10), “até 1580 os jesuítas tiveram exclusividade na
ação religiosa no Brasil, como missionários ‘oficiais’ da Coroa”. Com a vinda de outras
ordens religiosas, o atendimento às necessidades espirituais dos colonos e o processo
de urbanização das cidades foram supridos, porém, a educação, principalmente a
catequese indígena, ficou como responsabilidade quase total dos jesuítas, até a sua
expulsão no século XVIII.
Por volta do século XVII inicia-se um considerável público, que tinha posses e era
voltado às produções artísticas, isto porque configurou-se uma nova classe social.
Houve um crescimento dos povoados, uma larga produção de ouro, com isto surgiu
um grande número de comerciantes, artesãos, pequenos empresários. Estes faziam
saraus, usavam instrumentos musicais e tinham residências ricas.
Neste período, a arte vinda da Europa era a Barroca. Desta forma, como as
irmandades eram ricas, cada uma procurava se destacar mais do que a outra, com
isto, investiam muito dinheiro na ornamentação dos templos. Isto contribuiu para o
crescimento do patrimônio de arquitetura barroca religiosa, o que posiciona o Brasil
no quadro de importante
Figura 1.2 | A tupinambá, a mameluca e a negra
grandeza internacional.
uma comitiva de arquitetos, artistas e intelectuais, dentre eles Albert Eckhout, que em
cenas do cotidiano retratou negros e índios, inclusive com os corpos nus. Com isto
estabelece-se uma cultura local diferente da dos jesuítas, favorecendo a abertura e
descentralização da produção artística, até então focada no sagrado.
No período que compreende os séculos XVII e XVIII, surgiram grandes obras primas
da arte religiosa brasileira. Dentre os artistas desta época destacou-se Manuel Dias de
Oliveira Brasiliense, conhecido como “o Romano”, pintor retratista da família real.
Já que falamos sobre o estilo Barroco trazido pelos jesuítas, faz-se necessário
recordar sobre este estilo. O Barroco foi uma tendência artística que se desenvolveu
primeiramente nas artes plásticas e depois se manifestou na literatura, no teatro e na
música. O berço do Barroco foi a Itália, ele iniciou-se no século XVII, espalhou-se por
vários países europeus e encerrou-se no século XVIII. O Barroco se desenvolve após
o processo de reformas religiosas, ocorrido no século XVI, em que a Igreja Católica
havia perdido muito espaço e poder. A Arte Barroca surge neste contexto e expressa
todo o contraste deste período: a espiritualidade e teocentrismo da Idade Média com
o racionalismo e antropocentrismo do Renascimento.
A função da Arte Barroca no Brasil foi para fins religiosos, ou seja, conversão à fé
católica dos negros, índios e, com o passar do tempo, os artesãos populares.
• linhas curvas;
• estilo dinâmico;
• narrativo;
• pintura com efeitos ilusionistas, dando-nos às vezes a impressão de ver o céu, tal
a aparência de profundidade conseguida;
Representantes:
No Brasil, a maior produção de obras barrocas foi em Minas Gerais, no século XVIII,
isto porque as cidades eram ricas e possuíam uma intensa vida cultural e artística em
pleno desenvolvimento.
O artista que mais se destacou no Brasil, no estilo Barroco, foi o escultor e arquiteto
Antônio Francisco de Lisboa, também conhecido como Aleijadinho. Suas obras eram
feitas em madeira e pedra-sabão e tinham um forte teor religioso. Vejam a seguir "Os
Doze Profetas" e "Cristo carregando a cruz", Santuário de Congonhas, em Congonhas
do Campo (MG), esculpidas por Aleijadinho.
O Barroco iniciou-se com uma grande produção sacra de estátuas, disseminada por
todo o litoral e em algumas regiões do interior do Brasil. Este tipo de arte encontrava
espaço tanto no templo como no domicílio privado. As primeiras peças barrocas
vieram com os missionários, mas a partir do século XVII começaram a se formar escolas
conventuais locais de escultura, compostas principalmente por religiosos franciscanos
e beneditinos, mas com alguns artesãos laicos, que trabalhavam principalmente o
barro. Já os jesuítas esculpiam na madeira. Os índios das Reduções, tanto do Sul como
Figura 1.5 | Apóstolos – Congonhas do Campo-MG Figura 1.6 | Escultura dos Sete Povos
das Missões
Seção 2
D. João VI não tinha uma imagem muito boa para os brasileiros, pois assim que
chegou ao Rio de Janeiro, com a comitiva, obrigou muitos moradores a cederem
seus imóveis privados para que a Coroa abrigasse todos. Os que o acompanhavam
podiam escolher a residência que quisessem. Feita a escolha, as casas eram
marcadas com as letras P. R. (Príncipe Regente), e os moradores tinham um tempo
determinado para desocuparem os imóveis. Com tantas inovações e construções
realizadas por D. João VI, estes moradores que cederam suas casas podiam arranjar
emprego, foi este o intuito.
Uma das ações de D. João VI foi convidar um grupo de artistas franceses, que
era composto por artistas de reconhecido talento; estes pintavam, desenhavam,
esculpiam no estilo Neoclássico, ou seja, à moda europeia. Este grupo foi
denominado de Missão Artística Francesa, e eles vieram com o objetivo de fundar a
Academia Imperial de Belas Artes, uma escola de ensino superior de Arte, onde os
alunos aprenderiam as artes e os ofícios artísticos, onde eles seriam os professores.
Sendo assim, em 26 de março de 1816 aportam no Rio de Janeiro, liderados por
Joachim Lebreton, o pintor histórico Debret, o paisagista Nicolas Taunay e seu irmão,
o escultor Auguste Marie Taunay, o arquiteto Grandjean de Montigny e o gravador de
medalhas Charles-Simon Pradier, dentre outros. De acordo com Marcelo O. Uchoa:
A Academia Imperial de Belas Artes foi fundada dez anos mais tarde, em 1826. Com
relação à vinda da Missão Artística Francesa, há algumas versões: a de autoexílio, pois
com a derrota de Bonaparte na Batalha de Waterloo e da restauração da monarquia
na França, os antigos partidários de Napoleão passam a sofrer perseguições e perder
cargos públicos, dentre eles, muitos artistas, sendo assim, estes se integram à Missão
Artística Francesa. Há também a versão de que a organização da Missão Artística
Francesa foi ideia do Marquês de Marialva, embaixador português em Paris, com
o intuito de auxiliar o seu círculo de amizades, constituído de artistas e intelectuais
franceses. Há a versão de que o Conde de Barca foi quem deu a sugestão para
Dom João VI para fazer o convite. Outros ainda afirmam que os próprios franceses
solicitaram ao governo português o exílio no Brasil, em busca de tranquilidade e
prosperidade financeira.
Figura 1.10 | Estilo Barroco - G. F. Guercino, Anjos velando o Cristo morto, 1618
• harmonia do colorido;
• os pintores deveriam seguir algumas regras da pintura, tais como: inspirada nas
esculturas clássicas gregas e na pintura renascentista italiana, sobretudo em Rafael,
mestre inegável do equilíbrio da composição e da harmonia do colorido.
A Arte Neoclássica surgiu no final do século XVIII e nas três primeiras décadas do
século XIX, tratava-se de uma nova tendência estética que predominou nas criações
dos artistas europeus. Neoclassicismo (neo+novo), que expressou os valores
próprios de uma nova e fortalecida burguesia, que assumiu a direção da sociedade
europeia após a Revolução Francesa e, principalmente, com o Império de Napoleão.
A arquitetura Neoclássica, tanto nas construções civis quanto nas igrejas, seguiu
o modelo dos templos greco-romanos ou o das edificações do Renascimento
italiano. Veja a seguir a Igreja de Santa Genoveva, transformada depois no Panteão
Nacional, em Paris:
Pedagogia liberal
* tradicional
* renovadora progressista
* tecnicista
Pedagogia progressista
* libertadora
* libertária
Dando continuidade, vamos entrar no século XX. Em meados dos anos 50, a
música começou a fazer parte do currículo, iniciam-se também disciplinas como
“artes domésticas”, “trabalhos manuais” e “técnicas industriais”. A disciplina de
Desenho era considerada mais pelo seu aspecto funcional, isto é, uma qualificação
para o trabalho, do que uma experiência em arte. As atividades de teatro e dança só
apareciam em festividades escolares, com uma finalidade única de ser apresentada,
coisa que equivocadamente ainda perdura em muitas escolas contemporâneas.
Orfeônico, projeto preparado pelo compositor Heitor Villa-Lobos. Esse projeto foi
uma referência importante, por ter levado a linguagem musical a todo o país. O
Canto Orfeônico difundia ideias de coletividade e civismo, princípios condizentes ao
momento político de então.
"Por educação nova entendemos a corrente que trata de mudar o rumo da educação
tradicional, intelectualista e livresca, dando-lhe sentido vivo e ativo. Por isso se deu
também a esse movimento o nome de `escola ativa´" (LUZURIAGA, 1980, p. 227).
Sem dúvida alguma, a pedagogia escolanovista teve sua importância, pois rompeu
com os padrões estéticos e metodológicos tradicionais, no entanto, criou-se uma
postura não diretiva, onde tudo em arte era permitido em nome da livre expressão.
Com isso, houve também um entendimento equivocado quanto às concepções
da Escola Nova, a preocupação em Artes Visuais passa a ser com o "desenho livre"
e o conhecimento é deixado de lado, gerando um espontaneísmo. Seu objetivo
principal é o desenvolvimento da criatividade. Assim como a pedagogia tradicional,
ela também está presente em nossos dias, influenciando as aulas de Arte.
progressista, pois estes estavam angustiados com relação ao rumo que vinha
tomando a educação. Desta forma, iniciam discussões e questionamentos
relacionados à educação, com ênfase na escola pública, no que diz respeito à real
contribuição desta para a sociedade.
Houve na época uma grande polêmica quanto a esta nomenclatura, pois na LDB
9.394/96 o nome da disciplina vinha no singular “ARTE”. Infelizmente, o Conselho
cometeu um equívoco na época, de acordo com Sueli Mello, funcionária do MEC/
DCOCEB/COEF, porque deveria acompanhar a LDB Nº 9.394/96, já promulgada e
que designava a área como "Arte" - e não "Artes". Com a atualização das Diretrizes em
2010 (Parecer e Resolução Nº 7/2010), o que ficou em vigor foi a nomenclatura "Arte",
no singular. Sendo assim, a nomenclatura que está em vigor até o momento é ARTE.
Outra questão relevante envolvendo a disciplina de Arte diz respeito à Lei 10.639,
de 9 de janeiro de 2003: Altera a Lei nº 9.394, de 20 de dezembro de 1996, que
estabelece as diretrizes e bases da educação nacional, para incluir no currículo oficial
da rede de ensino a obrigatoriedade da temática “História e Cultura Afro-Brasileira”,
e dá outras providências.
Outra alteração, em relação à disciplina de Arte, diz respeito ao projeto de lei que
o Senado aprovou e que inclui o aprendizado de música nas grades curriculares
das escolas. A Lei n.º 11.769, publicada no dia 18/08/08 no Diário Oficial da União,
inclui na Lei de Diretrizes e Bases da Educação Brasileira o ensino de música como
conteúdo obrigatório. A proposta altera a Lei de Diretrizes e Bases da Educação (LDB
- nº 9.394/96), que já determina o aprendizado de arte nos ensinos Fundamental e
Médio, mas sem especificar o conteúdo. Pelo projeto, o ensino musical deveria ser
conteúdo obrigatório, mas não exclusivo do ensino de Arte no currículo regular da
educação básica. Os sistemas de ensino terão três anos letivos para se adaptar às
exigências estabelecidas.
1816 Durante o governo de Dom João VI, chega ao Rio de Janeiro a Missão
Artística Francesa e é criada a Academia Imperial de Belas Artes. Seguindo
modelos europeus, é instalado oficialmente o ensino de Arte nas escolas.
1900 Até o início do século 20, o ensino do Desenho é visto como uma
preparação para o trabalho em fábricas e serviços artesanais. São valorizados o
traço, a repetição de modelos e o desenho geométrico.
1973 Criação dos primeiros cursos de licenciatura em Arte, com dois anos de
duração e voltados à formação de professores capazes de lecionar música, teatro,
artes visuais, desenho, dança e desenho geométrico.
1989 Desde 1982 desenvolvendo pesquisas sobre três ideias (fazer, ler imagens
e estudar a história da arte), Ana Mae Barbosa cria a Proposta Triangular, que inova
ao colocar obras como referência para os alunos.
Referências
ASPECTOS METODOLÓGICOS
DO ENSINO DAS ARTES VISUAIS
NA EDUCAÇÃO BÁSICA
Laura Célia Sant’Ana Cabral Cava
Objetivos de aprendizagem:
Introdução à unidade
Vamos compreender também como a arte é entendida pela criança, pois vocês
se formarão professores da educação básica, para trabalhar na Educação Infantil,
Ensino Fundamental e Ensino Médio. Sendo assim, torna-se relevante pensar no
ensino de Arte desde a Educação Infantil.
Seção 1
Existem pessoas que se expressam por meio da palavra, outras por meio da escrita
e tantas outras por meio dos sons, dos movimentos, dos gestos, das imagens, enfim,
se expressam por intermédio da arte. Martins (1998) nos diz: “Quando um homem
quer falar ao coração de outros homens, ele o faz pela linguagem da arte”. Arte, uma
palavra pequena, com relação à quantidade de letras, porém intensa, que mexe com
emoções e sentimentos, comunica, provoca, encanta e ultrapassa as barreiras do
tempo, da distância e da cultura. Basta observarmos que os primeiros registros de
arte surgem lá na Pré-história, muito antes de a escrita ser inventada, e acompanham
o homem desde lá até a contemporaneidade. Segundo Martins (1998, p. 34),
ser humano, o que, por sua vez, é o fundamento para a conceituação psicológica da
arte e para a análise de seus elementos, sendo um destes a percepção.
De acordo com Argan (1992), a arte sempre esteve presente no mundo, desde
que o homem se tornou humano. Conforme este vai organizando o mundo ao
seu redor, dá sentido à vida. Por meio das percepções e interpretações, o que lhe
é externo passa a ser mapeado no sistema mental, interno. Neste processo a arte é
entendida como linguagem, produto da relação entre o homem e o mundo.
Figura 2.2 | Animais pintados na Gruta de Lascaux, um dos sítios de arte rupestre mais
famosos do mundo
Fontes: <http://michaelis.uol.com.br/moderno/portugues/index.
php?lingua=portugues-portugues&palavra=percep%E7%E3o
http://www.dicionarioinformal.com.br/percep%C3%A7%C3%A3o/>.
E nos dias atuais, com que frequência a arte está presente em nossas vidas?
A arte permeia nossas vidas, o nosso dia a dia, e às vezes não percebemos sua
presença. Ela aparece nas apresentações artísticas de rua ou em locais próprios,
nas apresentações circenses, no design dos diversos objetos, nos bordados, nos
entalhes, na arquitetura, na interferência urbana, nas paredes, nos prédios, em muros,
em praças, igrejas e também nas revistas, jornais, outdoors, fotografias, cartazes,
televisão, cinema, computadores e tantos outros. Enfim, vivemos rodeados de arte.
E a partir destas constatações, outra reflexão torna-se pertinente: o que é arte?
Definir arte é uma tarefa difícil, pois a palavra arte possibilita inúmeras
interpretações, depende do contexto a que se refere e varia de acordo com a
sociedade e a época. Mas pensando na arte como atividade humana ligada a
manifestações de ordem estética, feita a partir de percepções, experimentações,
busca, pesquisa, levantamento de hipóteses e de ideias, com o objetivo de mexer
com emoções e sentimentos de um ou mais espectadores e também pensando
na arte como conhecimento, como necessidade do ser humano de criar, recriar,
transformar a matéria e se expressar, nos remetemos a Pareyson apud Martins (1998,
p. 32). Segundo ele, no jogo da criação, “a arte é um tal fazer que, enquanto faz,
inventa o por fazer e o modo de fazer”.
A arte nos possibilita “dialogar com o mundo”, expressão esta que Paulo Freire
(1996) já mencionava ao referir-se à leitura. Para ele, a leitura é bem mais que
decodificar palavras: é ler o mundo. Sendo assim, podemos também dizer que a
arte propicia essa leitura de mundo, ela nos faz compreender de forma mais crítica,
sensível e aguçada, as cores, as formas, as texturas, outras culturas, a natureza, os
objetos, os fatos, as pessoas, o mundo e a nós mesmos.
Por ser uma linguagem, é uma forma de expressar emoções, ideias, vivências,
entre outros. É, também, uma forma de comunicação. Quando dizemos
comunicação, pressupõe que não seja isolada, que exista um outro para que haja essa
comunicação. E a compreensão dessa comunicação só se torna possível se o outro
decodificar a mensagem. Sendo assim, tornamos a enfatizar a importância da arte
na escola, propiciando à criança que ela se expresse e compreenda certos códigos
artísticos. Para Martins (1998, p. 43), “[...] a linguagem da arte propõe um diálogo
de sensibilidades, uma conversa prazerosa entre nós e as formas de imaginação e
formas de sentimento que ela nos dá”.
1
Aqui no Brasil, a professora Ana Mae Barbosa adaptou a teoria DBAE (Discipline-BasedArtEducation,
proposta inglesa e norte-americana) ao nosso contexto, denominando-a Proposta Triangular, por envolver
três vertentes: o fazer artístico, a leitura da imagem (obra de arte) e a história da arte.
III – Refletir: diz respeito a pensar sobre o trabalho artístico pessoal, pensar sobre
o trabalho artístico dos colegas e pensar sobre o trabalho artístico de produtores
de arte em geral, refletir sobre as formas encontradas na natureza e em culturas
diversas, e também, é a compreensão da arte como processo cultural e histórico. A
reflexão articula-se com o conhecimento contextualizado, pois envolve o contexto
histórico (político, econômico e sociocultural) dos objetos artísticos e contribui
para a compreensão de seus conteúdos explícitos e implícitos, possibilitando um
aprofundamento na investigação desse objeto. Segundo Martins,
Já nos dizeres de Chateau (1987), perguntar por que a criança brinca é perguntar
por que é criança. “A infância serve para brincar e para imitar”. Sendo assim, Chaparède
(apud CHATEAU, 1987) diz ser uma aprendizagem necessária à idade adulta.
Huizinga (1971) faz uma analogia entre o jogo e a música. Ele enfatiza ser natural
a tendência de conceber a música como pertencente ao domínio do jogo, pois a
interpretação musical possui desde o início todas as características formais do jogo
propriamente dito. Isto, por ser uma atividade que inicia e termina dentro de estreitos
limites de tempo e de lugar, é passível de repetição. Consiste essencialmente em
ordem, ritmo e alternância, transporta tanto o público como os intérpretes para fora
ou além da vida cotidiana, para uma região corpórea fundada na alegria e serenidade,
conferindo à música – ao jogo – um caráter extremo de um sublime prazer. Portanto,
o jogo nunca é caso acabado, ele é inacabado.
Vygotsky (1998) diz que ao brincar e criar uma situação imaginária, a criança
assume diferentes papéis: ela pode tornar-se um adulto, outra criança, um animal,
um herói; pode mudar o seu comportamento, agir e se comportar como se fosse
mais velha do que realmente é, pois ao representar o papel de “mãe”, ela irá seguir as
regras de comportamento maternal. É no brinquedo que a criança consegue ir além
do seu comportamento habitual, atuando num nível superior ao que ela realmente
se encontra.
Quando uma criança brinca, está mergulhando de corpo e alma no mundo que
a rodeia, é na situação do faz de conta que se relaciona com o real e se prepara para
o desempenho de papéis sociais futuros.
Segundo Scarfe (apud BONAMIGO; KUDE, 1991), o brincar é tão necessário para a
saúde mental como o alimento para a saúde física. Brincando, a criança está aprendendo
a aprender e está descobrindo como se harmonizar com o mundo, como encarar as
tarefas que a vida apresenta, como dominar habilidades e adquirir confiança.
Pensando nas artes visuais, estas têm uma presença constante no cotidiano das
Figura 2.6 | Artes Visuais e a Criança Quando a criança está na praia, por
exemplo, e pega uma varinha e desenha
no chão, as artes visuais estão presentes,
porque o desenho pertence às artes visuais.
Em seguida, se ela faz um castelo de areia
e modela a areia, as artes visuais estão
presentes, porque modelagem pertence
às artes visuais. Quando a criança constrói
um carrinho, pega uma caixa, prega uma
tampa para fazer de roda, utiliza caixas de
papelão e outros materiais, as artes visuais
estão presentes, porque construções
tridimensionais (sucatas) pertencem às
artes visuais. E quando ela pinta com tinta a
parede de sua casa, as artes visuais também
estão presentes, porque pintura pertence às
artes visuais, e assim por diante.
Por intermédio do desenho é que a criança sente sua existência. Tanto o desenho
como o jogo reúnem o aspecto operacional e o imaginário, promovendo o projetar,
pensar, idealizar e imaginar situações.
De acordo com Derdyk (1994), por meio de suportes variados, como muro, areia,
chão, papel, etc., por sua natureza específica, o desenho possui um jeito particular
de comunicar ideias, imagens, signos.
Tanto as artes visuais como as demais linguagens artísticas são formas importantes
de expressão e comunicação humanas, o que, por si só, justifica sua presença no
contexto escolar.
Seção 2
Há um grande equívoco em achar que nas aulas de artes visuais não precisa de
planejamento, que aulas são soltas, é apenas um momento de lazer onde tudo é
válido, tudo é bonito, tudo é certo, o professor não pode fazer intervenções, nem
dar explicações, que a disciplina está apenas ligada ao fazer, à espontaneidade e à
expressividade. A aula de Artes Visuais deve ser planejada, com conteúdos e objetivos
e o professor deve ter bem claro o que irá propor e quais os objetivos pretende atingir.
preciso nutri-la com imagens, pois ninguém cria “nada do nada”, precisamos ter
referências. Ernert Gombrich (1993 apud MARTINS; PICOSQUE; GUERRA, 1998, p.
25) nos diz que,
Este repertório ao qual nos referimos deverá ser o mais próximo possível do
real, por exemplo: fotografias, vídeos e outros, pois, se o assunto é sobre “peixes”,
quanto mais imagens próximas do real de peixes que apresentarmos à criança, mais
conhecimento em relação aos diferentes tipos, tamanhos e cores de peixes ela terá,
isto é, terá mais repertório, mais referências para realizar seu trabalho artístico. É
importante que o professor apresente imagens diversas e possibilite uma conversa,
uma reflexão acerca do assunto estudado. Outra observação é em relação às
imagens não reais, como desenhos, personagens. Estas, muitas vezes, não são de
boa qualidade estética, e também podem apresentar informações visuais incorretas,
como: uma aranha apenas com quatro patas, formiga com dente etc. Outro aspecto
é que este tipo de abordagem possibilita uma aprendizagem equivocada e criação
de desenhos estereotipados.
Suporte nas artes visuais: Diz respeito à superfície onde será realizado
um trabalho, por exemplo, um desenho ou pintura podem ser feitos em
um suporte de papel, no muro, no chão, na tela, no corpo, entre outros.
Enfim, o que faz uma proposta artística ser interessante e contribuir para a
aquisição de conhecimento é o professor ter claros os seus objetivos quanto ao que
pretende ensinar, é a estratégia utilizada para instigar essa criança a sentir curiosidade,
se envolver, refletir, pesquisar, levantar hipóteses, promover rodas de conversa, entre
outros.
Com relação à avaliação, ela é um feedback para que o professor faça uma
retrospectiva quanto à metodologia utilizada, conteúdos, alguns procedimentos de
suas aulas e esteja melhorando sua práxis. Certos professores cometem o erro de
avaliar o trabalho do aluno segundo seu gosto e padrão de beleza. O trabalho não
deve ser medido segundo estes padrões de “beleza” que se pautam no aspecto do
trabalho, suas cores e formas e também a conceitos preestabelecidos, que não são
verdadeiros.
Dessa forma, algumas questões devem ser consideradas na avaliação, como, por
exemplo, o conteúdo a ser trabalhado deve estar de acordo com a idade da criança,
com os conhecimentos prévios que ela traz, seu envolvimento com as propostas
lançadas, os objetivos traçados, as possibilidades deste aluno. Avaliação, para
Martins; Picosque; Guerra (1998, p. 142), é um assunto polêmico. Em seus dizeres:
“Palavras como avaliação, autoavaliação, processo, produto, valor, nota, julgamento,
etc. envolvem pessoas, sonhos, projetos de vida e, ainda, questões éticas”.
• Faz experimentações?
Cada criança revela seus interesses, sua capacidade, seus recursos, de acordo
com sua etapa de desenvolvimento. Ressaltamos novamente que o adulto precisa
ter muita sensibilidade, conhecimento e postura ética ao avaliar.
Arte Naïf
Arte naïf (arte ingênua, como é chamada) é o estilo a que pertence a
pintura de artistas sem formação sistemática. É a arte do fazer artístico
sem escola nem orientação, portanto é instintiva e onde o artista
expande seu universo particular. O artista naïf busca como fonte de
inspiração a iconografia popular das ilustrações dos velhos livros,
das folhinhas suburbanas ou das imagens de santos. O artista naïf
não se preocupa em preservar as proporções naturais nem os dados
anatômicos corretos das figuras que representa.
SUGESTÃO DE CONTEÚDOS
diferentes culturas.
ELEMENTOS VISUAIS (linhas, formas, pontos, volume, espaço, textura, cor, luz,
movimento, equilíbrio, ritmo, harmonia, contraste, semelhança, planos, proporção);
Fonte: Adaptada de CAVA, Laura Célia Sant’ Ana Cabral. Orientações Curriculares: Arte. In: SME/PML – Londrina. Proposta
Pedagógica do Município de Londrina. Londrina: Secretaria Municipal de Educação, 2009. Disponível em: <http://www.
londrina.pr.gov.br/dados/images/stories/Storage/sec_educacao/edu_fundamental/artes.pdf>.
Artes Visuais
Elementos da linguagem visual: Os elementos das artes visuais são: linha, ponto,
forma, textura, cor, volume, plano, luz, ritmo, movimento, equilíbrio). Sugestão:
trabalhar com experimentações diversas, utilizando variados materiais e suportes de
tamanhos, cores, formas e texturas diversas. Fazer trabalhos com tintas, giz de cera,
carvão, lápis de cor, colagens, dentre outros. Explorar os sentidos (audição, tato,
paladar e visão), por exemplo, para sentir diferentes texturas, nada melhor do que
utilizar o tato para percebê-las, e assim por diante.
Desenhos:
• Desenho Cego: Em duplas, uma criança copia a outra, primeiro uma serve
de modelo e a outra copia, depois se invertem os papéis, quem serviu de modelo,
copia, e quem copiou serve de modelo. O detalhe é que no desenho cego a criança
não pode tirar o lápis do papel, nem apagar o desenho, ela olha para o contorno
do seu par e vai conduzindo o lápis conforme percebe o contorno. É um desenho
rápido, que deve acontecer sem a preocupação da cópia fiel e do erro.
Pinturas:
• Cores Primárias: São cores puras que combinadas entre si, de duas em duas,
dão origem às demais cores (vermelho/magenta, amarelo e azul). Conhecer cores
primárias. O professor pode propor que façam um desenho e/ou pintura só utilizando
cores primárias, apresentar obras onde o pintor só utilizou cores primárias. O artista
abstracionista Piet Mondrian utilizava em seus trabalhos cores primárias contornadas
de preto. Apresentar obras para os alunos e pedir que eles classifiquem quais cores
predominam mais, as primárias ou as secundárias?
• (fazer uma tabelinha disto, mais ou menos do jeito que estou sugerindo abaixo)
• Releitura: Fazer releitura de obras de arte: Releitura é ler novamente. Fazer uma
tenha disponibilidade e/ou condições para fazer essas visitas extraclasse, o professor
pode trazer manifestações artísticas diversas para a sala de aula e apresentá-las
por intermédio de: fitas de vídeos, DVDs, TV, cartazes, cartões, convites, recortes
de jornais e outros. Dessa forma, o professor possibilita que seus alunos saibam
sobre os eventos culturais de sua cidade, os locais onde esses eventos acontecem,
inserindo-os, assim, em seu contexto cultural.
EIXO: REFLETIR
a. ( ) Leda Catunda.
Referências
ANTUNES, Celso. A antiga escola moderna. In: Revista Profissão Mestre, 2008.
Disponível em: <http://www.profissaomestre.com.br/php/verMateria.php?cod=979>.
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ed. São Paulo: Paz e Terra, 1996.
HUIZINGA, Johan. Homo Ludens: o jogo como elemento de cultura. São Paulo:
PROPOSTAS PEDAGÓGICAS
EM ESPAÇOS DE EDUCAÇÃO
FORMAL E NÃO FORMAL DE
EDUCAÇÃO EM ARTES VISUAIS
Objetivos de aprendizagem:
• conceituar educação formal, informal e não formal;
• refletir sobre museu e galeria;
• conhecer fundamentos estéticos do ensino de Arte;
• conceituar e refletir sobre cultura visual.
Introdução à unidade
Neste sentido, convidamos você, caro aluno leitor, a conhecer um pouco mais
sobre este universo da arte e refletir questões relacionadas ao ensino desta diciplina,
pois acredito ser de grande relevância o estudo de questões relativas à arte, mais
especificamente as artes visuais. Desta forma, convido você a junto comigo
percorrermos as páginas deste livro em um exercício contínuo de conhecimento,
emoção e envolvimento.
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Seção 1
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sabe qual a diferença entre museu e galeria? Vamos então à definição. Para Falcão
(2009), museu é uma palavra de origem latina proveniente do termo museum, este
deriva do grego mouseion, fazendo referência inicialmente ao “templo ou morada
das musas, ou seja, um local de inspiração divina e de onde provinham aquelas que
estimulavam a criativade dos artistas e intelectuais”, dedicado às nove musas, filhas
de Zeus com Mnemosine, a deusa da Memória. O primeiro prédio a receber esta
denominação foi a Biblioteca de Alexandria, destruída em 640 d. C.
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A Proposta Triangular de Ana Mae Barbosa, que articula as vertentes: fazer artístico;
leitura de obra de arte e contextualização histórica, trabalha com a possibilidade de
visitas a museus e galerias. Segundo Santos (2008, p. 328):
Propostas pedagógicas em espaços de educação formal e não formal de educação em artes visuais 97
U3
Para que este trabalho com qualidade aconteça, o professor deverá ampliar o leque
de conhecimentos de seus alunos, propondo não apenas o conhecimento de obras de
arte renomadas e ocidentais, mas, além destas, as obras de arte orientais, africanas, dentre
outras, locais, regionais, nacionais e internacionais, e também obras contemporâneas.
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Seção 2
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Na pintura de Magritte, logo abaixo, está escrito: Ceci n'est pas une pipe, que em
português significa Isto não é um cachimbo. O pintor nega aquilo que estamos a ver.
O que lhem vem à cabeça? Você pode me dizer por que não
é um cachimbo?
Que lembranças esta imagem lhe provoca?
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U3
A uma primeira análise, o significado desta negação torna-se claro, pois aquilo
que estamos a ver não é um cachimbo verdadeiro, mas sim a representação de um
cachimbo. Uma coisa é certa, seja qual for a ideia, tanto esta primeira impressão,
quanto as posteriores, serão influenciadas pelos seus conhecimentos anteriores,
sobre o objeto cachimbo.
A Traição das Imagens (em francês: La trahison des images) é uma pintura do
pintor surrealista belga René Magritte. Este quadro, uma das obras-primas surrealistas
do artista, está atualmente no Museu de Arte do Condado de Los Angeles (LACMA),
Califórnia, e é considerado um ícone da arte moderna. O quadro, pintado em 1929,
faz parte de uma série, na qual a imagem realista é acompanhada pela inscrição Ceci
n'est pas une pipe, que em português significa Isto não é um cachimbo.
René Magritte nega aquilo que estamos a ver. A uma primeira análise, o
significado desta negação torna-se claro, pois aquilo que estamos a ver não é um
cachimbo verdadeiro, mas sim a representação de um cachimbo. Deparamo-nos
com um desafio àquilo que se convencionou chamar de "cachimbo", pois a nossa
imagem de cachimbo está negada. Magritte como que esvaziou de sentido aquilo
que entendemos como sendo a palavra "cachimbo". Não podemos identificar
esta representação com aquilo que o objeto é, gerando-se, assim, um conflito
de mensagens. Este quadro pode, portanto, tratar-se de um exemplo de paródia,
na medida em que até à leitura da legenda, o espectador não tem dúvida de que
Propostas pedagógicas em espaços de educação formal e não formal de educação em artes visuais 103
U3
Neste sentido, a educação escolar deverá ser uma educação para indivíduos em
transição, que construam e participem de experiências vivenciadas de aprendizagem,
pelas quais aprendam a resolver questões que possam dar sentido ao mundo em
que vivem, de suas relações com os outros e consigo mesmos.
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U3
Quase tudo o que sabemos sobre o conhecimento produzido nos chega pelos
meios de informação e comunicação. Estes, por sua vez, também constroem
imagens do mundo. Imagens para deleitar, entreter, vender, sugerindo o que
devemos vestir, comer, aparentar, pensar. Em nossa sociedade contemporânea
discute-se a necessidade de uma alfabetização visual, que se expressa em várias
designações, como leitura de imagens e compreensão crítica da cultura visual.
<http://www.robertocardosofreire.com.br/noticia/1/memoria___
explica_preferencia_por_pepsi_ou_coca-cola__>.
Propostas pedagógicas em espaços de educação formal e não formal de educação em artes visuais 105
U3
Esta reflexão nos remete à "Cultura visual", que em alguns contextos também é
chamada de estudos visuais. Trata-se de um campo de estudos recente em torno de
trabalhar com questões que nos aproximam de nossos alunos, que façam parte de
seus contextos e que são pertinentes ao momento em que vivemos.
Fonte: <http://wp.ufpel.edu.br/editoraufpel/livro/cultura-visual-e-
ensino-de-arte-concepcoes-e-praticas-em-dialogo/>.
Precisamos alfabetizar visualmente nossos alunos, isto quer dizer que devemos
enfrentar o desafio de: adquirir um ‘alfabetismo visual crítico’ que permita aos alunos
analisar, interpretar, avaliar e criar a partir da relação entre os saberes que circulam
pelos textos orais, auditivos, visuais, escritos, corporais, e pelos vinculados às imagens
que saturam as representações tecnologizadas nas sociedades contemporâneas,
pois vivemos em um mundo inundado por imagens, novas tecnologias, e quando
utilizamos destes aparatos em prol da educação, nos aproximamos mais dos
contextos de nossos alunos.
106 Propostas pedagógicas em espaços de educação formal e não formal de educação em artes visuais
U3
A partir da relação que cada ser humano estabelece com seu contexto social e
cultural desde seu nascimento, derivam e interagem as representações visuais. Estas
formas de relação contribuem para dar sentido à sua maneira de sentir e de pensar,
de olhar-se e de olhar.
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U3
Todo saber que não faz parte do currículo, a escola exclui. Desta forma, a
proposta é representar os objetos e os usos cotidianos que a escola exclui, que são
marginalizados, no entanto, que estão contribuindo para construir as subjetividades
de crianças e jovens. Neste sentido, as artes visuais se propõem a ter como base a
cultura visual.
A cultura visual – nome desse novo campo de estudo - propõe que as atividades
ligadas à arte passem a ir além de pinturas e esculturas, incorporando publicidade,
objetos de uso cotidiano, moda, arquitetura, videoclipes e tantas representações
visuais quantas o homem é capaz de produzir. Trata-se de levar o cotidiano para a
sala de aula, explorando a experiência dos estudantes e sua realidade.
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U3
- ter um bom domínio dos diferentes alfabetos (multimídia, oral, visual, escrito,
performativo, etc.) e da numeração (aprender a pensar matematicamente).
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U3
- a satisfação que os estudantes sentem com a cultura visual ou que esta lhes
propicia em suas vidas, não é um aspecto a ser recriminado ou reprimido, mas a ser
transformado em questões sobre o papel que desempenha na construção de suas
subjetividades;
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U3
- ser um formato para a indagação que nos permite estruturar e contar uma
história (uma história que tem a ver conosco).
- ser tarefa do docente fazer perguntas que desafiem os alunos a examinar suas
suposições caso as considere conceitualmente inadequadas.
Propostas pedagógicas em espaços de educação formal e não formal de educação em artes visuais 111
U3
a. Por uma pergunta ou uma situação relevante, no sentido de sua conexão com
problemas emergentes
Dados da aula
Aula 1
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U3
Propostas pedagógicas em espaços de educação formal e não formal de educação em artes visuais 113
U3
Aula 2:
<http://www.uel.br/eventos/eneimagem/anais2011/trabalhos/pdf/
Bruna%20Carolini%20Barbosa.pdf>.
2-Formar grupos de quatro a cinco alunos, entregar revistas aos grupos e solicitar
que recortem imagens de propagandas e publicidades, elaborando um painel com
cartolina ou papel pardo para apresentarem à turma. O painel deverá conter:
3- Apresentações dos grupos (10 minutos para cada). Orientar aos alunos
que expliquem por que escolheram tais imagens, que descrevam cada uma
para a turma e expliquem as mensagens explícitas e implícitas apresentadas.
114 Propostas pedagógicas em espaços de educação formal e não formal de educação em artes visuais
U3
Aula 3
“A publicidade leva o aluno a pensar que somente fará parte da sociedade se ele
comprar determinados produtos, será alegre, aceito e é levado a acreditar e concordar
com conceitos e valores que muitas vezes nem são os seus (...)” (BARBOSA, 2011, p. 459).
Fonte: <http://www.youtube.com/watch?v=49UXEog2fI8>.
Aulas 4 e 5
Propostas pedagógicas em espaços de educação formal e não formal de educação em artes visuais 115
U3
Uma vez que os alunos fizeram as redações, preparar a turma para realizar
entrevistas durante o recreio, na qual eles se reunirão em grupos de quatro
a cinco alunos e cada grupo fará entrevistas com cinco alunos. Seguem
sugestões de perguntas:
-Houve diferença entre o que foi analisado nas respostas dos alunos e as
ideias transmitidas a partir do vídeo? Em qual sentido?
116 Propostas pedagógicas em espaços de educação formal e não formal de educação em artes visuais
U3
Recursos Complementares
<http://www.uel.br/eventos/eneimagem/anais2011/trabalhos/pdf/
Bruna%20Carolini%20Barbosa.pdf>. Acesso em: 12 jun. 2013.
Avaliação
Fonte: <http://portaldoprofessor.mec.gov.br/fichaTecnicaAula.
html?aula=49937>.
Propostas pedagógicas em espaços de educação formal e não formal de educação em artes visuais 117
U3
Fonte: <http://revistaseletronicas.pucrs.br/ojs/index.php/faced/article/
viewFile/9288/6778>.
118 Propostas pedagógicas em espaços de educação formal e não formal de educação em artes visuais
U3
De acordo com Ana Maria Petraitis Liblik, Isoldi Ciscato e Thais Gralik (2012):
De um lado, o professor que acredita que deva fazer algo nestas datas
e do outro a instituição escolar que pressiona e até obriga o profissional
a participar. Outros que não acreditam e outros que não querem fazer.
Quem está certo? Será que há uma única verdade? O que fazer frente
a este impasse?
Diante deste dilema que sofre o professor de Arte, entre realizar atividades que
sempre foram contestadas por teóricos e também criticadas pelos seus docentes
durante o período em que estavam na academia e se entregar aos costumes que
fazem parte da cultura escolar, proponho para uma solução que talvez amenize tal
situação, sem fugir de suas convicções.
Não podemos esquecer que as escolas são laicas, sendo assim, há que se
pensar em uma forma respeitosa, em determinadas datas comemorativas, como,
por exemplo, a Páscoa, de como procedermos. Não podemos nos esquecer da
Propostas pedagógicas em espaços de educação formal e não formal de educação em artes visuais 119
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Propostas pedagógicas em espaços de educação formal e não formal de educação em artes visuais 121
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Veja a seguir como podemos deixar a Páscoa muito bonita possibilitando, além
do conhecimento sobre o verdadeiro espírito da Páscoa, outras aprendizagens e
uma forma de trabalhar datas comemorativas livres de “dor na consciência”, onde o
aluno possa realizar um trabalho de boa qualidade estética.
122 Propostas pedagógicas em espaços de educação formal e não formal de educação em artes visuais
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Fonte: <https://quadroseretratos.
wordpress.com/2012/04/05/a-
verdadeira-pascoa-crista/>.
Conforme vimos na unidade anterior, o ensino de Arte passou por várias tendências
pedagógicas e até nossos dias muitas perduram. Precisamos nos posicionar como
professores de artes visuais, a partir de uma proposta contemporânea que tenha
por objetivo o estudo da cultura visual, o conhecimento e trabalho realizado em
espaços artísticos e culturais diversos, o ensino multicultural a articulação entre a
arte e a tecnologia, a democracia da arte, isto é, arte para todos, e não apenas para
um grupo seleto.
124 Propostas pedagógicas em espaços de educação formal e não formal de educação em artes visuais
U3
de trabalho quando as pessoas perceberem que, para ensinar Arte, é preciso ser um
profissional da área e não apenas ter habilidades artísticas.
A estética não diz respeito apenas à arte, ela está presente em outras áreas do
conhecimento. O estético em arte está relacionado com beleza, organização e
sensibilidade, ou seja, à compreensão sensível, cognitiva do objeto artístico, inserido
Propostas pedagógicas em espaços de educação formal e não formal de educação em artes visuais 125
U3
em um contexto sociocultural.
Função pragmática ou utilitária: esta arte não tem uma finalidade artística, estas
finalidades poderão ser: pedagógicas, religiosas, políticas ou sociais. Não interessa
aqui se a obra tem ou não qualidade estética, o que importa é sua utilidade. Quando
o comportamento, a produção intelectual ou artística de um povo são determinados
por sua utilidade, esta cultura pode ser chamada pragmática.
126 Propostas pedagógicas em espaços de educação formal e não formal de educação em artes visuais
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Propostas pedagógicas em espaços de educação formal e não formal de educação em artes visuais 127
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O Abaporu.
Tarsila do Amaral
São Paulo. Brasil. 1927
Esta pintura a óleo marca o início nas artes visuais do movimento cultural
conhecido como Modernismo no Brasil. Ela simboliza elementos regionais (Sol,
mandacaru) com cores vivas e figuras estilizadas e distorcidas, sem se preocupar
com a anatomia perfeita e sim com a forma de apresentação estética da arte em si.
128 Propostas pedagógicas em espaços de educação formal e não formal de educação em artes visuais
U3
Aqui o artista reduz a imagem aos seus elementos básicos visuais: formas, cores,
direção e movimento.
Esta obra faz parte do movimento Expressionista Alemão na Arte Moderna, que
evitava a representação da natureza tal qual a vemos. Para estes artistas, a arte era a
simplicidade e organização geométrica do espaço. Nesta pintura a óleo, o artista não se
preocupou em criar algo identificável, mas, sim, transmitir valores e significados estéticos
nas formas básicas, por isso pode ser classificada como sendo da função Formalista.
Fonte: <http://pt.slideshare.net/gjrdesign/apostila-de-arts-visuais-revisada-e-ampliada-2014>.
Propostas pedagógicas em espaços de educação formal e não formal de educação em artes visuais 129
U3
Quando observamos uma obra de arte ou uma imagem qualquer, ela primeiro é
sentida (percepção pelos sentidos), depois ela é analisada (interpretação simbólica do
mundo) e, por fim, entendida e apreciada (conhecimento intuitivo). Para apreciarmos
algo “belo” não usamos imediatamente nossa razão, mas os sentimentos, nossa
intuição, nossa imaginação. Desta maneira é que temos uma experiência estética
com a obra de arte ou imagem.
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134 Propostas pedagógicas em espaços de educação formal e não formal de educação em artes visuais
U3
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______. Fazer artístico no ensino médio: reflexões a partir da Proposta Triangular de
Ana Mae Barbosa. In: 9º Encontro de Pesquisa em Educação da Anped Centro-Oeste,
2008, Taguatinga DF. 9º Encontro de Pesquisa em Educação da Anped Centro-Oeste.
Taguatinga: UCB, 2008. p. 320-335.
Propostas pedagógicas em espaços de educação formal e não formal de educação em artes visuais 135
Unidade 4
Objetivos de aprendizagem:
• Refletir sobre as políticas públicas e suas ações com relação ao ensino de
Artes Visuais.
• Conhecer os documentos oficiais sobre o ensino de Arte: Proposta
Curricular Nacional de Arte (PCN Arte) – Referencial Curricular Nacional
de Educação Infantil – Artes Visuais (RCNEI – Artes Visuais) e as Diretrizes
Curriculares Nacionais de Arte (DCN – Arte).
• Conhecer a Proposta Contemporânea do Ensino de Arte.
• Fazer a articulação entre o ensino de Arte e o ensino multicultural.
• Realizar uma Proposta Interdisciplinar em Arte.
• Saber a Metodologia de Projetos em Arte.
• Conhecer a proposta de Reggio Emilia, uma região na Itália onde os
Centros de Educação Infantil públicos são modelo mundial de educação e
a ênfase gira em torno de projetos de artes visuais.
Introdução à unidade
Que bom, estamos chegando ao final da nossa leitura. Fico feliz por você,
prezado aluno leitor, ter chegado até aqui e espero que conclua esta unidade,
pois ela enriquecerá ainda mais seus conhecimentos acerca do ensino de Arte e
possibilitará sua reflexão sobre a importância desta disciplina.
Seção 1
• da percepção de um problema;
• da definição de um objetivo; e
Mas, será que sempre foi assim? Sempre tivemos estas ações das políticas públicas?
Não, pois durante os séculos XVIII e XIX, as principais funções do Estado eram
a segurança pública e a defesa em caso de embate externo. No entanto, com a
expansão da democracia, houve muitas mudanças com relação às responsabilidades
do Estado perante a sociedade. Atualmente, pode-se dizer que a sua principal
função é proporcionar o bem-estar desta sociedade. Sendo assim, para que estas
ações aconteçam, há que se atuar em diferentes campos, como educação, saúde,
segurança, meios de transporte públicos, meio ambiente etc. E as políticas públicas
são o caminho de que o governo se utiliza.
Até a década de 70, o Brasil tinha uma economia forte na agricultura, pois grande
parte de sua população vivia no campo, mas a partir daí houve uma mudança, que
foi a migração em massa para a cidade, fazendo do Brasil um país importante na área
industrial. Sendo assim, houve uma grande transformação na sociedade brasileira,
mas o governo não acompanhou tal mudança. O Estado não desempenhava um
papel regulador e participativo, mas criava um governo autoritário que também refletia
de maneira autoritária nas políticas brasileiras, e também dava maior importância ao
processo de industrialização.
Havia um grande problema com relação à forma como a política brasileira lidava
com questões sociais, pois atendia a interesses específicos, não levando em conta
a diversidade de problemas relacionados a cada região. Com isso, nem sempre a
solução tomada para determinado problema foi a melhor, pois eram todas tratadas
de forma igual, sem perceber suas especificidades.
Fonte: <http://www.meioambiente.pr.gov.br/arquivos/File/coea/
pncpr/O_que_sao_PoliticasPublicas.pdf>.
OBJETIVOS
Artes visuais
OBJETIVOS
Fonte: <http://portal.mec.gov.br/seb/arquivos/pdf/volume3.pdf>.
artísticos diversos em arte (Artes Visuais, Dança, Música, Teatro), de modo que
os utilize nos trabalhos pessoais, identifique-os e interprete-os na apreciação
e contextualize-os culturalmente;
todos os educandos:
<http://www.cpt.com.br/pcn/pcn-parametros-curriculares-nacionais-do-ensino-medio#ixzz3WJ60DX1B>.
OBJETIVOS
a) a Língua Portuguesa;
b) a Matemática;
Seção 2
Pensando nos aspectos legais, que, a nosso ver, não deveriam estar em forma
de lei, mas na consciência das pessoas, observamos a possibilidade que o professor
tem para trabalhar, por meio da Arte, questões tão relevantes quanto o ensino
multicultural. Falamos da Lei nº 10.639 (BRASIL, 2003), que altera a Lei nº 9.394
(BRASIL, 1996), Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional, e inclui, no currículo
oficial da rede de ensino, a obrigatoriedade da temática “História e Cultura Afro-
Brasileira”.
Cabe aqui ressaltarmos que, antes mesmo desta lei existir, os Parâmetros
Curriculares Nacionais (PCN de Arte) Brasil (1997) já indicavam, como um dos
objetivos gerais para o ensino da Arte, que os alunos fossem capazes de “conhecer
características fundamentais do Brasil, nas suas dimensões sociais, materiais e
culturais, como meio de construir progressivamente a noção de identidade nacional
e pessoal e o sentimento de pertinência ao país” (BRASIL, 1997, p. 7), “adotando no
dia a dia atitudes de solidariedade, cooperação e repúdio às injustiças, respeitando o
outro e exigindo para si mesmo o respeito”. (BRASIL, 1997, p. 7).
Ora, vimos no ensino de Arte uma possibilidade de tratar dessas questões, pois
DURAÇÃO PREVISTA: três aulas para leitura e interpretação, seis aulas para criação
e produção.
Inicie seu trabalho solicitando uma pesquisa sobre arte indígena (pintura corporal,
cerâmica, arte plumária). Essa pesquisa pode ser a criação de um hipertexto, que
poderá ser realizada no computador, ou mesmo um texto escrito ou digitado com
imagens e textos escritos. Exponha estes trabalhos em painéis e faça a leitura das
imagens e apresentação do trabalho, que poderá ser realizado em equipe. Nesse
Sugestão de textos:
<http://cpd1.ufmt.br/proind/?operacao=verdestaque&cod=1>.
<http://pt.slideshare.net/gjrdesign/linguagem-visual-parte07elementosbasicosgarc
iajunior>.
Texto 3 - ÍNDIOS
<http://www.survivalinternational.org/povos/indios-brasileiros>.
Texto 4 - ALTERIDADE
<http://www.ucs.br/etc/conferencias/index.php/anpedsul/9anpedsul/paper/
viewFile/472/860>.
<http://www.jpoantropologia.net/pdfs/CL_PT_1995_01.pdf>.
<https://www.youtube.com/watch?v=wAh2nokq-iM>.
Produção e criação:
2. Estudo das possibilidades de uso das mesmas aos produtos de uso cotidiano
dos alunos.
3. Execução:
Sugestão de leitura
CDs:
Canções dos índios Suruí: Marlui Miranda: “Ihu – todos os sons” (Pau-Brasil Som
Imagem e Editora, s.d.).
Vídeos:
Caramuru (minissérie).
Sites:
<http://www.socioambiental.org/pib/portugues/comovivem/artes>.
<http://www.arteducação.pro.br/historia/prebrasil.htm>.
<http://www.itaucultural.org.br>.
<http://www.geocites.yahoo.com.br/vinicrashbr/artes>.
<http://www.funai.gov.br>.
<http://www.iphan.gov.br>.
<http://www.pegue.com/indio/kadiweu.htm>.
<http://www.ibmcomunidade.com/lv/renove/ip>.
<http://www.redestv.com.br/acervo>.
SUGESTÃO DE LIVROS:
EUSEBI, Luigi. A barriga morreu: o genocídio dos Yanomami. São Paulo: Loyola, 1990.
ZANINI, W. (org.). História geral da arte no Brasil. São Paulo: Instituto Walther Moreira
Salles, 1983.
Por exemplo, uma viagem, uma festa, um passeio, tudo exige planejamento,
pesquisa, envolvimento, prováveis imprevistos, flexibilidade caso aconteçam,
decisão, experiência, conhecimento, integração e prazer, enfim, todos os aspectos
que permeiam um projeto.
Esse assunto nos remete aos Centros Públicos de Reggio Emilia, que são
centros de educação infantil, situados em uma região da Itália, e eles são modelos
mundiais de ensino. O ensino de Artes Visuais é um dos pontos fortes de lá e este é
desenvolvido por meio de projetos.
mereçam sua atenção. Nos projetos as crianças são encorajadas a tomarem suas
próprias decisões e a fazerem suas próprias escolhas, geralmente em integração
com seus colegas, sobre o trabalho a ser realizado. Um outro valor é que os estudos
prolongados sobre determinados fenômenos dão às crianças uma experiência
precoce, no sentido de conhecerem e entenderem um tópico em profundidade.
Para Malaguzzi (apud GANDINI, 1999), a maioria das crianças de três a quatro
anos ainda não é capaz de representar muito bem seus pensamentos e observações
por escrito, aí é que utilizam as linguagens gráficas para registrarem suas ideias,
observações, recordações, sentimentos, assim por diante.
Além disso, quando o tema é familiar à criança, esta contribui com seus
próprios conhecimentos e sugere questões a serem refletidas, bem como linhas de
investigação a seguir, oportunidade em que elas próprias podem assumir a liderança
no planejamento. Segundo Malaguzzi (apud GANDINI, 1999, p. 41),
Num projeto artístico, por exemplo, o professor, quando tem clareza no objetivo
que pretende, poderá ter maior qualidade na sua ação educativa, garantindo aos
alunos o conhecimento e a diversidade de suas produções artísticas, possibilitando
o uso de diferentes materiais e suportes, ouvindo e respeitando seus pontos de vista,
proporcionando troca de experiências, gerando um momento lúdico no processo
de produção e proporcionando a compreensão da arte como linguagem, expressão
e conhecimento.
O ser humano nasce com o potencial para aprender, porém essa capacidade
só se desenvolverá em sua integração com o mundo, na experimentação com o
objeto de conhecimento, na reflexão sobre a ação. É preciso promover reflexões e
diálogos para que o saber se construa. A velha forma tradicional, onde alunos ficavam
fechados em si mesmos, produzindo sozinhos, deve ser modificada, abrindo espaço
para o trabalho coletivo, para os projetos, para as ações significantes dos alunos.
Portanto, trabalhar em equipe é ser responsável por algo. Todos têm informações
preciosas, há uma troca de experiências, todos com um olhar em comum. Quanto
mais se acelera a produção do saber humano, mais se necessita de uma visão do todo.
Precisamos pensar de forma interdisciplinar, vendo o todo, vendo que tudo está
inserido em tudo, articulando um diálogo entre as diversas áreas do saber. A realização
de aulas interdisciplinares necessita de envolvimento, prazer e comprometimento,
não só dos docentes como também dos alunos e da escola como um todo.
Concluímos essa nossa abordagem em torno dos projetos, e, consequentemente,
aprendizagem significativa, com a seguinte reflexão:
e. ( ) Célula
a. V, V, V, F, F.
b. F, V, F, V, V.
c. V, V, V, V, F.
d. V, F, F. V, V.
e. F, V, F, F, V.
Referências