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EFÉSIOS

Original em inglês:

EPHESIANS -

The Epistle of Paul the Apostle to the Ephesians

Commentary by A. R. Faussett

Tradução: Carlos Biagini

Introdução

Efésios 1 Efésios 3 Efésios 5

Efésios 2 Efésios 4 Efésios 6


Efésios (Jamieson-Fausset-Brown) 2
INTRODUÇÃO

Os cabeçalhos (Ef_1:1 e Ef_3:1), indicam-nos que esta Epístola


reclama ser de Paulo. Esta opinião é confirmada pelos testemunhos de
Irineu [Against Heresies, 5.2, 3; 1.8, 5]; Clemente de Alexandria
[Miscellanies, 4, P. 65, e The Instructor, 1.8]; Orígenes [Against Celsus,
4, 211]. É citada por Valentim (ano 120 d.C.) principalmente em
Ef_3:14-18, como sabemos pelo Hipólito [The Refutation of All
Heresies, p. 193]. Policarpo [Epistle to the Philippians, 12], testifica sua
canonicidade. Assim também Tertuliano [Against Marcion, 5,17]. Inácio
[Epistle to the Ephesians, 12], que se refere à menção frequente e
carinhosa que faz Paulo em sua Epístola, dos cristãos de Éfeso, suas
pessoas e seus privilégios.
Mantiveram-se duas teorias, além da teoria usual, com relação a
quem foi dirigida a Epístola. Grocio, opinando como o herege Marcião,
sustenta que foi dirigida à Igreja de Laodicéia, e que é a Epístola a qual
Paulo se refere em Cl_4:16. Mas a Epístola aos Colossenses
provavelmente foi escrita antes que esta aos Efésios, como parece pelos
passagens paralelas que se acham em Efésios e que têm sinais de ter sido
ampliados dos da Epístola aos Colossenses. Parece que Marcião opinou
assim referente à nossa Epístola, por uma alusão que Paulo faz (Cl_4:16)
a uma Epístola dirigida por ele aos laodicenses. Orígenes e Clemente de
Alexandria, e até Tertuliano, não estão de acordo com a opinião de
Marcião. Nem um manuscrito contém como cabeçalho, "aos santos que
estão em Laodicéia". A própria semelhança da Epístola aos Efésios a dos
Colossenses, está contra a teoria; porque se aquela fosse realmente a
dirigida a Laodicéia (Cl_4:16), Paulo não teria crido necessário que as
igrejas de Colossos e Laodicéia intercambiassem Epístolas. Além disso,
as saudações (Cl_4:15), que ele envia por meio dos colossenses aos
laodicenses, são totalmente incompatíveis com a ideia de que Paulo
escrevesse uma Epístola aos Laodicenses ao mesmo tempo, e pelo
mesmo portador, Tíquico (o portador de nossa Epístola aos Efésios,
Efésios (Jamieson-Fausset-Brown) 3
como também da aos Colossenses, Ef_6:21; Cl_4:7); porque quem, sob
tais circunstâncias, não enviaria as saudações diretamente na carta
dirigida às pessoas saudadas? A carta aos Laodicenses evidentemente foi
escrita algum tempo antes da Epístola aos Colossenses.
O arcebispo Usher apresentou uma segunda teoria: Que é uma carta
encíclica encabeçada, como o manuscrito B, "aos santos que estão … e
aos fiéis", sendo intercalado o nome de cada igreja na cópia a ela
enviada; e que o fato de que foi enviada primeiro a Éfeso, deu ocasião a
que fosse intitulada, como agora, a Epístola aos Efésios. Alford faz as
seguintes objeções a esta teoria: (1) Está em conflito com o espírito da
Epístola, a qual claramente vai dirigida a um só conjunto de pessoas que
vivem num mesmo lugar, como um corpo, e sob as mesmas
circunstâncias. (2) A improbabilidade de que o apóstolo, quem em duas
de Suas epístolas (2 Coríntios e Gálatas) tão claramente especificou seu
caráter encíclico, tivesse omitido aqui tal especificação. (3) E a
improbabilidade ainda maior de que, como esta teoria supõe, tivesse
escrito uma Epístola circular a um distrito, do qual Éfeso era a capital
comercial, dirigida a várias igrejas dentro daquele distrito, mas pelo
mesmo conteúdo (assim como pela hipótese dos que são de opinião
contrária) não permitindo aplicação alguma à igreja daquela metrópole,
com a qual tinha passado tão longo tempo, e a qual estava ligado com
tantos vínculos de carinho. (4) A inconsequência desta hipótese com a
maneira como está dirigida a Epístola, e o testemunho universal da igreja
antiga. A ausência de saudações pessoais não é um argumento a favor de
nenhuma das duas teorias: porque igualmente não os há em Gálatas,
Filipenses, 1 e 2 Tessalonicenses, 1 Timóteo. Quanto melhor conhece ele
as pessoas às quais se dirige, e quanto mais geral e solene o tema, tanto
menos parece enviar estes saudações individuais. Visto que escreve,
como no caso de nossa presente Epístola, sobre a constituição e as
perspectivas da igreja universal de Cristo, o apóstolo refere os efésios a
Tíquico para que ele resolva seus assuntos pessoais (Ef_6:21, 22).
Quanto à omissão da frase “que estão em Éfeso” (Ef_1:1) no manuscrito
Efésios (Jamieson-Fausset-Brown) 4
B, também a frase "os que estão em Roma" (Rm_1:7) omite-se em
alguns manuscritos antigos. Esta frase foi provavelmente omitida pelas
igrejas entre as quais era lida, com o fim de generalizar a referência de
seu conteúdo, e especialmente onde o tema da Epístola era geral. As
palavras se acham na margem do manuscrito B, de uma primeira mão; e
se acham em todos os manuscritos e versões mais antigas.
A primeira visita de Paulo a Éfeso (sobre a costa marítima da Lídia,
perto do rio Caistro) relata-se em At_18:19-21. A obra começada
mediante suas controvérsias com os judeus em sua curta visita, foi
continuada por Apolo (At_18:24-26) e Áquila e Priscila (v. 26). Em sua
segunda visita, depois de sua viagem a Jerusalém e daí às regiões
orientais da Ásia Menor, ficou em Éfeso "três anos" (At_19:10, os "dois
anos" em tal versículo não são senão parte do tempo, e At_20:31); de
modo que a fundação e desenvolvimento da igreja ali ocuparam uma
porção excepcionalmente longa do tempo do apóstolo; por isso sua
linguagem nesta Epístola revela um calor de sentimento, uma livre
expressão de pensamento, e uma união em esperança e privilégios
espirituais (Ef_1:3, etc), como é natural da parte de alguém, quando
esteve associado tão longa e intimamente com pessoas às quais se dirige.
Em sua última viagem a Jerusalém, sem passar por Éfeso, chamou os
anciãos da igreja a encontrar-se com ele em Mileto, onde lhes dirigiu seu
notável discurso de despedida (At_20:18-35).
Nossa Epístola foi dirigida aos efésios na primeira parte de seu
encarceramento em Roma, imediatamente depois de ter escrito a Epístola
aos Colossenses. As duas Epístolas mostram uma estreita semelhança em
muitas passagens, visto que o apóstolo queria repartir no geral as
mesmas grandes verdades ao escrever a ambos. É uma prova natural de
sua genuinidade, o fato de que as duas Epístolas, escritas na mesma data
e sob circunstâncias iguais, levem uma mútua semelhança, mais íntima
que aquelas escritas em datas distantes e em ocasiões diferentes.
Comparem-se Ef_1:7 com Cl_1:14; Ef_1:10 com Cl_1:20; Ef_3:2 com
Cl_1:25; Ef_5:19 com Cl_3:16; Ef_6:22 com Cl_4:8; Ef_1:19; Ef_2:5
Efésios (Jamieson-Fausset-Brown) 5
com Cl_2:12-13; Ef_4:2-4 com Cl_3:12-15; Ef_4:16 com Cl_2:19;
Ef_4:32 com Cl_3:13; Ef_4:22-24 com Cl_3:9-10; Ef_5:6-8 com
Cl_3:6-8; Ef_5:15, 16 com Cl_4:5; Ef_6:19, 20 com Cl_4:3-4; Ef_5:22-
33; Ef_6:1-9 com Cl_3:18; Ef_4:24, 25 com Cl_3:9; Ef_5:20-22 com
Cl_3:17-18. Tíquico e Onésimo estavam sendo enviados a Colossos,
aquele levando duas Epístolas às duas igrejas respectivamente, e este
provido de uma carta para Filemom, seu amo anterior, que residia em
Colossos. A data da carta foi provavelmente como quatro anos depois de
sua despedida dos anciãos efésios em Mileto (At_20:6-38), perto do ano
62 d.C., antes de que seu encarceramento tivesse chegado a ser da classe
mais severa, como aparece em sua Epístola aos Filipenses. Segundo
Ef_6:19, 20, é claro que ele tinha naquele então, embora preso, certa
liberdade em pregar, o que concorda com At_28:23, At_28:30-31, onde
ele aparece como recebendo em seu alojamento a todos os que queriam
conhecer sua doutrina. Seu encarceramento começou em fevereiro do
ano 61 d.C., e durou "dois anos inteiros" (At_28:30), pelo menos, e
talvez mais tempo.
A igreja de Éfeso se compunha em parte de convertidos judeus e em
parte de convertidos gentios (At_19:8-10). Por conseguinte, a Epístola
dirige-se a uma igreja constituída (Ef_2:14-22). Éfeso era célebre pelo
templo idolátrico de Ártemis ou Diana, o qual, depois de ser destruído
por fogo por Heróstrato, na noite que nasceu Alexandre o Grande (ano
355 a.C.), foi reedificado a um enorme custo, e foi uma das maravilhas
do mundo. Possivelmente deste belo templo surgiram as figuras de
linguagem que se acham nesta Epístola, sendo a igreja em sua verdadeira
beleza interior o que o templo do ídolo buscou realizar na manifestação
exterior (Ef_2:19-22). A Epístola (Ef_4:17; Ef_5:1-13) dá a entender o
desenfreio que praticavam os pagãos efésios, e pelo qual eram notórios.
Muitas das mesmas expressões ocorrem na Epístola como no discurso de
Paulo aos anciãos efésios. Comparem-se Ef_1:6, 7 e Ef_2:7, quanto à
"graça", com At_20:24, At_20:32. Esta bem pode chamar-se "a Epístola
da graça de Deus". [Alford]. Veja-se também, quanto a suas "prisões",
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Ef_3:1 e Ef_4:1 com At_20:22-23. Também Ef_1:11, quanto ao
"conselho de Deus", com At_20:27. Também Ef_1:14 quanto a "a
redenção da possessão adquirida", com At_20:28. Também Ef_1:14, 18;
Ef_2:20 e Ef_5:5, quanto a "edificar" a "herança", com At_20:32.
O objetivo da Epístola é "apresentar o fundamento, o curso, o
propósito e o fim da IGREJA DOS FIÉIS EM Cristo. Ele fala aos efésios
como se fossem um tipo ou amostra da igreja universal". [Alford]. É por
isso que em toda a Epístola fala-se de "a igreja" no singular, não no
plural. O tema da Epístola é o fundamento da igreja, seu curso e seu fim,
o qual é tratado igualmente nas divisões maiores e menores de toda a
Epístola. "Em toda a Epístola o fundamento da igreja é a vontade do Pai;
o curso da igreja é a satisfação do Filho; e o fim da igreja é a vida do
Espírito Santo". [Alford]. Vejam-se respectivamente Ef_1:11; Ef_2:5; e
Ef_3:16. Tendo sido apresentado isto como assunto de doutrina
(fechando-se esta parte com uma doxologia sublime, Ef_3:14-21), é feito
logo a base de exortações práticas. Nestas também (de Ef_4:1 em diante)
prevalece a mesma divisão tríplice, porque a igreja apresenta-se como
fundada sobre o conselho de "Deus o Pai de todos, o qual é sobre todas
as coisas, e por todas as coisas e em todos vós", edificada por "um
Senhor", Jesus Cristo, e por meio de "um Espírito" (Ef_4:4-6, etc.),
aqueles que dão suas graças respectivas aos diferentes membros.
Portanto, estes devem exercer todas estas graças nas distintas relações da
vida, como maridos, esposas, servos, filhos, etc. A conclusão é: que
devemos tomar "toda a armadura de Deus" (Ef_6:13).
A sublimidade do ESTILO e LINGUAGEM corresponde com a
sublimidade dos temas, e excede quase a de qualquer outra de suas
Epístolas. É muito justo que aqueles a quem escreveu, fossem cristãos
por longo tempo fundados na fé.
A mesma sublimidade da Epístola faz difícil seu estilo e é por isso
que contém expressões peculiares que não se acham em outra parte.
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Efésios 1

Vv. 1-23. Cabeçalho: a origem da igreja no conselho eterno do pai,


e o derramamento do sangue do Filho. O selo que pôs na igreja o
Espírito Santo. Ação de graças e oração por que eles possam conhecer
plenamente o poder da graça de Deus em Cristo para com os santos.
1. Paulo, apóstolo … pela vontade de Deus — antes, “ao través
da vontade de Deus”; chamado ao apostolado ao través da mesma
“vontade” que deu origem à igreja (vv. 5, 9, 11; veja-se Gl_1:4).
aos santos e fiéis — Refere-se às mesmas pessoas sob os dois
termos, como o prova o grego: “Aos que são santos e fiéis em Cristo
Jesus”. A santificação por Deus está posta aqui antes que a fé do homem.
Apresenta-se assim o duplo aspecto da salvação: a graça de Deus nos
santifica na primeira instância (quer dizer, nos pondo à parte em seus
propósitos eternos como santos apartados para si); e nossa fé lança mão
da salvação que é o dom de Deus (2Ts_2:13; 1Pe_1:2):
que estão no Efeso — veja-se Introdução.
2. (Rm_1:7; 1Co_1:3; 2Co_1:2; Gl_1:3).
3. As doxologias que se acham em quase todas as Epístolas, dão a
entender o verdadeiro sentido da graça experimentada pelos escritores e
seus leitores (1Pe_1:3). Os versículos 3 a 14 apresentam sumariamente o
evangelho da graça de Deus: a obra de amor do v. Pai 3 (nos escolhendo
para a santidade, v. 4; a filiação, v. 5; a aceitação, v. 6); a obra do Filho,
v. 7 (redenção, v. 7; o conhecimento do mistério de sua vontade, v. 9;
uma herança, v. 11); a do Espírito Santo, v. 13 (selladura, v. 13; nos
dando o penhor da herança, v. 14).
Bendito o Deus e Pai do Senhor Jesus Cristo — quem é também
o Deus e Pai de nós que estamos nele (Jo_20:17). Deus é “o Deus” do
homem Jesus, e “o Pai” do Verbo Divino. O grego, assim como nossa
versão espanhola, diz: “o qual nos abençoou”; não “o qual nos há
bendito”, como traduzem alguns; referindo-se ao conselho original já
passado de Deus. Assim como na criação (Gn_1:22) também na
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redenção (Gn_12:3; Mt_5:3-11; Mt_25:34) Deus “abençoa” a seus
filhos; e isso não em meras palavras, mas em atos.
o qual abençoou — a todos os cristãos.
com toda bênção espiritual — Quer dizer, “toda bênção possível
no tempo e para a eternidade, que provém do Espírito (isto significa o
termo “espiritual”; não como usa-se o termo agora, como oposto a
corporal).
em lugares celestiais — Frase achada cinco vezes nesta Epístola, e
não em outra parte (v. 20; Ef_2:6; Ef_3:10; Ef_6:12); grego, “nos
lugares celestiais”. A ascensão de Cristo é o meio de nos introduzir a nós
nos lugares celestiais, os quais por causa de nossos pecados nos estavam
fechados. Note a mudança feita por Cristo, Cl_1:20; Ef_1:20. Enquanto
Cristo estava na carne na forma de servo, os filhos de Deus não podiam
notar de seus privilégios celestiais como filhos. Agora, “nossa cidadania
(grego) está-nos céus” (Fp_3:20), onde nosso Sumo sacerdote “nos está
abençoando” constantemente. Nossos “tesouros” estão ali (Mt_6:20-21);
nossas miras e afetos (Cl_3:1-2); nossa esperança (Cl_1:5; Tt_2:13);
nossa herança (1Pe_1:4). O mesmo dom do Espírito, a fonte da “bênção
espiritual”, deve-se ao feito de que Jesus ascendeu lá (Ef_ 4:8).
em Cristo — o centro e fonte de toda bênção para nós.
4. escolheu-nos — grego, “escolheu-nos para si dentre” (quer dizer,
dentre o mundo, Gl_1:4); referindo-se a sua eleição original, mencionada
como já passada.
nele — A repetição da ideia, “em Cristo” (v. 3), dá a entender a
suma importância da verdade de que é nele — por virtude da união com
ele, o Segundo Adam, o Restaurador ordenado para nós da eternidade, a
Cabeça da humanidade redimida — que os crentes alegramos de tantas
bênçãos (Ef_3:11).
antes da fundação do mundo — Isto pressupõe a eternidade do
Filho de Deus (Jo_17:5, Jo_17:24), assim como o eterno da eleição dos
crentes nele (2Tm_1:9; 2Ts_2:13).
para que fôssemos santos — Positivamente (Dt_14:2).
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e sem mancha — Negativamente (Ef_5:27; 1Ts_3:13).
diante dele — É a ele a quem olhe o crente, caminhando em sua
presença, diante de quem busca ser aceito no juízo (Cl_1:22; veja-se
Ap_7:15).
em amor — Bengel, e outros, unem esta expressão com o v. 5; “em
amor nos havendo destinado”, etc. Mas nossa versão dá uma melhor
interpretação. As palavras “em amor” qualificam toda a cláusula, “para
que fôssemos santos … diante dele”. O amor, que perdeu o homem pela
queda, mas que foi restaurado pela redenção, é a raiz e o fruto e a soma
de toda santidade (Ef_5:2; 1Ts_3:12-13).
5. nos havendo destinado — Este termo é mais exato ao referir-se
enfim e aos meios precisos; que os termos “escolheu” ou “escolheu”.
Somos “escolhidos” dentre o resto do mundo: “predestinados” a todas
as coisas que nos asseguram a herança (v. 11; Rm_8:29).
para ser adotados filhos por Jesus Cristo — Grego, “ao través de
Jesus Cristo”.
a si mesmo — ao Pai (Cl_1:20). Alford explica que o ser “adotados
… a si mesmo”, significa o poder ser participantes da natureza divina
(2Pe_1:4). Lachmann lê: “a ele”. Mas o contexto favorece a explicação
de Calvino e outros: Que Deus tem consideração de si mesmo e a glória
de sua graça (vv. 6, 12, 14) a meta final de Deus. O teve um Filho
unigênito e para sua própria gloria lhe agradou escolher dentre um
mundo perdido muitos para que devessem ser seus filhos adotivos.
segundo o puro afeto de sua vontade — Assim o grego
(Mt_11:26; Lc_10:21). Não podemos pensar que seja algo mais, mas sim
“sua boa vontade”, a causa de nossa salvação ou de alguma de suas obras
(v. 9). (Jó_33:13). Por que necessita você filosofar a respeito de um
mundo imaginário de otimismo? Sua preocupação deve ser o não
cometer o mal. Não havia nada em nós que merecesse seu amor (vv. 1, 9,
11). [Bengel].
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6. Para louvor da glória de sua graça — (vv. 7, 17, 18). O fim
indicado (Sl_50:23), quer dizer: que seja louvada a glória de sua graça
por todas suas criaturas, homens e anjos.
com a qual — , antes,, “na qual”. Alguns dos manuscritos mais
antigos leem, “que”. Então teríamos que traduzir, “que nos concedeu no
Amado”. Mas nossa versão está apoiada por bons manuscritos e as
versões mais antigas.
fez-nos aceitos — O verbo grego está aparentado com “graça”.
Traduza-se, “graciosamente nos aceitou”; ou “nos fez objeto de sua
graça”; “nos abraçou em seus braços de graça” (Rm_3:24; Rm_5:15).
no Amado — preeminentemente assim chamado (Mt_3:17;
Mt_17:5; Jo_3:35; Cl_1:13). Grego, “Filho de seu amor”. É somente
“em seu Amado” que nos ama a nós. (v. 3; 1Jo_4:9-10).
7. No qual — “o Amado” (v. 6; Rm_3:24).
temos — como possessão presente.
redenção — lit., “a redenção”, a nossa; A redenção que é o grande
tema de toda a revelação, e especialmente do Novo Testamento
(Rm_3:24), quer dizer, redenção do poder, a culpa e as consequências
penais do pecado (Mt_1:21). Se algum homem fora incapaz de redimir-
se a si mesmo sendo escravo, seu parente poderia redimi-lo (Lv_25:48).
É por isso que o Filho de Deus veio a ser o Filho do homem, para que
nosso parente pudesse nos redimir a nós (Mt_20:28). Outra “redenção”
se efetuará no final, quer dizer, a “da possessão adquirida” (v. 14).
por seu sangue — (Ef_2:13), como o instrumento; a propiciação,
quer dizer, a consideração (ideada por seu próprio amor) pela qual, Deus,
que com justiça estava zangado (Is_12:1), foi propício a nós: quer dizer,
o preço pago à justiça divina por nosso pecado (At_20:28; Rm_3:25;
1Co_6:20; Cl_1:20; 1Pe_1:18-19).
a remissão de pecados — Grego, “a remissão de nossas
transgressões”; não meramente a “pretermisión” (ou omissão), delas
como o grego (Rm_3:25) deve ser traduzido. Sendo esta “remissão” a
explicação do termo “redenção”, inclui não só a libertação da pena do
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pecado, mas também de sua contaminação e seu poder escravizador,
negativamente; e positivamente, a reconciliação com um Deus ofendido,
e a satisfação a um Deus justo.
pelas riquezas de sua graça—Cap. 2:7: “para mostrar as
abundantes riquezas de sua graça”. Vejam-se v. 18 e Ef_3:16, “conforme
às riquezas de sua glória”; de modo que “a graça” é sua glória”.
8. superabundou em nós — , antes,, “Que fez ele abundar até
chegar a nós”.
em toda sabedoria e inteligência — “Sabedoria” em idear o plano
de redimir a humanidade; “inteligência”, ou prudência, em pôr os meios
para executá-lo e em fazer todos os acertos necessários em sua
providência, para realizar aquele propósito. Paulo atribui ao evangelho
da graça de Deus “toda” a “sabedoria e inteligência” possíveis, em
oposição à jactância dos judeus incrédulos, os filósofos pagãos e os
falsos apóstolos, aqueles que atribuía sabedoria e inteligência a seus
ensinos. Cristo crucificado, considerado “loucura” pelo mundo, é “a
sabedoria de Deus” (1Co_1:18-30). Veja-se cap. 3:10, “a multiforme
sabedoria de Deus”.
9. nos descobrindo — “O fez com que a graça abundasse para nós”
(v. 8), “nos descobrindo”, experimentalmente, em nosso coração.
o mistério — Quer dizer, o propósito de Deus de redenção, até
então escondido em seus conselhos, mas que agora era revelado
(Ef_6:19; Rm_16:25; Cl_1:26-27). Este “mistério” não é como os
mistérios pagãos que são descobertos só aos poucos iniciados. Todos os
cristãos são iniciados. Só os incrédulos não o são.
segundo seu beneplácito — Esta é a causa pela qual “ele nos tem
descoberto o mistério”, quer dizer, seu próprio “beneplácito” para
conosco.
que se tinha proposto — (v. 11).
em si mesmo — Deus o Pai. Bengel entende que “nele” quer dizer
em Cristo, como os vv. 3, 4. Mas o nome próprio, “Em Cristo”, v. 10,
Efésios (Jamieson-Fausset-Brown) 12
que segue imediatamente depois, é inconsequente com o fato de que ele
seja o indicado aqui pelo pronome.
10. de fazer convergir nele, na dispensação, etc. — Traduza-se:
“Até a dispensação do cumprimento dos tempos”, quer dizer, que se
tinha proposto em si mesmo” (v. 9) tendo em conta a dispensação
correspondente (ou a administração de graça pertencente) ao
cumprimento dos tempos (gr., “tempos devidos”, ou “épocas”), sendo
estes termos mais claros que “a plenitude dos tempos” (Gl_4:4). Aqui
quer dizer todos os tempos (plural) evangélicos, com os benefícios
dispensados à igreja nesta época, separada e sucessivamente. Veja-se
“séculos vindouros” (Ef_2:7). “Os fins dos séculos” (1Co_10:11); “os
tempos (a mesma palavra grega como aqui, “as épocas”, ou “tempos
devidamente assinalados”) dos gentios” (Lc_21:24); “épocas que o Pai
reservou pela sua exclusiva autoridade” (At_1:7); os “tempos da
restauração de todas as coisas, de que Deus falou por boca dos seus
santos profetas desde a antiguidade” (At_3:20-21). A vinda de Jesus no
primeiro advento, “na plenitude dos tempos”, foi um destes “tempos”.
Quando desceu o Espírito Santo, “ao se cumprir-se o dia de Pentecostes”
(At_2:1), foi outro. O testemunho dado pelos apóstolos “em tempos
oportunos” (1Tm_2:6), foi outro. A conversão dos judeus quando “os
tempos dos gentios sejam cumpridos”, a segunda vinda de Cristo, a
“restauração de todas as coisas”, o reino milenial, os novos céus e nova
terra, serão casos separados da dispensação da plenitude dos tempos”,
quer dizer, “a dispensação dos acontecimentos e benefícios evangélicos
pertencentes a seus respectivos “tempos”, quando forem cumpridos ou
consumados. Deus o Pai, segundo seu beneplácito e propósito, é o
Dispensador tão dos benefícios evangélicos como de seus diferentes
tempos adaptados (At_1:7).
a congregar em Cristo todas as coisas (RC) — Gr., “somar sob
uma cabeça”; “recapitular”. O “beneplácito que se propôs”, foi “somar
todas as coisas em Cristo” (gr., “o Cristo”, quer dizer, Seu Cristo).
[Alford]. O propósito de Deus é somar toda a criação em Cristo, a
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Cabeça dos anjos, com aqueles que está unido por Sua natureza invisível,
e dos homens com aqueles que está vinculado por Sua humanidade; de
judeus e de gentios; dos vivos e dos mortos (Ef_3:15); da criação
animada e da inanimada. O pecado tem desfeito a relação entre o homem
e Deus, como uma criatura subordinada a Ele. Deus Se propõe juntar
todas as coisas em Cristo; ou como diz Cl_1:20 : “Por ele (Cristo)
reconciliar todas as coisas a si, tanto o que está na terra como o que está
nos céus”. Bem diz Alford: “A igreja da qual o apóstolo aqui trata
principalmente, está subordinada a ele no grau mais alto de união
consciente e prazerosa; aqueles que não são dEle espiritualmente, mas
subordinados em mera sujeição consciente; e as tribos inferiores da
criação estão subordinadas objetiva embora inconscientemente; mas
todos são somados nEle”.
11. no qual — Por virtude da união com quem.
fomos também feitos herança — lit., “Nos fez herdar”. [Wahl].
Comp. o v. 18 onde diz-se: “sua herança nos santos”. Assim como no v.
18 se assenta que a herança dEle está neles, assim neste versículo diz-se
que a deles está nEle (At_26:18). Entretanto, o v. 12 que diz: “A fim de
sermos (nós) para louvor de sua glória” (não “para termos” a glória,
favorece a tradução de Bengel, Ellicott, etc., “Fomos feitos uma
herança”. Assim o Israel literal (Dt_4:20; Dt_9:29; Dt_32:9). A palavra
“deste modo” não quer dizer “deste modo nós”, nem “em quem do
mesmo modo”, mas sim significa que além de nos haver “descoberto o
mistério de Sua vontade”, também “fomos feitos Sua herança”, ou
“fomos também feitos herança”.
predestinados — (v. 5). A preordenação de Israel como a nação
eleita, corresponde a dos israelitas espirituais, os crentes, a uma herança
eterna, que é o que aqui se indica. O “nós” subentendido aqui e no v. 12,
quer dizer os crentes judeus (de onde surge nacionalmente a eleição de
Israel), em contraste “convosco” (v. 13) os crentes gentios.
Efésios (Jamieson-Fausset-Brown) 14
segundo o propósito — Repetição de “proposto” (v. 9; Ef_3:11). A
igreja existiu na mente de Deus desde a eternidade, antes de que existisse
na criação.
daquele que faz todas as coisas conforme o conselho da sua
vontade — v. 5, “o puro afeto de sua vontade”. Não um capricho
arbitrário, mas sim uma sabedoria infinita (“conselho”) unida com uma
vontade soberana. Veja-se o discurso de Paulo dirigido a estes mesmos
efésios (At_20:27): “Todo o conselho de Deus” (Is_28:29). Assim na
criação natural como na espiritual, Deus não é um agente constrangido
pela necessidade. “Onde quer que haja conselho, ali há eleição, de outra
maneira o conselho é vão; onde há uma vontade, ali tem que haver
liberdade, pois se não, a vontade é fraca”. [Pearson].
12. (vv. 6, 14).
a fim de sermos para louvor … nós, os que de antemão
esperamos em Cristo — antes, nós, os cristãos judeus, os que antes que
viesse Cristo buscávamos Sua vinda, esperando a consolação de Israel.
Comp. At_26:6-7 : “Estou sendo julgado por causa da esperança da
promessa que por Deus foi feita a nossos pais, a qual as nossas doze
tribos, servindo a Deus fervorosamente de noite e de dia, almejam
alcançar”. At_28:20, “a esperança de Israel”. [Alford]. Comp. v. 18;
Ef_2:12; 4:4.
13. em quem também vós — Vós, os gentios. A prioridade de nós,
os judeus, não exclui a vós, os gentios, de ter parte em Cristo (comp.
At_13:46).
depois que ouvistes a palavra da verdade — o instrumento da
santificação, e do novo nascimento (Jo_17:17; 2Tm_2:15; Tg_1:18).
Comp. Cl_1:5, onde também, como aqui, “a palavra da verdade” une-se
com “esperança”. Também Ef_4:21.
fostes selados — pelo Espírito Santo como filhos de Deus
(At_19:1-6; Rm_8:16, Rm_8:23; Nota, 2Co_1:22; 1Jo_3:24). Assim
como um selo impresso em algum documento dá uma validez certa ao
contrato situado nele (Jo_3:33; Jo_6:27; veja-se 2Co_3:3), assim o
Efésios (Jamieson-Fausset-Brown) 15
“amor de Deus derramado em nossos corações pelo Espírito Santo”
(Rm_5:5) e a adoção outorgada pelo Espírito na regeneração (Rm_8:15-
16), asseguram aos crentes a boa vontade de Deus para com eles. O
Espírito, como um selo, imprime na alma, no ato da regeneração, a
imagem de nosso Pai. O ato de ter sido selados pelo Espírito Santo
menciona-se como um fato que já passou. O testemunho a nosso coração
de que somos filhos de Deus e Seus herdeiros (v. 11), é o testemunho
presente do Espírito, “o penhor da herança vindoura” (v. 11), (Rm_8:16-
18).
com o Santo Espírito da promessa — antes, como o grego, “O
Espírito da promessa, o Santo Espírito”; o Espírito prometido tanto no
Antigo como no Novo Testamento (Jl_2:28; Zc_12:10; Jo_7:38-39). “A
palavra da verdade” prometeu o Espírito Santo. Aqueles que “creram na
palavra de verdade” foram selados pelo Espírito segundo a promessa.
14. o qual é o penhor da nossa herança — A primeira quota paga
como garantia de que o resto será pago (Rm_8:23; 2Co_1:22).
para redenção (RC) — A preposição grega também tem a ideia de
“até”; e deve unir-se assim: “foram selados (v. 13) para” (quer dizer,
para o propósito e até) a realização da redenção”. Não a redenção em
sua primeira etapa, feita pelo sangue de Cristo, a qual nos assegura nosso
título ou direito, mas em seu cumprimento final, quando a mesma
possessão será nossa, a “plena redenção do corpo” (Rm_8:23) assim
como também da alma, de toda fraqueza (Ef_4:30). Então a criatura (o
corpo, e toda a criação visível) será livrada da servidão da corrupção, e
do príncipe usurpador deste mundo, e desfrutará da liberdade gloriosa
dos filhos de Deus (Rm_8:21-23; 2Pe_3:13).
da possessão adquirida (TB) — o povo de Deus comprado (gr.,
“adquirido”) como Seu próprio pelo sangue de Cristo (At_20:28).
Consideramos de valor aquilo pelo qual pagamos um alto preço; assim
Deus tem em alta estima a Sua igreja (Ef_5:25, 26; 1Pe_1:18; 1Pe_2:9;
Ml_3:17, Margem, “meu tesouro especial”).
Efésios (Jamieson-Fausset-Brown) 16
15. Por isso — Porque estão em Cristo e fostes selados por Seu
Espírito (vv. 13, 14).
também eu — da minha parte, e porque vós recebestes tão grandes
benefícios de Deus.
tendo ouvido — Quer dizer, desde que ouvi. Não dando a entender
que acabasse de ouvir de sua conversão: argumento errôneo usado por
alguns contra o fato de que fosse dirigida esta Epístola aos Efésios (Nota,
v. 1); mas sim referindo-se ao relatório que tinha ouvido depois que
esteve com eles, a respeito de suas graças cristãs. Assim no caso de
Filemom, seu “amigo e companheiro de trabalho” (Fm_1:1, NTLH) ele
usa as mesmas palavras (Fm_1:4, 5).
da fé que há entre vós — gr., “a fé que há entre vós”, a que têm
muitos (nem todos) de vós.
e o amor para com todos os santos — Não importando seu nome,
só pelo mesmo fato de que são santos. Uma característica distintiva do
verdadeiro cristianismo (Ef_6:24). “A fé e o amor são unidos por Paulo
frequentemente. Que casal tão maravilhoso!” [Crisóstomo]. A estes
adiciona-se a esperança, v. 18.
16. (Cl_1:9).
não cesso de dar graças por vós, fazendo menção de vós — Nos
manuscritos mais antigos se omite “de vós”. Assim que a tradução
poderia ser, “fazendo memória deles” (sua “fé e amor”). Assim opina
Alford.
17. Esta oração deveria ser emitida por todos os cristãos.
o Deus do Senhor nosso Jesus Cristo — Este título é muito
adequado, visto que nos vv. 20-22, ele trata do lugar tão elevado que
Deus deu a Jesus ao fazê-lo Cabeça de todas as coisas que correspondem
à igreja. Jesus mesmo chamou o Pai “Meu Deus” (Mt_27:46).
o Pai de glória — (comp. At_7:2). O Pai daquela glória infinita que
resplandece no rosto de Cristo, quem é “a glória” (a verdadeira Shekiná);
e por meio de quem “a glória da herança” (v. 18) será nossa (Jo_17:24;
2Co_3:7 a 4:6).
Efésios (Jamieson-Fausset-Brown) 17
vos conceda espírito de sabedoria — cujo atributo é a sabedoria
infinita, e que obra a sabedoria nos crentes (Is_11:2).
e de revelação — cuja função é revelar aos crentes mistérios
espirituais (Jo_16:14-15; 1Co_2:10).
no pleno conhecimento dele — gr. (veja-se Nota, 1Co_13:12),
“em pleno conhecimento dele”, quer dizer, de Deus.
18. iluminados os olhos do vosso coração — Os manuscritos mais
antigos, versões e “pais” dizem “os olhos de vosso coração”. Veja-se o
estado contrário dos incrédulos, aqueles que têm o coração entrevado
(Ef_4:18; Mt_13:15). Traduza-se: “Tendo os olhos sistemas de
iluminação de seu coração” (Ef_5:14; Mt_4:16). O repartir luz é o
primeiro efeito do Espírito na nova criação, assim como foi na criação
original física (Gn_1:3; 2Co_4:6). Assim Teófilo a Autólico (1.3) : “os
ouvidos de vosso coração”. Onde há luz espiritual, ali há vida (Jo_1:4).
O coração é “o centro vital da vida” [Harless] e a fonte dos pensamentos;
daí que “o coração”, nas Escrituras, inclua a mente, assim como também
as inclinações naturais. O “olho”, ou a visão interior, recebe e ao mesmo
tempo contempla a luz (Mat_6:22-23). O olho é o símbolo da
inteligência (Ez_1:18).
para saberdes qual é a esperança do seu chamamento — A
esperança que corresponde ao fato de ter sido chamados.
a riqueza da glória — (Cl_1:27).
de sua herança nos santos — A herança que Ele tem em reserva
para os santos. Eu prefiro explicar, “A herança que ele tem nos santos.”
(Veja-se v. Nota 11; Dt_32:9).
19. e qual a suprema — sobrepujante
grandeza do seu poder para com os que cremos — Aqui faz-se
referência à obra de graça que Ele está desenvolvendo, e desenvolverá,
em nós, os que cremos. Pelo termo “santos” (v. 18) considera-se os
crentes como absolutamente aperfeiçoados, e como se já fossem a
herança de Deus; mas neste versículo, como se estivessem pelejando a
boa batalha da fé.
Efésios (Jamieson-Fausset-Brown) 18
segundo — melhor, “de acordo com”
a eficácia da força — gr., “a energia” Traduza-se, “a operação
eficaz” (Ef_3:7). O mesmo poder sobre-humano que fazia falta e foi
posto em ação para nos fazer crer, fazia falta e foi posto em ação para
despertar a Cristo dentre os mortos (v. 20). Veja-se Fp_3:10, “o poder de
sua ressurreição” (Cl_2:12; 1Pe_1:3-5).
do seu poder — Gr., “da força de seu poder”.
20. o qual exerceu ele em Cristo — quem é nossa Cabeça e as
“primícias” de nossa ressurreição, e em quem a poderosa operação de
Deus em nosso favor, é feita possível e real. [Alford].
ressuscitando-o — “em que o ressuscitou”. O levantamento de
Cristo não é só uma garantia de que nossos corpos serão levantados
depois, mas sim tem em si um poder espiritual que opera (por virtude de
nossa união viva com ele, como membros da Cabeça) a ressurreição
espiritual da alma do crente agora, e, por conseguinte, a ressurreição de
seu corpo no final (Rm_6:8-11; Rm_8:11). O Filho, como Deus (embora
não como homem), tomou parte no levantamento de Seu próprio corpo
humano (Jo_2:19; Jo_10:17-18). E o Espírito Santo também participou
da ressurreição de Cristo. (Rm_1:4; 1Pe_3:18).
e fazendo-o sentar — Grego, “o assentando.” Os espíritos
gloriosos estão em pé ao redor do trono de Deus, mas não se sentam à
mão direita de Deus (Hb_1:13).
à sua direita — (Sl_110:1). Onde permanece até que todos os Seus
inimigos tenham sido postos debaixo de Seus pés (1Co_15:24). Tendo
sido comissionado para dominar “no meio dos teus inimigos” durante a
rebelião destes (Sl_110:2), renunciará a Sua comissão depois de subjugá-
los [Pearson] (Mc_16:19; Hb_1:3; Hb_10:12).
nos lugares celestiais — (v. 3). Assim como Cristo tem corpo
literal, assim o céu não é meramente um estado, mas sim um lugar; e
onde Ele está, ali estará o Seu povo (Jo_14:3).
21. acima de todo principado, etc. — Gr., “Muito mais alto que
tudo (Ef_4:10) principado (ou governo, 1Co_15:24), e autoridade e
Efésios (Jamieson-Fausset-Brown) 19
poder (Mt_28:18) e senhorio”. Comp. Fp_2:9; Cl_1:16; Hb_7:26;
1Pe_3:22. Os espíritos maus (que igualmente estão divididos em várias
posições, Ef_6:12), assim como também os anjos de luz, e os potentados
terrestres, estão incluídos (veja-se Rm_8:38). Jesus é “Rei dos reis e
Senhor dos senhores” (Ap_19:16). Quanto mais alto a honra dEle, tanto
maior é o de Seu povo, os que são Seus membros unidos a Ele, quem é a
Cabeça. Alguns mestres filosóficos da escola de Simão o Mago, na Ásia
Menor Ocidental, tinham ensinado a seus ouvintes, segundo Irineu e
Epifânio, estes nomes dos diferentes graus de anjos. Paulo nos ensina
que a sabedoria mais verdadeira é a de conhecer Cristo como Aquele que
reina sobre todos eles.
e de todo nome que se possa referir — todo ser qualquer.
“Qualquer outra criatura” (Rm_8:39).
não só no presente século — a ordem de coisas atual. “O presente
… o por vir” (Rm_8:38).
mas também no vindouro — “Nomes que agora não conhecemos,
mas conheceremos depois no céu. Sabemos que o imperador vai adiante
de todos, embora não possamos enumerar todos os sátrapas e ministros
de sua corte; assim também sabemos que Cristo está sentado acima de
todos, embora não possamos nomear a todos.” [Bengel].
22. pôs todas as coisas debaixo dos pés — Gr., “sujeitou debaixo
de seus pés” (Sl_8:6; 1Co_15:27).
e para ser o cabeça … à igreja — para proveito especial. A ordem
grega é enfática: “Ao Deus o deu por cabeça sobre todas as coisas à
igreja”. Se tivesse sido algum inferior a Ele, sua Cabeça, não teria sido
de tanto proveito para a igreja. Mas como Ele é a Cabeça sobre todas as
coisas, e ao mesmo tempo é a Cabeça da igreja (e ela é o corpo), todas as
coisas são dela (1Co_3:21-23). Ele está SOBRE (“muito acima de”)
todas as coisas; em contraste com as palavras, “deu-o por cabeça à
igreja”, quer dizer, para proveito dela. Aquelas, as coisas estão sujeitas;
estes, os crentes, estão unidos a Ele em Seu domínio sobre elas. O termo
“cabeça” dá a entender não só Seu domínio sobre nós, mas também
Efésios (Jamieson-Fausset-Brown) 20
nossa união com Ele; portanto, ao vê-lo nós à mão direita de Deus,
vemo-nos a nós mesmos no céu (Ap_3:21). Porque a Cabeça e o corpo
não são separados por nada que intervenha, de outra maneira o corpo
deixaria de ser corpo, e a Cabeça deixaria de ser Cabeça. [Pearson from
Chrysostom].
23. a qual é seu corpo — Seu corpo místico e espiritual, não literal.
Entretanto, não meramente figurativo ou metafórico. Ele é real, embora
espiritualmente, a Cabeça da igreja. Ele é a videira dela. Ele compartilha
com ela Sua crucificação e Sua glória subsequente. Ele possui tudo:
companheirismo com o Pai, plenitude do Espírito e humanidade
glorificada, não meramente para si mesmo, senão para ela, a igreja, a
qual participa “de seu corpo, de sua carne e de seus ossos” (Ef_5:30).
a plenitude — A ideia é de um receptáculo completamente cheio
[Eadie]. Cristo habita na igreja e ela é inundada por Sua presença. Ela é
o receptáculo, não de Seus dons e graças inerentes, mas sim da plenitude
de Seus dons e graças que são comunicados por Ele. Assim como dEle é
a “plenitude” (Jo_1:16; Cl_1:19; Cl_2:9) inerentemente, assim ela é Sua
“plenitude” por ele ter comunicado a ela em virtude de Sua união a Ele
(Ef_5:18; Cl_2:10). “A igreja é a plena manifestação de Seu ser, por
estar compenetrada de Sua vida.” [Conybeare e Howson]. Ela é a
revelação continuada de Sua vida divina em forma humana; a
representação mais completa de sua plenitude. “A plenitude” não se
refere à hierarquia angélica, como ensinavam os falsos mestres (Cl_2:9-
10, Cl_2:18), mas sim ao próprio Cristo, quem é a “plenitude da
Divindade”, e quem é representado pela igreja. Koppe traduz com menos
probabilidade, “a inteira multidão universal”.
daquele que a tudo enche em todas as coisas — Cristo o Criador,
Preservador e Governador do mundo, foi constituído por Deus (Cl_1:16,
etc.) e enche todo o universo de coisas com todas as coisas. “Enche toda
a criação com tudo o que ela possui”. [Alford]. O grego “Enche para si
mesmo.”
Efésios (Jamieson-Fausset-Brown) 21
Efésios 2

Vv. 1-22. O amor e a graça de Deus manifestados ao nos dar vida


por Cristo. Seu propósito ao fazê-lo: exortação baseada em nossos
privilégios como templo santo, em Cristo, pelo Espírito.
1. E … vós — Também a vós, entre aqueles que experimentaram
Seu poder que os capacitou a crer (vv. 19-22).
estando vós mortos — espiritualmente (Cl_2:13). Foram um
cadáver vivo: sem a presença amorosa do Espírito de Deus na alma, e
por isso incapazes de pensar, desejar ou fazer algo que seja santo.
nos vossos delitos e pecados — Como se este fosse o elemento em
que se acha o incrédulo e pelo qual está morto para a vida verdadeira. O
pecado é a morte da alma. Is_9:2; Jo_5:25, “mortos” (espiritualmente),
1Tm_5:6. “Afastados da vida de Deus” (Ef_4:18). O grego para “delito”
significa “transgressões” e expressa, antes, uma queda, ou deslize, como
a transgressão de Adão, pela qual caiu. “Pecado” dá a entender
corrupção inata e afastamento de Deus (lit. alienação da mente da regra
da verdade), exibidos em atos de pecado (grego, “hamartémata”).
Bengel refere o termo “transgressões” aos judeus que tinham a lei, mas
rebelaram-se contra ela: “pecados”, aos gentios que não conheciam a
Deus.
2. nos quais andastes outrora, segundo o curso deste mundo —
o curso (lit., “a idade”, comp. Gl_1:4) ou sistema atual deste mundo
(1Co_2:6, 1Co_2:12; 1Co_3:18-19, como oposto ao “mundo vindouro”):
afastado de Deus e “posto em maldade” (1Jo_5:19). “A idade” (que às
vezes é mais eterna e ética) regula “o mundo” (que é algo mais que
externo).
segundo o príncipe da potestade do ar — O deus invisível que
está abaixo guiando “o curso deste mundo” (2Co_4:4); percorre o ar e
anda ao nosso redor: comp. Mc_4:4, “aves do ar” (grego, “céu”) quer
dizer, (v. 15), “Satanás” e seus demônios. Comp. Ef_6:12; Jo_12:31.
Parece que a ascensão de Cristo lançou a Satanás do céu (Ap_12:5,
Efésios (Jamieson-Fausset-Brown) 22
Ap_12:9-10, Ap_12:12-13), onde antes tinha sido o acusador dos irmãos
(Jó_1:6-11). Não podendo mais acusar no céu os justificados por Cristo,
o Salvador ascendido (Rm_8:33-34), agora os ataca na terra com todas
as provas e tentações; e por isso “vivemos num ambiente venenoso e
prenhe de elementos mortíferos; mas uma purificação poderosa do ar
será efetuada na segunda vinda de Cristo” [Auberlen], porque Satanás
será preso (Ap_12:12-13, Ap_12:15, Ap_12:17; Ap_20:2-3). O termo
“potestade” usa-se aqui coletivamente para significar os “poderes do ar”.
Em aposto com tais “poderes” estão os “espíritos”, compreendidos no
singular, “o espírito”, mas tomado também coletivamente: o conjunto de
“espíritos sedutores” (1Tm_4:1) que “operam agora nos filhos de
desobediência” (hebraísmo: homens que não são desobedientes
meramente por acidente, mas sim são essencialmente filhos de
desobediência. Comp. Mt_3:7), e dos quais diz-se aqui que Satanás é “o
príncipe”. O grego nesta passagem não permite que “o espírito” se refira
a Satanás, “o príncipe” em si, mas sim aos “poderes do ar”, dos quais ele
é príncipe. Os poderes do ar são a personificação daquele “espírito” mau
que é o princípio governante dos incrédulos, especialmente dos pagãos
(At_26:18), como contrário ao espírito dos filhos de Deus (Lc_4:33). O
poder daquele “espírito” vê-se na “desobediência” dos incrédulos. Veja-
se Dt_32:20, “filhos sem fé” (Is_30:9; Is_57:4). Eles desobedecem ao
evangelho tanto na fé como na prática (2Ts_1:8; 1Co_2:12).
3. entre os quais também todos nós — Quer dizer, judeus e
gentios. Paulo aqui se une à mesma categoria deles, passando aqui da
segunda (vv. 1, 2) à primeira pessoa.
andamos outrora, segundo as inclinações da nossa carne —
Mais corretamente, “conduzimo-nos” segundo a carne (2Co_1:12;
1Pe_1:18). Esta expressão dá a entender um curso externo mais
decoroso, que o “caminhar” abertamente em pecados vergonhosos como
o fazia a maioria dos efésios em tempos passados, quer dizer, a parte
gentílica à qual pode referir-se especialmente o v. 2. Embora Paulo e
seus compatriotas judeus eram exteriormente mais decentes que os
Efésios (Jamieson-Fausset-Brown) 23
gentios (At_26:4-5, At_26:18), essencialmente tinham sido como eles
em viver para a velha carne, sem o Espírito de Deus.
e dos pensamentos — Sugestões e propósitos da mente
(independentes de Deus), como distintos dos impulsos cegos da “carne”.
éramos, por natureza — Intencionalmente muda Paulo a
construção, “éramos” por “sendo”, para assinalar enfaticamente o estado
anterior dele e deles por natureza, em contraste com seu atual estado de
graça. Isto não quer dizer meramente que por causa de nossa maneira de
viver, agradando os desejos da carne, éramos “filhos da ira”; mas sim
éramos, por natureza, originalmente “filhos da ira” e, por conseguinte,
nossa maneira de viver consistia em agradar os desejos carnais.
“Natureza”, em grego, dá a entender o que cresceu em nós, como a
peculiaridade de nosso ser, cresce com nosso crescimento, e se fortalece
com nossa fortaleza, como se fosse coisa distinta do que sobreveio a nós
por influências meramente externas: o que é inerente, não adquirido
(Jó_14:4; Sl_51:5). Uma prova incidental da doutrina do pecado original.
filhos da ira — Não meramente “filhos da desobediência” (v. 2),
nem por adoção, como o podem ser os “filhos”, mas sim “filhos” por
geração. A ordem no grego assinala mais enfaticamente esta corrupção
inata: “Os que em nossa (mesma) natureza éramos filhos da ira”. No v.
5, a “graça” opõe-se à “natureza” mencionada aqui; e a salvação
(entendida-nos vv. 5, 8, “salvos”) opõe-se à “ira”. Veja-se o Artigo IX,
do Livro de Orações Comuns da Igreja da Inglaterra. “O pecado
original, ou de nascimento, não consiste em seguir a Adão, mas sim é a
natureza corrupta de todo homem naturalmente gerado de Adão [Cristo,
entretanto, foi gerado sobrenaturalmente pelo Espírito Santo na
Virgem], pelo qual o homem está longe da justiça original e se inclina ao
mal. Portanto, toda pessoa nascida neste mundo merece a ira e a
condenação de Deus.” Paulo ensina que até os judeus, que se jactavam
de sua descendência de Abraão, eram por nascimento natural igualmente
filhos da ira como os gentios aos quais os judeus desprezavam por causa
de seu nascimento de pais idólatras (Rm_3:9; Rm_5:12-14). “A ira de
Efésios (Jamieson-Fausset-Brown) 24
Deus está sobre” todos os que desobedecem ao evangelho na fé e na
prática (Jo_3:36). A frase “filhos da ira” é um hebraísmo que significa
que somos objeto da ira de Deus desde a infância, em nosso estado
natural, por ter nascido no pecado, o qual Deus aborrece. Assim se
entende também “filho da morte” (Margem, 2Sm_12:5); “filho da
perdição” (Jo_17:12; 2Ts_2:3).
como também os demais — Grego, “como os restantes” da
humanidade o são (1Ts_4:13).
4. Deus, sendo rico em misericórdia — Gr., “sendo rico em
misericórdia”.
por causa do grande amor — “por causa de seu grande amor”.
Este foi o motivo especial para que Deus nos salvasse; assim como o ser
“rico em misericórdia” (comp. v. 7; Ef_1:7; Rm_2:4; Rm_10:12) foi a
base geral. “A misericórdia tira a aflição ocasionada pelo pecado, o
amor confere a salvação”. [Bengel].
5. estando nós mortos em nossos delitos — A melhor leitura no
grego, “mortos em nossas (lit., as) transgressões”.
nos deu vida — Nos “vivificou” espiritualmente, para depois nos
vivificar corporalmente. Deve haver uma ressurreição espiritual da alma,
antes de poder haver uma ressurreição do corpo [Pearson] (Jo_11:25-26;
Rm_8:11).
juntamente com Cristo — Estando sentada a Cabeça, que é Cristo,
à mão direita de Deus, senta-se ali também com Ele o corpo, que somos
nós [Crisóstomo]. Estamos sentados ali nEle (“em Cristo Jesus”, v. 6),
como nossa cabeça, a base de nossa esperança; e mais tarde nos
sentaremos com Ele, porque é Ele quem nos conferiu tal honra, e fez
com que a esperança se transforme na realidade. [Pearson]. O que Deus
operou em Cristo, operou (pelo mesmo fato) em todos os que estão
unidos com Cristo, e são um nEle.
pela graça sois salvos — gr., “Estais no estado de salvos”; não
meramente “estais sendo salvos”, mas sim “passastes que morte a vida”
(Jo_5:24). A salvação do cristão, não é uma coisa que se espera mais
Efésios (Jamieson-Fausset-Brown) 25
tarde, mas sim uma coisa já realizada (1Jo_3:14). A introdução desta
cláusula parentética aqui (v. 8) deve-se a uma explosão do sentir de
Paulo a fim de obter que os efésios sintam que a graça, do começo até o
fim, é a única fonte da salvação: por isso também diz, “vós”, não “nós”.
6. e, juntamente com ele, nos ressuscitou — com Cristo. A
“ressurreição” pressupõe a prévia vivificação de Jesus na tumba, e de
nós no sepulcro de nossos pecados.
e nos fez assentar nos lugares celestiais — com Cristo, em Sua
ascensão. Os crentes têm direito a estar no céu corporalmente.
Virtualmente o estão em espírito, e cada um tem seu próprio lugar
designado, do qual, em tempo devido, tomará possessão (Fp_3:20-21).
Não diz “à mão direita de Deus”; prerrogativa reservada particularmente
para Cristo; embora eles participarão com Ele em Seu trono (Ap_3:21).
com Cristo Jesus — Nossa união com Ele é a base de nossa atual
ressurreição e ascensão espirituais como também da futura ressurreição e
ascensão corporais. “Cristo Jesus”, é o nome geralmente usado nesta
Epístola, porque nela o ofício de Cristo como profeta, sacerdote e rei
ungido, é o pensamento proeminente; quando a Pessoa de Jesus é a ideia
proeminente, usa-se o nome “Jesus Cristo”.
7. para mostrar, nos séculos vindouros, etc. — Gr., “Para que
mostrasse (a voz média reflexiva, indicando ação para seu próprio
interesse, para sua própria gloria, Ef_1:6, 12, 14) nas idades que estão
vindo”, quer dizer, as épocas benditas do evangelho, as quais
substituirão “o curso deste mundo” (v. 2) e as “idades” passadas das
quais estava escondido o mistério (Cl_1:26-27). Estas eras do evangelho,
embora começaram com a primeira pregação do mesmo, e desde então
seguem uma a outra continuamente, não são consumadas enquanto não
vier outra vez o Senhor (comp. Ef_1:21; Hb_6:5). A palavra “vindouros”
não exclui o tempo presente naquele então, mas sim simplesmente dá a
entender as idades que seguiriam àquele tempo em que Cristo
“juntamente com ele nos ressuscitou” em espírito. (v. 6).
em bondade — “benignidade”.
Efésios (Jamieson-Fausset-Brown) 26
em Cristo — Esta mesma expressão é repetida frequentemente,
para fazer notar que todas nossas bênçãos se concentram “nEle”.
8. Porque pela graça sois salvos — Ilustrando “as abundantes
riquezas de sua graça em sua bondade”. Traduza-se como no v. 5, “Sois
salvos”, tempo perfeito, voz passiva, “fostes salvos, e ficam salvos.”
mediante a fé — O efeito do poder da ressurreição de Cristo
(Ef_1:19, 20; Fp_3:10), pelo qual somos “ressuscitados juntamente” com
Ele (v. 6; Cl_2:12). Alguns dos manuscritos mais antigos leem, “por sua
(lit., “a”) fé”. A fé é o instrumento ou o meio da parte da pessoa salva.
Somente Cristo é o agente meritório.
e isto não vem de vós — Quer dizer, o ato de crer, ou “a fé”, não
provém de vós. “De vós” está em oposição com “é dom de Deus”
(Fp_1:29). “O fato de eu ter dito, ‘mediante fé’, não quero que se
entenda como se eu excetuasse a fé da graça”. [Estius]. “Deus justifica o
homem crente, não pelo mérito de sua crença, mas pelo mérito dAquele
em quem crê”. [Hooker]. A iniciação, assim como também o
crescimento da fé, é de parte do Espírito de Deus, não pela proposta
externa da palavra, mas pela iluminação interna na alma. [Pearson].
Entretanto, “a fé” vem pelos meios dos quais o homem tem que valer-se:
“a fé vem pelo ouvir; e o ouvir pela palavra de Deus” (Rm_10:17) e a
oração (Lc_11:13), embora a bênção é completamente da parte de Deus
(1Co_3:6-7).
9. não de obras — Esta cláusula está em contraste com a frase
“pela graça”, como se confirma por Rm_4:4-5; Rm_11:6.
para que ninguém se glorie — (Rm_3:27; Rm_4:2).
10. somos feitura dele — lit., “coisa de seu fazer”. Aqui se refere à
criação espiritual, não à física (vv. 8, 9).
criados — tendo sido criados (Ef_4:24; Sl_102:18; Is_43:21;
2Co_5:5, 2Co_5:17).
para boas obras —As “boas obras” não podem ser feitas, enquanto
não sejamos “criados de novo para” elas. Paulo nunca chama “boas
Efésios (Jamieson-Fausset-Brown) 27
obras” às obras da lei. Não somos salvos por, mas sim criados para boas
obras.
as quais Deus de antemão preparou — Gr., “preparou de
antemão” (comp. Jo_5:36). Deus em Seus propósitos assinala de
antemão as boas obras especiais para cada um, e o tempo e as maneiras
que Ele crê mais convenientes. Por Sua providência prepara as
oportunidades para as obras, e nos prepara para a execução das mesmas
(Jo_15:16; 2Tm_2:21).
para que andássemos nelas — Não para que fôssemos salvos por
elas. As obras não justificam, mas o justificado faz obras (Gl_5:22-25).
11. lembrai-vos de que, outrora, vós — Tal lembrança aprofunda
a gratidão, e fortalece a fé (v. 19). [Bengel].
vós, gentios na carne — Gentios com relação à circuncisão.
chamados incircuncisão — Os gentios eram chamados, por
desprezo, incircuncisão, e o eram; os judeus eram chamados circuncisão,
mas, em verdade, não o eram. [Ellicott].
feita pela mão dos homens (RC) — e como contrária à verdadeira
“circuncisão, a que é do coração, no espírito, não segundo a letra”
(Rm_2:29). “Não por intermédio de mãos, mas no despojamento do
corpo da carne, que é a circuncisão de Cristo” (Cl_2:11).
12. naquele tempo, estáveis sem Cristo — Gr., “separados de
Cristo”; não tendo parte alguma nEle; longe dEle, necessitar-se-ia uma
palavra distinta grega (aneu) para expressar, “Cristo não estava presente
convosco”. [Tittmann].
separados da comunidade de Israel — Gr., “alienados de”. Não
meramente “separados de”. Os judeus foram “cortados” ou excluídos da
“comunidade” de Deus, porque se consideraram justos em si mesmos,
quando eram indolentes e indignos, e não como afastados e estrangeiros.
[Crisóstomo]. A expressão “alienados de” dá a entender que os gentios,
antes de apostatar da fé primitiva, tinham sido participantes da luz e da
vida (comp. Ef_4:18, 23). A esperança da redenção pelo Messias, assim
como sua apostasia subsequente, estava incorporada numa “comunidade”
Efésios (Jamieson-Fausset-Brown) 28
ou comum (gr., “politia”), a “de Israel”, da qual os gentios estavam
alienados. Contraste-se v. 13; Ef_3:6; Ef_4:4, 5, com Sl_147:20.
estranhos às alianças da promessa — A “promessa” definida,
quer dizer, “a ti e a tua descendência darei esta terra” (Rm_9:4; Gl_3:16).
O plural “as alianças”, dá a entender as várias repetições da aliança com
Abraão, com Isaque, com Jacó, e com todo o povo no Sinai. [Alford]. O
termo “promessa” é singular, para significar que a aliança, na realidade e
substancialmente, é uma e a mesma sempre, e é só diferente em seus
acidentes e circunstâncias externas (comp. Hb_1:1, “muitas vezes e em
muitas maneiras”).
não tendo esperança — Para além desta vida (1Co_15:19). As
hipóteses dos filósofos pagãos quanto ao futuro foram vagas e totalmente
inadequadas. Não tinham nenhuma “promessa” divina, e portanto,
nenhum fundamento de “esperança”. Epicuro e Aristóteles não criam em
nenhuma vida futura. Os platonistas criam que a alma passava por
mudanças perpétuas, umas vezes felizes, outras miseráveis. Os estoicos
criam que a vida existiria só até o tempo da consumação de todas as
coisas.
e sem Deus — Gr., “ateus”; quer dizer, que eles não tinham um
“Deus” no sentido em que nós usamos a palavra, o Ser Eterno, quem fez
e governa todas as coisas (comp. At_14:15, “Para que destas coisas vãs
vos convertais ao Deus vivo, que fez o céu, a terra, o mar e tudo o que há
neles”); enquanto que os judeus tinham ideias claras a respeito de Deus e
a imortalidade. Comp. Gl_4:8 : “Não conhecendo a Deus, servíeis a
deuses que, por natureza, não o são” (1Ts_4:5). De modo que todos os
panteístas são ateus, porque um deus impessoal não é deus nenhum, e
uma imortalidade ideal não é imortalidade. [Tholuck].
no mundo — Em contraste com o privilégio de pertencer à
“comunidade de Israel”. Antes tinham sua porção e seu tudo neste
mundo vão e ímpio (Sl_17:14), do qual Cristo liberta o Seu povo
(Jo_15:19; Jo_17:14; Gl_1:4).
13. Mas, agora — em contraste com “naquele tempo” (v. 12).
Efésios (Jamieson-Fausset-Brown) 29
em Cristo Jesus — Aqui se adiciona o nome “Jesus”, enquanto que
na expressão anterior (v, 12) usou-se somente o nome “Cristo”, para
fazer notar que eles conheciam Cristo como o Salvador pessoal, “Jesus”.
vós, que antes — gr., “tempo anterior”.
estáveis longe — Esta era a descrição judaica dos gentios: Longe
de Deus e longe do povo de Deus (v. 17; Is_57:19; At_2:39).
fostes aproximados pelo sangue de Cristo — Gr., “em”. Assim,
“o sangue de Cristo” faz-se o selo de uma aliança na qual consiste sua
aproximação de Deus. Em Ef_1:7, fala-se do sangue mais diretamente
como o instrumento da redenção; é “por meio de seu sangue”. [Alford].
14. ele — Cristo. Gr., “ele mesmo” apenas, preeminentemente, e
nenhum outro. Enfático.
é a nossa paz — Não meramente o “pacificador”, mas sim “ele
mesmo” o preço de nossa paz com Deus (de judeus e de gentios
igualmente) e assim o vínculo de união entre “ambos” em Deus. Ele
tomou a ambos a si, e os reconciliou, quer dizer, uniu-os a Deus, ao
tomar Ele nossa natureza e assumir nossas responsabilidades (v. 15;
Is_9:5-6; Is_53:5; Mq_5:5; Cl_1:20). Seu título “Siló” quer dizer
também “paz” (Gn_49:10).
de ambos fez um; e, tendo derribado a parede da separação que
estava no meio — Gr., “partição” ou “cerca”; quer dizer, a parede
intermédia que separava os judeus dos gentios. Havia uma balaustrada
de pedra que separava o pátio dos gentios do lugar santo (no templo de
Jerusalém), e se um gentio a cruzava, sofria a pena de morte. Mas esta
parede, a qual se refere o apóstolo incidentalmente, não era senão um
símbolo da própria separação, quer dizer, da “inimizade” entre “ambos”
e Deus (v. 15), sendo esta a verdadeira causa da separação de Deus, e a
causa mediata da separação entre judeus e gentios. Por isso houve dupla
parede de separação; a parede interior, que separava o povo judeu da
entrada ao lugar santo do templo onde oficiavam os sacerdotes, e a outra
a parede exterior que evitava que os prosélitos gentios tivessem acesso
ao pátio dos judeus (comp. Ez_44:7; At_21:28). De modo que, esta
Efésios (Jamieson-Fausset-Brown) 30
parede dupla representava a lei sinaítica, que separava todos os homens,
até os judeus, de seu acesso a Deus (pelo pecado, que é a violação da
lei), e também separava os gentios dos judeus. Assim como a palavra
“parede” dá a entender a firmeza da partição; assim o termo “cerca” dá a
entender algo que podia ser facilmente tirado por Deus quando viesse o
tempo propício.
15. na sua carne, desfez a inimizade (RC) — antes, faça do termo
“inimizades” um aposto à frase “parede da separação que estava no
meio” [v. 14, RA]; “tendo derribado a parede da separação que estava no
meio” (entre todos os homens e Deus), quer dizer, “as inimizades
(Rm_8:7) em sua carne” (comp. v. 16; Rm_8:3).
a lei dos mandamentos na forma de ordenanças — Gr., “a lei dos
mandamentos consistente em ritos”. A lei foi a “partição” ou “cerca” que
dava corpo à expressão das “inimizades” (a “ira” de Deus contra nosso
pecado, e nossa inimizade para com Ele, v. 3) (Rm_4:15; Rm_5:20;
Rm_7:10-11; Rm_8:7). Cristo, em, ou por Seu corpo crucificado a aboliu
no que concerne a Seu poder de condenar e criar inimizade (Cl_2:14),
substituindo por ela a lei do amor, que é o espírito eterno da lei e que flui
da realização na alma do crente, do amor de Cristo manifestado em Sua
morte por nós. Traduza o que segue: “Para criar os dois (o judeu e o
gentio) num novo homem”. Não para que pudesse reconciliar meramente
os dois, um com o outro, senão para incorporá-los num novo homem,
tendo sido reconciliados com Deus em Cristo, e tendo morrido,
juntamente com Cristo na cruz o velho homem a quem pertenciam os
dois, e que era inimigo de Deus. Note-se, também, a expressão UM
homem novo. Perante Deus, todos somos um em Cristo, assim como
somos um em Adão. [Alford].
fazendo a paz — Primeiro, entre todos os homens e Deus, em
segundo lugar, entre os judeus e os gentios; visto que Ele é “nossa paz”.
Esta “pacificação” acontece antes da publicação da mesma (v. 17).
16. e reconciliasse ambos ... por intermédio da cruz, etc. —
Traduza-se: “E reconciliar a ambos num corpo (a igreja, Cl_3:15) com
Efésios (Jamieson-Fausset-Brown) 31
Deus, pela cruz”. A palavra grega para “reconciliar” (apocatalaxe),
achada unicamente aqui e em Cl_1:20, expressa não só voltar alguém ao
favor de outro (catalage), mas sim deixar de lado a inimizade de tal
modo que segue a completa amizade; quer dizer, passando da inimizade
à completa reconciliação. [Tittmann].
destruindo por ela — “em” ou “pela cruz”, quer dizer, sua
crucificação (Cl_2:15).
a inimizade — A qual tinha existido entre o homem e Deus, e
também aquela que existia entre o judeu e o gentio, a qual tinha
resultado da primeira. Cristo com Sua morte matou a inimizade (comp.
Hb_2:14).
17. E, vindo, evangelizou paz — “Vindo anunciou boas novas de
paz”. “Vindo”, de Seu próprio amor espontâneo, “anunciou paz” com
sua própria boca aos apóstolos (Lc_24:36; Jo_20:19, Jo_20:21,
Jo_20:26); e por meio destes a outros, mediante Seu Espírito presente em
Sua igreja (Jo_14:18). At_26:23, é estritamente paralelo. Depois de Sua
ressurreição, “anunciou a paz ao povo” (“aos que estavam perto”) e aos
gentios” (“a vós outros que estáveis longe”) por Seu Espírito que
habitava em Seus ministros (comp. 1Pe_3:19).
e paz também aos que, etc. — Os manuscritos mais antigos
inserem “paz” outra vez: “E paz aos que”. A repetição dá a entender a
alegria que experimentariam a cada momento ao pensar que reinava
entre eles a “paz”. Assim Is_57:19.
18. porque, por ele, ambos temos acesso ao Pai — Traduza-se:
“Porque é por ele (Jo_14:6; Hb_10:19) que temos (judeus e gentios)
nossa entrada (Ef_3:12; Rm_5:2), em (quer dizer, unidos em, ou por,
1Co_12:13, grego) um Espírito ao Pai”, quer dizer, como nosso Pai
comum, reconciliado com ambos igualmente; pelo qual foi tirada toda
separação entre judeu e gentio. À unidade do “Espírito”, pelo qual temos
ambos acesso ao Pai, necessariamente segue a unidade do corpo, a igreja
(v. 16). A distinção das pessoas que formam a divina Trindade aparece
neste versículo. Este versículo está contra a teoria de que os sacerdotes
Efésios (Jamieson-Fausset-Brown) 32
profissionais no evangelho são o único meio pelo qual o povo pode
achegar-se a Deus. Todos igualmente, povo e ministros, podem achegar-
se a Deus por meio de Cristo, seu Sacerdote que vive para sempre.
19. Assim, já não sois estrangeiros — antes, “transeuntes”, termo
contrário a “membros de família”; assim como a palavra “estrangeiros”
está oposta a “concidadãos”. Veja-se em Fp_3:19-20, a palavra
“moradia”, grego, “cidadania”.
mas — Os manuscritos mais antigos acrescentam, “são”.
concidadãos dos santos — Na “comunidade de Israel” (espiritual)
(v. 12).
e sois da família de Deus — Aqui se menciona o Pai; Jesus Cristo
aparece no v. 20, e o Espírito no v. 22.
20. edificados sobre o fundamento — comp. 1Co_3:11-12. A
mesma figura de um edifício usou o apóstolo em Ef_3:18, em seu
discurso perante os anciãos de Éfeso (At_20:32) e em sua Epístola a
Timóteo em Éfeso (1Tm_3:15; 2Tm_2:19). Naturalmente esta figura foi
sugerida pela arquitetura esplêndida do templo de Diana; a glória do
templo cristão é eterna e real, não mera ostentação idolátrica. A imagem
de um templo espiritual é apropriada aos cristãos judeus; assim como o
templo em Jerusalém foi a fortaleza do judaísmo; e o de Diana o era do
paganismo.
dos apóstolos — Quer dizer, “sois edificados sobre seu ministério e
vivo exemplo” (veja-se Mt_16:18). O próprio Cristo, o único
fundamento verdadeiro, foi o grande tema do ministério dos apóstolos e
a fonte de sua vida.
e profetas — Como se fossem um com Paulo e seus colaboradores,
a eles também, num sentido secundário, os chama “fundamento”
(Ap_21:14). Os “profetas” estão unidos aos apóstolos intimamente;
porque a expressão aqui não diz: “fundamentos dos apóstolos e dos
profetas”, mas sim: “fundamentos dos apóstolos e profetas”. Porque a
doutrina de ambos foi essencialmente uma (1Pe_1:10-11; Ap_19:10). Os
apóstolos tomam a precedência (Lc_10:24). Assim que, corretamente,
Efésios (Jamieson-Fausset-Brown) 33
Paulo mostra consideração para com as pretensões dos judeus e os
gentios: representando “os profetas” a velha dispensação judaica, e “os
apóstolos” a nova. Aqui se incluem também os “profetas” da nova
dispensação. Bengel e Alford referem o sentido só a estes últimos
(Ef_3:5; Ef_4:11). Estas passagens dão a entender, parece-me, que os
profetas do Novo Testamento não são excluídos; mas a clara referência
do apóstolo ao Sl_118:22, “a principal pedra, angular”, evidencia que os
profetas do Antigo Testamento estão aqui implicados em especialidade.
Davi é chamado “profeta” em At_2:30. Compare-se também Is_28:16.
Este é outro profeta que vem à mente de Paulo, e cuja profecia se apoia
numa anterior de Jacó (Gn_49:24). O sentido do contexto também
convém a isto: Uma vez fostes estrangeiros da comunidade de Israel (no
tempo dos profetas do Antigo Testamento), mas agora sois membros do
verdadeiro Israel, edificados sobre o fundamento dos apóstolos do Novo
Testamento e os profetas do Antigo. Paulo continuamente identifica seu
ensino com o dos velhos profetas de Israel (At_26:22; At_28:23).
sendo ele mesmo, Cristo Jesus, a pedra angular — As pedras
valiosas e fundamentais do templo (1Rs_5:17) tipificavam a mesma
verdade (veja-se Jr_51:26). A mesma pedra é ao mesmo tempo a pedra
angular e a pedra fundamental sobre a qual descansa todo o edifício.
Paulo supõe uma pedra ou rocha tão grande e disposta de tal forma que
pudesse ser as duas coisas ao mesmo tempo: que suportasse tudo, como
o fundamento, e em parte se levantasse das extremidades para permitir
que as paredes do lado se encontrassem com ela, e fossem unidas à pedra
angular. [Zanchius]. Assim como a pedra angular é conspícua, assim o é
Cristo (1Pe_2:6). Sobressalente no caminho pode fazer tropeçar a
alguém, assim como os judeus tropeçavam em Cristo (Mat_21:42;
1Pe_2:7).
21. no qual — como mantendo unido o todo.
todo o edifício, bem ajustado — ajustada cada parte em seu lugar.
cresce — continuamente. Aqui se adiciona à figura um pensamento
adicional: a igreja cresce como um organismo vivo, e não como um
Efésios (Jamieson-Fausset-Brown) 34
mero edifício. Veja-se 1Pe_2:5 : “Vós também, como pedras vivas, sois
edificados casa espiritual”. Vejam-se Ef_4:16; Zc_6:12 : “O homem cujo
nome é Renovo ... edificará o templo do Senhor”, onde as duas ideias do
crescimento de um ramo e da edificação de um templo, estão unidas.
para santuário dedicado ao Senhor — por ser a “habitação de
Deus” (v. 22). Assim “no Senhor” (Cristo) corresponde a “no Espírito”
(v. 22; comp. Ef_3:16, 17). “Cristo é a Cabeça de todo o edifício, e o
elemento no qual tem sua existência e agora seu crescimento” [Alford].
22. no qual também vós juntamente estais sendo edificados —
Traduza-se, “Estais sendo edificados”.
para habitação de Deus no Espírito — Deus, por meio de Seu
Espírito habita nos crentes, (1Co_3:16-17; 1Co_6:19; 2Co_6:16).
Efésios (Jamieson-Fausset-Brown) 35
Efésios 3

Vv. 1-21. A função apostólica de Paulo de fazer conhecer o


mistério de Cristo que foi revelado pelo Espírito. Oração para que eles,
pelo mesmo Espírito, possam compreender o grande amor de Cristo.
Doxologia com que termina esta divisão da epístola.
Assim como o primeiro capítulo tratou do ofício do Pai; e o
segundo, do Filho; assim este trata do ofício do Espírito.
1. Por esta causa eu, Paulo, sou o prisioneiro de Cristo Jesus —
O ofício de Cristo é o pensamento proeminente nesta ordem de palavras;
a pessoa de Jesus foi no anterior. Aqui assinala Paulo a dignidade do
Messias, Cristo, como a causa pela qual está “preso”, devido ao ciúme
dos judeus de que ele pregasse o Messias entre os gentios. Suas próprias
prisões são proveitosas para (“a favor de vós”) os gentios (v. 13;
2Tm_2:10). Depois de dizer “por esta causa”, o apóstolo faz uma
digressão, e não termina a ideia que pensava expor até chegar ao v. 14.
onde reassume o pensamento com as mesmas palavras “por esta causa”,
quer dizer: Porque conheço vossa chamada da parte de Deus, como
gentios (Ef_2:11-22), a ser “co-herdeiros” com os judeus (v. 6), “dobro
meus joelhos ao Pai de nosso Salvador comum (vv. 14, 15), para que Ele
vos confirme na fé por Seu Espírito. “Eu, Paulo” expressa o agente
empregado pelo Espírito para iluminá-los, depois que ele mesmo tinha
sido iluminado pelo mesmo Espírito (vv. 3-5, 9).
2. se é que tendes ouvido — O grego não pressupõe dúvida:
“Supondo (o que eu sei que é verdade) que ouvistes”; etc. O modo
indicativo no grego indica que não se supõe dúvida: “Vendo que sem
dúvida”, etc. Por meio desta frase, o apóstolo delicadamente os lembra
que tinham ouvido dele, e provavelmente de outros, o fato. Veja-se a
Introdução, onde se mostra que estas palavras não contradizem o ter sido
dirigida esta Epístola aos Efésios. Comp. At_20:17-24.
Efésios (Jamieson-Fausset-Brown) 36
dispensação da graça de Deus — “A obrigação de dispor, como
mordomo, a graça de Deus que foi (não “é”) dada para vós”, quer dizer,
para vos dispensar a vós.
3. segundo uma revelação, me foi dado conhecer o mistério —
Quer dizer, o mistério da admissão dos gentios aos privilégios do
evangelho (v. 6; Ef_1:9; Gl_1:12).
conforme escrevi há pouco — nesta mesma Epístola (Ef_1:9, 10),
cujas palavras repete em parte.
4. pelo que, quando ledes, podeis compreender o meu
discernimento — Podeis “ver meu entendimento” [Alford] neste
“mistério” revelado por Cristo. O termo “ledes” dá a entender que, por
profundos que sejam os mistérios desta Epístola, podem chegar a
entendê-los ao ler a mesma (2Tm_3:15-16). Quando entenderem o
conhecimento que Paulo tem destes mistérios, eles também estarão
capacitados a entendê-los.
do mistério de Cristo — O “mistério” é o próprio Cristo, antes
escondido, mas agora revelado (Cl_1:27).
5. em outras gerações — Gr., “outras gerações”.
o qual … não foi dado a conhecer — Não diz: “Não foi revelado.”
O fazer conhecer Paulo por revelação é a base de fazer conhecer, pela
pregação. [Bengel]. Aquela era concedida só aos profetas, para que eles
pudessem fazer conhecer a verdade revelada aos homens em geral.
aos filhos dos homens — Homens em seu estado natural, em
contraste com os que são iluminados “pelo Espírito” (gr., “no Espírito”,
comp. Ap_1:10; Mt_16:17).
como, agora, foi revelado aos seus santos apóstolos e profetas —
O mistério da chamada dos gentios (do qual fala Paulo aqui) não era
desconhecido aos profetas do Antigo Testamento (Is_56:6-7; Is_49:6);
mas não o conheciam com a mesma clareza explícita “como” se deu a
conhecer agora (At_10:19-20; At_11:18-21). Eles provavelmente não
sabiam que os gentios seriam admitidos sem circuncisão, ou que
estariam num mesmo nível com os judeus em participar da graça de
Efésios (Jamieson-Fausset-Brown) 37
Deus. O dom do “Espírito”, em sua plenitude foi reservado para o Novo
Testamento, para que Cristo fosse glorificado nisso. O epíteto “santos”
assinala a consagração especial dos “profetas” ou apóstolos do Novo
Testamento (aos quais se faz referência especialmente) pelo Espírito,
comparados com os quais até os profetas do Antigo Testamento não
eram senão “filhos dos homens” (Ez_2:3, e em outras partes).
6. que os gentios são co-herdeiros, etc. — Traduza-se: “Que os
gentios são feitos herdeiros e membros juntamente do mesmo corpo, e
participantes juntamente da (assim os manuscritos mais antigos, e não de
“sua”) promessa, em Cristo Jesus (“Jesus” agregado nos manuscritos
mais antigos) pelo evangelho”. É “em Cristo Jesus” em quem eles são
feitos “co-herdeiros” da herança de Deus; formando parte “do mesmo
corpo” sob a mesma Cabeça, Cristo Jesus; e sendo “co-participantes da
promessa” na comunhão do Espírito Santo (Ef_1:13; Hb_6:4). Assim,
faz-se alusão à Trindade, como com frequência em outras partes desta
Epístola (Ef_ 2:19, 20, 22).
7. do qual — “do qual” evangelho.
fui constituído ministro conforme o dom da graça — “segundo o
dom”, em consequência de, e de acordo com, “o dom da graça de Deus”.
a mim concedida — “O dom da graça” que foi dado segundo a
operação (gr., “energia”, ou “operação”) de seu poder”.
8. A mim — Não só que eu o fosse em tempos passados, mas
também ainda sou o menos digno de tão alto posto (comp. 1Tm_1:15,
até o fim.).
o menor de todos os santos — Não meramente “de todos os
apóstolos” (1Co_15:9-10).
me foi dada esta graça de pregar aos gentios o evangelho —
“Entre” é omitido nos manuscritos mais antigos. Traduza-se: “de
anunciar aos gentios as boas notícias das inescrutáveis (Jó_5:9)
riquezas”, etc., quer dizer, da graça de Cristo (Ef_1:7; 2:7). Rm_11:33,
“inescrutáveis” como uma mina inesgotável, cujos tesouros nunca
poderão ser totalmente explorados (vv. 18, 19).
Efésios (Jamieson-Fausset-Brown) 38
9. e demonstrar a todos (RC) — Gr., “iluminar a todos” (Ef_1:18;
Sl_18:28; Hb_6:4). “Todos” (comp. Cl_1:28).
a dispensação — ou “economia” segundo os manuscritos mais
antigos (comp. Cl_1:25-26; e Nota, Ef_1:10, vamos). “E de fazer ver a
todos como pareceu bem a Deus neste tempo dispensar (por meio de
mim e outros de Seus mordomos) o que até agora foi um mistério”.
Ellicott traduz por “dispensação”, “o acerto” ou “a regulação”
do mistério — Quer dizer, a união de judeus e gentios em Cristo;
mistério cuja origem foi esboçado e reconhecido como existente no
conselho de Deus, e agora foi revelado aos poderes celestiais por meio
da igreja.
desde os séculos — Gr., “desde (o começo de) as idades” comp.
Ef_1:4; Rm_16:25; 1Co_2:7. As “idades” são longos espaços de tempo
marcados pelas sucessivas etapas da criação e as diferentes categorias de
seres.
em Deus — “oculto em” Seus conselhos (Ef_1:9).
que criou todas as coisas — A criação do mundo, e de todas as
coisas que há nele, efetuada por Deus, é o fundamento do que resta da
dispensação outorgada livremente pelo poder universal de Deus.
[Bengel]. Como Deus criou todas as coisas que existem, tanto físicas
como espirituais, Ele tem direito absoluto para pôr em ordem todas as
coisas segundo Ele quiser. Assim entendemos que Deus tinha o direito
de guardar o mistério da salvação em Cristo “escondido em si mesmo”,
até o tempo que Ele cresse propício para o revelar.
10. para que, pela igreja — Quer dizer, “por meio de”, ou “através
da igreja, que é o cenário para a manifestação da multiforme sabedoria
de Deus (Lc_15:10; 1Co_4:9): somos feitos “espetáculo” (gr., “teatro”)
aos anjos”. Por isso os anjos não são senão nossos “conservos”
(Ap_19:10).
a multiforme sabedoria de Deus — Embora fosse essencialmente
um o desígnio de Deus em dar a Paulo a graça de proclamar aos gentios
o mistério da salvação até agora oculto, variava com relação a lugares,
Efésios (Jamieson-Fausset-Brown) 39
tempos e pessoas (Is_55:8-9; Hb_1:1). Comp. 1Pe_4:10 : “dispensadores
da multiforme graça de Deus”. O homem não pode entender bem os atos
isolados da graça, enquanto não os veja como um todo vinculado
(1Co_13:12). A chamada da igreja não é um remédio acidental, ou
expediente tardio, mas sim parte do plano eterno que, embora
manifestado de diferentes maneiras é um em seu propósito.
se torne conhecida, agora — Agora pela primeira vez, como
contrário a ocultos “em outras gerações” (v. 5).
dos principados e — o grego acrescenta “as”
potestades nos céus — As distintas ordens de anjos bons primeiro,
os quais habitam “nos lugares celestiais” mais elevados; e notificada a
eles para sua alegria reverente (1Tm_3:16; 1Pe_1:12). Em segundo
lugar, a sabedoria de Deus na redenção é notificada aos anjos maus, que
vivem “nos lugares celestiais” mais baixos, por exemplo, o ar (comp.
Ef_2:2 com Ef_6:12), “notificada”, dizemos, para espanto deles
(1Co_15:24; Cl_2:15).
11. segundo o eterno propósito que estabeleceu em Cristo — que
“operou em Cristo”
12. Traduza-se: “No qual temos nossa segurança e nosso acesso
(Ef_2:18), em confiança, por nossa fé nEle”. Alford cita como um caso,
Rm_8:38, etc. “O acesso” (grego) dá a entender a introdução formal à
presença de um monarca.
13. “Peço-lhes que não vos desanimeis”.
nas minhas tribulações por vós — a vosso favor.
pois nisso está a vossa glória — Porque elas demonstram que
Deus vos amou tanto, que deu o Seu Filho por vós, permitiu que Seus
apóstolos sofressem “tribulações” por vós [Crisóstomo] ao pregar o
evangelho aos gentios. Nota, v. 1, “prisioneiro … por vós os gentios”.
Minhas tribulações são vossa “glória” espiritual, visto que vossa fé é
promovida por elas (1Co_4:10).
Efésios (Jamieson-Fausset-Brown) 40
14. Por esta causa — Aqui o apóstolo reata o tema que iniciou no
v. 1: “Por esta causa”. Porque vós tendes tal reputação na igreja de Deus.
[Alford].
me ponho de joelhos — Esta atitude corresponde à oração
humilde. A postura do corpo afeta a mente, e por isso tem sua
importância. Veja-se a atitude assumida por Paulo, At_20:36; e pelo
próprio Senhor aqui na terra (Lc_22:41).
perante o Pai de nosso Senhor Jesus Cristo (RC) — Os
manuscritos mais antigos omitem “de nosso Senhor Jesus Cristo”; mas a
Vulgata e algumas autoridades muito antigas o retêm. A expressão “do
qual”, no v. 15, em todo caso refere-se ao “Pai” (Patera), assim como
“parentela” (pátria, semelhante em som e etimologia) claramente refere-
se a Ele. Entretanto, o fundamento de toda filiação está em Jesus Cristo.
15. toda família — Alford, Middleton, etc., traduzem “cada
família”, fazendo referência às várias famílias que se supõe existam nos
céus e na terra (Theophylact, Aecumenius, in Suicer, 2.633), e supondo
que o apóstolo dá a entender que Deus, em Sua relação conosco, Seus
filhos adotivos, é o grande protótipo das relações paternais onde quer
que se encontrem. Mas a ideia de que “os santos anjos estão unidos em
famílias ou confraternidades espirituais”, não se insinua em outro lugar
das Escrituras. E At_2:36, onde se omite o artigo definido como aqui, e
entretanto a tradução é, “Toda a casa de Israel”, ensina que no grego do
Novo Testamento é justificável a tradução “toda a família”, ou “a família
inteira”; o que concorda com as ideias escriturárias de que os anjos e os
homens, os santos militantes e os que estão com Deus, são uma família
santa unida sob o Pai, em Cristo, o mediador entre o céu e a terra
(Ef_1:10; Fp_2:10). Por isso os anjos se chamam nossos “irmãos”
(Ap_19:10), e “filhos de Deus” por criação, como o somos nós por
adoção (Jó_38:7). A igreja é parte da grande família, ou reino, que
compreende, além dos homens, o mundo espiritual superior, onde o
protótipo das relações familiares já foi realizado, e à realização do qual
os redimidos agora se inclinam. A ideia universal do “reino” de Deus
Efésios (Jamieson-Fausset-Brown) 41
como uma comunidade divina, é-nos apresentada na oração modelo. Por
causa do pecado, os homens foram apartados não só de Deus, mas
também daquele mundo espiritual superior no qual o reino de Deus já é
uma realidade. Assim como Cristo ao reconciliar os homens com Deus
os unia mutuamente numa comunidade divina (unidos a Ele, a única
Cabeça), derrubando a parede de divisão entre judeus e gentios
(Ef_2:14), assim também os unia em comunhão com todos aqueles que
já tinham alcançado aquela perfeição no reino de Deus, ao qual a igreja
na terra está aspirando (Cl_1:20). [Neander].
toma o nome — Deriva sua origem e seu nome como filhos de
Deus. Ser nomeado e ser são uma mesma coisa com Deus. Portar o nome
de Deus é pertencer a Deus como Seu próprio povo peculiar (Nm_6:27;
Is_43:7; Is_44:5; Rm_9:25-26).
16. para que, segundo a riqueza da sua glória, vos conceda que
sejais fortalecidos — quer dizer, em abundância consonante com as
riquezas de sua glória; não “conforme à estreiteza de nosso coração.
Veja-se Cl_1:11 : “Corroborados de toda fortaleza, conforme à potência
de sua glória”.
no — em grego dá a entender “fundido em”.
homem interior — (Ef_4:22, 24; 1Pe_3:4): “o homem interior do
coração.” Não se afirma isto dos incrédulos cujos homem interior e o
exterior são carnais. Mas nos crentes, o “homem interior (novo)”, seu
verdadeiro ser, está em contraste com seu velho homem, que está aderido
a eles como um corpo de morte, o qual é mortificado diariamente, mas
não é este seu verdadeiro ser.
mediante o seu Espírito — gr., “através de”, “por meio de seu
Espírito”.
17. e, assim — De modo que.
habite Cristo — Faça sua morada continuamente (Jo_14:23). Onde
está o Espírito, ali está Cristo (Jo_14:16, Jo_14:18).
no vosso coração, pela fé — grego, “por meio de”, ou “através da
fé”, a qual abre a porta do coração a Jesus (Jo_3:20). Não basta que Ele
Efésios (Jamieson-Fausset-Brown) 42
esteja na língua, nem que esteja no cérebro; o coração é Seu assento
próprio [Calvino]. “Arraigados e fundados em amor” (veja-se v. 19), no
grego está unido com esta cláusula, e não com a seguinte: “para que …
“possam bem compreender”. “Arraigados” é uma figura tomada de uma
árvore; “fundados” (“tendo seus fundamentos apoiados sobre”), é
tomada de um edifício (comp. Nota, Ef_2:20, 21; Cl_1:23; Cl_2:7).
Comp. Mt_13:6, Mt_13:21. O “amor”, que é o primeiro fruto do Espírito
o qual flui do amor de Cristo realizado na alma, devia ser a base sobre a
qual se deveria apoiar sua ulterior compreensão de toda a imensidão do
amor de Cristo.
18. a fim de poderdes compreender — ainda mais adiante. Gr.,
“Possais plenamente”.
qual é a largura, e o comprimento, e a altura, e a profundidade
— Quer dizer, as dimensões completas do templo espiritual, que
corresponde à “plenitude de Deus” (v. 19), e ao qual a igreja, segundo
sua capacidade, deveria corresponder (comp. Ef_4:10, 13) como com “a
plenitude de Cristo”. A “largura” dá a entender o amor de Cristo, largo
como o mundo que abrange a todos os homens; o “comprimento”, que se
estende por todas as idades (v. 21); a “profundidade”, sua sabedoria
profunda, a qual não pode sondar nenhuma criatura (Rm_11:33); a
“altura”, que está fora do alcance de algum inimigo que queira nos privar
dele (Ef_4:8). [Bengel]. Eu prefiro entender a “largura”, etc. como
referindo-se ao todo do imenso mistério da salvação livre em Cristo que
inclui a todos, judeus e gentios igualmente, do qual ele tinha estado
falando (vv. 3-9), e do qual ele agora está orando por que eles tenham
uma compreensão mais completa. Como subsidiário a isto, e como a
parte mais essencial, acrescenta: “e conhecer o amor de Cristo” (v. 19).
Grocio entende que a profundidade e a altura se referem à bondade de
Deus que nos levanta da profundidade mais baixa à elevação mais alta.
19. e conhecer o amor de Cristo, que excede todo entendimento
— Quer dizer, que supera, sobrepuja. O paradoxo “conhecer … que
excede todo entendimento”, dá a entender que quando ele diz “conhecer”,
Efésios (Jamieson-Fausset-Brown) 43
não quer dizer que possamos conhecer adequadamente; tudo o que
sabemos é, que Seu amor ultrapassa grandemente a nosso conhecimento
dEle, e não obstante nosso aumento de conhecimento depois desta vida,
ainda o amor os excederá, assim como o poder de Deus excede a nossos
pensamentos daquele poder (v. 20).
para que sejais tomados de toda a plenitude de Deus — antes,
como o grego, “cheios até alcançar toda a plenitude de Deus” (esta é a
grande meta); cheios cada um segundo sua capacidade, da sabedoria,
conhecimento e amor divinos; cheios mesmo assim como Deus está
cheio, e assim como Cristo, quem habita em vosso coração, tem
“corporalmente toda a plenitude da divindade” (Cl_2:9).
20. àquele que é poderoso para fazer infinitamente mais do que
tudo — Contrastado conosco e nossas necessidades. Traduza-se: “Que é
poderoso sobre todas as coisas (porque é sobre todas as coisas) para
fazer muito mais abundantemente sobre o que pedimos ou (até)
pensamos”: o pensamento abrange ainda mais que as orações. A palavra
“sobre” ocorre três vezes mais com frequência nos escritos de Paulo que
em todos os outros livros do Novo Testamento, o que manifesta a cálida
exuberância do espírito de Paulo.
conforme o seu poder que opera em nós — O Espírito que habita
em nosso espírito (Rm_8:26). Ele apela à experiência deles e dele.
21. a ele seja a glória — Traduza-se: “A ele seja a glória (quer
dizer, toda a glória da preciosa dispensação da salvação da qual se acaba
de falar) na igreja (como o campo para a manifestação da glória, v. 10)
em Cristo Jesus (como Aquele em quem se concentra toda a glória,
Zc_6:13), a todas as gerações de idades eternas”, lit., “da idade das
idades”. Concebe-se que a eternidade está composta de “idades” (as
quais por sua vez se compõem de “gerações”) que se sucedem umas a
outras sem ter fim.
Efésios (Jamieson-Fausset-Brown) 44
Efésios 4

Vv. 1-32. Exortações a cumprir os deveres cristãos resultantes de


nossos privilégios cristãos. Estamos unidos num corpo, embora sejamos
diferentes segundo as graças dadas aos distintos membros, para que
cheguemos a ser um homem perfeito em Cristo.
1. Rogo-vos, pois, eu, o prisioneiro no Senhor, que andeis de
modo digno — Traduza-se segundo a ordem grega: “Rogo-vos, pois
(vendo que tal é vossa vocação de graça, Efésios 1 a 3), eu, o prisioneiro
no Senhor” (quer dizer, encarcerado pela causa do Senhor). O que o
mundo considerava como um opróbrio, ele o considera como a mais alta
honra, e se gloria nas suas prisões por causa do Senhor, mais que um rei
em seu diadema. [Teodoreto]. Suas prisões também são um argumento
que daria mais valor à sua exortação.
de modo digno da vocação — Traduza-se, “chamada” para que
concorde, como o grego, com “chamados” (v. 4; Ef_1:18; Rm_8:28,
Rm_8:30). Cl_3:15 igualmente baseia os deveres cristãos em nossa
“chamada”. As exortações desta parte da Epístola se apoiam na alegria
consciente dos privilégios mencionados na parte anterior. Comp.
Ef_4:32 com Ef_1:7; 5:1 com Ef_1:5; Ef_4:30 com Ef_1:13; 5:15 com
Ef_1:8.
2, 3. com toda humildade — No grego clássico, o sentido desta
palavra é baixeza de espírito; o evangelho a elevou para expressar uma
graça cristã, quer dizer, a de nos estimar a nós mesmos pequenos, visto
que o somos; o pensar com verdade, e portanto humildemente, de nós
mesmos. [Trench].
e mansidão — Aquele espírito no qual aceitamos as disposições de
Deus com relação a nós, sem disputar e sem resistir, e no qual aceitamos
pacientemente os males que nos fazem os homens, pensando que são
permitidos por Deus para o castigo e a purificação de Seu povo
(2Sm_16:11; comp. Gl_6:1; 2Tm_2:25; Tt_3:2). Só o coração humilde e
submisso pode ser também manso. (Cl_3:12). Assim como a “humildade
Efésios (Jamieson-Fausset-Brown) 45
e a mansidão” correspondem à ideia de “nos suportar uns aos outros em
amor” (comp. “amor”, vv. 15, 16), assim a “paciência” corresponde a (v.
4) ser “solícitos (grego, “zelosamente diligentes”) para guardar a unidade
do Espírito (a unidade entre os homens de temperamentos diferentes, a
qual provém da presença do Espírito, quem é por sua vez “um”, v. 4) em
(unidos em) o “vínculo da paz” (o “vínculo” pelo qual a “paz” é mantida,
quer dizer, o “amor”, Cl_3:14-15 [Bengel]; ou, pode ser que a paz
mesma seja o “vínculo” indicado aqui, que une os membros da igreja
[Alford]).
4. um corpo, e um Espírito — No credo apostólico o artigo a
respeito da igreja corretamente segue ao do Espírito Santo. À Trindade
naturalmente une-se a igreja, como a casa a seu habitante, a Deus seu
templo, o estado a seu fundador. [Agostinho, Enchiridion ad
Laurentium, cap. 15]. Haverá uma igreja, não só potencial mas também
realmente católica ou universal; então a igreja e o mundo serão
coextensivos. Roma cai num erro inextricável ao colocar a um mero
homem como cabeça visível, antecipando aquela consumação que
Cristo, a verdadeira Cabeça visível, tem que realizar primeiro em sua
vinda. Assim como o “Espírito” é mencionado aqui, também se
menciona ao Senhor” (Jesus), v. 5, e ao “Deus e Pai”, v. 6. Assim
apresenta-se novamente a Trindade.
como também fostes chamados numa só esperança — Aqui é
associada com “o Espírito”, que é “o penhor de nossa herança” (Ef_1:13,
14). Assim como se menciona “a fé”, v. 5, assim também mencionam-se
aqui “a esperança” e “o amor”, v. 2. O Espírito Santo, como o superior
princípio comum da vida (Ef_2:18, 22), dá à igreja sua verdadeira
unidade. A uniformidade exterior é agora inexequível; mas, começando
por ter uma mente, terminaremos enfim por ter “um corpo”. O
verdadeiro “corpo” de Cristo (todos os crentes de todos os séculos) é
“um”, e está unido a uma mesma Cabeça. Mas ainda sua unidade não é
visível assim como a Cabeça não é visível; mas a unidade será revelada
quando Cristo aparecer (Jo_17:21-23; Cl_3:4). Enquanto isso, a regra é:
Efésios (Jamieson-Fausset-Brown) 46
“Em coisas essenciais, a unidade; em questões duvidosas, a liberdade;
em todas as coisas, a caridade”. A verdade é a coisa de primeira
importância: os que chegam à verdade, finalmente chegarão à unidade,
porque a verdade é uma. Os que buscam a unidade como a coisa de
primeira importância, poderão comprá-la sacrificando a própria alma.
da vossa vocação — De nossa “chamada” resulta “a esperança”,
sendo ela o elemento “no” qual estamos “chamados”, a viver. Em lugar
de classes privilegiadas, como o eram os judeus sob a lei, os judeus e
gentios desfrutariam de uma unidade de dispensação. A espiritualidade,
universalidade e unidade foram designadas para caracterizar a igreja; e
assim será no fim (Is_2:2-4; Is_11:9, Is_11:13; Sf_3:9; Zc_14:9).
5. um só Senhor, uma só fé, um só batismo — Similarmente, “a
fé” e “o batismo” estão unidos em Mc_16:16; Cl_2:12; comp.
1Co_12:13. A “fé” aqui não é o que cremos, mas sim o ato de crer, o
meio pelo qual nos agarramos do Senhor. O “batismo” se especifica aqui
como a ordenança pela qual somos incorporados em “um corpo”. Não a
Ceia do Senhor, pois esta ordenança é um ato de comunhão da parte dos
já incorporados, é “símbolo de união, não de unidade.” [Ellicott]. Em
1Co_10:17, onde uma ruptura da união aparecia, a ceia formava um
ponto de reunião. [Alford]. Não se acrescenta: “Um papa, um concílio,
uma forma de governo”. A igreja é uma em unidade de fé (v. 5; Jd_1:3);
unidade de origem (Ef_2:19-21); unidade de ordenanças (v. 5;
1Co_10:17; 1Co_12:13); unidade de “esperança” (v. 4; Tt_1:2);
unidade de amor (v. 3); unidade (não uniformidade) de disciplina e
governo; porque onde não há ordem, não há ministério com Cristo como
Cabeça, quer dizer, não há igreja. [Pearson, Credo, Artigo 9].
6. um só Deus e Pai de todos, o qual é sobre todos — O Deus que
é sobre tudo (em Sua soberania e por Sua graça), é a grande fonte e
culminação da unidade (cap. 2:19).
age por meio de todos — Deus, por meio de Cristo, “é quem
cumpre todas as coisas” (v. 10; Ef_2:20, 21), e quem tem feito
“propiciação” para todos os homens (1Jo_2:2).
Efésios (Jamieson-Fausset-Brown) 47
e está em todos — Os manuscritos mais antigos omitem a palavra
“vós”. Muitas das versões mais antigas e “pais” e manuscritos antigos,
leem “em todos nós”. Seja lido ou não o pronome, deve ser subentendido
(quer seja “vós”, v. 4, ou “nós”. v. 7); porque em outras partes da
Escritura se manifesta que o Espírito não está “em todos os homens”,
mas sim só nos crentes (Rm_8:9, Rm_8:14). Deus é “Pai” tanto por
“geração” (como Criador) como por regeneração (Ef_2:10; Tg_1:17-18;
1Jo_5:7).
7. e a graça foi concedida a cada um — Embora sejamos “um”
em nossa relação comum com “um Senhor, uma fé, etc., e um Deus”,
entretanto, “cada um de nós” tem destinado para si seu próprio dom que
deve ser usado para o bem de todos: nenhum foi descuidado por Deus;
não se pode dispensar nenhum para a edificação da igreja (v. 12). Este é
um motivo para a unidade (v. 3). Traduza-se: “A cada um de nós foi
dada a graça (a que foi outorgada por Cristo em sua ascensão, v. 8).
segundo a proporção — a quantidade
do dom de Cristo — (Rm_12:3, Rm_12:6).
8. Por isso — “Por cuja razão”, quer dizer, a fim de intimar que
Cristo, a Cabeça da igreja, é o autor de todos estes diferentes dons, e que
o dá-los é um ato de sua “graça”. [Estius].
diz — Deus diz isto em Sua palavra que é a Escritura (Sl_68:18).
Quando ele subiu às alturas — Deus é a pessoa indicada no
Salmo, quem é representado pela arca, a qual foi trazida em triunfo por
Davi a Jerusalém, depois que o SENHOR lhe deu “descanso de todos os
seus inimigos” (2 Samuel 6; 2Sm_7:1; 1 Crônicas 15). Paulo cita este
fato como referindo-se a Cristo que subiu ao céu, e quem é, portanto,
Deus.
levou cativo o cativeiro — Quer dizer, um bando de cativos. No
Salmo trata-se dos inimigos que foram feitos cativos por Davi. Estes
inimigos tipificam os inimigos de Cristo, o Filho de Davi: o diabo, a
morte, a maldição e o pecado (Cl_2:15; 2Pe_2:4), que são levados, como
indo em procissão triunfal como sinal da destruição do inimigo.
Efésios (Jamieson-Fausset-Brown) 48
concedeu dons aos homens — No Salmo diz-se: “recebeste dons
para os homens” [Sl_68:18, RC], hebraico, “entre os homens”, quer
dizer, “Recebeste dons para repartir entre os homens”; assim como o
conquistador reparte, em sinal de seu triunfo, os despojos do inimigo
como presentes entre Seu povo. A partilha dos dons e graças do Espírito
dependia da ascensão de Cristo (Jo_7:39; Jo_14:12). Paulo detém-se
totalmente no meio versículo, e não cita: “Para que o Senhor Deus habite
no meio deles”. Embora isto, na realidade, cumpre-se em parte no fato de
que os crentes são a “morada de Deus em Espírito” (Ef_2:22). Mas o
Salmo (v. 16) refere-se a que “o Senhor habitará em Sião para sempre”.
A ascensão de Cristo entre anjos acompanhantes, a qual tem seu
contraparte em Seu segundo advento entre “milhares de anjos” (v. 17),
acompanhado pela restauração de Israel (v. 22), a destruição dos
inimigos de Deus, a ressurreição dos mortos (vv. 20, 21, 23), e a
conversão dos reinos deste mundo ao Senhor, em Jerusalém (vv. 29-34).
9. que quer dizer subiu, etc. — Paulo raciocina que já Cristo é
Deus; Sua ascensão dá a entender uma descida prévia; e que a
linguagem do Salmo pode referir-se somente a Cristo, quem primeiro
desceu, e depois ascendeu, porque Deus o Pai não desce nem ascende.
Entretanto, o Salmo claramente se refere a Deus (vv. 8, 17, 18). Deve
ser, pois, Deus o Filho (Jo_6:33, Jo_6:62). Cristo mesmo declara
(Jo_3:13): “Ninguém subiu ao céu, senão o que desceu do céu”. Outros,
embora não desceram previamente, ascenderam; mas a ninguém senão a
Cristo pode referir-se o Salmo, porque é de Deus de quem se fala.
também havia descido às regiões inferiores da terra — A
antítese ou contraste com a frase “sobre todos os céus”, é o argumento de
Alford, etc., para demonstrar que a frase quer dizer algo mais que
simplesmente a terra, quer dizer, as regiões debaixo dela, assim como
ascendeu não simplesmente aos céus visíveis, mas sim “em cima deles.
Além disso, seu propósito de “encher todas as coisas” (v. 10, grego,
“todo o universo de coisas”), poderá dar a entender o mesmo. Mas veja-
se a Nota sobre estas palavras. Também o levar “cativo” um “bando
Efésios (Jamieson-Fausset-Brown) 49
cativos” (“cativeiro”) de poderes satânicos, pode dar a entender que o
combate se realizou até na mesma habitação deles (Sl_63:9). Cristo,
como Senhor de tudo, tomou posse primeiro da terra e o mundo invisível
debaixo dela (alguns opinam que a região dos perdidos está nas partes
centrais de nossa esfera), e logo dos céus (At_2:27-28). Entretanto, tudo
o que sabemos certamente é que sua alma na morte desceu ao Hades,
quer dizer, experimentou a condição usual dos espíritos dos homens ao
morrer. O levar cativos os poderes satânicos, não se diz que tenha sido
em Sua descida, mas em Sua ascensão; de modo que não se pode tirar
disto um argumento que comprove Sua descida às moradas de Satanás.
At_2:27-28, e Rm_10:7, favorecem a opinião de que a referência é só à
Sua descida ao Hades. Assim Pearson sobre O Credo (Fp_2:10).
10. subiu acima de todos os céus — (Hb_7:26; Hb_4:14). Grego,
“atravessou os céus” até o próprio trono de Deus.
para encher todas as coisas — “para encher todas as coisas” (em
grego a ação continua até o tempo presente). Para encher tudo com Sua
divina presença e Espírito, não com Seu corpo glorificado. “Cristo, como
Deus, está presente em todas as partes; como homem glorificado, pode
estar presente em qualquer parte.” [Ellicott].
11. ele mesmo concedeu — O grego é enfático: “ele mesmo”, por
Seu poder supremo, “ele é quem deu”, etc.
uns para apóstolos — Traduza-se: “… uns para ser apóstolos, e
outros para ser profetas”, etc. Os homens que ocupavam os cargos, assim
como os cargos em si, eram dons de Deus. [Eadie]. Os ministros não se
deram a si mesmos. Compare-se esta lista com 1Co_12:10, 1Co_12:28.
Assim como os apóstolos, profetas e evangelistas eram ministros
especiais e extraordinários, assim os “pastores e doutores” (mestres)
eram os ministros comuns e fixos de um rebanho em particular,
incluindo, provavelmente os bispos, presbíteros e diáconos. Os
evangelistas eram pregadores itinerantes, assim como o são nossos
missionários e como foi Filipe o diácono (At_21:8). São diferentes dos
“pastores e mestres” fixos (2Tm_4:5). O evangelista fundava a igreja; o
Efésios (Jamieson-Fausset-Brown) 50
doutor (mestre) edificava-a na fé já recebida. O “pastor” tinha o governo
e direção da igreja; o mesmo obreiro chamava-se também “bispo”.
Quanto à revelação, o evangelista testificava infalivelmente referente ao
passado; o “profeta”, infalivelmente, referente ao futuro. O profeta
recebia tudo do Espírito; o evangelista, no caso especial dos Quatro,
lembrava fatos concretos, perceptíveis aos sentidos, sob a direção do
Espírito. Nenhuma forma única de governo eclesiástico como
permanentemente imutável está estabelecida no Novo Testamento,
embora a ordem apostólica de bispos, ou presbíteros, e diáconos, dirigido
por superintendentes superiores (chamados bispos depois dos tempos
apostólicos), tem a melhor sanção para crer que esta era o uso primitivo.
No caso dos judeus, um modelo fixo de hierarquia e cerimonialismo
ligava ao povo inalteravelmente, o qual era minuciosamente detalhado
na lei. No Novo Testamento, a ausência de direções minuciosas para o
governo e cerimônias da igreja indica que não se projetava nenhum
modelo fixo; a regra geral quanto a cerimônias é obrigatória: “Faça-se
tudo decentemente e com ordem” (veja-se Artigo 34, Igreja da
Inglaterra); e que fosse provida uma sucessão de ministros, não
chamados por si mesmos, mas sim “chamados a obra por homens que
tenham autoridade pública dada a eles na congregação, para chamar e
enviar ministros à vinha do Senhor” (Artigo 23). Que os “pastores” aqui
eram os bispos e presbíteros da igreja, é evidente por At_20:28; 1Pe_5:1-
2, onde se diz que a função dos bispos e presbíteros era a de
“apascentar” o rebanho. A palavra “pastor” usa-se para indicar a direção
e governo e não meramente a instrução, pelo qual se aplica aos reis,
antes que aos profetas e sacerdotes (Ez_34:23; Jr_23:4). Vejam-se os
nomes de príncipes que estão compostos com o termo farnas, que no
hebraico quer dizer “pastor”: Holofernes, Tissafernes (veja-se Is_44:28).
12. com vistas ao — tendo em vista o; o objeto final.
aperfeiçoamento dos santos — A palavra grega dá a entender
correção de tudo o que seja deficiente, instruindo e completando em
número e em todas suas partas.
Efésios (Jamieson-Fausset-Brown) 51
para — A palavra grega é diferente e significa o objeto imediato.
Veja-se Rm_15:2 : “Cada um … agrade ao seu próximo visando o que é
bom para edificação”.
a obra do ministério (RC) — Grego, “de ministração”, sem o
artigo. A função do ministério apresenta-se neste versículo. O bem
proposto com relação à igreja (v. 13). A maneira de crescimento (vv. 14,
15, 16).
para a edificação do corpo — como o templo do Espírito Santo.
13. Até que todos cheguemos — ou “alcancemos”. Alford
expressa a ordem grega: “Até que cheguemos todos nós”.
à unidade da fé e do pleno conhecimento do Filho de Deus —
Alcançaremos a plena unidade da fé, quando todos conheçamos
perfeitamente a Cristo, o objeto da fé, em sua dignidade mais alta como
“o Filho de Deus” [De Wette] (Ef_3:17, 19; 2Pe_1:5). Até Paulo não
fazia ideia de “ter alcançado” (Fp_3:12-14). Entre a variedade de dons e
a multidão de membros da igreja, a “fé” dos crentes deve ser UMA; em
contraste com o estado de “meninos, agitados de um lado para outro e
levados ao redor por todo vento de doutrina” (v. 14).
à perfeita varonilidade — até chegar a ser um “homem adulto”
(1Co_2:6; Fp_3:15; Hb_5:14); até obter a maturidade de adulto; em
contraste com o estado de meninos (v. 14). Não “homens perfeitos”;
porque os muitos membros não constituem senão uma igreja unida ao
Cristo único.
à medida, etc. — A norma da “estatura” espiritual é a “plenitude de
Cristo”, quer dizer, a que Cristo possui (Ef_1:23; Ef_3:19; comp.
Gl_4:19); para que o corpo seja digno da Cabeça, o Cristo perfeito.
14. para que não mais sejamos como meninos — Traduza-se, “A
fim de que …” etc. O propósito da apresentação dos dons se expressa
aqui negativamente, assim como no v. 13 se expressa positivamente.
agitados de um lado para outro — interiormente, até sem vento;
como as ondas do mar. Assim o grego. Comp. Tg_1:6.
Efésios (Jamieson-Fausset-Brown) 52
por todo vento de doutrina — Os diferentes ensinos são os
“ventos” que os levam de um lugar para outro num mar de dúvidas
(Hb_13:9; Mt_11:7).
pela — Grego, “em”. Quer dizer “a atmosfera ímpia na qual as
diferentes correntes de doutrina exercem sua força.” [Ellicott].
artimanha — lit., “jogo de dados”. O jogador dirige seu tiro de
modo que saiam os números que melhor lhe convenham.
dos homens — Em contraste com a expressão “com Cristo” (v. 13).
pela astúcia com que induzem ao erro — Traduza-se: “astúcia
quanto ao sistema metodizado do empenho” (“os ardis do erro”)
[Alford]. Bengel entende o termo “engano” ou “erro”, como que se
refere ao “pai do erro”, Satanás (comp. Ef_6:11); com relação à sua
maneira oculta de agir.
15. Mas, seguindo a verdade — ou “mantendo a verdade”; palavra
contrária a “erro” ou “engano” (v. 14).
em amor — A “verdade” nunca deve ser sacrificada ao amor;
entretanto, deve ser mantida, ou praticada, em amor. A verdade em
palavra e em obra; o amor em maneira e em espírito, são a regra do
cristão (comp. vv. 21, 24).
cresçamos — do estado de “meninos” ao de “homens adultos”. Há
crescimento só nos espiritualmente vivos, não nos mortos.
naquele — para ser incorporados cada vez mais nEle, e dever ser
um com Ele.
que é a cabeça — (Ef_1:22).
16. (Cl_2:19).
de quem todo o corpo, bem ajustado — sendo aptamente
“reunido”, como em Ef_2:21: estando todas as partes em sua posição
própria, e em relação mútua.
e consolidado — Dando a entender firme consolidação.
pelo auxílio de toda junta — Grego, “Por meio de toda juntura de
abastecimento”; unido gramaticalmente à frase que segue: “toma
aumento de corpo”, não com “ligado”. “Por toda junta ministrante.” As
Efésios (Jamieson-Fausset-Brown) 53
juntas são os pontos de união de onde o abastecimento de alimento passa
aos diferentes membros, provendo ao corpo os materiais para seu
crescimento.
segundo a justa cooperação — (Ef_1:19; 3:7). Segundo a eficaz
operação da graça em cada membro (ou, se não, antes, “segundo a
operação de cada um dos membros”), em proporção à medida de sua
falta de alimento.
cada parte — grego, “cada parte”; cada parte individual.
efetua o seu próprio aumento — traduza-se: “opera o crescimento
do corpo”, usando a mesma palavra raiz de “cresçamos” do v. 15.
17. Isto, portanto, digo — Tomando de novo a exortação que tinha
começado comigo, pois, rogo”, etc. (v. 1).
e no Senhor testifico — em quem (como nosso elemento) fazemos
todas as coisas relacionadas com o ministério (1Ts_4:1 [Alford]:
Rm_9:1).
que não mais andeis — “não por mais tempo”; “que já não” (v.
14).
como também andam os gentios — grego, “outros gentios”.
na vaidade, etc. — como seu elemento; contrário a “no Senhor”.
“Vaidade dos seus próprios pensamentos” é o esbanjamento dos poderes
racionais em objetos indignos, dos quais a idolatria é um dos exemplos
mais evidentes. A raiz dela é o afastamento do conhecimento do
verdadeiro Deus (vv. 18, 19; Rm_1:21; 1Ts_4:5).
18. sendo obscurecidos no seu entendimento (TB) — Mais lit.,
“Estando entrevados em seu entendimento”; quer dizer, sua inteligência,
ou percepção (comp. Ef_5:8; At_26:18; 1Ts_5:4-5).
alheios — antes, “alienados”. Estes dois termos: “alienados” e
“entrevados”, dão a entender que antes da queda eles na pessoa de seu
primeiro pai, tinham sido participantes da vida e da luz; mas se tinham
rebelado da revelação primitiva (comp. Ef_2:12).
à vida de Deus — Aquela vida pela qual Deus vive em Seu próprio
povo; assim como Ele era a vida e a luz em Adão, antes da irrupção da
Efésios (Jamieson-Fausset-Brown) 54
morte e as trevas na natureza humana; e assim como Ele é a vida nos
regenerados (Gl_2:20). “A vida espiritual dos crentes é acesa pela
própria vida de Deus”. [Bengel].
por causa da ignorância — gr., “por causa da ignorância”, quer
dizer, referente a Deus. Ignorância voluntária, em primeiro lugar, assim
como a seus pais “não lhes pareceu bem ter em conta a Deus”. Este é o
ponto de começo de sua miséria (At_17:30; Rm_1:21, Rm_1:23,
Rm_1:28; 1Pe_1:14).
pela — “por causa de”.
dureza do seu coração — Assim como a pele se endurece até não
ser sensível ao tato, também a alma se endurece até ser insensível.
(Mc_3:5). Onde há vida espiritual (“a vida de Deus”), ali há sentimento;
onde ela não existe, há “dureza”.
19. tendo-se tornado insensíveis — antes, depois de ser “feitos
insensíveis”; sem vergonha, sem esperança: o resultado final de um
longo processo de “endurecimento”, ou seja, a prática habitual do pecado
(v. 18). “Tendo perdido a esperança”, ou tendo chegado ao desespero, é
a leitura da Vulgata, embora não tão apoiada como nossa versão, “tendo-
se tornado insensíveis”, que inclui a ausência da esperança (Jr_2:25;
Jr_18:12).
se entregaram — Em Rm_1:24, lemos que “Deus os entregou à
imundície”. O fato de que “eles se entregassem”, foi castigado da mesma
maneira. Deus os entregou ao pecado, retirando-lhes Sua graça
impeditiva; seu próprio pecado foi feito seu castigo. Eles se entregaram
espontaneamente à escravidão de sua sensualidade, para aproveitar todo
o prazer que ela oferece, como cativos que deixaram que lutar com o
inimigo. Deus os entregou ao pecado mas não contra o desejo deles;
porque eles se entregaram ao pecado primeiro. [Zanquio].
à dissolução — “lascívia”, “impudicícia”. Rm_13:13,
“desonestidade”; 2Pe_2:18, “dissoluções”. A palavra não inclui
necessariamente a lascívia; mas quer dizer prontidão desenfreada para
ela e para toda indulgência de si mesmos. “Os próprios começos da
Efésios (Jamieson-Fausset-Brown) 55
impudicícia”. [Grocio]. “Insolência desordenada e capricho dissoluto.”
[Trench].
para, com avidez, cometerem — Grego, “com voracidade”. A
impureza e a voracidade, ou cobiça de lucro, costumam a ir lado a lado
(Ef_5:3, 5; Cl_3:5); embora “voracidade” aqui inclui todo tipo de cobiça
egoísta.
toda sorte de impureza — O grego dá a entender “com objetivo
deliberado de agir (como se fosse seu trabalho ou ocupação, não uma
caída acidental no pecado) impureza de toda sorte”.
20. não foi assim que aprendestes a Cristo — (Fp_3:10).
Conhecer o próprio Cristo é a grande lição da vida cristã, a qual
começaram a aprender os efésios em sua conversão. “Cristo”, com
referência a seu ofício, especifica-se aqui como o objeto de
aprendizagem. No versículo seguinte faz-se referência a “Jesus” como
pessoa.
21. se é que, de fato — Aqui não se insinuar dúvida: supondo o que
não tenho motivo para duvidar … etc.
o tendes ouvido — O “o” é enfático: ouvido a Ele mesmo, não
meramente ouvido a respeito dEle.
e nele fostes instruídos — Grego, “ensinados nele”, estando em
união vital com Ele (Rm_16:7).
segundo é a verdade em Jesus — Traduza-se em conexão com
“ensinados”; “E nele fostes ensinados visto que há verdade em Jesus.”
Aqui não temos o artigo definido no original. “Verdade” usa-se, pois, no
sentido mais compreensivo, a verdade em sua ausência, e suma
perfeição, em Jesus; “assim como a verdade está nEle, assim fostes
ensinados nEle”; em contraste com “a vaidade no sentido” dos gentios
(v. 17; comp. Jo_1:14, Jo_1:17; Jo_18:37). Comp. Jo_8:44.
22. vos despojeis — Quer dizer, “fostes ensinados a que deixem”
(v. 21).
velho homem — sua natureza antes da conversão (Rm_6:9).
Efésios (Jamieson-Fausset-Brown) 56
que se corrompe segundo as concupiscências do engano —
antes, “que se está corrompendo” (“parece”, comp. Gl_6:8, “corrupção”,
quer dizer, destruição) conforme a (como poderia esperar-se de) “as
concupiscências do engano”. “Apetites enganosos”, J. J. de la Torre. O
“engano” (“erro”) é personificado; e os “desejos”, ou concupiscências,
são seus servidores e instrumentos. Em contraste com a “santidade da
verdade”, v. 24, e “a verdade em Jesus”, v. 21; e correspondendo à
“vaidade” dos gentios (v. 17). A corrupção e a destruição estão
intimamente associadas. Os desejos da velha natureza do homem são
seus verdugos, preparando-o cada vez mais para a corrupção e a morte
eternas.
23. e vos renoveis — A palavra grega (ananιousthai) dá a entender
“a contínua renovação da juventude no homem novo”. Uma palavra
diferente (anakaνnousthai) quer dizer “renovação do estado velho”.
no espírito do vosso entendimento — Como no original grego não
se acha a palavra grega “em”, como sim a há no v. 17, “na vaidade de
seu sentido”, é melhor traduzir aqui, “pelo espírito de vossa mente”, quer
dizer, por nossa natureza espiritual nova; o princípio capital restaurado e
divinamente inspirado da mente. O termo “espírito” do homem usa-se no
Novo Testamento em seu sentido próprio, como digno de seu lugar e
funções diretrizes, quando é um espírito com o Senhor. O homem
natural, ou animal, descreve-se como “não tendo o Espírito” (Jd_1:19).
[Alford]. “O espírito do homem,” neste sentido, não se atribui ao homem
não regenerado (1Ts_5:23).
24. e vos revistais do novo homem — Contrário ao “velho
homem” que deve ser “tirado” (v. 22). A palavra grega aqui (kainon) é
diferente da do v. 23, “renovado.” Vestir-se não meramente de uma
natureza renovada, mas sim de uma nova, totalmente diferente, uma
natureza mudada (comp. Cl_3:10, Nota).
criado segundo Deus, etc. — Traduza-se: “Que foi criado (uma
vez para sempre: pois este é o sentido do tempo aoristo grego: em Cristo,
Ef_2:10; de modo que cada crente não tem que ser criado outra vez, mas
Efésios (Jamieson-Fausset-Brown) 57
sim vestido) conforme a (a imagem de) Deus” (Gn_1:27; Cl_3:10;
1Pe_1:15), etc. A imagem de Deus na qual o primeiro Adão foi criado
originalmente, é restaurada em nós muito mais gloriosa no segundo
Adão, a imagem do Deus invisível (2Co_4:4; Cl_1:15; Hb_1:3).
em justiça — como o elemento do homem renovado.
e santidade da verdade (TB) — Santidade resultante do sincero
seguimento da “verdade de Deus” (Rm_1:25; Rm_3:7; Rm_15:8);
oposto a seguir “os desejos de erro”, ou engano (grego, v. 22); comp.
também v. 21, “verdade em Jesus”. “A justiça” é com relação a nossos
semelhantes, a segunda tábua da Lei; “a santidade”, em nossa relação
com Deus, é a primeira tábua da lei; as observâncias religiosas dos
ofícios de piedade (comp. Lc_1:75). Na passagem paralela (Cl_3:10) é
“renovado em conhecimento segundo a imagem daquele que o criou”,
etc. Assim como em Colossos o perigo provinha dos falsos pretendentes
ao conhecimento, e se insiste no verdadeiro “conhecimento” que provém
da renovação do coração; assim em Éfeso, como o perigo provinha da
corrupção de costumes reinantes, faz-se proeminente a renovação em
“santidade” em contraste com a impureza dos gentios (v. 19), e “a
justiça” em contraste com a “lascívia”.
25. Por isso — Do caráter geral do “novo homem”, resultarão
necessariamente os rasgos particulares que agora se detalham.
deixando a mentira, fale cada um a verdade — lit., “Tendo tirado
de vós a mentira”, particípio da voz média, do tempo aoristo, que indica
ação passada, feita uma vez e não mais. “Mentira” significa “falsidade”;
no abstrato. “Fale cada um a verdade com o seu próximo”, é citado de
Zc_8:16. Para “com” Paulo significa a conexão interna de uns com os
como “membros uns dos outros”. [Stier]. Não meramente como
membros de um corpo, mas em união mútua em Cristo, a qual,
instintivamente, e não meramente como um mandado externo, leva os
crentes a cumprir seus deveres mútuos. Um membro não pode danificar
ou enganar a outro sem danificar-se a si mesmo, pois todos têm um
interesse comum e mútuo.
Efésios (Jamieson-Fausset-Brown) 58
26. Irai-vos e não pequeis — Assim a LXX do Sl_4:4. Se
surgissem circunstâncias que provocassem a ira da parte de vós, que seja
como a “ira” de Cristo (Mc_3:5), sem pecado. Nossos sentimentos
naturais não são incorretos quando são para alcançar objetivos legítimos,
e não excedem os próprios limites. Assim como na ressurreição literal
futura, assim na atual ressurreição espiritual não se aniquila nenhum
elemento essencial nosso, mas sim só aquilo que seja uma perversão do
modelo original. De modo que a indignação motivada por alguma
desonra feita a Deus, ou algum mal feito ao homem, é ira justificável. A
paixão é pecaminosa (derivada de “passio”, sofrimento; dando a
entender que apesar de que demonstra energia, o homem é na realidade
passivo, pois é escravo de sua ira, em lugar de dominá-la).
não se ponha o sol sobre a vossa ira — A “ira” é absolutamente
proibida; não assim a “ira”, a qual, assim como o veneno que se usa
algumas vezes como medicina, deve ser usada com grandes precauções.
O sentido desta sentença não é que vossa ira não vos seja imputada se a
rejeitais antes que venha a noite; mas sim “não permitais que nenhuma
ira (quer dizer, como o grego, “ira” pessoal, ou “exasperação”) mescle-
se em sua “ira”, mesmo quando esta seja justa.” [Trench, Synonyms].
“Apartem antes do pôr-do-sol” (quando começa o dia judeu), é
proverbial por separá-lo imediatamente antes que comece outro dia
(Dt_24:15); também antes de vos separar do irmão para passar a noite,
talvez para nunca vos encontrar outra vez neste mundo. Assim opina
Jona: “Não permitais que a noite e a ira contra alguém durmam
convosco, mas ide e reconciliai-vos com a outra pessoa, embora ele seja
quem cometeu a primeira ofensa.” Não permitais que sua “irritação”,
pela maldade de outro, chegue a tornar-se em ódio ou desprezo ou
vingança. [Vatablo].
27. nem deis lugar ao diabo — Quer dizer, nem deis ocasião, ou
espaço, ao diabo, continuando com sua “ira”. Guardar a ira durante a
escuridão da noite, é dar lugar ao diabo, o príncipe das trevas (Ef_6:12).
Efésios (Jamieson-Fausset-Brown) 59
28. Aquele que furtava não furte mais — Grego, “aquele que
furta”, particípio de tempo presente, embora a ideia poderia incluir o
pretérito imperfeito. “O ladrão não furte mais”. Os salteadores
frequentavam as montanhas nas cercanias de Éfeso. O termo “ladrões”
no Novo Testamento, denota a pessoas desta classe.
antes — Não basta o deixar de pecar, mas sim o pecador tem que
entrar em uma vereda que é totalmente oposta. [Crisóstomo]. O ladrão,
quando se arrependesse, deveria trabalhar mais do que lhe
corresponderia em caso de nunca ter roubado.
trabalhe — O furto e a ociosidade acompanham um ao outro.
operando … o que é bom — em contraste com o furto, que era o
mal que ele fazia em sua condição anterior.
com as próprias mãos — em contraste com o uso anterior delas
como ladrão.
para que tenha com que acudir — Aquele que foi ladrão, ao
arrepender-se deveria exercer a liberalidade para além do que ele tirou de
outros. Os cristãos em geral não devem fazer do lucro egoísta o objetivo
de sua empresa honesta, mas sim a aquisição dos bens que sejam de
maior utilidade para seus semelhantes, e o estar independentes da
caridade de outros. Paulo mesmo punha em prática. (At_20:35; 2Ts_3:8)
o que ensinava (1Ts_4:11).
29. nenhuma palavra torpe, etc. — Lit., “insípida”, sem “o sal da
graça” (Cl_4:6). Palavra indigna que logo deve ser corrupta; inclui
“conversa tola” (Ef_5:4, TB). Contrária a “que é boa para edificação”.
e sim unicamente a que for boa para edificação — Lit. “para
edificação da necessidade”, quer dizer, para edificação onde é preciso.
Oportunamente edificante: conforme o requeiram a ocasião e as
necessidades atuais dos ouvintes; umas vezes será palavra de censura,
outras de consolo. Até as palavras boas em si devem ser apresentadas
oportunamente, para que não resultem por nossa falta daninhas em lugar
de úteis. Explica Trench: “Não generalidades vagas, que conviriam
igualmente bem a milhares de casos, e provavelmente, igualmente mal:
Efésios (Jamieson-Fausset-Brown) 60
nossas palavras devem ser como pregos colocados em lugar seguro,
palavras convenientes no tempo presente e à pessoa indicada, e que
sejam para “edificação, conforme a necessidade” (Cf. Cl_4:6).
e, assim, transmita graça — A palavra falada dá “graça aos que
ouvem” quando Deus a usa como seu instrumento para aquele fim.
30. não entristeçais o Espírito — Uma condescendência à maneira
de pensar humana, muito comovedora. Comp. “contristaram o seu
Espírito Santo” (Is_63:10; Sl_78:40); “me provocaste” (Ez_16:43 :
dando a entender Seu tenro amor por nós); e com referência aos
incrédulos endurecidos, “resistem sempre ao Espírito Santo” (At_7:51).
Este versículo refere-se aos crentes, que entristecem o Espírito ao
praticar inconsequências como as que se mencionam no contexto, quer
dizer, a conversação corrupta e inútil.
no qual fostes selados — Assim como em Ef_1:13, diz-se que os
crentes têm que ser selados “em” Cristo, assim aqui é dito que estão
selados “no Espírito Santo”, quem é um com Cristo, e quem revela a
Cristo na alma: o grego dá a entender que o ato de selar já foi feito de
uma vez para sempre. É o Pai “por” quem os crentes, como também o
próprio Filho, foram selados (Jo_6:27). O próprio Espírito é representado
como o selo (Ef_1:13, veja-se a Nota com relação à figura empregada).
Aqui o Espírito é o elemento no qual é selado o crente, sendo Sua
influência benévola o próprio selo.
para o dia da redenção — Sendo guardados salvos até o dia da
redenção, quer dizer, até o dia do aperfeiçoamento da redenção, no
livramento do corpo, tanto como da alma, de todo pecado e tristeza
(Ef_1:14; Lc_21:28; Rm_8:23).
31. toda amargura — Tanto de espírito como de palavras; oposta
ao termo “bondade”.
e cólera — paixão por um tempo; oposto a “benignos”. Daí que
Bengel traduz em vez de “cólera”, aspereza.
e ira — Quer dizer, ressentimento permanente: oposto a “lhes
perdoando uns aos outros”.
Efésios (Jamieson-Fausset-Brown) 61
gritaria, etc. — Termo comparado por Crisóstomo com um cavalo
que porta ira contra seu cavaleiro. “A amargura” gera “cólera”; “a
cólera”, “ira”; “a ira” “gritaria”, e a “gritaria”, “maledicência”, calúnia,
insinuações e conjeturas que geram o mal. A “malícia” é a raiz secreta de
todo mal. “Os fogos que são alimentados por dentro, e não se
manifestam aos que passam por fora, são os que causam mais danos.”
[Crisóstomo].
32. sede uns para com os outros benignos, etc. — (Lc_7:42;
Cl_3:12).
perdoando-vos … como também Deus ... vos perdoou — Deus se
mostrou “benigno, misericordioso e perdoador para convosco”; não é
mais que justo que vós por sua vez o sejais para com vossos
semelhantes, que não têm pecado contra vós em tal grau como vós
errastes contra Deus (Mt_18:33).
em Cristo — (2Co_5:19). É Deus em Cristo, quem nos concede
perdão. O ato de nos perdoar custou a Deus a morte de Seu Filho. Não
nos custa nada perdoar a nossos semelhantes. Deus perdoou o pecado em
Cristo uma vez para sempre, e isto deve ser como um fato histórico
passado.
Efésios (Jamieson-Fausset-Brown) 62
Efésios 5

Vv. 1-33. Exortações ao amor; e contra os desejos e procedimentos


carnais. Circunspeção na conduta: redimindo o tempo; sendo cheios do
Espírito; cantando ao Senhor com agradecimento. O dever da esposa
para com o marido se apoia no dever da igreja para com Cristo.
1. Sede, pois — Visto que “Deus vos perdoou em Cristo”
(Ef_4:32).
imitadores de Deus — com relação ao “amor” (v. 2): o caráter
essencial de Deus (1Jo_4:16).
como filhos amados — ao qual se refere o v. 2, “Como Cristo nos
amou” (1Jo_4:19). “Somos filhos dos homens, quando praticamos o mal;
filhos de Deus, quando praticamos o bem”. [Agostinho, Salmo 52].
Comp. Mt_5:44-45, Mt_5:48. A filiação traz como resultado
necessariamente, a imitação, sendo vão supor o título de filho sem uma
semelhança com o Pai. [Pearson].
2. e — Em prova de que são filhos de Deus.
andai em amor — Continuando Ef_4:1, “que andeis como é digno
da vocação”, etc.
como também Cristo nos amou — Do amor do Pai passa ao amor
do Filho, em quem Deus manifesta mais meigamente Seu amor para
conosco.
e se entregou a si mesmo por nós — “se entregou (à morte,
Gl_2:20) por nós”, quer dizer, a favor de nós: aqui não é substituição
vicária, embora se dê a entender indiretamente que Se entregou “em
nosso lugar”. O ofertante e a oferta são a mesma pessoa (Jo_15:13;
Rm_5:8).
oferta e sacrifício a Deus — “Oferta” expressa geralmente o ato da
parte de Cristo de apresentar-se a Si mesmo ao Pai, como o
Representante que defenderia a causa de toda a nossa raça caída
(Sl_40:6-8). Neste ato incluía Sua vida de obediência; embora não
excluísse o oferecimento de Seu corpo por nós (Hb_10:10). O termo
Efésios (Jamieson-Fausset-Brown) 63
“oferta”, no sentido mais limitado, refere-se a uma oferta sem sangre. O
termo “sacrifício” refere-se a sua morte por nós exclusivamente. Aqui
está apresentado Cristo, com referência ao Sl_40:6 (chamado outra vez
em Hb_10:5), como a pessoa de quem todas as ofertas da lei, sejam com
sangue ou sem sangre, sejam eucarísticas ou propiciatórias eram o tipo.
em aroma suave — Quer dizer, Deus Se agrada da oferta de
acordo com a suavidade de seu aroma, e assim Se reconcilia conosco
(Ef_1:6; Mt_3:17; 2Co_5:18-19; Hb_10:6-17). O unguento composto de
especiarias principais, derramado sobre a cabeça de Arão, corresponde à
variedade de graças pelas quais Ele foi capacitado a “oferecer sacrifícios
de aroma suave”. Outro tipo, ou profecia em figura, foi o “aroma de
suavidade” (aroma de descanso, Margem) que Deus percebeu no
sacrifício devotado por Noé (Gn_8:21). E assim como Cristo é oferta de
aroma suave, assim também o são os crentes (1Jo_4:17) e os ministros.
Paulo diz: “somos para com Deus o bom perfume de Cristo” (2Co_2:15).
3. Mas a impudicícia ... ou cobiça nem sequer se nomeiem —
Vejam-se os vv. 4 e 12. Os termos “imundície” e “avareza” são tomados
de Ef_4:19. Os dois estão tão intimamente unidos que a palavra grega
para “avareza” (pleonexna) usa-se frequentemente nas Escrituras e nos
“pais” gregos, para denotar pecados de impureza. O princípio comum é o
anelo de satisfazer os desejos carnais com objetos materiais que estão
fora de Deus. A expressão “nem sequer se nomeiem”, aplica-se melhor à
impureza que à “avareza”.
4. nem conversação torpe — Grego, “estupidez” em toda forma,
quer seja por meio de gestos ou por palavras obscenas.
nem palavras vãs — Quer dizer, conversa de tolos, que é
insensatez e até pecado. A palavra grega para “palavras vãs” e
“chocarrices” não ocorre em outra parte do Novo Testamento.
ou chocarrices — Grego, “eutrapelia”, palavra não achada em
outra parte do Novo Testamento; que quer dizer estritamente veleidade,
ou aptidão que se muda e se adapta, sem questão de princípios, às
circunstâncias do momento, e às disposições inconstantes das pessoas
Efésios (Jamieson-Fausset-Brown) 64
com aqueles que trato. Não palhaçada grosseira, mas sim bate-papo ou
zombaria fútil, pela qual Éfeso era célebre (Plautus, A Boastful Soldier,
3.1, 42-52), e que, longe de ser censurada, era e é considerada pelo
mundo como um cumprimento prazenteiro. Em Cl_3:8, “torpes
palavras” se referem ao imundo; aqui “estultícias”, ao fútil delas; e
“chocarrice”, ao falso refinamento do discurso não temperado com o sal
da graça. [Trench].
coisas essas inconvenientes — indecentes, que não convêm “aos
santos” (v. 3).
antes, pelo contrário, ações de graças — feliz jogo de sons em
grego, eucaristia em contraste com eutrapelia. O bate-papo refinado e a
zombaria sutil às vezes ofendem os sentimentos tenros da graça. As
“ações de graças” comunicam aquele bom humor aos crentes, o qual os
mundanos tentam conseguir por meio de bate-papos levianos (vv. 19, 20;
Tg_5:13).
5. Sabei, pois, isto — Os manuscritos mais antigos dizem: “Disto
estais seguros, sabendo”.
que nenhum … avarento, que é idólatra — (Cl_3:5). A melhor
versão se traduziria: “nenhum avarento”, que quer dizer o mesmo que
idólatra: Paulo tinha deixado tudo por Cristo (2Co_6:10; 2Co_11:27). A
avareza é o culto rendido à criatura em lugar do Criador, a traição mais
alta contra o Rei dos reis (1Sm_15:23; Mt_6:24; Fp_3:19; 1Jo_2:15).
tem herança no reino — O tempo presente do verbo dá a entender
a firmeza da exclusão dos idólatras, baseada nas verdades eternas do
reino. [Alford].
de Cristo e de Deus — antes, “de Cristo e Deus” visto que um
artigo grego aplica-se aos dois, dando a entender a perfeita unidade, a
que é consequente somente com a doutrina de que Cristo é Deus
(2Ts_1:12; 1Tm_5:21; 1Tm_6:13).
6. Ninguém vos engane com palavras vãs — ocas, não reais, quer
dizer, paliações de “imundície” (vv. 3, 4; Is_5:20 (quando dizem que é
coisa natural entregar-se ao amor ilícito), “avareza” (quando opinam que
Efésios (Jamieson-Fausset-Brown) 65
é útil à sociedade que os homens busquem o lucro sem importar os
meios), e “chocarrice” (quando alegam que esta prática é graciosa e
sagaz, e que Deus não castiga severamente aos que a praticam).
porque, por essas coisas — imundície, avareza, etc. (vv. 3-5).
vem a ira de Deus — Tempo presente, não meramente “virá”. Sua
vinda é tão segura como se já viesse
sobre os filhos da desobediência — Os filhos da incredulidade
com relação à doutrina (Dt_32:20), são os “filhos da desobediência” na
prática, e estes também são “os filhos da ira”.
7. Aqui se proíbe o companheirismo com os obreiros ímpios: no v.
11, com suas obras ímpias.
8. outrora, éreis trevas — “alguma vez”. A ênfase cai sobre o
verbo “éreis”. Não deveis ter companheirismo com o pecado, o qual é
trevas, porque seu estado de escuridão passou. Esta linguagem é mais
forte que o de Rm_2:19 : “em trevas”.
porém, agora, sois luz — Não meramente “iluminados”, mas sim
sois luz que está iluminando a outros (v. 13).
no Senhor — Em união com o Senhor, quem é a luz,
andai como filhos da luz — Em contraste com os “filhos da
desobediência”; aqueles cuja característica é a luz. Plínio, um pagão,
escrevendo ao imperador romano Trajano, dá testemunho involuntário à
pureza extraordinária da vida dos cristãos, em contraste com a do povo
ao seu redor.
9. o fruto da luz consiste em, etc. — “o fruto do Espírito” (RC).
Esta frase foi tomada pelos copistas dos manuscritos, de Gl_5:22. A
verdadeira leitura dos manuscritos mais antigos, etc., é: “O fruto da luz”,
em contraste com “as obras infrutíferas das trevas” (v. 11). Este
versículo é parentético. Andai como filhos de luz, quer dizer, em toda
boa obra e em toda boa conversação, “porque o fruto da luz consiste
(“levado” Alford, mas Bengel, “consiste”) em toda bondade [oposta a
“malícia”, Ef_4:31], justiça oposta a “avareza”, v. 3] e verdade” [oposta
a “mentira”, Ef_4:25].
Efésios (Jamieson-Fausset-Brown) 66
10. provando sempre o que é agradável ao Senhor — Una-se ao
v. 8 “andai como filhos de luz” (Rm_12:1-2). Assim como provamos
uma moeda por sua aparência e seu som e pelo uso que fazemos dela,
assim pelo estudo exato e continuado, e sobretudo pela prática e a prova
experimental, podemos provar “o que é agradável ao Senhor”. Esta é a
função da “luz”, da qual os crentes são “os filhos”, a de manifestar o que
é cada coisa, seja bela ou seja feia.
11. não sejais cúmplices nas obras infrutíferas das trevas — Os
pecados são obras completas em si mesmas, e portanto são chamados
“obras” e não “frutos” (Gl_5:19, Gl_5:22). Seu único fruto é aquilo que
não é fruto num sentido verdadeiro (Dt_32:32), quer dizer, “a morte”
(Rm_6:21; Gl_6:8). As plantas não podem produzir fruto se não
estiverem em contato com a luz. O pecado é gerado nas “trevas”, e seu
pai é o príncipe das trevas (Ef_6:12). As graças, por outro lado, como
florescem na “luz”, são reprodutivas, e abundam em frutos; os quais,
combinando-se num todo, são chamados (no singular) “o fruto do
Espírito” (v. 9).
antes, porém, reprovai-as — traduza-se como o grego: “antes,
ainda, reprovai-as” (comp. Mt_5:14-16). Não só que “não comuniquem
(não tenham comunicação) com elas, mas ainda, repreendei-as” com
palavras, e com seus atos, os quais resplandecendo com “a luz”,
virtualmente reprovam tudo o que é contrário à luz (v. 13; Jo_3:19-21).
“Não sejais cúmplices”, não dá a entender que possamos evitar todo trato
(1Co_5:10), mas sim, “evitai tal comunicação que vos possa corromper”.
A luz, embora toque a imundície, não é contaminada por ela; e assim
como a luz revela o pecado, assim também o reprova.
12. Porque o que eles fazem em oculto, o só referir é vergonha
— A ordem grega é, “Porque as coisas feitas em segredo por eles, é
vergonha até falar delas”. O “porque” dá a entender que este é o motivo
para “não nomear” (comp. v. 3) em detalhe as obras das trevas, enquanto
que o apóstolo descreve definidamente (v. 9) “os frutos da luz”.
[Bengel]. A expressão “falar de”, parece-me, que significa o “falar sem
Efésios (Jamieson-Fausset-Brown) 67
reprovar”, em contraste com “antes, ainda, reprovai-as”. Assim o
“porque” expressa isto: “reprovai-as, porque falar delas sem as reprovar,
é uma vergonha” (v. 3). De modo que, a frase “obras das trevas”
corresponde a “coisas feitas em oculto”.
13. quando reprovadas — por vós (v. 11).
tudo que se manifesta é luz — antes, “tudo o que é manifestado
(quer dizer, para ser repreendido por vós, v. 11) é (não mais “trevas”, v.
8, mas sim) luz”. O diabo e os ímpios não se deixarão manifestar pela
luz, pois amam as trevas, embora exteriormente resplandeça em seu
redor a luz. Portanto, “a luz” não terá neles nenhum efeito
transformador, de modo que não devem ser luz (Jo_3:19-20). Mas, diz o
apóstolo, sendo vós mesmos luz (v. 8), ao trazer para a luz, por meio da
repreensão, os que estão em trevas, convertê-los-eis à luz. Sua vida
consequente e suas fiéis repreensões serão suas “armas de luz”
(Rm_13:12) ao invadir o reino das trevas.
14. Pelo que diz — Referindo-se a todo o argumento anterior (vv.
8, 11, 13). Vendo que a luz (espiritual) dissipa a escuridão preexistente,
“ele (Deus) diz”, etc. (veja-se a mesma frase, Ef_4:8).
Desperta, ó tu que dormes — A leitura dos manuscritos mais
antigos é, “Vamos!” frase usada para impulsionar os homens à atividade.
As palavras são uma paráfrase de Is_60:1-2, e não uma citação exata. A
palavra “Cristo” demonstra que a profecia é citada e contemplada à luz
do cumprimento evangélico. Assim como Israel é chamado a “despertar”
de seu estado prévio de “trevas” e “morte” (Is_59:10; Is_60:2), porque
veio sua Luz; assim a igreja e cada indivíduo são chamados a despertar.
Os crentes são chamados a despertar do “sono”; os incrédulos, a
“levantar-se” dentre os mortos (comp. Mt_25:5; Rm_13:11; 1Ts_5:6,
com Ef_2:1).
e Cristo te iluminará — “a luz verdadeira”, “o sol da justiça”.
Capacitando-te para ser luz, pelo fato de ter sido você “feito manifesto”
pela luz, v. 13; então, sendo assim “iluminado”, Ef_1:18, poderás,
“reprovar”, iluminar a outros.
Efésios (Jamieson-Fausset-Brown) 68
15. Portanto, vede prudentemente como andais — A dupla ideia
é comprimida numa só sentença: “Olhai (tomai cuidado) como andais” e
“Olhai que caminhem prudentemente”. É incluído tanto a maneira como
ato em si. Olhai como estais caminhando, com vistas a ser circunspetos
(lit., cabais, exatos) em vosso caminho. Comp. Cl_4:5, “Andai em
sabedoria” (correspondendo a “como sábios” aqui) “para com os
estranhos”, (correspondendo a “prudentemente”, ou seja, corretamente,
com relação aos incrédulos ao redor, não dando ocasião para fazer
ninguém tropeçar, antes, edificando a todos com vossa conduta
consequente).
não como néscios — Grego, “não como imprudentes, mas sim
como sábios”.
16. remindo o tempo — (Cl_4:5). Grego, “Comprando para vós o
tempo produtivo” (quando quer que este ocorra) para o vosso bem e dos
demais. Livrando-vos das vaidades dos “estranhos” (Cl_4:5), e dos “não
sábios” (aqui nesta Epístola), comprando o tempo oportuno para fazer a
obra de Deus. Num sentido mais limitado, refere-se a ocasiões
especialmente favoráveis para o bem, que se apresentam de tempo em
tempo, das quais os crentes devem valer-se com diligência. Isto constitui
verdadeira “sabedoria” (v. 15). Num sentido mais amplo, todo o espaço
de tempo desde que se desperta espiritualmente, deve ser “redimido” da
vaidade para Deus (comp. 2Co_6:2; 1Pe_4:2-4). “Remir” dá a entender
quão precioso é o tempo, como uma joia que se compraria a qualquer
preço. Wahl explica: “Redimindo para vós mesmos (quer dizer, valendo-
se de) as oportunidades (oferecidas a vós para fazer o bem), e
governando o tempo como o amo a seus servos”. Tittmann: “Cuidai do
tempo, e fazei-o vosso, dominai; assim como os comerciantes buscam as
melhores oportunidades, e escolhem com acerto os melhores artigos; não
sirvais ao tempo, mas mandai vós, e o tempo fará o que vós aprovais”.
Assim Pindar [Pythia, 4.509], “O tempo o seguia como seu servo, e não
era como um escravo prófugo.”
Efésios (Jamieson-Fausset-Brown) 69
porque os dias são maus — Os dias da vida em geral estão
expostos de tal modo ao mal, que se faz necessário que aproveitemos ao
máximo as oportunidades favoráveis, enquanto durem (Ef_6:13;
Gn_47:9; Sl_49:5; Ec_11:2; Ec_12:1; 1Jo_12:35). Além disso, há muitos
dias maus (de perseguição, doença, etc.), quando o cristão é deixado em
silêncio, portanto necessita tanto mais aproveitar-se das oportunidades
favoráveis que se lhe apresentam (Am_5:13), ao qual talvez se refere
Paulo.
17. Por esta razão — Vendo que precisais caminhar
prudentemente, escolhendo e usando a oportunidade própria para fazer o
bem.
não vos torneis insensatos — Palavra diferente da do v. 15,
“néscios”. Traduza-se, “tolos”, ou “insensatos”.
mas procurai compreender — Não meramente sabendo
levianamente (Lc_12:47), mas sim sabendo com entendimento.
qual a vontade do Senhor — quanto a como se deve usar cada
oportunidade. A vontade do Senhor, finalmente, é nossa “santificação”
(1Ts_4:3); e que “em tudo”, enquanto isso, devemos “dar graças”
(1Ts_5:18; comp. v. 10, vamos).
18. não vos embriagueis com vinho, no qual há dissolução —
prodigalidade indigna, ruinosa, atrevida. Não no próprio vinho, quando é
usado corretamente (1Tm_5:23), mas na dissolução, ou uso excessivo
dele.
mas enchei-vos do Espírito — As pessoas que recebiam a
inspiração do Espírito eram cheias de uma alegria enlevada, semelhante
à causada pelo vinho; por isso os dois se associam aqui (comp. At_2:13-
18). Daí pois, a abstinência do vinho da parte de muitos dos profetas, por
exemplo João Batista, a fim de que o mundo fizesse diferença entre o
êxtase causado pelo Espírito e o causado pelo vinho. Assim também nos
cristãos comuns, o Espírito não habita na mente que busca as influências
perturbadoras da excitação, mas na mente bem equilibrada e piedosa. Tal
Efésios (Jamieson-Fausset-Brown) 70
pessoa expressa sua alegria, não em cânticos ébrios ou mundanos, mas
em hinos cristãos de gratidão.
19. (Cl_3:16).
falando entre vós — “uns aos outros”. Daqui surgiu o canto
responsivo do qual escreveu Plínio a Trajano: “Eles estão acostumados a
num dia fixo reunir-se antes do alvorada; para evitar a perseguição, e
recitar um hino entre si por turnos, a Cristo, como se fosse Deus”. O
Espírito dá uma eloquência verdadeira; o vinho, uma eloquência espúria.
com salmos — geralmente acompanhados por um instrumento.
com hinos — em louvor direto a Deus (comp. At_16:25;
1Co_14:26; Tg_5:13).
e cânticos espirituais — “Canções” é o termo geral para designar
as peças líricas. Adiciona-se o termo “espirituais” para fazer ver que se
limitam a temas sagrados, embora não meramente ao louvor direto de
Deus, mas também que contenham exortações, profecias, etc., em
contraste com os “cânticos” de bêbados, Am_8:10.
cantando e louvando (TB) — grego, “Tocando e cantando com o
instrumento”.
ao Senhor — Veja-se a carta de Plínio citada acima: “a Cristo,
como se fosse Deus”.
em vosso coração (TB) — Não meramente com a língua; mas sim
acompanhando o sentimento sério do coração ao canto dos lábios (comp.
1Co_14:15; Sl_47:7). Faz-se um contraste entre a prática pagã e a cristã:
“Não sejam vossas canções as da bebedeira pagã, mas sim consistam de
salmos e hinos; e seu acompanhamento, não a música da lira, mas sim a
melodia do coração”. [Conybeare e Howson].
20. dando sempre graças por tudo — até das adversidades; assim
também das bênçãos conhecidas e das desconhecidas (Cl_3:17;
1Ts_5:18).
a nosso Deus e Pai — A fonte de toda bênção na criação,
providência, eleição e redenção.
Efésios (Jamieson-Fausset-Brown) 71
em nome de nosso Senhor Jesus Cristo — Por meio de quem
todas as coisas, até as angústias, devem ser nossas (Rm_8:35, Rm_8:37;
1Co_3:20-23).
21. (Fp_2:3; 1Pe_5:5). Aqui passa o autor de nossas relações para
com Deus, às que concernem a nossos semelhantes.
sujeitando-vos … no temor de Cristo — Todos os manuscritos
mais antigos e antigas autoridades leem: “no temor de Cristo”. O crente
passa de estar sob a escravidão da lei como letra, a ser “o servo de
Cristo” (1Co_7:22); o que, pelo instinto de amor a Ele, é na realidade ser
um “homem livre no Senhor”; porque está “sob a lei de Cristo”
(1Co_9:21; comp. Jo_8:36). Cristo, não o Pai (Jo_5:22), há de ser nosso
Juiz. Assim o temor reverencial de desagradá-Lo é o que nos impulsiona
a cumprir nossos deveres como cristãos (1Co_10:22; 2Co_5:11;
1Pe_2:13).
22. As mulheres sejam submissas ao seu próprio marido —
Ef_6:9. A relação da igreja e Cristo em Seu propósito eterno, é o
fundamento e o arquétipo das três relações terrestres maiores: a de
marido e esposa (vv. 22, 23), a de pai e filho (Ef_6:1-4), a de amo e
servo (Ef_6:4-9). Os manuscritos mais antigos omitem, “estejam
sujeitas”; mas esta ideia é tomada do v. 21. “Seu próprio” é um
argumento para a submissão da parte das casadas; não é a um estranho,
mas sim a seu próprio marido, a quem são chamadas a se submeter
(Comp. Gn_3:16; 1Co_7:2; 1Co_14:34; Cl_3:18; Tt_2:5; 1Pe_3:1-7). Os
que estão sujeitos devem submeter-se, não importando de que classe
sejam seus superiores. “Submeter-se” é o termo usado quanto às
esposas; “obedecer”, quanto aos filhos (Ef_6:1), porquanto há mais
igualdade entre esposas e maridos, que entre filhos e pais.
como ao Senhor — A esposa submete-se ao marido à vista de
Cristo, e assim submete-se ao próprio Cristo. A relação entre o marido e
a esposa é a mesma que existe entre Cristo e a igreja, e este é o
fundamento da submissão da esposa: embora aquela submissão seja
inferior em classe e grau a que a igreja deve a Cristo (v. 24).
Efésios (Jamieson-Fausset-Brown) 72
23. o marido é o cabeça da mulher — (1Co_11:3).
como também Cristo é o cabeça da igreja — gr., “como também”.
sendo este mesmo o salvador do corpo — Os manuscritos mais
antigos leem, “(sendo) ele mesmo Salvador”, etc. No caso de Cristo, a
autoridade de Cabeça está unida com o corpo, antes, ganha pelo fato de
Ele ter salvo o corpo no processo da redenção; de modo que (dá a
entender Paulo) não estou afirmando que a autoridade de Cristo seja
idêntica em forma com a relação entre os maridos, porque Ele tem um
direito e uma função peculiares a Si mesmo. [Alford]. O marido não é o
Salvador da esposa, e nisto Cristo sobressai; portanto, “Mas” (v. 24) se
segue.
24. Mas como a igreja é sujeita a Cristo (TB) — Traduza-se
como o gr., “Mas”, ou “Não obstante”, quer dizer, embora haja diferença
nas cabeças, ou autoridades mencionadas no v. 23, entretanto, são uma
mesma quanto à sujeição ou submissão (porque a mesma palavra grega
usa-se para “está sujeita”, como por “submeter-se” vv. 21, 22). A
submissão da Igreja a Cristo, é o protótipo da submissão da esposa a seu
marido.
as mulheres sejam em tudo submissas ao seu marido — Quer
dizer, em tudo o que pertence à autoridade legítima do marido. “No
Senhor” (Cl_3:18) significa tudo o que não seja contrário a Deus.
25. Maridos, amai vossa mulher, como também Cristo amou a
igreja — Viu a medida da obediência; ouve agora a medida do amor.
Queres que sua esposa te obedeça, como a igreja deve obedecer a Cristo?
Então, tem para com ela uma solicitude como a que tinha Cristo para
com a igreja (v. 23, “Este mesmo o salvador do corpo”); e se for
necessário que dês tua vida por ela, ou que sejas cortado em dez mil
pedaços, ou que suportes algum outro sofrimento por ela, não o rejeites:
e se sofreres assim, nem mesmo assim fazes o que Cristo fez; porque tu,
com efeito, o fazes porque já estás unido a ela; mas Ele o fez por alguém
que O tratava com aversão e ódio. De modo que, como Ele trouxe para
Seus pés, por meio de muita ternura e consideração, não por meio de
Efésios (Jamieson-Fausset-Brown) 73
ameaças, insultos, nem terror, a alguém que O tratava nesta forma e que
até por maldade O desprezava: assim também age tu com tua esposa, e
embora a vejas desdenhosa e desconsiderada por causa da maldade,
poderás trazê-la à a obediência por tua muita consideração por ela, por
teu amor e tua bondade. Porque nenhum vínculo é tão soberano em ligar
que tais vínculos, especialmente no caso do marido e a esposa. Porque
pode-se constranger um servo pelo temor, embora ele não esteja ligado a
ti, visto que facilmente pode escapar. Mas a companheira de tua vida, a
mãe de teus filhos, a fonte de tua alegria, deve ligar a ti, não por temor
nem ameaças, mas por amor e carinho.” [Crisóstomo].
e a si mesmo se entregou por ela — A relação entre a igreja e
Cristo, é a base sobre a qual o cristianismo levantou a mulher a seu
devido lugar na escala social da qual ela era excluída, e da qual ainda é
excluída em terras pagãs.
26. para que a santificasse — Quer dizer, para dedicá-la a Deus.
Comp. Jo_17:19, que quer dizer: “Eu Me dedico como sacrifício santo,
para que Meus discípulos também sejam dedicados ou consagrados
como santos na (por meio da) verdade”. [Neander] (Hb_2:11; Hb_10:10,
Nota, Hb_13:12).
tendo-a purificado por meio da lavagem de água — Referindo-se
à água batismal. Tt_3:5 é a única outra passagem do Novo Testamento
onde ocorre a expressão. Assim como a noiva passava por um banho
purificador antes do casamento, assim também a igreja (Ap_21:2). O
apóstolo fala do batismo segundo seu alto ideal e desígnio, como se a
graça interior acompanhasse ao rito exterior; daí que ele afirma do
batismo exterior o que está compreendido na apropriação pela fé das
verdades divinas que o batismo simboliza, e diz que Cristo, pelo
batismo, purificou a igreja [Neander] (1Pe_3:21).
pela palavra — Grego, “na palavra”. Una-se com “limpando-a”. A
“palavra de fé” (Rm_10:8-9, Rm_10:17), da qual se faz profissão no
batismo e que produz o verdadeiro poder limpador (Jo_15:3; Jo_17:17) e
regenerador (1Pe_1:23; 1Pe_3:21) [Alford]. Assim Agostinho [Tratado
Efésios (Jamieson-Fausset-Brown) 74
80, em João], “Tire a palavra, e o que é a água senão água? Acrescente a
palavra ao elemento, e deve ser um sacramento, como se fosse a palavra
visível”. A eficácia regeneradora do batismo é transmitida na e pela
palavra divina somente. *
27. para a apresentar a si mesmo igreja gloriosa — Os
manuscritos e autoridades mais antigos leem: “Para apresentar ele
mesmo a si uma igreja gloriosa”, quer dizer, como uma noiva
(2Co_11:2). A santidade e a glória são inseparáveis. A “limpeza” é o ato
preliminar necessário para ambas. A santidade é a glória interior; a
glória é a santidade que brilha para o exterior. O lavamento do batismo é
o veículo, mas a palavra é o instrumento mais nobre e verdadeiro da
limpeza. [Bengel]. É Cristo quem prepara a igreja com os necessários
ornamentos de graça, para a apresentação a Si mesmo, como o Noivo em
Sua vinda futura (Mt_25:1, etc.; Ap_19:7; Ap_21:2).
igreja ... sem mácula — (Ct_4:7). A igreja visível contém agora
limpos e não limpos juntos, como a arca de Noé; ou como a sala de
bodas em que alguns estavam vestidos de bodas e outros não.
(Mt_22:10-14; comp. 2Tm_2:20); ou como são juntados na mesma rede
peixes bons e peixes maus, porque a rede não pode discernir os ímpios
dentre os bons, e os pescadores não podem saber que classe de peixes
juntaram as redes sob as ondas. Entretanto, chama-se “santa” à igreja
com referência a seu destino ideal e final. Quando se apresentar o
Marido, a esposa lhe será apresentada totalmente sem mancha, pois o
mal terá sido tirado do corpo para sempre (Mt_13:47-50). Não que haja
duas igrejas, uma com bons e maus intercalados, e outra na qual só haja
bons; mas sim uma e a mesma igreja em relação a tempos diferentes,
agora com bons e maus juntos, depois com apenas bons. [Pearson].
28. Assim também os maridos, etc. — Traduza-se: “Assim devem
os maridos também (assim leem os manuscritos mais antigos) amar a

*
Então a “eficácia” não está no batismo, porém no Espírito Santo que opera no crente pela fé. Até o
insinuar que haja “eficácia” no batismo é fazer uma confusão lamentável. – Nota do Tradutor.
Efésios (Jamieson-Fausset-Brown) 75
suas próprias esposas (veja-se Nota, v. 22) como a seus próprios corpos”.
“Quem ama a esposa”, etc. (v. 31). O mesmo amor e a mesma união de
corpo existe entre Cristo e a igreja (vv. 30, 32).
29. Porque ninguém jamais odiou — Supra-se: “E todos nos
amamos a nós mesmos”, “porque ninguém odiou”.
a própria carne — (v. 31, última parte).
antes, a alimenta — Grego, “a alimenta” até a maturidade.
“Alimenta” refere-se à sua comida e cuidado interno; “dela cuida”,
refere-se à roupa e cuidado externo.
como também Cristo — Êx_21:10 prescreve ao marido três
deveres. Alude-se aos primeiros dois aqui, num sentido espiritual, com
os termos “alimenta” e “dela cuida”; o terceiro “direitos conjugais” não é
agregado em consonância com o uso das Escrituras, e corresponde a:
“conhecer ao Senhor” (Os_2:19-20). [Bengel].
30. porque somos membros do seu corpo — (1Co_6:15). Cristo
alimenta e cuida da igreja por ser uma mesma carne com Ele. Traduza-
se: “Porque somos membros de Seu corpo (Seu corpo literal), tendo sido
feitos de Sua carne e de Seus ossos” [Alford] (Gn_2:23-24). O grego
expressa, “Sendo formados de”, ou “da substância de Sua carne”, etc. O
profundo sono de Adão, quando Eva foi formada de seu flanco aberto, é
emblema da morte de Cristo que originou o nascimento da esposa, a
igreja. Jo_12:24; Jo_19:34-35, a que se referem os vv. 25, 26, 27, que
dão a entender a expiação por Seu sangue, e santificação pela “água”,
correspondendo a que fluiu de seu lado (comp. também Jo_7:38-39;
1Co_6:11). Assim como Adão deu a Eva um nome novo, hebraico, Isha,
“Varoa”, por ter sido formada de sua própria costela, nome que se deriva
de Ish, “varão”, para significar que dele foi tomada (Gn_2:21, 22); assim
Cristo nos dará um nome novo (Ap_2:17; Ap_3:12). Em Gn_2:21,
Gn_2:23-24, aparece primeiro o termo ossos: “osso de meus ossos, e
carne de minha carne” porque a referência ali é à estrutura natural. Mas
Paulo aqui refere-se à carne de Cristo. Nossa alma e nossos ossos não
são propagados, mas “nós” somos propagados espiritualmente (em nossa
Efésios (Jamieson-Fausset-Brown) 76
alma e espírito agora, e no corpo seremos regenerados no estado futuro)
da humanidade de Cristo, quem tem carne e ossos. Somos membros de
Seu corpo glorificado (Jo_6:53). Os dois manuscritos mais antigos
existentes, e as versões Cóptica e Menfítica, omitem “de sua carne e de
seus ossos”; as palavras podem ter-se introduzido no texto por causa da
margem de Gn_2:23, da LXX. Entretanto, acham-se em Irineu, 294, nas
versões Antiga Latina e Vulgata, e em alguns manuscritos antigos.
31. Eis por que deixará o homem, etc. — A propagação da igreja
da parte de Cristo, como a Eva de Adão, é o fundamento da união
espiritual entre Cristo e a igreja. O casamento natural, quando “deixará o
homem a seu pai e a sua mãe (os manuscritos mais antigos omitem
“seu”) e se unirá à sua mulher”, não é a coisa principal indicada aqui,
mas sim o casamento espiritual, representado por aquele e sobre o qual
se apoia, que teve efeito quando Cristo deixou o seio do Pai para tomar
para Si a igreja dentre um mundo perdido; o v. 32 prova isto. A sua mãe
terrestre como tal, ele a tem em consideração secundária quando
comparada com sua esposa espiritual (Lc_2:48-49; Lc_8:19-21;
Lc_11:27-28). E novamente deixará a morada do Pai para completar a
união (Mt_25:1-10; Ap_19:7).
e se tornarão os dois uma só carne — Assim leem o Pentateuco
Samaritano, a LXX, etc., (Gn_2:24) em vez de, “eles serão uma carne”.
Assim também aparece em Mt_19:5. No casamento natural, o marido e a
esposa combinam os elementos do ser humano perfeito; sendo um
incompleto sem o outro. Assim Cristo, Deus-homem, sente prazer em
fazer da igreja, o corpo, um anexo necessário a Ele, quem é a Cabeça.
Ele é o arquétipo da Igreja, de quem e segundo quem, como modelo, ela
é formada. Ele é sua Cabeça, assim como o marido é a cabeça da esposa
(Rm_6:5; 1Co_11:3; 1Co_15:45). Cristo nunca permitirá que poder
algum O separe de Sua esposa, pois estão unidos indissoluvelmente
(Mt_19:6; Jo_10:28-29; Jo_13:1).
32. Grande é este mistério — antes, “Este mistério é um mistério
grande”. Esta verdade profunda, que não poderia ser descoberta pelo
Efésios (Jamieson-Fausset-Brown) 77
poder humano, mas que agora foi revelada, quer dizer, a união espiritual
de Cristo e a igreja representada pela união matrimonial, é um grande
mistério de profunda importância. Veja-se Nota, v. 31. De modo que,
chama-se “mistério” a uma verdade divina não descoberta senão por
revelação de Deus (Rm_11:25; 1Co_15:51). A Vulgata traduz
incorretamente, “este é um grande sacramento”, o que se usa como
argumento pela Igreja Romana (apesar de que o erro tinha sido exposto
faz muito por seus próprios comentadores, Cajetan e Estius) para fazer
do casamento um sacramento; é claro, que não é o casamento em geral,
mas sim o de Cristo e a igreja, aquele que é chamado “um grande
mistério”, como se comprova pelas palavras seguintes: “Mas eu
(enfático) me refiro a Cristo e à igreja” (assim se traduz melhor o grego).
“Eu, enquanto cito estas palavras das Escrituras, as emprego num sentido
superior”. [Conybeare e Howson].
33. Não obstante, vós, cada um de per si, etc. — Para não seguir
mais com o sentido místico do casamento, “também vós, cada um por si
só ame a sua própria esposa como a si mesmo”. As palavras, “cada um
de per si”, referem-se a cada esposo em sua capacidade individual, em
contraste com a verdade ensinada de que os membros da igreja devem
ser coletivamente a esposa de Cristo.
Efésios (Jamieson-Fausset-Brown) 78
Efésios 6

Vv. 1-24. Os deveres mútuos de pais e filhos e de senhores e servos.


Nossa vida, uma luta; a armadura espiritual que se necessita para lutar
contra os inimigos espirituais. Conclusão.
1. Filhos, obedecei — Mais forte que a expressão a respeito das
esposas, de estar “sujeitas” ou “submissas” (Ef_5:22). A obediência é
mais irrazoável e implícita; a submissão é a sujeição voluntária de um
inferior em ponto de ordem, a um que tem direito de mandar.
a vossos pais no Senhor — O fato de que tanto os pais como os
filhos estejam “no Senhor”, expressa o elemento em que a obediência há
de realizar-se, e o motivo pelo qual há de praticar-se. Em Cl_3:20, diz-se:
“Filhos, em tudo obedecei a vossos pais”. Esta cláusula, “no Senhor”,
sugeriria a devida limitação da obediência exigida (At_5:29; compare-se,
por outro lado, o abuso, Mc_7:11-13).
pois isto é justo — Até pela lei natural devemos prestar obediência
àqueles de quem recebemos a vida.
2. Honra a teu pai e a sua mãe — Aqui a autoridade da lei
revelada é acrescentada à lei natural.
que é o primeiro mandamento com promessa — Quer dizer, o
primeiro mandamento no decálogo com promessa especial. A promessa
no segundo mandamento é geral. Seu dever é prescrito mais
expressamente aos filhos que aos pais; porque o amor desce em vez de
que ascende. [Bengel]. Este versículo dá a entender que a lei no Antigo
Testamento não está abolida. A “promessa” não é o motivo principal
para a obediência, mas sim um motivo incidental. O motivo principal é,
porque é a vontade de Deus (Dt_5:16, “Honra a teu pai e a tua mãe,
como o Senhor, teu Deus, te ordenou”); e que é peculiarmente assim, vê-
se porque Ele a acompanha “com uma promessa”.
3. para que … sejas de longa vida sobre a terra — Em Êx_20:12
: “para que se prolonguem os teus dias na terra que o Senhor, teu Deus,
te dá”, o que Paulo adapta aos tempos evangélicos, tirando a referência
Efésios (Jamieson-Fausset-Brown) 79
local e limitada que era peculiar aos judeus em Canaã. Os piedosos são
igualmente abençoados em todos os países, como o eram os judeus na
terra que Deus lhes deu. Esta promessa é sempre cumprida, quer seja
literalmente, ou por uma bênção superior: uma bênção espiritual e eterna
(Jó_5:26; Pv_10:27). A substância e essência da lei estão em vigor
eternamente; só seus acidentes (aplicáveis ao Israel de antes) são
abolidos (Rm_6:15).
4. pais — incluindo também as mães; especifica-se os pais como a
fonte da autoridade doméstica. Os pais, com relação a seus filhos, são
mais propensos à paixão que as mães, cuja falta é, antes, a tolerância
excessiva.
não provoqueis vossos filhos à ira — Quer dizer, não os irriteis
com mandamentos humilhantes, culpando-os sem razão, ou tendo um
temperamento inconstante. [Alford]. Cl_3:21 : “para que não fiquem
desanimados”.
mas criai-os na disciplina — Castigando-os no ato quando for
necessário (Jó_5:17; Hb_12:7).
e na admoestação — Ensinando-os por meio de palavras (Dt_6:7;
Pv_22:6, Margem, “catequizar”), já sejam de alento, de admoestação ou
censura, conforme for necessário. [Trench]. Contraste, 1Sm_3:13,
Margem.
do Senhor — tal como o Senhor o aprove e dite por seu Espírito.
5. Servos — lit., “escravos”.
obedecei a vosso senhor segundo a carne — em contraste com
vosso Senhor verdadeiro e celestial (v. 4). Uma insinuação consoladora
de que não era senão por um tempo o domínio ao qual estavam sujeitos;
e que ainda desfrutariam de sua verdadeira liberdade (1Co_7:22).
com temor e tremor — Não com um terror servil, mas sim
(1Co_2:3, Nota; 2Co_7:15) com um anelo ansioso de cumprir seu dever,
e um temor de desagradar, tão grande como aquele que experimenta o
escravo comum por causa das “ameaças” (v. 9).
Efésios (Jamieson-Fausset-Brown) 80
na sinceridade — Quer dizer, sem dupla intenção, ou “servindo à
vista” (v. 6), buscando agradar exteriormente, sem o desejo sincero de
fazer dos interesses do senhor a primeira consideração (1Cr_29:17;
Mt_6:22-23; Lc_11:34).
6. não servindo à vista — (Cl_3:22). Tratando de agradar a seus
senhores só enquanto estes têm os olhos postos neles; assim como Geazi,
quem era um homem muito diferente na presença de seu senhor do que
era em sua ausência (2 Reis 5).
como para agradar a homens — e não agradam a Cristo (comp.
Gl_1:10; 1Ts_2:4).
fazendo, de coração — lit., com a alma (Sl_111:1; Rm_13:5).
a vontade de Deus — do Senhor invisível mas sempre presente: a
melhor garantia de que servireis fielmente a vosso senhor terrestre, quer
estando presente ou ausente.
7. servindo de boa vontade — expressando assim sua maneira de
sentir para com seu senhor. Em Cl_3:23 : “Tudo quanto fizerdes, fazei-o
de todo o coração, como para o Senhor” expressa a origem daquele
sentimento (Cl_3:23). A “boa vontade”, disse Xenofonte (Economics),
considera-se a virtude principal de um escravo para com seu senhor: uma
consideração real para com os interesses de seu senhor como se fossem
seus próprios; sentimento que nem mesmo a severidade do senhor pode
extinguir.
8. certos de que cada um, se fizer alguma coisa boa — grego,
“que cada um terá feito”, quer dizer, o bem que tem feito e que se dará a
conhecer na vinda do Senhor.
isso — o pagamento total na moeda celestial.
receberá isso outra vez do Senhor — (2Co_5:10; Cl_3:25; mas
tudo de graça, Lc_17:10).
quer seja servo, quer livre — (1Co_7:22; 1Co_12:13; Gl_3:28;
Cl_3:11). Cristo não leva em conta tais distinções em seus
procedimentos atuais de graça, nem no juízo futuro. O escravo que tiver
agido fielmente com seu senhor por amor ao Senhor, embora o senhor
Efésios (Jamieson-Fausset-Brown) 81
não pague sua fidelidade, Cristo será seu Pagador. Assim também o
homem livre que tenha feito bem por amor ao Senhor, embora o homem
não lhe pague, tem ao Senhor como Devedor (Pv_19:17).
9. senhores, de igual modo procedei para com eles — Mutatis
mutandis. Mostrai a mesma consideração, pela vontade de Deus e pelo
bem-estar de vossos servos, que eles deveriam mostrar em suas relações
convosco. O amor regula os deveres dos servos e dos senhores, assim
como uma e a mesma luz modera as cores distintas. A igualdade de
natureza e fé no senhor e no servo, é superior às distinções de posição.
[Bengel]. O cristianismo faz de todos os homens irmãos: comp.
Lv_25:42-43; Dt_15:12; Jr_34:14, referente à obrigação que tinham os
hebreus de tratar bem a seus irmãos que lhes serviam. Quanto mais os
cristãos deveriam tratar a seus servos com amor.
deixando as ameaças — grego, “as ameaças” que estão
acostumados a usar os senhores. “Senhores” no grego não é um termo
tão forte como “déspotas”; dá a entender autoridade, mas não
dominação absoluta.
sabendo que o Senhor, tanto deles como vosso, está nos céus —
Isto expressa fortemente a igualdade dos escravos e seus donos na
presença de Deus. Sêneca (Thyestes, 607), diz: “Tudo aquilo que vosso
inferior teme receber da parte de vós, com isto um Senhor superior vos
ameaça a vós: toda autoridade aqui na terra está sob uma autoridade
superior.” Na mesma forma como vós tratais a vossos servos, assim Ele
vos tratará.
e que para com ele não há acepção de pessoas — Deus, no juízo,
não absolverá a ti, porque és senhor, nem condenará a ele porque é servo
(At_10:34; Rom_2:11; Gl_2:6; Cl_3:25; 1Pe_1:17). Tirado de Dt_10:17;
2Cr_19:7.
10. irmãos meus (RC) — Alguns dos manuscritos mais antigos
omitem estas palavras. Alguns, como a Vulgata, retêm-nas. A frase não
ocorre em outra parte da Epístola (veja-se, entretanto, v. 23); se for
genuína, pôs-se corretamente aqui na terminação da Epístola, visto que
Efésios (Jamieson-Fausset-Brown) 82
ele está insistindo em que seus companheiros de armas pelejem a boa
batalha com a armadura cristã. A maioria dos manuscritos mais antigos
em vez de dizer: “quanto ao mais”, leem: “daqui em diante” (Gl_6:17).
sede fortalecidos no Senhor — gr., “Sede fortalecidos”.
e na força do seu poder — A fortaleza de Cristo; como em
Ef_1:19, é poder do Pai.
11. Revesti-vos de toda a armadura — As armas de luz
(Rm_13:12); à direita e à esquerda (2Cr_6:7). A panóplia ofensiva e
defensiva. Esta linguagem figurada foi sugerida pela armadura romana,
visto que Paulo estava preso então em Roma, e é repetido enfaticamente
no v. 13. Em Rm_13:14 diz-se: “mas revesti-vos do Senhor Jesus
Cristo”; revestindo-nos dEle e do novo homem, revestimo-nos de “toda a
armadura de Deus”. Não se deve dar a Satanás nenhuma abertura na
cabeça, nos pés, no coração, no abdômen, no olho, no ouvido ou na
língua. Os crentes de uma vez para sempre o venceram; mas sobre a base
desta vitória fundamental, eles hão de lutar contra ele e continuar
vencendo-o, assim como os que morrem uma vez com Cristo,
continuamente devem mortificar seus membros sobre a terra (Rm_6:2-
14; Cl_3:3, Cl_3:5).
de Deus — Quer dizer, a armadura provida por Deus; não a nossa,
pois a nossa não aguentaria (Sl_35:1-3). É espiritual, pois, e poderosa,
porque é de Deus, não carnal (2Co_10:4).
para poderdes ficar firmes contra as ciladas — lit., “artifícios
estudados” para enganar (comp. 2Co_11:14).
do diabo — o chefe governante dos inimigos (v. 12) organizados
no reino das trevas (Mt_12:26), oposto ao reino da luz.
12. porque a nossa luta não é contra o sangue e a carne — Gr.,
“porque nossa luta (“a luta”, em que estamos envoltos) não é contra
carne”, etc. Os inimigos de carne e sangue não são senão meros
instrumentos; o verdadeiro inimigo, oculto atrás deles, é o próprio
Satanás, contra quem é nosso conflito. “Luta” — “luta romana” — dá a
entender que é uma contenda corpo a corpo pela vitória; para lutar com
Efésios (Jamieson-Fausset-Brown) 83
êxito contra Satanás, temos que lutar com Deus em oração irresistível,
como Jacó (Gn_32:24-29; Os_12:4).
e sim contra os principados e potestades — Traduza-se, “os
principados … as potestades” (Ef_1:21, Nota; Ef_3:10; Cl_1:16). Os
mesmos graus de poder se especificam no caso dos demônios aqui, como
no dos anjos nas citações mencionadas antes (comp. 8:38; 1Co_15:24;
Cl_2:15). Os efésios tinham praticado a feitiçaria (At_19:19), de modo
que ele apropriadamente trata dos espíritos ímpios ao dirigir-se a eles. Os
livros das Escrituras que, como este, tratam com mais clareza da
dispensação do reino de luz, apresentam também mais claramente o
reino das trevas. De modo que, em nenhuma parte é revelado mais
claramente o reino satânico que nos Evangelhos que tratam de Cristo, a
luz verdadeira.
contra os dominadores deste mundo tenebroso — Há diferença
nos textos gregos aqui. Os manuscritos mais antigos omitem “deste
século” (“do mundo”, da RA). A palavra traduzida “governadores” é a
palavra composta, que quer dizer “governadores mundiais”. Traduza-se
então, “contra os governadores mundiais destas (presentes) trevas”
(Ef_2:2; Ef_5:8; Lc_22:53; Cl_1:13). Sobre o fato de que Satanás e seus
demônios sejam “governadores mundiais”, compare-se Jo_12:31;
Jo_14:30; Jo_16:11; Lc_4:6; 2Co_4:4; 1Jo_5:19. Embora eles sejam
“governadores mundiais”, não o são do universo; e seu governo
usurpado do mundo logo há de cessar, quando vier “aquele a quem
pertence de direito” (Ez_21:27). Dois casos provam que Satanás não é
uma mera fantasia subjetiva: (1) a tentação de Cristo; e (2) a entrada dos
demônios nos porcos (porque estes são incapazes de tais fantasias).
Satanás trata de parodiar, ou imitar de uma maneira pervertida, as
operações de Deus (2Co_11:13-14). De modo que, quando Deus veio a
ser encarnado, Satanás, por meio de seus demônios, tomou possessão
violenta dos corpos humanos. Portanto, os possessos de demônios não
eram particularmente ímpios, mas sim miseráveis, e assim em condição
para receber a misericórdia de Deus. Paulo não faz menção de possessão
Efésios (Jamieson-Fausset-Brown) 84
demoníaca, de modo que no tempo que ele escreveu, parece que tinha
cessado; provavelmente foi restringida ao período da encarnação do
Senhor e a fundação da igreja.
contra as forças espirituais do mal — antes, como o grego, contra
“as hostes espirituais de maldade”. Assim como três das cláusulas
descrevem o poder, assim esta, a quarta, descreve a maldade de nossos
inimigos espirituais (Mt_12:45).
nas regiões celestes — gr., “em lugares celestiais”; em Ef_2:2, “a
potestade do ar”, veja-se Nota. A mudança de expressão a “em lugares
celestiais”, é a fim de assinalar a posição superior dos poderes de Satanás
em comparação com os nossos poderes, tendo sido eles, até a ascensão
do Senhor (Ap_12:5, Ap_12:9-10), moradores “nos lugares celestiais”
(Jó_1:7), e estando agora na região do ar que se chama os céus. Além
disso, o orgulho e a presunção são os pecados aos quais eles
especialmente incitam os seres humanos, sendo estes os pecados pelos
quais eles mesmos caíram dos lugares celestiais (Is_14:12-15). Mas os
crentes não têm nada que temer, visto que são abençoados “com toda
bênção espiritual nos lugares celestes” (Ef_1:3).
13. Portanto, tomai toda a armadura de Deus — Não diz “fazei”,
pois Deus já o fez; vós só tendes que “tomá-la”, e vos colocá-la. Os
efésios já estavam familiarizados com a ideia de que os deuses eram os
que proviam de armadura os heróis místicos, e por isso, foi apropriada a
alusão de Paulo.
para que possais resistir no dia mau — Quer dizer, o dia dos
ataques especiais de Satanás (vv. 12, 16) na vida e na hora da morte
(comp. Ap_3:10). Temos que ter sempre posta a armadura, para estar
preparados para o dia mau, que pode vir a qualquer momento, visto que a
guerra é constante (Sl_41:1, Margem).
depois de terdes vencido tudo — antes, “tendo completado tudo”
o necessário para lutar e ser bom soldado.
Efésios (Jamieson-Fausset-Brown) 85
14. Estai, pois, firmes — A repetição desta expressão que se acha
também nos vv. 11 e 14, demonstra que estar ou manter-se firmes, sem
ceder terreno nem fugir, é o grande alvo do soldado cristão.
cingindo-vos com a verdade — Traduza-se como o grego: “Tendo
apertado vossos lombos de verdade”, quer dizer, de veracidade,
sinceridade, boa consciência (2Co_1:12; 1Tm_1:5, 1Tm_1:18;
1Tm_3:9). “A verdade” é a faixa que junta e sujeita os longos mantos, de
modo que o soldado cristão está sem trava para a ação. Assim se comia a
Páscoa com os lombos cingidos e os sapatos postos (Êx_12:11; comp.
Is_5:27; Lc_12:35). A fidelidade (LXX, “verdade”) é o cinturão do
Messias (Is_11:5); assim a verdade o é para os Seus seguidores.
e vestindo-vos da — Grego, “vos havendo posto”.
couraça da justiça — Is_59:17, similarmente diz-se do Messias. A
“justiça” aqui se une com a “verdade”, como em Ef_5:9: a justiça ao
agir, a verdade ao falar [Estius] (1Jo_3:7). A justiça de Cristo é operada
em nós pelo Espírito. A “fé e o amor”, quer dizer, a fé operando a justiça
pelo amor, formam “a couraça” mencionada em 1Ts_5:8.
15. Calçai os pés — Traduza-se, “tendo-vos calçado os pés”
(referindo-se às sandálias, ou calçado militar usado naquele então).
com a preparação — antes, “o estado de preparados”, ou
“disposição” resultante do “evangelho (Sl_10:17). O cristão deve estar
preparado para fazer e sofrer tudo o que Deus disponha; e disposto para
partir como soldado cristão.
do evangelho de paz — (comp. Lc_1:79; Rm_10:15). A “paz”
interior forma um contraste belo com a fúria do conflito exterior
(Is_26:3; Fp_4:7).
16. sobretudo (RC) — “Acima de tudo”; para cobrir tudo o que se
pôs antes. Mencionam-se três objetos de vestir: a couraça, o cinturão e os
sapatos; duas defesas: o capacete e o escudo; e duas armas ofensivas: a
espada e a lança (a oração). Alford traduz, “Além de tudo”, assim como
se entende o grego, Lc_3:20. Mas se queria dizer isto, viria no fim da
lista (comp. Cl_3:14).
Efésios (Jamieson-Fausset-Brown) 86
tomando sobretudo o escudo da fé (RC) — O escudo grande
retangular dos romanos, como de um metro e vinte centímetros de
comprimento por setenta e cinco centímetros de largura; não o broquel
pequeno e redondo.
com o qual podereis apagar todos os dardos inflamados — não
meramente “possam”. O escudo de fé com segurança obstruirá, e assim
“apagará todos os dardos de fogo” (figura tomada dos antigos dardos de
fogo, feitos de canos, com estopa e combustível presos na ponta, para
prender fogo às estruturas de madeira, carpas, etc.
do maligno — ou, “ímpio”. A fé vence o maligno (1Pe_5:9)
apagando seus dardos de tentação à ira, desejos carnais, vingança,
desespero, etc. Também vence o mundo (1Jo_5:4), e assim ao príncipe
do mundo (1Jo_5:18).
17. Tomai também o capacete da salvação — Palavra grega
diferente da que se usa nos vv. 13 e 16. Traduza-se pois, “recebei”,
“aceitai”, o capacete devotado pelo Senhor, quer dizer, a “salvação”
apropriada, como em 1Ts_5:8 onde se menciona o “capacete” como a
esperança da salvação; não uma esperança incerta, mas sim uma que não
traz consigo a vergonha de uma frustração (Rm_5:5). Assim se
acrescenta o capacete ao escudo da fé, como sendo seu acompanhamento
inseparável (comp. Rm_5:1, Rm_5:5). A cabeça do soldado é uma das
partes principais que necessitava mais defesa visto que contra ela podem
cair os golpes mais mortais, e é a cabeça a que manda em todo o corpo.
Do mesmo modo, a cabeça é o assento da mente, a qual não receberá
doutrina falsa, nem cederá às tentações de desespero de Satanás, depois
que aceitou a segura “esperança” evangélica da vida eterna. Deus, por
esta esperança, “exalta a cabeça” (Sl_3:3; Lc_21:28).
e a espada do Espírito — A espada provida pelo Espírito, quem
inspirou os escritores da Palavra de Deus (2Pe_1:21). Outra vez dá-se a
entender a Trindade: o Espírito, neste versículo; Cristo no “capacete da
salvação”, e Deus o Pai no v. 13 (comp. Hb_4:12; Ap_1:16; Ap_2:12). A
espada de dois gumes, cortando em ambos os sentidos (Sl_45:3,
Efésios (Jamieson-Fausset-Brown) 87
Sl_45:5), ferindo a alguns com convicção e conversão, e a outros com
condenação (Is_11:4; Ap_19:15), sai da boca de Cristo (Is_49:2), e está
na mão de Seus santos (Sl_149:6). O uso que fez Cristo desta espada na
tentação, é nosso modelo de como temos que usá-la contra Satanás
(Mt_4:4, Mt_4:7, Mt_4:10). Não se especifica armadura alguma para as
costas, e sim só para a parte dianteira do corpo; o que dá a entender que
nunca devemos voltar as costas ao inimigo (Lc_9:62); nossa única
segurança está em opor resistência sem cessar (Mt_4:11; Tg_4:7).
18. orando em todo tempo — grego, “toda estação”; dando a
entender quando se apresentar a oportunidade e quando houver
exigência (Cl_4:2). Paulo emprega as mesmas palavras de Jesus no
Evangelho de Lc_21:36 (Evangelho que ele cita em outras partes, em
consonância natural com o fato de que Lucas era seu companheiro de
viagem, 1Co_11:23, etc.; 1Tm_5:18). Comp. Lc_18:1; Rm_12:12;
1Ts_5:17.
com toda — quer dizer, com todo tipo de.
oração — termo sagrado que define a oração em geral.
e súplica — termo comum que denota uma classe especial de
oração [Harless], uma petição suplicante. A primeira classe usa-se para
obter bênçãos, a segunda, para evitar os males que tememos. [Grocio].
no Espírito — Esta frase deve unir-se a “orando”. É ele em nós,
como o Espírito de adoção, quem ora, e nos capacita a orar (Rm_8:15,
Rm_8:26; Gl_4:6; Jd_1:20).
e vigiando (RC) — não dormindo (Ef_5:14; Sl_88:13; Mt_26:41).
Assim como no templo mantinha-se uma vigilância perpétua (comp.
Ana, Lc_2:37).
nisso (RC) — antes, “vigiando para” ou com o fim de dirigir a
Deus suas deprecações e suas súplicas.
com toda perseverança — grego, “em”. Constância perseverante.
e súplica — Estes devem ser os elementos em que se exerça a
vigilância.
Efésios (Jamieson-Fausset-Brown) 88
por todos os santos — Ninguém é tão perfeito que não necessite a
intercessão de seus irmãos em Cristo.
19. e também por mim — Uma preposição grega diferente da do
v. 18; traduza-se, pois, “a meu favor”.
para que me seja dada, no abrir da minha boca, a palavra,
para, com intrepidez — antes, “Para que me seja dada facilidade de
expressão ao abrir minha boca (quando buscar falar; fórmula usada em
discurso formal e solene, Jó_3:1; Dn_10:16), para que com confiança
faça notório o mistério do evangelho”. A clareza de linguagem era tanto
mais necessária, visto que o evangelho é um “mistério” indiscernível
para o mero raciocínio, e só é conhecido por meio da revelação. Paulo
esperava que lhe seria dada facilidade de expressão; não dependia de seu
poder natural ou adquirido. O caminho mais curto para chegar ao
coração de qualquer um é pela via do céu; oremos a Deus para que nos
abra o caminho e abra nossa boca, para que possamos aproveitar toda
oportunidade. (Jr_1:7-8; Ez_3:8-9, Ez_3:11; 2Co_4:13).
20. pelo qual — grego, como no v. 19, “a favor do qual”
sou embaixador em cadeias — Um paradoxo. Os embaixadores
eram considerados invioláveis pela lei das nações, e não podiam ser
postos em cadeias, sem ultrajar todo direito sagrado. Entretanto, o
embaixador de Cristo se acha em cadeias! No grego a palavra “cadeias”
está no singular, pois os romanos costumavam atar o detento a um
soldado com uma só cadeia, como se fosse uma custódia livre. Assim
aparece em At_28:16, At_28:20 : “Estou preso com esta cadeia”. O
termo, “prisões” (plural), por outro lado, usava-se quando as mãos e os
pés do preso eram atados (At_26:29); comp. At_12:6; o plural assinala a
distinção. Só se usa o singular quando se faz referência à classe especial
de custódia descrita acima; um não designada coincidência [Paley].
21. para que saibais também — Visto que estive discutindo coisas
relacionadas convosco, e para que possais também saber a respeito de
mim (comp. Cl_4:7-8). Neander entende: “Vós também”, como também
os colossenses (Cl_4:7).
Efésios (Jamieson-Fausset-Brown) 89
a meu respeito — grego, “as coisas quanto a mim”.
de tudo vos informará Tíquico — Um asiático, e assim
mensageiro apto para levar as respectivas Epístolas a Éfeso e a Colossos
(At_20:4; 2Ti_4:12).
o irmão amado — gr., “o irmão amado”, etc.; o mesmo epíteto
aparece em Cl_4:7.
e fiel ministro — quer dizer, servente.
do Senhor — na obra do Senhor.
22. Foi para isso — “com este propósito”. Cl_4:8 é quase igual a
este versículo, palavra por palavra.
que eu vo-lo enviei, para que saibais a nosso respeito — O
referente a mim, e “Aristarco, prisioneiro comigo, e Marcos, primo de
Barnabé” (Cl_4:10).
23. paz seja com os irmãos e amor com fé — Se pressupõe que
Paulo faz referência à fé deles; ele ora para que o amor acompanhe esta
fé (Gl_5:6).
24. Note o contraste entre esta passagem e a maldição sobre os que
não amam ao Senhor (1Co_16:22).
com todos os que amam a nosso Senhor Jesus Cristo em
sinceridade (RC) — grego, “em incorrupção”, quer dizer, “com um
amor imortal (constante)” [Wahl]. Veja-se “em incorruptível ornato”
(1Pe_3:4). Não um amor fugaz, terrestre, mas sim espiritual e eterno.
[Alford]. Note o contraste em Cl_2:22, com as coisas terrestres que são
para destruição: “Pois que todas estas coisas, com o uso, se destroem”.
Comp. 1Co_9:25, “coroa corruptível … incorruptível”. “Puramente”,
“santamente” [Estius], sem a corrupção do pecado (Nota, 1Co_3:17;
2Pe_1:4; Jd_1:10). Onde o Senhor tem um crente verdadeiro, ali tenho
eu um irmão. [Bispo M’Ilivaine]. O que é suficientemente bom para
Cristo, é suficientemente bom para mim. [R. Hall]. As diferenças de
opinião entre os verdadeiros cristãos são comparativamente pequenas, e
são úteis para que eles mesmos reconheçam que não são como ovelhas
tolas, as quais seguem umas a outras confiando na que vai adiante. Sua
Efésios (Jamieson-Fausset-Brown) 90
conformidade no principal, apesar de que mostram sua independência
como testemunhas ao diferir em coisas não essenciais, só se pode
explicar pelo fato de que todos vão na direção correta (At_15:8-9;
1Co_1:2; 1Co_12:3).

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