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Biografia
Introdução
De forma a ilustrar este tema, irá também ser abordado um exemplo do nosso quotidiano,
que ajudará a entender melhor as características do paradigma dominante, que Boaventura
refere.
O exemplo abordado, neste trabalho, é um tema que cada vez mais faz parte da nossa
realidade, a Sida, sendo referido os diferentes pontos de vista que foram surgindo sobre
esta grande e perigosa doença.
Desenvolvimento
Paradigma Dominante:
As leis matemáticas vão ser priveligiadas neste modelo, tudo o que não pode ser reduzido
a números, nem ser quantificável é desprezado, assim o conhecimento científico vai
alcançar um rigor nunca atingido até então.
Paradigma Emergente:
Boaventura afirma que fazemos uma síntese pessoal baseada na imaginação sociológica
quando se fala em futuro, mesmo que seja próximo, e que deve haver um paradigma
emergente, o “paradigma prudente para uma vida decente” (Pág. 71), pois,
estruturalmente a natureza da revolução científica é diferente da que ocorreu no séc.XVI,
pois o paradigma não pode ser só científico, deve ser também social.
Como tal, não faz sentido haver uma distinção entre ciências naturais e sociais, pois o
Homem é parte integrante da Natureza e construtor do conhecimento por ser autor e
sujeito desse memso mundo no centro do conhecimento, e por a própria definição de
ciência se designar pelo conjunto de pensamento do Homem sobre a realidade.
Este conhecimento pode ser considerado como um auto-conhecimento, pois existe uma
relação entre sujeitos, isto é, o cientista, a partir do seu objecto de estudo entende-se
melhor a si próprio causando assim um carácter autobiográfico ao paradigma emergente.
Este paradigma surge da ruptura do actual paradigma, o dominante, que ao definir uma
barreira entre o conhecimento científico e o conhecimento do senso comum, perde a
capacidade de ter respostas para explicar as novas realidades, dando assim lugar ao
paradigma emergente, que assume as suas funções e consegue dar as respostas necessárias
para a resolução dessa mesma crise que o derrubou.
Esta nova teoria crítica vai então procurar realizar um diálogo multicultural que por sua
vez visa reunir todas as formas de saber, algumas delas que foram inclusivamente
destruídas pela ciência moderna que procurava um conhecimento universal. Esta nova
teoria necessita ainda da participação de uma nova teoria de tradução, capaz de perceber
as diferenças existentes entre as várias formas de saber.
A Sida:
Como exemplo de realidade quotidiana, escolhemos para este trabalho uma temática
actual e preocupante da sociedade global, a SIDA. Tendo como base este problema,
pretendemos confrontar o senso comum com o conhecimento científico. Analisamos
também as distorções e enviusamentos que poderão surgir no seio da sociedade
relativamente a conhecimentos científicos. Consideramos também importante sublinhar
alguns elementos como preconceito, mitos sociais e ignorância relativamente a esta
questão.
O que é a SIDA?
A SIDA provoca ainda perturbações como perda de peso, tumores no cérebro e outros
problemas de saúde que, sem tratamento, podem levar à morte. Este síndrome manifesta-
se e evolui de modo diferente de pessoa para pessoa.
Contágio
Através de sangue, sémen, fluidos vaginais, leite materno e, provavelmente, dos fluidos
pré-ejaculatórios dos seropositivos. O VIH não se transmite pelo ar nem penetra no
organismo através da pele, precisando de uma ferida ou de um corte para penetrar no
organismo.
A forma mais perigosa de transmissão é através de uma seringa com sangue contaminado,
já que o vírus entra directamente na corrente sanguínea.
A transmissão por via sexual nas relações heterossexuais é mais comum do homem para
a mulher, do que o contrário, porque o sémen é mais virulento do que os fluidos vaginais.
O contágio pode ocorrer em todos os tipos de relação, seja vaginal, anal ou oral, já que as
secreções vaginais ou esperma, mesmo que não entrem no organismo, podem facilmente
contactar com pequenas feridas e cortes existentes na vagina, ânus, pénis e boca. As
relações sexuais com mais riscos são as anais.
De mãe para filho, o vírus pode ser transmitido durante a gravidez, parto ou, ainda, através
da amamentação.
O VIH pode encontrar-se nas lágrimas, no suor e na saliva de uma pessoa infectada,
contudo, a quantidade de vírus é demasiado pequena para conseguir transmitir a infecção.
É durante a fase aguda da infecção, que ocorre uma a quatro semanas após a entrada do
vírus no corpo, que existe maior perigo de contágio, devido à quantidade elevada de vírus
no sangue.
Prevenção
Usar sempre preservativo nas relações sexuais, não partilhar agulhas, seringas, material
usado na preparação de drogas injectáveis e objectos cortantes (agulhas de acupunctura,
instrumentos para fazer tatuagens e piercings, de cabeleireiro, (manicure).
É, também, preciso ter atenção à utilização de objectos, uma vez que, se estiverem em
contacto com sémen, fluidos vaginais e sangue infectados, podem transmitir o vírus.
Comportamentos de risco
Pessoas que não praticam sexo seguro, isto é, que não usam preservativos e têm mais do
que um parceiro sexual.
A SIDA é sem dúvida uma temática muito presente no seio da nossa sociedade e que nos
preocupa a todos. Desde a sua descoberta, tem causado um elevado número de mortes e
até hoje não há cura para esta doença. No entanto, informações sobre como evitar e quais
os comportamentos de risco estão diariamente presentes em todos os meios de
comunicação.
Apesar disso, continua a existir preconceito contra pessoas portadoras dessa doença e
existem ainda indivíduos totalmente distantes das formas como poderão evitá-la.
Apreciação Crítica
Após a leitura deste excerto, podemos concluir que Boaventura de Sousa Santos considera
que não existe um único modelo de conhecimento, defende que todo o conhecimento
científico tem a sua origem no senso comum e tem como função distanciar-se para
aprender e voltar a este último para o educar. Baseando-se nas ideias de Kuhn, Boaventura
afirma existir um paradigma dominante que poderá apresentar falhas, estas conduzem à
crise deste paradigma, pelo que surge um outro, o paradigma emergente, que vem assumir
e resolver as falhas do primeiro paradigma.
Sendo o aspecto principal deste tema a distinção entre conhecimento científico e senso
comum e entre a Natureza e o Homem, então concluímos que não se deve fazer uma
distinção muito evidente entre o cientista e a população, pois o primeiro tem como
obrigação aprender para depois ensinar, concordamos também com a ideia de que não se
deve confundir conhecimento científico com senso comum, pois não se saberia se o que
é dito será verdadeiro ou não, já que o senso comum se baseia naquilo que apreende pelos
sentidos e o conhecimento científco no método experimental, não acreditando nestes, que
por vezes nos enganam, como já dizia Descartes.
Concordamos também com a ideia de que não deve existir uma distinção entre ciências
naturais e sociais, pois o Homem é parte integrante da Natureza e construtor de
conhecimento.
Para enfatizar o aspecto principal deste tema, foi utilizado o exemplo da Sida, de maneira
a ilustrar a forma como as diferentes gerações a encaram, valorizando assim a ideia de
que o conhecimento científico educa o senso comum.