Mecânica das Rochas para Recursos Naturais e Infraestrutura

SBMR 2014 – Conferência Especializada ISRM 09-13 Setembro 2014

© CBMR/ABMS e ISRM, 2014

CARACTERIZAÇÃO GEOMECÂNICA DE TALUDES EM

UMA MINERAÇÃO DE AGREGADOS, PELOTAS, RS
Renan Teixeira Nogueira
UFPel, Pelotas, Brasil, renan.t.nogueira@gmail.com

Antônio Alves da Silva Júnior

UFPel, Pelotas, Brasil, engeo.alves@gmail.com

RESUMO: As Normas Reguladoras de Mineração prevêem a estabilização dos taludes no processo

de fechamento de mina. Entretanto, muitos empreendimentos mineiros não apresentam um plano
adequado de análise de estabilidade dos taludes remanescentes. Em minas de pequeno porte com
maior vulnerabilidade econômica e vida útil curta esse problema é muitas vezes negligenciado.
Neste trabalho, os taludes de uma pedreira desativada localizada no município de Pelotas, estado do
Rio Grande do Sul foram investigados. O objetivo foi analisar as características geomecânicas e a
estabilidade dos taludes remanescentes. A metodologia proposta compreende aquisição de dados in
situ, análises laboratoriais e processamento de dados por meio de programas computacionais como
Dips 5.1 RocData 3.013. A qualidade dos taludes foi determinada pelo método de classificação
geomecânica RMR (Rock Mass Rating). Os prováveis tipos de rupturas foram verificados através
das técnicas de projeções estereográficas. Testes de carga pontual, ensaios uniaxiais e triaxiais e de
propriedades físicas foram realizados segundo as normas da ABNT (Associação Brasileira de
Normas Técnicas) e ASTM (American Society for Testing and Materials). As interpretações das
projeções estereográficas identificaram prováveis rupturas planares e em cunha. Os ensaios de
laboratório forneceram os valores médios de tensão a compressão, ângulo de atrito, módulo de
Young, porosidade e densidade que permitiram o cálculo do fator de segurança por Morh-Columb
para as rupturas planares e métodos determinísticos das rupturas em cunha. Os resultados
mostraram que devem ser adotados fatores de segurança mais elevados, pois a qualidade dos taludes
foi afetada pelas atividades de desmonte por explosivo durante a fase de mineração. Neste sentido,
sugere-se que os ângulos dos taludes sejam redimencionados para o correto retaludamento das
cavas.

PALAVRAS-CHAVE: Estabilidade de Taludes, Mineração, Fechamento de Mina

1 INTRODUÇÃO Nacional de Produção Mineral (DNPM). A

Norma Reguladora de Mineração n° 20
1.1 Apresentação disciplina sobre os procedimentos
administrativos e operacionais que devem ser
As Normas que regulam as atividades de executados em caso de fechamento de mina,
mineração no país exigem que os suspensão temporária ou retomada das
empreendimentos mineiros apresentem um operações mineiras. Dentre os procedimentos
plano de fechamento de mina. Este plano foi que devem constar no plano de fechamento de
incluído desde 2002 no Plano de mina, a análise de estabilidade e monitoramento
Aproveitamento Econômico (PAE), que dos taludes remanescentes é muitas vezes
demostra a exequibilidade técnica e econômica negligenciada. Nos empreendimentos de
da lavra de uma jazida para obtenção do Alvará pequeno porte, que representam a maioria dos
de Lavra concedido pelo Departamento négocios do setor mineral brasileiro, têm maior

SBMR 2014
vulnerabilidade econômica, vida útil curta e
estão mais próximos de áreas urbanas (por
exemplo, exploração de agregados para
construção civil) apresentam planos de
fechamentos inadequados e sem a devida
atenção a análise da estabilidade e
monitoramento dos taludes remanescentes.
A caracterização geomecânica de maciços
rochosos é a principal etapa metodológica na
análise da estabilidade de taludes. O maciço
rochoso é um conjunto constituído pela matriz
rochosa e por todas as descontinuidades nela
contida (Assis, 2003). As propriedades do
maciço para fins de engenharia estão
relacionadas com a matriz rochosa e as
descontinuidades. As descontinuidades dos
maciços são as primeiras feições a serem
analisadas, nelas observam-se a orientação das
descontinuidades, a persistência, a rugosidade, a
abertura, o enchimento e a percolação de
fluídos.
Considerando a complexa natureza dos
maciços, que envolvem incertezas em relação a
distribuição dessas características,
desenvolveram-se métodos que permitem
estimar o comportamento do maciço. Estes
métodos são conhecidos como classificações
geomecânicas. De modo geral, estas
classificações resultam da seleção hierarquizada
de características relevantes do maciço para
conduzirem a certas classes de maciço, onde em
cada classe é esperado certo comportamento.
Alguns exemplos de métodos
classificação geomecânica de uso comum na
atualidade em obras de engenharia são o RMR
(Rock Mass Rating) de Bieniawski (1989) e o
índice GSI (Geological Strength Index) de Hoek
(1994). O sistema de classificação RMR visa
recomendar soluções de estabilidade para
blocos de rocha. Enquanto, a metodologia GSI
fornece estimativas de parâmetros de resistência
e deformabilidade dos maciços rochosos. O
processamento desses dados por meio de
programas computacionais, como Dips 5.1 e
RocData 3.013, permitem analisar e determinar
em que nivel de estabilidades os taludes se
encontram.. Neste trabalho, os métodos de
classificação RMR e GSI serão aplicados na
avaliação da qualidade dos taludes
remanescentes de uma pedreira desativada.
1.2 Objetivos
O objetivo principal deste trabalho é analisar a
estabilidade de taludes remanescentes de uma
pedreira localizada no município de Pelotas
(RS). Para que o objetivo principal seja
alcançado, objetivos secundários foram
determinados: Caracterizar as descontinuidades
dos taludes, visando entender o quanto essas
afetavam a qualidade dos mesmos; Caracterizar
os maciços, atentando a fatores como o grau de
faturamento e o RQD; Realizar análise
geomecânica, com o auxílio de ensaios de
laboratório determinando a resistência a carga
pontual, compressão uniaxial e triaxial;
Determinar os índices RMR e GSI; Analisar os
resultados comparativos com o talude intacto.
2 ÁREA DE ESTUDO
2.1 Localização
Os estudos de campo foram realizados no
município de Pelotas, que se encontra cerca de
260 km de Porto Alegre, capital do estado do
Rio Grande do Sul (Figura 1)
de
Figura 1. Mapa de localização, Estado do Rio Grande do
Sul, em azul área estudada do municípo de Pelotas.
(Modificado da base cartográfica do IBGE).
A área compreende uma pedreira, já
desativada, com dimensões de 350 m de
comprimento e cerca de 150 m de largura, onde
foram selecionados seis taludes para estudos de

SBMR 2014
caracterização geomecânica (Figura 2).
Figura 2. Cava da pedreira com a localização dos taludes
analisados (A,B,C,D,E e F).
2.2 Geologia local
A área em estudo está sobre o Batólito Pelotas,
que se encontra situado na porção leste do
Escudo Sul Riograndense, com cerca de 400 km
de comprimento e de 80 km a 120 km de
largura; e continuidade para norte, em Santa
Catarina, e, para sul, no Uruguai. O Batólito é
um complexo plutônico composto de várias
suítes, cujo magmatismo teve duração de cerca
de 70 Ma (entre 630 Ma e 570 Ma). A formação
do batólito resulta da adição de distintos
processos tectônicos durante o Ciclo
Brasiliano/Panafricano e se postulam para a
mesma modelos que envolvem a subducção de
litosfera ocêanica em margem continental
espessa (Figueiredo et al., 1990), (Philipp,
1990), (Fragoso Cesar, 1991), (Philipp et al.,
1993), (Philipp, 1998), (Chemale Jr, 2000),
(apud Philipp et al., 2002). Philipp (1998)
caracterizou seis suítes no Batólito Pelotas
denominadas de: Suíte Intrusiva Pinheiro
Machado (SIPM), Suíte Intrusiva Erval (SIE),
Suíte Intrusiva Viamão (SIV), Suíte Intrusiva
Encruzilhada do Sul (SIES), Suíte Ganítica
Cordilheira (SGC), Suíte Granítica Dom
Feliciano (SGDF) e uma sienítica, a Suíte
Piquiri. A área em estudo encontrasse sobre o
Granito Capão do Leão que é pertencente a
SGDF. No mapa geologico local é possivel
visualizar alélm dos SGDF, SIPM e sedimentos
quartenários da Bacia de Pelotas (Figura 3).
SBMR 2014
Figura 3. Mapa Geológico Local, Programa
Levantamentos Geológicos Básicos do Brasil, Folha
SH.22-Y-C Pedro Osório. Escala 1:250.000, CPRM,
Brasília. 1999, Ramgrabr, G.E; Wildner, W. (modificado
de Silva, 2013).
3. CARACTERIZAÇÃO GEOMECÂNICA
3.1 Índice de qualidade de rochas (RQD)
Na década de 60 foi desenvolvido por Deere
(1964) o índice RQD (Rock Quality
Designation), com o intuito de englobar os
critérios de fraturas aos maciços rochosos, para
estabelecer um índice de qualidade. Esta técnica
utilizada durante muito tempo como critério
básico nas obras de engenharia realiza uma
análise apenas quantitativa, sem considerar
parâmetros qualitativos das descontinuidades
como alteração preenchimento, rugosidade e
orientação das estruturas.
Apesar de esta análise levar em consideração
somente critérios quantitativos, o RQD continua
sendo um parâmetro muito importante para se
classificar os maciços, pois é fundamental para
obtenção dos índices do método de classificação
geomecânico de RMR (Priest, 1993).
A correlação entre as descontinuidades e o
RQD proposta por Priest e Hudson (1976):
(1)
onde, λ é definido como a frequência das
descontinuidades.
Esta proposta é utilizada no presente
trabalho, recorrendo a uma técnica denominada
scanline para se obter um resultado das
descontinuidades. Esta técnica consiste em
colocar uma linha horizontal demarcada em
frente a face do talude onde as descontinuidades
se apresentam separadas por uma distância
próxima do espaçamento médio, para em
seguida efetuar medições das distâncias entre
cada fratura no local onde a linha as intercepta.
3.2 Índice de classificação de maciços (RMR)
O índice RMR (Rock Mass Rating) proposto por
Bieniawski (1973) tem o objetivo de determinar
a qualidade dos maciços rochosos. A
classificação é baseada no principio da
atribuição de pesos aos parâmetros que foram
considerados mais significativos para o
comportamento do maciço rochoso.
Baseado na soma dos pesos, cujo valor
máximo é 100, constitui-se um índice RMR o
qual corresponde a uma das cinco classes de
qualidades de maciços, estabelecido por
Bieniawski (1989).
i) Resistência à ruptura em compressão
uniaxail da rocha intacta (peso entre 0 e
15)
ii) RQD “Rock Quality Designation” (peso
entre 0 e 20)
iii) Espaçamento das descontinuidades (peso
entre 0 e 20)
iv) Condições das descontinuidades (peso
entre 0 e 30)
v) Afluxo de água subterrânea (peso entre 0
e 15)
vi) Orientação das descontinuidades (0 e -50)
3.3 Índice de tensões geológicas (GSI)
O sistema de classificação GSI (Geological
Strength Index), foi proposto por Hoek (1994) e
Hoek et al. (1995), visando corrigir algumas
deficiências identificadas no sistema de
classificação RMR, quando esse era aplicado
para avaliar a resistência de maciços rochosos.
Desta forma o GSI pode ser visto como
resultado do contínuo desenvolvimento e
aplicação prática das propriedades de rupturas
propostas por Hoek e Brown (1988).
Este índice foi desenvolvido inicialmente
como um método que serviria para realizar uma
melhor avaliação das propriedades das
SBMR 2014
descontinuidades, que influenciam diretamente
a resistência e a deformabilidade desses
maciços.
4 MATERIAIS E MÉTODOS
4.1 Campo
Um reconhecimento ao longo de toda pedreira
estudada foi realizado, desta forma foi possível
selecionar os seis taludes onde as
descontinuidades foram descritas, para fins de
determinação dos parâmetros físicos e
geométricos dos maciços rochosos taludes, tres
representavam a bancada superior e tres a
bancada inferior da frente estudada. Todos os
dados coletados eram devidamente anotados,
assim as orientações e inclinação dos taludes
bem como das descontinuidades observadas
foram medidas com a bússola tipo Brunton com
inclinometro, a técnica utilizada para obtenção
destes dados denomina-se scanline que consite
em colocar uma linha horizontal demarcada na
frente do talude e efetuar a medição das
destâncias entre cada fratura no local onde a
linha as intercepta (Figura 4).
Figura 4. Frente do Talude-A (A), frente do talude com
representação das fraturas e posição da scanline (B).
A altura aproximada dos taludes foi obtida
com o auxílio de uma trena e através de
relações geométricas, entre a extensão medida
da face, bancada do talude e sua inclinação.
Para determinar a rugosidade, estado de
meteorização e o enchimento, foi feita uma
comparação entre o visualizado em campo e as
informações propostas pela ISRM (1981) e por
Bieniaswski (1989). Para determinar a
resistência a ruptura foi feito a coleta de blocos
de rochas para ensaios em laboratório.
4.2 Ensaios laboratoriais
Os ensaios laboratoriais são essenciais para que
seja possível conhecer os parâmetros
caracteristicos do maciço rochoso. Neste
trabalho, os ensaios geomecânicos foram
realizados segundo as normas da ABNT
(Associação Brasileira de Normas Técnicas) e
ASTM (American Society for Testing and
Materials) no Laboratório de Mecânica de
Rochas (LPM) da Universidade Federal do Rio
Grande do Sul (UFRGS). Vale ressaltar que o
volume de rocha ensaida foi reduzido quando
comparado ao todo, sendo um total de 36
amostras de mão e dois blocos de rocha que
resultaram em 17 corpos de prova. Assim os
ensaios realizados envolveram teste de
Proriedades Fisicas; Carga Pontual;
Compressão Uniaxial e Triaxial. O ensaio de
compressão triaxial pode ser visto em detalhe
(Figura 5), a deformação axial e radial foram
medidas atraves de registradores eletrôniocos e
transdutores lineares.
Figura 5. Prensa com cápsula triaxial (A); amostra antes
de ser ensaida (B); e após sofrer ruptura (C).
4.3 Programas computacionais
SBMR 2014
4.3.1 Dips 5.1
As estruturas observadas em campo tiveram
suas atitudes medidas. Com o auxilio do
programa Dips 5.1 foi, foi feita a analise dos
dados estruturais atraves de tecnicas de
projeções estereográficas.
4.3.2 Rocdata 3.013
Através dos dados coletados na etapa de campo
foi possivel quantificar o indice GSI, este indice
e os valores obtidos nos ensaios uniaxiais e
triaxias, foram analisados por meio do Rocdata
3.013. Foram geradas as envoltórias de Mohr,
assim a coesão e o angulo de atrito foram
determinados e no ponto onde estas estruturas
se interceptam é a tensão limite que o maciço
pode suportar.
5 RESULTADOS
Através dos resultados obtidos durante a etapa
de campo e dos ensaios realizados em
laboratórios, constatou-se que os maciços
rochosos são: (a) constituídos
predominantemente por monzogranitos
isotrópicos, leucorcráticos de coloração rosada,
inalterados, com textura equigranular fanerítica
hipiomórfica fina a média, composta por
feldspato potássico, quartzo, anfibólio e biotita;
(b) orientados em N-S, N70E e N60W (Figura
6), caracterizando três famílias de
descontinuidades de altos ângulos; (c) de
espaçamento médio entre fraturas variando
entre 1,4 m a 6 m, classificados como afastados
e muito afastados; (d) com valores de
persistência entre 4,8 m a 10,7 m de extensão,
classificadas como média a elevada; (e) de
superfícies rugosas espelhada ondulada e rugosa
planar; e (f) pouco alterados com baixa
percolação de água.
Durante a aquisição de amostras notou-se
que a rocha quebrava com dificuldade e que o
material não era riscável com aço, demostrando
assim um alto grau de dureza e competência.
Nos ensaios de compressão uniaxial e
triaxial. Os valores de coesão e de ângulo de
atrito foram para bancada inferior de 10,305
MPa e 22,62°, respectivamente, enquanto que
para bancada superior de 12,906 MPa e 27,10°
(Figura 7). A coesão encontrada é alta e o
ângulo de atrito é relativamente alto, o que
condiz com o esperado para granitóides. Assim
como, os valores de tensão de ruptura a
compressão uniaxial que variaram entre 81,63
Mpa a 127,83 MPa para ambas as bancadas, o
que representa uma rocha muito resistente.
Figura 6. Estereograma com principais familias de
descontinuidades (modificado de Dips 5.1)
Figura 7. Em vermelho destaca-se a coesão e o ângulo de
atrito, (A) 10,305 MPa e 22,62°; (B) 12,905 MPa e
27,21°.( Rocdata 3.013).
6 DISCUSSÕES
A interação entre os fatores de persistência e o
espaçamento médio das fraturas por vezes pode
ser determinado pela rugosidade das
descontinuidades encontradas. Como já
mencionado os taludes estudados apresentam
um afastamento grande entre suas
SBMR 2014
descontinuidades, o que é positivo para sua
estabilidade, pois implica que os blocos gerados
pela intersecção de uma ou mais fraturas serão
robustos e com uma grande massa. Entretanto,
os taludes apresentaram persistências médias a
elevadas o que é desfavorável.
A rugosidade, então, deve ser avaliada
qualitativamente para verificar se irá contribuir
ou dificultar o movimento dos possíveis blocos
soltos. As superfícies observadas apresetaram
rugosidades espelhadas onduladas (Figura 8) e
rugosas planares, este tipo de rugosidade com
faces levemente irregulares facilitam que ocorra
o movimento de blocos.
Figura 8. Representação da rugosidade espelhada,
ondulada.
Nos taludes observou-se que sua resistencia
foi deteoriada por esta ter sido uma área ativa de
mineração durante muitos anos e os maciços
apresentarem um grau alto de competência, o
uso de explosivos foi necessário para o
desmonte do material, porém a detonação pode
trazer consequências indesejáveis como uma
alta fraturação nas faces dos maciços
remanescentes. O uso de maquinários pesados
sobre esses taludes para movimentar a rocha
desmontada exerce ainda mais esforços sobre a
rocha agora afetada pela detonação.
É possivel perceber o efeito que o mal
dimensionamento da detonação causa sobre o
talude sendo a frente remanescente do mesmo a
área mais afetada. O intenso fraturamento desta
região faz com que a mesma fique mais
suscetível a ação do intemperismo por meio da
percolação de água meteórica nas fraturas,
gerando assim um risco de queda de blocos que
antes se encontravam estáveis (Figura 9). índices de RMR e GSI menores que os da
bancada superior. A qualidade da bancada
inferior foi então classificada como regular e da
bancada superior em boa. Esta diferença de
qualidade ocorre devido as orientações de
descontinuidade serem mais favoráveis a
instabilidade na bancada inferior do que da
bancada superior. Uma vez que, a bancada
inferior apresentou uma distancia entre as
famílias de descontinuidades menores, o que
aumenta a chance de movimento de blocos
soltos entre a intersecção dos planos de
descontinuidades. Além disso, ressaltas-se que
ambas as bancadas estão expostas a continua
ação do intemperismo e que foram afetadas
pelas atividades de desmonte de rocha e
Figura 9. Talude (A), encontrado antes do dismonte (B) e
como o mesmo pode vir a ficar quando afetado pelo o
movimentação de equipamentos de lavra
desmonte (C). durante a fase de mineração, que aumentam
ainda mais a probabilidade de ocorrência de
O maciço não se encontra intacto sendo colapso de blocos nos taludes, o que acaba
possivel perceber de forma quantitativa pelo tornando os mesmos instaveis. Os taludes não
indice GSI que variaram entre 57 para a apresentam condições de suportar altas cargas
bancada superior e 72 para a inferior, para de compressão, e a coesão do material rochoso
demonstrar o quanto este maciço ja foi afetado encontra-se prejudica, o que faz com que os
uma retroanalise do mesmo considerando o taludes suportem esforçõs de grandeza menor
maciço como ideal GSI 100, foi realizada quando estavm intactos, gerando um risco
(Tabela 1). iminete. Sendo assim os taludes são
classificados como instaveis e medidas de
Tabela 1. Retroanalise comparativo entre principais retaludeamento devem ser adotadas para que os
parametros, bancadas vs bancadas intactas. mesmos voltem a apresentar condições
Bancada GSI Resist. Coesão Ângulo satisfatórias de segurança.
Uni. (Mpa) de
(Mpa) atrito ° AGRADECIMENTOS
SC 57 3.326 10,30 22
SC intac 100 122,76 33 47 Agradeço a toda equipe do LPM (Labóratório
SC’ 72 7,389 13 27 de Pesquisa Mineral e Planejamento Mineiro)
SC’intac 100 76 27 43 da UFRGS, em especial ao professor Dr. André
Zingamo por todo suporte e auxílio, e a meu
Os parametros analisados como a resistencia orientador MSc. Antônio Alves da Silva Júnior
uniaxial, a coesão e ângulo de atrito, do maciço por todo apoio e ajuda prestados.
ideal comparado com o atual mostram que o
maciço intacto suporta esforços REFERÊNCIAS
consideravelmente maiores agindo sobre ele os
angulos de atritos e coesão tambem são ASSIS, A.P. (2003). Mecânica e engenharia de rochas.
superiores. curso avançado. Publicação: G.APAA002/ 03.
Universidade de Brasília – Departamento de
Engenharia Civil e Ambiental / FT – Geotecnia

7 CONCLUSÕES BIENIAWSKI, Z. T. (1973). Engineering classification

of jointed rock masses. Trans. s. Afr. Inst. Civ. Eng.
Os taludes da bancada inferior obtiveram 15, 335-355.

SBMR 2014

BIENIAWSKI, Z. T. (1989). Engineering rock mass
classifications. A Complete Manual for Engineers and
Geologists in Mining, Civil and Petroleum
Engineering.John Wiley& Sons, 251p.
CHEMALE JR. F. (2000). Evolução Geológica do
Escudo Sul-rio-grandense. In: M. Holz& L.F. De Ros
(eds.) Geologia do Rio Grande do Sul. CIGO-
UFRGS, Porto Alegre, pp.:13-52.
PRIEST, S. D. (1993).Discontinuity analysis for rock
engineering.Chapman & Hall, London 470p.
SILVA, R. F. (2013). Caracterização Petrológica e
Geoquímica do Granito Capão do Leão, Domínio
Leste do Escudo Sul-Rio-Grandense, RS. Monografia
(Graduação) – Centro de Desenvolvimento
Tecnológico, Curso de Egenharia Geológica,
Universidade Federal de Pelotas, 58p

HOEK E. (1994). Strength of rock and rock masses.

ISRM News Journal, 2(2), 4-16.

HOEK E. & BROWN, E.T. (1980B).Empirical strength

criterion for rock masses. J. Geotech. Engng Div.,
ASCE 106(GT9), pp. 1013-1035.ISRM. (2007). The
complete ISRM suggested methods for rock
characterization, testing and monitoring: 1974-2006.
R. Ulusay& J.A. Hudson (Eds).628 p.

HOEK, E. & BROWN E.T. (1988). The Hoek& Brown

failure criterion - a 1988 update. Proc. 15th Canadian
Rock Mech. Symp. Toronto: Civil Engineering Dept.,
University of Toronto, .J.H. Curran (Ed.), pp. 31-38.

ISRM (1981).Basic geotechnical description of rock

masses. Int. Society of Rock Mechanics, Commission
on the classification of rocks and rock masses. Int. J.
Rock Mechanics Min. Sci. Geomech.abstr., 18, 85-
110.

PHILIPP R.P., MESQUITA M..J., GOMES M.E.B.,

ALMEIDA D.P.M. (1993). Reconhecimento
estrutural e geoquímico dos Granitóides Brasilianos
da região de Pelotas, RS. Pesquisas, 20:3-13.

PHILIPP, R. (1990). Geologia e Petroquímica dos

granitoides da região de Monte Bonito, Pelotas, RS.
Dissertação de Mestrado, Curso de Pós Graduação
emGeociências. Instituto de Geociências UFRGS,
Porto Alegre , 231p.

PHILIPP, R.P., MACHADO, R., NARDI, L.V.S.,

LAFON, J.M., (2002). O magmatismo
Neoproterozóico do Batólito Pelotas no sul do Brasil:
novos dados e revisão da geocronologia regional.
Revista Brasileira de Geociências 31 (3), 257–266.
62.

PHILIPP, RP (1998). A Evolução Geológica e Tectônica

do Batólito Pelotas no Rio Grande do Sul. Instituto de
Geociências, Universidade de São Paulo, São Paulo,
Tese de Doutorado, 255p.

PRIEST, S. D. & HUDSON, J.A, (1976).Discontinuity

spacing’s in rock. Int. Jour. Rock. Mech. Min. Sci.
&Geomech. 13, 135-148.

SBMR 2014