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SENTENÇA

I-RELATÓRIO:


Trata-se de ação trabalhista ajuizada por PATRICK SOARES em face de INSTALAÇÕES


GERAIS LTDA, TBT SERVIÇOS SA e de NETLAND SERVIÇOS DE TELECOMUNICAÇÕES SA.

A parte autora argumenta, em síntese, que: a admissão se deu em 28/08/2015 e a


dispensa sem justa causa em 15/05/2017 estabelecendo novo contrato de trabalho com a
terceira Reclamada que durou até o dia 15/05/2017, tendo sido dispensado sem o
pagamento de seus direitos. Dessa forma, o reclamante requer: a) a responsabilidade
subsidiária das tomadoras de serviço, quais sejam, a 2a e 3a Reclamadas; b) Da nulidade da
demissão por ausência de homologação junto ao sindicato; c) Multa 477, parágrafo 8 o; d)
equiparação salarial; e) Da supressão do intervalo intrajornada; f) horas extras; g) verbas
rescisórias e seus reflexos; h) honorários advocatícios.

A inicial veio acompanhada de documentos e foi valorada em R$ ...

A inicial foi aditada e liquidada.

As partes compareceram à audiência realizada em 04.04.2018. Não houve acordo e a


defesa argumentou, em síntese, que: (a) INSTALAÇÕES: a inépcia da inicial pela não
liquidação dos pedidos, bem como contestou todos os pedidos trazidos na inicial; (b) TBT
SERVIÇOS SA: inépcia da inicial pela confusão e contradição presentes nos argumentos,
bem como também impugnou os pontos alegados na inicial. (c) NETLAND SERVIÇOS DE
TELECOMUNICAÇÕES SA: Alegou a inépcia da inicial pela ausência de liquidação dos
pedidos, bem como também impugnou todos os outros pontos alegados na inicial.

Documentos foram apresentados pelas defesas.
 O Juízo ouviu o depoimento pessoal do


Reclamante, do preposto da 2a e 3a Reclamadas, depoimento de três testemunhas, sendo
uma da 1a Reclamada, uma da 2a Reclamada, e, uma da 3a Reclamada, bem como uma
testemunha do Reclamante.
 A instrução foi encerrada sem mais provas.
 As partes não
chegaram a um acordo e o processo veio para julgamento. É o relatório.

II-FUNDAMENTAÇÃO:


II-1-SANEAMENTO INICIAL - DIREITO INTERTEMPORAL RELATIVO À REFORMA


TRABALHISTA:
A presente ação foi ajuizada depois da vigência da Reforma Trabalhista, e o
contrato de trabalho deu-se anterior a data de vigência da referida reforma. As
disposições contratuais, por força do art. 468 da CLT, aderem imediatamente e de
forma irrestrita aos pactos de emprego. As normas jurídicas, por sua vez, são
gerais e abstratas e possuem poder de revogação. Por tanto, o principio da norma
mais favorável aplica-se somente a cláusulas contratuais, expressas ou tácitas,
mas não imuniza a relação de emprego contra alterações promovidas pela lei
posterior desfavorável ao empregado.

Por fim, no mesmo sentido a explicação de Francisco Jorge Neto e Jouberto


Cavalcante: no tocante aos fatos não consumados, ou seja, os fatos pendentes
(facta pendentia), a sua disciplina será regulada pela nova lei. Isso significa fizer
que a lei nova seja aplicável à situação jurídica ainda não totalmente constituída à
época da lei antiga;1

Assim, julgo improcedente o pedido da reclamante quanto a não aplicação da Lei


13.467/17, pelos fundamentos supracitados, dando razão à 1ª e 3ª reclamada
quanto à aplicação da referida lei aferida em suas defesas.

Quanto ao pedido e alegações de inconstitucionalidade do art 2º da medida


provisória 808 alegada pela parte autora, insta ressaltar que tal problemática já foi
dirimida, não havendo qualquer inconstitucionalidade como bem já se manifestou
o presidente do TST.

“A medida provisória 808, editada em face do acordo firmado com o Senado


Federal, promoveu a sintonia fina da reforma, de modo a eliminar as pretensas
inconstitucionalidades da lei”, declara. O presidente da República, Michel Temer,
editou, no dia 14 de novembro, a medida provisória 808/2017, que modifica pontos
da Reforma Trabalhista.2

“Creio que, na hipótese de decisões arguindo a inconstitucionalidade de dispositivos


da Reforma, a AGU (Advocacia-Geral da União) poderá ingressar com ação

1JORGE NETO, Francisco Ferreira; CAVALCANTE, Jouberto de Quadros Pessoa. Direito do


trabalho. 7ª ed. São Paulo: Atlas, 2013. P. 162
2
Confederação Nacional de Transportes. A nova legislação trabalhista é constitucional.
Disponível em: http://www.cnt.org.br/imprensa/Noticia/reforma-trabalhista-constitucional-entrevista-
ives-gandra-filho.
declaratória de constitucionalidade no STF, para pacificar rapidamente o
entendimento. A PGR (Procuradoria-Geral da República) já atuou, arguindo a
inconstitucionalidade apenas de dois dispositivos, ligados à gratuidade de justiça. E a
medida provisória 808, editada em face do acordo firmado com o Senado Federal,
promoveu a sintonia fina da Reforma, de modo a eliminar as pretensas
inconstitucionalidades da lei nº 13.467.”3

Por tanto, não há que se falar de inconstitucionalidade do artigo 2º da Medida


Provisória, indeferido o pedido autoral.

II-2-QUESTÕES PRELIMINARES QUE DEVEM SER DECIDIDAS ANTES DO MÉRITO:

II-2-1-INÉPCIA DA INICIAL:

As Reclamadas alegaram a inépcia da inicial pela não liquidação dos pedidos do


Reclamante. Ocorre que, em audiência, a inicial foi aditada e devidamente liquidada,
motivo pelo qual não carece de acolhimento a inépcia apontada nas contestações.

Sanada a inconsistência. INDEFIRO.

II-3-MÉRITO:

II-3-1- DEMISSÃO E MULTA DO ARTIGO 477:

A parte autora sustenta que o pedido de demissão realizado por empregado com
mais de um ano de serviço só será valido quando feito com a assistência do
respectivo sindicato ou perante autoridade do MPT, pleiteando a nulidade do
pedido de demissão, presumindo-se a dispensa sem justa causa com base em
jurisprudência consolidada do TST, requerendo o pagamento das verbas
referentes à demissão por justa causa.

A 1a. parte ré sustenta a revogação do parágrafo 1º do art. 477 da CLT, implicada


pela reforma trabalhista, na qual, não há mais a necessidade de homologação do
empregado junto ao Sindicato ou a autoridade do Ministério do Trabalho e da
Previdência Social. Postula assim o reconhecimento do pedido de demissão,
reconhecendo as verbas que deverão ser pagas na audiência.

3
Confederação Nacional de Transportes. A nova legislação trabalhista é constitucional.
Disponível em: http://www.cnt.org.br/imprensa/Noticia/reforma-trabalhista-constitucional-
entrevista-ives-gandra-filho.
A 2a. parte ré alega ser da primeira reclamada a responsabilidade do pagamento
de todas as verbas pleiteadas pelo reclamante, alegando ser sua responsabilidade
subsidiaria, alegando ainda não poder ser responsabilizada por verbas trabalhistas
referente ao período em que o reclamante não exerceu atividade laboral para ela.

A 3a. parte ré sustenta a mesma tese alegada pelas demais reclamadas,


requerendo a improcedência do pedido de nulidade da demissão e consequente
reversão a justa causa.

Com a Reforma trabalhista que passa a vigorar em novembro/2017, acabou a


obrigatoriedade de realizar a homologação rescisória junto aos sindicatos para
aqueles desligamentos de funcionários com mais de um ano de contrato de
trabalho.

A medida é benéfica ao trabalhador, pois agiliza o levantamento do FGTS e do


seguro desemprego pelo empregado, pois nos dias atuais o empregado aguarda
a homologação rescisória durante dois a três meses, as quais são realizadas de
acordo com a agenda do sindicato, impedindo o levantamento do FGTS de
imediato.

Assim, sob a ótica da lei 13.467/2017 que revoga o parágrafo 1º do artigo 477,
INDEFIRO o pedido autoral de reconhecimento da justa causa, ademais, procedo
à devida homologação do pedido de demissão.

Por falta de provas das reclamadas CONDENO a primeira reclamada ao


pagamento das verbas referentes ao pedido de demissão e a multa do artigo 477
prevista em seu parágrafo 8º, uma vez que, por obvio se não foram pagas as
verbas, não se atendeu ao prazo do referido parágrafo. As verbas postuladas
são: 13º salário proporcional no valor de 1/12 da remuneração, saldo de salário
pelos dois dias trabalhados até a dispensa e férias proporcionais no valor de 5/12
da remuneração acrescidas de 1/3 constitucional. CONDENO ainda a 2ª e 3ª
reclamada ao pagamento subsidiário das verbas supracitadas.
II-3-2-RELAÇÃO DE EMPREGO:

DO DIREITO:

O artigo 3o da Consolidação das Leis do Trabalho (CLT) estipula os requisitos da relação de


emprego, exigindo uma prestação de serviço pessoal, portanto em caráter personalíssimo,
mediante paga (onerosa), com subordinação jurídica e que as atividades não sejam
eventuais.

DOS FATOS:

Alegam as 2a e 3a Reclamadas, em síntese, que a terceirização seria lícita, tendo em vista


que a empresa terceirizada presta a contratante serviços determinados e específicos,
além da terceirização de atividades inerentes a atividade fim da 1a Reclamada.

Ocorre que, a 2a e 3a Reclamadas não podem se valer da condição não favorecida da 1a


Reclamada para, não adimplir com as obrigações devidas pela 1a Reclamada, motivo pelo
qual, devidamente fundamentado abaixo, condena-se a 2a e 3a Reclamadas como
subsidiárias.

II-3-3-RESPONSABILIDADE - TOMADOR DOS SERVIÇOS:

Com a modificação do sistema produtivo, o fenômeno da terceirização fez-se presente -


implacavelmente. No início, várias correntes de pensamento foram traçadas (teoria da
responsabilidade subsidiária, da responsabilidade solidária e da responsabilidade mista).

Por fim, "venceu" a corrente da responsabilidade subsidiária, explicitada no Enunciado


331 do TST, que tem o seguinte inciso: "IV - o inadimplemento das obrigações trabalhistas,
por parte do empregador, implica a responsabilidade subsidiária do tomador de serviços,
quanto àquelas obrigações, ..."

Tal sedimentação jurisprudencial tem por base o princípio de que a solidariedade só pode
ser estabelecida por lei, ou seja, não pode ser presumida (artigo 896 do antigo Código Civil
e artigo 265 do novo Código Civil).

Por aplicar os Arts.421 e 422 do Código Civil ("A liberdade de contratar será exercida em
razão e nos limites da função social do contrato"; "Os contratantes são obrigados a
guardar, assim na conclusão do contrato, como em sua execução, os princípios da
probidade e boa-fé") este Juízo elastecia a responsabilidade, para reconhecê-la solidária,
inclusive quando a parte autora pedia apenas a responsabilidade subsidiária.

Tendo em vista que tal entendimento não vingou, ao contrário, encontrou forte
resistência do E. Regional, que muitas vezes reformou as sentenças por defeito processual
(julgamento extra/ultra petita), este Juízo resolve quedar-se ao entendimento da Súmula,
para aplicar a responsabilidade apenas subsidiária.

II -3-4 DA EQUIPARAÇÃO SALARIAL.

A parte autora postula pela equiparação salarial entre o reclamante e os empregados das
reclamadas. Isso porque segundo alegações, os requisitos legais da equiparação restam
inteiramente preenchidos. Requer também a equiparação das condições de trabalho dos
empregados das empresas terceirizadas, já que as normas coletivas celebradas pelas
empresas garantem melhor condições de trabalho. Fundamenta ainda pela aplicação
analógica do disposto no art. 12, “a” da Lei 6.019/74, além do cabimento da OJ 383 do
TST.

Em resposta, a Primeira Reclamada, qual seja INSTALAÇÕES GERAIS LTDA, afirma ser
equivocado a aplicação analógica do disposto no art. 12, “a” da Lei 6.019/74, além do não
cabimento da OJ 383 do TST. Requer que caso seja reconhecida a aplicação analógica do
disposto no art. 12, “a” da Lei 6.019/74, seja reconhecida a faculdade disposta no art. 4ºC,
paragrafo 1º. Sustenta ainda que pela reforma trabalhista, não cabe a equiparação por
não estar preenchido o requisito de a reclamante e os empregados não trabalharem no
mesmo espaço físico.

Já a 2a Reclamada, TBT SERVIÇOS SA, afirmou, em síntese, que p reclamante e os


trabalhadores da reclamada não são empregados da mesma empresa, restando ausente
um dos requisitos do artigo 461, da CLT, qual seja, a identidade de empregador, não sendo
possível o reconhecimento de equiparação salarial. Alega ainda possuir quadro de
carreira, o que também seria um óbice a equiparação salarial postulada pela parte autora.

Por fim, a 3a Reclamada, NETLAND SERVIÇOS DE TELECOMUNICAÇÕES SA traz à baila o


fato de que possui quadro de carreira sendo um óbice a equiparação salarial. Alude
também as alterações trazidas pela Lei 13.467/17, alegando não preencher o reclamante
os novos quesitos. Por fim, sustenta também a aplicação do artigo 4ºC, paragrafo 1º, na
qual as empresas podem acordar entre si a aplicação da isonomia entre os funcionários, e
que no caso não houve qualquer estipulação em contrato.
Com efeito, em conformidade com a Súmula e o artigo 461, da CLT, qualquer empregado
que exerça idêntica função, cuja diferença não for superior a dois anos, na mesma
empresa e região metropolitana, tem direito à equiparação salarial.

A nova redação do artigo 461 da CLT apresenta mudanças significativas, no que diz
respeito ao tempo de serviço, localidade da execução dos trabalhos, bem como na escolha
do paradigma.

Com as alterações trazidas pela nova legislação, para fazer jus às diferenças em virtude da
equiparação salarial, o empregado:

a) Não poderá possuir tempo superior a 2 (dois) anos na mesma função em relação ao
paradigma.

b) O empregado paradigma não pode também ter tempo igual ou superior a 4 (quatro)
anos no mesmo empregador.

c) O empregado paradigma precisa trabalhar no mesmo estabelecimento juntamente com


o paragonado.

d) Por fim, a ''equiparação salarial só será possível entre empregados contemporâneos no


cargo ou na função, ficando vedada a indicação de paradigmas remotos, ainda que o
paradigma contemporâneo tenha obtido a vantagem em ação judicial própria.''

Restando clarividente pelos argumentos supracitados e as mudanças trazidas pela


Reforma trabalhista, não há que se falar em equiparação salarial, uma vez que está
vedada a indicação de paradigma remoto, bem como não há identidade de empregador. E
por não identidade de estabelecimento empresarial nos exercícios das funções. Por fim,
ficou demostrado pela 2ª e 3ª reclamada o quadro de carreira válido, na qual é uma
hipótese legal prevista no artigo 461, parágrafo 2º, mantido pela nova lei trabalhista,
sendo assim, um óbice a equiparação salarial. INDEFIRO o pedido autoral de equiparação
salarial e aplicação dos reflexos salarias e das melhores condições previstas em Acordo
Coletivo.

II -3-5- DA SUPRESSÃO DO INTERVALO INTRAJORNADA.

O Reclamante afirma que recebia mensalmente o intervalo intrajornada suprimido no


contracheque, porém, sem as demais verbas trabalhistas e acréscimo de 50%, garantido
pela aplicabilidade do art. 71 da CLT, conforme a súmula 437 do TST. Ao final, afirma fazer
jus ao pagamento do efeito expansionista circular salarial do intervalo intrajornada, além
dos 50% devidos em razão da supressão.

Em resposta, a Primeira Reclamada, qual seja INSTALAÇÕES GERAIS LTDA, afirma que não
houve supressão do intervalo intrajornada, e tentou provar a mesma através da oitiva de
sua testemunha que depôs em audiência, fato que não há como se considerar como
sendo prova cabal.

Já a 2a Reclamada, TBT SERVIÇOS SA, afirmou, em síntese, que em caso de condenação


pela supressão do intervalo intrajornada, não caberia a tomadora de serviços a
responsabilidade subsidiária das obrigações decorrentes do período de efetiva prestação
de serviços, o que de fato, é justo.

Por fim, a 3a Reclamada, NETLAND SERVI;COS DE TELECOMUNICAÇÕES SA traz a baila o


fato de que o reclamante afirma que recebia as verbas referentes ao intervalo suprimido e
que porém, não recebia os reflexos do mesmo, alega, ainda, que o pagamento do
intervalo intrajornada resulta de sanção pelo descumprimento da norma jurídica que
prescreve o direito ao intervalo intrajornada, pelo fato de que sua aplicação decorre do
descumprimento do intervalo intrajornada pelo empregador e visa a reparação do lesado.

Com base nos argumentos elencados pelas partes, porém, pela ausência de prova sobre o
intervalo intrajornada, decide-se a favor do Reclamante, porém, com a observância do
pagamento, APENAS sobre o tempo suprimido e não sobre a hora cheia como ocorria
antes da Reforma Trabalhista.

Dessa forma, limita-se ainda a responsabilidade da 2a e 3a Reclamadas, para que em caso


de pagamento pelas condenadas subsidiariamente, este pagamento observe o prazo que
a Reclamante efetivamente trabalhou para estas Reclamadas.

Assim sendo, DEFIRO.

II -3-6- DO PAGAMENTO DE HORAS EXTRAS.

O reclamante alega que nunca recebeu horas extras sob a alegação de exercer trabalho
externo. Cita a existência de um de um aplicativo chamado REGISTRIC-LINE, no qual eram
registrados os serviços diários com o horário de início e fim de cada atendimento.
Requereu ainda a inversão do ônus da prova por ter a empresa maior facilidade e acesso
ao relatório produzido pelo referido aplicativo. Sustenta seu pedido autoral com base da
não incidência do artigo 62, I da CLT, 818, paragrafo 1º da CLT e jurisprudência de nº RR-
87200-92.2009.5.17.0014.

Em resposta, a Primeira Reclamada, qual seja INSTALAÇÕES GERAIS LTDA, alegou que a
atividade externa é incompatível com a fixação do horário de trabalho e que não há que
se falar em inversão do ônus da prova pois o próprio reclamante alimentava o aplicativo
com as informações.

Já a 2a Reclamada, TBT SERVIÇOS SA, afirmou, em síntese, que seu labor era externo e sem
a possibilidade de controle e fiscalização de seu serviço, alegando ser inviável a presença
constante da reclamada para acompanhar e registrar todos os serviços e horários do
reclamante. Requerendo por fim a aplicação do artigo 62, I da CLT.

Por fim, a 3a Reclamada, NETLAND SERVIÇOS DE TELECOMUNICAÇÕES SA traz à baila o


fato de que o empregado era responsável por realizar o registro dos atendimentos
realizados no programa REGISTRIC-LINE, com horário de inicio e fim de cada atendimento,
não havendo, contudo, controle de ponto, uma vez que o tempo de trabalho dependia da
demanda. Juntou documento em anexo com registros das horas e atendimento das
demandas.

Com base nos argumentos elencados pelas partes, o reclamante possui o aplicativo
REGISTRIC-LINE para mero manuseio e anotação de execução laboral de suas atividades
com horário de atendimento e fiscalização da atividade.

RECURSO ORDINÁRIO EMPRESARIAL. JORNADA EXTERNA. CONTROLE POR TELEFONE


CELULAR. IMPOSSIBILIDADE.Não é possível o controle de jornada externa por telefone
celular, porque o empregado está absolutamente fora do alcance do patrão e, dessa
forma, este não possui condições de aferir o trabalho, ainda que o trabalhador esteja ao
telefone dizendo que, naquele momento, exerce o seu mister. ADV RECORRENTE(s) :
Fábio Alves Silva, ADV RECORRENTE(s) : Victor Vigolvino Figueiredo, ADV RECORRIDO(s)
: Os Mesmos, RECORRENTE(s) : Kennerson Bittencourt Marinho, RECORRENTE(s) : Acom
Comunicações S.A., RECORRIDO(s) : Os Mesmos

O controle de horas era feito tão somente pelo reclamante como forma de anotações, na
qual o controle de ponto deste empregado externo, é incompatível de se controlar, torna-
se impossível do empregador controlar.
Ou seja, não ficou comprovado pela parte autora que o aplicativo conseguia monitorar
cada passo do empregado, aonde ele esteja, através de sistema de rastreamento por GPS
(Sistema de Posicionamento Global) tanto do veículo quanto do smartphone que ele porta
nas mãos. Ademais, não ficou comprovado também porque além do sistema antes
mencionado, temos o whatsapp, o próprio telefone celular que pode ser facilmente
rastreado e a possibilidade de “check in” que é o envio do local que se encontra o
trabalhador naquele determinado momento.

Assim, fica nítido que o aplicativo não gerava a capacidade de controlar a jornada de
trabalho do empregado. Ademais a 3a Reclamada, NETLAND SERVIÇOS DE
TELECOMUNICAÇÕES AS, juntou documentos que demostram as anotações feitas no
aplicativo pela reclamada, mostrando-se não haver hora extra.

Assim sendo, INDEFIRO o pedido autoral de pagamento de horas extras , ocorrendo a


incidência do artigo 62, I da CLT.

II-3-7-HONORÁRIOS ADVOCATÍCIOS - INDENIZAÇÃO DE DESPESAS COM ADVOGADO


PARTICULAR:

O entendimento deste Juízo era o de afastar a aplicação da Lei 5.584/70 e a aplicação da


Súmula 219 do C. TST, para aplicar a sucumbência - inclusive a recíproca - prevista no
antigo CPC (artigo 20).

Contudo, por questão de disciplina judiciária ao C. TST e por não vislumbrar este Juízo que
a Suprema Corte (STF) modifique a matéria sem modulação a respeitar o que fixado na
Súmula 219 do C. TST, queda-se à redação da mesma:

HONORÁRIOS ADVOCATÍCIOS. CABIMENTO (alterada a redação do item I e acrescidos os


itens IV a VI em decorrência do CPC de 2015) - Res. 204/2016, DEJT divulgado em 17, 18 e
21.03.2016

I - Na Justiça do Trabalho, a condenação ao pagamento de honorários advocatícios não


decorre pura e simplesmente da sucumbência, devendo a parte, concomitantemente: a)
estar assistida por sindicato da categoria profissional; b) comprovar a percepção de salário
inferior ao dobro do salário-mínimo ou encontrar-se em situação econômica que não lhe
permita demandar sem prejuízo do próprio sustento ou da respectiva família. (art.14,§1o,
da Lei no 5.584/1970). (ex-OJ no 305da SBDI-I).
II - É cabível a condenação ao pagamento de honorários advocatícios em ação rescisória
no processo trabalhista.

III - São devidos os honorários advocatícios nas causas em que o ente sindical figure como
substituto processual e nas lides que não derivem da relação de emprego.

IV - Na ação rescisória e nas lides que não derivem de relação de emprego, a


responsabilidade pelo pagamento dos honorários advocatícios da sucumbência submete-
se à disciplina do Código de Processo Civil (arts. 85, 86, 87 e 90).

V - Em caso de assistência judiciária sindical ou de substituição processual sindical,


excetuados os processos em que a Fazenda Pública for parte, os honorários advocatícios
são devidos entre o mínimo de dez e o máximo de vinte por cento sobre o valor da
condenação, do proveito econômico obtido ou, não sendo possível mensurá-lo, sobre o
valor atualizado da causa (CPC de 2015, art. 85, § 2o).

VI - Nas causas em que a Fazenda Pública for parte, aplicar-se-ão os percentuais


específicos de honorários advocatícios contemplados no Código de Processo Civil.

O Processo do Trabalho adotou como pressuposto a não obrigatoriedade do advogado no


Processo do Trabalho, estipulando honorários advocatícios apenas em favor de advogado
constituído via Sindicato. De tal modo, a parte que vem assistida por advogado particular
não tem o direito de ressarcimento sobre tal despesa, considerada não obrigatória no
Processo do Trabalho. De tal modo, não há que se falar em indenização para reparar
danos por eventual constituição de advogado particular. Indefiro.

II-3-8-DESCONTOS PREVIDENCIÁRIOS E FISCAIS:

Os descontos previdenciários relativos à cota patronal e do empregado são apurados, nos


termos da Lei n. 8.212/91, com recolhimento no prazo legal, sob pena de execução,
sempre com autorização da retenção da cota obreira quanto às verbas salariais objeto da
condenação, sendo certo que o diferimento da obrigação não afasta a obrigação do
obreiro em relação à sua respectiva cota parte: mas todos os acréscimos devidos ao INSS
quanto à cota obreira são suportados pelo empregador (Súmula no. 17. do E. TRT da 17a.
Região).

A inteligência do artigo 114 da Constituição Federal condiz com a afirmativa de que as


contribuições executáveis nos presentes autos são apenas aquelas relativas às verbas
salariais deferidas no presente julgamento e que não há execução de valores de terceiros
(que não se enquadram no conceito de contribuições sociais). Eventual não recolhimento
de parte patronal ou retenção de cota obreira já descontada refogem à competência
desta Especializada, até mesmo em virtude de o INSS não poder negar benefício por tal
motivo.

O Imposto de Renda devido pelo trabalhador deve ser retido e repassado aos cofres da
União, por decorrer da lei, que inclusive foi alterada recentemente para minorar os efeitos
em caso de pagamento de rendimento de forma acumulada.

Declaram-se as verbas sobre as quais há incidência das contribuições previdenciárias,


dessa forma, a parte ré deverá prestar as informações a que se refere o art. 32, IV, da Lei
no 8.212/1991, por meio da guia de recolhimento do Fundo de Garantia do Tempo de
Serviço e Informações à Previdência Social (GFIP), sob pena de aplicação do disposto no §
10 do mesmo artigo.

Autoriza-se o desconto do Imposto de Renda.

II-3-9-JUROS - CORREÇÃO MONETÁRIA:

Para as condenações trabalhistas em geral (alguns casos específicos requerem análise


diferenciada, a exemplo indenizações por danos materiais e morais) são devidos juros de
1% ao mês, não capitalizados, a partir da propositura da ação, sobre o principal corrigido
(Súmula n. 200 do TST: "Os juros de mora incidem sobre a importância da condenação já
corrigida monetariamente."), adotando-se os índices de correção monetária vigentes após
o 1o dia útil do mês subsequente ao vencido, inclusive quanto a FGTS e reflexos.

Afasta-se a incidência do IPCA-E, por conta da liminar do Supremo Tribunal Federal ter
sido cassada há pouco tempo e em virtude da TR ter sido o indexador fixado na reforma
trabalhista vigente a partir de 11.11.2017.

II-3-10-COMPENSAÇÕES E DEDUÇÕES:

O Processo do Trabalho não pode permitir o enriquecimento sem causa, com o que o
magistrado analisará eventuais compensações e deduções quando da análise dos pedidos
ou no presente tópico.

Eventuais compensações/deduções já foram autorizadas.


II-3-11-OFÍCIOS:

É dever do magistrado oficiar às autoridades competentes ou a terceiros interessados


quando se deparar com infrações cometidas pelas partes e para as quais não detém
competência legal para dar cabo. Tal se dá, por exemplo, para que a Fiscalização do
Trabalho possa autuar os infratores, para que outros agentes possam apurar matérias não
afetas à competência do magistrado (eventuais cometimentos de crimes; eventuais
práticas em desfavor da coletividade; etc.) e também para que as partes sociais se
inteirem de práticas ofensivas ao que negociado coletivamente.

Tendo em vista as irregularidades verificadas, após o trânsito em julgado, expeça-se ofício


à SRT/ES e remetam-se os autos ao Exmo. Ministério Público do Trabalho.

III - DISPOSITIVO:

Pelo exposto, resolve este Juízo, nos autos da ação trabalhista ajuizada por PATRICK
SOARES em face de INSTALAÇÕES GERAIS LTDA; TBT SERVIÇOS S.A e de NETLAND
SERVIÇOS DE TELECOMUNICAÇÕES SA. julgar PARCIALMENTE PROCEDENTES os pedidos
para condenar as partes rés, a segunda e terceira, subsidiariamente, (inclusive em caso de
conversão de obrigação de fazer em obrigação de indenizar), de acordo com as parcelas
deferidas, tomando por base a fundamentação supra.

Deve ainda, ser observada tabela feita pela contadoria desse Juízo para fins de pagamento
do valor da condenação.

A fundamentação é integrada ao presente dispositivo para todos os fins.

Custas de R$ 800,00, calculadas sobre o valor da condenação (R$ 40.000,00), pelas partes
rés, sem dispensa.

A presente sentença é líquida e é integrada por cálculos de liquidação. Intimem-se as


partes.


VITORIA/ES, 12 de Abril de 2018.

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