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SIGURD ROBERTO
BENGTSSON
I – RELATÓRIO.
Documento assinado digitalmente, conforme MP n.° 2.200-2/2001, Lei n.° 11.419/2006 e Resolução n.° 09/2008, do TJPR/OE
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Trata-se de recurso de apelação da sentença
prolatada nos autos de “levantamento de interdição” de número 1667091-
0 (PROJUDI nº 27858-26.2012.8.16.0014), ajuizada pela ora apelada V. L.
P., que determinou o levantamento da interdição da autora.
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21.2015.8.16.0014) e recentemente na medida protetiva à criança (n°
29247-07.2016.8.16.00014), que reverteu a guarda dos netos à ora
apelada. A apelada está negligenciando os cuidados com os filhos, o
levantamento da interdição dará ainda mais sustentabilidade e força aos
atos insanos da apelada; viii) a filha mais velha da apelada (S. L. C.), após
ter ido residir com a genitora, engravidou e está atualmente residindo na
casa do sogro; ix) a apelada não tem discernimento e nem limites de suas
atitudes, nem consigo e muito menos com os filhos e menos ainda com
terceiros, sejam eles próximos ou distantes. Trata-se de incapaz, com
sérios problemas, com enorme potencial de perigo eminente; x) a reversão
de guarda dos filhos menores (com 07 e 12 anos de idade) em favor da
ora apelada está prestes a configurar situação tão trágica quanto a que
ocorreu com a menor S. L. C., pois a genitora tem sérios problemas de
saúde mental e instabilidade psíquica. O companheiro da apelada tem
problemas de alcoolismo e é negligente, não tem trabalho fixo, sendo
instável financeiramente e não é pai de nenhuma das crianças. O atual
companheiro da apelada não nutre qualquer sentimento filial pelos
menores e as crianças o detestam; xi) a sentença que interditou a
apelante reconheceu ser ela portadora de retardo mental leve a
moderado(Oligofrenia Modera, Transtorno de Comportamento,
Personalidade Anti-social, Sequela de Encefalopatia), sendo situação
irreversível; xii) não há dúvida que a sentença que desinterdita a apelada
causará danos irreversíveis aos filhos da apelada, que não podem
permanecer na guarda da mãe, em razão do impedimento médico, legal e
judicial; xiii) a sentença levantando a interdição é tudo que a apelada
necessita para que possa definitivamente ter a guarda dos filhos, fato que
a apelante não deseja que ocorra, pois vê a angústia e o prejuízo que já é
imposto aos netos em razão da desídia da apelada; xiv) deve prevalecer a
ordem de interdição visando evitar prejuízos irreparáveis.
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Paulo Roberto Lima dos Santos (fls. 12/15-TJPR), pelo conhecimento e não
provimento do recurso de apelação.
É a breve exposição.
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pessoalmente os autos da vida civil, na forma do art. 3º, inciso II, do CC e
de acordo com a regra do art. 1.755, “caput” do mesmo Estatuto”, na
mesma decisão, foi nomeada como curadora a genitora, ora apelante T. A.
B. P.
Nota-se que o recurso de apelação interposto pela
requerida baseia-se, quase que integralmente, no fato de que o
levantamento da interdição ocasionará grande prejuízo ao bom
desenvolvimento dos filhos menores da apelada, que poderão ficar sob
seus cuidados, mas que a apelada é incapaz de gerir os atos da vida civil,
bem como de oferecer boas condições aos filhos.
Pois bem.
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supostos prejuízos aos seus filhos menores. Pontue-
se que a análise do bem-estar das crianças e
adolescentes que possuem vinculação com a
apelada, e poderiam ficar sob sua guarda, por
exemplo, é realizada em autos próprios, não
guardando, pois, correspondência, com a questão
ora em debate.”
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Não há que se falar em inaplicabilidade de um laudo
pericial que foi realizado por um único perito e não por uma junta médica,
como afirma a apelante.
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jurídico após a vigência do Estatuto da Pessoa com
Deficiência (Lei Federal n. 13.146/2015) e a
curatela apenas tem vez por tempo determinado e
relacionada a direitos de natureza patrimonial e
negocial.”
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curatelada já não mais apresenta restrições à prática
por si dos atos da vida civil, percebe-se que o seu
quadro de saúde mental melhorou
significativamente, cessando a incapacidade civil.”
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interdição absoluta no nosso sistema civil, pois os
menores não são interditados.
Mas, com a edição do Estatuto ainda haveria de se
pensar em procedimento de interdição? Eis uma
divagação feita por muitos, vejamos:
Prof. Paulo Lôbo, em excelente artigo, sustenta que,
a partir da entrada em vigor do Estatuto, “não há
que se falar mais de ‘interdição’, que, em nosso
direito sempre teve por finalidade vedar o exercício,
pela pessoa com deficiência mental ou intelectual,
de todos os atos da vida civil, impondo-se a
mediação de seu curador. Cuidar-se-á, apenas, de
curatela específica, para determinados atos”.
Para Pablo Stolze na mediada em que o Estatuto é
expresso ao afirmar que a curatela é extraordinária
e restrita a atos de conteúdo patrimonial ou
econômico, desaparece a figura de “interdição
completa” e do “curador todo-poderoso e com
poderes indefinidos, gerais e ilimitados”.
Entendemos que é clara a mantença do instituto da
interdição, ao qual foram conferidos novos
contornos. Tal moldura nova lhe fora concedida
através dos dois diplomas legais objetos do breve
estudo.
De acordo com o Estatuto, em comento, a curatela,
restrita a atos relacionados aos direitos de natureza
patrimonial e negocial, passa a ser uma medida
extraordinária (art. 85):
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§ 1o A definição da curatela não alcança o direito ao
próprio corpo, à sexualidade, ao matrimônio, à
privacidade, à educação, à saúde, ao trabalho e ao
voto.
§ 2o A curatela constitui medida extraordinária,
devendo constar da sentença as razões e
motivações de sua definição, preservados os
interesses do curatelado.
§ 3º No caso de pessoa em situação de
institucionalização, ao nomear curador, o juiz deve
dar preferência a pessoa que tenha vínculo de
natureza familiar, afetiva ou comunitária com o
curatelado.
02. Conclusão.
III – DISPOSITIVO.
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DOURADO, Sabrina. Coordenadores Marcos Ehrhardt Júnior e Rodrigo Mazzei.
Direito Civil. Salvador: JusPODIVM, 2017. Págs. 955/956.
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Participaram da sessão e acompanharam o voto do
Relator os Desembargadores Mario Nini Azzolini e Ruy Muggiati.
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