Vous êtes sur la page 1sur 4

Lula: Eu quero democracia,

não impunidade
Há um golpe de direita em andamento no Brasil, mas a justiça prevalecerá

By Luiz Inácio Lula da Silva


O ex-presidente do Brasil Luiz Inácio Lula da Silva escreveu este artigo de opinião da prisão.

Aug. 14, 2018

CURITIBA, Brasil - Dezesseis anos atrás, o Brasil estava em crise; seu futuro incerto.
Nossos sonhos de nos transformarmos em um dos países mais prósperos e
democráticos do mundo pareciam ameaçados. A ideia de que um dia nossos cidadãos
poderiam desfrutar dos padrões de vida confortáveis ​de nossos colegas na Europa ou
em outras democracias ocidentais parecia estar desaparecendo. Menos de duas
décadas após o fim da ditadura, algumas feridas daquele período ainda estavam cruas.

O Partido dos Trabalhadores ofereceu esperança, uma alternativa que poderia mudar
essas tendências. Por essa razão, mais que qualquer outra, vencemos nas urnas em
2002. Tornei-me o primeiro líder trabalhista a ser eleito presidente do Brasil.
Inicialmente, o mercado financeiro se abalou; mas o crescimento econômico que
seguiu tranquilizou o mercado. Nos anos seguintes, os governos do Partido dos
Trabalhadores que chefiei reduziram a pobreza em mais da metade em apenas oito
anos. Nos meus dois mandatos, o salário mínimo aumentou 50%. Nosso programa
Bolsa Família, que auxiliou famílias pobres ao mesmo tempo em que garantiu que as
crianças recebessem educação de qualidade, ganhou renome internacional. Nós
provamos que combater a pobreza era uma boa política econômica.

Então este progresso foi interrompido. Não através das urnas, embora o Brasil tenha
eleições livres e justas. Em vez disso, a presidente Dilma Rousseff sofreu impeachment
e foi destituída do cargo por uma ação que até mesmo seus oponentes admitiram não
ser uma ofensa imputável. Depois, eu fui mandado para a prisão, por um julgamento
questionável de acusações de corrupção e lavagem de dinheiro.
Former Brazilian President Luiz Inacio Lula da Silva attends a protest in Sao Bernardo do
Campo, Brazil April 7, 2018. Leonardo Benassatto/Reuters

Meu encarceramento foi a última fase de um golpe em câmera lenta destinado a


marginalizar permanentemente as forças progressistas no Brasil. Pretende-se impedir
que o Partido dos Trabalhadores seja novamente eleito para a presidência. Com todas
as pesquisas mostrando que eu venceria facilmente as eleições de outubro, a extrema
direita do Brasil está tentando me tirar da disputa. Minha condenação e prisão são
baseadas somente no testemunho de uma pessoa, cuja própria sentença foi reduzida
em troca do que ele disse contra mim. Em outras palavras, era do seu interesse pessoal
dizer às autoridades o que elas queriam ouvir.

As forças de direita que tomaram o poder no Brasil não perderam tempo na


implementação de sua agenda. A administração profundamente impopular do
presidente Michel Temer aprovou uma emenda constitucional que estabelece um limite
de 20 anos para os gastos públicos e promulgou várias mudanças nas leis trabalhistas
que facilitarão a terceirização e enfraquecerão os direitos de negociação dos
trabalhadores, e até mesmo seu direito a uma jornada de oito horas de trabalho. O
governo Temer também tentou fazer cortes na Previdência.

You have 4 free articles remaining.


Subscribe to The Times

Os conservadores do Brasil estão trabalhando muito para reverter o progresso dos


governos do Partido dos Trabalhadores, e eles estão determinados a nos impedir de
voltar ao cargo no futuro próximo. Seu aliado nesse esforço é o juiz Sérgio Moro e sua
equipe de promotores, que recorreram a gravações e vazamentos de conversas
telefônicas particulares que tive com minha família e com meu advogado, incluindo um
grampo ilegal. Eles criaram um show para a mídia quando me levaram para depor à
força, me acusando de ser o “mentor” de um vasto esquema de corrupção. Esses
detalhes aterradores raramente são relatados na grande mídia.

Moro tem sido celebrado pela mídia de direita do Brasil. Ele se tornou intocável. Mas a
verdadeira questão não é o Sr. Moro; são aqueles que o elevaram a esse status de
intocável: elites de direita, neoliberais, que sempre se opuseram à nossa luta por maior
justiça social e igualdade no Brasil.

Eu não acredito que a maioria dos brasileiros aprove essa agenda elitista. É por isso
que, embora eu possa estar na cadeia hoje, eu estou concorrendo à presidência. E por
isso que as pesquisas mostram que se as eleições fossem realizadas hoje, eu venceria.
Milhões de brasileiros entendem que minha prisão não tem nada a ver com corrupção,
e eles entendem que eu estou onde estou apenas por razões políticas.

Eu não me preocupo comigo mesmo. Já estive preso antes, sob a ditadura militar do
Brasil, por nada mais do que defender os direitos dos trabalhadores. Essa ditadura
caiu. As pessoas que estão abusando de seu poder hoje também cairão.

Eu não peço para estar acima da lei, mas um julgamento deve ser justo e imparcial.
Essas forças de direita me condenaram, me prenderam, ignoraram a esmagadora
evidência de minha inocência e me negaram Habeas Corpus apenas para tentar me
impedir de concorrer à presidência. Eu peço respeito pela democracia. Se eles querem
me derrotar de verdade, façam nas eleições. Segundo a Constituição brasileira, o poder
vem do povo, que elege seus representantes. Então, deixe o povo brasileiro decidir. Eu
tenho fé que a justiça prevalecerá, mas o tempo está correndo contra o democracia.

Luiz Inácio Lula da Silva é ex-presidente do Brasil.

Follow The New York Times Opinion section on Facebook and Twitter, and sign up for the Opinion Today
newsletter.

Vous aimerez peut-être aussi