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CONSTITUCIONAL, PENAL MILITAR E
PROCESSUAL PENAL MILITAR. RECURSO
ESPECIAL. CRIME DOLOSO CONTRA A VIDA DE
CIVIL. ART. 125, § 4º, DA CF C/C ART. 9º DO CPM
C/C ART. 82 DO CPPM. COMPETÊNCIA DO
TRIBUNAL DO JÚRI. PRECEDENTES.
RECONHECIMENTO DE SUPOSTA EXCLUDENTE DE
ILICITUDE. ARQUIVAMENTO DO IPM, DE OFÍCIO.
IMPOSSIBILIDADE. VIOLAÇÃO AO SISTEMA
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contra acórdão do Tribunal de Justiça Militar do Estado de São Paulo, assim
ementado (e-STJ fl. 361):
/EAF 2
Ministério Público Federal
Procuradoria Geral da República
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detidos ilesos e outros iniciaram fuga pelos telhados das residências vizinhas,
momento em que chegou a informação, através da COPOM, de que pela
residência número 285 da via supracitada poderia haver indivíduos
homiziados, devido barulhos do quintal, tendo a 1ª Ten ISADORA, o Sd PM
CINTRA e o Sd PM ALEXANDRE adentrado ao corredor dos fundos para
averiguação, sendo que no final deste corredor surgiu 01 (um) indivíduo que,
/EAF 3
Ministério Público Federal
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286).
/EAF 4
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prevalecer o voto vencido, que dava provimento ao recurso e encaminhava os
autos à Justiça Comum.
/EAF 5
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2º, ambos do CPPM, reiterando a alegação de que, “se houve morte de civil
por Militar estadual e não se trata de homicídio culposo, o caso é de
competência da Justiça comum, desde a fase de inquérito.” (e-STJ fl. 441), e
que, no mais, “Não pode o IPM morrer em Cartório da Justiça Militar, contra
vontade de titular da ação penal, sem ter ido (no mínimo) à apreciação do
Procurador Geral de Justiça.” (e-STJ fl. 443), considerando que “É vedado ao
/EAF 6
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pressupostos genéricos, uma vez que: (i) o recurso manejado é o cabível
diante do acórdão proferido pelo TJMSP; (ii) o recorrente possui legitimidade
e interesse em recorrer; (iii) o recurso afigura-se tempestivo e regular em sua
forma.
/EAF 7
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crimes militares, não é irrestrito. Confira-se:
/EAF 8
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praticada pelo militar, do mesmo modo que se exige, para os chamados crimes
políticos a motivação política da conduta (Lei n° 7.170/83, art. 2°). Tampouco
é suficiente a condição de militar, como, aliás, se ressaltou na decisão do
Supremo Tribunal Federal.”.
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também restringe a competência da Justiça Militar àquelas situações nas
quais haja uma atividade tipicamente militar:
/EAF 9
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União) a demonstração de ofensa a bens jurídicos de que sejam titulares as
Forças Armadas. Daí a convergência de entendimento, na
jurisprudência do STF, de que o delito cometido fora do ambiente
castrense ou cujo resultado não atinja as instituições militares será
julgado pela Justiça comum. Precedentes.” (STF, HC 117254, Relator(a):
Min. TEORI ZAVASCKI, Segunda Turma, julgado em 30/09/2014,
/EAF 10
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República quanto na legislação ordinária, a competência do Tribunal do
Júri.
3 “Compete à Justiça Militar estadual processar e julgar os militares dos Estados, nos crimes
militares definidos em lei e as ações judiciais contra atos disciplinares militares, ressalvada
a competência do júri quando a vítima for civil, cabendo ao tribunal competente decidir
sobre a perda do posto e da patente dos oficiais e da graduação das praças.” (g.n.)
4 Idem, p. 264.
/EAF 11
Ministério Público Federal
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Tribunal do Júri, por força do que se contém na Lei n° 9.299/96. […] Então, do
ponto de vista constitucional, não há como aplicar o delito previsto no citado
CPM sem que se tenha presente uma lesão à instituição militar, em razão dela
mesma.”.
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disciplinar acerca do foro militar, prevê a remessa do feito à Justiça
Comum, nos crimes dolosos contra a vida praticados contra civil.
5 “Art. 82 O foro militar é especial, e, exceto nos crimes dolosos contra a vida praticados
contra civil, a ele estão sujeitos, em tempo de paz: (…) § 2° Nos crimes dolosos contra a vida,
praticados contra civil, a Justiça Militar encaminhará os autos do inquérito policial militar à
justiça comum.”
6 Caso 19 COMERCIANTES; caso ALMONACID ARELLANOS; caso CANTORAL BENAVIDES;
caso DURANTE Y UGARTE; caso LAS PALMERAS. Disponível em:
<http://www.corteidh.or.cr. Acesso em: 10 jul. 2018.
7 Caso LAS PALMERAS, citado no Processo MPF Nº 1.00.000.007053/2010-86 e
1.00.000.0118017/2010-01.
/EAF 12
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cometidos por militares das Forças Armadas9 contra civil.
/EAF 13
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fundamental do acusado, insuscetível de supressão
por ato normativo infraconstitucional.
2. A delegação ao legislador ordinário da definição do
que seja crime militar não dá margem à fixação
arbitrária de jurisdição militar fora do âmbito de
crimes tipicamente militares, com reflexo sobre a
organização constitucional de competências e, de
modo mais grave, com mitigação da garantia
constitucional do Júri.
3. A mesma lógica que expressamente impôs a
/EAF 14
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penal militar tem competência restrita ao julgamento de crimes envolvendo
violação à hierarquia, disciplina militar ou outros valores tipicamente
castrenses, de modo que, em atenção ao devido processo legal e a um
julgamento justo, independente e imparcial (CF, art.5º, LIV), a teor do Pacto
Internacional de Direitos Civis e Políticos (art. 14) e da Convenção Americana
de Direitos Humanos (art. 8º), aliado ao princípio da proibição do retrocesso,
/EAF 15
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que outro Juízo, que não tem competência para processar e julgar,
determine o arquivamento da respectiva investigação é admitir manifesta e
indevida usurpação da competência, o que, evidentemente, não se pode
conceber.
Nesse sentido:
/EAF 16
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julgar, o poder/dever de conduzir
administrativamente inquéritos policiais" (CC
144.919/SP, Rel. Ministro Felix Fischer, Terceira
Seção, julgado em 22/6/2016, DJe 1/7/2016).
Portanto, não é da competência do Juiz Militar
determinar o arquivamento do inquérito policial
militar, que investiga crime doloso contra a vida
praticado por militar contra civil, em virtude do
reconhecimento de excludente de ilicitude.
Precedentes.
/EAF 17
Ministério Público Federal
Procuradoria Geral da República
(...)
Justamente, pode-se chamar acusatório todo sistema
processual que tem o juiz como um sujeito passivo
rigidamente separado das partes e o julgamento
como um debate paritário, iniciado pela acusação,
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à qual compete o ônus da prova, desenvolvida com
a defesa mediante um contraditório público e oral,
e solucionado pelo juiz, com base em sua livre
convicção. Inversamente, chamarei “inquisitório”
todo sistema processual em que o juiz procede de
ofício à procura, à colheita e à avaliação das
provas, produzindo um julgamento após uma
instrução escrita e secreta, na qual são excluídos
ou limitados o contraditório e os direitos da
defesa.11
11 Direito e Razão – Teoria do Garantismo Penal, Ed. RT, 2002, Tradutores Ana Paula
Zomer, Fauzi Hassan Choukr, Juarez Tavares e Luiz Flávio Gomes. (g.n.)
12 Op. Cit., p. 454.
/EAF 18
Ministério Público Federal
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limitado a requerer “a remessa dos autos à Justiça Comum Estadual, cujo
Órgão tenha jurisdição e competência sobre o local dos fatos”, sob o
fundamento de que “Os fatos versam sobre eventual crime de homicídio
doloso de civil praticado por Policiais Militares em serviço, cuja competência
para o processo e julgamento é da Justiça Comum, nos termos do art. 124 da
Constituição Federal” (fl. 261e).
/EAF 19
Ministério Público Federal
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RECURSO ESPECIAL. DIREITO PENAL MILITAR E
PROCESSO PENAL MILITAR. CRIME DOLOSO
CONTRA A VIDA DE CIVIL. ART. 125, § 4º, DA
CONSTITUIÇÃO DA REPÚBLICA. ART. 9º DO CÓDIGO
PENAL MILITAR. ART. 82 DO CÓDIGO DE PROCESSO
PENAL MILITAR. RECONHECIMENTO DE SUPOSTA
EXCLUDENTE DE ILICITUDE. ARQUIVAMENTO DO
IPM. COMPETÊNCIA DO TRIBUNAL DO JÚRI.
CASSAÇÃO DO ACÓRDÃO A QUO.
1. O cerne da controvérsia cinge-se a saber se a
/EAF 20
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pelo dominus litis, a decisão que determinou o arquivamento do inquérito
policial militar se deu em manifesta desobediência às regras constitucionais
e legais sobre competência, ao sistema acusatório e ao devido processo legal,
sendo inafastável, por isso, o reconhecimento de sua nulidade.
/EAF 21