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QUAL A MAIOR NECESSIDADE DO MÉDIUM?

“A PRIMEIRA NECESSIDADE DO MÉDIUM É EVANGELIZAR-SE


A SI MESMO ANTES DE SE ENTREGAR ÀS GRANDES
TAREFAS DOUTRINÁRIAS, POIS, DE OUTRO MODO PODERÁ
ESBARRAR SEMPRE COM O FANTASMA DO
PERSONALISMO, EM DETRIMENTO DE SUA MISSÃO.”
(Questão 387 do Livro O Consolador – Emmanuel.)

ESTUDO BÁSICO
DE MEDIUNIDADE

PROGRAMA I
LARFRESI
LAR FRATERNO RECANTO DO SILÊNCIO
(Rua Bráulio Gomes Nogueira, 786 – TIROL – B.Hte. MG.)

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ESTUDO BÁSICO DE MEDIUNIDADE
RELAÇÃO DAS APOSTILAS

PROGRAMA I

01 – ALLAN KARDEC E A CODIFICAÇÃO ESPÍRITA


02 – OS PRINCÍPIOS FUNDAMENTAIS DA DOUTRINA ESPÍRITA
03 – REUNIÕES MEDIÚNICAS SÉRIAS
04 – A FACULDADE MEDIÚNICA
05 – OS FENÔMENOS ANÍMICOS E MISTIFICAÇÕES.
06 – O TRANSE MEDIÚNICO
07 – A PRÁTICA MEDIÚNICA
08 – EDUCAÇÃO MEDIÚNICA E HARMONIZAÇÃO PSIQUICA
09 – PERCEPÇÕES PSIQUICA
10 – DA EMANCIPAÇÃO DA ALMA: SONO E SONHOS.
11 – MEDIUNIDADE
12 – OBSESSÃO E DESOBSESSÃO
13 – A DESENCARNAÇÃO
14 – A VIDA NO ALÉM TÚMULO E OS ESPÍRITOS ERRANTES
15 – AS REGIÕES DE SOFRIMENTO NO PLANO ESPIRITUAL
16 – O PASSE E A PRECE
17 – OS PLEXOS E OS CENTROS DE FORÇA.

Belo Horizonte, 19 de Abril de 2018.

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APOSTILA N.º 01

TEMA:

ALLAN KARDEC E A
CODIFICAÇÃO ESPÍRITA.

Referência Bibliográfica:

1 - Kardec, Allan . A Gênese. Trad. de Guillon Ribeiro,37. ed. Rio de


Janeiro, FEB. Cap.I, it. 14, p. 20. Caráter da Revelação Espírita.
2 – Obras Póstumas. Trad., de Guillon Ribeiro, 28.1Ed. ed. Rio de Janeiro,
FEB, 1998, p. 13 Biografia de Allan Kardec.
3 – Abreu, Canuto. O primeiro Livro dos Espíritos de Allan Kardec – 1857.
4 – Barbosa, Pedro Franco. Espiritismo Básico. 4. ed. Rio de Janeiro, FEB,
1995 – Segunda parte. P. 98. A Doutrina Espírita.

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(01) ALLAN KARDEC E A CODIFICAÇÃO DA DOUTRINA
ESPÍRITA

Hippolyte Léon Denizard Rivail, mundialmente conhecido pelo


pseudônimo ALLAN KARDEC, nasceu na cidade de Lião (França), às 19
horas do dia 03 de outubro de 1804. A sua desencarnação ocorreu em Paris,
na data de 31 de março de 1869.
Descendentes de antiga família lionesa, católica, de nobres e dignas
tradições, foram seus pais Jean-Baptiste Antoine Rivail, homem de leis, juiz
e Jeanne Louise Duhamel.
Rivail realizou seus primeiros estudos em Lião....
Com a idade de dez anos, seus pais o enviam a Yverdon (ou Yverdun),
cidade Suíça do cantão de Vaud, a fim de completar e enriquecer sua
bagagem escolar no célebre Instituto de Educação ali instalado, em 1805,
pelo professor filantropo João Henrique Pestalozzi.
Concluídos seus estudos, voltou para a França. Conhecendo a fundo a
língua alemã, traduzia para a Alemanha diferentes obras de educação e de
moral e, o que é muito característico, as obras de Fénelon, que o tinham
seduzido de modo particular.
Era membro de várias sociedades sábias, entre outras, da Academia
Real de Arras, que, em o concurso de 1831, lhe premiou uma notável
memória sobre a seguinte questão:
Qual o sistema de estudos mais em harmonia com as necessidades da
época?
De 1835 a 1840, fundou, em sua casa, à rua de Sèvres, cursos gratuitos
de química, física, anatomia comparada, astrologia, etc. publicou várias
obras sobre a educação, além de ter fundado, em 1825, uma escola de
ensino de primeiro grau. Rivail era mais um segundo pai que um mestre,
continuando, junto aos jovens, a tarefa educativa do lar. Ao mesmo tempo
que lhes ministrava as lições escolares, preparava-os para a realidade do
mundo social.
Em 1832,o professor Rivail consorcia-se com a professora Amélie-Gabriellle
Boudet pessoa de excelentes qualidades e doçura de caráter, quanto pela
amenidade de suas maneiras e terna solicitude para com as crianças, e que
secundou o marido por todos os meios, mormente na direção física e moral
dos alunos mais jovens, necessitados de cuidados especiais.
O pseudônimo Allan Kardec foi adotado pelo professor Rivail quando
da publicação de O Livro dos Espíritos. Sendo o seu nome muito conhecido
do mundo científico, em virtude dos seus trabalhos anteriores, e podendo
originar confusão, talvez mesmo prejudicar o êxito do empreendimento, ele

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adotou o alvitre de o assinar com o nome Allan Kardec, nome que, segundo
lhe revelara o guia, ele tivera ao tempo dos druidas.
Hippolyte Léon Denizard Rivail tivera uma formação humanística e
humanitária à altura das exigibilidades das ingentes tarefas que lhe foram
cometidas pelo Alto. É intuitivo, ademais, que na Espiritualidade Superior e
em vidas pregressas ele se investira de quantas qualidades intelectuais e
morais lhe adornavam o Espírito. Era tão evoluído em sabedoria e amor, que
os Invisíveis o qualificavam de Apóstolo da Fé, Pontífice da Luz, Lúcido
Apóstolo de Jesus.
Operando, no entanto, no campo vasto da Codificação do Espiritismo,
Allan Kardec sofria asa compreensíveis limitações que a condição humana,
segundo leis invioláveis, impõem àqueles que vestem a indumentária carnal.
Kardec teve as primeiras notícias do fenômeno mediúnico em 1854, por
meio do senhor Fortier, que lhe falou a respeito das mesas girantes e, mais
tarde, com um velho amigo, o senhor Carlotti. Em 1855, Kardec foi à casa da
sonâmbula Sra. Roger, em companhia do Sr. Fortier. Lá encontrou o Sr.
Pâtier e a Sra. Plainemaison, que lhe falaram a respeito das mesas girantes
e falantes.
Foi na residência da Sra. Plainemaison que o Codificador presenciou
pela primeira vez o fenômeno das mesas que giravam, saltavam e corriam,
em tais condições que não deixaram dúvidas. Apesar da frivolidade que
caracterizava as comunicações mediúnicas, Kardec teve a percepção e a
lucidez de entender que algo grandioso estava por trás daquelas
manifestações. Foram nessas reuniões que Kardec iniciou os estudos sérios
do Espiritismo.

AS OBRAS DA CODIFICAÇÃO ESPÍRITA:

O Livro dos Espíritos: Kardec levava para cada sessão na casa do


senhor Baudin uma série de questões preparadas e metodicamente
dispostas. Eram sempre respondidas com precisão, profundeza e lógica. A
princípio, o Codificador cuidara de apenas instruir-se; mais tarde, quando viu
que as respostas constituíam um todo, e ganhavam proporções de uma
doutrina, teve a idéia de publicar os ensinos recebidos dos Espíritos, para
instruções de todos. As questões preparadas e, sucessivamente
desenvolvidas e completadas, constituíram a base de O Livro dos Espíritos.
É um livro que trata da filosofia espírita. As questões e respostas contidas
nesse livro foram submetidas ao exame de outros Espíritos, com o auxílio de
diferentes médiuns, sobretudo com a senhora Japhet. O Livro dos Espíritos
foi publicado em 18 de abril de 1857. Mais de dez médiuns prestaram
concurso a esse trabalho. Os demais livros da Codificação Espírita são:

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- O Livro dos Médiuns , relativo à parte experimental e científica (janeiro de
1861)
- O Evangelho Segundo o Espiritismo, concernente à parte moral (abril de
1864)
- O Céu e o Inferno ( agosto de 1865)
- A Gênese, os Milagres e as Predições (janeiro de 1868)

Além das obras básicas, há ainda a Revista Espírita – Jornal de estudos


psicológicos – periódico mensal fundado por Kardec em 1º de janeiro de
1858. Kardec fundou também, em 1º de abril de 1858, a primeira sociedade
espírita regularmente constituída, a Sociedade Parisiense de Estudos
Espíritas.

O MÉTODO DE COMPROVAÇÃO MEDIÚNICA UTILIZADO POR


KARDEC.

Allan Kardec utilizou o método racional-intuitivo na investigação e


comprovação dos fatos mediúnicos, bem como na Codificação Espírita.
Atentemos para as suas palavras:”Apliquei a essa nova ciência, como fizera
até então, o método experimental; nunca elaborei teorias preconcebidas;
observava cuidadosamente, comparava, deduzia conseqüências; dos efeitos
procurava remontar às causas, por dedução e pelo encadeamento lógico dos
fatos, não admitindo por válida uma explicação, senão quando resolvia todas
as dificuldades da questão..... Compreendi, antes de tudo, a gravidade da
exploração que ia empreender; percebi naqueles fenômenos a chave do
problema tão obscuro e tão controvertido do passado e do futuro da
humanidade, a solução que eu procurara em toda a minha vida. Era, em
suma, toda uma revolução nas idéias e nas crenças; fazia-se mister, portanto,
andar com a maior circunspecção e não levianamente; ser positivista e não
idealista, para não me deixar iludir.”
Vamos destacar algumas dessas palavras ou expressões para melhor
entender a afirmação de Kardec: método experimental; teorias não
preconcebidas; observação cuidadosa; comparação; dedução de
conseqüências; dos efeitos remonta às causas; encadeamento lógico dos
fatos; validação após análise de todas as dificuldades; circunspecção;
positivista.

1º) Kardec utilizou ferramentas do Método Experimental, formal-lógico,


consubstanciado nas ciências positivistas.
Como meio de elaboração, o Espiritismo procede exatamente da
mesma forma que as ciências positivas, aplicando o método experimental.
Fatos novos se apresentam, que não podem ser explicados pelas leis

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conhecidas; ele os observa, compara, analisa e, remontando dos efeitos à
causa, chega à lei que os rege; depois, deduz-lhes as conseqüências e busca
as aplicações úteis. Não estabeleceu nenhuma teoria preconcebida; assim,
não apresentou como hipóteses a existência e a intervenção dos Espíritos,
nem o perispírito, nem a reencarnação,, nem qualquer dos princípios da
doutrina; concluiu pela existência dos Espíritos, quando a existência
ressaltou evidente da observação dos fatos, procedendo de igual maneira
quanto aos outros princípios. Não foram os fatos que vieram a posteriori
confirmar a teoria: a teoria é que veio subseqüentemente explicar e resumir
os fatos. É, pois, rigorosamente exato dizer-se que o Espiritismo é uma
ciência de observação e não produto da imaginação.

2º) O Codificador não se manteve preso às idéias do Positivismo; foi além


deste.
A filosofia positivista, elaborada por Auguste Comte (1798 – 1857),
estabelecia que todo conhecimento científico e filosófico deve ter por
finalidade o aperfeiçoamento moral e político da humanidade. Para tanto, só
o conhecimento das fatos é fecundo e qualquer certeza só é determinada
pelas ciências experimentais, através das sua leis.
Naturalmente que nem todos os fatos sociais, mesmo alguns das
ciências, podem ser reduzidos a leis. Esta é a fragilidade maior do
Positivismo. Na verdade, as ciências humanas têm demonstrado que é
complexo, difícil mesmo, estabelecer padrões (ou leis), por exemplo, na área
comportamental ou na afetiva.
Neste sentido Kardec foi além, teve lucidez para não desprezar o valor
da intuição. Repitamos suas palavras: “Compreendi, antes de tudo, a
gravidade da exploração que ia empreender; percebi naqueles fenômenos a
chave do problema tão obscuro e tão controvertido do passado e do futuro
da humanidade..”
As expressões: compreendi, antes de tudo, percebi revelam o aprendizado
por meio da intuição, o que contraria as idéias positivistas, que tratam mais
da mensuração quantitativa, do experimentar e da conseqüente definição de
leis para reger o fenômeno (ou fato).
É importante assinalar que a intuição só passou a merecer maior crédito da
ciência e dos cientistas há relativamente pouco tempo,.com as contribuições
de Henri Bergson (1589 – 1941) e Edmund Husserl (1859 – 1938), apesar de
ter sido destacada por Platão (427 ou 428 – 348 ou 347 a.C. ), na Antigüidade,
sob o nome de visão (nóesis) das idéias.
Ao utilizar o método racional-intutitivo na investigação do fenômeno
mediúnico, Kardec teve condições para elaborar, sistematizar e vulgarizar (=
tornar público, notório) a Doutrina Espírita, em etapas ou processos
contínuos, assim especificados:

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A ) Elaboração e sistematização dos Fundamentos Doutrinários a partir da
conclusão ou aplicação dos fatos – Eis o que Kardec nos afirma: “Não foram
os fatos que vieram a posteriori confirmar a teoria: a teoria é que veio
subseqüentemente explicar e resumir os fatos. É, pois, rigorosamente exato
dizer-se que o Espiritismo é uma ciência de observação e não produto da
imaginação”. Tanto da parte dos Espíritos, como da dos homens, Kardec não
aceitou, sem antes passá-los pelo crivo da razão, quaisquer ensinos como
princípios autênticos, inquestionáveis, definitivos, a serem incorporados à
Doutrina.
B) Divulgação da Doutrina Espírita – A fundação da Revista Espírita
demonstra como Kardec seguia de perto o impacto das novas idéias na
população.
A Doutrina Espírita codificada por Allan Kardec está, pois, sustentada
em três pilares básicos: CIENTÍFICO, FILOSÓFICO E RELIGIOSO, assim
explicado pelo professor Canuto Abreu, no texto fac-símile de O Livro dos
Espíritos, p. 26: “O Espiritismo, na fase de doutrina científica (1848 – 1857),
foi Revelação Divina como fato da iniciativa dos Espíritos,
independentemente da vontade humana. Na fase de doutrina filosófica (1857
– 1864), foi conseqüência das instruções dos Espíritos, deduzida pelo
homem. Na fase de doutrina religiosa (após 1864), foi a aplicação feita pelo
homem, da Doutrina Espírita de 1857 aos fundamentos da Religião Natural.”
O Espiritismo é, portanto, completo, em sua Doutrina, porque, como
ciência, nos prova que a vida é eterna, apenas transcorrendo em planos
diferentes, sendo o espiritual a nossa verdadeira pátria; como filosofia, nos
explica o mecanismo da Evolução e as leis que regulam as relações das
almas, nos seu eterno caminhar para Deus, sujeitas a reencarnações
periódicas; como Religião natural, ilumina o nosso comportamento no mundo
das formas físicas, aumentando o nosso discernimento do bem e do mal e
mostrando a nossa responsabilidade na escolha dos caminhos que
seguimos, para atingirmos os objetivos da Criação e a felicidade, com a
perfeição moral.

* _*

APOSTILA N.º 02

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TEMA:

OS PRINCÍPIOS
FUNDAMENTAIS DA
DOUTRINA ESPÍRITA.

Referência Bibliográfica:

O Livros dos Espíritos – O Evangelho Segundo o Espiritismo – A Gênese –


O Céu e o Inferno – Obras Póstumas – O Livro dos Médiuns (todos da FEB)
As Leis Morais – Rodolfo Calligaris – FEB.
Encontro Marcado – Francisco C. Xavier – Emmanuel – FEB.
A Reencarnação – Gabriel Delanne – FEB.
O Problema do Ser, do Destino e da Dor – Léon Denis – FEB.
Reencarnação – Hermínio Miranda – FEB.
O Antigo Testamento
Estudos Espíritas – Divaldo P. Franco – FEB.
O Consolador – Francisco Cândido Xavier – Emmanuel – FEB.
O Espiritismo e as Igrejas Reformadas – Jayme Andrade.

(02) OS PRINCÍPIOS FUNDAMENTAIS DA DOUTRINA ESPÍRITA

Provas da Existência de Deus

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Allan Kardec colocou logo no início de O Livro dos Espíritos um capítulo
que trata exclusivamente de Deus. Com isso pretendeu significar que o
Espiritismo se baseia, em primeiro lugar, na idéia da existência de um Ser
Onipotente.
Para os Espíritos Superiores, Deus é a inteligência suprema, causa
primária de todas as coisas. Isto quer dizer que, acima desse imenso conjunto
de seres, mundos e coisas que constituem o Universo, há a Inteligência
Suprema, denominada Deus,. Pai e Criador de todas as coisas.
O homem imperfeito, ainda que desencarnado, dispondo de faculdades
perceptivas menos materiais, não consegue perceber a essência divina.
Pode, entretanto, ter convincentes provas de que Deus existe.
Racionalmente, não é possível admitir-se um efeito sem uma causa. Olhando
o universo imenso, a extensão infinita do espaço cósmico, entendemos a
ordem e a harmonia a que obedece a marcha dos mundos inumeráveis;
observando os seres que constituem a natureza, identificamos nos minerais
as admiráveis formas dos cristais e os imensos reservatórios de água
existentes no planeta; percebendo a vida palpitar nas minúsculas formas
microscópicas, entendemos os inúmeros benefícios que a sua maioria traz à
existência terrestre; analisando a exuberância e a beleza do reino vegetal,
compreendemos o fundamental papel que representa na garantia da vida
planetária; contemplando a variedade de tipos de animais – desde as formas
mais rudimentares dos invertebrados, até as elaboradas morfologias dos
primatas e dos homem - , percebemos com nitidez a existência de Deus, o
Criador da Humanidade, dos seres e de todos os universos.
É, porém, pelo sentimento, mais do que pelo raciocínio, que o homem
pode compreender Deus. Há no homem, desde o mais primitivo até o mais
civilizado, a idéia inata da Sua existência. Acima, pois, do raciocínio lógico,
prova-nos que Ele existe a intuição que Dele temos. E Jesus, ensinando-nos
a orar, no-Lo revelou como Pai Nosso. Eis porque o Espiritismo tem na
existência de Deus um princípio básico. Sem pretender dar ao homem o
conhecimento da natureza íntima de Deus, podemos comprovar que Ele
existe pela realidade palpitante e viva do universo, que, existindo, há de ter
um Divino Autor.

PROVIDÊNCIA DIVINA

A providência é a solicitude de Deus para com as suas criaturas. Ele


está em toda parte, tudo vê, a tudo preside, mesmo às coisas mais mínimas.
É nisto que consiste a ação providencial. Deus, em relação às criaturas, é a
própria Providência, na sua mais alta expressão, infinitamente acima de

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todas as possibilidades humanas. Manifesta-se a Providência Divina em
todas as coisas; está imanente no universo e se exerce por meio de leis
admiráveis e sábias. Tudo foi disposto pelo amor do Pai, soberanamente bom
e justo, para o bem de seus filhos, desde as mais elementares ações para a
manutenção e a transmissão da vida orgânica, garantindo a perpetuação das
espécies, até a concessão da faculdade superior do livre-arbítrio, que dá ao
homem o mérito da conquista consciente da felicidade, pela prática voluntária
do bem e pela livre busca da verdade. Deus a tudo provê em benefício de
suas criaturas, imprimindo-lhes na consciência as leis morais.
Pela observância dessas leis o homem exercita o seu livre-arbítrio de
forma adequada e, em conseqüência, aprende a fazer escolhas mais
acertadas ao longo de sua jornada evolutiva, uma vez que desenvolve a
capacidade de distinguir o bem do mal. A ação providencial fica claramente
evidenciada quando, pelo uso do seu livre-arbítrio, a alma fixa o próprio
destino, prepara as suas alegrias ou dores. Jamais, porém, no curso de sua
marcha – na provação amargurada ou no seio da luta ardente das paixões -
, lhe será negado o socorro divino. Nunca deve esmorecer, pois, por mais
indigna que se julgue; desde que em si desperta a vontade de voltar ao bom
caminho, à estrada sagrada, a Providência dar-lhe-á auxílio e proteção.
Finalmente, a Providência Divina, em relação a humanidade terrestre,
ainda se manifesta quando Deus nos confia Jesus, como discípulos a um
Mestre e como ovelhas a um pastor, dando-nos a certeza de que não
estamos em momento algum desamparados à nossa própria sorte.

-xx-

JESUS CRISTO

A DIVINDADE E A BÍBLIA

Jesus nunca afirmou que era Deus, ninguém encontrará no Evangelho


uma só palavra sua em tal sentido. O título que Ele habitualmente se atribuía
era de “Filho do Homem”, que figura 80 vezes nos Evangelhos (30 no de
Mateus, 14 no de Marcos, 26 no de Lucas e 10 no de João). Poucas vezes,
e em geral de forma indireta, Ele se autodenominou “Filho de Deus”, título
este que os discípulos, outras pessoas e até os Espíritos impuros às vezes
lhe atribuíam. É de notar que ser “filho de Deus” não é ser Deus, como se
infere de João 1:12: “A todos quantos o receberam, deu-lhes o poder de se
tornarem filhos de Deus.”
Os teólogos costumam apresentar como prova da sua divindade a frase
“Eu e o Pai somos um” (João 10:30), sem atentar para o fato de que logo

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adiante Ele incluiu na mesma categoria os apóstolos, quando afirmou: “Pai
Santo, guarda em teu nome aqueles que me deste, para que sejam um, assim
como nós”(João. 17:11) e “para que também eles sejam um em nós (João.
17:21). Cumpre ter em vista, outrossim, que no mesmo episódio acima citado,
quando os judeus o acusaram de “se fazer Deus a si mesmo” (João. 10:33),
Ele encerrou a discussão afirmando: “Se a própria lei chamou deuses
aqueles a quem a palavra de Deus foi dirigida, como dizeis que blasfema
aquele que o Pai santificou e enviou ao mundo, porque diz: “sou filho de
Deus”? (João. 10:36).
Em vários outros trechos Ele se proclamou um “enviado de Deus”(João
4:34, 5:24; 6:29; 7:29; 8:26; 12:45; 17:3) e chegou a afirmar: “Porque eu desci
do Céu, não para fazer a minha vontade, mas a daquele que me enviou”(João
6:38). É claro que um enviado é sempre inferior àquele que o envia. Ele se
atribuiu também vários outros títulos, como sejam os de “Filho”, de “Mestre e
Senhor”, de “Luz do Mundo”, de “Bom Pastor”, etc., mas é claro que nenhuma
dessas expressões implica a pretensão de se fazer divino. Como um enviado
de Deus para pregar aos homens a Verdade, Ele foi um instrumento, um
meio, um caminho para se chegar a Deus, foi verdadeiramente o “pão da
vida” que a humanidade esperava para saciar sua fome espiritual.
Ele foi, com efeito, a mais perfeita da criaturas que jamais pisaram
neste planeta, nele se manifestou “corporalmente toda a plenitude da
divindade” (Col.2:9), pois em nenhum outro homem se apresentaram mais
excelsas a sabedoria e a virtude. Mas foi precisamente isso, uma criatura de
Deus que atingiu a máxima perfeição, ao ponto de gozar de íntima comunhão
com Deus, daí o ter dito: “Quem me vê a mim, vê também o Pai. Com a glória
que eu tinha contigo antes que houvesse mundo”(João 17:5). Mas Ele
também disse: “Eu rogarei ao Pai (João 14:16 e 16:26) e o que roga
evidentemente é inferior ao rogado. Ele também afirmou: “O Pai é maior do
que eu” (João 14:28).
Ora, raciocinemos: Se Deus vem criando de toda a eternidade ( e nem
se conceberia um Deus inativo), é natural que os Espíritos criados no que
para nós pode ser definido como o “princípio dos tempos”, ou seja, há
milhões e milhões de anos, todos eles, ou quase todos, já devem ter atingido
o grau máximo da perfeição, situando-se na categoria dos “Espíritos Puros”,
em gozo de plena comunhão com o Criador. Eles são, portanto, os
colaboradores na obra de Deus, os seus auxiliares diretos, aqueles que tanto
no Velho como no Novo Testamento são chamados de Anjos. Então, fique
bem claro o nosso pensamento, segundo o qual, sendo Jesus um Espírito
gerado em eras inimagináveis, e que por isso mesmo já fruía da comunhão
com o Pai “antes que houvesse mundo” (João 17:5), tendo sido Ele um dos
planejadores e fundadores deste planeta, tanto que é o Governador Espiritual
e até chegou ao extremo de imolar-se para fazer progredir a humanidade, o

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abismo que nos separa da sua excelsa perfeição é tão imenso que para nós
Ele certamente é Deus, mas isto porque, sendo também uma criatura, “o
primogênito de todas as criaturas”(Col. 1:15), logo “criatura” e não “criador”,
pode apresentar-se como nosso modelo e nosso exemplo pelo fato de haver
atingido a suma perfeição, pergunta 625 de O Livro dos Espíritos: Qual o tipo
mais perfeito que Deus tem oferecido ao homem, para lhe servir de guia e
modelo? “JESUS”. e não porque seja “ingerado, consubstancial com Deus
de toda a eternidade”, como decretou o Concílio de Nicéia no ano de 325 da
nossa era.
No Livro O Consolador na questão 283: Com referência a Jesus, como
interpretar o sentido das palavras de João; - “e o Verbo se fez carne e habitou
entre nós, cheio de graça e verdade”? Resposta: “Antes de tudo, precisamos
compreender que Jesus não foi um filósofo e nem poderá ser classificado
entre os valores propriamente humanos, tendo-se em conta os valores
divinos de sua hierarquia espiritual, na direção das coletividades terrícolas.
Enviado de Deus, Ele foi a representação do Pai junto do rebanho de filhos
transviados do seu amor e da sua sabedoria, cuja tutela lhe foi confiada nas
ordenações sagradas da vida no Infinito.
Diretor angélico do orbe, seu coração não desdenhou a permanência
direta entre os tutelados míseros e ignorantes, dando ensejo às palavras do
apóstolo, acima referidas”.

-x-x-

ESPÍRITO

CONCEITOS DE ALMA: Podemos conceituar alma segundo três enfoques:


o materialista; o espiritualista e o espírita.

A visão materialista geral considera a alma efeito e não causa, vendo


nos fenômenos psicológicos dela dependentes, apenas o resultado da
atividade funcional do sistema nervoso do homem. Ainda sob a ótica
materialista, existe a teoria da alma vital, concebida pelos chamados
vitalistas, que afirmam ser a alma o princípio da vida orgânica. Esta teoria é
falha porque não explica o atributo essencial da alma humana: a consciência
individual.
O enfoque espiritualista e filosófico interpreta a alma como um ser real
e distinto, causa e não efeito de toda e qualquer atividade intelectual,
psicológica e moral do homem. Para os espiritualistas, a alma é um ser
imaterial, independente do corpo perecível e a ele sobrevivente. No entanto,

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acreditam, erroneamente, que ela é criada com o corpo, ao qual se liga
durante a vida física, dele se desprendendo quando morre, para seguir um
destino do qual fazem idéias muito vagas.
Para a Doutrina Espírita, a alma também é um ser real, distinto, causa
e não efeito de todas as atividades humanas. Esclarece que os Espíritos são
os seres inteligentes da criação. Povoam o universo, fora do mundo material.
Isto significa dizer que, na escala evolutiva dos seres vivos, os Espíritos
representam a expressão maior da inteligência, e constituem as
humanidades dos diferentes mundos. Assim, os Espíritos conservam a sua
individualidade, mesmo após a morte do corpo físico, não perdendo em
situação alguma.
A Doutrina Espírita ensina ainda que os Espíritos: não são criados no
momento da concepção física; são criados simples e ignorantes, com igual
aptidão para progredir pelas suas atividades individuais; atingirão o grau
máximo da perfeição com seus esforços pessoais; sendo (todos eles) filhos
do mesmo Pai, são objeto de igual solicitude; são criados incessantemente,
desde toda a eternidade; após a morte do corpo físico formam a população
espiritual da terra.

PROVAS DA EXISTÊNCIA E DA SOBREVIVÊNCIA DO ESPÍRITO

As provas da existência do espírito são dadas pela consciência que tem


a pessoa de si mesma (consciência do seu eu) e pela manifestação da sua
vontade. A Doutrina Espírita nos diz que a individualidade ainda mais
evidente se torna, quando esses seres (os espíritos) provam a sua identidade
por indicações incontáveis, particularidades individuais verificáveis,
referentes às suas vidas terrestres. Nos dias atuais, a comprovação da
sobrevivência do espírito pode ser atestada: pelas comunicações mediúnicas
e pelos fenômenos anímicos; pelas terapias de regressão de memória; pelas
experiências de transcomunicação: mensagens espíritas por meio de
televisão, vídeo, computador, telefone, gravador, rádio, etc.; pelas fotografias
dos espíritos.
É, pois, a alma humana um ser real, individual, independente e
autônomo, de natureza puramente espiritual e que tem por destino grandioso
progredir sempre, crescendo cada vez mais em conhecimentos e em
virtudes, por meio das múltiplas existências corporais, nas quais se depura e
se eleva gradualmente até que, por fim, se liberta totalmente da necessidade
de encarnar.
Segundo O Livro dos Espíritos, há pois dois elementos gerais no
universo: Espírito e matéria e, acima de tudo Deus, o Criador, o Pai de todas
as coisas. Deus, Espírito e matéria constituem o princípio de tudo o que
existe, a trindade universal. Mas, ao elemento material se tem que juntar o

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fluido universal, que desempenha o papel de intermediário entre o espírito e
a matéria propriamente dita, por demais grosseira para o espírito
(desencarnado) possa exercer ação sobre ela.
Segundo a Doutrina Espírita, o espírito é o princípio inteligente do
universo, que tem como atributo essencial a inteligência. Os espíritos são
seres incorpóreos, formados de matéria quintessenciada ---- sem nenhuma
analogia com qualquer tipo de matéria conhecida do mundo físico --- e, tão
étera, que escapa ao alcance dos nossos sentidos corporais. Na verdade, os
espíritos são a individualização do princípio inteligente, assim como os
corpos são a individualização do princípio material. São desconhecidos,
porém, o modo e a época em que essa formação se operou, mas a criação
dos espíritos é constante.
Muitas pessoas pensam que os espíritos são seres vagos e indefinidos.
No entanto, o Espiritismo nos explica que são seres humanos que vivem no
plano espiritual, tendo como nós um veículo de manifestação, fluídico e
invisível no estado normal, denominado perispírito. Este veículo serve de
molde para a elaboração do corpo físico. A existência dos espíritos não tem
fim, pois, a partir do momento em que fomos criados, viveremos eternamente.
Todo espírito tem uma forma definida, com coloração e brilho específicos,
conforme o seu grau evolutivo. A matéria não oferece obstáculos ao espírito,
que passa através de tudo: ar, água, terra, fogo etc. Os espíritos não estão
todos num mesmo plano evolutivo, pertencem a diferentes ordens, conforme
o grau de perfeição que tenham alcançado.
É oportuno recordar que o espírito, antes de atingir o estado de
humanização, com pensamento contínuo, individualidade dotada de razão,
transitou pelos reinos da natureza onde, sob a forma de princípio espiritual
(ou mônada), desenvolveu o aprendizado, lento e necessário, para cumprir a
sua destinação. Gastaram-se milênios para o principio espiritual transitar nos
reinos da natureza e transformar-se em individualidade espiritual.
Acredita-se que as moléculas precursoras da vida surgiram pela reação
entre os diversos gases presentes na atmosfera primitiva, principalmente o
metano,. Amônia, hidrogênio e vapor d’água. Por serem relativamente
grandes e complexas, as moléculas formadas nessas reações eram levadas
pelas chuvas até os reservatórios de água morna e salgada. Nessas
localidades, as moléculas precursoras da vida levaram à formação de
aglomerados moleculares microscópios, estáveis e capazes de se
autoduplicar. A partir daí organiza-se a vida mineral sob o impulso do principio
espiritual, determinando os traços futuros de uma vida orgânica, uma vez que
nos cristais as moléculas estão orientadas por uma ordenação geométrica
indicadora dos primeiros vestígios de reprodução, necessários à formação
dos microrganismos celulares, dos vegetais e dos animais.

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As reações proporcionadas pelo princípio inteligente nas moléculas
primitivas resultaram na formação do protoplasma, estrutura essencial à
manifestação da vitalidade nos seres vivos. O protoplasma, constituído
basicamente de proteínas, sendo de natureza geleificada, favorece o
surgimento dos vírus, considerados o campo primacial da existência. Os
vírus, formados de uma capa de proteína e de um código genético elementar,
fornecem as bases para a organização unicelular de outros microorganismos.
Surgem, então, as bactérias e as algas verde-azuladas, consideradas os
primeiros microorganismos, formadas de células primitivas (procariotas), que,
num passo evolutivo seguinte, deram condições para o surgimento de seres
possuidores de organização celular mais evoluída (seres eucariotas), uni e
pluricelulares, tais como os microorganismos protozoários e fungos, as algas
pluricelulares, os vegetais, os animais, inclusive o homem, de acordo com o
esquema abaixo:

Princípio Formação de Organização Formação do


inteligente ou moléculas dos minerais protoplasma
mônada primitivas

Bactérias e algas
verde-azuladas
Vírus
Protozoários, fungos e
HOMEM algas pluricelulares;
vegetais e animais

PROCESSO DA HUMANIZAÇÃO
Ação do Princípio Inteligente Aquisição Evolutiva Resultante Época aproximada

Reação entre os diversos Formação de minerais, cristais e rochas, resultantes de 3,9 bilhões de
gases da atmosfera primitiva atração química, base para a formação da matéria anos
orgânica e do princípio de reprodução.
Organização de complexos
Ação nas moléculas precursoras da vida(metano,
moleculares nas águas amônia, hidrogênio e vapor d’água),inaugurando os
3,5 bilhões de
mornas e salgadas princípios de variedade química e a futura diferenciação anos
necessárias à formação do dos seres da natureza.
protoplasma.
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Estabilidade e capacidade de Surgimento dos vírus, marcando o nascimento do 3,0 bilhões de
auto-duplicação dos primeiro ser com vitalidade capaz de replicação. anos
complexos moleculares,
MATÉRIA

O espírito para atuar, para agir, precisa de matéria, mesmo que seja
sob a forma de energia. Matéria é o laço que prende o espírito; é o
instrumento de que este se serve e sobre o qual, ao mesmo tempo, exerce

17
sua ação. Desse ponto de vista, pode-se dizer que a matéria é o agente, o
intermediário com o auxílio do qual e sobre o qual atua o espírito.
Este conceito precisa ser devidamente entendido, porque a concepção
que temos de matéria está fortemente relacionada com aquilo que os nosso
sentidos corporais captam, e com a definição das ciências físicas e biológicas
de que é tudo o que tem peso, massa e ocupa lugar no espaço, em estado
líquido, gasoso ou sólido.
Nos entanto, os espíritos desencarnados, a despeito de não possuírem
corpo físico, estão rodeados por matéria e atuam sobre ela. Mesmo no mundo
físico observamos que há grande dessemelhança, sob os aspectos da
solidez, da compressibilidade, do peso e das múltiplas propriedades dos
corpos, entre os gases atmosféricos e um filete de ouro, entre a molécula
aquosa da nuvem e a do mineral que forma a carcaça óssea do globo! Que
diversidade entre o tecido químico das variadas plantas que adornam o reino
vegetal e o dos representantes não menos numerosos da animalidade da
terra! Entretanto, podemos estabelecer como princípio absoluto que todas as
substâncias, conhecidas e desconhecidas, por mais dessemelhantes que
pareçam, quer do ponto de vista da constituição íntima, quer pelo prisma de
suas ações recíprocas, são, de fato, apenas modos diversos sob que a
matéria se apresenta; variedades em que ela se transforma sob a direção
das forças inumeráveis que a governam.
A Doutrina Espírita nos esclarece que toda criação tem origem no fluido
cósmico, que podemos entender como sendo o plasma divino, hausto do
Criador ou força nervosa do Todo-Sábio. A partir das modificações ocorridas
no fluido cósmico é que surgem os corpos, substâncias e outras matérias
existentes, tendo como origem uma matéria primitiva, também chamada de
éter, cosmos, matéria cósmica ou matéria cósmica primitiva.
Nessa substância original, ao influxo do próprio Senhor Supremo,
operam as Inteligências Divinas a Ele agregadas, em processo de comunhão
indescritível, extraindo desse hálito espiritual os celeiros da energia com que
constróem os sistemas da Imensidade, em serviço de Co-criação em plano
maior, de conformidade com os desígnios do Todo-Misericordioso, que faz
deles agentes orientadores da Criação Excelsa. Essas Inteligências
Gloriosas tomam o plasma divino e convertem-no em habitações cósmicas,
de múltiplas expressões, radiantes ou obscuras, gaseificadas ou sólidas,
obedecendo a leis predeterminadas, quais moradias que perduram por
milênios e milênios, mas que se desgastam e se transformam, por fim, de vez
que o Espírito Criado pode formar ou co-criar, mas só Deus é o Criador de
Toda a Eternidade.
Em análogo alicerce, as Inteligências humanas que ombreiam conosco
utilizam o mesmo fluido cósmico, em permanente circulação no universo,
para Co-criação em plano menor, assimilando os corpúsculos da matéria com

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a energia espiritual que lhes é própria, formando assim o veículo
fisiopsicossomático em que se exprimem ou cunhando as civilizações que
abrangem no mundo a humanidade encarnada e a humanidade
desencarnada. Dentro das mesmas bases, plasmam também os lugares
entenebrecidos pela purgação infernal, gerados pelas mentes
desequilibradas ou criminosas nos círculos inferiores e abismais, e que valem
por aglutinações de duração breve, no microcosmo em que estagiam, sob o
mesmo principio de comando mental com que as inteligências Maiores
modelam as edificações macrocósmicas, que desafiam a passagem dos
milênios.
-x-

FLUIDO

Há um fluido etéreo que enche o espaço e penetra os corpos. Esse


fluido é o éter ou matéria cósmica primitiva, geradora do mundo e dos seres.
São-lhe inerentes as forças que presidiram às metamorfoses da matéria, as
leis imutáveis e necessárias que regem o mundo. Essas múltiplas forças,
indefinidamente variadas segundo as combinações da matéria, localizadas
segundo as massas, diversificadas em seus modos de ação, segundo as
circunstâncias e os meios, são conhecidas da terra sob os nomes de
gravidade, coesão, afinidade, atração, magnetismo, eletricidade. Essas
forças produzem, em conseqüência, movimentos vibratórios e ondulantes,
denominados energia, que se expressa sob forma radiante, luminosa,
calorífica, sonora ou eletromagnética.
Assim como só há uma substância simples, primitiva, geradora de todos
os corpos, mas diversificada em suas combinações, também todas essas
forças dependem de uma lei universal diversificada em seus efeitos e que,
pelos desígnios eternos, foi soberanamente imposta à criação, para lhe
imprimir harmonia e estabilidade.
O fluido universal, embora de certo ponto de vista seja lícito classificá-
lo como elemento material, ele se distingue deste por propriedades especiais.
Se o fluido universal fosse positivamente matéria, razão não haveria para que
também o espírito não o fosse. Está colocado entre o espírito e a matéria; é
fluido, como a matéria é matéria, e suscetível, pelas suas inumeráveis
combinações com esta e sob a ação do espírito, de produzir a infinita
variedade das coisas. O fluido cósmico universal, como princípio elementar
do universo, assume dois estados distintos:
a) O de eterização ou imponderabilidade (que não se pode pesar),
considerando o primitivo estado normal.

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b) O de materialização ou ponderabilidade (que tem peso), que é, de certa
maneira, consecutivo àquele. O ponto intermédio é o da transformação do
fluido em matéria tangível. Mas, ainda aí, hão há transição brusca porquanto
podem considerar-se os nossos fluidos imponderáveis como termo médio
entre os dois estados.
Cada um desses dois estados dá lugar, naturalmente, a fenômenos
especiais: ao segundo (fluidos ponderáveis) pertencem os do mundo visível
(físico) e ao primeiro (fluidos imponderáveis), os do mundo invisível
(espiritual). Uns, os chamados fenômenos materiais, são da alçada da
ciência, propriamente dita, os outros, qualificados de fenômenos espirituais
ou psíquicos, porque se ligam de modo especial à existência dos espíritos,
cabem nas atribuições do Espiritismo. Como, porém, a vida espiritual e a
vida corporal se acham incessantemente em contato, os fenômenos das
duas categorias muitas vezes se produzem simultaneamente. No estado de
encarnação, o homem somente pode perceber os fenômenos psíquicos que
se prendem à vida corpórea; os do domínio espiritual escapam aos sentidos
materiais e só podem ser percebidos no estado de espírito.
Finalmente, é importante assinalar que, no estado de eterização
(imponderabilidade), o fluido cósmico não é uniforme; sem deixar de ser
etéreo, sofre modificações tão variadas em gênero e mais numerosas talvez
do que no estado de matéria tangível. Essas modificações constituem fluidos
distintos que, embora procedentes do mesmo princípio, são dotados de
propriedades especiais e dão lugar aos fenômenos peculiares ao mundo
invisível.
Dentro da relatividade de tudo, esses fluidos têm para os espíritos, que
também são fluídicos, uma aparência tão material, quanto a dos objetos
tangíveis para os encarnados e são, para eles, o que são para nós as
substâncias do mundo terrestre. Eles os elaboram e combinam para
produzirem determinados efeitos, como fazem os homens com os seus
materiais, ainda que por processos diferentes.
Concluindo, destacamos que o conhecimento da origem e natureza do
espírito, do papel do perispírito, bem como das leis que regem a matéria e os
fluidos é de fundamental importância para a prática mediúnica. É que o
médium, passando a melhor entender os mecanismos da mediunidade, os
fenômenos anímicos, as ações fluídicas e as influências obsessivas estará
em condições de realizar com segurança a sua tarefa.

PERISPÍRITO

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O estudo do perispírito representa um dos temas mais importantes para
a compreensão dos fenômenos mediúnicos. Os seguintes itens objetivam
uma melhor compreensão de certas características e propriedades desse
elemento de ligação entre o espírito e o corpo físico.

1. CARACTERÍSTICAS GERAIS DO PERISPÍRITO

O perispírito e o corpo físico originam-se no fluido cósmico universal. O


perispírito, ou corpo fluídico dos espíritos (encarnados ou desencarnados), é
um dos mais importantes produtos do fluido cósmico; é uma condensação
desse fluido em torno de um foco de inteligência ou alma... O corpo carnal
tem seu princípio de origem nesse mesmo fluido condensado e transformado
em matéria tangível. No perispírito, a transformação molecular opera
diferentemente, porquanto o fluido conserva a sua imponderabilidade e suas
qualidades etéreas. O corpo perispirítico e o corpo carnal têm pois origem no
mesmo elemento primitivo; ambos são matéria, ainda que em dois estados
diferentes.
O perispírito é o envoltório fluídico do espírito, sendo de natureza
semimaterial. Para que o espírito possa atuar no mundo espiritual, na
categoria de desencarnado, ou no mundo físico, como encarnado, é-lhe
indispensável revestir-se de um envoltório intermediário, de natureza fluídica.
É semimaterial esse envoltório; isto é, pertence à matéria pela sua origem e
à espiritualidade pelas sua natureza etérea. Como toda matéria, ele é
extraído do fluido cósmico universal que, nessa circunstância, sofre
modificação especial. Esse envoltório, denominado perispírito, faz de um ser
abstrato, o espírito, um ser concreto, definido, apreensível pelo pensamento.
Torna-o apto a atuar a matéria tangível.

Como se processa a ligação do perispírito ao corpo físico do encarnado:

Quando o espírito tem de encarnar num corpo humano em vias de


formação, um laço fluídico, que mais não é do que uma expansão do seu
perispírito, o liga ao gérmen (ou zigoto) que o atrai por uma força irresistível,
desde o momento da concepção. À medida que o gérmen (ou zigoto, em
linguagem atual) se desenvolve, o laço se encurta. Sob a influência do
princípio vito-material do gérmen, o perispírito, que possui certas propriedades
da matéria, se une, molécula a molécula, ao corpo em formação, donde o
poder dizer-se que o espírito, por intermédio do seu perispírito, se enraíza, de
certa maneira, nesse gérmen, como uma planta na terra. Quando o gérmen
chega ao seu pleno desenvolvimento (isto é, feto), completa-se a união, nasce
então o ser para a vida exterior.

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No processo de renascimento, é oportuno recordar que o útero
representa um vaso anímico de elevado poder magnético ou um molde vivo
destinado à fundição e refundição das formas, ao sopro criador da Bondade
Divina, que, em toda parte, nos oferece recursos ao desenvolvimento para a
Sabedoria e para o Amor. Esse vaso atrai a alma sequiosa de renascimento e
que lhe é afim, reproduzindo-lhe o corpo denso, no tempo e no espaço, como
a terra engole a semente para doar-lhe nova germinação, consoante os
princípios que encerra.

Como ocorre o desligamento do perispírito, na desencarnação: Por


ocasião da morte, o perispírito se desprende mais ou menos lentamente do
corpo. Por um efeito contrário, a união do perispírito e da matéria carnal, que
se efetuara sob a influência do princípio vital do gérmen, cessa, desde que
esse princípio deixa de atuar, em conseqüência da desorganização do corpo.
Então, o perispírito se desprende, molécula a molécula, conforme se unira, e
ao espírito é restituída a liberdade. Assim, não é a partida do espírito que
causa a morte do corpo; esta é que determina a partida do espírito.

Elementos constitutivos do perispírito: O espírito extrai o seu perispírito,


isto é, esse envoltório ele o forma dos fluidos ambientais. Resulta daí que os
elementos constitutivos do perispírito naturalmente variam conforme os
mundos. Alguns espíritos há cujo envoltório fluídico, se bem que etéreo e
imponderável com relação à matéria tangível, ainda é por demais pesado, se
assim nos podemos exprimir, com relação ao mundo espiritual, para não
permitir que eles saiam do meio que lhes é próprio. Nessa categoria se
devem incluir aqueles cujo perispírito é tão grosseiro, que eles o confundem
com o corpo carnal, razão por que continuam a crer-se vivos. Esses espíritos,
cujo número é avultado, permanecem na superfície da terra, como os
encarnados, julgando-se entregues às suas ocupações terrenas. Outros um
pouco mais desmaterializados não são, contudo, suficientemente, para se
elevarem acima das regiões terrestres.
Os espíritos Superiores, ao contrário, podem vir aos mundos inferiores,
e até, encarnar neles. Tiram, dos elementos constitutivos do mundo onde
entram, os materiais para formação do envoltório fluídico ou carnal
apropriado ao meio em que se encontrem. Fazem como o nobre que despe
temporariamente suas vestes, para envergar os trajes plebeus, sem deixar
por isso de ser nobre. Assim, o espirito retira do planeta onde vive encarnado,
ou desencarnado, os elementos necessários para organizar o seu perispírito.
Conforme seja mais ou menos depurado o espírito, o seu perispírito se
formará das partes mais puras ou das mais grosseiras do fluido peculiar ao
mundo onde ele encarna. Resulta disso este fato capital: a constituição íntima

22
do perispírito não é idêntica em todos os espíritos encarnados ou
desencarnados que povoam a terra ou o espaço que a circunda.

Relação do perispírito com os elementos da natureza: Os elementos


formadores do perispírito participam ao mesmo tempo da eletricidade, do
fluido magnético e, até certo ponto, da matéria inerte. Poder-se-ia dizer que
é a quintessência da matéria. É o princípio da vida orgânica, porém não o da
vida intelectual, que reside no espírito. É, além disso, o agente das sensações
exteriores. No corpo, os órgãos, servindo-lhes de condutos, localizam essas
sensações. Destruído o corpo, elas se tornam gerais.
Durante a vida, o corpo recebe impressões exteriores e as transmite ao
espírito por intermédio do perispírito, que constitui, provavelmente, o que se
chama fluido nervoso. Uma vez morto, o corpo nada mais sente, por já não
haver nele espírito, nem perispírito. Este, desprendido do corpo, experimenta
a sensação, porém, como já não lhe chega por um conduto limitado, ela se
torna geral. Assim, o perispírito desempenha importante papel em todos os
fenômenos psicológicos e, até certo ponto, nos fenômenos fisiológicos e
patológicos. Nele estão sediadas as gêneses patológicas de distúrbios
dolorosos quais a esquizofrenia, a epilepsia, o câncer de variada etiologia, o
pênfigo.

O perispírito e o adiantamento moral do espirito: A natureza do envoltório


fluídico está sempre em relação com o grau de adiantamento moral do
espírito. Os espíritos inferiores não podem mudar de envoltório a seu bel-
prazer, pelo que não podem passar, à vontade, de um mundo para o outro.
Isto ocorre porque os elementos constitutivos do perispírito naturalmente
variam, conforme os mundos. Dando-se Júpiter como orbe muito adiantado
em comparação com a terra, como um orbe onde a vida corpórea não
apresenta a materialidade da nossa, os envoltórios perispirituais hão de ser
lá de natureza muito mais quintessenciada do que aqui. Ora, assim como não
poderíamos existir naquele mundo com o nosso corpo carnal, também os
nossos espíritos não poderiam nele penetrar com o perispírito terrestre que
o reveste. Emigrando da terra, o espírito deixa aí o seu invólucro fluídico e
toma outro apropriado ao mundo onde vai habitar. Fica, também, evidente
que o envoltório perispirítico de um espírito se modifica com o progresso
moral que este realiza em cada encarnação, embora ele encarne no mesmo
meio.

O perispírito e o fluido vital: Há na matéria orgânica, um princípio especial,


inapreensível e que ainda não pode ser definido: o princípio vital. Ativo no ser
vivente, esse princípio se acha extinto no ser morto. Será o princípio vital
alguma coisa particular, que tenha existência própria? Ou, integrado no

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sistema da unidade do elemento gerador, apenas será especial, uma das
modificações do fluido cósmico, pela qual este se torne o princípio da vida,
como se torna luz, fogo, calor, eletricidade?
A atividade do princípio vital é alimentada durante a vida pela ação do
funcionamento dos órgãos, do mesmo modo que o calor, pelo movimento da
rotação de uma roda. Cessada aquela ação, por motivo da morte, o princípio
vital se extingue, como o calor, quando a roda deixa de girar. Mas, o efeito
produzido por esse princípio sobre o estado molecular do corpo subsiste,
mesmo depois dele extinto, como a carbonização da madeira subsiste à
extinção do calor.
Tomamos para termo de comparação o calor que se desenvolve pelo
movimento de uma roda, por ser um efeito vulgar, que todo mundo conhece,
e mais fácil de compreender-se. Mais exato, no entanto, houvéramos sido,
dizendo que, na combinação dos elementos para formarem os corpos
orgânicos, desenvolve-se eletricidade. Os corpos orgânicos seriam, então,
verdadeiras pilhas elétricas, que funcionam enquanto os elementos dessas
pilhas se acham em condições de produzir eletricidade: é a vida; que deixam
de funcionar, quando tais condições desaparecem: é a morte. Segundo essa
maneira de ver, o princípio vital não seria mais do que uma espécie particular
de eletricidade, denominada eletricidade animal, que durante a vida se
desprende pela ação dos órgãos e cuja produção cessa, quando a morte, por
se extinguir tal ação.
No plano espiritual, o homem desencarnado vai lidar, mais
diretamente, com um fluido vivo (vital) e multiforme, estuante e inestancável
a nascer-lhe da própria alma, de vez que podemos defini-lo, até certo ponto,
por subproduto do fluido cósmico, absorvido pela mente humana, em
processo vitalista semelhante à respiração, pelo qual a criatura assimila a
força emanante do Criador, esparsa em todo o Cosmo, transubstanciando-a,
sob a própria responsabilidade, para influenciar na Criação, a partir de si
mesma. Esse fluido é o seu próprio pensamento contínuo, gerando potenciais
energéticos com que não havia sonhado.

2 – PROPRIEDADES E FUNÇÕES DO PERISPÍRITO

As principais propriedades do perispírito podem ser resumidas nas


seguintes:

- Plasticidade: refere-se às alterações morfológicas que ocorrem em função


dos contínuos comandos mentais do espírito. Em decorrência desta

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propriedade, o perispírito é capaz de expandir e exteriorizar-se nos
fenômenos de desdobramento e doações fluídicas.
- Densidade: é a propriedade que trata das medidas de peso
(ponderabilidade) e a luminosidade (freqüência vibratória mental), ambas
relacionadas à evolução do espírito.
- Penetrabilidade: trata-se da capacidade de atravessar barreiras físicas, se
presentes as necessárias condições mentais.
- Visibilidade: o perispírito é normalmente invisível nos espíritos encarnados;
os desencarnados menos evoluídos percebem o perispírito dos seus pares e
dos espíritos que lhe são inferiores. A visibilidade é, porém, comum, nos
espíritos Superiores.
- Sensibilidade: é a propriedade de perceber sensações, sentimentos e
emoções. Estas percepções não são captadas por meio de órgãos
específicos, mas por todo o corpo espiritual.
- Bicorporeidade ou desdobramento: representa a propriedade em que o
espírito faz-se em dois, isto é, o corpo físico é visto em um local (geralmente
dormindo em um leito) e o perispírito é visualizado em outro local.
- Unicidade: significa dizer que cada pessoa traz o próprio perispírito a soma
das suas conquistas evolutivas. Não há, portanto, dois perispíritos iguais.
- Mutabilidade: é a propriedade que permite mudanças no perispírito em
decorrência do processo evolutivo. A mutabilidade ocorre no que se refere à
substância, à forma e à estrutura perispirituais.
As funções do perispírito podem ser sintetizadas em quatro:
instrumental, individualizadora, organizadora e sustentadora.
A função individualizadora permite que o perispírito seja o elemento de
ligação entre o espírito e o corpo físico. A função instrumental permite a
interação do espírito com os mundos espiritual e físico. A função
individualizadora está relacionada à história e às conquistas evolutivas da
pessoa e apresenta características peculiares à identificação de cada
indivíduo.
A função organizadora diz respeito ao papel de molde que o perispírito
exerce, determinando as linhas morfológicas e hereditárias do corpo físico.
Esta função garante a manifestação da lei de causa e efeito. A função
sustentadora, sob o impulso da mente espiritual, permite que o perispírito
transfira, paulatinamente, a energia vital para o corpo físico, sustentando-o
desde a formação até o seu completo desenvolvimento. Por meio desta
função o corpo físico tem garantia a vitalidade que o sustentará durante o
tempo previsto para a reencarnação.

3. O PERISPÍRITO E AS COMUNICAÇÕES MEDIÚNICAS

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O perispírito não se acha encerrado nos limites do corpo, como numa
caixa. Pela sua natureza fluídica ele é expansível, irradia para o exterior e
forma em torno do corpo, uma espécie de atmosfera que o pensamento e a
força de vontade podem dilatar mais ou menos. Daí se segue que pessoas
há que, sem estarem em contato corporal, podem achar-se em contato pelos
seus perispíritos e permutar a seu mau grado impressões e, algumas vezes,
pensamentos, por meio da intuição.
De maneira semelhante, os espíritos se comunicam com os
encarnados, através da mediunidade. O médium e o espírito comunicante
entram em contato, um com o outro, pelos respectivos perispíritos e trocam
impressões e sentimentos. O perispírito também tem o papel fundamental
nas aparições vaporosas ou tangíveis. Nas comunicações mediúnicas
corriqueiras, o espírito sofredor ou necessitado pode encontrar-se em
patamar, moral e intelectual, inferior ao do médium que lhe transmite a
mensagem. Nessa situação, entre o médium e o espírito comunicante
estabelece-se uma ligação de ordem fluídica, em que o médium, à
semelhança de um enfermeiro, permite que o espírito retrate e transmita aos
circunstantes suas dores, seus sentimentos, suas dificuldades, seu grau de
entendimento moral-intelectual. Essa ligação do espírito com o médium e a
manifestação consecutiva do seu estado – via perispíritos – só são possíveis
com a aquiescência do médium, que atende à solicitação (consciente ou não)
do espírito comunicante.
Essa borda perispiritual que “se irradia para o exterior e forma, em
torno do corpo, uma espécie de atmosfera é a aura que André Luiz conceitua
da seguinte forma: A aura, é portanto, a nossa plataforma onipresente em
toda comunicação com as rotas alheias, antecâmara do espírito em todas as
nossas atividades de intercâmbio com a vida que nos rodeia, através da qual
somos vistos e examinados pelas inteligências superiores, sentidos e
reconhecidos pelos nossos afins e temidos e hostilizados ou amados e
auxiliados pelos irmãos que caminham em posição inferior à nossa. (Xavier,
Francisco Cândido/ Luiz, André, 1973.) Não é preciso dizer mais para
configurar a importância da aura no ser humano. É o nosso passaporte, o
nosso documento de identidade, a radioscopia da nossa intimidade física e
espiritual para aqueles que têm os olhos de ver de que nos falou Jesus.
Nossos pensamentos são, simplesmente, emanações magnéticas que,
ao escapar de nossos cérebro, penetram em diversas cabeças e levam,
consigo, juntamente com um reflexo de nossa vida, a imagem de nossos
segredos. Podemos então relatar que:
1) - A aura é uma espécie de radiação luminosa que envolve o corpo humano,
sendo constituída por inúmeras partículas de energia.
2) - Essa radiação é singularmente sensível ao pensamento, ao qual
responde com presteza.

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3) - A aura funciona como parte integrante da consciência.
4) - Sua qualidade - aspecto, coloração, formato - varia segundo os
temperamentos, o caráter e a saúde das pessoas.
5) - Ela é “essencial a todas as manifestações psíquicas ”e o meio através do
qual operam os médiuns de cura, além de atuar como o próprio princípio ativo
da cura.
6) - “Está provado que, a não ser que o magnetismo dos espíritos se mescle
harmoniosamente com o dos médiuns, eles não conseguem fazer notar sua
presença”.
7) - Devidamente manipulada e condensada por um impulso da vontade - já
vimos que ela se deixa influenciar facilmente pelo pensamento -, a aura se
apresenta como ectoplasma, matéria prima para a produção de pequenos
bastões, pseudópodes, ou materializações. Como ela reage ao pensamento
e ao choque, exatamente como o corpo humano, pode-se concluir que ela
constitui uma extensão do sistema nervoso.
8) - A formação desses bastonetes e pseudópodes nas sessões de
materialização resulta, um esforço consciente da vontade do médium e não
de uma inconsciente exteriorização sua, segundo afirmam os materialistas e
negadores em geral.
Faço uma pausa para dizer algo acerca do termo pseudopole que,
literalmente, quer dizer, pé falso. O dicionário de Aurélio nos diz que a palavra
serve para conceituar a ‘saliência protoplasmática que se forma na periferia
dos leucócitos e das amebas e outros protozoários, servindo-lhes para a
locomoção. Esta é a razão pela qual se chamam pés falsos, porque não são,
a rigor, pés, mas servem para caminhar
9) - A aura não deve ser considerada como uma força cega, de vez que a
consciência opera através dela da mesma forma que operamos através do
sistema nervoso.
-x-

EVOLUÇÃO

1 – A MORAL CRISTÃ E A EVOLUÇÃO INTELECTO-MORAL

O homem evolui gradualmente. Sendo criado simples e ignorante, está


destinado ao progresso incessante, até atingir a felicidade integral. A
caminhada evolutiva do ser humano se desenvolve a partir de um estado
chamado primitivo ou estado de natureza. O estado de natureza é a influência

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da humanidade e o ponto de partida do seu desenvolvimento intelectual e
moral.
O progresso intelectual ocorre quando, pelo uso do livre-arbítrio, o
homem exercita sua inteligência. O progresso pode ser comparado ao
amanhecer. Mesmo demorando aparentemente, culmina por lograr êxito. A
ignorância, travestida pela força e iludida pela falsa cultura, não poucas vezes
se há levantado, objetivando criar embaraços ao desenvolvimento dos
homens e dos povos.... Inevitavelmente ele chega, altera a face e a
constituição do que encontra pela frente e desdobra recursos, fomentando a
beleza, a tranqüilidade, o conforto, a dita.
O progresso moral, que está fundamentado na observância da Lei de
Deus, dá ao homem condições de distinguir o bem e o mal, o que nos é
possível pelo conhecimento e pela vivência dos ensinamentos morais do
Cristo. Os espíritos Superiores nos dizem que o Cristo foi o iniciador da mais
pura, da mais sublime moral, da moral evangélico-cristã, que há de renovar
o mundo, aproximar os homens e torná-los irmãos; que há de fazer brotar de
todos os corações a caridade e o amor do próximo e estabelecer entre os
humanos uma solidariedade comum; de uma moral, enfim, que há de
transformar a terra, tornando-a morada de espíritos superiores aos que hoje
a habitam.
À vista disso somente o progresso moral pode assegurar aos homens
a felicidade na terra, refreando as paixões más; somente esse progresso
pode fazer que entre os homens reinem a concórdia, a paz, a fraternidade.

2 – O PROGRESSO DO HOMEM

Como sabemos, o homem se desenvolve por si mesmo, naturalmente.


Mas, nem todos progridem simultaneamente e do mesmo modo. Dá-se então
que os mais adiantados auxiliam o progresso dos outros, por meio do contato
social. No século em que vivemos, tem havido grandes avanços nos diversos
campos do conhecimento humano, mas o progresso moral se acha muito
aquém do fabuloso progresso intelectual a que chegou, é daí porque
prevalece, em nossos dias, uma ciência sem consciência, valendo-se, não
pouco, de suas aquisições culturais, apenas para a prática do mal. Isto
porque o progresso moral nem sempre acompanha o progresso intelectual.
Geralmente os indivíduos e os povos adquirem maior progresso científico e
com o desenvolvimento do livre-arbítrio, cresce no ser humano a noção de
responsabilidade no pensar, no falar e no agir.
Devemos considerar, no entanto, que há dois grandes obstáculos à
marcha evolutiva do homem: o orgulho e o egoísmo. Consultando os
espíritos a respeito deste assunto, Kardec recebeu deles os seguintes
esclarecimentos: Á primeira vista, parece mesmo que o progresso intelectual

28
reduplica a atividade daqueles vícios ( o orgulho e o egoísmo),
desenvolvendo a ambição e o gosto das riquezas, que, a seu turno, incitam
o homem a empreender pesquisas que lhe esclarecem o espírito. Assim é
que tudo se prende, no mundo moral, como no mundo físico, e que do próprio
mal pode nascer o bem. Curta, porém, é a duração desse estado de coisas,
que mudará à proporção que o homem compreender melhor que, além da
que o gozo dos bens terrenos proporciona, uma felicidade existe maior e
infinitamente mais duradoura.
A análise das condições morais e intelectuais – que promovem o
progresso do homem – nos leva a concluir que a humanidade progride pelo
desenvolvimento da inteligência, do senso moral e do abrandamento dos
costumes.
-x-x-

O LIVRE ARBÍTRIO E LEI DE CAUSA E EFEITO

Quando resolvemos fazer ou deixar de fazer alguma coisa, a nossa


consciência sempre nos alerta a respeito, aprovando-nos ou censurando-
nos. Apesar de a voz íntima nos alertar, sempre usamos o que foi decidido
pela nossa vontade ou livre-arbítrio. Nada nos coage nos momentos de
decisões próprias, daí ser correto afirmar que somos responsáveis pelos
nossos atos e construções do nosso destino.
Livre-arbítrio é, pois, a faculdade que tem o indivíduo de determinar a
sua própria conduta, ou, em outras palavras, a possibilidade que ele tem de,
entre duas ou mais razões suficientes de querer ou agir, escolher uma delas
e fazer que prevaleça sobre as outras.
O livre-arbítrio, a livre vontade do espírito exerce-se principalmente na
hora das reencarnações. Escolhendo tal família, certo meio social, ele sabe
de antemão quais são as provações que o aguardam, mas compreende,
igualmente, a necessidade destas provações para desenvolver suas
qualidades, curar seus defeitos, despir seus preconceitos e vícios. Devemos
considerar, porém, que nas reencarnações compulsórias o espírito não tem
condições de opinar a respeito do seu planejamento reencarnatório.
É importante lembrar, ainda, que as lutas e as dificuldades que o
espírito encarnado enfrenta não constituem uma fatalidade, mas, ao
contrário, representam o pleno exercício do livre-arbítrio, uma vez que as
provações da vida fazem parte de um planejamento reencarnatório realizado
ou apoiado pelo espírito, antes de sua reencarnação.
Em relação à lei de causa e efeito (carma – expressão vulgarizada
entre os hindus), a Doutrina Espírita nos explica que toda falta cometida, todo

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mal realizado é uma dívida contraída que deverá ser paga; se o não for em
uma existência, sê-lo-á na seguinte ou seguintes, porque todas as
existências são solidárias entre si. Assim, as misérias, as vicissitudes da vida
corpórea, são oriundas das nossas imperfeições, são expiações de faltas
cometidas na presente ou em precedentes existências.
Pela natureza dos sofrimentos e vicissitudes da vida corpórea, pode
julgar-se a natureza das faltas cometidas em anterior existência, e as das
imperfeições que originaram. Não há crer, no entanto, que todo sofrimento
suportado neste mundo denote a existência de uma determinada falta.
Muitas vezes são simples provas buscadas pelo espírito para concluir a sua
depuração e ativar o seu progresso.

2 – CONCEITO ESPÍRITA DE LIBERDADE, DE RESPONSABILIDADE E


DE FATALIDADE

Para melhor compreender as manifestações do livre-arbítrio e da lei de


causa e efeito, é necessário que entendamos o significado espírita de
liberdade, de responsabilidade e de fatalidade.
A liberdade é a condição necessária da alma humana que, sem ela, não
poderia construir seu destino. Uma sociedade civilizada e evoluída
estabelece que a liberdade seja filha da fraternidade e da igualdade. Falamos
da liberdade legal e não da liberdade natural, que, de direito, é imprescritível
para toda a criatura humana, desde o selvagem até o civilizado. Os homens
que vivem como irmãos, com direitos iguais, animados do sentimento de
benevolência recíproca, praticarão entre si a justiça, não procurarão causar
danos uns aos outros e nada, por conseguinte, terão que temer uns aos
outros. A liberdade nenhum perigo oferecerá, porque ninguém pensará em
abusar dela em prejuízo de seus semelhantes. Mas, como poderiam o
egoísmo, que tudo quer para si, e o orgulho, que incessantemente quer
dominar, dar a mão à liberdade que os destronaria? O egoísmo e o orgulho
são, pois, os inimigos da liberdade, como o são da igualdade e da
fraternidade.
À primeira vista, a liberdade do homem parece muito limitada, no círculo
de fatalidades que o encerra: necessidades físicas, condições sociais,
interesses ou instintos. Mas, considerando a questão mais de perto, vê-se
que esta liberdade é sempre suficiente para permitir que a alma quebre esse
círculo e escape às forças opressoras. Acrescentemos, porém, que o homem
é livre, mas responsável, e pode realizar o que deseje, mas estará ligado
inevitavelmente ao fruto de suas próprias ações.
A liberdade e a responsabilidade são correlativas no ser e aumentam
com sua elevação; é a responsabilidade do homem que faz sua dignidade e

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moralidade. Sem ela, não seria ele mais do que um autômato, um joguete
das forças ambientes.
A responsabilidade é estabelecida pelo testemunho da consciência,
que nos aprova ou censura segundo a natureza de nossos atos. A fatalidade,
como vulgarmente é entendida, supõe a decisão prévia e irrevogável de
todos os sucessos da vida, qualquer que seja a importância deles. Se tal
fosse a ordem das coisas, o homem seria qual máquina sem vontade. De que
lhe serviria a inteligência, desde que houvesse de estar invariavelmente
dominado, em todos os seus atos, pela força do destino? Semelhante
doutrina, se verdadeira, conteria a destruição de toda a liberdade moral.
Contudo, a fatalidade não é uma palavra vã. Existe na posição que o
homem ocupa na terra e nas funções que aí desempenha, em conseqüência
do gênero de vida que seu espírito escolheu como prova, expiação ou
missão. Ele sofre fatalmente todas as vicissitudes dessa existência e todas
as tendências boas ou más, que lhe são inerentes. Aí, porém, acaba a
fatalidade, pois sua vontade da sua vontade depende ceder ou não a essas
tendências. Os pormenores dos acontecimentos, esses ficam subordinados
às circunstâncias que ele próprio cria pelos seus atos, sendo que nessas
circunstâncias podem os espíritos influir pelos pensamentos que sugiram.
Há fatalidade, portanto, nos acontecimentos que se apresentam, por
serem estes conseqüência da escolha que o espírito fez da sua existência de
homem....Nunca há fatalidade nos atos da vida moral. Entendemos, pois, que
a lei de causa e efeito, ou princípio de ação ou reação, está relacionada ao
uso do nosso livre-arbítrio e às conseqüências decorrentes do emprego da
nossa vontade. Deus nos permite, pelo livre-arbítrio, a liberdade e a
responsabilidade de praticar o bem ou o mal; porém, a partir do momento em
que decidimos o que fazer, esta ação gera uma reação característica, que
virá mais tarde sob a forma da colheita.

-x-x-

REENCARNAÇÃO

1 – A IMPORTÂNCIA DA REENCARNAÇÃO PARA A EVOLUÇÃO DO


ESPÍRITO.

A alma (espírito) depois de residir temporariamente no espaço, renasce


na condição humana, trazendo consigo a herança, boa ou má, de seu
passado; renasce criancinha, reaparece na cena terrestre para representar o

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novo ato do drama da sua vida, pagar as dívidas que contraiu, conquistar
novas capacidades que lhe hão de facilitar a ascensão, acelerar a marcha
para a frente.
A lei dos renascimentos explica e completa o princípio da imortalidade.
A evolução do ser indica um plano e um fim. Esse fim, que é a perfeição, não
pode realizar-se em uma existência só, por mais longa que seja. Devemos
ver na pluralidade das vidas da alma (reencarnação) a condição necessária
de sua educação e de seus progressos. A doutrina da reencarnação, isto é,
a que consiste em admitir para o espírito muitas existências sucessivas, é a
única que corresponde à idéia que formamos da justiça de Deus para com os
homens que se acham em condição moral inferior ; a única que pode explicar
o futuro e firmar as nossas esperanças, pois que nos oferece os meios de
resgatarmos os nossos erros por novas provações. A razão no-la indica e os
espíritos a ensinam.
No entanto, nem todas as almas têm a mesma idade, nem todas
subiram com o mesmo passo seus estádios evolutivos. Umas percorrem uma
carreira imensa e aproximaram-se já do apogeu dos progressos terrestres;
outras mal começam o seu ciclo de evolução no seio das humanidades. Estas
são as almas jovens, emanadas há menos tempo no foco eterno....Chegadas
a humanidade, tomarão lugar entre os povos selvagens ou entre as raças
bárbaras que povoam os continentes atrasados, as regiões deserdadas do
Globo. E, quando, afinal, penetram em nossas civilizações, ainda facilmente
se deixam reconhecer pela falta de desembaraço, de jeito, pela sua
incapacidade para todas as coisas e, principalmente, pelas suas paixões
violentas.
Assim, no encadeamento das nossas estações terrestres, continua e
completa-se a obra grandiosa de nossa educação, o moroso edificar de
nossa individualidade, de nossa personalidade moral. É por essa razão que
a alma tem de encarnar sucessivamente nos meios mais diversos, em todas
as condições sociais; tem de passar alternadamente pelas provações da
pobreza e riqueza, aprendendo a obedecer para depois mandar. Precisa das
vidas obscuras, vidas de trabalho, de privações para acostumar-se a
renunciar às vaidades materiais, a desapegar-se das coisas frívolas, a ter
paciência, a adquirir a disciplina do espírito. São necessárias também a prova
cruel, cadinho onde se fundem o orgulho e o egoísmo, e as situações
dolorosas, que são o resgate do passado, a reparação das nossas faltas.
As encarnações e as reencarnações não ocorrem apenas no planeta
terra: vivemo-las em diferentes mundos. As que aqui passamos não são as
primeiras, nem as últimas; são, porém, das mais materiais e das mais
distantes da perfeição. A bem dizer, a encarnação carece de limites
precisamente traçados, se tivermos em vista apenas o envoltório que
constitui o corpo do espírito, dado que a materialidade desse envoltório

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diminui à proporção que o espírito se purifica. Em certos mundos mais
adiantados do que a terra, já ele é menos compacto, menos pesado e menos
grosseiro e, por conseguinte, menos sujeito a vicissitudes. Em grau mais
elevado, é diáfano e quase fluídico. Vai desmaterializando-se de grau em
grau e acaba por se confundir com o perispírito.

2 – EVIDÊNCIAS DA REENCARNAÇÃO

As provas (evidências) da reencarnação baseiam-se, essencialmente:


a) na regressão da memória, que pode efetuar-se por força de sugestão
hipnótica, de relaxamento profundo ou de recordação espontânea de
existências anteriores, sem que se identifique, aparentemente, uma causa
para justificá-la. Neste último caso, a recordação tanto pode dar-se no sono
(sonho) comum como no estado de vigília;

b) nos ditados mediúnicos, em que o médium é capaz de transmitir


revelações sobre existências anteriores – próprias ou de outras pessoas.

c) nas idéias inatas e nas crianças-prodígio, que abalam as bases científicas


da hereditariedade.
Com relação às provas de reencarnação por meio de ditados
mediúnicos, Gabriel Delanne, no livro A Reencarnação, cita alguns exemplos.
Escolhemos apenas um, que é relatado através de uma carta:
Meu caro Dr. Delanne.
Pede o amigo que lhe sejam comunicados os fatos tendentes a provar a
reencarnação. Em agosto de 1886, fizemos uma sessão de evocação, no
curso da qual se apresentou, a princípio pela tiptologia, e depois, a nosso
pedido, pela escrita medianímica, uma entidade que meus pais perderam,
ainda de pouca idade.
Assegurava esperar, para reencarnar, o nascimento do meu primeiro
filho, especificando que seria rapaz e viria dentro de 18 meses. Não se
esperava uma criança. Ora, em fevereiro de 1888, nascia o nosso filho mais
velho, que recebeu o nome de Allan, na data prevista, com o sexo predito.
Com relação às crianças prodígios ou às pessoas ou às pessoas
portadoras de idéias inatas, busquemos respostas em O Livro dos Espíritos.
Allan Kardec perguntou aos Espíritos Superiores: Qual a origem das
faculdades extraordinárias dos indivíduos que, sem estudo prévio, parecem
ter a intuição de certos conhecimentos, o das línguas, do cálculo etc?
Os espíritos deram a seguinte resposta: Lembrança do passado,
progresso anterior da alma, mas de que ela não tem consciência. Donde
queres que venham tais conhecimentos? O corpo muda, o espírito, porém,
não muda, embora troque de roupagem.

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Na citação acima, encontramos mais uma evidência da reencarnação:
a das idéias inatas. A história nos revela inúmeros exemplos de gênios, de
sábios, de homens valorosos, cujos pais, ou mesmo filhos, não foram
grandiosos como eles. Alguns desse espíritos foram crianças prodígio que,
oferecendo provas de que viveram outras existências, no pretérito,
conseguiram por em dúvida as leis científicas da hereditariedade.
Não se nega a evidência da hereditariedade física ou genética. A
herança moral ou intelectual é que não é jamais transmitida de pais para
filhos. A pluralidade das existências, cujo princípio o Cristo estabeleceu no
Evangelho, sem todavia defini-lo como a muitos outros, é uma das mais
importantes leis reveladas pelo espiritismo, pois que lhe demonstra a
realidade e a necessidade para o progresso. Com esta lei, o homem explica
todas as aparentes anomalias da vida humana; as diferenças de posição
social; as mortes prematuras que, sem a reencarnação, tornariam inúteis à
alma as existências breves; a desigualdade de aptidões intelectuais e morais,
pela ancianidade do espírito que mais ou menos aprendeu e progrediu, a traz,
nascendo, o que adquiriu em suas existências anteriores.
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A PLURALIDADE DOS MUNDOS HABITADOS

1 – AS MORADAS DA CASA DO PAI

A Doutrina Espírita ensina que os globos do Universo podem ser


habitados, apesar de não comprovação da ciência oficial: Deus povoou de
seres vivos os mundos, concorrendo todos esses seres para o objetivo final
da Providência. Acreditar que só os haja no planeta que habitamos fora
duvidar da sabedoria de Deus, que não fez coisa alguma inútil. Certo, a esses
mundos há de Ele ter dado uma destinação mais séria do que a de nos
recrearem a vista. Aliás, nada há, nem na posição, nem no volume, nem na
constituição física da terra, que possa induzir à suposição de que ela goze
do privilégio de ser habitada, com exclusão de tantos milhares de milhões de
mundos semelhantes.
Quando Jesus disse: Não se turbe o vosso coração; crede em Deus,
crede também em mim. Há muitas moradas na casa de meu Pai; se assim
não fosse, já eu vo-lo teria dito, pois me vou para vos preparar o lugar. Depois
que me tenha ido e que vos houver preparado o lugar, voltarei e vos retirarei
para mim, a fim de que onde eu estiver, também vós aí estejais.(João, 14: 1
– 3), estava nos ensinando o princípio da pluralidade das existências.
A casa do Pai é o universo. As diferentes moradas são os mundos que
circulam no espaço infinito e oferecem, aos espíritos que neles encarnam,

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moradas correspondentes ao adiantamento dos mesmos espíritos. Em
função disso diversa é a constituição física de cada mundo e,
consequentemente, dos seus habitantes. Cada mundo oferece aos seus
habitantes condições adequadas e próprias à vida planetária. As
necessidades vitais num planeta poderão não ser as mesmas, sendo até
opostas em outros.
O mundo que habitamos faz parte de um séquito de planetas e
asteróides que acompanham o Sol em sua viagem pela vastidão
incomensurável no espaço. Nosso sistema planetário, todavia, não ocupa
senão um ponto ínfimo no universo. Haja vista que ele pertence a um
agrupamento estelar, ou galáxia, chamada Via-Láctea, onde existem mais ou
menos 40 bilhões de estrelas, algumas das quais tão grandes, mas tão
grandes, que uma só toma espaço igual ao ocupado pelo sol e quase todos
os planetas que este arrasta consigo. Vale a pena considerar que o nosso
sistema planetário não somente é um ponto pequeníssimo na Via-Láctea
como está colocado quase no seu final.
Para se ter idéia das dimensões estelares ou das distâncias entre os
mundos do Universo, basta citar que a galáxia de Andrômeda, uma das mais
próximas da terra (e consequentemente da Via-Láctea), dista cerca de 680
mil anos-luz do nosso sistema solar. Ora, se o universo tem mais dimensões
e se o número de planetas que nele existe deve contar-se pela ordem dos
trilhões ou mais, não constitui uma ingenuidade, ou pior, uma falta de
inteligência, supor que apenas a terra seja habitada por seres racionais?
Teria Deus criado tudo isso, apenas para recrear a vista dos terrícolas? Claro
que não, pois Deus nada faz sem um fim útil. Os mundos que gravitam no
espaço infinito, tal o ensino do espiritismo, são as diferentes moradas na casa
do Pai Celestial (João, 14:2), onde outras humanidades, em vários graus de
adiantamento, encontram habitação adequada ao seu avanço.
Do ensino dado pelos espíritos, resulta que muito diferentes umas das
outras são as condições dos mundos, quanto ao grau de adiantamento ou de
inferioridade dos seus habitantes. Entre eles há-os em que estes últimos são
ainda inferiores aos da terra, física e moralmente; outros, da mesma
categoria que o nosso; e outros que lhe são mais ou menos superiores a
todos os respeitos. Nos mundos inferiores, a existência é toda material,
reinam soberanas as paixões, sendo quase nula a vida moral. À medida que
essa se desenvolve, diminui a influência da matéria, de tal maneira que, nos
mundos mais adiantados, a vida é, por assim dizer, toda espiritual.
Evidentemente, não podemos fazer uma classificação completa das
categorias de mundos habitados, mas Allan Kardec nos oferece uma que nos
permite uma visão geral do assunto: mundos primitivos, destinados às
primeiras encarnações da alma humana; mundos de expiação e provas, onde
domina o mal; mundos de regeneração, nos quais as almas que ainda têm o

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que expiar haurem novas forças, repousando das fadigas da luta; mundos
ditosos, onde o bem sobrepuja o mal; mundos celestes ou divinos, habitações
de espíritos depurados, onde exclusivamente reina o bem. A terra pertence
à categoria dos mundos de expiação e provas, razão por que aí vive o homem
a braços com tantas misérias.
Nos mundos primitivos, destinados às primeiras encarnações da alma
humana, a vida, toda material, se limita à luta pela subsistência, o senso
moral é quase nulo e, por isso mesmo, as paixões reinam soberanamente.
Nos mundos intermediários, seus habitantes caracterizam-se por uma
mescla de virtudes e de defeitos, e daí a alternância de momentos alegres e
felizes com horas de amargura e de sofrimento. Já nos mundos superiores,
o bem sobrepuja o mal, e, nos mundos celestes ou divinos, morada de
espíritos depurados, a felicidade é completa, de vez que todos hão alcançado
o cume da sabedoria e da bondade.
Tal qual ocorreu com a estrutura física da terra, a evolução moral tem
caminhado gradualmente, em processo contínuo. Os períodos geológicos
marcam as fases do aspecto geral do globo, em conseqüência das suas
transformações. Mas, com exceção do Período Diluviano, que se
caracterizou por uma subversão repentina (foi época de grandes cataclismos
no planeta), todos os demais transcorreram lentamente, sem transições
bruscas. Durante todo o tempo que os elementos constitutivos do globo
levaram para tomar posições definitivas, as mutações foram gerais.
Assim também vem ocorrendo com a parte moral e intelectual dos
espíritos que habitam a terra. Apesar de o nosso planeta ser, de certa forma,
um mundo expiatório, não é caracterizado como primitivo, ou seja, destinado
às primeiras encarnações dos espíritos, por serem seus habitantes
possuidores de algum progresso espiritual. Mas, também, os numerosos
vícios a que se mostram propensos constituem o índice de grande
imperfeição moral. Por isso, os colocou Deus num mundo ingrato, para
expiarem aí suas faltas, mediante penoso trabalho e misérias da vida, até
que hajam merecido ascender a um planeta mais ditoso.
Devemos compreender, no entanto, que nem todos os espíritos que
renascem no nosso planeta vêm para expiar faltas. Há as raças selvagens,
na maioria, formadas de espíritos ainda na infância espiritual. Estão aqui em
processo de educação. Há também as raças semi civilizadas de espíritos um
pouco mais adiantados que os anteriores. existem aqui, igualmente, os
espíritos superiores em missões de amor e devotamento.

2 – MUNDOS TRANSITÓRIOS

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Ainda com relação aos mundos habitados no universo, a Codificação
Espírita refere-se a uma categoria denominada mundos transitórios. São
mundos particularmente destinados aos seres errantes (Espíritos errantes:
os que aguardam uma encarnação; encontram-se na espiritualidade entre
uma e outra encarnação), mundos que lhes podem servir de habitação
temporária, espécies de bivaques (acampamento provisório ao ar livre), de
campos onde descansem de uma demasiado longa erraticidade, estado este
sempre um tanto penoso. São, entre os outros mundos, posições
intermédias, graduadas de acordo com a natureza dos espíritos que a elas
podem ter acesso e onde eles gozam de maior ou menor bem-estar.
Os mundos transitórios não se prestam à encarnação de seres
corpóreos, porque estéril é neles a superfície. E mesmo essa esterilidade
não é permanente. A terra, que hoje é classificada com planeta de provas e
expiações, já foi mundo transitório, como também já foi mundo primitivo.
Concluímos dizendo que os mundos transitórios podem ser constituídos por
um planeta, um satélite, um cometa, um asteróide, desde que sua superfície
física seja estéril.
Nada é inútil em a natureza; tudo tem um fim, uma destinação. Em lugar
algum há o vazio; tudo é habitado, há vida em toda parte. Assim, durante a
dilatada sucessão dos séculos que passaram antes do aparecimento do
homem na terra, durante os lentos períodos de transição que as camadas
geológicas atestam, antes mesmo da formação dos primeiros seres
orgânicos, naquela massa informe, naquele árido caos, onde os elementos
se achavam em confusão, não havia ausência de vida. Seres isentos das
nossas necessidades, das nossas sensações físicas, lá encontravam refúgio.
Quis Deus que, mesmo assim, ainda imperfeita, a terra servisse para alguma
coisa. Quem ousaria afirmar que, entre os milhares de mundos que giram na
imensidade, um só, um dos menores, perdido no seio da multidão infinita
deles, goza do privilégio exclusivo de ser povoado? Qual então a utilidade
dos demais? Tê-los-ia Deus feito unicamente para nos recrearem a vista?
Suposição absurda, incompatível com a sabedoria que esplende em todas
as suas obras e inadmissível desde que ponderemos na existência de todos
os que não podemos perceber. Ninguém contestará que, nesta idéia da
existência de mundos ainda impróprios para a vida material e, não obstante,
já povoados de seres vivos apropriados a tal meio, há qualquer coisa grande
e sublime, em que talvez se encontre a solução de mais de um problema.

-x-x-

37
APOSTILA N.º 03

TEMA:

38
REUNIÕES MEDIÚNICAS
SÉRIAS.
Referência Bibliográfica:

- O Livro dos Médiuns – FEB.


-MENDES, Indalício. Rumos Doutrinários. 2. Ed. Rio de Janeiro – FEB.
1995, p. 113. Mediunidade – Viga Mestra do Espiritismo.
- PERALVA, Martins. Mediunidade e Evolução. 7. Ed. Rio de Janeiro – FEB.
1995. P. 16. Evangelho, Espiritismo e Mediunidade.
- XAVIER, Francisco Cândido & VIEIRA, Waldo. O Espírito da Verdade.
Pelo Espírito Eurípedes Barsanulfo. 11. Ed., Rio de Janeiro – FEB., 1999, p.
157. Mediunidade com Jesus.
- O que é o Espiritismo. 40 ed, Rio de Janeiro- FEB, 1999 it.4, p. 152 .
Noções Elementares de Espiritismo.
- FRANCO, Divaldo Pereira. Intercâmbio Mediúnico. Pelo espírito João
Cleófas. 2ed., Salvador, BA: LEAL, 1991, p. 9. Intercâmbio Mediúnico.
- XAVIER, Francisco Cândido. Nos Domínios da Mediunidade. Pelo
espírito André Luiz, 25 ed, RJ FEB, 1998, p. 176. Apontamentos à
margem.

(03) REUNIÕES MEDIÚNICAS SÉRIAS

1 – Conceito de reunião mediúnica

“Uma reunião só é verdadeiramente séria, quando cogita de coisas


úteis, com exclusão de todas as demais. Se os que a formam aspiram a obter
fenômenos extraordinários, por mera curiosidade, ou passatempo, talvez

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compareçam espíritos que os produzam, mas os outros (os sérios) daí se
afastarão. Numa palavra, qualquer que seja o caráter de uma reunião, haverá
sempre espíritos dispostos a secundar as tendências dos que a componham.
Assim, pois, afasta-se do seu objetivo toda reunião séria em que o ensino é
substituído pelo divertimento.
O fato de alguém possuir mediunidade não fornece garantias de
transmitir mensagens instrutivas dos espíritos. “A faculdade mediúnica em
nada influi para isto: ela mais não é do que um meio de comunicação.” Além
do mais, “nem sempre basta que uma assembléia seja séria para receber
comunicações de ordem elevada. Há pessoas que nunca riem e cujo
coração, nem por isso, é puro. Ora, o coração, sobretudo, é que atrai os bons
espíritos. Nenhuma condição moral exclui as comunicações espíritas; os que,
porém, estão em más condições, esses se comunicam com os que lhes são
semelhantes.
Uma explicação se faz necessária perante o exposto: as reuniões
mediúnicas de atendimento a espíritos sofredores, alguns portadores de
graves perturbações (suicidas, homicidas, obsessores, etc.), estas, no
entanto, transcorrerão em clima harmônico, apesar da perturbação evidente
dos comunicantes, porque os integrantes do grupo mediúnico estão
sintonizados com o bem, com o espírito de solidariedade e fraternidade. O
médium transmite a dor e o sofrimento do espírito, guardando o equilíbrio ao
se exprimir, auxiliando o necessitado desencarnado com bondade e firmeza.

2 – Características de uma reunião mediúnica séria

As principais características são:

a) cogita de coisas úteis, voltadas para o bem;


b) os participantes esforçam-se para produzir influência moral elevada
através de sintonia com os bons espíritos;
c) condições ambientais favoráveis à manifestação dos bons espíritos e
ao atendimento aos sofredores;
d) toda a equipe está consciente da necessidade de estudar – para melhor
compreender as relações entre os dois planos da vida --- bem como de domar
as más tendências pela aquisição de valores morais;
e) os médiuns portadores de mediunidade ostensiva devem educar-se,
evitando durante as manifestações exprimirem-se em voz muita alta ou baixa,
produzirem gesticulação excessiva ou usarem linguagem imprópria à
seriedade do trabalho;
f) são privativas, jamais públicas, sobretudo se de atendimento a espíritos
sofredores;

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g) os médiuns e demais participantes conhecem os objetivos da reunião,
além de estarem preparados para a execução da prática mediúnica;
h) funciona de forma integrada. “Uma reunião é um ser coletivo, cujas
qualidades e propriedades são a resultante das de seus membros e formam
como que um feixe. Ora, esse feixe tanto mais força terá, quanto mais
homogêneo for... Desde que o espírito é de certo modo atingido pelo
pensamento, como nós somos pela voz, vinte pessoas, unindo-se com a
mesma intenção; terão necessariamente mais força do que uma só; mas, a
fim de que todos esses pensamentos concorram para o mesmo fim, preciso
é que vibrem em uníssono; que se confundam, por assim dizer, em um só, o
que não pode dar-se sem a concentração;”
i) o número de participantes não deve ser excessivo porque dificulta
alcançar a homogeneidade desejada. Não há nenhum limite absoluto para
esse número, porém, quanto maior o número tanto mais difícil será alcançar
a harmonia mental e fluídica. Os grupos menores são mais indicados; André
Luiz no livro Desobsessão aconselha o número de 14 participantes; Léon
Denis, aconselha de 6 a 8 participantes; Hermínio Miranda no livro Diálogo
com as Sombras, 12 participantes; Divaldo Franco, prescreve o número de
15, não devendo, contudo, ser inferior a 6 e não passar de 20 participantes;
j) a assiduidade, e a pontualidade são condições básicas das reuniões
sérias. Por elas se estabelecem ligações morais e fluídicas e de sintonia com
o plano espiritual, necessárias à realização e à continuidade do trabalho. A
pontualidade e a regularidade são fundamentais porque os benfeitores
espirituais tendo suas ocupações, podem garantir sua presença e auxílio nos
dias e hora estabelecidos;
k) ter base evangélico-doutrinária espírita.

Há quem alegue que para uma reunião ser séria não precisa lançar
mão dos ensinamentos de Jesus. É um engano pensar assim, porque
somente através de uma base moral, fundamentada no Evangelho, teremos
condições de desenvolver nossas potencialidades psíquicas com equilíbrio e
em benefício do próximo. O médium moralizado segundo as diretrizes
evangélicas transforma-se em pessoa de bem, apta a exercer seus dons
psíquicos com retidão e honradez, em benefício próprio e da coletividade.
É por isso que “mediunidade e Evangelho têm que andar juntos. É
imprescindível que assim seja, pois o mundo está subvertido pelo
materialismo, convulsionado pelo egoísmo, envenenado por teorias
anticristãs. A humanidade continua sofrendo e seus sofrimentos irão ao
desespero, se não se voltar para o Cristo.”
Sigamos avante, cumprindo os nossos desígnios sob as bênçãos do
Senhor, não dando razão aos que restringem a prática da mediunidade
apenas à manifestação do fenômeno. “Quem hoje ironiza a mediunidade, em

41
nome do Cristo, esquece-se, naturalmente, de que Jesus foi quem mais a
honrou neste mundo, erguendo-a ao mais alto nível de aprimoramento e
revelação, para alicerçar a sua eterna doutrina entre os homens.” Por outro
lado, o médium necessita conhecer a Doutrina Espírita, através de estudos
individuais e grupais, a sós e no Centro Espírita evitando, assim, tornar-se
presa das investidas dos espíritos desarmonizados com o bem.
“O Espiritismo oferece regras normativas para o bom exercício da
mediunidade, tornando-a fonte de luz e esclarecimento.” O conhecimento
doutrinário facultará a análise das próprias comunicações, definirá rumos
sobre o desenvolvimento da faculdade, dará informações sobre as relações
entre encarnados e desencarnados, auxiliará na prevenção das obsessões e
indicará como evitar as armadilhas colocadas por espíritos perseguidores ou
desequilibrados. “Com as Luzes da Doutrina Espírita o médium educar-se-á
para vigiar as próprias comunicações e aplicar sua faculdade para o bem de
todos. As tarefas mediúnicas pedem assiduidade, pontualidade, fidelidade a
Jesus e a Kardec. O conhecimento e a prática do Evangelho e da Doutrina
dos Espíritos conscientizam o médium quanto à missão de amor suscitada
pela oportunidade do intercâmbio com o plano espiritual.”
Nunca a responsabilidade de ser espírita foi maior do que nos tempos
que correm. Jamais foram tão importantes os deveres dos médiuns. Por
conseguinte, ampará-los, instruí-los e guiá-los é realizar obra eminentemente
cristã. É importantíssimo o trabalho que eles têm a realizar, desde os mais
humildes aos que já podem favorecer a concretização de obras de maior
vulto, pois qualquer trabalho mediúnico fundado no Evangelho é valioso e
fecundo. Compreendamos, assim, que se a Doutrina Espírita esclarece, o
Evangelho tem a missão de iluminar os corações e mentes sequiosos de
progresso.
Mediunismo sem Evangelho é fenômeno sem amor, dizem os amigos
espirituais. Mediunismo sem Doutrina Espírita é fenômeno sem
esclarecimento. Mediunismo com Espiritismo, mas sem Evangelho, é
realização incompleta. Mediunismo com Evangelho e sem Espiritismo, é,
também, realização incompleta. Mediunismo com Evangelho e Espiritismo é
penhor de vitória espiritual, de valorização dos talentos divinos.
Imprescindível, pois, a trilogia (seqüência de três coisas), EVANGELHO –
ESPIRITISMO – MEDIUNIDADE.

3 – Objetivos das reuniões mediúnicas

O principal objetivo das reuniões mediúnicas é, sem dúvida, atestar a


sobrevivência e a individualidade do espírito após a morte do corpo físico.
Revela igualmente o estado de alegria ou tristeza em que o desencarnado se
encontra, em decorrência dos atos cometidos durante a existência terrena.

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As reuniões mediúnicas representam a oportunidade de intercâmbio
espiritual entre desencarnados e encarnados. É o momento da observação e
da prática do fato mediúnico. Além da certeza da continuidade da vida, a
reunião mediúnica ainda nos permite:
- robustecer a fé na misericórdia de Deus e na Sua justiça;
- obter esclarecimentos quanto à vida no plano espiritual;
- colaborar no socorro aos espíritos sofredores proporcionando recursos
eficazes no tratamento antiobsessivo e desobsessivo;
- receber a ajuda dos espíritos bons e tutelares: esclarecimentos,
orientações, consolações e curas;
- comunicar-se com seres queridos já desencarnados;
- educar as faculdades mediúnicas por meio do intercâmbio com o plano
espiritual, do estudo e do relacionamento com os companheiros encarnados;
- a construção de afeições preciosas no plano espiritual, consolidando,
assim, as bases da cooperação e da amizade superior;
- o progresso espiritual pela prática da caridade e do amor ao próximo;
- o preparo para a reencarnação ou desencarnação, conforme o plano
de vida em que o espírito se situe;
- o auxílio a encarnados e desencarnados no esforço de libertação das
teias da ignorância e do sofrimento;
- a transmissão aos reencarnados de esclarecimentos edificantes
oriundos de instrutores que operam com Jesus na redenção da humanidade.

4 – Natureza ou gênero das reuniões mediúnicas

As reuniões mediúnicas segundo o gênero ou natureza são


classificadas em : frívolas, experimentais e instrutivas.
As reuniões frívolas se compõem de pessoas que só vêem o lado
divertido das manifestações, que se divertem com as facécias(chisto,
gracejo, dito ou alto galante, jocoso), dos espíritos levianos, aos quais muito
agrada esse espécie de assembléia, a que não faltam por gozarem nelas de
toda a liberdade para se exibirem. É nessas reuniões que se perguntam
banalidades de toda sorte, que se pede aos espíritos a predição do futuro,
que lhes põe à prova a perspicácia em adivinhar as idades, ou o que cada
um tem no bolso, em revelar segredinhos e mil outras coisas de igual
importância. O simples bom senso diz que os espíritos elevados não
comparecem às reuniões deste gênero, em que os espectadores não são
mais sérios do que os atores. Outro inconveniente de tais reuniões é dar ao
principiante espírita uma falsa idéia da Doutrina Espírita.
Nas reuniões experimentais ocorre a produção de manifestações
físicas (transporte, deslocamento de objetos, ruídos, curas até
materializações). Para algumas pessoas estas reuniões oferecem um

43
espetáculo, onde a curiosidade é o sentimento dominante. Têm
particularmente por objeto a produção das manifestações físicas. Para muitas
pessoas, são um espetáculo mais curioso que instrutivo. Os incrédulos saem
delas mais admirados do que convencidos. Nada obstante, as experiências
desta ordem trazem uma utilidade, que ninguém ousaria negar, visto terem
sido elas que levaram à descoberta das leis que regem o mundo invisível e,
para muita gente, constituem poderoso meio de convicção. Sustentamos,
porém, que só por si não logram iniciar a quem quer que seja na ciência
espírita, do mesmo modo que a simples inspeção de um engenhoso
mecanismo não torna conhecida a mecânica de quem não lhe saiba as leis.
É oportuno lembrar que as reuniões experimentais foram muito comuns na
época de Kardec e logo após a sua desencarnação. Essas reuniões, quando
sob orientação de pessoas esclarecidas e sérias, produziram excelentes
resultados. Somente a título de exemplo, são inesquecíveis as experiências
realizadas por William Crookes (ver o livro: Fatos Espíritas, ed, FEB).
Nos dias atuais, devido a um maior conhecimento da fenomenologia
espírita, as reuniões mediúnicas predominantes nos Centros Espíritas estão
voltadas para os fenômenos de efeitos intelectuais, sendo que as de efeitos
físicos são em número menor; mesmo estas, são destituídas daquele caráter
tipicamente experimental do passado e mais voltadas à assistência a
encarnados e desencarnados.
As reuniões instrutivas apresentam caráter muito diverso e, como são
as em que se pode haurir o verdadeiro ensino, insistiremos mais sobre as
condições a que devem satisfazer. A primeira de todas é que sejam sérias,
na integral acepção da palavra. A essas reuniões comparecem os benfeitores
espirituais para prestar orientações e esclarecimentos aos encarnados, bem
como acompanhar e auxiliar os sofredores desencarnados. Não basta,
porém, que se evoquem bons espíritos; é preciso, como condição expressa,
que os assistentes estejam em condições propicias, para que eles assintam
em vir. Ora, a assembléias de homens levianos e superficiais, espíritos
superiores não virão, como não viriam quando vivos.
As reuniões instrutivas podem ser voltadas exclusivamente para o
atendimento aos espíritos desencarnados em estado de maior ou menor
sofrimento. Ocorrem regularmente no centro espírita, representando a
oportunidade para a educação das faculdades mediúnicas, além do exercício
da caridade, prestado de forma anônima e desinteressada.
Outras reuniões instrutivas se caracterizam pelo estudo e educação da
mediunidade. Proporcionam uma boa base doutrinária a quem deseja
conhecer e aprimorar as faculdades mediúnicas. A instrução espírita não
abrange apenas o ensinamento moral que os espíritos dão, mas também o
estudo dos fatos. Incumbe-lhe a teoria de todos os fenômenos, a pesquisa
das causas, a comprovação do que é possível e do que não é; em suma, a

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observação de tudo o que possa contribuir para o avanço da ciência. Ora,
fora erro acreditar-se que os fatos se limitam aos fenômenos extraordinários;
que só são dignos de atenção os que mais fortemente impressionam os
sentidos. A cada passo, eles ressaltam das comunicações inteligentes e de
forma a não merecerem desprezados por homens que se reúnem para
estudar. Esses fatos, que seria impossível enumerar, surgem de um sem
número de circunstâncias fortuitas.
Compreendamos, portanto, que é necessário renovar a nossa
conceituação de médium, para que não venhamos a transformar
companheiros de ideal e de luta em oráculos e adivinhos, com o
esquecimento de nossos deveres na elevação própria. Jamais devemos
esquecer que o trabalho mediúnico precisa ser revestido de toda seriedade,
humildade e dedicação possíveis, visto que nem todas as reuniões
mediúnicas “que têm por objeto tratar de manifestações espíritas se acham
em boas condições, seja para obter resultados satisfatórios, seja para
produzir a convicção.

-x-x-

APOSTILA N.º 04

TEMA:

45
A FACULDADE
MEDIÚNICA.
Referência Bibliográfica:

- O Livro dos Médiuns – FEB.


- FRANCO, Divaldo Pereira e TEXEIRA, José Raul. Mediunidade.
Diretrizes de Segurança. 7. Ed, Niterói: RJ:FRÁTER, 1999 Pergunta 1,
p.17.
- Ponte Mediúnica. Luz Viva. Pelos espíritos Joanna de Ângelis e Marco
Prisco. Salvador: Alvorada, 1985, p.30.
- Médiuns e Mediunidade. Pelo espírito Vianna de Carvalho. 2. Ed., Niterói
: Arte e Cultura, 1991, p. 9.
- PERALVA, Martins. Palavra Ao Autor. Estudando a Mediunidade. 15 ed,
RJ FEB, 1991, 7.
- TEIXEIRA, José Raul. Mediunidade e Evolução. Correnteza de Luz. Pelo
espírito Camilo. Niterói: FRÁTER, 1991, p. 37 – 38.
- XAVIER, Francisco Cândido. Raios, Ondas, Médiuns, Mentes. Prefácio
do espírito Emmanuel. Nos Domínios da Mediunidade. Pelo espírito
André Luiz. 27, ed, RJ. FEB, 2000, p.11.
- PROGEM – Projeto de Orientação para Grupos de Estudos da
Mediunidade, da Aliança Espírita Municipal de Juiz de Fora – MG.

(04) A FACULDADE MEDIÚNICA

1 – Conceito Espírita de Mediunidade

O esclarecido espírito Emmanuel conceitua mediunidade de maneira


simples e admirável, ao compará-la a uma cachoeira:
A cachoeira é um espetáculo de beleza, guardando imensos potenciais
de energia. Revela a glória da natureza. Destaca-se pela imponência e
impressiona pelo ruído.

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Entretanto, para que se faça alicerce de benefícios mais amplos, é
indispensável que a engenharia compareça, disciplinando-lhe a força. É
então que aparece a usina generosa, sustentando a indústria, estendendo o
trabalho, inspirando a cultura e garantindo o progresso.
Assim também é a mediunidade. Como a queda d’água, pode nascer
em qualquer parte. Não é patrimônio exclusivo de um grupo, nem privilégio
de alguém. Desponta aqui e ali, adiante e acolá, guardando consigo
revelações convincentes e possibilidades assombrosas.
Contudo, para que se converta em manancial de auxílio perene, é
imprescindível que a Doutrina Espírita lhe clareie as manifestações e lhe
governe os impulsos. Só então se erige em fonte contínua de ensinamento e
socorro, consolação e bênção. O espírito, quanto mais avança na senda
evolutiva, mais seguramente percebe a inexistência da morte como cessação
de vida.
Compreende, pouco a pouco, que o túmulo é porta à renovação, como
o berço é acesso à experiência, e observa que o seu estágio no planeta é
uma viagem com destino às estações do progresso maior. E, na grande
romagem, todos somos instrumentos das forças com as quais estamos em
sintonia. Todos somos médiuns, dentro do campo mental que nos é próprio,
associando-nos às energias edificantes, se o nosso pensamento flui na
direção da vida superior, ou às forças perturbadoras e deprimentes, se ainda
nos escravizamos às sombras da vida primitivista ou torturada.
Cada criatura com os sentimentos que lhe caracterizam a vida íntima
emite raios específicos e vive na onda espiritual com que se identifica. Por
isto é que devemos entender e aceitar cada médium com a sua mente. Cada
mente com os seus raios, personalizando observações e interpretações. E,
conforme os raios que arremessamos, erguer-se-nos-á o domicílio espiritual
na onda de pensamentos a que nossas almas se afeiçoam.
É fundamental que tenhamos uma visão muito clara a respeito dos
médiuns e dos fenômenos mediúnicos, visto que, se uma faculdade
mediúnica é comum a um determinado número de médiuns, a forma ou nível
de captação da mensagem mediúnica pode variar de intermediário para
intermediário. Isso é muito fácil de se entender porque não estamos todos no
mesmo patamar evolutivo, uma vez que a bagagem das experiências
reencarnatórias é diferente entre as pessoas. Há ainda o problema de
sintonia entre médium e espírito comunicante. Os graus de percepção
psíquica também não são iguais. Há por fim, o esforço individual, variável
entre as criaturas, de se aperfeiçoar, moral e intelectualmente.
Compreende-se, portanto, que a mediunidade não é apenas um
patrimônio evolutivo do espírito, esteja ele encarnado ou não; representa uma
força, em si neutra, apta a elevar ou rebaixar a criatura, de acordo com a
direção que se lhe dê. Deus permitiu a construção da ponte da mediunidade,

47
para que se mantenha o intercâmbio entre os dois planos da vida: o material
e o espiritual. Por ela retornam os espíritos em triunfo sobre a morte, falando
da via em plenitude e apresentando o resultado das suas ações, enquanto
estiveram na forma carnal.
A esperança, em razão disso, alenta o homem físico e orienta-o com
segurança para o salutar aproveitamento das horas, granjeando recursos
que se lhe constituirão bens inalienáveis para a felicidade. Não existisse a
mediunidade e inumeráveis problemas seriam insolucionáveis, permitindo
que mais graves conjunturas conspirassem contra a criatura humana. Sem
ouvir-se, nem sentir-se a realidade espiritual de que os implementos
mediúnicos se fazem instrumento, certamente grassariam mais terríveis
dramas e tormentosas situações injustificáveis.
Sendo a mediunidade uma conquista evolutiva do espírito, um Dom do
espírito, concedido por Deus para o seu crescimento espiritual, não deve ser
entendida sob a ótica do misticismo. As pessoas que a possuem de forma
mais ostensiva não são os eleitos da divindade. A mediunidade não é sinal
de santificação, nem representa característica divinatória. Constitui, apenas,
um meio de entrar em contato com as almas que viveram na terra, sendo os
médiuns, por isso mesmo, mais responsáveis do que as demais pessoas, por
possuírem a prova da sobrevivência que chega a todos por seu intermédio.
O respeito e a dedicação que imponham ao trabalho é o que irá
credenciá-los, naturalmente, à estima e à admiração do próximo, como
sucede com qualquer pessoa na mais obscura ou relevante atividade a que
se dedique. A mediunidade, aplicada para o serviço do bem, pode converter-
se em instrumento de luz para o seu portador, tanto quanto para todos
aqueles que a buscam. A mediunidade que promove e eleva a criatura
humana é a proposta básica do Espiritismo, uma vez que, se por um lado a
Doutrina esclarece e educa o médium, o Evangelho de Jesus, vivenciado, lhe
faculta a reforma moral necessária para ascender aos planos elevados da
vida.
Assim, tendo a mediunidade com o Cristo objetivo de abrir as portas
das percepções gloriosas do infinito, permitindo se erga a humanidade para
os píncaros de progresso, estaremos com o seu exercício salutar,
impulsionando a nossa e a evolução geral, tão sonhada pelas criaturas. A
mediunidade, em si mesma, não é boa nem é má, antes apresenta-se em
caráter de neutralidade, ensejando ao homem utilizá-la conforme lhe
aprouver, desse uso derivando os resultados que acompanharão o
medianeiro até o momento final da sua etapa evolutiva no corpo. A
mediunidade é, antes de tudo, uma oportunidade de servir, bênção de Deus,
que faculta manter o contato com a vida espiritual. Graças ao intercâmbio
(mediúnico) podemos ter aqui (no plano físico), não apenas a certeza da
sobrevivência da vida após a morte, mas também o equilíbrio para

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resgatarmos com proficiência os débitos adquiridos em encarnações
anteriores.
Finalmente, é oportuno recordar que não há uma mediunidade mais
importante que a outra. Todas são úteis e necessárias. Nem há médium mais
forte, mais poderoso que outro. Segundo o apóstolo Paulo de Tarso, os dons
mediúnicos provêm de uma mesma fonte e de um mesmo Senhor.

2 – Classificação de mediunidade segundo Kardec

Quanto à classificação da mediunidade, Allan Kardec divide os


fenômenos mediúnicos em dois grandes grupos: - os de efeitos físicos; - os
de efeitos intelectuais.

Mediunidade de efeitos físicos: Dá-se o nome de manifestações


físicas às que se traduzem por efeitos sensíveis, tais como ruídos,
movimentos e deslocação de corpos sólidos. Umas são espontâneas, isto é,
independentes da vontade de quem quer que seja; outras podem ser
provocadas. O efeito mais simples, e um dos primeiros que foram
observados, consiste no movimento circular impresso a uma mesa. Esse
efeito igualmente se produz com qualquer outro objeto, mas sendo a mesa o
móvel com que, pela sua comodidade, mais se tem procedido a tais
experiências, a designação de mesas girantes prevaleceu, para indicar esta
espécie de fenômenos.
Um outro fenômeno mediúnico, que ocorria com muita freqüência na
época de Kardec, e que se tornou relativamente incomum nos dias atuais, é
o das pancadas e ruídos. Essas pancadas, às vezes muito fracas, outras
vezes muito fortes, se fazem também ouvir nos outros móveis do
compartimento, nas paredes e no forro.
Chama-se tiptologia a manifestação espírita por meio de pancadas, que
se apresenta de várias maneiras: - Tiptologia, por meio de básculo, consiste
no movimento da mesa, que se levanta de um só lado e cai batendo um dos
pés. Basta para isso que o médium lhe ponha a mão na borda. – Sematologia:
é a linguagem através de sinais. Tendo convencionado, por exemplo, que
uma pancada significará sim, e duas pancadas não, ou vice-versa, o
experimentador dirigirá ao espírito as perguntas que quiser.
A tiptologia alfabética, que consiste em serem as letras do alfabeto
indicadas por pancadas. Podem obter-se então palavras, frases e até
discursos inteiros. A tiptologia e a sematologia são formas lentas e fastidiosas
de se obter comunicação espírita. Praticamente, estão em desuso. Uma
variante dessas formas de comunicação, a chamada sessão do copo, é
comumente utilizada por pessoas distanciadas do conhecimento espírita.

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Na mediunidade de efeitos físicos, há variedades que se caracterizam
pela utilização de fluidos ectoplásmicos: a) voz direta (ou pneumatofonia) –
são gritos de toda espécie e sons vocais que imitam a voz humana. B) escrita
direta (ou pneumatografia) – é a escrita produzida diretamente pelo espírito,
sem intermediário algum. Difere da psicografia, por ser esta a transmissão do
pensamento do espírito, mediante a escrita feita pela mão do médium. Na
época de Kardec, obtinha-se escrita direta em pedras de ardósia. C)
materialização de espíritos, transporte de objetos e pessoas; levitação de
pessoas e de objetos, entre outros, são fenômenos de efeitos físicos que
tiveram maior predominância após a desencarnação de Kardec (1869). Com
as pesquisas científicas espíritas de Willian Crookes, foi possível
sistematizar, pela primeira vez, esses fenômenos (1870-73), a partir da
materialização do espírito Katie King (ou Anne Morgan), pela mediunidade de
Florence Cook. (Fatos Espíritas, de Willian Crookes, editora FEB.)

Mediunidade de efeitos intelectuais : É própria dos médiuns que são


mais aptos a receber e a transmitir comunicações inteligentes. Na
mediunidade de efeitos intelectuais vamos encontrar uma variedade enorme
de médiuns, sendo os seguintes os tipos predominantes atualmente:
a) médiuns audientes – que ouvem os espíritos;
b) médiuns falantes ou psicofônicos;
c) videntes – vêem espíritos em estado de vigília;
d) médiuns inspirados – recebem idéias dos espíritos (geralmente são
oradores)
e) médiuns de pressentimentos ou prescientes – são pessoas que, em
dadas circunstâncias, têm uma intuição vaga de coisas vulgares que
ocorrerão no futuro;
f) médiuns proféticos – variedade dos médiuns inspirados, ou de
pressentimentos. Recebem, permitindo-o Deus, com mais precisão do que
os médiuns pressentimentos, a revelação de futuras coisa de interesse geral
e são incumbidos de dá-las a conhecer aos homens, para instrução destes;
g) médiuns sonambúlicos – os que, libertos do corpo físico, transmitem
orientações de espíritos;
h) médiuns pintores ou desenhistas;
i) médiuns músicos;
j) médiuns psicógrafos – os que escrevem sob a influência dos espíritos.

Finalmente, não podemos deixar de registrar, aqui, duas importantes


considerações de Kardec. A primeira delas é que a divisão em efeitos físicos
e intelectuais não é absoluta, visto que, ao analisarmos os diferentes
fenômenos produzidos sob a influência mediúnica, veremos que, em todos,

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há um efeito físico e um efeito inteligente. Difícil é muitas vezes determinar o
limite entre os dois, mas isso nenhuma conseqüência apresenta.

A Glândula Pineal e a Mediunidade: A glândula pineal, também


denominada epífise, está situada na região talâmica, à frente do cerebelo.
Tem a forma de uma pinha, sendo pouco conhecida pela ciência médica,
embora desde Galeno ( 130 201 AC) já era estudada tanto pelos gregos
( conarium) como pelos latinos ( glândula pinealis).
Destacamos nestes estudos a Escola de Alexandria onde foram
realizadas importantes pesquisas ligadas às questões religiosas. Mais
modernamente, temos com Descartes, novos estudos em torno da pineal,
com descrição minuciosa desta glândula que ele considerava o centro da vida
psíquica, afirmando que : “a alma era o hóspede misterioso da pineal.” No
século XIX, alguns embriologistas relacionaram a glândula pineal com o
terceiro olho de alguns répteis lacertídeos da Nova Zelândia. Dizem alguns
cientistas, que o corpo pineal, no homem, é órgão vestigial, representante
involuído de um aparelho que era desenvolvido nos antigos vertebrados. Os
fisiologistas afirmam que a função da pineal seria o freio do desenvolvimento
sexual até a idade da puberdade. Nesta fase, o controle das gônadas (
glândulas sexuais) passaria a outra glândula, e a pineal iria atrofiando,
involuindo. O funcionamento desta glândula ainda é pouco conhecido pela
ciência médica, que apenas lhe atribui a tarefa de “travar” a evolução dos
órgãos sexuais até a puberdade. Os neurologistas situam-na à frente do
cerebelo, na região talâmica. Segundo Dr. Jorge Andréa, podemos pensar
que o primitivo olho pineal, em vez de ser um elemento regressivo com
tendências ao desaparecimento, fosse, ao contrário, elemento em
desenvolvimento. Sob este ponto de vista, o olho pineal poderia ser visto
como o ponto em que se iniciam os verdadeiros alicerces da glândula pineal,
e, como tal “ o início da Individualidade espiritual e na espécie humana a
glândula pineal responderia pelos mecanismos da meditação e do
discernimento, na reflexão e do pensamento e orientação dos fenômenos
psíquicos muito elevados.”
Na região talâmica, na base cerebral, encontram-se zonas de grande
significação que participam do sistema neuro-vegetativo. “Estudos modernos,
ainda não bem definidos, parecem traduzir a influência direta ou indireta da
epífise com os centros da base cerebral e, como tal, a glândula passaria a ter
grande participação nos fenômenos psíquicos.” Para nós, espíritas, a pineal,
segundo instruções dos Espíritos, como André Luiz, através da psicografia
de Francisco C. Xavier e de Manoel Philomeno de Miranda, através de
Divaldo Franco, e também segundo outros cientistas e estudiosos do
assunto, esta glândula, é de grande importância no processo mediúnico,
sendo considerada a responsável pela nossa vida psíquica e pela

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intermediação do plano físico com o plano espiritual. Ela preside aos
fenômenos nervosos da emotividade, como órgão de elevada expressão no
corpo espiritual ou perispírito.

A PINEAL E O SISTEMA GLANDULAR : “As glândulas de secreção interna,


conforme conceituação de Claude Bernard, produzem substâncias
apropriadas, os hormônios, com respectivo lançamento na corrente
sangüínea, a fim de exercerem influências específicas na organização física.”
O funcionamento destas glândulas sofre o direcionamento da hipófise
quanto às dosagens e aproveitamento dos hormônios. Contudo, “a glândula
pineal situada na zona medianeira dos órgãos encefálicos, por intermédio de
seus princípios, principalmente a melatonina de constante ritmo secretório,
teria uma grande influência em toda a cadeia glandular.”
“Assim, podemos concluir que:
- a pineal ocupa posição central em relação aos órgãos nervosos;
- mantém relações com a glândulas endócrinas, exercendo influência
em maior ou menor grau
- seria a orientadora da cadeia glandular, enquanto a hipófise com todo
o organismo;
- responderia pelos mais altos fenômenos da vida - “GLÂNDULA DA
VIDA ESPIRITUAL”, e por ser elemento básico e controlador das razões
emocionais, o sexo em suas manifestações dependeria de sua interferência;
- por seu intermédio, ocorreriam fatores propulsores de evolução
espiritual, como: renúncia, uso equilibrado do sexo, tolerância, abnegação,
bondade e disciplina emotiva. “A pineal seria a tela medianeira onde o
espírito encontraria os meios de aquisição dos seus íntimos valores, por um
lado, e, pelo outro, as condições para o crescimento mental do homem, em
verdadeiro ciclo aberto, inesgotável de possibilidades e potencialidades.”
Tendo a glândula pineal, estreita relação com toda a cadeia glandular do
organismo, está ligada a inúmeras funções orgânicas, direta ou
indiretamente, com acentuada relação com o setor psíquico ou mental. Dr.
Jorge Andréa a considera, por isso, o Centro Psíquico ou Centro Energético
do organismo.
“Podemos considerar a pineal como sendo a glândula da vida psíquica;
a glândula que resplandece o organismo, acorda a puberdade e abre suas
usinas energéticas para que o psiquismo humano, em seus intricados
problemas emocionais, se expresse em vôos imensuráveis.”

A PINEAL E OS CENTROS DE FORÇA OU CHACRAS : “O centro


coronário liga-se materialmente à epífise ou pineal que é a glândula da vida
espiritual do homem.” A pineal relaciona-se com o centro coronário que é a
expressão máxima do veículo perispiritual, pelo seu potencial de radiações.

52
Este centro de força, segundo os autores espirituais, liga-se diretamente com
a mente que é a sede da consciência. Recebendo em primeiro lugar os
estímulos espirituais, comandando os demais centros, vibrando com eles em
interdependência. Do centro coronário emanam as energias de sustentação
do sistema nervoso e suas ramificações, sendo responsáveis pela
alimentação das células do pensamento e o provedor de todos os recursos
eletromagnéticos indispensáveis à estabilidade orgânica. “Temos
particularmente no centro coronário o ponto de interação entre as forças
determinantes do espírito e as forças fisiopsicossomáticas organizadas.”
Segundo instruções de André Luiz, o centro coronário, instalado na
região central do cérebro, sede da mente, é “o centro que assimila os
estímulos do plano superior e orienta a forma, o movimento, a estabilidade,
o metabolismo orgânico e a vida conscencial da alma encarnada ou
desencarnada”, ligando-se materialmente à pineal ou epífise que
anatomicamente corresponde à localização referida acima. O espírito Manoel
Philomeno de Miranda reafirma este conceito na seguinte citação:
“Aplicou o mesmo recurso ao centro coronário, e logo após ao
genésico. Ativados habilmente, filamentos coloridos acionados por energia
especial, passaram a vitalizar os demais que se acenderam, como lâmpadas
mágicas circulando e vibrando numa irrigação por toda a aparelhagem
fisiológica como se as artérias, veias e vasos estivessem percorridos por
desconhecidos gás néon, que se exteriorizava em todas as direções.” E mais
adiante relata: “Fixou no centro coronário, onde se situa a epífise, a veladora
da sexualidade, os abusos anteriormente cometidos, que foram sendo
revelados, à medida que a puberdade ativava o centro genésico

A PINEAL E A MEDIUNIDADE : A percepção do ser humano não é


mecanismo puramente nervoso e sim, psíquico. Todos nós possuímos 14
bilhões de neurônios ( células nervosas) aproximadamente. Mas, nossas
percepções são variadas por não serem as sensações iguais em todos os
indivíduos, isto é, reagimos aos estímulos exteriores através dos sentidos
físicos de maneiras diferenciadas. O mesmo ocorrendo com a recepção das
energias que nos chegam através do perispírito ou das zonas do nosso
psiquismo que sofrem influências espirituais. Quem sente é o espírito e o
corpo reage sob sua influência através do perispírito.
As zonas nervosas que fornecem as sensações perceptivas
conscientes, estariam, preferencialmente, no córtex que é o cérebro
propriamente dito, isto é, constitui a camada que o envolve de
aproximadamente 1,5 a 4 mm de espessura de matéria cinzenta, composta
de neurônios. Os neurônios corticais recebem os impulsos nervosos vindos
de todas as partes do corpo e a eles respondem. O cérebro físico funciona
como um computador armazenando os conhecimentos e as experiências da

53
vida, em cada reencarnação, passando daí para o espírito, através do
perispírito.
Na base cerebral ou sub-córtex, estariam as “estações de transição
onde as influências energéticas da zona inconsciente poderiam sofrer
filtragens e adaptações para a zona consciente.”
Nesta base cerebral, a pineal teria um papel importante na percepção
espiritual e consequentemente no mecanismo do processo mediúnico. A
sintonia mental do espírito comunicante com o médium se realiza através do
perispírito e a glândula pineal seria a válvula receptora. Quanto mais evoluído
o ser mais elevada sintonia e captação de maior número de ondas ou
vibrações energéticas. A pineal iria estabelecer, neste processo, a ligação
mental dos dois planos, sempre respeitando as leis da comunicação
mediúnica. “No exercício mediúnico de qualquer modalidade, a pineal
desempenha o papel mais importante. Através de suas forças equilibradas,
a mente humana intensifica o poder de emissão e recepção de raios
peculiares à nossa esfera. É nela que reside o sentido novo dos homens,
entretanto, na grande maioria deles a potência divina dorme embrionária.”
André Luiz é o autor espiritual que fornece maiores informações em
torno da glândula pineal ou epífise. No livro Missionários da Luz, c. II., ele
descreve suas observações em torno da mediunidade, mais precisamente de
um médium durante o transe mediúnico:
“Quanto mais lhe notava as singularidades do cérebro, mais admirava
a luz crescente que a epífise deixava perceber. A glândula minúscula
transformara-se em núcleo radiante e, em derredor, seus raios formavam um
lótus de pétalas sublimes.” Examinando os demais médiuns, André Luiz
relata que, em todos, eles, a glândula pineal apresentava alguma
luminosidade, mas em nenhum brilhava com a intensidade como a observava
no médium que se prestava à comunicação. Alexandre, o instrutor espiritual
de André Luiz, passa a seguir, importantes informações em torno da pineal e
que transcreveremos resumidamente: “É a glândula da vida mental. Ele
acorda no organismo do homem na puberdade, as forças criadoras e, em
seguida continua a funcionar, como o mais avançado laboratório de
elementos psíquicos da criatura terrestre.”

PINEAL E CONTROLE EMOCIONAL: “O que representava controle é fonte


criadora e válvula de escapamento. A glândula pineal reajusta-se ao conserto
orgânico e reabre seus mundos maravilhosos de sensações e impressões na
esfera emocional.”

PINEAL E CRIATIVIDADE: Referindo-se às glândulas genitais, elucida


o instrutor: “São demasiadamente mecânicas, para guardarem os princípios
sutis e quase imponderáveis da geração. Acham-se absolutamente

54
controladas pelo potencial magnético de que a epífise é a fonte fundamental.
As glândulas genitais segregam os hormônios do sexo, mas a glândula
pineal, se me posso exprimir assim, segrega “hormônios psíquicos” ou
“unidades-força” que vão atuar, de maneira positiva, nas energias geradoras.
Os cromossomos da bolsa seminal não lhe escapam à influênciação absoluta
e determinada. “Na qualidade de controladora do mundo emotivo, sua
posição na experiência sexual é básica e absoluta. De modo geral, todos nós,
agora ou no pretérito, viciamos esse foco sagrado de forças criadoras,
transformando-o num ímã relaxado, entre as sensações inferiores de
natureza animal.”

PINEAL E HEREDITARIEDADE: “Quantas existências temos despendido


na canalização de nossas possibilidades espirituais para os campos mais
baixos do prazer materialista? Lamentavelmente divorciados da lei do uso,
abraçamos os desregramentos emocionais, e daí, a nossa multimilenária
viciação das energias geradoras, carregados de compromissos morais, com
todos aqueles a quem ferimos com os nossos desvarios e irreflexões. Do
lastimável menosprezo a esse potencial sagrado, decorrem os dolorosos
fenômenos da hereditariedade fisiológica, que deveria constituir,
invariavelmente, um quadro de aquisições abençoadas e puras.”
PINEAL E EVOLUÇÃO ESPIRITUAL: “A vontade desequilibrada desregula
o foco de nossas possibilidades criadoras. Daí procede a necessidade de
regras morais para quem, de fato, se interesse pelas aquisições eternas nos
domínios do espírito. Renúncia, abnegação, continência sexual e disciplina
emotiva não representam meros preceitos de feição religiosa. Centros vitais
desequilibrados obrigarão a alma à permanência nas situações de
desequilíbrio.” “Segregando “unidades-força” a pineal pode ser comparada a
poderosa usina que deve ser aproveitada e controlada, no serviço de
iluminação, refinamento e benefício da personalidade. É indispensável cuidar
da economia de forças em todo serviço honesto de desenvolvimento das
faculdades superiores. São muito raros ainda na Terra, os que reconhecem
a necessidade de preservação das energias psíquicas para engrandecimento
do espírito eterno.

PINEAL = GLÂNDULA DA VIDA ESPIRITUAL DO HOMEM: “Segregando


delicadas energias psíquicas, a glândula pineal conserva ascendência em
todo o sistema endocríno. Ligada à mente, através de princípios
eletromagnéticos do campo vital, que a ciência comum ainda não pode
identificar, comanda as forças subconscientes sob a determinação direta da
vontade. As redes nervosas constituem-lhes os fios telegráficos para ordens

55
imediatas a todos os departamentos celulares, e sob a sua direção
efetuam-se os suprimentos de energias psíquicas a todos os armazéns
autônomos dos órgãos.”

PINEAL E A PRESERVAÇÃO DAS ENERGIAS PSÍQUICAS: Contra os


perigos possíveis, na excessiva acumulação de forças nervosas, como são
chamadas as secreções elétricas da pineal, aconselharam aos moços de
todos os países a prática esportiva como preservativa dos valores orgânicos.
A medida, embora saudável, não atende às necessidades espirituais do
homem. Poucos homens compreendem o verdadeiro sentido da vida. “São
muito raros ainda, na terra, os que reconhecem a necessidade de
preservação das energias psíquicas para engrandecimento do espírito
eterno. O homem vive esquecido de que Jesus ensinou a virtude como
esporte da alma, e nem sempre se recorda de que, no problema de
aprimoramento interior, não se trata de retificar a sombra da substância e sim
a substância em si mesma.”
E o instrutor Alexandre conclui: “A função da epífise na vida mental é muito
importante.”

MECANISMO MEDIÚNICO: No intercâmbio mediúnico, as energias


espirituais poderão chegar diretamente ao psiquismo do médium. A
recepção destas energias do espírito comunicante irão variar de intensidade
e percepção de acordo com o aparelho receptor que é o médium. “As ondas
de energias psíquicas chegam aos jorros no inconsciente, mais precisamente
nos discos energéticos do psicossoma, sofrem elaborações e ajustamento no
centro energético da pineal e com suas próprias irradiações, jogam nas
placas dos centros nervosos as idéias que aí aportam.” As correntes mentais
vindas de um espírito comunicante, serão detectadas conforme o grau de
percepção do médium. As emissões mentais dependerão do teor vibracional
dos dois participantes do fenômeno - espírito e médium - sempre de acordo
com a evolução espiritual de cada um deles. Quando menos evoluído, mais
restrita a percepção. Dr. Jorge Andréa nos diz que “a zona ideal para o
contato inicial do médium com o espírito manifestante, seria nas correntes
centrífugas do perispírito.”
Mas de conformidade com o grau de sintonia, poderá dar-se em
qualquer das zonas do psiquismo do médium e influenciar os centros
nervosos responsáveis pelas diversas regiões cerebrais. Nesta fase do
fenômeno, a glândula pineal agiria como aferidora real da energética da
corrente mental do espírito. “A corrente espiritual do comunicante, assim
encaixada na zona perispiritual do médium e comandando os influxos
internos, atingiria a base cerebral da organização talâmica, na subcórtex,
promovendo e movimentando a arquitetura nervosa do sensível. Nesta

56
posição, o cerebelo entraria com sua função corretora do equilíbrio “vibratório
elétrico” e a glândula pineal como aferidora real da energética em
apreço.”Poderíamos, assim, de posse destas informações, colocar a
glândula pineal como parte integrante do mecanismo mediúnico. Então
teríamos: Perispírito --sistema neuro-vegetativo -----glândula pineal.
Estes seriam os fatores essenciais ao processo mediúnico.
Acomodados, sempre, às possibilidades do aparelho receptor, gerando toda
uma diversidade de manifestações mediúnicas em graus e percepções,
resultando os tipos diferenciados de faculdade mediúnica : psicofonia,
vidência, psicografia, audiência, etc.

CONCLUSÃO:

Mesmo de posse de tão importantes informações, ainda não podemos


avaliar em profundidade a função da pineal no intercâmbio mediúnico.
Quando conseguirmos situar com precisão o fenômeno mediúnico e nossos
valores psíquicos nesta intermediação, estaremos mais aptos a penetrar e
compreender o papel da pineal na mediunidade. Percebemos, contudo, que
este conhecimento está relacionado com o nosso esforço de evolução e
aprimoramento moral, refinando nossas emoções utilizando todo nosso
potencial de energias nas conquistas espirituais superiores, elevando nossa
sintonia mental e vibratória, o que nos propiciará a prática mediúnica dentro
dos valores éticos estabelecidos pela Doutrina Espírita. Recordemos sempre
no processo de sintonia com o plano espiritual superior, as sábias palavras
de Alexandre, instrutor espiritual de André Luiz:
“E em vossos serviços de fé, não intenteis fazer baixar até vós os
espíritos superiores, mas aprendei a subir até eles, conscientes de que os
caminhos de intercâmbio são os mesmos para todos e mais vale elevar o
coração para receber o infinito bem, que exigir o sacrifício dos benfeitores.”

-x-x-

57
APOSTILA N.º 05

TEMA:
OS FENÔMENOS
ANÍMICOS E
MISTIFICAÇÕES.
Referência Bibliográfica:

- O Livro dos Espíritos – FEB


- O Livro dos Médiuns - FEB.

58
- PERALVA, Martins. Animismo. Mediunidade e Evolução. 18. Ed. RJ –
FEB. 2000, p, 55-56.
- SANTOS, Jorge Andréa. Forças Anímicas e Mediúnicas. Lastro Espiritual
nos Fatos Científicos. Petrópolis, RJ, Espiritualista F.V. Lorenz, p.125.
- SCHUTEL, Caíbar. Fenômenos Anímicos e Espíritas. Médiuns e
Mediunidade. 8. Ed, Matão, SP. O Clarim, p.103.
- TEIXEIRA, José Raul. Mediunidade e Animismo. Correnteza de Luz.
Pelo espírito Camilo. Niterói. RJ. FRÁTER, 1991, p. 99.
- Mediunidade. No Mundo Maior. Pelo espírito André Luiz. 20. Ed. RJ;
FEB, 1995, p. 124.
- PROGEM – Projeto de Orientação para Grupos de Estudos da
Mediunidade, da Aliança Espírita Municipal de Juiz de Fora – MG.

(05) OS FENÔMENOS ANÍMICOS E MISTIFICAÇÕES

A Doutrina Espírita nos esclarece a respeito da existência de dois tipos de


fenômenos psíquicos, patrimônio do ser humano: os anímicos (de anima,
alma), - produzidos pelo próprio espírito encarnado, e os mediúnicos (de
médium, meio), decorrentes da intervenção de espíritos desencarnados –
que utilizam um veículo ou instrumento humano (médium) para se manifestar.
Nos fenômenos anímicos, o espírito encarnado desprende-se
momentaneamente do seu corpo físico e entra em comunicação com outros
espíritos, desencarnados ou encarnados. Durante esse desprendimento ---
o que pode ser mais ou menos duradouro ---- o espírito encarnado
desprendido ou desdobrado tem consciência das ocorrências desenvolvidas
tanto no plano físico quanto no plano espiritual podendo participar ativamente
delas.
Allan Kardec, em o Livro dos Espíritos, na sua Segunda parte, capítulo
oito, denomina os fenômenos anímicos de fenômenos de emancipação da
alma porque, nessa condição, o espírito se revela mais livre, mais
independente. Os fenômenos anímicos podem ser facilmente confundidos
com os de natureza mediúnica, por trazerem em si as impressões do
medianeiro que os veicula. É oportuno lembrar que em todo e qualquer

59
fenômeno mediúnico a presença do fator anímico é inevitável, pelo fato de o
comunicante espiritual valer-se dos elementos biológicos, psicológicos e
culturais do médium, para elaborar e exteriorizar a sua mensagem. Espera-
se que a interferência anímica não ultrapasse as linhas do admissível,
digamos, do suportável.
No estudo dos fenômenos psíquicos é importante saber distinguir
animismo de mistificação mediúnica. A mistificação mediúnica é intencional.
Significa dizer que não há um espírito comunicante. Essa condição
apresenta um dos mais sérios entraves encontrados na prática mediúnica,
capazes de preocupar e mesmo perturbar a muitos seareiros. A
preponderância do fenômeno anímico está bem caracterizado em duas
situações específicas:
a) no início da prática mediúnica, quando os canais mediúnicos estão
sendo desobstruídos pelos espíritos. Nessa situação, o médium principiante
encontra barreiras físicas paulatinamente superáveis ao longo do tempo.
b) Nas desarmonias psíquico-emocionais geradas por erros ou crimes que
a pessoa cometeu no passado, em outras existências. A pessoa imobiliza
grande coeficiente de forças do seu mundo emotivo, em torno de uma
experiência infeliz, a ponto de gerar cristalização mental não superada pelo
choque biológico do renascimento, em novo corpo físico. Fixando-se nessas
lembranças, passa a comportar-se qual se estivesse ainda no passado, que
teima em ressuscitar, agindo como se fosse um espirito que se estivesse
comunicando.
Devemos, portando, diferenciar fenômeno anímico propriamente dito,
que é a manifestação de uma faculdade psíquica natural e que faz parte das
conquistas evolutivas do ser humano, de mistificação do fenômeno
mediúnico, de forma intencional, ou da evidenciação de um desequilíbrio
psíquico originado em ações cometidas no passado, pela pessoa em
questão. Para melhor esclarecimento abordaremos o tema mistificação e
retornaremos depois nos fenômenos anímicos.

MISTIFICAÇÕES: Mistificar significa enganar, ludibriar, abusar da


credulidade alheia. O exercício correto da mediunidade requer determinadas
normas, disciplina, seriedade, propósitos elevados para que os objetivos
sejam alcançados e o fenômeno ocorra com equilíbrio. Embora todos os
cuidados que a prática mediúnica exige, nenhum médium está isento de ser
mistificado. As mistificações podem ser: inconscientes ( involuntárias) e
conscientes ( voluntárias). Diz-se que as mistificações são inconscientes ou
involuntárias quando o médium não as detecta, ou seja, quando não tem
noção de que estão ocorrendo. O espírito mistificador é, em geral, ardiloso,
astuto e, de modo proposital, tenta enganar o médium. A este respeito leciona
Kardec:

60
“A astúcia dos espíritos mistificadores ultrapassa às vezes tudo o que
se possa imaginar. A arte, com que dispõem suas baterias e combinam os
meios de persuadir, seria uma coisa curiosa, se eles nunca passassem dos
simples gracejos; porém, as mistificações podem ter conseqüências
desagradáveis para os que se achem em guarda”. A mistificação
inconsciente acontece pela inexperiência, ingenuidade, invigilância e ou falta
de estudo do médium, como também dos demais integrantes da equipe
mediúnica. Nas mistificações desse teor o médium é colocado, às vezes, em
situações ridículas, apresentando comunicações absurdas, mentirosas,
vazias em seu conteúdo, sem que se dê conta disso. Nas mistificações
conscientes ou voluntárias a comunicação é elaborada pela própria vontade
do médium com a intenção de enganar, de burlar. Em alguns casos poderá
até ser ajudado por espíritos enganadores e malévolos, com os quais se
afiniza. Mas o autor intelectual da mensagem é o médium que se dispôs a
mentir e enganar. Geralmente, as mistificações ocorrem com maior
freqüência nos fenômenos inteligentes como a psicofonia e a psicografia e
com pessoas de temperamento místico, que aceitam com facilidade e sem
exame as mensagens atribuídas aos espíritos. Pessoas crédulas que usam
a mediunidade para informações e solução de problemas materiais e
pessoais são fáceis de serem mistificadas.
“O papel dos espíritos não consiste em nos informar sobre as coisas
desse mundo, mas em vos guiar com segurança no que vos possa ser útil
para o outro mundo . Se vedes nos espíritos os substitutos dos adivinhos e
feiticeiros, é certo que sereis enganados”.

Kardec indaga aos espíritos: “Por que Deus permite que pessoas sinceras e
que aceitam o Espiritismo de boa fé, sejam mistificadas; isto não lhes
acarretaria o inconveniente de abalar a crença?
E eles respondem:
“Se isto lhes abalar a crença é porque sua fé não é sólida; quem
renuncia ao espiritismo por simples desapontamento prova que não o
compreende e não o toma em sua parte séria. Deus permite as mistificações
para provar a perseverança dos verdadeiros adeptos e punir os que fazem
do Espiritismo um objeto de divertimento”. O Codificador alerta quanto as
mistificações mais comuns:* revelação de tesouros ocultos; * anúncio de
herança ou outras fontes de riqueza; * predição com épocas determinadas; *
indicações relativas a interesses materiais; * teorias ou sistemas científicos
absurdos e ousados.
Enfim, diz-nos Kardec, tudo o que se afastar do objetivo moral das
comunicações espíritas.
Dispensando quaisquer ritos, indumentárias ou exotismos, a
mediunidade deve orientar-se em valores éticos para ser exercida com

61
responsabilidade e pureza de sentimentos, não atendendo às solicitações
escusas e levianas com que muitos tentam desviá-la de seus objetivos
nobres.

MISTIFICAÇÕES NAS REUNIÕES MEDIÚNICAS: Evidentemente, as


mistificações inconscientes constituem grande problema nas reuniões
mediúnicas que buscam realizar um trabalho sério, com boa vontade e amor,
mas que, por uma ou outra circunstância, que iremos analisar adiante, se
vêem às voltas com as comunicações de mistificadores.
O fato do médium ser mistificado, transmitindo a comunicação de um
mistificador, sem se dar conta das suas reais intenções, significa que ele está
obsidiado? Kardec responde: “Ninguém está obsidiado pelo simples fato de
ser enganado por um espírito mentiroso. O melhor médium se acha exposto
a isso, sobretudo no começo, quando ainda lhe falta a experiência
necessária, do mesmo modo que entre nós homens, os mais honestos
podem ser enganados por velhacos. Pode-se, pois ser enganado, sem estar
obsidiado”. O que caracterizaria um processo obsessivo no médium seria a
repetição constante das comunicações de mistificador. Por que ocorrem as
comunicações de espíritos mistificadores? 1º o médium as favorecem, seja
por conduta moral pouco equilibrada, por inexperiência; falta de estudo;
irresponsabilidade na tarefa mediúnica; vaidade; orgulho, etc.
2º o grupo as favorecem, quando não é uma equipe homogênea e
afinizada, havendo rivalidades, melindres, ausência de amor e sinceridade
entre os componentes, maledicência, etc.
3º como um teste, para por à prova a humildade, a vigilância e o
equilíbrio dos médiuns e de todo o grupo;
4º como ajuda ao espírito mistificador, neste caso os Mentores
permitem a comunicação do mistificador porque sabem que o grupo
mediúnico tem recursos para auxiliar no seu despertamento e
esclarecimento. São as seguintes as mistificações mais comuns nas reuniões
mediúnicas: * Espíritos supostamente guias e mentores, que através de
orientações que fogem às diretrizes já delineadas para o trabalho mediúnico
visam derrubar as defesas do grupo, afastar os componentes da reunião ou
mesmo do Centro Espírita.
* Espíritos que levam o médium a dar comunicações incoerentes,
objetivando a descrença e a desconfiança entre os integrantes e a
desacreditarem do próprio grupo. Isto poderá ocorrer, gerando
desapontamento do médium quando se descobre ludibriado ou porque se
sente desacreditado pelos companheiros da reunião.
* Espíritos obsessores que se fazem passar por sofredores ou que
disfarçam sua identidade por diversas formas, tentando enganar o grupo.

62
“Mistificadores existem que se comunicam aparentando, por exemplo,
ser um sofredor, um necessitado com a finalidade de desviar o ritmo das
tarefas e de ocupar o tempo. O médium experiente e vigilante, o grupo
afinizado, os identificarão. Mas não se pode dispensar toda a vigilância e
discernimento”..É importante ressaltar que quando a reunião mediúnica é
bem orientada, realizando um trabalho sério, perseverante, quando os seus
integrantes constituem um grupo homogêneo e afinizado onde prevaleçam o
amor, o respeito e a união, as comunicações de espíritos mistificadores serão
logo detectadas pelo doutrinador, pelo médium e pelos demais. Se isto
ocorrer, o doutrinador deve dizer ao comunicante que conhece as suas reais
intenções, buscando, em seguida esclarecê-lo de modo compatível com o
que ele declarou inicialmente.

RESPONSABILIDADE DO MÉDIUM: Sendo a reunião mediúnica “um


ser coletivo”, conforme enfatiza o Codificador, cujas qualidades e
propriedades dependem das de seus membros, não é difícil concluir que a
responsabilidade das comunicações de mistificadores não recai
exclusivamente sobre o médium - a não ser no caso de um desequilíbrio
deste ou que esteja passando por um processo obsessivo. Assim, o dirigente
deve procurar alertar, fraternalmente, o médium quanto ao que está
ocorrendo e juntos analisarem com a equipe os motivos e meios de sanarem
a questão. Infelizmente, porém, alguns médiuns não compreendem o alcance
dessas providências, que visam, inclusive, o seu próprio benefício e se
deixam dominar pelo melindre, afastando-se do trabalho.

ALGUNS RECURSOS PARA EVITAR-SE AS MISTIFICAÇÕES: Estudo


constante e metódico da Doutrina, em grupo; evangelização do médium e
dos demais integrantes; cultivo dos valores morais; mente equilibrada; senso
de autocrítica, prática da caridade; humildade; altruísmo; tolerância;
desinteresse material nas atividades mediúnicas; não alimentar conflitos e
discussões estéreis.
-x-

Os Fenômenos Anímicos

Os fenômenos anímicos autênticos, verdadeiros, entendidos como


reveladores de uma atividade extracorpórea são variáveis. Estudaremos, a
seguir, os mais conhecidos.

1 – O sonho : O sonho é a lembrança do que o espírito viu durante o sono.


A liberdade do espírito é julgada pelos sonhos. O espírito jamais está inativo.
Durante o sono, afrouxam-se os laços que o prendem ao corpo e, não

63
precisando este então da sua presença, ele se lança pelo espaço e entra em
relação mais direta com os outros espíritos. Quando o corpo repousa,
acredita-o, tem o espírito mais faculdades do que no estado de vigília.
Lembra-se do passado e algumas vezes prevê o futuro. Adquire maior
potencialidade e pode pôr-se em comunicação com os demais espíritos, quer
deste mundo, quer do outro.
Estando entorpecido o corpo, o espírito trata de quebrar seus grilhões
e de investigar no passado ou no futuro. O sono liberta a alma parcialmente
do corpo. Quando dorme, o homem se acha por algum tempo no estado em
que fica permanentemente depois da morte. Os espíritos elevados, quando
dormem, vão para junto dos que lhes são iguais ou superiores. Com estes
viajam, conversam e se instruem. Trabalham mesmo em obras que se lhes
deparam concluídas, quando volvem, morrendo na terra, ao mundo espiritual.
O sonho deles traduz-se por lembranças agradáveis e felizes.
Os espíritos inferiores vão, enquanto dormem, ou a mundos inferiores
à terra, onde os chamam velhas afeições, ou em busca de gozos quiçá mais
baixos do que os em que aqui tanto se deleitam. Os seus sonhos são
pesados, confusos, atormentados, muitos deles sob forma de pesadelos.
(voltaremos a falar de sonhos e sonhos na apostila sobre emancipação da
alma)

2 – Sonambulismo: O sonambulismo é um estado de independência do


espírito, mais completo do que no sonho, estado em que maior amplitude
adquirem suas faculdades. A alma tem então percepções de que não dispõe
no sonho, que é um estado de sonambulismo imperfeito. No sonambulismo,
o espírito está na posse plena de si mesmo. Quando se produzem os fatos
do sonambulismo, é que o espírito, preocupado com uma coisa ou outra, se
aplica a uma ação qualquer, para cuja prática necessita de utilizar-se do
corpo. Serve-se então deste, como se serve de uma mesa ou de outro objeto
material no fenômeno das manifestações físicas, ou mesmo como se utiliza
da mão do médium nas comunicações escritas.
Os fenômenos de sonambulismo natural se produzem
espontaneamente e independem de qualquer causa exterior conhecida. Mas,
em certas pessoas dotadas de especial organização, podem ser provocadas
artificialmente, pela ação do agente magnético (hipnose). O estado que se
designa pelo nome de sonambulismo magnético apenas difere do
sonambulismo natural em que um é provocado, enquanto o outro é
espontâneo. É importante não confundir sonambulismo, natural ou
provocado, com mediunidade sonambúlica. No primeiro caso ocorre um
fenômeno anímico de emancipação da alma, o espírito encarnado obra por
si mesmo. No segundo caso, os médiuns em estado de sonambulismo, são
assistidos por espíritos.

64
3 – Telepatia: A telepatia ou transmissão do pensamento é uma
faculdade anímica que ocorre entre as pessoas, independentemente de
estarem dormindo ou acordadas. O espírito comunica-se telepaticamente
porque ele não se acha encerrado no corpo como numa caixa; irradia para
todos os lados. Segue-se que pode comunicar-se com outros espíritos,
mesmo em estado de vigília, se bem que mais dificilmente.
A telepatia, é linguagem inarticulada do pensamento, é uma forma de
comunicação que dá causa a que duas pessoas se vejam e compreendam
sem precisarem dos sinais ostensivos da linguagem. Poder-se-ia dizer que
falam entre si a linguagem dos espíritos.

4 – Letargia e Catalepsia: A letargia e a catalepsia derivam do mesmo


princípio, que é a perda temporária da sensibilidade e do movimento, por uma
causa fisiológica ainda inexplicada. Diferem uma da outra em que, na
letargia, a suspensão das forças vitais é geral e dá ao corpo todas as
aparências da morte; na catalepsia, fica localizada, podendo atingir uma
parte mais ou menos extensa do corpo, de sorte a permitir que a inteligência
se manifeste livremente, o que o torna inconfundível com a morte. A letargia
é sempre natural; a catalepsia é por vezes magnética.
Alguém que estiver sob um estado letárgico, ou mesmo cataléptico, não
consegue ver ou ouvir pelos órgãos físicos, não se pode comunicar com o
mundo exterior. O espírito tem consciência de si, mas não pode comunicar-
se. Na letargia, o corpo não está morto, porquanto há funções que continuam
a executar-se. Sua vitalidade se encontra em estado latente, como a
crisálida, porém não aniquilada. Ora, enquanto o corpo vive, o espírito se lhe
acha ligado. Desde que o homem aparentemente morto, volve à vida, é que
não era completa a morte.
A letargia, segundo a medicina é uma sonolência patológica ou estupor
(estado de consciência ou de sensibilidade parcial, acompanhada por
pronunciada diminuição dos movimentos espontâneos. Mutismo sem perda
a percepção sensorial), torpor mental. Pode manifestar-se também no estado
de coma profundo, situação em que a pessoa não reage a qualquer estímulo
(luminoso, verbal, de dor, de calor, etc). nota-se que até alguns movimentos
involuntários foram comprometidos.
A catalepsia é entendida como uma doença cerebral intermitente,
caracterizada pela suspensão mais ou menos completa da sensibilidade
externa e dos movimentos voluntários, e principalmente, por uma extrema
rigidez dos músculos. (fonte: dicionário Médico BLAKISTON. Edição Andrei.
SP.)

65
5 – Êxtase: O êxtase é o estado em que a independência da alma, com
relação ao corpo, se manifesta de modo mais sensível e se torna, de certa
forma, palpável. No sonho e no sonambulismo, o espírito anda em giro pelos
mundos terrestres. No êxtase, penetra em um mundo desconhecido, o dos
espíritos etéreos, com os quais entra em comunicação, sem que, todavia, lhe
seja lícito ultrapassar certos limites, porque, se os transpusesse totalmente,
se partiriam os laços que o prendem ao corpo. Cerca-o então resplendente e
desusado fulgor, inebriam-no harmonias que na terra se desconhecem,
indefinível bem estar o invade.
No estado de êxtase, o aniquilamento do corpo é quase completo. Fica-
lhe somente, pode-se dizer, a vida orgânica. Sente-se que a alma se lhe acha
presa unicamente por um fio.

6 – Bicorporeidade: Na bicorporeidade, o espírito afasta-se do corpo,


tornando-se visível e tangível. Enquanto isso, o corpo permanece
adormecido, vivendo a vida orgânica. Isolado do corpo, o espírito de um
encarnado pode, como de um morto, mostrar-se com todas as aparências
da realidade. Demais pode adquirir momentânea tangibilidade. Este
fenômeno, conhecido pelo nome de bicorporeidade, foi que deu azo às
histórias de homens duplos, isto é, de indivíduos que foram vistos em dois
lugares diferentes e se chegou a comprovar.
Antônio de Pádua, padre italiano canonizado pela igreja católica, e
Eurípedes Barsanulfo, espírita mineiro de Sacramento, são dois grandes
exemplos de espíritos que, quando encarnados, possuíam, em grau de
elevado desenvolvimento, esse tipo de fenômeno anímico.

7 – Dupla vista ou Segunda vista: É a faculdade graças à qual quem a


possui vê, ouve, e sente além dos limites dos sentidos humanos. Percebe o
que existe até onde estende a alma a sua ação. Vê, por assim dizer, através
da vista ordinária e como por uma espécie de miragem.
No momento em que o fenômeno da segunda vista se produz, o estado
físico do indivíduo se acha sensivelmente modificado. O olhar apresenta
alguma coisa de vago. Ele olha em ver. Toda a sua fisionomia reflete uma
como exaltação. Nota-se que os órgãos visuais se conservam alheios ao
fenômeno, pelo fato de a visão persistir mau grado à oclusão dos olhos.

8 – Transfiguração: O fenômeno consiste na mudança do aspecto de um


corpo vivo. A transfiguração, em casos, pode originar-se de uma simples
contração muscular, capaz de dar à fisionomia expressão muito diferente da
habitual ao ponto de tornar quase irreconhecível a pessoa. A mais bela que
temos noticia foi, sem dúvida, a de Jesus, no Tabor, ocorrida em presença
dos apóstolos Pedro, Tiago e João. (Mateus, 17: 1 – 9) Segundo o texto

66
evangélico, no momento da transfiguração, o rosto de Jesus resplandeceu
como o sol, suas vestes se tornaram brancas como a neve.
Concluindo, os fenômenos anímicos são tão importantes quanto os
mediúnicos, uma vez que ambos fazem parte da estrutura psíquica da
espécie humana. Se é certo afirmar que todo o fenômeno mediúnico tem o
seu componente anímico, é igualmente correto dizer que os fenômenos
anímicos são secundados por ação espiritual. É difícil, para não dizer
impossível, estabelecer limites onde começa um e onde termina o outro.
Devemos estar atentos para não dificultar ou, até mesmo inviabilizar a prática
mediúnica, temerosos das mistificações ou do conteúdo anímico das
mensagens mediúnicas.
A tese animista é respeitável. Partiu de investigadores conscienciosos
e sinceros, e nasceu para coibir os prováveis abusos da imaginação;
entretanto, vem sendo usada cruelmente pela maioria dos nossos
colaboradores encarnados, que fazem dela um órgão inquisitorial, quando
deveriam aproveitá-la como elemento educativo, na ação fraterna. Milhares
de companheiros fogem do trabalho, amedrontados, recuam ante os
percalços as iniciação mediúnica, porque o animismo se converteu em
Cérbero (guarda severo, intratável; Cerberus: cão de três cabeças que,
segundo a mitologia latina, guardava a porta do inferno). Afirmações sérias e
edificantes, tornadas em opressivo sistema, impedem a passagem dos
candidatos ao serviço pela gradação natural do aprendizado e da aplicação.
Reclama-se deles precisão absoluta, olvidando-se lições elementares da
natureza. Recolhidos ao castelo teórico, inúmeros amigos nossos, em se
reunindo para o elevado serviço de intercâmbio com a nossa esfera, não
aceitam comumente os servidores, que hão de crescer e a aperfeiçoar-se
com o tempo e com o esforço.
Os fenômenos mediúnicos em suas múltiplas apresentações, no início
dos grupos humanos, mostraram sua origem, praticamente, como resultado
de ampliações anímicas. Os pensamentos, os sonhos, as lucubrações em
face dos acontecimentos externos foram propiciando verdadeiras expansões
de consciência, como que procurando sintonizar com o mundo espiritual.
Com a evolução da humanidade, os fenômenos mediúnicos se foram
alargando e tornando-se mais consistentes; isto é, os fenômenos mediúnicos,
bastante misturados com as fontes anímicas do mais sensíveis, se foram
tornando mais independentes e cada vez mais apurados. Assim, o médium,
com o tempo, saberá perfeitamente avaliar, em suas íntimas sensações, as
oscilações entre os fenômenos anímicos e os mediúnicos.

Identificação dos fenômenos anímicos e mediúnicos: critério


avaliativos.

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Uma das maiores dificuldades que o médium encontra para a
realização da sua tarefa -- sobretudo se ele é iniciante --- diz respeito à
origem das comunicações. Eis por que, apesar de estarmos informados
sobre a existência de dois fenômenos psíquicos distintos, os anímicos e os
mediúnicos, surgem, naturalmente, algumas perguntas. É possível ao
espírita avaliar se o fenômeno é de origem mediúnica ou anímica? Sob a
evocação de certas imagens, o pensamento do médium não se tornaria
sujeito a determinadas associações, interferindo automaticamente no
intercâmbio entre os homens da terra e os habitantes do Além? Nos
fenômenos espíritas ou sonambúlicos, qual o limite onde cessa a ação
própria da alma e começa a dos espíritos?
Em relação a essas dificuldades, Allan Kardec observa o seguinte:
É por vezes muito difícil distinguir, num dado efeito, o que provém
diretamente da alma do médium do que promana de uma causa estranha
(espírito desencarnado), porque com freqüência as duas ações se
confundem e convalidam. É assim que nas curas por imposição das mãos, o
espírito do médium pode atuar por si só, ou com a assistência de outro
espírito; que a inspiração poética ou artística pode ter dupla origem. Mas, do
fato de ser difícil fazer-se uma distinção como essa não se segue seja
impossível. Não raro, a dualidade é evidente e, em todos os casos, quase
sempre ressalta de atenta observação.
Feitas essas considerações, somos levados a admitir que as respostas
às indagações feitas acima têm, necessariamente, que passar pelo estudo
do pensamento, da mente e das sintonias mentais.
Segundo o espírito Emmanuel, o pensamento é força criativa, a
exteriorizar-se, da criatura que o gera, por intermédio de ondas sutis, em
circuitos de ação e reação no tempo, sendo tão mensurável como o fotônio
que, arrojado pelo fulcro luminescente que o produz, percorre o espaço com
velocidade determinada, sustentando o hausto fulgurante da Criação. A
mente humana é um espelho de luz, emitindo raios e assimilando-os. Assim,
em matéria de mediunidade, não nos esqueçamos do pensamento.
Caminhamos, ao influxo de nossas próprias criações, seja onde for.
A gravitação no campo mental é tão incisiva, quanto na esfera da
experiência física. Desse modo, servindo ao progresso moral, move-se a
alma na glória do bem. Emparedando-se no egoísmo, arrasta-se em
desequilíbrio, sob as trevas do mal. É indispensável ajuizar quanto à direção
dos próprios passos, de modo a evitarmos o nevoeiro da perturbação e a dor
do arrependimento. Imaginar é criar. E toda criação tem vida e movimento,
ainda que ligeiros, impondo responsabilidade à consciência que a manifesta.
E como a vida e o movimento se vinculam aos princípios de permuta, é
indispensável analisar o que damos, a fim de ajuizar quanto àquilo que
devemos receber.

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Em outras palavras, é fundamental que aprendamos a nos conhecer, a
fim de saber distinguir as idéias, ou pensamentos que nos são próprios,
daqueles que pertencem a outrem. Para que se possa distinguir se é o
espírito do médium ou outro que se comunica, é necessário observar a
natureza das comunicações através das circunstâncias e da linguagem. Tudo
isso, entretanto, demanda tempo e aprendizado.
Figuremos o médium como sendo uma ponte a ligar duas esferas, entre
as quais se estabeleceu aparente solução de continuidade, em virtude da
diferenciação da matéria do campo vibratório. Para ser instrumento
relativamente exato, é-lhe imprescindível haver aprendido a ceder, e nem
todos os artífices da oficina mediúnica realizam, a breve trecho, tal aquisição,
que reclama devoção à felicidade do próximo, elevada compreensão do bem
coletivo, avançado espírito de concurso fraterno e de serena superioridade
nos atritos com a opinião alheia.
No mediunismo comum o colaborador servirá com a matéria mental que
lhe é própria, sofrendo-lhe as imprecisões naturais diante da investigação
terrestre. O médium, sobretudo o iniciante, não dispõe de recursos precisos
para determinar o limite da sua própria ação e o que se origina na atuação
dos desencarnados. O importante é que a pessoa busque sempre a prática
do bem, em benefício do próximo, por meio da sua reforma moral e do estudo
constante, de maneira a se tornar instrumento da paz e do progresso. Com o
tempo irá aprendendo a distinguir o que é dos espíritos daquilo que lhe é
próprio.
A mente sintonizada com o bem não deve preocupar-se com os fatos
anímicos, uma vez que estes estarão sempre mesclados aos fenômenos
mediúnicos, pelo fato de o comunicante espiritual valer-se dos elementos
biológicos, psicológicos e culturais do médium, para elaborar e exteriorizar a
sua mensagem. É por isso que, apesar de diversos espíritos se manifestarem
pelo mesmo médium, as comunicações recebidas trazem o cunho pessoal
dele, quanto à forma e ao estilo. E, segundo esclarecimento prestado pelos
espíritos Erasto e Timóteo, seja qual for a diversidade dos espíritos que se
comunicam com o médium, os ditados que este obtém, embora procedendo
de espíritos diferentes, trazem, quanto à forma e ao colorido, o cunho que lhe
é pessoal. Com efeito, se bem o pensamento lhe seja de todo estranho; se
bem o assunto esteja fora do âmbito em que ele habitualmente se move; se
bem o que nós queremos dizer não provenha dele, nem por isso deixa o
médium de exercer influência, no tocante à forma , pelas qualidades e
propriedades inerentes à sua individualidade.
Além do mais, a fenomenologia anímica, quanto às suas percepções-
sensações na zona consciente, pode desembocar numa condição de bem-
estar, equilíbrio e paz, ou, de modo diverso, como sensações pesadas,
ensombradas, negativas e doentias; tudo a depender da fonte interna do

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espírito que se expandiu e refletiu na zona consciente. Conforme a fonte de
origem, de fulcros ainda defeituosos ou já construídos, teríamos as diversas
tonalidades de manifestações.
Assim, para que o médium esteja seguro quanto à natureza das
comunicações, isto é, se são elas anímicas ou mediúnicas, é imprescindível
que ele aprenda a se conhecer; que estude com afinco não apenas os
assuntos pertinentes à mediunidade, mas os outros pontos básicos da
Doutrina Espírita; que não se descuide da reforma interior, colocando em
prática os ensinos do Evangelho, e que tenha perseverança no seu trabalho.

-x-x-

APOSTILA N.º 06

TEMA:

O TRANSE MEDIÚNICO.

Referência Bibliográfica:

- O Livro dos Médiuns – FEB.


- CERVIÑO, Jayme. Além do Inconsciente. 4. Ed. RJ – FEB, 1996, p. 17 –
O transe.
- DENIS, Léon. No Invisível. RJJ. FEB – 1998, cap. 19, 9. 273.
- XAVIER, Francisco Cândido. Nos domínios da Mediunidade. Pelo espírito
André Luiz. FEB, 1998. Cap. 5, p. 51. Assimilação de correntes mentais.

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(06) O TRANSE MEDIÚNICO

1 – Conceito de transe mediúnico

O transe mediúnico caracteriza-se por um estado de dissociação ou


alteração da consciência, estado especial, específico, situado entre a vigília
e o sono, e favorece acesso aos arquivos da subconsciência.
Etimologicamente, traz o significado de crise, de momento crítico.
É um estado considerado de “baixa tensão psíquica, com o
estreitamento do campo da consciência”. Nessas condições, sempre ocorre
uma dissociação do psiquismo, que é perceptível pela forma como o médium
se exprime, gesticula ou direciona o olhar. Sabe-se, porém, que nos transes
mais leves ou em médiuns que dominam com mais presteza o fenômeno,
nem sempre é possível identificar sinais exteriores que denunciem alguém
sob transe.
É importante compreender que “o estado de transe não significa a
supressão, mas a interiorização da consciência”. Isso porque a consciência,
no estado normal, é acanhada; no desprendimento (pelo transe) é vasta e
profunda. É verdade que a consciência normal não conserva todas as
impressões recolhidas pelos sentidos. Muitas sensações e conhecimentos
ficam na aparência esquecidos; mas são realmente arquivados na
consciência profunda (subconsciente).
Assim é que em situações específicas, tais como: ação influenciadora
de uma entidade espiritual; grande esforço intelectual; impacto provocado por
emoção, ou ainda, durante o sono, podemos mergulhar no nosso
inconsciente e extrair daí lembranças de experiências significativas, para nós
próprios ou, no caso, para a prática mediúnica, na transmissão da mensagem
do espírito comunicante.

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O mergulho no inconsciente, ainda que breve, e o acesso às
lembranças ali arquivadas – independentemente de se estar sob a ação de
uma entidade desencarnada --- produzem diminuição da tensão psíquica, em
decorrência da dissociação da consciência, conduzindo a pessoa ao transe.

Mecanismo do transe

O mecanismo básico do transe consiste, possivelmente, numa onda


inibitória que “varre” a superfície cerebral. O transe pode colocar o indivíduo
em contato mais íntimo consigo mesmo, com a sua personalidade integral
subconsciente.
Não é muito fácil compreender o mecanismo básico do transe. Sabe-
se, por exemplo, que sob qualquer forma e grau em que se manifeste, há
sempre um conteúdo anímico da pessoa que está sob a sua ação. É o que
ocorre quando o transe é de origem mediúnica. Mesmo quando o médium
entra em transe profundo, não se recordando depois do conteúdo da
mensagem que transmitiu, percebe-se que o espírito comunicante retira dos
arquivos mentais do seu intermediário encarnado os elementos necessários
para produzir a comunicação.
A dificuldade está em entender como o espírito tem acesso aos
arquivos da memória. Como tudo ocorre em nível mental, seja do espírito
comunicante, seja do médium, pode-se apenas lançar hipóteses sobre a
ocorrência do fenômeno. Está claro que o perispírito exerce papel
fundamental no processo.
Esse acesso que os espíritos fazem ao inconsciente do médium,
naturalmente com permissão deste, é claramente observado nas
comunicações mediúnicas em línguas estrangeiras, línguas em que, muitas
vezes, o médium não sabe se expressar, na atual encarnação.

O transe pode manifestar-se sob as seguintes formas:

a) Aideico --- palavra originária de aideísmo, que é a anomalia psíquica que


se caracteriza pela completa ausência de idéias ou de processos ideativos.
Espécie de confusão mental. Não caracteriza o fenômeno mediúnico ou o
anímico. É considerado transe porque revela um estado alterado de
consciência.
b) Passivo ---- é um estado psicofisiológico em que o paciente fica na mais
completa passividade, atendendo a sugestões, boas ou más, dos espíritos
ou do magnetizador encarnado. O médium sonambúlico, ou aquele preso de
obsessões graves, entra neste estado de passividade.

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c) Ativo --- é um estado psicofisiológico em que o médium fica em atitude
ammis ou menos ativa, com conhecimento do que se passa ao seu derredor
e tomando pequenas providências para a boa consecução do fenômeno.

2 – Grau do transe mediúnico

O transe pode ser superficial ou profundo e, entre um extremo e outro,


há uma gradação infinita: são os transes parciais.

A) Transe superficial ---- não existe amnésia. O médium se recorda


de todos os acontecimentos, colaborando diretamente no entendimento e na
transmissão da mensagem do espírito comunicante. Se é médium
principiante, costuma ter dúvidas se de fato ocorreu um transe mediúnico.
B) Transe profundo --- raramente as recordações dos acontecimentos
decorrentes do transe profundo chegam à consciência do médium. No
entanto, em decorrência da prática mediúnica, e possível não ocorrer
amnésia total, pois alguma coisa pode ser lembrada. É importante saber que,
mesmo no estado de transe muito profundo, o médium não perde totalmente
a ligação com a consciência. Ao contrário, “algo não se extingue e permanece
vigilante, à maneira de sistema secundário, porém não menos ativo”. Há uma
lembrança subliminar porque o espírito está ligado ao corpo devido ao estado
de encarnação.
Esses são os argumentos para se denominar o transe profundo de
sonambulismo. Nessa situação, o médium é suscetível de sugestibilidade,
dificilmente se recordando da sugestão que lhe foi feita. O esquecimento da
sugestão dada chama-se amnésia lacunar. Nos transes profundos, o médium
entra em um estado de passividade maior. Isso é claramente observado nos
médiuns psicofônicos. Nesse caso, o médium falante geralmente se exprime
sem ter consciência do que diz e muitas vezes diz coisas completamente
estranhas às suas idéias habituais, aos seus conhecimentos e, até, fora do
alcance de sua inteligência. Embora se ache perfeitamente acordado e em
estado normal (de transe), raramente guarda lembrança do que diz.

c) Transes parciais ---- representam gradações do estado de rebaixamento


psíquico. Os transe parciais, também chamados semiconscientes, conduzem
o médium, ou para o estado de memória desperta em relação a alguns
acontecimentos, ou para o de lembrança apagada em relação a outros. Às
vezes, o médium se recorda da mensagem do espírito comunicante nos
momentos imediatos à comunicação, esquecendo-a completamente com o
passar do tempo.

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O certo é que não sabemos esclarecer com precisão por que certos detalhes
às vezes menos importantes são lembrados, enquanto que outros, mais
importantes, são esquecidos.

3 – Etapas do transe mediúnico

Podem ser resumidas em duas: indução ao transe e transe


propriamente dito.
a) Indução ao transe mediúnico ---- Ocorre por ações ao nível do córtex
cerebral( ou região cortical do cérebro: (medicina) camada cinzenta externa
do cérebro. (neurologia) zona funcional do cérebro). E dos lobos frontais (
parte do hemisfério cerebral situada na frente do sulco central do cérebro e
acima do sulco lateral. Local mais ou menos situado acima das sobrancelhas,
na testa).
Estas ações afastam o médium do estado de alerta ou consciencial. As
condições propícias ao transe são basicamente, as seguintes:
- ambiente físico: local da reunião tranqüilo, silencioso, limpo, agradável,
luminosidade indireta, música suave, conversação digna, entre outras;
- clima psicológico propício: diz respeito às emanações mentais
existentes no recinto da reunião mediúnica, provocadas pela vontade dos
encarnados e desencarnados, no sentido de servir e auxiliar o próximo com
conhecimento e bondade;
- emanações fluídicas favoráveis: as energias irradiantes da prece, das
mentalizações (irradiações mentais) associadas às energias oriundas do
plano espiritual, produzidas pelos benfeitores espirituais, saturam o ambiente
e afetam diretamente a mente do médium, induzindo-o ao transe.
Existem outras formas de indução ao transe mediúnico. A título de
exemplo, lembramos que “nos cultos afro-brasileiros prevalecem estímulos
mais fortes – os atabaques , os pontos cantados – sempre ritmados e
monótonos, que terminam por suscitar a onda inibitória cortical. Trata-se,
evidentemente, de uma técnica menos requintada. A metodologia
Kardequiana vale-se de recursos verbais e psicológicos, dirige-se aos lobos
frontais.

b) Transe propriamente dito --- ocorre, também, por inibição do córtex


cerebral e dos lobos frontais.
- inicia-se pela concentração -- que conduz ao rebaixamento de tensão
psíquica( o médium fica como que desligado) e se completa com a sintonia
estabelecida entre o médium e entidade comunicante. Nesse estágio de
sintonia, o médium fixa a sua atenção numa idéia ou imagem mental
transmitida pelo espírito comunicante. Capta, igualmente, as emoções e o
estado psicológico da entidade que deseja-se comunicar-se. O médium sabe

74
o que acontece ao seu redor e pode responder a indagações das pessoas
encarnadas.
- Acesso aos arquivos espirituais com retirada de
lembranças/experiências. Esse acesso pode ser feito: 1 – pelo espírito
comunicante, com anuência do médium: é o que ocorre nas manifestações
de espíritos esclarecidos; 2 – pelo espírito comunicante necessitado, em
trabalho conjunto com as entidades esclarecidas e com a permissão do
medianeiro.
Para que os arquivos espirituais do médium sejam acionados, é
necessário que ele esteja em estado de maior dissociação psíquica, estado
este situado entre a vigília e o sono. Nesse estado, se alguém fala com o
médium, ele pode não escutar, porque está profundamente ligado à mente
do comunicante. No entanto, se for tocado fisicamente, pode se assustar e
perder o contato com a entidade desencarnada.
- A manifestação mediúnica --- Nessa etapa, o médium concorda com a
comunicação do espírito, permitindo a transmissão da mensagem, seja por
psicofonia, psicografia, vidência etc. os médiuns conscientes agem mais
como um intérprete do pensamento do desencarnado. Os médiuns
semiconscientes interpretam as idéias dos espíritos, mas também permitem
que expressões ou comportamentos sejam expressos. Os médiuns
inconscientes ficam mais à mercê do espírito comunicante, assistindo-o ou
seguindo sua manifestação a distância. A interferência no teor da mensagem
é mínima.
-x-

75
APOSTILA N.º 07

TEMA:

A PRÁTICA MEDIÚNICA.
Referência Bibliográfica:

- O Livro dos Médiuns – Obras Póstumas - FEB.


- BACCELLI, Carlos A. Médiuns Principiantes. Mediunidade e Doutrina.
Pelo espírito Odilon Fernandes. Araras, SP. IDE. 1990, p. 87-88.
- FRANCO, Divaldo Pereira. Mediunidade. Estudos Espíritas. Pelo espírito
Joanna de Ângelis. 6. Ed, RJ – FEB. 1995, p. 138.
- Ser Médium, Médiuns e Mediunidade. Pelo espírito Vianna de Carvalho.
2. Ed, Niterói, RJ. Arte e Cultura, 1991, p.38.
- PERALVA, Martins, Eclosão Mediúnica. Mediunidade e Evolução. 8. Ed.
RJ. FEB – 2000, p, 19.
- PIRES, J. Herculano. Conceito de Mediunidade. Mediunidade. SP.
Paidéia, 1986, p. 11.
- XAVIER, Francisco Cândido, e VIEIRA, Waldo. Médiuns Iniciantes.
Estude e Viva. Pelos espíritos André Luiz e Emmanuel. 8. Ed, RJ. FEB.
1996, p. 210.

76
- Força Mediúnica. Seara do Médiuns. Pelo espírito Emmanuel. 11. Ed,
RJ. FEB, 1998, p.56.
- Mediunidade no leito da morte. Nos Domínios da Mediunidade. Pelo
espírito André Luiz. 27. Ed. RJ. FEB – 2000 – p. 199 a 208.

(07) A PRÁTICA MEDIÚNICA

A mediunidade, sendo uma faculdade natural, eclode ou surge na


época apropriada, definida no planejamento reencarnatório do indivíduo.
Natural, aparece espontaneamente, mediante constrição segura, na qual os
desencarnados de tal ou qual estágio evolutivo convocam à necessária
observância de suas leis, conduzindo o instrumento mediúnico a precioso
labor por cujos serviços adquire vasto patrimônio de equilíbrio e iluminação,
resgatando, simultaneamente, os compromissos negativos a que se encontra
enleado desde vidas anteriores.
Outras vezes surge como impositivo provacional mediante o qual é
possível mais ampla libertação do próprio médium, que, em dilatando o
exercício da nobilitação a que se dedica, granjeia consideração e títulos de
benemerência que lhe conferem paz.
Sem dúvida, poderoso instrumento pode converter-se em lamentável
fator de perturbação, tendo em vista o nível espiritual e moral daquele que se
encontra investido de tal recurso. A eclosão mediúnica pode, então, ocorrer
sob duas formas: 1- espontânea – não gerando maiores desconfortos, quer
físicos quer emocionais, ao médium iniciante; 2 – provacional – o médium
apresenta descompassos emocionais que atingem a sua organização física.
Podem ocorrer perturbações espirituais. Essa última é a forma mais comum
do surgimento da mediunidade no estado evolutivo em que ainda nos
encontramos. O presente estudo se deterá mais nesse aspecto.
O surgimento da faculdade mediúnica não depende de lugar, idade,
condição social ou sexo. Pode surgir na infância, adolescência ou juventude,
na idade madura ou na velhice. Pode revelar-se no Centro Espírita, em casa,
em templos de quaisquer denominações religiosas, no materialista.
Os sinais ou sintomas que anunciam a mediunidade variam ao infinito.
Reações emocionais insólitas. Sensação de enfermidade, só aparente.
Calafrios e mal-estar. Irritações estranhas. Quando do aparecimento da

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mediunidade, surgem distúrbios vários, sejam na área orgânica, através de
desequilíbrios e doenças, ou mediante inquietações emocionais e
psiquiátricas, por debilidade da sua (do médium) constituição fisiopsicológica.
Não é a mediunidade que gera o distúrbio no organismo, mas a ação fluídica
dos espíritos que favorece a distonia ou não, de acordo com a qualidade de
que esta se reveste.
Por outro lado, quando a ação espiritual é salutar, uma aura de paz e
de bem-estar envolve o medianeiro, auxiliando-o na preservação das forças
que o nutrem e sustentam durante a existência física. Ao analisar as
condições de surgimento da mediunidade no ser humano, podemos afirmar
que ela aparece e se desenvolve de forma cíclica, ou seja, processa-se por
etapas sucessivas, em forma de espiral. As crianças a possuem, por assim
dizer, à flor da pele, mas resguardada pela influência benéfica e controladora
dos espíritos protetores, que as religiões chamam de anjos da guarda, nessa
fase infantil as manifestações mediúnicas são mais caráter anímico; a criança
projeta a sua alma nas coisas e nos seres que a rodeiam, recebe as intuições
orientadoras dos seus protetores, às vezes vê e denuncia a presença de
espíritos e não raro transmite avisos e recados dos espíritos aos familiares,
de maneira positiva e direta ou de maneira simbólica e indireta.
Independente da persistência do fenômeno mediúnico, a criança deve
ser encaminhada a Evangelização Espírita, para ser auxiliada mais
efetivamente. Com o crescimento, a criança vai-se desligando cada vez mais
do mundo espiritual, passando a se envolver com as ocorrências do plano
físico e, em conseqüência, as manifestações mediúnicas vão-se
escasseando. Fecha-se o primeiro ciclo mediúnico. Considera-se então que
a criança não tem mediunidade, a fase anterior é levada à conta da
imaginação e da fabulação infantis.
É geralmente na adolescência, a partir dos doze ou treze anos, que se
inicia o segundo ciclo. No primeiro ciclo só se deve intervir no processo
mediúnico com preces e passes, para abrandar as excitações naturais da
criança, quase sempre carregadas de reminiscências estranhas do passado
carnal ou espiritual. Na adolescência o seu corpo já amadureceu o suficiente
para que as manifestações mediúnicas se tornem mais intensas e positivas.
É tempo de encaminhá-la com informações mais precisas sobre o problema
mediúnico. O passe, a prece, as reuniões de estudo doutrinário são os meios
de auxiliar o processo (da eclosão da mediunidade), sem forçá-la, dando-lhe
orientação necessária.
O terceiro ciclo ocorre geralmente na passagem da adolescência para
a juventude, entre os dezoito e vinte e cinco anos. É tempo, nessa fase, dos
estudos sérios do Espiritismo e da Mediunidade, bem como da prática
mediúnica livre, nos centros e grupos espíritas.

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Há ainda um quarto ciclo, correspondente a mediunidades que só
aparecem após a maturidade, na velhice ou na sua aproximação. Trata-se de
manifestações que se tornam possíveis devido às condições da idade:
enfraquecimento físico, permitindo mais fácil expansão das energias
perispiríticas; maior introversão da mente, com a diminuição de atividades da
vida prática, estado de apatia neuropsíquica, provocado pelas mudanças
orgânicas do envelhecimento. Esse tipo de mediunidade tardia tem pouca
duração, constituindo uma espécie de preparação mediúnica para a morte.
Restringe-se a fenômenos de vidência, comunicação oral, intuição,
percepção extra-sensorial e psicografia.
É muito comum, nos momentos próximos à desencarnação, a
ampliação das faculdades mediúnicas, sobretudo pela percepção de
entidades espirituais. Podem ser momentos de grande beleza e alegria, se o
espírito cultivou o bem, ao longo da encarnação. Pode, no entanto,
representar sofrimento para a criatura que não soube conquistar valores
positivos, durante a experiência terrestre. O momento da eclosão da
faculdade mediúnica no espírito encarnado é de fundamental importância,
uma vez que essa faculdade poderá proporcionar benefícios ao próprio
encarnado e ao próximo, se bem orientada e amparada fraternalmente.
Deve-se considerar, no entanto, que nem sempre a pessoa é
convenientemente assistida logo que desabrocham suas faculdades
mediúnicas; seja por ignorância a respeito do assunto, o que é mais comum,
seja por desinteresse ou desatenção dos familiares ou dos amigos.
O certo é que, no início do seu desenvolvimento, os médiuns enfrentam
muitos conflitos. Às vezes, não têm o menor conhecimento da doutrina e
nunca sequer transpuseram as portas de um Centro Espírita. Depois de
tentarem solucionar os seus problemas pelos métodos convencionais
(médicos e psicológicos) eis que recorrem, em última instância, ao
Espiritismo. Quando acontece assim, esses irmãos chegam completamente
desnorteados à Casa Espírita, ainda sob o guante dos preconceitos religiosos
que alimentaram por muito tempo.
Devidamente orientados para um tratamento espiritual através de
passes e reuniões de estudos evangélicos, revelam-se incrédulos, exigindo
que o Espiritismo lhes resolva as dificuldades de um instante para outro!
Perguntam por um Centro que seja mais forte....Dizem não acreditar na
influência dos espíritos...... afirmam que não querem ser médiuns..
É natural que seja assim, porque se encontram em desequilíbrio
psicológico. O dirigente espírita, ou aquele a quem couber a tarefa, necessita
ter paciência e conquistar-lhe a confiança. Em outras ocasiões, os médiuns
iniciantes por revelarem-se fascinados pelo entusiasmo excessivo, diante do
impacto das revelações espirituais que os visitam de jato, solicitam o

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entendimento e apoio dos irmãos experimentados, para que não se percam,
através de engodos brilhantes.
As Casas Espíritas oferecem campo para estudo e educação da
mediunidade a todos aqueles que desejam servir na seara do Cristo nessa
área. Auxiliar o médium na tarefa de desenvolver a sua faculdade mediúnica
em benefício do próximo e de si mesmo não é tarefa fácil. Exige do dirigente
espírita não apenas devotamento e esse gênero de atividade, mas lucidez
mental para auxiliar, com bondade e paciência, a criatura que apresenta a
mediunidade que eclodiu em bases provacionais. Devem compreender os
dirigentes espíritas, sobretudo, que, no início da mediunidade, os médiuns
topam com o escolho de terem de haver-se como espíritos inferiores e devem
dar-se por felizes quando são apenas espíritos levianos. Toda atenção
precisam pôr em que tais espíritos não assumam predomínio, porquanto, em
acontecendo isso, nem sempre lhes será fácil desembaraçar-se deles. É
ponto esse de tal modo capital, sobretudo em começo, que, não sendo
tomadas as precauções necessárias, podem perder-se os frutos das mais
belas faculdades.
É fundamental que os orientadores espíritas, empenhados no trabalho
de estudo e educação mediúnica, tenham consciência do que representa
essa prática para saber auxiliar acertadamente. O orientador necessita
conhecer com segurança a Doutrina Espírita e as sutilezas da prática
mediúnica; deve ser alguém que busca vivenciar os ensinos evangélicos,
para poder transmitir ao médium iniciante respostas esclarecedoras às suas
dúvidas e conforto moral às suas alterações emocionais ou afetivas. A
criatura, cuja faculdade mediúnica eclodiu, e que se dispôs a iniciar o seu
exercício, dever ter consciência da importância e da significação dessa
faculdade. Por isso mesmo, os amigos desencarnados, sempre que
responsáveis e conscientes dos próprios deveres diante das Leis Divinas,
estarão entre os homens exortando-os à bondade e ao serviço, ao estudo e
ao discernimento, porquanto a força mediúnica, em verdade, não ajuda e
nem edifica quando esteja distante da caridade e ausente da educação.

1 - O papel da Mente

Sabemos que se acha a mente na base de todas as manifestações


mediúnicas, quaisquer que sejam os característicos em que se expressem.
Refletimos as imagens que nos cercam e arremessamos na direção dos
outros as imagens que criamos. E, como não podemos fugir ao imperativo da
atração, somente retrataremos a claridade e a beleza, se instalarmos a
beleza e a claridade no espelho de nossa vida íntima.
Se o homem pudesse contemplar com os próprios olhos as correntes
de pensamento, reconheceria, de pronto, que todos vivemos em regime de

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comunhão, segundo os princípios da afinidade. A associação mora em todas
as coisas, preside a todos os acontecimentos e comanda a existência de
todos os seres. No plano da Vida Maior, vemos os sóis carregando os
mundos na imensidade, em virtude da interação eletromagnética das forças
universais. Assim também a vida comum, a alma entra em ressonância com
as correntes mentais em que respiram as almas que se lhe assemelham. É
que o sentindo, mentalizando, falando ou agindo, sintonizando-nos com as
emoções e idéias de todas as pessoas, encarnadas ou desencarnadas, da
nossa faixa de simpatia.
Pensando, conversando ou trabalhando, a força de nossas idéias,
palavras e atos alcança, de momento, um potencial tantas vezes maior
quantas sejam as pessoas encarnadas ou não que concordem conosco. É
dessa forma que podem ocorrer as comunicações mediúnicas entre o espírito
desencarnado ou comunicante e o encarnado ou médium. Podemos afirmar
que o intercâmbio mediúnico é resultante de uma percepção ocorrida além
da matéria (percepção extra-sensorial), seguida de uma sintonia, onde se
captam as emoções e as idéias do desencarnado.
É importante entender que a percepção, a sintonia e a captação
referidas acima, se fazem por intermédio das correntes ondulatórias do
pensamento. Na verdade, a terra, com tudo o que contém, está mergulhada
num imenso mar de ondas. Ondas luminosas, sonoras, caloríficas, mentais.
Uma frase que emitimos ou um instrumento que vibra criam ondas sonoras.
Liguemos o aquecedor e espalharemos ondas caloríficas. Acendamos a
lâmpada e exteriorizaremos ondas luminosas. Façamos funcionar o receptor
radiofônico e encontraremos ondas elétricas. Operemos um forno
microondas, entretenhamo-nos com um programa de televisão ou façamos
uma ligação telefônica internacional e espalharemos as ondas
eletromagnéticas.
Em suma, todo movimento, toda agitação se realiza pela emissão de
ondas, através dos inúmeros e diversos corpos da natureza. As ondas são
avaliadas segundo o comprimento em que se expressam, dependendo esse
comprimento do emissor em que se verifica a agitação(agitação, aqui
entendida como o foco propagador da onda, que produz a vibração). Fina
vara tangendo águas de um lago provocará ondas pequenas, ao passo que
a tora de madeira, arrojada ao lençol líquido, traçará ondas maiores. Um
contrabaixo lançá-las-á muito longas; um flautim desferi-las-á muito curtas.
As ondas ou oscilações eletromagnéticas são sempre da mesma
substância, diferenciando-se, porém, na pauta do seu comprimento ou
distância. Assim, as ondas podem ser classificadas como longas, médias,
curtas e ultra-curtas. Ondas seria, então, uma oscilação ou vibração que
caminha de um lado para outro, uma vez que nada existe na natureza que
seja absolutamente imóvel. Onda é, pois, a vibração que caminha. Por sua

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vez, toda onda emitida é feita numa freqüência de tempo, isto é, a freqüência
estabelece o número de emissões ou vibrações que são executadas em um
segundo. Quanto maior a freqüência das nossas ondas mentais, maiores
serão as probabilidades de o nosso pensamento atingir as regiões elevadas
da vida.
No nosso dia-a-dia, quando desejamos ardentemente uma coisa, não
a tiramos da cabeça. Isso significa que, se pensamos contentemente em
algo, estaremos estabelecendo uma freqüência elevada de emissões
mentais por segundo. É importante, portanto, que vigiemos os nossos
pensamentos, direcionando-os para realizações nobres. Se o nosso
pensamento constante é algo construtivo, os resultados serão positivos. Se,
no entanto, a nossa idéia fixa traduz-se em ondas de baixo teor vibratório,
haverá sofrimento ao final. O monoideísmo é uma situação de desequilíbrio
psíquico, em que a pessoa não pensa em mais nada, fixando o pensamento
numa só idéia. Isso gera desequilíbrio, porque a criatura se abstrai da
realidade onde está inserida.
É importante recordar que, independentemente do teor das nossas
emanações mentais, sempre nos estaremos associando às correntes de
pensamento de outras pessoas, estejam elas encarnadas ou no plano
espiritual. As nossas ondas mentais podem ser classificadas quanto ao seu
comprimento ou raio de atuação. Ao pensar, o ser humano emite ondas
mentais que lhe caracterizam o seu grau evolutivo: ondas mais longas, de
pequeno alcance, por certo resultantes das preocupações ou atividades
corriqueiras; ondas médias, direcionadas para interesses menos
imediatistas; ondas curtas, de freqüência elevada, voltadas para assuntos
espirituais nobres, e ondas super-ultra-curtas, em que se exprimem as
legiões angélicas.

Vamos relacionar o que acabamos de considerar com a prática


mediúnica:

1 – A mente do espírito emite ondas mentais (idéias), que poderão ser


captadas pelo cérebro do médium e transmitidas aos componentes da
reunião mediúnica, sob a forma de palavras grafadas ou verbalizadas, ou,
ainda, de imagens de vidência. Nota-se que o cérebro do médium tem ação
bivalente ou bipolar: capta e transmite ondas mentais de si próprio e de outros
espíritos.
2 – Captado o pensamento do espírito comunicante, pelo médium, inicia-se
a comunicação mediúnica propriamente dita, devida a sintonia estabelecida
entre ambos. O processo dessa comunicação pode sofrer interferências das
ondas mentais dos integrantes encarnados do grupo mediúnico; do próprio
médium; dos trabalhadores da equipe espiritual, e do espírito comunicante.

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3 – Se os pensamentos dos trabalhadores encarnados são harmônicos, isto
é, se a equipe se mantém ligada à comunicação do espírito, ajudando
mentalmente o médium, o dialogador e o próprio espírito comunicante, o
trabalho de atendimento ao espírito sofredor flui com tranqüilidade. Se, no
entanto, o pensamento da equipe dos encarnados e o dos médiuns vagueiam
dispersivamente, de forma indisciplinada, a desarmonia se estabelece,
tornando-se impossível a manifestação mediúnica dos espíritos, ou, se esta
ocorre, será distorcida, incoerente ou confusa.
Assim, todos os componentes do grupo mediúnico devem vigiar suas
emissões mentais, durante o trabalho de intercâmbio espiritual, para que
ocorram as comunicações previstas pelos orientadores espirituais.

2 – O papel do Perispírito

Como sabemos, os espíritos encarnados e desencarnados têm um


corpo fluídico, a que se dá o nome de perispírito. Sua substância é haurida
do fluido cósmico universal, que o forma e alimenta. É mais ou menos etéreo,
conforme os mundos e o grau de depuração do espírito. Nos mundos e nos
espíritos inferiores, ele é de natureza mais grosseira e se aproxima muito da
matéria bruta.
Durante a encarnação, o espírito conserva (também) o seu perispírito,
sendo-lhe o corpo apenas um segundo envoltório mais grosseiro, mais
resistente, apropriado aos fenômenos a que tem de prestar-se e do qual o
espírito se despoja por ocasião da morte. o perispírito serve de intermediário
ao espírito e ao corpo. É o órgão de transmissão de todas as sensações.
Relativamente às que vêm do exterior, pode-se dizer que o corpo recebe a
impressão; o perispírito a transmite e o espírito, que é o ser sensível e
inteligente, a recebe. Quando o ato é de iniciativa do espírito, pode dizer-se
que o espírito quer, o perispírito transmite e o corpo executa.
O perispírito não se acha encerrado nos limites do corpo, como numa
caixa. Pela sua natureza fluídica, ele é expansível, irradia para o exterior e
forma, em torno do corpo, umas espécie de atmosfera que o pensamento e
a força da vontade podem dilatar mais ou menos. Daí se segue que pessoas
há que, sem estarem em contato corporal, podem achar-se em contato pelos
seus perispíritos e permutar a seu mau grado impressões e, algumas vezes,
pensamentos, por meio da intuição. Sendo um dos elementos constitutivos
do homem, o perispírito desempenha importante papel em todos os
fenômenos psicológicos e, até certo ponto, nos fenômenos fisiológicos e
patológicos.
Por meio do perispírito é que os espíritos atuam sobre a matéria inerte
e produzem os diversos fenômenos mediúnicos. Não há, pois, motivo de
espanto quando, com essa alavanca, os espíritos produzem certos efeitos

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físicos, tais como pancadas e ruídos de toda espécie, levantamento,
transporte ou lançamento de objetos. Atuando sobre a matéria, podem os
espíritos manifestar-se de muitas maneiras diferentes: por efeitos físicos,
quais os ruídos e a movimentação de objetos; pela transmissão do
pensamento, pela visão, pela audição, pela palavra, pelo tato, pela escrita,
pelo desenho, pela música etc. numa palavra, por todos os meios que sirvam
a pô-los em comunicação com os homens.

2.1 O papel do perispírito nas manifestações físicas

Um espírito produz movimento de um corpo sólido combinando uma


parte do fluido cósmico universal com o fluido, próprio àquele efeito, que o
médium emite. O espírito São Luiz esclarece:
Quando, sob as vossas mãos, uma mesa se move, o espírito haure no
fluido universal o que é necessário para lhe dar uma vida factícia. Assim
preparada a mesa, o espírito a atrai e move sob a influência do fluido que de
si mesmo desprende, por efeito da sua vontade. Quando quer por em
movimento uma massa por demais pesada para suas forças, chama em seu
auxílio outros espíritos, cujas condições sejam idênticas às suas. Em virtude
da sua natureza etérea, o espírito, propriamente dito, não pode atuar sobre a
matéria grosseira, sem intermediário, isto é, sem o elemento que o liga à
matéria. Esse elemento, que constitui o que chamais perispírito, vos faculta
a chave de todos os fenômenos espíritas de ordem material.
Os espíritos que provocam as manifestações físicas são sempre
espíritos inferiores, que ainda se não desprenderam inteiramente de toda a
influência material. Já foi explicado que a densidade do perispírito, se assim
se pode dizer, varia de acordo com o estado dos mundos. Parece que
também varia, em um mesmo mundo, de indivíduo para indivíduo. Nos
espíritos moralmente adiantados, é mais sutil e se aproxima dos espíritos
elevados; nos espíritos inferiores, ao contrário, aproxima-se da matéria. Esta
grosseria do perispírito, dando-lhe mais afinidade com a matéria, torna os
espíritos inferiores mais aptos às manifestações físicas.
São Luiz nos explica também que é necessário que ocorra uma
combinação dos fluidos mediúnicos com os espirituais, nesse gênero de
manifestação. O fluido próprio do médium (fluido vital) se combina com o
fluido universal que o espírito acumula. É necessária a união desses dois
fluidos, isto é, do fluido animalizado (do médium) e do fluido universal para
dar vida à mesa, mas, nota bem que essa vida é apenas momentânea, que
se extingue com a ação e, às vezes, antes que esta termine, logo que a
quantidade de fluido deixe de ser bastante para animar.
Nos fenômenos de transporte ----- uma outra modalidade de
fenômenos de efeitos físicos ----- está embutida uma intenção benévola do

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espírito que o produz, pela natureza dos objetos, quase sempre graciosos,
de que ele se serve e pela maneira suave, delicada mesmo, por que são
trazidos. São quase sempre flores, não raro frutos, confeitos, jóias etc. kardec
esclarece o seguinte, a respeito do fenômeno.
Quem deseja obter fenômeno desta ordem precisa ter consigo médiuns
a que chamarei – sensitivos, isto é, dotados, no mais alto grau, das
faculdades mediúnicas de expansão e penetrabilidade, porque o sistema
nervoso facilmente excitável de tais médiuns lhes permite, por meio de certas
vibrações, projetar abundantemente, em torno de si, o fluido animalizado
(fluido vital, ectoplasmático) que lhes é próprio. Com efeito, é necessário que
entre o espírito e o médium influenciado exista certa afinidade, certa analogia;
em suma: certa semelhança capaz de permitir que a parte expansível do
fluido perispíritico do encarnado se misture, se una, se combine com o do
espírito que queira fazer um transporte. Deve ser tal esta fusão, que a força
resultante dela se torne, por assim dizer, uma.
O fenômeno de transporte apresenta uma particularidade notável, é
que alguns médiuns só o obtém em estado sonambúlico, o que facilmente se
explica. Há no sonâmbulo um desprendimento natural, uma espécie de
isolamento do espírito e do perispírito, que deve facilitar a combinação dos
fluidos necessários. Percebe-se, pois, por que o fenômeno de transporte
ainda é uma raridade. Ernesto Bozzano, no livro Fenômenos de Transporte,
estuda com cuidado esta manifestação.

2.2 – O papel do perispírito nas manifestações visuais

A explicação de como um espírito se torna visível reside nas


propriedades do perispírito, que pode sofrer diversas modificações, ao sabor
do espírito. No estado material em que nos encontramos, isto é, de
reencarnação, só podemos ver um espírito ou este se fazer visível à nossa
visão mediúnica por meio dos nossos respectivos perispíritos.
Os espíritos da Codificação nos esclarecem que o perispírito é o
invólucro intermediário, por meio do qual o espírito desencarnado atua sobre
os nossos sentidos. Sob esse envoltório é que aparecem, às vezes, com uma
forma humana, ou com outra qualquer, seja nos sonhos, seja no estado de
vigília, assim em plena luz, como na obscuridade. Nos fenômenos visuais
não ocorre uma condensação dos fluidos perispirituais, como acontece nos
fenômenos físicos, de modo geral. A combinação dos fluidos do médium com
os espíritos apresenta uma disposição especial --- sem analogia para nós
encarnados --- necessária à percepção mediúnica.
Todas as pessoas podem ver espíritos durante o sono; no estado de
vigília depende, porém, da organização física que lhes permite maior ou

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menor expansão perispiritual e combinação com o perispírito do
desencarnado.

2.3 O papel do perispírito na bicorporeidade (bilocação) e na


transfiguração

Estes dois fenômenos são variedades do das manifestações visuais.


Assentam ambos no princípio de que tudo o que ficou dito, das propriedades
do perispírito após a morte, se aplica ao perispírito dos vivos(encarnados).
Como o espírito encarnado tem envoltório perispirítico, pode provocar o
fenômeno bilocação, deixando o corpo dormindo, enquanto se desloca no
espaço, tornando-se visível e tangível, em outro local, distante do corpo
físico.
A transfiguração está ligada, igualmente, às propriedades do perispírito,
que permite ao médium modificar sua aparência ou fisionomia sob atuação
de uma entidade comunicante.

2.4 – O papel do perispírito nas manifestações de efeitos intelectuais

Nesta categoria, o perispírito ocupa papel intermediário das idéias e do


processo de elaboração mental existente entre o espírito comunicante e o
médium. A ligação maior, entre as duas entidades, é no plano mental. A
expressão das idéias, o teor da mensagem, contudo, são manifestações via
perispírito.
O perispírito do médium transmite aos circunstantes de uma reunião
mediúnica o pensamento do espírito comunicante, os seus sentimentos o seu
estado emocional, de alegria ou de tristeza, de dor ou de paz, de desarmonia
ou de desequilíbrio.

3 - Concentração Mediúnica

Concentrar significa reunir num centro. Fazer convergir ou tornar mais


denso, mais ativo qualquer ato. Pode ainda dizer respeito a reunir as forças
num ponto determinado, aplicar a atenção em algum assunto: meditar
profundamente. Concentração seria o mesmo que união de forças. É uma
como disposição de espírito, a que os observadores se habituam por longa
prática; é a homogeneidade do ambiente, a identidade de aspirações, com
fim científico ou moral, são vibrações uníssonas do pensamento, é
serenidade do meio, a expectativa tranqüila.
Em termos de concentração mediúnica, podemos afirmar que constitui
meio eficaz para se abrirem as portas que facultam o trânsito dos
desencarnados, no incessante intercâmbio que documenta a sobrevivência

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e expressa a validade das aquisições morais intransferíveis. Nesse sentido,
consideremos a concentração mental de modo diverso dos que a comparam
a interruptor de fácil manejo que, acionado, oferece passagem à energia
comunicante, sem mais cuidados. A concentração, por isso mesmo, deve ser
um estado habitual da mente em Cristo e não em situação passageira junto
ao Cristo.
A concentração mediúnica é a base das comunicações espíritas.
Quando a concentração é deficiente, não há boa produção mediúnica e, em
determinadas situações, é possível mesmo que não haja manifestações de
espíritos.

3.1 – Mecanismos da concentração mediúnica

Como qualquer outra atividade, a concentração se desenvolve pelo


exercício; portanto, o médium principiante deve armar-se de paciência e de
perseverança necessárias até que consiga praticá-la adequadamente. Nesse
sentido, o médium deve aprender a utilizar duas ferramentas importantes: o
pensamento e a vontade.

3.2- O pensamento

O pensamento é força criativa, a exteriorizar-se, da criatura que o gera,


por intermédio de ondas sutis. Qualquer que seja a sua natureza, é energia
tendo, consequentemente, seus efeitos. É a energia coagulante de nossas
aspirações e desejos.
O pensamento é um atributo do espírito. É uma reflexão, ou um
processo mental, criado ou refletido de outrem. Abrange o que sentimos e o
que compreendemos. É o resultado de uma operação mental, seja como fruto
de um exame, ou de uma reflexão, na meditação ou na imaginação, a
respeito de alguma coisa física ou metafísica.
Assim, quando a pessoa pensa, ela emite uma espécie de matéria sutil
radiante, muito viva e com grande poder de plasticidade. É matéria, em que
as leis de formação das cargas magnéticas ou dos sistemas atômicos
prevalecem sob novo sentido, compondo o maravilhoso mar de energia sutil
em que todos nos achamos submersos e no qual surpreendemos elementos
que transcendem o sistema periódico dos elementos químicos conhecidos do
mundo.
E, como sabemos, o pensamento, ou fluxo energético do campo
espiritual de cada criatura, é graduado nos mais diversos tipos de oscilação,
desde os raios super-ultra-curtos, em que se exprimem as legiões angélicas,
através de processos ainda inacessíveis à nossa observação, passando
pelas oscilações curtas, médias e longas em que se exterioriza a mente

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humana, até as ondas fragmentárias dos animais, cuja vida psíquica, ainda
em germe, somente arroja de si determinados pensamentos ou raios
descontínuos.
É, pois, pelo pensamento que nos comunicamos com os espíritos. É ,
igualmente, através do pensamento que eles captam as nossa idéias, os
nossos desejos e nos respondem. O intercâmbio mediúnico está sempre
fundamentado em entendimento mental. Assim, a mediação entre dois
planos diferentes, sem elevação de nível moral é estagnação na inutilidade.
Indubitavelmente, divinas mensagens descerão do Céu à terra. Entretanto,
para isso, é imperioso construir canalização adequada.
Jesus espera pela formação de mensageiros humanos capazes de
projetar no mundo as maravilhas do seu Reino. Para atingir esse
aprimoramento ideal é imprescindível que o detentor de faculdades psíquicas
não se detenha no simples intercâmbio. Ser-lhe-á indispensável a
consagração de suas forças às mais altas formas de vida, buscando na
educação de si mesmo e no serviço desinteressado a favor do próximo o
material de pavimentação de sua própria senda. À medida que o ser humano
vai evoluindo, aprende a controlar suas emissões mentais, através do
pensamento. Esse controle é administrado pela vontade.

3.3 – A vontade

Em todos os domínios do Universo vibra, pois, a influência recíproca.


Tudo se desloca e renova sob os princípios de Interdependência e
repercussão. O reflexo esboça a emotividade. A emotividade plasma a idéia.
A idéia determina a atitude e a palavra que comandam as ações.
A vontade é a gerência esclarecida e vigilante, governando todos os
setores da ação mental. Para considerar-lhe a importância, basta lembrar que
ela é o leme de todos os tipos de força incorporados ao nosso conhecimento.
O cérebro é o dínamo que produz a energia mental, segundo a capacidade
de reflexão que lhe é própria; no entanto, na vontade temos o controle que a
dirige nesse ou naquele rumo, estabelecendo causas que comandam os
problemas do destino.
Só a vontade é suficientemente forte para sustentar a harmonia do
espírito. Em verdade, ela não consegue impedir a reflexão mental, quando
se trate da conexão entre os semelhantes, porque a sintonia constitui lei
inderrogável, mas pode impor o jugo da disciplina sobre os elementos que
administra, de modo a mantê-los coesos na corrente do bem.
Numa reunião mediúnica, faz-se necessário desenvolver o controle da
emissão mental dos seus participantes, por meio da ação disciplinadora da
vontade. Caso contrário, a reunião perde as características que lhes são
próprias de funcionar como um todo harmônico, em que as pessoas vibram

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em uníssono, em torno de um mesmo propósito. A concentração mediúnica
só é possível quando o médium aprende a controlar suas emanações
mentais e a administrar as suas emoções, a partir do momento em que entra
em sintonia com entidades espirituais.
Quando ocorre a concentração mediúnica, automaticamente se forma
uma corrente mental, entre o médium e o espírito comunicante, denominada
corrente mediúnica. É através da corrente mental que os espíritos “ouvem”
o nosso apelo. É por ela que eles se aproximam e fazem as ligações
necessárias para que ocorra o intercâmbio mediúnico. No homem a corrente
mental assume feição mais elevada e complexa.
No cérebro humano ela não se exprime tão só à maneira de impulso
necessário à sustentação dos circuitos orgânicos, com base na nutrição e
reprodução. É pensamento contínuo, fluxo energético incessante, revestido
de poder criador inimaginável. Estabelecida a corrente mental, ei-la que se
espraia sobre o cosmo celular em que se manifesta, mantendo a fábrica
admirável das unidades orgânicas. A corrente mental, segundo anotamos,
vitaliza, particularmente, todos os centros da alma e, consequentemente,
todos os núcleos endócrinos e junturas plexiformes da usina física, em cuja
urdidura dispõe o espírito de recursos para o serviços da emissão e recepção,
ou exteriorização dos próprios pensamentos e assimilação dos pensamentos
alheios.
Instalada a corrente mental, o resultado será a geração de um circuito
mediúnico, que fornece campo propício à transmissão da mensagem do
espírito comunicante. Com a formação e manutenção do circuito mediúnico,
o médium registra o pensamento e os sentimentos do espírito comunicante,
dando-lhe a oportunidade de ser ouvido ou visto pelos encarnados. Aplica-se
o conceito de circuito mediúnico à extensão do campo de integração
magnética em que circula uma corrente mental, sempre que se mantenha a
sintonia psíquica entre os seus extremos ou, mais propriamente, o emissor e
o receptor. O emissor é, na reunião mediúnica, o espírito comunicante, sendo
o médium o receptor da comunicação espírita.
O circuito mediúnico, dessa maneira, expressa uma “vontade-apelo” e
uma “vontade-resposta”, respectivamente, no trajeto ida e volta, definindo o
comando da entidade comunicante e a concordância do médium, fenômeno
esse exatamente aplicável tanto à esfera dos espíritos desencarnados
quanto à dos espíritos encarnados, porquanto exprime conjugação natural ou
provocada nos domínios da inteligência, totalizando os serviços de
associação, assimilação, transformação e transmissão da energia mental.
Para a realização dessas atividades, o emissor e o receptor guardam
consigo possibilidades particulares nos recursos do cérebro, em cuja
intimidade se processam circuitos elementares do campo nervoso,
atendendo a trabalhos espontâneos do espírito, como sejam, ideação,

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seleção, autocrítica e expressão. A Doutrina Espírita nos esclarece que não
basta a ocorrência de reuniões mediúnicas, nem espíritos que se
comuniquem com os encarnados. É fundamental que os trabalhos
mediúnicos sejam pautados em clima de equilíbrio, sobretudo quando o
comunicante não revela a harmonia desejada. A serenidade e a
produtividade de uma reunião estão relacionadas com uma série de fatores,
que podem ou não favorecer o intercâmbio mediúnico.

3.4 – Condições propícias para obtenção de uma concentração


mediúnica

Cada componente do grupo precisa controlar ou disciplinar sua


emissão metal. --- A cooperação espontânea é o supremo ingrediente da
ordem. Cooperação significa obediência construtiva aos impositivos da frente
e socorro implícito às privações da retaguarda. Quem ajuda é ajudado,
encontrando, em silêncio, a mais segura fórmula de ajuste aos processos da
evolução.
O espírito, chegando a um meio que lhe seja completamente simpático,
aí se sentirá mais à vontade. Se os pensamentos forem divergentes, resultará
daí u choque de idéias desagradáveis ao espírito e, por conseguinte,
prejudicial à comunicação. O mesmo acontece com um homem que tenha de
falar perante uma assembléia: se sente que todos os pensamentos lhe são
simpáticos e benévolos, a impressão que recebe reage sobre as suas
próprias idéias e lhe dá mais vivacidade. A unanimidade desse concurso
exerce sobre ele uma espécie de ação magnética que lhe decuplica os
recursos, ao passo que a indiferença, ou hostilidade o perturbam e paralisam.
O médium precisa estar consciente do papel que desempenha na
reunião ---. Convençamo-nos de que a nossa mente possui muita coisa em
comum com o aparelho radiofônico. Emissões construtivas ou deprimentes
alcançam-nos incessantemente e podem alterar-nos o modo de ser, mas não
podemos olvidar que a nossa vontade é o sintonizador. Em mediunidade,
portanto, não podemos olvidar o problema de sintonia. Atraímos os espíritos
que se afinam conosco, tanto quanto somos por eles atraídos; e se é verdade
que cada um de nós somente pode dar conforme o que tem, é indiscutível
que cada um recebe de acordo com aquilo que dá.
Ser médium é ser ajudante do mundo espiritual. E ser ajudante em
determinado trabalho é ser alguém que auxilia espontaneamente. Se não
podemos entender isso, observemos o avião, por mais simples que seja.
Tudo é amparo inteligente e ação maquinal do comboio aéreo. Torres de
observação esclarecem-lhe a rota e vigorosos motores garantem-lhe a
marcha. Mas tudo pode falhar, se falharem o entendimento e a disciplina no
aviador que está dentro dele.

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A reunião deve ser a mais homogênea possível --- O poder de
associação dos pensamentos dos participantes da reunião produzirá uma
corrente mental e um circuito mediúnico, propícios à manifestação dos
espíritos. Desde que o espírito é de certo modo atingido pelo pensamento,
como nós somos pela voz, vinte pessoas, unindo-se com a mesma intenção,
terão necessariamente mais força do que uma só; mas, a fim de que todos
esses pensamentos concorram para o mesmo fim, preciso é que vibrem em
uníssono; que se confundam, por assim dizer, em um só, o que não pode
dar-se sem a concentração.
Toda reunião espírita deve, pois, tender para a maior homogeneidade
possível. Está entendido que falamos das em que se deseja chegar a
resultados sérios e verdadeiramente úteis. Sendo o recolhimento e a
comunhão dos pensamentos as condições essenciais a toda reunião séria,
fácil é de compreender-se que o número excessivo dos assistentes constitui
uma das causas mais contrárias à homogeneidade.
Se os pensamentos divergentes dos circunstantes são uma causa de
perturbação e insucesso, por um efeito contrário, os pensamentos dirigidos
para um objetivo comum, sobretudo quando elevado, produzem vibrações
harmônicas que difundem no ambiente uma impressão de calma, de
serenidade, que penetra o médium e facilita a ação dos espíritos. Devemos
pois, entender que uma reunião mediúnica é um ser coletivo, cujas
qualidades e propriedades são a resultante das de seus membros e formam
como que um feixe. Ora, este feixe mais força terá, quanto mais homogêneo
for.
Os mais secretos pensamentos se revelam e interferem nas
experiências mediúnicas. Assim, na equipe de serviço espiritual, cada mente
precisa afinar-se com a tarefa, embora vibre em diversa expressão. É
importante observar que onda mental estamos assimilando para conhecer da
qualidade de nosso trabalho e ajuizar da nossa direção. Quando, às vezes,
os membros de um grupo estão agitados por intensas preocupações, pode a
linguagem do médium ressentir-se desse fato. O mesmo se dará com a ação
dos espíritos sobre o médium e reciprocamente.
A concentração exige, pois, a harmonia do pensamento de todos os
integrantes da reunião, porque cada inteligência emite as idéias que lhe são
peculiares, a se definirem por ondas de energia viva e plasticizante, mas, se
arroja de si essas forças, igualmente as recebe, pelo que influencia e é
influenciada.
A equipe deve colaborar com os dirigentes espirituais em qualquer
situação – Uma reunião mediúnica será produtiva, se ocorrer concentração
mediúnica. A instabilidade de pensamento gera desarmonia na corrente
vibratória. E esta desarmonia afeta o médium, propriamente dito, o qual, em
determinados momentos, parece que perde “o fio das idéias”. Os

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colaboradores desencarnados geralmente procuram restabelecer o ritmo, o
que nem sempre é possível, sobretudo quando os encarnados permanecem
inquietos, deixando a mente vagar, criando imagens mentais alheias ao
trabalho, preocupados com os afazeres domésticos ou impacientes com o
desenrolar das atividades, na reunião. Nunca é demais recordar a
necessidade do preparo espiritual e do estudo, do desenvolvimento do sendo
de responsabilidade e da dedicação que cada um deve buscar, para fazer
parte de uma reunião mediúnica. A atividade de concentração exige
paciência, perseverança, desejo sincero de colaborar. Exige, enfim, esforço
do participante. Lembremo-nos, ainda, do seguinte: quem diz concentrar,
forçosamente se refere ao ato de congregar alguma coisa. Ora, se os amigos
encarnados não tomam a sério as responsabilidades que lhes dizem respeito,
fora dos recintos de prática espírita, se, porventura, são cultores da
leviandade, da indiferença, do erro deliberado e incessante, da teimosia, da
inobservância interna dos conselhos de perfeição cedidos a outrem, que
poderão concentrar nos momentos fugazes de serviço espiritual? Boa
concentração exige vida reta. Para que os nossos pensamentos se
congreguem uns aos outros, fornecendo o potencial de nobre união para o
bem, é indispensável o trabalho preparatório de atividade mentais na
meditação de ordem superior. A atitude íntima de relaxamento, ante as lições
evangélicas recebidas, não podem conferir ao crente, ou ao cooperador, a
concentração de forças espirituais no serviço de elevação, tão só porque
estes se entreguem, apenas por alguns minutos na semana, a pensamentos
compulsórios de amor cristão.

4 – Influência moral dos médiuns nas comunicações dos espíritos

É oportuno esclarecer que o desenvolvimento da faculdade mediúnica


não guarda relação com a moralidade do médium. A faculdade, em si,
independe do moral. O mesmo, porém, não se dá com seu uso, que pode ser
bom, ou mau, conforme as qualidades do médium. Expliquemos:
A mediunidade é um dom que Deus nos concedeu como auxílio ao
nosso progresso espiritual. Se há pessoas indignas que a possuem, é que
disso precisam mais do que as outras, para se melhorarem. Devemos
considerar que a mediunidade não é uma graça ou dom especial concedido
a criaturas privilegiadas, mas uma faculdade como as demais. A moral do
médium determina o seu comportamento como criatura humana e regula
suas relações com os espíritos. A questão moral não surge da faculdade
mediúnica, mas da sua consciência. Não se pode dizer que um médium
entregue a práticas maldosas ou a objetivos condenáveis, contrários ao
sendo moral, não seja médium. Assim como há criaturas boas e más na terra,
há espíritos maus e bons que com elas se afinam e se servem da

92
mediunidade para fins maus ou bons. Se o médium sem moral se corrigir e
passar a portar-se pelos princípios morais, passará a servir aos espíritos bons
através da sua mediunidade. Assim acontece com todas as faculdades
humanas. O homem pode aplicar a sua inteligência para o mal ou para o
bem, mas a sua inteligência é sempre a mesma, quer atue num ou noutro
campo.
Os médiuns que fazem mau uso das suas faculdades responderão por
isto. Serão punidos duplamente, porque têm um meio a mais de se
esclarecerem e o não aproveitam. Aquele que vê claro e tropeça é mais
censurável do que o cego que cai no fosso. Apesar de determinado médium
não possuir ainda moral elevada, não significa que ele esteja impedido de
transferir mensagem de um espírito superior. Isto pode acontecer em, pelo
menos, três situações: - a primeira, pela inexistência de um medianeiro que
ofereça melhores condições para a transmissão da mensagem; a segunda,
porque o espírito comunicante pode ter a intenção de levar o médium a refletir
sobre sua conduta moral e empenhar-se na corrigenda; e a terceira, pela
necessidade do grupo, no qual o médium atua.
No entanto, causam estranheza, não poucas vezes, as comunicações
mediúnicas procedentes dos espíritos nobres através de pessoas insensatas
ou portadoras de conduta irregular. Todavia, com objetivos elevados, as
entidades superiores, por falta às vezes de médiuns que sintonizem com os
seus relevantes propósitos, utilizam-se daqueles que encontram, com dupla
finalidade: adverti-los através de orientações seguras e auxiliar as pessoas
confiantes ou necessitadas que lhes buscam o socorro. Não se melhorando
tais médiuns, mais agravam o seu estado espiritual, pois que não se podem
justificar posteriormente, sob a primária alegação de que ignoravam a
gravidade dos deveres de que se encontravam investidos. Ademais, a
mediunidade é neutra em si mesma, qual telefone que pode ser utilizado por
pessoas boas ou más, de conduta elevada como reprovável, ricas ou
necessitadas.
Malbaratar o precioso talento da mediunidade, deixando-a enxovalhar-
se sob o uso com finalidades pueris e frívolas, indignas e vulgares, acarreta
penosas aflições que impõem renascimentos dolorosos. Outrossim, a
incorreta utilização dos recursos mediúnicos entorpece os centros de registro
(canais mediúnicos ou centros de força) e termina, quase sempre, por
desarmonizar o psiquismo e a emoção, levando a patologias muitos
complexas. Médiuns ciumentos, imorais, simoníacos (quem faz tráfico de
coisas santas), exibicionistas, mentirosos e portadores de outras
imperfeições morais pululam em toda parte, descuidados e levianos,
acreditando-se ignorados pelas leis soberanas e supondo-se detentores de
forças próprias, podendo-as utilizar a bel-prazer sem qualquer
responsabilidade nem conseqüência moral.

93
Mesmo estes, vez que outra, são visitados pelos mentores espirituais
compadecidos, que deles se acercam para auxiliar, intentando despertá-los
para os deveres e os compromissos que lhes dizem respeito. Se o médium,
do ponto de vista da execução, não passa de um instrumento, exerce,
todavia, influência muito grande, sob o aspecto moral. Pois que, para se
comunicar, o espírito desencarnado se identifica com o espírito do médium,
esta identificação não se pode verificar, senão havendo, entre um e outro,
simpatia e, se assim é lícito dizer-se, afinidade. Ora, os bons têm afinidade
com os bons e os maus com os maus, donde se segue que as qualidades
morais do médium exercem influência capital sobre a natureza dos espíritos
que por ele se comunicam. Se o médium é vicioso, em torno dele se vêm
agrupar os espíritos inferiores, sempre prontos a tomar o lugar aos bons
espíritos evocados. As qualidades que, de preferência, atraem os bons
espíritos são: a bondade e a benevolência, a simplicidade do coração, o amor
ao próximo, o desprendimento das coisas materiais. Os defeitos que os
afastam são: o orgulho, o egoísmo, a inveja, o ciúme, o ódio, a cupidez, a
sensualidade e todas as paixões que escravizam o homem à matéria.
Todas as imperfeições morais são outras tantas portas abertas ao
acesso dos maus espíritos. A que, porém, eles exploram com mais habilidade
é o orgulho, porque é a que a criatura menos confessa a si mesma. O orgulho
tem perdido muitos médiuns dotados das mais belas faculdades e que, se
não fora essa imperfeição, teriam podido tornar-se instrumentos notáveis e
muito úteis, ao passo que, presas de espíritos mentirosos, suas faculdades,
depois de se haverem pervertido, aniquilaram-se e mais de um se viu
humilhado por amaríssimas decepções. O orgulho, nos médiuns, traduz-se
por sinais inequívocos, a cujo respeito tanto mais necessário é se insista,
quanto constitui uma das causas mais fortes de suspeição, no tocante à
veracidade de suas comunicações.
Começa por uma confiança cega nessas mesmas comunicações e na
infalibilidade do espírito que lhas dá. Daí um certo desdém por tudo o que
não venha deles: é que julgam ter o privilégio da verdade. O prestígio dos
grandes nomes, com que se adornam os espíritos tidos por seus protetores,
os deslumbra e, como neles o amor próprio sofreria, se houvessem de
confessar que são ludibriados, repelem todo e qualquer conselho; evitam-nos
mesmo afastando-se de seus amigos e de quem quer que lhes possam abrir
os olhos. Se condescendem em escutá-los, nenhum apreço lhes dão às
opiniões, porquanto duvidar do espírito que os assiste fora quase uma
profanação. Aborrecem-se com a menor contradita, com uma simples
observação crítica e vão às vezes ao ponto de tomar ódio às próprias
pessoas que lhes têm prestado serviço. Devemos também convir em que,
muitas vezes, o orgulho é despertado no médium pelos que o cercam. Se ele
tem faculdades um pouco transcendentes, é procurado e gabado e entra a

94
julgar-se indispensável. Logo toma ares de importância e desdém, quando
presta a alguém o seu concurso.
Os médiuns levianos e pouco sérios atraem, pois, espíritos da mesma
natureza; por isso é que suas comunicações se mostram cheias de
banalidades, frivolidades, idéias truncadas e, não raro, muito heterodoxas,
espiriticamente falando. Certamente, podem eles dizer, e às vezes dizem,
coisas aproveitáveis. Espíritos hipócritas insinuam, com habilidade e
preconcebida perfídia, fatos de pura invencionice, asserções mentirosas, a
fim de iludir a boa fé dos que lhes dispensam atenção. Há ainda os médiuns
que se ligam a espíritos cínicos, cujas comunicações são de natureza
obscena.

5 –Influência do meio ambiente nas comunicações dos espíritos

Os médiuns que não possuem uma boa base de cultura doutrinária


espírita, que trazem algumas imperfeições morais, e não se esforçam em
combatê-las, apresentam uma certa instabilidade nas comunicações que
recebem dos espíritos. São médiuns que, por não se conscientizarem ainda
da gravidade de que o exercício mediúnico se reveste, permanecem, levianos
quão insensatos, vinculados às mentes ociosas e vulgares da erraticidade
inferior, de onde igualmente procedem.
Conforme o meio ambiente onde o médium viva, por deliberação
própria ou por conjuntura da vida, este pode influenciar sua maneira de ser,
sua conduta, para o bem ou para o mal. É preciso entender corretamente a
influência do meio ambiente nas comunicações dos espíritos. Os espíritos
superiores não vão às reuniões onde sabem que a presença deles é inútil.
Nos meios poucos instruídos, mas onde há sinceridade, onde os médiuns se
esforçam para renovar-se moralmente, eles vão de muito boamente. Podem
afastar-se das reuniões onde predominam pessoas instruídas, mas que são
orgulhosas, irônicas ou egoístas.
Por outro lado, os espíritos inferiores (imperfeitos) não são impedidos
de comparecerem a reuniões sérias. Ao contrário, os bons espíritos os
encaminham a tais locais para que possam ser favorecidos pelos
ensinamentos aí ministrados. A reunião caracterizada pela presença de
pessoas levianas, inconseqüentes, ocupadas com seus próprios prazeres, é
ambiente favorável, propício à manifestação de espíritos do mesmo padrão
vibratório.

-X-X-

95
APOSTILA N.º 08

TEMA:

EDUCAÇÃO MEDIÚNICA E
HARMONIZAÇÃO
PSÍQUICA.
Referência Bibliográfica:

- O Evangelho Segundo o Espiritismo – FEB.


- O Livro dos Espíritos – FEB.
- AGUAROD, Angel,. Auto-educação. Grandes e Pequenos Problemas.
3ed, RJ. FEB, 1976, p. 217.
- DENIS, Léon. Educação e função dos médiuns. No Invisível. 17. Ed. RJ.
FEB, 1996, p. 60.
- FEB. Orientação ao Centro Espírita. 4. Ed. RJ. 1996, p.13.
- FRANCO, Divaldo Pereira. Educação das forças mediúnicas. Médiuns e
mediunidades. Pelo espírito Viana de Carvalho. 2.ed. Niterói, RJ. Arte e
Cultura, 1991, p. 61.
- XAVIER, Francisco Cândido e VIEIRA, Waldo. Decálogo para médiuns.
O Espírito da Verdade. Diversos Espíritos. 12, ed. RJ. FEB, 2000 p. 22 –
23.
- XAVIER, Francisco Cândido. Preparação. O Consolador. Pelo espírito
Emmanuel. 22. Ed. RJ. FEB – 2000, questão 392, p, 217 – 218.

96
- Estudado a Mediunidade. Nos Domínios da Mediunidade. Pelo Espírito
André Luiz. 26. Ed. RJ. FEB. 1999, cap. I, p. 18.
- FRANCO, Divaldo Pereira. Autodescobrimento (uma busca interior) pelo
espírito Joanna de Ângelis. Salvador, BA. LEAL, 1995, p. 11.
- PERES, Ney Prieto. O conhecimento de si mesmo. Manual prático do
espírita.9. ed. SP.1993, p.21.
(08) EDUCAÇÃO MEDIÚNICA E HARMONIZAÇÃO PSÍQUICA.

1 – O que é educação mediúnica ou desenvolvimento da mediunidade

Educação ou desenvolvimento da mediunidade é o conjunto de ações


educativas direcionadas para o exercício correto da mediunidade. Essas
ações estão formalizadas em estudos e nos trabalhos diuturnos dos grupos
mediúnicos, existentes nas Casas Espíritas.
A educação mediúnica é para toda existência, pois que, à medida que
o médium se torna mais hábil e aprimorado, melhores requisitos são
colocados para a realização do ministério abraçado. Na educação mediúnica,
a par das orientações fornecidas pelo espiritismo, o esforço e a dedicação
são fatores preponderantes.

2 – Educação Espírita do médium

O local mais adequado para o desenvolvimento das faculdades


mediúnicas é o Centro Espírita, que funciona como escola de formação
espiritual e moral. O Centro Espírita é um núcleo de estudo, de fraternidade,
de oração e de trabalho, com base no Evangelho de Jesus, à luz da Doutrina
Espírita.
Para o desenvolvimento da sua mediunidade, o médium conta com o
auxílio de benfeitores espirituais, sob a orientação de seu espírito protetor. O
espírito protetor, anjo da guarda, ou bom gênio é o que tem por missão
acompanhar o homem na vida e ajudá-lo a progredir. É sempre de natureza
superior, com relação ao protegido. A sua atuação, junto ao protegido, é
sempre discreta, regulada de maneira que não tolha o livre-arbítrio do
encarnado. O espírito protetor pode delegar a tarefa de proteção a outros
espíritos, caso seja necessário. Esses espíritos podem ser familiares ao
médium, com o qual têm laços mais ou menos duráveis, com o fim de lhes
serem úteis, dentro dos limites do poder que possuem, na maioria das vezes
bem restrito. Só atuam por ordem ou permissão dos protetores espirituais.
O protetor pode permitir, também, auxílio de espíritos simpáticos. Estes
se sentem atraídos pelo médium, por afeições particulares, por uma certa

97
semelhança de gostos e de sentimentos. Normalmente, a duração de suas
relações é circunstancial. No plano físico, cabe aos instrutores de estudos da
mediunidade e aos dirigentes de grupos mediúnicos a tarefa de orientar os
médiuns. A equipe de encarnados que no Centro Espírita atua nas tarefas de
formação e educação do médium deve permanecer muito atenta à natureza
do trabalho, para dele obter bons frutos. O orientador encarnado, além da
sua moral, deve ser um estudioso da Doutrina Espírita e, em especial, da
mediunidade.
A formação de bons médiuns espíritas conta não apenas com os
esforços do candidato à tarefa, mas exige segura orientação doutrinária e
exemplos de moralidade cristã, dos orientadores dos Centros Espíritas. Fora
disto é como querer malhar em ferro frio: não podemos prestar orientações
ou esclarecimentos, se não estamos adequadamente orientados ou se nos
mantemos distanciados do estudo. Não devemos exigir manifestações de
paciência, tolerância ou respeito, se ainda não sabemos exemplificar tais
virtudes. A educação, ou desenvolvimento da mediunidade, é um trabalho
para toa a vida. Começa antes da reencarnação, continua nela, prossegue
no além-túmulo. Considerando, porém, o trabalho educativo nos limites de
uma encarnação, podemos definir algumas diretrizes básicas.

A) Necessidade de amparo espiritual, se a eclosão mediúnica se revela


problemática.
Ante a presença de problemas psíquicos, emocionais ou físicos, é
necessário que o candidato ao exercício mediúnico receba assistência
espiritual, à sua disposição na Casa Espírita. É preciso que primeiro ocorra
uma certa harmonização espiritual, antes de se entregar ao exercício
mediúnico. É o momento de recebimento do passe e da água fluidificada; de
participação em atividades de assistência e promoção social aos nossos
irmãos necessitados; de freqüência às reuniões públicas evangélico-
doutrinárias. O atendimento espiritual mediante diálogo fraterno será de
grande valia. A realização do culto do Evangelho no Lar, bem como a
aquisição do hábito de orar complementarão o trabalho espiritual,
reequilibrando o médium e colocando-o em condições adequadas para o
desenvolvimento da faculdade mediúnica.
O médium necessitado de educar as suas faculdades mediúnicas deve
compreender que, na fase inicial, é natural o surgimento de um clima
psicológico inconstante, de altos e baixos isto porque a mediunidade,
propiciando a interferência dos desencarnados na vida humana, a princípio
gera estados peculiares na área da emotividade como nos estados
fisiológicos. Porque mais facilmente se registram as presenças de seres
negativos ou perniciosos, a irradiação das suas energias produz esses
estados anômalos, desagradáveis, que podem ser confundidos com

98
problemas patológicos outros. O orientador espírita encarnado deve ser
capaz de convencê-lo de que o exercício correto da mediunidade nenhum
perigo oferece a quem quer que seja.

b) Necessidade do estudo --- O médium tem obrigação de estudar muito,


observar intensamente e trabalhar em todos os instantes pela sua própria
iluminação. Somente desse modo poderá habilitar-se para o desempenho da
tarefa que lhe foi confiada, cooperando eficazmente com os espíritos sinceros
e devotados ao bem e à verdade.
O estudo proporcionará conhecimento ao médium, orientando-o a
respeito da natureza dos espíritos que utilizarão sua faculdade mediúnica, e
elucidando-o quanto às bases dessas relações. Uma multidão de espíritos
nos cerca, sempre ávidos de se comunicarem com os homens. Essa multidão
é sobretudo composta de almas pouco adiantadas, de espíritos levianos,
algumas vezes maus, que a densidade de seus próprios fluidos conserva
presos à terra. As inteligências elevadas, animadas de nobres aspirações,
revestidas de fluidos sutis, não permanecem escravizadas à nossa atmosfera
depois da separação carnal: remontam mais alto, a regiões que o seu grau
de adiantamento lhes indica. Daí baixam muitas vezes --- é certo ---- para
velar pelos seres que lhes são caros; imiscuem-se conosco, mas unicamente
para um fim útil e em casos importantes.
O escolho com que topa a maioria dos médiuns principiantes é o de
terem de haver-se com espíritos inferiores e devem dar-se por felizes quando
são apenas espíritos levianos. Toda atenção precisam pôr em que tais
espíritos não assumam predomínio, porquanto, em acontecendo isso, nem
sempre lhes será fácil desembaraçar-se deles. É ponto este de tal modo
capital, sobretudo em começo, que, não sendo tomadas as precauções
necessárias, podem perder-se os frutos das mais belas faculdades.

c) Necessidade de auto-conhecimento e moralização --- O empenho do


médium em se moralizar, na verdade, deve fazer parte do processo global de
sua auto-educação. Isto porque, desenvolvida no homem a razão, ao ponto
de lhe tornar possível julgar e discernir, chega ele ao período em que, pelo
desenvolvimento do seu livre-arbítrio, assumindo a responsabilidade de seus
atos, lhe cumpre tomar sobre si a tarefa da própria educação.
O primeiro, pois, a criatura humana deve procurar é conhecer-se a si
mesma, para saber como orientar a sua auto-educação. Cumpre-lhe, ao
mesmo tempo, conhecer as qualidades que deve procurar desenvolver em si
e os hábitos viciosos e os obstáculos que a poderiam embaraçar no
desempenho da sua tarefa, hábitos e vícios que lhe importa destruir sem
contemplações. Para uma auto-educação esmerada, é preciso permanente
exame de consciência, a fim de conhecer-se sempre, a todo momento, o

99
estado da própria alma. Deste modo, resolvido a aperfeiçoar-se, o indivíduo
não perde ocasião de estimular o desenvolvimento das virtudes nascentes
em si e de afogar os vícios e maus hábitos que o prejudicaram. É tarefa
plenamente realizável por meio do poder da vontade e da perseverança,
auxiliada pela prática equilibrada e bem orientada na mediunidade.

d) Importância do trabalho contínuo no bem --- Nada verdadeiramente


importante se adquire sem trabalho. Uma lenta e laboriosa iniciação se impõe
aos que buscam os bens superiores. Como todas as coisas, a formação e o
exercício da mediunidade encontram dificuldades bastantes vezes
assinaladas; convém insistirmos nisso, a fim de prevenir os médiuns contra
as falsas interpretações, contra as causas de erros e de desânimo.
Na educação mediúnica não existem regras fixas nem programas
simples para uma orientação de resultados rápidos. Assim, é imprescindível
enriquecer o pensamento, incorporando-lhe os tesouros morais e culturais,
os únicos que nos possibilitam fixar a luz que jorra para nós, das Esferas Mais
Altas, através dos gênios as sabedoria e do amor que supervisionam nossas
experiências. O aprendiz da mediunidade deve render culto ao dever;
trabalhar espontaneamente; não acreditar-se superior ou inferior a ninguém;
não esperar recompensas no mundo; não centralizar as tarefas em sua
pessoa; não se deixar conduzir pela dúvidas; estudar sempre; evitar a
irritação; desculpar incessantemente, não temer perseguidores quando nas
tarefas da caridade e de amor em benefício do próximo.
Faculdades medianímicas e cooperação do mundo espiritual surgem
por toda parte. Onde há pensamento, há correntes mentais e onde há
correntes mentais existe associação. E toda associação é interdependência
e influenciação recíproca. Daí concluímos quanto à necessidade de vida
nobre, a fim de atrairmos pensamentos que nos enobreça. Trabalho digno,
bondade, compreensão fraterna, serviço aos princípios superiores da vida,
porque damos e recebemos, em espírito, no plano das idéias, segundo leis
universais que não conseguiremos iludir. O médium vigilante, mesmo quando
do início de suas tarefas, procura estar atento às artimanhas e aos assaltos
dos nossos irmãos retardatários que habitam o plano espiritual. Eles não têm
escrúpulos de se aproveitarem das nossas imperfeições para nos ludibriar.
O médium deve estar ciente de que o inspirador invisível, ainda preso
a imperfeições, conhecendo-lhe os lados vulneráveis, lisonjeia-lhe o amor
próprio e as opiniões, superexalta-lhe a vaidade, cumulando-o de elogios e
prometendo-lhe maravilhas. Pouco a pouco, desviando-o de qualquer
influência benéfica, de todo o exame esclarecido, leva-o a se insular em seus
trabalhos. É o começo de uma obsessão, de um domínio exclusivista, que
pode conduzir o médium a sofrimentos maiores. Esse perigos foram, desde
os primórdios do Espiritismo, assinalados por Allan Kardec; mas todos os

100
dias, estamos ainda vendo médiuns, deixarem-se levar pelas sugestões de
espíritos embusteiros e serem vítimas de mistificações que os tornam
ridículos e vêm a recair sobre a causa que eles julgam servir. O médium dever
compreender que a mediunidade é coisa santa, que deve ser praticada
santamente, religiosamente.

e) Necessidade de aprender a relacionar-se com o mundo espiritual ---


Mediunidade não basta só por si. É imprescindível saber que tipo de onda
mental assimilamos para conhecer a qualidade de nosso trabalho e de ajuizar
nossa direção. Portanto, precisamos compreender que os nossos
pensamentos são forças, imagens, coisas e criações visíveis e tangíveis no
campo espiritual. Atraímos companheiros e recursos, de conformidade com
a natureza de nossas idéias, aspirações e apelos.
Energia viva, o pensamento desloca, em torno de nós, forças sutis,
construindo paisagens ou formas e criando centros magnéticos ou ondas,
com os quais emitimos a nossa atuação ou recebemos a atuação dos outros.
Comunicar-nos-emos com as entidades e núcleos de pensamentos, com os
quais nos colocamos em sintonia.

f) A mediunidade não deve ser profissionalizada --- A mediunidade séria


não pode ser nunca uma profissão, não só porque se desacredita
moralmente, identificada para com a dos ledores de boa-sorte, como também
porque um obstáculo a isso se opõe. É que se trata de uma faculdade
essencialmente móvel, fugidia e mutável, cuja perenidade, pois, ninguém
pode contar. Constituiria, portanto, para o explorador, uma fonte
absolutamente, incerta de receitas, de natureza a poder faltar-lhe no
momento exato em que mais necessária lhe fosse. Coisa diversa é o talento
adquirido pelo estudo, pelo trabalho e que, por essa razão mesma,
representa uma propriedade da qual naturalmente lícito é, ao seu possuidor,
tirar partido. A mediunidade, porém, não é uma arte, nem um talento, pelo
que não pode tornar-se uma profissão. Ela não existe sem o concurso dos
espíritos; faltando estes, já não há mediunidade. Pode substituir a aptidão,
mas o seu exercício se anula. Explorar alguém a mediunidade é, dispor de
uma coisa da qual não é realmente dono.

g) São poucos os médiuns investidos de mandato mediúnico --- A


mediunidade deve sempre ser entendida como um dos instrumentos que
Deus nos concede para o nosso aperfeiçoamento espiritual. No entanto, a
prática mediúnica pode ocorrer sob a forma de uma prova ou resgate de atos
cometidos em existências passadas (mediunidade provacional), ou como
missão. Pela mediunidade provacional, o médium aprende a se harmonizar
com o bem, desenvolve virtudes morais, no contato com o sofrimento dos

101
espíritos, que o utilizam nas suas manifestações. Fato diverso ocorre na
mediunidade missionária. Nessa situação, o médium já está harmonizado
com o bem. Revela-se um missionário, um instrumento de renovação social
no seio de uma sociedade.
O médium missionário – mesmo que não se dê conta da missão de que
foi investido – é sempre um espírito esclarecido, superior, cujos exemplos
assemelham-se aos de um pastor que conduz suas ovelhas. Isto não
significando, porém, que não tenha provas ou mesmo expiações a vencer,
uma vez que ainda não é um espírito puro. As missões dos espíritos têm
sempre por objetivo o bem. São (eles), incumbidos de auxiliar o progresso da
humanidade, dos povos ou dos indivíduos, dentro de um círculo de idéias
mais ou menos amplas, mais ou menos especiais e de velar pela execução
de determinadas coisas. Alguns desempenham missões mais restritas e, de
certo modo, pessoais ou inteiramente locais, como seja assistir os enfermos,
os agonizantes, os aflitos, velar por aqueles de quem se constituíram guias e
protetores, dirigi-los, dando-lhes conselhos ou inspirando-lhes bons
pensamentos. O espírito se adianta conforme a maneira por que
desempenha a sua tarefa.
Allan Kardec, em O Livro dos Médiuns, cap. XXXII – Vocabulário
Espírita – denomina mediunato a missão providencial dos médiuns. É
importante destacar que essa missão representa, de ordinário, uma
renovação social, capaz de impulsionar o progresso em uma determinada
área do saber humano. Fato diverso ocorre com algumas pessoas, inclusive
médiuns, que, apesar de promoverem uma certa movimentação de idéias
não são portadores de missão superior. É importante, nesse sentido,
relembrar os caracteres do verdadeiro missionário, segundo palavras de
Kardec: Em todas as coisas, o mestre há de sempre saber mais do que o
discípulo; para fazer que a humanidade avance moralmente e
intelectualmente, são precisos homens superiores em inteligência e em
moralidade. Por isso, para essas missões são sempre escolhidos espíritos já
adiantados, que fizeram sua provas noutras existências, visto que, se não
fosse superiores ao meio em que têm de atuar, nula lhes resultaria a ação.
Isto posto, haveis de concluir que o missionário verdadeiro tem de
justificar, pela sua superioridade, pelas suas virtudes, pela grandeza, pelo
resultado e pela influência moralizadora de suas obras, a missão de que se
diz portador. O missionário de Deus é sempre modesto e humilde, geralmente
ignora a si mesmo como portador de missão especial, revela, pelo caráter,
pelas virtudes, pela grandeza moral, a missão de que é portador.

-x-

102
HARMONIZAÇÃO PSÍQUICA

A prática da harmonização psíquica permite à pessoa raciocinar sobre


a importância de seu autoconhecimento, para que possa ser mais feliz ou,
pelo menos, mais integrada em um mundo como o em que estamos vivendo,
sujeito a transformações constantes e rápidas. O ser humano que se
empenha em buscar a paz íntima, mesmo que viva sob o peso de grandes
responsabilidades, às voltas com dificuldades vivenciais dolorosas ou
estressantes, aprende a encarar a vida de frente, sem medos ou angústias,
que tanto têm desarmonizado as pessoas.

1 - O que é harmonização psíquica

A palavra harmonização está relacionada ao substantivo harmonia que,


entre outros significados, quer dizer coerência. E, sobretudo, traduz-se como
paz. (Dicionário Contemporâneo da Língua Portuguesa, Caldas Aulete.)
Harmonização psíquica diz respeito à capacidade que alguém tem de
obter paz ou equilíbrio espiritual. Falar em paz ou equilíbrio espiritual para
quem vive em um mundo atribulado como o planeta terra pode parecer uma
utopia, uma irrealidade.
De fato, a vida não é fácil por aqui, uma vez que habitamos um mundo de
provas e expiações. No entanto, viver sob o guante da dor, entendendo-a,
envidando esforços para atenuá-la ou suportá-la e mesmo superá-la, é muito
diferente de se deixar arrastar pelo sofrimento, entregando-se aos braços
tenazes, triplicando-o de forma assustadora. A busca da harmonização
interior nos conduz a um estado em que a dor, ou as situações estressantes
da vida, não nos afetam, ou se o fazem, não será com tanta intensidade, mas
de forma perfeitamente suportável.

2 - Como obter harmonia psíquica ---- A Doutrina Espírita nos esclarece


que a paz espiritual pode ser conseguida essencialmente por meio dos
seguintes mecanismos: - o autoconhecimento; - a reforma íntima ou moral.

2.1- O autoconhecimento --- Em belíssima mensagem contida em O Livro


dos Espíritos, Santo Agostinho nos explica a importância do
autoconhecimento. O conhecimento de si mesmo é a chave do progresso
individual. Mas, direis, como há de alguém julgar-se a si mesmo? Não está
aí a ilusão do amor-próprio para atenuar as faltas e torná-las desculpáveis?
Isto é muito real, mas tendes um meio de verificação que não pode iludir-
vos. Quando estiverdes indecisos sobre o valor de uma de vossas ações,
inquiri como a qualificaríeis, se praticada por outra pessoa. Se a censurais

103
noutrem, não a podereis ter por legítima quando fordes o seu autor, pois que
Deus não usa de duas medidas na aplicação de sua justiça. Procurai também
saber o que dela pensam os vossos semelhantes e não desprezeis a opinião
dos vossos inimigos, porquanto esses nenhum interesse têm em mascarar a
verdade e Deus muitas vezes os coloca ao vosso lado como um espelho, a
fim de que sejais advertidos com mais franqueza do que o faria um amigo.
Perscrute, a sua consciência aquele que se sinta possuído do desejo sério
de melhorar-se, a fim de extirpar de si os maus pendores, como do seu jardim
arranca as ervas daninhas; dê balanço no seu dia moral para, a exemplo do
comerciante, avaliar as suas perdas e seus lucros e eu vos asseguro que a
conta destes será mais avultada que a daquelas. Se puder dizer que foi bom
o seu dia, poderá dormir em paz e aguardar sem receio o despertar na outra
vida.
O autodescobrimento é uma necessidade para quem busca o equilíbrio
íntimo. Enquanto não se conscientize das próprias possibilidades, o indivíduo
aturde-se em conflitos de natureza destrutiva, ou foge espetacularmente para
estados depressivos, mergulhando em psicoses de vária ordem, que o
dominam e inviabilizam a sua evolução, pelo menos momentaneamente.
A experiência do autodescobrimento faculta-lhe identificar os limites e
as dependências, as aspirações verdadeiras e falsas, os embustes do ego e
as imposturas da ilusão. De um modo geral, vivemos todos em função dos
impulsos inconscientes que se agitam no nosso mundo interior.
Manifestamos, sem controle e sem conhecimento próprio, nossos desejos
mais recônditos, ignorando suas raízes e origens.
Refletimos inconscientemente um sem-número de emoções,
pensamentos, atrações, repulsas, simpatias, antipatias, aspirações e
repressões. Somos um complexo indefinido de sentimento e idéias que, na
maioria das vezes, brotam dentro de nós sem sabermos como e por quê.
Somo todos vítimas de nosso desejos mal conduzidos. Se sentimos dentro
de nós uma atração forte e alimentamos um desejo de posse, não nos
perguntamos se temos o direito de adquirir ou de concretizar aquela
aspiração. Sentimos como se fôssemos donos do que queremos,
desrespeitando os direitos do próximo.
Vemos contentemente os erros e defeitos dos que nos rodeiam e
somos incapazes de perceber nossos próprios erros, tão ou mais acentuados
que os dos estranhos. Esse comportamento é típico nos seres humanos e
confirma o desconhecimento de nós mesmo, nas reações e manifestações
que habitaram a intimidade do nosso eu, sede da alma.
A Doutrina Espírita nos esclarece que em algumas pessoas ainda muito
tenazes são os laços da matéria para permitirem que o espírito se desprenda
das coisas da terra; a névoa que os envolve tira-lhes a visão do infinito, donde
resulta não romperem facilmente com os seus pendores, nem com os seus

104
hábitos, não percebendo haja qualquer coisa melhor do que aquilo de que
são dotados. Numa palavra: não divisam mais do que um raio de luz,
insuficiente a guiá-los e a lhes facultar uma vigorosa aspiração, capaz de lhes
sobrepujar as inclinações.
Essas pessoas, mesmo que se digam espíritas, são, na realidade,
espíritas imperfeitos, alguns dos quais ficam a meio caminho ou se afastam
de seus irmãos em crença, porque recuam ante a obrigação de se
reformarem, ou então guardam as suas simpatias para os que lhes
compartilham das fraquezas ou das prevenções. Contudo, a aceitação do
princípio da Doutrina é um primeiro passo que lhes tornará mais fácil o
segundo, noutra existência. O verdadeiro espírita é tocado no coração, pelo
que inabalável se lhe torna a fé. Um é qual músico que alguns acordes
bastam para comover, ao passo que outro apenas ouve sons. Reconhece-
se o verdadeiro espírita pela sua transformação moral e pelos esforços que
emprega para domar suas inclinações más.

2.2 – Reforma Moral --- O autoconhecimento nos conduz, inexoravelmente,


à necessidade de nos reformar moralmente, como condição de sermos mais
felizes, de adquirir paz interior. Assim, o primeiro passo para que a nossa
moral ocorra consiste em identificar os vícios ou más tendências que ainda
possuímos para, a seguir, buscar combatê-los. Reforma moral é a busca de
virtudes, combatendo os vícios e paixões inferiores.
O maior de todos os vícios é o egoísmo, esclarecem-nos os espíritos
superiores. Daí deriva todo o mal. Estudai todos os vícios e vereis que no
fundo de todos há egoísmo. Por mais que lhes deis combate, não chegareis
a extirpá-los, enquanto não atacardes o mal pela raiz, enquanto não lhe
houverdes destruído a causa. Tendem, pois, todos os esforços para esse
efeito, porquanto aí é que está a verdadeira chaga da sociedade. Quem
quiser, desde esta vida, ir aproximando-se da perfeição moral, deve expurgar
o seu coração de todo sentimento de egoísmo, visto ser o egoísmo
incompatível com a justiça, o amor e a caridade. Ele neutraliza todas as
outras qualidades.
Outro vício moral, que grandes sofrimentos tem proporcionado é o
orgulho. Segundo mensagem de um espírito protetor, constante de O
Evangelho Segundo o Espiritismo, o orgulho nos induz a julgar-nos mais do
que somos; a não suportarmos uma comparação que nos possa rebaixar; a
nos considerarmos, ao contrário, tão acima de nossos irmãos, quer em
espírito, quer em posição social, quer mesmo em vantagens pessoais, que o
menor paralelo nos irrita e aborrece.
A vaidade, decorrente do orgulho, é outro vício que grandes infortúnio
tem trazido aos homens. Destacamos adiante as suas facetas mais comuns:

105
a) Apresentação pessoal exuberante (no vestir, nos adornos, nos gestos
afetados, no falar demasiado);
b) Evidência de qualidades intelectuais, não poupando referências à própria
pessoa, ou a algo que realiza;
c) Esforço em realçar dotes físicos, culturais ou sociais;
d) Intolerância para com aqueles cuja condição social ou intelectual é mais
humilde;
e) Aspiração a cargos ou posições de destaque;
f) Não reconhecimento de sua própria culpabilidade nas situações de
descontentamento diante dos infortúnios por que passa;
g) Obstrução mental na capacidade de se auto-analisar, não aceitando suas
possíveis falhas ou erros, culpando vagamente a sorte, a infelicidade
imerecida, o azar.

A vaidade, sorrateiramente, está quase sempre presente dentro de nós.


A inveja, o ciúme e a avareza são outros vícios que nos conduzem a atitudes
desarmônicas de agressividade, de ódio, de vingança e de remorso e de
infelicidade.
Com relação à inveja, os espíritos da Codificação fazem-nos uma
advertência em uma pergunta que deve merecer profunda reflexão de nossa
parte. Respondendo à questão 926 de O Livro dos Espíritos, que trata dos
males oriundos da civilização, eles nos perguntam, por sua vez: invejais os
gozos dos que vos parecem os felizes do mundo. Sabeis, por ventura, o que
lhes está reservado?
A resposta à questão 933 diz-nos assim, alertando-nos: A inveja e o
ciúme! Felizes os que desconhecem estes dois roedores! Para aquele que a
inveja e o ciúme atacam, não há calma, nem repouso possíveis. O invejoso
e o ciumento vivem ardendo em contínua febre.
Em relação à avareza, Kardec faz a seguinte pergunta aos espíritos:
aquele que incessantemente acumula haveres, sem fazer o bem a quem quer
que seja, achará desculpa, que valha, na circunstância de acumular com o
fito de maior soma legar aos seus herdeiros? E a resposta que recebeu foi:
um compromisso com a consciência má.
Há vícios que são categorizados como hábitos, mas, que no entanto,
geram enormes desarmonias espirituais e orgânicas, daí a necessidade de
erradicá-los. Os principais são o fumo, o álcool, o jogo os excessos sexuais.
É preciso esforço de vontade, persistência constante, no combate aos vícios,
porque é sempre importante lembrar: nunca estamos sozinhos: há sempre
companhias espirituais que nos secundam as intenções, reforçando nossa
imperfeição moral. Os viciados em drogas ilícitas terão mais dificuldades que
outros viciados, para harmonizar-se no entanto, se há um desejo sincero de
libertar-se dessa injunção, por certo se tornará livre, com a ajuda de Deus.

106
3- Programa diário para a busca da harmonização --- a) Estudo
doutrinário espírita e evangélico para o conhecimento e iluminação da
inteligência;
b) utilização da terapia espírita: a prece, a irradiação mental, o passe, o
trabalho assistencial, o culto do Evangelho no Lar;
c) apoio médico ou psicológico, se necessário, caso tenha algum vício ou
distúrbio do qual não consiga se libertar sozinho;
d) planejamento diário de ações no bem, com o propósito de reformar-se.
Comece com atitudes simples: visitar um doente; dar uma palavra de apoio
a quem passa por situação difícil; telefonar para alguém, parabenizando ou
estimulando-o; ouvir mais, falar menos; buscar ser mais gentil, atencioso;
desculpar-se, se cometeu faltas; perdoar, se ofendido etc.; procure sempre
inserir uma ação positiva no seu dia-a-dia.
e) seguir o conselho de Santo Agostinho, contido no questão 919 de O Livro
dos Espíritos: ao final do dia, antes do repouso físico, interrogar a
consciência, passando em revista o dia que findou, perguntando se fez todo
o bem que podia. Se algo fez, que não foi muito bom, propor-se a corrigi-lo
no dia seguinte, ou o quanto mais cedo possível.
f) reservar alguns minutos do seu dia para leitura elevada a meditação a
respeito do que foi lido; a meditação é a arte de aprender a fazer silêncio
interior, seja após a leitura de algo instrutivo, seja por intermédio de uma
música elevada; conduz a uma paz íntima e, aos poucos, passa-se o ouvir a
voz da consciência com mais clareza e os conselhos dos benfeitores
espirituais;
g) trabalhar com afinco e dedicação na profissão que escolheu, ou naquela
que a vida lhe reservou, cumprindo os seus deveres profissionais e éticos;
esforce-se para ser um trabalhador exemplar e respeitado;
h) praticar a caridade no pensar, no falar e no agir; seja sempre caridoso,
pois fora da caridade não há salvação;
i) observar as pessoas equilibradas; siga os seus exemplos de vida; afaste-
se das más companhias, fraternalmente, buscando compreender os
desequilíbrios do próximo, sem, contudo, compartilhar das inclinações
negativas;
j) atender aos familiares com amor, com renúncia e com senso de
responsabilidade; a família é a nossa primeira obrigação no mundo;
k) amenizar as canseiras da vida, ou as horas de dedicação ao trabalho e ao
cumprimento dos seus deveres, com equilibrada atividade de lazer.
4 – Exercícios que favorecem a harmonização psíquica nas reuniões
mediúnicas

Preparativos para a reunião:

107
Ao acordar: cultive atitude mental digna, desde a hora do despertamento
físico, seja por meio de prece ou pelo acolhimento de idéias de natureza
superior.

Durante o dia: evite discussões, buscando a serenidade íntima; alimente-se


sem abuso, evitando o álcool, temperos excitantes, alimentos pesados, de
forma que as energias do organismo não sejam direcionadas exclusivamente
para os órgãos digestivos; faça pequeno repouso físico e mental antes da
reunião; entre em sintonia com os benfeitores espirituais, por meio da prece
e da meditação.

No local das reuniões, antes do início da mesma: seja pontual e assíduo;


não chegue atrasado; não falte ao trabalho; adote posição respeitosa no falar,
no vestir e no comportar-se; não dê gritos, não dê gargalhadas, não faça
algazarra; mantenha-se em discrição sem grandes movimentações; lembre-
se: o local de reuniões mediúnicas assemelha-se a um hospital, donde
existem enfermos, credores de atenção, de carinho e de respeito; não
converse banalidade ou qualquer assunto inoportuno, incompatíveis com a
serenidade do ambiente, tais como anedotas, críticas, queixas,
apontamentos irônicos, comentários escandalosos etc.

Na hora da reunião: mantenha-se postura serena; procure sintonizar-se com


os benfeitores espirituais, adotando atitude de relaxamento emocional;
liberte-se das tensões, a começar pela maneira correta e calma, ao sentar-
se na cadeira; a seguir, dê atenção à respiração, inspirando e expirando o
ar com serenidade, ao ritmo do coração, de forma que a circulação sangüínea
conduza aos órgãos o oxigênio e as energias necessárias ao equilíbrio físico;
participe dos estudos e das atividades do grupo, em clima de equilíbrio
emocional, isto é, nem tão passivo, que conduza à indiferença e ao
alheamento, nem tão ativo, que produza excitações e sobrecargas
emocionais; esforce-se para não dormir nas reuniões: o sono pode ser
produto do cansaço físico ou da ação de entidades desencarnadas; no
primeiro caso, é preciso encontrar uma forma de não chegar cansado à
reunião; no segundo caso, não esquecer que, por efeito da chamada
ectoplasmia, os desencarnados vampirizam energias do participante ou
hipnotiza-o, conduzindo-o ao sono; nesse caso, é preciso buscar o auxilio da
terapia espírita; há ainda outra razão para o sono: o uso de medicamentos;
verifique se estes não podem ser usados após a reunião ou várias horas
antes da mesma; a posição na cadeira e à mesa podem, igualmente,
favorecer o sono.

108
Após a reunião: procure manter o clima de equilíbrio psíquico obtido na
reunião, por meio de pensamentos e de atitudes voltados para o bem.

-x-x-

APOSTILA N.º 09

109
TEMA:

PERCEPÇÕES PSÍQUICA.
Referência Bibliográfica:

- A Gênese – FEB.
- O Livro dos Médiuns – FEB.
- DENIS, Léon. A consciência. O sentido íntimo. O Problema do ser, do
destino e da dor. 23. Ed. RJ. FEB, 2000. 3ª parte, cap. XXI, p. 334-335.
- MIRADOR, Enciclopédia Internacional. SP. Rio de Janeiro: Encyclopaedia
Britânica do Brasil, 1995. V. 16. P. .8.761.
- XAVIER, Francisco Cândido e VIEIRA, Waldo. Mediunidade e corpo
espiritual. Evolução em dois mundos. Pelo espírito André Luiz. 18. RJ.
FEB. 1999. Cap. 17, p.129.
- XAVIER, Francisco Cândido. Mediunidade. Roteiro. Pelo espírito
Emmanuel. 18 ed. RJ. FEB. 1999, cap. 27, p. 115.

(09) PERCEPÇÃO PSÍQUICA

Os exercícios de percepção psíquica pretendem proporcionar ao


médium principiante ou estudioso da mediunidade:

110
- condições psíquicas, afetivas e emocionais, para ter consciência da
realidade espiritual que nos cerca;
- orientações para se relacionar ou sintonizar com os espíritos
desencarnados, de forma harmônica, mesmo que estes se revelem
sofredores ou desequilíbrios;
- esclarecimentos sobre o papel do pensamento, dos fluidos e da intuição
no intercâmbio espiritual.

Os exercícios de percepção psíquica: Recomenda-se ao médium


principiante que não faça os exercícios a sós, porque poderá não ter domínio
sobre si mesmo ou sobre o espírito que deseja comunicar-se por seu
intermédio, fato que poderá ser motivo de transtornos ou gerar maiores
desequilíbrios. É fundamental que, ao início das atividades mediúnicas, o
médium conte com a orientação de um dirigente encarnado, esclarecido o
suficiente para saber orientá-lo de forma correta. Para a prática da
percepção, os seguintes exercícios estão indicados:

1- Fazer uma prece sentida, elevada, buscando auxílio espiritual superior.


Pode, igualmente, acompanhar mentalmente a prece proferida por alguém
do grupo.
2- Desligar-se mentalmente das preocupações corriqueiras, dos assuntos
materiais, abstraindo-se do ambiente onde se encontra. Buscar ligação com
os bons espíritos.
3- Manter-se em posição de introspecção, o que pode ser conseguido pela
prece ou pela mentalização (ideoplastia); pela música elevada; pela redução
da luminosidade; pelo silêncio ambiental.
4- Colocar-se em postura de relaxamento muscular --- o que aliviará as
contrações musculares --- e de relaxamento emocional, descontraindo-se
das tensões ou stress.
5- Buscar a calma, harmonizando-se consigo mesmo e procurando
manter a mente aberta à recepção de idéias ou de sentimentos externos, que
poderão chegar a penetrar-lhe o mundo íntimo.
Obs.: É importante, para a captação de idéias ou de sentimentos, que o
médium principiante esteja de fato harmonizado consigo mesmo. Deve
avaliar, pois, o seu estado emocional: se a respiração está calma; se os
batimentos cardíacos estão normais; se consegue manter-se quieto na
cadeira. O médium, desde o início da prática mediúnica, deve aprender a se
harmonizar, para proporcionar harmonia e equilíbrio aos que sofrem. Deve
agir como bondoso e esclarecido enfermeiro: auxiliar o doente, por mais
necessitado que ele seja, sem, contudo, ceder-lhe aos caprichos e
contaminar-se com a doença de que é portador.

111
6 – Analisar o teor das idéias ou dos sentimentos que lhe chegam ao mundo
íntimo. Deve procurar classificá-los. Geralmente, os sentimentos são os
primeiros a ser percebidos. Avaliá-los! São sentimentos de raiva, de mágoa,
de vingança? Ou de tristeza, angústia? Sente vontade de chorar, ou ao
contrário, de rir e gargalhar? Captou uma sensação de dor física (na cabeça,
no peito, nos membros, no abdômen)? Sente frio ou calor? Ou, ao contrário,
os sentimentos captados são de paz, de alegria, de bondade, de amor?
Sente-se mais tranqüilo do que estava? Uma suave brisa, como delicada
vibração, o envolve?
Pode ser que o médium capte imagens, das mais variadas: de luzes,
de cores, de alguém mutilado ou chorando, ou gritando. Alguém enfurecido,
brigando. Ou ferido em qualquer parte do corpo. Pode ver um homem ou uma
mulher. Alguém vestindo roupas comuns ou exóticas. No início da prática de
percepção psíquica, as idéias, os sentimentos ou as imagens podem ser
confusas, sem nexo, incompletos. Isso não tem importância. Com o treino,
com o passar do tempo, estando o médium harmonizado, sintonizado com
os benfeitores espirituais, a percepção torna-se mais nítida e coerente.
7 – Orar com sentimento e fé aos espíritos superiores, quando se deseja ou
quando há necessidade de romper a ligação com algum comunicante. Nesta
fase inicial, quando o médium está aprendendo a captar idéias, sentimentos
e imagens do plano espiritual, é desejável que não ocorra sintonia com a
entidade espiritual, para evitar a manifestação mediúnica. Esta ocorrerá em
momento propício, estando o médium mais seguro.

CONCEITOS:

Origem gramatical da palavra: Percepção origina-se do verbo perceber,


que significa conceber pelos sentidos, conhecer, dar a entender (Caldas
Aulete, Dicionário Contemporâneo da Língua Portuguesa)
Origina-se do latim (perceptio-onis), com o significado de fazer colheita, ato
de adquirir, de aprender, de conhecer; ou, do verbo latino percipere, que se
traduz por tomar, apoderar-se de algo, adquirir, aprender através ou por meio
de.

A visão fisio-psicológica --- A percepção, em psicologia, refere-se ao


processo cognitivo através do qual se conhecem objetos e situações
próximos no tempo e no espaço. A tarefa perceptiva é sempre de natureza
complexa porque pressupõe a entrada de uma energia física pelos ou ao
longo dos órgãos sensoriais, a conversão dessa energia ou impulso físico,
que define o estímulo, em impulso nervoso, em nível dos receptores
sensoriais. O impulso nervoso chegando ao cérebro pode gerar uma
resposta imediata ou, conforme o grau de elaboração deste impulso, pode

112
exigir correlações mais intrincadas nas estruturas psíquicas, que podem
conduzir a um excitamento e/ou projeção mental, antes de ocorrer a
conversão da resposta.
O estudioso Donald Olding Hebb caracteriza a percepção como
expressão de atividades mediadoras diretamente desencadeadas pelas
sensações. Outro estudioso do assunto, Jerome Seymour Bruner, define-a
como processo de categorização de estímulos, isto é, como processo através
do qual os estímulos são identificados e classificados. Atribuindo-lhe, assim,
dimensão abstrata, aproximando-a dos processos do pensamento.

A visão parapsicológica --- A percepção das coisas ou das pessoas,


situadas fora do espaço-tempo onde alguém está, é feita por meio de um
forma especial, que a parapsicologia denomina percepção extra-sensorial
(P.E.S.). A percepção extra-sensorial, entendida como fenômenos menos
psíquicos de clarividência, pós ou pré-cognição e telepatia, ocorre fora ou
além dos sentidos físicos, daí sua denominação.

A visão Espírita ---- A Doutrina Espírita esclarece que a percepção é feita


pelo espírito, pela sua mente, a qual utiliza o perispírito e os órgãos físicos,
respectivamente, para responder a estímulos externos que lhe chegam
telepaticamente, oriundos de outra mente espiritual. Isto porque as bases de
todos os serviços de intercâmbio, entre os desencarnados e encarnados,
repousam na mente.
É no mundo mental que se processa a gênese de todos os trabalhos
da comunhão espírito a espírito. Daí procede a necessidade de renovação
idealística, de estudo, de bondade operante e de fé ativa, se pretendemos
conservar contato com os espíritos superiores.

A PERCEPÇÃO ESPIRITUAL

A) O pensamento e os fluidos ----- Os nossos pensamentos são forças,


imagens, coisas e criações visíveis e tangíveis no campo espiritual. Atraímos
companheiros e recursos, de conformidade com a natureza de nossas idéias,
aspirações, invocações e apelos. Energia viva, o pensamento desloca, em
torno de nós, forças sutis, construindo paisagens ou forma e criando centros
magnéticos ou ondas, com as quais emitimos a nossa atuação ou recebemos
a atuação dos outros.
Para que o pensamento de um espírito seja percebido, é necessário
que ocorra uma ação fluídica. Assim, os fluidos espirituais são utilizados ou
trabalhados pelos espíritos desencarnados, de forma inconsciente ou
consciente, porque esses fluidos representam a atmosfera dos seres
espirituais. É o elemento donde eles tiram os materiais sobre que operam; o

113
meio onde ocorrem os fenômenos especiais, perceptíveis à visão e à audição
do espírito, mas que escapam os sentidos carnais. É, finalmente, o veículo
do pensamento, como o ar o é do som.
O espírito utiliza os fluidos espirituais para exprimir suas idéias e
sentimentos, os quais são, mais ou menos percebidos, pelos encarnados. É
dessa forma que os mais secretos movimentos da alma repercutem no
envoltório fluídico; que uma alma pode ler noutra alma como num livro e ver
o que não é perceptível aos olhos do corpo. Contudo, vendo a intenção, pode
ela pressentir a execução do ato que lhe será a conseqüência, mas não pode
determinar o instante em que o mesmo ato será executado, nem lhe assinalar
os pormenores, nem, ainda, afirmar que ele se dê, porque circunstâncias
ulteriores poderão modificar os planos assentados e mudar as disposições.
Ele não pode ver o que ainda não esteja no pensamento do outro; o que vê
é a preocupação habitual do indivíduo, seus desejos, seus projetos, seus
desígnios bons ou maus.
A percepção psíquica capta, então, a intenção do espírito, que
corresponde a uma sensação boa ou má que a aproximação do referido
espírito produz no médium. Por meio da percepção, o médium tem condições
para entrar, ou não, em sintonia com o espírito com o qual deseja ou
necessita comunicar-se. Se o momento não oferece condições propícias à
comunicação mediúnica, ou se há inconveniência de ela ocorrer, deve-se
envolver a entidade sofredora em vibrações harmônicas de prece e buscar
amparo nos protetores espirituais, tanto em benefício próprio como no do
espírito candidato à comunicação.

b) A intuição --- A intuição é um tipo de percepção. É uma das formas


empregadas pelos habitantes do mundo invisível para nos transmitirem seus
avisos, suas instruções. A intuição é a base de todas as faculdades
espirituais. Encontramos, então, na intuição um sistema inicial de
intercâmbio, facilitando a comunhão das criaturas, mesmo à distância, para
transfundi-las no trabalho sutil da telementação, nesse e naquele domínio do
sentimento e da idéia.

c) Inspiração --- Kardec esclarece que o médium inspirado é aquele que


recebe sempre, seja no estado de vigília ou de êxtase, idéias estranhas às
suas. Considera a inspiração uma variedade de mediunidade intuitiva. É mais
difícil ao médium inspirado, diz Kardec, detectar se o pensamento é próprio
ou se é de um espírito. A percepção pode resultar de uma inspiração que o
médium recebe.

-x-x-

114
APOSTILA N.º 10

TEMA:

115
DA EMANCIPAÇÃO DA
ALMA:
SONO E SONHOS

Referência Bibliográfica:

- PROGEM – Projeto de Orientação para Grupos de Estudos da


Mediunidade da Aliança Espírita de Juiz de Fora – Minas Gerais.
1 - KARDEC, Allan. Manifestações visuais. In:- O Livro dos Médiuns. Cap. VI,
item 101.
2 -. Emancipação da alma. In:- O Livro dos Espíritos. Cap. VIII, questões 400
a 403.
3 - DENIS, Léon. Exteriorização do ser humano. In:- No Invisível. Cap. XII
4 - XAVIER, F. Cândido. Sonhos. In:- Missionários da Luz. Cap. 8. Esp. André
Luiz.
5 -Desdobramento. In:- Mecanismos da Mediunidade. Cap. XXI, Esp. André
Luiz.
6 - FRANCO, D. Pereira. Sono, sonhos e vida. In:- Temas da vida e da morte.
Espírito Manoel Philomeno de Miranda.
7 - PERALVA, Martins. Sonhos. In:- Estudando a Mediunidade. Cap. XVII.
8 - Estudo Sistematizado da Doutrina Espírita. FEB - Programa V - Roteiro
n.º 33.

(10) DA EMANCIPAÇÃO DA ALMA: SONO E SONHOS

INTRODUÇÃO:

Chama-se emancipação da alma, o desprendimento do espírito


encarnado, possibilitando-lhe afastar-se momentaneamente do corpo físico.

116
É muito importante a compreensão e o estudo do sono e dos sonhos para
um conhecimento mais amplo do fenômeno da emancipação da alma e das
experiências vivenciadas pelo espírito neste estado de liberdade.
“À semelhança da morte, em que o espírito se liberta com facilidade
do corpo mediante conquistas anteriores de desapego e renúncia, reflexões
e desinteresse das paixões mais vigorosas, no sono há uma ocorrência
equivalente, pois que o ser espiritual possui maior ou menor movimentação
conforme as suas fixações e conquistas.”
Dormimos um terço de nossas vidas e o sono, além das propriedades
restauradoras da organização física, concede-nos possibilidades de
enriquecimento espiritual através das experiências vivenciadas enquanto
dormimos. No campo da mediunidade, durante o desdobramento ou
emancipação da alma pelo sono natural, os participantes dos grupos
mediúnicos desenvolvem tarefas de significado valor em continuidade às
atividades encetadas nas reuniões mediúnicas.
Vários fenômenos mediúnicos poderão ocorrer com a alma
emancipada embora muitos sejam classificados, apenas, como fenômenos
anímicos. “Às vezes, durante o sono ou na vigília, a alma se exterioriza, se
objetiva em sua forma fluídica e aparece à distância.” É o fenômeno da
bicorporeidade. Durante o sono normal, o corpo perispiritual poderá provocar
uma série de fenômenos de efeitos intelectuais, como a psicofonia e a
psicografia e também os efeitos físicos ou objetivos como as aparições,
produzir sons, ruídos, etc. No Livro dos Médiuns, Kardec nos diz:
“Às manifestações visuais mais comuns têm lugar durante o sono: são
as visões. Os sonhos podem ser:
- uma visão atual das coisas presentes ou ausentes;
- uma visão retrospectiva do passado e, em alguns casos excepcionais,
um pressentimento do futuro;
- quadros simbólicos que os espíritos fazem passar sob nossos olhos
para nos dar úteis advertências e salutares conselhos, se são bons espíritos;
Induzir ao erro ou lisonjear paixões, se são espíritos imperfeitos.”
Nos estados de emancipação da alma, o espírito se desloca do corpo
físico, os laços que o unem à matéria ficam mais tênues, mais flexíveis e o
corpo perispiritual age com maior liberdade.
Vamos, neste estudo, evidenciar com maior intensidade, o sonho, suas
características espirituais, quando realmente ocorre a emancipação da alma
e as horas de sono são aproveitadas para nosso crescimento espiritual
através de atividades, estudos e aquisições enobrecedoras.

SONO E SONHOS

CONCEITOS:

117
Sono é um estado em que cessam as atividades físicas motoras e
sensoriais.
Sonho é a lembrança dos fatos, dos acontecimentos ocorridos durante
o sono. A ciência oficial, analisando tão somente os aspectos fisiológicos das
atividades oníricas, ainda não conseguiu conceituar com clareza e
objetividade o sono e o sonho. Sem considerar a emancipação da alma, sem
conhecer as propriedades e funções do perispírito, fica, realmente, difícil
explicar a variedade das manifestações que ocorrem durante o repouso do
corpo físico. Alguns psiquiatras e psicólogos já analisam os sonhos como
atividades do psiquismo mais profundo.
Assim temos em Freud, o precursor dos estudos mais avançados nesta
área. Ele julgava que os instintos, quando reprimidos, tendem a se manifestar
e uma destas manifestações seria através dos sonhos. Isto numa linguagem
simbólica representativa do desejo.
Adler introduziu em psicologia o “instinto do poder”. Nossa
personalidade gravitaria em torno da auto-afirmação, do desejo do domínio.
Jung considerou válidas as duas proposições. Descobriu que nos
recessos do inconsciente, existe uma infra-estrutura feita de imagens ou
símbolos que integram a mitologia de todos os povos. São os arquétipos,
reminiscências de caráter genérico que remotam a fases muito primitivas da
evolução.
Mas foi Allan Kardec, através da Codificação Espírita, quem,
realmente, analisou amplamente os sonhos em seus aspectos fisiológicos e
espirituais. No Livro dos Espíritos, cap. VIII, analisando a emancipação
espiritual, coloca o sono como a primeira fase deste fenômeno, que antecede
ao sonambulismo e ao êxtase que seriam estados mais profundos de
independência pelo desprendimento parcial do espírito. Nas questão 400, do
Livro dos Espíritos, ele indaga aos espíritos superiores:
“O espírito encarnado permanece voluntariamente no seu envoltório
corporal?”
R= “É como se perguntasse se o prisioneiro está satisfeito sob as
chaves. O espírito encarnado aspira incessantemente à libertação e quanto
mais grosseiro é o envoltório, mais ele deseja ver-se desembaraçado.”

Na questão 401: “Durante o sono, a alma repousa como o corpo?”


R= “Não. O espírito jamais está inativo. Durante o sono, os liames que
unem ao corpo se afrouxam e o corpo não mais necessitando do espírito, ele
percorre o espaço e entra em relação mais direta com os outros espíritos.”
Na questão 402, Kardec indaga:
“Como podemos julgar a liberdade do espírito durante o sono?”

118
R=“ Pelos sonhos”. E Kardec tece comentários muito importantes
acerca dos sonhos, nos quais há uma emancipação da alma, enquanto o
corpo repousa.
- “O sono liberta parcialmente a alma do corpo.”
- “O espírito jamais está inativo.”
- “Têm a lembrança do passado e às vezes a previsão do futuro.”
- “Adquire mais poder ( pela liberdade de ação delimitada pelo grau de
exteriorização) e pode entrar em contato com outros espíritos encarnados ou
desencarnados.”
- “O sono coloca o homem num estado em que estará de maneira
permanente após a morte.”
- “Enquanto dormem, alguns espíritos procuram aqueles que lhes são
superiores ( estudam, trabalham, recebem orientações, pedem conselhos)”.
- “Os espíritos inferiores irão aos lugares com os quais se afinizam.”

SONHOS - CLASSIFICAÇÃO : Martins Peralva, no Livro “Estudando a


Mediunidade”, propõe a seguinte classificação dos sonhos:
- COMUNS : Repercussão de nossas disposições físicas e psicológicas.
- REFLEXIVOS: Exteriorização de impressões e imagens arquivadas no
cérebro físico e no perispírito.
- ESPÍRITAS: Atividade real e efetiva do espírito, durante o sono.

SONHOS COMUNS: São aqueles que refletem nossas vivências do dia a dia.
O espírito desligando-se, parcialmente, do corpo, absorve as ondas e
imagens de sua própria mente, das que lhe são afins e do mundo exterior, já
que nos movimentamos num turbilhão de energias e ondas vibrando sem
cessar. Nos sonhos comuns, quase não há exteriorização perispiritual. São
muitos freqüentes dada a nossa condição espiritual.
“Puramente cerebral, simples repercussão de nossas disposições
físicas ou de nossas preocupações morais. É também o reflexo de
impressões e imagens arquivadas no cérebro durante a vigília”.

SONHOS REFLEXIVOS : Há maior exteriorização que nos sonhos comuns.


O espírito registra acontecimentos, impressões e imagens, arquivadas no
subconsciente, isto é, no cérebro do corpo fluídico, ou perispírito. Esses
sonhos poderão refletir fatos remotos, imagens da atual reencarnação.
Contudo, é mais freqüente revivenciar acontecimentos de outras vidas, cujas
lembranças nos tragam esclarecimentos, lições ou advertências, se
orientados por mentores espirituais.
Poderão os espíritos inferiores motivarem estas recordações com
finalidades de nos perseguirem, amedrontar, desanimar ou humilhar,
desviando-nos do objetivos benéficos da existência atual. “Nos sonhos

119
reflexivos , o espírito flutua na atmosfera sem se afastar muito do corpo;
mergulha, por assim dizer, no oceano de pensamentos e imagens, que de
todos os lados rolam pelo espaço, deles se impregna, e aí colhe impressões
confusas, tem estranhas visões e inexplicáveis sonhos; a isso se mesclam,
às vezes, reminiscências de vidas anteriores”

SONHOS ESPÍRITAS: Há mais ampla exteriorização do perispírito.


Desprendendo-se do corpo e adquirindo maior liberdade, a alma terá uma
atividade real no plano espiritual. Léon Denis chama a estes sonhos de
etéreos ou profundos, por suas características de mais acentuada
emancipação da alma.
“O espírito se subtrai à vida física, desprende-se da matéria, percorre
a superfície da terra e a imensidade onde procura os seres amados, seus
parentes, seus amigos, seus guias espirituais. Dessas práticas, conserva o
espírito impressões que raramente afetam o cérebro físico, em virtude de sua
impotência vibratória.”
Nos sonhos espíritas, teremos que considerar a lei de afinidade. Nossa
condição espiritual, nosso grau evolutivo, irá determinar a qualidade de
nossos sonhos, as companhias espirituais que iremos procurar, os ambientes
nos quais permaneceremos enquanto o nosso corpo repousa.
“Quando encarnados na Crosta, não temos bastante consciência dos
serviços realizados durante o sono físico, contudo, esses trabalhos são
inexprimíveis e imensos. Infelizmente, porém, a maioria se vale do repouso
noturno para sair à caça de emoções frívolas ou menos dignas. Relaxam-se
as defesas próprias, e certos impulsos longamente sopitados durante a
vigília, extravasam-se em todas as direções, por falta de educação espiritual,
verdadeiramente sentida e vivida.”

OS SONHOS E A LEI DE AFINIDADE : No livro Mecanismos da


Mediunidade, André Luiz nos diz que quanto mais inferiorizado, mais
dificuldade terá o homem em se emancipar espiritualmente. “Qual ocorre no
animal de evolução inferior, no homem de evolução positivamente inferior o
desdobramento da individualidade, por intermédio do sono, é quase que
absoluto estágio de mero refazimento físico.”
“No animal, o sonho é puro reflexo das atividades fisiológicas. E, no
homem primitivo em que a onda mental está em fase inicial de expansão, o
sonho, por muito tempo, será invariavelmente ação reflexa de seu próprio
mundo consciencial ou afetivo.” Estaremos, então, durante o repouso
noturno, se emancipados espiritualmente, vivenciando cenas realizando
tarefas afins. Procuraremos a companhia daqueles espíritos que estejam na
mesma sintonia, para realizações positivas, visando nosso progresso moral

120
ou em atitudes negativas, viciosas, junto àqueles que, ainda, se comprazem
em atos ou reminiscências degradantes, que nos perturbam e desequilibram.
“Há leis de afinidades que respondem pelas aglutinações sócio-morais-
intelectuais, reunido os seres conforme os padrões e valores nos quais se
demoram. Parcialmente liberto pelo sono, o espírito segue na direção dos
ambientes que lhe são agradáveis durante a lucidez física ou onde gostaria
de estar, caso lhe permitissem as possibilidades normais.”
Os sonhos espíritas, isto é, naqueles que nos liberamos parcialmente
do corpo e gozamos de maior liberdade, são os retratos de nossa vivência
diária e de nosso posicionamento espiritual. Refletem nossa realidade
interior, o que somos e o que pensamos. “Dorme-se, portanto, como se vive,
sendo-lhe os sonhos o retrato emocional da sua vida moral e espiritual.”

EXEMPLOS DE SONHOS: A literatura espírita é rica em exemplos e


narrativas de sonhos espíritas. Temos nas obras psicografadas por Chico
Xavier, Divaldo P. Franco e as escritas por Yvonne A. Pereira, inúmeras
descrições destes sonhos. Neles, vemos a alma emancipada sob a hipnose
natural que é o sono, ir a locais e agir por sugestões, as mais variáveis,
atraídas sempre aos locais e situações onde se lhe vincula o pensamento. A
vontade é direcionada pelo desejo e este age impulsionando a alma na
direção do que lhe atrai e constitui motivação principal, na vida íntima. Nos
sonhos, com emancipação da alma, poderemos citar alguns exemplos:
* - reflexos de nosso cotidiano, de nossas preocupações comuns;
* - determinatórios ( indicando caminhos, dando avisos ou nos
advertindo);
* - premonitórios ( prevendo fatos próximos);
* - proféticos ( citados na Bíblia);
* - instrutivos ( fornecendo-nos lições enobrecedoras e conhecimentos
do plano espiritual);
* - com experiências negativas;
*- com perseguições de espíritos inferiores.
“O sonho é a lembrança do que o espírito viu durante o sono, mas
observai que nem sempre sonhais porque nem sempre vos lembrais daquilo
que vistes ou de tudo o que vistes; isto porque não tendes a vossa alma em
todo o seu desenvolvimento; freqüentemente não vos resta mais que
lembrança da perturbação da vossa partida ou da vossa volta; Sem isto,
como explicaríeis estes sonhos absurdos a que estão sujeitos os sábios
como os ignorantes? Os maus espíritos se servem dos sonhos para perseguir
atormentar, as almas fracas e pusilânimes.”

Recordações dos Sonhos: Na questão 403, do Livro dos Espíritos, Kardec


indaga: “Por que não nos lembramos de todos os sonhos?”

121
R= “Nisto que chamas sono só tens o repouso do corpo, porque o
espírito está sempre em movimento. No sono ele recobra um pouco de sua
liberdade e se comunica com os que lhes são caros seja neste ou no outro
mundo. Mas, como o corpo é de matéria pesada e grosseira, dificilmente
conserva as impressões recebidas pelo espírito durante o sono, mesmo
porque o espírito não as percebeu pelos órgãos do corpo.” Algumas
considerações em torno da resposta acima:

No estado de vigília: - as percepções se fazem com o concurso dos órgãos


físicos; - os estímulos exteriores são selecionados pelos sentidos; - são
transmitidos ao cérebro pelas vias nervosas; - no cérebro físico, são gravados
para serem reproduzidos pela memória biológica a cada evocação.

Quando dormimos : - cessam as atividades físicas, motoras e sensoriais; -


o espírito liberto age e sua memória perispiritual registra os fatos sem que
estes cheguem ao cérebro físico; - tudo é percebido diretamente pelo espírito;
- excepcionalmente, por via retrógrada, as percepções da alma poderão
repercutir no cérebro físico; - quando lembramos, dizemos que sonhamos.

CONCLUSÃO : A análise dos sonhos pode nos trazer informações valiosas


para nosso auto-descobrimento. Contudo, devemos nos precaver contra as
interpretações pelas imagens ou lembranças esparsas. Há sempre um forte
conteúdo simbólico em nossas percepções psíquicas que, normalmente nos
chegam acompanhadas de emoções e sentimentos. Se, ao despertarmos,
nos sentirmos envolvidos por emoções boas, agradáveis, vivenciamos uma
experiência positiva durante o sono físico. Ao contrário, se as emoções são
negativas, nos vinculamos certamente a situações e espíritos inferiores. Daí
a necessidade de adequarmos nossas vidas ao preceitos espíritas,
vivenciando o amor, o perdão, a abnegação, habituando-nos à prece, à
meditação antes de dormir, para nos ligarmos a valores bons e sintonia
superior. Assim, teremos um sono reparador e sonhos construtivos.

-x-x-

122
APOSTILA N.º 11

TEMA:

MEDIUNIDADE

123
Referência Bibliográfica:
- A Gênese – FEB. O Evangelho Segundo o Espiritismo – FEB.
- O Livro dos Médiuns – FEB. – Obras Póstumas.
- FRANCO, Divaldo Pereira. Grilhões Partidos; Lampadário Espírita; Nas
Fronteiras da Loucura; Sementes de Vida Eterna; Loucura e Obsessão;
Intercâmbio Mediúnico; Diretrizes de Segurança; Estudos Espíritas;
- ANDRADE, Hernani Guimarães. O Poltergeist. Espírito, Perispírito e
Alma. São Paulo: Pensamento, 1984, p.163.
- BOZZANO, Ernesto. Pancadas e Quedas, Movimentos de Objetos a
Distância. Povos Primitivos e Manifestações Supranormais.
- DOYLE, Arthur Conan. Vozes Mediúnicas e Moldagens. História do
Espiritismo. 1960, p. 381.
- NÁUFEL, José. Ectoplasmia e Materialização. Do ABC ao Infinito.
Espiritismo Experimental. Vol. 2.22 RJ. FEB, 1991,p.81.

(11) MEDIUNIDADE

- As manifestações mediúnicas de efeitos físicos:

Dá se o nome de manifestações físicas às que se traduzem por efeitos


sensíveis, tais como ruídos, movimentos e deslocação de corpos sólidos.
Umas são espontâneas, isto é, independentes da vontade de quem quer que
seja; outras podem ser provocadas. O efeito mais simples, e um dos
primeiros que foram observados, consiste no movimento circular impresso a
uma mesa. Este efeito igualmente se produz com qualquer outro objeto, mas
sendo a mesa o móvel com que, pelas sua comodidade, mais se tem
procedido a tais experiências, a designação de mesas girantes prevaleceu,
para indicar esta espécie de fenômenos.

124
A variedade de manifestações mediúnicas e efeitos físicos é grande,
indo desde as simples manifestações de ruídos e pancadas até as
materializações de espíritos, algumas das quais de grande beleza, por
apresentarem efeitos luminosos. Vamos, a seguir, analisar as principais
manifestações de efeitos físicos.

1. Ruídos, barulhos, pancadas e sinais: Como as pancadas e os ruídos


são as manifestações de efeitos físicos mais simples e freqüentes, devemos
nos conduzir com prudência para não sermos enganados, é que se deve
temer a ilusão, porquanto uma infinidade de causas naturais pode produzi-
los: o vento que sibila ou que agita um objeto, um corpo que se move por si
mesmo sem que ninguém perceba, um efeito acústico, um animal escondido,
um inseto etc., até mesmo a malícia dos brincalhões de mau gosto. Aliás, os
ruídos espíritas (mediúnicos) apresentam um caráter especial, revelando
intensidade e timbre muito variado, que os tornam facilmente reconhecíveis
e não permitem sejam confundidos com os estalidos da madeira, com as
crepitações do fogo, ou com o tique-taque monótono do relógio. São
pancadas secas, ora surdas, fracas e leves, ora claras, distintas, às vezes
retumbantes, que mudam de lugar e se repetem sem nenhuma regularidade
mecânica. De todos os meios de verificação, o mais eficaz, o que não pode
deixar dúvida quanto à origem do fenômeno, é a obediência deste à vontade
de quem o observa. Se as pancadas se fizerem ouvir num lugar determinado,
se responderem, pelo seu número, ou pela sua intensidade, ao pensamento,
não se lhes pode deixar de reconhecer uma causa inteligente.
Quando a manifestação mediúnica é feita por meio de pancadas,
chama-se tiptologia. Quando os espíritos utilizam sinais para se
comunicarem, denomina-se sematologia. Ambas as formas primitivas de
comunicação mediúnica, em que se estabelece um número de sinais para
as letras do alfabeto ou para as palavras, permitindo, assim, a manifestação
morosa e cansativa dos espíritos. As manifestações de natureza acima
indicada ocupam um lugar respeitável na origem das crenças anímicas dos
povos primitivos, é uma das principais causas que deram origem à religião
fetichista entre os selvagens.

2 – Do arremesso de objetos ao “Poltergeist” : As manifestações


espontâneas nem sempre se limitam a ruídos e pancadas. Degeneram, por
vezes, em verdadeiro estardalhaço e em perturbações. Móveis e objetos
diversos são derribados, projetis de toda sorte são atirados de fora para
dentro, portas e janelas são abertas e fechadas por mãos invisíveis, ladrilhos
são quebrados, o que não se pode levar à conta da ilusão.
Muitas vezes o derribamento se dá, de fato; doutras, porém, só se dá
na aparência. Ouvem-se vozerios em aposentos contíguos, barulho de louça

125
que cai e se quebra com estrondo, cepos que rolam pelo assoalho. Acorrem
as pessoas da casa e encontram tudo calmo e em ordem. Mal saem,
recomeça o tumulto. Tais fatos assumem, não raro, o caráter de verdadeiras
perseguições. Um exemplo: seis irmãs moravam juntas e que, durante muitos
anos, todas as manhãs encontravam suas roupas espalhadas, rasgadas e
cortadas em pedaços, por mais que tomassem a precaução de guardá-las à
chave.
Esse fatos são comumente denominados de Poltergeist, palavra de
origem alemã e composta por dois vocábulos: poltern – fazer barulho; geist –
espírito. Assim, poltergeist significa: espírito brincalhão, desordeiro,
barulhento etc. esta denominação é popular e nascida da imediata
observação dos fenômenos. O poltergeist surge em uma casa ou local onde
existe, supõe-se, uma pessoa capaz de fornecer uma dada “energia” (fluidos
ectoplásmicos) que propicia o movimento de objetos, produção de ruídos,
combustões paranormais espontâneas (parapirogenia), etc. À pessoa que
propicia o funcionamento do poltergeist dá-se o nome de epicentro. Fato
curioso é que, nestes fenômenos, cerca de 35% das ocorrências mostram a
queda de pedras, isto é, pedras são atiradas contra as paredes, janelas e
vitrôs, ora quebrando telhas, ora causando danos, estilhaçando vidros,
atingindo pessoas etc.
Ernesto Bozzano, grande estudioso espírita do passado, informa-nos
que os fenômenos de poltergeist, comuns na Europa, eram conhecidos pelos
indígenas de diversas partes do mundo, como fenômeno de infestação. A
palavra diz respeito a lugares onde existem espíritos que provocam batidas,
quedas de objetos, estrondos fantasmagóricos e, como não poderia deixar
de ser, as infalíveis pedradas.
3 – Lugares assombrados e as assombrações: As manifestações
espontâneas, que em todos os tempos se hão produzido, e a persistência de
alguns espíritos em darem mostras ostensivas de sua presença em certas
localidades, constituem a fonte de origem da crença na existência de lugares
mal-assombrados. Na verdade, os espíritos ainda muito presos a pessoas ou
a coisas materiais permanecem em determinados locais por tempo variável,
produzindo fenômenos de efeitos físicos que causam medo. Nem sempre tais
espíritos são maus. Muitos deles, os que freqüentam certos lugares,
produzindo neles desordens, antes de querem diverti-se à custa da
credulidade e da poltronaria (covardia, medo.) dos homens, do que lhes fazer
mal.
A melhor maneira de afastar tais espíritos e de dissuadi-los de provocar
os dissabores que provocam consiste em atrair os bons. Praticando o bem,
tendo paciência, orando por eles, aos poucos as assombrações deixarão de
existir. O exorcismo e as práticas semelhantes nenhum efeito produzem.
Uma das características mais típicas das assombração é a manifestação de

126
fantasmas visíveis e até fotografáveis. O fantasma (espírito) geralmente
parece inconsciente e executa certos atos automáticos, como se fosse um
sonâmbulo. Normalmente irradia frio e dá a impressão de estar rodeado por
vapor de água condensado em forma de nevoeiro. Estas aparições na
maioria das vezes são muito frias. Quando o espírito pode contar com
suficiente dose de ectoplasma, é capaz de emitir sons vocais, gemer, chorar,
falar e até comunicar-se.

4 – Fenômenos de transportes de objetos --- Estes fenômenos são


também denominados de aporto, que corresponde a um objeto que vem de
fora para dentro de um recinto, e de asporti, quando o objeto sai do recinto
para fora. No fenômeno de transporte, o espírito que o produz satura o objeto
com fluido vital do médium e outros fluídos para desintegrá-lo a seguir, os
elementos atômicos que constituem o objeto são reintegrados e, então, o
objeto é materializado num ambiente hermeticamente fechado.
No fenômeno de transporte, os espíritos que o provocam não são
atrasados quanto aqueles que produzem poltergeist. Há sempre, no
transporte de objetos, uma intenção benévola do espírito que o produz, pela
natureza dos objetos, quase sempre graciosos, de que ele se serve e pela
maneira suave, delicada mesmo por que são trazidos. São quase sempre
flores, não raros frutos, confeitos, jóias, etc. este fenômenos são muito raros,
porque muito difíceis de se realizar são as condições em que se produzem.
Quando acontecem, isto é, quando o espírito encontra um médium que
lhe possa fornecer os fluidos necessários, quase sempre se realizam na
intimidade, à sós com o referido medianeiro. Isto porque, as energias para a
produção do fenômeno são tão especiais, que praticamente inviabilizam sua
execução em público, uma vez que, quase sempre, entre estes, se
encontram elementos energicamente refratários, que, paralisam os esforços
do espírito e, com mais forte razão, a ação do médium. (este assunto pode
ser estudado no Livro Fenômeno de Transporte, de Ernesto Bozzano.)

5 – Escrita direta e voz direta ---- Dá-se o nome de médiuns


pneumatógrafos, os que têm aptidão para obter a escrita direta, o que não é
possível a todos os médiuns escreventes. Conforme seja maior ou menor o
grau de desenvolvimento da faculdade mediúnica, o médium obtém desde
simples traços, sinais, letras, palavras, até frases completas ou páginas
inteiras de escrita. Allan Kardec nos esclarece que tanto a escrita direta,
quanto a voz direta, são manifestações muito raras. É importante diferenciar
pneumatografia de psicografia, esta última de ocorrência bem mais comum.
Na pneumatografia o espírito escreve, digamos assim, diretamente no papel
ou em outro material. Na psicografia, o espírito comunicante transmite os
seus pensamentos ao médium e este, por sua vez, transcreve-os, utilizando

127
sua própria mão. A escrita direta é também denominada psicografia indireta,
quando o espírito transmite suas idéias por meio de objetos materiais, à
distância do médium, tais como: cestas, pranchetas etc. Em qualquer
situação (escrita direta ou indireta) o médium funciona como doador de
fluidos ectoplásmicos, para que o espírito imprima sua mensagem.
A pneumatofonia ou voz direta é outro fenômeno mediúnico
extraordinário. Dado que podem produzir ruídos e pancadas, os espíritos
podem igualmente fazer se ouçam gritos de toda espécie e sons vocais que
imitam a voz humana, assim ao nosso lado, como nos ares. Os sons
espíritas, ou pneumatofônicos se produzem de duas maneiras distintas: às
vezes, é uma voz interior que repercute no nosso foro íntimo, nada tendo,
porém, de material as palavras, conquanto sejam claramente perceptíveis;
outras vezes, são exteriores e nitidamente articuladas, como se proviessem
de uma pessoa que nos estivesse ao lado.
De um modo, ou de outro, o fenômeno da pneumatofonia é quase
sempre espontâneo e só muito raramente pode ser provocado. Às vezes, os
espíritos utilizam algum instrumento ou outro veículo mais condizente para
que a voz direta se produza com mais precisão. É o que nos esclarece Arthur
Conan Doyle, no livro História do Espiritismo, quando descreve o fenômeno
da voz direta transmitida através de uma trombeta materializada, pelo espírito
John King, na fazenda do americano Jonathan Koons, em Ohio, USA.
André Luiz também descreve o fenômeno, este, porém, ocorrido no
plano espiritual, quando o espírito Matilde ecoa sua voz cristalina a uma
assembléia de espíritos, situados em plena região inferior, utilizando uma
garganta improvisada.
Os fenômenos da voz direta diferem da mera clarividência e da fala em
transe, por isso que os sons não parecem vir do médium, mas de fora, às
vezes de uma distância de alguns metros e, outras vezes, se fazendo ouvir
em duas ou três vozes simultâneas. Há indícios de que a materializações de
trombetas, cordas vocais ou coisas parecidas se dá quando existe a
necessidade de aumentar o tom de voz, ou torná-las mais nítida.

6 – Materialização de espíritos ----- A materialização é um fenômeno de


efeito físico em que os espíritos tornam-se visíveis aos circunstantes de uma
reunião, independente de eles possuírem mediunidade de vidência. Para se
tornarem visíveis e tangíveis, os espíritos utilizam fluidos específicos,
sobretudo o denominado ectoplasma, que é liberado pelo médium.
As materializações podem ser de objetos, como nos fenômenos de
transporte, e de espíritos. Entre estas últimas ocorrem as que causam medo,
denominadas assombrações. Outras, estudadas pelos pesquisadores
espíritas do passado e do presente, são mais comuns porque, em geral, o
espírito materializado apresenta as características do corpo físico que tinha

128
quando encarnado. Há, ainda, as materializações luminosas, muito belas,
produzidas por espíritos um pouco mais evoluídos.
O ectoplasma é uma substância fluídica que, em determinadas
circunstâncias, emana do corpo de certos médiuns, pelos orifícios naturais,
como as narinas e boca. Ectoplasma (do grego ektós – fora, exterior; e
plasma – dar forma); tem recebido denominações diversas, variando de autor
para autor: teleplasma (Scherenck-Notzing), substância da vitalidade (Robert
Crookall), psicoplasma, éter vitalizado (F. Melton), fluido perispirítico (Allan
Kardec)
André Luiz, na obra Nos Domínios da Mediunidade, descreve o
ectoplasma como sendo uma pasta flexível, à maneira de geleia viscosa e
semilíquida, (saindo) através de todos os poros e, com mais abundância,
pelos orifícios naturais, particularmente da boca, das narinas e dos ouvidos,
com elevada percentagem a exteriorizar-se igualmente do tórax e das
extremidades. Ainda segundo André Luiz, esta substância é caracterizada
por um cheiro especialíssimo, difícil de ser descrito que escorre em
movimentos reptilianos, acumulando-se na parte inferior do organismo do
médium, onde apresenta o aspecto de grande massa protoplásmica, viva e
tremulante. A cor do ectoplasma é leitosa-prateada.
O ecotoplasma assume aspectos extremamente variados, desde uma
forma tão rarefeita que o mantém invisível, até o estado sólido e organizado
em estruturas complexas, tais como os espíritos materializados (agêneres
ectoplásmicos). Entre estes dois extremos ele pode passar por estados
diversos: gasoso, plasmático, floculoso, amorfo, leitoso, filamentoso, líquido
etc. o ectoplasma serve não só para dar consistência ao perispírito, ou partes
deste, mas também para, embora em forma vaporosa, torná-lo visível. Com
ele são tecidas as vestes das entidades espirituais materializadas,
apresentando diversas modalidades, como as da lã, do algodão, da seda, de
véus pesados ou transparentes etc. Para a materialização de espíritos ou de
objetos, os espíritos especialistas lançam mão de três tipos de fluidos, em
trabalho que revela domínio de técnica especializada: - Fluidos A:
representando as forças superiores e sutis do plano espiritual; - Fluidos B:
ou ectoplasma, propriamente dito, do médium e das pessoas que o assistem;
- Fluidos C: constituindo energias tomadas à natureza terrestre (vegetais,
água, minerais etc.)
Uma pequena definição adicional sobre o tema: materialização – refere-
se à ectoplasmia com tangibilidade ou solidificação de formas;
- Ectoplasmia : termo genérico, voltado para as manifestações de efeitos
físicos, ou, ainda, quando as formas perispirituais fornam-se visíveis, porém,
intangíveis.
-x-x-
As manifestações mediúnicas de efeitos intelectuais:

129
As manifestações mediúnicas, físicas ou intelectuais, não são mera
obra do acaso e nem são decorrentes de causas materiais (vento, ação de
insetos ou de outro animal, eletricidade, calor etc.); provam, sim, que são
produzidas por uma inteligência, sobrevivente à morte do corpo físico. Para
uma manifestação ser inteligente, indispensável não é que seja eloqüente,
espirituosa, ou sábia; basta que prove ser um ato livre e voluntário,
exprimindo uma intenção, ou respondendo a um pensamento.
A manifestação de efeitos físicos resulta, como vimos, de efeitos
materiais patentes que impressionam os sentidos corporais. As de efeitos
intelectuais produz efeitos ou repercussões em nível mental, isto é, o espírito
comunicante conduz o médium a uma certa elaboração mental-intelectual, ao
transmitir a mensagem aos circunstantes. Nessa situação, o médium é um
intérprete das idéias e dos sentimentos do espírito comunicante.

1- Psicografia ---- De todos os meios de comunicação, a escrita manual é o


mais simples, mais cômodo e, sobretudo, mais completo. Para ele devem
tender todos os esforços, porquanto permite se estabeleçam, com os
espíritos, relações tão continuadas e regulares, como as que existem entre
nós. Com tanto mais afinco deve ser empregado, quanto é por ele que os
espíritos revelam melhor sua natureza e o grau de seu aperfeiçoamento, ou
da sua inferioridade. Pela facilidade que encontram em exprimir-se por esse
meio, eles nos revelam seus mais íntimos pensamentos e nos facultam julgá-
los e apreciar-lhes o valor. Para o médium, a faculdade de escrever é, além
disso, a mais suscetível de desenvolver-se pelo exercício. Os médiuns
psicógrafos estão classificados em três grupos básicos, de acordo com o grau
de transe mediúnico e da forma como a mensagem do espírito comunicante
é captada. Temos, portanto, os médiuns mecânicos, os intuitivos e os
semimecânicos.

1.1 – Médiuns psicógrafos mecânicos --- Na psicografia mecânica, o que


caracteriza o fenômeno é que o médium não tem a menor consciência do que
escreve. Nesse caso, o transe é mais profundo; a mão corre ágil sobre o
papel, porque o espírito a toma guiando-a. o fato de o médium estar
inconsciente, não significa que ele está impedido de interferir no conteúdo da
mensagem, pois, como já foi dito, ocorre uma ligação mental, afetiva e
anterior, entre o médium e o espírito comunicante. Mesmo que o médium não
saiba com detalhes o conteúdo da mensagem a ser transmitida, tem dela
uma idéia geral, e, além do mais, sempre tem condições de captar os
sentimentos e as intenções do espírito. Os espíritos superiores dão mostra
de sentimentos afetuosos, transmitindo a mensagem com calma, dignidade
e benevolência.

130
1.2 – Médiuns psicógrafos intuitivos --- O espírito comunicante, neste
caso, não atua sobre a mão, para fazê-la escrever; não a toma, não a guia.
Atua sobre a alma (do médium), com o qual se identifica. A alma (do médium)
sob esse impulso, dirige a mão e esta dirige o lápis. Nessa situação, o
médium tem consciência do que escreve, embora não exprima o seu próprio
pensamento. É o que se chama de médium intuitivo. O médium mecânico
age mais como uma máquina; já o intuitivo é o intérprete, propriamente dito,
das idéias do espírito comunicante. Este, de fato, para transmitir o
pensamento, precisa compreendê-lo, apropriar-se dele, de certo modo, para
produzi-lo fielmente e, no entanto, esse pensamento não é seu, apenas lhe
atravessa o cérebro. Esta é a forma de psicografia mais comum nos dias
atuais e, para que o médium capte mensagens verdadeiramente superiores,
é preciso que tenha preparo intelectual e equilíbrio moral.

1.3 – Médiuns psicógrafos semimecânicos --- No médium puramente


mecânico, o movimento da mão independe da vontade; no médium intuitivo,
o movimento é voluntário e facultativo. O médium semimecânico participa de
ambos esses gêneros. Sente que à sua mão uma impulsão é dada, mau
grado seu, mas, ao mesmo tempo, tem consciência do que escreve, à medida
que as palavras se formam. No primeiro o pensamento vem depois do ato da
escrita; no segundo, precede-o; no terceiro, acompanha-o. os médiuns
semimecânicos são tão comuns quanto os intuitivos. As comunicações
transmitidas pela psicografia são mais ou menos extensas, conforme o grau
da faculdade mediadora. Uns apenas obtêm palavras; noutros a faculdade
se desenvolve pelo exercício e escrevem frases completas e, por vezes,
dissertações desenvolvidas sobre assuntos propostos ou abordados
espontaneamente pelos espíritos, sem que lhes tenha feito qualquer
pergunta.
Na psicografia o médium pode também transmitir a mensagem do
espírito em língua estrangeira. Neste caso ela é chamada de mediunidade
poliglota. É uma mediunidade rara, que não tem muito utilidade prática,
sobretudo se os circunstantes desconhecem a língua em que o espírito se
exprime. Serve, no entanto, para comprovar a sobrevivência de um espírito,
quando isso se torna necessário.

2 – Psicofonia --- A psicofonia é o modo de transmissão da mensagem do


espírito comunicante por meio da palavra verbalizada. É a mediunidade
utilizada, por excelência, no atendimento aos espíritos sofredores. Por ela, a
comunicação é mais ágil, favorecendo o diálogo franco e direto com os
desencarnados. Os benfeitores espirituais utilizam, com muita freqüência, a
mediunidade de psicofonia para fazer exortações, promover incentivos,

131
fornecer orientações ou esclarecimentos para um grupo ou para alguém,
especificamente.
Certos médiuns recebem a influência dos espíritos, diretamente nas
cordas vocais, transmitindo, então, pela voz, o que outros o fazem pela
escrita. Neste caso, a psicofonia é mais inconsciente. Quando a ação dos
desencarnados é menos direta, temos a psicofonia semiconsciente. Quando
o médium transmite com as suas próprias palavras o pensamento do espírito,
temos a psicofonia intuitiva. A mediunidade sonambúlica é uma variedade
especial da psicofonia. Por ela o encarnado sai do corpo físico, tal como no
sonambulismo (fenômeno anímico, de emancipação da alma. Nessa
situação, o encarnado desliga-se parcialmente do corpo físico e passa a agir
por conta própria, à distância deste.), desdobrando-se, agindo e transmitindo
informações que lhes são ditadas por um espírito desencarnado. No livro Nos
Domínios da Mediunidade, o espírito André Luiz exemplifica, nos capítulos
10 e 11, respectivamente, a mediunidade sonambúlica em desequilíbrio e a
harmonizada.
-x-x-

As manifestações mediúnicas de efeitos visuais:

Vidência é a faculdade mediúnica de ver espíritos, estando o médium


acordado. Realmente, de todas as manifestações espíritas, as mais
interessantes, sem contestação possível, são aquelas por meio das quais os
espíritos se tornam visíveis. No entanto, os espíritos nem sempre podem
manifestar-se visualmente mesmo em sonho, apesar do desejo que se tenha
de vê-los. O impedimento pode estar ligado a causas independentes da
vontade deles. Freqüentemente, é também uma prova, de que não consegue
triunfar o mais ardente desejo.
É sabido, porém, que, em situações em que os laços materiais se
afrouxam, em uma doença, por exemplo, é mais fácil ver espíritos.
Clarividência é a faculdade mediúnica de ver com detalhes não apenas os
espíritos mas cenas do plano espiritual. A percepção, via clarividência, é mais
aprofundada. A pessoa entra em transe, permanecendo, mesmo que por
breve tempo, em estado sonambúlico. Nesse estado, parcialmente
desprendida do corpo, ela adquire uma espécie de dupla vista, isto é, vê o
que ocorre no plano espiritual e os acontecimentos à distância, no plano
físico. No caso de visão à distância, o sonambúlico não vê as coisas de onde
está o seu corpo, como por meio de um telescópio. Vê-as presentes, como
se achasse no lugar onde elas existe, porque sua alma, em realidade, lá está.
Por isso é que seu corpo fica como que aniquilado e privado de sensação,
até que a alma volte a habitá-lo novamente. (na verdade, a alma não
abandona totalmente o corpo). Essa separação parcial da alma e do corpo

132
constitui um estado anormal (incomum), suscetível de duração mais ou
menos longa, porém não indefinida. Daí a fadiga que o corpo experimenta
após certo tempo, mormente quando aquela se entrega a um trabalho ativo
(no plano espiritual).
A vista da alma ou do espírito não é circunscrita e não tem sede
determinada. Eis por que os sonâmbulos não lhe podem marcar órgão
especial. Vêem porque vêem, sem saberem o motivo nem o modo, uma vez
que, para eles, na condição de espíritos, a vista carece de foco próprio. Se
se reportarem ao corpo, esse foco lhes parecer estar nos centros onde maior
é a atividade vital, principalmente no cérebro, na região do epigastro (região
superior do abdômen.), ou no órgão que considerem o ponto de ligação mais
forte entre o espírito e o corpo. O poder de lucidez sonambúlica não é
ilimitado. O espírito, mesmo quando completamente livre, tem restringidos
seus conhecimentos e faculdades, conforme ao grau de perfeição que haja
alcançado. Ainda mais restringidos os tem quando ligado à matéria, a cuja
influência está sujeito. É o que motiva não ser universal, nem infalível a
clarividência sonambúlica.
Kardec nos explica que no estado de desprendimento em que fica
colocado, o espírito do sonâmbulo entra em comunicação mais fácil com o
outros espíritos encarnados, ou não encarnados, comunicação que se
estabelece pelo contato dos fluidos que compõem os perispíritos e servem
de transmissão ao pensamento, como o fio elétrico. O sonâmbulo não
precisa, portanto, que se lhe exprimam os pensamentos por meio da palavra
articulada. Ele os sente e adivinha. É o que o torna eminentemente
impressionável e sujeito às influências da atmosfera moral que o envolva.
Fato digno de nota é que o vidente e o clarividente, além de verem espíritos
e o mundo espiritual, também possuem a faculdade de audiência.
O espírito André Luiz nos esclarece que os olhos e os ouvidos materiais
estão para a vidência e para a audição como os óculos estão para os olhos
e o ampliador de sons para os ouvidos --- simples aparelhos de
complementação. Toda percepção é mental. O médium é sempre alguém
dotado de possibilidades neuropsíquicas especiais que lhe estendem o
horizonte dos sentidos. Ainda mesmo no campo de impressões comuns,
embora a criatura empregue os ouvidos e os olhos, ela vê e ouve com o
cérebro, e, apesar de o cérebro usar as células do córtex para selecionar os
sons e imprimir as imagens, quem vê e ouve, na realidade, é a mente. Assim,
nos fenômenos de vidência, quem vê é a alma. É uma percepção além dos
sentidos humanos.
Está entendido que a faculdade de ver espíritos, como todas as
faculdades mediúnicas, diz respeito às propriedades do perispírito. O médium
dispõe de recursos físicos (orgânicos) para ver espíritos porque esta
disposição foi impressa pelo perispírito, que serviu de molde ao seu corpo

133
físico. Como toda faculdade mediúnica, a vidência é passível de
desenvolvimento, se exercitada. Mas, segundo nos esclarecem os espíritos
da Codificação, ver espíritos, em geral e permanentemente, é algo
excepcional e não está nas condições normais do ser encarnado. Um
cuidado especial que se deve ter em relação à faculdade de vidência,
sobretudo quando esta se manifesta inicialmente, diz respeito à imaginação
que, por vezes, é bastante fértil.
Por outro lado, se o desenvolvimento da faculdade ocorre de maneira
equilibrada, se o médium principiante faz parte de um grupo sério, bem
estruturado tanto do ponto de vista doutrinário, quanto do da moral, os
benfeitores espirituais não permitem que o iniciante nas tarefas mediúnicas
tenham todas as potencialidades medianímicas desabrochadas. É que isso
poderia conduzi-lo ao desequilíbrio psíquico, emocional e físico. Em síntese,
podemos chegar à seguinte conclusão, com referência às faculdades
mediúnicas de vidência e de clarividência: 1 – todas as pessoas encarnadas
podem ver espíritos por meio do sono. 2 – os médiuns videntes vêem
espíritos no estado de vigília ou sob transe superficial. 3 – os médiuns
clarividentes vêem os espíritos encarnados e desencarnados, o mundo
espiritual e acontecimentos diversos, sob forma de segunda vista, em estado
de sonambulismo ou de desprendimento parcial do corpo físico. 4 – os
espíritos Superiores, ao promover o desenvolvimento das faculdades de
vidência, de clarividência e de audiência do médium, dosam suas percepções
para não desequilibrá-los.

-x-

134
APOSTILA N.º 12

TEMA:

OBSESSÃO E
DESOBSESSÃO
Referência Bibliográfica:
- A Gênese – FEB. O Evangelho Segundo o Espiritismo – FEB.
- O Livro dos Médiuns – FEB. – Obras Póstumas. O Que é o Espiritismo –
FEB.
- FRANCO, Divaldo Pereira. Grilhões Partidos; Lampadário Espírita; Nas
Fronteiras da Loucura; Sementes de Vida Eterna; Loucura e Obsessão;
Intercâmbio Mediúnico; Diretrizes de Segurança; Estudos Espíritas;

135
- XAVIER, Francisco Cândido: Libertação; Nos Domínios da Mediunidade;
Evolução em Dois Mundos; Mecanismos da Mediunidade; Obreiros de
Vida Eterna; Missionários da Luz.
- PEREIRA, Yvonne A. Mistificadores – Obsessores. Devassando o
Invisível.
- SHUBERT, Suely Caldas. Obsessão/Desobsessão.
- DENIS, Léon. No Invisível – Terceira Parte.

(12) OBSESSÃO E DESOBSESSÃO

1 – TIPOS DE OBSESSÃO:

A obsessão comporta vários tipos ou formas de expressão, em cujos


limites nem sempre é possível estabelecer uma linha divisória. Analisaremos
os tipos mais expressivos.

a) Obsessão de encarnado para encarnado: ---- Pessoas obsidiando


pessoas existem em grande número. Estão entre nós. Caracterizam-se pela
capacidade que têm de dominar mentalmente aqueles que elegem como
vítimas. Este domínio mascara-se com os nomes de ciúme, inveja, paixão,
desejo de poder, orgulho, ódio, e é exercido, às vezes, de maneira tão sutil
que o dominado se julga extremamente amado. Até mesmo protegido.
Essas obsessões ocorrem por conta de um amor que se torna
tiranizante, demasiadamente possessivo, tolhendo e sufocando a liberdade
do outro. É, por exemplo, o marido que limita a liberdade da esposa,
mantendo-a sob o jugo de sua vontade; é a mulher que tiraniza o
companheiro, escravizando-o aos seus caprichos; são os pais que se julgam
no direito de governar os filhos, cerceando-lhes toda e qualquer iniciativa; são
aqueles que, em nome da amizade, influenciam o outro, mudando-lhe o modo
de pensar, exercendo a vontade mais forte, o domínio sobre a que se

136
apresentar mais passiva. Certos pactos, como suicídios ou homicídios, que
revelam paixões inferiores e escravizantes, podem também caracterizar esse
tipo de obsessão.

b) Obsessão de desencarnado para desencarnado --- São espíritos que


obsidiam espíritos. Desencarnados que dominam outros desencarnados, são
expressões de um mesmo drama que se desenrola tanto na terra quanto no
plano espiritual inferior. Espíritos endividados e compromissados entre si
mesmos, através de associações tenebrosas, de idêntico padrão vibratório,
se aglomeram em certas regiões do espaço, obedecendo à sintonia e à lei
de atração, formando hordas que erram sem destino ou se fixam
temporariamente em cidades, colônias, núcleos, enfim, de sobras e trevas.
Tais núcleos têm dirigentes, que se proclamam juízes, julgadores, chamando
a si a tarefa de distribuir justiça aos espíritos igualmente culpados e também
devotados ao mal, ou endurecidos pela revolta e pela descrença.
A ação obsessiva manifestada entre desencarnados está claramente
explicada em pelo menos duas obras espíritas da atualidade: - Na obra
Libertação – psicografia de Francisco Cândido Xavier, ditada pelo espírito
André Luiz – temos oportunidade de conhecer a história de Gregório, ex-
sacerdote católico que, atuando como poderoso dirigente das trevas, se auto-
intitulava juiz e mandatário maior de governo estabelecido numa estranha
cidade nas regiões inferiores do plano espiritual.
Gregório comandava com punho de ferro uma vasta região habitada
por espíritos que apresentavam as mais variadas expressões de
distanciamento do bem, sobretudo os denominados julgadores. Estes
tomavam conhecimento de ações praticadas por espíritos desequilibrados,
analisava-as e emitiam sentenças condenatórias, mantendo tais espíritos
subjugados.
Em outra obras espírita, intitulada Nos Bastidores da Obsessão –
psicografia de Divaldo Pereira Franco e ditada pelo espírito Manoel
Philomeno de Miranda --, há o relato de ações produzidas por outro poderoso
obsessor – o doutor Teofrastus -- que comandava falanges de espíritos
obsidiados, sob o seu domínio, contra os espíritos encarnados. A história
deste infeliz dirigente das trevas – insigne mago grego, quando na terra,
residente na França, queimado pela Inquisição por volta do ano de 1470, em
Ruão, após perseguição impiedosa e nefanda, resume-se na sua
incapacidade de perdoar aqueles que o perseguiram, deixando-se dominar
por doloroso sentimento de vingança.

C) Obsessão de encarnado para desencarnado --- Expressões de amor


egoísta e possessivo, por parte dos que ainda estão na carne, redundam em
fixação mental daqueles que desencarnam, retendo-os às reminiscências

137
terrestres. Essas emissões mentais constantes, de dor, revolta, remorso e
desequilíbrio terminam por imantar o recém-desencarnado aos que ficaram
na terra, não lhe permitindo alcançar o equilíbrio de que carece para
enfrentar a nova situação. A não compreensão e o desespero, pois, advindos
da perda de um ente querido, podem transformar-se em obsessão que irá
afligi-lo e atormentá-lo.
Idêntico processo se verifica quando o sentimento de herança entre
herdeiros, fatores geradores de mágoas, podem atrair o espírito
desencarnado, diretamente relacionado com o problema, afligindo-o de tal
forma que não consegue se desligar dos familiares. A não aceitação do
retorno ao plano espiritual de um ente querido, a saudade inconsolável ou a
tristeza profunda após os funerais são outros fatores de fixação, capazes de
manter prisioneiro o desencarnado.

d) Obsessão de desencarnado para encarnado --- Sendo a mais


conhecida, caracteriza-se pelo domínio de um desencarnado sobre alguém
que vive no plano físico. As causas são várias. Citaremos algumas delas:
amores exacerbados, ódios incoercíveis, dominação absolutista, fanatismo
injustificável, avareza incontrolável, morbidez ciumenta, abusos do direito
como da força, má distribuição de valores e recursos financeiros, aquisição
indigna da posse transitória, paixões políticas e guerreiras, ganância em
relação aos bens perecíveis, orgulho e presunção, egoísmo nas suas
múltiplas facetas são as fontes geratrizes desse funesto condutor de homens,
que não cessa de atirá-los nos resvaladouros da loucura, das enfermidades
portadoras de síndromes desconhecidas e perturbantes do suicídio direto ou
indireto.

e) Obsessão recíproca --- Assim como as almas afins e voltadas para o bem
cultivam a convivência amiga e fraterna, sob outro aspecto, as criaturas se
procuram para locupletar-se das vibrações que permutam e nas quais se
comprazem. Essa característica de reciprocidade transforma-se em
verdadeira simbiose, quando dois seres passam a viver em regime de
comunhão de pensamentos e vibrações. Isto ocorre até mesmo entre os
encarnados que se unem através do amor desequilibrado, mantendo um
relacionamento enervante.
São paixões avassaladoras que tornam os seres totalmente cegos e
quaisquer outros acontecimentos e interesses, fechando-se ambos num
egoísmo a dois, altamente perturbador. Esses relacionamentos, via de regra,
terminam em tragédias se um dos parceiros modificar o seu comportamento
em relação ao outro.

138
f) Auto-obsessão --- Amiúde se atribuem aos espíritos maldades de que eles
são inocentes. Alguns estados doentios e certas aberrações que se lançam
à conta de uma causa oculta, derivam do espírito do próprio indivíduo. O
homem não raramente é obsessor de si mesmo. É incalculável o número de
pessoas que comparecem aos consultórios, queixando-se dos mais diversos
males --- para os quais não existem medicamentos eficazes – e que são
tipicamente portadores de auto-obsessão. São cultivadores de ‘moléstias
fantasmas’. Vivem voltadas para si mesmos, preocupando-se em excesso
com a própria saúde, descobrindo sintomas, dramatizando as ocorrências do
dia a dia, sofrendo por antecipação situações que jamais chegarão a se
realizar, flagelando-se com o ciúme, a inveja, o egoísmo, o orgulho, o
despotismo e transformando-se em doentes imaginários, vítimas de si
próprios, atormentados por si mesmos.

2 – Graus da Obsessão:

A obsessão apresenta caracteres diversos, que é preciso distinguir e


que resultam do grau do constrangimento e da natureza dos efeitos que
produz. A palavra obsessão é, de certo modo, um termo genérico, pelo qual
se designa esta espécie de fenômeno, cujas principais variedades são: a
obsessão simples, a fascinação e a subjugação.

a) Obsessão simples --- Dá-se a obsessão simples quando o espírito


malfazejo se impõe a um médium, se imiscui, a seu mau grado, nas
comunicações que ele recebe, o impede de se comunicar com outros
espíritos e se apresenta em lugar dos que são evocados. Ninguém está
obsidiado pelo simples fato de ser enganado por um espírito mentiroso. O
melhor médium se acha exposto a isso, sobretudo, no começo, quando ainda
lhe falta experiência necessária, do mesmo modo que, entre nós homens, os
mais honestos podem ser enganados por velhacos. Pode-se, pois, ser
enganado, sem estar obsidiado. A obsessão consiste na tenacidade de um
espírito, do qual não consegue desembaraçar-se a pessoa sobre quem ele
atua.
Na obsessão simples, o médium sabe muito bem que se acha presa de
um espírito mentiroso e este não se disfarça; de nenhuma forma dissimula
suas más intenções e o seu propósito de contrariar. Podem incluir-se nesta
categoria os casos de obsessão física, isto é, a que consiste nas
manifestações ruidosas e obstinadas de alguns espíritos, que fazem se
ouçam, espontaneamente, pancadas ou outros ruídos. A obsessão simples
é parasitose comum em quase todas as criaturas, em se considerando o
natural intercurso psíquico vigente em todas as partes do universo.

139
Tendo-se em vista a infinita variedade das posições vibratórias em que
se demoram os homens, estes sofrem, quanto influem em tais faixas,
sintonizando, por processo normal, com os outros comensais aí situados.
Quando as criaturas, sob o jugo de obsessão simples, dormem, encontram-
se com os seus afins --- encarnados ou não --- com os quais se identificam,
recebendo mais ampla carga de necessidades falsas. Quando despertam,
trazem a mente atribulada, tarda, sob incômodo cansaço físico e psíquico,
encontrando dificuldade para fixar os compromissos e lições edificantes da
vida. Na obsessão simples, sempre há uma idéia fixa que conduz ao
intercâmbio mental com outros espíritos afins.
Surgem, como efeito natural, as síndromes da inquietação: as
desconfianças, os estados de insegurança pessoal, as enfermidades de
pequena monta, os insucessos em torno do obsidiado que soma as
angústias, dando campo a incertezas, a mais ampla perturbação interior.
Nesse período podem-se perceber os estereótipos da obsessão, que
facilmente se revelam pelas atitudes inusitadas, pelo comportamento
ambivalente --- equilíbrio e distonia, depressão e excitação ---, alienando a
criatura.

b) Fascinação --- Tem conseqüências muito mais graves. É uma ilusão


produzida pela ação direta do espírito sobre o pensamento do médium e que,
de certa forma, lhe paralisa o raciocínio. O médium fascinado não acredita
que o estejam enganando: o espírito tem a arte de lhe inspirar confiança
cega, que o impede de ver o embuste, ainda quando esse absurdo salte aos
olhos de toda gente. Fora erro acreditar que a esse gênero de obsessão só
estão sujeitas as pessoas simples, ignorantes e baldas de senso. Dela não
se acham isentos nem os homens de mais espírito, os mais instruídos.
Compreende-se facilmente toda a diferença que existe entre a
obsessão simples e a fascinação. Na primeira, o espírito que se agarra à
pessoa não passa de um importuno pela sua tenacidade e de quem aquela
se impacienta por desembaraçar-se. Na segunda, a coisa é muito diversa.
Para chegar a tais fins, preciso é que o espírito seja destro, ardiloso e
profundamente hipócrita, porquanto não pode operar a mudança e fazer-se
acolhido, senão por meio da máscara que toma e de um falso aspecto de
virtude. Por isso mesmo, o que o fascinador mais teme são as pessoas que
vêem claro. Daí consistir a sua tática, quase sempre, em inspirar ao seu
intérprete o afastamento de quem quer que lhe possa abrir os olhos.
À medida que o campo mental da vítima cede área, esta assimila não
apenas a indução telepática, mas também as atitudes e formas de ser do seu
hóspede. Nesse interregno, a pessoa perde a noção do ridículo e das
medidas habituais que caracterizam o discernimento, acatando sugestões
que incorporam, aceitando inspirações como diretrizes que a todos se

140
apresentam como disparates e que a ela são perfeitamente lógicas. A
fascinação, por isso mesmo, decorre da indolência moral e mental do
paciente e do exacerbar dos seus valores negativos, que são espicaçados
habilmente pelo seu antagonista espiritual.

c) Subjugação ---- é uma constrição que paralisa a vontade daquele que a


sofre e o faz agir a seu mau grado. Numa palavra: o paciente fica sob um
verdadeiro jugo. No painel das obsessões, à medida que se agrava o quadro
da interferência, a vontade do hospedeiro perde os contatos de comando
pessoal, na razão direta em que o invasor assume a governança. É mais
grave quando se trata de espírito mais lúcido, técnica e intelectualmente, que
se assenhoreia dos centros cerebrais com a imposição de uma deliberação
bem concentrada nos móveis que persegue, manipulando com habilidade os
dispositivos mentais e físicos do alienado.
Assim, a subjugação pode ser física, psíquica e simultaneamente físio-
psíquica. A primeira, não implica na perda da lucidez intelectual, porquanto a
ação dá-se diretamente sobre os centros motores, obrigando o indivíduo, não
obstante se negue à obediência, a ceder à violência que o oprime. Neste
caso, podem irromper as enfermidades orgânicas, por se criarem condições
celulares próprias para a contaminação por vírus e bactérias, ou perturbar-se
o anabolismo =(é o metabolismo de síntese ou construtivo, isto é,
transformação do material nutritivo em matéria viva, complexa, que será
assimilada pelo organismo) como o catabolismo =( desintegração de
compostos (substâncias complexas), pelo organismo, separando-se o que
lhe é útil e o que será excretado.)
No segundo caso, o paciente vai sendo dominado mentalmente, tombando
em estado de passividade, não raro sob tortura emocional, chegando a
perder por completo a lucidez. Pode temporária ou definitivamente durante a
sua atual reencarnação a área da consciência, não se podendo livremente
expressar. Por fim, assenhoreia-se, simultaneamente, dos centros do
comando motor e domina fisicamente a vítima, que lhe fica inerte, subjugada,
cometendo atrocidades em seu nome.
A subjugação pode ser chamada, também, de possessão, uma vez que
há domínio mais severo do obsessor sobre o obsidiado. Se na obsessão o
desencarnado age externamente, com o auxílio do seu perispírito, na
possessão ele se substitui, por assim dizer, ao espírito encarnado; toma-lhe
o corpo para domicílio, sem que este, no entanto, seja abandonado pelo seu
dono. Agindo assim, o espírito desencarnado constrange o encarnado a ver,
a falar e a agir, ao mesmo tempo que o sobrecarrega de problemas físicos e
morais.
Ouvindo a mensagem em caráter telepático, transmitida pela mente
livre (desencarnado), começa por aceder ao apelo que lhe chega,

141
transformando-se, por fim, em diálogos nos quais se deixa vencer pela
pertinácia do tenaz vingador. Justapondo-se sutilmente cérebro a cérebro,
mente a mente, vontade dominante sobre vontade que se deixa dominar,
órgão a órgão, através do perispírito pelo qual se identifica com o encarnado,
a cada cessão feita pelo hospedeiro, mais coercitiva se faz a presença do
hóspede, que se transforma em parasita insidioso, a simbiose esdrúxula, em
que o poder da fixação da vontade dominadora consegue extinguir a lucidez
do dominado, que se deixa apagar.

3 – A Loucura e a Obsessão:

Todas as grandes preocupações do espírito podem ocasionar a


loucura. A loucura provém de um certo estado patológico do cérebro,
instrumento do pensamento. Estando o instrumento desorganizado, o
pensamento fica alterado. A loucura é, pois, um efeito consecutivo, cuja
causa primária é uma predisposição orgânica, que torna o cérebro mais ou
menos acessível a certas impressões.
Esse fato é tão real que encontramos pessoas que desenvolvem
grande atividade mental e nem por isso apresentam sintomas de loucura.
Outras, porém, ao influxo da menor excitação nervosa, apresentam sinais de
perturbação mental. Existindo uma predisposição para a loucura, toma esta
o caráter de preocupação principal, que então se torna idéia fixa; esta poderá
ser a dos espíritos, num indivíduo que deles se tenha ocupado, como poderá
ser a de Deus, dos anjos, do diabo, da fortuna, do poder, de uma ciência, da
maternidade, de um sistema político ou social. É provável que o louco
religioso se tivesse um louco espírita, se o espiritismo fosse a sua
preocupação dominante.
Quando o espírito é encaminhado à reencarnação traz, em forma de
‘matizes’ vigorosas no perispírito, o de que necessita para a evolução.
Imprimem-se, então, tais fulcros nos tecidos em formação da estrutura
material de que se utilizará para as provações e expiações necessárias. Se
se volta para o bem e adquire títulos de valor moral, desarticula os
condicionamentos que lhe são impostos para o sofrimento e restabelece a
harmonia nos centros psicossomáticos, que passam, então, a gerar novas
vibrações aglutinantes de equilíbrio, a se fixarem no corpo físico em forma de
saúde, de paz, de júbilo. Se, todavia, por indiferença ou prazer, jornadeia na
frivolidade ou se encontra adormecido na indolência, no momento próprio
desperta automaticamente o mecanismo de advertência, desorganizando-se
a saúde e surgindo, por sintonia psíquica enfermidades psíquicas desta ou
daquela natureza.
Outras vezes, como os recursos trazidos para a reencarnação, em
forma de energia vitalizadora, não foram renovados, ou, pelo contrário, foram

142
gastos em exageros, explodem as reservas e, pela queda vibratória, que atira
o invigilante noutra faixa da evolução, a sintonia com entidades viciadas,
perseguidoras e perversas se faz mais fácil, dando início aos demorados
processos obsessivos. No caso de outras enfermidades mentais, a distonia
que tem início desde os primórdios da reencarnação vai, pouco a pouco,
desgastando os depósitos de forças específicas e predispondo-o para a crise
que dá início à neurose, à psicose ou às múltiplas formas de desequilíbrio
que passa a sofrer, no corredor cruel e estreito da loucura. Quando a loucura
se alastra, é que o próprio espírito encarnado possui os requisitos que lhe
facultam a manifestação. A predisposição a este ou àquele estado é lhe
inerente, e os fatores externos, que a fazem irromper, tais os traumatismos
morais de várias nomenclaturas, os complexos bem como os recalques já se
encontram em gérmen, na constituição fisiológica ou psicológica do indivíduo,
a fim de que o cumprimento do dever, em toda a sua plenitude, se faça
impostergável. Há, sem dúvida, outras e mais complexas causas de loucura,
todas, porém, englobadas nas leis de causa e efeito.
É muito diáfana a linha divisória entre a sanidade e o desequilíbrio
mental. Transita-se de um para outro lado com relativa facilidade, sem que
haja, inicialmente, uma mudança expressiva no comportamento da criatura.
Ligeira excitação, alguma ocorrência depressiva, uma ansiedade, ou um
momento de mágoa, a escassez de recursos financeiros, o impedimento
social, a ausência de um trabalho digno, entre muitos outros fatores, podem
levar o homem a transferir-se para a outra faixa de saúde mental, alienando-
se, temporariamente, e logo podendo retornar à posição regular, à sanidade.
Podemos, em síntese, relacionar os seguintes fatores como predisponentes
à loucura:
a) Lei de causa e efeito.
b) Obsessão.
c) Sexolatria; violência; exageros; dependências de viciações de qualquer
natureza.
d) Pessimismo; inveja; amargura; ciúme; suspeição de toda ordem.
e) Patogenias, em razão de enfermidades graves da hereditariedade; de
distúrbios glandulares e de seqüelas de inúmeras doenças outras.

No aprofundado estudo da etiopatogenia(causa e


evolução{desenrolar, desenvolvimento} de uma doença ou lesão) da loucura,
não se pode mais descartar as incidências da obsessão, ou o predomínio
exercido pelos espíritos desencarnados sobres os homens. Tendo-se em
vista o estágio atual de crescimento moral da terra e daqueles que a habitam,
o intercâmbio entre as mentes que se encontram na mesma faixa de
interesse é muito maior do que um observador menos cuidadoso e menos
preparado pode imaginar.

143
Atraindo-se pelos gostos e aspirações, vinculando-se mediante afetos
doentios, sustentando laços de desequilíbrio decorrente do ódio, assinalados
pelas paixões inferiores, exercem constrição mental, e, às vezes, física
naqueles que lhes concedem as respostas equivalentes, resultando
variadíssimas alienações de natureza obsessiva. Esse é o panorama da
loucura e da obsessão. Vulgarizando-se a loucura como a obsessão, cada
vez mais, e ora em caráter epidemiológico (estado ampliado de uma doença),
faz-se necessário, mais generalizado e urgente, um maior conhecimento da
terapia desobsessiva, desde que a psiquiátrica se encontra nas hábeis mãos
dos profissionais sinceramente interessados em estancá-la.

4 – Mediunidade e Loucura

A prática mediúnica não produz loucura como supõem algumas


pessoas que desconhecem os ensinamentos espíritas. A mediunidade não
produzirá a loucura, quando esta já não exista em gérmen; porém, existindo
este, o bom senso está a dizer que se deve usar de cautelas sob todos os
pontos de vista, portanto qualquer abalo pode ser prejudicial. Devemos,
porém, analisar que a prática mediúnica pode oferecer perigos às pessoas
imprudentes, que não têm preparo doutrinário e não possuem certo equilíbrio
moral, necessários à neutralização das influências obsessivas.
Esses perigos, no entanto, têm sido muito exagerados. Em todas as
coisas há precauções a adotar. A Física, a Química e a Medicina exigem
também prolongados estudos, e o ignorante que pretendesse manipular
substâncias químicas, explosivos ou tóxicos, poria em risco a saúde e a
própria vida. Não há uma só coisa, conforme o uso que dela fizermos, que
não seja boa ou má. É sempre injusto salientar o lado mau das práticas
espíritas, sem assinalar os benefícios que delas resultam e que sobrepujam
consideravelmente os abusos e as decepções.
-X-

DESOBSESSÃO

Desobsessão, em sentido amplo, é o processo de regeneração da


Humanidade. É o ser humano desvinculando-se do passado sombrio e
vencendo a si mesmo. Em sentido restrito, é o tratamento das obsessões,
orientado pela Doutrina Espírita. Em qualquer sentido, representa o processo
de libertação, tanto para o algoz {obsessor} quanto para sua vítima
{obsidiado}.
Deve ser entendida, ainda, como remédio moral específico, arejando
os caminhos mentais em que nos cabe agir, imunizando-nos contra os
perigos da alienação e estabelecendo vantagens ocultas em nós, para nós e

144
em torno de nós, numa extensão que, por enquanto, não somos capazes de
calcular. Através dela, desaparecem doenças-fantasmas, empeços
obscuros, insucessos, além de obtermos, com o seu apoio espiritual, mais
amplo horizontes ao entendimento da vida e recursos morais inapreciáveis
para agir, diante do próximo, com desapego e compreensão. Vamos explicar,
em seguida, como é realizada a desobsessão segundo os fundamentos
espíritas.

1 – Prevenção das Obsessões

É importante considerar que em todo processo patológico, seja do


corpo físico ou da alma, a prevenção, ou profilaxia, é a base de uma vida
sadia. Profilaxia é o conjunto de medidas preventivas que evitam o
aparecimento de doenças. No caso da obsessão --- sendo esta doença da
alma --, a profilaxia é de vital importância.
É uma tarefa diuturna, que tem como finalidade nos prevenir das
obsessões. Sendo assim, não é um trabalho de prazo determinado. É de toda
hora, de todo dia, quer vivamos como encarnados, quer como libertos do
corpo físico. Entendemos que a única profilaxia eficaz contra a obsessão é a
do Evangelho. É praticar o bem e ser bom. O verdadeiro homem de bem é o
que cumpre a lei de justiça, de amor e de caridade, na sua maior pureza. Se
ele interroga a consciência sobre os seus próprios atos, a si mesmo
perguntará se violou essa lei, se não praticou o mal, se fez todo o bem que
podia, se desprezou voluntariamente alguma ocasião de ser útil, se ninguém
tem qualquer queixa dele; enfim, se fez a outrem tudo o que desejara lhe
fizessem.
Deposita fé em Deus, na Sua bondade, na Sua justiça e na Sua
sabedoria. Sabe que sem a Sua permissão nada acontece e se Lhe submete
à vontade em todas as coisas. Sabe que todas as vicissitudes da vida, todas
as dores, todas as decepções são provas ou expiações e as aceita sem
murmurar. Possuído de um sentimento de caridade e de amor ao próximo,
faz o bem pelo bem, sem esperar paga alguma; retribui o mal com o bem,
toma defesa do fraco contra o forte, e sacrifica sempre seus interesses à
justiça.
Encontra satisfação nos benefícios que espalha, nos serviços que
presta, no fazer ditosos os outros, nas lágrimas que enxuga, nas consolações
que prodigaliza aos aflitos. O homem de bem é bom, humano e benevolente
para com todos, sem distinção de raças, nem crenças, porque em todos os
homens vê irmãos seus. Em todas as circunstância, toma por guia a caridade.
Não alimenta ódio, nem rancor, nem desejo de vingança; a exemplo de
Jesus, perdoa e esquece as ofensas e só dos benefícios se lembra, por saber
que perdoado lhe será conforme houver perdoado. Estuda suas próprias

145
imperfeições e trabalha incessantemente em combatê-las. Todos os esforços
emprega para poder dizer, no dia seguinte, que alguma coisa traz em si de
melhor do que na véspera.

2 – Tratamento das Obsessões

Tratamento difere de prevenção. Deve ser entendido como aplicação


de medidas terapêuticas; terapia. Tratamento pressupõe adoção de medidas
para combater uma doença em curso.
A Doutrina Espírita estuda as causas preponderantes e predisponentes
das obsessões e possui recursos excepcionais capazes de vencer essa
epidemia cruel que, generalizada, invade hoje todos os seus pontos. São
eles: o conhecimento das leis da reencarnação, haurido no Evangelho de
Jesus Cristo, e nas revelações espíritas, a oração e a humildade, a paciência
e a resignação mediante os quais elabora pela iluminação interior a prática
da caridade em todas as expressões --- meios enobrecedores capazes de
poupar o homem das sortidas do seu pretérito culposo, no qual se encontram
as causas da sua aflição, retidas nas mãos infelizes dos espíritos
desavisados e perversos que pululam nas regiões inferiores da erraticidade.

2.1 Entendimento do processo obsessivo --- É fundamental, na análise


desse processo, compreender o papel que obsidiado e obsessor
desempenham. Eis algumas características importantes, a serem
observadas com relação ao obsidiado:
a) Todo obsidiado é um médium em desequilíbrio, por ser uma pessoa
enferma. Obsidiado, porém, acima de médium de energias perturbadas, é
quase sempre um enfermo, representando uma legião de doentes invisíveis
ao olhar humano. Por isso mesmo, constitui, em todas as circunstâncias, um
caso especial exigindo muita atenção, prudência e carinho.
b) O obsidiado é o principal responsável pela sua cura, a despeito do
auxílio recebido. O obsidiado, além de enfermo, representante de outros
enfermos, quase sempre é também uma criatura repleta de torturantes
problemas espirituais. Se lhe falta vontade firme para a auto-educação, para
a disciplina de si mesmo, é quase certo que prolongará sua condição
dolorosa além da morte. Que acontece a um homem indiferente ao governo
do próprio lar? Indubitavelmente será assediado por mil e uma questões, no
curso de cada dia, e acabará vencido, convertendo-se em joguete das
circunstâncias. Imagine agora que esse homem indiferente esteja cercado de
inimigos que ele mesmo criou, adversários que lhe espreitam os menores
gestos, tomados de sinistros propósitos, na maioria das vezes.... Se não
desperta para as realidades da situação, empunhando as armas da

146
resistência e valendo-se do auxílio exterior que lhe é prestado pelos amigos,
é razoável que permaneça esmagado.
Em todos os acontecimentos dessa espécie, porém, não se pode
prescindir da adesão dos interesses diretos na cura. Se o obsidiado está
satisfeito na posição de desequilíbrio, há que esperar o término de sua
cegueira, a redução da rebeldia que lhe é própria ou o afastamento da
ignorância que lhe oculta a compreensão da verdade. Ante obstáculos dessa
natureza, embora sejamos chamados com fervor por aqueles que amam
particularmente os enfermos, nada podemos fazer, senão semear o bem para
a colheita do futuro, sem qualquer expectativa do proveito imediato.
Em relação ao obsessor, devemos compreender que se trata de um
ser que pensa e age movido por uma razão que lhe parece justa. O principal
mister deve ser o de concentrar no enfermo desencarnado as atenções,
tratando-o com bondade e respeito, mesmo que se não esteja de acordo com
o que faz. Conquistar para íntima renovação o agente infeliz, porquanto toda
ação má procede de quem não está bem, por mais escamoteie e disfarce os
sentimentos e o próprio estado. Evitar-se discussão inoperante, forrado de
humildade real, na qual transpareça o interesse amoroso pelo bem estar do
outro, que terminará por envolver-se em ondas de confiança e harmonia, de
que se beneficiará, mudando de atitude em relação aos propósitos mantidos
até então.
O enfermo espiritual geralmente se comunica nas reuniões mediúnicas
por meio da psicofonia, forma de mediunidade mais objetiva e produtiva para
o estabelecimento de diálogo entre os dois planos da vida. Na manifestação
dos enfermos espirituais de qualquer natureza, inclusive os obsessores,
alguns detalhes merecem ser destacados:

a) O manifestante apresenta sempre deficiências e angústias de que é


portador, exigindo a conjugação de bondade e segurança, humildade e
vigilância, no companheiro que lhe dirige a palavra.
b) Natural venhamos a compreender no visitante dessa qualidade um
doente, para quem cada frase precisa ser medicamento e bálsamo. Claro que
não será possível concordar com todas as exigências que formule; no
entanto, não é justo reclamar-lhe entendimento normal de que se acha ainda
talvez longe de possuir.
c) Deve ser anulado qualquer intento de discussão ou desafio com
entidades comunicantes, dando mesmo razão, algumas vezes, aos espíritos
infelizes e obsessores, reconhecendo que nem sempre a desobsessão real
consiste em desfazer o processo obsessivo, de imediato, de vez que, em
casos diversos, a separação de obsidiado e obsessor deve ser praticada
lentamente.

147
d) Quando a tentativa do diálogo revelar-se inoperante, deve se praticada
a hipnose construtiva, no ânimo dos espíritos sofredores comunicantes, quer
usando a sonoterapia para entregá-los à direção e ao tratamento dos
instrutores espirituais presentes, efetuando a projeção de quadros mentais
proveitosos aos esclarecimentos, improvisando idéias providenciais do ponto
de vista de reeducação, quer sugerindo a produção e ministração de
medicamentos ou recursos de contenção em favor dos desencarnados que
se mostrem menos acessíveis à enfermagem do grupo.
e) A escolha do médium que intermediará a manisfestação do enfermo
espiritual deve ficar a cargo dos orientadores espirituais, uma vez que
conhecem o espírito comunicante e as possibilidades psíquicas de cada
médium. Assim, os esclarecedores encarnados não devem constranger os
médiuns psicofônicos a receberem os desencarnados presentes, repetindo
ordens e sugestões nesse sentido, atentos ao preceito de espontaneidade,
fator essencial ao êxito do intercâmbio.
f) A reunião mediúnica de atendimento a sofredores assemelha-se à
psicoterapia: deve ser vista como tratamento em grupo.
g) Todo trabalho de esclarecimento com o desencarnado deve ser
conduzido para a parte essencial do entendimento, que é atingir o centro de
interesse do espírito preso a idéias fixas, para se lhe descongestione o campo
mental.
h) Os integrantes da reunião, sobretudo os dialogadores, deverão estar
atentos aos problemas característicos dos espíritos sofredores
manifestantes: os desorientados --- devido à recém desencarnação --; os
suicidas, os homicidas, os perseguidores e vingadores implacáveis; os que
apresentam zoantropia, os vampirizadores etc.
Desobsessão não se realiza sem a luz do raciocínio, mas não atinge os
fins a que se propõe, sem as fontes profundas do sentimento.

2.2 O trabalho desobsessivo nos grupos mediúnicos --- Toda e qualquer


tarefa, especialmente a que se destina ao socorro, exige equipe hábil e
preparada para o ministério a que se dedica. Tal ministério somente é credor
de fé, possuidor de valor, quando realizado em equipe, que a seu turno se
submete à orientação das equipes espirituais superiores, deve estribar-se
numa série incontroversa de itens, de cuja observância decorrem os
resultados da tarefa a desenvolver-se. Estes itens são os seguintes:
a) Harmonia de conjunto, que se consegue pelo exercício da cordialidade
entre os diversos membros que se conhecem e se ajudam na esfera do
cotidiano;
b) Elevação de propósitos, a cujo programa cada um se entrega, em
regime de abnegação, do que decorrem os resultados de natureza espiritual,
moral e física dos encarnados e dos desencarnados em socorro;

148
c) Conhecimento doutrinário, que capacita os médiuns e os doutrinadores,
assistentes e participantes do grupo a uma perfeita identificação, mediante a
qual se podem resolver os problemas e dificuldades que surgem, a cada
instante, no exercício das tarefas desobsessivas;
d) Concentração, por meio de cujo comportamento se dilatam os registros
dos instrumentos mediúnicos, facultando a sintonia com os comunicantes.
e) Conduta moral sadia, em cujas bases estejam insculpidas as instruções
evangélicas;
f) Equilíbrio interior dos médiuns e doutrinadores, uma vez que, somente
aqueles que se encontram com a saúde equilibrada estão capacitados para
o trabalho em equipe. Pessoas nervosas, versáteis, susceptíveis, bem se
depreende, são carentes de auxílio, não se encontrando habilitadas para
mais altas realizações, quais as que exigem recolhimento, paciência,
afetividade, clima de prece, em esfera de lucidez mental. Não raro, em pleno
serviço de socorro aos desencarnados, soam alarmes solicitando
atendimento aos membros da esfera física, que se desequilibram facilmente,
deixando-se anestesiar pelos tóxicos do sono fisiológico ou pelas
interferências da hipnose espiritual inferior.
Não nos parece recomendável permitir a participação do enfermo
encarnado nas reuniões mediúnicas, evitando o confrontamento com seu
perseguidor, o que, por certo, lhe trará maiores transtornos. O obsidiado, de
qualquer natureza, deve receber o auxílio magnético espiritual do passe e da
água fluidificada, da oração intercessória com que se vitalizem os núcleos
geradores de forças.
g) Solicitar a freqüência do irmão às reuniões públicas de estudo
doutrinário para iluminação da sua consciência. Ouvindo essas explicações,
criará um clima adequado à atuação dos benfeitores espirituais, em benefício
próprio e no do seu perseguidor.
h) Atender ao obsidiado em dia e hora previamente especificados para
que, por meio do diálogo fraterno, ele seja esclarecido sobre a necessidade
de educar-se à luz do Evangelho.
i) Insistir junto a ele com afabilidade, pela transformação moral criando
em torno de si condições psíquicas harmônicas, com o que se refará
emocionalmente, estimulando-se a contribuir com a parte que lhe diz
respeito.
j) Orientá-lo a participar das atividades de assistência social do Centro
Espírita. Atraí-lo a ações dignificantes e de beneficência, com o que granjeará
simpatias e vibrações positivas, que o fortalecerão, mudando o seu campo
psíquico.
k) Estimular-lhe o hábito da oração e da leitura edificante, ao mesmo
tempo trabalhando-lhe o caráter, que se deve tornar maleável ao bem e
refratário ao vício. As mentes viciosas encharcam-se de vibriões e parasitas

149
extravagantes, dementados pelo desdobrar dos excessos perniciosos. Em
todos os casos de obsessão, a prece é o mais poderoso meio de que se
dispõe para demover de seus propósitos maléficos o obsessor. Para
assegurar a libertação da vítima, indispensável se torna que o espírito
perverso seja levado a renunciar aos seus maus desígnios; que se faça que
o arrependimento desponte nele, assim como o desejo do bem. Pode-se
então ter a grata satisfação de libertar um encarnado e de converter um
espírito imperfeito. O trabalho se torna mais fácil quando o obsidiado,
compreendendo a sua situação, para ele concorre com a vontade e a prece.
l) A equipe de socorro espiritual do Centro Espírita deve avaliar se o
obsidiado necessita ou não de trabalho profissional médico ou psicológico,
concomitante ao atendimento espírita. Se a avaliação for favorável, esta deve
ser sugerida ao doente. Casa já exista atendimento médico prévio, a equipe
do Centro Espírita não deve alterar ou suprimir os medicamentos receitados,
em nenhuma hipótese.
Basicamente, estes é o trabalho desobsessivo espírita; o entanto,
sabemos que as imperfeições morais do obsidiado constituem,
freqüentemente, um obstáculo à sua libertação.

3 – A Família do Obsidiado

Vinculados aos espíritos no agrupamento familiar pelas necessidades


da evolução em reajustamentos recíprocos, no problema da obsessão, aos
que acompanham o paciente estão fortemente ligados ao fator
predisponente, caso não hajam sido os responsáveis pelo insucesso do
passado, agora convocados à cooperação no ajustamento de contas. por
isso, torna-se imprescindível, nos processos de desobsessão, seja a família
do paciente alertada para as responsabilidades que lhes dizem respeito, de
modo a não transferir ao enfermo toda a culpa ou dele não se desejar libertar,
como se a Sabedoria Celeste, ao convocar o calceta ao refazimento,
estivesse laborando em erro, produzindo sofrimento naqueles que nada
teriam a ver com a problemática do que padece.
Tudo é muito sábio nos Códigos Superiores da Vida. Ninguém os
desrespeitará impunemente. A família e os amigos do obsidiado poderão
colaborar, por exemplo, da seguinte forma:
a) cercar o enfermo com manifestações de carinho, atenção e amor;
b) acompanhá-lo durante o tratamento espírita e, se for o caso, durante o
tratamento médico ou psicológico;
c) envolvê-lo em vibrações harmônicas de prece;
d) fazer o culto do Evangelho no Lar, favorecendo a participação do
enfermo.

150
O conhecimento da problemática obsessão/desobsessão exige tempo,
dedicação e estudo. Nem sempre conseguimos resultados imediatos. Mister
se faz confiar na Divina Providência e insistir. É uma tarefa sacrificial que
demanda paciência e humildade como normativas disciplinantes.
Considerando, pois, toda essa complexidade que a desobsessão envolve,
devemos confiar na misericórdia de Jesus, lembrando que Ele não se impôs
a ninguém. Não pretendeu transformar ninguém num só golpe.
Semeou sua mensagem de amor, amando sem queixas e sem
imposições de qualquer natureza, espalhando, através da renunciação os
gozos terrenos, as bases da felicidade e da paz. E diante dos obsidiados,
amando perseguidores, lecionou misericórdia, libertando os obsessos dos
seus obsessores, dizendo-lhes, porém, com segurança e sem qualquer
retórica: Não tornes a pecar, como a afirmar que a saúde é bem que nasce
no coração e se expande estuante por toda a parte.
Como a desobsessão é um trabalho árduo, que exige dos dirigentes e
da equipe devotada a este gênero de atividade no Centro Espírita, muita
paciência e amor ao próximo, bem como conhecimento doutrinário espírita e
experiência no assunto, é importante que alguns requisitos sejam
destacados, a fim de que a tarefa produza bons frutos:
- dirigentes, médiuns e colaboradores dessa tarefa devem ser pessoas
experientes tanto quanto conhecedoras e estudiosas da Doutrina Espírita;
- os responsáveis diretos pelo trabalho da desobsessão devem conhecer
o processo obsessivo e saber analisá-lo com lucidez, para entenderem a
trama em que o obsessor e obsidiado estão envolvidos. É importante que
remontem às causas que geraram a obsessão;
- a família ou os amigos próximos do obsidiado devem ser envolvidos no
processo de desobsessão.

-x-x-

151
APOSTILA N.º 13

TEMA:

A DESENCARNAÇÃO

Referência Bibliográfica:

- O Céu e o Inferno – FEB.


- O Livro dos Espíritos – FEB.
- O Que é o Espiritismo – FEB.
- BOZANNO, Ernesto. A Crise da Morte. FEB.
- CALLIGARIS, Rodolfo. O homem diante da morte. FEB.
- DENIS, Léon. O Problema do Ser, do Destino e da Dor. FEB.
- FRANCO, Divaldo Pereira. Estudos Espíritas Joanna de Ângelis. FEB.
- IMBASSAHY, Carlos. O que é a morte? EDICEL.
- NOBRE, Marlene S. Doação Órgãos. Lições de Sabedoria. Chico Xavier
nos 23anos da Folha Espírita. 1997.
- PERALVA, Martins. Estudando a Mediunidade. FEB.
- XAVIER, Francisco Cândido. Nos Domínios da Mediunidade. FEB.

152
- XAVIER, Francisco Cândido. Voltei. Pelo espírito Jacob. FEB.

(13) A DESENCARNAÇÃO

1 – O Fenômeno da Morte ou Desencarnação

A morte é uma simples mudança de estado, a destruição de uma forma


frágil que já não proporciona à vida as condições necessárias ao seu
funcionamento e à sua evolução. Para além da campa, abre-se uma nova
fase de existência. A extinção da vida orgânica acarreta a separação da alma
em conseqüência do rompimento do laço fluídico que a une ao corpo, mas
essa separação nunca é brusca.
O fluido perispiritual só pouco a pouco se desprende de todos os
órgãos, de sorte que a separação só é completa e absoluta quando não mais
reste um átomo do perispírito ligado a uma molécula do corpo. A problemática
da morte é decorrência do desequilíbrio biológico e físico-químico essenciais
à manutenção da vida. Fenômeno de transformação, mediante o qual se
modificam as estruturas constitutivas dos corpos que sofrem ação de
natureza química, física e microbiana determinantes dos processos
cadavéricos e abióticos(em que não há vida. Contrário ã vida. Morto), a morte
é o veículo condutor encarregado de transferir a mecânica da vida de uma
para outra vibração.

2 – Causas do temor da desencarnação ---- A morte é um fenômeno natural


e inexorável, no entanto, é temida. O considerável número de pessoas que
temem a morte decorre da ignorância que elas têm da vida no além túmulo.
À proporção que o homem compreende melhor a vida futura, o temor da
morte diminui; uma vez esclarecida a sua missão terrena, aguarda-lhe o fim
calma, resignada e serenamente. A certeza da vida futura dá-lhe outro curso
às idéias, outro fito ao trabalho; antes dela nada que se não prenda ao
presente; depois dela tudo pelo futuro sem desprezo do presente, porque
sabe que depende da boa ou má direção deste.

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A certeza de reencontrar seus amigos depois da morte, de reatar as
relações que tivera na terra, de não perder um só fruto do seu trabalho, de
engrandecer-se incessantemente em inteligência, perfeição, dá-lhe paciência
para esperar e coragem para suportar as fadigas transitórias da vida terrestre.
A solidariedade entre vivos e mortos faz-lhe compreender a que deve existir
na terra, onde a fraternidade e a caridade têm desde então um fim e uma
razão de ser, no presente e no futuro. Para libertar-se do temor da morte é
mister poder encará-la sob o seu verdadeiro ponto de vista, isto é, ter
penetrado pelo pensamento no mundo espiritual, fazendo dele uma idéia tão
exata quanto possível, o que denota da parte do espírito encarnado um tal
ou qual desenvolvimento e aptidão para desprender-se da matéria.
No espírito atrasado a vida material prevalece sobre a espiritual.
Apegando-se às aparências, o homem não distingue a vida além do corpo,
esteja embora na alma a vida real; aniquilado aquele, tudo se lhe afigura
perdido, desesperador. Se, ao contrário, concentrarmos o pensamento, não
no corpo, mas na alma, fonte da vida, ser real a tudo sobrevivente,
lastimaremos menos a perda do corpo, antes fonte de misérias e dores. Para
isso, porém, necessita o espírito de uma força só adquirível na madureza.
O temor da morte decorre, portanto, da noção insuficiente da vida
futura, embora denote também a necessidade de viver e o receio da
destruição total; igualmente o estimula secreto anseio pela sobrevivência da
alma, velado ainda pela incerteza. Esse temor diminui, à proporção que a
certeza aumenta, e desaparece quando esta é completa. A certeza da vida
futura não exclui as apreensões quanto à passagem desta para a outra vida.
Há muita gente que teme não a morte, em si, mas o momento da transição.
Sofremos ou não nessa passagem? Por isso se inquietam, e com razão, visto
que ninguém foge à lei fatal dessa transição. Podemos dispensar-nos de uma
viagem neste mundo, menos essa. Ricos e pobres, deve todos fazê-la, e, por
dolorosa que seja a franquia, nem posição nem fortuna poderiam suavizá-la.

3 – A separação da alma e do corpo na desencarnação ---- Quando


encarnado, o espírito se acha preso ao corpo pelo seu envoltório
semimaterial ou perispírito. A morte é a destruição do corpo somente, não a
desse outro invólucro, que do corpo se separa quando cessa neste a vida
orgânica. A observação demonstra que, no instante da morte, o
desprendimento do perispírito não se completa subitamente; que, ao
contrário, se opera gradualmente e com uma lentidão muito variável
conforme os indivíduos. Em uns é bastante rápido, podendo dizer-se que o
momento da morte é mais ou menos o da libertação. Em outros, naqueles
sobretudo cuja vida foi toda material e sensual, o desprendimento é muito
menos rápido, durando algumas vezes dias, semanas e até meses, o que
não implica existir, no corpo, a menor vitalidade, nem a possibilidade de

154
volver à vida. É, com efeito, racional conceber-se que, quanto mais o espírito
se haja identificado com a matéria, tanto mais penoso lhe seja separar-se
dela; ao passo que a atividade intelectual e moral, a elevação dos
pensamentos operam um começo de desprendimento, mesmo durante a vida
do corpo, de modo que, em chegando a morte, ele é quase instantâneo.
A rigor, não é dolorosa a separação da alma e do corpo. Na morte
natural, a que sobrevem pelo esgotamento dos órgãos, em conseqüência da
idade, o homem deixa a vida sem o perceber: é uma lâmpada que se apaga
por falta de óleo. Assim, a alma se desprende gradualmente, não se escapa
como um pássaro cativo a que se restitua subitamente a liberdade. Aqueles
dois estados se tocam e confundem, de sorte que o espírito se solta pouco a
pouco dos laços que o prendiam. Estes laços se desatam, não se quebram.
Segundo a Doutrina Espírita, há sensações que precedem e se sucedem à
morte, bem como a duração do processo de rompimento dos laços fluídicos
que unem a alma ao corpo físico, variam de caso para caso, dependendo das
circunstâncias do trespasse e da maior ou menor elevação moral do
trespassado. Via de regra, nas mortes repentinas e violentas, o
desprendimento da alma é tanto mais prolongado e penoso quanto mais
fortes sejam aqueles liames, ou, em outras palavras, quanto mais vitalidade
exista no organismo, sendo que os suicidas se mantêm presos ao corpo
muito tempo, às vezes até à sua decomposição completa, sentindo,
horrorizados, ‘os vermes lhes corroerem as carnes’.
Depois de longa enfermidade, ou quando a velhice tenha debilitado as
forças orgânicas, o desprendimento, em geral, se efetua fácil e suavemente,
semelhando-se a um sono muito agradável. Para os que só cuidaram de si
mesmos, os que se deixaram empolgar pelos gozos deste mundo, os que se
empenharam apenas em amontoar bens materiais, os malfeitores e os
criminosos, a hora de separação é angustiosa e cruel; agarram-se,
desesperados, à vida que se lhes esvai, porque a própria consciência lhes
grita que nada de bom podem esperar no futuro.
De todas as mortes a pior é a morte pelo suicídio. Nesta não existe a
suave quietação da morte comum nos indivíduos normais. Muito pelo
contrário, as agonias se prolongam pela morte a dentro e continuam numa
seqüência de horrores talvez até nova prova terrena. Este assunto da
separação do corpo e da alma leva-nos a dois outros, não menos
importantes: o da cremação de cadáveres e o da doação de órgãos.
Conforme vimos anteriormente, a alma se desprende gradualmente e o
tempo utilizado nesse processo é variável, segundo seu grau de evolução.
Assim, a questão da cremação e a da doação de órgãos merecem ser
analisadas cuidadosamente.
Na cremação, faz-se mister exercer a piedade com os cadáveres,
procrastinando-se (adiando, demorando, delongando) por mais horas o ato

155
da destruição das vísceras materiais, pois, de certo modo, existem sempre
muitos ecos de sensibilidade entre o espírito desencarnado e o corpo onde
se extingui o ‘tônus vital’, nas primeiras horas subseqüentes ao desenlace,
em vista dos fluidos orgânicos que ainda solicitam a alma para as sensações
da existência material.
Na doação de órgãos é importante avaliar se não haveria a
possibilidade de o doador ficar preso às vísceras. Perguntando a Chico
Xavier a respeito, ele nos responde por meio das seguintes considerações:
“Sempre que pessoa cultiva desinteresse absoluto por tudo aquilo que ela
cede para alguém, sem perguntar ao beneficiado o que fez da dádiva
recebida, sem desejar qualquer remuneração, nem mesmo aquela que a
pessoa humana habitualmente espera com o nome de compreensão, sem
aguardar gratidão alguma, isto é, se a pessoa chegou a um ponto de
evolução em que a noção da posse não mais a preocupa, esta criatura está
em condições de doar, porque não vai afetar o perispírito em coisa alguma.
Quando o doador é pessoa habituada ao desprendimento da posse, a doação
prévia de órgãos que lhe pertençam, por ocasião da morte física não afeta o
corpo espiritual do doador”.

4 – A transição do plano físico para o espiritual --- Se inicia quando os


últimos laços que mantêm o espírito preso ao corpo se desfazem. A pessoa
entra num estado de total inconsciência. O último alento quase nunca é
doloroso, uma vez que ordinariamente ocorre em momento de inconsciência,
mas a alma sofre antes dele a desagregação da matéria, nos estertores da
agonia, e, depois, as angústias da perturbação. Demo-nos pressa em afirmar
que esse estado não é geral, porquanto a intensidade e duração do
sofrimento estão na razão direta da afinidade, tanto mais penosos e
prolongados serão os esforços da alma para desprender-se. Há pessoas nas
quais a coesão é tão fraca que o desprendimento se opera por si mesmo,
como que naturalmente; é como se um fruto maduro se desprendesse do seu
caule, e é o caso das mortes calmas, de pacífico despertar.
Na transição da vida corporal para a espiritual, produz-se ainda um
outro fenômeno de importância capital – a perturbação. Nesse instante a
alma experimenta um torpor que paralisa momentaneamente as suas
faculdades, neutralizando, ao menos em parte, as sensações. É como se
disséssemos um estado de catalepsia, de modo que a alma quase nunca
testemunha conscientemente o derradeiro suspiro. Dizemos quase nunca,
porque há casos em que a alma pode contemplar conscientemente o
desprendimento. A perturbação pode, pois, ser considerada o estado normal
no instante da morte e perdurar por tempo indeterminado, variando de
algumas horas a alguns anos. À proporção que se liberta, a alma encontra-
se numa situação comparável à de um homem que desperta de profundo

156
sono; as idéias são confusas, vagas e incertas; a vista apenas distingue como
que através de um nevoeiro, mas pouco a pouco se aclara, desperta-se-lhe
a memória e o conhecimento de si mesma. Bem diverso é, contudo, esse
despertar; calmo, para uns, acorda-lhes sensações deliciosas; tétrico,
aterrador e ansioso, para outros, é qual horrendo pesadelo.
Imediatamente após a morte do corpo físico, é comum a criatura não
ter consciência do seu estado, visto que, nesse momento, tudo se apresenta
confuso; é lhe preciso algum tempo para se reconhecer; ela conserva-se
tonta, no estado do homem que sai de profundo e que procura compreender
a sua situação. A lucidez das idéias e a memória do passado lhe voltam, à
medida que se destrói a influência da matéria de que ela acaba de separar-
se, e que se dissipa o nevoeiro que lhe obscurece os pensamentos.
Concluindo: o tempo de duração e a intensidade desse estado variam
de acordo com o grau de evolução do recém desencarnado. Para aquele cuja
consciência não é pura e amou mais a vida corporal que a espiritual, esse
momento é cheio de ansiedade e de angústias, que vão aumentando à
medida que ele se reconhece, porque então sente medo e certo terror diante
do que vê e sobretudo do que entrevê. Em sua nova situação, a alma vê e
ouve outras coisas que escapam à grosseria dos órgãos corporais. Tem,
então, sensações e percepções que nos são desconhecidas.

5 – Mecanismos da desencarnação --- Os espíritos nos relatam algumas


características inerentes ao processo desencarnatório, o que nos leva a
supor que existe um certo padrão no processo de desligamento do perispírito
do corpo físico. Analisemos algumas delas:
a) A presença de espíritos – na desencarnação a criatura nunca está a sós.
Entes queridos, que se antecederam a ela além túmulo, podem ali se
encontrar, aguardando ou auxiliando o processo de desligamento final. Os
benfeitores espirituais, familiares ou não, e os especialistas nas operações
de desencarnação auxiliam o espírito nessa grande transição. É possível,
porém, que o desencarnado se defronte com entidades malévolas, direta ou
indiretamente ligadas a ele, causando-lhe transtornos, dos mais variáveis e
intensos. O esforço e abnegação dos Mentores espirituais, na
desencarnação de determinadas criaturas, é realmente digno de menção.
Cooperadores especializados aglutinam esforços no afã de desligarem,
sem incidentes, o espírito eterno do aparelho físico terrestre. Verdadeiras
operações magnéticas são efetuadas nas regiões orgânicas fundamentais,
ou seja, nos centros vegetativo, emocional e mental. Tal como ocorre no
plano físico, onde o renascimento na carne é mediado por profissionais da
medicina e da enfermagem, no plano espiritual a desencarnação é executada
por espíritos especializados nessa tarefa.

157
b) A desencarnação é feita por especialistas desencarnados --- Há
indicações de que o processo desencarnatório, operado por espíritos
especialistas, segue um determinado método, devendo haver, é natural,
algumas variações, conforme as necessidades do espírito desencarnante, as
circunstâncias e, talvez, o tipo de morte (suicídio, morte natural etc.). Em
síntese, esse método, ou padrão geral, poderia ser assim expresso:
1º) Rompimento dos ligamentos perispiríticos, na altura do ventre(abdômen),
por meio de operações magnéticas realizadas pelos espíritos especialistas;
a ação magnética nesta região visa atingir o centro vegetativo do corpo
humano, que é a sede das manifestações fisiológicas do encarnado. Com
essa providência, o moribundo começa a esticar os membros inferiores,
sobrevindo, logo após, o esfriamento do corpo.
2º) Atuação no centro emocional, situado no tórax, região de manifestação
dos desejos e dos sentimentos. A operação magnética nesse centro conduz
à desregularidade dos batimentos e das funções cardíacas. Surgem, então,
sentimentos de aflição, de angústia, de melancolia, conforme o grau evolutivo
do desencarnante. O pulso fica cada vez mais fraco.
3º) O passo seguinte, é a operação no cérebro, onde está situado o centro
mental, região muito importante, sede de recepção e transmissão dos
impulsos, comandos e respostas do espírito. O trabalho dos obreiros
dedicados é feito em pontos específicos, começa na fossa romboidal
(depressão em forma de losango existente no assoalho, [base], do 4º
ventrículo cerebral), assoalhado do quarto ventrículo cerebral, que é uma
cavidade situada na face posterior de outras estruturas nervosas,
denominadas bulbo[localizado entre o cérebro e a medula espinhal, na altura
da nuca. Comanda a respiração, batimentos cardíacos e pressão sangüínea]
e protuberância[ também chamada ponte, fica à frente do cérebro, é formada
de fibras nervosas que vão de um a outro hemisfério cerebelar e ao cérebro.
{cerebelo: parecido com o cérebro, fica na base do crânio, responsável pela
coordenação motora do corpo}. Estas estruturas (bulbo e protuberância),
estão localizadas na parte posterior do cérebro. A atuação na fossa romboidal
provoca efeitos imediatos na respiração e no sistema vasomotor, conduzindo
a pessoa ao estado de coma.
4º) A última ação é o desatamento do principal laço fluídico perispiritual, que
mantém mais intimamente ligados o perispírito e o corpo físico. Esse laço fica
também no sistema nervoso central, na parte posterior do cérebro. Com o
desatamento do laço fluídico o processo da desencarnação está concluído.
No livro Voltei, psicografado por Francisco Cândido Xavier, ditado pelo
espírito Irmão Jacob e editado pela FEB, o autor espiritual da obra relata a
sua desencarnação, revelando-nos seqüencialmente todas as etapas desse
processo que perdurou por mais de trinta horas seguidas, até o desligamento
final. A sua desencarnação teve início com a perda da força física, alterações

158
no sistema respiratório, emoções descontroladas, assinaladas por sinais de
aflição. No aprofundamento do processo de desligamento perispiritual,
conduzido por devotados benfeitores espirituais e sob a direção do venerável
Bezerra de Menezes, Jacob percebe, nitidamente, o colapso do corpo físico,
em oposição à harmonia reinante nos órgãos do perispírito.
O espírito nos relata que, em determinado momento do seu processo
desencarnatório, teve a impressão de possuir dois corações, que lhe batiam
no peito. Um, em ritmo descompassado, na iminência de silenciar para
sempre; o outro, pulsante, vivo, equilibrado. Ocorrências similares
produziam-se em outros órgãos do seu organismo, revelando-lhe sempre a
dualidade: desarmonia do corpo físico versus harmonia do perispírito. No
momento final, após duas horas de operações magnéticas na cabeça, o
último laço, que o mantinha preso ao corpo físico, se desfaz. Ele nos registra
a sua percepção desse momento: experimentei abalo indescritível na parte
posterior do crânio. Não era pancada. Semelhava-se a um choque elétrico,
de vastas proporções, no íntimo da substância cerebral.
Naturalmente, nem todas as pessoas, em processo desencarnatório,
podem registrar as impressões relatadas por Jacob. Tudo está relacionado
ao grau evolutivo do espírito: seu maior ou menor apego à matéria; seu
estado de equilíbrio, conforme já foi assinalado. Alguns espíritos nem
percebem que estão desencarnando; outros, tendo desse processo vaga
intuição, deixam-se conduzir pelo pânico, porque não querem se afastar das
pessoas ou das coisas pertencentes ao mundo material. Nessa situação, o
sofrimento é marca registrada.
Há, no entanto, espíritos que, mesmo tendo uma visão imprecisa da
vida espiritual, são beneficiados por uma atuação precisa dos benfeitores
espirituais, no momento da desencarnação. Isso acontece porque essas
almas conquistaram valores morais, facilitadores da atuação dos espíritos
benfeitores. Há, na literatura espírita, relatos sobre pessoas que, no momento
da desencarnação, auxiliam os benfeitores no trabalho de desligamento
perispiritual. A esse respeito, o espírito André Luiz relata-nos a
desencarnação de Adelaide, no livro Obreiros da Vida Eterna, psicografia de
Francisco Cândido Xavier, capítulo XIX. Adelaide colaborou na sua
desencarnação, auxiliando a ação dos trabalhadores nos serviços
preliminares em seus centros vitais. Apenas o rompimento do último laço
fluídico foi feito por um técnico, o benfeitor Jerônimo. Por outro lado, sabemos
que espíritos muito presos à matéria física oferecem grandes dificuldades aos
trabalhadores do bem.
Entendemos, por fim, que nos casos de suicídio, a desencarnação pode
até seguir este padrão, no entanto, deve ser de forma altamente violenta,
muito brusca, à revelia dos benfeitores, traduzindo-se em grande sofrimento
ao suicida. De qualquer forma, é preciso considerar que o suicídio não é um

159
acontecimento natural, pode até ser comum entre as criaturas imperfeitas,
mas representa sempre um atentado às leis divinas.

c) A visão panorâmica e retrospectiva da existência corporal --- Outro


padrão geral dos mecanismos da desencarnação diz respeito à visão
retrospectiva de tudo o que o espírito pensou e fez na última existência. É
uma visão panorâmica de todos os acontecimentos ocorridos nessa
existência. O espírito, logo que toma consciência de sua desencarnação,
como que aciona algum mecanismo mental que lhe permite reviver, com
detalhes, todas as fases da sua última experiência carnal. O espírito vê-se
diante de tudo que sonhou, arquitetou e realizou na vida que ora se esgota.
Idéias insignificantes que tivera, os atos mínimos, desfilam, absolutamente
precisos, revelados de roldão, como se existisse uma câmara ultra rápida
instalada no seu interior, projetando na mente um filme cinematográfico que,
inopinadamente, vai se desenrolando. Por meio dessa visão panorâmica, a
criatura tem oportunidade de avaliar, julgar os próprios atos. Isso lhe permite
fazer um balanço geral de suas ações, arrepender-se das oportunidades
perdidas de melhoria espiritual e confiar na bondade superior, que lhe
propiciará novas ocasiões de reparar os erros cometidos.
-x-x-

160
APOSTILA N.º 14

TEMA:

A VIDA ALÉM TÚMULO E


OS ESPÍRITOS ERRANTES

Referência Bibliográfica:

- O Livro dos Espíritos – FEB.


- O Livro dos Médiuns – FEB.
- PEREIRA, Yvonne A. Devassando o Invisível. FEB.
- SANTOS, Jorge Andréa dos. Psiquismo: fonte da vida. EDICEL.
- XAVIER, Francisco Cândido, e VIEIRA, Waldo. Evolução em Dois Mundos
- XAVIER, Francisco Cândido. Libertação; Voltei; Nosso Lar; FEB.

(14) A VIDA NO ALÉM TÚMULO E OS ESPÍRITOS ERRANTES

161
O espírito retorna ao mundo espiritual, após a morte do corpo físico.
Apesar das surpresas, boas ou más, que lhe caracterizam o regresso, estes
assemelha-se à volta do exilado à sua pátria de origem, ao mundo espírita,
que preexiste e sobrevive a tudo. É a fase de reintegração do espírito a uma
forma de vida, em outro plano vibratório.
O perispírito, liberto do corpo físico, revela com mais intensidade as
suas propriedades plásticas e sutis que, sob o comando do pensamento e da
vontade do espírito, proporcionam-lhe as transformações necessárias à sua
adaptação nos plano espiritual. Desatrelado do corpo físico o perispírito inicia
um processo conhecido como sendo a histogênese perispiritual (formação,
organização de tecidos, células e órgãos.), a representar uma reestruturação
da sua organização, porquanto, desligado de suas inserções na zona física,
tem necessidade de adaptação à nova dimensão a que foi guindado. Por
meio de produção de substâncias mentais específicas, o desencarnado
realiza o trabalho histogenético pelo qual desliga as células sutis do seu
veículo perispiritual dos remanescentes celulares do veículo físico, arrojado
à queda irreversível, agindo agora com eficiência e segurança que as longas
e reiteradas recapitulações lhe conferiram.

1 – A vida espiritual do homem primitivo --- Os espíritos primitivos, ao


desencarnar, voltam-se para a grei donde pertenceram, buscando uma
espécie de segurança, devido às saudades do lar. É bem possível que as
repetições desse processo forjassem o nascimento do culto aos
antepassados, observado em determinadas civilizações
o homem selvagem desperta, fora do corpo denso, qual menino
aterrado, que, em se sentido incapaz da separação para arrostar o
desconhecido, permanece, tímido, ao pé dos seus, em cuja companhia passa
a viver, noutras condições vibratórias, em processos multifários de simbiose,
ansioso por retornar à vida física que lhe surge à imaginação como sendo a
única abordável à própria mente. Não dispões, nessa fase, de suprimento
espiritual que o ajude a pensar em termos diferentes da vida tribal em que se
apoia. O homem primitivo que desencarnou não tem outro pensamento
senão voltar ao convívio revitalizante daqueles que lhe usam a linguagem e
lhe comungam os interesses. Ressurgir na própria taba e renascer na carne
constituem aspiração incessante do selvagem desencarnado.

2 – A vida espiritual do homem não primitivo --- Os desencarnados, não


primitivos, representam um gama de seres em diversos graus evolutivos.
Quanto menos evoluído o ser, menores serão as percepções na dimensão
onde se encontra. Quanto mais evoluído, maior o alargamento da
consciência com percepções mais eficientes. O desencarnado, além das

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funções dos sentidos existentes na zona física que consigo carrega, possui
no perispírito outros elementos de alta sensibilidade a exaltarem as
percepções. Isto é explicável pela nova liberdade de expansões perispirituais,
não mais submetidas aos escafandros físicos que se mostram como
verdadeiros abafadores e redutores perceptivos.
Encentando, pois, a sua iniciação no plano espiritual, de consciência
desperta e responsável, o homem começa a penetrar na essência da lei de
causa e efeito, encontrando em si mesmo os resultados enobrecedores ou
deprimentes das próprias ações. Quando dilacerado e desditoso, grita a
própria aflição, ao longo dos largos continentes do espaço cósmico, reunindo-
se a outros culpados do mesmo jaez, com os quais permuta os quadros
inquietantes da imaginação em desvario, tecendo, com o plasma sutil do
pensamento contínuo e atormentado, as telas infernais em que as
conseqüências de suas faltas se desenvolvem, mediante as profundas e
estranhas fecundações de loucura e sofrimento que antecedem as
reencarnações reparadoras.

2.1 – A Ação do Pensamento – O desencarnado, em se adaptando aos


continentes da esfera extrafísica, passa a manobrar com os fenômenos de
mentação e reflexão, de que o pensamento é a base fundamental. No plano
espiritual, o homem desencarnado vai lidar, mais diretamente, com um fluido
vivo e multiforme, estuante e inestancável, a nascer-lhe da própria alma, de
vez que podemos defini-lo, até certo ponto, por subproduto do fluido cósmico,
absorvido pela mente humana, em processo vitalista semelhante à
respiração, pelo qual a criatura assimila a força emanante do Criador,
esparsa em todo o cosmo, transubstanciando-a, sob a própria
responsabilidade, para influenciar na Criação, a partir de si mesma. Esse
fluido é o seu próprio pensamento contínuo, gerando potenciais energéticos
com que não havia sonhado. Decerto que na esfera nova de ação, a que se
vê arrebatado pela morte, encontra a matéria conhecida no mundo, em nova
escala vibratória.

3 – A Vida na Espiritualidade.
3-1 – A natureza no plano espiritual --- Na moradia de continuidade para a
qual se transfere, encontra, pois, o homem as mesmas leis de gravitação que
controlam a terra, com os dias e as noites marcando a conta do tempo,
embora os rigores das estações estejam suprimidos pelos fatores de
ambiente que asseguram a harmonia da natureza, estabelecendo clima
quase constante e quase uniforme. Plantas e animais domesticados pela
inteligência humana, durante milênios, podem ser aí aclimatados e
aprimorados, por determinados períodos de existência, ao fim dos quais
regressam aos seus núcleos de origem no solo terrestre.

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As plantas, pela configuração celular mais simples, atendem, no plano
extrafísico, à reprodução limitada. Ao longo dessas vastíssimas regiões de
matéria sutil que circundam o corpo ciclópico do planeta, com extensas zonas
cavitárias, a estender-se da supefície continental até o leito dos oceanos,
começam as povoações felizes e menos felizes, tanto quanto as
aglomerações infernais de criaturas desencarnadas que, por temerem as
formações dos próprios pensamentos, se refugiam nas sombras, receando
ou detestando a presença da luz.

3.2 – As linhas morfológicas e fisiológicas do perispírito --- As linhas


morfológicas das entidades desencarnadas, no conjunto social a que se
integram, são comumente aquelas que trouxeram do mundo, a evoluírem,
contudo, contentemente para melhor apresentação, toda vez que esse
conjunto social se demore em esfera de sentimentos elevados. A forma
individual em si obedece ao reflexo mental dominante, notadamente no que
se reporta ao sexo, mantendo-se a criatura com distintivos psicossomáticos
de homem ou de mulher, segundo a vida íntima, através da qual se mostra
com qualidades espirituais acentuadamente ativas ou passivas.
Supondo-se que um espírito possua reflexo mental predominantemente
masculino, mas que, por motivos cármicos, nasceu num corpo feminino,
após a sua desencarnação poderá retornar àquela forma anterior, ou seja, à
forma masculina. Fácil observar, assim, que a desencarnação libera todos os
espíritos de feição masculina ou feminina que estejam na reencarnação em
condição inversiva atendendo a provação necessária ou a tarefa específica,
porquanto, fora do arcabouço físico, a mente se exterioriza no veículo
espiritual com admirável precisão de controle espontâneo sobre as células
sutis que o constituem. Ainda assim, releva observar que se o progresso
mental não é positivamente acentuado, mantém a personalidade
desencarnada nos planos inferiores, por tempo indefinível, a plástica que lhe
era própria entre os homens. E, nos planos relativamente superiores, sofre
processos de metamorfose, mais lentos ou mais rápidos, conforme as suas
disposições íntimas.
Se a alma desenleada do envoltório físico foi transferida para a moradia
espiritual, em adiantada senectude, gastará algum tempo para desfazer-se
dos sinais de ancianidade corpórea, se deseja remoçar o próprio aspecto, e,
na hipótese de haver partido da terra, na juventude primeira, deverá
igualmente esperar que o tempo a auxilie, caso se proponha a obtenção de
traços da madureza. Cabe, no entanto, considerar que isso ocorre apenas
com os espíritos, aliás em maioria esmagadora, que ainda não dispõem de
bastante aperfeiçoamento moral e intelectual, pois quanto mais elevado se
lhes descortine o degrau de progresso, mais amplo se lhes revela o poder
plástico sobre as células que lhes entretecem o instrumento de manifestação.

164
Em alto nível, a inteligência opera em minutos certas alterações que as
entidades de cultura mediana gastam, por vezes, alguns anos a efetuar.
As modificações do perispírito na desencarnação variam de indivíduo a
indivíduo. Naqueles com certa evolução, não tendo mais necessidade da
excreta renal e intestinal, como, também, a função sexual, haverá
modificações nessas organizações com o respectivo desaparecimento
funcional temporário. Assunto de tal envergadura fornece elementos
avaliativos, perante as condições evolutivas, de que as oscilações
reencarnação-desencarnação vão modificando certos órgãos que no porvir
apresentarão modificações. Exemplificando: o nosso tubo digestivo, pelo
processo alimentar cada vez mais aprimorado e ajustado, refletir-se-á, de
futuro, em condições de absorver menos massa alimentícia com substâncias,
bioquimicamente, mais eficientes, propiciando a redução da organização.
De qualquer modo, porém, o corpo espiritual, com alguma provisão de
substância específica ou simplesmente sem ela, quando já consiga valer-se
apenas da difusão cutânea para refazer seus potenciais energéticos, conta
com os processos da assimilação e da desassimilação dos recursos que lhe
são peculiares, não prescindindo do trabalho de exsudação dos resíduos,
pela epiderme ou pelas operações nutritivas, e pela essencialização dos
elementos absorvidos, não existem para o veículo psicossomático
determinados excessos e inconvenientes dos sólidos e líquidos da excreta
comum.
Com relação à alimentação dos espíritos desencarnados, sabemos que
desde a experiência carnal o homem se alimenta muito mais pela respiração,
colhendo o alimento de volume simplesmente como recurso complementar
de fornecimento plástico e energético, para o setor das calorias necessárias
à massa corpórea e à distribuição dos potenciais de força nos variados
departamentos orgânicos. Abandonado o envoltório físico na desencarnação,
se o psicossoma está profundamente arraigada às sensações terrestres,
sobrevem ao espírito a necessidade inquietante de prosseguir atrelado ao
mundo biológico que lhe é familiar, e, quando não a supera ao preço do
próprio esforço, no auto reajustamento, provoca os fenômenos da simbiose
psíquica, que o levam a conviver, temporariamente, no halo vital daqueles
encarnados com os quais se afine, quando não promove a obsessão
espetacular.
Na maioria das vezes, os desencarnados em crise dessa ordem são
conduzidos pelos agentes da Bondade Divina aos centros de reeducação do
Plano Espiritual, onde encontram alimentação semelhante à da terra, porém
fluídica, recebendo-a em porções adequadas até que se adaptem aos
sistemas de sustentação da Esfera Superior, em cujos círculos a tomada de
substância é tanto menor e tanto mais leve quanto maior se evidencie o
enobrecimento da alma. É interessante a questão da alimentação entre os

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desencarnados. Não há dúvidas de que eles se alimentam, mas o processo
não ocorre da maneira como fazemos aqui, no plano físico, visto que o
aparelho digestivo do corpo perispiritual sofre modificações e o alimento é
fluídico.
Assim, a alimentação no mundo espiritual segue o seguinte processo:
pela difusão cutânea, o corpo espiritual, através de sua extrema porosidade,
nutre-se de produtos sutilizados ou sínteses quimioeletromagnéticas,
hauridas no reservatório da natureza e no intercâmbio de raios vitalizantes e
reconstituintes do amor com que os seres se sustentam entre si. Essa
alimentação psíquica, por intermédio das projeções magnéticas trocadas
entre aqueles que se amam, é muito mais importante do que o nutricionista
do mundo possa imaginar, de vez que, por ela, se origina a ideal euforia
orgânica e mental da personalidade. Daí porque toda criatura tem
necessidade de amar e receber amor para que se lhe mantenha o equilíbrio
geral.
Os espíritos podem se alimentar por inalação de princípios vitais da
atmosfera, através da respiração, e água misturada a elementos solares,
elétricos e magnéticos. A fome (ou sensação de fome) pode ser igualmente
saciada pela absorção perispiritual de elementos fluídicos líquidos, extraídos
de plantas, sob a forma de sucos de sabor agradável. Quanto à função sexual
do desencarnado, praticamente não desaparece, porém, nos seres mais
cônscios das razões da imortalidade, expressa-se em planos mais
avançados, com outras características que não as do corpo físico. Existem,
no entanto, na espiritualidade inferior, regiões de licenciosidade. São lugares
extremamente afins com a poligamia embrutecente. Nas regiões superiores,
realiza-se também o casamento das almas, conjugadas ao amor puro,
verdadeira união esponsalícia de caráter santificante, gerando obras
admiráveis de progresso e beleza, na edificação coletiva.
Os espíritos encarnados relacionam-se por meio dos órgãos dos
sentidos (audição, paladar, olfato, tato e visão), órgãos estes circunscritos ao
corpo físico. A capacidade de ver ( ou ouvir), nos desencarnados, não está
localizada em um órgão específico do perispírito. No espírito, a faculdade de
ver é uma propriedade inerente à sua natureza e que reside em todo o seu
ser, como a luz reside em todas as partes de um corpo luminoso. É uma
espécie de lucidez universal que se estende a tudo, que abrange
simultaneamente o espaço, os tempos e as coisas, lucidez para a qual não
há trevas, nem obstáculos materiais. Compreende-se que deva ser assim.
No homem, a visão se dá pelo funcionamento de um órgão que a luz
impressiona. Daí se segue que, não havendo luz, o homem fica na
obscuridade. No espírito, como a faculdade de ver constitui um atributo seu,
abstração feita de qualquer agente exterior, a visão independe da luz.

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O mesmo ocorre com a audição. O espírito desencarnado percebe
mesmo sons imperceptíveis, no entanto, a audição não está localizada em
um órgão específico do perispírito. Todas as percepções constituem atributos
do espírito e lhe são inerentes ao ser. Quando o reveste um corpo material,
elas só lhes chegam pelo conduto dos órgãos. Deixam, porém, de estar
localizadas, em se achando ele na condição de espírito livre.

3.3 – Locomoção dos Espíritos --- Após a transfiguração ocorrida na morte,


a individualidade ressurge com naturais alterações na massa muscular e no
sistema digestivo, mas sem maiores inovações na constituição geral,
munindo-se de aquisições diferentes para o novo campo de equilíbrio a que
se transfere, com possibilidades de condução e movimento efetivamente não
sonhados, já que o pensamento contínuo e a atração, nessas circunstâncias,
não mais encontram certas resistências peculiares ao envoltório físico.
Excetuando-se as entidades que vivem em planos espirituais inferiores,
fortemente vinculadas à crosta planetária, os espíritos se locomovem através
da volitação do corpo espiritual. Volitar tem o mesmo significado de esvoaçar.
É locomover-se acima do solo, sem auxílio de instrumentos ou de veículos.
Isso é possível porque os desencarnados, não possuindo veículo físico, de
maior peso específico, podem elevar-se na atmosfera. Evidentemente, os
espíritos mais materializados utilizam normalmente as pernas como o fazem
os encarnados. Em algumas cidades da espiritualidade, os seus habitantes
utilizam veículos que os transportam de um local para outro, mesmo que
possam volitar. O aeróbus é um desses veículos. Trata-se de um carro que
se desloca no ar, desce até o solo, à semelhança de um helicóptero, tendo
capacidade para transportar um número maior de espíritos, de uma só vez.
A volitação rápida é característica dos espíritos evoluídos. Eles podem-se
locomover com incrível velocidade e fazem-no com a rapidez do pensamento.

3.4 A comunicação entre os espíritos desencarnados --- Os espíritos se


entendem por meio da comunicação mental que mantém entre si, no entanto,
podem utilizar a linguagem articulada dos encarnados. Incontestavelmente,
a linguagem do espírito é, acima de tudo, a imagem que exterioriza de si
próprio.
Círculos espirituais existem, em planos de grande sublimação, nos
quais os desencarnados, sustentando consigo mais elevados recursos de
riqueza interior, pela cultura e pela grandeza moral, conseguem plasmar, com
as próprias idéias, quadros vivos que lhes confirmem a mensagem ou o
ensinamento, seja em silêncio, seja com a despesa mínima de suprimento
verbal, em livres circuitos mentais de arte e beleza, tanto quanto muitas
inteligências infelizes, treinadas na ciência de reflexão, conseguem formar
telas aflitivas em circuitos mentais fechados e obsessivos, sobre as mentes

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que magneticamente jugulam. Os espíritos de mediana evolução não se
desvinculam, de imediato, dos ditames lingüísticos que lhes caracterizavam
o idioma pátrio da última encarnação. É forçoso observar que a linguagem
articulada, no chamado espaço das nações, ainda possui fundamental
importância as regiões a que o homem comum será transferido
imediatamente após desligar-se do corpo físico.
3.5 – Vestimentas dos desencarnados --- Comumente os espíritos se
apresentam vestidos de túnicas, envoltos em largos panos, ou mesmo com
os trajes que usavam em vida. O envolvimento em panos parece costume
geral no mundo dos espíritos. O vestuário dos espíritos pouco evoluídos varia
enormemente. Está sempre relacionado ao gosto pessoal, às lembranças
que guardam da vida corpórea. Entidades espirituais são vistas envergando
vestimentas, desde as mais simples às mais principescas. As cores das
roupas podem ser escuras, opacas ou claras e brilhantes. Podem ser
pesadas ou vaporosas; comuns, isto é, simples traje que caracteriza uma
vestimenta feminina ou masculina; exóticas ou típicas, lembrando regiões do
planeta ou seitas religiosas. Há espíritos que se apresentam usando
uniformes ou vestuários específicos de certas profissões.
Acompanhando os trajes, podem-se ver acessórios, como jóias, óculos,
bengalas, leques etc. como é sabido, tudo isso é criação mental do espírito.
Os espíritos se trajam e modificam a aparência das vestes que usam
conforme lhes apraz, exclusão feita de alguns inferiores e criminosos,
geralmente obsessores da mais ínfima espécie, cuja mente não possui
vibrações à altura de efetuar a admirável ‘operação plástica’ requerida. Por
isso mesmo, a aparência destes últimos costuma ser chocante para o
vidente, pela fealdade, ou simplesmente pela miséria, pois se apresentam
cobertos de andrajos e farrapos, como que empapados de lama, ou
embuçados em longos sudários negros, com mantos ou capas que lhes
envolvem os ombros e a cabeça, e, não raro, mascarados por um saco negro
enfiado na cabeça, com duas aberturas à altura dos olhos. Longos chapéus
costumam trazer também, assim como botas de canos altos.
Os espíritos superiores, ao contrário, apresentam-se aureolados de
luminosidade safirina ou esbranquiçada. Suas vestes são brilhantes e
vaporosas. É o caso de Matilde, citado no livro Libertação, de André Luiz, e
de Bittencourt Sampaio, registrado no livro Voltei, do Irmão Jacob. Ambos se
apresentam luminosos e replandescentes.

4 – Os Espíritos Errantes

A palavra errante (em francês errant) traz os significados de: nômade,


vagabundo, desvairado, alucinado. Ou seja, alguém que não se mantém em
lugar mais ou menos fixo porque não conquistou determinadas habilidades,

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ou algum conhecimento ou mesmo recursos que lhe capacitem a fixação. Em
português, errante pode ser quem erra, isto é, ignorante; e também diz
respeito a nômade, pessoa sem destino fixo. Sabemos que, quanto mais
evoluído, menos necessidade tem o espírito de reencarnar, a ponto de essa
necessidade cessar quando ele se torna espírito puro. Não é mais espírito
errante, visto que chegou à perfeição, seu estado definitivo.
O intervalo entre uma encarnação e outra pode ser de algumas horas
até alguns milhares de séculos. Os espíritos que necessitam de melhoria
intelectual e moral retornam inúmeras vezes à experiência reencarnatória. No
espaço de tempo compreendido entre uma e outra reencarnação eles não se
fixam numa determinada localidade no plano espiritual, em decorrência do
aprendizado que necessitam desenvolver. Nessa situação, recebem a
denominação de espíritos errantes. Ainda que se encontrem na categoria de
errantes, os espíritos têm oportunidades de progredir. O estudo, o
aconselhamento de espíritos que lhes são superiores, a observação, as
experiências vivenciadas, entre outros, lhes facultam os meios de melhoria
espiritual.
Assim, a expressão espírito errante diz respeito aos espíritos que não
possuem um corpo material e aguardam uma nova encarnação para se
melhorarem. Situação diversa ocorre com os espíritos evoluídos que, por não
possuírem maiores necessidades de reencarnar, conforme o grau de
perfeição que tenham alcançado, permanecem ligados a determinadas
colônias na espiritualidade. Nessas regiões elevadas do plano espiritual
atuam como orientadores, promovendo o progresso da humanidade terrestre.
As sociedades espirituais, fora do mundo físico, aglutinam-se em verdadeiras
cidades e vilarejos, com estilos variados, como acontece aos burgos
terrestres, característicos da metrópole ou do campo, edificando largos
empreendimentos de educação e progresso, em favor de si mesmas e a
benefício dos outros. As regiões purgativas ou simplesmente infernais são
por elas amparadas, quanto possível, organizando-se aí, sob o seu
patrocínio, extensa obra assistencial.
No plano físico, a equipe doméstica atende à consangüinidade em que
o vínculo é obrigatório, mas, no plano extrafísico, o grupo familiar obedece à
afinidade em que o liame é espontâneo. Por isso mesmo, na esfera seguinte
à condição humana, temos o espaço das nações, com as suas comunidades,
idiomas, experiências e inclinações, inclusive organizações religiosas típicas,
junto das quais funcionam missionários de libertação mental, operando com
caridade e discrição para que as idéias renovadoras se expandam sem
dilaceração e sem choque. Com dois terços de criaturas ainda ligadas desse
ou daquele modo, aos núcleos terrenos, encontramos um terço de espíritos
relativamente enobrecidos que se transformam em condutores da marcha

169
ascensional dos companheiros, pelos méritos com que se fazem segura
instrumentação das Esferas Superiores.
-x-x-

APOSTILA N.º 15

170
TEMA:

AS REGIÕES DE
SOFRIMENTO NO PLANO
ESPIRITUAL

Referência Bibliográfica:
- O Céu e o Inferno – FEB.
- O Evangelho Segundo o Espiritismo – FEB.
- O Livro dos Espíritos – FEB.
- O Livro dos Médiuns. FEB.
- DOYLE, Arthur Conan. A História do Espiritismo. SP. 1960 Pensamento.
- PEREIRA, Yvone. Memórias de um Suicida. FEB. 2000
- XAVIER, Francisco Cândido. Libertação; Nosso Lar. FEB.

(15) AS REGIÕES DE SOFRIMENTO NO PLANO ESPIRITUAL

1 A Destinação do Ser Humano após a Morte do Corpo Físico

171
Vivemos, pensamos e operamos – eis o que é positivo. E que
morremos, não é menos certo. Mas, deixando a terra, para onde vamos? Que
seremos após a morte? Estaremos melhor ou pior? Existiremos ou não? Ser
ou não ser, tal a alternativa. Para sempre ou para nunca mais; ou tudo ou
nada: Vivemos eternamente, ou tudo se aniquilará de vez? É uma tese, essa,
que se impõe. Todo homem experimenta a necessidade de viver, de gozar,
de amar e de ser feliz. Dizei ao moribundo que ele viverá ainda; que a sua
hora é retardada; dizei-lhe sobretudo que será mais feliz do que porventura
o tenha sido, e o seu coração rejubilará.
Mas, de que serviriam essas aspirações de felicidade, se um leve sopro
pudesse dissipá-las? Haverá algo de mais desesperador do que esse
pensamento da destruição absoluta? Afeições caras, inteligência, progresso,
saber laboriosamente adquiridos, tudo despedaçado, tudo perdido! De nada
nos serviria, portanto, qualquer esforço no sofreamento das paixões, de
fadiga para nos ilustrarmos, de devotamento à causa do progresso, desde
que de tudo isso nada aproveitássemos, predominando o pensamento de que
amanhã mesmo, talvez, de nada nos serviria tudo isso. Se assim fora, a sorte
do homem seria cem vezes pior que a do bruto, porque este vive inteiramente
do presente, na satisfação dos seus apetites materiais, sem aspiração para
o futuro. Diz-nos um secreta intuição, porém, que isso não é possível.
Para as doutrinas materialistas, sobretudo as genericamente
denominadas de niilistas(niilismo: em Filosofia significa ausência de toda
crença. Doutrina política que justifica a destruição de qualquer organização
social, porque todas são más. Negação de tudo. É a doutrina do nada), não
existe a possibilidade de vida após a morte do corpo físico. Mesmo para
algumas escolas espiritualistas, a idéia da destinação do ser humano após a
morte é apresentada de forma incompleta e bastante confusa. A despeito da
propagação destes conceitos, em todos os tempos, o homem se preocupou
com o seu futuro para lá do túmulo e isso é muito natural. Qualquer que seja
a importância que ligue à vida presente, não pode ele furtar-se a considerar
quanto essa vida é curta e, sobretudo, precária, pois que a cada instante está
sujeita a interromper-se, nenhuma certeza lhe sendo permitida acerca do dia
seguinte. Na verdade, a idéia do nada tem qualquer coisa que repugna à
razão. O homem que mais despreocupado seja durante a vida, em chegando
o momento supremo, pergunta a si mesmo o que vai ser dele e, sem o querer,
espera.
A vida futura implica a conservação da nossa individualidade, após a
morte. com efeito, que nos importaria sobreviver ao corpo, se a nossa
essência moral houvesse de perder-se no oceano do infinito? As
conseqüências, para nós, seriam as mesmas que se tivéssemos de nos sumir
no nada. Apesar de existirem escolas espiritualistas que ensinam que o ser
humano não conserva a sua individualidade após a morte, forçoso é também

172
se admita: 1º, que a sua natureza difere da do corpo, visto que, separada
deste, deixa de ter as propriedades peculiares ao corpo; 2º, que goza da
consciência de si mesma, pois é passível de alegria, ou de sofrimento, sem
o que seria um ser inerte, caso em que possuí-la de nada nos valeria.
Admitindo isso, tem-se que admitir que essa alma vai para alguma parte. Que
vem a ser feito dela e para onde vai?
As comunicações mediúnicas, usuais nas Casas Espíritas, não apenas
atestam a sobrevivência dos espíritos, mas revelam seu estado de felicidade
ou infelicidade, conforme a utilização boa ou má do seu livre arbítrio quando
encarnado. Essas comunicações nos esclarecem, igualmente, a respeito da
vida além-túmulo. A destinação do ser humano após a morte do corpo físico
pode ser entendida segundo os seguintes esclarecimentos espíritas:
a) No espaço, os espíritos formam grupos ou famílias entrelaçadas pela
afeição, pela simpatia e pela semelhança das inclinações. Ditosos por se
encontrarem juntos, esses espíritos se buscam uns aos outros.
b) As comunidades espirituais do plano extrafísico são formadas por
espíritos da mesma categoria que se reúnem por uma espécie de afinidade
e formam grupos ou famílias; unidos pelos laços da simpatia e pelos fins a
que visam: os bons, pelo desejo de fazerem o bem; os maus, pelo de fazerem
o mal, pela vergonha de sua faltas e pela necessidade de se acharem entre
os que se lhes assemelham. Tal uma grande cidade onde os homens de
todas as classes e de todas as condições se vêem e se encontram, sem se
confundirem; onde as sociedades se formam pela analogia dos gostos; onde
a virtude e o vício se acotovelam, se trocarem palavra.
c) Entre os espíritos há hierarquia de poder, níveis de subordinação e
autoridade, tal como ocorre numa sociedade organizada. O resultado das
relações entre o espíritos estabelece a existência de diferentes ordens,
conforme o grau de perfeição que tenham alcançado. Essas ordens revelam
as qualidades que os espírito já adquiriram e as imperfeições contra as quais
terão que lutar.
d) A autoridade que um espírito tem sobre o outro está fundamentada na
ascendência moral. Entre os espíritos superiores essa ascendência é natural,
sempre benéfica, respeitando o livre-arbítrio de cada um. Tal já não ocorre
nas relações entre certos inferiores que usam da inteligência ou da
força(poder) para subjugarem outros espíritos, encarnados ou não.
e) O mundo espiritual comporta vários níveis, ou regiões, caracterizados
pela sombra e pela dor; pela ventura e pela alegria, conforme o patamar
evolutivo dos seus habitantes. Há entre os dois extremos região que
apresenta subníveis ou subplanos evolutivos, revelando a gradação de
progresso atingido pelos espíritos aí residentes. Antes mesmo da Codificação
do Espiritismo, o vidente sueco Emmanuel Swedenborg nos informava que o
outro mundo, para onde vamos após a morte, consiste de várias esferas,

173
representando outros tantos graus de luminosidade e de felicidade; cada um
de nós irá para aquela a que se adapta a nossa condição espiritual.
f) O plano espiritual comporta verdadeiras cidades, de pequeno, médio
ou grande porte, genericamente denominadas colônias espirituais. Os
espíritos ali se agrupam, estabelecendo regras de vida em sociedade, de
acordo com a sua moralidade e com os seus conhecimentos. Espalhados
pelas vastas regiões espirituais existem pequenos agrupamentos humanos,
geralmente ligados a uma colônia espiritual. Tais agrupamentos, à
semelhança das cidades espirituais, representam redutos de paz, de amor,
de trabalho ou de sofrimento e criminalidade, conforme a natureza dos seus
habitantes.
g) Nas cidades espirituais há residências, onde vivem juntos os membros
de uma mesma família. Há também templos religiosos, hospitais, escolas,
bibliotecas, academias, recintos para encontros sociais etc. vêem-se
parques, jardins, rios, mares, extensas áreas plantadas, montanhas,
planícies etc.
A literatura espírita é muito rica a esse respeito, revelando detalhes das
comunidades espirituais e características dos seus habitantes. A série de
livros ditada pelo espírito André Luiz, por meio da psicografia de Francisco
Cândido Xavier, merece destaque, em especial, pelas elucidações lógicas e
pela coerência com a Codificação Espírita. Merecem destaque, igualmente,
as obras de Manoel Philomeno de Miranda, psicografia de Divaldo Pereira
Franco, denominada Nos Tormentos da Obsessão. Essa obra os relata
episódios cotidianos de um nosocômio fundado e dirigido por Eurípedes
Barsanulfo, que atende a desencarnados em sofrimento, sobretudo espíritas
que faliram em seus compromissos espirituais.

2 – Características das comunidades espirituais de sofrimento e de dor:


Essas comunidades podem ser classificadas em duas grandes
categorias, conforme a localização do sofrimento: comunidades de regiões
abismais e comunidade do umbral. As características gerais que ambas as
categorias apresentam são as seguintes:
- Predomínio de paixões e ações negativas. O mal, as brigas, as
desarmonias, as perturbações generalizadas campeiam nessas localidades.
- Ociosidade marcante entre seus habitantes. Muitos destes dominam
outros habitantes, subjugando-os ao trabalho escravo ou ao domínio da sua
vontade autoritária e perturbadora (obsessão).

174
- Os habitantes se comunicam pelo uso das palavras articuladas, como
se estivessem encarnados. Os obsessores e dominadores mantêm controle
mental sobre aqueles a quem subjugam, por meio dos recursos da hipnose
e das chantagens emocionais.
- A volitação é restrita e, quando ocorre, não há deslocamento
significativos, permanecendo a entidade próxima ao solo. O mais comum é a
caminhada, utilizando-se das pernas e dos pés.
- O trânsito está temporariamente interditado às regiões mais elevadas.
- A natureza não oferece beleza. Há predomínio de cores fortes e
sombrias. Uma espécie de névoa envolve as regiões. As árvores e os animais
são estranhos, feios, sem viço.
- As cidades possuem edificações bizarras, pintadas de tons berrantes.
As músicas são exóticas e irritantes.
- O relevo é árido, áspero, sem verdura e sem paisagens tranqüilas. Há
muitos vales, permeados de cavernas, grutas, abismos e pântanos.
- Essas comunidades exercem influência direta nos encarnados.
Apesar da desolação e do desequilíbrio reinantes, tais comunidades são
contentemente visitadas por benfeitores espirituais, que ali realizam missões
de auxílio. Muitos desses benfeitores estão instalados em plenas regiões
abismais, em construções genericamente denominadas de núcleos ou postos
de auxílio. Eles ali se encontram em missão sacrificial.

3 – Exemplos de comunidades espirituais caracterizadas pelo


sofrimento e pela dor.
3.1 – O Vale dos Suicidas ----- Fonte: Essa comunidade está descrita no
livro Memórias de um Suicida, recebido mediunicamente por Yvone A.
Pereira, edição da FEB. Tipos de habitantes: Suicidas; Características da
localidade: há pouca luz solar, que é contentemente filtrada por uma névoa
densa; a vegetação é sinistra, seca, contorcida; as árvores possuem pouca
folhagem; muitas plantas exóticas. Ouvem-se muitos gemidos, súplicas,
choros humanos. O desespero, a dor profunda, a mágoa e o remorso são
sentimentos dominantes.
Eis a descrição amarga e dolorosa que um ex-suicida faz do local onde
habitou por algum tempo: fora eu surpreendido com meu aprisionamento em
região do mundo invisível cujo desolador panorama era composto por vales
profundos, a que as sombras presidiam: gargantas sinuosas e cavernas
sinistra, no interior das quais uivavam, quais maltas de demônios
enfurecidos, espíritos que foram homens, dementados pela intensidade e
estranheza, verdadeiramente inconcebíveis, dos sofrimentos que os
martirizavam. Nessa paragem aflitiva a vista torturada do grilheta não
distinguiria sequer o doce vulto de um arvoredo que testemunhasse suas
horas de desesperação.

175
O solo, coberto de matérias enegrecidas e fétidas, lembrando a fuligem,
era imundo, pastoso, escorregadio, repugnante! O ar pesadíssimo, asfixiante,
gelado, enoitado por bulcões(nevoeiros densos e negros que precedem uma
tempestade) ameaçadores como se eternas tempestades rugissem em torno;
e, ao respirarem-no, os espíritos ali ergastulados sufocavam-se como se
matérias pulverizadas, nocivas, mais do que a cinza e a cal, lhes invadissem
as vias respiratórias, martirizando-os com suplício inconcebível ao cérebro
humano habituado às gloriosas claridades do sol --- dádiva celeste que
diariamente abençoa a terra --- e às correntes vivificadoras dos ventos sadios
que tonificam a organização física dos seus habitantes.
Não havia então ali, como não haverá jamais, nem paz, nem consolo,
nem esperança: tudo em seu âmbito marcado pela desgraça era miséria,
assombro, desespero e horror. O vale dos leprosos, lugar repulsivo da antiga
Jerusalém que no orbe terráqueo evoca o último grau da abjeção e do
sofrimento humano, seria consolador estágio de repouso comparado ao local
que tento descrever. Aqui, era a dor que nada consola, a desgraça que
nenhum favor ameniza, a tragédia que idéia alguma tranqüilizadora vem
orvalhar de esperança! Não há céu, não há luz, não há sol, não há perfume,
não há tréguas! O que há é o choro convulso e inconsolável dos condenados
que nunca se harmonizam! O assombroso ‘ranger de dentes’ da advertência
prudente e sábia do sábio Mestre de Nazaré! A blasfêmia acintosa do réprobo
a se acusar a cada novo rebate da mente flagelada pelas recordações
penosas!
A loucura inalterável de consciências contundidas pelo vergastar
infame dos remorsos! O que há é a raiva envenenada daquele que já não
pode chorar, porque ficou exausto sob o excesso das lágrimas! O que há é o
desaponto, a surpresa aterradora daquele que se sente vivo a despeito de se
haver arrojado da morte! É a revolta, a praga, o insulto, o ulular de corações
que o percutir monstruoso da expiação transformou em feras! O que há é a
consciência conflagrada, a alma ofendida pela imprudência das ações
cometidas, a mente revolucionada, as faculdades espirituais envolvidas nas
trevas oriundas de si mesma! Quem ali temporariamente estaciona, como eu
estacionei, são grandes vultos do crime! É a escória do mundo espiritual ---
falanges de suicidas que periodicamente para os seus canais afluem.

3.2 Uma cidade estranha ---- Fonte: esta cidade está descrita no livro
Libertação, psicografia de Francisco Cândido Xavier, ditado pelo espírito
André Luiz, edição FEB. Tipos de habitantes: espíritos imperfeitos,
vinculados ao mal. Características da localidade: A cidade que André Luiz
chama de estranha, estava (ou está) situada em vasto domínio das sombras
e pode ser assim descrita: a claridade solar jazia diferenciada. Fumo cinzento
cobria o céu em todas a sua extensão; a volitação fácil se fizera impossível.

176
A vegetação exibia aspecto sinistro e angustiado. As árvores não se vestiam
de folhagem farta e os galhos, quase secos, davam a idéia de braços
erguidos em súplicas dolorosas.
Aves agoureiras, de grande tamanho, de uma espécie que poderá ser
situada entre os Corvídeos, crocitavam em surdina, semelhando-se a
pequenos monstros alados espiando presas ocultas. O que mais
constristava, porém, não era o quadro desolador, mais ou menos semelhante
a outros e, sim, os apelos cortantes que provinham dos charcos. Gemidos
tipicamente humanos era pronunciados em todos os tons.
Observando as características ambientais daquela cidade, André Luiz
faz as seguintes indagações íntimas: aquelas árvores estranhas, de frondes
ressecadas, mas vivas, seriam almas convertidas em silenciosas sentinelas
de dor, qual a mulher de Lot, transformada simbolicamente em estátua de
sal? E aquelas grandes corujas diferentes, cujos olhos brilhavam
desagradavelmente nas sombras, seriam homens desencarnados sob
tremendo castigo da forma? Quem chorava nos vales extensos da lama?
Criaturas que houvessem vivido na terra que recordávamos, ou duendes
desconhecidos para nós?
Continuando no seu pungente relato, André Luiz nos informa que de
quando em quando, grupos hostis de entidades espirituais em desequilíbrio
defrontavam-se, seguindo adiante, indiferentes, incapazes de registrar-lhes
a presença. Falavam em voz alta, em português degradado, mas inteligível,
evidenciando, pelas gargalhadas, deploráveis condições de ignorância.
Apresentavam-se em trajes bisonhos e conduziam apetrechos de lutar e ferir.
A certa altura, à medida que se vai aproximando da cidade, o ar parece
impregnado de fluidos viscosos, provocando mal-estar, asfixiante opressão e
respiração ofegante.
A cidade era dirigida pelo sacerdote Gregório, um sátrapa (título dos
antigos governantes persas. Grande senhor. Déspota) de inqualificável
impiedade, que aliciou para si próprio o pomposo título de Grande Juiz,
assistido por assessores políticos e religiosos, tão frios e perversos quanto
ele mesmo. Ali se encontrava aristocracia de gênios implacáveis,
senhoreando milhares de mentes preguiçosas, delinqüentes e enfermiças.
André Luiz continua nos transmitindo, com matizes fortes, os panoramas
dessa cidade umbralina: Música exótica fazia-se ouvir não distante. Em
minutos breves, penetramos vastíssima aglomeração de vielas, reunindo
casario decadente e sórdido. Rostos horrendos contemplava-nos
furtivamente, a princípio, mas, à medida que varávamos o terreno, éramos
observados, com atitude agressiva, por transeuntes de miserável aspecto.
Mutilados às centenas, aleijados de todos os matizes, entidades
visceralmente desequilibradas, ofereciam-nos paisagens de arrepiar.
Vestiam-se de roupagens de matéria francamente imunda. Lombroso e Freud

177
encontrariam aí extenso material de observação. Incontáveis tipos que
interessariam, de perto, à criminologia e à psicanálise vagueavam absortos,
sem rumo. Exemplares inúmeros de pigmeus, cuja natureza em si ainda não
posso precisar, passavam por nós, ao magotes. Plantas exóticas,
desagradáveis ao nosso olhar, ali proliferam, e animais em cópia abundante,
embora monstruosos, se movimentavam a esmo, becos e despenhadeiros
escuros se multiplicavam em derredor. Milhares de criaturas, utilizadas nos
serviços mais rudes da natureza, movimentavam-se nestes sítios em posição
infraterrestre. Situam-se entre o raciocínio fragmentário do macacóide e a
idéia simples do homem primitivo na floresta. Afeiçoam-se personalidades
encarnadas ou obedecem, cegamente, aos espíritos prepotentes, que
dominam em paisagens com esta. Guardam, enfim, a ingenuidade do
selvagem e a fidelidade do cão.
O orientador Gúbio, dirigente do grupo em trabalho de auxílio nessa
cidade, esclarece: Quase todas as almas humanas, situadas nestas furnas,
sugam as energias dos encarnados e lhes vampirizam a vida, qual se fossem
lampreias insaciáveis no oceano de oxigênio terrestre. Suspiram pelo retorno
ao corpo físico, de vez que não aperfeiçoaram a mente para a ascensão, e
perseguem as emoções do campo carnal com o desvario dos sedentos no
deserto. Quais fetos adiantados absorvendo as energias do seio materno,
consomem altas reservas de força dos seres encarnados que as acalentam,
desprevenidos de conhecimento superior. Daí, esse desespero com que
defendem no mundo os poderes da inércia e essa aversão com que
interpretam qualquer progresso espiritual ou qualquer avanço do homem na
montanha da santificação. No fundo, as bases econômicas de toda essa
gente residem, ainda, na esfera dos homens comuns e, por isto, preservam,
apaixonadamente, o sistema de furto psíquico, dentro do qual se sustentam,
junto às comunidades da terra.
Essas palavras de Gúbio merecem profunda reflexão de nossa parte,
porque a morte do corpo físico não opera milagres e cada um colhe, no além,
aquilo que houver semeado. Devemos, porém, acreditar em dias melhores,
pois o bem reinará na terra quando, entre os espíritos que a vêm habitar, os
bons predominarem, porque, então, farão que aí reinem o amor e a justiça,
fonte do bem e da felicidade. Por meio do progresso moral e praticando as
leis de Deus é que o homem atrairá para a terra os bons espíritos e dela
afastará os maus. Estes, porém, não a deixarão, senão quando daí estejam
banidos o orgulho e o egoísmo. A cidade estranha está situada em uma vasta
região do plano espiritual denominada Umbral. Esta região está citada no
livro Nosso Lar, psicografado por Francisco Cândido Xavier, ditado pelo
espírito André Luiz, edição FEB.
Os habitantes das regiões umbralinas podem ser classificados em dois
grandes grupos, assim especificados: - Espíritos imperfeitos: presos às

178
paixões e às sensações da vida material. – Espíritos benfeitores: que vivem
nos chamados postos de auxílio, realizando trabalho sacrificial de auxílio aos
espíritos necessitados. O umbral é uma zona obscura que se inicia na crosta
terrestre, uma espécie de região purgatorial, caracterizada por grandes
perturbações decorrentes da presença de compactas legiões de almas
irresolutas, ignorantes e desesperadas, em graus variáveis.
Vamos, em seguida, acompanhar a descrição que o espírito André Luiz
faz desta localidade espiritual: O umbral é uma região espiritual que começa
na crosta terrestre. É a zona obscura de quantos no mundo não se
resolveram a atravessar as portas dos deveres sagrados, a fim de cumpri-
los, demorando-se no vale da indecisão ou no pântano dos erros numerosos.
Pois bem: todas as multidões de desequilibrados permanecem nas regiões
nevoentas, que se seguem aos fluidos carnais.
O umbral funciona, portanto, como região destinada a esgotamento de
resíduos mentais; uma espécie de zona purgatorial, onde se queima a
prestações o material deteriorado das ilusões que a criatura adquiriu por
atacado, menosprezando o sublime ensejo de uma existência terrena. É
região de profundo interesse para quem esteja na terra. Concentra-se, aí,
tudo que não tem finalidade para a vida superior. Há legiões compactas de
almas irresolutas e ignorantes, que não são suficientemente perversas para
serem enviadas a colônias de reparação mais dolorosa, nem bastante nobres
para serem conduzidas a planos de elevação. Representam fileiras de
habitantes do Umbral, companheiros imediatos dos homens encarnados,
separados deles apenas por leis vibratórias.
Não é de estranhar, portanto, que semelhantes lugares se caracterizem
por grandes perturbações. Lá vivem, agrupam-se, os revoltados de toda
espécie. Formam, igualmente, núcleos invisíveis de notável poder, pela
concentração das tendências e desejos gerais. O umbral está repleto de
desesperados, possuí núcleos onde há infelizes, malfeitores e vagabundos
de várias categorias. É zona de verdugos e vítimas, de exploradores e
explorados. A zona inferior a que nos referimos é qual a casa, onde não há
pão: todos gritam e ninguém tem razão. O viajante distraído perde o comboio,
o agricultor que não semeou não pode colher. – não obstante as sombras e
angústias do umbral, nunca faltou lá a proteção divina. Cada espírito lá
permanece o tempo que se faça necessário.
Das colônias espirituais, situadas acima do umbral, partem missões
consagradas ao trabalho e ao socorro espiritual aos espíritos que ali se
situam. O trabalho dos benfeitores espirituais nessas localidades é de muita
coragem e de renúncia, porque os missionários do umbral encontram fluidos
pesadíssimos emitidos sem cessar, por milhares de mentes desequilibradas,
na prática do mal, ou terrivelmente flageladas nos sofrimentos retificadores.
É importante que pensemos mais detidamente a respeito dessas

179
informações, transmitidas por André Luiz, a fim de que, sabendo aproveitar
de forma equilibrada as experiências vivenciadas na vida física possamos
desfrutar de momentos de paz no plano espiritual. O que vale é
perseverarmos no bem, porque dia virá em que as cidades de sofrimento,
tanto no plano espiritual quanto no material, existirão apenas nos arquivos da
história do planeta, porque a terra será um mundo de regeneração, habitada
por espíritos melhores; e então, nesse instante, estará sendo cumprida a
promessa do Cristo: bem-aventurados os mansos porque herdarão a terra.
(Mateus, 5:4).

-x-x-

APOSTILA N.º 16

TEMA:

O PASSE E A PRECE

180
Referência Bibliográfica:
- A Gênese. FEB
- O Livro dos Espíritos. FEB.
- O Livro dos Médiuns. FEB.
- O Evangelho Segundo o Espiritismo. FEB.
- GENTILE, Salvador. O Passe Magnético. IDE, SP.
- GURGEL, Luiz Carlos de M. O Passe espírita. RJ. FEB.
- MICHAELUS. Magnetismo Espiritual. RJ. FEB.
- NOBRE, Marlene R.S. A Obsessão e suas Máscaras. SP. Ed.
Jornalística.
- XAVIER, Francisco Cândido e VIEIRA, Waldo. Desobsessão / Evolução
em Dois Mundos. Esp. André Luiz. Entre a Terra e o Céu. FEB.
- BACELLI, Carlos A. Mediunidade e Doutrina. Pelo espírito Odilon
Fernandes.
- DENIS, Léon. Espíritos e Médiuns.,
- PERALVA, Martins. Estudando a Mediunidade. FEB.
- SANT’ANNA, Hernani T. Correio entre Dois Mundos. FEB.
- SIMONETTI, Richard. A Voz do Monte. FEB.

(16) O PASSE E A PRECE

Como já foi visto, o fluido universal é o elemento primitivo do corpo


carnal e do perispírito, os quais são simples transformação dele. Pela
identidade da sua natureza, esse fluido, condensado no perispírito, pode
fornecer princípios reparadores ao corpo; o espírito, encarnado ou
desencarnado, é o agente propulsor que infiltra num corpo deteriorado uma
parte da substância do seu envoltório fluídico. Essas explicações de Kardec
são necessárias para que se possa melhor compreender o que é o passe,
qual o seu mecanismo, a maneira correta de aplicá-lo e os benefícios por ele
proporcionados.

181
1º - Conceitos de Passe Espírita: É uma emanação controlada da força
mental que, sob a alavanca da vontade e da ação da prece, atrai a Força
Divina em nosso benefício.
- é a ação ou esforço de transmitir, para um outro indivíduo, energias
magnéticas, próprias ou de um espírito, a fim de socorrer-lhe a carência física
e/ou mental, que decorre da falta dessa energia.
- O passe é sempre, segundo a visão espírita, um procedimento fluídico-
magnético, que tem como principal objetivo auxiliar a restauração do
equilíbrio orgânico do paciente.
Assim como a transfusão de sangue representa uma renovação das forças
físicas, o passe é uma transfusão de energias psíquicas, é a transmissão de
uma força psíquica e espiritual, dispensando qualquer contato físico na sua
aplicação.

2º Mecanismos do Passe --- O mecanismo do passe baseia-se na


transmissão do fluido vital: - O fluido vital se transmite de um indivíduo a
outro. Aquele que o tiver em maior porção pode dá-lo a um que o tenha de
menos e em certos casos, prolongar a vida prestes a extinguir-se.
- a energia transmitida pelo passe atua no perispírito do paciente e deste
sobre o corpo físico. O perispírito recebe a energia através de pontos
determinados, que André Luiz chama de centros de força e, certas escolas
espiritualistas chamam de chacras.
- O nosso perispírito possui sete centros de força, que se conjugam nas
ramificações dos plexos e que, vibrando em sintonia uns com os outros, ao
influxo do poder diretriz da mente, estabelecem, para o nosso uso, um veículo
de células elétricas, que podemos definir como sendo um campo
eletromagnético, no qual o pensamento vibra em circuito fechado.
Os centros vitais estão localizados, também, no duplo etérico. Duplo etéreo
é um corpo fluídico, que se apresenta como uma duplicata energética do
indivíduo, interpenetrando o seu corpo físico, ao mesmo tempo em que
parece dele emergir. O duplo etérico emite, continuamente, uma emanação
energética que se apresenta em forma de raias ou estrias que partem de toda
a sua superfície.
Os principais centros de força são os seguintes: coronário, cerebral,
laríngeo, cardíaco, esplênico, gástrico e genésico, de acordo com a sua
localização, próximos aos órgãos do corpo físico. Sabe-se que papel capital
desempenha a vontade em todos os fenômenos do magnetismo. A vontade
é atributo essencial do espírito, isto é, do ser pensante. Com o auxílio dessa
alavanca, ele atua sobre a matéria elementar e, por uma ação consecutiva,
reage sobre seus compostos, cujas propriedades íntimas vêm assim a ficar
transformadas. É assim que a água é fluidificada ou magnetizada, é assim
que ocorrem as curas, conhecidas no meio espírita.

182
Quanto mais forte for a nossa vontade e quanto mais positiva for a
nossa confiança, tanto mais eficientes serão os efeitos da magnetização.
Afirmamos, por igual, que quanto mais nos elevarmos espiritualmente, tanto
maior será o poder de nossa irradiação.
O perispírito do paciente recebe fluidos do passista, os quais são
transferidos ao seu corpo físico, uma vez que a transfusão fluídica se opera
de perispírito a perispírito. O fluido magnético, que se nos escapa
continuamente, forma em torno do nosso corpo uma atmosfera. Não sendo
impulsionado pela vontade, não age sensivelmente sobre os indivíduos que
nos cercam; desde, porém, que nossa vontade o impulsione e o dirija, ele se
move com toda a força que lhe imprimimos.
Outro fator importante no passe, além da vontade, é a ação da prece.
A prece atrairá a assistência dos bons espíritos, criando um clima de
elevação e de harmonia, favorável à cura. A prece é um recurso de que todos
podemos lançar mão, principalmente o passista, e que, quando corretamente
executada, funciona como verdadeiro ‘banho’ de limpeza fluídica. A prece
tem outro papel importantíssimo, que é o de higienização do ambiente fluídico
em que se encontra aquele que ora. No momento em que o passista passa
a receber fluidos de qualidade superior, passa também à condição de
repulsor dos fluidos inferiores do ambiente.

3º Tipos de Passe ou de Ação Magnética --- A ação magnética pode


produzir-se de muitas maneiras:
1º- pelo próprio fluido do magnetizador; é o magnetismo propriamente dito,
ou magnetismo humano, cuja ação se acha adstrita à força e, sobretudo, à
qualidade do fluido;
2º - pelo fluido dos espíritos, atuando diretamente sem intermédio sobre um
encarnado, seja para o curar ou calmar um sofrimento, seja para provocar o
sono sonambúlico espontâneo, seja para exercer sobre o indivíduo uma
influência física ou moral qualquer. É o magnetismo espiritual, cuja qualidade
está na razão direta das qualidades do espírito;
3º - pelos fluidos que os espíritos derramam sobre o magnetizador (no caso,
médium passista), que serve de veículo para esse derramamento. É o
magnetismo misto, semi-espiritual, ou, se o preferirem, humano-espiritual.
Combinado com o fluido humano, o fluido espiritual lhe imprime qualidades
de que ele carece. Em tais circunstâncias, o concurso dos espíritos é amiúde
espontâneo, porém, as mais das vezes, provocado por um apelo do
magnetizador.

4º Os efeitos do Passe -- Nem todo os homens são sensíveis à ação


magnética, e, entre os que são, pode haver maior ou menor receptividade, o
que depende de diversas condições, umas que dizem respeito ao

183
magnetizador e outras ao próprio magnetizado, além de circunstâncias
ocasionais oriundas de diversos fatores.
Comumente, o magnetismo não exerce nenhuma ação sobre as
pessoas que gozam de uma saúde perfeita. Os fatores negativos que
interferem nos efeitos do passe podem ser resumidos em: impedimento
provacional (a pessoa tem que passar por aquela provação); condições
físicas do passistas (velhice, uso de certos medicamentos, doenças em geral,
vícios etc); falta de cooperação do paciente (falta de fé ou rejeição à ação
fluídica.)
O grande efeito ou benefício do passe é, naturalmente, a cura, física ou
psíquica. A cura se opera mediante a substituição de uma molécula malsã
por uma molécula sã. O poder curativo estará, pois, na razão direta da pureza
da substância inoculada; mas, depende também da energia da vontade que,
quanto maior for, tanto mais abundante emissão fluídica provocará e tanto
maior força de penetração dará ao fluido. Os fluidos que emanam de uma
fonte impura são quais substâncias medicamentosas alteradas. As pessoas
doentes do corpo ou da alma presas a obsessões ou influências espirituais
devem buscar o lenitivo do passe para os seus males.

5º - O Passe nas Reuniões Mediúnicas ---- O passe é comumente utilizado


nas reuniões mediúnicas. É uma forma de doar fluidos salutares ao espírito
sofredor comunicante, auxiliando-o na recuperação ou no equilíbrio do seu
estado mental e emocional. Tem o poder de também auxiliar o médium
durante a comunicação mediúnica, de forma que os fluidos deletérios sejam
dissipados e não atinjam diretamente o equilíbrio somático do medianeiro.
Naturalmente, não é uma conduta obrigatória, uma vez que o médium
harmonizado com o plano espiritual superior encontra os recursos
necessários para não se deixar influenciar pelas ações, emoções ou
sentimentos do sofredor, que lhe utiliza as faculdades psíquicas para
manifestar-se.
O passe é imprescindível no trabalho terapêutico da desobsessão.
Jesus impunha as mãos sobre os enfermos e sofredores, inclusive os
endemoniados (obsidiados), curando-os dos seus males. Os apóstolos
adotavam também essa prática. Nas reuniões mediúnicas, a aplicação do
passe deve ser observada regularmente, de vez que o serviço de
desobsessão pede energias de todos os presentes e os instrutores espirituais
estão prontos a repor os dispêndios de força havidos, através dos
instrumentos de auxílio magnético que se dispõem a servi-los, sem ruídos
desnecessários, de modo a não quebrarem a paz e a respeitabilidade do
recinto. Os médiuns passistas, no entanto, aplicarão o passe, quando se fizer
necessário, a pedido do dirigente da reunião.

184
No exercício do passe, verificam-se, geralmente, dois aspectos
principais: 1 - dispersão de fluidos doentios, chamada limpeza fluídica;
- 2 - concentração de fluidos curadores ou o tratamento propriamente dito.

- MODALIDADES DE PASSES:

-PASSE DE DISPERSÃO - Geralmente executado com as mãos espalmadas


e estendidas na linha mediana do corpo, de onde, próximo aos membros
inferiores, se abrem os braços em sentido inclinado e movimento rápido. Ao
fim de cada movimento, fechar e abrir as mãos para trás, mentalizando a
dispersão dos fluidos agregados nas mãos.
- PASSE LONGITUDINAL - Amplamente adotado, é ministrado ao longo do
corpo, braços e pernas. Inicia-se na altura da cabeça, indo as mãos
espalmadas descendo lentamente e com flexibilidade até os membros
inferiores. Destina-se à dispersão dos fluidos ou à sua distribuição eqüitativa
por todo o corpo.
Não ocorrendo ao passista intuição sobre a conveniência de aplicação de
outra modalidade de passe, o PASSE LONGITUDINAL atenderá todas as
necessidades.
- PASSE CIRCULAR – Enquanto uma das mãos permanece espalmada, de
preferência, à altura da região frontal, a outra movimenta-se em círculos
sobre a região afetada. Isso para beneficiar intensamente a referida região
com maior concentração e movimentação de fluidos. Se aplicado sobre o
cérebro, o passe circular pode favorecer o transe mediúnico e, quando
demorado, torna-se irritante.
- SOPRO CURATIVO - Poderá ser utilizado com êxito por passistas que
observem determinados fatores de ordem educativa no que respeita à
alimentação, à utilização cristã da fala e que desfrutem de relativa saúde do
sistema digestivo. O sopro pode ser QUENTE - para concentração de fluidos,
ou FRIO - para dispersão. O SOPRO FRIO é feito com os lábios unidos, a
certa distância do corpo do paciente.
- PASSE À DISTÂNCIA - Muito difundido no meio espírita através da
chamada RADIAÇÃO. Para sua concretização operam Espíritos
especializados, tendo na prece o veículo indispensável dos recursos
curadores. Sua eficiência está na dependência exclusivamente de fatores
mentais, pelo que são dispensáveis à anotação, leitura de cada nome ou
preces individuais. Importante é que o interessado, no ato da prece,
mentalize o enfermo para o qual deseja a ajuda espiritual.
- AUTO-PASSE - Pela oração, nascida do sentimento elevado, podemos
solicitar o auxílio espiritual para a eliminação de nossas próprias emissões
negativas, recuperação de órgãos enfermos ou recomposição de energia.

185
Dispensa-se qualquer gesticulação ou postura especial, pois todo o trabalho
será de natureza mental.
-x-x-

A PRECE E A SUA AÇÃO FLUÍDICA

1 – O que é Prece --- A prece é um ato de adoração. Orar a Deus é pensar


nEle; é aproximar-se dEle; é por-se em comunicação com Ele. Três coisas
podemos propor-nos por meio da prece: louvar, pedir e agradecer. Pode-se
dizer, também, que a prece é uma invocação, mediante a qual o homem
entra, pelo pensamento, em comunicação com o ser a quem se dirige. Pode
ter por objeto um pedido, um agradecimento, ou uma glorificação.
Orar não é apenas suplicar, louvar, reclamar, ou requerer, é sobretudo
sintonizar pensamentos e emoção, construir fecundas conjugações mentais,
estabelecer circuitos de poderosas energias construtivas.

2 – qual a maneira correta de orar, segundo o entendimento espírita ---


A verdadeira prece não deve ser recitada, mas sentida. Não deve ser
cômodo processo de movimentação de lábios, emoldurado, muita vez, por
belas palavras, mas uma expressão de sentimento vivo, real, a fim de que
realizemos legítima comunhão com a espiritualidade Maior.
A prece outra coisa não é senão uma conversa que entretemos com
Deus, Nosso Pai; com Jesus, Nosso Mestre e Senhor; com nossos amigos
espirituais. É diálogo silencioso, humilde, contrito, revestido de unção e
fervor, em que o filho, pequenino e imperfeito, fala com o Pai, Poderoso e
Bom, Perfeição das Perfeições.
Quando o espírita ora, sabe, por antecipação, que sua prece não opera
modificações na Lei, que é imutável; altera-nos, contudo, o mundo íntimo,
que se retempera, valorosamente, de modo a enfrentarmos com galhardia as
provas, que se atenuam ao influxo da comunhão com o Mundo Espiritual
Superior.
Jesus definiu, claramente, a maneira correta de orar, que pode ser
entendida como as qualidades que a prece deve ter. Ele nos recomenda que,
quando orarmos, não nos devemos pôr em evidência, mas orar em secreto.
Que não é pela multiplicidade das palavras que seremos atendidos, mas pela
sinceridade delas. Recomenda-nos, também, perdoar qualquer coisa que
tenhamos contra o nosso próximo, antes de orar, visto que a prece agradável
a Deus parte de um coração purificado pelo sentimento de caridade.
Esclarece, por fim, que a prece deve ser revestida de humildade,
procurando cada um ver os seus próprios erros e não os do próximo. Quando

186
Jesus nos recomenda orar secretamente (entrai para o vosso quarto e,
fechada a porta, orai ao vosso Pai em secreto, nas palavras de Mateus, 6:6),
não está estabelecendo um posicionamento ou postura especial, física ou
mística, para entrar em comunhão com Deus. Afinal, não podemos esquecer
que existe uma multidão de pessoas no planeta que não possui nem mesmo
um modesto quarto para se recolher. O que Jesus pretende é que busquemos
o recolhimento para, a sós, dialogarmos com Deus. No insulamento, a oração
flui com maior maturidade, sem interferências, sem preocupações com
fórmulas e formas, favorecendo a comunhão legítima com a espiritualidade.
Nesses instantes, orienta Jesus, não nos preocupemos em falar muito,
como se as respostas estivessem condicionadas à prolixidade, ou se
fôssemos hábeis advogados empenhados em convencer o Céu a ajudar-nos.
O essencial não é orar muito, mas orar bem. As preces muito longas, além
de cansativas, podem revelar uma forma de ostentação, que é sempre
contrária à humildade. Outra qualidade da prece é ser inteligível: Aquele que
ora sem compreender o que diz, habitua-se a ligar mais valor às palavras do
que aos pensamentos; para ele as palavras é que são eficazes, ainda que o
coração não participe. A esse respeito o apóstolo Paulo nos fala com lucidez:
se eu, pois, não entender o que significam as palavras, serei um bárbaro para
aquele a quem falo, e o que fala sê-lo-á para mim do mesmo modo.
A principal qualidade da prece é ser clara, simples e concisa, sem
fraseologia inútil, nem luxo de epítetos, que não passam de vestimentas de
lantejoulas; cada palavra dever ter o seu alcance, despertar um pensamento,
mover uma fibra; numa palavra, deve fazer refletir; só com esta condição a
prece pode atingir o seu objetivo, do contrário não passa de ruído. Deve ser
também espontânea, nascida do coração: a prece é sempre agradável a
Deus, quando ditada pelo coração, pois, para Ele, a intenção é tudo. Assim,
preferível lhe é a prece do íntimo à prece lida, por muito bela que seja, se for
lida mais com os lábios do que com o coração. Agrada-lhe a prece, quando
dita com fé, com fervor e sinceridade.

3 – Tipos de Prece --- O mais perfeito modelo de concisão, no caso da prece,


é, sem contradita, a Oração Dominical (Pai Nosso), verdadeira obra-prima de
sublimidade na simplicidade; sob a mais reduzida forma, ela resume todos
os deveres do homem para com Deus, para consigo mesmo e para com o
próximo.
O Pai Nosso deve ser visto não apenas como uma prece, mas também
como um símbolo, que deve ser colocado em destaque acima de qualquer
outra prece, seja porque procede do próprio Jesus (Mateus, 6:9 – 13), seja
porque pode suprir a todas, conforme os pensamentos que se lhe conjuguem.
O Pai Nosso encerra um pedido das coisas necessárias à vida e o princípio
da caridade. Quem o diga, em intenção de alguém, pede para este o que

187
pediria para si. Todas as preces podem ser definidas como sendo um apelo
de nossa alma em ligação instantaneamente feita com o mundo espiritual,
segundo os princípios de afinidade estabelecidos no intercâmbio mental.
Sendo a prece um apelo, evidentemente somos levados a, de acordo
com as instruções dos Benfeitores espirituais, classificá-las de vários modos.
Em primeiro lugar, temos a prece vertical, isto é, aquela que, expressando
aspirações realmente elevadas, se projetam na direção do Mais Alto, sendo,
em face dos mencionados princípios de afinidade recolhidos pelos
Missionários das Esferas Superiores. Em segundo lugar, teremos a prece
horizontal, traduzindo anseios vulgares. Encontrará ressonância entre
aqueles espíritos ainda ligados aos problemas terrestres. Por fim, temos a
descendente. A essa não daremos a denominação de prece, substituindo-a
por invocação. Na invocação o apelo receberá a resposta de entidades de
baixo tom vibratório. São os petitórios inadequados, expressando desespero,
rancor, propósitos de vingança, ambições etc. A prece é vertical, horizontal
ou descendente, em decorrência do potencial mental de cada pessoa que
ora, ou dos sentimentos que ela expressa.
A prece, qualquer que ela seja, é ação provocando a reação que lhe
corresponde. Conforme a sua natureza, paira na região em que foi emitida
ou eleva-se mais, ou menos, recebendo a resposta imediata ou remota,
segundo as finalidades a que se destina. Desejos banais encontram
realização próxima na própria esfera em que surgem. Impulsos de expressão
algo mais nobre são amparados pelas almas que se enobrecem. Ideais e
petições de significação profunda na imortalidade remontam às alturas. Cada
prece, tanto quanto cada emissão de força, se caracteriza por determinado
potencial de freqüência e todos estamos cercados por inteligências capazes
de sintonizar com o nosso apelo, à maneira de estações receptoras.

5 – Importância da Prece numa Reunião Mediúnica

a) Preparação para a reunião mediúnica --- pela prece o homem atrai o


concurso dos bons espíritos, que vêm sustentá-lo nas boas resoluções e
inspirar-lhe bons pensamentos. Assim, adquire ele a força necessária para
vencer as dificuldades e entrar no bom caminho, se deste se houver afastado.
Portanto, no dia da reunião mediúnica, pelo menos durante alguns
minutos, horas antes dos trabalhos, seja qual for a posição que ocupe no
conjunto, dedique-se o companheiro de serviço à prece e à meditação em
seu próprio lar. Ligue as tomadas do pensamento para o Alto. Retire-se, em
espírito, das vulgaridades do terra a terra, e ore, buscando a inspiração da
Vida Maior. Reflita que, em breve tempo, estará em contato, embora ligeiro,
com os irmãos domiciliados no mundo espiritual e antecipe o cultivo da
simpatia e do respeito, da compaixão produtiva e da bondade operosa para

188
com todos aqueles que perderam o corpo físico sem a desejada maturação
espiritual.
b) A prece durante a reunião mediúnica --- O espiritismo aconselha o
hábito da prece e após as suas reuniões: Se o espiritismo proclama a sua
utilidade, não é por espírito de sistema, mas porque a observação permitiu
constatar a sua eficácia e o modo de ação.
Além da ação puramente moral, o espiritismo nos mostra na prece um
efeito de certo modo material, resultante da transmissão fluídica. Em certas
moléstias sua eficácia é constatada pela experiência, como demonstrada
pela teoria. Sobrevindo o momento exato em que a reunião terá começo, o
orientador diminuirá o teor da iluminação e tomará a palavra, formulando a
prece inicial. A prece, nessas circunstâncias, pede o mínimo de tempo, de
vez que há entidades em agoniada espera de socorro, à feição do doente
desesperado, reclamando medicação substancial. A oração final, proferida
pelo dirigente da reunião (mediúnica), obedecerá à concisão e à simplicidade.
A prece tem o poder de acalmar o espírito comunicante desajustado,
fornecendo-lhe fluidos salutares para a sua harmonização íntima.
O médium que busca refúgio na prece cria um ambiente, em torno de
si, favorável ao amparo espiritual, livrando-o da ação nociva de certos
espíritos inescrupulosos. A mediunidade, na ordem superior da vida, esteve
sempre associada à oração, para converter-se no instrumento da obra
iluminativa do mundo. Como a oração é a expressão mais alta e mais pura
do pensamento traça uma via fluídica, que permite às entidades do espaço
descerem até nós e comunicar-se; nos grupos constitui um meio favorável à
produção de fenômenos de ordem elevada, ao mesmo tempo que os
preserva contra os maus espíritos.
O médium que deseje servir na seara deve fazer da oração o seu
alimento diário, porque, quanto mais importante a tarefa que esteja
executando, maior será o assédio que o experimentará.

c) A prece e o vampirismo espiritual (forma de obsessão em que a


entidade desencarnada se alimenta dos fluidos vitais do encarnado,
desvitalizando-o) --- A oração é o mais eficiente antídoto do vampirismo. A
prece não é movimento mecânico de lábios, nem disco de fácil repetição no
aparelho da mente. É vibração, energia, poder. A criatura que ora,
mobilizando as próprias forças, realiza trabalhos de inexprimível significado.
Semelhante estado psíquico descortina forças ignoradas, revela a nossa
origem divina e coloca-nos em contato com as fontes superiores. Dentro
dessa realização, o espírito, em qualquer forma, pode emitir raios de
espantoso poder.
Constantemente cada um de nós recebe trilhões de raios de vária
ordem e emitimos forças que nos são peculiares e que vão atuar no plano da

189
vida, por vezes em regiões muitíssimo afastadas de nós. Nesse círculo de
permuta incessante, os raios divinos, expedidos pela oração santificadora,
convertem-se em fatores adiantados de cooperação eficiente e definitiva na
cura do corpo, na renovação da alma e iluminação da consciência. Toda
prece elevada é manancial de magnetismo criador e vivificante e toda criatura
que cultiva a oração, com o devido equilíbrio do sentimento, transforma-se,
gradativamente, em foco irradiante de energias da Divindade.
-x-x-

APOSTILA N.º 17

TEMA:

OS PLEXOS E OS
CENTROS DE FORÇA

Referência Bibliográfica:

- Livro Técnica da Mediunidade. C. Torres Pastorino – Ed. Sabedoria.

190
OS PLEXOS E OS CENTROS DE FORÇA

PLEXOS

O sistema nervoso é complexo e permeia todo o corpo físico denso em


verdadeiro cipoal de linhas, pois as células se tocam, uma na outra, pelos
dendritos, e os nervos forma “cordões”. No entanto, em certos pontos do
corpo as células nervosas formam uma espécie de rede compacta,
entrecruzando-se abundantemente, em conglomerados complexos e
emaranhados, que parecem nós de uma linha embaraçada. A medicina
chama a esses pontos “plexos” nervosos. Existem bastantes no corpo, mas
alguns são considerados de maior importância, pela localização e pelo
trabalho que realizam. Assim, a título de exemplo, o chamado “plexo solar”,
na altura da boca do estômago (onde um soco bem dado pode fazer desmaiar
uma criatura).
Esse plexo é responsável pôr todo o metabolismo alimentar. Verdadeiro
“gerente”, se considerarmos o corpo como uma usina ou fábrica, cujo “diretor”
é o cérebro ou intelecto. Enquanto este expede ordens, o gerente é que as
executa. E nem sempre estão de acordo. Com freqüência o intelecto está
distraído em outros afazeres, diversos ou repouso, ao passo que o gerente
não pode abandonar um minuto seu posto de trabalho, em hipótese alguma.
Mesmo com o cérebro adormecido, o gerente está desperto a dirigir o
trabalho com honestidade. Por vezes o diretor até atrapalha, introduzindo
venenos no organismo (álcool, temperos fortes, etc.) e o gerente se esforça

191
em corrigir esses erros. Mas por vezes não consegue consertar as tolices do
diretor; manda-lhe então avisos urgentes (as dores) para que tome
providências externas que procurem debelar o mal, pois sua simples atuação
não pôde dominar os departamentos da fábrica (órgãos) nem acalmar os
operários (células) que se feriram, envenenaram ou rebelaram. Mas seu
dever é cumprido à risca Os plexos nervosos, no físico, apresentam no corpo
menos denso. contrapartes astrais, que não se materializam, e que possuem
funções e realizam trabalhos bem específicos. Poderíamos dizer que a parte
do corpo astral que não se solidificou: como se o sistema nervoso constasse
de duas partes: uma física e outra astral, uma mais outra menos densa, uma
visível e tangível pelo físico, outra só visível e tangível pelo astral.

Centros de Força
Correspondendo aos locais dos plexos, no físico, o corpo astral possui
“turbilhões” ou “ motos vorticosos”, que servem de ligação e captação das
vibrações e dos elementos fluídicos do plano astral - que nos envolve
externamente, passando tudo à parte astral solidificada em nosso corpo - os
nervos. O conglomerado dos nervos no físico produz os plexos que ativam
e sustentam esses vórtices com mais intensidade, ao passo que no resto do
corpo, onde os nervos correm sem formar esses nós, aparece apenas no
astral a aura simples. Essa aura, ao chegar à altura dos plexos nervosos, gira
com intensidade, estabelecendo verdadeiros canais de sucção ou de
expulsão (redemoinhos). Tal como exaustores ou ventiladores, que giram
quando passa pôr eles o ar, ou que giram por efeito de um motor,
movimentando o ar, assim essas “rodas” ( chacras em sânscrito) giram ao
dar passagem à matéria astral, de dentro para fora ou de fora para dentro.
São chamados rodas porque têm a aparência de pequeno exaustor ou
ventilador, com suas pás (denominadas “pétalas”), que giram
incessantemente quase, já que é constante a “corrente de ar” que por elas
passa.

FUNDAMENTAL: Chamado muladhara pêlos hindus, é uma hélice


(exaustor) de 4 pás (“pétalas”), localizado no períneo (entre o ânus e os
órgãos sexuais, no fim da espinha dorsal). Dizem os ocultistas que duas
pétalas são vermelhas e duas alaranjadas. Possui forças vitalizadora
poderosa, com o nome de Kunkalíni. Essa força, que revigora o sexo, pode
ser transformada em vigor mental, alimentando outros centros. As obras
especializadas explicam esse processo. Cremos perigoso lidar com essa

192
força, sem a direção de um mestre experimentado, competente e evoluído.
Grande número de abusos e desvios sexuais é causado pelo desequilíbrio
desse chacra, influenciado, com freqüência, pela ação de obsessores, que aí
encontram campo fácil de domínio de suas vítimas, levando-as a
desregramentos que parecem simples impulsões naturais de força vital; ou,
ao contrário, insensibilizando, sobretudo as mulheres, para causar frigidez
que leva a desfazer lares. Ai se ligam os espíritos, para, no uso desregrado
do sexo, experimentarem todas as sensações, aumentando de muito o gozo
dos encarnados, tornando-os sempre insatisfeitos e buscando mais,
insaciáveis, para que os espíritos se aproveitem.

ESPLÊNICO: Denominado swadhishtana, situado na altura do baço.


Exaustor com 6 pás, é um dos responsáveis pela vitalização do organismo,
já que absorve o prâna (vitalidade do sol) e o distribui pelo corpo. Também
armazena as sobras. A função de extrair o prâna para vitalizar o organismo
é conhecida por certos elementos do plano astral que, por inconcebível
abuso, se ligam a criaturas das quais querem extrair a vitalidade. De modo
geral se colocam nas costas do encarnado, para sugar com facilidade, pois
o sentido giratório das pás impulsiona o prâna para dentro do corpo, enquanto
o “vampiro” os suga pelas costas. A ação de desobsessão e libertação é
imprescindível e sempre tem caráter de urgência.

UMBILICAL: Ou manipura, situado mais ou menos na altura do umbigo. É


um exaustor com 10 pás, do tamanho de um pires comum, com
predominância de tons verdes. Seu trabalho é importante, pois absorve da
atmosfera para o corpo, elementos que vitalizam todo o sistema digestivo,
para ajudar a assimilação e o metabolismo alimentar, bem como controla todo
o sistema vago-simpático, governado pelo plexo solar. É o chacra
responsável pelas emoções. Tanto que, nas comoções e sustos muito fortes,
sentimos a barriga tremer e, as vezes, chega mesmo a provocar evacuações
ou micções extemporâneas. Justifica as expressões populares: “comovido
até as entranhas”, “amor entranhado”, etc.; é muito sensível ás influências
do astral em seus níveis inferiores. Gira também de fora para dentro. Nesse
chacra é que se operam as ligações, por fio fluídico, de espíritos sofredores
e obsessores nas sessões mediúnicas.
A entidade astral inferior, ainda animalizada, e portanto com predominância
de emoções, é colocada por trás do aparelho mediúnico, e de seu chacra
umbilical se estende um fio de matéria astral, à maneira de pseudópodo,
que é estendido até o chacra umbilical do médium. Ao ser feito o contato e
“colada” a ponta do fio no chacra, o instrumento encarnado passa a sentir,
de imediato, todo o conjunto de sensações e emoções do desencarnado;
dores pelo corpo, falta de ar, tristeza, choro, aflição, raiva e vontade de brigar,

193
frio ou calor, etc. Essas sensações fazem refletir-se, no cérebro, e serem
repetidas pela boca, as palavras pensadas ou ditas pelo espírito
comunicante. Dá-se a comunicação Mas a ligação com um médium
equilibrado ajuda o comunicante, pois, ao mesmo tempo em que o sistema
alterado deste passa ao aparelho mediúnico, a calma e o equilíbrio do
encarnado se escoam, através do mesmo fio de ligação, para o
desencarnado em desequilíbrio, levando-lhe um pouco da calma e alívio para
seus sofrimentos.. Mediunicamente falando, para as chamadas “sessões de
caridade”, esse é o chacra mais importante. Criaturas existem que o tem
“aberto” naturalmente: são os médiuns “espontâneos”. Esses devem educar
o controle desse chacra. Mas quem tenha esse chacra “fechado” não deve
abri-lo: se a natureza e a Vida fizeram assim, é porque assim é melhor para
a criatura. Mas as pessoas que o tem naturalmente aberto são, geralmente,
instáveis, nervosas e até desequilibradas, porque estão sujeitas a influências
astrais inferiores de toda a ordem, verdadeiros “ mata-borrões” que “pegam”
todas as manchas de tinta derramadas por aí...
Neste caso, só uma educação bem feita na mesa mediúnica poderá
reequilibrá-las. Uma vez “aberto”(desenvolvido) o chacra, não pode a criatura
parar o trabalho mediúnico, sob pena de sentir de novo descontroladamente
todas as indesejáveis e desagradáveis sensações do mundo astral mais
baixo. A abertura desse chacra obriga a criatura a uma catarse periódica
de alívio, o que costuma dar-se com a freqüência semanal a uma reunião
mediúnica.

CARDÍACO: Denominado ANAHATA, localizado na altura do coração físico,


sobre o plexo cardíaco. É um exaustor de 12 pás, em que predomina a cor
amarela (que nos seres evoluídos passa a verdadeiro dourado: o “coração
de Jesus” é representado com raios dourados que dele partem). Sua função
precípua é governar o sistema circulatório, presidindo à purificação do
sangue nos pulmões e ao envio do oxigênio e prâna a todas as células, por
meio do sistema arterial. Controla, ainda, as pulsações do músculo cardíaco.
O chacra cardíaco, localizado nas imediações do coração, onde se situa o
principal ponto de contato com o Eu profundo (Cristo interno - Mente), no nó
sinalas e segmento atrioventricular que comandam o batimento do coração.
Vibra na freqüência do astral superior, com que sintoniza, e comanda os
sentimentos. No entanto, nas criaturas menos evoluídas, deixa-se influenciar
muito pelas vibrações do chacra umbilical, que transfere ao órgão cardíaco
as emoções inferiores, fazendo palpitar mais rápida e violentamente o
músculo do coração, mesmo nas emoções inferiores. Doutro lado, mesmo
nas criaturas mais evoluídas, quando isto não se dá, ocorre que o chacra
cardíaco acelera e fortalece as palpitações do coração, quando é necessária

194
uma circulação mais rápida e forte da corrente sangüínea, para levar mais
oxigênio ao cérebro e às células.
‘ Além disso pode ocorrer que, fortemente afetado por sentimentos
superiores, sua expansão mais larga faça suas vibrações tocarem o chacra
umbilical, transformando o sentimento elevado em emoção, de vibração mais
baixa, no plano astral inferior. Lembremo-nos de que Jesus, tocado pelo
sentimento elevado de amor a Lázaro, a Marta e a Maria, teve um choque
emotivo ao ver Maria chorar, e isso fez que ficasse com os olhos cheios de
lágrimas (cfr. “Sabedoria do Evangelho”, vol. 6º, pág.135, João, 11:35),
resultado evidente de emoção, pois as lágrimas constituem a catarse
(liberação, evacuação) dos fluidos animalizados do astral, que ficariam
agregados a nosso corpo astral, se deles não nos libertássemos. É pelo
chacra cardíaco que se liga o fio fluídico dos espíritos chamados “guias” ou
“mentores” dos médiuns, quando estes “incorporam” sobretudo para
trabalhos de passes e curas e para todos os que afetam o sentimento de
amor. Com os mentores do médium são, sempre ou quase, criaturas que
alimentam sentimentos de amor por seu pupilo encarnado, a sintonia se faz
pelo chacra cardíaco, que é mais afim com essa freqüência vibratória. O
espírito se coloca atrás do médium e liga seu fio fluídico ao chacra cardíaco
do médium, partindo de seu próprio chacra cardíaco. A partir desse momento,
o médium passa a sentir agradáveis sensações de bem-estar e de paz, muito
diferentes das que sente quanto é um espírito involuído que se liga ao chacra
umbilical. Esse é o chacra que vibra fortemente quando sentimos simpatia,
empatia, amor, piedade ou compaixão, por nossos semelhantes. Se bem
desenvolvido, leva o amor universal indistintamente a todos os seres criados
de qualquer plano. No entanto, o máximo cuidado devemos ter em não deixar
que a vibração desse chacra se comunique com o umbilical, transformando
o sentimento em emoção. Esse erro é comum em certos médiuns pouco
experimentados. Quando isso ocorre, ao dar passes no enfermo, o médium
ajuda-o ao lançar neles seus fluídos; mas a vibração do chacra umbilical,
cujas pás giram para dentro do corpo, trazem para seu corpo astral as
vibrações de dores e doenças do paciente, e o médium recebe em si toda a
carga negativa e sai doente. Cuidado, portanto, em não transformar o
sentimento de compaixão em emoção comovida. Se agir certo, ajudará sem
prejudicar-se. O chacra cardíaco é também o utilizado pelos espíritos para os
efeitos físicos, pois atua na corrente sangüínea, produzindo maior
abundância de plasmas e exteriorizando-os (ectoplasma) pelos orifícios do
corpo de um médium (boca, nariz, ouvidos, olhos, sexo, uretra e ânus e, às
vezes, pelo próprio umbigo). Com esse ectoplasma, se formam não só as
materializações, como os “botões” rígidos, que produzem todos os efeitos
físicos.

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LARÍNGEO: Chamado vishuddha, é um exaustor com 16 pás, predominando
a cor azul e o prateado. Está situado na garganta, mais ou menos na altura
da tireóide. Responsável pela emissão da voz e pelo controle de certas
glândulas endócrinas do corpo, cuja disfunção é por vezes atribuída à
tireóide, quando na realidade o culpado é o chacra laríngeo, mal
desenvolvido ou desenvolvido demais. O desenvolvimento desse chacra
apura não só a emissão da voz, que se torna agradável e musical, como
ainda a pronúncia das palavras (califasia), que é geralmente mais perfeita e
apurada nas pessoas mais evoluídas. A criatura involuída (ou quando tem o
chacra laríngeo pouco desenvolvido). fala “engrolado”, confuso, e às vezes
de modo quase ininteligível, não conseguindo proferir certas consoantes e
grupos consonantais. É pelo chacra laríngeo que reproduzimos, no físico, o
SOM do LOGOS, embora ainda com uma imperfeição desconcertante e
desanimadora. Muito desenvolvido nos cantores e oradores, sustenta-lhes a
voz, emprestando-lhe belo timbre e volume possante. Nesse chacra se liga
o fio fluídico dos espíritos que dão mensagens psicofônicas, na chamada
“incorporação completa” falante, quando o médium reproduz até mesmo, por
vezes, a voz do espírito, seu sotaque e, mesmo em alguns casos, a língua
original do comunicante, desconhecida pelo aparelho mediúnico
(xenoglossia). A vibração do chacra, captando ondas mais elevadas do
astral, presta-se a ligar-se com entidades evoluídas em relação a nós, os
“mentores” e “guias”, que o utilizam com freqüência, sendo seu caso
atestado exaustivamente na Bíblia, com os “profetas”( médiuns) de Yahweh
(ouYhawh). Controla, também, o chamado “passe de sopro”, fornecendo
energia ao ar expelido dos pulmões do médium. O espírito, para ligar-se ao
chacra laríngeo do médium, coloca-se atrás do seu medianeiro e liga um fio
fluídico de seu próprio chacra laríngeo. A partir do instante em que é feita a
ligação, o médium estremece e sente a garganta tomada, falando mesmo
que não queira. Certa feita, em Pedro Leopoldo, disse-nos Chico Xavier: “eles
me colocam um trem aqui na garganta e tenho que falar”.

UMERAL: De menor importância no conjunto, situa-se entre as omoplatas,


junto ao plexo braquial, que se estende até o ponto de ligação dos braços
com o tronco. Comandam os movimentos dos braços, antebraços, mãos e
dedos. Citamos este porque nele se liga o fio fluídico do espírito comunicante
para a psicografia automática, isto é, quando o sentido do que o médium
escreve não lhe passa antes pelo cérebro, mas a ação se dá diretamente na
mão e no braço; e só depois que o médium escreve ou desenha, é que toma
conhecimento do que fez. O espírito se coloca atrás do médium, ou a seu
lado, e lança seu fio (pseudópodo), fazendo contato com o chacra do
aparelho, que dificilmente consegue resistir ao impulso recebido.

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Vemos pois, que as ligações por fio (incorporações) só se dão nos chacras
situados no tronco do corpo do médium:
1 - Fundamental - obsessões sexuais e possessões; * 2 - Esplênico -
vampiros; 3 -Umbilical - sofredores e obsessores; * 4 -Cardíaco - passistas
(mentores) e efeitos físicos; 5 -Laríngeo - mentores, por psicofonia;
*6 -Umeral - mentores por psicografia automática.

FRONTAL: Cognominado ajna, é um exaustor-ventilador com 96 pás,


localizado entre as sobrancelhas, 1,5 a 2 centímetros acima da glabela. As
cores predominantes são rosa e amarelo. Correspondente à glândula
pituitária ou hipófise e governa o intelecto (cérebro) com seus vários
departamentos de neurônios. Dessa maneira, comanda os cinco sentidos
(visão, audição, paladar, olfato e tato). O chacra frontal, já situado na
cabeça, é responsável pela vidência no plano astral, quando percebia
diretamente por meio dos cones e bastonetes, formando-se as imagens
astrais na parte lateral da retina. Tanto que, quando os videntes, sobretudo
os poucos treinados, percebem uma figura a seu lado, se por acaso voltam
seus olhos para esse lado, a visão desaparece. Eles terão que habituar-se a
focalizar a visão sem olhar de frente para ela, pois se o fizerem, o foco incidirá
na fóvea ou mácula lútea, que é o ponto específico da visão física, mas não
da astral. Na clarividência à distância (quer no espaço, quer no tempo),
forma-se geralmente um “tubo”fluídico (uma espécie de luneta) que parte do
chacra frontal, ligando o médium à cena que deve ser vista. Daí os faraós e
videntes do Antigo Egito serem representados nas figurações com uma
serpente (o “uréu”) , que lhes saía da testa, e simbolizava a visão astral
desenvolvida. Outro tipo de visão captada pelo chacra frontal são os
“quadros fluídicos”, criados seja pela mente do próprio médium, seja pela de
outro encarnado ou de algum desencarnado. Esses quadros ( ou figuras),
alguns facilmente confundíveis com espíritos reais aí presentes, por vezes se
apresentam reduzidos, em dimensões liliputianas, e não obstante com
absoluta nitidez de todos os pormenores. Ainda outra variedade de vidência
é a chamada “vidência mental”, também sob a responsabilidade direta de
ajna. Nesta, nada se vê em imagem física figurada. Sem embargo, as
imagens sem figura se apresentam ao cérebro, tal como se fossem
“imaginadas” num sonho acordado. Não sei se conseguimos explicar-nos:
vemos em ver, mas vemos! Com o desenvolvimento desse chacra,
passamos a ter segurança na interpretação do que vemos mentalmente.
Desses tipos de vidência, o mais seguro é do plano astral, porque é mais
físico e, portanto, pode ser mais facilmente controlado. No entanto, nenhum
desses tipos de vidência constitui, propriamente falando, uma mediunidade
no sentido exato e estrito do termo Na
mediunidade, o aparelho humano serve de intermediário entre um espírito

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(desencarnado ou não) e outro espírito ( encarnado ou não). Mas é um
medianeiro, que recebe e entrega Ora, na vidência não ocorre isso: é a
própria criatura que vê. Nada recebe de ninguém: ela mesma tem a
capacidade de ver por si mesma. Então, em vez de mediunidade, nós
chamaríamos a isso característica ou capacidade.
Também não é um dom, que alguém recebe como um favor: não há
privilégios na natureza! Ou a criatura conquista pelo próprio esforço
evolutivo essa capacidade, e a tem; ou, se não fez por merecê-la, não ha
tem. Além da vidência, o chacra frontal é responsável pela audiência, em que
a voz física do espírito é ouvida dentro do ouvido, como se as vibrações não
viessem de fora, pelo ar atmosférico, mas ecoassem dentro da caixa
craniana. Outra modalidade é a clariaudiência, em que se ouvem vozes e
sons que vibram à distância (quer no espaço, quer no tempo). Aqui também
é comum observar-se a formação fluídica de um tubo acústico, talvez para
ampliar as vibrações sonoras, tornando-as suficientemente fortes para
conseguir impressionar o ouvido. Com a audiência (e é muito mais freqüente
o número de pessoas que possuem essa característica), dá-se o mesmo
fenômeno que na vidência: uma voz do cérebro, uma voz sem som, contudo,
perfeitamente sentida, percebida, ouvida, embora não ouvida! Mas as frases
chegam com nitidez absoluta. O chacra frontal é responsável, ainda, pela
clareza de raciocínio e pela percepção intelectual, que será tanto mais aguda
e rápida, quanto mais for desenvolvido o chacra. Nem é difícil perceber, pela
conformação óssea da testa, uma elevação no centro, entre as sobrancelhas,
que indica seu desenvolvimento, conforme os ensinos da psicognomia. Outra
função desse chacra frontal, pelo fato de também girar para fora, é poder,
segundo a vontade do homem, agir como um ventilador que gira
rapidamente; sua utilidade é a emissão de raios ( irradiação), que podem ser
dirigidos às pessoas com diversos objetivos ( calma, força, conforto, alívio,
equilíbrio etc.). De acordo com as necessidades, os raios emitidos poderão
ser coloridos, pois a coloração não é mais a freqüência vibratória do raio que
se modifica, segundo a mentalização realizada. Essa irradiação, ou mesmo
o lançamento de raios, depende exclusivamente da vontade e da força
mental concentrada do emitente, não sendo necessário nenhum gesto
externo.

CORONÁRIO: Também chamado sahasrara, está situado no alto da


cabeça, na direção da glândula pineal, a que corresponde. É um exaustor
com 12 pás no centro e com 960 pás na periferia, daí ser também chamado
“lotus de mil pétalas”. Sua cor predominante e seu brilho variam de acordo
com seu desenvolvimento e, portanto, com a evolução da criatura. Seu
despertamento é importantíssimo, para que não receba vibrações do astral,
mas somente do mental. É através do coronário que recebemos a Luz do

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Alto, e que em nós penetra a Onda Espiritual do Logos. Os primitivos cristãos
conheciam bem sua força, tanto que os monges ocidentais (à imitação do
que sucedia com os orientais: egípcios, chineses, hindus, tibetanos etc.)
raspavam a cabeça como um símbolo: afastavam os cabelos, isto é, todos
os empecilhos materiais, para que a ligação com o Espírito e o recebimento
de Luz fosse a mais perfeita possível.
O chacra coronário é o sintonizador das ondas do plano mental
recebidas por telepatia, quer provenham elas de fora, de espíritos
desencarnados, quer das “noúres”(P. Ubaldi) , correntes de pensamento que
constituem a “noosfera”( Teilhard de Chardin), por meio da mente da própria
criatura encarnada; neste caso, a Mente transmite a intuição que é recebida
pelo “ponto de contato” do Eu profundo, situado no coração, e este o
transmite ao chacra coronário, o qual o transfere à pineal, para que esta o
leve ao cérebro, que transformará a idéia ou intuição em raciocínio. Neste
ponto é que com muita freqüência morrem as intuições rejeitadas pelo
intelecto vaidoso, que não as aceita. Aqui, mais uma vez, queremos chamar
a atenção a respeito da diferença que fazemos entre Mente (espiritual) e
Intelecto (cérebro da personagem). Pelo chacra coronário, os médiuns
recebem as comunicações por ondas mentais, isto é, intuitivas, telepáticas.
O espírito comunicante pensa (em qualquer idioma) e através do chacra
coronário e do corpo pineal o médium capta esse pensamento (em sua
própria língua) e o transforma em palavras e frases ( com seu próprio
vocabulário). Aí não há necessidade de o Espírito estar próximo ao médium:
pode este achar-se no Rio de Janeiro e o Espírito em Recife, ou o médium
em São Paulo e o Espírito na Sibéria. Se houver sintonia, haverá recebimento
de comunicação mediúnica. Mas as palavras, os termos, o vocabulário, o
sotaque, as frases serão do médium que recebe as idéias e as veste de forma
e não o ditado de frases construídas pelo Espirito. Daí poder o médium
transmitir a mensagem como preferir ou como tiver mais facilidade, quer pela
escrita (psicografia não-automática) quer de viva voz (psicofonia consciente).
Daí também poderem dois médiuns, ou mais até, cuja sintonia se
eqüivalha, poderem captar a mesma mensagem, ditada pelo mesmo Espírito,
embora um médium esteja em Porto Alegre e outro em Manaus. O
desenvolvimento do chacra coronário só é conseguido através da evolução.
O pleno desenvolvimento dá a iluminação mental e a criatura atinge o nível
de Buddha, como ocorreu com Sidharta Gautama. Daí ser Ele representado
com uma saliência no alto da cabeça, símbolo de sua iluminação através do
coronário A igreja também conhecia esse símbolo e colocava em redor da
cabeça de seus homens iluminados (santos) uma auréola dourada, que é a
cor da aura dos indivíduos muito evoluídos.

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