Vous êtes sur la page 1sur 20

Lista 3: Comensurabilidade e Números Reais

0.1 Exercı́cios Recomendados - unidade 4


1. Fixemos uma unidade de medida u. Sejam AB e CD dois segmentos comensuráveis entre si.
Responda às perguntas a seguir, justificando suas respostas.
(a) Podemos afirmar que as medidas de AB e de CD em relação a u são números racionais?
(b) Se a medida de AB é um número racional, o que podemos afirmar sobre a medida de CD?
Soluções:
(a) Não necessariamente. Podemos ter AB = π e CD = 2 π.
m CD p
(b) A medida de CD é racional. Com efeito, se AB = e = , então
n AB q
p mp mp
CD = AB = = .
q n q nq
2. Explique
√ por que a unicidade da decomposição em fatores primos é importante na demonstração
de 2 é irracional (p.
√ 11). √
A hipótese que 2 é racional, digamos 2 = p/q, equivale à igualdade p2 = 2 q 2 , q 6= 0, e esta
igualdade mostra um número real p2 cuja decomposição em fatores primos apresenta o fator 2
elevado a uma potência par (essa potência pode ser 0) e o mesmo número 2 q 2 ) cuja decomposição
em fatores primos apresenta o fator 2 elevado a uma potência ı́mpar. A unicidade da decomposição
em fatores primos é importante nessa demonstração pois ela garante que a igualdade p2 = 2 q 2 é
impossı́vel. √
3. O objetivo desta questão é generalizar a demonstração de que 2 ∈ / Q (p. 11).

(a) Adapte a demonstração para concluir que se p ∈ N é um número primo, então p ∈ / Q.

Se p = m/n, então m2 = p n2 : como p é primo, temos n 6= 1. Então a decomposição em
fatores primos do membro esquerdo contém uma potência par de p enquanto que a decomposição

do membro direito contém uma potência ı́mpar de p. Isto é uma contradição. Logo p ∈ / Q.
√ √
(b) Dado n ∈ N qualquer, mostre que n ∈ Q ⇒ n ∈ N. Isto é, não pode existir um número
natural cuja raiz quadrada seja um racional não inteiro.

Se n = k 2 , com k ∈ N, então n = k ∈ N.
Mostremos agora que, se n não é o quadrado de um outro número natural, sua raiz quadrada
√ 2
é irracional. Suponhamos por absurdo que n = pq ∈ Q, ou seja, pq = n; então p2 = n q 2 .
Como os fatores primos de p2 e q 2 aparecem todos com expoente par, o mesmo deve ocorrer com os
fatores primos de n. Então n é o quadrado de algum número natural, contrariando nossa hipótese.

0.2 Exercı́cios Suplementares - unidade 4


1. Nesta unidade, discutimos a interpretação da operação de divisão como medida (p. 18), em que
consideramos o divisor q como uma unidade de medida e o dividendo p como uma grandeza a ser
medida. Embora esta interpretação se aplique a quaisquer números reais, na prática, seu emprego
na representação de divisões entre racionais pode ser menos ou mais complicado, dependendo do
exemplo. Em linhas gerais, podemos destacar quatro “graus de dificuldade”, a saber:
(i) p > q e p é múltiplo inteiro de q. Neste caso, o resultado da divisão é um número natural.
(ii) p > q, mas p não é múltiplo inteiro de q. Neste caso, o resultado da divisão é um número
racional maior do que 1.
(iii) p < q e q é múltiplo inteiro de p. Neste caso, o resultado da divisão é o inverso de um número
natural.

1
(iv) p < q, mas q não é múltiplo inteiro de p. Neste caso, o resultado da divisão é um número
racional menor do que 1.
Lista 4: Completeza e Representação de Números Reais

0.3 Exercı́cios Recomendados - unidades 5 e 6


Questão 3. O número 0, 123456789101112131415 . . . é racional ou irracional?
A sequência sugere que serão listados os números naturais em ordem crescente. Se isto for
verdade, o número dado é irracional, pois nenhuma sequência se repete. Como não há informação
adicional de que isto realmente ocorra, nada podemos afirmar sobre a racionalidade desse número
(veja o próximo exercı́cio) (e se tal número fosse 0, 123456789101112131415 . . . ?).
Questão 4. Em livros didáticos do ensino básico, encontramos comumente exercı́cios que pe-
dem para classificar números dados como racionais ou irracionais. Dentre os exemplos dados,
encontram-se expressões decimais como 0, 1515 . . . ou 0, 26 . . . , mostrados dessa forma. Você con-
sidera que enunciados de exercı́cios desse tipo são adequados ou podem causar algum tipo de
confusão?
Questão 5. Considere conhecidas todas as propriedades das operações de adição e de multi-
plicação com números reais, especialmente a definição de inverso aditivo (ou simétrico): o simétrico
de x ∈ R é o (único) número (−x) ∈ R tal que x + (−x) = 0. Justifique a “regra dos sinais”do
produto, isto é, que ∀a, b ∈ R vale:
(i) −(−a) = a
(ii) (−a) b = −(a b) = a (−b)
(iii) (−a) (−b) = a b.
Não é incomum que os alunos no ensino básico se confundam com esta regra, em geral por
memorizá-la sem entender. Como você exploraria a representação dos números reais na reta, em
especial a relação de simetria entre os números positivos e negativos para ajudá-los a entender
melhor que −(−x) = x?
Em primeiro lugar, notemos que o simétrico de um elemento a é o único número real x que
verifica a relação a + x = 0.
Assim, para provar (i), basta notar que a é o único número real que verifica a equação (−a)+x =
0. Portanto a é o simétrico de −a (que é o elemento indicado por −(−a), ou seja a = −(−a) .
Para provar a primeira igualdade de (ii), basta notar que (−a) b é o único número real x que
verifica a relação (−a) b + x = 0, uma vez que
 
a b + (−a) b = a + (−a) b = 0 b = 0.
A verificação da outra igualdade é análoga.
Para provar (iii), notemos que, aplicando (ii) e (i) temos
(ii) (ii)   (i)
(−a) (−b) = −[a (−b)] = − − (a b) = a b.
Questão 6. Ao terminar um problema envolvendo radicais, os alunos normalmente são instados
a racionalizar o denominador do resultado obtido. Por que isso?

a 2 2
1¯ razão: estética - a fração é considerada mais simpática do que √ . Além disso, ela dá
2 2
um aspecto mais agradável às operações:
√ √
1 1 2+ 3
√ +√ = √ √
3 2 2 3
parece que fica melhor fazer assim:
√ √ √ √
3 2 3 2+2 3
+ =
3 2 6
2
a razão Quando calculamos valores aproximados de uma divisão, fica mais confortável se o

denominador
√ é inteiro. Consideremos, por exemplo, a tarefa de calcular valores aproximados de
2
, para melhorar a aproximação de 1, 41b2 , os cálculos já obtidos podem ser aproveitados
2
1
em 1, 4142b2 , enquanto que, se considerarmos √ : para melhorar a aproximação de 1, 00b1, 41,
2
temos que refazer todos os cálculos em 1, 00b1, 4142.

a razão A representação 2 dá uma idéia mais adequada da grandeza do número, pois permite

2 √
2
localizar mais facilmente a posição do número na reta real. O número é localizado no ponto
√ 2
médio do segmento que liga 0 a 2.
Questão 7. Sejam dados α = a0 , a1 a2 . . . an . . . e β = b0 , b1 b2 . . . bn . . . , números reais escritos de
modo que essas representações não terminem numa sequência de noves. Mostre que a relação de
ordem α ≤ β traduz-se do seguinte modo: se α 6= β tem-se que an < bn para o primeiro ı́ndice n
tal que an 6= bn .
1o
¯ modo Suponhamos a0 < b0 , temos β − α = (b0 − a0 ) + (0, b1 b2 . . . bn · · · − 0, a1 a2 . . . an . . . ).
Como b0 − a0 ≥ 1 e (0, b1 b2 . . . bn · · · − 0, a1 a2 . . . an . . . ) < 1, temos β − α > 0.
Suponhamos a0 = b0 , a1 = b1 , . . . an−1 = bn−1 e an < bn , e seja γ = b0 , b1 b2 . . . bn−1 0 . . . 0 . . . ;
temos
10n (β − γ) = bn , bn+1 bn+2 . . . e 10n (α − γ) = an , an + 1an+2 . . .
e, como an < b < n, temos 10n (α − γ) < 10n (β − γ); portanto α − γ < β − γ donde α < β.
2o. modo Escrevemos
a1 a2 an
α = a0 + + + ··· + n + ...
10 100 10
b1 b2 bn
β = b0 + + + ··· + n + ...
10 100 10
Se a0 = b0 , a1 = b1 , . . . an−1 = bn−1 e an < bn ; temos
bn − an bn+1 − an+1
β−α= + + ...
10n 10n+1
Temos |bn+j − an+j | ≤ 9 para todo n. Portanto
|bn+1 − an+1 | |bn+2 − an+2 | 9 9 9 10 1
n+1
+ n+2
+ · · · < n+1 + n+2 + · · · = n+1 = n
10 10 10 10 10 9 10
b n − an 1
Como n
> n e o resto da soma da PG é < 10−n , temos que β − α > 0.
10 10
Questão 8. Mostre a Propriedade Arquimediana dos números reais, ou seja, dado um número
real α, qualquer, existe um número natural n tal que n > α.
Esta propriedade é equivalente ao fato que o conjunto N é ilimitado: se não existisse tal número
natural n, terı́amos n ≤ α, para todo n ∈ N, e isto implicaria que N é limitado, e, portanto, finito.
Podemos supor α > 0. Pelo axioma de completeza, o número a tem uma representação decimal
α = a0 , a1 a2 . . . an . . . , isto é:
a1 a2 an
α = a0 + + 2 + ··· + n + ···
10 10 10
em que a0 ∈ N e aj ∈ {0, 1, 2, 3, 4, 5, 6, 7, 8, 9}, para todo j ≥ 1. Como
9
a1 a2 an 9 9 9 10
+ + ··· + n + ··· ≤ + + ··· + n + ··· = 1 = 1
10 102 10 10 102 10 1 − 10
temos a0 ≤ α ≤ a0 + 1: assim, n = a0 + 1 é o número procurado.

3
Questão 8a. Mostre que, dados α > 0, β > 0, existe um número natural n tal que n α > β.
Pelo Exercı́cio 8, existe n ∈ N tal que n > αβ , logo n α > β.
Questão 9. Mostre que o conjunto dos racionais é denso nos reais, ou seja, dados α e β números
reais, com α < β, mostre que existe r ∈ Q tal que α < r < β.
n
Queremos mostrar que existem inteiros m, n, com m > 0 tais que α < m < β, ou seja

mα < n < mβ (1)


1
Como β −α > 0, pela propriedade arquimediana, existe m tal que m > β−α ; assim m (β −α) >
1, ou seja m β − m α > 1 e é claro que existe um inteiro n entre m α e m β.
Questão 10. Mostre que o conjunto dos irracionais é denso nos reais, ou seja, dados α e β
números reais, com α < β, mostre que existe γ ∈ R\Q tal que α < γ < β.

2
Pelo exercı́cio anterior, existe r ∈ Q tal que α < r < β. Como β−r > 0, pela propriedade
√ √ √
arquimediana, existe n tal que β−r < n; portanto, 2 < n (β − r), donde r + n2 < β. Assim, o
2

2
número irracional procurado é γ = r + n
.

0.4 Exercı́cios Suplementares - unidades 5 e 6


Questão 1. Nesta unidade (p. 4), observamos que as condições mı́nimas para que uma relação
4, definida entre os elementos de um conjunto X, seja considerada uma relação de ordem são as
propriedades:
(i) reflexiva: x  x, ∀x ∈ X;
(ii) antissimétrica: x, y ∈ X, x  y, x  y ⇒ x = y;
(iii) transitiva: x , y , z ∈ X, x  y, y  z ⇒ x  z.
Além disso, dizemos que esta relação ordem é total se vale a propriedade:
(iv) tricotomia: ∀x , y ∈ X vale uma e somente uma das possibilidades x  y, x = y, y  x.
Caso contrário, dizemos que a ordem é parcial.
Fixado um conjunto A, considere P(A) o conjunto das partes de A, isto é, o conjunto cujos
elementos são os subconjuntos de A.
(a) Mostre que a relação de inclusão define uma ordem em P(A).
(b) A ordem definida pela relação de inclusão é total ou parcial? Justifique sua resposta.
(a) As propriedades (i), (ii) e (iii) acima trivialmente verificadas: a propriedade reflexiva fica
A ⊂ A, ∀A ∈ P (A); a propriedade antissimétrica: fica A ⊂ B e B ⊂ A ⇒ A = B; e a
propriedade transitiva fica A ⊂ B e B ⊂ C ⇒ A ⊂ C
(b) Qualquer que seja A, a ordem definida pela relação de inclusão é parcial. A ordem é total
apenas no caso em que A é um conjunto unitário. Se A contém dois elementos distintos x, y, os
conjuntos {x} e {y} não são comparáveis.
Questão 2. Comentamos que um corpo é dito ordenado se nele está definida uma relação de
ordem compatı́vel com as operações algébricas (p. 3), no sentido que valem as propriedades de
monotonicidade. Dizer corpo ordenado e corpo munido de uma ordem é o mesmo? Considere
o exemplo a seguir. Podemos definir no conjunto dos números complexos, a chamada ordem
lexicográfica, definida como segue. Se z1 = a1 + i b1 e z2 = a2 + i b2 são números complexos,
diremos que z1 ≤ z2 se: a1 < a2 ou (a1 = a2 e b1 < b2 )
(a) A ordem lexicográfica faz de C um corpo ordenado? Justifique sua resposta.
A ordem lexicográfica nos dá que i > 0. Se a ordem fosse compatı́vel com as operações
algébricas, terı́amos i i > 0. Mas i i = −1 < 0. Logo, a ordem lexicográfica não faz de C um corpo
ordenado.
(b) É possı́vel munir C de uma ordem de forma que ele seja um corpo ordenado? Justifique sua
resposta.

4
Suponhamos possı́vel munir C de uma ordem de forma que ele seja um corpo ordenado: de-
notemos tal ordem pelos sı́mbolos / e . (dados z , w ∈ C, temos z / w ou z = w ou z . w). Assim,
vale a propriedade:
Se z . w e x . 0 então x z . w
Em primeiro lugar, notemos que devemos ter −1 / 0. De fato, se fosse −1 . 0, terı́amos 1 / 0.
Pela compatibilidade da ordem com a multiplicação, deverı́amos ter (−1)2 . 0. Mas pela regra dos
sinais (−1)2 = (−1) (−1) = 1 / 0, uma contradição. Logo, devemos ter −1 / 0.
Analisemos agora o número i. Temos apenas uma das alternativas: i / 0 ou i . 0.
Se i . 0, pela compatibilidade da ordem com a multiplicação, deverı́amos ter i2 . 0. Mas
2
i = −1 / 0.
Se i / 0, então −i . 0. Pela compatibilidade da ordem com a multiplicação, deverı́amos ter
(−i)2 . 0. Mas (−i)2 = i2 = −1 / 0.
Estas contradições mostram que não é possı́vel definir uma ordem em C de forma que ele seja
um corpo ordenado.
Questão 4. Da mesma forma que expressamos um número real qualquer na base 10, podemos
encontrar expressões em relação a uma base β ∈ N, com β ≥ 2, qualquer. Dizemos que um número
α ∈ R está expresso na base β se ele é escrito na forma:
+∞
X
α = a0 + an β −n (2)
n=1

em que a0 ∈ Z e os an são dı́gitos entre 0 e β − 1.

(a) Sejam x e y os números reais cujas representações no sistema de numeração de base 4 são
dadas por 0,321 e 0, 111 . . . , respectivamente. Determine as representações de x e de y no sistema
decimal.
(b) Mostre que um número racional a = m n
∈ R, com m, n ∈ Z, n 6= 0 e mdc(m, n) = 1, possui
representação finita no sistema de numeração posicional de base β se, e somente se, o denominador
n não possui fatores primos que não sejam fatores de β.
(b) Em uma base β, qualquer, é verdade que um número é racional se, e somente se, admite
representação finita ou periódica?
(c) Considere o número que possui uma expressão na base β dada por a0 = 0 e an = β −1, ∀n ∈ N.
Que número é esse?
Uma solução:
(a) Pela definição da expressão de um número real no sistema de numeração posicional de base
β, temos que:

x = (0, 321)β = 3 × 41 + 2 × 1
42
+1× 1
43
= 3
4
+ 18 + 1
64
= 57
64
= 0, 890625
+∞
X 1
y = (0, 111 . . . )β =
k=1
4k

1
Portanto, a expressão acima é a soma da progressão geométrica infinita cujo termo inicial é 4
ea
razão é 14 . Essa soma converge para:
1
4 1
1 = = 0, 333 . . .
1− 4
3

(b) Suponhamos que α admita representação finita:


N
X
α = a0 + an β −n = a0 + a1 β −1 + · · · + aN β −N
n=1

5
Portanto
α = a0 + β −N (a1 β N −1 + a2 β N −2 + · · · + aN ) ∈ Q
| {z }
∈N

Suponhamos que α admita representação periódica: para simplificar a notação, vamos analisar
primeiro o caso em que o perı́odo é 2, isto é, a1 = a3 = . . . e a2 = a4 = . . . . Então

α = a0 + a1 β −1 + a2 β −2 + a3 β −3 + a4 β −4 + · · · + an β −n + · · · =
= a0 + (a1 β −1 + a1 β −3 + · · · + a1 β −(2 n−1) + · · · ) + (a2 β −2 + a2 β −4 + · · · + a2 β −2 n + · · · ) =
= a0 + a1 β −1 (1 + β −2 + β −4 + · · · ) + a2 β −2 (1 + β −2 + · · · ) =
1 1 a1 β a2
= a0 + a1 β −1 −2
+ a2 β −2 −2
= a0 + 2 + 2
1−β 1−β β −1 β −1
Como a0 ∈ Z e a1 , a2 , β ∈ N, temos α ∈ Q.
Agora fica fácil analisar o caso geral: se o perı́odo é p, temos a1 = ap+1 = ap+3 = . . . e
a2 = ap+2 = ap+4 = . . . . Neste caso, o número α é escrito como a soma

α = a0 + a1 β −1 + a2 β −2 + a3 β −3 + a4 β −4 + · · · + ap β −p + ap+1 β −p−1 + · · · =
= a0 + (a1 β −1 + a1 β −p−1 + · · · + a1 β −n p−1 + · · · ) + (a2 β −2 + a2 β −p−2 + · · · + a2 β −n p−2 + · · · )+
+ (ap β −p + ap β −2 p + · · · + ap β −n p + · · · ) =
= a0 + a1 β −1 (1 + β −p + · · · ) + a2 β −2 (1 + β −p + · · · ) + ap β −p (1 + β −p + · · · ) =
a1 β −1 a2 β −2 ap β −p
= a0 + + + · · · +
1 − β −p 1 − β −p 1 − β −p

(⇒) Suponhamos que α seja racional. Queremos mostrar que α admite representação finita ou
periódica.
Vamos recordar o significado da expressão em (2). Façamos o caso α > 0. Seja a0 a parte
inteira de α: é o maior número natural menor que ou igual a α (denotamos a0 = [α]). Se a0 = α,
já temos a representação (2). Se a0 < α, como é o maior número natural menor que α, temos
0 < α − a0 < 1. Denotemos α0 = a0
Denotemos Iβ = {0, 1, . . . , β − 1}.
Como 0 < α − a0 < 1, temos 0 < β (α − a0 ) < β. Seja a1 o maior elemento de Iβ tal que
a1 ≤ β (α − a0 ). Se a1 = β (α − a0 ), temos α = a0 + aβ1 e já temos a representação (2).
Se a1 < β (α − a0 ), como β (α − a0 ) − a1 < 1, temos α − a0 − aβ1 < β1 . Denotando α1 = a0 + aβ1 ,
temos α − α1 < β1 .
Agora repetimos o processo: como 0 < α − a0 − aβ1 < β1 , temos 0 < β 2 (α − a0 − aβ1 ) < β.
Seja a2 o maior elemento de Iβ tal que a2 ≤ β (α − a0 − aβ1 ). Se a2 = β 2 (α − a0 − aβ1 ), temos
α = a0 + aβ1 + βa22 e já temos a representação (2).
Se a2 < β (α − a0 − aβ1 ), como 0 < β 2 (α − a0 − aβ1 ) < β, temos α − a0 − aβ1 − βa22 < β12 . Denotando
α1 = a0 + aβ1 + βa22 , temos α − α2 < β12 .
Continuando deste modo construı́mos uma sequência (αn ), em que αn = a0 + aβ1 + · · · + βann ,
satisfazendo α − αn < β1n . Como aj ≥ 0, para todo n, temos α1 ≤ α2 ≤ · · · ≤ αn ≤ · · · . Além
disso, αn → α, quando n → ∞.
Como no caso da representação na base 10, podemos escrever (2).
Vamos agora resolver o exercı́cio, em que α = pq ∈ Q. Como a representação (2) não trabalha
com a parte inteira de α, vamos supor a0 = 0 (se a0 fosse diferente de zero, trabalharı́amos com
α0 = α − a0 , que tem a parte inteira igual a zero): assim, vamos tomar 0 < pq < 1.

6
Como 0 < pqβ < β, pelo algoritmo da divisão podemos escrever pβ
q
= a1 + r1
q
, com 0 ≤ r1 < q
e a1 ∈ Iβ , e portanto
p a1 r1
= + . (3)
q β qβ
Imitando o procedimento do caso decimal, multiplicamos o resto por β 2 e continuamos a
2
divisão: como 0 ≤ r1q ββ = r1q β < β, usando o algoritmo da divisão escrevemos r1q β = a2 + rq2 , com
0 ≤ rq2 < 1 e a2 < β, ou seja,
r1 a2 r2
= 2+ .
qβ β q β2
Substituindo em (3), temos
p a1 a2 r2
= + 2+ (4)
q β β q β2
3
Agora multiplicamos o novo resto por β 3 e continuamos a divisão: como 0 ≤ rq2ββ2 = r2q β < β,
usando o algoritmo da divisão escrevemos r2q β = a3 + rq3 , com 0 ≤ rq3 < 1 e a3 < β, ou seja,
r2 a3 r3
= 3+ .
qβ β q β3
Substituindo em (5), temos
p a1 a2 a3 r3
= + 2+ 3+ . (5)
q β β β q β3
Continuando deste modo, chegaremos a
p a1 a2 a3
= + 2 + 3 + ··· . (6)
q β β β
Se rk = 0 para algum k, então an = 0 para todo n > k e teremos uma soma finita
p a1 a2 ak
= + 2 + ··· + k . (7)
q β β β
Se rn 6= 0 para todo n, teremos an 6= 0 para uma infinidade de ı́ndices n em (6). Agora,
como rn ∈ {0, 1, . . . , q − 1} para todo n, estes restos começarão a se repetir e consequentemente
os quocientes também se repetirão. Mais precisamente, teremos rj = rk , para algum k < j < q
e, então aj+1 = ak+1 , o que implicará rj+2 = rk+2 e aj+2 = ak+2 , que, por sua vez implicará,
aj+3 = ak+3 e rj+3 = rk+3 , e assim por diante, até r2 j−k = rj e a2 j−k = aj . Então a sucessão de
dı́gitos ak , rk+1 , . . . aj se repetirá sempre.
(c) Temos
+∞ +∞
X
−n
X 1/β 1
α= an β = (β − 1) β −n = (β − 1) = (β − 1) = 1.
n=1 n=1
1 − 1/β β−1
Questão 5. (a) Mostre que um número racional, representado como fração irredutı́vel por pq ,
admite expressão decimal finita se, e somente se, o denominador q não possui fatores primos
diferentes de 2 ou 5.
(b) É verdade que, se um número racional possui representação decimal finita, então ele terá
representação finita em relação a outra base qualquer?
(c) Generalize o fato demonstrado no item (a) para uma base qualquer.
Solução:
(a) Em primeiro lugar, notemos que as frações da forma 10mn admitem expressão decimal finita.
Suponhamos que o denominador q não possui fatores primos diferentes de 2 ou 5, isto é, q = 2j 5k .
Se j < k, tomamos n = 2k−j , se k < j, tomamos n = 5k−j . Multiplicando q por n obtemos uma
potência de 10: q n = 10k , se j < k ou q n = 10j , se k < j. Então pq = pq nn = 10
pn
j , que admite

expressão decimal finita.

7
Reciprocamente, todo número α que admite expressão decimal finita pode ser escrito na forma
m
10n
:basta tomar como numerador o número inteiro formado pelos dı́gitos de α e como denominador
m
10 , em que m éa quantidade de dı́gitos após a vı́rgula.
(b) FALSO: veja o item (b) do exercı́cio anterior. Para um exemplo numérico, consideremos o
1 1
número , que tem representação decimal finita: = 0, 2, mas na base 6 ele tem representação
5 5
1 
infinita = 0, 1, 1, 1, . . . 6 : com efeito, temos
5
1 1
1 1 1 1
+ 2 + 3 + ··· = 6 6

0, 1, 1, 1, . . . 6
= 1 = 5 = .
6 6 6 1− 6 6
5

(c) O item (a) sugere que para termos representação decimal finita, os únicos fatores primos do
denominador da fração devem ser os fatores primos de β. Antes de resolver o exercı́cio, analisemos
alguns exemplos.
Expressar 71 72
na base 6: notemos os fatores de 6 são 2 e 3 e que 72 = 23 · 32 .
Temos
71 · 6 71 11 71 5 11
= = 5 + , donde = + .
72 12 12 72 6 72
11
Agora repetimos o procedimento acima com 72 : multiplicamos 1172
por 36 e efetuamos as
operações
11 · 36 11 1 11 5 1
= = 5 + , donde = +
72 2 2 72 36 72
e portanto
71 5 11 5 5 1
= + = + +
72 6 72 6 36 72
1 3 3
Agora, é fácil ver que 72 = 72·3 = 316 . Logo

71 5 5 3
= + +
72 6 36 316

Expressar 23
30
na base 6: notemos 30 = 2 · 3 · 5: o denominador tem o fator 5, que não é fator
de 6. A representação não será finita.
Temos
23 · 6 23 3 23 4 3
= = 4 + , donde = + .
30 5 5 30 6 30
3 3
Agora repetimos o procedimento acima com 30 : multiplicamos 30 por 36 e efetuamos as operações

3 · 36 18 3 3 3 3
= =3+ , donde = +
30 5 5 30 36 5 · 36
e portanto
23 4 3 4 3 3
= + = + +
30 6 30 6 36 180
Repetimos o procedimento acima com 180 : multiplicamos 19
3
30
por 216 e efetuamos as operações

3 · 36 18 3 3 3 3
= =3+ , donde = + (8)
180 5 5 180 216 5 · 216
e portanto
23 4 3 3 4 3 3 3
= + + = + + +
30 6 36 180 6 36 216 5 · 216
Observemos agora que o resto da divisão se repete em (8). Consequentemente, os quocientes
também se repetem e teremos uma representação periódica.

8
Vamos agora resolver o exercı́cio. Consideremos o número racional pq , com p < q para evitar
o a0 da representação (2). Para simplificar, suponhamos que a base β tenha apenas 2 fatores
primos: β = a b e que denominador seja da forma q = am bn (para fixar a notação, vamos supor
n−m
m < n). Multiplicando o numerador e denominador por an−m , obtemos a fração p aβ n . Agora
p an−m a1 an
escrevemos esta fração como uma soma finita βn
= β
+ ··· + βn
do seguinte modo: como
p an−m
p an−m < β n , multiplicamos βn
por β e efetuamos a divisão; pelo algoritmo da divisão, existem
a1 ∈ Iβ = {0, 1, . . . , β − 1} e r1 ≥ 0, r1 < β n−1 tais que
p an−m β p an−m r1 p an−m a1 r1
= = a1 + , donde = + .
βn β n−1 β n−1 βn β βn
Agora multiplicamos βr1n por β 2 e efetuamos a divisão; pelo algoritmo da divisão, existem a2 ∈ Iβ
e r2 ≥ 0, r2 < β n−2 tais que
r1 β 2 r1 r2 r1 a2 r2
n
= n−2 = a2 + n−2 , donde n
= 2+ n.
β β β β β β
Repetindo este procedimento n−1 vezes, chegaremos a rn−1
βn
, em que rn−1 é um inteiro não negativo
menor que β n−(n−1)
= β, ou seja rn−1 < β: denotando an = rn−1
βn
, obtemos

p an−m a1 an
n
= + ··· + n
β β β
Questão 6. Considere o número m n
, com m e n primos entre si.
(a) Quando a representação é uma decimal finita?
(b) Quando a representação é uma dı́zima periódica simples?
Solução:
(a) As representações decimais finitas ocorrem para frações cujo denominador é uma potência de
10. Assim, se existe p tal que n p = 10l , então
m mp mp mp
= = l = l l
n np 10 2 5
Portanto, n p só admite os fatores primos 2 e 5. Logo, n só admite os fatores primos 2 e 5.
Reciprocamente, se n possui apenas os fatores primos 2 e 5, ou seja, n = 2a 5b , então podemos
multiplicar n por um número p de modo que n p seja uma potência de 10. É assim, se a < b,
tomando p = 2b−a , temos n p = 2a 5b 2b−a = 10b ; analogamente, se b < a tomamos p = 5a−b .
(b) Para resolver este exercı́cio precisamos do seguinte lema (tirado do livro Meu professor de
matemática e outras histórias, página 65):

Lema. Todo número natural q, primo com 10, tem um múltiplo cuja representação decimal é
formado apenas por noves.

Demonstração: É claro que há uma infinidade de números tais como


9, 99, 999, 9999, etc
formados apenas por noves. Cada um desses números, quando dividido por q, deixa um resto r
que satisfaz 0 ≤ r ≤ q − 1. Assim, quando dividimos cada um desses números por q, temos apenas
um número finito de restos possı́veis.
Logo, existem (ao menos) dois números α e β formados por noves, os quais divididos por q
deixam o mesmo resto. A diferença entre esses números é divisı́vel por q (α − β = m q, para algum
m), ela é também da forma
α − β = 99 . . . 900 . . . 0

9
Portanto, m q = 9 . . . 900 . . . 0. Assim, q divide 9. . . 900. . . 0. Como q é primo com 10, temos que
q divide 99 . . . 9. Isto conclui a prova do lema.
m
Passemos à solução do exercı́cio. A representação de é uma dı́zima periódica simples quando
n
n é primo com 10. Pelo Lema, algum múltiplo de n tem a forma 99 . . . 9, isto é, para algum k,
n k = 99 . . . 9. Então
m mk mk
= =
n nk 99 . . . 9
Lista 4:Desigualdades, Intervalos e Valor Absoluto

0.5 Exercı́cios Recomendados - unidade 7


1. Dados os intervalos A = [−1, 3), B = [1, 4]; C = [2, 3), D = (1, 2] e E = (0, 2], dizer se 0
pertence a ((A − B) − (C ∩ D)) − E.
Temos 0 ∈ A e 0 ∈ / B, portanto 0 ∈ A − B. Além disso, 0 ∈ / C, donde 0 ∈
/ C ∩ D, portanto
0 ∈ (A − B) − (C ∩ D). Como 0 ∈ / E, temos finalmente 0 ∈ (A − B) − (C ∩ D) − E.
2. Verifique se cada passo na solução das inequações abaixo está correto:
5x + 3
(a) > 2 =⇒ 5 x + 3 > 4 x + 2 =⇒ x > −1
2x + 1
2x2 + x
(b) < 2 =⇒ 2 x2 + x < 2 x2 + 2 =⇒ x < 2.
x2 + 1
Solução:
(a)O primeiro passo não é válido: ele só é válido quando 2 x + 1 > 0, ou seja, x > −1/2. Para
resolver a inequação, devemos analisar separadamente os casos 2 x + 1 > 0 e 2 x + 1 < 0, ou seja,
x > −1/2 e x < −1/2.
Para x < −1/2 temos
5x + 3
>2 =⇒ 5x + 3 < 4x + 2 =⇒ x < −1
2x + 1
que é coerente com x < −1/2. Logo, o conjunto solução é x > −1/2.
Para x > −1/2 temos
5x + 3
>2 =⇒ 5x + 3 > 4x + 2 =⇒ x > −1 ;
2x + 1
juntando a condição x > −1/2, vemos que o conjunto solução é x > −1/2.
(b) Os dois passos estão corretos.
a c a a+c c
3. Sejam a, b, c, d > 0 tais que < . Mostre que < < . Interprete este resultado
b d b b+d d
no caso em que a, b, c e d são inteiros positivos (isto é, o que significa somar numeradores e
denominadores de duas frações ?)
Como a , b , c , d > 0, temos
a c a a+c
< ⇐⇒ a d < b c ⇐⇒ a d + a b < b c + a b ⇐⇒ a (b + d) < b (a + c) ⇐⇒ <
b d b b+d
Analogamente obtemos o outra desigualdade.
Primeira interpretação (leia o livro):
Segunda interpretação: Numa viagem de São Carlos a São Paulo, o motorista percorre de
São Carlos até Limeira a Km em b horas: a velocidade média de São Carlos a Limeira é ab . Em
Limeira percebe que está demorando muito e aumenta a velocidade e percorre c Km em d horas:

10
a velocidade média de Limeira a São Paulo é dc . Temos então a
b
< dc . A velocidade média de São
Carlos a São Paulo é a+c
b+d
. Temos ab < a+c
b+d
< dc .
Interpretação geométrica: Os triângulos ABD, ACF e DEF são retângulos. Compare a
tangente do ângulo A do triângulo ABD, a tangente do ângulo A do triângulo ACF e a tangente
do ângulo D do triângulo DEF .
F
 
 d
 

 
 D c E
  
   
   b b



A a B c C

4. Utilize a interpretação geométrica de módulo para resolver as equações e inequações abaixo:


a) |x−1| = 4; b) |x+1| < 2; c) |x−1| < |x−5|; d) |x−2|+|x+4| = 8; e) |x−2|+|x+4| = 1

Solução:
A interpretação geométrica de módulo |x − a| é a distância de x a a.
a) A equação |x − 1| = 4 significa geometricamente que procuramos os pontos da reta que distam
4 unidades do ponto 1 (veja a figura abaixo). Logo, x = −3 ou x = 5.
b) A inequação |x + 1| < 2 significa geometricamente que procuramos os pontos da reta que
distam menos que unidades do ponto −1 (veja a figura abaixo). Logo, x ∈] − 3, 1[.
c) A inequação |x − 1| < |x − 5| significa geometricamente que procuramos os pontos da reta cuja
distância ao ponto x0 = 1 é menor que a distância ao ponto x1 = 5. Logo, x < 3.
d) A equação |x − 2| + |x + 4| = 8 significa geometricamente que procuramos os pontos x da reta
tais que a soma da distância de x ao ponto x0 = 2 com a distância de x ao ponto x1 = −4 é 8. É
claro que os pontos entre −4 e 2 estão excluı́dos (a soma de tais distâncias é 6). Analogamente, os
pontos x > 4 e x < −6 (a soma de tais distâncias é > 8). De modo análogo excluimos os pontos
dos intervalos (−6, −4) e (2, 4). Logo os pontos procurados são x = −6 e x = 4.
d) A equação |x − 2| + |x + 4| = 1 não tem solução. De fato, como os pontos x0 = 2 e x1 = −4
distam 6 unidades, quando x ∈ [−4, 2] temos |x − 2| + |x + 4| = 6. Quando x é exterior a esse
intervalo a soma das distâncias é maior ainda.
 a + b 2 a2 + b 2
5. Sejam a e b números reais não negativos. Mostre que ≤ . Interprete geome-
2 2
tricamente esta desigualdade.
Temos
2
a2 + b 2 a2 + b 2 a2 + b 2 − 2 a b 2 a2 + 2 b 2 − a2 − b 2 − 2 a b

a+b
− = − = =
2 2 2 4 4
 2
1 2 2 a−b
= (a + b − 2 a b) = ≥0
4 2

Interpretação geométrica:

11
y 6

y = x2
b2 .
. a2 +b
2
2

.
 2
a+b
2

a2.
-
a+b
a 2
b x
Interpretação geométrica dada no livro: A desigualdade acima significa qua a parte escura
na figura abaixo tem área mı́nima quando os dois quadrados pequenos são iguais.

b2

a+b 2

a2 2

6. Sabendo que os números reais x, y satisfazem as desigualdades 1, 4587 < x < 1, 4588 e 0, 1134 <
y < 0, 1135, têm-se os valores exatos de x e y até milésimos. Que grau de precisão, a partir daı́,
podemos ter para o valor de xy ? Determine esse valor aproximado. Como procederı́amos para
obter um valor aproximado de x/y ? Qual o grau de precisão encontrado no caso do quociente?
(1, 4587) · (0, 1134) < x y < (1, 4588) · (0, 1135)
0, 16541 < x y < 0, 165557
8, 8105 < y1 < 8, 8183
12, 851982 < xy < 12, 864197
7. Considere todos os intervalos da forma [0, n1 ]. Existe um número comum a todos estes interva-
los? E se forem tomados intervalos abertos?
É claro que 0 ∈ [0, n1 ]. Além disso, 0 é o único número que pertende a todos estes intervalos:
de fato, se x > T 0 existe m ∈ N tal que m1 < x: assim, para todo n ≥ m temos x ∈ / [0, n1 ]. Em
outras palavras ∞ 1
n=1 [0, n ] = {0}
Se os intervalos forma tomados abertos, não existe número comum a todos eles, pois dado
T∞ 0 existe
x > m ∈ N tal que m1 < x: assim, para todo n ≥ m temos x ∈ / (0, n1 ). Em outras palavras
1
n=1 (0, n ) = ∅.

0.6 Exercı́cios Suplementares - unidade 7


y
1. Prove que se a , x e y são números reais tais que a ≤ x ≤ a + para todo n ∈ N, então x = a.
n
Em primeiro lugar, é claro que x = a satisfaz a desigualdade acima para todo n. Mostremos
que ele é o único número com esta propriedade. Se fosse x 6= a, terı́amos x − a > 0; então existiria
y
n0 ∈ N tal que ny0 < x − a, donde x > a + , contrariando a hipótese.
n
2. Verdadeiro ou falso? Justifique a resposta dada.
(a) x < 7 implica |x| < 7
(b) Não existe x ∈ R tal que |x − 3| = |x − 4|.
(c) Para todo x ∈ R existe y > 0 tal que |2 x + y| = 5 .

12
Solução:
(a) x < 7 implica |x| < 7; FALSO: basta tomar x = −8.
(b) Não existe x ∈ R tal que |x − 3| = |x − 4|. FALSO: x = 7/2 satisfaz a igualdade.
(c) Para todo x ∈ R existe y > 0 tal que |2 x+y| = 5 . FALSO: para x = 3, temos 2 x+y = 6+y > 6
para todo y > 0.
1 1
3. Resolva a inequação < .
2x + 1 1−x
Os números que anulam o denominador são −1/2 e 1.
Se x < −1/2, temos 2 x + 1 < 0 e 1 − x > 0. Neste caso temos
1 1 2x + 1
< ⇐⇒ 1 > ⇐⇒ 2 x + 1 < 1 − x ⇔ 3 x < 0.
2x + 1 1−x 1−x
Combinando com a restrição inicial, temos que o conjunto solução é x < −1/2 .
Se −1/2 < x < 1, temos 2 x + 1 > 0 e 1 − x > 0. Neste caso temos
1 1 2x + 1
< ⇐⇒ 1 < ⇐⇒ 2 x + 1 > 1 − x ⇐⇒ 3 x > 0.
2x + 1 1−x 1−x
Combinando com a restrição inicial, temos que o conjunto solução é 0 < x < 1 .
Se x > 1, temos 2 x + 1 > 0 e 1 − x < 0. Neste caso temos
1 1 2x + 1
< ⇐⇒ 1 < ⇐⇒ 2 x + 1 < 1 − x ⇐⇒ 3 x < 0 ,
2x + 1 1−x 1−x
Como estamos analisando o intervalo x > 1, temos que a inequação não tem solução para x > 0 .
Lista 5:Funções Reais e Gráficos

0.7 Exercı́cios Recomendados - unidade 8


1. Em cada um dos itens a seguir, defina uma função f : D ⊂ R → R, y = f (x), com a a lei de
formação dada, onde D é o maior subconjunto possı́vel de R. Esboce o gráfico da função definida.

(a) y = x3 + x2 + x; (b) y = x4 − 5 x2 + 4; (c) y = x|x|;


x
(d) y = |x2 − 1|; (e) y = x + |x| (f ) y = 2
x −1
Soluções:
Para resolver o item (a) vamos usar o seguinte resultado:
Se f , g : D → R são funções crescentes, então a sua soma f + g : D → R (que é definida por
x ∈ D 7→ f (x) + g(x) ∈ R) é crescente.
Tomemos x, y ∈ D com x < y. Como f e g são crescentes, temos
f (x) < f (y) e g(x) < g(y). Então (f + g)(x) = f (x) + g(x) < f (y) + g(y) = (f + g)(y).
Logo f + g é crescente.
(a) f (x) = x3 + x2 + x
A maneira mais fácil de mostrar que f é crescente é usando derivada. Como f 0 (x) = 3 x2 +
2 x + 1 ≥ 0, para todo x (note que ∆ = b2 − 4 a c = 2 − 12 = −8 < 0, o sinal do trinômio é
positivo). Sem usar derivada, a coisa é mais trabalhosa e acho que pode (deve?) ser omitida numa
primeira leitura.
Consideremos o intervalo [−1/2, +∞). Como x3 é crescente em R e x2 + x é crescente no
intervalo [−1/2, +∞), temos que f é crescente em [−1/2, +∞) (como soma de duas funções
crescentes).
Resta analisar o intervalo (−∞, −1/2].

13
Sejam x, y ∈ R, com x < y: temos
f (y) − f (x) = (y 3 − x3 ) + (y 2 − x2 ) + y − x = (y − x)(x2 + x y + y 2 + x + y + 1).
Seja q(x, y) = x2 + x y + y 2 + x + y + 1. Vamos mostrar que q(x, y) ≥ 0 quaisquer que sejam
x, y ∈ (−∞, −1/2]. Isto implicará que f (x) < f (y) e, portanto f é crescente.
Se x < y < −1/2, escrevemos q(x, y) = (x2 +x)+(y 2 +y)+x y+1: como x2 +x > −1/4, y 2 +y >
−1/4 e x y + 1 > 1, temos q(x, y) > 0. Logo, f é crescente em (−∞, −1/2]. Logo, f é crescente.
Cálculo de alguns valores de f : f (0) = 0, f (1) = 3, f (−1) = −1, f (2) = 14, f (−2) = −6.
Temos algum elemento para dar um esboço do gráfico.
(b) Em primeiro lugar, notemos que, como a variável x só aparece com potências 2 e 4, o gráfico é
simétrico em relação ao eixo y. Além disso, podemos escrever y = x4 −5 x2 +4 = (x2 −1)2 (x2 −4)2 =
(x − 1) (x + 1) (x − 2) (x + 2). Com isto vemos que f anula-se em x = −1 x = 1 x = 2 e x = −2.
Uma análise de sinais mostra que f é positiva em (−∞, −2), em (−1, 1) e em (2, +∞). Além
disso f (0) = 4. Temos algum elemento para dar um esboço do gráfico.
(c) y = x|x|. É imediato que f (x) = x2 , se x ≥ 0 e f (x) = −x2 , se x < 0; com isto fica fácil obter
um esboço do gráfico de f .
(d) y = |x2 − 1|. O gráfico de y = x2 − 1 é uma parábola que fica abaixo do eixo Ox no intervalo
(−1, 1); então o gráfico de y = |x2 − 1| tem o aspecto mostrado abaixo.
(e) y = x + |x|. Como |x| = −x, se x < 0 e |x| = x, se x ≥ 0, temos y = x + |x| = 0 se x < 0 e
y = 2 x, se x ≥ 0.
x
(f ) y = 2 . Fica por conta do leitor justificar o gráfico abaixo.
x −1

y6
6y = x3 + x2 + x f (x) = x4 − 5 x2 + 4
y = x |x|
6

- - -
x −2 −1 1 2 x x

y y = |x2 − 1| 
6
6  y 6
x
 y=
 x2 − 1

 f (x) = x + |x|

-  - −1 -
−1 1 x x 1 x

2. Resolva as inequações a seguir, para x ∈ R, e interprete as soluções geometricamente.


2x + 1
(a) (x2 − 1)2 ≥ 1; (b) x3 − 2 x2 − x + 2 > 0; (c) < 3:
x+1
Soluções:
(a) (x2 − 1)2 ≥ 1 ⇐⇒ x2 − 1 ≥ 1 ou x2√− 1 ≤ −1 √
De x2 − 1 ≥ 1, temos x2 ≥ 2, portanto x ≥ 2 ou x ≤ − 2.
De x2 − 1 ≤ −1, temos x2 ≤ 0, ou seja x = 0. Conjunto solução
√ √ •
Logo, o conjunto solução é (−∞, − 2]∪{0}∪[ 2, +∞). √
− 2 0

2

(b) x3 − 2 x2 − x + 2 > 0;

14
Analisemos primeiro a equação x3 − 2 x2 − x + 2 = 0. É −1 1 2
fácil ver que as raı́zes da equação são −1, 1 e 2. Assim x+1 − + + +
x3 − 2 x2 − x + 2 > 0 = (x + 1) (x − 1) (x − 2). x−1 − − + +
3 2 x−2 − − − +
Analisemos agora o sinal de p(x) = x − 2 x − x + 2 = p(x) − + − +
(x + 1) (x − 1) (x − 2). O quadro abaixo mostra que
p(x) ≥ 0 se −1 ≤ x ≤ 1 ou x ≥ 2. Logo, o conjunto Conjunto solução
solução é (−1, 1) ∪ [2, +∞).
−1 1 2
2x + 1
(c) < 3:
x+1
Se x + 1 > 0, isto é, se x > −1, a inequação fica 2 x + 1 < 3 x + 3 e portanto x > −2. Como x
deve pertencer ao intervalo (−1, +∞), o conjunto solução para este caso é (−1, +∞).
Se x + 1 < 0, isto é, se x < −1, a inequação fica 2 x + 1 > 3 x + 3 e portanto x < −2, ou
seja x ∈ (−∞, −2). Como o conjunto (−∞, −2) está contido no intervalo (−∞, −1), o conjunto
solução para este caso é (−∞, −2).
Logo, o conjunto solução é (−∞, −2) ∪ (−1, +∞).
Conjunto solução

−2 −1

3. Considere a função h : R → R, h(x) = |x2 − 1|. Esboce os gráficos das funções definidas por
h1 (x) = h(x + 1), h2 (x) = 3 h(2 x) e h3 (x) = 12 h(3 x − 1) − 2.
O gráfico de h já foi esboçado acima. Analisemos os outros.
Quanto a h1 : a transformação de x para x + 1 desloca o gráfico de 1 unidade para a esquerda
(note que h1 (x) = |(x − 1)2 − 1| = |x2 + 2 x| = |x (x + 2)|).
Quanto a h2 : multiplicar o valor da função por 3 dilata o gráfico da função. A transformação
de x para 2 X dilata o eixo, consequentemente contrai (encolhe) o gráfico da função(note que
h2 (x) = 12 |x2 − 1/4|).
Quanto a h3 : é uma combinação dos 2 casos anteriores.

y 6 y
y 6 6
3 y = h3 (x)

1 2
1 y = h1 (x) y = h2 (x) .3 .3 -
x
− 23
-
x
-
x −2 .
−2 − 12 1
2

4. Abaixo vemos os gráficos de duas funções, com domı́nio R, da forma q(x) = p(a x + b) + c, em
que a, b e c são constantes reais. Determine, em cada caso, os valores de a, b e c. Justifique sua
resposta. y
y 6
3
6

2 2

x 4 x
- -
−2 −1 1 2 −2 −1 1 2
−1
−2

Denotemos por p a função cujo gráfico é o da esquerda e q aquele cujo gráfico está à direita.
Notemos que o gráfico à direita está 1 unidade acima do da esquerda; portanto c = 1. O ponto
de máximo local foi deslocado 1 unidade à direita; portanto b = −1; note que, uma vez fixada a

15
abscissa do ponto de máximo como sendo 0, ela não se altera quando dilatamos ou encolhemos o
eixo das abscissas. Esta translação desloca o ponto de mı́nimo local para x = 2.
Agora aplicamos uma contração no eixo Ox para deslocar o ponto de mı́nimo local de x = 2
para x = 4; portanto c = 12 .
Logo, q(x) = p( 12 x − 1) + 1.

0.8 Exercı́cios Suplementares - unidade 8


1. Determine todos os máximos e mı́nimos locais e absolutos das seguintes funções :
1
(a) f : R → R, f (x) = 2
x +1
(b) f : [−1, 2] → R, f (x) = |x|.

x + 1 , se x < 0
(c) f : [−1, 1] → R, f (x) =
x − 1, se x ≥ 0

3x, se x < 1
(d) f : [0, 4] → R, f (x) = 2
x − 6 x + 8, se x ≥ 1

3x, se x < 4
(d) f : [0, 5] → R, f (x) = 2
x − 6 x + 8, se x ≥ 4
Soluções:
1 1
(a) f (x) = 2 . Como x2 + 1 ≥ 1, ∀x ∈ R, temos 0 < 2 ≤ 1. Como f (0) = 1 temos
x +1 x +1
que x0 = 0 é ponto de máximo (absoluto) de f . Como f é uma função par (isto é f (−x) = f (x),
para todo x), o gráfico é simétrico em relação ao eixo Oy; basta, portanto, analisar o intervalo
(0, +∞). Dados x, y ∈ (0, +∞), com x < y, temos x2 < y 2 , donde x2 + 1 < y 2 + 1, logo
f (x) = x21+1 > y21+1 = f (y). Logo, f é decrescente em [0, +∞), portanto f não tem extremos
nesse intervalo. A simetria do gráfico de f implica que f não tem extremos em (−∞, 0).

−x , se − 1 ≤ x ≤ 0
(b) f (x) = |x| =
x, se 0 ≤ x ≤ 2
Como f (x) ≥ 0 para todo x ∈ [−1, 2] e f (0) = 0, temos que x = 0 é ponto de mı́nimo absoluto
de f .
No intervalo [−1, 0], o valor máximo de f é f (−1) = 1 (é um ponto de máximo local). No
intervalo [0, 2], o valor máximo  de f é f (2) = 2: é um ponto de máximo absoluto.
x + 1 , se x < 0
(c) f : [−1, 1] → R, f (x) =
x − 1, se x ≥ 0
Se −1 ≤ x < 0, temos 0 ≤ x + 1 < 1, logo, x = −1 é ponto de mı́nimo local.
Se 0 ≤ x ≤, temos −1 ≤ x − 1 ≤ −, logo, x = 0 é ponto de mı́nimo local e x = 1 é ponto de
máximo local. Além disso, como f (0) ≤ f (x), para todo x ∈ [−1, 1], temos que x = 0 é ponto de
mı́nimo absoluto e como f (1) ≥ f (x), para todo x ∈ [−1, 1], temos que x = 1 é ponto de máximo
absoluto. 
3x, se x < 1
(d) f (x) = 2
x − 6 x + 8, se x ≥ 1
valor mı́nimo absoluto f (3) = −1 valor máximo local f (4) = 0, não tem valor máximo
absoluto. 
3x, se x < 4
(d) f : [0, 5] → R, f (x) =
x2 − 6 x + 8, se x ≥ 4
valor mı́nimo absoluto f (0) = f (4) = 0; valor máximo local f (5) = 3; f não tem valor
máximo absoluto.

16
y y
6 6

3 . 3 .




 2 3 4

 . . . . -
. . . . -
x 4 x
−1 .
item (c) item (d)

4 x − x2 , se x < 3
2. Considere a função g : [0, 5] → R definida por: g(x) = Determine as
x − 2, se x ≥ 3 .
soluções de: (a) g(x) = −1 (b) g(x) = 0 (c) g(x) = 3 (d) g(x) = 4 (e) g(x) < 3 (f) g(x) > 3
Soluções:
Denotemos por S o conjunto solução em cada caso. y
6
(a) g(x) = −1. Para x ≥ 3, temos x − 2 ≥ 1; no intervalo
4.
0 ≤ x < 3 temos 4 x − x2 ≥ 0, de modo que não existe solução.
(b) g(x) = 0. Para x ≥ 3, temos x − 2 ≥ 1; assim, basta analisar 3.
2.

o intervalo x < 3: neste intervalo, a equação fica 4 x − x2 = 0 e


1.
a única solução é x = 0.

. . . . .-
(c) g(x) = 3. Para 3 ≤ x ≤ 5, temos 1 ≤ x − 2 ≤ 3 e, portanto 1 2 3 4 5 x
x = 5 é solução neste intervalo; para 0 ≤ x < 3, a equação fica
4 x − x2 = 3 que tem as soluções x1 = 1 e x2 = 3 (que não
pertence ao intervalo). Logo, S = {1, 5}.

(d) g(x) = 4. Para x ∈ [3, 5], temos 1 ≤ x ≤ 3 e, portanto não existe solução neste intervalo;
para 0 ≤ x < 3, a equação fica 4 x − x2 = 4 que tem a solução x = 2. Logo, S = {2}.
(e) g(x) < 3. Para x ∈ [3, 5], temos 1 ≤ x − 2 ≤ 3 donde x < 3: portanto o conjunto solução
é [3, 5); para x < 3, a equação fica 4 x − x2 < 3 que tem o conjunto solução 0 ≤ x < 1. Logo,
S = [0, 1) ∪ [3, 5).
(f ) g(x) > 3. Para x ∈ [3, 5], temos 1 ≤ x − 2 ≤ 3: portanto não existe solução no intervalo
[3, 5]; no intervalo [0, 3), a equação fica 4 x − x2 > 3 que tem o conjunto solução 1 < x < 3. Logo,
S = (1, 3).
3. Sejam f : R → R e g : R → R. Determine se as afirmações abaixo são verdadeiras ou falsas,
justificando suas respostas.
(a) Se f é limitada superiormente, então f tem pelo menos um máximo absoluto;
(b) Se f é limitada superiormente, então f tem pelo menos um máximo local;
(c) Se f tem um máximo local, então f tem um máximo absoluto;
(d) Todo máximo local de f é máximo absoluto;
(e) Todo máximo absoluto de f é máximo local;
(f ) Se x0 é ponto de extremo local de f , então é ponto de extremo local de f 2 ;
(g) Se x0 é ponto de extremo local de f 2 , então é ponto de extremo local de f;
h) Se f e g são crescentes, então a composta f ◦ g é uma função crescente;
i) Se f e g são crescentes, então o produto f · g é uma função crescente;
j) Se f é crescente em A ⊂ R e em B ⊂ R, então f é crescente em A ∪ B ⊂ R.
Solução:
x
(a) FALSA: A função f : R → R dada por f (x) = é limitada superiormente, mas não tem
|x| + 1
máximo nem mı́nimo absoluto.

17
x y
(b) FALSA: A função f : R → R dada por f (x) = é 6
x
|x| + 1 y=
|x| |x| + 1
limitada superiormente (note que 0 ≤ |f (x)| = < 1), 1.
|x| + 1
mas não tem máximo nem mı́nimo local. O gráfico de f tem
-
o seguinte aspecto: x

. −1

 FALSA: A função f : [−1, 3] → R dada por f (x) =


(c) y
 x + 1, se x < 0 6
y = f (x)
1 − x, se 0 ≤ x < 1 tem máximo local em x = 0 mas 2
x − 1, se 2 ≤ x ≥ 3

1
não tem máximo absoluto. @
x
@
(d) FALSA: mesmo exemplo de (c). −1
@
1 3
-

(e) VERDADEIRA: Todo máximo absoluto é máximo local. Suponha que f tenha máximo local
em x0 ∈ D. É claro que se f (x) ≤ f (x0 ), ∀x ∈ D, então, tomando, por exemplo, r = 1, temos
f (x) ≤ f (x0 ), ∀x ∈ (x0 − r, x0 + r).
(f ) VERDADEIRA: Façamos a prova no caso em que f tem um máximo local em x0 . Existe
r > 0 tal que
f (x) ≤ f (x0 ), ∀x ∈ Ir = (x0 − r, x0 + r) (∗)
Se f (x) ≥ 0, ∀x ∈ Ir , então multiplicando os dois lados de (*) por f (x) e usando a desigualdade
f (x) ≤ f (x0 ) temos

f 2 (x) ≤ f (x) f (x0 ) ≤ f 2 (x0 ), ∀x ∈ Ir = (x0 − r, x0 + r) (∗∗)

Logo x0 é ponto de máximo local de f 2 .


Se f (x) ≤ 0, ∀x ∈ Ir , então multiplicando os dois lados de (*) por −1, temos

−f (x) ≥ −f (x0 ), ∀x ∈ Ir = (x0 − r, x0 + r) (∗ ∗ ∗)

Multiplicando os dois lados de (*) por −f (x) (que é ≥ 0) e usando a desigualdade −f (x) ≥ −f (x0 )
temos

(−f (x)) (−f (x)) ≥ (−f (x0 )) (−f (x)) ≥ (−f (x0 )) (−f (x0 )), ∀x ∈ Ir = (x0 − r, x0 + r) (∗ ∗ ∗)

ou seja
f 2 (x)) ≥ f 2 (x0 ), ∀x ∈ Ir = (x0 − r, x0 + r) (∗ ∗ ∗)
Logo x0 é ponto de mı́nimo local de f 2 .
(g) FALSA: considere a função f : R → R definida por f (x) = x. O ponto x0 = 0 é mı́nimo local
da função f 2 (x) = x2 , mas não é extremo de f .
h) VERDADEIRA: x1 < x2 ⇒ f (x1 ) < f (x2 ) ⇒ g(f (x1 )) < g(f (x2 )).
i) FALSA: considere a função f : R → R definida por f (x) = x e tome g = f : ambas são crescentes,
mas f · g não é ((f · g)(x) = x2 ).

x + 1, se − 1 ≤ x ≤ 0
j) FALSA: considere a função f : [−1, 0] ∪ [1, 3] → R dada por f (x) =
x − 2, se 1 ≤ x ≤ 3
Ela é crescente em [−1, 0] e em [1, 3], mas não é crescente em [−1, 0] ∪ [1, 3].
4. Mostre que a função inversa de uma função crescente é também uma função crescente. E a
função inversa de uma função decrescente é decrescente.
Suponhamos f : A → B crescente. Se f −1 : B → A não fosse crescente existiriam y1 , y2 ∈ B,
com y1 < y2 e f −1 (y1 ) ≥ f −1 (y2 ). Como f é crescente, terı́amos y1 = f (f −1 (y1 )) ≥ f (f −1 (y2 )) =
y2 , ou seja y1 ≥ y2 , contrariando a escolha de y1 e y2 . Logo f −1 é crescente.

18
5. Seja f : D ⊂ R → R. Dizemos que f é uma função par se f (x) = f (−x), ∀x ∈ D. Dizemos que
f é uma função ı́mpar se f (x) = −f (−x), ∀x ∈ D. Responda as perguntas a seguir, justificando
suas respostas.
(a) Que tipos de simetrias podemos observar em gráficos de funções pares e de funções ı́mpares?
(b) Se f e g são funções pares, o que podemos afirmar sobre as funções f + g e f · g?
(c) Se f e g são funções ı́mpares, o que podemos afirmar sobre as funções f + g e f · g?
(d) Se f é uma função par e g é uma função ı́mpar, o que podemos afirmar sobre as funções f + g
e f · g?
(e) Podemos afirmar que toda função polinomial de grau par é uma função par?
(f ) Podemos afirmar que toda função polinomial de grau ı́mpar é uma função ı́mpar?
Solução:
(a) O gráfico de uma função par é simétrico em relação ao eixo Oy e o de função ı́mpar é simétrico
em relação à origem.
(b)Ambas são pares

(f + g)(−x) = f (−x) + g(−x) = f (x) + g(x) = (f + g)(x)


(f · g)(−x) = f (−x) · g(−x) = f (x) · g(x) = (f · g)(x)

(c) A função f + g é ı́mpar e f · g é par.

(f + g)(−x) = f (−x) + g(−x) = −f (x) + (−g(x)) = −(f + g)(x)


(f · g)(−x) = f (−x) · g(−x) = (−f (x)) · (−g(x)) = (f · g)(x)

(d) A função f + g não é par nem ı́mpar. Por exemplo, f (x) = x2 é par e g(x) = x é ı́mpar, mas
sua soma (f + g), que é dada por (f + g)(x) = x2 + x não é par nem ı́mpar.
A função f · g é ı́mpar. De fato

(f · g)(−x) = f (−x) · g(−x) = f (x) · (−g(x)) = −(f · g)(x)

(e) NÃO. A função (f + g)(x) = x2 + x não é par.


(f ) NÃO. A função f (x) = x3 + x2 não é ı́mpar.
6. Nesta unidade, afirmamos que não faz sentido pedir que se determine o domı́nio de uma função
dada previamente, pois o domı́nio de uma função é parte da própria definição (p. 15). Faz sentido
pedir que se determine a imagem de uma função previamente dada? Justifique sua resposta.
Sim. Faz sentido pedir que se determine a imagem de uma função. Ele depende (ou pode ser
determinado a partir) do domı́nio e da expressão que define a função.
7. No Exemplo 10 (p. 22), afirmamos que a função h é decrescente em ]2, 4] e crescente em
[4, 6]. Considerando a Definição 1, você vê alguma contradição nessa afirmação ? Justifique sua
resposta.
Não há contradição. A Definição está sendo aplicada a domı́nios diferentes (]2, 4] e [4, 6]).
8. Considere f : [−2; 3] → R a função cujo gráfico é dado abaixo. Em cada um dos itens a seguir,
defina uma função h : D ⊂ R → R obtida a partir de f através da operação indicada, em domı́nio
D conveniente, e esboce o gráfico da função h definida.

19
6
. 3
y = f (x) (a) h(x) = |f (x)|
(b) h(x) = f (|x|)
(c) h(x) = (f (|x|))2
1
. . . - (d) h(x) =
x f (x)
−2 −1 1 2 3
−1 .

6 6
. 3
y = |f (x)| y = f (|x|)

. . . . - . . . . -
x −2 −1 1 2 3 x
−2 −1 1 2 3
.
−1
y y
.69 6

y = (f (x))2
1
y=
f (x)

.1 1/3

. . .- . . .1 . . -
x x
−2 −1 1 2 3 −2 −1 2 3

20

Vous aimerez peut-être aussi