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1
(iv) p < q, mas q não é múltiplo inteiro de p. Neste caso, o resultado da divisão é um número
racional menor do que 1.
Lista 4: Completeza e Representação de Números Reais
3
Questão 8a. Mostre que, dados α > 0, β > 0, existe um número natural n tal que n α > β.
Pelo Exercı́cio 8, existe n ∈ N tal que n > αβ , logo n α > β.
Questão 9. Mostre que o conjunto dos racionais é denso nos reais, ou seja, dados α e β números
reais, com α < β, mostre que existe r ∈ Q tal que α < r < β.
n
Queremos mostrar que existem inteiros m, n, com m > 0 tais que α < m < β, ou seja
4
Suponhamos possı́vel munir C de uma ordem de forma que ele seja um corpo ordenado: de-
notemos tal ordem pelos sı́mbolos / e . (dados z , w ∈ C, temos z / w ou z = w ou z . w). Assim,
vale a propriedade:
Se z . w e x . 0 então x z . w
Em primeiro lugar, notemos que devemos ter −1 / 0. De fato, se fosse −1 . 0, terı́amos 1 / 0.
Pela compatibilidade da ordem com a multiplicação, deverı́amos ter (−1)2 . 0. Mas pela regra dos
sinais (−1)2 = (−1) (−1) = 1 / 0, uma contradição. Logo, devemos ter −1 / 0.
Analisemos agora o número i. Temos apenas uma das alternativas: i / 0 ou i . 0.
Se i . 0, pela compatibilidade da ordem com a multiplicação, deverı́amos ter i2 . 0. Mas
2
i = −1 / 0.
Se i / 0, então −i . 0. Pela compatibilidade da ordem com a multiplicação, deverı́amos ter
(−i)2 . 0. Mas (−i)2 = i2 = −1 / 0.
Estas contradições mostram que não é possı́vel definir uma ordem em C de forma que ele seja
um corpo ordenado.
Questão 4. Da mesma forma que expressamos um número real qualquer na base 10, podemos
encontrar expressões em relação a uma base β ∈ N, com β ≥ 2, qualquer. Dizemos que um número
α ∈ R está expresso na base β se ele é escrito na forma:
+∞
X
α = a0 + an β −n (2)
n=1
(a) Sejam x e y os números reais cujas representações no sistema de numeração de base 4 são
dadas por 0,321 e 0, 111 . . . , respectivamente. Determine as representações de x e de y no sistema
decimal.
(b) Mostre que um número racional a = m n
∈ R, com m, n ∈ Z, n 6= 0 e mdc(m, n) = 1, possui
representação finita no sistema de numeração posicional de base β se, e somente se, o denominador
n não possui fatores primos que não sejam fatores de β.
(b) Em uma base β, qualquer, é verdade que um número é racional se, e somente se, admite
representação finita ou periódica?
(c) Considere o número que possui uma expressão na base β dada por a0 = 0 e an = β −1, ∀n ∈ N.
Que número é esse?
Uma solução:
(a) Pela definição da expressão de um número real no sistema de numeração posicional de base
β, temos que:
x = (0, 321)β = 3 × 41 + 2 × 1
42
+1× 1
43
= 3
4
+ 18 + 1
64
= 57
64
= 0, 890625
+∞
X 1
y = (0, 111 . . . )β =
k=1
4k
1
Portanto, a expressão acima é a soma da progressão geométrica infinita cujo termo inicial é 4
ea
razão é 14 . Essa soma converge para:
1
4 1
1 = = 0, 333 . . .
1− 4
3
5
Portanto
α = a0 + β −N (a1 β N −1 + a2 β N −2 + · · · + aN ) ∈ Q
| {z }
∈N
Suponhamos que α admita representação periódica: para simplificar a notação, vamos analisar
primeiro o caso em que o perı́odo é 2, isto é, a1 = a3 = . . . e a2 = a4 = . . . . Então
α = a0 + a1 β −1 + a2 β −2 + a3 β −3 + a4 β −4 + · · · + an β −n + · · · =
= a0 + (a1 β −1 + a1 β −3 + · · · + a1 β −(2 n−1) + · · · ) + (a2 β −2 + a2 β −4 + · · · + a2 β −2 n + · · · ) =
= a0 + a1 β −1 (1 + β −2 + β −4 + · · · ) + a2 β −2 (1 + β −2 + · · · ) =
1 1 a1 β a2
= a0 + a1 β −1 −2
+ a2 β −2 −2
= a0 + 2 + 2
1−β 1−β β −1 β −1
Como a0 ∈ Z e a1 , a2 , β ∈ N, temos α ∈ Q.
Agora fica fácil analisar o caso geral: se o perı́odo é p, temos a1 = ap+1 = ap+3 = . . . e
a2 = ap+2 = ap+4 = . . . . Neste caso, o número α é escrito como a soma
α = a0 + a1 β −1 + a2 β −2 + a3 β −3 + a4 β −4 + · · · + ap β −p + ap+1 β −p−1 + · · · =
= a0 + (a1 β −1 + a1 β −p−1 + · · · + a1 β −n p−1 + · · · ) + (a2 β −2 + a2 β −p−2 + · · · + a2 β −n p−2 + · · · )+
+ (ap β −p + ap β −2 p + · · · + ap β −n p + · · · ) =
= a0 + a1 β −1 (1 + β −p + · · · ) + a2 β −2 (1 + β −p + · · · ) + ap β −p (1 + β −p + · · · ) =
a1 β −1 a2 β −2 ap β −p
= a0 + + + · · · +
1 − β −p 1 − β −p 1 − β −p
(⇒) Suponhamos que α seja racional. Queremos mostrar que α admite representação finita ou
periódica.
Vamos recordar o significado da expressão em (2). Façamos o caso α > 0. Seja a0 a parte
inteira de α: é o maior número natural menor que ou igual a α (denotamos a0 = [α]). Se a0 = α,
já temos a representação (2). Se a0 < α, como é o maior número natural menor que α, temos
0 < α − a0 < 1. Denotemos α0 = a0
Denotemos Iβ = {0, 1, . . . , β − 1}.
Como 0 < α − a0 < 1, temos 0 < β (α − a0 ) < β. Seja a1 o maior elemento de Iβ tal que
a1 ≤ β (α − a0 ). Se a1 = β (α − a0 ), temos α = a0 + aβ1 e já temos a representação (2).
Se a1 < β (α − a0 ), como β (α − a0 ) − a1 < 1, temos α − a0 − aβ1 < β1 . Denotando α1 = a0 + aβ1 ,
temos α − α1 < β1 .
Agora repetimos o processo: como 0 < α − a0 − aβ1 < β1 , temos 0 < β 2 (α − a0 − aβ1 ) < β.
Seja a2 o maior elemento de Iβ tal que a2 ≤ β (α − a0 − aβ1 ). Se a2 = β 2 (α − a0 − aβ1 ), temos
α = a0 + aβ1 + βa22 e já temos a representação (2).
Se a2 < β (α − a0 − aβ1 ), como 0 < β 2 (α − a0 − aβ1 ) < β, temos α − a0 − aβ1 − βa22 < β12 . Denotando
α1 = a0 + aβ1 + βa22 , temos α − α2 < β12 .
Continuando deste modo construı́mos uma sequência (αn ), em que αn = a0 + aβ1 + · · · + βann ,
satisfazendo α − αn < β1n . Como aj ≥ 0, para todo n, temos α1 ≤ α2 ≤ · · · ≤ αn ≤ · · · . Além
disso, αn → α, quando n → ∞.
Como no caso da representação na base 10, podemos escrever (2).
Vamos agora resolver o exercı́cio, em que α = pq ∈ Q. Como a representação (2) não trabalha
com a parte inteira de α, vamos supor a0 = 0 (se a0 fosse diferente de zero, trabalharı́amos com
α0 = α − a0 , que tem a parte inteira igual a zero): assim, vamos tomar 0 < pq < 1.
6
Como 0 < pqβ < β, pelo algoritmo da divisão podemos escrever pβ
q
= a1 + r1
q
, com 0 ≤ r1 < q
e a1 ∈ Iβ , e portanto
p a1 r1
= + . (3)
q β qβ
Imitando o procedimento do caso decimal, multiplicamos o resto por β 2 e continuamos a
2
divisão: como 0 ≤ r1q ββ = r1q β < β, usando o algoritmo da divisão escrevemos r1q β = a2 + rq2 , com
0 ≤ rq2 < 1 e a2 < β, ou seja,
r1 a2 r2
= 2+ .
qβ β q β2
Substituindo em (3), temos
p a1 a2 r2
= + 2+ (4)
q β β q β2
3
Agora multiplicamos o novo resto por β 3 e continuamos a divisão: como 0 ≤ rq2ββ2 = r2q β < β,
usando o algoritmo da divisão escrevemos r2q β = a3 + rq3 , com 0 ≤ rq3 < 1 e a3 < β, ou seja,
r2 a3 r3
= 3+ .
qβ β q β3
Substituindo em (5), temos
p a1 a2 a3 r3
= + 2+ 3+ . (5)
q β β β q β3
Continuando deste modo, chegaremos a
p a1 a2 a3
= + 2 + 3 + ··· . (6)
q β β β
Se rk = 0 para algum k, então an = 0 para todo n > k e teremos uma soma finita
p a1 a2 ak
= + 2 + ··· + k . (7)
q β β β
Se rn 6= 0 para todo n, teremos an 6= 0 para uma infinidade de ı́ndices n em (6). Agora,
como rn ∈ {0, 1, . . . , q − 1} para todo n, estes restos começarão a se repetir e consequentemente
os quocientes também se repetirão. Mais precisamente, teremos rj = rk , para algum k < j < q
e, então aj+1 = ak+1 , o que implicará rj+2 = rk+2 e aj+2 = ak+2 , que, por sua vez implicará,
aj+3 = ak+3 e rj+3 = rk+3 , e assim por diante, até r2 j−k = rj e a2 j−k = aj . Então a sucessão de
dı́gitos ak , rk+1 , . . . aj se repetirá sempre.
(c) Temos
+∞ +∞
X
−n
X 1/β 1
α= an β = (β − 1) β −n = (β − 1) = (β − 1) = 1.
n=1 n=1
1 − 1/β β−1
Questão 5. (a) Mostre que um número racional, representado como fração irredutı́vel por pq ,
admite expressão decimal finita se, e somente se, o denominador q não possui fatores primos
diferentes de 2 ou 5.
(b) É verdade que, se um número racional possui representação decimal finita, então ele terá
representação finita em relação a outra base qualquer?
(c) Generalize o fato demonstrado no item (a) para uma base qualquer.
Solução:
(a) Em primeiro lugar, notemos que as frações da forma 10mn admitem expressão decimal finita.
Suponhamos que o denominador q não possui fatores primos diferentes de 2 ou 5, isto é, q = 2j 5k .
Se j < k, tomamos n = 2k−j , se k < j, tomamos n = 5k−j . Multiplicando q por n obtemos uma
potência de 10: q n = 10k , se j < k ou q n = 10j , se k < j. Então pq = pq nn = 10
pn
j , que admite
7
Reciprocamente, todo número α que admite expressão decimal finita pode ser escrito na forma
m
10n
:basta tomar como numerador o número inteiro formado pelos dı́gitos de α e como denominador
m
10 , em que m éa quantidade de dı́gitos após a vı́rgula.
(b) FALSO: veja o item (b) do exercı́cio anterior. Para um exemplo numérico, consideremos o
1 1
número , que tem representação decimal finita: = 0, 2, mas na base 6 ele tem representação
5 5
1
infinita = 0, 1, 1, 1, . . . 6 : com efeito, temos
5
1 1
1 1 1 1
+ 2 + 3 + ··· = 6 6
0, 1, 1, 1, . . . 6
= 1 = 5 = .
6 6 6 1− 6 6
5
(c) O item (a) sugere que para termos representação decimal finita, os únicos fatores primos do
denominador da fração devem ser os fatores primos de β. Antes de resolver o exercı́cio, analisemos
alguns exemplos.
Expressar 71 72
na base 6: notemos os fatores de 6 são 2 e 3 e que 72 = 23 · 32 .
Temos
71 · 6 71 11 71 5 11
= = 5 + , donde = + .
72 12 12 72 6 72
11
Agora repetimos o procedimento acima com 72 : multiplicamos 1172
por 36 e efetuamos as
operações
11 · 36 11 1 11 5 1
= = 5 + , donde = +
72 2 2 72 36 72
e portanto
71 5 11 5 5 1
= + = + +
72 6 72 6 36 72
1 3 3
Agora, é fácil ver que 72 = 72·3 = 316 . Logo
71 5 5 3
= + +
72 6 36 316
Expressar 23
30
na base 6: notemos 30 = 2 · 3 · 5: o denominador tem o fator 5, que não é fator
de 6. A representação não será finita.
Temos
23 · 6 23 3 23 4 3
= = 4 + , donde = + .
30 5 5 30 6 30
3 3
Agora repetimos o procedimento acima com 30 : multiplicamos 30 por 36 e efetuamos as operações
3 · 36 18 3 3 3 3
= =3+ , donde = +
30 5 5 30 36 5 · 36
e portanto
23 4 3 4 3 3
= + = + +
30 6 30 6 36 180
Repetimos o procedimento acima com 180 : multiplicamos 19
3
30
por 216 e efetuamos as operações
3 · 36 18 3 3 3 3
= =3+ , donde = + (8)
180 5 5 180 216 5 · 216
e portanto
23 4 3 3 4 3 3 3
= + + = + + +
30 6 36 180 6 36 216 5 · 216
Observemos agora que o resto da divisão se repete em (8). Consequentemente, os quocientes
também se repetem e teremos uma representação periódica.
8
Vamos agora resolver o exercı́cio. Consideremos o número racional pq , com p < q para evitar
o a0 da representação (2). Para simplificar, suponhamos que a base β tenha apenas 2 fatores
primos: β = a b e que denominador seja da forma q = am bn (para fixar a notação, vamos supor
n−m
m < n). Multiplicando o numerador e denominador por an−m , obtemos a fração p aβ n . Agora
p an−m a1 an
escrevemos esta fração como uma soma finita βn
= β
+ ··· + βn
do seguinte modo: como
p an−m
p an−m < β n , multiplicamos βn
por β e efetuamos a divisão; pelo algoritmo da divisão, existem
a1 ∈ Iβ = {0, 1, . . . , β − 1} e r1 ≥ 0, r1 < β n−1 tais que
p an−m β p an−m r1 p an−m a1 r1
= = a1 + , donde = + .
βn β n−1 β n−1 βn β βn
Agora multiplicamos βr1n por β 2 e efetuamos a divisão; pelo algoritmo da divisão, existem a2 ∈ Iβ
e r2 ≥ 0, r2 < β n−2 tais que
r1 β 2 r1 r2 r1 a2 r2
n
= n−2 = a2 + n−2 , donde n
= 2+ n.
β β β β β β
Repetindo este procedimento n−1 vezes, chegaremos a rn−1
βn
, em que rn−1 é um inteiro não negativo
menor que β n−(n−1)
= β, ou seja rn−1 < β: denotando an = rn−1
βn
, obtemos
p an−m a1 an
n
= + ··· + n
β β β
Questão 6. Considere o número m n
, com m e n primos entre si.
(a) Quando a representação é uma decimal finita?
(b) Quando a representação é uma dı́zima periódica simples?
Solução:
(a) As representações decimais finitas ocorrem para frações cujo denominador é uma potência de
10. Assim, se existe p tal que n p = 10l , então
m mp mp mp
= = l = l l
n np 10 2 5
Portanto, n p só admite os fatores primos 2 e 5. Logo, n só admite os fatores primos 2 e 5.
Reciprocamente, se n possui apenas os fatores primos 2 e 5, ou seja, n = 2a 5b , então podemos
multiplicar n por um número p de modo que n p seja uma potência de 10. É assim, se a < b,
tomando p = 2b−a , temos n p = 2a 5b 2b−a = 10b ; analogamente, se b < a tomamos p = 5a−b .
(b) Para resolver este exercı́cio precisamos do seguinte lema (tirado do livro Meu professor de
matemática e outras histórias, página 65):
Lema. Todo número natural q, primo com 10, tem um múltiplo cuja representação decimal é
formado apenas por noves.
9
Portanto, m q = 9 . . . 900 . . . 0. Assim, q divide 9. . . 900. . . 0. Como q é primo com 10, temos que
q divide 99 . . . 9. Isto conclui a prova do lema.
m
Passemos à solução do exercı́cio. A representação de é uma dı́zima periódica simples quando
n
n é primo com 10. Pelo Lema, algum múltiplo de n tem a forma 99 . . . 9, isto é, para algum k,
n k = 99 . . . 9. Então
m mk mk
= =
n nk 99 . . . 9
Lista 4:Desigualdades, Intervalos e Valor Absoluto
10
a velocidade média de Limeira a São Paulo é dc . Temos então a
b
< dc . A velocidade média de São
Carlos a São Paulo é a+c
b+d
. Temos ab < a+c
b+d
< dc .
Interpretação geométrica: Os triângulos ABD, ACF e DEF são retângulos. Compare a
tangente do ângulo A do triângulo ABD, a tangente do ângulo A do triângulo ACF e a tangente
do ângulo D do triângulo DEF .
F
d
D c E
b b
A a B c C
Solução:
A interpretação geométrica de módulo |x − a| é a distância de x a a.
a) A equação |x − 1| = 4 significa geometricamente que procuramos os pontos da reta que distam
4 unidades do ponto 1 (veja a figura abaixo). Logo, x = −3 ou x = 5.
b) A inequação |x + 1| < 2 significa geometricamente que procuramos os pontos da reta que
distam menos que unidades do ponto −1 (veja a figura abaixo). Logo, x ∈] − 3, 1[.
c) A inequação |x − 1| < |x − 5| significa geometricamente que procuramos os pontos da reta cuja
distância ao ponto x0 = 1 é menor que a distância ao ponto x1 = 5. Logo, x < 3.
d) A equação |x − 2| + |x + 4| = 8 significa geometricamente que procuramos os pontos x da reta
tais que a soma da distância de x ao ponto x0 = 2 com a distância de x ao ponto x1 = −4 é 8. É
claro que os pontos entre −4 e 2 estão excluı́dos (a soma de tais distâncias é 6). Analogamente, os
pontos x > 4 e x < −6 (a soma de tais distâncias é > 8). De modo análogo excluimos os pontos
dos intervalos (−6, −4) e (2, 4). Logo os pontos procurados são x = −6 e x = 4.
d) A equação |x − 2| + |x + 4| = 1 não tem solução. De fato, como os pontos x0 = 2 e x1 = −4
distam 6 unidades, quando x ∈ [−4, 2] temos |x − 2| + |x + 4| = 6. Quando x é exterior a esse
intervalo a soma das distâncias é maior ainda.
a + b 2 a2 + b 2
5. Sejam a e b números reais não negativos. Mostre que ≤ . Interprete geome-
2 2
tricamente esta desigualdade.
Temos
2
a2 + b 2 a2 + b 2 a2 + b 2 − 2 a b 2 a2 + 2 b 2 − a2 − b 2 − 2 a b
a+b
− = − = =
2 2 2 4 4
2
1 2 2 a−b
= (a + b − 2 a b) = ≥0
4 2
Interpretação geométrica:
11
y 6
y = x2
b2 .
. a2 +b
2
2
.
2
a+b
2
a2.
-
a+b
a 2
b x
Interpretação geométrica dada no livro: A desigualdade acima significa qua a parte escura
na figura abaixo tem área mı́nima quando os dois quadrados pequenos são iguais.
b2
a+b 2
a2 2
6. Sabendo que os números reais x, y satisfazem as desigualdades 1, 4587 < x < 1, 4588 e 0, 1134 <
y < 0, 1135, têm-se os valores exatos de x e y até milésimos. Que grau de precisão, a partir daı́,
podemos ter para o valor de xy ? Determine esse valor aproximado. Como procederı́amos para
obter um valor aproximado de x/y ? Qual o grau de precisão encontrado no caso do quociente?
(1, 4587) · (0, 1134) < x y < (1, 4588) · (0, 1135)
0, 16541 < x y < 0, 165557
8, 8105 < y1 < 8, 8183
12, 851982 < xy < 12, 864197
7. Considere todos os intervalos da forma [0, n1 ]. Existe um número comum a todos estes interva-
los? E se forem tomados intervalos abertos?
É claro que 0 ∈ [0, n1 ]. Além disso, 0 é o único número que pertende a todos estes intervalos:
de fato, se x > T 0 existe m ∈ N tal que m1 < x: assim, para todo n ≥ m temos x ∈ / [0, n1 ]. Em
outras palavras ∞ 1
n=1 [0, n ] = {0}
Se os intervalos forma tomados abertos, não existe número comum a todos eles, pois dado
T∞ 0 existe
x > m ∈ N tal que m1 < x: assim, para todo n ≥ m temos x ∈ / (0, n1 ). Em outras palavras
1
n=1 (0, n ) = ∅.
12
Solução:
(a) x < 7 implica |x| < 7; FALSO: basta tomar x = −8.
(b) Não existe x ∈ R tal que |x − 3| = |x − 4|. FALSO: x = 7/2 satisfaz a igualdade.
(c) Para todo x ∈ R existe y > 0 tal que |2 x+y| = 5 . FALSO: para x = 3, temos 2 x+y = 6+y > 6
para todo y > 0.
1 1
3. Resolva a inequação < .
2x + 1 1−x
Os números que anulam o denominador são −1/2 e 1.
Se x < −1/2, temos 2 x + 1 < 0 e 1 − x > 0. Neste caso temos
1 1 2x + 1
< ⇐⇒ 1 > ⇐⇒ 2 x + 1 < 1 − x ⇔ 3 x < 0.
2x + 1 1−x 1−x
Combinando com a restrição inicial, temos que o conjunto solução é x < −1/2 .
Se −1/2 < x < 1, temos 2 x + 1 > 0 e 1 − x > 0. Neste caso temos
1 1 2x + 1
< ⇐⇒ 1 < ⇐⇒ 2 x + 1 > 1 − x ⇐⇒ 3 x > 0.
2x + 1 1−x 1−x
Combinando com a restrição inicial, temos que o conjunto solução é 0 < x < 1 .
Se x > 1, temos 2 x + 1 > 0 e 1 − x < 0. Neste caso temos
1 1 2x + 1
< ⇐⇒ 1 < ⇐⇒ 2 x + 1 < 1 − x ⇐⇒ 3 x < 0 ,
2x + 1 1−x 1−x
Como estamos analisando o intervalo x > 1, temos que a inequação não tem solução para x > 0 .
Lista 5:Funções Reais e Gráficos
13
Sejam x, y ∈ R, com x < y: temos
f (y) − f (x) = (y 3 − x3 ) + (y 2 − x2 ) + y − x = (y − x)(x2 + x y + y 2 + x + y + 1).
Seja q(x, y) = x2 + x y + y 2 + x + y + 1. Vamos mostrar que q(x, y) ≥ 0 quaisquer que sejam
x, y ∈ (−∞, −1/2]. Isto implicará que f (x) < f (y) e, portanto f é crescente.
Se x < y < −1/2, escrevemos q(x, y) = (x2 +x)+(y 2 +y)+x y+1: como x2 +x > −1/4, y 2 +y >
−1/4 e x y + 1 > 1, temos q(x, y) > 0. Logo, f é crescente em (−∞, −1/2]. Logo, f é crescente.
Cálculo de alguns valores de f : f (0) = 0, f (1) = 3, f (−1) = −1, f (2) = 14, f (−2) = −6.
Temos algum elemento para dar um esboço do gráfico.
(b) Em primeiro lugar, notemos que, como a variável x só aparece com potências 2 e 4, o gráfico é
simétrico em relação ao eixo y. Além disso, podemos escrever y = x4 −5 x2 +4 = (x2 −1)2 (x2 −4)2 =
(x − 1) (x + 1) (x − 2) (x + 2). Com isto vemos que f anula-se em x = −1 x = 1 x = 2 e x = −2.
Uma análise de sinais mostra que f é positiva em (−∞, −2), em (−1, 1) e em (2, +∞). Além
disso f (0) = 4. Temos algum elemento para dar um esboço do gráfico.
(c) y = x|x|. É imediato que f (x) = x2 , se x ≥ 0 e f (x) = −x2 , se x < 0; com isto fica fácil obter
um esboço do gráfico de f .
(d) y = |x2 − 1|. O gráfico de y = x2 − 1 é uma parábola que fica abaixo do eixo Ox no intervalo
(−1, 1); então o gráfico de y = |x2 − 1| tem o aspecto mostrado abaixo.
(e) y = x + |x|. Como |x| = −x, se x < 0 e |x| = x, se x ≥ 0, temos y = x + |x| = 0 se x < 0 e
y = 2 x, se x ≥ 0.
x
(f ) y = 2 . Fica por conta do leitor justificar o gráfico abaixo.
x −1
y6
6y = x3 + x2 + x f (x) = x4 − 5 x2 + 4
y = x |x|
6
- - -
x −2 −1 1 2 x x
y y = |x2 − 1|
6
6 y 6
x
y=
x2 − 1
f (x) = x + |x|
- - −1 -
−1 1 x x 1 x
(b) x3 − 2 x2 − x + 2 > 0;
14
Analisemos primeiro a equação x3 − 2 x2 − x + 2 = 0. É −1 1 2
fácil ver que as raı́zes da equação são −1, 1 e 2. Assim x+1 − + + +
x3 − 2 x2 − x + 2 > 0 = (x + 1) (x − 1) (x − 2). x−1 − − + +
3 2 x−2 − − − +
Analisemos agora o sinal de p(x) = x − 2 x − x + 2 = p(x) − + − +
(x + 1) (x − 1) (x − 2). O quadro abaixo mostra que
p(x) ≥ 0 se −1 ≤ x ≤ 1 ou x ≥ 2. Logo, o conjunto Conjunto solução
solução é (−1, 1) ∪ [2, +∞).
−1 1 2
2x + 1
(c) < 3:
x+1
Se x + 1 > 0, isto é, se x > −1, a inequação fica 2 x + 1 < 3 x + 3 e portanto x > −2. Como x
deve pertencer ao intervalo (−1, +∞), o conjunto solução para este caso é (−1, +∞).
Se x + 1 < 0, isto é, se x < −1, a inequação fica 2 x + 1 > 3 x + 3 e portanto x < −2, ou
seja x ∈ (−∞, −2). Como o conjunto (−∞, −2) está contido no intervalo (−∞, −1), o conjunto
solução para este caso é (−∞, −2).
Logo, o conjunto solução é (−∞, −2) ∪ (−1, +∞).
Conjunto solução
−2 −1
3. Considere a função h : R → R, h(x) = |x2 − 1|. Esboce os gráficos das funções definidas por
h1 (x) = h(x + 1), h2 (x) = 3 h(2 x) e h3 (x) = 12 h(3 x − 1) − 2.
O gráfico de h já foi esboçado acima. Analisemos os outros.
Quanto a h1 : a transformação de x para x + 1 desloca o gráfico de 1 unidade para a esquerda
(note que h1 (x) = |(x − 1)2 − 1| = |x2 + 2 x| = |x (x + 2)|).
Quanto a h2 : multiplicar o valor da função por 3 dilata o gráfico da função. A transformação
de x para 2 X dilata o eixo, consequentemente contrai (encolhe) o gráfico da função(note que
h2 (x) = 12 |x2 − 1/4|).
Quanto a h3 : é uma combinação dos 2 casos anteriores.
y 6 y
y 6 6
3 y = h3 (x)
1 2
1 y = h1 (x) y = h2 (x) .3 .3 -
x
− 23
-
x
-
x −2 .
−2 − 12 1
2
4. Abaixo vemos os gráficos de duas funções, com domı́nio R, da forma q(x) = p(a x + b) + c, em
que a, b e c são constantes reais. Determine, em cada caso, os valores de a, b e c. Justifique sua
resposta. y
y 6
3
6
2 2
x 4 x
- -
−2 −1 1 2 −2 −1 1 2
−1
−2
Denotemos por p a função cujo gráfico é o da esquerda e q aquele cujo gráfico está à direita.
Notemos que o gráfico à direita está 1 unidade acima do da esquerda; portanto c = 1. O ponto
de máximo local foi deslocado 1 unidade à direita; portanto b = −1; note que, uma vez fixada a
15
abscissa do ponto de máximo como sendo 0, ela não se altera quando dilatamos ou encolhemos o
eixo das abscissas. Esta translação desloca o ponto de mı́nimo local para x = 2.
Agora aplicamos uma contração no eixo Ox para deslocar o ponto de mı́nimo local de x = 2
para x = 4; portanto c = 12 .
Logo, q(x) = p( 12 x − 1) + 1.
16
y y
6 6
3 . 3 .
2 3 4
. . . . -
. . . . -
x 4 x
−1 .
item (c) item (d)
4 x − x2 , se x < 3
2. Considere a função g : [0, 5] → R definida por: g(x) = Determine as
x − 2, se x ≥ 3 .
soluções de: (a) g(x) = −1 (b) g(x) = 0 (c) g(x) = 3 (d) g(x) = 4 (e) g(x) < 3 (f) g(x) > 3
Soluções:
Denotemos por S o conjunto solução em cada caso. y
6
(a) g(x) = −1. Para x ≥ 3, temos x − 2 ≥ 1; no intervalo
4.
0 ≤ x < 3 temos 4 x − x2 ≥ 0, de modo que não existe solução.
(b) g(x) = 0. Para x ≥ 3, temos x − 2 ≥ 1; assim, basta analisar 3.
2.
o intervalo x < 3: neste intervalo, a equação fica 4 x − x2 = 0 e
1.
a única solução é x = 0.
. . . . .-
(c) g(x) = 3. Para 3 ≤ x ≤ 5, temos 1 ≤ x − 2 ≤ 3 e, portanto 1 2 3 4 5 x
x = 5 é solução neste intervalo; para 0 ≤ x < 3, a equação fica
4 x − x2 = 3 que tem as soluções x1 = 1 e x2 = 3 (que não
pertence ao intervalo). Logo, S = {1, 5}.
(d) g(x) = 4. Para x ∈ [3, 5], temos 1 ≤ x ≤ 3 e, portanto não existe solução neste intervalo;
para 0 ≤ x < 3, a equação fica 4 x − x2 = 4 que tem a solução x = 2. Logo, S = {2}.
(e) g(x) < 3. Para x ∈ [3, 5], temos 1 ≤ x − 2 ≤ 3 donde x < 3: portanto o conjunto solução
é [3, 5); para x < 3, a equação fica 4 x − x2 < 3 que tem o conjunto solução 0 ≤ x < 1. Logo,
S = [0, 1) ∪ [3, 5).
(f ) g(x) > 3. Para x ∈ [3, 5], temos 1 ≤ x − 2 ≤ 3: portanto não existe solução no intervalo
[3, 5]; no intervalo [0, 3), a equação fica 4 x − x2 > 3 que tem o conjunto solução 1 < x < 3. Logo,
S = (1, 3).
3. Sejam f : R → R e g : R → R. Determine se as afirmações abaixo são verdadeiras ou falsas,
justificando suas respostas.
(a) Se f é limitada superiormente, então f tem pelo menos um máximo absoluto;
(b) Se f é limitada superiormente, então f tem pelo menos um máximo local;
(c) Se f tem um máximo local, então f tem um máximo absoluto;
(d) Todo máximo local de f é máximo absoluto;
(e) Todo máximo absoluto de f é máximo local;
(f ) Se x0 é ponto de extremo local de f , então é ponto de extremo local de f 2 ;
(g) Se x0 é ponto de extremo local de f 2 , então é ponto de extremo local de f;
h) Se f e g são crescentes, então a composta f ◦ g é uma função crescente;
i) Se f e g são crescentes, então o produto f · g é uma função crescente;
j) Se f é crescente em A ⊂ R e em B ⊂ R, então f é crescente em A ∪ B ⊂ R.
Solução:
x
(a) FALSA: A função f : R → R dada por f (x) = é limitada superiormente, mas não tem
|x| + 1
máximo nem mı́nimo absoluto.
17
x y
(b) FALSA: A função f : R → R dada por f (x) = é 6
x
|x| + 1 y=
|x| |x| + 1
limitada superiormente (note que 0 ≤ |f (x)| = < 1), 1.
|x| + 1
mas não tem máximo nem mı́nimo local. O gráfico de f tem
-
o seguinte aspecto: x
. −1
(e) VERDADEIRA: Todo máximo absoluto é máximo local. Suponha que f tenha máximo local
em x0 ∈ D. É claro que se f (x) ≤ f (x0 ), ∀x ∈ D, então, tomando, por exemplo, r = 1, temos
f (x) ≤ f (x0 ), ∀x ∈ (x0 − r, x0 + r).
(f ) VERDADEIRA: Façamos a prova no caso em que f tem um máximo local em x0 . Existe
r > 0 tal que
f (x) ≤ f (x0 ), ∀x ∈ Ir = (x0 − r, x0 + r) (∗)
Se f (x) ≥ 0, ∀x ∈ Ir , então multiplicando os dois lados de (*) por f (x) e usando a desigualdade
f (x) ≤ f (x0 ) temos
Multiplicando os dois lados de (*) por −f (x) (que é ≥ 0) e usando a desigualdade −f (x) ≥ −f (x0 )
temos
(−f (x)) (−f (x)) ≥ (−f (x0 )) (−f (x)) ≥ (−f (x0 )) (−f (x0 )), ∀x ∈ Ir = (x0 − r, x0 + r) (∗ ∗ ∗)
ou seja
f 2 (x)) ≥ f 2 (x0 ), ∀x ∈ Ir = (x0 − r, x0 + r) (∗ ∗ ∗)
Logo x0 é ponto de mı́nimo local de f 2 .
(g) FALSA: considere a função f : R → R definida por f (x) = x. O ponto x0 = 0 é mı́nimo local
da função f 2 (x) = x2 , mas não é extremo de f .
h) VERDADEIRA: x1 < x2 ⇒ f (x1 ) < f (x2 ) ⇒ g(f (x1 )) < g(f (x2 )).
i) FALSA: considere a função f : R → R definida por f (x) = x e tome g = f : ambas são crescentes,
mas f · g não é ((f · g)(x) = x2 ).
x + 1, se − 1 ≤ x ≤ 0
j) FALSA: considere a função f : [−1, 0] ∪ [1, 3] → R dada por f (x) =
x − 2, se 1 ≤ x ≤ 3
Ela é crescente em [−1, 0] e em [1, 3], mas não é crescente em [−1, 0] ∪ [1, 3].
4. Mostre que a função inversa de uma função crescente é também uma função crescente. E a
função inversa de uma função decrescente é decrescente.
Suponhamos f : A → B crescente. Se f −1 : B → A não fosse crescente existiriam y1 , y2 ∈ B,
com y1 < y2 e f −1 (y1 ) ≥ f −1 (y2 ). Como f é crescente, terı́amos y1 = f (f −1 (y1 )) ≥ f (f −1 (y2 )) =
y2 , ou seja y1 ≥ y2 , contrariando a escolha de y1 e y2 . Logo f −1 é crescente.
18
5. Seja f : D ⊂ R → R. Dizemos que f é uma função par se f (x) = f (−x), ∀x ∈ D. Dizemos que
f é uma função ı́mpar se f (x) = −f (−x), ∀x ∈ D. Responda as perguntas a seguir, justificando
suas respostas.
(a) Que tipos de simetrias podemos observar em gráficos de funções pares e de funções ı́mpares?
(b) Se f e g são funções pares, o que podemos afirmar sobre as funções f + g e f · g?
(c) Se f e g são funções ı́mpares, o que podemos afirmar sobre as funções f + g e f · g?
(d) Se f é uma função par e g é uma função ı́mpar, o que podemos afirmar sobre as funções f + g
e f · g?
(e) Podemos afirmar que toda função polinomial de grau par é uma função par?
(f ) Podemos afirmar que toda função polinomial de grau ı́mpar é uma função ı́mpar?
Solução:
(a) O gráfico de uma função par é simétrico em relação ao eixo Oy e o de função ı́mpar é simétrico
em relação à origem.
(b)Ambas são pares
(d) A função f + g não é par nem ı́mpar. Por exemplo, f (x) = x2 é par e g(x) = x é ı́mpar, mas
sua soma (f + g), que é dada por (f + g)(x) = x2 + x não é par nem ı́mpar.
A função f · g é ı́mpar. De fato
19
6
. 3
y = f (x) (a) h(x) = |f (x)|
(b) h(x) = f (|x|)
(c) h(x) = (f (|x|))2
1
. . . - (d) h(x) =
x f (x)
−2 −1 1 2 3
−1 .
6 6
. 3
y = |f (x)| y = f (|x|)
. . . . - . . . . -
x −2 −1 1 2 3 x
−2 −1 1 2 3
.
−1
y y
.69 6
y = (f (x))2
1
y=
f (x)
.1 1/3
. . .- . . .1 . . -
x x
−2 −1 1 2 3 −2 −1 2 3
20