A falta de conhecimento sobre a legislação e de planejamento urbano são os
principais motivos para o abandono, a poluição e ocupação ilegal de Áreas de Preservação Permanente (APPs). A criação de leis e decretos tinha como objetivo proteger os corpos d’agua, criando uma faixa de vegetação no seu entorno, porém, com a intensa urbanização que vem acontecendo ao longo dos anos, as prefeituras devem buscar no planejamento soluções sustentáveis para integrar as Áreas de Preservação Permanente (APPs) na malha urbana. A intervenção de baixo impacto é uma solução para essa integração, criando espaços públicos que melhoram a qualidade de vida e protegem o meio ambiente. A criação das Áreas de Preservação Permanente (APPs) tem como função proteger os corpos d’agua, evitar a poluição, possibilitar a permeabilidade do solo e ajudar no desconforto térmico urbano. Contudo, nota-se que há um abandono das áreas pela sociedade e poder público, sendo possível encontrar acumulo de lixos, que pode causar alagamento com as cheias, construções ilegais e deterioração da vegetação. De acordo com o Ministério do Meio Ambiente a manutenção das Áreas de Preservação Permanente (APPs):
“[…] possibilita a valorização da paisagem e do patrimônio natural e construído (de
valor ecológico, histórico, cultural, paisagístico e turístico). Esses espaços exercem, do mesmo modo, funções sociais e educativas relacionadas com a oferta de campos esportivos, áreas de lazer e recreação, oportunidades de encontro, contato com os elementos da natureza e educação ambiental (voltada para a sua conservação), proporcionando uma maior qualidade de vida às populações urbanas, que representam 84,4% da população do país.” O primeiro Código Florestal brasileiro foi implementado em 1965, ao londo dos anos, leis e decretos foram instituídos para tratar sobre Áreas de Preservação Permanente (APPs). O Código Florestal (Lei nº 12.651, de 25 de maio de 2012), art. 4°, considera Área de Preservação Permanente (APP) “[…] as faixas marginais de qualquer corpo d’água natural perene e intermitente [...]”. Para regulamentar a intervenção em Áreas de Preservação Permanente (Apps) foi instituída em 2006 a resolução do CONAMA n°306, possibilitando aos órgãos ambientais competentes “[…] autorizar a intervenção ou supressão de vegetação [...] para a implantação de obras, planos, atividades ou projetos de utilidade pública ou interesse social[…]”. A legislação vem sendo alterada, permitindo aos municípios incluir as Áreas de Preservação Permanente no planejamento urbano, como espaços de lazer comunitário.
A intervenção urbana de baixo impacto oferece uma alternativa aos
municípios para conservar as faixas de preservação permanente e os cursos d’agua. Gorski (2010) analisou diversos casos de intervenção e constatou que houve, retirada de invasões, a criação de espaços públicos de qualidade para a população, a recuperação de vegetação nativa, a melhora na qualidade da água, entre outras mudanças positivas. Gorski (2010) ressalta que o planejamento de parques urbanos em Áreas de Preservação Permanente (APPs), são incorporadas nas agendas de municípios e podem ser realizadas com ajuda de programas governamentais e parcerias com o setor privado, possibilitando sua implantação.
Analisando o que foi apontado, a proteção das Áreas de Preservação
Permanente (APPs) deve estar sempre em pauta nas discussões de planejamento urbano. Um bom estudo da legislação e de casos bem-sucedidos são diretrizes para a ocupação das áreas tendo como objetivo o equilíbrio entre qualidade de vida da população e proteção do meio ambiente. Porém, mesmo estabelecendo diretrizes baseadas em casos bem-sucedidos, o planejamento deve atender a singularidade do ambiente porque as áreas estão inseridas na malha urbana, assim o espaço criado vai possibilitar um ambiente sustentável. REFERENCIAS
BRASIL. Lei n. 12.651, de 25 de mai de 2017. Dispõe sobre a proteção da
vegetação nativa.
BRASIL. Resolução n. 369 , de 29 da mar de 2006. Dispõe sobre os casos
excepcionais, de utilidade pública, interesse social ou baixo impacto ambiental, que possibilitam a intervenção ou supressão de vegetação em Área de Preservação Permanente-APP .
GORSKI, Maria C. B. Rios e cidades: Ruptura e Reconciliação. São Paulo: Senac
São Paulo, 2010.
MINISTÉRIO DO MEIO AMBIENTE. Áreas De Preservação Permanente Urbanas.