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Guerra Aérea no Oriente

A capital do Japão convertida numa tocha

Ataque aéreo sobre o Japão

Exatamente às 12 horas do dia 10 de março de 1945, o Quartel-General de Tóquio publicou um comunicado


que dizia textualmente: "Pouco depois da meia-noite, por volta das 2 horas e 40 minutos de hoje, dia 10 de
março, os bombardeiros B-29 atacaram Tóquio, bombardeando a cidade indiscriminadamente. O ataque
causou incêndios em diferentes pontos da capital. O incêndio em Shumeryo (bairro onde se encontra o
Quartel-General) foi debelado às 2 h e 35 min. Nos demais locais só foram extintos às 8 horas."

Conheciam-se poucos ataques precedentes semelhantes ao de Tóquio. Em realidade, só a trágica noite de


Hamburgo lhe poderia ser comparada. Naquela oportunidade, a Operação Gomorra, do verão de 1943,
prolongou-se por dez dias e dez noites, convertendo num gigantesco cemitério as doze milhas quadradas
daquela importante cidade. Agora, aqui em Tóquio, dezessete milhas quadradas tinham-se convertido no
cemitério de mais de 100.000 pessoas, num ataque que tinha durado, ininterruptamente, umas seis horas.

Em resumo, Tóquio se converteria numa cidade-mártir, juntamente com Dresden, Berlim e Toyama, onde
99% dessas cidades foram devastados, desaparecendo, praticamente, com seus habitantes num mar de fogo.

O resumido comunicado do Quartel-General japonês não dava mais do que uma pálida idéia da incursão.
Apenas permitia imaginar aquela noite de horror. Naquelas horas o inferno caiu sobre Tóquio.

A arma

O avião que permitiu aos americanos efetuar os terríveis bombardeios sobre o Japão foi o B-29
(Superfortaleza Voadora). O primeiro desses aparelhos (o primeiro de três protótipos XB-29) voou em 1942.
0 aparelho foi provado e testado nos seus mínimos detalhes e, finalmente, em junho de 1943, teve início a
sua fabricação.

O B-29 foi o primeiro avião americano de bombardeio desenhado para operações de combate a grande altura
(da ordem de 9.000 metros). Para tonto foi dotado pelos projetistas com cabinas pressurizadas. Outra das
inovações que o distinguiram foi o sistema central de tiro (CFC: central-fire-control), bem como um sistema
defensivo controlado eletronicamente. O avião possuía cinco torres e um armamento que totalizava doze
metralhadoras de .50 e um canhão de 20 mm.

Seu carregamento de bombas poderia consistir, se fosse necessário, em quarenta unidades de 250 quilos, o
que permite calcular o poder destruidor de uma nutrida formação de B-29.

Cada B-29 possuía 4.500 metros de cabos elétricos e um total de 129 motores diversos, além de 29
geradores. No total, cada Superfortaleza era composta por mais de 55.000 peças diferentes.

O custo do primeiro modelo experimental do B-29 atingiu a cifra de US$ 3.392.396,60. Os aparelhos
posteriores, produzidos em série, custaram US$ 600.000 por unidade.

A 5 de junho de 1944, os B-29 fizeram a sua "apresentação" como aparelhos de bombardeio a grande altitude
operacional e grande raio de ação.

Nesse dia, noventa e oito aparelhos alçaram vôo de suas bases na Índia, com destino a seus alvos. A partida
não foi favorável. Um B-29 acidentou-se, ocasionando a morte de dez de seus onze tripulantes. Outros doze
aparelhos abandonaram o vôo por causas mecânicas. Um total de setenta e sete B-29 alcançaram os alvos,
lançando suas bombas de uma altitude de sete mil metros. A quantidade de explosivos lançada, nesta
primeira oportunidade, foi de cinco toneladas de bombas para cada avião.
O regresso não foi feliz e muitos aparelhos perderam o rumo, aterrissando em diferentes bases e acidentando-
se em alguns casos.

Dez dias mais tarde, a 15 de junho, setenta e cinco B-29 lançaram o primeiro ataque contra o território
metropolitano japonês, bombardeando a cidade de Yawata. Os objetivos não foram alcançados e o ataque foi
considerado, tecnicamente, improdutivo. Quarenta e cinco B-29 alcançaram e bombardearam a cidade de
Yawata, Kokura, Moji, Tobata e Shimonoseki. As bombas, entretanto, não atingiram as siderurgias, que
compunham o principal alvo do ataque.

Tal como na oportunidade anterior, muitos aviões perderam a rota, acidentando-se alguns ao aterrissarem. As
conseqüências psicológicas, entretanto, superavam em importância as possíveis conseqüências concretas do
bombardeio. Com efeito, a população japonesa estava convencida, através de uma constante propaganda
oficial, da invulnerabilidade dos céus japoneses. As cidades japonesas, de acordo com a propaganda oficial,
jamais seriam atacadas pelos bombardeiros inimigos. A presença de centenas de bombardeiros americanos
significava um rude golpe na segurança proporcionada aos habitantes do Japão. A invencibilidade dos
efetivos do Sol Nascente bem como a confiança nas forças armadas começava, conseqüentemente, a
estremecer. Os civis, homens e mulheres que trabalhavam na retaguarda, começavam a compreender que
estavam expostos a tudo aquilo que lhes tinham descrito como impossível. A conseqüência era previsível: a
população civil sofreria um duro golpe na sua confiança no imperador e na potência das armas japonesas. Os
resultados mudaram de imediato: deslocando-se do campo psicológico para o concretamente favorável. Com
efeito, a 29 de julho, cinqüenta e oito B-29 arrasaram as siderurgias de Showa, em Anshan, Mandchúria. Os
resultados foram espetaculares. Apesar dos japoneses manifestarem que só uma terça parte foi destruída, os
americanos comprovaram que a totalidade da usina ficou inutilizada até ao final da guerra.

A 20 de agosto de 1944, um segundo ataque foi realizado contra a cidade de Yawata. Nessa oportunidade,
setenta e cinco B-29 enfrentaram uma severa resistência japonesa. O bombardeio acusou resultados
qualificados como "muito bons". A luta entre os bombardeiros americanos e as baterias antiaéreas, bem como
contra os caças japoneses, por seu turno, apresentou os seguintes resultados: vinte caças japoneses abatidos e
dez Superfortalezas derrubadas. Na viagem de retorno, mais três Superfortalezas se perderam.

As siderurgias de Showa, na Mandchúria, foram novamente bombardeadas em setembro de 1944. Nessa


oportunidade, duzentos B-29 as atacaram. Um mês mais tarde, no curso de três missões efetuados por cento e
noventa e oito B-29, a grande fábrica de aviões de Okayma, em Formosa, foi destruído. Ali, foram lançadas
1.200 toneladas de bombas. A fábrica Omura, em Kyushu, por sua vez, foi intensamente atacada. Os
japoneses, todavia, a defenderam com uma cortina de fogo antiaéreo e numerosos caças. Durante os dois
ataques executados contra a usina, quinze B-29 foram derrubados. Paralelamente, foram atacados objetivos
situados em Rangum, Bancoc, Xangai, Nanquim, Hangkow, Singapura, Saigon, Amoy e outras cidades de
menor importância.

Em certas oportunidades, B-29 isolados atuaram em missões de observação (reconhecimento). Uma delas foi
empreendido pelo B-29 pilotado pelo Capitão Eigenmann que, no decorrer de um vôo de reconhecimento
sobre Honshu, foi atacado por cem caças japoneses, num combate que se prolongou durante uma longa hora.
Sete dos caças inimigos foram derrubados pelo fogo do B-29 e dois mais foram dados como supostamente
derrubados.

O grande objetivo

Até este momento, a campanha dos B-29 estava limitado a ataques à periferia do grande objetivo: o Japão
propriamente dito. O momento, no entanto, em que as vagas de bombardeiros começariam a sobrevoar o
coração do império tinha chegado.

Os comandos da Força Aérea Americana organizaram listas de alvos, objetivando propósitos definidos. A
cidade de Tóquio, por exemplo, era um alvo de absoluta prioridade. Não por sua importância estratégica ou
industrial, mas sim pelo seu valor psicológico, como sede do governo e, principalmente, do imperador. Os
golpes dados contra a capital do Japão, coração e cérebro da máquina bélica nipônica, teriam uma grande
repercussão sobre a população civil. Não se devia subestimar, por outro lado, a concentração industrial de
Tóquio, que compreendia grande quantidade de fábricas relacionadas com o esforço de guerra.
Com referência às fábricas de material bélico, deve ser ressalvado que grande parte das mesmas estavam
concentradas em poucas cidades (Tóquio, Nagóia, Osaca e poucas mais), fato que dava ao sistema uma
extraordinária vulnerabilidade.

A indústria aeronáutica foi escolhida para receber os primeiros golpes. Com efeito, ela era sumamente
importante e, em 1944, sua produção tinha alcançado 28.180 aparelhos. O 21 o Comando de Bombardeio, em
conseqüência, programou uma lista de alvos de acordo com a seguinte prioridade:
Principais fábricas de motores:
Mitsubishi Jukogyo, Nagoya Katsudoki
Nakajima Hikoki, Musoshino Seisakusho
Kawasaki Kokuki, Akashi
Nakajima Hikoki, Tama Seisakusho
Principais fábricas de aviões:
Nakajima Hikoki, Ota Seisokusho, Takasaki
Kawasaki Kokuki, Kagamigohara, Nogoya
Nakajima Hikoki, Koizumi Seisokusho, Takasaki
Mitsubishi Jukogyo Kokuki, Nagoya
Aichi Tokey Denki, Eitoku, Nagoya

Outros alvos, secundários, eram as zonas portuárias de Osaca, Nagóia, Tóquio, Kawasaki, Iocoama,
Shimonoseki, Kure, Hiroxima, Kobe, Nagasaki, Sasebo e Yokosuka; seriam também alvos secundários as
zonas urbanas de Hiroxima, Kure, Niigata, Yawato, Tobata, Wakamatsu, Kurasaki, Kokura, Fukuoka,
Nagasaki, Omuta, Moji, Kurume e Nobeoka. A 30 de outubro, dois aparelhos F-13 A (B-29 modificados para
missões de reconhecimento) chegaram a Saipan, depois de 33 horas de vôo, vindos da Califórnia. Pouco
depois, um dos aviões, pilotado pelo Capitão Steakley, sobrevoou Tóquio, a uma altitude de 9.600 metros. As
câmeras fotográficas do aparelho, de extrema precisão, tiveram sua missão facilitada por um tempo claro e
sem nuvens. Horas mais tarde, o avião regressou para sua base em Saipan com mais de sete mil fotografias
de Tóquio e seus arredores. Posteriormente, dezessete missões semelhantes foram feitas sobre Tóquio, como
delimitação do alvo. Em todos os casos atuaram aparelhos solitários, que fotografaram o cidade de grande
altura.

Os problemas que o comando americano teria que enfrentar nos incursões a Tóquio passavam para um
segundo plano, diante do principal inconveniente: o tempo. De fato, de acordo com as palavras do Tenente-
Generol Millard Harmond, comandante-chefe das forças aéreas do exército no Pacífico, "entre Saipan e
Tóquio o tempo é sumamente ruim... Existem turbulências e é impossível predizer as mudanças
atmosféricas... A várias milhas de altitude sobre Tóquio os ventos atingem velocidades superiores ao resto do
mundo, incluindo o Monte Everest... As velocidades alcançam a oitocentas milhos por hora..."

As palavras do Tenente-General Harmond se confirmariam em sua própria carne, meses depois, quando o
seu avião desapareceu em meio a um temporal imprevisto que surpreendeu a sua formação.

As condições atmosféricos acerca das cidades japonesas ficam claramente demonstrados na seguinte lista
parcial de comunicados referentes ao estado do tempo, num período em que as possibilidades de bom tempo
eram maiores:
24 de novembro. Tóquio. Visibilidade 1 /10
27 de novembro. Tóquio. Céu totalmente coberto
29 de novembro. Tóquio. Céu totalmente coberto
03 de dezembro. Tóquio. Excelente visibilidade
13 de dezembro. Nagóia. Visibilidade 1/10
18 de dezembro. Nagóia. Visibilidade ilimitada sobre céu branco
22 de dezembro. Nagóia. Visivilidade 6/10
27 de dezembro. Tóquio. Visibilidade 1/10

O primeiro golpe

O primeiro ataque direto dos B-29 o Tóquio foi planejado para o dia 16 de novembro de 1944. Foi chamado,
em código, "Santo Antônio I", e deveria ser executado por oito B-29, sob condições de visibilidade diretas e
de uma altitude de 9.000 metros. O objetivo principal era a Usina de Musahino, pertencente às fábricas
Nakajima, estando situada a onze milhas a noroeste da capital do Japão. Ali, eram fabricados 30% dos
motores de aviação para toda a indústria aeronáutica japonesa.

As péssimas condições do tempo, entretanto, converteriam a missão num verdadeiro suicídio e o alto-
comando decidiu suspendê-la.

Finalmente, tendo as condições climáticas melhorado no dia 24 de novembro, a operação foi iniciada.
Exatamente às 6h:15min da manhã desse dia, o primeiro aparelho, o "Dauntless Dotty", alçou vôo depois de
uma longa corrida. Em seguida, com um minuto de intervalo entre cada avião, cento e dez Superfortalezas o
seguiram. Cada B-29 carregava um total de 32.000 litros de gasolina. Toda a formação se dispunha a lançar
um total de 277 toneladas de bombas sobre o alvo. Durante o trajeto para Tóquio, dezessete B-29 tiveram
que abandonar a formação por causas mecânicas, no caso de seis deles, e por mal tempo nos demais.

As restantes formações de B-29, voando a altitudes que variavam de 8.100 a 9.900 metros, continuaram
rumo ao objetivo. Finalmente, já sobre o alvo, somente 24 B-29 lançaram suas bombas com visibilidade
direta. Os outros 64 atingiram as zonas urbanas.

Perto de 125 caças japoneses voaram ao encontro dos B-29 americanos. Como resultado do combate,
somente um B-29 foi derrubado, ao colidir com um caça japonês envolto pelas chamas. Outro B-29 caiu ao
mar no vôo de retorno. No total, dois B-29 perdidos, onze homens desaparecidos e presumivelmente mortos,
outro tripulante morto e quatro feridos, e oito B-29 avariados pelo fogo inimigo foi o saldo negativo da
operação.

No objetivo, Musashino, os resultados não foram tão completos quanto se esperava. Entretanto, o moral das
tripulações se elevou consideravelmente. Nenhum avião tinha sido derrubado em combate, mas sim por
acidente. Sete caças inimigos foram destruídos e mais nove tinham sido avariados.

Três dias mais tarde, os B-29 regressaram a Tóquio. Nenhuma bomba atingiu a usina de Musashino, mas 147
toneladas de bombas caíram sobre a cidade.

O primeiro ataque noturno contra o Japão foi feito utilizando bombas explosivas e incendiárias. Na
oportunidade, 24 Superfortalezas atingiram a capital do Japão em três vagas sucessivas.

A 3 de dezembro, os B-29 voaram novamente sobre Tóquio, em sua quarta incursão em dez dias. Setenta dos
aviões jogaram as suas bombas sobre a usina de Musashino, enquanto que outros aparelhos atacaram
diversas zonas da capital. As defesas antiaéreas mostraram-se sumamente eficientes surpreendendo os
atacantes. Seis caças japoneses, por sua vez, foram abatidos pelos canhões e metralhadoras dos B-29. Um B-
29, ao perder uma asa, caiu em terra envolto em chamas. Outro, abalroado por um avião japonês abatido,
conseguiu chegar até a sua base em Saipan.

A 13 de dezembro, os B-29 se lançaram ao ataque em Nagóia. O objetivo era a usina da Mitsubishi. No


oportunidade, a defesa antiaérea foi muito eficiente e quatro dos B-29 atacantes caíram em terra envoltos em
chamas. Outros trinta e um foram avariados pelo fogo dos caças e dos canhões antiaéreos. As fotografias
obtidas posteriormente ao ataque revelaram que 20% da fábrica tinha sido destruída, perdendo-se, ali,
maquinaria valiosa e insubstituível. As perdas humanas, nas usinas, subiam a 346 trabalhadores mortos e
outros 105 feridos. A produção de motores baixou, paralelamente, de 1.600 para 1.200 unidades.

Masatake Okumiya, então comandante naval, comentou após a guerra: "Do final de 1944 até fevereiro de
1945, os B-29 repetiram seus ataques à luz do dia, bombardeando as fábricas de Nagóia, enquanto em
missões noturnas o faziam nas zonas fabris de Tóquio, Iocoama, Osaca e Kobe... Nossas fábricas de aviões
foram duramente golpeadas, sofrendo grandes danos com o emprego de altos explosivos e bombas
incendiárias... Os ataques dos B-29 ocasionaram uma drástica redução na produção..."

A 22 de dezembro, os B-29 abandonaram as suas bases e partiram para seu objetivo, Nagóia, com a
finalidade de efetuar um bombardeio diurno. O ataque seria essencialmente incendiário. Paralelamente, os
efetivos do 21o Comando atacaram Hankow, na China, utilizando bombas incendiárias. O resultado,
qualificado como espetacular pelos americanos, teve como conseqüência a destruição total da área do alvo. A
primeira missão de fevereiro foi um ataque incendiário feito contra a cidade de Kobe. O alvo era a sexta
cidade em importância do Japão, possuindo mais de um milhão de habitantes e sendo, além disso, um dos
portos mais importantes.

O alvo seria batido por 129 B-29, dos quais somente 69 chegaram à zona. Voando a altitudes que oscilavam
pelos 7.500 metros, e combatendo contra uns 200 caças que os interceptaram, os B-29 lançaram 159
toneladas de bombas incendiárias e mais 13 toneladas de fragmentação. No distrito industrial da cidade, mais
de mil edifícios foram destruídos pelo incêndio, desaparecendo fábricas inteiras.

A 25 de fevereiro, um total de 172 B-29 voaram sobre Tóquio, numa gigantesca vaga, jogando 453 toneladas
de bombas. Em sua maior parte, as bombas eram incendiárias. De acordo com os registros oficiais japoneses,
o número de edifícios destruídos pelo ataque era de 28.000. As vítimas humanas, paralelamente, eram
incontáveis e se elevavam a dezenas de milhares.

Em março de 1945, os informes extremamente secretos que circulavam no alto-comando assinalavam que a
produção industrial japonesa não tinha sido "fundamentalmente destruída". Conseqüentemente, uma diretiva
foi emitida de forma peremptória: "...Tendo em vista os parcos resultados obtidos até hoje... serão realizados
maiores esforços incendiários, noturnos, contra as cidades industriais japonesas... o bombardeio será
executado de altitudes que oscilarão entre 1.500 e 2.400 metros... Os aviões não levarão armamento e
reduzirão os tripulações ao máximo... Os aviões poderão atacar individualmente... Tóquio será o primeiro
alvo . . ."

A finalidade da diretiva seria levar a guerra ao coração das cidades japonesas. Ali, nas casas de seus
habitantes, encerrava-se a chave da vitória. Efetivamente, a economia japonesa residia na pequena indústria
doméstica, na mini-indústria, que sustentava a grande produção. Desorganizando essas indústrias, a chamada
grande indústria japonesa de guerra desmoronaria.

Chegou-se, assim, a atacar com tal intensidade a cidade de Tóquio, que os pilotos que regressavam às bases
nas Marianas diziam, como o fizeram na tarde de 10 de março de 1945, que Tóquio "ardia como capim
seco".

Em Tóquio

O maciço bombardeio de 10 de março de 1945 foi o primeiro ataque incendiário de proporções gigantescas
que a capital do Japão suportou. Tóquio estava preparada para enfrentar semelhante ataque?

A cidade era famosa, em primeiro lugar, pelas milhares de árvores que a enfeitavam. Além disso, suas
construções de madeira e bambus eram sabidamente conhecidas. Isto quer dizer que Tóquio era um imenso
depósito de materiais altamente inflamáveis. Bastava somente a centelha que acendesse a fogueira. E os B-29
se encarregaram de lança-la sobre a cidade.

As defesas contra incêndios que Tóquio possuía, em março de 1945, eram somente um corpo de bombeiros
composto por 8.000 homens, entre os quais contavam-se 2.700 voluntários integrantes dos corpos juvenis
que reuniam adolescentes de 13 a 17 anos. Esses 8.000 homens eram responsáveis por uma cidade de 213
milhas quadradas de superfície, que abrigava uma população de mais de sete e meio milhões de pessoas!

No momento mais intenso dos ataques americanos, e quando os bombeiros estavam na plenitude de seus
meios de defesa contra o fogo, Tóquio contava com 12 divisões de bombeiros, 44 batalhões de distrito e 287
estações ou quartéis. Possuía um total de 1.117 bombas de água e três escadas mecânicas, das quais, só uma,
de origem alemã, com 25 metros de comprimento, estava em serviço.

As mangueiras, por outro lado, eram de 2,5 polegadas de diâmetro (6 cm) já com excessivo uso em sua
maioria, o que as tornava inúteis quando a pressão da água era superior ao mínimo requerido. Os bombeiros,
por outro lado, não contavam com equipes especiais de extinção de incêndios, nem possuíam equipes de
salvamento ou demolição com o suficiente treinamento, assim como também não existiam caminhões-pipas.
A defesa antiaérea contava, em agosto de 1944, com 400 aparelhos de caça. Desse total, uns 190 eram Zeros,
pertencentes à marinha. Os aparelhos estavam distribuídos pelas cidades. Yokosuka contava com 48 caças
diurnos e 24 noturnos; Kure com 48 diurnos e 12 noturnos.

Fogo sobre Tóquio


Às 17h:34min de 9 de março de 1945, o primeiro B-29 acelerou seus motores e começou a correr pela pista.
Logo que adquiriu velocidade alçou vôo. Depois dele começaram a fazer o mesmo os demais bombardeiros,
um após outro. No total eram 334, carregados com bombas napalm. O deslocamento dos aparelhos de suas
bases em Saipan e Guam demorou duas horas e quarenta e cinco minutos. Então, em seguida, a formação se
pôs em marcha para o alvo.

As bombas de napalm caíram em trágica sucessão, durante três horas de contínuo ataque, sobre uma cidade
que possuía uma concentração populacional de até 103.000 pessoas por milha quadrada. Intercaladas com as
vagas de aparelhos que lançavam bombas incendiárias, outras Superfortalezas descarregavam toneladas de
bombas explosivas de 250 quilos. As bombas incendiárias de magnésio, por seu lado, foram lançadas em
quantidades que oscilavam perto de 8.300 por milha quadrada. Tóquio, em poucos minutos, converteu-se
numa gigantesca fogueira cuja descrição se tornaria impossível. Basta saber que a temperatura, na zona
atingida, elevou-se para 680o centígrados! Ali, tudo praticamente se volatilizou. Dos bombardeiros atacantes,
nove foram derrubados sobre o alvo, desaparecendo no mar de fogo que destruía grandes setores de Tóquio.
Outros cinco B-29, seriamente danificados, depois de se afastarem da zona bombardeado, caíram ao mar.
Quando o sol iluminou Tóquio, na manhã de 10 de março de 1945, a terrível onda de fogo tinha passado.

O dia claro e frio mostrava, ainda, centenas de edifícios que ardiam. O centro de Tóquio, no setor de maior
densidade de edifícios, aparecia praticamente arrasado, queimado, aplainado, reduzido a escombros. Entre as
poucas ruínas visíveis, centenas de corpos jaziam queimados, irreconhecíveis. Outros milhares tinham
morrido pelo calor, sem apresentar nenhuma lesão. Todos os sistemas de alarmes tinham desaparecido,
destruídos pelo ataque. Já não existiam telefones, nem tubulações de água ou de gás. As ruas tinham
desaparecido, sob as camadas de escombros. Os cadáveres de dezenas de milhares de habitantes alinhavam-
se entre as ruínas, enquanto os bombeiros sobreviventes e milhares de voluntários civis tentavam identifica-
los. Uma mensagem do comandante dos bombeiros de Tóquio, dirigida ao Comando Supremo, informava
que a cidade estava totalmente indefesa aos ataques futuros. Suas forças, com efeito, tinham ficado
totalmente desorganizados e os poucos grupos que ainda se mantinham em ação não possuíam os elementos
indispensáveis para conter esses ataques.
Nos canais, os bombeiros, policiais e civis executavam a tarefa de retirar os corpos de milhares de pessoas
que se tinham lançado neles, fugindo ao fogo. Todos tinham morrido ao caírem nas águas que ferviam por
causa da ação do calor produzido pelas bombas incendiárias...

As estatísticas oficiais, em relação à quantidade de mortos produzidos pelo ataque, apresentaram cento e
trinta mil vítimas. O bombardeio de Tóquio, entretanto, seria somente o preâmbulo do furacão de fogo que se
abateria sobre as cidades japonesas.

Efetivamente, dois dias depois do gigantesco ataque contra Tóquio, 286 B-29 voaram sobre Nagóia, jogando
seus explosivos e bombas incendiárias. As destruições, contudo, foram menores do que em Tóquio. Nagóia
contava com uma edificação mais moderna e sólida e, além disso, seus serviços de bombeiros eram os
melhores de todo o Japão. A indústria, apesar disso, sofreu graves prejuízos.

Osaca foi a seguinte na rota dos B-29. A 14 de março, 2.240 toneladas de bombas caíram sobre a cidade,
convertendo o seu centro num inferno de chamas.

Três dias depois, foi atacada Kobe. Ali, 2.300 toneladas de altos explosivos converteram a sexta cidade em
importância do Japão num amontoado de ruínas fumegantes.

Como termo de comparação, deve-se recordar que o mais intenso ataque nazista a Londres consistiu no
lançamento de 200 toneladas de bombas. Tóquio, entretanto, se convertia gradualmente num reinado de
terror. Na noite de 13 de abril de 1945, 327 B-29 golpearam novamente a capital do Japão. Cada avião
transportava uma bomba de 250 quilos, completando a sua carga com bombas incendiárias. A esta altura dos
acontecimentos, os bombeiros japoneses abandonaram definitivamente a luta contra o fogo, ante a
impossibilidade de contê-lo.

Trinta e seis horas mais tarde, os B-29 abandonaram as suas bases, nas Marianas, e rumaram para Kawasaki,
ao sul de Tóquio. Ali, 754 toneladas de bombas incendiárias caíram sobre a cidade. Grande parte da mesma,
em conseqüência, converteu-se num mar de fogo.
Tóquio voltou novamente a ser alvo dos bombardeiros americanos. Na manhã de 24 de maio, a mais
poderoso força de bombardeiros que já tinha voado sobre a capital japonesa ali se apresentou. Os B-29
transportavam 3.646 toneladas de bombas. Novamente um aluvião de fogo se precipitou sobre Tóquio.

Dois dias mais tarde, quando bairros inteiros de Tóquio ainda ardiam sob os efeitos do bombardeio do dia
24, 3.252 toneladas de bombos incendiárias caíram sobre a cidade.

No total, até esse momento, a capital do Japão tinha sofrido sete gigantescos ataques aéreos. No decorrer dos
mesmos, 2.041 Superfortalezas Voadoras B-29 tinham lançado 11.836 toneladas de bombas incendiários
sobre a cidade.

A onda de fogo, entretanto, não se deteve ali. Em Iocoama, a 29 de maio, 459 B-29 jogaram sobre a cidade
2.769 toneladas de bombas, destruindo 85% do sua área. Osaca, cidade japonesa equiparada a Chicago, por
sua extensão, absorveu um total de 6.110 toneladas de bombas, que destruíram as suas indústrias, anulando-a
para o esforço de guerra do Japão. Outras cidades japonesas, em menor ou maior grau, foram atacadas sem
trégua pelos B-29, que as converteram em infernos de fogo e destruição.

Até o momento em que os americanos lançaram a sua primeira bomba atômica sobre o Japão, as
Superfortalezas tinham arrasado um total de 69 cidades japonesas. Em seis meses de bombardeios maciços,
por outro lado, que tinham começado com o ataque a Tóquio a 10 de março, as baixas registradas na
população civil japonesa duplicavam as sofridas pelas forças armadas no espaço de quarenta e cinco meses
de guerra.

As Superfortalezas Voadoras B-29 converteram-se no terror do Japão. Nessa época, a supremacia americana
nos ares do Japão, ilhas adjacentes e mares era completa.

Nos começos de julho, os dirigentes japoneses já anunciavam nervosamente a invasão da mãe-pátria,


exortando aos cidadãos a fazer esforços supremos para enfrentar a crise.

O fim da guerra do Pacífico seria do mesmo dramatismo que tinha encerrado a guerra contra a Alemanha.
Agora somente restava aguardar o último ato: a bomba atômica.

Anexo
Dos jornais
O texto publicado por um jornal a 7 de maio de 1945, informava o seguinte:
"Guam. Maio 7. Mais de vinte navios mercantes japoneses afundados são as provas dos excelentes resultados obtidos
pelos aviões navais americanos com base em terra, em seu ataque contra as rotas marítimas japonesas que são melhor
defendidas.
"Os navios, que variam de grandes petroleiros até pequenos cargueiros, foram atacados por bombardeiros navais que
voavam a baixa altitude sobre os estreitos de Tsushima e Coréia, entre a China e Kyushu, e no Mar Amarelo, a oeste da
Coréia.
"Uma força de mais de cinqüenta Superfortalezas Voadoras atacou hoje a mesma zona para bombardear de novo quatro
bases de kamikazes sediadas em Kyushu. As informações preliminares dizem que foram obtidos bons resultados nesta
operação.
"Nos ataques efetuados neste fim de semana contra unidades da Marinha japonesa em suas águas metropolitanas, os
bombardeiros navais afundaram definitivamente quatro navios, entre os quais se incluem dois grandes petroleiros, e
avariaram seriamente pelo menos dezesseis outros mercantes. Parte destes navios ficaram em chamas, afundando.
"O comunicado emitido pelo Almirante Nimitz anuncia que as unidades pesadas da frota do Pacífico e aviões com bases
em porta-aviões continuaram bombardeando a ilha de Okinawa, embora não se conheçam novos informes do ataque do
exército contra Naha.
"Entretanto, um despacho da frente informa que mais de três mil japoneses foram mortos na quinta-feira à noite e na
sexta pela manhã, ao saírem das suas tocas para lançar o primeiro grande contra-ataque desenvolvido desde que os
americanos desembarcaram em Okinawa. Os japoneses foram apoiados por um violento fogo de artilharia, calculando-
se que em dois dias tenham lançado 19.000 granadas contra as tropas americanas.
"Todavia, o assalto foi totalmente repelido pelos fogos da frota e da artilharia de campanha americana, na maior
concentração de artilharia que provavelmente tenha havido no Pacífico.
"Um total de 29 aviões japoneses foram destruídos em Riú-Quiú e 18 em Sakishima, que foram atacados neste fim de
semana pela primeira vez por unidades de superfície da frota do Pacífico.
"Os encouraçados, cruzadores e destróieres da frota operacional britânica causaram um considerável dano em Hirara e
Nobara, na ilha de Myako, nas Sakishima, a 290 km a sudeste de Okinawa."

Luta "até o fim"


A 27 de julho de 1945, o Japão repeliu o ultimato dos Estados Unidos, Inglaterra e China no qual era claramente
advertido que devia cessar a guerra, pois do contrário estaria frente a uma "destruição completa e próxima feita pelas
poderosas forças aliadas que se encontravam concentradas no Pacífico.
"A atitude assumida pelo Japão foi anunciada hoje pela agência noticiosa Domei, fiscalizada pelo governo, que afirmou
não ser levada em consideração a intimação emitida em Potsdam, e que continuaria lutando até o fim".
"A informação de Domei afirmava que o gabinete japonês tinha efetuado uma reunião especial para apreciar o informe
do Ministro das Relações Exteriores, Togo, sobre as condições exigidas pelos Aliados para suspender as hostilidades.
"Aparentemente, durante esta reunião foi decidido não considerar a intimação e desta forma o governo japonês repeliu a
última oportunidade das hostilidades cessarem sem que fosse necessário chegar ao fim da existência nacional do Japão,
terminando também com o sofrimento do povo japonês.
"Um pouco antes, a Rádio de Tóquio explicou que o mundo inteiro pode ser envolvido por uma terceira guerra mundial
visto que os americanos mostram-se incapazes de compreender a mentalidade dos japoneses e alemães.
"Em Londres, foi ouvida uma transmissão da Rádio de Tóquio, em idioma alemão, na qual dizia que o tratamento dado
aos alemães pelos americanos demonstrou que "os americanos são inspirados por um sentimento unilateral de
vingança", dando a entender que os japoneses repeliam condições semelhantes às impostas ao Reich.
"A intimação de Potsdam surpreendeu até aos círculos mais bem informados de Washington, porém existe a opinião de
que o Japão terá que aceitá-la ou enfrentar uma destruição inevitável, embora se espere que os Aliados do Pacífico
recebam novas ofertas de paz feitas pelos japoneses.
"Antes que a decisão do Japão fosse conhecida a respeito, o senhor Tomm Connally, presidente do Comitê das Relações
Exteriores do Senado, bem como outros senadores explicaram que a outra alternativa da intimação de Potsdam seria o
harakiri nacional."
(dos jornais de 28 de julho de 1945)

Aviso
"Guam. Julho 27. Um gesto sem precedentes na História. A 20 a Força Aérea americana, corroborando as palavras
transcritas na declaração de Potsdam, revelou previamente aos japoneses a lista das próximas onze cidades
metropolitanas a serem destruídas pelas Superfortalezas...
"Entretanto, ainda com outros três centros de produção bélica japonesa ardendo por causa do último ataque dos B-29,
seis desses aparelhos sobrevoaram os onze objetivos em perspectiva, lançando sobre eles volantes concitando os seus
habitantes a abandonarem a cidade a fim de não serem mortos.
"A 20a Força Aérea, ao anunciar antecipadamente os objetivos que serão atacados - pela primeira vez em todas as
guerras do mundo - lançou o desafio mais direto possível aos japoneses para abandonarem a guerra ou agüentarem as
conseqüências.
"O General Le May, chefe da 20 a Força Aérea, declarou aos correspondentes que na "frente japonesa só haverá
destruição. Chegamos a um ponto em que os nipônicos já não combatem enquanto lhes incendiamos as cidades e agora
viemos dizer-lhes antecipadamente onde vamos atacar".
"As onze cidades destinadas à destruição e anunciadas ao Japão são: na ilha de Honshu, Ichinomiya, Tsu, Ujiyamada,
Nagaoka, Nishinomiya, Aomori, Ogaki e Koriyama. Na ilha Kyushu, Kuruk. Na ilha Shikoku, Uwajima. Na ilha
Hokkaido, Hokadate. Destas cidades, três já foram bombardeadas anteriormente. Ichinomiya, com cinqüenta mil
habitantes, foi destruída em 50% pelos ataques das Superfortalezas. Uwajima, com cinqüenta e dois mil habitantes, já
sofreu a destruição de 16%. Ambas foram atacadas a 11 do corrente.
"Hokadate, importante porto na costa meridional de Hokkaido, foi atacada por aviões com base em porta-aviões da frota
do Almirante Halsey nos dias 14 e 15 do corrente."
(dos jornais de 28 de julho de 194~5)

" ... Produtores de arroz ... "


"Guam. Julho 27. Três centros de produção de materiais bélicos do Japão continuam ardendo por causa do ataque de
centenas de Superfortalezas e forças táticas de aviação americanas, que estão preparando novas operações da frota do
Almirante Halsey, cujo paradeiro atual se ignora.
"Três esquadrilhas operacionais de Superfortalezas num total de 350 aviões, atacaram ontem as cidades de Omuta,
Matsuyama e Tokuyama, pouco depois da meia-noite. Atravessando as formações pouco consistentes de caças
japoneses e fogo antiaéreo esporádico, os gigantescos bombardeiros descarregaram suas 2.200 toneladas de bombas
incendiárias sobre as frágeis construções de madeira dessas cidades.
"Aparentemente, o objetivo principal foi a cidade de Omuta, na ilha Kyushu. A cidade tem 177.000 habitantes e é o
porto artificial mais importante do Japão. Este foi também o primeiro golpe dado contra Matsuyama, a cidade e porto
mais importante de Shikoku, e contra Tokuyama, a sudoeste de Honshu, onde existem mais de 1.000 edifícios dedicados
à produção bélica. Durante o ataque, uma Superfortaleza foi derrubada.
"A rádio japonesa informou também que outra força de 2.000 aviões, aparentemente com base em Okinawa continuou o
ataque das Superfortalezas durante três horas sobre as zonas de Kobe e Osaca, entre as 6 horas e 30 minutos e 9 horas e
30 minutos de hoje, sexta-feira. Posteriormente, os japoneses informaram que outros noventa aviões voaram sobre o sul
e o centro de Honshu, mas não existe nenhuma comunicação sobre qual o objetivo dos aviões.
"A chegada do Tenente-General James Doolittle pressagia novos e ainda mais poderosos golpes vindos da base de
Okinawa. Este já estabeleceu o quartel-general da 8 a Força Aérea e prometeu "levar o ataque a fundo até que os
japoneses fiquem reduzidos a uma raça de produtores de arroz e criadores de cabras".
"O General MacArthur, por sua vez, informou sobre um novo ataque contra Xangai, durante o qual foram incendiados
três grandes aeroportos e afundados seis navios de carga e transporte, bem como uma canhoneira japonesa.
"Outra força de vinte Liberators, da 7 a Força Aérea, voou sem escolta sobre a ilha de Kikai, ao norte das Riú-Quiú
descarregando cinqüenta e duas toneladas de explosivos na quarta-feira passada sobre o aeroporto de Tsuiki e
destruindo sete dos trinta caças japoneses que tentaram interceptá-los enquanto que outros quatro foram destruídos em
terra, com a perda de somente um bombardeiro."
(dos jornais de 28 de julho de 1945)

Ataque
"A 3a Frota Americana do Almirante Halsey desencadeou ao amanhecer de hoje outro rude golpe contra o território do
Japão propriamente dito, lançando mais de 1.000 aviões, procedentes de porta-aviões, contra a zona de Tóquio e mais
de 1.000 granadas contra Hamamatsu, a 216 km a sudoeste da capital
"Depois de breve período de "silêncio de segurança" com o que a frota tinha ocultado o seu deslocamento depois de três
dias de ataques à quebrantada frota nipônica, no mar interior do Japão, a esquadra de Halsey cumpriu o seu vigésimo
primeiro dia de ataques consecutivos contra o território metropolitano japonês num ataque sem precedentes.
"Trata-se do quarto golpe da série em grande escala que foi assestado na zona de Tóquio, a qual foi atacada pela última
vez a 18 do corrente. Desde o começo da atual ofensiva contra Tóquio, iniciada a 1 o de julho, as forças de Halsey
realizaram mais de 11.500 vôos, bombardeando a costa japonesa com mais de 5.500 toneladas de explosivos
"O Almirante Nimitz, ao anunciar o novo ataque, revelou também que as estatísticas finais do ataque efetuado sábado
contra o mar interior do Japão pelos aviões britânicos e americanos indicam que foram destruídos ou avariados 73
aviões japoneses e afundados ou avariados 189 navios.
"Nimitz anunciou também que os ataques desta manhã contra a região de Tóquio foram dirigidos contra objetivos de
transporte, aeroportos e outros alvos militares.
"Ao mesmo tempo, os encouraçados, cruzadores e destróieres americanos lançaram mais de 1.000 toneladas de
granadas contra Hamamatsu na costa meridional da ilha de Honshu. Hamamatsu é uma cidade de 175.000 habitantes
que já tinha sido bombardeada recentemente pelas Superfortalezas que destruíram uns 70% da sua zona urbana; a última
vez foi bombardeada a 18 do corrente, porém este é o primeiro canhoneio intensivo feito por navios de guerra contra
ela."
(dos jornais de 30 de julho de 1945)

Forças americanas
Forças terrestres e aéreas americanas, no Pacífico, a 14 de agosto de 1945:
Comandante-chefe das forças terrestres e aéreas no Pacífico: General-de-Exército Douglas MacArthur (Manila).
6o Exército: General Walter Krueger (Luzon)
40a Divisão de Infantaria.: Brig.-General Myers (Panay)
11a Divisão Aerotransportada: Major-General Swing (Luzon)
1o Corpo: Major-General Swift (Luzon)
25a DI: Major-General Mullins (Luzon)
33a DI: Major-General Clarckson (Luzon)
41a DI: Major-General Doe (Mindanao)
9o Corpo: Major-General Ryder (Leyte)
77a DI: Major-General Bruce (Cebu)
81ª DI: Major-General Mueller (Leyte)
11o Corpo: Tenente-General Hall (Luzon)
43a DI: Major-General Wing (Luzon)
DI Americana: Major-General Arnold (Cebú)
1ª Divisão de Cavalaria: Major-General Chase (Luzon)
8o Exército: Tenente-General Eichelberger (Leyte)
93a DI: Major-General Johnson (Morotai-Nova Guiné)
96a DI: Major-General Bradley (Okinawa-Filipinas-Riú-Quiú-Mindanao)
10o Corpo: Major-General Siberti (Mindanao)
24a DI: Major-General Woodruff (Mindanao)
31a DI: Major-General Martin (Mindanao)
14o Corpo: Tenente-General Griswold (Luzon)
6a DI: Major-General Hurdis (Luzon)
32a DI: Major-General Gill (Luzon)
37a DI: Major-General Beightler (Luzon)
38a DI: Major-General Irving (Luzon)
10o Exército: General Stilwell (Okinawa)
24o Corpo: Tenente-General Hodge (Okinawa)
7a DI: Major-General Arnold (Okinawa)
27a DI: Major-General Griner (Okinawa)
Forças terrestres no Pacifico central:
Tenente-General Richardson (Oahu)
98a DI: Major-General Harper (Oahu)
Forças terrestres no Pacífico ocidental:
Tenente-General Styer (Luzon)
Forças aéreas do leste: General Kenney (Okinawa)
5a Força Aérea: Tenente-General Whitehead (Okinawa)
7a Força Aérea: Brigadeiro-General White (Saipan)
13o Força Aérea: Major-General Wurtsmith (Leyte)

A situação política
"Tanto a China ocupada quanto a não ocupada estão esperando a invasão das forças do Almirante Nimitz e do General
MacArthur com a incerteza semelhante à que preocupava a Europa antes do dia da invasão.
"Na Europa, só se precisava saber quando seria, mas aqui se quer saber onde será. A primeira coisa que se pergunta é se
os americanos vão desembarcar no Japão ou na China. E a tudo isso se acrescentam outras perguntas que ninguém,
excetuando possivelmente os mais altos comandos, poderá responder. Até é provável que as suas decisões estejam ainda
pendentes. A atitude da Rússia é a única interrogação, pois que os Estados Unidos não poderão empreender nenhuma
ofensiva politicamente positiva até que a Rússia revele as suas intenções.
"A China empreendeu negociações com o Kremlin por intermédio de seu Primeiro-Ministro T. V. Soong, que,
recentemente, visitou Moscou, mas as intenções dos altos chefes soviéticos continuam sem ser claras.
"Do ponto de vista asiático, a Conferência de Potsdam adquire para a Ásia a importância que teve a de Teerã para a
Europa, faltando ver se o Presidente Truman, como o fez Roosevelt, se desinteressará pelas grandes áreas, excluindo os
Estados Unidos delas. Do ponto de vista político, constitui uma precaução elementar que os Estados Unidos saibam
onde estarão os russos, antes de comprometer as forças americanas, seja na Ásia ou no Japão.
"Esta preocupação é necessária com o objetivo de impedir qualquer atrito em relação à ocupação do norte da China,
Mandchúria e Coréia, tal como ocorreu nos Bálcãs quando foi dividido entre as esferas de hegemonia britânica e russa,
enquanto que a contribuição americana foi abandonada, ali, sem nenhuma vantagem para os Estados Unidos.
"Os britânicos estão recompondo perseverantemente as suas forças navais no Pacífico, com a finalidade de proteger a
sua parte na próxima vitória.
"A atitude da Rússia é ainda uma incógnita. Os Estados Unidos estão reforçando constantemente, durante quase três
anos, o poder dos russos no Extremo Oriente. Esta ajuda liberal continua afluindo através do Pacífico. Como, quando e
onde tal ajuda será utilizada contra o Japão é de vital preocupação. Importa aos Estados Unidos que o uso ou não uso
dessas armas se harmonize estreitamente com os propósitos americanos na região do Rio Amarelo e da Mandchúria.
"O ideal seria que Stalin, em Potsdam, dissesse a Truman, com precisão, o que ele necessita, e que Truman, antes de
empenhar as forças americanas e britânicas na batalha, diga a Stalin, também claramente, qual a cooperação e garantias
que os Estados Unidos desejam no nordeste da Ásia. Tal acordo, se fosse feito com a plena consciência da China,
permitiria que os Estados Unidos se lançassem contra o Japão ou contra a costa da China com o máximo de prejuízo
para o inimigo e traria o mínimo de risco para as atuais relações entre os três grandes."
(do "Chicago Daily News", dos Estados Unidos)

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