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Coletânea
poemas
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coletâneapoemas
4
6
Tem tudo a ver
Elias José Quadras ao
gosto popular
3
Livros e flores O buraco
Fernando Pessoa
Machado de Assis do tatu
Sérgio
7 5
Caparelli
Travatrovas
Ciça
Emigração e as
8
A valsa
11
consequências
Casimiro de
Abreu Patativa do
Assaré
Duas dúzias de Milagre no
9 10
coisinhas à toa Corcovado Rimas e quadras
que deixam a Diversos autores
Ângela Leite
gente feliz de Souza
Otávio Roth Definições
Cidadezinha Convite poéticas
Mario Quintana José Paulo Paes José Paulo Paes e
Mario Quintana
13 15
12
Meus oito anos
14
Confidência
Casimiro de Abreu do itabirano
Carlos Drummond
16
de Andrade
O leão
Vinicius de Moraes Pássaro livre Alma cabloca
Sidônio Muralha Paulo Setúbal
As Marias
Haicai do meu lugar
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Guilherme de Carlos Victor
Almeida Dantas Araújo
Trava-línguas
Domínio público Cidadezinha qualquer
Carlos Drummond de
Andrade
Cidadezinha
Edson Gabriel Garcia
Tem tudo a ver
Elias José
A poesia A poesia
tem tudo a ver tem tudo a ver
com tua dor e alegrias, com a plumagem, o voo,
com as cores, as formas, os cheiros, e o canto dos pássaros,
os sabores e a música a veloz acrobacia dos peixes,
do mundo. as cores todas do arco-íris,
o ritmo dos rios e cachoeiras,
A poesia o brilho da lua, do sol e das estrelas,
tem tudo a ver a explosão em verde, em flores e frutos.
com o sorriso da criança,
o diálogo dos namorados, A poesia
as lágrimas diante da morte, — é só abrir os olhos e ver —
os olhos pedindo pão. tem tudo a ver
com tudo.
Segredinhos de amor. 2ª- ed. São Paulo: Moderna, 2002.
Livros e flores
Machado de Assis
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Travatrovas
Ciça
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o xale cinza da Sheila
e a saia chique da Selma.
Ciça. Travatrovas.
Rio de Janeiro: Nova Fronteira, 1993.
© Ciça Alves Pinto.
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Quadras ao gosto popular
Fernando Pessoa
4
Emigração e as consequências
Patativa do Assaré
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Bom conforto e boa escola
Um lápis e o caderno
Uma voz do Nordeste.
São Paulo: Hedra, 2000.
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O buraco do tatu
Sérgio Caparelli
6
A valsa
Casimiro de Abreu
Tu ontem, Na valsa
Na dança Tão falsa,
Que cansa, Corrias
Voavas Fugias,
Co’as faces Ardente,
Em rosas Contente,
Formosas Tranquila,
De vivo, Serena,
Lascivo Sem pena
Carmim; De mim!
Ilka Brunhilde Laurito (org.).
Casimiro de Abreu (Antologia). São Paulo: Abril
Educação,1982. Série Literatura Comentada.
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Almoço de domingo, revoada de flamingo, herói que fuma cachimbo.
[...]
Duas dúzias de coisinhas à toa que deixam a gente feliz.
São Paulo: Ática, 1994.
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Milagre no Corcovado
Ângela Leite de Souza
Todas as noites
de céu nublado
no Corcovado
faz seu milagre
o Redentor:
fica pousado
no algodão-doce
iluminado
como se fosse
de isopor. Mas todos sabem
que bem de perto
esse Jesus
é um gigante
de mais de mil
e cem toneladas...
Suba de trem,
vá pela estrada,
quem chega lá,
ao pé do Cristo,
vira mosquito. E olhando em volta
para a cidade
de ponta a ponta
maravilhosa
a gente sente
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um arrepio:
o milagre
é o próprio Rio!
Meus Rios. Belo Horizonte:
Formato, 2000.
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Cidadezinha
Mario Quintana
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Convite
José Paulo Paes
Poesia
é brincar com palavras
como se brinca
com bola, papagaio, pião.
Só que
bola, papagaio, pião
de tanto brincar
se gastam.
As palavras não:
quanto mais se brinca
com elas
mais novas ficam.
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Rimas e quadras
O cravo brigou com a rosa, Não sei se vá ou se fique
Debaixo de uma sacada. Não sei se fique ou se vá
O cravo saiu ferido, Ficando aqui não vou lá
E a rosa despedaçada. E ainda perco o meu pique.
Popular – Domínio público. Sílvio Romero. Contos populares do Brasil.
São Paulo: José Olympio, 1954.
Definições poéticas
Prosa: A prosa é como trem, vai sempre em frente.
Poesia: A poesia é como o pêndulo dos relógios de antigamente, que
ficava balançando de um lado para outro.
José Paulo Paes. Vejam como eu sei escrever. São Paulo: Ática, 2001.
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O leão
Vinicius de Moraes
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Meus oito anos
Casimiro de Abreu
Oh! que saudades que tenho Que auroras, que sol, que vida, Naqueles tempos ditosos
Da aurora da minha vida, Que noites de melodia Ia colher as pitangas,
Da minha infância querida Naquela doce alegria, Trepava a tirar as mangas,
Que os anos não trazem mais! Naquele ingênuo folgar! Brincava à beira do mar;
Que amor, que sonhos, que flores, O céu bordado d’estrelas, Rezava às Ave-Marias,
Naquelas tardes fagueiras A terra de aromas cheia, Achava o céu sempre lindo,
À sombra das bananeiras, As ondas beijando a areia Adormecia sorrindo
Debaixo dos laranjais! E a lua beijando o mar! E despertava a cantar!
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Atrás das asas ligeiras
Das borboletas azuis!
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Pássaro livre Haicai
Sidônio Muralha Guilherme de Almeida
Trava-línguas
v Corrupaco papaco, a mulher do macaco, ela pita,
ela fuma, ela toma tabaco debaixo do sovaco.
v Porco crespo, toco preto.
v Um tigre, dois tigres, três tigres.
v A pipa pinga, o pinto pia, quanto mais o pinto pia, mais a pipa pinga.
v Olha o sapo dentro do saco, o saco com o sapo dentro, o sapo batendo papo e o
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Confidência do itabirano
Carlos Drummond de Andrade
Alma cabloca
Paulo Setúbal
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Obras completas. São Paulo: Saraiva, 1958.
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As Marias do meu lugar
Carlos Victor Dantas Araújo
I IV VII
Minha terra é pequenina A Maria forrozeira Lá no altar da igreja
Fica aqui no Ceará Rodeia feito pião Maria diz o amém
No Vale do Jaguaribe Tem a Maria louceira Implora ao padroeiro
Alto Santo aqui está Transforma o barro com a mão Para todos viver bem
No Comando das Marias E a Maria morena A mãe do Menino Deus
Que progride esse lugar Com corpo de violão Que é Maria também
II V VIII
Tem Maria sertaneja Maria que no mercado Ah! Se em todo lugar tivesse
Valente feito um trovão Vende o quente e o frio Assim tantas alegrias
Daquela que desde cedo E a Maria lavadeira E que fosse como meu
Faz o cultivo do chão Faz espuma lá no rio Nessa paz do dia a dia
E a Maria tratorista E a Maria açougueira Que faz o calor do sol
Que ajuda na plantação Com a faca faz desafio Dar força a essas Marias
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Cidadezinha qualquer
Carlos Drummond de Andrade
Cidadezinha
Devagar... as janelas olham.
Eta vida besta, meu Deus.
Carlos Drummond de Andrade, in: Alguma coisa.
São Paulo: Companhia das Letras, 2013, p. 49. Edson Gabriel Garcia
© Graña Drummond. <www.carlosdrummond.com.br>.
Um ônibus lotado
um taxista estressado
um celular clonado
um sinal fechado
uma rua alagada.
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Não há.
Então...tá.
“Eta vida besta, meu Deus!”
Disponível em
<http://www.escritoredsongabriel. com.br/poemas.html>.
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