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Introdução
- Eu posso fazer.
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A proposta do Novo Regime Fiscal: política econômica, dívida pública e democracia.
Dessa forma, neste trabalho a pretensa resolução da “crise fiscal” brasileira não é
compreendida como uma peça puramente de política econômica, conjuntural e específica,
mas sim como uma parte integrante – e essencial – de um avanço substancial do
neoliberalismo sobre a posição do Estado na sociedade, após um contraditório interregno.
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A partir da crise econômica nos anos 1970, a interação conflituosa entre o
processo de acumulação de capital e a disputa pela apropriação da riqueza entre as classes
sociais alterou-se dramaticamente. Como destaca Streeck (2013), observamos uma
dissolução progressiva de um casamento forçado entre o capitalismo e a democracia
forjada no pós-guerra – e de inspiração keynesiana – e a exigência pelo capital de uma
economia capitalista cada vez mais livre da “intervenção democrática”, a favor dos
rendimentos do capital em detrimento do trabalho. A ruptura com o período anterior, ou
nas palavras do autor, a origem da “crise de legitimidade”1 do capitalismo democrático
está na evasão do capital à regulação social lhe imposta pelo keynesianismo e o Estado
de bem-estar social ocidental e por ora não mais desejada. O cenário posto ao final da
década de 1980 era de uma economia referendada pela lógica de valorização financeira e
pelo comportamento volátil dos mercados financeiros:
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Especificar este conceito.
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Uma ordem social pautada sempre no conflito entre “as forças de mercado” e os direitos sociais, e na
necessidade teórica dos governos democráticos em conciliar ambos os princípios.
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teoria da Escolha Pública ou Public Choice. Nesta abordagem, o Estado é por natureza
ineficiente, e a sua intervenção não se justifica nas falhas de mercado, pois ao tentar
minorá-las o Estado apresentaria mais falhas do que o mercado, dado as imperfeições do
mercado político (a maximização dos ganhos políticos). Uma variante desta visão, a Rent
Seeking ou “caçadores de renda”, também justifica o mesmo problema pelo mesmo
caminho. Para os seus teóricos, a multiplicidade de interesses entre eleitores e burocratas
estatais e a busca pela apropriação de renda por meio do orçamento público torna o
processo democrático gerador de ineficiência na alocação dos recursos da economia
(Oliveira, 2010; p. 55).
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A busca de credibilidade da política econômica pode ser lida de modo mais crítico, quando se percebe que
a necessidade de credibilidade para a política econômica significa uma única política capaz de ter como
único resultado a valorização fictícia do capital. Deste modo, a política econômica de credibilidade é aquela
que melhor ancora as expectativas de lucros financeiros e que ao mesmo tempo é incapaz de apresentar
mudanças que sigam objetivos distintos deste.
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A análise aqui é baseada em Lopreato (2006) e Oliveira (2010), e para uma análise mais detalhada do
desenvolvimento teórico da macroeconomia – da síntese neoclássica ao novo-keynesianismo – e das
recomendações de política econômica ver Snowdon & Vane (1993).
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o seu comportamento maximizador na avaliação da política econômica, na sua
continuidade (confiança), assim como no ambiente esperado. De forma sintética, a
hipótese das expectativas racionais parte de uma crítica a possibilidade da política
keynesiana obter resultados reais sem ser afetada pelo comportamento dos agentes
privados e destaca que estes, ao contrário do consenso anterior, formam suas expectativas
sobre as variáveis econômicas de maneira maximizadora e levam em conta as
informações disponíveis (hipótese fraca) ou um modelo econômico “correto” conhecido
(hipótese forte). Assim, os agentes privados racionais e maximizadores conseguiriam
antecipar os resultados de uma política econômica determinada, e com isso qualquer
política de administração da demanda não afetaria as variáveis reais e seria total inócua
no curto prazo.
“(…) the rational expectations approach directs attention away from particular
isolated actions and toward choices among feasible rules of the game, or repeated
strategies for choosing policy variables” (SARGENT, 1994; p. 37).
Como destaca Lopreato (2006), outro elemento central para uma definição do
regime de política econômica adequado, segundo o desenvolvimento teórico recente da
macroeconomia, é o problema da inconsistência intertemporal. De acordo com a
abordagem novo-clássica, a gestão de política econômica encontra uma restrição no seu
manejo. Trata-se da possibilidade de esta não alcançar os efeitos esperados devido a sua
inconsistência com o resultado esperado. Isto porque, caso os agentes acreditem que o
governo não manterá a continuidade das políticas anunciadas, estes irão alterar o seu
comportamento frente ao novo cenário esperado e o resultado será a ineficiência da
política econômica desejada pelo governo. Assim, a resolução deste problema, segundo
a teoria convencional, é o compromisso com a política econômica anunciada o que tem
como consequência o abandono da flexibilidade de sua gestão – característico do período
keynesiano – e a submissão da autoridade econômica às regras estabelecidas, e com isso
validar as expectativas dos agentes privados e obter os resultados desejados. Nota-se
desde já que a única saída para a atuação da política econômica é realizar e criar todos os
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mecanismos institucionais possíveis para que a política anunciada seja realizada. Esta é a
contradição que a teoria novo-clássica coloca para os policy makers. Dada a necessidade
de validação das expectativas dos agentes, o novo regime de política econômica incorpora
outra questão central na sua condução, a credibilidade. Neste ponto, o que importa
destacar é que a política econômica deve ser conduzida de maneira a criar um ambiente
no qual os agentes privados acreditem na continuidade das políticas adotadas e
anunciadas. Dada as regras estabelecidas, a possibilidade de uma mudança na condução
política afeta a percepção dos agentes quanto a confiança nas autoridades
governamentais, o que prejudica os resultados esperados. Isto implica perceber que até
mesmo a democracia pode ser um problema do ponto de vista econômico para os
defensores deste regime e desta teoria. O resultado alcançado pelo desenvolvimento
teórico recente da macroeconomia foi a perda de força das políticas econômicas ativistas
e o forte compromisso com as regras estabelecidas e com a conquista da confiança:
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dinâmica impôs a política fiscal uma subordinação a confiança dos agentes privados e,
como esperado, aos interesses da valorização financeira.
“Esta visão reforçou a certeza dos que defendem a ampliação do ajuste fiscal
como forma de sustentar às expectativas dos investidores, uma vez que
alterações na forma de perceber a trajetória da política fiscal servem ao
questionamento de outras variáveis e impulsionam o risco de crise financeira”
(LOPREATO, 2006; p. 8)
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dos agentes no esforço fiscal torna-se um fator fundamental para a gestão
macroeconômica exatamente por ela afetar variáveis chaves da economia. A
recomendação desta abordagem, segundo Oliveira (2010), é uma política de controle dos
déficits fiscais com metas rigorosas capazes de garantir a sustentabilidade e/ou a redução
da relação dívida/PIB e com isso garantir a confiança e a credibilidade da política
econômica frente aos agentes privados, e a redução do risco-país. Além disso, a
sustentabilidade da dívida servia como uma âncora da política monetária, pois a atuação
firme e responsável da autoridade monetária – em consonância com os objetivos da
política monetária de controle da inflação – permitiria impor uma disciplina fiscal (um
controle intertemporal das contas públicas), e com isso evitando a possibilidade de um
caso de dominância fiscal, onde o ativismo fiscal ocorreria à revelia da estabilização da
relação dívida/PIB.
- Ainda vou dar uma reduzida nesta parte escrita, tirar pelo menos 1 página ou até 2
páginas, e melhorar alguns argumentos. Mas o importante já está aqui.
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- Talvez algumas partes sobre o Estado que estão no início podem ficar para introdução,
sei lá.
- Em seguida vou descrever aquela análise da PEC que foi apresentada no seminário, com
gráfico e citação dos membros da equipe econômica.
- E pretendo fechar a seção com isso ou deixar isso para as nossas conclusões:
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https://pt.wikipedia.org/wiki/Trag%C3%A9dia_dos_comuns não vou usar Wikipedia, só pra ti guiar.
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Referências bibliográficas:
Press, 1994.
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