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Exercícios Interpretação de Textos (Cláudio Ferraretti, inédito)

Dissertativos – Lista 1 – Com Gabarito De acordo com o texto, a identificação do leitor com o que
lê ocorre sobretudo quando
1) (FGV-2005) a) ele sabe reconhecer na obra o valor consagrado pela
A última das três abordagens, entre as teorias idealistas, é a tradição da crítica literária.
que considera cultura como sistemas. simbólicos. Esta b) ele já conhece, com alguma intimidade, as experiências
posição foi desenvolvida nos Estados Unidos representadas numa obra.
principalmente por dois antropólogos: o já conhecido c) a obra expressa, em fórmulas sintéticas, a sabedoria dos
Clifford Geertz e David Schneider. O primeiro deles busca antigos humanistas.
uma definição de homem baseada na definição de cultura. d) a obra o introduz num campo de questões cuja vitalidade
Para isto, refuta a idéia de uma forma ideal de homem, ele pode reconhecer.
decorrente do iluminismo e da antropologia clássica, perto e) a obra expressa convicções tão verdadeiras que se furtam
da qual as demais eram distorções ou aproximações, e tenta à discussão.
resolver o paradoxo (...) de uma imensa variedade cultural
que contrasta com a unidade da espécie humana. Para isto, 3) (Fuvest-2002) - Mandaram ler este livro...
a cultura deve ser considerada “não um complexo de Se o tal do livro for fraquinho, o desprazer pode significar
comportamentos concretos mas um conjunto de um precipitado mas decisivo adeus à literatura; se for
mecanismos de controle, planos, receitas, regras, instruções estimulante, outros virão sem o peso da obrigação.
(que os técnicos de computadores chamam programa) para As experiências com que o leitor se identifica não são
governar o comportamento”. Assim, para Geertz, todos os necessariamente as mais familiares, mas as que mostram o
homens são geneticamente aptos para receber um quanto é vivo um repertório de novas questões. Uma leitura
programa, e este programa é o que chamamos cultura. E proveitosa leva à convicção de que as palavras podem
esta formulação - que consideramos uma nova maneira de constituir um movimento profundamente revelador do
encarar a unidade da espécie - permitiu a Geertz afirmar próximo, do mundo, de nós mesmos. Tal convicção faz
que “um dos mais significativos fatos sobre nós pode se caminhar para uma outra, mais ampla, que um antigo
finalmente a constatação de que todos nascemos com um pensador romano assim formulou: Nada do que é humano
equipamento para viver mil vidas, mas terminamos no fim me é alheio.
tendo vivido uma só!” (Cláudio Ferraretti, inédito)
Roque de Barros Laraia. Cultura, um conceito
antropológico. 16. ed. Rio de Janeiro: Jorge Zahar Ed., O sentido da frase Nada do que é humano me é alheio é
2003, p. 62. equivalente ao desta outra construção:
a) O que não diz respeito ao Homem não deixa de me
O texto introduz parágrafos duas vezes com a expressão interessar.
“Para isto” . Assinale a alternativa correta em relação a essa b) Tudo o que se refere ao Homem diz respeito a mim.
expressão no texto. c) Como sou humano, não me alheio a nada.
a) Na primeira ocorrência, isto significa definição de d) Para ser humano, mantenho interesse por tudo.
cultura. e) A nada me sinto alheio que não seja humano.
b) Na primeira ocorrência, isto significa cultura.
c) Na segunda ocorrência, isto significa resolver o 4) (Fuvest-2002) - Mandaram ler este livro...
paradoxo. Se o tal do livro for fraquinho, o desprazer pode significar
d) Na segunda ocorrência, isto significa refutar uma forma um precipitado mas decisivo adeus à literatura; se for
ideal de homem. estimulante, outros virão sem o peso da obrigação.
e) Na segunda ocorrência, isto significa a cultura deve ser As experiências com que o leitor se identifica não são
considerada um programa. necessariamente as mais familiares, mas as que mostram o
quanto é vivo um repertório de novas questões. Uma leitura
proveitosa leva à convicção de que as palavras podem
2) (Fuvest-2002) - Mandaram ler este livro... constituir um movimento profundamente revelador do
Se o tal do livro for fraquinho, o desprazer pode significar próximo, do mundo, de nós mesmos. Tal convicção faz
um precipitado mas decisivo adeus à literatura; se for caminhar para uma outra, mais ampla, que um antigo
estimulante, outros virão sem o peso da obrigação. pensador romano assim formulou: Nada do que é humano
As experiências com que o leitor se identifica não são me é alheio.
necessariamente as mais familiares, mas as que mostram o (Cláudio Ferraretti, inédito)
quanto é vivo um repertório de novas questões. Uma leitura
proveitosa leva à convicção de que as palavras podem De acordo com o texto, a convicção despertada por uma
constituir um movimento profundamente revelador do leitura proveitosa é, precisamente, a de que
próximo, do mundo, de nós mesmos. Tal convicção faz a) sempre existe a possibilidade de as palavras serem
caminhar para uma outra, mais ampla, que um antigo profundamente reveladoras.
pensador romano assim formulou: Nada do que é humano b) as palavras constituem sempre um movimento de
me é alheio. profunda revelação.

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c) é muito fácil encontrar palavras que sejam Já não basta os prefeitos, como imperadores
profundamente reveladoras. romanos, tentarem mudar o nome de avenidas cruciais
d) as palavras sempre caminham na direção do outro, do como a Vieira Souto, no Rio de Janeiro, ou se lançarem à
mundo, de cada um de nós. aventura maluca de destruir largos pedaços da cidade para
e) nenhuma palavra será viva se não provocar o imediato rasgar avenidas, como em São Paulo? Já não basta
prazer do leitor. mudarem toda hora as teorias sobre o que engorda e o que
emagrece? Não basta mudarem a capital federal, o número
5) (UFSCar-2004) As pessoas que admitem, por de estados, o número de municípios e até o nome do país,
razões que consideram moralmente justificáveis, a que já foi Estados Unidos do Brasil e depois virou
eutanásia, o fato de acelerar ou mesmo de provocar a morte República Federativa do Brasil?
de um ente querido, para lhe abreviar os sofrimentos Não, não basta. Lá vêm eles de novo, querendo
causados por uma doença incurável ou para terminar a mudar as regras de escrever o idioma.
existência miserável de uma criança monstruosa, ficam "Minha pátria é a língua portuguesa", escreveu
escandalizadas com o fato de que, do ponto de vista Fernando Pessoa pela pena de um de seus heterônimos,
jurídico, a eutanásia seja assimilada, pura e simplesmente, a Bernardo Soares, autor do Livro do Desassossego.
um homicídio. Supondo-se que, do ponto de vista moral, se Desassossegados estamos. Querem mexer na pátria.
admita a eutanásia, não se atribuindo um valor absoluto à Quando mexem no modo de escrever o idioma, põem a mão
vida humana, sejam quais forem as condições miseráveis num espaço íntimo e sagrado como a terra de onde se vem,
em que ela se prolonga, devem-se pôr os textos legais em o clima a que se acostumou, o pão que se come.
paralelismo com o juízo moral? Seria uma solução Aprovou-se recentemente no Senado mais uma
perigosíssima, pois, em direito, como a dúvida reforma ortográfica da Língua Portuguesa. É a terceira nos
normalmente intervém em favor do acusado, corre-se o últimos 52 anos, depois das de 1943 e 1971 - muita
risco de graves abusos, promulgando uma legislação reforma, para pouco tempo. Uma pessoa hoje com 60 anos
indulgente nessa questão de vida ou de morte. Mas aprendeu a escrever "idéa", depois, em 1943, mudou para
constatou- se que, quando o caso julgado reclama mais a "idéia", ficou feliz em 1971 porque "idéia" passou
piedade do que o castigo, o júri não hesita em recorrer a incólume, mas agora vai escrever "ideia", sem acento.
uma ficção, qualificando os fatos de uma forma contrária à Reformas ortográficas são quase sempre um
realidade, declarando que o réu não cometeu homicídio, e exercício vão, por dois motivos. Primeiro, porque tentam
isto para evitar a aplicação da lei. Parece-me que esse banhar de lógica o que, por natureza, possui extensas zonas
recurso à ficção, que possibilita em casos excepcionais infensas à lógica, como é o caso de um idioma. Escreve-se
evitar a aplicação da lei - procedimento inconcebível em "Egito", e não "Egipto", mas "egípcio", e não "egício", e
moral -, vale mais do que o fato de prever expressamente, daí? Escreve-se "muito", mas em geral se fala "muinto".
na lei, que a eutanásia constitui um caso de escusa ou de Segundo, porque, quando as reformas se regem pela
justificação. obsessão de fazer coincidir a fala com a escrita, como é o
caso das reformas da Língua Portuguesa, estão correndo
(Perelman, Ética e Direito.) atrás do inalcançável. A pronúncia muda no tempo e no
espaço. A flor que já foi "azálea" está virando "azaléa" e
A partir do texto, pode-se concluir que: não se pode dizer que esteja errado o que todo o povo vem
a) admitir a eutanásia é atribuir um valor absoluto à vida consagrando. "Poder" se pronuncia "poder" no Sul do
humana. Brasil e "puder" no Brasil do Nordeste. Querer que a grafia
b) as pessoas ficam escandalizadas com a eutanásia. coincida sempre com a pronúncia é como correr atrás do
c) o comportamento do júri prevê, sempre, o cumprimento arco-íris, e a comparação não é fortuita, pois uma língua é
da lei. uma coisa bela, mutável e misteriosa como um arco-íris.
d) no caso de uma criança monstruosa, a lei pode prever a Acresce que a atual reforma, além de vã, é frívola.
eutanásia. Sua justificativa é unificar as grafias do Português do Brasil
e) a moral exige, sempre, a aplicação da lei. e de Portugal. Ora, no meio do caminho percebeu-se que
seria uma violência fazer um português escrever "fato"
quando fala "facto", brasileiro escrever "facto" ou "receção"
6) (UFMG-1998) Já não basta ficarem mexendo toda hora (que ele só conhece, e bem, com dois ss, no sentido inferno
no valor e no nome do dinheiro? Nos juros, no crédito, nas astral da economia). Deixou-se, então, que cada um
alíquotas de importação, no câmbio, na Ufir e nas regras do continuasse a escrever como está acostumado, no que se fez
imposto de renda? bem, mas, se a reforma era para unificar e não unifica, para
Já não basta mudarem as formas da Lua, as marés, que então fazê-la? Unifica um pouco, responderão os
a direção dos ventos e o mapa da Europa? E as regras das defensores da reforma. Mas, se é só um pouco, o que
campanhas eleitorais, o ministério, o comprimento das adianta? Aliás, para que unificar? O último argumento dos
saias, a largura das gravatas? Não basta os deputados propugnadores da reforma é que, afinal, ela é pequena -
mudarem de partido, homens virarem mulher, mulheres mexe com a grafia de 600, entre as cerca de 110.000
virarem homem e os economistas virarem lobisomen, palavras da Língua Portuguesa, ou apenas 0,54% do total.
quando saem do Banco Central e ingressam na banca Se é tão pequena, volta a pergunta: para que fazê-la?
privada?

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Fala-se que a reforma simplifica o idioma e, assim, "Egito", e não "Egipto", mas "egípcio", e não "egício", e
torna mais fácil seu ensino. Engano. A representação escrita daí? Escreve-se "muito", mas em geral se fala "muinto".
da língua é um bem que percorre as gerações, passando de Segundo, porque, quando as reformas se regem pela
uma à outra, e será tão mais bem transmitida quanto mais obsessão de fazer coincidir a fala com a escrita, como é o
estável for, ou, pelo menos, quanto menos interferências caso das reformas da Língua Portuguesa, estão correndo
arbitrárias sofrer. Não se mexa assim na língua. O preço atrás do inalcançável. A pronúncia muda no tempo e no
disso é banalizá-la como já fizeram com a moeda, no espaço. A flor que já foi "azálea" está virando "azaléa" e
Brasil. não se pode dizer que esteja errado o que todo o povo vem
Roberto Pompeu de Toledo - Veja, 24.05.95. consagrando. "Poder" se pronuncia "poder" no Sul do
Texto adaptado pela equipe de Língua Portuguesa da Brasil e "puder" no Brasil do Nordeste. Querer que a grafia
COPEVE/UFMG coincida sempre com a pronúncia é como correr atrás do
arco-íris, e a comparação não é fortuita, pois uma língua é
O título que melhor sintetiza o texto é: uma coisa bela, mutável e misteriosa como um arco-íris.
a) Reforma ortográfica: alterações no tempo e no espaço. Acresce que a atual reforma, além de vã, é frívola.
b) Reforma ortográfica: ação inútil e frívola. Sua justificativa é unificar as grafias do Português do Brasil
c) Reforma ortográfica: obsessão dos gramáticos. e de Portugal. Ora, no meio do caminho percebeu-se que
d) Reforma ortográfica: necessidade recorrente. seria uma violência fazer um português escrever "fato"
quando fala "facto", brasileiro escrever "facto" ou "receção"
7) (UFMG-1998) Já não basta ficarem mexendo toda hora (que ele só conhece, e bem, com dois ss, no sentido inferno
no valor e no nome do dinheiro? Nos juros, no crédito, nas astral da economia). Deixou-se, então, que cada um
alíquotas de importação, no câmbio, na Ufir e nas regras do continuasse a escrever como está acostumado, no que se fez
imposto de renda? bem, mas, se a reforma era para unificar e não unifica, para
Já não basta mudarem as formas da Lua, as marés, que então fazê-la? Unifica um pouco, responderão os
a direção dos ventos e o mapa da Europa? E as regras das defensores da reforma. Mas, se é só um pouco, o que
campanhas eleitorais, o ministério, o comprimento das adianta? Aliás, para que unificar? O último argumento dos
saias, a largura das gravatas? Não basta os deputados propugnadores da reforma é que, afinal, ela é pequena -
mudarem de partido, homens virarem mulher, mulheres mexe com a grafia de 600, entre as cerca de 110.000
virarem homem e os economistas virarem lobisomen, palavras da Língua Portuguesa, ou apenas 0,54% do total.
quando saem do Banco Central e ingressam na banca Se é tão pequena, volta a pergunta: para que fazê-la?
privada? Fala-se que a reforma simplifica o idioma e, assim,
Já não basta os prefeitos, como imperadores torna mais fácil seu ensino. Engano. A representação escrita
romanos, tentarem mudar o nome de avenidas cruciais da língua é um bem que percorre as gerações, passando de
como a Vieira Souto, no Rio de Janeiro, ou se lançarem à uma à outra, e será tão mais bem transmitida quanto mais
aventura maluca de destruir largos pedaços da cidade para estável for, ou, pelo menos, quanto menos interferências
rasgar avenidas, como em São Paulo? Já não basta arbitrárias sofrer. Não se mexa assim na língua. O preço
mudarem toda hora as teorias sobre o que engorda e o que disso é banalizá-la como já fizeram com a moeda, no
emagrece? Não basta mudarem a capital federal, o número Brasil.
de estados, o número de municípios e até o nome do país,
que já foi Estados Unidos do Brasil e depois virou Roberto Pompeu de Toledo - Veja, 24.05.95.
República Federativa do Brasil? Texto adaptado pela equipe de Língua Portuguesa da
Não, não basta. Lá vêm eles de novo, querendo COPEVE/UFMG
mudar as regras de escrever o idioma.
"Minha pátria é a língua portuguesa", escreveu O objetivo da reforma ortográfica aprovada pelo Senado
Fernando Pessoa pela pena de um de seus heterônimos, Federal é:
Bernardo Soares, autor do Livro do Desassossego. a) Dinamizar o ensino do Português.
Desassossegados estamos. Querem mexer na pátria. b) Aproximar as grafias do Português do Brasil e de
Quando mexem no modo de escrever o idioma, põem a mão Portugal.
num espaço íntimo e sagrado como a terra de onde se vem, c) Simplificar a Língua Portuguesa.
o clima a que se acostumou, o pão que se come. d) Fazer coincidir a fala com a escrita.
Aprovou-se recentemente no Senado mais uma
reforma ortográfica da Língua Portuguesa. É a terceira nos 8) (UFSCar-2004) O pregar há-de ser como quem
últimos 52 anos, depois das de 1943 e 1971 - muita semeia, e não como quem ladrilha ou azuleja. Ordenado,
reforma, para pouco tempo. Uma pessoa hoje com 60 anos mas como as estrelas. (...) Todas as estrelas estão por sua
aprendeu a escrever "idéa", depois, em 1943, mudou para ordem; mas é ordem que faz influência, não é ordem que
"idéia", ficou feliz em 1971 porque "idéia" passou faça lavor. Não fez Deus o céu em xadrez de estrelas, como
incólume, mas agora vai escrever "ideia", sem acento. os pregadores fazem o sermão em xadrez de palavras. Se de
Reformas ortográficas são quase sempre um uma parte há-de estar branco, da outra há-de estar negro; se
exercício vão, por dois motivos. Primeiro, porque tentam de uma parte está dia, da outra há-de estar noite; se de uma
banhar de lógica o que, por natureza, possui extensas zonas parte dizem luz, da outra hão-de dizer sombra; se de uma
infensas à lógica, como é o caso de um idioma. Escreve-se parte dizem desceu, da outra hão-de dizer subiu. Basta que

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não havemos de ver num sermão duas palavras em paz? 10) (UFSCar-2004) Precisamos de um novo
Todas hão-de estar sempre em fronteira com o seu “software” para acessar o mundo. As soluções que serviam
contrário? Aprendamos do céu o estilo da disposição, e há 30 anos já não valem mais. Os jovens atuais não copiam
também o das palavras. nada, pelo contrário: são filhos da era pós-industrial e estão
criando uma nova cultura. Os toques foram dados pelo
(Vieira, Sermão da Sexagésima.) psicanalista lacaniano Jorge Forbes, durante a palestra
Édipo, adeus: o enfraquecimento do pai.
No texto, Vieira critica um certo estilo de fazer sermão, que Há uma nova ordem social no mundo. Muitos pais,
era comum na arte de pregar dos padres dominicanos da educadores, psicanalistas, pensadores, todos ainda
época. O uso da palavra xadrez tem o objetivo de apresentam velhas soluções para novos problemas, mas é o
a) defender a ordenação das idéias em um sermão. momento de observar as mudanças, de agir de acordo com
b) fazer alusão metafórica a um certo tipo de tecido. elas. Forbes lembrou que, antigamente, o jovem reclamava
c) comparar o sermão de certos pregadores a uma por não ter liberdade de escolha. Hoje, ele tem essa
verdadeira prisão. liberdade e se sente completamente perdido. Isso leva, entre
d) mostrar que o xadrez se assemelha ao semear. outras coisas, às drogas e à depressão.
e) criticar a preocupação com a simetria do sermão. O jovem moderno é diferente daquele da geração
de 68, que levantava bandeiras e pregava planos de reforma
da educação e da sociedade. A globalização provocou
9) (UFSCar-2004) Precisamos de um novo mudanças. Antes, as pessoas queriam pertencer a grandes
“software” para acessar o mundo. As soluções que serviam corporações ou ter profissões reconhecidas. Não é mais
há 30 anos já não valem mais. Os jovens atuais não copiam uma honra ficar no mesmo emprego por mais de cinco anos
nada, pelo contrário: são filhos da era pós-industrial e estão e acabou essa história de “sujar a carteira”, termo usado
criando uma nova cultura. Os toques foram dados pelo para quem ficava pouco tempo num só trabalho. A
psicanalista lacaniano Jorge Forbes, durante a palestra globalização pulverizou os ideais e exige de cada pessoa
Édipo, adeus: o enfraquecimento do pai. uma escolha meio angustiante: será que realmente
Há uma nova ordem social no mundo. Muitos pais, queremos o que desejamos? No lugar do papel contestador
educadores, psicanalistas, pensadores, todos ainda da geração 68, temos hoje uma geração jovem que exibe
apresentam velhas soluções para novos problemas, mas é o fracasso escolar, menosprezo e desinteresse pelo saber
momento de observar as mudanças, de agir de acordo com orientado. O jovem não vê razão em se formar; em ser
elas. Forbes lembrou que, antigamente, o jovem reclamava doutor, bússola da geração dos seus pais. Vivemos uma
por não ter liberdade de escolha. Hoje, ele tem essa vida que foi despadronizada. “Somos passageiros de um
liberdade e se sente completamente perdido. Isso leva, entre novo mundo”, acrescentou o psicanalista.
outras coisas, às drogas e à depressão.
O jovem moderno é diferente daquele da geração (Adaptado de Janete Trevisan, Jornal do Cambuí.)
de 68, que levantava bandeiras e pregava planos de reforma
da educação e da sociedade. A globalização provocou A autora utiliza alguns elementos da tecnologia para
mudanças. Antes, as pessoas queriam pertencer a grandes traduzir seu pensamento no texto.
corporações ou ter profissões reconhecidas. Não é mais a) Transcreva um trecho em que isso acontece.
uma honra ficar no mesmo emprego por mais de cinco anos b) Qual o sentido, no último parágrafo do texto, da frase
e acabou essa história de “sujar a carteira”, termo usado Vivemos uma vida que foi despadronizada?
para quem ficava pouco tempo num só trabalho. A
globalização pulverizou os ideais e exige de cada pessoa
uma escolha meio angustiante: será que realmente 11) (UFSCar-2004) Se você quer construir um navio,
queremos o que desejamos? No lugar do papel contestador não peça às pessoas que consigam madeira, não dê a elas
da geração 68, temos hoje uma geração jovem que exibe tarefas e trabalhos. Fale, antes, a elas, longamente, sobre a
fracasso escolar, menosprezo e desinteresse pelo saber grandeza e a imensidão do mar.
orientado. O jovem não vê razão em se formar; em ser
doutor, bússola da geração dos seus pais. Vivemos uma (Saint-Exupéry)
vida que foi despadronizada. “Somos passageiros de um No texto apresentado, Saint-Exupéry defende
novo mundo”, acrescentou o psicanalista. a) o esclarecimento das tarefas a serem realizadas.
b) a posição de que aquele que manda não precisa saber
(Adaptado de Janete Trevisan, Jornal do Cambuí.) fazer.
a) Explique a relação entre a expressão o enfraquecimento c) a delegação de tarefas, sem demasiadas explicações.
do pai, utilizada pelo psicanalista no título de sua palestra, e d) a motivação das pessoas para fazer seu trabalho.
o conteúdo apresentado pela autora do texto. e) o planejamento estratégico na elaboração de um trabalho.
b) O que quer dizer a expressão saber orientado, presente
no último parágrafo do texto?
12) (FEI-1997) "Não é o homem um mundo pequeno que
está dentro do mundo grande, mas é um mundo grande que
está dentro do pequeno. Baste por prova o coração humano,

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que sendo uma pequena parte do homem, excede na
capacidade a toda a grandeza do mundo. (...) O mar, com 14) (ENEM-2002) “A palavra tatuagem é relativamente
ser um monstro indômito, chegando às areias, pára; as recente. Toda a gente sabe que foi o navegador Cook que a
árvores, onde as põem, não se mudam; os peixes introduziu no Ocidente, e esse escrevia tattou, termo da
contentam-se com o mar, as aves com o ar, os outros Polinésia de tatou ou tu tahou, ‘desenho´.
animais com a terra. Pelo contrário, o homem, monstro ou (...) Desde os mais remotos tempos, vemo-la a transformar-
quimera de todos os elementos, em nenhum lugar pára, com se: distintivo honorífico entre uns homens, ferrete de
nenhuma fortuna se contenta, nenhuma ambição ou apetite ignomínia entre outros, meio de assustar o adversário para
o falta: tudo confunde e como é maior que o mundo, não os bretões, marca de uma classe de selvagens das ilhas
cabe nele". marquesas (...) sinal de amor, de desprezo, de ódio (...). Há
três casos de tatuagem no Rio, completamente diversos na
Assinale a alternativa que proponha uma interpretação sua significação moral: os negros,os turcos com o fundo
adequada ao texto: religioso e o bando de meretrizes, dos rufiões e dos
a) O autor critica os colonizadores portugueses que, graças humildes, que se marcam por crime ou por ociosidade.”
a sua ganância e ambição, escravizava negros e índios. RIO, João do. Os Tatuadores. Revista Kosmos. 1904, apud:
b) O homem é, como os outros elementos da natureza, um A alma encantadora das ruas, SP: Cia das Letras, 1999.
eterno aprendiz.
c) O homem é o centro do mundo e, por isso, deve Com base no texto são feitas as seguintes afirmações:
comandá-lo.
d) O homem nunca consegue sentir-se plenamente I. João do Rio revela como a tatuagem já estava
realizado, ainda que tenha boas condições de vida. presente na cidade do Rio de Janeiro, pelo menos desde o
e) É uma crítica à destruição ambiental. início do século XX, e era mais utilizada por alguns setores
da população.
13) (PUC - PR-2007) II. A tatuagem, de origem polinésia, difundiu-se no
ocidente com a característica que permanece até hoje:
utilização entre os jovens com função estritamente estética.
III. O texto mostra como a tatuagem é uma prática que
se transforma no tempo e que alcança inúmeros sentidos
nos diversos setores das sociedades e para as diferentes
culturas.

Está correto o que se afirma apenas em

a) I.
b) II.
c) III.
d) I e II.
e) I e III.

15) (Mack-2004) “De aorcdo com uma pqsieusa de uma


uinrvesiddae ignlsea, não ipomtra em qaul odrem as lrteas
de uma plravaa etãso, a úncia csoia iprotmatne é que a
piremria e a úlmlia lrteas etejasm no lgaur crteo. O rseto
pdoe ser uma ttaol bçguana que vcoê pdoe anida ler sem
(Panorama Editorial (junho/2006).) pobrlmea. Itso é poqrue nós não lmeos cdaa lrtea isladoa,
Indique a alternativa em que a afirmação NÃO corresponde mas a plaravaa cmoo um tdoo.” Não, o trecho acima não foi
aos fatos contidos no texto II. publicado por descuido. Trata-se de uma brincadeira que
a) A DCL é uma editora que produz exclusivamente livros está circulando na internet, mas que é baseada em
infantis para deficientes visuais. princípios científicos: “O cérebro aplica um sistema de
b) Pelo tom do texto, percebe-se que seu autor considera o inferência nos processo de leitura. Esse sistema, chamado
livro Um mundinho para todos uma obra de boa qualidade. ‘sistema de preenchimento’, se baseia em pontos nodais ou
c) O propósito do texto é divulgar o lançamento de um livro relevantes, a partir dos quais o cérebro completa o que falta
infantil. ou coloca as partes corretas nos seus devidos lugares”,
d) O livro é escrito em dois sistemas: Braille e escrita explica o neurologista Benito Damasceno. Esse mecanismo
alfabética. não funciona apenas com a leitura: “Quando vemos apenas
e) Crianças com visão subnormal conseguem ler o livro uma ponta de caneta, por exemplo, somos capazes de inferir
porque nele as letras do texto estão em tamanho maior que que aquilo é uma caneta inteira”, diz Damasceno.
o convencional.
A reprodução de explicações do neurologista tem, no texto,
o intuito de:

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a) assegurar marcas de oralidade, necessárias ao texto explica o neurologista Benito Damasceno. Esse mecanismo
jornalístico atual. não funciona apenas com a leitura: “Quando vemos apenas
b) separar claramente as opiniões conflitantes - do jornalista uma ponta de caneta, por exemplo, somos capazes de inferir
e do especialista consultado - acerca do tema. que aquilo é uma caneta inteira”, diz Damasceno.
c) validar, por meio das palavras de um especialista, as
informações divulgadas no texto. Considere as seguintes afirmações sobre o segundo
d) evidenciar a discordância entre o discurso do leigo, parágrafo.
presente no texto da internet, e o do cientista. I. A conjunção “mas” permite pressupor que conhecimentos
e) explicitar o caráter abstrato e tecnicista das descrições científicos, geralmente, não se manifestam em brincadeiras.
médicas, sempre distantes do uso coloquial da língua. II. A negativa com que é iniciado tem a função de simular
um diálogo com o leitor.
III. Os dois-pontos introduzem trecho que fundamenta a
16) (Mack-2004) “De aorcdo com uma pqsieusa de uma informação enunciada anteriormente.
uinrvesiddae ignlsea, não ipomtra em qaul odrem as lrteas Assinale
de uma plravaa etãso, a úncia csoia iprotmatne é que a a) se todas as afirmativas estiverem corretas.
piremria e a úlmlia lrteas etejasm no lgaur crteo. O rseto b) se todas as afirmativas estiverem incorretas.
pdoe ser uma ttaol bçguana que vcoê pdoe anida ler sem c) se apenas I e II estiverem corretas.
pobrlmea. Itso é poqrue nós não lmeos cdaa lrtea isladoa, d) se apenas I e III estiverem corretas.
mas a plaravaa cmoo um tdoo.” Não, o trecho acima não foi e) se apenas II e III estiverem corretas.
publicado por descuido. Trata-se de uma brincadeira que
está circulando na internet, mas que é baseada em
princípios científicos: “O cérebro aplica um sistema de 18) (UEPB-2006) “Eu ouço de várias empregadas
inferência nos processo de leitura. Esse sistema, chamado domésticas que é comuníssimo aqui no Rio de Janeiro que
‘sistema de preenchimento’, se baseia em pontos nodais ou responsáveis pela merenda escolar retirem substancial
relevantes, a partir dos quais o cérebro completa o que falta quantidade de víveres e alimentos das crianças para levar
ou coloca as partes corretas nos seus devidos lugares”, para casa, distribuir entre parentes e até montar quitandas.”
explica o neurologista Benito Damasceno. Esse mecanismo (João Ubaldo Ribeiro, Veja, n. 20, ano 38, 18/05/05)
não funciona apenas com a leitura: “Quando vemos apenas Assinale, entre as afirmações relativas a esse excerto, a
uma ponta de caneta, por exemplo, somos capazes de inferir única correta:
que aquilo é uma caneta inteira”, diz Damasceno. a) Há uma impropriedade sintática, pois o verbo OUVIR foi
construído com complemento preposicionado.
Assinale a alternativa correta sobre o primeiro parágrafo do b) VÍVERES é uma palavra substantivada, derivada do
texto. infinitivo flexionado.
a) É rigoroso na separação entre a exposição e a forma de c) Depreende-se que as empregadas domésticas dizem que
exemplificação de um conceito. os responsáveis pela merenda escolar são socialistas.
b) Opera com um mecanismo que permite a demonstração d) Pode-se concluir que o comunismo no Rio de Janeiro é
prática da idéia defendida. responsável pela merenda escolar.
c) Divulga, com precisão técnica, uma descoberta científica e) Os QUÊS têm a mesma função, sem referência e sem
recente, ao mesmo tempo em que indica formas de testá-la. significado.
d) Corresponde a um teste científico, que não inclui a
exposição das hipóteses que o fundamentam.
e) Desenvolve um conceito teórico que tem sua aplicação 19) (UEPB-2006) “Nas mulheres heterossexuais, os dedos
exemplificada nos outros parágrafos. indicador e anular têm praticamente o mesmo tamanho. Já
as lésbicas, segundo o psicólogo Marc Breedlove, autor da
pesquisa, têm o dedo indicador mais curto, como os
homens.”
17) (Mack-2004) “De aorcdo com uma pqsieusa de uma (Veja, n. 20, ano 38, 18/05/05)
uinrvesiddae ignlsea, não ipomtra em qaul odrem as lrteas Pode-se inferir, do trecho, que:
de uma plravaa etãso, a úncia csoia iprotmatne é que a a) As lésbicas têm, como os homens, todos os dedos
piremria e a úlmlia lrteas etejasm no lgaur crteo. O rseto desiguais.
pdoe ser uma ttaol bçguana que vcoê pdoe anida ler sem b) Os homens heterossexuais têm o “fura-bolo” maior que o
pobrlmea. Itso é poqrue nós não lmeos cdaa lrtea isladoa, “senhor vizinho”.
mas a plaravaa cmoo um tdoo.” Não, o trecho acima não foi c) As mulheres homossexuais têm o “o senhor vizinho”
publicado por descuido. Trata-se de uma brincadeira que menor que o “fura-bolo”.
está circulando na internet, mas que é baseada em d) Os homens homossexuais devem ter os dedos indicador e
princípios científicos: “O cérebro aplica um sistema de anular praticamente iguais.
inferência nos processo de leitura. Esse sistema, chamado e) Marc Breedlove é preconceituoso, a ponto de ver, nos
‘sistema de preenchimento’, se baseia em pontos nodais ou dedos, diferenças entre gays e machos.
relevantes, a partir dos quais o cérebro completa o que falta
ou coloca as partes corretas nos seus devidos lugares”,

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BATER MAIS UM RECORDE.
20) (UEPB-2006) “Os anos de 70 exigiriam um discurso à O Brasil não registra mais nenhum caso de paralisia
parte sobre a poesia mais nova que vem sendo escrita. De infantil.
um modo geral as chamadas vanguardas mais pragmáticas Graças ao trabalho de mais de 400 mil servidores de saúde
de 1950- 60 vivem a sua estação outonal de recolha das e voluntários e de milhões de famílias, ano passado
antigas riquezas [...] Outras parecem ser as tendências que conseguimos bater mais um recorde histórico: 16,5 milhões
ora prevalecem e sensibilizam os poetas. Limito-me a de crianças foram vacinadas. Este ano, a vacinação do idoso
mencionar três delas: também bateu recorde de cobertura. Mais que motivos de
a) Ressurge o discurso poético e, com ele, o verso, livre ou orgulho, estas marcas colocam o Brasil como campeão da
metrificado; vacinação.
b) Dá-se nova e grande margem à fala autobiográfica, com Agora não vamos dar chance, porque o jogo continua.
toda a sua ênfase na livre, se não anárquica, expressão do Dia 11 de junho, leve seus filhos menores de 5 anos ao
desejo e da memória; posto de vacinação mais próximo. É de graça e não se
c) Repropõe-se com ardor o caráter público e político da esqueça de levar o cartão da criança. Vamos continuar
fala poética [...] Dois poetas que, desaparecidos em plena ganhando esse jogo.”
juventude, se converteram em emblemas dessa geração: (Propaganda, Veja, n. 23, ano 38, 08 de junho/05)
Ana Cristina Cesar e Cacaso, pseudônimo de Antônio I. Implicitamente às frases: “O Brasil não registra
Carlos Brito. Em ambos, o lirismo do cotidiano e a garra mais nenhum caso de paralisia infantil” e “Este ano, a
crítica, a confissão e a metalinguagem se cruzavam em vacinação do idoso também bateu recorde de cobertura.”,
zonas de convívio em que a dissonância vinha a ser um temos as seguintes informações - “O Brasil registrava,
efeito inerente ao gesto da escrita”. antes, casos de paralisia infantil.”, na primeira, e “o número
(Alfredo Bosi) de vacinação de idosos era menor.”, na segunda.
Analise as proposições e marque a alternativa correta: II. A expressão MAIS deixa o mesmo conteúdo
I. A poesia de Ana Cristina Cesar traduz o implícito nas 3 (três) ocorrências abaixo:
pensamento de renovação da escrita literária, em seu tempo, “Vence MAIS uma, Brasil”,
porque se propõe a condensar várias características desta “MAIS que motivos de orgulho, estas marcas colocam o
nova vertente de pensamento, pois a autobiografia, o Brasil como campeão”
cotidiano, o verso prosaico e outros expedientes poéticos “Graças ao trabalho de MAIS de 440 mil servidores de
são incorporados à linguagem de suas obras, saúde e voluntários”.
especificamente de A teus pés. III. Em “o jogo continua” e “Vamos continuar
II. A poesia de Ana Cristina Cesar traduz o ganhando”, inferimos a informação de que o Brasil ganhou
pensamento de renovação da escrita literária, em seu tempo, pelo menos uma vez, devido ao emprego da expressão
porque se propõe a condensar características desta nova GANHANDO.
vertente de pensamento, pois a autobiografia, o cotidiano, o IV. O recurso da intertextualidade, presente no
verso prosaico e outros expedientes poéticos não são emprego de palavras como JOGO, CAMPO, GOLEADA,
incorporados à linguagem de suas obras, especificamente RECORDE,CAMPEÃO, BATER E VENCER, da esfera
de A teus pés. futebolística, empresta ao texto um caráter metafórico.
III. A poesia de Ana Cristina Cesar traduz o Assinale a alternativa (de a a e) que se adequa ao texto:
pensamento de renovação da escrita literária, em seu tempo, a) Apenas a proposição II está correta.
porque se propõe a condensar características desta nova b) As proposições II e IV estão corretas.
vertente de pensamento, pois a autobiografia, o cotidiano, o c) Apenas a proposição III está correta.
verso prosaico e outros expedientes poéticos são d) Apenas a proposição IV está correta.
incorporados à linguagem de suas obras como acidente e) As proposições I e IV estão corretas.
político, ou seja, o momento em que vive exige da poeta
uma certa resistência no âmbito da linguagem; logo, a sua
poesia só é assim caracterizada porque localizada, porque 22) (FGV-2004) 1. Uma afirmação verdadeira feita
restrita a apenas atitudes políticas momentâneas, fora do
especificamente em A teus pés. 2. adequado contexto pode ser tão perniciosa
a) Todas as proposições estão corretas 3. quanto uma alegação falsa. É o que tem
b) Somente a proposição II está correta 4. ocorrido com a nova ofensiva hegemônica que
c) Somente a proposição III está correta 5. tenta atribuir ao baixo nível educacional da
d) Somente a proposição I está correta 6. América Latina a origem de todos os males, da
e) Nenhuma proposição está correta 7. estagnação à péssima distribuição de renda.
8. Nestes últimos dois anos tive algumas
9. oportunidades de discutir esse tema com
21) (UEPB-2006) “VENCE MAIS UMA, BRASIL. 10. representantes de instituições internacionais e
Em relação ao texto acima, podemos afirmar: 11. acadêmicos do exterior e mantive divergências
NO CAMPO DA VACINAÇÃO, 12. com vários deles. Aliás, num desses
CADA VEZ MAIS SÓ DÁ BRASIL. 13. encontros, a tese - defendida com vigor pelo
ESTE ANO, VAMOS JUNTOS 14. diretor de uma dessas instituições - ampliava

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15. o conceito e definia a dobradinha 74. casas e correram ao mercado, causando um
“educação/corrupção” 75. significativo aumento do emprego doméstico,
16. como a única causadora do 76. com e sem carteira assinada. Com o aumento
17. desemprego e da paralisia econômica nessas 77. da escolaridade, reduziu-se a taxa de
18. plagas. 78. participação dos mais jovens (10 até 17 anos)
19. Esse novo argumento se sobrepõe ao 79. na população economicamente ativa, ou seja,
20. malsucedido “abram, privatizem e estabilizem 80. aquela que trabalha ou precisa trabalhar; mas
21. que tudo mais lhes será dado por acréscimo” 81. foi nessa faixa etária que mais o desemprego
22. predominante nos anos 1980 e 1990 e, mais 82. subiu, passando a taxa de 35% para 51%.
23. uma vez, atribui a nossas misérias causas Gilberto. O
24. unicamente endógenas. Nada de dividir Estado de S. Paulo, 6 de arço de 2004, p. A2.
25. responsabilidades - por exemplo - com os
26. efeitos perversos da globalização ou da Encontra-se no texto, nas linhas 24 a 29, o seguinte
27. automação sobre os empregos; ou com as período:
28. políticas protecionistas dos países centrais “Nada de dividir responsabilidades - por exemplo - com os
29. sobre o comércio dos periféricos. efeitos perversos da globalização ou da automação sobre os
30. Incompetentes congênitos, seríamos os únicos empregos; ou com as políticas protecionistas dos países
31. responsáveis. No entanto, fôssemos nós centrais sobre o comércio dos periféricos.”
32. capazes de formar mais 50 mil engenheiros e A respeito dele, com base nas notícias de jornais e revistas,
33. outros tantos advogados e médicos, estariam podemos entender que:
34. eles todos empregados e contribuiriam
35. imediatamente para a retomada do a) As políticas protecionistas dos países centrais sobre o
36. desenvolvimento auto-sustentado de que tanto comércio dos periféricos referem-se, principalmente, ao
37. necessitamos. Caricaturas à parte, é fato de os países mais desenvolvidos imporem taxas sobre o
38. interessante observar os números recentes do preço dos produtos importados de países menos
39. Brasil para tirarmos algumas conclusões. No desenvolvidos.
40. período 1994-2001, a escolaridade nos níveis b) Os países centrais são todos aqueles localizados no
41. médio e superior aumentou significantemente hemisfério norte.
42. no País; as matrículas do ciclo médio c) Os países centrais são aqueles localizados ao longo do
43. cresceram 70% e o número de jovens que Equador.
44. concluíram essa etapa dobrou; no nível d) Os efeitos perversos da automação sobre os empregos
45. superior as matrículas aumentaram 62%, correspondem mais imediatamente à gradual redução da
46. crescendo 32% a quantidade dos que capacidade de compra que a renda da classe média vem
47. concluíram, com êxito, faculdade; finalmente, sofrendo nos últimos anos.
48. em programas de pós-graduação o aumento e) As políticas protecionistas dos países centrais sobre o
49. de cursos foi de 40% e as matrículas na pós- comércio dos periféricos referem-se, principalmente, ao
50. graduação federal evoluíram 146%. fato de os países mais desenvolvidos imporem taxas sobre o
51. No entanto, apesar de um aumento preço de produtos relacionados com microcomputadores.
52. importante - em alguns casos,
53. impressionante - da escolaridade e do 23) (FGV-2004) 1. Uma afirmação verdadeira feita
54. “padrão” educacional, o País teve, entre 1995 fora do
55. e 2003, uma estagnação do PIB per capita 2. adequado contexto pode ser tão perniciosa
56. (0,6% anuais). Por outro lado, em matéria de 3. quanto uma alegação falsa. É o que tem
57. concentração de renda, o quadro geral 4. ocorrido com a nova ofensiva hegemônica que
58. manteve-se com mínimas variações durante 5. tenta atribuir ao baixo nível educacional da
59. todo o período: enquanto os 10% mais ricos 6. América Latina a origem de todos os males, da
60. continuam a se apropriar de 41% da renda 7. estagnação à péssima distribuição de renda.
61. total metropolitana, os 10% mais pobres 8. Nestes últimos dois anos tive algumas
62. também mantêm seu irrisório 1%. Se 9. oportunidades de discutir esse tema com
63. somarmos os 30% mais ricos, sua participação 10. representantes de instituições internacionais e
64. na renda total metropolitana caiu ligeiramente, 11. acadêmicos do exterior e mantive divergências
65. de 70% para 68%, enquanto a dos 30% mais 12. com vários deles. Aliás, num desses
66. pobres subiu de 6% para 7%. Portanto, quase 13. encontros, a tese - defendida com vigor pelo
67. nada se alterou. Quanto ao mercado de 14. diretor de uma dessas instituições - ampliava
68. trabalho, houve uma grande escalada do 15. o conceito e definia a dobradinha
69. desemprego e da informalidade, com “educaçãocorrupção”
70. simultânea forte queda da renda das famílias. 16. como a única causadora do
71. Movidas principalmente por necessidade de 17. desemprego e da paralisia econômica nessas
72. complementação da renda familiar, mulheres 18. plagas.
73. deixaram os cuidados com os filhos e suas 19. Esse novo argumento se sobrepõe ao

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20. malsucedido “abram, privatizem e estabilizem 80. aquela que trabalha ou precisa trabalhar; mas
21. que tudo mais lhes será dado por acréscimo” 81. foi nessa faixa etária que mais o desemprego
22. predominante nos anos 1980 e 1990 e, mais 82. subiu, passando a taxa de 35% para 51%.
23. uma vez, atribui a nossas misérias causas Gilberto. O Estado de S. Paulo, 6 de arço de 2004, p. A2.
24. unicamente endógenas. Nada de dividir
25. responsabilidades - por exemplo - com os De acordo com o autor do texto:
26. efeitos perversos da globalização ou da a) Grupos dominantes da América Latina consideram o
27. automação sobre os empregos; ou com as baixo nível escolar como a causa do subdesenvolvimento
28. políticas protecionistas dos países centrais regional e tentam impor essa idéia aos demais.
29. sobre o comércio dos periféricos. b) O autor defende a idéia de que a causa da má
30. Incompetentes congênitos, seríamos os únicos distribuição de renda nos países da América Latina seja o
31. responsáveis. No entanto, fôssemos nós baixo nível de escolaridade de sua população, aliado ao alto
32. capazes de formar mais 50 mil engenheiros e nível de corrupção.
33. outros tantos advogados e médicos, estariam c) O autor defende uma frase fora de contexto, mais
34. eles todos empregados e contribuiriam perniciosa que uma afirmação falsa.
35. imediatamente para a retomada do d) O baixo nível educacional da população e a corrupção
36. desenvolvimento auto-sustentado de que tanto não são as únicas causas da má distribuição de renda nem
37. necessitamos. Caricaturas à parte, é da estagnação na América Latina.
38. interessante observar os números recentes do e) Diretores de algumas instituições internacionais de
39. Brasil para tirarmos algumas conclusões. No renome defendem a idéia de que a educação, combinada
40. período 1994-2001, a escolaridade nos níveis com a corrupção, produz desemprego na América Latina.
41. médio e superior aumentou significantemente
42. no País; as matrículas do ciclo médio 24) (FGV-2004) 1. Uma afirmação verdadeira feita
43. cresceram 70% e o número de jovens que fora do
44. concluíram essa etapa dobrou; no nível 2. adequado contexto pode ser tão perniciosa
45. superior as matrículas aumentaram 62%, 3. quanto uma alegação falsa. É o que tem
46. crescendo 32% a quantidade dos que 4. ocorrido com a nova ofensiva hegemônica que
47. concluíram, com êxito, faculdade; finalmente, 5. tenta atribuir ao baixo nível educacional da
48. em programas de pós-graduação o aumento 6. América Latina a origem de todos os males, da
49. de cursos foi de 40% e as matrículas na pós- 7. estagnação à péssima distribuição de renda.
50. graduação federal evoluíram 146%. 8. Nestes últimos dois anos tive algumas
51. No entanto, apesar de um aumento 9. oportunidades de discutir esse tema com
52. importante - em alguns casos, 10. representantes de instituições internacionais e
53. impressionante - da escolaridade e do 11. acadêmicos do exterior e mantive divergências
54. “padrão” educacional, o País teve, entre 1995 12. com vários deles. Aliás, num desses
55. e 2003, uma estagnação do PIB per capita 13. encontros, a tese - defendida com vigor pelo
56. (0,6% anuais). Por outro lado, em matéria de 14. diretor de uma dessas instituições - ampliava
57. concentração de renda, o quadro geral 15. o conceito e definia a dobradinha
58. manteve-se com mínimas variações durante “educaçãocorrupção”
59. todo o período: enquanto os 10% mais ricos 16. como a única causadora do
60. continuam a se apropriar de 41% da renda 17. desemprego e da paralisia econômica nessas
61. total metropolitana, os 10% mais pobres 18. plagas.
62. também mantêm seu irrisório 1%. Se 19. Esse novo argumento se sobrepõe ao
63. somarmos os 30% mais ricos, sua participação 20. malsucedido “abram, privatizem e estabilizem
64. na renda total metropolitana caiu ligeiramente, 21. que tudo mais lhes será dado por acréscimo”
65. de 70% para 68%, enquanto a dos 30% mais 22. predominante nos anos 1980 e 1990 e, mais
66. pobres subiu de 6% para 7%. Portanto, quase 23. uma vez, atribui a nossas misérias causas
67. nada se alterou. Quanto ao mercado de 24. unicamente endógenas. Nada de dividir
68. trabalho, houve uma grande escalada do 25. responsabilidades - por exemplo - com os
69. desemprego e da informalidade, com 26. efeitos perversos da globalização ou da
70. simultânea forte queda da renda das famílias. 27. automação sobre os empregos; ou com as
71. Movidas principalmente por necessidade de 28. políticas protecionistas dos países centrais
72. complementação da renda familiar, mulheres 29. sobre o comércio dos periféricos.
73. deixaram os cuidados com os filhos e suas 30. Incompetentes congênitos, seríamos os únicos
74. casas e correram ao mercado, causando um 31. responsáveis. No entanto, fôssemos nós
75. significativo aumento do emprego doméstico, 32. capazes de formar mais 50 mil engenheiros e
76. com e sem carteira assinada. Com o aumento 33. outros tantos advogados e médicos, estariam
77. da escolaridade, reduziu-se a taxa de 34. eles todos empregados e contribuiriam
78. participação dos mais jovens (10 até 17 anos) 35. imediatamente para a retomada do
79. na população economicamente ativa, ou seja, 36. desenvolvimento auto-sustentado de que tanto

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37. necessitamos. Caricaturas à parte, é d) Não somos incompetentes congênitos: as causas de
38. interessante observar os números recentes do nossos males econômicos e sociais são complexas
39. Brasil para tirarmos algumas conclusões. No e) Não somos incompetentes congênitos: as causas de
40. período 1994-2001, a escolaridade nos níveis nossos males econômicos e sociais são simples.
41. médio e superior aumentou significantemente
42. no País; as matrículas do ciclo médio 25) (FGV-2004) 1. Uma afirmação verdadeira feita
43. cresceram 70% e o número de jovens que fora do
44. concluíram essa etapa dobrou; no nível 2. adequado contexto pode ser tão perniciosa
45. superior as matrículas aumentaram 62%, 3. quanto uma alegação falsa. É o que tem
46. crescendo 32% a quantidade dos que 4. ocorrido com a nova ofensiva hegemônica que
47. concluíram, com êxito, faculdade; finalmente, 5. tenta atribuir ao baixo nível educacional da
48. em programas de pós-graduação o aumento 6. América Latina a origem de todos os males, da
49. de cursos foi de 40% e as matrículas na pós- 7. estagnação à péssima distribuição de renda.
50. graduação federal evoluíram 146%. 8. Nestes últimos dois anos tive algumas
51. No entanto, apesar de um aumento 9. oportunidades de discutir esse tema com
52. importante - em alguns casos, 10. representantes de instituições internacionais e
53. impressionante - da escolaridade e do 11. acadêmicos do exterior e mantive divergências
54. “padrão” educacional, o País teve, entre 1995 12. com vários deles. Aliás, num desses
55. e 2003, uma estagnação do PIB per capita 13. encontros, a tese - defendida com vigor pelo
56. (0,6% anuais). Por outro lado, em matéria de 14. diretor de uma dessas instituições - ampliava
57. concentração de renda, o quadro geral 15. o conceito e definia a dobradinha
58. manteve-se com mínimas variações durante “educaçãocorrupção”
59. todo o período: enquanto os 10% mais ricos 16. como a única causadora do
60. continuam a se apropriar de 41% da renda 17. desemprego e da paralisia econômica nessas
61. total metropolitana, os 10% mais pobres 18. plagas.
62. também mantêm seu irrisório 1%. Se 19. Esse novo argumento se sobrepõe ao
63. somarmos os 30% mais ricos, sua participação 20. malsucedido “abram, privatizem e estabilizem
64. na renda total metropolitana caiu ligeiramente, 21. que tudo mais lhes será dado por acréscimo”
65. de 70% para 68%, enquanto a dos 30% mais 22. predominante nos anos 1980 e 1990 e, mais
66. pobres subiu de 6% para 7%. Portanto, quase 23. uma vez, atribui a nossas misérias causas
67. nada se alterou. Quanto ao mercado de 24. unicamente endógenas. Nada de dividir
68. trabalho, houve uma grande escalada do 25. responsabilidades - por exemplo - com os
69. desemprego e da informalidade, com 26. efeitos perversos da globalização ou da
70. simultânea forte queda da renda das famílias. 27. automação sobre os empregos; ou com as
71. Movidas principalmente por necessidade de 28. políticas protecionistas dos países centrais
72. complementação da renda familiar, mulheres 29. sobre o comércio dos periféricos.
73. deixaram os cuidados com os filhos e suas 30. Incompetentes congênitos, seríamos os únicos
74. casas e correram ao mercado, causando um 31. responsáveis. No entanto, fôssemos nós
75. significativo aumento do emprego doméstico, 32. capazes de formar mais 50 mil engenheiros e
76. com e sem carteira assinada. Com o aumento 33. outros tantos advogados e médicos, estariam
77. da escolaridade, reduziu-se a taxa de 34. eles todos empregados e contribuiriam
78. participação dos mais jovens (10 até 17 anos) 35. imediatamente para a retomada do
79. na população economicamente ativa, ou seja, 36. desenvolvimento auto-sustentado de que tanto
80. aquela que trabalha ou precisa trabalhar; mas 37. necessitamos. Caricaturas à parte, é
81. foi nessa faixa etária que mais o desemprego 38. interessante observar os números recentes do
82. subiu, passando a taxa de 35% para 51%. 39. Brasil para tirarmos algumas conclusões. No
Gilberto. O 40. período 1994-2001, a escolaridade nos níveis
Estado de S. Paulo, 6 de arço de 2004, p. A2. 41. médio e superior aumentou significantemente
42. no País; as matrículas do ciclo médio
No texto, o autor sugere que: 43. cresceram 70% e o número de jovens que
a) Somos incompetentes congênitos; por isso temos a 44. concluíram essa etapa dobrou; no nível
responsabilidade de encontrar alternativas para resolver 45. superior as matrículas aumentaram 62%,
nossos problemas sociais e econômicos. 46. crescendo 32% a quantidade dos que
b) Não somos incompetentes congênitos; por isso temos a 47. concluíram, com êxito, faculdade; finalmente,
responsabilidade de encontrar alternativas para resolver 48. em programas de pós-graduação o aumento
nossos problemas sociais e econômicos. 49. de cursos foi de 40% e as matrículas na pós-
c) As pessoas que argumentam sermos incompetentes 50. graduação federal evoluíram 146%.
inatos pretendem esconder as verdadeiras causas de nossos 51. No entanto, apesar de um aumento
problemas sociais e econômicos 52. importante - em alguns casos,
53. impressionante - da escolaridade e do

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54. “padrão” educacional, o País teve, entre 1995 fotografar os corpos, e os mais jovens riram e fizeram troça
55. e 2003, uma estagnação do PIB per capita dos corpos.
56. (0,6% anuais). Por outro lado, em matéria de Os próprios moradores descreveram a algazarra à
57. concentração de renda, o quadro geral reportagem. "Eu gritei: Está nervoso e perdeu a cabeça?",
58. manteve-se com mínimas variações durante relatou um motoboy que pediu para não ser identificado,
59. todo o período: enquanto os 10% mais ricos enquanto um estudante admitiu ter rido e feito piada ao ver
60. continuam a se apropriar de 41% da renda que o coração e os intestinos de uma das vítimas tinham
61. total metropolitana, os 10% mais pobres sido retirados e expostos por seus algozes.
62. também mantêm seu irrisório 1%. Se "Ri porque é engraçado ver um corpo todo picado",
63. somarmos os 30% mais ricos, sua participação respondeu o estudante ao ser questionado sobre a causa de
64. na renda total metropolitana caiu ligeiramente, sua reação.
65. de 70% para 68%, enquanto a dos 30% mais O crime em si já seria uma clara evidência de que bestas-
66. pobres subiu de 6% para 7%. Portanto, quase feras estão à solta e à vontade no país. Mas ainda daria,
67. nada se alterou. Quanto ao mercado de num esforço de auto-engano, para dizer que crimes bestiais
68. trabalho, houve uma grande escalada do ocorrem em todas as partes do mundo.
69. desemprego e da informalidade, com Mas a reação dos moradores prova que não se trata de uma
70. simultânea forte queda da renda das famílias. perversidade circunstancial e circunscrita. Não. O país
71. Movidas principalmente por necessidade de perde, crescentemente, o respeito à vida, a valores básicos,
72. complementação da renda familiar, mulheres ao convívio civilizado. O anormal, o patológico, o bestial,
73. deixaram os cuidados com os filhos e suas vira normal. "É engraçado", como diz o estudante.
74. casas e correram ao mercado, causando um O processo de animalização contamina a sociedade, a partir
75. significativo aumento do emprego doméstico, do topo, quando o presidente da
76. com e sem carteira assinada. Com o aumento República diz que seu partido está desmoralizado, mas vai à
77. da escolaridade, reduziu-se a taxa de festa dos desmoralizados e confraterniza com trambiqueiros
78. participação dos mais jovens (10 até 17 anos) confessos. Também deve achar "engraçado".
79. na população economicamente ativa, ou seja, Alguma surpresa quando é declarado inocente o
80. aquela que trabalha ou precisa trabalhar; mas comandante do massacre de 111 pessoas, sob aplausos de
81. foi nessa faixa etária que mais o desemprego parcela da sociedade para quem presos não têm direito à
82. subiu, passando a taxa de 35% para 51%. vida? São bestas-feras, e deve ser "engraçado" matá-los. É a
Gilberto. O lei da selva, no asfalto.
Estado de S. Paulo, 6 de arço de 2004, p. A2.
Acerca do uso da vírgula no trecho: "Vários moradores
No texto, um dos principais argumentos do autor é: buscaram seus celulares para fotografar os
a) Não há relação imediata de causa e conseqüência entre o corpos, e os mais jovens riram e fizeram troça dos corpos",
número de alunos formados e o desenvolvimento auto- pode-se afirmar que
sustentado de um país periférico.
b) Se os países periféricos pudessem investir mais na a) é inteiramente desnecessário, pois o sujeito das duas
educação de sua população, estaria pelo menos facilitado o orações é o mesmo e, por essa razão, não provocaria
caminho para o desenvolvimento auto-sustentado. ambigüidade alguma.
c) O número de alunos do Ensino Médio e do Ensino b) é necessário, na medida em que evita uma possível
Superior aumentou no período considerado; por isso foi ambigüidade entre fotografar os corpos e fotografar os mais
mínima a variação na concentração de renda da população. jovens.
d) Há relação imediata de causa e conseqüência entre o c) é apenas uma questão estilística, pois o uso da vírgula
número de alunos formados, em um país periférico, e o não é uma questão normatizada na língua e representa
nível de concentração de renda desse país. apenas uma pausa na respiração.
e) Quando varia pouco o nível de concentração de renda de d) é totalmente necessário para poder separar o sujeito
um país, o número de alunos matriculados no Ensino Médio "corpos" de seu objeto direto, no caso,
aumenta. representado por "os mais jovens".
e) é facultativo, primeiro, porque não se separam dois
26) (PUC-SP-2006) A animalização do país objetos diretos com vírgula e, segundo, porque não se usa
Clóvis Rossi, Folha de São Paulo, 21 de fevereiro de 2006 vírgula antes de "e".

SÃO PAULO - No sóbrio relato de Elvira Lobato, lia-se


ontem, nesta Folha, a história de um Honda Fit abandonado 27) (PUC-SP-2006) A animalização do país
em uma rua do Rio de Janeiro "com uma cabeça sobre o Clóvis Rossi, Folha de São Paulo, 21 de fevereiro de 2006
capô e os corpos de dois jovens negros, retalhados a
machadadas, no interior do veículo". Prossegue o relato: "A SÃO PAULO - No sóbrio relato de Elvira Lobato, lia-se
reação dos moradores foi tão chocante como as brutais ontem, nesta Folha, a história de um Honda Fit abandonado
mutilações. Vários moradores buscaram seus celulares para em uma rua do Rio de Janeiro "com uma cabeça sobre o
capô e os corpos de dois jovens negros, retalhados a

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machadadas, no interior do veículo". Prossegue o relato: "A que o coração e os intestinos de uma das vítimas tinham
reação dos moradores foi tão chocante como as brutais sido retirados e expostos por seus algozes.
mutilações. Vários moradores buscaram seus celulares para "Ri porque é engraçado ver um corpo todo picado",
fotografar os corpos, e os mais jovens riram e fizeram troça respondeu o estudante ao ser questionado sobre a causa de
dos corpos. sua reação.
Os próprios moradores descreveram a algazarra à O crime em si já seria uma clara evidência de que bestas-
reportagem. "Eu gritei: Está nervoso e perdeu a cabeça?", feras estão à solta e à vontade no país. Mas ainda daria,
relatou um motoboy que pediu para não ser identificado, num esforço de auto-engano, para dizer que crimes bestiais
enquanto um estudante admitiu ter rido e feito piada ao ver ocorrem em todas as partes do mundo.
que o coração e os intestinos de uma das vítimas tinham Mas a reação dos moradores prova que não se trata de uma
sido retirados e expostos por seus algozes. perversidade circunstancial e circunscrita. Não. O país
"Ri porque é engraçado ver um corpo todo picado", perde, crescentemente, o respeito à vida, a valores básicos,
respondeu o estudante ao ser questionado sobre a causa de ao convívio civilizado. O anormal, o patológico, o bestial,
sua reação. vira normal. "É engraçado", como diz o estudante.
O crime em si já seria uma clara evidência de que bestas- O processo de animalização contamina a sociedade, a partir
feras estão à solta e à vontade no país. Mas ainda daria, do topo, quando o presidente da
num esforço de auto-engano, para dizer que crimes bestiais República diz que seu partido está desmoralizado, mas vai à
ocorrem em todas as partes do mundo. festa dos desmoralizados e confraterniza com trambiqueiros
Mas a reação dos moradores prova que não se trata de uma confessos. Também deve achar "engraçado".
perversidade circunstancial e circunscrita. Não. O país Alguma surpresa quando é declarado inocente o
perde, crescentemente, o respeito à vida, a valores básicos, comandante do massacre de 111 pessoas, sob aplausos de
ao convívio civilizado. O anormal, o patológico, o bestial, parcela da sociedade para quem presos não têm direito à
vira normal. "É engraçado", como diz o estudante. vida? São bestas-feras, e deve ser "engraçado" matá-los. É a
O processo de animalização contamina a sociedade, a partir lei da selva, no asfalto.
do topo, quando o presidente da
República diz que seu partido está desmoralizado, mas vai à
festa dos desmoralizados e confraterniza com trambiqueiros No primeiro parágrafo do texto, lê-se o seguinte trecho:
confessos. Também deve achar "engraçado". "No sóbrio relato de Elvira Lobato, lia-se ontem, nesta
Alguma surpresa quando é declarado inocente o Folha, a história de um Honda Fit abandonado...". Em
comandante do massacre de 111 pessoas, sob aplausos de relação a esse trecho, a ação de ler expressa em "lia-se. tem
parcela da sociedade para quem presos não têm direito à como agente:
vida? São bestas-feras, e deve ser "engraçado" matá-los. É a a) Um grupo generalizado de leitores.
lei da selva, no asfalto. b) Apenas Elvira Lobato, uma vez que ela é a autora do
artigo referido pelo autor.
Em relação ao terceiro parágrafo do texto, a expressão c) Apenas o relato de Elvira Lobato, pois é ele que exerce a
SEUS ALGOZES faz o leitor compreender ação expressa pelo verbo.
que se trata dos algozes d) Exclusivamente o próprio autor deste artigo (Clóvis
a) dos próprios moradores que descreveram a cena. Rossi), porque só ele pôde ter acesso ao texto.
b) da algazarra. e) Somente os jovens negros referidos no artigo, pois o que
c) da reportagem. aconteceu com eles é o centro deste artigo.
d) do motoboy.
e) de uma das vítimas.
29) (PUC-SP-2006) A animalização do país
Clóvis Rossi, Folha de São Paulo, 21 de fevereiro de 2006
28) (PUC-SP-2006) A animalização do país
Clóvis Rossi, Folha de São Paulo, 21 de fevereiro de 2006 SÃO PAULO - No sóbrio relato de Elvira Lobato, lia-se
ontem, nesta Folha, a história de um Honda Fit abandonado
SÃO PAULO - No sóbrio relato de Elvira Lobato, lia-se em uma rua do Rio de Janeiro "com uma cabeça sobre o
ontem, nesta Folha, a história de um Honda Fit abandonado capô e os corpos de dois jovens negros, retalhados a
em uma rua do Rio de Janeiro "com uma cabeça sobre o machadadas, no interior do veículo". Prossegue o relato: "A
capô e os corpos de dois jovens negros, retalhados a reação dos moradores foi tão chocante como as brutais
machadadas, no interior do veículo". Prossegue o relato: "A mutilações. Vários moradores buscaram seus celulares para
reação dos moradores foi tão chocante como as brutais fotografar os corpos, e os mais jovens riram e fizeram troça
mutilações. Vários moradores buscaram seus celulares para dos corpos.
fotografar os corpos, e os mais jovens riram e fizeram troça Os próprios moradores descreveram a algazarra à
dos corpos. reportagem. "Eu gritei: Está nervoso e perdeu a cabeça?",
Os próprios moradores descreveram a algazarra à relatou um motoboy que pediu para não ser identificado,
reportagem. "Eu gritei: Está nervoso e perdeu a cabeça?", enquanto um estudante admitiu ter rido e feito piada ao ver
relatou um motoboy que pediu para não ser identificado, que o coração e os intestinos de uma das vítimas tinham
enquanto um estudante admitiu ter rido e feito piada ao ver sido retirados e expostos por seus algozes.

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"Ri porque é engraçado ver um corpo todo picado", e) há diferentes visões em jogo, tanto as que só consideram
respondeu o estudante ao ser questionado sobre a causa de aspectos ecológicos, quanto as que levam em conta
sua reação. aspectos sociais e econômicos.
O crime em si já seria uma clara evidência de que bestas-
feras estão à solta e à vontade no país. Mas ainda daria, 31) (IBMEC-2006) A busca da felicidade
num esforço de auto-engano, para dizer que crimes bestiais Ser feliz é provavelmente o maior desejo de todo ser
ocorrem em todas as partes do mundo. humano. Na prática, ninguém sabe definir direito a palavra
Mas a reação dos moradores prova que não se trata de uma felicidade. Mas todos sabem exatamente o que ela significa.
perversidade circunstancial e circunscrita. Não. O país Nos últimos tempos, psicólogos, neurocientistas e filósofos
perde, crescentemente, o respeito à vida, a valores básicos, têm voltado sua atenção de modo sistemático para esse
ao convívio civilizado. O anormal, o patológico, o bestial, tema que sempre fascinou, intrigou e desafiou a
vira normal. "É engraçado", como diz o estudante. humanidade.
O processo de animalização contamina a sociedade, a partir As últimas conclusões a que eles chegaram são o tema de
do topo, quando o presidente da uma densa reportagem escrita pelo redator-chefe de
República diz que seu partido está desmoralizado, mas vai à ÉPOCA, David Cohen, em parceria com a editora Aida
festa dos desmoralizados e confraterniza com trambiqueiros Veiga. O texto, conduzido com uma dose incomum de bom
confessos. Também deve achar "engraçado". humor, inteligência e perspicácia, contradiz várias noções
Alguma surpresa quando é declarado inocente o normalmente tidas como verdade pela maior parte das
comandante do massacre de 111 pessoas, sob aplausos de pessoas. A felicidade, ao contrário do que parece, não é
parcela da sociedade para quem presos não têm direito à mais fácil para os belos e ricos.
vida? São bestas-feras, e deve ser "engraçado" matá-los. É a A maioria dos prazeres ao alcance daqueles que possuem
lei da selva, no asfalto. mais beleza ou riqueza tem, segundo as pesquisas, um
impacto de curtíssima duração. Depois de usufruí-los, as
Em relação ao trecho "A reação dos moradores foi tão pessoas retornam a seu nível básico de satisfação com a
chocante como as brutais mutilações", é possível afirmar vida. Por isso, tanta gente parece feliz à toa, enquanto
que a conjunção COMO estabelece o sentido de tantos outros não perdem uma oportunidade de reclamar da
a) causa. existência.
b) comparação. Mesmo quem passa por experiências de impacto decisivo,
c) conseqüência. como ganhar na loteria ou perder uma perna, costuma
d) concessão. voltar a seu estado natural de satisfação. Seria então a
e) conformidade. felicidade um dado da natureza, determinado
exclusivamente pelo que vem inscrito na carga genética?
De acordo com os estudos, não é bem assim. Muitas
30) (ENEM-2003) A biodiversidade diz respeito tanto a práticas vêm tendo sua eficácia comprovada para tornar a
genes, espécies, ecossistemas, como a funções, e coloca vida mais feliz: ter amigos, ter atividades que exijam
problemas de gestão muito diferenciados. É carregada de concentração e dedicação completas, exercer o controle
normas de valor. Proteger a biodiversidade pode significar: sobre a própria vida, ter um sentido de gratidão para com as
- a eliminação da ação humana, como é a proposta da coisas ou pessoas boas que apareçam, cuidar da saúde, amar
ecologia radical; e ser amado. Uma das descobertas mais fascinantes dos
- a proteção das populações cujos sistemas de produção e pesquisadores é que parece não adiantar nada ir atrás de
cultura repousam num dado ecossistema; todas as conquistas que, segundo julgamos, nos farão mais
- a defesa dos interesses comerciais de firmas que utilizam felizes. Pelo contrário, é o fato de sermos mais felizes que
a biodiversidade como matéria-prima, para produzir nos ajuda a conquistar o que desejamos.
mercadorias. Nada disso quer dizer que os cientistas tenham descoberto a
(Adaptado de GARAY, I. & DIAS, B. Conservação da fórmula mágica nem que tenha se tornado fácil descobrir a
biodiversidade em ecossistemas tropicais) própria felicidade. Olhando aqui de fora, até que David e
Aida parecem felizes com o resultado do trabalho que
De acordo com o texto, no tratamento da questão da fizeram. Agora, é esperar que esse resultado também ajude
biodiversidade no Planeta, você a se tornar mais feliz.
a) o principal desafio é conhecer todos problemas dos (Gurovitz, Hélio. Revista ÉPOCA. Editora Globo, São Paulo. Número
412, 10 de abril de 2006, p. 6)
ecossistemas, para conseguir protegê-los da ação humana.
b) os direitos e os interesses comerciais dos produtores
devem ser defendidos, independentemente do equilíbrio Assinale a alternativa correta de acordo com o texto.
ecológico. a) Para saber o significado de alguma coisa é
c) deve-se valorizar o equilíbrio do meio ambiente, imprescindível que se saiba sua definição.
ignorando-se os conflitos gerados pelo uso da terra e seus b) É óbvio que beleza e dinheiro estão aliados às conquistas
recursos. que o ser humano pode alcançar na sua batalha diária.
d) o enfoque ecológico é mais importante do que o social, c) As pessoas que não têm atividade que exija concentração
pois as necessidades das populações não devem constituir e dedicação dificilmente não conseguirão se realizar
preocupação para ninguém. plenamente.

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d) O estado natural de satisfação de uma pessoa pode ser d) a expressão “o que só se permite” está empregada com o
alterado em virtude de bons ou maus acontecimentos. sentido de “o que nunca se faculta”.
e) A felicidade está diretamente relacionada à carga e) a expressão “nos desviamos das áreas de atrito” está
genética do ser humano. empregada com o sentido oposto ao da expressão
“aparamos todas as arestas”.

32) (Fuvest-2002) A característica da relação do adulto com 34) (Fuvest-2002) A característica da relação do adulto com
o velho é a falta de reciprocidade que se pode traduzir numa o velho é a falta de reciprocidade que se pode traduzir numa
tolerância sem o calor da sinceridade.Não se discute com o tolerância sem o calor da sinceridade.Não se discute com o
velho, não se confrontam opiniões com as dele, negando- velho, não se confrontam opiniões com as dele, negando-
lhe a oportunidade de desenvolver o que só se permite aos lhe a oportunidade de desenvolver o que só se permite aos
amigos: a alteridade, a contradição, o afrontamento e amigos: a alteridade, a contradição, o afrontamento e
mesmo o conflito. Quantas relações humanas são pobres e mesmo o conflito. Quantas relações humanas são pobres e
banais porque deixamos que o outro se expresse de modo banais porque deixamos que o outro se expresse de modo
repetitivo e porque nos desviamos das áreas de atrito, dos repetitivo e porque nos desviamos das áreas de atrito, dos
pontos vitais, de tudo o que em nosso confronto pudesse pontos vitais, de tudo o que em nosso confronto pudesse
causar o crescimento e a dor! Se a tolerância com os velhos causar o crescimento e a dor! Se a tolerância com os velhos
é entendida assim, como uma abdicação do diálogo, melhor é entendida assim, como uma abdicação do diálogo, melhor
seria dar-lhe o nome de banimento ou discriminação. seria dar-lhe o nome de banimento ou discriminação.
(Ecléa Bosi, Memória e sociedade - Lembranças de velhos) (Ecléa Bosi, Memória e sociedade - Lembranças de velhos)

Na avaliação da autora, o que habitualmente caracteriza a A frase em que a palavra sublinhada preserva o sentido com
relação do adulto com o velho é que foi empregada no texto é:
a) o desinteresse do adulto pelo confronto de idéias, a) Na mais sumária relação das virtudes humanas não
expressando uma tolerância que atua como discriminação deixará de constar a sinceridade.
do velho. b) Sobretudo os pobres sentem o peso do que seja
b) uma sucessão de conflitos, motivada pela baixa banimento ou discriminação.
tolerância e pela insinceridade recíprocas. c) É por vezes difícil a discriminação entre tolerância e
c) a inconseqüência dos diálogos, já que a um e a outro menosprezo.
interessa apenas a reiteração de seus pontos de vista. d) Enfrentar a contradição é sempre um grande passo para
d) o equívoco do adulto, que trata o velho sem considerar as o nosso crescimento.
diferenças entre a condição deste e a de um amigo mais e) Se traduzir é difícil, mais difícil é o diálogo entre
próximo. pessoas que se mascaram na mesma língua.
e) a insinceridade das opiniões do adulto, nas quais se
manifestam sua divergência e sua impaciência. 35) (ESPM-2007) A dança das palavras
O professor [e crítico] Antonio Candido contou há vários
33) (Fuvest-2002) A característica da relação do adulto com anos, numa roda de amigos, uma curiosa história. Se não
o velho é a falta de reciprocidade que se pode traduzir numa estou enganado, o protagonista era um português, dono de
tolerância sem o calor da sinceridade.Não se discute com o uma pensão no Rio de Janeiro, chamada de “Península
velho, não se confrontam opiniões com as dele, negando- Fernandes”.
lhe a oportunidade de desenvolver o que só se permite aos Intrigado e ao mesmo tempo curioso, Antonio Candido
amigos: a alteridade, a contradição, o afrontamento e perguntou ao homem qual a razão daquele título. “É que eu
mesmo o conflito. Quantas relações humanas são pobres e me chamo Fernandes”, foi a resposta. “Bom, mas e
banais porque deixamos que o outro se expresse de modo ‘península’”?. “‘Península’ é porque eu acho a palavra
repetitivo e porque nos desviamos das áreas de atrito, dos bonita.”
pontos vitais, de tudo o que em nosso confronto pudesse [...]
causar o crescimento e a dor! Se a tolerância com os velhos Palavras feias, aliás, não são necessariamente os chamados
é entendida assim, como uma abdicação do diálogo, melhor “palavrões”, alguns até, se não bonitos, certamente bem
seria dar-lhe o nome de banimento ou discriminação. expressivos.
(Ecléa Bosi, Memória e sociedade - Lembranças de velhos) Deixo as questões estéticas, para lembrar que os signos têm
vida e, portanto, nascem, vivem, alguns morrem, ficam
Considerando-se o sentido do conjunto do texto, é correto congelados ou se transfiguram. Embora tenha atração por
afirmar que seu nascimento, deixo de lado a etimologia e me fixo no
a) as palavras “crescimento” e “dor” são utilizadas de modo congelamento e na transfiguração.
a constituírem um paradoxo. [...]
b) as palavras “alteridade”, “contradição”, “afrontamento” e Vamos aos signos congelados.
“conflito” encadeiam-se numa progressão semântica. Como continuamos a ler pelos anos afora o maior nome das
c) a expressão “abdicação do diálogo” tem significação nossas letras, Machado de Assis é uma boa referência.
oposta à da expressão “tolerância sem o calor da O que era Escobar para Bentinho, no romance “Dom
sinceridade”. Casmurro”? Seu comborço, diz Machado, ou seja, o amante

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de sua mulher, a acreditar-se na versão de uma [...]
“pecaminosa” Palavras feias, aliás, não são necessariamente os chamados
Capitu. Pois bem, ninguém usa hoje essa palavra, seja na “palavrões”, alguns até, se não bonitos, certamente bem
fala cotidiana, seja na escrita, mesmo a mais observadora da expressivos.
norma culta. Deixo as questões estéticas, para lembrar que os signos têm
Mas a palavra não morreu, está nos dicionários, congelada, vida e, portanto, nascem, vivem, alguns morrem, ficam
praticamente sem esperanças de ressurreição, lutando para congelados ou se transfiguram. Embora tenha atração por
permanecer o mais possível nesse estado. seu nascimento, deixo de lado a etimologia e me fixo no
De qualquer forma, vinga-se de nós, contemporâneos, que a congelamento e na transfiguração.
desprezaram, ao obrigar-nos a ir buscar seu significado, [...]
quando lemos “Dom Casmurro”. Vamos aos signos congelados.
[...] Como continuamos a ler pelos anos afora o maior nome das
A transfiguração se distingue do congelamento. Nesse caso, nossas letras, Machado de Assis é uma boa referência.
estamos diante de um signo que designa um objeto, uma O que era Escobar para Bentinho, no romance “Dom
qualidade, um determinado sentimento, e que vai mudando Casmurro”? Seu comborço, diz Machado, ou seja, o amante
de significado, ao longo do tempo. de sua mulher, a acreditar-se na versão de uma
Muito me atrai a transfiguração da palavra “bonde” e sua “pecaminosa”
aplicação concomitante a diferentes sentidos. Típica do Capitu. Pois bem, ninguém usa hoje essa palavra, seja na
português do Brasil, ela se originou da palavra inglesa fala cotidiana, seja na escrita, mesmo a mais observadora da
“bond” (título, obrigação), impressa, a princípio, nos norma culta.
“bilhetes de passagem” de uma empresa do Rio de Janeiro - Mas a palavra não morreu, está nos dicionários, congelada,
a “Botanical Garden Railway”, por volta de 1870. praticamente sem esperanças de ressurreição, lutando para
Foi tal o impacto do signo que ele serviu para compor permanecer o mais possível nesse estado.
diversas frases. De qualquer forma, vinga-se de nós, contemporâneos, que a
[...] desprezaram, ao obrigar-nos a ir buscar seu significado,
O fim do bonde como transporte coletivo não correspondeu quando lemos “Dom Casmurro”.
ao fim do signo, como se poderia supor. Se ele já designava [...]
várias coisas, passou a designar outras mais, como o A transfiguração se distingue do congelamento. Nesse caso,
“bonde” da cadeia, que leva e traz presos, ou um conjunto estamos diante de um signo que designa um objeto, uma
artístico, um grupo literário etc. qualidade, um determinado sentimento, e que vai mudando
Volto à história do dono da pensão. Para ele, península não de significado, ao longo do tempo.
era uma “insípida porção de terra cercada de água por todos Muito me atrai a transfiguração da palavra “bonde” e sua
os lados, menos por um que a liga ao continente”, como aplicação concomitante a diferentes sentidos. Típica do
ensinavam os antigos professores de geografia. português do Brasil, ela se originou da palavra inglesa
(BORIS FAUSTO, Folha de S. Paulo, Caderno Mais, 15/04/2007) “bond” (título, obrigação), impressa, a princípio, nos
“bilhetes de passagem” de uma empresa do Rio de Janeiro -
Sobre o texto, a afirmação correta é: a “Botanical Garden Railway”, por volta de 1870.
a) Não mais se aplica à palavra “península” a acepção dada Foi tal o impacto do signo que ele serviu para compor
pelos “antigos professores de geografia”. diversas frases.
b) O “congelamento” das palavras representa para o [...]
enunciador o anúncio da “morte” indubitável dessas. O fim do bonde como transporte coletivo não correspondeu
c) O enunciador afirma que “pecaminosa”, atribuída a ao fim do signo, como se poderia supor. Se ele já designava
Capitu, está praticamente “congelada nos dicionários”. várias coisas, passou a designar outras mais, como o
d) A etimologia (casta) das palavras não é garantia de sua “bonde” da cadeia, que leva e traz presos, ou um conjunto
permanência no vocabulário da “fala cotidiana”. artístico, um grupo literário etc.
e) O “fim” de um objeto implica, quase sempre, o Volto à história do dono da pensão. Para ele, península não
desaparecimento, também, da palavra que o designa. era uma “insípida porção de terra cercada de água por todos
os lados, menos por um que a liga ao continente”, como
ensinavam os antigos professores de geografia.
36) (ESPM-2007) A dança das palavras (BORIS FAUSTO, Folha de S. Paulo, Caderno Mais, 15/04/2007)
O professor [e crítico] Antonio Candido contou há vários
anos, numa roda de amigos, uma curiosa história. Se não Ainda sobre “A dança das palavras”, é incorreto afirmar
estou enganado, o protagonista era um português, dono de que:
uma pensão no Rio de Janeiro, chamada de “Península a) Apesar de aparentemente deslocada, a história do dono
Fernandes”. da pensão é o fio condutor das especulações do enunciador.
Intrigado e ao mesmo tempo curioso, Antonio Candido b) Apesar de não explicitar a expressão “variação
perguntou ao homem qual a razão daquele título. “É que eu lingüística”, pode-se dizer que este é um dos assuntos do
me chamo Fernandes”, foi a resposta. “Bom, mas e texto.
‘península’”?. “‘Península’ é porque eu acho a palavra
bonita.”

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c) Em seu relato, Antonio Candido já supunha que há uma [...]
distinção entre a “transfiguração” e o “congelamento” das O fim do bonde como transporte coletivo não correspondeu
palavras. ao fim do signo, como se poderia supor. Se ele já designava
d) Ao falar de palavras “feias” e “bonitas”, o enunciador várias coisas, passou a designar outras mais, como o
estabelece uma distinção entre beleza fonética e “bonde” da cadeia, que leva e traz presos, ou um conjunto
significação. artístico, um grupo literário etc.
e) Em diferentes contextos culturais ou históricos, uma Volto à história do dono da pensão. Para ele, península não
mesma palavra pode designar “várias coisas”. era uma “insípida porção de terra cercada de água por todos
os lados, menos por um que a liga ao continente”, como
ensinavam os antigos professores de geografia.
37) (ESPM-2007) A dança das palavras (BORIS FAUSTO, Folha de S. Paulo, Caderno Mais, 15/04/2007)
O professor [e crítico] Antonio Candido contou há vários
anos, numa roda de amigos, uma curiosa história. Se não Nos trechos:
estou enganado, o protagonista era um português, dono de “Como continuamos a ler pelos anos afora o maior nome
uma pensão no Rio de Janeiro, chamada de “Península das nossas letras, Machado de Assis é uma boa
Fernandes”. referência.(...) O fim do bonde como transporte coletivo
Intrigado e ao mesmo tempo curioso, Antonio Candido não correspondeu ao fim do signo, como se poderia supor.”
perguntou ao homem qual a razão daquele título. “É que eu Os vocábulos em negrito podem ser substituídos, sem
me chamo Fernandes”, foi a resposta. “Bom, mas e prejuízo de sentido, respectivamente por:
‘península’”?. “‘Península’ é porque eu acho a palavra a) Porque, tal qual, conforme.
bonita.” b) Tal qual, conforme, porque.
[...] c) Porque, tal qual, de modo que.
Palavras feias, aliás, não são necessariamente os chamados d) Conforme, tal qual, segundo.
“palavrões”, alguns até, se não bonitos, certamente bem e) Porque, conforme, tal qual.
expressivos.
Deixo as questões estéticas, para lembrar que os signos têm
vida e, portanto, nascem, vivem, alguns morrem, ficam 38) (Vunesp-2003) A economia argentina já está respirando
congelados ou se transfiguram. Embora tenha atração por sem aparelhos. Um dado eloqüente dessa recuperação: o
seu nascimento, deixo de lado a etimologia e me fixo no Brasil aumentou em 100% suas exportações para lá em
congelamento e na transfiguração. março, em comparação com o mesmo período do ano
[...] passado.
Vamos aos signos congelados. (Revista Veja, 02.04.2003.)
Como continuamos a ler pelos anos afora o maior nome das
nossas letras, Machado de Assis é uma boa referência. Nas tempestades de areia do nosso destino, nas cavernas
O que era Escobar para Bentinho, no romance “Dom mais profundas da nossa ancestralidade, nos subterrâneos
Casmurro”? Seu comborço, diz Machado, ou seja, o amante da nossa aventura, escondem-se delatores e terroristas,
de sua mulher, a acreditar-se na versão de uma carcereiros e torturadores, cassandras* e patriotas,
“pecaminosa” usurpadores e fanáticos, predadores e corruptos,
Capitu. Pois bem, ninguém usa hoje essa palavra, seja na seqüestradores e sociopatas. As guerras são a hora da sua
fala cotidiana, seja na escrita, mesmo a mais observadora da plena liberação.
norma culta. *Cassandra era uma profetiza troiana que anunciava
Mas a palavra não morreu, está nos dicionários, congelada, desgraças e era desacreditada por todos.
praticamente sem esperanças de ressurreição, lutando para (Rodolfo Konder, Folha de S.Paulo, 07.04.2003.)
permanecer o mais possível nesse estado.
De qualquer forma, vinga-se de nós, contemporâneos, que a Os dois textos foram escritos com o emprego de linguagem
desprezaram, ao obrigar-nos a ir buscar seu significado, figurada. Para efetivamente compreendê-los, é necessário
quando lemos “Dom Casmurro”. “decodificar” as figuras que são, nesse caso, metáforas.
[...] Depois de fazer isso, explique:
A transfiguração se distingue do congelamento. Nesse caso, a) Qual o sentido da frase:
estamos diante de um signo que designa um objeto, uma A economia argentina está respirando sem aparelhos.
qualidade, um determinado sentimento, e que vai mudando b) Qual a tese defendida pelo autor no segundo texto?
de significado, ao longo do tempo.
Muito me atrai a transfiguração da palavra “bonde” e sua 39) (Enem Cancelado-2009) A ética nasceu na polis grega
aplicação concomitante a diferentes sentidos. Típica do com a pergunta pelos critérios que pudessem tornar
português do Brasil, ela se originou da palavra inglesa possível o enfrentamento da vida com dignidade. Isto
“bond” (título, obrigação), impressa, a princípio, nos significa dizer que o ponto de partida da ética é a vida, a
“bilhetes de passagem” de uma empresa do Rio de Janeiro - realidade humana, que, em nosso caso, é uma realidade de
a “Botanical Garden Railway”, por volta de 1870. fome e miséria, de exploração e exclusão, de desespero e
Foi tal o impacto do signo que ele serviu para compor desencanto frente a um sentido da vida. É neste ponto que
diversas frases.

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somos remetidos diretamente à questão da democracia, um d) o caráter radical das revoluções.
projeto que se realiza nas relações da sociabilidade humana. e) o traço progressista das revoluções.
Disponível em: http://www.jornaldeopiniao.com.br. Acesso em: 03 maio
2009.
42) (Enem Cancelado-2009) A falta de espaço para brincar
O texto pretende que o leitor se convença de que a
é um problema muito comum nos grandes centros urbanos.
a) ética é a vivência da realidade das classes pobres, como
Diversas brincadeiras de rua tal como o pular corda, o pique
mostra o fragmento "é uma realidade de fome e miséria".
pega e outros têm desaparecido do cotidiano das crianças.
b) ética é o cultivo dos valores morais para encontrar
As brincadeiras são importantes para o crescimento e
sentido na vida, como mostra o fragmento "de desespero e
desenvolvimento das crianças, pois desenvolvem tanto
desencanto frente a um sentido da vida".
habilidades perceptivo-motoras quanto habilidades sociais.
c) experiência democrática deve ser um projeto vivido na
Considerando a brincadeira e o jogo como um importante
coletividade, como mostra o fragmento "um projeto que se
instrumento de interação social, pois por meio deles a
realiza nas relações da sociabilidade humana".
criança aprende sobre si, sobre o outro e sobre o mundo ao
d) experiência democrática precisa ser exercitada em
seu redor, entende-se que
benefício dos mais pobres, com base no fragmento "tornar
a) o jogo possibilita a participação de crianças de diferentes
possível o enfrentamento da vida com dignidade".
idades e níveis de habilidade motora.
e) democracia é a melhor forma de governo para as classes
b) o jogo desenvolve habilidades competitivas centradas na
menos favorecidas, como mostra o fragmento "É neste
busca da excelência na execução de atividades do cotidiano.
ponto que somos remetidos diretamente à questão da
c) o jogo gera um espaço para vivenciar situações de
democracia".
exclusão que serão negativas para a aprendizagem social.
d) através do jogo é possível entender que as regras são
construídas socialmente e que não podemos modificá-las.
40) (Fuvest-2000) A explosão dos computadores pessoais, e) no jogo, a participação está sempre vinculada à
as “infovias”, as grandes redes - a Internet e a World Wide necessidade de aprender um conteúdo novo e de
Web - atropelaram o mundo. Tornaram as leis antiquadas, desenvolver habilidades motoras especializadas.
reformularam a economia, reordenaram prioridades,
redefiniram os locais de trabalho, desafiaram constituições,
mudaram o conceito de realidade e obrigaram as pessoas a
43) (UDESC-1996) A inteligência é o atributo de que o ser
ficar sentadas, durante longos períodos de tempo, diante de
humano mais se orgulha. Graças a essa habilidade, foi
telas de computadores, enquanto o CD-Rom trabalha. Não
possível uma civilização repleta de conforto e prazeres. Até
há dúvida de que vivemos a revolução da informação e, diz
hoje, porém, não se sabe exatamente como essa qualidade
o professor do MIT, Nicholas Negroponte, revoluções não
surgiu e seu conceito é bastante amplo e polêmico.
são sutis.
Conforme cientistas, se resume na capacidade de
(Jornal do Brasil, 13/02/96)
estabelecer relações e resolver problemas. Isso significa,
por exemplo, olhar uma maçã e entender que é uma fruta
No texto, a expressão que sintetiza os efeitos da revolução
saudável e a forma criativa de utilizar essa informação é
operada pela informática é
transformá-la em tortas, doces, sucos, geléias.
a) “atropelaram o mundo”.
ISTO É, n. 1381, p. 38-42, 1996.
b) “tornaram as leis antiquadas”.
c) “reformularam a economia”.
De acordo com o texto como uma pessoa poderia ser
d) “redefiniram os locais de trabalho”.
considerada inteligente?
e) “desafiaram constituições”.
44) (UFPR-2006) A linguagem politicamente correta
41) (Fuvest-2000) A explosão dos computadores pessoais,
A expressão “politicamente correto” (ou incorreto) aplica-
as “infovias”, as grandes redes - a Internet e a World Wide
se não apenas à linguagem, embora esta seja a candidata
Web - atropelaram o mundo. Tornaram as leis antiquadas,
mais constante àquela qualificação, mas a variados campos.
reformularam a economia, reordenaram prioridades,
Por exemplo, num recente dia dos namorados, um jornal
redefiniram os locais de trabalho, desafiaram constituições,
afirma que “casais entram na era do politicamente correto,
mudaram o conceito de realidade e obrigaram as pessoas a
são fiéis, trocam anéis e fazem sexo responsável”. Uma
ficar sentadas, durante longos períodos de tempo, diante de
revista de variedades informou, há pouco tempo, que as
telas de computadores, enquanto o CD-Rom trabalha. Não
redes inglesas de TV BBC e Channel 4 tiraram do ar
há dúvida de que vivemos a revolução da informação e, diz
algumas mímicas (p. ex. o dedo em forma de gancho para
o professor do MIT, Nicholas Negroponte, revoluções não
significar “judeu”, puxar os cantos dos olhos para
são sutis.
representar um chinês), que eram utilizadas em programas
(Jornal do Brasil, 13/02/96)
para surdos-mudos, por julgá-las politicamente incorretas.
O movimento em defesa de um comportamento, inclusive
A expressão “revoluções não são sutis” indica
lingüístico, que seja politicamente correto inclui em
a) a natureza efêmera das revoluções.
especial o combate ao racismo e ao machismo, à pretensa
b) a negação dos benefícios decorrentes das revoluções.
superioridade do homem branco ocidental e a sua cultura
c) a natureza precária das revoluções.
pretensamente racional.

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Estas são, digamos, as grandes questões. Mas o movimento redes inglesas de TV BBC e Channel 4 tiraram do ar
vai além, tentando tornar não marcado o vocabulário (e o algumas mímicas (p. ex. o dedo em forma de gancho para
comportamento) relativo a qualquer grupo discriminado, significar “judeu”, puxar os cantos dos olhos para
dos velhos aos canhotos, dos carecas aos baixinhos, dos representar um chinês), que eram utilizadas em programas
fanhos aos gagos, passando por diversos tipos de “doenças” para surdos-mudos, por julgá-las politicamente incorretas.
(lepra, aids etc.). As formas lingüísticas estão entre os O movimento em defesa de um comportamento, inclusive
elementos de combate que mais se destacam, na medida lingüístico, que seja politicamente correto inclui em
que o movimento acredita (com muita justiça, em princípio) especial o combate ao racismo e ao machismo, à pretensa
que reproduzem uma ideologia que segrega em termos de superioridade do homem branco ocidental e a sua cultura
classe, sexo, raça e outras características físicas e sociais pretensamente racional.
que são objeto de discriminação, o que equivale a afirmar Estas são, digamos, as grandes questões. Mas o movimento
que há formas lingüísticas que veiculam sentidos que vai além, tentando tornar não marcado o vocabulário (e o
evidentemente discriminam (preto, gata, bicha), ao lado de comportamento) relativo a qualquer grupo discriminado,
outros que talvez discriminem, mas menos claramente dos velhos aos canhotos, dos carecas aos baixinhos, dos
(mulato, denegrir, judiar etc.). fanhos aos gagos, passando por diversos tipos de “doenças”
Para alguns, este movimento é basicamente um efeito do (lepra, aids etc.). As formas lingüísticas estão entre os
relativismo e da crise da racionalidade, em especial quando elementos de combate que mais se destacam, na medida
ele ataca valores ligados à cultura clássica. Para outros, é que o movimento acredita (com muita justiça, em princípio)
um dos resultados da organização das minorias. É um que reproduzem uma ideologia que segrega em termos de
movimento confuso, com altos e baixos, e comporta classe, sexo, raça e outras características físicas e sociais
algumas teses relevantes, outras extremamente discutíveis e que são objeto de discriminação, o que equivale a afirmar
outras francamente risíveis. O exemplo seguinte é que há formas lingüísticas que veiculam sentidos que
interessante para discutir os limites do movimento. Veja-se evidentemente discriminam (preto, gata, bicha), ao lado de
a carta abaixo, publicada na revista outros que talvez discriminem, mas menos claramente
ISTOÉ 1208, de 25.11.92, e a resposta da revista: (mulato, denegrir, judiar etc.).
Sr. Diretor, Para alguns, este movimento é basicamente um efeito do
Sou assíduo leitor desta revista, sempre a tive como grande relativismo e da crise da racionalidade, em especial quando
veículo de comunicação sério e de grande responsabilidade. ele ataca valores ligados à cultura clássica. Para outros, é
Porém, na edição 1206, assunto religião, onde vocês um dos resultados da organização das minorias. É um
comentam a grande importância de Galileu Galilei na movimento confuso, com altos e baixos, e comporta
história, há um trecho onde lê-se “um dos períodos mais algumas teses relevantes, outras extremamente discutíveis e
negro (sic) da história”. Devido a essa frase, venho expor outras francamente risíveis. O exemplo seguinte é
meu repúdio e questionamento. No momento em que isso é interessante para discutir os limites do movimento. Veja-se
referido, não há afirmação de que negro é sinônimo de a carta abaixo, publicada na revista
desgraça histórica? ISTOÉ 1208, de 25.11.92, e a resposta da revista:
(Robson Carlos Almeida, Salvador-BA) Sr. Diretor,
ISTOÉ explica: No sentido em que a palavra negro foi Sou assíduo leitor desta revista, sempre a tive como grande
usada, ela é tão ofensiva quanto dizer que houve um golpe veículo de comunicação sério e de grande responsabilidade.
branco em um determinado país, por exemplo. Porém, na edição 1206, assunto religião, onde vocês
(Adaptado de POSSENTI, Sírio. Os limites do discurso. Curitiba: Criar, comentam a grande importância de Galileu Galilei na
2002, p. 37-48.)
história, há um trecho onde lê-se “um dos períodos mais
negro (sic) da história”. Devido a essa frase, venho expor
Para Sírio Possenti, o movimento em defesa de um meu repúdio e questionamento. No momento em que isso é
comportamento, inclusive lingüístico, que seja referido, não há afirmação de que negro é sinônimo de
politicamente correto é: desgraça histórica?
a) basicamente um efeito do relativismo. (Robson Carlos Almeida, Salvador-BA)
b) controverso. ISTOÉ explica: No sentido em que a palavra negro foi
c) extremamente discutível. usada, ela é tão ofensiva quanto dizer que houve um golpe
d) resultado da organização das minorias. branco em um determinado país, por exemplo.
e) francamente risível. (Adaptado de POSSENTI, Sírio. Os limites do discurso. Curitiba: Criar,
2002, p. 37-48.)

45) (UFPR-2006) A linguagem politicamente correta


A expressão “politicamente correto” (ou incorreto) aplica- A carta do leitor à ISTOÉ e a resposta da revista revelam:
se não apenas à linguagem, embora esta seja a candidata a) a preocupação da revista em apresentar uma resposta
mais constante àquela qualificação, mas a variados campos. politicamente correta ao questionamento do leitor.
Por exemplo, num recente dia dos namorados, um jornal b) a atitude politicamente incorreta da revista tanto em
afirma que “casais entram na era do politicamente correto, relação às minorias discriminadas quanto aos grupos cuja
são fiéis, trocam anéis e fazem sexo responsável”. Uma cultura é socialmente valorizada.
revista de variedades informou, há pouco tempo, que as

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c) o reconhecimento da revista de que o uso da palavra negro (sic) da história”. Devido a essa frase, venho expor
“negro” na matéria sobre Galileu Galilei pode ser ofensivo meu repúdio e questionamento. No momento em que isso é
a um grupo social. referido, não há afirmação de que negro é sinônimo de
d) a divergência entre o leitor e a revista sobre os contextos desgraça histórica?
e sentidos em que o uso de uma palavra é politicamente (Robson Carlos Almeida, Salvador-BA)
incorreto. ISTOÉ explica: No sentido em que a palavra negro foi
e) o reconhecimento, pela revista, da validade do usada, ela é tão ofensiva quanto dizer que houve um golpe
comentário do leitor, a partir do acréscimo da forma “sic” branco em um determinado país, por exemplo.
(com o sentido de “exatamente assim”) à carta publicada. (Adaptado de POSSENTI, Sírio. Os limites do discurso. Curitiba: Criar,
2002, p. 37-48.)

Em outra passagem do mesmo texto, Sírio Possenti


46) (UFPR-2006) A linguagem politicamente correta
reproduz alguns comentários veiculados na imprensa em
A expressão “politicamente correto” (ou incorreto) aplica-
1994, a propósito de uma afirmação do então candidato à
se não apenas à linguagem, embora esta seja a candidata
presidência da República Fernando Henrique Cardoso, que
mais constante àquela qualificação, mas a variados campos.
se declarou “mulato”:
Por exemplo, num recente dia dos namorados, um jornal
“Só se ele é filho de mula. Mulatinho é cruzamento com
afirma que “casais entram na era do politicamente correto,
mula, não com negro.” (militante negro)
são fiéis, trocam anéis e fazem sexo responsável”. Uma
“... atribuir a todo uso da palavra ‘mulato’ um sentido
revista de variedades informou, há pouco tempo, que as
ofensivo ou discriminatório, como tantos estão fazendo, é
redes inglesas de TV BBC e Channel 4 tiraram do ar
negar a natureza dinâmica da linguagem, com sua
algumas mímicas (p. ex. o dedo em forma de gancho para
permanente modificação de formas e sentidos. Mesmo que
significar “judeu”, puxar os cantos dos olhos para
a procedência etimológica de ‘mulato’ tenha a
representar um chinês), que eram utilizadas em programas
incomprovada relação com ‘mula’, seu sentido não guarda
para surdos-mudos, por julgá-las politicamente incorretas.
sequer vestígio desta suposta origem”. (Jânio de Freitas)
O movimento em defesa de um comportamento, inclusive
Relacionando os comentários acima com o texto de
lingüístico, que seja politicamente correto inclui em
Possenti, é correto afirmar:
especial o combate ao racismo e ao machismo, à pretensa
a) Para Jânio de Freitas, o uso da palavra “mulato” só
superioridade do homem branco ocidental e a sua cultura
poderá ser considerado ofensivo se for comprovada sua
pretensamente racional.
origem etimológica.
Estas são, digamos, as grandes questões. Mas o movimento
b) Para o militante negro, a palavra “mulato” é ofensiva em
vai além, tentando tornar não marcado o vocabulário (e o
qualquer circunstância, por associar o negro a um animal.
comportamento) relativo a qualquer grupo discriminado,
c) Para Possenti, o uso da palavra “mulato” é
dos velhos aos canhotos, dos carecas aos baixinhos, dos
discriminatório, uma vez que se pode reconhecer em sua
fanhos aos gagos, passando por diversos tipos de “doenças”
forma a palavra que lhe deu origem: “mula”.
(lepra, aids etc.). As formas lingüísticas estão entre os
d) Tanto para o militante negro quanto para Jânio de Freitas
elementos de combate que mais se destacam, na medida
o uso da palavra “mulato” deveria ser abolido em qualquer
que o movimento acredita (com muita justiça, em princípio)
contexto.
que reproduzem uma ideologia que segrega em termos de
e) Sírio Possenti e Jânio de Freitas defendem as propostas
classe, sexo, raça e outras características físicas e sociais
do movimento pelo uso de uma linguagem politicamente
que são objeto de discriminação, o que equivale a afirmar
correta.
que há formas lingüísticas que veiculam sentidos que
evidentemente discriminam (preto, gata, bicha), ao lado de
outros que talvez discriminem, mas menos claramente
(mulato, denegrir, judiar etc.). 47) (UFPR-2006) A linguagem politicamente correta
Para alguns, este movimento é basicamente um efeito do A expressão “politicamente correto” (ou incorreto) aplica-
relativismo e da crise da racionalidade, em especial quando se não apenas à linguagem, embora esta seja a candidata
ele ataca valores ligados à cultura clássica. Para outros, é mais constante àquela qualificação, mas a variados campos.
um dos resultados da organização das minorias. É um Por exemplo, num recente dia dos namorados, um jornal
movimento confuso, com altos e baixos, e comporta afirma que “casais entram na era do politicamente correto,
algumas teses relevantes, outras extremamente discutíveis e são fiéis, trocam anéis e fazem sexo responsável”. Uma
outras francamente risíveis. O exemplo seguinte é revista de variedades informou, há pouco tempo, que as
interessante para discutir os limites do movimento. Veja-se redes inglesas de TV BBC e Channel 4 tiraram do ar
a carta abaixo, publicada na revista algumas mímicas (p. ex. o dedo em forma de gancho para
ISTOÉ 1208, de 25.11.92, e a resposta da revista: significar “judeu”, puxar os cantos dos olhos para
Sr. Diretor, representar um chinês), que eram utilizadas em programas
Sou assíduo leitor desta revista, sempre a tive como grande para surdos-mudos, por julgá-las politicamente incorretas.
veículo de comunicação sério e de grande responsabilidade. O movimento em defesa de um comportamento, inclusive
Porém, na edição 1206, assunto religião, onde vocês lingüístico, que seja politicamente correto inclui em
comentam a grande importância de Galileu Galilei na especial o combate ao racismo e ao machismo, à pretensa
história, há um trecho onde lê-se “um dos períodos mais

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superioridade do homem branco ocidental e a sua cultura a) A obra do Marquês de Sade não é hoje compreendida por
pretensamente racional. seu autor ter vivido num mundo politicamente correto.
Estas são, digamos, as grandes questões. Mas o movimento b) No período da Revolução Francesa defendia-se, como se
vai além, tentando tornar não marcado o vocabulário (e o pode ver na obra do Marquês de Sade, a escravização do
comportamento) relativo a qualquer grupo discriminado, outro.
dos velhos aos canhotos, dos carecas aos baixinhos, dos c) O mundo atual, apesar de politicamente correto, não faz
fanhos aos gagos, passando por diversos tipos de “doenças” uso do conceito de liberdade.
(lepra, aids etc.). As formas lingüísticas estão entre os d) A noção de liberdade do Marquês de Sade, em termos
elementos de combate que mais se destacam, na medida atuais, é politicamente incorreta.
que o movimento acredita (com muita justiça, em princípio) e) A recuperação da obra do Marquês Sade corrige o que
que reproduzem uma ideologia que segrega em termos de ela tem de politicamente incorreto.
classe, sexo, raça e outras características físicas e sociais
que são objeto de discriminação, o que equivale a afirmar
que há formas lingüísticas que veiculam sentidos que 48) (UFPR-2006) A linguagem politicamente correta
evidentemente discriminam (preto, gata, bicha), ao lado de A expressão “politicamente correto” (ou incorreto) aplica-
outros que talvez discriminem, mas menos claramente se não apenas à linguagem, embora esta seja a candidata
(mulato, denegrir, judiar etc.). mais constante àquela qualificação, mas a variados campos.
Para alguns, este movimento é basicamente um efeito do Por exemplo, num recente dia dos namorados, um jornal
relativismo e da crise da racionalidade, em especial quando afirma que “casais entram na era do politicamente correto,
ele ataca valores ligados à cultura clássica. Para outros, é são fiéis, trocam anéis e fazem sexo responsável”. Uma
um dos resultados da organização das minorias. É um revista de variedades informou, há pouco tempo, que as
movimento confuso, com altos e baixos, e comporta redes inglesas de TV BBC e Channel 4 tiraram do ar
algumas teses relevantes, outras extremamente discutíveis e algumas mímicas (p. ex. o dedo em forma de gancho para
outras francamente risíveis. O exemplo seguinte é significar “judeu”, puxar os cantos dos olhos para
interessante para discutir os limites do movimento. Veja-se representar um chinês), que eram utilizadas em programas
a carta abaixo, publicada na revista para surdos-mudos, por julgá-las politicamente incorretas.
ISTOÉ 1208, de 25.11.92, e a resposta da revista: O movimento em defesa de um comportamento, inclusive
Sr. Diretor, lingüístico, que seja politicamente correto inclui em
Sou assíduo leitor desta revista, sempre a tive como grande especial o combate ao racismo e ao machismo, à pretensa
veículo de comunicação sério e de grande responsabilidade. superioridade do homem branco ocidental e a sua cultura
Porém, na edição 1206, assunto religião, onde vocês pretensamente racional.
comentam a grande importância de Galileu Galilei na Estas são, digamos, as grandes questões. Mas o movimento
história, há um trecho onde lê-se “um dos períodos mais vai além, tentando tornar não marcado o vocabulário (e o
negro (sic) da história”. Devido a essa frase, venho expor comportamento) relativo a qualquer grupo discriminado,
meu repúdio e questionamento. No momento em que isso é dos velhos aos canhotos, dos carecas aos baixinhos, dos
referido, não há afirmação de que negro é sinônimo de fanhos aos gagos, passando por diversos tipos de “doenças”
desgraça histórica? (lepra, aids etc.). As formas lingüísticas estão entre os
(Robson Carlos Almeida, Salvador-BA) elementos de combate que mais se destacam, na medida
ISTOÉ explica: No sentido em que a palavra negro foi que o movimento acredita (com muita justiça, em princípio)
usada, ela é tão ofensiva quanto dizer que houve um golpe que reproduzem uma ideologia que segrega em termos de
branco em um determinado país, por exemplo. classe, sexo, raça e outras características físicas e sociais
(Adaptado de POSSENTI, Sírio. Os limites do discurso. Curitiba: Criar, que são objeto de discriminação, o que equivale a afirmar
2002, p. 37-48.)
que há formas lingüísticas que veiculam sentidos que
evidentemente discriminam (preto, gata, bicha), ao lado de
outros que talvez discriminem, mas menos claramente
Num mundo dominado pela noção do politicamente
(mulato, denegrir, judiar etc.).
correto, um autor como o Marquês de Sade não teria
Para alguns, este movimento é basicamente um efeito do
ambiente para aparecer à luz do dia. Afinal, o nobre e
relativismo e da crise da racionalidade, em especial quando
devasso parisiense contemporâneo da Revolução Francesa
ele ataca valores ligados à cultura clássica. Para outros, é
fazia a apologia de um conceito um tanto peculiar de
um dos resultados da organização das minorias. É um
liberdade. Para ele, gozá-la em sua plenitude é privilégio
movimento confuso, com altos e baixos, e comporta
para aqueles poucos que derivam prazer da escravização do
algumas teses relevantes, outras extremamente discutíveis e
outro. Nada mais atentatório ao princípio básico da
outras francamente risíveis. O exemplo seguinte é
civilização. E no entanto Sade está de novo entre nós: num
interessante para discutir os limites do movimento. Veja-se
ciclo de filmes, numa montagem teatral, em ensaios
a carta abaixo, publicada na revista
recentes e numa nova tradução de seu primeiro e mais
ISTOÉ 1208, de 25.11.92, e a resposta da revista:
maldito romance: Os 120 dias de Sodoma. [...]
(PILAGALLO, Oscar. Entre Livros, Ano 1, no 12.) Sr. Diretor,
Sou assíduo leitor desta revista, sempre a tive como grande
Segundo o texto, é correto afirmar: veículo de comunicação sério e de grande responsabilidade.

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Porém, na edição 1206, assunto religião, onde vocês O mais recente profeta do fim do livro é o romancista norte-
comentam a grande importância de Galileu Galilei na americano Philip Roth, que, numa entrevista, fez o
história, há um trecho onde lê-se “um dos períodos mais prenúncio. Na verdade, ele anunciou o fim da própria
negro (sic) da história”. Devido a essa frase, venho expor literatura e não por falta de escritores, mas de leitores.
meu repúdio e questionamento. No momento em que isso é Certamente, referia-se a certo tipo de literatura, pois obras
referido, não há afirmação de que negro é sinônimo de de ficção como “O Código Da Vinci” e “Harry Potter”
desgraça histórica? alcançam tiragens de milhões de exemplares em todos os
(Robson Carlos Almeida, Salvador-BA) idiomas.
ISTOÉ explica: No sentido em que a palavra negro foi Outro fenômeno que contradiz a tese de que as pessoas
usada, ela é tão ofensiva quanto dizer que houve um golpe lêem cada vez menos é o crescente tamanho dos “best-
branco em um determinado país, por exemplo. sellers”: ultimamente, os volumes ultrapassam as 400 ou
(Adaptado de POSSENTI, Sírio. Os limites do discurso. Curitiba: Criar, 500 páginas, havendo os que atingem mais de 800. Tais
2002, p. 37-48.) dados põem em dúvida, mais uma vez, as previsões da
morte do livro e da literatura. [...]
A visão simplificadora consiste em não levar em conta
Num mundo dominado pela noção do politicamente alguns fatores que estão ocultos, mas atuantes na sociedade
correto, um autor como o Marquês de Sade não teria de massa: fatores qualitativos que a avaliação meramente
ambiente para aparecer à luz do dia. Afinal, o nobre e quantitativa ignora. Começa pelo fato de que são as obras
devasso parisiense contemporâneo da Revolução Francesa literárias de qualidade, e não as que constituem mero
fazia a apologia de um conceito um tanto peculiar de passatempo, que influem na construção do universo
liberdade. Para ele, gozá-la em sua plenitude é privilégio imaginário da época. É indiscutível que tais obras atingem,
para aqueles poucos que derivam prazer da escravização do inicialmente, um número reduzido de leitores, mas é
outro. Nada mais atentatório ao princípio básico da verdade também que, através deles, com o passar do tempo,
civilização. E no entanto Sade está de novo entre nós: num influem sobre um número cada vez maior de indivíduos - e
ciclo de filmes, numa montagem teatral, em ensaios especialmente sobre aqueles que constituem o núcleo social
recentes e numa nova tradução de seu primeiro e mais irradiador das idéias.
maldito romance: Os 120 dias de Sodoma. [...] Costumo, a propósito desta discussão, citar o exemplo de
(PILAGALLO, Oscar. Entre Livros, Ano 1, no 12.)
um livro de poemas que nasceu maldito: “As Flores do
Para Possenti, a defesa da linguagem e comportamento Mal”, de Charles Baudelaire, cuja primeira edição, em
politicamente corretos “é um movimento confuso, com reduzida tiragem, data de 1857. Naquela mesma época
altos e baixos, e comporta algumas teses relevantes, outras havia autores cujos livros alcançavam tiragens
extremamente discutíveis e outras francamente risíveis”. A consideráveis, que às vezes chegavam a mais de 30 mil
partir dessa afirmação, classificar de politicamente exemplares. Esses livros cumpriram sua missão, divertiram
incorreto o conceito de liberdade do Marquês de Sade seria: os leitores e depois foram esquecidos, como muitos “best-
a) risível. sellers” de nossa época. Enquanto isso, o livro de poemas
b) equivocado. de Baudelaire - cuja venda quase foi proibida pela Justiça -,
c) relevante. que vem sendo reeditado e traduzido em todas as línguas, já
d) discutível. deve ter atingido, no total das tiragens, muitos milhões de
e) confuso. exemplares. O verdadeiro “best-seller” é ele ou não é? [...]
(Folha de São Paulo, 19/03/2006)

O título “A morte do livro” anuncia apenas um dos pontos


49) (ESPM-2006) A morte do livro
abordados pelo autor no texto. Tendo isso em vista, pode-se
FERREIRA GULLAR
afirmar que outro assunto, no qual está incluída a morte do
A morte do livro como veículo da literatura já foi
livro, é:
profetizada várias vezes na chamada época moderna. E não
a) A substituição do livro pelo gramofone e da literatura
por inimigos da literatura, mas pelos escritores mesmos.
pela música.
Até onde me lembro, o primeiro a fazer essa profecia foi
b) A visão simplificadora e simplista da literatura mundial.
nada menos que o poeta Guillaume Apollinaire, no começo
c) A longevidade de livros como “O Código da Vinci” e
do século 20.
“Harry Potter”.
Entusiasmado com a invenção do gramofone (ou vitrola),
d) O fim de determinado tipo de literatura pela suposta falta
acreditou que os poetas em breve deixariam de imprimir
de público-leitor.
seus poemas em livros para gravá-los em discos, com a
e) A qualidade literária de “As Flores do Mal”, de Charles
vantagem - segundo ele, indiscutível - de o antigo leitor,
Baudelaire.
tornado ouvinte, ouvi-los na voz do próprio poeta. [...]
De qualquer modo, Apollinaire, que foi um bom poeta,
revelara-se um mau profeta, já que os poetas continuaram a
se valer do livro para difundir seus poemas enquanto o 50) (ESPM-2006) A morte do livro
FERREIRA GULLAR
disco veio servir mesmo foi aos cantores e compositores de A morte do livro como veículo da literatura já foi
canções populares, [...]. profetizada várias vezes na chamada época moderna. E não

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por inimigos da literatura, mas pelos escritores mesmos. a) O número de páginas dos best-sellers está cada vez
Até onde me lembro, o primeiro a fazer essa profecia foi maior.
nada menos que o poeta Guillaume Apollinaire, no começo b) Os best-sellers, como “O Código da Vinci” e “Harry
do século 20. Potter”, vendem cada vez mais.
Entusiasmado com a invenção do gramofone (ou vitrola), c) A profecia do poeta Guillaume Apollinaire que afirmava
acreditou que os poetas em breve deixariam de imprimir que o livro deixaria de ser veículo de literatura.
seus poemas em livros para gravá-los em discos, com a d) Os best-sellers alcançam grandes tiragens em vários
vantagem — segundo ele, indiscutível — de o antigo leitor, idiomas.
tornado ouvinte, ouvi-los na voz do próprio poeta. [...] e) Alguns dos livros mais vendidos chegam a ter 800
De qualquer modo, Apollinaire, que foi um bom poeta, páginas.
revelara-se um mau profeta, já que os poetas continuaram a
se valer do livro para difundir seus poemas enquanto o
disco veio servir mesmo foi aos cantores e compositores de 51) (ESPM-2006) A morte do livro
canções populares, [...]. FERREIRA GULLAR
O mais recente profeta do fim do livro é o romancista norte- A morte do livro como veículo da literatura já foi
americano Philip Roth, que, numa entrevista, fez o profetizada várias vezes na chamada época moderna. E não
prenúncio. Na verdade, ele anunciou o fim da própria por inimigos da literatura, mas pelos escritores mesmos.
literatura e não por falta de escritores, mas de leitores. Até onde me lembro, o primeiro a fazer essa profecia foi
Certamente, referia-se a certo tipo de literatura, pois obras nada menos que o poeta Guillaume Apollinaire, no começo
de ficção como “O Código Da Vinci” e “Harry Potter” do século 20.
alcançam tiragens de milhões de exemplares em todos os Entusiasmado com a invenção do gramofone (ou vitrola),
idiomas. acreditou que os poetas em breve deixariam de imprimir
Outro fenômeno que contradiz a tese de que as pessoas seus poemas em livros para gravá-los em discos, com a
lêem cada vez menos é o crescente tamanho dos “best- vantagem — segundo ele, indiscutível — de o antigo leitor,
sellers”: ultimamente, os volumes ultrapassam as 400 ou tornado ouvinte, ouvi-los na voz do próprio poeta. [...]
500 páginas, havendo os que atingem mais de 800. Tais De qualquer modo, Apollinaire, que foi um bom poeta,
dados põem em dúvida, mais uma vez, as previsões da revelara-se um mau profeta, já que os poetas continuaram a
morte do livro e da literatura. [...] se valer do livro para difundir seus poemas enquanto o
A visão simplificadora consiste em não levar em conta disco veio servir mesmo foi aos cantores e compositores de
alguns fatores que estão ocultos, mas atuantes na sociedade canções populares, [...].
de massa: fatores qualitativos que a avaliação meramente O mais recente profeta do fim do livro é o romancista norte-
quantitativa ignora. Começa pelo fato de que são as obras americano Philip Roth, que, numa entrevista, fez o
literárias de qualidade, e não as que constituem mero prenúncio. Na verdade, ele anunciou o fim da própria
passatempo, que influem na construção do universo literatura e não por falta de escritores, mas de leitores.
imaginário da época. É indiscutível que tais obras atingem, Certamente, referia-se a certo tipo de literatura, pois obras
inicialmente, um número reduzido de leitores, mas é de ficção como “O Código Da Vinci” e “Harry Potter”
verdade também que, através deles, com o passar do tempo, alcançam tiragens de milhões de exemplares em todos os
influem sobre um número cada vez maior de indivíduos — idiomas.
e especialmente sobre aqueles que constituem o núcleo Outro fenômeno que contradiz a tese de que as pessoas
social irradiador das idéias. lêem cada vez menos é o crescente tamanho dos “best-
Costumo, a propósito desta discussão, citar o exemplo de sellers”: ultimamente, os volumes ultrapassam as 400 ou
um livro de poemas que nasceu maldito: “As Flores do 500 páginas, havendo os que atingem mais de 800. Tais
Mal”, de Charles Baudelaire, cuja primeira edição, em dados põem em dúvida, mais uma vez, as previsões da
reduzida tiragem, data de 1857. Naquela mesma época morte do livro e da literatura. [...]
havia autores cujos livros alcançavam tiragens A visão simplificadora consiste em não levar em conta
consideráveis, que às vezes chegavam a mais de 30 mil alguns fatores que estão ocultos, mas atuantes na sociedade
exemplares. Esses livros cumpriram sua missão, divertiram de massa: fatores qualitativos que a avaliação meramente
os leitores e depois foram esquecidos, como muitos “best- quantitativa ignora. Começa pelo fato de que são as obras
sellers” de nossa época. Enquanto isso, o livro de poemas literárias de qualidade, e não as que constituem mero
de Baudelaire — cuja venda quase foi proibida pela Justiça passatempo, que influem na construção do universo
—, que vem sendo reeditado e traduzido em todas as imaginário da época. É indiscutível que tais obras atingem,
línguas, já deve ter atingido, no total das tiragens, muitos inicialmente, um número reduzido de leitores, mas é
milhões de exemplares. O verdadeiro “best-seller” é ele ou verdade também que, através deles, com o passar do tempo,
não é? [...] influem sobre um número cada vez maior de indivíduos —
(Folha de São Paulo, 19/03/2006) e especialmente sobre aqueles que constituem o núcleo
social irradiador das idéias.
Em seu texto, Ferreira Gullar utiliza vários argumentos para Costumo, a propósito desta discussão, citar o exemplo de
refutar a possível morte do livro. Tendo isso em vista, um livro de poemas que nasceu maldito: “As Flores do
assinale o item cujo argumento não reforce seu ponto-de- Mal”, de Charles Baudelaire, cuja primeira edição, em
vista: reduzida tiragem, data de 1857. Naquela mesma época

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havia autores cujos livros alcançavam tiragens Outro fenômeno que contradiz a tese de que as pessoas
consideráveis, que às vezes chegavam a mais de 30 mil lêem cada vez menos é o crescente tamanho dos “best-
exemplares. Esses livros cumpriram sua missão, divertiram sellers”: ultimamente, os volumes ultrapassam as 400 ou
os leitores e depois foram esquecidos, como muitos “best- 500 páginas, havendo os que atingem mais de 800. Tais
sellers” de nossa época. Enquanto isso, o livro de poemas dados põem em dúvida, mais uma vez, as previsões da
de Baudelaire — cuja venda quase foi proibida pela Justiça morte do livro e da literatura. [...]
—, que vem sendo reeditado e traduzido em todas as A visão simplificadora consiste em não levar em conta
línguas, já deve ter atingido, no total das tiragens, muitos alguns fatores que estão ocultos, mas atuantes na sociedade
milhões de exemplares. O verdadeiro “best-seller” é ele ou de massa: fatores qualitativos que a avaliação meramente
não é? [...] quantitativa ignora. Começa pelo fato de que são as obras
(Folha de São Paulo, 19/03/2006) literárias de qualidade, e não as que constituem mero
passatempo, que influem na construção do universo
Sobre a relação estabelecida pelo autor entre as obras imaginário da época. É indiscutível que tais obras atingem,
“Flores do Mal”, “Harry Potter” e “O Código da Vinci”, inicialmente, um número reduzido de leitores, mas é
é correto afirmar que: verdade também que, através deles, com o passar do tempo,
a) “Flores do Mal”, sucesso comercial de primeira edição, influem sobre um número cada vez maior de indivíduos —
assim como “Harry Potter” e “O Código da Vinci”, pode e especialmente sobre aqueles que constituem o núcleo
ser considerado, ao longo do tempo, um verdadeiro “best- social irradiador das idéias.
seller”. Costumo, a propósito desta discussão, citar o exemplo de
b) “Flores do Mal”, ao contrário de “Harry Potter” e um livro de poemas que nasceu maldito: “As Flores do
“Código Da Vinci”, foi fracasso comercial de primeira Mal”, de Charles Baudelaire, cuja primeira edição, em
edição, mas pode ser considerado, ao longo do tempo, um reduzida tiragem, data de 1857. Naquela mesma época
verdadeiro “best-seller”. havia autores cujos livros alcançavam tiragens
c) “Flores do Mal”, ao contrário de “Harry Potter” e “O consideráveis, que às vezes chegavam a mais de 30 mil
Código da Vinci”, não pode ser considerado, ao longo do exemplares. Esses livros cumpriram sua missão, divertiram
tempo, um verdadeiro “best-seller”. os leitores e depois foram esquecidos, como muitos “best-
d) “Flores do Mal”, fracasso comercial ao longo do tempo, sellers” de nossa época. Enquanto isso, o livro de poemas
ao contrário de “Harry Potter” e “O Código da Vinci”, pode de Baudelaire — cuja venda quase foi proibida pela Justiça
ser considerado, hoje, um verdadeiro “best-seller”. —, que vem sendo reeditado e traduzido em todas as
e) “Flores do Mal”, sucesso comercial ao longo do tempo, línguas, já deve ter atingido, no total das tiragens, muitos
ao contrário de “Harry Potter” e “O Código da Vinci”, não milhões de exemplares. O verdadeiro “best-seller” é ele ou
pode ser considerado um verdadeiro “best-seller”. não é? [...]
(Folha de São Paulo, 19/03/2006)

52) (ESPM-2006) A morte do livro A partir da leitura, sobretudo dos dois últimos parágrafos,
FERREIRA GULLAR pode-se dizer que as “obras literárias de qualidade” são
A morte do livro como veículo da literatura já foi aquelas que resistem no imaginário coletivo, mesmo com o
profetizada várias vezes na chamada época moderna. E não passar do tempo. Idéia similar a essa pode ser lida em:
por inimigos da literatura, mas pelos escritores mesmos. a) “[Literatura] é toda escrita imaginativa no sentido de
Até onde me lembro, o primeiro a fazer essa profecia foi ficção, escrita que não é literalmente verídica.” (EAGLETON,
nada menos que o poeta Guillaume Apollinaire, no começo Terry. Teoria da Literatura: uma introdução)
do século 20. b) “Tudo é, não é e pode ser que seja literatura. Depende do
Entusiasmado com a invenção do gramofone (ou vitrola), ponto de vista, do significado que a palavra tem para cada
acreditou que os poetas em breve deixariam de imprimir um, da situação na qual se discute o que é literatura.”
seus poemas em livros para gravá-los em discos, com a (LAJOLO, Marisa. Literatura: Leitores e Leitura )
vantagem — segundo ele, indiscutível — de o antigo leitor, c) “A arte [por extensão, a literatura] é visão ou intuição. O
tornado ouvinte, ouvi-los na voz do próprio poeta. [...] artista produz uma imagem ou fantasma; e quem aprecia a
De qualquer modo, Apollinaire, que foi um bom poeta, arte dirige o olhar para o ponto que o artista lhe apontou,
revelara-se um mau profeta, já que os poetas continuaram a olha pela fresta que ele lhe abriu e reproduz em si aquela
se valer do livro para difundir seus poemas enquanto o imagem.”
(CROCE, Benedetto. Breviário de Estética)
disco veio servir mesmo foi aos cantores e compositores de
d) “Erudição, ciência, notícia das boas letras, e
canções populares, [...].
humanidades. Conjunto das produções literárias de uma
O mais recente profeta do fim do livro é o romancista norte-
nação, de um país, de uma época.”
americano Philip Roth, que, numa entrevista, fez o (SILVA, Antonio de Moraes. Dicionário da Língua Portuguesa)
prenúncio. Na verdade, ele anunciou o fim da própria e) “Os clássicos [literários] são aqueles livros que chegam
literatura e não por falta de escritores, mas de leitores. até nós trazendo consigo as marcas das leituras que
Certamente, referia-se a certo tipo de literatura, pois obras precederam a nossa e atrás de si os traços que deixaram na
de ficção como “O Código Da Vinci” e “Harry Potter” cultura ou nas culturas que atravessaram (ou mais
alcançam tiragens de milhões de exemplares em todos os simplesmente na linguagem ou nos costumes).”
idiomas. (CALVINO, Ítalo. Por que ler os clássicos )

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(Folha de São Paulo, 19/03/2006)

53) (ESPM-2006) A morte do livro [...] será possível medir a literariedade (o poder, o prestígio,
FERREIRA GULLAR o volume de capital lingüístico-literário) de uma língua não
A morte do livro como veículo da literatura já foi pelo número de escritores ou de leitores dessa língua, mas
profetizada várias vezes na chamada época moderna. E não pelo número de poliglotas literários (ou protagonistas do
por inimigos da literatura, mas pelos escritores mesmos. espaço literário, editores, intermediários cosmopolitas,
Até onde me lembro, o primeiro a fazer essa profecia foi descobridores cultos...) que a praticam pelo número de
nada menos que o poeta Guillaume Apollinaire, no começo tradutores literários [...] que fazem os textos circularem a
do século 20. partir dessa língua literária ou em sua direção.
Entusiasmado com a invenção do gramofone (ou vitrola), (CASANOVA, Pascale. A República Mundial das Letras)
acreditou que os poetas em breve deixariam de imprimir Comparando o excerto acima ao texto “A morte do livro”,
seus poemas em livros para gravá-los em discos, com a seria possível afirmar que a expressão “poliglotas literários”
vantagem — segundo ele, indiscutível — de o antigo leitor, encontra seu correspondente, no texto de Ferreira Gullar, na
tornado ouvinte, ouvi-los na voz do próprio poeta. [...] seguinte opção:
De qualquer modo, Apollinaire, que foi um bom poeta, a) “veículo da literatura” (1º- parágrafo).
revelara-se um mau profeta, já que os poetas continuaram a b) “núcleo social irradiador de idéias” (6º- parágrafo).
se valer do livro para difundir seus poemas enquanto o c) “visão simplificadora” (6º- parágrafo).
disco veio servir mesmo foi aos cantores e compositores de d) “fatores que estão ocultos” (6º- parágrafo).
canções populares, [...]. e) “best-sellers de nossa época” (7º- parágrafo).
O mais recente profeta do fim do livro é o romancista norte-
americano Philip Roth, que, numa entrevista, fez o
prenúncio. Na verdade, ele anunciou o fim da própria 54) (ESPM-2006) A morte do livro
literatura e não por falta de escritores, mas de leitores. FERREIRA GULLAR
Certamente, referia-se a certo tipo de literatura, pois obras A morte do livro como veículo da literatura já foi
de ficção como “O Código Da Vinci” e “Harry Potter” profetizada várias vezes na chamada época moderna. E não
alcançam tiragens de milhões de exemplares em todos os por inimigos da literatura, mas pelos escritores mesmos.
idiomas. Até onde me lembro, o primeiro a fazer essa profecia foi
Outro fenômeno que contradiz a tese de que as pessoas nada menos que o poeta Guillaume Apollinaire, no começo
lêem cada vez menos é o crescente tamanho dos “best- do século 20.
sellers”: ultimamente, os volumes ultrapassam as 400 ou Entusiasmado com a invenção do gramofone (ou vitrola),
500 páginas, havendo os que atingem mais de 800. Tais acreditou que os poetas em breve deixariam de imprimir
dados põem em dúvida, mais uma vez, as previsões da seus poemas em livros para gravá-los em discos, com a
morte do livro e da literatura. [...] vantagem — segundo ele, indiscutível — de o antigo leitor,
A visão simplificadora consiste em não levar em conta tornado ouvinte, ouvi-los na voz do próprio poeta. [...]
alguns fatores que estão ocultos, mas atuantes na sociedade De qualquer modo, Apollinaire, que foi um bom poeta,
de massa: fatores qualitativos que a avaliação meramente revelara-se um mau profeta, já que os poetas continuaram a
quantitativa ignora. Começa pelo fato de que são as obras se valer do livro para difundir seus poemas enquanto o
literárias de qualidade, e não as que constituem mero disco veio servir mesmo foi aos cantores e compositores de
passatempo, que influem na construção do universo canções populares, [...].
imaginário da época. É indiscutível que tais obras atingem, O mais recente profeta do fim do livro é o romancista norte-
inicialmente, um número reduzido de leitores, mas é americano Philip Roth, que, numa entrevista, fez o
verdade também que, através deles, com o passar do tempo, prenúncio. Na verdade, ele anunciou o fim da própria
influem sobre um número cada vez maior de indivíduos — literatura e não por falta de escritores, mas de leitores.
e especialmente sobre aqueles que constituem o núcleo Certamente, referia-se a certo tipo de literatura, pois obras
social irradiador das idéias. de ficção como “O Código Da Vinci” e “Harry Potter”
Costumo, a propósito desta discussão, citar o exemplo de alcançam tiragens de milhões de exemplares em todos os
um livro de poemas que nasceu maldito: “As Flores do idiomas.
Mal”, de Charles Baudelaire, cuja primeira edição, em Outro fenômeno que contradiz a tese de que as pessoas
reduzida tiragem, data de 1857. Naquela mesma época lêem cada vez menos é o crescente tamanho dos “best-
havia autores cujos livros alcançavam tiragens sellers”: ultimamente, os volumes ultrapassam as 400 ou
consideráveis, que às vezes chegavam a mais de 30 mil 500 páginas, havendo os que atingem mais de 800. Tais
exemplares. Esses livros cumpriram sua missão, divertiram dados põem em dúvida, mais uma vez, as previsões da
os leitores e depois foram esquecidos, como muitos “best- morte do livro e da literatura. [...]
sellers” de nossa época. Enquanto isso, o livro de poemas A visão simplificadora consiste em não levar em conta
de Baudelaire — cuja venda quase foi proibida pela Justiça alguns fatores que estão ocultos, mas atuantes na sociedade
—, que vem sendo reeditado e traduzido em todas as de massa: fatores qualitativos que a avaliação meramente
línguas, já deve ter atingido, no total das tiragens, muitos quantitativa ignora. Começa pelo fato de que são as obras
milhões de exemplares. O verdadeiro “best-seller” é ele ou literárias de qualidade, e não as que constituem mero
não é? [...] passatempo, que influem na construção do universo

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imaginário da época. É indiscutível que tais obras atingem, prenúncio. Na verdade, ele anunciou o fim da própria
inicialmente, um número reduzido de leitores, mas é literatura e não por falta de escritores, mas de leitores.
verdade também que, através deles, com o passar do tempo, Certamente, referia-se a certo tipo de literatura, pois obras
influem sobre um número cada vez maior de indivíduos — de ficção como “O Código Da Vinci” e “Harry Potter”
e especialmente sobre aqueles que constituem o núcleo alcançam tiragens de milhões de exemplares em todos os
social irradiador das idéias. idiomas.
Costumo, a propósito desta discussão, citar o exemplo de Outro fenômeno que contradiz a tese de que as pessoas
um livro de poemas que nasceu maldito: “As Flores do lêem cada vez menos é o crescente tamanho dos “best-
Mal”, de Charles Baudelaire, cuja primeira edição, em sellers”: ultimamente, os volumes ultrapassam as 400 ou
reduzida tiragem, data de 1857. Naquela mesma época 500 páginas, havendo os que atingem mais de 800. Tais
havia autores cujos livros alcançavam tiragens dados põem em dúvida, mais uma vez, as previsões da
consideráveis, que às vezes chegavam a mais de 30 mil morte do livro e da literatura. [...]
exemplares. Esses livros cumpriram sua missão, divertiram A visão simplificadora consiste em não levar em conta
os leitores e depois foram esquecidos, como muitos “best- alguns fatores que estão ocultos, mas atuantes na sociedade
sellers” de nossa época. Enquanto isso, o livro de poemas de massa: fatores qualitativos que a avaliação meramente
de Baudelaire — cuja venda quase foi proibida pela Justiça quantitativa ignora. Começa pelo fato de que são as obras
—, que vem sendo reeditado e traduzido em todas as literárias de qualidade, e não as que constituem mero
línguas, já deve ter atingido, no total das tiragens, muitos passatempo, que influem na construção do universo
milhões de exemplares. O verdadeiro “best-seller” é ele ou imaginário da época. É indiscutível que tais obras atingem,
não é? [...] inicialmente, um número reduzido de leitores, mas é
(Folha de São Paulo, 19/03/2006) verdade também que, através deles, com o passar do tempo,
influem sobre um número cada vez maior de indivíduos —
De qualquer modo, Apollinaire, que foi um bom poeta, e especialmente sobre aqueles que constituem o núcleo
revelara-se um mau profeta, já que os poetas continuaram a social irradiador das idéias.
se valer do livro para difundir seus poemas enquanto o Costumo, a propósito desta discussão, citar o exemplo de
disco veio servir mesmo foi aos cantores e compositores de um livro de poemas que nasceu maldito: “As Flores do
canções populares [...]. Mal”, de Charles Baudelaire, cuja primeira edição, em
Sobre a relação semântica dos tempos verbais no trecho reduzida tiragem, data de 1857. Naquela mesma época
acima e sua integração no texto, é correto afirmar que: havia autores cujos livros alcançavam tiragens
a) “Revelara-se” se refere a um momento posterior a “veio consideráveis, que às vezes chegavam a mais de 30 mil
servir”. exemplares. Esses livros cumpriram sua missão, divertiram
b) “Difundir” se refere a um momento anterior a “revelara- os leitores e depois foram esquecidos, como muitos “best-
se”. sellers” de nossa época. Enquanto isso, o livro de poemas
c) “Revelara-se” se refere a um momento anterior a “foi”. de Baudelaire — cuja venda quase foi proibida pela Justiça
d) “Continuaram” se refere a um mesmo momento que —, que vem sendo reeditado e traduzido em todas as
“difundir”. línguas, já deve ter atingido, no total das tiragens, muitos
e) “Foi” se refere a um momento atemporal. milhões de exemplares. O verdadeiro “best-seller” é ele ou
não é? [...]
(Folha de São Paulo, 19/03/2006)

55) (ESPM-2006) A morte do livro No trecho: “...Apollinaire, que foi um bom poeta, revelara-
FERREIRA GULLAR se um mau profeta, já que os poetas continuaram a se valer
A morte do livro como veículo da literatura já foi do livro para difundir seus poemas...”, o conector em
profetizada várias vezes na chamada época moderna. E não negrito só não possui o mesmo valor semântico de:
por inimigos da literatura, mas pelos escritores mesmos. a) porque.
Até onde me lembro, o primeiro a fazer essa profecia foi b) conquanto.
nada menos que o poeta Guillaume Apollinaire, no começo c) visto que.
do século 20. d) uma vez que.
Entusiasmado com a invenção do gramofone (ou vitrola), e) como.
acreditou que os poetas em breve deixariam de imprimir
seus poemas em livros para gravá-los em discos, com a
vantagem — segundo ele, indiscutível — de o antigo leitor,
tornado ouvinte, ouvi-los na voz do próprio poeta. [...]
De qualquer modo, Apollinaire, que foi um bom poeta,
revelara-se um mau profeta, já que os poetas continuaram a
se valer do livro para difundir seus poemas enquanto o
disco veio servir mesmo foi aos cantores e compositores de
canções populares, [...].
O mais recente profeta do fim do livro é o romancista norte-
americano Philip Roth, que, numa entrevista, fez o

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Gabarito 20) Alternativa: D

1) Alternativa: C 21) Alternativa: E

22) Alternativa: A
2) Alternativa: D

3) Alternativa: B 23) Alternativa: D

24) Alternativa: D
4) Alternativa: A

5) Alternativa: A 25) Alternativa: A

6) Alternativa: B 26) Alternativa: B

7) Alternativa: B 27) Alternativa: E

8) Alternativa: E 28) Alternativa: A

9) a) A expressão “enfraquecimento do pai” indica, 29) Alternativa: B


fundamentalmente, a perda de padrões, pois “os jovens
atuais não copiam nada” (não se submetem a modelos) e 30) Alternativa: A
pretendem criar “uma nova cultura”, segundo o espírito do
tempo em que “vivemos uma vida que foi despadronizada”. 31) Alternativa: D
A figura do pai, nesse contexto, simboliza os valores
tradicionais. 32) Alternativa: A
b) “Saber orientado” é o conhecimento consagrado,
presente nos currículos escolares e resultante da tradição. 33) Alternativa: B

34) Alternativa: D
10) a) “Precisamos de um novo ‘software’ para acessar o
mundo.” (Este é o único trecho em que “a autora utiliza 35) Alternativa: D
alguns elementos da tecnologia para traduzir seu
pensamento”, embora a formulação da pergunta - 36) Alternativa: C
“transcreva um trecho” - implique a existência de outros
trechos.)
37) Alternativa: A
b) No mundo presente, a vida não mais é moldada por
valores e modelos (“padrões”) tradicionais.
38) a) Embora ainda passe por dificuldades, a economia
argentina está superando momentos de grandes
dificuldades.
11) Alternativa: D
b) Na guerra o homem liberta seu lado mais condenável
(criminoso, traidor, assassino...) escondido no dia-a-dia.
12) Alternativa: D
39) Alternativa: C
13) Alternativa: A
40) Alternativa: A
14) Alternativa: A
41) Alternativa: D
15) Alternativa: C
42) Alternativa: A
16) Alternativa: B
43) Pelo fato de conseguir estabelecer relações entre as
17) Alternativa: A informações recebidas e a partir delas resolver problemas.

18) Alternativa: E 44) Alternativa: B

19) Alternativa: D 45) Alternativa: D

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46) Alternativa: B

47) Alternativa: D
48) Alternativa: C
49) Alternativa: D
50) Alternativa: C
51) Alternativa: B
52) Alternativa: E
53) Alternativa: D
54) Alternativa: sem resposta
55) Alternativa: B

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